“Plantio direto” dos citros - seagri.ba.gov.br · graviola, banana, abacaxi, mara-cujá,...

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72 Joelito de Oliveira Rezende 2 ..................................................... 2 – Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Professor Titular do Centro de Ciências Agrárias Am- bientais e Biológicas da Universidade Federal do Re- côncavo da Bahia-UFRB, dedicado a estudos nas áreas de Física e Manejo dos solos agrícolas; e-mail: [email protected] O SISTEMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA SOLO-CITROS-CLIMA O solo Os principais solos (Latossolos Amarelos Coesos e Argissolos Amarelos Coesos) da Grande Unidade de Paisagem Tabuleiros Costeiros – principal berço da ci- tricultura baiana – caracterizam- -se como profundos, ácidos, áli- cos, com baixa capacidade de troca catiônica e presença fre- quente de camadas densas/co- esas/duras. Espécies vegetais, temporárias e perenes, cultiva- das nesses solos, algumas ve- zes com irrigação suplementar, geralmente apresentam baixo vigor vegetativo, reduzida lon- gevidade e baixas produções, comparativamente aos mesmos “Plantio direto” dos citros: mito ou realidade? 1 Foto: Sílvio Ávila/Editora Gazeta .......................................................................................................................................................................................................................................................................... 1 – Pesquisa resultante de parceria entre a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Fazenda Lagoa do Coco, Universidade de Valência (Espanha), Embrapa Man- dioca e Fruticultura e Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). Este artigo foi revisado por Luciano da Silva Souza e Walter dos Santos Soares Filho, membros da equipe técnica.

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Joelito de Oliveira Rezende2

.....................................................2 – Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Professor Titular do Centro de Ciências Agrárias Am-bientais e Biológicas da Universidade Federal do Re-côncavo da Bahia-UFRB, dedicado a estudos nas áreas de Física e Manejo dos solos agrícolas;e-mail: [email protected]

O SISTEMA DE PRODUÇÃOAGRÍCOLA SOLO-CITROS-CLIMA

O solo

Os principais solos (Latossolos Amarelos Coesos e Argissolos Amarelos Coesos) da Grande Unidade de Paisagem Tabuleiros Costeiros – principal berço da ci-tricultura baiana – caracterizam--se como profundos, ácidos, áli-cos, com baixa capacidade de

troca catiônica e presença fre-quente de camadas densas/co-esas/duras. Espécies vegetais, temporárias e perenes, cultiva-das nesses solos, algumas ve-zes com irrigação suplementar, geralmente apresentam baixo vigor vegetativo, reduzida lon-gevidade e baixas produções, comparativamente aos mesmos

“Plantio direto”dos citros:

mito ou realidade?1

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..........................................................................................................................................................................................................................................................................1 – Pesquisa resultante de parceria entre a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Fazenda Lagoa do Coco, Universidade de Valência (Espanha), Embrapa Man-dioca e Fruticultura e Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). Este artigo foi revisado por Luciano da Silva Souza e Walter dos Santos Soares Filho, membros da equipe técnica.

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cultivos em outras unidades de paisagem, devido a uma relação solo-planta fortemente influencia-da pela baixa disponibilidade de nutrientes, acidez elevada e pela estrutura peculiar dos horizontes coesos (REZENDE et al., 2000). Historicamente, esses problemas foram subestimados em virtude da paisagem aparentemente fa-vorável ao uso agrícola, represen-tada pelo relevo plano a suave on-dulado, solos profundos e clima (CINTRA, 1997).

O preparo do solo visa à melhoria das condições físicas do leito de sementes e/ou raízes, proporcio-nando-lhe benefícios na aeração, infiltração de água e disponibili-dade de nutrientes, além da re-dução da resistência do solo à penetração. De uma maneira ge-ral, o preparo dos solos coesos dos Tabuleiros Costeiros é feito com arados de disco e/ou grade pesada. Esses implementos tra-balham o solo a pouca profundi-dade, incorporando os resíduos orgânicos e plantas infestantes superficialmente. Uma prática re-comendada para solos com ho-rizontes densos situados a uma profundidade igual ou maior do que 0,35 m é a subsolagem. Tem como princípio o rompimento do solo por propagação de trincas, mantendo a ordem natural de seus horizontes, isto é, sem in-verter a leiva. Para isso, os sub-soladores dispõem de hastes que são cravadas no solo e pro-vocam o seu rompimento para frente, para cima e para os lados, ou seja, o solo não é cortado como na aração e/ou gradagem

e sim rompido nas suas linhas de fratura ou através das interfácies de seus agregados (LANÇAS, 2002). Isso melhora a porosidade das camadas densas, facilitando a aeração, o armazenamento de água, a disponibilidade de nu-trientes e a penetração radicular ao longo do perfil do solo, pro-porcionando, por consequên-cia, maiores produtividades do sistema de produção agrícola. Oliveira (1967) e Haynes (1970) já recomendavam essa prática para romper camadas coesas de solos dos Tabuleiros Costeiros.

Os citros

A muda cítrica é uma unidade de produção formada por duas partes: enxerto (ou cavaleiro) e porta-enxerto (ou cavalo). Resul-ta de uma operação que consis-te em fixar (enxertar) a gema de uma variedade de planta na base de outra (caule e raiz). A gema desenvolver-se-á para formar a copa, onde são produzidos os frutos. A nova planta, assim fa-bricada, apresentará caracterís-ticas distintas daquelas de seus doadores, tais como: volume da copa, transpiração e composi-ção química das folhas, época de maturação, capacidade de absorção de nutrientes, tolerân-cia à salinidade, à seca e ao frio, resistência/tolerância às molés-tias e pragas, fertilidade do pó-len, precocidade de produção, produção, peso dos frutos, colo-ração da casca e do suco, teor de açúcares e de ácidos dos frutos, tempo de permanência dos fru-

tos na planta e conservação do fruto após a colheita (POMPEU JUNIOR, 1991). As duas partes unidas (copa e porta-enxerto), geneticamente diferentes, devem apresentar relacionamento har-monioso – mutuamente benéfico – para que as plantas resultantes sejam mais longevas e os poma-res mais produtivos. Em algumas combinações copa/porta-enxer-to, entretanto, pode ocorrer cer-tos distúrbios devido à falta de afinidade entre os dois simbion-tes, desde anomalias que não comprometem a produtividade e rentabilidade dos pomares até graves distúrbios que provocam a morte das plantas já no início da vida (NOGUEIRA, 1983).

Estudos sobre o crescimento do sistema radicular de plantas cítri-cas em condição de sequeiro, a exemplo dos que foram divulga-dos por Cintra (1997) e Carva-lho et al. (1999), mostram que as raízes dos citros tendem a se concentrar nos primeiros 0,4 m de profundidade do solo. Tais estudos, entretanto, foram e ge-ralmente têm sido realizados em pomares com plantas originárias de mudas, cujo sistema radicular foi podado/prejudicado.

O clima

Como condicionante dos culti-vos, o clima interfere em todas as fases de desenvolvimento das plantas, ou seja, na adaptação da variedade, no comportamen-to fenológico, na abertura floral, na curva de maturação, na taxa

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de crescimento, nas caracterís-ticas físicas e químicas do fruto e no potencial de produção (SIL-VA et al., 2004). Para os citros, a faixa de temperatura adequada é a seguinte: mínima, 10ºC; óti-ma, 20 a 30ºC; máxima, 30ºC. A pluviosidade adequada situa-se entre 1900 mm e 2400 mm, com um mínimo tolerável em torno de 1300 mm de chuvas bem distri-buídas ao longo do ano. Ocorre que o balanço hídrico climatoló-gico de várias localidades dos Tabuleiros Costeiros, calculado para 100 mm de capacidade de armazenamento de água no solo, apresenta déficit hídrico durante os meses de setembro a março (SOUZA et al., 2000). Atualmente, face à limitação de área disponí-vel e ao elevado preço das terras na faixa dos Tabuleiros Costeiros da Bahia, o cultivo dos citros tem--se expandido para a Região do Agreste, mais seca, a exemplo do

que ocorre no município de Ita-picuru, com pluviosidade média anual em torno de 750 mm.

Não obstante as limitações agrí-colas citadas, os Tabuleiros Cos-teiros têm revelado capacidade atual e potencial para a produção de alimentos, principalmente fru-ticultura (laranja, limão, mamão, graviola, banana, abacaxi, mara-cujá, acerola, goiaba, coco etc.), de matéria-prima para a indústria e de biocombustíveis (SOUZA et al., 2000). São notáveis os exemplos de êxitos de empreen-dimentos agrícolas localizados nessa Grande Unidade de Paisa-gem devido, entre outras causas, ao consciente e adequado ma-nejo que os produtores dispen-sam às suas terras (REZENDE et al., 2002). Por isso, procura-se disponibilizar um sistema de ma-nejo que possibilite, com menor relação custo/benefício, maior

longevidade, sustentabilidade e produtividade de pomares cítricos em condições ambientais dos Ta-buleiros Costeiros. Face às limi-tações impostas pelo solo e pelo clima, considera-se (hipótese) que isso será mais viável fazendo-se o plantio do porta-enxerto e enxertia no local definitivo do pomar, inde-pendentemente do preparo do solo e da combinação genética copa x porta-enxerto. Para testar tal hipóte-se, o primeiro passo – objetivo do presente trabalho – foi avaliar as influências do preparo do solo, por-ta-enxerto e sistema de plantio no crescimento, produtividade e peso médio do fruto de pomares de la-ranjeira ‘Pera’, limeira ácida ‘Tahiti’ e tangor ‘Murcott’, em um solo repre-sentativo dos Tabuleiros Costeiros. Os dados ora apresentados refe-rem-se exclusivamente à laranjeira ‘Pera’. Tais dados são muito pareci-dos com os que foram obtidos para os outros dois cultivares.

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O EXPERIMENTO

Em 22 de maio de 2008, o experi-mento foi instalado em um Argis-solo Amarelo Coeso da Fazenda Lagoa do Coco, localizada no Mu-nicípio de Rio Real, Litoral Norte do Estado da Bahia, 182 m acima do nível do mar, pluviosidade média anual de 960 mm. Tal solo apre-senta, ao longo do perfil, por hori-zonte e respectiva profundidade, os seguintes teores de areia, silte e argila (g kg-1) : A1, 0-0,7m, 780-70-150 (franco-arenoso); A2, 0,7-0,12 cm, 740-20-240 (franco argiloare-noso); AB, 0,12-0,21 m, 720-90-190 (franco-arenoso); BA, 0,21-0,82 m, 660-30-310 (franco-argiloarenoso); Bt1, 0,82-1,24 m, 610-30-360 (argila arenosa); Bt2, 1,24-1,70+ m, 600-30-370 (argila arenosa).

O delineamento experimental é in-teiramente aleatorizado no esque-ma de parcelas sub-subdivididas no espaço, com seis repetições. Nas parcelas constam dois siste-mas de preparo do solo: aração a 0,25 m de profundidade e ara-ção seguida de subsolagem nas linhas de plantio a 0-0,50 m de profundidade. Nas subparcelas constam dois sistemas de plantio: mudas e plantio e enxertia no lo-cal definitivo do pomar (nos dois casos, a semeadura foi feita no mesmo dia; ao completar um ano de idade, as mudas foram trans-plantadas do viveiro para o local definitivo). Nas sub-subparcelas constam cinco porta-enxertos: li-moeiros ‘Cravo’ e ‘Volkameriano’, tangerineiras ‘Sunki Tropical’ e ‘Cleópatra’ e citrandarin ‘Índio’(ex

TSK x TRENG 256) enxertados com laranjeira ‘Pera’. A enxertia foi feita por enxertador experiente, habitual na Fazenda. A adubação e os tratos culturais foram realiza-dos de acordo com as recomen-dações técnicas pertinentes.

Em 23/08/2012, três anos e nove meses após a semeadura dos porta--enxertos no campo e nas bolsas plásticas, fez-se a avaliação do cres-cimento das plantas de acordo com Mota (2010): a altura foi medida do solo até o plano mediano entre o topo da planta e o meio da copa; o diâmetro da copa foi medido em duas posições: perpendicular às li-nhas de plantio e no sentido da linha de plantio, para o cálculo do diâmetro médio; a afinidade copa/porta-enxer-to foi avaliada considerando-se a re-lação diâmetro do tronco do enxerto/diâmetro do tronco do porta-enxerto (Dte/Dtpe), medidos com um pa-químetro, a 10 centímetros acima e abaixo do ponto de enxertia (quanto mais próximo de um, maior a afini-dade); o volume da copa foi calcu-lado pela fórmula: V=2/3πr² h, onde r= raio médio da copa e h=altura da planta. O número e o peso dos frutos por hectare correspondem, respec-tivamente, ao número e peso total de frutos obtidos em cinco colheitas sucessivas a partir do surgimento dos primeiros frutos (25/08/2011, 30/11/2011, 01/03/2012, 14/06/2012 e 08/08/2012). No solo, foram feitas as seguintes avaliações físicas: umidade gravimétrica atual (EMBRAPA,1997) e resistência mecânica à penetração (STOLF et. al., 1983). Para os resulta-dos de crescimento das plantas e de produtividade realizou-se a análise de variância. As médias referentes ao

preparo do solo e sistemas de plan-tio foram comparadas pelo teste de Tukey (P≤5%); para as médias dos porta-enxertos utilizou-se o teste de Scott-Knott (P≤5%). Nas análises es-tatísticas, utilizou-se o programa es-tatístico SISVAR (FERREIRA, 2009).

RESULTADOS

A – AVALIAÇÃO FÍSICA DO SOLO

Resistência mecânica do solo à penetração e umidade gravimé-trica atual – Assumindo-se que para a maioria das culturas eco-nômicas 2,0 MPa é o limite crítico de resistência mecânica do solo à penetração acima do qual o cres-cimento radicular é prejudicado (ARSHAD et al., 1996), percebe--se, na Figura 1A, que nas parce-las não subsoladas isso ocorreu a partir dos 0,18 metros de pro-fundidade e nas parcelas subso-ladas a partir de 0,38 metros, nas condições de umidade do solo mostradas na Figura 1 B. Significa dizer que a subsolagem melhorou a estrutura do solo no volume atingido pelas hastes subsolado-ras, com prováveis benefícios nos fluxos de ar, água e nutrientes ao longo do perfil e, consequente-mente, no crescimento das plan-tas e na produtividade do pomar.

B – CRESCIMENTO DAS PLANTAS

Influência do porta-enxerto – Na Tabela 1 encontram-se os resulta-dos do desdobramento porta-en-

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xerto dentro de sistema de plantio e preparo do solo, relacionado com o crescimento das plantas. O teste de Scott-Knott (P≤5%) re-velou que alguns indicadores de crescimento pertencem a grupos distintos: superior (a), intermediá-rio (b) e inferior (c), a depender do sistema de plantio e do preparo do solo. Centrar-se-á a discussão no volume da copa (calculado a partir da altura da planta e diâmetro da copa) e na afinidade copa x porta--enxerto (quociente da divisão: diâmetro do tronco do enxerto/diâ-metro do tronco do porta-enxerto).

Analisando-se a influência do porta-enxerto no volume médio das copas, nota-se que não hou-ve diferenças significavas entre os valores obtidos para as plan-tas originárias de mudas (M), nas áreas com e sem subsolagem. Entretanto, nas plantas originárias da semeadura do porta-enxerto

no local definitivo (SLD) o volume médio da copa da laranjeira ‘Pera’ enxertada no citrandarin ‘Indio’ foi significativamente inferior ao das demais combinações genéticas, na área subsolada; na área não subsolada, o volume médio da copa da laranjeira ‘Pera’ enxerta-da nas tangerineiras ‘Sunki Tropi-cal’ e ‘Cleópatra’ foi significativa-mente superior ao volume médio das copas das demais combina-ções genéticas.

No caso da afinidade copa x porta-enxerto (última coluna da Tabela 1), houve influência do porta-enxerto apenas na combi-nação genética laranjeira ‘Pera’ x tangerineira ‘Sunki Tropical’, cujo valor é significativamente inferior ao das demais combinações ge-néticas, no sistema de “plantio direto” (SLD), com subsolagem. A menor afinidade copa x porta--enxerto foi a da laranjeira ‘Pera’

enxertada em tangerineira ‘Sunki Tropical’, no sistema de “plantio direto” (SLD), com subsolagem; a maior afinidade foi a da laranjeira ‘Pera’ enxertada em tangerineira ‘Cleópatra’, no sistema de “plantio direto” (SLD), sem subsolagem.

Influência do preparo do solo – A Tabela 2 mostra os resultados do desdobramento preparo do solo dentro de porta-enxerto e de sistema de plantio, relacionado com o crescimento das plantas. O teste de Tukey (P≤5%) revelou que o preparo do solo influenciou alguns indicadores de crescimen-to da laranjeira ‘Pera’, a depender da combinação copa x porta-en-xerto, preparo do solo e sistema de plantio. No plantio de mudas (M), por exemplo, a subsolagem contribuiu para aumentar significa-tivamente o volume da copa da la-ranjeira ‘Pera’ enxertada nos limo-eiros ‘Cravo’ e ‘Volkameriano‘, na

FIGURA 1A) RESISTÊNCIA MECÂNICA DO SOLO À PENETRAÇÃO (RP = MPa) AO LONGO DO PERFIL; B)UMIDADE GRAVIMÉTRICA ATUAL (Ug = kg kg-1) AO LONGO DO PERFIL DO SOLO(choveu no dia da amostragem do solo).

RP (MPa) Ug (Kg Kg-1)

sem subsolagem

com subsolagem

Altura vertical -Profundidadedo solo em metros

LEGENDA

A B

0 2 4 6 8

0

0,08

0,16

0,24

0,32

0,40

0,48

0,56

0,64

0 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

0

0,08

0,16

0,24

0,32

0,40

0,48

0,56

0,64

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TABELA 1 RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE PORTA-ENXERTO DENTRO DE SISTEMA DE PLAN-TIO E DE PREPARO DO SOLO, RELACIONADO COM O CRESCIMENTO DAS PLANTAS1.

Preparo do solo

Sistema dePlantio Porta-enxerto Altura da

planta (m)Diâmetro da

copa (m)Volume dacopa (m3)

Diâmetro do tronco do

enxerto (m)

Diâmetrodo tronco

p-enxerto (m)

Afinidadecopa/p-enxerto

(Dte/Dtpe)

COM SUB

M

L. Cravo 1,21 b 2,37 a 3,55 a 0,064 a 0,078 b 0,82 a

L. Volkameriano 1,18 b 2,39 a 3,56 a 0,074 a 0,093 a 0,79 a

T. Sunki Tropical 1,32 a 2,48 a 4,29 a 0,071 a 0,088 a 0,80 a

T. Cleópatra 1,12 c 2,36 a 3,32 a 0,060 a 0,080 b 0,74 a

C. ‘Índio’ 1,07 c 2,50 a 3,56 a 0,062 a 0,089 a 0,70 a

SLD

L. Cravo 1,28 b 2,82 b 5,34 a 0,088 a 0,085 a 0,90 a

L. Volkameriano 1,43 a 2,81 b 5,95 a 0,087 a 0,102 a 0,84 a

T. Sunki Tropical 1,23 b 2,92 a 5,57 a 0,077 a 0,097 a 0,64 b

T. Cleópatra 1,32 b 3,01 a 6,28 a 0,086 a 0,095 a 0,91 a

C. ‘Índio’ 1,22 b 2,64 b 4,52 b 0,081 a 0,092 a 0,87 a

SEM SUB

M

L. Cravo 1,01 b 2,21 a 2,64 a 0,060 a 0,073 a 0,83 a

L. Volkameriano 1,00 b 2,22 a 2,58 a 0,061 a 0,077 a 0,78 a

T. Sunki Tropical 1,23 a 2,23 a 3,29 a 0,064 a 0,078 a 0,82 a

T. Cleópatra 1,15 a 2,32 a 3,29 a 0,059 a 0,074 a 0,79 a

C. ‘Índio’ 1,00 b 2,20 a 2,55 a 0,060 a 0,083 a 0,72 a

SLD

L. Cravo 1,15 c 2,43 a 3,67 b 0,072 a 0,082 a 0,88 a

L. Volkameriano 1,10 c 2,49 a 3,74 b 0,079 a 0,087 a 0,90 a

T. Sunki Tropical 1,21 b 2,60 a 4,35 a 0,077 a 0,093 a 0,82 a

T. Cleópatra 1,35 a 2,61 a 4,83 a 0,084 a 0,090 a 0,92 a

C. ‘Índio’ 1,21 b 2,45 a 3,90 b 0,075 a 0,092 a 0,80 a

1 Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott (P≤5%).Fonte: Autor

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ação

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tangerineira ‘Sunki Tropical’ e no híbrido citrandarin ‘Índio’ – o que parece indicar maior sensibilidade dessas combinações genéticas ao adensamento do solo. Não houve influência do preparo do solo na afinidade copa x porta-enxerto, pois não há diferenças significati-vas entre os valores encontrados.

Influência do sistema de plantio – A Tabela 3 mostra os resultados do desdobramento sistema de plantio dentro de porta-enxerto e preparo do solo, relacionado com o crescimento das plantas. Nota-se que, indepen-dentemente da combinação genéti-ca copa x porta-enxerto e do preparo do solo, o volume da copa (onde se

abrigam os frutos) das plantas origi-nárias do “plantio direto” (SLD) é sig-nificativamente superior ao das plan-tas originárias de mudas (M). Quanto à afinidade copa x porta-enxerto, não houve diferenças significativas entre os resultados encontrados; entretan-to, em valores absolutos, tal afinida-de é maior nas plantas originárias do “plantio direto” (SLD).

A Figura 2 ilustra o crescimento da laranjeira ‘Pera’ relacionado com porta-enxerto, preparo do solo e sistema de plantio. Percebe-se que as plantas (da mesma idade) originárias do “plantio direto” (PD, nas fotos) cresceram mais do que aquelas originárias de mudas (M),

independentemente do porta--enxerto e do preparo do solo. Na parte inferior direita da figura há um detalhe da subsolagem e da enxertia no local definitivo.

C – PRODUTIVIDADE

Influência do porta-enxerto – Na Tabela 4 encontram-se os resulta-dos do desdobramento porta-en-xerto dentro de sistema de plantio e de preparo do solo, relaciona-do com a produtividade e com o peso médio dos frutos. O teste de Scott-Knott (P≤5%) revelou que algumas das combinações gené-ticas copa x porta-enxerto perten-cem a grupos distintos: superior

TABELA 2 RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE PREPARO DO SOLO DENTRO DE PORTA-ENXER-TO E DE SISTEMA DE PLANTIO, RELACIONADO COM O CRESCIMENTO DAS PLANTAS1

Sistema dePlantio Porta-enxerto Preparo

do soloAltura da

planta (m)Diâmetro da

copa (m)Volume dacopa (m3)

Diâmetro do tronco do

enxerto (m)

Diâmetro do tronco p-enxerto

(m)

Afinidade copa/ p--enxerto

(Dte/Dtpe)

M

L. CravoCom sub 1,21 a 2,37 a 3,55 a 0,064 a 0,078 a 0,82 a

Sem sub 1,01 b 2,21 a 2,64 b 0,060 a 0,072 a 0,83 a

L. VolkamerianoCom sub 1,18 a 2,39 a 3,56 a 0,073 a 0,092 a 0,79 a

Sem sub 1,00 b 2,22 a 2,58 b 0,060 a 0,077 b 0,78 a

T. Sunki TropicalCom sub 1,31 a 2,48 a 4,29 a 0,070 a 0,088 a 0,80 a

Sem sub 1,23 b 2,23 b 3,29 b 0,064 a 0,078 a 0,82 a

T. CleópatraCom sub 1,11 a 2,36 a 3,32 a 0,060 a 0,080 a 0,74 a

Sem sub 1,15 a 2,32 a 3,29 a 0,059 a 0,074 a 0,79 a

C. ‘Índio’Com sub 1,06 a 2,50 a 3,56 a 0,062 a 0,089 a 0,70 a

Sem sub 1,00 a 2,20 b 2,55 b 0,060 a 0,083 a 0,72 a

SLD

L. CravoCom sub 1,28 a 2,82 a 5,34 a 0,088 a 0,085 a 0,90 a

Sem sub 1,15 b 2,43 b 3,67 b 0,072 a 0,082 a 0,88 a

L. VolkamerianoCom sub 1,43 a 2,81 a 5,95 a 0,086 a 0,102 a 0,84 a

Sem sub 1,10 b 2,49 b 3,74 b 0,078 a 0,086 b 0,90 a

T. Sunki TropicalCom sub 1,23 a 2,92 a 5,57 a 0,077 a 0,096 a 0,64 a

Sem sub 1,21 a 2,60 b 4,35 b 0,076 a 0,093 a 0,82 a

T. CleópatraCom sub 1,31 a 3,01 a 6,28 a 0,086 a 0,095 a 0,91 a

Sem sub 1,35 a 2,61 b 4,83 b 0,083 a 0,090 a 0,92 a

C. ‘Índio’Com sub 1,21 a 2,65 a 4,52 a 0,081 a 0,092 a 0,87 a

Sem sub 1,21 a 2,45 b 3,90 a 0,074 a 0,092 a 0,80 a1 Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P≤5%).Fonte: Autor

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FIGURA 2

L. ‘Pera’ em L. ‘Cravo’

L. ‘Pera’ em T. ‘Sunki Tropical’

L. ‘Pera’ em citrandarin ‘Índio’

L. ‘Pera’ em L. ‘Volkameriano’

L. ‘Pera’ em T. ‘Cleópatra’

Subsolagem e enxertia in loco

Crescimento da laranjeira ‘Pera’ relacionado com: porta-enxerto, sistema de plantio e preparo do solo. Para cada combinação copa x porta-enxerto tem-se: plantas da parte superior, “plantio direto”; plantas da parte inferior, plantio de mudas; as da esquerda, sem subsolagem; as da direita, com subsolagem. Idade das plantas: três anos e nove meses. No canto inferior direito, detalhe da subsolagem e enxertia no local definitivo.

PDSS PDCS

MSS MCS

PDSS PDCS

MSS MCS

PDSS PDCS

MSS MCS

PDSS PDCS

MSS MCS

PDSS PDCS

MSS MCS

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(a), intermediário (b) e inferior (c), a depender do sistema de plantio e do preparo do solo. Nos pomares originários do plantio de mudas (M), independentemente do pre-paro do solo, o número e o peso dos frutos por hectare foram signi-ficativamente superiores na laran-jeira ‘Pera’ enxertada nos limoeiros ‘Cravo’ e ‘Volkameriano’ e no híbri-do citrandarin ‘Indio’, comparado com as demais combinações ge-néticas. Independentemente do preparo do solo, nos pomares ori-ginários do “plantio direto” (SLD), o número e o peso dos frutos por hectare foram significativamente superiores na combinação gené-tica laranjeira ‘Pera’ enxertada no

limoeiro ‘Volkameriano’ e signifi-cativamente inferiores na combi-nação genética laranjeira ‘Pera’ enxertada na tangerineira ‘Cleó-patra – respectivamente, as com-binações mais precoce e mais tardia. Não houve influência do porta-enxerto no peso médio dos frutos, pois não há diferenças sig-nificativas entre os valores obtidos.

Influência do preparo do solo – Na Tabela 5 encontram-se os resultados do desdobramento preparo do solo dentro de porta--enxerto e de sistema de plantio relacionado com a produtividade e com o peso médio dos frutos. O teste de Tukey (P≤5%) revelou

que a influência do preparo do solo na produtividade depende da combinação copa x porta--enxerto e do sistema de plantio. Nas plantas originárias de mudas (M), independentemente da com-binação genética copa x porta--enxerto, não houve influência do preparo do solo no número e no peso de frutos por hectare, nem no peso médio dos frutos, pois não há diferenças significativas entre os valores obtidos. Entre-tanto, nas plantas originárias do “plantio direto” (SLD), a subso-lagem contribuiu para aumentar significativamente o número e o peso de frutos por hectare da la-ranjeira ‘Pera’ enxertada nos limo-

TABELA 3 RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE SISTEMA DE PLANTIO DENTRO DE PORTA-EN-XERTO E DE PREPARO DO SOLO, RELACIONADO COM O CRESCIMENTO DAS PLANTAS1

Preparo do

soloPorta-enxerto Sistema de

PlantioAltura da

planta (m)Diâmetro da

copa (m)Volume dacopa (m3)

Diâmetro do tronco do

enxerto (m)

Diâmetro do tronco p-enxerto

(m)

Afinidade copa/ p--enxerto

(Dte/Dtpe)

COM SUB

L. CravoM 1,21 a 2,37 b 3,55 b 0,064 b 0,078 a 0,82 a

SLD 1,28 a 2,82 a 5,34 a 0,088 a 0,085 a 0,90 a

L. VolkamerianoM 1,18 b 2,39 b 3,56 b 0,073 a 0,092 a 0,79 a

SLD 1,43 a 2,81 a 5,95 a 0,086 a 0,102 a 0,84 a

T. Sunki TropicalM 1,31 a 2,48 b 4,29 b 0,070 a 0,088 a 0,64 a

SLD 1,23 b 2,92 a 5,57 a 0,077 a 0,096 a 0,80 a

T. CleópatraM 1,11 b 2,36 b 3,32 b 0,060 b 0,080 b 0,74 a

SLD 1,31 a 3,01 a 6,28 a 0,086 a 0,095 a 0,91 a

C. ‘Índio’M 1,06 b 2,50 a 3,56 b 0,062 b 0,089 a 0,70 a

SLD 1,21 a 2,64 a 4,52 a 0,081 a 0,092 a 0,87 a

SEM SUB

L. CravoM 1,01 b 2,21 b 2,64 b 0,060 a 0,072 a 0,83 a

SLD 1,15 a 2,43 a 3,67 a 0,072 a 0,082 a 0,88 a

L. VolkamerianoM 1,00 b 2,22 b 1,72 b 0,060 b 0,077 a 0,78 a

SLD 1,10 a 2,49 a 3,36 a 0,078 a 0,086 a 0,90 a

T. Sunki TropicalM 1,23 a 1,55 b 3,29 b 0,064 a 0,078 b 0,82 a

SLD 1,21 a 2,16 a 4,35 a 0,076 a 0,093 a 0,82 a

T. CleópatraM 1,15 b 2,23 b 3,29 b 0,059 b 0,074 b 0,79 a

SLD 1,35 a 2,60 a 4,83 a 0,083 a 0,090 a 0,92 a

C. ‘Índio’M 1,00 b 2,20 b 2,55 b 0,060 a 0,083 a 0,72 a

SLD 1,21 a 2,45 a 3,90 a 0,074 a 0,092 a 0,80 a1 Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P≤5%).Fonte: Autor

81

eiros ‘Cravo’ e ‘Volkameriano’, in-dicando que essas combinações genéticas são mais sensíveis ao adensamento do solo. Indepen-dentemente do sistema de plantio e da combinação genética copa x porta-enxerto, a subsolagem não contribuiu para aumentar significa-tivamente o peso médio dos frutos

Influência do sistema de plan-tio – A Tabela 6 mostra os re-sultados do desdobramento sistema de plantio dentro de porta-enxerto e de preparo do solo, relacionado com a pro-dutividade e com o peso médio dos frutos. Independentemente da combinação copa x porta-

-enxerto e do preparo do solo, em valores absolutos a produti-vidade dos pomares resultantes do “plantio direto” é inquestio-navelmente maior do que a dos pomares resultantes do plantio de mudas – isso indica que tais pomares são mais vigorosos, precoces, produtivos e, possi-velmente, mais longevos e sus-tentáveis do que os pomares re-sultantes do plantio de mudas. Independentemente do preparo do solo, o número e o peso de frutos por hectare foi significa-tivamente maior nos pomares de laranjeira ’Pera’ enxertada no limoeiro ‘Volkameriano’ e nas tangerineiras ‘Sunki Tropi-

cal’ e ‘Cleópatra’. Independen-temente da combinação gené-tica copa x porta-enxerto e do preparo do solo, o sistema de plantio não influenciou o peso médio dos frutos, pois não há diferenças significativas entre os valores obtidos.

Tais resultados mostram que o “plantio direto” dos citros (seme-adura ou plantio do porta-enxerto no local definitivo) é uma realida-de! Estima-se que cerca de mil hectares de citros já foram im-plantados na Bahia utilizando-se esse sistema de plantio. Compa-rado com o plantio de mudas, o “plantio direto” do citros resultou

TABELA 4RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE PORTA-ENXERTO DENTRO DE SISTEMA DE PLANTIO E DE PREPARO DO SOLO, RELACIONADO COM A PRODUTIVIDADE E COM O PESO MÉDIO DOS FRUTOS1

Preparo do solo

Sistema dePlantio Porta-enxerto Nº de frutos por hectare Peso de frutos (kg ha-1) Peso médio

dos frutos (kg)

COM SUB

M

L. Cravo 60.833 a 11.747 a 0,19 a

L. Volkameriano 55.486 a 10.926 a 0,20 a

T. Sunki Tropical 15.486 b 2.852 b 0,18 a

T. Cleópatra 9.097 b 1.751 b 0,19 a

C. ‘Índio’ 62.847 a 11.290 a 0,18 a

SLD

L. Cravo 104.722 b 22.288 b 0,21 a

L. Volkameriano 140.069 a 27.616 a 0,20 a

T. Sunki Tropical 85.972 b 17.298 c 0,21 a

T. Cleópatra 63.125 c 11.570 c 0,18 a

C. ‘Índio’ 83.750 b 16.092 c 0,19 a

SEM SUB

M

L. Cravo 57.847 a 11.851 a 0,20 a

L. Volkameriano 54.166 a 11.328 a 0,21 a

T. Sunki Tropical 22.986 b 4.649 b 0,20 a

T. Cleópatra 2.500 b 410 b 0,16 a

C. ‘Índio’ 43.263 a 7.932 a 0,18 a

SLD

L. Cravo 78.541 b 15.981 a 0,20 a

L. Volkameriano 105.277 a 20.019 a 0,19 a

T. Sunki Tropical 67.500 b 13.714 b 0,20 a

T. Cleópatra 42.361 c 7.446 c 0,18 a

C. ‘Índio’ 64.930 b 11.722 b 0,18 a

1Médias seguidas da mesma letra nas colunas pertencem ao mesmo grupo, pelo teste de Scott-Knott (P≤5%);Fonte: Autor

82

vantajosamente nos seguintes benefícios fitotécnicos, econômi-cos e ambientais:

a) maior vigor, precocidade, produtividade e, possivelmente, maior longevidade e sustentabi-lidade do pomar, devido à melhor e mais rápida adaptação das plantas às condições ambien-tais. Em ordem decrescente de produtividade (peso de frutos por hectare) relacionada com o siste-ma de plantio, preparo do solo e porta-enxerto, tem-se:

Plantio de mudas, sem sub-solagem: L. ‘Pera’ x L. ‘Cravo’ (11.851 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x L.

‘Volkameriano’ (11.328 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x C. ‘Índio’ (7.932 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x T.’Sunki Tro-pical (4.649 kg ha-1) ‘Pera’ x T. ‘Cleópatra’ (410 kg ha-1);

“Plantio direto”, sem subsolagem: L. ‘Pera’ x L. ‘Volkameriano’ (20.019 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x L. ‘Cravo’ (15.981 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x T. ‘Sunki Tropical’ (13.714 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x C. ‘Índio’ (11.722 kg ha-1) > L.‘Pera’ x T. ‘Cleópatra’ (7.446 kg ha-1);

Plantio de mudas, com subsola-gem: L. ‘Pera’ x L. ‘Cravo’ (11.747 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x C. ‘Índio’ (11.290 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x L. ‘Volkameriano’ (10.926 kg ha-1) >

L. ‘Pera’ x T.’Sunki Tropical (2.852 kg ha-1) > L. Pera’ x L. ‘Cleópatra’ (1.751 kg ha-1);

“Plantio direto”, com subsola-gem: L. ‘Pera’ x L. ‘Volkameriano’ (27.616 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x L. ‘Cravo’ (22.288 kg ha-1) > L. ‘Pera’ x T. ‘Sunki Tropical’ (17.298 kg ha-

1) > L. ‘Pera’ x C. ‘Índio’ (16.092 kg ha-1) > L.‘Pera’ x T. ‘Cleópatra’ (11.570 kg ha-1).

b) algumas combinações genéti-cas copa x porta-enxerto mostra-ram-se intolerantes e outras tole-rantes ao adensamento do solo – para as tolerantes é dispensável a prática da subsolagem para di-

TABELA 5RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE PREPARO DO SOLO DENTRO DE PORTA-ENXER-TO E DE SISTEMA DE PLANTIO, RELACIONADO COM A PRODUTIVIDADE E COM O PESO MÉDIO DOS FRUTOS1

Sistema de Plantio Porta-enxerto Preparo do solo Nºde frutos/ha Peso de frutos(kg ha-1)

Peso médio do fruto (kg)

M

L. CravoCom sub 60.833 a 11.747 a 0,20 aSem sub 57.847 a 11.851 a 0,19 a

L. VolkamerianoCom sub 55.486 a 10.926 a 0,20 aSem sub 54.166 a 11.328 a 0,21 a

T. Sunki TropicalCom sub 15.486 a 2.852 a 0,18 aSem sub 22.986 a 4.649 a 0,20 a

T. CleópatraCom sub 9.097 a 1.751 a 0,19 aSem sub 2.500 a 410 a 0,16 a

C. ‘Índio’Com sub 62.847 a 11.290 a 0,18 aSem sub 43.263 a 7.932 a 0,26 a

SLD

L. CravoCom sub 104.722 a 22.288 a 0,21 aSem sub 7 8.541 b 15.981 b 0,20 a

L. VolkamerianoCom sub 140.069 a 27.616 a 0,20 aSem sub 105.277 b 20.019 b 0,19 a

T. Sunki TropicalCom sub 85.972 a 17.298 a 0,20 aSem sub 67.500 a 13.714 a 0,20 a

T. CleópatraCom sub 63.125 a 11.570 a 0,18 aSem sub 42.361 a 7.446 a 0,18 a

C. ‘Índio’Com sub 83.750 a 16.092 a 0,19 aSem sub 64.930 a 11.722 a 0,18 a

1 Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P≤5%).Fonte: Autor

83

minuir a resistência do solo à pe-netração radicular, o que implica menor custo de produção e, con-sequentemente, em maior benefí-cio para o citricultor.

c) é um sistema de produção agríco-la mais econômico do que o plantio convencional, principalmente porque dispensa a compra de mudas. Os itens diferenciais dos custos de im-

plantação de um hectare de citros (espaçamento das plantas, 6,0 m x 4,0 m) para os dois sistemas de plantio são os seguintes (valores em novembro de 2012):

TABELA 6RESULTADOS DO DESDOBRAMENTO DE SISTEMA DE PLANTIO DENTRO DEPORTA-ENXERTO E DE PREPARO DO SOLO, RELACIONADO COM OCRESCIMENTO DAS PLANTAS1

Preparo do solo Porta-enxerto Sistema de Plantio Nº de frutos/ha Peso de frutos (kg ha-1) Peso médio dos frutos (kg)

COM SUB

L. CravoM 60.833 b 11.747 b 0,19 a

SLD 104.722 a 22.288 a 0,21 a

L. VolkamerianoM 55.486 b 10.926 b 0,20 a

SLD 140.069 a 27.616 a 0,20 a

T. Sunki TropicalM 15.486 b 2.852 b 0,18 a

SLD 85.972 a 17.298 a 0,20 a

T. CleópatraM 9.097 b 1.751 b 0,19 a

SLD 63.125 a 11.570 a 0,18 a

C. ‘Índio’M 62.847 a 11.290 a 0,18 a

SLD 83.750 a 16.092 a 0,19 a

SEM SUB

L. CravoM 57.847 a 11.851 a 0,20 a

SLD 78.541 a 15.981 a 0,20 a

L. VolkamerianoM 54.166 b 11.328 b 0,21 a

SLD 105.277 a 20.019 a 0,19 a

T. Sunki TropicalM 22.986 b 4.649 b 0,20 a

SLD 67.500 a 13.714 a 0,20 a

T. CleópatraM 2.500 b 410 b 0,16 a

SLD 42.361 a 7.446 a 0,18 a

C. ‘Índio’M 43.263 a 7.932 a 0,18 a

SLD 64.930 a 11.722 a 0,18 a

1 Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P≤5%).Fonte: Autor

Plantio de mudas R$ R$ Total

Mudas (+ 10%) Un. 459 2,50 1.147,50

Abertura de covas H/D 3 35,00 105,00

Plantio H/D 2 35,00 70,00

Transporte mudas H/tr 1 45,00 45,00

Total 1.367,50

“Plantio direto” R$ R$ Total

Sementes kg 0,6 100,00 60,00

Marcação de covas H/D 1,5 35,00 52,50

Semeadura H/D 0,4 35,00 14,00

Enxertia H/D 2,0 40,00 80,00

Repasse enxertia H/D 0,4 40,00 16,00

Total 222,50

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comprovada superioridade do “plantio direto” dos citros, compa-rado com o plantio de mudas, de-ve-se ao seguinte fato: a formação e o manejo das mudas em viveiros, particularmente em viveiros tela-dos, é uma simplificação grosseira do sistema natural de produção agrícola solo-planta-clima. Nesses viveiros, substitui-se o solo natural por uma bolsa plástica impermeá-vel e intransponível contendo um volume de substrato artificial, fofo, na qual as raízes ficam confinadas, enoveladas e impedidas de expan-direm-se. Além disso, o clima natu-ral é substituído pelo clima artificial do viveiro no qual as plantas são submetidas a fertirrigações diárias e, por isso, não sofrem estresses hídricos nem de nutrição como sói acontecer no ambiente natural. Ao deixarem essa hospedaria, lim-pas, porém não imunes às pragas,

as plantas passarão a enfrentar os rigores do meio natural – in-clusive ataque de pragas, pois agora estão fora do viveiro – geral-mente sem a devida aclimatação, resultando em pomares menos vigorosos, com desenvolvimento prejudicado – fato que tem sido relatado por citricultores baia-nos e sergipanos. Para evitar es-tresses das plantas decorrentes do confinamento, enovelamento e corte das raízes a solução eco-nomicamente viável é o plantio do porta-enxerto no local definitivo e posterior enxertia in loco. A seme-adura do porta-enxerto poderá ser feita de duas maneiras: diretamen-te na cova de plantio ou em bolsas plásticas, nos viveiros. Neste caso, o tempo de permanência do porta--enxerto na bolsa não deverá ul-trapassar o momento em que sua raiz pivotante atingir o fundo do recipiente, sem enovelar. Em am-bos os casos, torna-se obrigatório a utilização de sementes e bor-bulhas certificadas, assim como

o controle de pragas a partir do plantio.

O Ministério da Agricultura esta-beleceu, por meio de regulamen-tação, que as mudas produzidas para fins comerciais têm que ser formadas obrigatoriamente em ambientes protegidos (viveiros tela-dos) a fim de se garantir ao usuário plantas livres de pragas; entretanto, segundo essa mesma regulamen-tação, o produtor rural que desejar poderá instalar em sua propriedade pomares originários de plantas for-madas no próprio local (plantio di-reto). Trata-se aqui de plantas para uso próprio e não para venda.

Com essa enfática defesa do “plantio direto” dos citros não se pretende negar a importância eco-nômica e social da produção de mudas como parte do agronegó-cio citros. O “plantio direto” dos ci-tros surge como mais uma opção técnica disponível, viável e com-pensatória para o citricultor.

EQUIPE TÉCNICA, INSTITUIÇÕES E ÁREAS DE CONHECIMENTO

z UFRB – Pesquisadores: Carlos Humberto Calfa (solos, colaborador), João Albany Costa (Estatística), Joelito de Oliveira Rezende (Solos), Luciano da Silva Souza (Solos), Manoel Teixeira de Castro Neto (Fisiologia Vegetal), Oldair Vinhas Costa (Solos)

z UFRB – Alunos estagiários: Ana Paula Soares Rodrigues, Carine Andrade Teixeira, Erivaldo de Jesus da Silva, Fábio Farias Amorim, Geocássia de Oliveira Santana, Gleidson Oliveira dos Santos, Itamar de Souza Oliveira, Jefferson de Souza Santos, Lívia Fernanda Lavrador Toniasso, Maiara Dresselin Coelho, Patrícia Lima de Souza Santos, Pedro Henrique Falcão de Oliveira, Phylipe Veiga de Macedo, Plácido Ulisses Souza, Reizandra Pereira Barbosa, Rivani Oliveira Ferreira, Rodrigo C. de Carvalho, Sandielle Araujo Vilas Boas, Sara de Jesus Duarte, Zuleide Silva de Carvalho.

z Fazenda Lagoa do Coco: Roberto Toyohiro Shibata (Fitotecnia, fruticultura)

z Universidade de Valência, Espanha: Juan Sánchez Díaz (Edafologia)

z Embrapa Mandioca e Fruticultura: Carlos Alberto da Silva Ledo (Estatística), Hermes Peixoto Santos Filho (Fitopatologia), Walter dos Santos Soares Filho (Melhoramento Genético)

z EBDA – Transferência de tecnologia: Antônio Carlos Oliveira, Antônio César Barreto Borges, Antônio José de Almeida, Geraldo Almeida Souza, José Leoni Santos, Manoel Soares dos Reis Filho, Nereu Pereira Dumonte, Nilton Antônio Caldas Pereira.

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AGRADECIMENTO

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), pelo inestimável apoio financeiro; ao Engenheiro Agrônomo Roberto Toyohiro Shibata e familiares – proprietários da Fazenda Lagoa do Coco, parceiros na pesquisa e pioneiro exitoso no uso do “plantio di-reto” dos citros – pelo carinho com que tratam estudantes e pesquisado-res e por fazerem dessa Fazenda uma extensão das demais instituições parceiras.

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