PLANTAR coleç oã - infoteca.cnptia.embrapa.br · 3 Autores Aderson Soares de Andrade Júnior...

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PLANTAR Melancia coleç o ã edição revista e ampliada

Transcript of PLANTAR coleç oã - infoteca.cnptia.embrapa.br · 3 Autores Aderson Soares de Andrade Júnior...

PLANTARMelancia

coleç oã

ediçãorevista e

ampliada

Embrapa Informação TecnológicaBrasília, DF

2007

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Meio-NorteMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

2a ediçãorevista e ampliada

A CULTURA DA MELANCIA

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© Embrapa 2007

Coleção Plantar, 57

Produção editorial: Embrapa Informação Tecnológica

Coordenação editorial: Fernando do Amaral PereiraMayara Rosa CarneiroLucilene M. de Andrade

Revisão de texto: Francimary de M. e SilvaFicha catalográfica: Celina Tomaz de CarvalhoEditoração eletrônica: José Batista DantasArte final da capa: José Batista DantasIlustração da capa: Álvaro Evandro X. Nunes

1a edição1a impressão (1998): 5.000 exemplares2a impressão (2002): 1.000 exemplares3a impressão (2004): 1.000 exemplares

2a edição1a impressão (2007): 1.000 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou

em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n° 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica

A cultura da melancia/ Embrapa Meio-Norte – 2. ed. rev. amp.– Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 2007.

85 p. : il. – (Coleção Plantar, 57).

ISBN 978-85-7383-407-91. Adubação. 2. Calagem. 3. Colheita. 4. Doença.

5. Plantio. 6. Variedade. I. Embrapa Meio-Norte. II. Coleção.

CDD 635.615

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Autores

Aderson Soares de Andrade JúniorEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Irrigação e Drenagem,pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI,[email protected]

Braz Henrique Nunes RodriguesEngenheiro agrícola, M.Sc. em Irrigação e Drenagem,pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI,[email protected]

Cândido Athayde SobrinhoEngenheiro agrônomo, M.Sc. em Fitopatologia, pesquisadorda Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI,[email protected]

Edson Alves BastosEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Irrigação e Drenagem,pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI,[email protected]

Francisco de Brito MeloEngenheiro agrônomo, M.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas,pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI,[email protected]

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Milton José CardosoEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Fitotecnia, pesquisador daEmbrapa Meio-Norte, Teresina, PI,[email protected]

Paulo Henrique Soares da SilvaEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Entomologia, pesquisadorda Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI,[email protected]

Rosa Lúcia Rocha DuarteEngenheira agrônoma, M.Sc. em Hortaliças, pesquisadora daEmbrapa Meio-Norte, Teresina, PI,[email protected]

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Apresentação

O agronegócio brasileiro é carente de informa-ções direcionadas ao pequeno produtor. O objetivoda Coleção Plantar é preencher essa lacuna cominformações oportunas e precisas sobre como produzirhortaliças, frutas e grãos numa área do sítio ou da fazenda,ou até mesmo num quintal.

Elaborado em linguagem conceitual simples edireta, o texto de cada título é dirigido ao produtorfamiliar, na certeza de que essas informações vãocontribuir para a geração de mais alimentos, renda eemprego para os brasileiros, permitindo, assim, que aagricultura familiar incorpore-se ao agronegócio.

No momento em que o agronegócio conquistao mercado internacional, a Embrapa InformaçãoTecnológica reafirma a importância desta coleçãodidática como referência para o produtor familiarproduzir com segurança, qualidade e eficiência.

Fernando do Amaral PereiraGerente-Geral

Embrapa Informação Tecnológica

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Sumário

Introdução ................................................ 9

Clima ....................................................... 12

Solo......................................................... 16

Calagem e Adubação .............................. 17

Cultivares ................................................ 24

Plantio ..................................................... 33

Tratos Culturais ...................................... 37

Doenças .................................................. 49

Pragas ..................................................... 63

Colheita ................................................... 81

Coeficientes Técnicos ............................ 83

Referências Recomendadas ................... 85

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9

Introdução

A melancia (Citrullus lanatus Thumb.Mansf.) é uma planta originária das regiõestropicais da África Equatorial. Atualmente,no Brasil, é considerada uma das maisimportantes olerícolas produzidas e comer-cializadas, sendo superada, apenas, pelasculturas de tomate, batata e cebola. Segundodados do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), relativos ao período de1990–2004, a produção média nacional foide 571.581 t, em uma área média cultivadade 75.795 ha, apresentando rendimentomédio de frutos de 7.541 kg/ha (IBGE,2006). Os maiores produtores foram osestados do Rio Grande do Sul (132.810 t),Bahia (75.949 t), São Paulo (68.330 t) eGoiás (54.194 t), que totalizaram 58% dosfrutos produzidos no País (Tabela 1).

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A melancia é consumida in natura,sendo um alimento refrescante, depurativo eligeiramente laxante, cuja composiçãonutritiva encontra-se na Tabela 2.

Tabela 1. Médias de área colhida, produção e rendi-mento de frutos nas principais regiões e estadosprodutores de melancia no Brasil (1990–2004).

Fonte: IBGE (2006).

Regiões/estados

NordestePiauíCearáParaíbaPernambucoSergipeBahiaS u lParanáSanta CatarinaRio Grande do SulSudesteMinas GeraisEspírito SantoRio de JaneiroSão PauloCentro-OesteMato Grosso do SulMato GrossoGoiásBrasi l

Área colhida(ha)

29.7183.397

535363

3.582461

11.66021.652

2.2912.406

16.9558.7551.109

118145

7.4317.484

650989

5.83875.795

Produção(t)

172.18115.015

3.0912.103

30.8094.415

75.949179.123

29.22417.090

132.81078.448

8.952709739

68.33070.322

7.2828.744

54.194571.581

Rendimento(kg/ha)

5.7944.4205.7785.7938.6019.5776.5148.273

12.7567.1037.8338.9608.0726.0085.0979.1959.396

11.2038.8419.2837.541

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A melancia é cultivada, praticamente,em todo o País, tanto em condições desequeiro como em regime irrigado. O sistemade cultivo sob irrigação vem crescendo,sobretudo, na Região Nordeste, que apre-senta boas condições de solo, clima e águapara a exploração racional dessa cucurbitáceadurante quase todo o ano. O cultivo irrigadopermite ao produtor ofertar frutos de melhorqualidade, no momento em que o preço émais atrativo no mercado consumidor.

Tabela 2. Composição nutritiva da melancia em 100 gde polpa.

Fonte: EPAGRI (1996).

Composição

ÁguaProteínasÓleosCarboidratosFibrasCálcioFósforoFerro

Conteúdo

92,6 %0,5 g0,2 g6,4 g0,3 g

7,0 mg10,0 mg 0,5 mg

Composição

SódioPotássioVitamina ARiboflavinaTiaminaNiacinaAc. ascórbicoEnergia

Conteúdo

1,0 mg100,0 mg 590 UI 0,03 mg 0,03 mg 0,2 mg 7,0 mg 26,0 cal

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Em determinadas regiões do País, acultura ainda apresenta baixa produtividade,em razão da não adoção, pela maioria dosprodutores, das tecnologias disponíveis.

Esta publicação aborda os aspectostécnicos gerais do cultivo da melancia,devendo, portanto, sofrer ajustes em funçãodas particularidades nas condições edafo-climáticas das diversas regiões produtorasno Brasil.

Clima

A melancieira é uma planta de climatropical, não tolerando fatores climáticosadversos, como geada e granizo. Os prin-cipais fatores climáticos que afetam ocrescimento e a produção são temperatura,fotoperíodo (comprimento do período deluz solar), umidade relativa do ar e ventos.

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A temperatura do solo exerce influênciadireta sobre a germinação, ao passo que atemperatura do ar afeta o desenvolvimentovegetativo, a abertura de flores e o sabordos frutos. A melancieira desenvolve-semelhor na faixa de temperatura entre 25ºC e30ºC. Nessa faixa, a germinação ocorre maisrapidamente, o vigor vegetativo é maior,possibilitando ainda o aumento do númerode flores femininas por planta. Isso éimportante porque são as flores femininasque formarão as melancias e quanto maiorseu número, maior a chance de se obter maisfrutos. As flores femininas são aquelas que,ao serem formadas, se parecem com umamelancia em miniatura, enquanto as masculi-nas são extremamente finas e aparece sempreem maior número.

Temperaturas excessivamente elevadas(acima de 40ºC), bem como as baixas

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temperaturas, afetam o funcionamento dosórgãos internos da planta, paralisando ocrescimento, a formação das flores, favore-cendo a formação de frutos pequenos edeformados, com conseqüente queda naprodução. Na fase de maturação dos frutos,temperaturas mais altas e baixa umidaderelativa do ar possibilitam produção de frutosmais doces.

Quanto ao fotoperíodo, a melanciaexige dias longos e com boa luminosidade.Alta umidade relativa do ar favorece maiorincidência de doenças e compromete aqualidade dos frutos.

A ocorrência freqüente de ventosfortes, provocando agitação brusca dasramas, pode causar danos mecânicos àsplantas. Além disso, o atrito das partículassólidas, que são arrastadas pelo vento, contrafolhas e hastes, provoca microlesões em sua

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superfície, favorecendo o estabelecimentode fungos e bactérias. Por isso, em regiõessujeitas a ventos excessivos, é aconselhávelque o preparo do solo não seja muito inten-so, deixando-se alguns torrões onde asgavinhas das ramas possam se fixar melhor.

No cultivo de sequeiro, o ideal é queas precipitações pluviométricas sejam distri-buídas de maneira uniforme ao longo dociclo da melancieira. A ocorrência de verani-cos, principalmente durante a fase de flores-cimento e frutificação, compromete seria-mente a produção. Todavia, o excesso deprecipitação prejudica a polinização, uma vezque os pingos fortes das chuvas sobre asflores provocam sua queda, além de dificultara liberação e transporte de pólen pelosinsetos. A qualidade dos frutos também éafetada, porque em função do excesso deágua ocorre uma redução no conteúdo deaçúcares, deixando os frutos sem sabor.

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A análise dos elementos climáticos,principalmente temperatura e umidade relativado ar, indicam que a Região Nordeste é aque apresenta as melhores condições climá-ticas para o cultivo da melancia durante oano inteiro, em comparação com as regiõesSul, Sudeste e Centro-Oeste, onde o cultivoé recomendado apenas durante a primavera.

Solo

Tipos de solo – Apesar de possuirbaixa capacidade de retenção e armazena-mento de água e nutrientes, os solos detextura leve são os mais indicados para ocultivo da melancia. Independentemente datextura, é importante que os solos apresentemboa drenagem, sejam profundos e semcamadas de compactação, a fim de permitirque o sistema radicular se desenvolva ade-quadamente.

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Preparo do solo – Faz-se uma araçãoprofunda e gradagem leve, sem pulverizarem demasia o solo. Em áreas com camadade solo compactada, é importante fazer umasubsolagem antes da aração. Essas ope-rações devem ser realizadas cerca de um adois meses antes da semeadura, incor-porando-se o calcário dolomítico, quandonecessário. Após a gradagem, realiza-se ademarcação da área para a abertura dascovas.

Calagem e Adubação

A melancia é considerada uma cul-tura relativamente tolerante à acidez dosolo, quando comparada com as demaiscucurbitáceas. O pH mais adequado à culturafica entre 5,0 e 7,0. Em solos mais ácidos, autilização da calagem é essencial para

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promover a neutralização do alumíniotrocável, que é um elemento tóxico àsplantas, e aumentar a disponibilidade defósforo, cálcio, magnésio e molibdênio.Mesmo em solos com pH na faixa de 5,0 a6,0, às vezes é importante a aplicação decalcário, uma vez que a cultura é exigenteem cálcio, cuja deficiência causa nos frutosa podridão-apical ou estilar, popularmenteconhecida como fundo-preto. Entretanto, aquantidade de calcário e de adubo a seraplicada deve basear-se nos resultados daanálise do solo, que determina os teores dosprincipais nutrientes exigidos pelas plantas,bem como de alguns que são tóxicos (alu-mínio e sódio, por exemplo). Para isso, faz-se necessária a coleta de amostras de solo,no campo, de forma que represente a áreaque será cultivada.

O processo de coleta obedece a umatécnica de amostragem, e o resultado dela é

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a amostra de solo que será enviada para olaboratório. A amostragem consta da coleta,em diversos pontos da área a ser cultivada,de pequenas porções de solo (meio quilo,aproximadamente) a uma profundidade de20 cm. A área deve ser percorrida em zigue-zague (Fig. 1) e se ela for bem uniforme,

Fig.1.Caminhamento emzigue-zague epontos de coletade amostras.

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deve-se coletar um total de 20 subamostraspor hectare. Essas pequenas porções(subamostras) devem ser misturadas em umbalde de plástico, limpo, e após completahomogeneização, deve ser retirada umaamostra composta de aproximadamente1 kg, que deverá ser colocada em saco deplástico, limpo, devidamente etiquetado comnome da propriedade, do proprietário, núme-ro da amostra, data da coleta e municípioonde foi feita a amostragem.

Baseando-se nos resultados da análisedo solo, a aplicação de calcário, se houvernecessidade, deve ser feita com antecedênciamínima de 30 dias do plantio. Aplica-semetade do calcário a lanço antes da araçãoe a outra metade, antes da gradagem. Issopermite melhor uniformidade de incorporaçãodo calcário no perfil do solo. Deve-se lembrarque a reação do calcário no solo, neutra-lizando sua acidez, somente se processa na

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presença de umidade, sendo tanto mais lentaquanto menor seu poder relativo de neutra-lização total (PRNT).

Não sendo possível a análise do solo,recomenda-se como adubação mineral paraa cultura da melancia 100 kg/ha de N(nitrogênio), 120 kg/ha de P

2O

5 (fósforo) e

120 kg/ha de K2O (potássio). Em termos de

adubo por cova, isso representa as seguintesquantidades: sulfato de amônio: 300 g;superfosfato triplo: 160 g; cloreto depotássio: 120 g. Em solos mais arenosos epobres em matéria orgânica, devem serutilizadas maiores quantidades de nitrogênioe potássio. As quantidades totais desses doisnutrientes devem ser parceladas em trêsaplicações, sendo a primeira no plantio e asoutras duas, em cobertura, aos 25 e 40 diasapós a germinação. Ao preparar a cova, ofósforo deve ser misturado à terra que será

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colocada no fundo. Quando aplicado nasuperfície da área de plantio, a lanço ou pormeio de distribuidora de fertilizantes, ofósforo precisa ser incorporado a umaprofundidade de 30 cm, pelo menos, onde aumidade (água) facilita sua absorção pelasraízes. Essas medidas são importantes,porque o fósforo apresenta baixa mobilidadeno solo, isto é, permanece no local onde foicolocado. Se deixado na superfície, não seráaproveitado pelas raízes e o prejuízo serámaior: perde-se o fósforo, que custa caro, ea produção de frutos será menor e de baixaqualidade, pois o fósforo é importante paraque as plantas produzam frutos de boaqualidade.

A adubação nitrogenada, em cobertura,pode ser feita com uréia ou com sulfato deamônio. A uréia volatiliza-se facilmente naforma de gás de amônia (NH

3), perdendo-

se no ar, ou movimenta-se para baixo, no

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solo, na forma de nitrato (NO3). Por isso,

recomenda-se sua aplicação em solo úmido,que permite sua absorção e aprofundamentono solo na forma de nitrato, sem perda porvolatilização. O sulfato de amônio é poucovolátil, mas também deve ser aplicado emsolo úmido para ser arrastado para as cama-das mais profundas pela água. O potássionão apresenta problemas de volatilidade,mas deve, igualmente, ser aplicado em soloúmido.

Recomenda-se usar as combinaçõessulfato de amônio e superfosfato triplo ouuréia e superfosfato simples, para garantir osuprimento de enxofre às plantas, e, comofonte de potássio, o cloreto de potássio.

O adubo orgânico também deve sercolocado na cova, principalmente em solosmais arenosos e pobres em matéria orgânica,na quantidade de 5 kg a 10 kg/cova de esterco

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de curral curtido ou 1 kg a 2 kg/cova deesterco de galinha, ou outra fonte facilmentedisponível.

Os micronutrientes essenciais às plantassão: boro, cobre, ferro, manganês, molibdê-nio e zinco. Apresentam importância nosprocessos de crescimento, síntese e translo-cação de açúcares na planta, possibilitandomaiores produtividades e frutos de melhorqualidade. Deve-se aplicar, principalmente emsolos arenosos, de 15 a 20 kg/ha de FTEBR-12 e de 10 a 15 kg/ha de sulfato de zinco,por ocasião da adubação de plantio, o querepresenta, por cova, aproximadamente,10 g de FTE BR-12 e 12 g de sulfato de zinco.

Cultivares

De um modo geral, as cultivares maisplantadas no Brasil são de origem japonesa

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e americana que se adaptaram bem às condi-ções edafoclimáticas do País. Na escolhada cultivar para o plantio, deve-se levar emconta o tipo de fruto preferido pelo mercadoconsumidor, sua resistência ao transporte, aadaptação da cultivar à região e à tolerânciaàs doenças e aos distúrbios fisiológicos.

Cultivares de origem japonesa:plantas que produzem frutos redondos,destacando-se, nesse grupo, a OmaruYamato.

Cultivares de origem americana:plantas que produzem frutos cilíndricos eredondos. Destacam-se, principalmente, aCharleston Gray, Fairfax e Crimson Sweet,além da Pérola e Congo. As duas últimasapresentam menor aceitação no mercado.

Omaru Yamato – Começou a sercultivada a partir de 1950. Apresenta frutos

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de formato quase esférico, com 25 cm a40 cm de diâmetro, peso médio entre 8 kg e10 kg, coloração externa verde-clara comriscas finas verde-escuras, polpa decoloração vermelho-intensa, muito rígida.Possui, em média, 600 sementes por fruto.Apresenta suscetibilidade à antracnose e àmurcha de Fusarium. Os frutos apresentamboa resistência ao transporte (Fig.2).

Fig. 2. Cultivar Omaru Yamato.

Fot

o: I

SL

A

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Charleston Gray – Apresenta frutosde formato cilíndrico com extremidades arre-dondadas, com 41 cm a 56 cm de compri-mento, 23 cm a 28 cm de diâmetro e pesomédio de 9 kg a 15 kg. Externamente, possuicoloração verde-clara, com listas finas verde-escuras, polpa vermelho-rosa, espessa etenra. Possui, em média, 450 sementes porfruto. Apresenta resistência à antracnose, à

Fot

o: I

SL

Amurcha de Fusarium,à broca das cucurbi-táceas e ao transporte.É, porém, suscetível àpodridão-estilar, dis-túrbio fisiológico co-nhecido como fundo-preto, e às viroses.Muito plantada noNordeste, principal-mente em Pernambuco(Fig. 3).

Fig. 3. Cultivar CharlestonGray.

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Fairfax – O aspecto da planta, a colo-ração e o tamanho dos frutos é semelhanteà Charleston Gray, porém, de extremidadesmais afiladas. A coloração externa é rajadacom largas faixas longitudinais irregulares,de coloração verde-escura, alternadas comfaixas verde-claras. A polpa é vermelha,possui sementes grandes e casca mais es-pessa que a Charleston Gray. Apresentaresistência à antracnose e à murcha de Fusa-rium. É suscetível à podridão-apical (Fig. 4).

Fig. 4. CultivarFairfax.

Fot

o: I

SL

A

29

Crimson Sweet – Atualmente é umadas cultivares mais plantadas no Brasil, doNordeste ao Sul do País. Apresenta frutosgrandes, redondos, com peso médio entre11 kg e 14 kg e boa resistência ao transporte,em função da firmeza da casca. Apresentacasca rajada, com largas faixas longitudinaisverde-escuras e verde-claras alternadas.Destaca-se pela excelente qualidade da polpa,de sabor muito doce. Apresenta resistênciaà antracnose, à murcha de Fusarium e baixaincidência de podridão-apical (Fig. 5).

Fig. 5. CultivarCrimson Sweet.

Fot

o: I

SL

A

30

Atualmente, estão sendo lançadas, nomercado, sementes híbridas de melanciatriplóide e diplóide normal.

Os frutos híbridos triplóides não apre-sentam sementes ou, quando aparecem, sãorudimentares. Têm polpa mais rígida,embora com menor espessura de casca,sendo os açúcares distribuídos por todo ofruto de forma regular.

Os híbridos diplóides têm maturaçãouniforme, são precoces, de polpa doce, comexcelente sabor, crocante e de excelente colo-ração. Apresentam maior resistência às pragase doenças. O uso de sementes híbridas tri-plóides e/ou diplóides implica em dependên-cia direta do produtor em relação às empre-sas fornecedoras de sementes, cujo preço éelevado. Dentre os híbridos, destacam-se:

Tiffani – Planta de crescimento vigoro-so, frutificação uniforme e tolerante ao

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estresse hídrico. Frutos com peso médio de6 kg a 12 kg, casca de coloração brilhante, comestrias verde-escuras sobre um fundo verde-médio. Fruto de formato redondo, casca es-pessa e resistente ao transporte. Polpa de colo-ração vermelho-intensa e muito doce. Grandecapacidade de conservação pós-colheita.

Jetstream – Planta de crescimentovigoroso, tolerante ao estresse hídrico e fruti-ficação uniforme. Frutos grandes com pesomédio de 13 kg a 14 kg, redondos, listradoscom maior contraste entre as estrias verde-escuro e o fundo verde-claro, bastante unifor-mes e com poucas sementes. Polpa de colo-ração vermelha, bastante atraente, texturacrocante, excelente sabor, com ele-vado con-teúdo de açúcar. Casca espessa, conferindoao fruto excelente resistência ao transporte.

Mirage – Planta de alto potencialprodutivo e crescimento vigoroso. Frutos

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de formato cilíndrico, com listras verde-escuro, com peso médio de 16 kg a 17 kg,polpa de excelente sabor, de cor vermelhointenso, crocante e doce. Possui cascaresistente e elevada resistência ao transporte.

Starbrite – Planta resistente à murchade Fusarium e à antracnose. Frutos deformato cilíndrico, com extremidadesquadradas (não despontadas), rendendomais fatias por fruto. Polpa de coloração ver-melha e uniforme, de refinada textura e muitodoce. Casca de coloração verde brilhante,com estrias verde-escuro sobre fundo verde-claro. Muito resistente ao transporte.

Madera – Planta de ramas muitovigorosas. Apresenta resistência à murcha deFusarium e à antracnose. Frutos com pesomédio entre 13 kg e 14 kg. Possuem ótimosabor, alto teor de açúcar e boa resistênciaao transporte.

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Plantio

O método mais utilizado é o plantiodireto na cova ou no sulco. As dimensõesda cova podem ser de 30 cm x 30 cm x30 cm, o que possibilita boa incorporaçãoda adubação orgânica e química. Na aberturadas covas é importante separar a terra dosprimeiros 15 cm, misturar o esterco e osadubos químicos, na quantidade indicada.Após efetuar a mistura, coloca-se estematerial no fundo da cova e, sobre este, aparte retirada originalmente do fundo, atécompletar o enchimento das covas,promovendo assim, uma inversão nascamadas (Fig. 6). Feito isso, semeiam-se detrês a quatro sementes, distanciadas entre si,no centro da cova, a uma profundidade de 2cm a 3 cm. No plantio em sulcos, maisutilizado quando se emprega a irrigaçãopor gotejamento, a adubação orgânica é

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Fig

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dispensada, sendo a adubação química defundação distribuída por metro linear desulco, conforme recomendação do boletimde análise de solo. Nesse caso, as adubaçõesde coberturas deverão seguir as orientaçõesdescritas no item relacionado aos tratosculturais – fertirrigação.

O espaçamento das covas e do plantioem sulco é feito em função do comprimentodas ramas da cultivar a ser utilizada, e exerceinfluência no número de frutos por planta eno peso dos frutos. A utilização de espaça-mentos maiores tende a favorecer maior pesodos frutos e um menor número de frutospor planta. Efeito contrário é observado emespaçamentos menores.

Cultivares como Charleston Gray eFairfax, que possuem ramas maiores, exigemespaçamento de 2 m a 3 m entre fileiras por1,5 m a 2 m entre covas. As cultivaresjaponesas, de ramas menores e de menor

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desenvolvimento vegetativo, podem serplantadas em espaçamento de 2 m x 1,5 m.Um grama de sementes dessas cultivarescontém de 20 a 24 semen-tes, o que significa800 g de sementes para o plantio de 1 ha. Oplantio das cultivares americanas, com 10 a15 sementes por grama, requer 1 kg desementes por hectare.

Todo esforço deve ser feito para evitarcovas falhadas. Haverá despesas para abrire adubar as covas. Por isso, logo após a ger-minação, é preciso fazer uma inspeção nocampo, a fim de verificar a quantidade de covasfalhadas e fazer o replantio. Este deve serfeito com mudas produzidas em copinhos oubandejas de isopor, com a mesma idade dasplantas que germinaram nas covas, a fim deproporcionar melhor uniformidade da cultura.

A produção de mudas em copinhos oubandeja de isopor é recomendada, também,

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quando se utilizam cultivares híbridos, devi-do ao alto custo das sementes.

Tratos Culturais

Os tratos culturais da melancia consis-tem na realização das seguintes práticas:desbaste de plantas, controle de ervasdaninhas, condução das ramas, irrigação,fertirrigação e rotação de culturas.

Desbaste de plantas – O objetivo éeliminar o excesso de plantas na cova,obtendo-se, dessa forma, uma populaçãoideal na área de cultivo. O excesso de plantasocorre quando há uma adequada germinaçãodas sementes utilizadas por ocasião doplantio. Deve ser feito quando as plantasapresentarem de 3 a 4 folhas definitivas,eliminando-se as mais fracas e deixando duasplantas por cova. Recomenda-se o corte das

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plantas ao invés do arranquio para que osistema radicular das plantas que per-manecem na cova não seja danificado.Aproveita-se essa ocasião para fazer o con-trole manual das ervas daninhas e o replantiodas covas, onde as sementes não germinaramadequadamente.

Controle de ervas daninhas – Con-siste em manter a cultura livre de plantasinvasoras, que competem por água, luz enutrientes, reduzindo a produtividade defrutos. Deve ser realizada com bastantecuidado para evitar danos ao sistemaradicular superficial e às ramas. Essa práticadeve ser evitada quando as plantas estiverembem desenvolvidas, pois a melancieira émuito prejudicada pela movimentaçãoexcessiva de suas ramas. O controle químicoé pouco utilizado em razão da falta deprodutos registrados para a cultura.

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Condução das ramas – É realizadacom o objetivo de deixar carreadores para amovimentação de pessoas, máquinas eequipamentos, sem danificá-las. Para tanto,as ramas devem ser conduzidas para forado carreador. Essa operação facilita ascapinas, pulverizações, adubação decobertura e colheita. No entanto, recomenda-se não efetuá-la após o início da floração efrutificação.

Desbaste de frutos – É feito quandoos frutos atingem cerca de 10 cm dediâmetro, deixando-se de 2 a 3 frutos porplanta ou de 4 a 6 frutos por cova. O objetivodessa prática é melhorar a qualidade dosfrutos, aumentando o peso médio e aporcentagem de frutos comercializáveis. Porisso, é recomendável que o produtor atentepara o peso do fruto preferencial do mercadoconsumidor. É uma prática que requer

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intensa mão-de-obra. É, porém, de fácilexecução tanto em pequenas como emgrandes áreas de produção desde que, nestasúltimas, o produtor adote o cultivo escalo-nado. Eliminam-se, de preferência, os frutosdeformados, defeituosos, com anomaliasfisiológicas e os tardios. Recomenda-se,ainda, a retirada da área de produção detodos os frutos eliminados.

Irrigação – Indispensável para aobtenção de elevada produtividade de frutos.É prática vantajosa que assegura, de um lado,a obtenção de frutos de melhor qualidadeem qualquer época do ano e, de outro, aoferta de frutos no momento em que o preçode mercado é mais atrativo.

A exigência de água varia de 3 a 4milhões de litros/hectare durante o ciclo dacultura. Isso representa, em média, aproxi-madamente, 15 a 20 litros/planta/dia. A

41

melancia apresenta um consumo de águadiferenciado ao longo de seu ciclo, sendoque a exigência aumenta do início da ramifi-cação até a frutificação, quando a ocorrênciade deficiência hídrica atrasa o crescimentoda planta e diminui o tamanho dos frutos. Afase crítica vai da frutificação até o início damaturação, quando a produção é altamenteafetada pelo déficit hídrico. Do início damaturação até a colheita, a exigência de águareduz-se sensivelmente, sendo necessário,inclusive, que a disponibilidade de água nosolo seja pequena, aproximadamente, 8–10litros/planta/dia, para que os frutos atinjamo máximo teor de sólidos solúveis (açúcarestotais). O excesso de água pode provocarrachaduras na casca dos frutos e reduçãodo teor de açúcares, tornando os frutos insí-pidos (aguados).

O método de irrigação a ser utilizadodepende das condições do solo, clima,

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topografia, suprimento hídrico disponível enível tecnológico do produtor. Tradicional-mente, têm-se utilizado os métodos de irriga-ção por sulcos e por aspersão. No Nordestebrasileiro, atualmente, vêm crescendo bas-tante as áreas irrigadas por gotejamento.A irrigação por sulcos reduz a ocorrênciade doenças foliares, a podridão dos frutos ea infestação de plantas daninhas nas entre-linhas da cultura. No entanto, apresenta baixaeficiência de irrigação (40% a 60%) e requercondições específicas de solo (solos detextura franca e argilosa) e topografia plana.A eficiência de irrigação representa aporcentagem de água que é disponibilizadapara a planta em relação ao total aplicado.

A irrigação por aspersão apresentamelhor eficiência (70%) quando comparadaà irrigação por sulcos, maior facilidade demanejo no campo, aplica-se bem a váriostipos de solos e topografia do terreno.

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Entretanto, apresenta como desvantagens ummaior custo inicial de investimento em equipa-mentos e favorece o ataque de doençasfoliares e de plantas daninhas na área decultivo.

A irrigação por gotejamento apresentamaior eficiência (superior a 90 %) quandocomparada com os outros métodos, semfavorecer o ataque de doenças foliares, redu-zindo bastante a infestação de plantas dani-nhas e possibilitando a obtenção de frutosde melhor qualidade. Apresenta como des-vantagem, em relação à aspersão e à irrigaçãopor sulcos, o elevado custo inicial de inves-timento.

Ressalta-se, ainda, que nos métodos deirrigação por aspersão e gotejamento, há apossibilidade de se fazer a fertirrigação(aplicação de fertilizantes via água de irriga-ção) nitrogenada e potássica, possibilitando

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redução dos custos com mão-de-obra paraaplicação desses nutrientes.

Em qualquer dos métodos adotados,o manejo da irrigação (quando e quantoirrigar) poderá ser efetuado com a utilizaçãode instrumentos simples como os tensiôme-tros, que expressam de forma indireta aquantidade atual de água no solo; os tanquesevaporimétricos como o tanque “Classe A”,cujas medições relacionadas com as carac-terísticas de crescimento das plantaspossibilitam a determinação da demanda deevapotranspiração da cultura, permitindo ocálculo da lâmina de irrigação a ser aplicada,além de outros equipamentos mais sofis-ticados, cuja utilização e precisão de suasinformações dependem do grau de eficiênciaexigido no controle das irrigações.

Baseado em curvas de produtividadecomercial e de eficiência de uso da água,

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considerando a expectativa de produtividadesuperior a 60 t ha-1 em solos arenosos, aEmbrapa Meio-Norte, com base emtrabalhos desenvolvidos nos TabuleirosCosteiros do Piauí, recomenda a aplicaçãode lâminas de irrigação diferenciadas, combase na evaporação do tanque Classe A(ECA), aliado a boas práticas de manejo dacultura, a saber: do plantio a floração – 0,40ECA; da floração a frutificação – 0,60 ECAe da maturação até a colheita – 0,40 ECA.

Nessas mesmas condições, usandoesse manejo de água, o método de irrigaçãopor gotejamento e a cultivar Crimson Sweet,foi possível obter, em área experimental,produtividades de 65 t ha-1 de frutoscomercializáveis (frutos com peso igual ousuperior a 6 kg) e de excelente qualidade(conteúdo de açúcares de 10% a 12%).

Fertirrigação – Prática que permite aaplicação de fertilizantes, principalmente,

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nitrogênio e potássio, via água de irrigação.É recomendada para os produtores queutilizam o método de irrigação porgotejamento, possibilitando a redução doscustos com mão-de-obra para aplicaçãodesses nutrientes. Nesses casos, o produtordeve fazer unicamente a adubação defundação na forma tradicional (via solo) e asadubações de cobertura, conforme recomen-dadas no capítulo Calagem e Adubação,serão substituídas pelo uso da fertirrigação.A injeção dos fertilizantes na água deirrigação pode ser efetuada usando-sediferentes métodos e equipamentos. Dentreos mais comuns, destacam-se os injetorestipo Venturi e as bombas hidráulicas.

Pesquisas conduzidas pela EmbrapaMeio-Norte, em condições de solos areno-sos, utilizando a cultivar Crimson Sweet,indicaram que os melhores rendimentos defrutos ( 60 t/ha) foram obtidos com a

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aplicação de 100 kg/ha de nitrogênio (uréia)e de 90 kg/ha de potássio (cloreto depotássio), com uma freqüência de aplicaçãoa cada 2 dias, obedecendo à curva decrescimento da cultura. Em termos práticos,recomenda-se usar as doses de uréia e decloreto de potássio indicadas na Tabela 3.

DAE

2468

10121416182022242628

Uréia (kg)

2,22,22,22,22,22,25,15,15,1

10,910,910,911,711,7

KCl (kg)

0,80,80,80,80,80,82,52,52,54,04,04,04,84,8

DAE

30323436384042444648505254

KCl (kg)

4,84,84,86,86,86,86,8

11,511,511,512,512,512,5

DAE – dias após a emergência. Quantidades de uréia e KCl recomendadaspara fertirrigação de 1 ha de melancia sob gotejamento.

Uréia (kg)

11,711,711,716,316,316,316,3

7,27,27,23,63,63,6

Tabela 3. Esquema de aplicação de uréia e cloreto depotássio (KCl) para a cultura da melancia em cultivosob fertirrigação.

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O manejo da fertirrigação é feito divi-dindo-se o tempo de irrigação em quatropartes iguais. No primeiro quarto, é aplicadoapenas água, para o umedecimento inicial dosolo. Nos dois quartos seguintes, é efetuadoa aplicação dos fertilizantes (N e K

2O) via

água de irrigação. No último quarto, aplica-se, novamente, apenas água, para a adequadadistribuição dos fertilizantes no perfil do soloe a lavagem do sistema de irrigação.

Sugere-se que o produtor busque orien-tação técnica de um agrônomo para a ade-quada utilização da técnica da fertirrigação,visando à escolha do método e o dimensio-namento hidráulico do sistema de injeção dosfertilizantes, manejo e cálculos das doses edo volume de solução, quando se utilizaoutra fonte de nitrogênio e de potássio.O cálculo do volume de solução (água maisfertilizante) a ser aplicado em cada fase dedesenvolvimento da cultura é muito impor-

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tante para que sejam mantidos os níveisadequados dos nutrientes na solução dosolo, evitando assim problemas de saliniza-ção do solo e injúrias às plantas.

Doenças

A melancieira pode ser atacada princi-palmente por fungos, vírus, bactérias enematóides. A intensidade dos danos e osprejuízos variam com as condições decultivo e de clima. As principais doenças eseu controle são:

Tombamento ou damping-off –Doença causada pelos fungos Fusarium,Pythium, Phytophthora ou Rhyzoctonia,caracteriza-se, geralmente, por pequena lesãosituada na região do colo das plantinhasnovas (zona intermediária entre as raízes e ocaule da planta), que induz o tombamento e

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morte da planta, logo após a germinação.A doença é favorecida pelo excesso de águana cova de plantio (Pythium e Phytophthora)e também pela semeadura em solos con-taminados. Preventivamente, o controle é feitopor meio do manejo correto do solo, evitan-do encharcamento, plantios repetidos commelancia na mesma área e fazendo adubaçãoequilibrada. Em ataques intensos, o controlecurativo deve ser feito com fungicidas.

Antracnose – Doença causada pelofungo Colletotrichum lagenarium, que atacafolhas e frutos. Nas folhas, aparecem peque-nas manchas angulares que mais tardetornam-se arredondadas (Fig.7). No início,as lesões apresentam coloração castanho-clara, tornando-se pretas, mais tarde. Como tempo, elas se juntam provocando“queima” generalizada e até a quedaprematura das folhas atacadas. Nos frutos,a doença pode provocar má-formação ou

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queda. Nas melancias grandes, provocaapodrecimento das partes atacadas, quecomeça como manchas circulares ouovaladas, profundas, com bordos elevadose coloração pardo-escura. Em tempo úmido,a parte de cima das lesões fica coberta poruma lanugem branca. Os frutos atacadosficam imprestáveis para a comercialização.O controle é feito preventivamente com ouso de sementes certificadas, tratamento dassementes e escolha do momento de plantioque não deve ser nem muito quente nem

Fig. 7. Antracnose nas folhas.

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muito úmido. Quando sob ataques muitoseveros e não muito próximo da colheita,pode-se recorrer a fungicidas, que controlama doença de forma eficaz.

Oídio – Doença causada pelo fungoErysiphe cichoracearum, ocorre severa-mente nas condições de clima seco e baixatemperatura. A doença é facilmente reconhe-cida por apresentar sobre as folhas e ramosum mofo branco tipo “pó de giz” (Fig.8). Ocontrole é feito plantando a melancia em

Fig. 8. Oídioem folhas demelancia.

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épocas que não coincidam com baixastemperaturas e umidade, usando cultivaresresistentes e, quando sob ataques intensos,com o uso de fungicidas.

Crestamento-gomoso-do-caule –Doença causada pelo fungo Didymellabrioniae. É reconhecida pela presença degoma sobre as lesões que ocorrem no colo,caule e hastes próximas ao solo (Fig. 9).Estas últimas, quando novas, tombam emorrem. Nos frutos, formam-se manchas

Fig. 9. Crestamento-gomoso-do-caule.

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que também produzem goma. Nas folhas,as lesões são circulares e tendem a se unirdando um aspecto de queima. Quando alesão no caule é profunda, ocorre fendilha-mento e exposição do lenho e a planta podemurchar. O controle da doença é feito deforma preventiva, queimando os restos decultura, fazendo rotação cultural com plantasde outras famílias, pelo uso de sementescertificadas e tratadas adequadamente.

Míldio – Doença própria das folhas,que provoca crestamento ou queima, depen-dendo da quantidade das lesões, e até quedaprematura, com grande comprometimen-to da produção. É causada pelo fungoPseudoperonospora cubensis que requerclima bastante úmido e temperaturas amenas.A doença tem início na forma de pequenasmanchas encharcadas, que evoluem parasecamento e morte dos tecidos, quando se

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distinguem lesões de cor pardo-avermelha-das e de formato poligonal, delimitadas pelasnervuras. Na face inferior das folhas apareceum mofo branco encobrindo as lesões.O controle é feito, preventivamente, evitandoo plantio em baixadas úmidas, mal ven-tiladas e sujeitas à neblina. Quando ascondições são propícias e o ataque torna-se intenso, torna-se necessário o empregode fungicidas.

Murcha-de-Fusarium – Doença dasraízes, causada pelo fungo Fusariumoxysporum f. niveum. Ataca os vasos lenho-sos, a partir das raízes, provocando murchageneralizada e morte rápida das plantas que,muitas vezes, não produzem nenhum fruto(Fig. 10). Fazendo-se um corte longitudinalda raiz pivotante, do colo e da base do caule,percebe-se a presença de estrias avermelha-das no feixe vascular entre a parte externa e

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a medula, denunciando o ataque do fungonessa região. O controle é feito pela elimina-ção das plantas que apresentarem osprimeiros sintomas da doença. A calagemprévia, de forma a elevar o pH para 6,5 a 7,0e a adubação orgânica com esterco bemcurtido aplicado na cova, antes do plantio,representam boas medidas de controle.

Fig. 10. Murcha-de-Fusarium emplantas de melancia.

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Viroses – Também conhecidas comomosaico, as viroses são um complexo dedoenças resultantes da ação de diferentesvírus. No Brasil, já foram encontrados seisvírus infectando naturalmente a melancia: ovírus-do-mosaico-da-melancia 1, classificadocomo Papaya ringspot virus type W –PRSV-W; vírus-do-mosaico-da-melancia 2(Watermelon mosaic virus 2 – WMV-2),vírus-do-mosaico-da-abóbora (Squashmosaic virus – SqMV), vírus-do-mosaico-amarelo-da-abobrinha (Zucchini yellowmosaic virus – ZYMV), vírus-do-mosaico-do-pepino (Cucumber mosaic virus – CMV)e o vírus-da-clorose-letal-da-abobrinha(Zucchini lethal chlorosis virus – ZLCV).Desses, o PRSV-W é o de maior ocorrênciaem todas as regiões produtoras e é o queprovoca maiores danos à cultura da melancia.Nas folhas atacadas, o vírus induz má-formação, redução de tamanho, encrespa-

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mento e bolhosidade. O sintoma típico domosaico é o surgimento de zonas alternadasde verde normal e verde-escuro intenso(Fig.11). Os frutos em desenvolvimentoquando atacados podem, também, exibir essaalternância de verde-claro e verde-escuro,além de se mostrarem deformados e atrofia-dos. No campo, as plantas severamen-te atacadas apresentam-se como que “arre-piadas”, sendo facilmente identificadas.

Fig. 11. Mosaico-da-melancia.

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O controle consiste no plantio de sementescertificadas, no arranquio das plantas doen-tes, evitando-se o plantio na proximidade decultivos velhos contaminados e efetuando-se o combate sistemático dos insetos vetores(pulgões). Antes do plantio, é conveniente oarranquio de todas as cucurbitáceas nativas(melão-de-são-caetano, maxixe, cabaça etc.)presentes na área e na vizinhança, paraeliminar os focos de vírus dessas plantas.

Meloidoginose ou galhas-das-raízes– Doença causada por nematóides per-tencentes ao gênero Meloidogyne. Asplantas atacadas têm o crescimento retar-dado, amarelecimento das folhas e quedade flores. Entretanto, o sintoma mais visívelé a presença de galhas ou tumores nasraízes, facilmente perceptíveis ao se arrancara planta atacada (Fig.12). O controle é feitopor meio do alqueive ou repouso da área

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infestada, deixando-a livre de vegetação poruns 6 meses. Outras medidas auxiliares são:o revolvimento do solo após a colheita, pro-movendo a rotação de culturas com gramí-neas forrageiras e estabelecendo cultivointercalar com Crotalaria spectabilis, semeandoessa espécie após o cultivo das gramíneasforrageiras e antes do novo plantio demelancia.

Fig. 12. Meloidoginose ou galhas-das-raízes.

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Podridão-aquosa – Doença causadapela bactéria Acidovorax avenae subsp.citrulli. A doença pode se manifestar emqualquer fase do ciclo da cultura, atacandoas folhas, ramos e frutos. Os sintomas maistípicos da doença se manifestam nos frutos,onde são observadas manchas aquosas, decor verde-oliva, as quais se aprofundam parao interior dos mesmos, causando podridãointerna. Com o progresso da doença, asuperfície dos frutos apresenta intensasrachaduras (Fig.13). O controle da doençaé conseguido pelo emprego de sementessadias e pelo cultivo em períodos de baixa

Fig. 13. Podridão-aquosa em frutos de melancia.

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umidade. Deve ser evitada a irrigação poraspersão, por favorecer o desenvolvimentoda doença.

A Tabela 4 apresenta alguns produtosque podem, eventualmente, ser utilizados nocontrole das principais doenças da culturada melancia. Contudo, seu emprego deve sersempre orientado por um engenheiroagrônomo e quando estritamente necessário.Na Tabela 4 também estão disponíveis infor-mações sobre doses, doenças a que o produto

Tabela 4. Produtos recomendados para o controle dedoenças da melancia.

Fonte: Brasil (2003).

Produto/Classetoxicológica

Azoxistrobina (IV)Chlorotalonil (I)Oxicloreto de Cobre +Mancozeb (III)Oxicloreto de Cobre (III)Tebuconazole (III)Tiofanato Metílico (IV)

Dose(g ou mL/100 L)

120400

200200

1 (L/ha)200

Doençacontrolada

32,5

2,4,5,92,4,5

1,3,4,91,2,3,4,5

Intervalo desegurança (dia)

37

21211414

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se destina e o intervalo de segurança paraconsumo do fruto após a utilização doproduto.

Pragas

Da semeadura à maturação dos frutos,a melancia pode ser atacada por diferentespragas, devendo, portanto, os cuidadosserem constantes. Essas pragas podem seragrupadas em dois tipos: pragas subterrâneas– que se alojam no solo e atacam as raízes eo colo da planta; pragas da parte aérea –que atacam as partes aéreas a partir do colo:a) pragas das folhas, ramos e flores eb) pragas dos frutos.

Pragas subterrâneas

Lagarta-rosca, Agrotis ipsilon(Hufnagel, 1776) – Ataca as plantas na região

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do colo, seccionando-as. Permanece enter-rada próximo às plantas atacadas durante odia e, à noite, sai para se alimentar, atacandooutras plantas. Aquelas totalmente secciona-das tombam e murcham rapidamente. Asmais desenvolvidas, quando atacadas pelalagarta, conseguem se recuperar, em parte,mas a produção é afetada. As plantas maisvisadas pela lagarta-rosca são as que acabamde germinar. Alguns dias após a germinação,o caule começa a ficar mais lenhoso ofere-cendo resistência ao ataque da praga.

Quando completamente desenvolvida,a lagarta mede em torno de 45 mm, temcoloração marrom-acinzentada, robusta,com tubérculos pretos em cada segmento(Fig. 14). O adulto é uma mariposa com40 mm de envergadura, asa anterior decoloração marron e posterior, branca-hialina,e bordo lateral acinzentado.

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O controle da lagarta-rosca pode serrealizado com a aplicação do inseticida nocolo da planta e no solo, em volta da mesma.

Paquinhas, Neocurtilla hexadactyla(PERTY, 1832) e Scapteriscus acletus(REHN & HEBARD, 1916) – As duas espé-cies são bastante semelhantes, os adultos têmcoloração pardo-escura e medem aproxi-madamente de 30 mm a 25 mm de compri-mento, respectivamente (Fig. 15).

Fig. 14. Lagarta-rosca.

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São insetos de hábitos noturno, asfêmeas fazem posturas em galerias abertas,próximo à superfície do solo (Fig. 16), quasesempre aderentes às raízes das plantas.

Fig. 15. Paquinhas.

Fig. 16.Galerias nosolo abertasporpaquinhas.

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Ninfas e adultos alimentam-se de raízes.As plantas que acabaram de emergir, porserem tenras, são as mais prejudicadas emvirtude do sistema radicular pouco desenvol-vido. As plantas mais desenvolvidas, comsistema radicular mais resistente, suportammelhor os ataques dessas pragas. Os maioresestragos ocorrem quando o solo apresenta-se úmido.

Em grandes áreas de plantio, comocorrência freqüente de paquinha, seucontrole deve ser feito por meio de pulve-rizações de inseticidas, dirigidas para o colodas plantas. Em pequenas áreas, a seguintefórmula para utilização como isca pode serutilizada.

Triclorfon 80...................100 g

Sal de cozinha.....................4 g

Esterco de curral ...............80 kg

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Para a preparação da isca, dilui-se oinseticida e o sal em quantidade de águasuficiente para umedecer o esterco, que deveser mantido esfarelado e, depois, distribuídoem montículos pela área.

Pragas da parte aérea(folhas, ramos e flores)

Vaquinha verde-amarela, Diabroticaspeciosa (Germar, 1824) – Os adultos sãobesouros arredondados de coloração verde,com seis manchas amarelas arredondadas nodorso, medindo cerca de 6 mm de compri-mento e 4 mm de largura (Fig. 17). As fêmeaspõem cerca de 420 ovos, isoladamente, decoloração branco-amarelada, no solo ou naplanta. Depois de sete dias, aproxima-damente, as larvas eclodem e passam a sealimentar das raízes. Quando completamentedesenvolvidas, elas podem atingir 10 mm de

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comprimento, são brancas, a cabeça marrome o corpo alongado.

O ataque dessas larvas reduz o númerode raízes das plantas, podendo seus danosser confundidos com os causados por outrosinsetos subterrâneos. Ao se inspecionar aplanta no campo, deve-se observar tambémo solo próximo às raízes, a fim de verificara presença ou não de larvas de outrosinsetos.

Fig. 17. Vaquinha verde-amarela.

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Os adultos alimentam-se das folhas maisnovas e das flores. Os danos nesses órgãossão considerados de relevância porque asfolhas novas têm maior atividade fotossin-tética e as flores, órgãos reprodutivos daplanta, podem abortar quando atacadas,prejudicando assim a produção de frutos.

A ocorrência de larvas de D. speciosaem lavouras de melancia é esporádica, nãosendo, portanto, necessário aplicaçõespreventivas de inseticidas. Por outro lado, éuma praga em potencial, podendo seusdanos atingir níveis econômicos a qualquermomento merecendo, dessa forma, umavigilância constante.

O controle dos adultos pode ser feitocom pulverizações de inseticidas nas folhas,dirigindo o jato principalmente para as pontasdos ramos, onde se encontram as folhas maisnovas, preferidas pela praga.

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Pulgões, Aphis gossypii (Glover,1876) – Insetos pequenos, com cerca de1,5 mm de comprimento, de coloraçãovariando do amarelo-claro ao verde-escuro.Vivem em colônias, sob as folhas e brotosnovos (Fig. 18).

Em nossas condições, só existempulgões fêmeas, que se reproduzem parteno-geneticamente (sem precisar de macho paraa reprodução), dando origem somente afêmeas. No início da formação das colônias,

Fig. 18. Pulgões.

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a reprodução é somente de indivíduosápteros (sem asas). Com o aumento dapopulação, aparecem os indivíduos alados,também fêmeas, responsáveis pela dissemi-nação da espécie.

Os pulgões se alimentam sugando aseiva das plantas, injetando toxinas e trans-mitindo viroses. No caso da melancia,transmite o vírus-do-mosaico-da-melancia(PRSV-W) (Fig. 11 – capítulo Doenças).

A ação de sucção dos pulgões provocao encarquilhamento das folhas, ou seja, seusbordos voltam-se para baixo, e a deformaçãodos brotos. Por um orifício localizado nofinal do abdômen, chamado sifúnculo, essesinsetos eliminam grandes quantidades de umlíquido adocicado do qual se alimentam asformigas que, em contrapartida, os protegemdos inimigos naturais. Essa substânciaadocicada serve também de substrato para

73

o desenvolvimento de um fungo denominadocomumente de “fumagina”, de coloraçãoescura (Fig. 19) e pode cobrir totalmente asuperfície foliar da planta, prejudicando afotossíntese e a respiração.

Com o decorrer do tempo e com oaumento da população de pulgões, as plantasatacadas tornam-se debilitadas em virtude dagrande quantidade de seiva retirada e detoxinas injetadas. Entretanto, por serem

Fig. 19. Fumagina.

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transmissores de vírus, é que esses insetosconstituem-se em uma das pragas mais sériasda cultura merecendo, por isso, especialatenção.

Para a contaminação da planta por umvírus nem é preciso a instalação de colôniade pulgões, basta a picada de um inseto con-taminado. Por isso, é importante o controlepreventivo com o uso de um produto quetenha ação de contato (elimina o insetoquando este entra em contato com a subs-tância tóxica), pois esta ação possibilita aeliminação do inseto antes da picada deprova, que seria suficiente para a transmissãodo vírus.

No início do ciclo da cultura pode-seutilizar um inseticida de efeito residual longo,e outro de efeito residual mais curto, quandoestiver próximo da colheita.

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Broca-das-cucurbitáceas, Diaphanianitidalis (Cramer, 1782) e Diaphaniahyalinata (L., 1758) – Os adultos das duasespécies são de tamanho semelhante, comaproximadamente 30 mm de envergadura e15 mm de comprimento. D. nitidalis temasas de coloração marrom-violáceo com aárea central amarelada semitransparentee os bordos marron-violáceos com váriasreentrâncias. A área central semitransparentedas asas de D. hyalinata (Fig. 20) é de colo-ração branca e a faixa escura dos bordos émais retilínea. As lagartas completamentedesenvolvidas atingem 20 mm de compri-mento e são de coloração esverdeada(Fig. 21). Ambas as espécies têm um pe-ríodo larval de aproximadamente 10 dias,passam por um período pupal de 12 a 14 diasno solo ou nas folhas, com ciclo total de 25a 30 dias.

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Fig. 21. Forma larval da broca-das-cucurbitáceas: Diaphaniahyalinata.

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Fig. 20. Adulto da broca-das-cucurbitáceas: Diaphaniahyalinata.

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As duas espécies atacam folhas, ramos,brotos e frutos. A D. nitidalis, porém, tempreferência pelos frutos, atacando-os emqualquer idade.

Os brotos e os ramos atacados tornam-se secos. No interior dos frutos, as larvasabrem galerias à medida que vão se alimen-tando da polpa, que também é atacada poroutros microrganismos e artrópodes quepenetram pelos orifícios abertos pelasbrocas.

O controle de D. hyalinata torna-semais fácil pelo fato dessa praga atacar commais freqüência as folhas (Fig. 21), ficandoassim mais exposta à ação dos inimigosnaturais e aos inseticidas. A D. nitidalis, queataca de preferência os frutos, penetrandoem seu interior, fica mais protegida das açõesde controle. Por essa razão, a identificaçãocorreta das espécies é de fundamental impor-

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tância para que se possa escolher umamedida eficaz de controle.

O uso de plantas iscas, como o deabobrinhas intercaladas com as de melancia,pulverizando-se apenas as plantas iscas, éuma prática recomendável para a diminuiçãoda população dessas pragas.

Mosca-branca , Bemisia tabacibiótipo B – Pequeno inseto de coloraçãobranca medindo cerca de 1 a 2 mm decomprimento semelhante a uma mosca,embora não pertença a esta ordem e sim aordem Hemíptera, povoa a face inferior dasfolhas (Fig. 22), onde se alimenta e sereproduz. Ao se alimentar da seiva da plantainjeta toxinas, causando o depauperamen-to geral e queda na produção das plantas.Suas fezes adocicadas, assim como noataque dos pulgões, são substratos para odesenvolvimento de fungos denominados

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de fumagina (Fig. 19) que prejudicam afotossíntese e respiração das plantas. Amosca-branca é um inseto de difícil controle,a aplicação contínua de inseticidas químicosinduz com muita rapidez o surgimento depopulações resistentes. Produtos à base deAzadiractina provenientes do nim ou opróprio extrato de sementes têm sido usadospara o controle desse inseto.

Fig. 22. Mosca-branca.

Fot

o: P

aulo

Hen

riqu

e S

oare

s da

Sil

va

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Cuidados com asaplicações de inseticidas

Além dos cuidados gerais com as apli-cações de agroquímicos, os produtores demelancia devem saber que a polinização dasflores é realizada exclusivamente por insetos,em especial por abelhas (Fig. 23) e vespas.As abelhas têm maior atividade nas horasmais quentes do dia, ou seja, entre 8h e 16h.A aplicação desses produtos, portanto, deveser feita de preferência, nas horas mais fres-

Fig. 23. Abelha em polinização.

Fot

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Sil

va

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cas, escolhendo-se os inseticidas seletivospara abelhas. Outro ponto a ser lembrado éa questão de fitotoxidade, pois as cucurbitá-ceas são sensíveis a vários inseticidas.

Colheita

A qualidade dos frutos, bem como suaresistência ao transporte e ao armazenamentodependem de como e quando é feita a co-lheita. A colheita deve ser feita quando os frutosatingirem o ponto de maturação, que podeser identificado de várias maneiras: a) seca-mento da gavinha mais próxima do fruto; b)secamento do próprio pedúnculo; c) colora-ção da parte inferior do fruto apoiada ao solo,que passa de branca a amarelada e d) me-dição do conteúdo de açúcares dos frutos(°Brix), usando-se um refratômetro manual,sendo que o ponto de colheita é atingidoquando a leitura for igual ou superior a 10 °Brix.

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De maneira geral, o período entre a fe-cundação da flor e o ponto de colheita é deaproximadamente 40 dias para as cultivaresmais precoces e de 45 dias, para as mais tardias.Em algumas regiões do Nordeste brasileiro,esse período pode ser encurtado para 35 dias.

Outro método para identificar o pontode maturação dos frutos é marcá-los perio-dicamente, com estacas de madeira de 50 cmde altura com a parte superior pintada dedeterminada cor, logo que os frutos atinjamaproximadamente 7 cm. Essa operação éfeita a cada 5 dias com estacas de cor dife-rente. Aproximadamente 30 dias após oprimeiro estaqueamento, alguns frutos devemser partidos e marcados com determinadacor. A coloração da polpa mostrará se deveser feita ou não a colheita de todos os frutosmarcados com estacas da mesma cor. Se oponto de maturação não tiver sido atingido,aguardam-se alguns dias. Dessa maneira, tem-

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se uma idéia antecipada da quantidade defrutos a ser colhida, antes de cortar os pedún-culos, o que poderá facilitar a comercialização.

Do plantio até a colheita, o período variade 65 dias, para as cultivares mais precoces,de 85 dias, para as mais tardias. Em deter-minadas regiões do Nordeste brasileiro, acolheita pode ser feita a partir dos 55 diasdo plantio. A produtividade de frutos comer-cializáveis depende de vários fatores,principalmente da cultivar, da irrigação, daadubação e das condições ambientais.

Coeficientes Técnicos

A Tabela 5 apresenta os coeficientestécnicos para 1 ha de melancia, com ciclode 65 dias, espaçamento de 2 m x 1 m, comuma planta por cova, sob irrigação porgotejamento, em um Neossolo Quartzarênico,de textura arenosa e baixa fertilidade natural.

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(1) Realizam-se seis pulverizações ao longo do ciclo da cultura.(2) O uso da fertirrigação dispensa os recursos com a mão-de-obra e os fertilizantes que seriam

utilizados na adubação de cobertura. Realizam-se 27 aplicações de fertilizantes ao longo dociclo da cultura.

(3) Considerou-se 80% de produtividade comercializável, obtida em área experimental, naEmbrapa Meio-Norte.

Tabela 5. Coeficientes técnicos para 1 ha de melancia.Discriminação

1. Preparo do soloAraçãoGradagemAplicação e incorporação de calcárioSulcamento

2. PlantioPlantio e replantioAdubação

3. Tratos culturaisDesbaste de plantasCapinasAdubação de coberturaDesbaste de frutosPulverizações(1)

4. IrrigaçãoManejo do sistema de irrigaçãoEnergia elétricaVolume de água aplicado

5. Fertirrigação(2)

Manejo do sistema de injeçãoFertilizantes – UréiaCloreto de potássio

6. Colheita/Classificação/TransporteColheita/ClassificaçãoTransporte interno manualTrator e carroça

7. InsumosCalcário dolomíticoSementesAdubos: Fórmula 5-30-15 (4% de Zn)

Sulfato de amônioCloreto de potássioFTE-BR-12

Fungicidas: Estrobirulina ou similarMancozeb ou similarTiofanato metilico ou similarOxicloreto de cobre ou similarTebuconazol ou similarAgril ou similar

8. Produção(3)

Unidade

H/TH/TH/TH/T

H/DH/D

H/DH/DH/DH/DH/D

H/Dkwhm3

H/Dk gk g

H/DH/DH/M

Tk gk gk gk gk gk gk gll

k glt

Quantidade

4232

25

235

1 01 0

210504.000

1218150

2 082

11

5001706 01 0111111

5 2

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Literaturas Recomendadas

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento. Sistema de agrotóxicos fitossani-tários – AGROFIT. Consulta de produtosformulados. [Brasília, DF, 2003]. Disponível em:<http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/>.Acesso em: 1 ago. 2006.

EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EEXTENSÃO RURAL DE SANTA CATARINA S/A– EPAGRI. Normas técnicas para a cultura damelancia em Santa Catarina: 1ª revisão.Florianópolis, 1996. 35 p. (EPAGRI. Sistema deProdução, 24).

IBGE. Produção agrícola municipal. Sidra – Bancode Dados Agregados. Disponível em:<www.ibge.gov.br/bda/acervo/acervo2.asp>.Acesso em: 15 jul. 2006.

Endereços

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