PLANOS MUNICIPAIS DE REDUÇÃO DE RISCO: UMA ANÁLISE DE ... · forma geral, os resultados...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PLANOS MUNICIPAIS DE REDUÇÃO DE RISCO: UMA ANÁLISE DE CONTEÚDOS E METODOLOGIAS APLICADAS NO BRASIL. CHRISTINE DE OLIVEIRA SILVA ALFRADIQUE 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

PLANOS MUNICIPAIS DE REDUÇÃO DE RISCO: UMA ANÁLISE DE

CONTEÚDOS E METODOLOGIAS APLICADAS NO BRASIL.

CHRISTINE DE OLIVEIRA SILVA ALFRADIQUE

2019

PLANOS MUNICIPAIS DE REDUÇÃO DE RISCO: UMA ANÁLISE DE

CONTEÚDOS E METODOLOGIAS APLICADAS NO BRASIL.

CHRISTINE DE OLIVEIRA SILVA ALFRADIQUE

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadores: Prof. Marcos Barreto de Mendonça

Prof. Leandro Torres Di Gregório

RIO DE JANEIRO

Março de 2019

i

PLANOS MUNICIPAIS DE REDUÇÃO DE RISCO: UMA ANÁLISE DE

CONTEÚDOS E METODOLOGIAS APLICADAS NO BRASIL.

Christine de Oliveira Silva Alfradique

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

_________________________________

Prof. Marcos Barreto de Mendonça, D.Sc.

Orientador

_________________________________

Prof. Leandro Torres Di Gregorio, D.Sc.

Co-orientador

_________________________________

Profª. Alessandra Conde de Freitas, D.Sc

_________________________________

Prof. André de Souza Avelar, D.Sc.

_________________________________

Geólogo Nelson Meirim Coutinho, M.Sc.

Rio de Janeiro

Março de 2019

ii

Alfradique, Christine de Oliveira Silva

Planos Municipais de Redução de Risco: uma análise de

conteúdos e metodologias aplicadas no Brasil / Christine de

Oliveira Silva Alfradique. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola

Politécnica, 2019.

ix, 99: il.; 29,7 cm.

Orientador: Marcos Barreto Mendonça

Co-orientador: Leandro Torres Di Gregorio

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Civil, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 95-99.

1. Planos Municipais de Redução de Risco 2. Desastres

3. Gestão de Risco 4. Deslizamentos 5. Inundações.

I. Mendonça, Marcos et. al.; II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil.

III. Título

iii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

PLANOS MUNICIPAIS DE REDUÇÃO DE RISCO: UMA ANÁLISE DE

CONTEÚDOS E METODOLOGIAS APLICADAS NO BRASIL.

Christine de Oliveira Silva Alfradique

Março de 2019

Orientadores: Marcos Barreto de Mendonça e Leandro Torres Di Gregorio

Curso: Engenharia Civil

As enxurradas, movimentos de massa e inundações são responsáveis por 87,15% das

mortes causadas por desastres “naturais” no Brasil. São milhares de pessoas afetadas

todos os anos. Mediante este cenário, o extinto Ministério das Cidades iniciou um

programa de incentivo à elaboração e revisão de Planos Municipais de Redução de Risco

(PMRR). Este trabalho visa levantar informações e produzir análises sobre os Planos

Municipais elaborados no Brasil através da pesquisa documental, com enfoque na gestão

de risco de movimentos de massa e inundações. Os PMRRs serão comparados entre si e

será verificada a conformidade com as diretrizes propostas pelo extinto Ministério das

Cidades. Foram avaliadas as boas práticas e propostas melhorias a fim de otimizar a

elaboração de novos PMRRs. Para isso, foram levantadas informações de 33 Planos

Municipais de Redução de Risco disponibilizados pelo Ministério das Cidades. De uma

forma geral, os resultados indicaram que há pouca eficiência no mapeamento de risco e

proposição das intervenções, o que prejudica a execução do PMRR posteriormente pelos

municípios.

Palavras-chave: Planos Municipais de Redução de Risco, Deslizamentos de Terra,

Alagamentos, Gestão de Risco, Riscos, Desastres Socioambientais

iv

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

MUNICIPAL RISK REDUCTION PLANS: AN ANALYSIS OF THE CONTENT

AND METHODOLOGIES APPLIED IN BRAZIL

Christine de Oliveira Silva Alfradique

March 2019

Advisors: Marcos Barreto de Mendonça and Leandro Torres Di Gregorio

Course: Civil Engineering

Landslides and floods account for 87,15% of deaths from disasters in Brazil . Thousands

of people are affected every year. Because of this, the extinct Ministry of Cities has

initiated a program to encourage the elaboration and revision of Municipal Risk

Reduction Plans (PMRRs). This work intends to gather information and to analyze results

about the Municipal Plans through documentary research, with a focus on risk

management of landslides and floods. The Plans will be compared to each other and

compliance with the guidelines proposed by the Ministry of Cities. Good practices will

be evaluated and improvements will be proposed in order to optimize the preparation of

new Plans. For this, information was collected from 33 Municipal Risk Reduction Plans

made available by the Ministry of Cities. In general, the results indicated that the PMRRs

are not very efficient in the mapping of risk and proposition of the interventions, what

harms the execution of the PMRRs by the cities.

Keywords: Municipal Risk Reduction Plans, Landslides, Risk management

v

Ao meu Deus, dono dos meus dias e

autor da minha história. À minha

família que nunca poupou esforços

para que esse dia finalmente

chegasse. Amo vocês.

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço à UFRJ e a Escola Politécnica por me proporcionar tamanho

conhecimento e abrir novos caminhos que eu jamais havia sonhado antes.

Ao professor Marcos Barreto de Mendonça, orientador deste trabalho, que me

apresentou a área de gestão de riscos de desastres e a este tema que muito acrescentou na

minha vida acadêmica. Além disso, não se poupou para me dar todo o suporte para que

este trabalho fosse entregue e me incentivou em todos os momentos. Agradeço pelos

conselhos, pelas conversas e por acreditar no meu trabalho. Agradeço também ao

professor Leandro Torres Di Gregorio que muito acrescentou neste trabalho com suas

percepções e análises, sua orientação foi primordial para a qualidade desta pesquisa.

Obrigada pelos conselhos e toda a ajuda. Aos meus orientadores eu devo todo o meu

respeito e consideração como pessoas e como profissionais.

Agradeço aos grandes amigos que fiz durante o tempo que estive na UFRJ e me

ajudaram a não desistir nos primeiros anos de curso: José Henrique, Lucas Vieira, Victor

Barbosa, Esdras Pinheiro. Vocês tornaram os momentos difíceis mais leves e os dias ruins

em suportáveis. Não teria conseguido sem vocês.

vii

Sumário

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1 Apresentação ...................................................................................................... 1

1.2 Relevância do tema ............................................................................................ 2

1.3 Objetivos ............................................................................................................ 3

1.3.1 Objetivos específicos .................................................................................. 3

1.4 Metodologia ....................................................................................................... 4

1.5 Organização do trabalho .................................................................................... 4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 5

2.1 Movimentos de massa ........................................................................................ 5

2.1.1 Definição .................................................................................................... 5

2.1.2 Classificação dos movimentos de massa .................................................... 5

2.1.3 Agentes e causas dos movimentos de massa .............................................. 9

2.2 Inundações ....................................................................................................... 12

2.2.1 Definição .................................................................................................. 12

2.2.2 Agentes deflagradores, causas e meios suscetíveis às inundações .......... 12

2.3 Desastres geológicos e hidrológicos ................................................................ 14

2.3.1 Conceituação de desastres. ...................................................................... 14

2.3.2 Conceituação básica na área de riscos .................................................... 16

2.3.3 As consequências de desastres associados a movimentos de massa e

inundações. ............................................................................................................. 20

2.3.4 Distribuição dos desastres no Brasil. ....................................................... 24

3 GESTÃO DE RISCO ........................................................................................... 27

3.1 Gestão de risco – panorama internacional ....................................................... 27

3.2 Gestão integrada de risco no Brasil ................................................................. 29

3.3 Atuação do Governo Federal e os Planos Municipais de Redução de Risco .. 32

4 PLANOS MUNICIPAIS DE REDUÇÃO DE RISCO ...................................... 34

4.1 A disponibilização de recursos ........................................................................ 34

4.2 Fases para elaboração ...................................................................................... 35

viii

4.2.1 Elaboração de metodologia detalhada .................................................... 35

4.2.2 Atualização ou execução do mapeamento de risco em escala de detalhe 36

4.2.3 Proposição de intervenções estruturais para redução do risco ............... 44

4.2.4 Estimativa dos custos das intervenções. ................................................... 48

4.2.5 Definição de critérios para hierarquização das intervenções ................. 48

4.2.6 Identificação de programas e fontes de recursos para investimentos...... 48

4.2.7 Sugestões de medidas não estruturais para a atuação da Defesa Civil ... 49

4.2.8 Realização de audiência pública .............................................................. 49

4.3 Exemplos de Planos Municipais de Redução de Risco em outros países ........ 50

4.3.1 Colômbia .................................................................................................. 50

4.3.2 Argentina .................................................................................................. 54

5 METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................................... 57

5.1 Levantamento de dados ................................................................................... 59

5.2 Avaliação da relevância dos dados .................................................................. 60

5.3 Tratamento e sistematização dos dados ........................................................... 60

5.4 Apresentação e análise dos resultados e avaliação dos PMRRs ...................... 61

6 RESULTADOS DO LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE OS PMRRS E

DISCUSSÕES ............................................................................................................... 62

6.1 Estados representados ...................................................................................... 62

6.2 Ano de publicação ........................................................................................... 63

6.3 Responsáveis pela elaboração .......................................................................... 63

6.4 Profissionais participantes da equipe técnica ................................................... 64

6.5 Descrição da metodologia adotada para a elaboração do PMRR .................... 65

6.6 Seleção de áreas a serem mapeadas ................................................................. 66

6.7 Métodos aplicados para o mapeamento de risco ............................................. 67

6.8 Consideração da vulnerabilidade no mapeamento ........................................... 68

6.9 Uso de bases cartográficas ............................................................................... 69

6.10 Uso de geoprocessamento ............................................................................ 71

6.11 Classificações utilizadas para o grau de risco .............................................. 71

6.12 Extensão total das áreas de risco de movimentos de massa mapeadas ........ 72

6.13 Área média delimitada para um setor de risco de movimentos de massa .... 75

ix

6.14 Número médio de moradias por área mapeada com risco de movimentos de

massa 76

6.15 Tipologias de intervenções adotadas ............................................................ 77

6.16 Forma de apresentação das intervenções estruturais .................................... 78

6.17 Estimativa de custos para implementação das intervenções estruturais

propostas ..................................................................................................................... 79

6.18 Critérios para hierarquização das intervenções ............................................ 83

6.19 Identificação de fontes de recursos para a implementação das intervenções 86

6.20 Intervenções não estruturais propostas ......................................................... 86

6.21 Forma de apresentação das intervenções não estruturais ............................. 87

6.22 Compatibilização com o plano diretor e/ou urbanístico do município ........ 88

7 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 90

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 93

ANEXO A - Quadro de Ações e Competências dos entes federados nas Ações de

Proteção e Defesa Civil (BRASIL, 2017) .................................................................... 99

ANEXO B – Imagens de estruturas de contenção aplicáveis como intervenções

estruturais em PMRRs ............................................................................................... 102

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

Historicamente, o Brasil se tornou um país predominantemente urbano a partir da

metade do século XX. Em 1980 a taxa de urbanização alcançou o marco de 68,86%,

resultado do processo de industrialização. Como resultado disso a demografia mudou,

ocorreram migrações rurais, regionais e um crescimento expressivo da população

residente em cidades. O intenso processo de urbanização ocorreu em cerca de quarenta

anos (1940 a 1980), o que levou a um crescimento desordenado em grandes centros,

trazendo consequências reverberantes até hoje (ROSSATO, 1993).

Devido a diversos processos urbanísticos no século XX intensificou-se a ocupação

irregular e precária nas áreas periféricas, especialmente em encostas e planícies de

inundação, pelas populações menos favorecidas. O aumento de construções precárias em

lugares de alto risco de deslizamentos de terra e inundações, entre outros fatores, gerou

um aumento na frequência de registros e na grandiosidade dos desastres.

Segundo o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais (CEPED/UFSC, 2013), os

movimentos de massa, inundações, enxurradas e alagamentos representam os tipos de

desastres “naturais” que mais causam mortes no Brasil, considerando registros entre

1991 e 2012. Foram cerca de cinquenta e quatro milhões de pessoas afetadas direta ou

indiretamente no país inteiro, entre mortos, feridos, enfermos, desabrigados,

desalojados, desaparecidos e outros.

Mediante a este cenário, entende-se a importância da intervenção do poder público

nestes locais por meio da Gestão de Riscos. No Brasil foi aprovada a Lei Federal N°

12.608 (BRASIL, 2012) que estabeleceu as seguintes diretrizes do Política Nacional de

Proteção e Defesa Civil (PNPDEC):

“I - atuação articulada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios para redução de desastres e apoio às comunidades atingidas;

II - abordagem sistêmica das ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta

e recuperação;

III - a prioridade às ações preventivas relacionadas à minimização de desastres;

IV - adoção da bacia hidrográfica como unidade de análise das ações de prevenção

de desastres relacionados a corpos d’água;

2

V - planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de risco e incidência

de desastres no território nacional;

VI - participação da sociedade civil.”

Percebe-se, portanto, a tendência de se abordar o assunto levando-se em

consideração outros fatores como o planejamento do território, influências históricas,

políticas, sociais além dos fatores ambientais. Isso mudou a construção de soluções para

a redução de riscos, que agora levam em conta ações estruturais (obras de engenharia),

mas também não estruturais, e tornou possível uma melhor integração entre a Política

Nacional de Proteção e Defesa Civil com as políticas de planejamento urbano.

O extinto Ministério das Cidades, a fim de contribuir com o planejamento de ações

de prevenção à desastres começou a incentivar no ano de 2004 a elaboração e revisão de

Planos Municipais de Redução de Risco (PMRRs), instituídos pela Ação de Apoio à

Prevenção de Riscos em Assentamentos Precários no âmbito do Programa de

Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários do Ministério das

Cidades. Apesar de predominantemente os PMRRs contemplarem os movimentos de

massa, através desta pesquisa pôde se constatar que há municípios que também o utilizam

para intervenções para prevenção de inundações e raramente utilizado para algum tipo de

evento que atua especificamente no local (um dos casos analisados, por exemplo utilizou-

se do PMRR para propor intervenções em dunas de areia).

O PMRR é um instrumento de planejamento para o diagnóstico do risco e

proposição de medidas estruturais e não estruturais para sua redução, considerando

estimativa de custos, critérios de priorização para execução de intervenções e

compatibilização com outros programas nas três esferas do governo: federal, estadual e

municipal (BRASIL, 2006).

1.2 Relevância do tema

Grande parte dos municípios brasileiros está sujeito a desastres ocasionados por

eventos geológicos e hidrológicos, por isso é importante que o governo municipal esteja

consciente da necessidade de investir em Gestão de Risco de desastres. O Sistema

Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) incentiva a organização e criação do

Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil. Estes dois órgãos devem estar integrados

a fim de que haja a implementação da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil

3

(PNPDEC) que prevê uma abordagem sistêmica em todos os âmbitos: prevenção,

mitigação, preparação, resposta e recuperação.

Uma das ações para o planejamento municipal quanto à prevenção a desastres é a

elaboração dos PMRRs. Este plano, quando bem elaborado gera grandes benefícios às

cidades, reduzindo riscos através de obras de engenharia para reduzir a susceptibilidade

às ameaças identificadas no local e medidas não estruturais como sistemas de alerta,

regularização fundiária e urbanização, melhoria das condições das habitações, educação,

entre outros.

Segundo o IBGE (2014), em 2013 cerca de 9,4% dos municípios brasileiros

possuíam Planos Municipais de Redução de Risco. Em 2011 o registro era de apenas 6,2

%. Mesmo com este aumento, o percentual continua sendo baixo em relação à totalidade

de cidades atingidas por processos erosivos (20%), enchentes (27,2%), enxurradas

(28,3%) e deslizamentos de terra (16,1%) entre 2009 e 2013.

1.3 Objetivos

Através da análise de 33 Planos Municipais de Redução de Risco, disponibilizados

no site do extinto Ministério das Cidades, esta análise tem por objetivo fazer uma

investigação sobre o conteúdo e a metodologia dos PMRRs elaborados de forma a poder

caracterizá-los, indicar pontos positivos e/ou negativos, e propor melhorias a fim de

otimizar a elaboração de novos PMRRs, contribuindo, assim, para a Política de Gestão

de Riscos nos municípios.

1.3.1 Objetivos específicos

Para que o trabalho tenha seu objetivo central alcançado, os objetivos específicos

abaixo foram traçados:

a. Definição dos indicadores que possam caracterizar a metodologia e o

conteúdo dos Planos Municipais de Redução de Risco

b. Levantamento e organização de dados que caracterizem a metodologia e o

conteúdo dos Planos Municipais de Redução de Risco;

c. Análise e avaliação do panorama geral dos Planos a partir dos dados

obtidos.

4

1.4 Metodologia

Este trabalho iniciou-se em janeiro de 2016, como um trabalho de Iniciação

Científica sob orientação dos professores Marcos Barreto de Mendonça e Leandro Torres

Di Gregorio sob título Avaliação de Planos Municipais de Redução de Riscos

Geohidrológicos concluído em julho de 2017, após o qual se deu continuidade com a

análise dos dados.

Através da disponibilização no site do extinto Ministério das Cidades de Planos

Municipais de Redução de Risco acessados entre janeiro de 2016 e junho de 2017,

iniciou-se o processo da pesquisa que pode ser dividido em 4 etapas: o levantamento de

dados, a avaliação da relevância dos dados, tratamento e sistematização e análises dos

resultados obtidos. A metodologia da pesquisa e todos os seus passos são explicitados no

capítulo 5 deste trabalho.

1.5 Organização do trabalho

O presente trabalho se divide em 7 capítulos. O capítulo introdutório apresenta o

cenário amplo do problema, as motivações para o estudo e relevância do tema proposto,

o objeto de estudo, os objetivos e a metodologia aplicada para produzi-lo.

O segundo, terceiro e quarto capítulos compõe a revisão bibliográfica, nos quais

são expostas considerações sobre movimentos de massa, inundações, esastres associados

a movimentos de massas e inundações, gestão de risco e uma síntese dos PMRRs,

discorrendo sobre seus objetivos, metodologias e produtos gerados e exigências. São

apresentadas também experiências em outros países.

A metodologia de pesquisa se encontra no capítulo cinco e a metodologia específica

para cada categoria de dados, resultados gerados e discussões a partir destes resultados

são encontrados no capítulo seis. No sétimo capítulo apresentam-se as conclusões

mediante ao que foi estudado. As referências utilizadas e dois anexos ao texto são

apresentadas ao final do trabalho

5

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Movimentos de massa

2.1.1 Definição

Segundo Varnes (1984), movimentos de massa são processos geológicos

exógenos que envolvem o deslocamento de materiais como rocha, solo e detritos encosta

abaixo, podendo ocorrer naturalmente ou serem induzidos pelo homem.

De acordo com a Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (BRASIL,

2018) os movimentos de massa enquadram-se em um tipo de evento ao qual estão

associados os desastres geológicos, que, por sua vez, estão dentro da categoria dos

desastres “naturais”. Sabe-se, entretanto, que o termo “natural” é inadequado pelo fato

dos deslizamentos muitas vezes serem influenciados pelas ações humanas, além da razão

social para a ocorrência dos desastres (Da Silva Rosa et al, 2015).

Observa-se na natureza diversas tipologias de movimentos de massa e, para

classifica-los, são utilizados como critérios a geometria, tipo de material, velocidade do

movimento, entre outros. Neste trabalho será exposta a classificação de Varnes (1978),

conforme será exposto a seguir.

2.1.2 Classificação dos movimentos de massa

Nesta classificação os movimentos são divididos em quedas, tombamento,

escorregamentos, expansões laterais, corridas e movimentos combinados. Abaixo são

explicitadas as principais categorias (VARNES, 1978).

a) Quedas

Movimentos extremamente rápidos de corpos rochosos ou mesmo de solos em

queda livre (Figura 1). Predominante em encostas íngremes, e podem ser potencializadas

pela dilatação e contração da rocha e presença de descontinuidades (fraturas, planos de

fraqueza, falhas e bandamentos).

6

Figura 1: Representação de queda de blocos. (BRITO, 2014)

b) Tombamentos

São movimentos que ocorrem principalmente pelo desconfinamento de descontinuidades

subverticais, resultando em um movimento de báscula (Figura 2).

Figura 2: Representação de Tombamento de Blocos. (BRITO, 2014)

c) Escorregamentos

São movimentos rápidos, com planos de ruptura bem definidos entre o material

deslizado e o não deslizado. Podem assumir os seguintes formatos: rotacional,

translacional ou em formato de cunha (Figura 3).

No Brasil, um dos processos mais frequentes nas encostas serranas é o

escorregamento planar de solo, o qual ocorre predominantemente em solos rasos e

anisotrópicos. Em áreas urbanas, durante períodos de chuvas prolongadas, também há

frequentes registros de escorregamentos planares devido ao lançamento de materiais não

compactados em aterros construídos para produzir patamares sobre os quais casas ou vias

são construídas nas encostas. Esses materiais utilizados em sua maioria são heterogêneos

e misturados a lixo e entulho de construção, aumentando a instabilidade. Os

escorregamentos circulares são mais comuns em aterros, áreas de solos homogêneos

7

espessos, e os escorregamentos em cunhas ocorrem quando há a presença de dois sistemas

de estruturas formando duas superfícies de ruptura (BRASIL, 2006).

Figura 3 - Representação dos tipos de escorregamentos. (BRITO, 2014)

d) Expansões laterais

Deslocamento lateral de massas de solo ou rocha, fragmentando material

resistente que está acima do material mais brando e deformável que se movimenta.

e) Escoamentos (ou fluxos)

Movimentos de solos em alta velocidade (km/h) que se comportam como fluido,

podendo alcançar longas distâncias e gerar cicatrizes pelo caminho (Figura 4). Ocorrem

em encostas de solo residual argiloso, onde lama ou detritos (mistura de blocos de rochas,

vegetação, solos, etc.) são carreados ao longo de talvegues durante o período de chuvas

muito intensas ou prolongadas (Fundação Geo-Rio, 2014).

8

Figura 4 - Representação escoamentos. (BRITO, 2014)

f) Rastejos ou Fluências (creep)

Os rastejos podem ser definidos como movimentos muito lentos (mm/ano a cm/ano)

que ocorrem geralmente próximos ao pé de encostas em colúvios com nível elevado do

lençol freático. A presença de trincas no solo, árvores retorcidas, estradas tortas, postes

desaprumados, canaletas desalinhadas também podem ser indícios da ocorrência de

rastejos, conforme apresentado na Figura 5 (GEO-RIO, 2014).

Figura 5 - Representação de rastejos (BRITO, 2014).

g) Movimentos complexos

São deslizamentos que envolvem um ou mais dos principais tipos de movimentos

descritos acima, ou quando há vários estágios de movimento, envolvendo diferentes tipos.

Esta categoria expressa a dificuldade de estabelecer limites rígidos entre os diferentes

tipos de movimento.

9

2.1.3 Agentes e causas dos movimentos de massa

As classificações para agentes e causas do movimentos de massa utilizados neste

trabalho são aquelas desenvolvidas por Guidicini e Nieble. (1984)

Antes de prosseguir com as classificações salienta-se que um mesmo agente, ou

mesma causa, pode ser responsável por diferentes tipos de movimentos de massa. Além

disso, enfatiza-se que um mesmo agente pode agir sob diversas formas podendo

desencadear causas diferentes que levarão à instabilidade.

Quanto aos agentes, pode-se classificá-los em agentes predisponentes, sendo o

conjunto de condições geológicas, geométricas e ambientais que podem indicar uma

predisposição para o movimento de massa, e agentes efetivos, que são diretamente

responsáveis pelo desencadeamento do movimento de massa.

Os agentes predisponentes são compostos por características intrínsecas ao

ambiente, sendo estas, a natureza petrográfica, alteração de rochas por intemperismo,

acidentes tectônicos, inclinação superficial, forma do relevo, clima, regime de águas,

vegetação e a gravidade, por exemplo.

Já os agentes efetivos podem ser ainda subdividos em duas categorias:

preparatórios e imediatos. Sendo os agentes efetivos preparatórios a pluviosidade, erosão

pela água ou vento, congelamento e degelo, ação humana e de animais. A segunda

categoria, agentes efetivos imediatos são compostos por chuvas intensas, terremotos,

ondas, vento, e ações humanas com consequências imediatas.

As causas, segundo Terzaghi (1950), podem ser classificadas em internas e

externas. Sendo a primeira, quando se percebe a redução da resistência ao cisalhamento

do material da encosta sem mudanças em sua geometria (acréscimo de tensões), e a

segunda são as que provocam aumento nas solicitações e consequente aumento nas

tensões cisalhantes sem que haja aumento na resistência do material do talude.

As causas internas estão geralmente associadas ao aumento de poropressão,

decréscimo da coesão e ângulo de atrito interno por processo de alteração. O aumento de

poropressão irá diminuir as tensões efetivas do solo com consequente redução da

resistência ao cisalhamento disponível. As mudanças nos valores de coesão e ângulo de

atrito interno também interferirão na resistência ao cisalhamento, diminuindo-a. Caso esta

resistência menor que as solicitações às quais o solo está submetido ocorrerá a ruptura.

As causas externas, como já exposto, estão ligadas ao aumento das solicitações

que provocarão um aumento nas tensões de cisalhamento ao longo da superfície potencial

10

de ruptura. Se as tensões de cisalhamento forem maiores que a resistência disponível

ocorrerá a ruptura.

Apesar de existirem diversas causas tanto naturais quanto artificiais, ao longo da

revisão bibliográfica enfatiza-se principalmente as causas promovidas pela intervenção

humana no ambiente, pois todas as análises feitas neste trabalho são predominantemente

em ambiente urbano, cujas principais preocupações são a mitigação do risco em locais

que sofrem com diversas ações antrópicas.

Dentre as causas dos movimentos de massa, são apresentadas as mais comuns a

seguir:

a) Mudanças na geometria da encosta

Esta é uma das causas mais comuns no desencadeamento de movimentos de

massa. Consiste em modificar a geometria da massa terrosa ou rochosa, ocasionando

diminuição das forças solicitantes resistentes à ruptura e/ou redução da força normal no

plano de ruptura, que causará a diminuição da força de atrito resistente. Se dá de diversas

maneiras, dentre elas: o acréscimo de sobrecarga na porção superior do talude ou retirada

de massa na porção inferior. Estas mudanças podem induzir o surgimento de movimento

na superfície potencial de ruptura. As principais evidências de que há a movimentação é

o surgimento de trincas na parte superior, causadas por tensões de tração.

Podem ocorrer devido a cortes excessivos para construção de rodovias e para

construção de moradias. O problema pode ser agravado com a ocupação desordenada em

encostas, que além de gerarem sobrecargas com as construções, lançamento de lixos e

entulhos nas encostas e mudanças na geometria podem causar também aumento no nível

de água (GUIDICINI E NIEBLE, 1984).

b) Elevação do nível piezométrico

Quando o nível de água nos taludes se eleva ocorre aumento na poropressão, que

terá como consequência a diminuição da tensão efetiva e diminuição da resistência ao

cisalhamento. Este aumento pode ocorrer devido a diversos fatores, desde o aumento da

pluviosidade no local até problemas de drenagem ou vazamentos. As construções

desordenadas, já mencionadas acima podem ser também motivos para a elevação do nível

piezométrico, devido, principalmente, a dificuldade de drenagem de águas pluviais e

lançamento de águas servidas inadequadamente (GUIDICINI E NIEBLE, 1984).

Segundo Santos e Assunção (2005), os volumes totais anuais de águas servidas

descartadas em topos de encostas pela população residente são muito elevados e

11

comparáveis aos volumes precipitados pelas chuvas, o que pode gerar grandes mudanças

no comportamento do talude.

c) Erosão subterrânea retrogressiva (piping)

Segundo Terzaghi (1950), ocorre devido a força de percolação que atua na direção

do fluxo e cuja intensidade cresce proporcionalmente à velocidade de percolação. Esse

processo irá gerar o carreamento de partículas, devido a transferência de carga hidráulica

para as partículas do solo. No pé dos taludes a força de percolação geralmente é bem

maior que na parte superior, causando o colapso na base da encosta devido à grande perda

de material e consequentemente a parte superior cederá por falta de apoio. Embora não

se encontrem muitos relatos sobre casos em ambiente urbano, os problemas relacionados

a piping ocorrem frequentemente e podem ser decorrentes de problemas de drenagem e

deficiência na proteção superficial.

d) Remoção da cobertura vegetal

A cobertura vegetal atua de vários modos para beneficiar a estabilidade de

encostas: evitando grandes variações de umidade e temperatura no solo da encosta,

retendo volume de água da chuva com suas copas, reduzindo o volume e velocidade da

água na superfície do solo, reduzindo a umidade do solo através da evapotranspiração,

aumentando a resistência ao cisalhamento através do seu sistema radicular, entre outros

benefícios. (GUIDICINI E NIEBLE, 1984).

Entretanto, Prandini et al. (1976) menciona alguns efeitos desfavoráveis que a

cobertura vegetal proporciona, como o efeito alavanca pela ação dos ventos, o efeito

cunha pela penetração das raízes em fendas e sobrecarga vertical devido ao peso da

vegetação. Segundo Kozciak (2005), a remoção de vegetação de imediato pode aumentar

a segurança do talude devido à eliminação da sobrecarga vertical e do efeito alavanca

provocado pelos ventos porém, a longo prazo ocorre o aumento da instabilidade com a

deterioração do sistema radicular e perda do sistema de redistribuição de água da chuva.

Nota-se portanto que ainda há divergências no mundo acadêmico sobre a

contribuição do desmatamento na instabilidade de encostas.

12

2.2 Inundações

2.2.1 Definição

Segundo a Codificação Brasileira de Desastres (BRASIL, 2014) os desastres

hidrológicos são classificados em: inundações, enxurradas e alagamentos. Apesar de

serem definidos como eventos distintos, em certos aspectos estes se sobrepõem, quando

são comparadas com as definições de outros autores.

De acordo com Miguez et al. (2018), as inundações são eventos hidrológicos

decorrentes do extravasamento de corpos d’água, em períodos de cheia, para fora da sua

calha secundária, ocupando a planície de inundação. Estas podem ser bruscas (chamadas

também de enxurradas) ou graduais. Quando as planícies inundadas são ocupadas por

cidades podem ocorrer alagamentos, definidos como a água acumulada por falha do

funcionamento do sistema de drenagem urbana.

2.2.2 Agentes deflagradores, causas e meios suscetíveis às inundações

A chuva é o principal agente natural deflagrador das inundações e alagamentos.

Esse tipo de desastre ocorre principalmente quando as precipitações são intensas ou

concentradas ou há saturação do lençol freático devido a intensificação do regime de

chuvas sazonais. Entretanto, podem existir outros agentes menos comuns como: ondas

intensificadas, rompimento de barragens, estrangulamento de rios provocado por

desmoronamento, dentre outros (BRASIL, 2009).

Além da intensidade da chuva, deve-se considerar ainda a suscetibilidade do meio

físico que determinarão o volume de água superficial disponível para escoamento, as

retenções superficiais, velocidade de escoamento e o tempo de concentração da bacia

hidrográfica (parâmetro que determina o tempo para que toda a bacia considerada

contribua para uma seção de interesse). (MIGUEZ et. al., 2018)

Os componentes da suscetibilidade podem ser naturais ou artificiais. As condições

naturais são aquelas cuja ocorrência é propiciada pela bacia em seu estado natural.

Algumas dessas condições são: relevo, tipo de solo, cobertura vegetal, capacidade de

drenagem.

Com a urbanização haverão alterações que modificarão o ciclo hidrológico natural

da bacia hidrográfica, causando as inundações, tais como:

13

a) Impermeabilização em ambientes urbanos

A impermeabilização do solo pode agir de duas maneiras: a primeira é o aumento

da intensidade das precipitações nas áreas urbanas, devido ao aumento da temperatura

com a absorção do calor pelas superfícies impermeáveis (asfalto, por exemplo) gerando

ilhas de calor e criando condições de movimento de ar ascendente. Além disso, a

suscetibilidade à inundações aumenta-se com a diminuição das áreas possíveis de

infiltração, aumentando o escoamento superficial (TUCCI e BERTONI, 2003; MIGUEZ

et al., 2018).

b) Regularização do solo

Um dos processos também percebidos durante a urbanização de áreas são as

regularizações do solo para a implantação de edificações. Estes processos diminuirão a

capacidade de retenção e amortecimento da bacia, gerando uma aceleração no

escoamento das águas pluviais (MIGUEZ et. al., 2018).

c) Aumento de sedimentos e materiais sólidos pela bacia

Através das construções de edificações e rodovias, limpeza de terrenos, entre

outros processos são produzidos sedimentos que podem gerar o assoreamento de seções

de drenagem, reduzindo a capacidade de escoamento de condutos, rios e lagos. Este

mesmo problema pode ser causado e/ou agravado pela produção de lixo e sua disposição

em locais inadequados (TUCCI e BERTONI, 2003).

d) Desmatamento

O desmatamento dos locais próximos às várzeas se dá principalmente para

implantação de moradias, plantações agrícolas, entre outros. Com isso, diminui-se a

interceptação vegetal, favorecendo a erosão do solo e sedimentação nos cursos d’água

(MIGUEZ et. al., 2018).

e) Ocupação das planícies de inundação

Devido às ocupações, a calha do rio geralmente recebe obras de canalização do

curso principal para que ruas e quadras sejam criadas, eliminando o espaço que deveria

ser deixado livre para a acomodação de grandes enchentes. Quando isso ocorre, em

14

momentos de chuvas intensas a água poderá procurar outros caminhos para escoamento,

atingindo regiões que anteriormente não eram alagáveis (MIGUEZ et. al., 2018).

f) Implantação de sistemas de drenagem

Quando as obras de drenagem são realizadas de forma equivocada, podem ao invés

de mitigar os riscos, causar ainda mais eventos de inundações. Os projetos de

microdrenagem, são sistemas de condutos pluviais ou canais a níveis de loteamento, já na

macrodrenagem as obras normalmente são de canalização de trechos críticos e construção

de sistemas de coletores de diferentes sistemas de microdrenagem. A microdrenagem gera

aumento na vazão e esgota todo o volume para a jusante que pode sobrecarregar os

sistemas de macrodrenagem quando recebem grandes volumes, podendo gerar

extravasamentos causando inundações. Além disso, quando techos críticos são

canalizados pode-se transferir as inundações para outros locais da bacia (TUCCI e

BERTONI, 2003; MIGUEZ et al., 2018).

As inundações dependem da intensidade da chuva e da suscetibilidade da bacia à

processos de cheia. Caso a chuva seja desfavorável de acordo com a susceptibilidade do

meio serão deflagrados eventos de inundação. Sendo assim, haverá uma chuva crítica

para cada bacia.

2.3 Desastres geológicos e hidrológicos

2.3.1 Conceituação de desastres.

De acordo com o UNISDR (2009) (International Strategy for Disaster

Reduction), desastres são perturbações no funcionamento de uma comunidade ou

sociedade envolvendo perdas humanas, materiais, econômicas ou ambientais de grande

extensão, cujos impactos excedem a capacidade da comunidade afetada de lidar com as

consequências usando seus próprios recursos.

No Brasil a conceituação de desastres adotada pela defesa civil é a de que são

resultados de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um

ecossistema (vulnerável), causando danos humanos, ambientais e/ ou materiais e

consequentes prejuízos econômicos e sociais. (BRASIL, 2000).

15

Enfatiza-se, portanto, que o desastre não é o evento adverso (inundações, furacões,

terremotos, etc.), mas sim os efeitos provocados por este, que são diretamente

proporcionais à vulnerabilidade e à exposição dos elementos em risco. (VARGAS apud

MIGUEZ et al, 2018).

Quanto à intensidade, os desastres podem ser classificados em três níveis de

intensidade, segundo Instrução Normativa do extinto Ministério da Integração Nacional

(BRASIL, 2016).

Nível I: Desastres de pequena intensidade

Nível II: Desastres de média intensidade;

Nível III: Desastres de grande intensidade;

Os desastres de pequena intensidade (nível I) são aqueles em que há somente

danos humanos consideráveis e a situação de normalidade é restabelecida mediante a

mobilização de recursos em nível local ou complementados com o aporte de recursos

estaduais e federais.

Os desastres de média intensidade (nível II) são aqueles em que os danos causados

e prejuízos são suportáveis e superáveis pelos governos locais e a situação de normalidade

pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou complementados

com o aporte de recursos estaduais e federais. São caracterizados pela ocorrência de ao

menos dois danos: um deles obrigatoriamente humano e prejuízos econômicos públicos

ou privados que afetem a capacidade do poder público local em responder e gerenciar a

crise instalada.

Os desastres de nível III são aqueles em que os danos e prejuízos não são

superáveis e suportáveis pelos governos locais e o restabelecimento da normalidade

depende da mobilização das três esferas de atuação do Sistema Nacional de Proteção e

Defesa Civil (SINPDEC) ou até mesmo de ajuda internacional. São caracterizados pela

concomitância na existência de óbitos, isolamento de população, interrupção de serviços

essenciais, interdição ou destruição de habitações, danificação ou destruição de

instalações públicas prestadoras de serviços essenciais e obras de infraestrutura pública.

Para os desastres de nível I e II são decretadas situação de emergência enquanto

que para os desastres de nível III são decretados o estado de calamidade pública.

16

2.3.2 Conceituação básica na área de riscos

A complexidade do conjunto de fatores que vão definir o risco leva-se a uma

diversidade de interpretações e consequentes definições. Assim, primeiramente deve-se

ter em mente as definições dos principais fatores que compõem o risco.

a) Perigo

O primeiro fator é o perigo, cuja definição é a representação da probabilidade de

ocorrência de um determinado evento físico responsável pela situação de risco. Definido

o termo, deve-se agora identificar como este pode ser quantificado. Para isso, deve-se

primeiramente identificar os processos responsáveis por este perigo, em que condições

de evolução do evento poderá ocorrer um acidente e qual a probabilidade do acidente

ocorrer. (BRASIL, 2006).

Os eventos geológicos e hidrológicos causadores de desastres que são

identificados na maioria das regiões do Brasil são os escorregamentos, enxurradas,

corridas de detritos e inundações, podendo ocasionar desabamentos e interdição de

moradias, rompimento de muros, destruição de estradas, entre outros (CEPED/UFSC,

2013).

As condições para a ocorrência de desastres geológicos ou hidrológicos são bem

diversas no Brasil, devido à grande diversidade dos condicionantes naturais. Os períodos

chuvosos, que podem em grande parte das vezes acelerar ou intensificar os eventos, são

diferentes dependendo da região do país. A variedade de relevo, tipos de solos e rochas

também irão interferir no evento, influenciando no tipo de movimento de massa que

ocorrerá e intensidade da inundação, por exemplo. As ações antropogênicas também

condicionam a probabilidade do evento ocorrer, por exemplo a alta densidade de

ocupação, cortes e aterros, lançamento de lixos e entulhos, construção de fossas sanitárias

ou lançamento em superfície de águas servidas, (Mendonça e Guerra, 1997) aumentando

portanto o perigo. Sendo assim, um mesmo agente deflagrador do perigo, pode gerar

probabilidades diferentes dependendo das interações das características naturais, e tipos

de ações antropogênicas ocorridas.

17

b) Suscetibilidade

Outro fator a ser considerado é a suscetibilidade, que é definida como as

características inerentes ao meio que expressarão a probabilidade espacial de ocorrência

de eventos ou acidentes sob determinadas condições (LUCENA, 2006).

A suscetibilidade para movimentos de massa, segundo Fell et al. (2008), é uma

análise quantitativa ou qualitativa da classificação, volume (ou área) e distribuição

espacial de escorregamentos que existem ou podem ocorrer em uma área. A

suscetibilidade também pode incluir uma descrição da velocidade e intensidade do

escorregamento existente ou em potencial. A suscetibilidade de escorregamento inclui

escorregamentos cuja origem é em sua própria área ou fora de sua área, mas pode se

mover para ou regressar à área de origem.

Quando considera-se as inundações, a suscetibilidade é a propensão do sistema

físico a sofrer processos de inundação, ou seja, estará ligada às condições particulares da

bacia como o funcionamento dos sistemas de canais, áreas de baixadas, áreas

impermeabilizadas, entre outros condicionantes (MIGUEZ et al., 2018).

c) Vulnerabilidade

Já a vulnerabilidade está ligada ao elemento ou comunidade afetada pelo evento

ou acidente, esta reflete as susceptibilidades ou predisposições a respostas ou

consequências negativas do indivíduo afetado. (JANCZURA, 2012).

Eventos de mesma natureza e dimensões podem afetar populações diferentes de

formas diferentes dependendo do grau de vulnerabilidade. Comunidades em encostas e

morros, vilas, loteamentos populares de baixa renda, por exemplo, são mais vulneráveis

às consequências de deslizamentos do que a população que reside em áreas formais da

cidade que visivelmente possuem maior infraestrutura urbana e possuem edificações mais

resistentes.

A vulnerabilidade pode ser física, quando se avalia a estrutura ou sistema,

formados por exemplo por construções improvisadas, falta de rede de saneamento, entre

outros, e pode ser também econômica, referindo-se à situação econômica das pessoas,

comunidades e países afetados. Além desses dois tipos há a vulnerabilidade social, que

relaciona-se com o bem-estar das pessoas e depende principalmente da capacidade de

autonomia, mobilidade, acesso a recursos financeiros e a serviços de saúde da população

atingida. Dentre os fatores que afetam a vulnerabilidade social estão a idade, renda,

escolaridade, gênero, deficiências físicas, intelectuais e mentais, entre outros. E por fim,

18

pode-se citar também a vulnerabilidade ambiental, que refere-se ao esgotamento de

recursos naturais e seu estado de degradação e a falta de resiliência dos ecossistemas

(BRASIL, 2017).

Analisando-se a relação entre a vulnerabilidade e a suscetibilidade no ambiente

urbano brasileiro percebe-se que há um agravante no risco de deslizamentos porque

populações com grande vulnerabilidade a este tipo de evento se concentra em locais de

alta suscetibilidade.

d) Risco

Após esta breve apresentação, serão expostos os conceitos mais disseminados

internacionalmente e nacionalmente do termo risco.

Segundo o UNISDR (2017), risco de desastres pode ser definido como a perda

potencial de vida, ferimentos ou bens destruídos ou danificados que podem ocorrer em

um sistema, sociedade ou comunidade em um período de tempo específico, determinados

probabilisticamente em função do perigo, exposição, vulnerabilidade e capacidade de

enfrentamento (ou resiliência).

Segundo Fell et al. (2008), o risco (R) é uma medida da probabilidade e severidade

de um efeito adverso à saúde, propriedade ou meio ambiente e pode ser estimado pelo

produto da probabilidade de ocorrência de um fenômeno de uma dada magnitude (P)

multiplicada por suas consequências (C). Assim:

𝑅 = 𝑃 × 𝐶 (1)

De acordo com o Ministério das Cidades e a Cities Allience (2006), o termo risco

é a probabilidade de ocorrer um fenômeno físico (ou perigo) em função do local e

intervalo de tempo específicos e com características determinadas (localização,

dimensões, processos e materiais envolvidos, velocidade e trajetória), causando

consequências em função da vulnerabilidade dos elementos expostos, podendo ser

modificado pelo grau de gerenciamento. Em suma:

𝑅 = 𝑃(𝑓𝐴) × 𝐶(𝑓𝑉) × (𝑔−1) (2)

Sendo:

R o nível de risco;

P a probabilidade de ocorrer um fenômeno físico;

19

A o fenômeno físico;

C as consequências do fenômeno;

V a vulnerabilidade;

g o grau de gerenciamento.

Verificando-se as equações, percebe-se que na verdade o cálculo do risco possuirá

grandes incertezas devido aos fatores externos, que de acordo com alguns especialistas

são subjetivos e não mensuráveis, no sentido de que este depende das experiências de

vida, mentais e culturais, influenciando nas preferências do indivíduo ou grupo social.

Entretanto, é relevante a definição em fórmulas matemáticas para a compreensão

de relação entre os fatores. Por exemplo, a partir da equação 2 entende-se que uma das

formas de atuação na redução de risco é identificar qual é o perigo, ou seja identificar

quais processos naturais ou antropogênicos estão produzindo-os, e a probabilidade do

evento perigoso ocorrer (quanto maior a probabilidade, maior o risco), avaliar as

consequências (também diretamente proporcionais ao risco) e atuar sobre o problema de

forma a diminuir o risco através do gerenciamento.

CEPED/RS (2016) apresenta uma classificação de nível risco quanto a sua

tolerância, conforme segue:

I. Risco Instalado: Compreendido como o risco efetivo, atual ou visível,

existente e percebido em áreas ocupadas. Pode ser identificado com base

em feições de instabilidade e agravantes ao risco, como presença de blocos

e matacões próximos à moradia, inclinações de estruturas como postes e

paredes, pequenas, elevadas inclinações, entre outros. A identificação do

risco instalado é realizada através da avaliação em inspeções de campo.

II. Risco Aceitável: É o risco admissível por uma determinada sociedade ou

população, após considerar todas as consequências associadas ao mesmo.

Esta aceitação provém da percepção de risco da população residente e não

significa que o risco instalado seja realmente pequeno ou inexistente.

III. Risco Tolerável: É o risco com o qual a sociedade tolera conviver, mesmo

tendo que suportar alguns prejuízos ou danos, pois em troca há benefícios

como a proximidade ao local do trabalho ou serviços. Também é variável

dependendo da percepção da população.

IV. Risco Intolerável: Este é definido como o risco que não pode ser tolerado

pela sociedade, pois os benefícios proporcionados pela residência em

determinado local já não compensam os danos e perdas. Varia dependendo

da percepção da população.

20

V. Risco Residual: É o risco instalado no local, mesmo após implementações

de medidas de redução de risco. O risco em si não pode ser completamente

eliminado, e em determinadas circunstâncias ainda poderá ser alta a

probabilidade de um evento de grande magnitude causar sérios danos

mesmo com a implementação de medidas mitigadoras. Portanto, o

gerenciamento do risco residual também é importante.

2.3.3 As consequências de desastres associados a movimentos de massa e inundações.

Os desastres podem causar diversas consequências negativas, que podem ser

expressas em termos de danos e prejuízos. Os danos são resultados de consequências à

vida humana, perdas materiais ou ambientais infligidas às pessoas, comunidades,

instituições, instalações e ecossistemas devido ao desastre. Já o os prejuízos representam

perdas relacionadas ao valor econômico, social e patrimonial de um determinado bem

como consequência do desastre ocorrido (CEPED/RS, 2016; BRASIL, 2012).

Os danos à vida humana podem ser classificados ainda de acordo com as

consequências à saúde humana, sendo a curto e a longo prazo, dependendo do evento e

da vulnerabilidade socioambiental do território. Em curto prazo, cerca de horas ou alguns

dias, são registrados a maior parte do número total de feridos e mortos, consequência

direta do evento em si. Em um segundo momento, cerca de dias ou horas são registrados

ocorrências de doenças transmissíveis, como leptospirose e doenças diarreicas, que

podem ocorrer devido ao comprometimento de redes e fontes de abastecimento de água,

comprometimento em serviços de coleta de lixo e esgoto, exposição a vetores e

hospedeiros de doenças. Em longo prazo, entre meses e anos, são observados problemas

de saúde tais como transtornos psicossociais e comportamentais, doenças

cardiovasculares, entre outros, ocorrendo principalmente devido às perdas de bens

pessoais e de valor sentimental, perda de entes queridos e necessidade de migração do

local. (REDMOND, 2005 apud FREITAS et al, 2014).

Os danos materiais são enquadrados em duas categorias: bens danificados e bem

destruídos. É realizada ainda, uma classificação quanto a prioridade de locação de

recursos para a recuperação das unidades quando há ocorrência de danos, sendo

prioridade máxima as instalações públicas de saúde, unidades habitacionais de população

de baixa renda, instalações públicas de ensino, obras de infraestrutura pública, instalações

comunitárias e outras instalações públicas prestadoras de serviços essenciais e como

segunda prioridade as instalações particulares de saúde e ensino, instalações rurais,

21

industriais, comerciais e de prestação de serviços e residências das classes mais

favorecidas. (CASTRO, 1999)

Os danos ambientais podem ser a contaminação e poluição da água,

contaminação, poluição e degradação do solo, degradação da biota e redução da

biodiversidade e poluição do ar atmosférico, entre outros. Nos casos de movimentos de

massa os danos humanos e materiais são na maioria das vezes sobrepujantes aos

ambientais.

Na Figura 6 está disponível o número de pessoas afetadas de acordo com as

consequências aos indivíduos causadas por desastres associados a movimentos de massa

ao longo de duas décadas (CEPED/UFSC, 2013):

Figura 6: Danos humanos por movimentos de massa no Brasil de 1991 a 2012

(CEPED/UFSC, 2013 adaptado)

O número de pessoas afetadas por eventos hidrológicos dispostos a seguir

englobam os quantitativos para inundações, enxurradas e alagamentos (Figura 7):

539

840

1771

156

39756

77433

1144

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 90000

Mortos

Enfermos

Feridos

Desaparecidos

Desabrigados

Desalojados

Outros

Quantitativo de afetados

22

Figura 7: Danos humanos devido à inundações, enxurradas e alagamentos no Brasil de

1991 a 2012 (CEPED/UFSC, 2013 adaptado)

O quantitativo de mortes causadas por movimentos de massa ao longo dos anos

no Brasil foi apresentado por Macedo e Martins (2015), exposto na Figura 8. O período

pesquisado foi do ano de 1988 a 2015.

Figura 8: Distribuição de mortes por deslizamento no decorrer dos anos entre 1988 e

abril de 2015 (MACEDO; MARTINS, 2015)

2455

206166

52775

890

1028262

3317349

214723

0 500000 1000000 1500000 2000000 2500000 3000000 3500000

Mortos

Enfermos

Feridos

Desaparecidos

Desabrigados

Desalojados

Outros

Quantitativo de afetados

277

9054 28

99

2871

180238

9023 48

9558 70

10457 51 41 57

183

99

239

969

3784

25 30

200

400

600

800

1000

1200

19

88

19

89

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

20

11

20

12

20

13

20

14

20

15

Quantitativo de mortes por ano

23

O histórico de quantitativo de mortes por inundações apresentado no Figura 9

representa o cenário de 1946 à 2015:

Figura 9: Distribuição de mortes provocadas por inundações no Brasil, em intervalo de

10 anos, de 1946 à 2015 (EM-DAT, 2015 apud MIGUEZ et. al, 2018).

De acordo com o CEPED/UFSC (2016), os prejuízos e danos materiais causados

por eventos hidrológicos e geológicos (movimentos de massa, enxurradas, alagamentos,

inundações e tempestades) de 1995 a 2014 custaram cerca de 72 bilhões de reais (Figura

10). Nota-se também que houve um aumento expressivo de prejuízos nos últimos anos.

Figura 10: Prejuízos no Brasil devido a desastres Hidrológicos em milhões de reais -

Distribuição Anual (CEPED/UFSC, 2016)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

1955 1965 1975 1985 1995 2005 2015

Mortes por inundações no Brasil Acumulado

24

2.3.4 Distribuição dos desastres no Brasil.

Os movimentos de massa ocorrem predominantemente nas regiões Sul e Sudeste,

correspondendo a respectivamente 13,6 % e 79,8% do total de registros oficiais de

desastres entre 1991 a 2012. As regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste obtiveram

percentual de 5,4%, 1 % e 0,1 %, respectivamente (CEPED/UFSC, 2013).

Os estados que apresentaram o maior número de registros são o de Minas Gerais,

São Paulo e Rio de Janeiro. Só em Minas Gerais foram registrados 208 casos de

movimentos de massa entre 1991 e 2012.

O estado que possui o maior número de vítimas fatais é o Rio de Janeiro. Cerca

de 78% dos registros de mortes devido a desastres associados a movimentos de massa

entre os anos de 1991 e 2012 ocorreram neste estado (CEPED/UFSC, 2013).

Destaca-se ainda que na última década, e em um pequeno intervalo de tempo,

foram registrados casos de grande repercussão com números expressivos de afetados no

Rio de Janeiro. Em janeiro de 2010 ocorreram desastres no município de Angra dos Reis

após chuvas intensas e prolongadas. Neste evento foram registrados 52 mortes. Ainda em

2010, no dia cinco de abril ocorreu no município do Rio de Janeiro precipitações

acumuladas de mais de 30mm em 24 horas na região do Jardim Botânico, foram

registradas 57 vítimas fatais devido a escorregamentos no local. Também em abril de

2010 ocorreu no município de Niterói um grande deslizamento no morro do Bumba,

antigo lixão desativado. Foram registradas 165 vítimas fatais. (CEPED/UFSC, 2013). No

verão de 2011 ocorreu o desastre na Região Serrana, envolvendo eventos de movimentos

de massa, inundações e enxurradas. Os municípios com mais vítimas fatais foram Nova

Friburgo, 429 mortes, Teresópolis, 282 mortes, e Petrópolis, 74 mortes. Houve um grande

salto nos registros de mortes causadas por desastres associados a movimentos de massa

neste ano (MACEDO e MARTINS, 2015).

No Figura 11 apresenta-se os óbitos em deslizamentos por estados. Das 27

unidades federativas, apenas 18 apresentaram dados de fatalidades por deslizamentos

segundo Macedo e Martins (2015).

25

Figura 11: Mortes por deslizamentos por estados entre 1988 e abril de 2015.

(MACEDO; MARTINS, 2015).

Quanto aos eventos hidrológicos, os estados mais atingidos por enxurradas são

àqueles do litoral brasileiro, com destaque aos estados de Pernambuco, Alagoas, Espírito

Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. As regiões Sul, Sudeste e Nordeste possuem o

maior número de casos de enxurradas com 39%, 30% e 22%, respectivamente, em relação

ao total de eventos ocorridos entre 1991 e 2012. Números semelhantes à distribuição de

ocorrências de inundações, com 22% de casos na região Sul, 34% na região Sudeste e

25% na região Nordeste entre 1991 e 2012. Os casos de alagamentos também são

distribuídos majoritariamente entre Sudeste (43%), Sul (29%) e Nordeste (22%), sendo

destaques entre os mais afetados os estados da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná

(CEPED/UFSC, 2013).

No ano de 2009 (ano de maior registro de ocorrência de inundações entre 1991 e

2012) foram registrados 717 eventos, que ocorreram principalmente nos estados do Pará,

Ceará e Maranhão. As chuvas chegaram à registros totais acumulados mensais de 600

mm, causando inundações em diversos municípios. (CEPED/UFSC, 2013).

Os registros de eventos de enxurradas são concentrados principalmente no estado

de Santa Catarina, quando comparado ao seu pequeno tamanho. Em novembro de 2008,

houve eventos noticiados nacional e internacionalmente no estado. Por meio de análises

estatísticas dos registros de chuva em Blumenau, foi estimado um tempo de retorno de 10

mil anos para o evento ocorrido. Foram mais de uma centena de mortos em cerca de 50

762

209

669 6 9

332

4 8 10

189

5

1819

6 18

206

422

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

AL AM BA ES GO MA MS MG PA PB PR PE PI RJ RN RS SC SP

Mortes por deslizamento

26

municípios do estado. Só no Vale do Itajaí, foram contabilizados 17.925 desabrigados em

2008. (CEPED/UFSC, 2013).

Ainda sobre a distribuição de desastres, considerando agora os prejuízos

financeiros causados, vemos que o estado do Rio de Janeiro também é o estado que mais

sofre com danos materiais. A Figura 12 apresenta os valores em prejuízos causados por

desastres hidrológicos e geológicos, em geral. Tem-se a partir deste uma percepção dos

estados mais críticos, sendo eles: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina

e Rio Grande do Sul.

Figura 12: Distribuição por estados de danos e prejuízos por desastres hidrológicos

(CEPED/UFSC, 2014).

91 11

2

21

5

22

4

45

0

45

7

58

2

75

0

87

9

95

1

98

9 14

05

15

66

18

86

22

21 28

65

30

73

32

74

34

88

38

13

40

56

40

77

62

48

80

94

97

77 1

07

87

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

AP TO SE RR GO AC AL RN MS RO PB PA PI MA CE BA AM PE PR MT ES SP RS MG SC RJ

Pre

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os

em

milh

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s

Estados Brasileiros

27

3 GESTÃO DE RISCO

A gestão de risco de desastres compreende o planejamento, a coordenação e a execução

de ações e medidas preventivas destinadas a reduzir os riscos de desastres e evitar a

instalação de novos riscos. (BRASIL, 2017).

3.1 Gestão de risco – panorama internacional

Os primeiros esforços realizados pelas Nações Unidas em busca de uma união dos

países participantes em prol da otimização da gestão de risco de desastres e construção

da resiliência das cidades culminou no Marco de Hyogo, para Redução de Risco de

Desastres 2005-2015, cujo tema foi “Construindo a Resiliência de Nações e Comunidades

aos Desastres”. Em 2015, este marco foi sucedido pelo Marco de Sendai, para Redução

de Riscos de Desastres 2015-2030 (Miguez et al, 2018).

O Marco de Ação de Hyogo (UNISDR, 2005) expôs cinco áreas prioritárias para

a tomada de decisões a fim de aumentar a resiliência de locais vulneráveis.

Primeiramente, garantir que a redução de risco de desastres seria uma prioridade nacional,

com base sólida institucional. Para isso foi proposto a criação e/ou modificação de

políticas, leis e marcos, criação de planos, programas e projetos para integração da

redução de risco nas políticas públicas. Além disso, garantir a designação de recursos

suficientes para apoiar e manter tais ações.

Outra das ações prioritárias seria a identificação, avaliação e observação dos riscos

enfrentados pelo país, de modo que as medidas tomadas fossem baseadas nesse

conhecimento. O Marco de Hyogo propôs investimentos nas capacidades científicas,

técnicas e institucionais. Alguns dos produtos gerados por esse investimento seriam os

mapas de riscos, indicadores de vulnerabilidade, desenvolvimento de ferramentas como

os sistemas de alerta, entre outros.

Foi proposto também o desenvolvimento de uma cultura de segurança e resiliência

na população através da educação, inovação e conhecimento adquirido, diminuindo assim

a vulnerabilidade das pessoas. Para isso deveriam ser propostas atividades como o

oferecimento de informação sobre riscos e meios de proteção para cidadãos em risco,

promover diálogo entre os responsáveis pelo planejamento de ações e especialistas

técnicos e científicos, a inclusão do tema de redução de riscos de desastres nos programas

28

de educação, desenvolver programas de base para a gestão de risco de desastres e

trabalhar em conjunto com meios de comunicação em prol da conscientização sobre o

risco de desastres.

Em outra proposta de ação foi citado a redução dos fatores fundamentais do risco

através de diversas atividades, como a gestão dos recursos naturais, encorajando a

preservação de ecossistemas que naturalmente protegem regiões de possíveis eventos

catastróficos, medidas estruturais e não estruturais de modo a aumentar a resiliência das

cidades e proteger infraestruturas vitais como escolas, hospitais e moradias, fomentar a

construção de estruturas resistentes a desastres através de novos códigos de construção,

práticas de reabilitação apropriadas que possam ser aplicadas em assentamentos precários

e vulneráveis, produzir estratégias para redução de risco tomando como base as mudanças

climáticas e identificar que tipo de riscos estas mudanças incrementariam, garantir que a

população em risco não sejam prejudicados financeiramente pelas vulnerabilidades do

local, oferecendo opções de renda, promover e atualizar políticas de planejamento do uso

do solo, entre outros.

Por último, é proposto o fortalecimento das atividades de resposta afim de que

sejam eficazes, tais como: fortalecer as políticas, capacidades técnicas e institucionais dos

gestores de desastres, desenvolver planos de contingência, estabelecer fundos de

emergência para suporte de atividades de preparação, resposta e recuperação, promover

diálogo entre as agências encarregadas das atividades de resposta, de planejamento, os

gestores de políticas públicas e as organizações de desenvolvimento, entre outras.

O Marco de Sendai (UNISDR, 2015) é o instrumento sucessor do Marco de

Hyogo, cuja finalidade é preencher as lacunas deixadas, promovendo o desenvolvimento

de ações que governos e partes interessadas possam implementar de forma apoiada e

complementar ações já previstas anteriormente com o objetivo de reduzir o risco de

desastres, prevenir novos riscos e fortalecer a resiliência das comunidades.

Para avaliar o progresso das nações e atingir o objetivo proposto foram acordadas

sete metas globais:

(a) Reduzir substancialmente a mortalidade global por desastres até 2030, com o

objetivo de reduzir a média de mortalidade global por 100.000 habitantes entre 2020-

2030, em comparação com 2005-2015.

(b) Reduzir substancialmente o número de pessoas afetadas em todo o mundo até

2030, com o objetivo de reduzir a média global por 100.000 habitantes entre 2020-2030,

em comparação com 2005-2015.

29

(c) Reduzir as perdas econômicas diretas por desastres em relação ao produto

interno bruto (PIB) global até 2030.

(d) Reduzir substancialmente os danos causados por desastres em infraestrutura

básica e a interrupção de serviços básicos, como unidades de saúde e educação, inclusive

por meio do aumento de sua resiliência até 2030.

(e) Aumentar substancialmente o número de países com estratégias nacionais e

locais de redução do risco de desastres até 2020.

(f) Intensificar substancialmente a cooperação internacional com os países em

desenvolvimento por meio de apoio adequado e sustentável para complementar suas

ações nacionais para a implementação deste quadro até 2030.

(g) Aumentar substancialmente a disponibilidade e o acesso a sistemas de alerta

precoce para vários perigos e as informações e avaliações sobre o risco de desastres para

o povo até 2030.

Foram expostas também quatro áreas prioritárias para serem desenvolvidas: A

compreensão do risco de desastres, fortalecimento da governança de desastres para

gerenciar o risco de desastres, investimento na redução do risco de desastres, gerando

resiliência e a melhoria na preparação para desastres, providenciando uma resposta eficaz,

visando a recuperação, reabilitação e reconstrução de qualidade.

Além disso, o Marco de Sendai define o papel das partes interessadas, trazendo

responsabilidades não só para os governos, mas também para órgãos privados que podem

agir como facilitadores, prestando apoio aos estados, quando encorajados por estes. São

citados como partes interessadas as empresas privadas, a academia científica, meios de

comunicação e a sociedade como um todo.

Incentiva-se ao final do documento a cooperação internacional e parceria global

para a redução do risco de desastres, através da transferência de tecnologia,

conhecimentos, e ideias. A Organização das Nações Unidas é o principal órgão

internacional citado para promover o apoio para a implementação e acompanhamento da

avaliação do Marco de Sendai, através do Escritório das Nações Unidas para a Redução

do Risco de Desastres (UNISDR).

3.2 Gestão integrada de risco no Brasil

Fica claro o alinhamento do Brasil em relação à gestão de risco com os Marcos

Internacionais (Hyogo e Sendai), através da instituição da Política Nacional de Proteção

30

e Defesa Civil estabelecida pela lei 12.608 em 2012 e pela criação do Programa 2040, do

atual Plano Plurianual do governo federal.

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) estabelece que a gestão

deve ser integrada, através de uma visão sistêmica que abrange um conjunto de ações:

prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação (Figura 13). Em conjunto, essas

ações precisam atuar em processo contínuo, integrado, permanente e interdependente

(BRASIL, 2017).

Figura 13: Representação da Gestão Integrada em Proteção e Defesa Civil

(BRASIL, 2017)

Segundo os conceitos disseminados pela Defesa Civil brasileira, as ações de

prevenção consiste em medidas e atividades prioritárias, anteriores à ocorrência do evento

danoso, destinadas a evitar a instalação de novos riscos de desastre. Na mitigação são

adotadas medidas e atividades para reduzir ou evitar as consequências que podem ser

provocadas. Na preparação, as medidas e atividades são destinadas a otimizar as ações de

respostas e minimizar os danos e perdas decorrentes dos desastres. As ações de resposta

são medidas emergenciais realizadas durante ou após o evento, que visam o socorro e

assistência à população atingida e o retorno dos serviços essenciais. E, por último, a

31

recuperação consiste em um conjunto de medidas após o desastre que visam retornar à

situação de normalidade, nesta fase ocorre, por exemplo, a reconstrução de infraestrutura

danificada ou destruída, reabilitação do meio ambiente e economia, entre outros.

(BRASIL, 2017).

O sistema integrado de gestão apresentará como resultado uma evolução da

resiliência das cidades. A resistência a impactos, no curto prazo, quando eventos danosos

ocorrerem e a capacidade de se recuperar dos danos e prejuízos e alcançar níveis de

segurança maiores que os anteriores, a longo prazo. E como os danos são menores a cada

vez que os impactos são minimizados, tem-se uma contribuição entre as duas partes,

tornando o sistema mais inteligente.

As competências dos Entes Federados nas Ações de Proteção e Defesa Civil são

apresentadas na PNPDEC a partir do artigo 6°, e foram resumidas no Quadro 1 disposto

no Anexo A.

No Brasil é responsabilidade do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil

(SINPDEC) garantir os direitos à vida, à saúde, à segurança, à propriedade e à

incolumidade a todos os brasileiros e estrangeiros que residem no Brasil, em

circunstâncias de desastres. A Lei 12.608 de 2012 (BRASIL, 2012) define também a

composição desse sistema: O Órgão Central, composto por parte do Ministério da

Integração, Órgãos regionais estaduais e municipais de proteção e defesa civil, órgãos

setoriais dos três âmbitos do governo e organizações comunitárias e sociedade civil.

Percebe-se então que a ideia principal do SINPDEC é uma articulação entre

poderes de modo que os municípios possam identificar programas e ações em âmbito

federal ou estadual que os atendam e compartilhar responsabilidades na gestão de risco.

O Plano Plurianual 2016-2019 inclui o Programa 2040 – Gestão de Riscos (ainda

não modificado na atual gestão governamental) que inclui diversos Ministérios que terão

metas e iniciativas previstas para a Gestão de Riscos. Os municípios através destas

iniciativas podem estabelecer conexões com estes ministérios e construir pontes entre os

recursos federais e a gestão de risco municipal.

32

3.3 Atuação do Governo Federal e os Planos Municipais de Redução

de Risco

No contexto deste trabalho, é necessário que se enfatize a atuação do extinto

Ministério das Cidades na Gestão de Risco dos municípios. A sua principal relação é o

planejamento territorial e a execução de obras.

Dentre as ações e programas dirigidos pela Secretaria Nacional de

Desenvolvimento Urbano do Ministério das Cidades havia o Programa de Urbanização,

Regularização e Integração de Assentamentos Precários, cujo objetivo é promover a

urbanização, a prevenção de situações de risco e a regularização fundiária de

assentamentos humanos precários. Com o apoio financeiro do Ministério das Cidades,

através deste programa diversas cidades elaboraram o seu primeiro Plano Municipal de

Redução de Risco.

Com a mudança de governo, através do decreto N° 9666 de 2 de janeiro de 2019

(BRASIL, 2019), ocorreu a junção do Ministério das Cidades e do Ministério da

Integração Nacional ao Ministério do Desenvolvimento Regional. Uma das Secretarias

componentes do Ministério é a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, cujas

competências incluem promover o planejamento das ações de Proteção e Defesa Civil,

Gestão de Riscos e de Desastres e sua aplicação por meio de planos diretores, preventivos,

de contingência e de operação e promover a implementação de normas, instrumentos,

programas e ações relacionadas à Proteção e Defesa Civil, Gestão de Riscos e de

desastres. O novo organograma do Ministério do Desenvolvimento Regional pode ser

contemplado na Figura 14.

O gerenciamento de políticas, programas, procedimentos e ações relacionados à

Gestão de Risco e de Desastres e inclusive articular e integrar as ações do governo federal

na preparação e na resposta a desastres serão competências do Centro Nacional de

Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), que compõe a Secretaria Nacional de

Proteção e Defesa Civil. Evidentemente devido às recentes mudanças ainda não há

informações sobre a permanência dos programas que antes estavam sob gestão do

Ministério das Cidades

33

Figura 14: Organograma do novo Ministério do Desenvolvimento Regional, com

destaque em setores relevantes a Gestão de Risco de Desastres (BRASIL, 2019).

34

4 PLANOS MUNICIPAIS DE

REDUÇÃO DE RISCO

4.1 A disponibilização de recursos

Desde o ano de 2003, com a criação do Ministério das Cidades, enfatizou-se o

planejamento de ações de prevenção a desastres de forma a tornar efetiva a implantação

de instrumentos de planejamento e gestão municipal. Entretanto, só em 2006 é que

oficialmente se apoiou a elaboração e revisão de PMRRs e em 2012 a ação passou a ser

vinculada ao Programa de Aceleração do Crescimento. (CAIXETA e MASIERO, 2016).

O orçamento anual de 2019 aprovado pelo governo (Lei 13.808 de 15 de janeiro de 2019)

ainda prevê investimentos através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento),

entretanto ocorreram severos cortes de verbas (BRASIL, 2019).

A ação de Apoio à Prevenção de Riscos compreende três modalidades de

atendimento: apoio financeiro para a elaboração de Planos Municipais de Redução de

Risco (PMRR), apoio financeiro para elaboração de projetos básicos de engenharia para

estabilização de taludes e execução de obras de contenção de taludes. (BRASIL, 2011).

O financiamento até 2018 era feito através do banco estatal CAIXA pelo Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC).

Segundo a Orientação Operacional aos proponentes, expedido pelo extinto

Ministério das Cidades (2011). Após a escolha dos municípios a serem contemplados,

haviam ainda condicionantes para a execução do termo de compromisso para a elaboração

ou revisão de Planos Municipais de Redução de Risco. Sendo estes:

a) Todos os setores mapeados deveriam ser georreferenciados por meio de

utilização de GPS (Global positioning System) e deve ser apresentado em

tabela síntese no mapeamento de risco;

b) As áreas de risco diagnosticadas deveriam ser preferencialmente inseridas

em ambiente SIG (Sistema de Informação Geográfica), ou delimitadas sobre

base georreferenciada, sendo cartografia municipal, ortofoto ou imagem de

satélite;

c) A vetorização das áreas de risco deveriam ser entregues em meio digital,

tanto ao Ministério das Cidades quanto à CAIXA, contendo os metadados

geoespaciais ou a base georreferenciada utilizada.

35

Com a extinção do Ministério das Cidades, se mantiverem a Ação de Apoio à

Prevenção de Riscos, espera-se que outras Orientações Operacionais sejam publicadas

pelo Ministério de Desenvolvimento Regional.

4.2 Fases para elaboração

O PMRR é parte de uma política pública para redução de risco que inclui o

fortalecimento institucional das administrações municipais. Todas as etapas de

elaboração do plano são de responsabilidade do município, que pode realizar a

contratação de empresas de consultoria especializadas ou promover parcerias com órgãos

públicos de pesquisa. Ao todo, pode-se dividir sua elaboração em 8 fases (Figura 15), que

são dispostas no Guia para Elaboração de Políticas Municipais (BRASIL, 2006). As fases

são apresentadas nos próximos itens.

Figura 15: Fluxograma de etapas para elaboração do PMRR (BRASIL, 2006).

4.2.1 Elaboração de metodologia detalhada

O objetivo principal desta fase da elaboração do PMRR é definir o planejamento

da execução de todas as demais fases, devendo-se especificar os métodos, processos,

instrumentos e recursos técnicos empregados. Neste momento, faz-se necessário a

Fase 1: Elaboração de Metodologia Detalhada

Fase 2: Atualização ou execução do mapeamento

de risco em escala de detalhe

Fase 3: Proposição de intervenções estruturais

para redução do risco

Fase 4: Estimativa dos custos para as

intervenções propostas

Fase 5: Definição de critérios para

hierarquização da execução de intervenções

Fase 6: Identificação de Programas e Fontes de

Recursos para investimentos

Fase 7: Sugestão de medidas não estruturais para ação da Defesa Civil

Fase 8: Realização de Audiência Pública

36

discussão com os representantes do município que interagem diretamente com os setores

que serão afetados, como a Defesa Civil, Secretaria de Obras, Habitação, Saneamento,

entre outros (BRASIL, 2006).

A metodologia deverá ser definida a partir das particularidades do município e da

equipe técnica que será mobilizada, verifica-se então quais são as principais dificuldades

do Sistema de Defesa Civil no âmbito municipal, a capacitação da equipe, os problemas

urbanísticos enfrentados e partir disso se definirão as metas e atividades a serem

executadas e o modo como isto ocorrerá.

Deverão ser incluídas na metodologia o cronograma físico-financeiro da execução

das demais fases, as equipes técnicas e as informações sobre bases cartográficas, imagens

ou fotos que serão utilizadas para o mapeamento de risco (BRASIL, 2006).

4.2.2 Atualização ou execução do mapeamento de risco em escala de detalhe

O mapeamento de risco é a base para o desenvolvimento do PMRR, pois a partir

deste que se conhecerá os riscos enfrentados, sua intensidade, frequência e distribuição

espacial a fim de propor medidas eficazes para redução do risco.

Para se obter o mapa de risco, utilizam-se os fatores que o determinam, ou seja, a

sua construção terá como base a suscetibilidade, vulnerabilidade, perigo e ameaça. Para

a elaboração dos PMRRs, o Ministério das Cidades não determina que sejam elaborados

os mapas de suscetibilidade, perigo e vulnerabilidade, cita-se apenas a elaboração do

Mapa de Risco (BRASIL, 2006). Entretanto, o CEPED/RS (2016) apresenta a

possibilidade de utilizar em conjunto os 3 mapas (suscetibilidade, perigo e

vulnerabilidade) como fonte para a obtenção do mapa de risco.

a) Mapas de suscetibilidade

A suscetibilidade irá indicar o potencial de ocorrência dos processos naturais, sem

considerar danos e prejuízos e o tempo de recorrência dos eventos, apenas a sua

distribuição espacial. O mapa de suscetibilidade além de contribuir para o mapeamento

do risco também pode ser utilizado para o planejamento do uso e ocupação do solo e a

avaliação dos cenários potenciais de risco. É possível serem utilizados métodos

qualitativos ou quantitativos (Figura 16) (CEPED/RS, 2016).

37

Os métodos qualitativos, também chamados de heurísticos por determinados

autores, são baseados majoritariamente no conhecimento e opinião de especialistas, sendo

primordial o conhecimento de causa e experiência destes para se obter um mapa

confiável. São elaborados através de análises em campo ou com base nas informações

mapeadas, as quais os especialistas deverão interpretar corretamente para determinação

dos indicadores do mapa atribuindo notas e pesos (CEPED/RS, 2016; TOMINAGA,

2007).

Já os métodos quantitativos são aplicados através de atribuição de valores

numéricos para a determinações dos indicadores. Estes podem ser através de análise

estatística, determinística ou probabilística. (CEPED/RS, 2016). O método estatístico é

denominado como empírico, pois através de correlações estatísticas avaliam-se fatores

instabilizadores (ângulo e curvatura da vertente, substrato litológico, tipo de solo e

morfologia da bacia, etc.) em locais que apresentaram escorregamentos, e a partir disto

analisa-se outras áreas que apresentam características semelhantes, pois serão

possivelmente áreas suscetíveis. (GUZZETI et al., CARRARA et al., BARREDO et al.

apud TOMINAGA, 2007). No método probabilístico utilizam-se registros históricos de

ocorrência de processos naturais para prever espacialmente futuros eventos. Os padrões

serão mensurados através de ensaios de campo e observações, para isso são necessários

bancos de dados extensos. A partir destes padrões são definidos os critérios e regras de

combinação para o método (SAVAGE et al., FERNANDES et al., apud TOMINAGA,

2007). Há ainda os métodos determinísticos, nos quais se utilizam modelos matemáticos

que descrevem as leis físicas a fim de verificar a suscetibilidade de ocorrência de

escorregamento, inundação ou outro evento. Para utilização deste método são utilizados

modelos computacionais, com base em SIG. Podem se utilizar para estabilidade de

taludes o cálculo do fator de segurança, cálculo do limiar crítico de poropressão, cálculo

por modelos de comportamento geomecânico da encosta, entre outros Uma das

desvantagens destes métodos é o alto grau de incerteza nos valores calculados

(FERNANDES et al., VAN WESTEN, DIETRICH & MONTGOMERY apud

TOMINAGA, 2007).

38

Figura 16: Métodos de mapeamento de suscetibilidade

(ALLEOTI e CHOWDHURY apud CEPED/RS, 2016 adaptado).

b) Mapas de perigo e ameaça

Os mapas de perigo e ameaça irão avaliar a probabilidade de ocorrência do evento

capaz de gerar danos e prejuízos. Para isso requer-se uma grande quantidade de dados em

grandes períodos de tempo, utilizando-se como fonte, por exemplo, um inventário de

eventos ocorridos na cidade, o mapa de suscetibilidade, e o mapa geomorfológico e assim

avaliar a probabilidade de ocorrência do desastre de acordo com o meio físico em que se

encontra e a frequência de eventos. Os métodos utilizados para o mapeamento podem ser

qualitativos e quantitativos, assim como no mapeamento da suscetibilidade (CEPED/RS,

2016).

c) Mapas de vulnerabilidade

A vulnerabilidade é medida através da condição dos elementos sob ameaça ou

perigo. No mapa de vulnerabilidade se expõem as informações do tipo de elemento

ameaçado, quantitativos e sua localização. Adicionalmente, estuda-se como as

comunidades consideradas vulneráveis se organizam, as relações entre si, como vivem a

fim de se definir as intervenções para a diminuição de sua vulnerabilidade (CEPED/RS,

2016).

d) Mapas de risco

Os dados dos mapas de suscetibilidade, perigo e ameaça e vulnerabilidade devem

ser utilizados para a avaliação do risco. Entretanto, devido à complexidade e dificuldade

Métodos Qualitativos

Combinação de mapas

Análise de campo

Métodos Quantitativos

Método Estatístico

Método Probabilístico

Método Determinístico

39

de se realizar a composição das informações geralmente são utilizados métodos

qualitativos ou semiqualitativos para a determinação do risco. Há métodos quantitativos,

como o probabilístico e estatístico vistos anteriormente, que podem ser adotados, mas

para isso requer-se um banco de dados consistente e extenso.

O Ministério das Cidades, através do Guia para Elaboração de Políticas Municipais

(2006) propõe a utilização de métodos qualitativos através da realização de trabalhos de

campo e registro de resultados.

A primeira recomendação feita é de que as áreas que serão objeto do mapeamento

deverão ser prioritariamente àquelas que tenham registros de acidentes. Sugere-se

também a elaboração de um quadro com as principais informações de cada área: nome,

localização e coordenadas geográficas.

O mapeamento pode ter dois níveis de detalhes: A setorização de risco e o

cadastramento de risco. Na setorização o nível de detalhe é menor, havendo uma

generalização do grau de risco para todo um setor, independente do risco individual de

cada moradia. Já no cadastramento do risco o nível de detalhe é maior, nele são feitas

análises para cada moradia.

A fim de otimizar a setorização e os trabalhos em campo são indicados a utilização

de outros materiais técnicos para suporte, tais como: fotos oblíquas dos locais, bases

cartográficas, histórico de acidentes, mapas geológicos, mapas geomorfológicos, cartas

de declividade, entre outros. Caso o município possua bases cartográficas

georeferenciadas com escalas entre 1:2000 a 1:5000 recomenda-se o lançamento dos

setores de risco sobre essas bases. Caso não possua, pode-se realizar a identificação dos

setores através de fotografias aéreas ou oblíquas de baixa altitude. A localização das áreas

de risco deverão ser feitas por meio de GPS (Global Positioning System) com no mínimo

um ponto de leitura por setor.

Após a setorização inicia-se os trabalhos de campo para identificação dos risco com

a definição dos processos destrutivos objetos do mapeamento (escorregamentos,

solapamentos em margens de córregos, entre outros), identificação dos condicionantes

dos processos de instabilização e evidências ou indícios do seu desenvolvimento. Os

resultados das investigações em campo devem ser registradas em fichas para cada um dos

setores. No quadro 1 expõe-se um exemplo de aspectos a serem investigados para

identificação dos processos destrutivos e definição do grau de risco utilizado na região

sudeste e disponibilizado pelo Ministério das Cidades.

40

Quadro 1 - Listagem de aspectos analisados para identificação de processos destrutivos

e diagnóstico do risco (BRASIL, 2006. adaptado). (continua)

CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL

-Talude Natural ou Corte;

-Altura do Talude;

-Aterro Compactado ou lançado;

-Distância da moradia;

-Declividade;

-Estruturas em solo ou rochas

desfavoráveis;

-Presença de blocos de rocha, matacões ou

paredões rochosos;

-Presença de lixo e/ou entulho;

-Aterro em anfiteatro;

-Ocupação em cabeceira de drenagem.

VEGETAÇÃO NO TALUDE OU

PROXIMIDADE

-Presença de árvores;

- Vegetação rasteira;

- Área desmatada;

-Área de cultivo.

EVIDÊNCIAS DE

MOVIMENTAÇÃO

-Trincas em moradias e aterros;

- Inclinação de árvores, postes e muros;

- Degraus de abatimento;

- Cicatrizes de escorregamentos;

- Feições erosivas;

- Muros e paredes “embarrigados”.

PRESENÇA DE ÁGUA

-Concentração de água de chuva em

superfície;

- Lançamento de água servida em

superfície;

- Presença de fossas, rede de esgoto e

rede de água;

- Surgências d’água;

- Vazamentos.

41

Quadro 1 - Listagem de aspectos analisados para identificação de processos destrutivos

e diagnóstico do risco (BRASIL, 2006. adaptado). (conclusão)

MARGENS DE CÓRREGO

-Tipo de canal (natural/sinuoso/

retificado);

- Distância da margem;

- Altura do talude marginal;

- Altura de cheias;

- Trincas na superfície do terreno.

OCUPAÇÃO

- Área consolidada (densamente

ocupadas, com infraestrutura básica);

- Área parcialmente consolidada (Áreas

em processo de ocupação, adjacentes a

áreas de ocupação consolidada, com

densidade da ocupação variando de 30% a

90% e razoável infra-estrutura básica)

- Área parcelada (Áreas de expansão,

periféricas e distantes de núcleo

urbanizado, baixa densidade de ocupação

e desprovidas de infra-estrutura básica)

- Área Mista (Com características

diferentes das citadas acima quanto a

densidade de ocupação e infraestrutura

básica)

Após este processo serão atribuídos os graus de probabilidade para cada setor

espacial analisado a partir do julgamento dos profissionais encarregados pelo

mapeamento. A escala de critérios apresentada no quadro 2 é nacionalmente adotada, para

que haja uniformidade nos dados.

42

Quadro 2 - Critérios para definição do grau de probabilidade de ocorrência de processos

destrutivos (BRASIL, 2006). (continua)

GRAU DE PROBABILIDADE DESCRIÇÃO

Grau Baixo a Inexistente Os condicionantes geológico-geotécnicos

predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e

o nível de intervenção no setor são de baixa

potencialidade para o desenvolvimento de

processos de escorregamentos e solapamentos. Não

há indícios de desenvolvimento de processos

destrutivos em encostas e em margens de

drenagens. É a condição menos crítica. Mantidas as

condições existentes, não se espera a ocorrência de

eventos destrutivos no período de um ciclo

chuvoso.

Grau Médio Os condicionantes geológico-geotécnicos

predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e

o nível de intervenção no setor são de baixa

potencialidade para o desenvolvimento de

processos de escorregamentos e solapamentos.

Observa-se a presença de alguma(s) evidência(s) de

instabilidade (encostas e margens de drenagens),

porém incipiente(s). Mantidas as condições

existentes, é reduzida a possibilidade de ocorrência

de eventos destrutivos durante episódios de chuvas

intensas e prolongadas, no período de um ciclo

chuvoso.

43

Quadro 2 - Critérios para definição do grau de probabilidade de ocorrência de processos

destrutivos (BRASIL, 2006). (conclusão)

Grau Alto Os condicionantes geológico-geotécnicos

predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e

o nível de intervenção no setor são de alta

potencialidade para o desenvolvimento de

processos de escorregamentos e solapamentos.

Observa-se a presença de significativa(s)

evidência(s) de instabilidade (trincas no solo,

degraus de abatimento em taludes, etc.). Mantidas

as condições existentes, é perfeitamente possível a

ocorrência de eventos destrutivos durante episódios

de chuvas intensas e prolongadas, no período de um

ciclo chuvoso.

Grau Muito Alto Os condicionantes geológico-geotécnicos

predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e

o nível de intervenção no setor são de alta

potencialidade para o desenvolvimento de

processos de escorregamentos e solapamentos. As

evidências de instabilidade (trincas no solo,

degraus de abatimento em taludes, trincas em

moradias ou em muros de contenção, árvores ou

postes inclinados, cicatrizes de escorregamento,

feições erosivas, proximidade da moradia em

relação ao córrego, etc.) são expressivas e estão

presentes em grande número e/ou magnitude. É a

condição mais crítica. Mantidas as condições

existentes, é muito provável a ocorrência de

eventos destrutivos durante episódios de chuvas

intensas e prolongadas, no período de um ciclo

chuvoso.

Por fim, estima-se o número de moradias ameaças em cada setor e quantas

moradias precisam ser removidas.

44

4.2.3 Proposição de intervenções estruturais para redução do risco

As medidas estruturais possuem geralmente cunho mitigador e estão relacionadas

à projetos de engenharia como obras de contenção, drenagem, proteção superficial, entre

outras. Seu objetivo é a mudança da realidade física de uma comunidade suscetível a

eventos adversos e vulnerável aos impactos provocados por estes (CEPED/RS, 2016).

Pode-se intervir tanto em situações de risco atual quanto de risco potencial e

dependendo do tipo de ação proposta (ação sobre consequências ou sobre os processos

destrutivos) podem ser adotadas diferentes maneiras de intervenção (Figura 17).

As intervenções deverão considerar a cultura local e procurar agregar elementos

urbanísticos e técnicos (BRASIL, 2006).

Figura 17: Formas de atuação para prevenção de acidentes (BRASIL, 2007).

As intervenções estruturais normalmente possuem alto custo financeiro e ainda

assim o valor investido está abaixo das necessidades dos locais em risco. Segundo Freitas

(2007) devido à grande mobilização para as obras pode-se gerar empregos para as

Medidas de Prevenção de

Acidentes

Situações de Risco Atual

Ações sobre processos

Reduzir o Risco Instalado

Evitar ocorrência do processo

Urbanização e obras de

estabilização

Reduzir magnitude do

processo

Ações sobre consequências

Eliminar o Risco Instalado

Eliminar consequências

sociais e econômicas

Realocar a ocupação para

local seguro

Conviver com o risco instalado

Evitar consequências

sociais

Planos preventivos para escorregamentos

Situações de Risco Potencial

Ações sobre processos e

consequências

Evitar instalação de novas

situações de risco

Evitar ocorrência do processo

Subsidiar a expansão e o

adensamento da população

Evitar consequências

sociais e economicas

Intervenções Estruturais Intervenções Não-estruturais

45

populações carentes, sendo portanto o tipo de intervenção preferida pelos administradores

públicos.

Existem diversos tipos de intervenções estruturais que podem ser implantadas em

um setor, os quais alguns são explicitados a seguir:

a) Serviços de limpeza e recuperação

Englobam remoção de entulhos, lixo, corte de árvores, remoção de bananeiras,

recuperação e limpeza de sistemas de drenagem, esgotos e acessos e limpeza de canais de

drenagem. São serviços iniciais a serem feitos com o intuito de otimizar a drenagem

natural, entre outros benefícios. A retirada de lixo e entulho em encostas, por exemplo

também contribuem para o diminuição de peso no talude que pode provocar

deslizamentos e a retirada de bananeiras diminui a quantidade de água no talude que se

concentram em suas raízes.

b) Proteção vegetal

Englobam proteção superficial vegetal em taludes expostos, em margens de canais

de drenagem e barreiras para massas escorregadas ou acumuladas por erosão.

A falta de vegetação tem como consequência a erosão superficial e infiltração de

água da chuva que podem ser agentes causadores de movimentos de massa e inundações.

Sendo assim, o revestimento os protegerão do impacto negativo da chuva e da erosão,

permitindo um escoamento adequado e minimizando os riscos (CEPED/RS, 2016).

c) Drenagem superficial e acessos

São intervenções como construção de sistema de drenagem superficial, incluindo

canaletas, rápidos, caixas de transição e escadas d’água e acessos para pedestres como

escadarias e rampas que serão integrados ao sistema de drenagem.

Este tipo de obra é primordial para que a estabilidade das obras de contenção e

taludes não sejam comprometidas, evitando erosão, acumulo de água no solo, infiltração,

que podem gerar os escorregamentos.

d) Revestimento de taludes

Englobam revestimentos tanto com materiais artificiais (argamassa, cal-jet, tela

argamassada, alvenaria de tijolos cerâmicos, solo-cimento ensacado) quanto

revestimentos naturais (a proteção vegetal quando feita em taludes, por exemplo).

46

Os revestimentos tem como objetivo proteger os taludes do impacto da chuva

permitindo escoamento adequado, entretanto não é uma garantia de que não haverá

movimentações de massa.

e) Desmonte de blocos e matacões

Desmonte de concreções de grande porte, blocos rochosos e matacões. Este

método não é considerado como um meio para melhorar a estabilidade dos taludes, uma

vez que surgirão danos devido ao desmonte, mas eliminarão completamente os riscos de

tombamentos e rolamentos de rochas.

f) Drenagem de subsuperfície

Sistemas de drenagem como trincheiras drenantes, DHP e poços de rebaixamento a fim

de diminuir o nível de água nos taludes, melhorando a estabilidade.

g) Estruturas de contenção

Tem o objetivo de recuperar o equilíbrio do talude, sendo ele natural, de corte ou

aterro. Existem diversos tipos de estruturas de contenção, sendo as mais comuns

compostas por muros de arrimo (ou muros de gravidade), os quais utilizam seu próprio

peso para suportar os esforços do maciço. Os muros de gravidade podem ser construídos

com pedras secas, pedras argamassadas, gabião, concreto armado, concreto ciclópico,

pneus, solo-cimento ensacado, entre outros materiais.

Para contenção de taludes existem ainda os muros atirantados, nos quais sua

estabilidade provém das tensões de tração nos tirantes de aço e os muros de solo

grampeado, onde são inseridas barras de aço não protendidos. Há também os muros de

solo reforçado, em que são construídas camadas alternadas de reforço e solo compactado,

sendo os reforços compostos por geossintéticos ou tiras metálicas e as faces podendo ser

de blocos, autoenvelopadas, pneus ou outros materiais.

Para blocos de rochas são utilizados, por exemplo contrafortes de concreto armado,

telas metálicas ou barreiras de impacto e concreto projetado.

No Anexo B são exibidas ilustrações de todos os tipos de estruturas de contenção

citadas para exemplificar suas aplicações.

47

h) Retaludamento

São obras de estabilização em que se executam mudanças na geometria dos

taludes, por meio de cortes e aterros. Estas podem ser associadas com a construção de

estruturas de contenção, caso necessário.

i) Remoção de moradias

Remoção definitivas para implantação de obras necessárias ou pra extinguir o

risco em que os moradores estão. As realocações devem ser feitas dentro da própria área,

em local seguro (BRASIL, 2006).

j) Obras de microdrenagem e macrodrenagem

As obras de microdrenagem incluem a coleta e afastamento das águas superficiais

ou subterrâneas através de pequenas e médias galerias. Estas estruturas irão conduzir a

água para os sistemas de macrodrenagem, que são responsáveis pela captação e

destinação final das águas provenientes da microdrenagem e das águas superficiais.

As ações estruturais para controle de cheias podem ser divididos em tradicionais, nas

quais a preocupação é apenas drenar a água rapidamente e preservacionista, cujo objetivo

é recuperar as funções básicas do ciclo hidrológico, entre eles o armazenamento e

infiltração. (MIGUEZ et al., 2018)

A canalização de rios e córregos e revestimento de canais, por exemplo é uma

medida tradicional de macrodrenagem, em que se regulariza a seção de escoamento.

Nesse sentido, ainda podem ser realizadas dragagens, a fim de rebaixar e/ou alargar os

canais e garantir uma seção transversal maior e capaz de escoar as águas das cheias.

(MIGUEZ et al., 2018) É importante salientar que as medidas de canalização de rios e

revestimento de canais são medidas que estão sendo substituídas por outras menos

prejudiciais aos rios, já que estes métodos causam a desnaturalização do ambiente, dentre

outras consequências.

Pode-se utilizar também reservatórios de detenção e retenção que dependendo das

suas dimensões podem ser obras de macrodrenagem, quando utilizados para toda uma

bacia, ou de microdrenagem quando suas dimensões são da escala de um lote. Atuam no

amortecimento da vazão, pois com a saída de água controlada haverá um controle da

vazão a jusante. (MIGUEZ et al., 2018)

As obras de saneamento também podem ser vistas como obras de drenagem,

principalmente quando contemplam a construção em conjunto de rede de drenagem

48

pluvial. Além de atuarem na melhora de condições sanitárias e de saúde, os riscos tanto

de deslizamentos quanto de alagamentos são mitigados. (CEPED/RS, 2016).

Existem ainda outras ações estruturais que podem ser implantadas, como a

construção de diques, pôlderes, obras de desvio de canais, entre outros.

4.2.4 Estimativa dos custos das intervenções.

Após a definição das intervenções para cada setor deverão ser apresentados os

custos para sua implementação. Estes valores serão estimativos e representarão apenas

uma ordem de grandeza a fim de fornecer informações à prefeitura do quantitativo a ser

mobilizado, ou até mesmo para ser utilizado como critério para hierarquização das

intervenções (BRASIL, 2006).

4.2.5 Definição de critérios para hierarquização das intervenções

Existe certa dificuldade em atender a todas as demandas de intervenções

propostas, sendo assim sugere-se a implementação de um sistema de priorização de

intervenções de acordo com critérios definidos no PMRR do município. Estes critérios

deverão possuir base técnica e irão conduzir a administração pública quanto aos locais a

serem atendidos e intervenções a serem feitas. O Ministério das Cidades (2006) salienta

a importância da utilização do grau de risco como variável determinante na priorização

para evitar distorções na aplicação dos recursos.

4.2.6 Identificação de programas e fontes de recursos para investimentos

A implementação das intervenções propostas poderão ocorrer através de investimento do

próprio município, ou através de investimentos estaduais ou federais, utilizando-se de

verbas disponibilizadas por programas que abrangem a redução de risco.

Em cidades com poucas ocorrências de eventos destrutivos o valor investido será

menor, podendo ser mobilizado pela própria prefeitura, utilizando o orçamento do

município para a execução de intervenções mais comuns, como corte de árvores,

cobertura vegetal e pequenas obras de drenagem. Entretanto, diversos municípios por

possuírem orçamento reduzido e grandes áreas de risco não são capazes de arcarem com

49

todo o custo de execução das ações previstas em um Plano de Redução de Riscos,

devendo recorrer aos programas do governo federal ou estadual a fim de receber recursos.

4.2.7 Sugestões de medidas não estruturais para a atuação da Defesa Civil

Segundo Freitas (2007), as medidas não-estruturais são relacionadas ao

planejamento urbano, legislação, defesa civil e educação, entre outras. São medidas que

despendem valores muito menores do que as medidas estruturais e possuem grande

eficácia. Abaixo cita-se alguns tipos de medidas não-estruturais:

a) Projeto de monitoramento, alerta e ação;

b) Projeto de treinamento de equipes e capacitação em gestão de risco para a

Proteção e Defesa Civil.

c) Projeto de mapeamento de áreas de risco e estudos para conhecimento da

realidade local;

d) Projeto de apoio a Planos Preventivos Regionais e Locais;

e) Projeto de apoio a obras preventivas e corretivas;

f) Projeto de desenvolvimento de campanhas educacionais voltadas ao risco e

proteção e defesa civil;

g) Projetos de aumento da percepção de risco da população;

h) Projetos de reestruturação da Defesa Civil municipal.

Segundo Mendonça et al (2010), grande parte das ações estruturais são dificilmente

executadas em curto prazo após a elaboração do PMRR em função dos elevados custos

envolvidos e pela demora para obtenção de recursos federais ou estaduais, posto que

normalmente os custos são muito elevados para serem arcados pelo município. Já boa

parte das ações estruturais, além de sua importância, tem a vantagem de poderem ser

executadas sem ter que aguardar a chegada desses recursos externos diante dos baixos

custos envolvidos.

4.2.8 Realização de audiência pública

São reuniões públicas com participação da sociedade civil e governo, possuem

força legal para atuar nas políticas públicas e possuem características de composição

plural. Nessas audiências o objetivo é apresentar à sociedade o PMRR e suas soluções

para os acidentes em áreas de risco. São participantes das audiências: a comunidade,

representantes de setores organizados da sociedade, membros do legislativo e ministério

50

público e qualquer órgão do setor público que tenha interesse e interação com o PMRR

(BRASIL, 2006).

A participação social gera, entre outros benefícios, o enriquecimento dos projetos

apresentados a partir do compartilhamento de conhecimento e experiência e o aumento

do interesse das pessoas envolvidas.

4.3 Exemplos de Planos Municipais de Redução de Risco em outros

países

Diversos países, após o Marco de Hyogo, se articularam através de novas

políticas, reestruturação institucional, implementação da Gestão de Risco Integrada e

inclusive elaboração de Planos Municipais de Redução de Risco de Desastres. São

dispostos aqui projetos elaborados na Colômbia e Argentina, que se assemelham aos

Planos desenvolvidos nos municípios brasileiros.

4.3.1 Colômbia

A Colômbia, por exemplo, financiada pelo Banco Mundial, através do Programa

chamado “Programa de Reducción de la Vunerabilidad Fiscal del Estado frente a

Desastres Naturales” elaborou um Guia Municipal para Gestão de Risco, com autoria de

Vargas (2010). Um dos componentes do sistema de Gestão de Risco elaborado são os

Planos Municipais de Gestão de Risco.

Os componentes essenciais para os Planos Municipais de Gestão de Risco (Figura

18), de acordo com o guia colombiano são:

Apresentação dos objetivos: Dispondo das finalidades e resultados desejados

quanto a redução de risco e do gerenciamento de emergências e desastres.

Políticas: Orientações e diretrizes dos municípios que guiarão a formulação do

plano. São apresentados certos aspectos que podem ser relevantes, como as

prioridades municipais, transparência na manipulação de dados, planejamento

participativo, entre outros.

Estratégias: Determinar as principais considerações necessárias para a execução

das ações.

Programas e ações: Estruturação de programas que agrupam ações com certo tipo

de finalidade. São dados como exemplos de programas a serem implantados: o

51

conhecimento do risco para a tomada de decisões (as ações contidas nesse

programa são as caracterizações e análises de risco), a redução do risco (incluindo

ações de recuperação, construção, reassentamentos, entre outros), proteção

financeira para repor os bens econômicos do município, fortalecimento das

instituições e comunidade, preparação para a resposta efetiva frente a desastres e

emergências e a preparação para a recuperação. Segundo o Guia, a configuração

dos programas e ações estabelecidos não precisam ser rigidamente seguidos, mas

de acordo com as prioridades determinadas pelos municípios estas serão

organizadas e priorizadas.

Fichas de formulações de ações: Cada uma das ações deve conter uma

caracterização específica básica por meio de formulários que consolidam

aspectos essenciais da ação proposta. Os formulários devem conter os objetivos,

a descrição da ação, definição dos responsáveis pela medida, produtos e

resultados esperados, custos estimados, prazos, local de aplicação, entre outros.

Figura 18: Estrutura Básica de Planos Municipais de Gestão de Risco na Colômbia

(VARGAS, 2010)

Os Planos Municipais de Gestão de Risco (PMGR), de acordo com Vargas (2010),

são articuladores de ações a serem incorporadas aos diversos instrumentos de

52

planejamento do município e devem ser atualizados a medidas que os resultados obtidos

permitam a programação de novas ações.

A grande diferença vista entre o guia colombiano e o Plano Municipal de Redução de

Risco do Brasil é a inclusão de processos de proteção financeira, fortalecimento

institucional e preparação para resposta e recuperação. Estes produtos, ainda que de certa

forma possam ser contemplados através de propostas de intervenções não estruturais para

a redução do risco, não possuem tanta ênfase no PMRR. A seguir são explicitadas

informações sobre as ações de caracterização e análise do risco dispostas no Guia

Municipal de Gestão de Risco, que estão presentes nos planos de ambos os países.

a) Caracterização do cenário de risco

As ações de caracterização do cenário de risco terão como produto o documento de

caracterização geral de cenários de risco, no qual são definidos os principais tipos de

eventos que precisam de estudos aprofundados, explicitando causas e agentes,

identificando os principais fatores atuantes e os danos e prejuízos prováveis. Este

documento é a base para o planejamento das análises de risco, permitirão também o

planejamento e execução de ações de preparação e resposta, além de contribuir para a

identificação das intervenções que poderão ser adotadas.

As informações necessárias para sua elaboração podem ser adquiridas através de

estudos já existentes a nível municipal ou a nível regional, sendo estes em forma de

monografias, estudos ambientais, estudos de vulnerabilidade e/ou risco, estudos para

obras de infraestruturas, estudos socioeconômicos, entre outros ou através de

conhecimento e observação direta dos problemas por parte dos integrantes dos comitês

locais de prevenção e resposta a desastres (CLOPAD).

O processo de caracterização inclui duas atividades principais e essenciais para sua

execução: a identificação e priorização dos cenários de risco, de modo que sejam cobertas

todas as possibilidades existentes de desastres e a caracterização geral dos cenários de

risco, em que são descritas as situações de desastre, os riscos enfrentados, são realizadas

análises de cenários futuros e identificação de medidas de intervenções em geral para

cada um dos cenários de riscos identificados de acordo com a prioridade estabelecida.

b) Análises de risco

Tais ações tem por objetivo detalhar as condições de risco no município,

identificá-las, especificá-las, definir medidas de intervenções para as áreas analisadas e

53

definir as preparações para resposta e recuperação. Os produtos gerados serão um

documento de avaliação de ameaças, vulnerabilidade e/ou risco e as especificações das

medidas de intervenções, contendo desenhos, concepções, custos, etc. Devido à grande

diversidade de variáveis analisadas, se relata a necessidade da participação de

especialistas que serão encarregados da produção de estudos sobre aspectos físicos,

sociais e econômicos. Os insumos para que seja elaborada a análise são as caracterizações

dos cenários de risco (feita na ação anterior), as informações do histórico de emergências

e desastres e dados que ilustram os comportamentos dos fenômenos que geram os riscos.

A primeira atividade que compõe a análise de risco é a avaliação do risco nos

diferentes locais e para diferentes tipos de eventos. Para isso deve-se realizar-se a

conceituação do risco, dos fatores contribuintes para este e realizar-se estudos com base

nas informações adquiridas em cada local. Propõe-se a atribuição de valores qualitativos

(risco alto, médio e baixo, por exemplo) semi-quantitativos (atribuição de intervalos de

valores) ou quantitativos (atribuição de valores). As informações adquiridas em campo

são processadas e registradas em mapas cartográficos. Deve-se atentar-se para a escala

cartográfica dos mapas utilizada para que as avaliações tenham nível de detalhe

condizente com as informações processadas. Por isso, para cada tipo de produto gerados

pelas informações são indicadas escalas diferentes de trabalho, conforme são

demonstrados no quadro 3.

Quadro 3: Exemplos de escalas propostas para diferentes produtos da avaliação do risco

(VARGAS, 2010 adaptado)

Produto Escala de Trabalho

Zoneamento de ameaças por movimento

de massa em bacias e microbacias em

área rural

1:25.000 e 1:10.000

Zoneamento de ameaças por movimentos

de massa e inundações em área urbana e

suburbana

1:5.000

Após, são identificadas as propostas de intervenções possíveis para a redução dos

riscos. As relações de custo-benefício e eficácia são analisadas e a partir destas

informações serão decididas quais serão adotadas. As medidas de intervenção são

classificadas em corretivas e compensatórias ou prospectivas, quando se fala em medidas

54

de redução de risco. Ainda existem as medidas de proteção financeira e as medidas de

preparação para resposta. As intervenções podem ser estruturais ou não estruturais.

A terceira e última atividade referentes as ações de análise de risco é a elaboração

dos documentos que permitirão a implementação das intervenções propostas. Estes

documentos deverão conter as especificações das construções, custos, cronogramas de

execução, entre outros, já para medidas não estruturais ainda é necessário a especificação

dos instrumentos necessários para sua implementação, por exemplo, normas e

regulamentos, programas de capacitação, entre outros.

4.3.2 Argentina

Na Argentina, em consonância com a UNISDR (United Nation International

Strategy for Disaster Risk Reduction), a Comissão Cascos Blancos Argentina (2016)

lançou o Programa Cidades Resilientes, no qual disponibiliza ferramentas para a

elaboração de Planos de Ação de Resiliência Municipal que tem por objetivo implementar

os 10 pontos essenciais estabelecidos como metas da gestão municipal:

1- Organizar-se a fim de desenvolver e fortalecer a resiliência ante a desastres;

2- Identificação, compreensão e utilização das análises de cenários de riscos

atuais e futuros;

3- Fortalecimento financeiro para a resiliência;

4- Promover o planejamento e desenvolvimento urbano resiliente;

5- Proteger as zonas naturais de amortização de desastres;

6- Fortalecimento da capacidade institucional para a resiliência;

7- Compreensão e fortalecimento da capacidade social para a resiliência;

8- Aumento da resiliência da infraestrutura crítica;

9- Assegurar respostas adequadas e efetivas aos desastres;

10- Aceleração do processo de recuperação e otimizar a reconstrução após os

desastres.

As atividades devem ser implementadas através de quatro áreas de gestão: Área

Institucional, Normativa, Operativa e de Capacitação. Cada município considerará a

pertinência e prioridades das metas a serem alcançadas e definirá as ações e políticas

públicas que serão implementadas.

Novamente, comparando-se com os PMRRs no Brasil, nota-se que são

acrescentados outros temas nos Planos de Ação de Resiliência Municipal, como as ações

55

referentes a recuperação e respostas a desastres, o fortalecimento financeiro e da

resiliência, por exemplo.

A comissão Cascos Blancos (2016) dispôs ainda exemplos de ações para a

implementação das metas definidas nas quatro áreas propostas.

a) Identificação, compreensão e utilização das análises de cenários de risco atuais

e futuros

Na área institucional propõe-se a identificação e planificação de ações das áreas

responsáveis pela análise de cenários de risco e a utilização destas para a definição de

investimentos e políticas públicas a serem desenvolvidas.

Na área normativa são previstas revisões e elaborações de normas, decretos, leis,

entre outras que irão desencorajar ações contrárias à redução de risco de desastres em

função dos cenários e mapas de risco.

Para a operação sugere-se a elaboração e publicação de mapas de risco, inclusive

sua divulgação para a população, setores interessados e todos os afetados, a setorização

de áreas críticas através de identificação gráfica e territorial das condições de risco,

estabelecimento de ações a curto, médio e longo prazo mediante a caracterização dos

cenários de risco e avaliação de sistemas críticos expostos, como estradas, serviços

básicos, entre outros.

Na área de capacitação é sugerido a criação de oficinas de elaboração de mapas de

risco comunitários e capacitação em técnicas para análise de cenários de risco de

desastres.

b) Promover o planejamento e desenvolvimento urbano resiliente

Institucionalmente, propõe-se a setorização do uso do solo e gestão do

crescimento urbano a fim de evitar e reduzir fatores que interfiram na resiliência,

identificar terras aptas para desenvolvimento futuro e prever o acesso à terras adequadas

para grupos de baixa renda, integrar considerações sobre gestão de risco nos projetos e

construções de novas edificações, assentamentos e obras de infraestruturas, análise

orçamentária e planejamento visando definir as prioridades da gestão de risco, entre

outros.

Na área normativa, a elaboração de normas técnicas para manutenção e conservação

de infraestruturas críticas, aplicação de códigos de construção adequados, normatização

do uso do solo e gestão do crescimento urbano, atualização periódica das normas de

56

construção e outras normas pertinentes, de forma a utilizar as informações e evidências

adquiridas sobre os risco previstos.

Para a área operativa, sugere-se a construção de sistemas de drenagem, contenção

de encostas, entre outras obras de responsabilidade e execução municipal com a função

de minimizar riscos, avaliação da resiliência das infraestruturas e incorporação de

reforços quando necessário, revisão sistemática de infraestrutura crítica e serviços

básicos, projetos de reabilitação e reconstrução, intervenções em assentamentos

informais, inclusive em sua infraestrutura básica, como distribuição de água e saneamento

básico.

Na capacitação, criação de oficinas sobre autoconstrução de habitações mediante a

detecção de vulnerabilidades e realização de oficinas de sensibilização sobre mudanças

climáticas, boas práticas e cuidados e manutenção de infraestruturas.

c) Proteger as zonas naturais de amortização de desastres

Na área institucional, reconhecimento do valor e dos benefícios do ecossistema na

prevenção do risco de desastres e proteção dos mesmo como estratégia na redução dos

riscos de desastres, cooperação com outros municípios a fim de planejar o uso do solo de

forma que se preservem áreas de proteção natural em maior escala.

Para a área normativa, propõe-se a elaboração ou revisão de um Código de

Proteção que estabeleça princípios e instrumentos de proteção de ecossistemas que sejam

agentes mitigadores.

Quanto a área operativa, intervenções com objetivo de restaurar bacias

hidrográficas, encostas instáveis, zonas costeiras, entre outras zonas naturais de

amortização.

Na capacitação, sugere-se a criação de oficinas para a comunidade e funcionários

sobre adaptações às mudanças climáticas e boas práticas para redução dos riscos.

57

5 METODOLOGIA DA PESQUISA

A partir dos dados levantados na pesquisa documental de 33 Planos Municipais de

Redução de Riscos (PMRRs), disponibilizados pelo Ministério das Cidades em seu site,

foi apresentado um levantamento de vários aspectos dos PMRRs visando prospectar, de

uma forma geral, como os planos são executados, suas propostas de ações e pontos que

merecem ser melhorados. Os PMRRs disponibilizados durante o período do presente

estudo (2016 a 2018) foram finalizados entre 2004 e 2009. Deve-se ressaltar que esses 33

PMRRs representam somente uma parcela do total já elaborados, que, segundo o IBGE

(2014), chegou a um número de 526 cidades contempladas em 2013.

Os municípios para os quais foram elaborados os planos analisados foram:

- Aracruz (ES);

- Belford Roxo (RJ);

- Belo Horizonte (MG);

- Cabo de Santo Agostinho (PE);

- Caeté (MG);

- Cantagalo (RJ);

- Campos do Jordão (SP);

- Caraguatatuba (SP);

- Itapevi (SP);

- Jaboatão dos Guararapes (PE);

- Itaquaquecetuba (SP);

- Camaragibe (PE);

- Contagem (MG);

- Embu das Artes (SP);

- Petrópolis (RJ);

- Nova Friburgo (RJ);

- Jacareí (SP);

- Guarujá (SP);

- Jundiaí (SP);

- Nova Lima (MG);

- Rio de Janeiro (RJ);

- Igarassu (PE);

58

- Itapecerica da Serra (SP);

- Maceió (AL);

- Olinda (PE);

- Paulista (PE);

- São Paulo (SP);

- Santos (SP);

- Vespasiano, Santa Luzia e Ribeirão das Neves (MG);

- São Lourenço da Mata (PE);

- Cubatão (SP);

- Osasco (SP);

- Natal (RN).

Os PMRRs disponibilizados podem ser visualizados através do seguinte link:

http://www.cidades.gov.br/desenvolvimento-urbano/acoes-e-programas-

snapu/prevencao-de-riscos/136-secretaria-nacional-de-programas-urbanos/prevencao-e-

erradicacao-de-riscos/1873-planos-municipais-de-reducao-de-riscos (Acesso em 24 de

março de 2019).

Para a elaboração do presente trabalho os arquivos de cada PMRR foram verificados

individualmente e seu conteúdo foi investigados e foram levantados os seguintes

aspectos:

- Estados representados;

- Ano de publicação;

- Responsáveis pela elaboração;

- Profissionais participantes da equipe técnica;

- Descrição da metodologia;

- Seleção de áreas a serem mapeadas;

- Métodos aplicados para o mapeamento de risco;

- Consideração da vulnerabilidade no mapeamento;

- Uso de bases cartográficas;

- Uso de geoprocessamento;

- Classificações utilizadas para o grau de risco;

- Extensão total das áreas de risco de movimentos de massa;

- Área média delimitada para um setor de risco de movimentos de massa;

- Número médio de moradias por área mapeada com risco de movimentos de massa;

59

- Tipologias de intervenções adotadas;

- Forma de apresentação das intervenções estruturais;

- Estimativa de custos para implementação das intervenções estruturais propostas;

- Critérios para hierarquização das intervenções.

- Identificação de fontes de recursos para a implementação das intervenções;

- Intervenções não estruturais propostas;

- Forma de apresentação das intervenções não estruturais;

- Compatibilização com o plano diretor e/ou urbanístico do município.

O método utilizado para a pesquisa pode ser divido em 4 passos: levantamento de

dados, avaliação de relevância dos dados, tratamento e sistematização e apresentação e

avaliação.

5.1 Levantamento de dados

Através da disponibilização no site do extinto Ministério das Cidades de Planos

Municipais de Redução de Risco acessados entre janeiro de 2016 e junho de 2017,

iniciou-se o levantamento de dados. Após uma análise preliminar dos conteúdos foram

determinados os dados referentes aos PMRRs mais relevantes a serem levantados para a

pesquisa.

Uma das dificuldades nesta atividade foi a falta de manutenção do site. Sua

inconstância trouxe consequências aos prazos determinados, pois durante a pesquisa

houve certos períodos de tempo em que a página encontrou-se fora do ar, além disso

houve atualizações quanto ao número de PMRRs disponibilizados, acarretando em

reanálises durante o trabalho. Outra dificuldade foi a falta de informações necessárias

para uma análise mais completa. Além disso, alguns PMRRs disponibilizados possuíam

erros de formatação (por exemplo, documentos com páginas em branco ou ilegíveis) e

ausência de arquivos complementares. Devido a isso, em algumas categorias de dados

não foi possível a inclusão dos 33 Planos Municipais de Redução de Risco, diminuindo

assim a amostra utilizada para as estatísticas.

60

5.2 Avaliação da relevância dos dados

Nas reuniões iniciais da pesquisa, anteriores ao levantamento, foi estabelecido quais

dados deveriam ser incluídos, dentre eles aspectos da metodologia e os produtos

apresentados durante a elaboração do plano (número de setores, área mapeada, custos

estimados, entre outros). Entretanto ao longo do levantamento, após a obtenção dos dados

iniciais foram discutidos os resultados e feitas reavaliações, decidindo-se por incluir

novas categorias de dados no levantamento, enquanto outras foram suprimidas, por

exemplo o quantitativo de materiais e serviços das intervenções estruturais e a realização

de investigações geotécnicas, devido às poucas informações disponibilizadas destes

dados nos PMRRs. Por isso, foram escolhidos para se apresentar no trabalho os dados

que pudessem ter maior relevância e possuíssem conteúdo consistente disponível nos

PMRRs levantados.

Os dados foram divididos em 22 categorias, dispostas no capítulo 6, que

expressam, principalmente, as características do município, o método de elaboração do

PMRR, e a concepção das ações de redução de risco previstas.

5.3 Tratamento e sistematização dos dados

Os PMRRs diferenciam-se entre si de acordo com a empresa responsável pela sua

elaboração. Ainda que alguns itens obrigatórios possuam semelhanças, muitas vezes um

mesmo conteúdo era apresentado de forma diferente. Para haver uma sistematização as

informações precisaram ser interpretadas, avaliadas e assim serem destinadas à uma

categoria que as enquadrasse.

Primeiramente foi realizada a disposição de todos os dados no programa Microsoft

Office Excel 2013 da seguinte forma: as categorias a serem levantadas foram dispostas

em colunas e os dados dos municípios foram incluídos nas linhas. Os dados objetivos,

como área mapeada, número de moradias em risco, escala da base cartográfica, por

exemplo, foram incluídos após uma breve avaliação de unidades de medida utilizados,

verificação das informações e compatibilização entre as informações de todos os PMRRs.

Já os dados subjetivos, como descrições de metodologia, consideração da vulnerabilidade

e tipos de intervenções não estruturais necessitaram de um processo de tabulação através

da interpretação textual dos PMRRs pesquisados, de modo que as informações pudessem

ser contabilizadas estatisticamente, agrupando os resultados semelhantes.

61

Após a tabulação se iniciou a produção das análises estatísticas para todas as

categorias. Para os dados que possuíam valores quantitativos (área mapeada, custos,

custos por moradia, etc.) foram estimadas as médias aritméticas, valores mínimos e

máximos e desvio padrão.

Para os dados que eram qualitativos (metodologias, tipos de intervenções,

apresentação das intervenções) foram estimadas as frequências dos resultados entre os 33

PMRRs investigados.

5.4 Apresentação e análise dos resultados e avaliação dos PMRRs

Todas as informações levantadas foram apresentadas em tabelas ou gráficos de

acordo com os dados levantados. A análise dos resultados foi realizada comparando-se

os planos entre si e verificando se esses resultados estavam de acordo com o que foi

sugerido, pelo Ministério das Cidades, no Guia para Elaboração de Políticas Municipais

de 2006. A partir disso, fez-se uma avaliação crítica dos Planos e foram sugeridas medidas

que podem tornar os PMRRs mais eficazes.

62

6 RESULTADOS DO

LEVANTAMENTO DE DADOS

SOBRE OS PMRRS E DISCUSSÕES

6.1 Estados representados

A Figura 19 apresenta a distribuição percentual dos estados onde se localizam os

municípios contemplados pelos PMRRs. Os municípios do sudeste são predominantes

(73%) na pesquisa, enquanto os municípios do Centro-oeste, Sul e Norte do Brasil não

estão representados, já dentre os estados do nordeste àquele com o maior número de

PMRRs representados na pesquisa é o estado de Pernambuco, que segundo o

CEPED/UFSC (2013) é o estado com o maior número de registros de movimentos de

massa. Estas informações podem nos oferecer base para algumas conjecturas, tais como

o motivo de as soluções de intervenções relacionadas a movimentos de massa serem

sobrepujantes às soluções para inundações. Além disso, deve-se destacar também que nos

municípios do nordeste os movimentos de massa possuem características diferentes dos

municípios do sudeste, o que também pode alterar a forma de elaboração do PMRR, por

exemplo na divisão dos setores durante o mapeamento, nos tipos de intervenção, entre

outros.

Figura 19: Distribuição dos PMRRs pesquisados de acordo com seu estado federativo.

AL3%

ES3%

MG15%

PE21%

RJ15%

RN3%

SP40%

Estados representados

63

6.2 Ano de publicação

O ano de publicação ou de finalização do trabalho foi considerado aquele disposto,

geralmente na capa do relatório do PMRR. A distribuição apresentada na Figura 20 indica

a desatualização do site do Ministério das Cidades, já que o PMRR mais recente

disponibilizado foi publicado em 2009. Sabe-se que existem PMRRs que foram

finalizados após 2009, conhecendo-se registros até o ano de 2018.

Figura 20: Distribuição dos PMRRs pesquisados de acordo com o ano de publicação

6.3 Responsáveis pela elaboração

Neste item são exibidas as informações sobre os responsáveis pela elaboração do

PMRR. Não há orientações do Ministério das Cidades quanto à contratação de empresas

de consultoria, institutos de pesquisas ou órgãos do poder executivo, entretanto na

distribuição da Figura 21 fica evidente que preferencialmente os municípios utilizam-se

da prerrogativa da terceirização do trabalho de elaboração do PMRR. Por requerer

profissionais especializados e por serem assuntos de interesse acadêmico, os institutos de

pesquisa foram muito requisitados, tanto quanto as empresas de consultoria.

Os municípios para os quais foram contratadas empresas privadas são: Belford

Roxo, Cantagalo, Campos do Jordão, Jaboatão dos Guararapes, Itaquaquecetuba,

Camaragibe, Contagem, Petrópolis, Nova Lima, Igarassu, Maceió, Olinda, Paulista, São

Lourenço da Mata e Natal.

2004 2005 2006 2007 2008 2009Sem data

depublicação

Número de Planos 1 5 10 6 5 3 3

Porcentagem de Planos 3,0% 15,2% 30,3% 18,2% 15,2% 9,1% 9,1%

0

2

4

6

8

10

12

mer

o d

e P

lan

os

Distribuição de acordo com o ano de Publicação

64

Os municípios para os quais foram contratados fundações ou institutos de pesquisa

foram: Aracruz, Belo Horizonte, Cabo de Santo Agostinho, Caeté, Caraguatatuba,

Itapevi, Nova Friburgo, Jacareí, Guarujá, Jundiaí, Itapecerica da Serra, São Paulo, Santos,

Vespasiano (incluído no mesmo PMRR Santa Luzia e Ribeirão das Neves), Cubatão e

Osasco.

Já os municípios que optaram pela elaboração através de órgãos da própria

prefeitura foram Rio de Janeiro e Embu das Artes.

Figura 21: Distribuição dos PMRRs pesquisados de acordo com os responsáveis pela

sua elaboração

6.4 Profissionais participantes da equipe técnica

Dos 33 Planos pesquisados, conforme a distribuição da Figura 22 apresenta, a

grande maioria utilizou em sua composição da equipe técnica os serviços de engenheiros

civis (61%) e geólogos (79%, considerando também os engenheiros geólogos). A

suscetibilidade, como visto anteriormente, diz respeito às características do meio

inerentes a estabilidade das encostas, sendo assim estes profissionais possuem habilidades

específicas que os tornam aptos para avaliá-la e são, portanto, imprescindíveis para a

realização do mapeamento de risco. Os engenheiros civis e engenheiros geólogos, assim

como os arquitetos (42%), podem ter ainda como responsabilidade a elaboração dos

projetos de intervenções estruturais. Destaca-se também o percentual expressivo de

geógrafos que podem ter atuado tanto na área das ciências físicas como das humanas.

Ressalta-se também as quantidades expressivas de profissionais especializados em

ciências humanas, como assistentes sociais (27%), sociólogos (6%) e psicólogos (9%).

Empresa privadaFundação/Instituto de

PesquisaPrefeitura

Número de Planos 15 16 2

Porcentagem de Planos 45,5% 48,5% 6,1%

02468

1012141618

mer

o d

e P

lan

os

Responsáveis pela elaboração do PMRR

65

No que diz respeito às vulnerabilidades, principalmente sociais, e implementação de

ações não estruturais o uso do serviços destes profissionais pode ser útil por requerer a

consideração da realidade dos moradores do local estudado.

Figura 22: Distribuição de profissionais participantes das equipes técnicas elaboradoras

dos PMRRs pesquisados

6.5 Descrição da metodologia adotada para a elaboração do PMRR

A primeira fase do PMRR é a elaboração da metodologia detalhada. Ainda assim,

em alguns Planos pesquisados não são encontrados os conteúdos referentes à

metodologia. Esta é uma falha que pode ter sido cometida tanto no momento da

disponibilização dos documentos do PMRR no site, quanto no momento de sua

elaboração.

Neste quesito, os planos que somente apresentaram as etapas seguidas para o

desenvolvimento do trabalho foram categorizados como “Descrição Sucinta” e os que

apresentaram não só as etapas, mas sua descrição e metodologias específicas foram

categorizados como “Descrição Detalhada”. Os resultados estão apresentados na Figura

23.

3%

42%

27%

6% 9%18%

9%3%

61%

3% 3%

79%

30%

6% 6%

21%

Ad

vogad

o

Arq

uiteto

Assisten

te Social

Bió

logo

Ecólo

go

Enge

nh

eiro C

artógrafo

/ Especialista e

mC

artografia

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logo

Enge

nh

eiro A

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Enge

nh

eiro C

ivil

Enge

nh

eiro d

e Min

as

Enge

nh

eiro d

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rsos H

ídrico

s

Enge

nh

eiro G

eólo

go/ G

eólo

go

Ge

ógrafo

/ Espe

cialista em

geop

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AD

Soció

logo

Técnico

em

Co

nstru

ção C

ivil

Po

rcen

tage

m d

e P

lan

os

Profissionais participantes da equipe técnica

66

Percebeu-se uma deficiência nesta primeira fase de elaboração do PMRR, pois

grande parte dos municípios que apresentaram a metodologia não incluíram nesta os

principais produtos requisitados como cronograma físico das atividades, equipes técnicas

empregada em cada fase e materiais e conteúdos considerados na elaboração do

mapeamento (como bases cartográficas, fotos, etc.).

Figura 23: Distribuição dos PMRRs pesquisados segundo a descrição da metodologia

aplicada

6.6 Seleção de áreas a serem mapeadas

O Ministério das Cidades (2006) indica que a escolha das áreas a serem mapeadas

deve ser feita a partir da análise prévia do histórico de eventos do município (inventário),

escolhendo-se os assentamentos com o maior número de registros de eventos. Entretanto,

observou-se que nem todos os municípios possuem um banco de dados consistente e

atualizado, o que fez com que outras formas de seleção fossem aplicadas, como uso de

cadastros da prefeitura de regiões com moradias vulneráveis, indicações de órgãos

competentes e conhecedores do município (prefeitura e defesa civil) sem especificação

dos critérios adotados, e em um dos casos a exploração de todo o município para assim

selecionar as áreas a serem mapeadas, por este possuir pequena extensão. Evidentemente,

as indicações sem especificação dos critérios utilizados pode ser facilmente questionada

quanto a sua imparcialidade, não sendo, portanto, o método ideal a ser utilizado.

Verificaram-se municípios que utilizaram mais de um método de seleção de forma a

Detalhada58%Não citada

21%

Sucinta21%

Descrição da Metodologia

67

complementar informações para a tomada de decisão. A distribuição dos resultados deste

item estão apresentadas na Figura 24.

Figura 24: Distribuição dos PMRRs pesquisados de acordo com o método escolhido

para seleção de áreas a serem mapeadas

6.7 Métodos aplicados para o mapeamento de risco

Um número expressivo de Planos utilizou para a determinação do grau de risco

métodos qualitativos, através de análises de campo (73%). Método este que é sugerido

pelo Ministério das Cidades (2006), devido à inexistência ou inconsistência do banco de

dados da maioria dos municípios brasileiros. A distribuição dos dados é exposta na Figura

25.

No município do Rio de Janeiro, possuidor de um rico banco de dados, optou-se

pela quantificação do risco. O cálculo do Índice Quantitativo de Risco tem como variáveis

a probabilidade de ocorrência de um escorregamento com vítimas, as consequências

referente às perdas causadas pelo escorregamento e o fator de correção para intervenções

realizadas.

No município de Petrópolis optou-se pela quantificação do risco, através de 3

etapas: integração temática de mapas de estado natural, sendo eles mapas de vegetação,

geológico-geotécnicos, drenagem natural e declividade (para produzir o mapa de

suscetibilidade através de algoritmo da Teoria Bayesiana), produção do mapa de

Histórico deeventos

Exploraçãodo território

municipal

Indicaçãoda

prefeitura/Defesa Civil

Mapas ecadastros

daprefeitura

Nãoinformado

Número de Planos 14 1 13 7 4

Porcentagem de Planos 42% 3% 39% 21% 12%

0

2

4

6

8

10

12

14

16N

úm

ero

de

cid

ades

Seleção de áreas a serem mapeadas

68

probabilidades de acidentes por região e mapa de padrões construtivos, identificando-se

áreas vulneráveis (VARANDA, 2006). O mapa de suscetibilidade produzido pode ser

classificado como heurístico, pois seus dados foram estimados pela integração de mapas

e avaliações a partir do julgamento de especialistas. O mapa de risco obtido utilizou-se

tanto do histórico de acidentes como os mapas de suscetibilidade e vulnerabilidade, para

calcular a probabilidade de pessoas em risco para cada região mapeada, sendo

classificado, portanto, como um método probabilístico.

Figura 25: Distribuição dos PMRRs pesquisados de acordo com o método utilizado para

o mapeamento de risco

6.8 Consideração da vulnerabilidade no mapeamento

Na distribuição apresentada na Figura 26 levantou-se o número de Planos que

mencionaram a vulnerabilidade como um dos componentes avaliados para o mapeamento

do risco. Cerca de 52% dos PMRRs pesquisados não mencionaram em nenhuma parte do

documento a avaliação da vulnerabilidade e 48% dos PMRRs mencionaram a

consideração da vulnerabilidade nos documentos investigados.

Como já visto, a vulnerabilidade segundo o Ministério das Cidades (2006) é uma

variável que compõe o risco. Sendo assim, quando as consequências devido às

vulnerabilidades não são estimadas a avaliação do risco está sendo medida incorretamente

segundo os conceitos que devem ser aplicados. É certo que quando as análises são feitas

em campo por especialistas experientes, normalmente as avaliações feitas levam em conta

certas dimensões de vulnerabilidades, pelo menos, a vulnerabilidade referente à

Não citado21%

Análises de campo

73%

Probabilístico6%

Método utilizado para o mapeamento de risco

69

resistência física da estrutura das moradias ao impacto do evento. Entretanto, como não

há descrição dessas avaliações nos documentos não se pode confirmar tal consideração.

Salienta-se também a falta de informações sobre identificação das diversas dimensões das

vulnerabilidades (sociais, físicas, econômicas entre outras).

Figura 26: Distribuição dos PMRRs pesquisados em relação a consideração da

vulnerabilidade na avaliação do risco

6.9 Uso de bases cartográficas

O mapeamento pode ser feito não só através da produção de um mapa cartográfico

com as informações sobre o risco, mas também através de fichas de cadastramentos de

setores. Quando o município não possui uma base cartográfica disponível para o

mapeamento podem ser usadas ortofotos, fotos dos setores, imagens de satélite e outros

artifícios.

A resolução de uma planta topográfica é definida pela menor medida do terreno que

pode ser representada, dependendo portanto do erro de grafismo devido a acuidade visual

humana. Segundo a NBR 131333 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS

TÉCNICAS, 1994), o erro máximo admissível na elaboração de desenho topográfico

deve ser de duas vezes a acuidade visual (0,1 mm). Sendo assim, em uma planta com

escala de 1:2000, por exemplo, será possível visualizar somente detalhes com dimensões

reais maiores que 40 centímetros. Estas informações devem ser levadas em consideração

no momento da escolha da escala do mapa de risco, dependendo do nível de detalhamento

desejado.

Não citado52%

Considerou-se a vulnerabilidade

48%

Consideração da vulnerabilidade na avaliação do risco

70

Segundo Vargas (2010), a escala recomendada para mapas de risco de movimentos

de massa em áreas urbanas é de 1:5000. O Ministério das Cidades (2006) recomenda que

as escalas sejam entre 1:2000 a 1:5000.

A distribuição do levantamento realizado mostra que 19 dos municípios (57,9%)

utilizaram bases cartográficas (Figura 27), e destes, aproximadamente 80% utilizaram

escalas de 1:1000 até 1:5000, sendo, portanto, algumas ainda mais detalhadas do que o

proposto (Figura 28).

Figura 27: Distribuição dos PMRRs pesquisados em relação ao uso de bases

cartográficas para o mapeamento de risco

Figura 28: Distribuição dos 19 PMRRs pesquisados que utilizaram bases cartográfica

em relação a escala adotada

Não33%

Não citado9%

Sim58%

Utilização de base cartográfica

1:1000 1:1500 1:2000 1:5000 1:10000 1:15000 1:35000 1:60000

Número de Planos 2 1 11 1 1 1 1 1

Porcentagem de Planos 10,5% 5,3% 57,9% 5,3% 5,3% 5,3% 5,3% 5,3%

0

2

4

6

8

10

12

mer

o d

e P

lan

os

Escalas das bases cartográficas utilizadasAmostra:

19 PMRRs

71

6.10 Uso de geoprocessamento

O geoprocessamento permite utilizar programas computacionais como

instrumentos de representação de dados espacialmente referenciados. Os resultados

quanto ao uso de ambiente SIG para o mapeamento de risco dos PMRRs estão

apresentados na Figura 29.

Segundo a Orientação Operacional N° 01/2011 do Ministério das Cidades

(BRASIL, 2011), as áreas de risco devem preferencialmente ser inseridas em ambiente

SIG (Sistema de Informação Geográfica). Considerando que todos os Planos pesquisados

são anteriores à publicação desta orientação, seus termos de compromisso para

recebimento dos investimentos podem não ter incluído esta condição.

Analisando-se as informações obtidas percebe-se que a utilização de ambiente SIG

ainda não havia sido difundido entre os municípios. Entretanto, com essa orientação do

Ministério das Cidades espera-se que nos anos posteriores o número de Planos utilizando

este sistema tenha aumentado.

Figura 29: Distribuição dos Planos Municipais de Redução de Risco pesquisados em

relação ao uso de ambiente SIG (Sistema de Informação Geográfica)

6.11 Classificações utilizadas para o grau de risco

As classificações de grau de risco são importantes não só para fins de seu

conhecimento, mas também para a hierarquização das intervenções. Evidentemente

Não37%

Não citado27%

Sim36%

Uso de Sistema de Informação Geográfica

72

setores com grau de risco maior irão requerer prioridade na execução das intervenções

em detrimento dos setores com grau de risco menor.

Os critérios especificados pelo Ministério das Cidades (2006) para determinação

do grau de risco adotados nacionalmente foram utilizadas em grande parte dos Planos,

ainda assim houve àqueles que utilizaram critérios de outros autores.

Majoritariamente os setores mapeados foram categorizados em grau de risco alto

e muito alto. O município do Rio de Janeiro, por usar um método quantitativo, optou pela

não adoção de nomenclatura de graus de risco. A classificação foi feita através do valor

do índice quantitativo de risco (IQR), onde o valor nulo indica ausência do risco e o valor

máximo obtido é de 0,03, sendo assim, todos os setores foram ranqueados a partir do IQR.

Os setores de baixo risco, embora não sejam prioritários nas proposições de intervenções

estruturais foram identificados em 70% dos municípios mapeados. Os resultados estão

apresentados na Figura 30.

Figura 30: Distribuição dos PMRRs pesquisados de acordo com as classificações

utilizadas para o grau de risco

6.12 Extensão total das áreas de risco de movimentos de massa

mapeadas

Foi levantado também o quantitativo do total de áreas mapeadas por município. A

área total calculada é definida como a soma das áreas de todos os setores identificados

com o mesmo grau de risco em um município. Dos 33 Planos Municipais de Redução de

Risco pesquisados apenas 8 disponibilizaram esta informação nos documentos

disponibilizados, e apesar de 2 destes preverem intervenções para controle de inundações,

Muito Alto Alto Médio BaixoNão

realizouclassificação

Número de Planos 31 32 27 24 1

Porcentagem de Planos 94% 97% 82% 73% 3%

0

5

10

15

20

25

30

35

me

ro d

e P

lan

os

Classificações utilizadas para o grau de risco

73

apenas o Plano de Belford Roxo disponibilizou as áreas mapeadas para este tipo de risco,

portanto, para análise e comparação dos municípios optou-se por usar os resultados

apenas dos setores de risco de deslizamentos. A partir deste dado dividiu-se as áreas de

acordo com o grau de risco. Salienta-se que entre todos os municípios apresentados,

Belford Roxo foi o único que realizou mapeamentos apenas de áreas de grau de risco alto

e muito alto.

Percebeu-se que como os mapas de risco elaborados pelo PMRR da cidade de

Petrópolis foram feitos através da superposição de mapas em ambiente SIG

predominantemente, em detrimento das análises de campo proporcionou-lhes um

mapeamento de áreas maiores quando comparados com os outros Planos.

Fica evidente na distribuição das Figura 31Figura 32 as discrepâncias dos valores

encontrados, observando-se por exemplo que os desvios padrões são maiores do que os

valores mínimos de áreas (Tabela 1). Portanto, a média encontrada não pode ser

considerada assertiva. Este dado revela a variedade que pode haver de áreas mapeadas

nos municípios, dependendo da sua extensão, dos responsáveis elaboradores e da

suscetibilidade e histórico de eventos.

Tabela 1 – Valores estatísticos da extensão total das áreas de risco a movimentos de

massa mapeados pelos 8 PMRRs que disponibilizaram esta informação.

Áreas mapeadas Média (km²) Máximo (km²) Mínimo (km²) Desvio Padrão

Muito Alto e Alto 1,5 5,6 0,2 1,76

Médio 4,9 21,2 0,2 7,81

Baixo 5,9 12,7 0,3 5,82

74

Figura 31: Distribuição dos 8 PMRRs pesquisados que apresentaram as extensões totais

das áreas dos setores de risco de movimentos de massa mapeadas de acordo com o grau

de risco.

Figura 32: Distribuição dos 8 PMRRs pesquisados que apresentaram as extensões totais

das áreas dos setores de risco de movimentos de massa mapeadas para grau de risco

muito alto e alto.

0,0

4,0

8,0

12,0

16,0

20,0

24,0

Be

lford

Ro

xo

Jabo

atão d

os G

uararap

es

Cam

aragibe

Pe

tróp

olis

Igarassu

Mace

Olin

da

São Lo

uren

ço d

a Mata

Áre

a e

m k

Extensão total mapeada

Risco Muito Alto e Alto

Risco Médio

Risco Baixo

Média Risco Muito Altoe Alto

Média Risco Médio

Média Risco Baixo

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0B

elfo

rd R

oxo

Jabo

atão d

os G

uararap

es

Cam

aragibe

Pe

tróp

olis

Igarassu

Mace

Olin

da

São Lo

uren

ço d

a Mata

Áre

a e

m k

Planos pesquisados

Extensão total mapeada para setores de risco muito alto e alto

Risco Muito Alto e Alto

Média Risco Muito Alto eAlto

75

Calculou-se também a relação percentual entre a extensão total das áreas de risco

muito alto e alto e a extensão total do município (IBGE, 2019), conforme apresentado na

tabela 2. Os valores apresentados nessa categoria de análise são relevantes para se

planejar, numa primeira estimativa, a equipe necessária na atividade de mapeamento.

Tabela 2 - Representação da porcentagem de área de risco de grau de risco alto e muito

alto em relação à extensão territorial do município

Cidades Porcentagem de área de risco alto e

muito alto em relação à extensão territorial

Belford Roxo 0,32% Jaboatão dos Guararapes 0,40%

Camaragibe 1,17% Petrópolis 0,71% Igarassu 0,07% Maceió 0,59% Olinda 1,15%

São Lourenço da Mata 0,41%

6.13 Área média delimitada para um setor de risco de movimentos de

massa

Foi estimada a área média de um setor de risco de movimentos de massa através da

razão entre a área total mapeada do município e o número total de setores para cada grau

de risco. Dos 33 Planos Municipais de Redução de Risco pesquisados apenas 7

apresentaram informações suficientes para este levantamento nos documentos

disponibilizados (Figura 33).

Nota-se que os setores de grau de risco baixo, quando mapeados possuem maiores

áreas, em média e percebe-se que há um grande desvio padrão (tabela 3), mostrando a

não uniformidade na definição das áreas dos setores para baixo risco. Já as áreas de grau

de risco muito alto e alto variam menos (entre 0,67 hectares e 1,44 hectares). Diante do

baixo número de PMRRs pesquisados nesta categoria de análise, esses valores médios

podem não representar a média real da área de um setor de risco dos PMRRs elaborados.

76

Figura 33: Distribuição dos PMRRs que apresentaram áreas de mapeamento e número

de setores de acordo com a área média dos setores

Tabela 3 - Valores estatísticos referente às áreas médias dos setores dos Planos

Municipais de Redução de Risco pesquisados que apresentaram estas informações

Área/ n° de setores Média

(ha) Máximo

(ha) Mínimo

(ha) Desvio Padrão

Muito Alto e Alto 0,94 1,44 0,67 0,26

Médio 2,79 9,42 0,82 3,31

Baixo 14,50 50,64 0,84 18,76

6.14 Número médio de moradias por área mapeada com risco de

movimentos de massa

Nesta distribuição indica-se a média de moradias para cada 10 mil metros

quadrados mapeados de acordo com o grau de risco. Os valores foram calculados através

da razão entre o número de moradias total e a área total mapeada para cada grau de risco.

Dos 33 Planos Municipais de Redução de Risco pesquisados apenas 5 possuíam as

informações necessárias para tal análise nos documentos disponíveis.

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

Be

lford

Ro

xo

Jabo

atão d

os G

uararap

es

Cam

aragibe

Igarassu

Mace

Olin

da

São Lo

uren

ço d

a Mata

(m²

x 1

04

)/se

tor

Área total/ N° de setores

Risco Alto e Muito Alto

Médio

Baixo

Média Risco Muito Alto eAlto

Média Risco Médio

Média Risco Baixo

50,64

77

Os resultados estão apresentados na Figura 34 e Tabela 4. Diante do baixo número

de planos pesquisados nesta categoria de análise e dos significativos desvios-padrão,

esses valores médios, apesar de servirem para uma estimativa preliminar, podem não

representar a média real dos PMRRs elaborados

Figura 34: Distribuição dos PMRRs pesquisados que apresentaram número total de

setores e área mapeada por grau de risco de acordo com o número médio de moradias

por hectare de área mapeada

Tabela 4 - Valores estatísticos referentes ao número de moradias por hectare de área

mapeada por grau de risco dos PMRRs pesquisados que apresentaram estes valores

Moradia/ Área do terreno

Média (moradias/ha)

Máximo (moradias/ha)

Mínimo (moradias/ha)

Desvio Padrão (moradias/ha)

Risco Alto e Muito Alto 28,00 36,63 15,04 9,70 Risco Médio 30,61 39,18 17,42 9,57 Risco Baixo 37,14 70,89 12,65 30,21

6.15 Tipologias de intervenções adotadas

A terceira fase da elaboração do PMRR é a proposição de intervenções estruturais

para a redução do risco.

Em 5 dos Planos pesquisados não foram apresentadas as tipologias de intervenções

adotadas. Em 4 destes casos ocorreram falhas na disponibilização de documentos pelo

site do Ministério das Cidades.

0

10

20

30

40

50

60

70

Be

lford

Ro

xo

Jabo

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os G

uararap

es

Cam

aragibe

Igarassu

Olin

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mo

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e)

N° de Moradias/Área mapeada

Risco Muito Alto e Alto

Risco Médio

Risco Baixo

Média Risco Alto e MuitoAlto

Média Risco Médio

Média Risco Baixo

78

Em grande parte dos municípios as intervenções propostas foram sistemas de

drenagem, estruturas de contenção e proteções superficiais (Figura 35). Observa-se que

as principais intervenções estão relacionadas ao risco de deslizamentos do que inundações

e enxurradas.

Evidencia-se, ainda, o grande número de Planos (52%) que propuseram a remoção

de moradias, ação para extinguir riscos, alternativa escolhida na maioria das vezes quando

o custo-benefício da implementação de intervenções é alto quando comparado com a

remoção. Entretanto, um número muito menor de planos (6%) indicaram a construção de

novas moradias, indicando, possivelmente, uma falha na previsão da realocação dos

moradores removidos de suas residências. Desses que indicaram as novas moradias,

apenas o PMRR do município de Campos do Jordão apresentou uma listagem de áreas

propícias para a implantação dessas novas habitações.

Figura 35: Distribuição de tipologias de intervenções estruturais adotadas nos PMRRs

pesquisados

6.16 Forma de apresentação das intervenções estruturais

As intervenções estruturais apresentadas no PMRR deve conter os elementos

mínimos para que seja possível estimar os custos e avançar de forma racional nas fases

70%79% 76% 73%

27%

82%

36%

52%

6% 6% 6%12% 15%

12%

30%

58%

15%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

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Não

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sentaram

% d

e P

lan

o

Tipologias de Intervenções Estruturais adotadas

79

seguintes do projeto (básico e executivo). Para uma concepção completa é necessário

minimamente a apresentação dos locais de intervenção, quantitativos e custos.

Utilizando como amostragem os 28 Planos Municipais de Redução de Risco que

apresentaram as tipologias de intervenções, foi constatado que não há uma predominância

em formas de apresentação e que o mapa de localização das intervenções, mesmo sendo

a forma mais recomendada para se apresentá-las foi pouco utilizado (Figura 36).

Quanto a estimativa orçamentária das intervenções, observou-se a predominância

da apresentação apenas do preço global por setor em detrimento do orçamento detalhado

por intervenções, o que pode ocasionar falhas no momento da solicitação e aplicação de

investimentos e verbas, pois não será possível verificar as distribuições de investimentos

para cada intervenção proposta.

Figura 36: Distribuição em função da forma de apresentação das intervenções

estruturais dos 28 PMRRs que apresentaram as tipologias das intervenções.

6.17 Estimativa de custos para implementação das intervenções

estruturais propostas

Para se extrair informações relevantes sobre os custos estimados pelos PMRRs,

primeiramente foi preciso fazer uma compatibilização entre os valores. Os custos na

construção civil variam tanto regionalmente quanto temporalmente. Sendo assim, todos

7%

29%21%

14%

46%

36%25%

18%

57%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

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Som

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lan

os

Forma de apresentação das intervenções estruturaisAmostra:

28 PMRRs

80

os valores levantados necessitariam de correções para que pudessem ser comparados.

Escolheu-se como base para a correção o valor do Índice da Construção Civil no estado

do Rio de Janeiro em dezembro de 2018 disponibilizado pelo SINAPI (Sistema Nacional

de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil) e para se corrigir os custos foi

levantado os Índices da Construção Civil de cada Plano de acordo com seu estado e a data

de publicação.

A correção foi feita da seguinte forma:

𝐶𝐴 = 𝐶𝑇 × (𝐶𝐵

𝐶𝑉)

(3)

Sendo:

CA o custo atualizado regionalmente e temporalmente;

CT o custo total das intervenções publicado no Plano;

CB o custo base, o Índice da Construção Civil no estado do Rio de Janeiro em dezembro

de 2018;

CV o custo variável, o Índice da Construção Civil de acordo com o estado e a data de

publicação do Plano pesquisado.

Dos Planos pesquisados, 23 apresentaram informações suficientes para este

levantamento de custos. Sendo estes: Aracruz, Belford Roxo, Belo Horizonte, Cabo de

Santo Agostinho, Caeté, Cantagalo, Campos do Jordão, Caraguatatuba, Itapevi, Jaboatão

dos Guararapes, Camaragibe, Contagem, Petrópolis, Nova Friburgo, Jacareí, Nova Lima,

Rio de Janeiro, Igarassu, Itapecerica da Serra, Olinda, Paulista, Santos, Cubatão e Natal

(os municípios aparecem nesta ordem no gráfico da figura 37).

Estimou-se uma média de cerca de 48 milhões de reais para os custos das

intervenções propostas pelos PMRRs (Figura 37). Entretanto, excluindo da distribuição

os 5 maiores valores estimados, por estarem muito acima da média dos outros municípios

chegou-se a uma média de 21 milhões.

Na análise de custos, principalmente, o uso das médias como um valor ideal para

ser adotado não é incentivada pois as particularidades de cada município farão com que

a variabilidade e o intervalo de confiança para os valores sejam altos. Portanto, a melhor

maneira de comparação de valores entre os municípios é analisando as suas

características, como população em ambiente urbano, extensão das áreas de risco e grau

de risco e assim após essa comparação se realizar a comparação entre custos estimados.

81

Figura 37: Distribuição de PMRRs pesquisados de acordo com a estimativa de custos

das intervenções propostas (valores atualizados, usando como base o índice de

construção civil no Rio de Janeiro em dezembro de 2018).

Para se obter melhores comparações entre os municípios sobre os custos para a

implementação das intervenções estruturais propostas nos PMRRs optou-se pela

distribuição de acordo com os custos por moradia beneficiada (Figura 38). De todos os

Planos pesquisados 19 apresentaram informações suficientes para esta distribuição, sendo

estes: Aracruz, Belford Roxo, Belo Horizonte, Cabo de Santo Agostinho, Caeté,

Cantagalo, Campos do Jordão, Caraguatatuba, Itapevi, Jaboatão dos Guararapes,

Camaragibe, Contagem, Nova Friburgo, Jacareí, Nova Lima, Igarassu, Itapecerica da

Serra, Olinda, Paulista (os municípios aparecem nesta ordem no gráfico da figura 38).

A média geral de custos por moradia foi de cerca de 15 mil reais, com valores

corrigidos conforme o método descrito no item anterior. Retirando da amostra os 2

municípios com os maiores valores do custo por moradia, obtemos uma média de cerca

de 8 mil reais.

É certo afirmar que existirão formas diferentes de determinação do número de

moradias beneficiadas, por exemplo de acordo com consideração de benefícios diretos ou

indiretos, podendo ser este um dos fatores para a dispersão de valores encontrados.

Entretanto, ainda assim a distribuição nos mostra informações pertinentes como o gasto

mínimo (cerca de 600 reais por moradia) e o máximo (cerca de 120 mil reais por moradia).

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00V

alo

res

atu

aliz

ado

s (e

m R

$ m

ilhõ

es)

Planos pesquisados

Estimativa dos custos com valores atualizados

Custos atualizados dasintervenções do PMRR

Média dos custosatualizados

Amostra:

23 PMRRs

82

Figura 38: Distribuição dos PMRRs pesquisados de acordo com o custo estimado da

implementação das intervenções por moradia beneficiada.

Foi possível ainda, classificar os custos por moradia beneficiada de acordo com o

grau de risco dos setores. As informações necessárias para essa distribuição foram

disponibilizadas em 5 dos PMRRs pesquisados (Figura 39).

Figura 39: Distribuição dos PMRRs de acordo com o custo de implementação das

intervenções estruturais por número de moradias beneficiadas classificadas pelo grau de

risco das moradias

0,00

20000,00

40000,00

60000,00

80000,00

100000,00

120000,00

140000,00C

ust

os

R$

PMRRs pesquisados

Custo da implementação das intervenções por moradia

Preço/N° de moradias

Média Custo/N° demoradias

AracruzBelford

RoxoCaeté

Caraguatatuba

Itapecericada Serra

Muito Alto R$100.870,1 R$53.660,04 R$25.045,43 R$13.050,00

Alto R$8.768,15 R$50.003,93 R$17.146,38 R$9.720,55 R$7.849,26

Médio R$10.236,78 R$55.458,86 R$2.117,57 R$4.278,32

Baixo R$4.065,98 R$7.980,80

R$-

R$20.000,00

R$40.000,00

R$60.000,00

R$80.000,00

R$100.000,00

R$120.000,00

Cu

sto

s R

$

Custo por moradia de acordo com grau de risco

Amostra:

19 PMRRs

83

Em 7 dos Planos Municipais de Redução de Risco pesquisados foram

disponibilizados os custos de acordo com o grau de risco dos setores nos quais foram

propostas as intervenções, sendo apresentados na distribuição da Figura 40.

Esperava-se que os custos das intervenções nas áreas de risco alto e muito alto

sobrepujassem os custos das áreas de risco de grau menor. Entretanto, em apenas 3 dos

municípios foi observada essa tendência. Pode-se conjecturar-se que as intervenções

propostas nos Planos Municipais de Redução de Risco nas áreas de risco baixo estão

sendo elaboradas como forma de urbanização de assentamentos precários (visto que os

gastos nessas áreas são em pavimentações, drenagem, instalações de esgoto sanitário), e

parecem não ter a finalidade de redução de riscos, apesar de contribuir para evitar a

formação de novas áreas de risco significativo.

Figura 40: Distribuição dos custos totais estimados pelos PMRRs classificados de

acordo com o grau de risco dos locais de intervenção

6.18 Critérios para hierarquização das intervenções

A definição de critérios para hierarquização das intervenções estruturais é a quinta

fase da elaboração do Plano Municipal de Redução de Risco. De todos os 33 Planos

pesquisados, 23 apresentaram os critérios utilizados, sendo estes: Aracruz, Belford Roxo,

Belo Horizonte, Cabo de Santo Agostinho, Caeté, Cantagalo, Caraguatatuba, Itapevi,

Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Contagem, Embu das Artes, Petrópolis, Nova

AracruzBelford

RoxoCaeté

Caragua_tatuba

NovaLima

Itapeceri_ca daSerra

Cubatão

Baixo 9% 0 13% 0 1% 8% 0

Médio 70% 0 46% 19% 22% 40% 64,8%

Alto 22% 39% 28% 61% 75% 50% 35,0%

Muito Alto 0 61% 13% 19% 3% 2% 0,2%

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

100,0%

po

rce

nta

gem

de

cu

sto

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as in

terv

en

çõe

s

Custos totais das intervenções classificadas por grau de risco

84

Friburgo, Guarujá, Nova Lima, Rio de Janeiro, Igarassu, Itapecerica da Serra, Maceió,

Olinda, Paulista, Cubatão, Natal.

Os critérios utilizados por estes municípios estão listados a seguir:

a) Grau de Risco: priorização dos setores com maior grau de risco;

b) Número de moradias em risco: priorização do setores com maior número de

moradias em risco;

c) Viabilidade técnica e/ou financeira da intervenção: prioriza os setores cujas

obras não irão onerar o município ou cujas obras possuam grau mais fácil de

execução, levando em conta o processo construtivo e o grau de dificuldade da

construção;

d) Relação custo/remoção: priorização dos setores em que o custo e o número de

remoções são mais baixos;

e) Porte do setor: priorização dos setores com maior número de moradias e

logradouros e área do setor;

f) Relação custo/benefício: priorização dos setores com menor relação

custo/benefício, considerando os custos das intervenções, e casas beneficiadas;

g) Renda Média: priorização para setores com as menores rendas familiares em

relação a renda média do município;

h) Densidade de moradia por área: priorização dos setores com maior densidade

populacional

i) Número de remoções: priorização dos setores com remoções de moradias que

podem evitar a consolidação da ocupação;

j) Vulnerabilidade: priorização dos setores de maior vulnerabilidade, utilizando

como variáveis a qualidade de vida, atuação da administração municipal e tempo

de moradia;

k) Custo por habitante: priorização dos setores cujas intervenções em setores

possuam menor custo por habitante;

l) Custo por moradia: priorização dos setores cujas intervenções possuam menor

custo por moradia;

m) Obras de drenagem: priorização dos setores em que as intervenções incluam

obras de drenagem (segundo os elaboradores do PMRR que utilizou este critério

a priorização é dada por se tratarem de locais em que o risco está associado à

disfunção de equipamento público);

n) Custo por área: priorização para setores em que as intervenções possuam menor

custo por área;

o) Viabilidade para articulação de captação de fontes alternativas de recursos:

priorização dos setores em que as obras possuem tal viabilidade

p) Abrangência dos impactos resultantes de um provável acidente: Não há

informações no PMRR que adotou tal critério a explicação de como este foi

aplicado.

Cada município adotou um ou mais destes critérios. Salienta-se que todos os 23

municípios utilizaram o grau de risco dos setores como fator para a priorização, assim

85

como o Ministério das Cidades (2006) propõe. O segundo critério mais adotado foi o

número de moradias em risco (Figura 41).

Figura 41: Distribuição dos PMRRs pesquisados de acordo com os critérios utilizados

para a hierarquização das intervenções estruturais propostas.

100%

48%

9%13%

9%

17%

4%

17%

9% 9% 9% 9%

17%

26%

4%

13%

4% 4%

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10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Grau

de

risco

N° d

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ara captação

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ativas

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rangên

cia do

s imp

actos resu

ltantes

Critérios para hierarquização das intervenções Amostra:

23 PMRRs

86

6.19 Identificação de fontes de recursos para a implementação das

intervenções

Dos municípios pesquisados, em 16 Planos Municipais de Redução de Risco não

foram encontrados documentos sobre esta fase da elaboração. Os resultados sobre os tipos

de fontes de recurso de acordo com a esfera de governo estão apresentados na Figura 42.

A indicação das fontes de recursos é de suma importância para a implementação das

intervenções, pois a execução destas dependem em muitos casos de programas existentes

tanto na esfera federal quanto estadual ou municipal.

Figura 42: Distribuição dos PMRRs pesquisados de acordo com as fontes de recursos

citadas para a implementação das intervenções.

6.20 Intervenções não estruturais propostas

De todos os Planos pesquisados, 22 (67%) apresentaram propostas de intervenções

não estruturais. A principal atividade proposta foi a estruturação organizacional e física

das instituições relacionadas à Defesa Civil, tendo sido citadas também a criação de

Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (NUPDEC) no município e trabalhos

educativos com a população, entre outras propostas (Figura 43). Observa-se um número

muito baixo de intervenções como o controle da ocupação, legislação e capacitação de

agentes públicos.

42%

24%30%

48%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Fontes derecurso Federal

Fontes derecursoEstadual

Fontes derecurso

Municipal

Nãoapresentado

Po

rce

nta

gem

de

Pla

no

s

Fontes de recursos citadas

87

Figura 43: Distribuição de PMRRs de acordo com o tipo de intervenções não estruturais

propostas.

6.21 Forma de apresentação das intervenções não estruturais

A apresentação das intervenções não estruturais devem conter informações

suficientes para orientar basicamente a implementação destas na gestão de risco do

município. Entretanto, em grande parte dos PMRRs houve apenas a citação das

intervenções, ou uma descrição sucinta e genérica, não adequando-as às particularidades

do município em questão. Em apenas 9 dos 22 PMRRs que disponibilizaram tais

informações houve uma descrição medianamente detalhada de como seria a

implementação e as adaptações necessárias. Os resultados são apresentados na Figura 44.

Foi avaliado também quais PMRRs apresentaram os custos para a implementação

das intervenções não estruturais, chegando-se ao resultado de apenas 2 municípios.

21%

3%

24%18%

45%

9% 9%15%

24%

6% 6%

33%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

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on

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diária

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a legislação

Não

apre

sen

tado

Po

rce

nta

gem

de

Pla

no

s

Tipos de Intervenções não estruturais propostas

88

Figura 44: Distribuição dos PMRRs em relação a forma de apresentação das

intervenções não estruturais

6.22 Compatibilização com o plano diretor e/ou urbanístico do

município

O Plano Diretor é o instrumento básico do planejamento municipal para a

implantação da política de desenvolvimento urbano (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NORMAS TÉCNICAS, 1991). Sabendo-se o conjunto de orientações do Plano Diretor

devem ser adequadas para contemplar a redução de riscos aos quais a população do

mesmo está exposta entende-se que deve haver uma integração entre os resultados do

PMRR, principalmente, em relação ao mapeamento de risco e às intervenções propostas

e o Plano Diretor.

Dos PMRRs pesquisados, somente 7 citaram a compatibilização com o Plano

Urbanístico ou o Plano Diretor da cidade.

citação27%

Descrição detalhada

41%

Descrição sucinta

32%

Forma de apresentação das intervenções não estruturais Amostra:

22 PMRRs

89

Figura 45: Distribuição dos PMRRs pesquisados de acordo com a compatibilização com

o plano urbanístico ou diretor do município.

Não citado79%

Sim21%

Compatibilização com plano urbanístico ou diretor

90

7 CONCLUSÕES

As cidades brasileiras possuem conhecimentos e recursos para se melhorarem sua

gestão de risco, sendo um deles o Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR),

instituído pelo extinto Ministério das Cidades. Entretanto, para uma gestão inteligente,

faz-se necessário a avaliação desses instrumentos a fim de aprimorar os métodos

utilizados.

Este trabalho, além de fornecer informações resumidas sobre como os PMRRs são

elaborados, também indicou processos e produtos que podem ser modificados para um

melhor aproveitamento, contribuindo assim para a otimização da gestão de risco de

desastres de cidades brasileiras. As principais dificuldades para a produção desta análise

foi a reduzida amostra de PMRRs (33) e a incerteza gerada devido à falta de informações

nos documentos, o que limitou a generalização das análises dos resultados e as tendências

nas metodologias e produtos. Outra possível limitação é o fato dos PMRRs serem de anos

anteriores a 2009. Contudo, a originalidade deste trabalho o torna uma fonte de dados que

não é encontrada na literatura sobre o tema até então, e pode ser um primeiro passo para

outros estudos acerca desse importante instrumento que é o PMRR.

Analisando os dados obtidos, foi possível perceber-se que há uma grande

mobilização de verbas que são destinadas à intervenções que não possuem como

finalidade a redução de riscos (pavimentações, construções de redes de esgoto, entre

outros), além disso são propostos investimentos de grandes valores em áreas de grau de

risco baixo e médio. Mesmo possuindo pouca prioridade na hierarquização, a proposição

de intervenções nestes setores de menores graus de riscos deslocam a atenção e recursos

de locais mais suscetíveis a eventos danosos. Sugere-se, portanto, que o foco dos PMRRs

sejam mantidos nas áreas de grau de risco alto e muito alto e que haja uma priorização no

uso de verbas para implementação de intervenções que tenham grande eficácia na redução

do risco, devido principalmente à escassez de recursos para a implementação.

A carência de informações, vista em diversos PMRRs, na elaboração também

pode ser um fator contribuinte para a falha na implementação das intervenções previstas

no PMRR. Por exemplo, no momento da apresentação das intervenções estruturais é

desejável que haja, no mínimo, a presença de orçamentos, especificações técnicas e um

mapa de localização das intervenções propostas, o que facilitaria no momento da

solicitação de verbas para sua execução e no avanço das fases do projeto básico. A falta

91

destas informações levam à necessidade da elaboração de documentos e projetos

complementares que poderiam ter sido incluídos no PMRR. O mesmo ocorre para

propostas de intervenções não estruturais, sendo portanto, necessário que sejam incluídos

maiores detalhes para facilitar sua implantação, sabendo que alguns PMRRs se limitaram

somente a citação dos tipos de ações.

Outra questão que pode ser levantada é o reduzido número de propostas de

intervenções não estruturais nos PMRRs, e a falta de atuação na redução das

vulnerabilidades sociais das populações em risco. São intervenções de baixo custo e que

possuem alta eficácia, entretanto para sua elaboração necessitariam de mais profissionais

ligados às áreas humanas.

O uso de uma equipe técnica mais variada, utilizando-se não só de engenheiros e

geólogos, mas psicólogos, assistentes sociais e sociólogos, por exemplo, contribuiria para

a elaboração de um PMRR abrangente que atuaria em áreas diversas envolvidas pela

gestão urbana, como a legislativa e normativa, social, institucional e não apenas na sua

infraestrutura.

Observou-se também a falta de padronização na hierarquização das intervenções

estruturais propostas. Apesar de haverem particularidades em cada cidade e em seus

PMRRs, sugere-se que existam critérios fixos e objetivos para a priorização das

intervenções estruturais, principalmente para que se haja um melhor controle e

transparência, não havendo espaço para motivações que não sejam justas. Pode-se notar

que o grau de risco, o número de moradias em risco no setor e o custo por moradia são

três dos critérios mais utilizados pelos municípios pesquisados e que oferecem

informações suficientes para uma hierarquização eficiente e poderiam ser adotados como

critérios fixos para todos os PMRRs.

Quanto ao mapeamento de risco, como já visto anteriormente, o Ministério das

Cidades incentiva o uso do geoprocessamento o que otimizaria os resultados dos mapas

de risco elaborados, associando-o com os estudos de campo. O uso somente do método

de análises de campo pode tornar o método de mapeamento de risco pouco objetivo. Com

a tecnologia do geoprocessamento, torna-se mais fácil a utilização em conjunto de

análises de campo e integração de mapas temáticos, ou métodos estatísticos e

probabilísticos, por exemplo, o que enriqueceria as informações dispostas no mapa

elaborado e poderia ser incentivado, através de parcerias com universidades e institutos

de pesquisa, por exemplo.

92

Outros pontos a serem discutidos são as mudanças governamentais em relação à

organização dos ministérios, que será um fator importante para os municípios que

desejarem elaborar ou atualizar os PMRRs futuramente. Com o fim do Ministério das

Cidades e a diminuição dos investimentos pelo PAC (Programa de Aceleração do

Crescimento) a disponibilização de recursos para a elaboração de PMRRs deverá ser

escassa nos próximos anos, já que o Ministério do Desenvolvimento Regional irá gerir e

destinar recursos a diversas secretarias que se aglutinaram neste Ministério. Além disso,

ainda não se sabe se o Programa de Gestão de Riscos e de Desastres será revisto ou

modificado no próximo Plano Plurianual do Governo Federal. Contudo, com boas

práticas de gestão de recursos e pessoal, seria possível, mesmo com poucos recursos, a

elaboração e atualização de PMRRs.

Considera-se portanto, que como os PMRRs possuem um papel essencial na

gestão de risco dos municípios brasileiros, através das análises feitas neste trabalho pode-

se otimizar a sua elaboração, através do uso dos resultados obtidos como balizadores e

uso das demais informações como fonte de estudos para a elaboração dos produtos

necessários, sendo eles o mapa de risco, propostas e hierarquização das intervenções

estruturais, propostas de intervenções não estruturais, dentre outros. Este trabalho

contribui também na construção de um vislumbre do cenário dos municípios brasileiros

a fim de nortear novas publicações sobre gestão de risco de municípios, propondo novas

metodologias para elaboração de Planos Municipais de Redução de Risco.

93

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99

ANEXO A - Quadro de Ações e Competências dos entes federados nas Ações de

Proteção e Defesa Civil (BRASIL, 2017)

Ações/

Competências

União Estado Município

Política

Nacional de

Proteção e

Defesa Civil

Expedir normas

para

implementação e

execução

Executar em

âmbito territorial

Executar em âmbito local

Sistema

Nacional de

Proteção e

Defesa Civil

Coordenar em

articulação com os

Estados, Distrito

Federal e

Municípios

Coordenar em

articulação com a

União e Municípios

Coordenar em articulação

com a União e Estados

Plano de

Proteção e

Defesa Civil

Instituir em seu

âmbito

Instituir em seu

âmbito

Incorporar as ações de

proteção e defesa civil no

planejamento municipal

Sistema de

Informações de

Desastres

Instituir e manter;

Fornecer dados e

informações

Fornecer dados e

informações

Informar ocorrências;

Fornecer dados e

informações

Áreas de Risco Apoiar

mapeamento;

Estabelecer

segurança contra

desastres em

escolas e hospitais

situados em áreas

de risco

Identificar e

mapear;

Estabelecer

segurança contra

desastres em

escolas e hospitais

situados em áreas

de risco

Identificar e mapear;

Manter a população

informada sobre áreas de

risco;

Elaborar plano de

contingência;

Realizar simulados;

Promover a fiscalização;

Vedar novas ocupações;

Vistoriar;

Quando for o caso,

promover intervenção

preventiva e a evacuação;

100

Estabelecer segurança

contra desastres em

escolas e hospitais

situados em áreas de risco

Situações de

emergência e

estado de

calamidade

pública

Instituir e manter

sistema para

declaração;

Estabelecer

critérios e

condições;

Reconhecer

Apoiar a União,

quando solicitado,

no reconhecimento;

Declarar, quando

for o caso

Declarar; Organizar e

administrar abrigos

provisórios;

Promover a coleta, a

distribuição e o controle

de suprimentos em

situações de desastre;

Prover solução de moradia

temporária às famílias

atingidas por desastres;

Avaliar danos e prejuízos

Monitoramento

Meteorológico,

Hidrológico e

geológico

Realizar em

articulação com os

Estados, o Distrito

Federal e os

Municípios Instituir

e manter cadastro

nacional de

municípios com

áreas suscetíveis

Realizar

monitoramento em

articulação com a

União e os

Municípios

Manter a população

informada sobre a

ocorrência de eventos

extremos

Estudos e

Capacitação

Oferecer

capacitação;

Incentivar a

instalação de

centros de ensino e

pesquisa;

Promover estudos;

Fomentar pesquisa;

Apoiar comunidade

Oferecer

capacitação

Oferecer capacitação;

Mobilizar e capacitar os

radioamadores

101

docente no

desenvolvimento

de material

Cultura

nacional de

prevenção de

desastres

Desenvolver;

Estimular

comportamentos

preventivos

Desenvolver;

Estimular

comportamentos

preventivos

Desenvolver;

Estimular comportamentos

preventivos

102

ANEXO B – Imagens de estruturas de contenção aplicáveis como intervenções

estruturais em PMRRs

Figura 46: Muro de gravidade com pedras

secas (IPT apud CEPED/RS, 2016)

Figura 47: Muro de gravidade com pedra

argamassada (IPT apud CEPED/RS, 2016)

Figura 48: Muro de Gabião (IPT apud

CEPED/RS, 2016)

Figura 49: Muro de concreto armado (IPT

apud CEPED/RS, 2016)

Figura 50: Muro de gravidade com pneus

(IPT apud CEPED/RS, 2016)

Figura 51: Muro de gravidade com concreto

ciclópico (SANTANA, 2006)

103

Figura 52: Muro de solo-cimento

ensacado (SANTANA, 2006)

Figura 53: Concreto Projetado para estabilização

de blocos de rochas

(LINHARES, 2018)

Figura 54: Muro atirantado ou cortina

ancorada (IPT apu CEPED/RS, 2016)

Figura 55: Muro de solo grampeado

(BECKER, 2016)

Figura 56: Muro de solo reforçado com

face em blocos (BECKER, 2016)

Figura 57: Muro de solo reforçado com tiras

metálicas (BECKER, 2016).

104

Figura 58: Contrafortes de concreto

armado (LINHARES, 2018)

Figura 59: Telas de proteção e barreira de

impacto (IPT apud CEPED/RS, 2016)