PLANTÕES DE FÉRIAS L. PORTUGUESA e LITERATURA · A gente avança no escuro, ... “Filme bom é...

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Colégio Notre Dame de Campinas Congregação de Santa Cruz Página 1 1. Leia o texto para responder à questão. PENSAR É VIVER Não tenho nenhuma receita, nenhum facilitador para se entender a vida: ela é confusão mesmo. A gente avança no escuro, teimosamente, porque recuar não dá. Nesse labirinto a gente encontra o fio de um afeto, pontos de criatividade, explosões de pensamento ou ação que nos iluminem, por um momento que seja. Coisas que nos justifiquem enquanto seres humanos. Tenho talvez a ingenuidade de acreditar que tudo faz algum sentido, e que nós precisamos descobrir - ou inventá-lo. Qualquer pessoa pode construir a sua "filosofia de vida". Qualquer pessoa pode acumular vida interior. Sem nenhuma conotação religiosa, mas ética: o que valho, e os outros, o que valem para mim? O que estou fazendo com a minha vida, o que pretendo com ela? Essa capacidade de refletir, ou de simplesmente aquietar-se para sentir, faz de nós algo além de cabides de roupas ou de ideias alheias. Sempre foi duro vencer o espírito de rebanho, mas esse conflito se tornou esquizofrênico: de um lado precisamos ser como todo mundo, é importante adequar-se, ter seu grupo, pertencer; de outro lado, é necessário preservar uma identidade e até impor-se, às vezes transgredir, para sobreviver. Discernir e escolher ficam mais difíceis, porque o excesso de informações nos atordoa, a troca de mitos nos esvazia, a variedade de solicitações nos exaure. Para ter algum controle de nossa vida é necessário descobrir quem somos ou queremos ser - à revelia dos modelos generalizantes. Dura empreitada, num momento em que tudo parece colaborar para que se aceitem modelos prontos para servir. Pensamento independente passou a ser excentricidade, quando não agressão. Família, escola e sociedade deviam desenvolver o distanciamento crítico e a capacidade de avaliar - e questionar - para poder escolher. Mas, embora a gente se pense tão moderno, não é o que acontece. Alunos (e filhos) questionadores podem ser um embaraço. Preferimos nos tornar membros da vasta confraria da mediocridade, que cultua o mais fácil, o mais divertido, o que todo mundo pensa ou faz, e abafa qualquer inquietação. Por sorte nossa, aqui e ali aquele olho da angústia mais saudável entreabre sua pesada pálpebra e nos encara irônico: como estamos vivendo a nossa vida, esse breve sopro... e o que realmente pensamos de tudo isso - se por acaso pensamos? (LUFT, Lya. "Pensar é transgredir". Rio de Janeiro: Record, 2004. pp 177-78) PLANTÕES DE FÉRIAS L. PORTUGUESA e LITERATURA Nome: Nº: Série: 2º ANO Profª MARIANA PERIGRINO Data: JULHO 2016

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1. Leia o texto para responder à questão.

PENSAR É VIVER

Não tenho nenhuma receita, nenhum facilitador para se entender a vida: ela é confusão

mesmo.

A gente avança no escuro, teimosamente, porque recuar não dá. Nesse labirinto a gente

encontra o fio de um afeto, pontos de criatividade, explosões de pensamento ou ação que nos

iluminem, por um momento que seja. Coisas que nos justifiquem enquanto seres humanos.

Tenho talvez a ingenuidade de acreditar que tudo faz algum sentido, e que nós precisamos

descobrir - ou inventá-lo. Qualquer pessoa pode construir a sua "filosofia de vida". Qualquer pessoa

pode acumular vida interior. Sem nenhuma conotação religiosa, mas ética: o que valho, e os outros,

o que valem para mim? O que estou fazendo com a minha vida, o que pretendo com ela?

Essa capacidade de refletir, ou de simplesmente aquietar-se para sentir, faz de nós algo além

de cabides de roupas ou de ideias alheias. Sempre foi duro vencer o espírito de rebanho, mas esse

conflito se tornou esquizofrênico: de um lado precisamos ser como todo mundo, é importante

adequar-se, ter seu grupo, pertencer; de outro lado, é necessário preservar uma identidade e até

impor-se, às vezes transgredir, para sobreviver.

Discernir e escolher ficam mais difíceis, porque o excesso de informações nos atordoa, a

troca de mitos nos esvazia, a variedade de solicitações nos exaure. Para ter algum controle de nossa

vida é necessário descobrir quem somos ou queremos ser - à revelia dos modelos generalizantes.

Dura empreitada, num momento em que tudo parece colaborar para que se aceitem

modelos prontos para servir. Pensamento independente passou a ser excentricidade, quando não

agressão. Família, escola e sociedade deviam desenvolver o distanciamento crítico e a capacidade

de avaliar - e questionar - para poder escolher.

Mas, embora a gente se pense tão moderno, não é o que acontece. Alunos (e filhos)

questionadores podem ser um embaraço. Preferimos nos tornar membros da vasta confraria da

mediocridade, que cultua o mais fácil, o mais divertido, o que todo mundo pensa ou faz, e abafa

qualquer inquietação.

Por sorte nossa, aqui e ali aquele olho da angústia mais saudável entreabre sua pesada

pálpebra e nos encara irônico: como estamos vivendo a nossa vida, esse breve sopro... e o que

realmente pensamos de tudo isso - se por acaso pensamos?

(LUFT, Lya. "Pensar é transgredir". Rio de Janeiro: Record, 2004. pp 177-78)

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L. PORTUGUESA e LITERATURA Nome: Nº: Série: 2º ANO

Profª MARIANA PERIGRINO Data: JULHO 2016

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No 5º. parágrafo do texto, Lya Luft defende a ideia de que devemos buscar nossa

identidade. Que expressão, formada por substantivo mais adjetivo, utilizada no parágrafo seguinte,

retoma essa ideia ao mesmo tempo em que transmite uma opinião da cronista?

2. (UFRJ) – Leia atentamente os textos abaixo.

TEXTO 1

A PRODUÇÃO CULTURAL DO CORPO

Pensar o corpo como algo produzido na e pela cultura é, simultaneamente, um desafio e

uma necessidade. Um desafio porque rompe, de certa forma, com o olhar naturalista sobre o qual

muitas vezes o corpo é observado, explicado, classificado e tratado. Uma necessidade porque ao

desnaturalizá-lo revela, sobretudo, que o corpo é histórico. Isto é, mais do que um dado natural

cuja materialidade nos presentifica no mundo, o corpo é uma construção sobre a qual são

conferidas diferentes marcas em diferentes tempos, espaços, conjunturas econômicas, grupos

sociais, étnicos, etc. Não é portanto algo dado a priori nem mesmo é universal: o corpo é provisório,

mutável e mutante, suscetível a inúmeras intervenções consoante o desenvolvimento científico e

tecnológico de cada cultura bem como suas leis, seus códigos morais, as representações que cria

sobre os corpos, os discursos que sobre ele produz e reproduz.

Um corpo não é apenas um corpo. É também o seu entorno. Mais do que um conjunto de

músculos, ossos, vísceras, reflexos e sensações, o corpo é também a roupa e os acessórios que o

adornam, as intervenções que nele se operam, a imagem que dele se produz, as máquinas que nele

se acoplam, os sentidos que nele se incorporam, os silêncios que por ele falam, os vestígios que

nele se exibem, a educação de seus gestos... enfim, é um sem limite de possibilidades sempre

reinventadas e a serem descobertas. Não são, portanto, as semelhanças biológicas que o definem

mas, fundamentalmente, os significados culturais e sociais que a ele se atribuem. (GOELLNER, Silvana Vilodre. "A produção cultural do corpo". In: LOURO, Guacira Lopes (org.) "Corpo, gênero e

sexualidade; um debate contemporâneo na educação". Petrópolis: Vozes, 2003. p.28-29)

TEXTO 2

A NÃO ACEITAÇÃO

Desde que começou a envelhecer realmente começou a querer ficar em casa. Parece-me

que achava feio passear quando não se era mais jovem: o ar tão limpo, o corpo sujo de gordura e

rugas. Sobretudo a claridade do mar como desnuda. Não era para os outros que era feio ela

passear, todos admitem que os outros sejam velhos. Mas para si mesma. Que ânsia, que cuidado

com o corpo perdido, o espírito aflito nos olhos, ah, mas as pupilas essas límpidas.

Outra coisa: antigamente no seu rosto não se via o que ela pensava, era só aquela face

destacada, em oferta. Agora, quando se vê sem querer ao espelho, quase grita horrorizada: mas eu

não estava pensando nisso! Embora fosse impossível e inútil dizer em que rosto parecia pensar, e

também impossível e inútil dizer no que ela mesma pensava.

Ao redor as coisas frescas, uma história para a frente, e o vento, o vento... Enquanto seu

ventre crescia e as pernas engrossavam, e os cabelos se haviam acomodado num penteado natural

e modesto que se formara sozinho. (LISPECTOR, Clarice. "A descoberta do mundo". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p. 291)

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a) Do primeiro parágrafo do texto I, retire os quatro adjetivos que melhor caracterizam a noção de

corpo nele apresentada.

b) Estabeleça a relação entre esses adjetivos e a temática central do texto II.

3. Leia o poema.

Na morte dos rios

Desde que no Alto Sertão um rio seca,

a vegetação em volta, embora de unhas,

embora sabres, intratável e agressiva,

faz alto à beira daquele leito tumba.

Faz alto à agressão nata: jamais ocupa

o rio de ossos areia, de areia múmia. (João Cabral de Melo Neto)

João Cabral de Melo Neto pretendeu criar uma linguagem para seus poemas que se afastasse um

pouco da linguagem usual, por meio de pequenos desvios. Para isso, empregou, às vezes, palavras

fora das classes morfológicas a que pertencem.

a) Transcreva os fragmentos em que isso acontece.

b) Identifique a classe original das palavras e a classe em que João Cabral as utilizou em seu poema.

4. (ITA) – Observe o texto abaixo.

“Filme bom é filme antigo? Lógico que não, mas ‘‘A Múmia’’, de 1932, põe a frase em xeque.

Sua refilmagem, com Brendan Fraser no elenco, ainda corre nos cinemas brasileiros, repleta de

humor e efeitos visuais.

Na de Karl Freund, há a vantagem de Boris Karloff no papel-título, compondo uma múmia

aterrorizadora, fiel ao terror dos anos 30. Apesar de alguma precariedade, lança um clima de

mistério que a versão de 1999 não conseguiu, tal a ênfase dada à embalagem. Daí 'nem sempre

cinema bom são efeitos especiais' deveria ser a tal frase.” (A precária e misteriosa múmia de 32, Folha de S. Paulo, Caderno Ilustrada, 4/8/1999.)

Em ‘‘tal a ênfase dada à embalagem’’ e ‘‘deveria ser a tal frase’’, os termos em destaque nas duas

frases podem ser substituídos, respectivamente, por:

a) semelhante; aquela.

b) tamanha; essa.

c) tamanha; aquela.

d) semelhante; essa.

e) essa; aquela

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5. (Uerj) – Analise a tirinha.

(WATTERSON, Bill. Os dez anos de Calvin e Haroldo. v. 2. São Paulo: Best News, 1996.)

"Tudo começou quando Calvin participou de um pequeno debate com o seu pai! Logo Calvin podia

ver os dois lados da questão! Então o pobre Calvin começou a ver os dois lados de tudo!". No trecho

citado, a opção do personagem pelo foco na 3ª pessoa – ainda que para referir-se a si mesmo – tem

como principal justificativa:

a) seu desejo de ser uma pessoa realista

b) seu medo de tornar o discurso subjetivo

c) sua vontade de se identificar com a fala paterna

d) sua incapacidade de lidar com a situação narrada

6. (Fuvest) – Leia o texto de Clarice Lispector.

Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:

— E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?

— Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia.

— E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?

— Macabéa.

— Maca — o quê?

— Bea, foi ela obrigada a completar.

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— Me desculpe, mas até parece doença, doença de pele.

— Eu também acho esquisito, mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da

Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu

preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que ninguém tem mas parece que

deu certo — parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com

pudor — pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...

— Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande dívida de honra.

Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine

de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e

pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-

namorado:

— Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?

Da segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem

nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas

escorrendo.

(Clarice Lispector, A hora da estrela.)

No trecho “mas minha mãe botou ele por promessa”, o pronome pessoal foi empregado em

registro coloquial. É o que também se verifica em:

a) “- E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?”

b) “- E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?”

c) “- Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?”

d) “- Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.”

e) “- (...) pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...”

7. Observe o anúncio publicitário e responda ao que se pede.

Observe a oração “Examine seu plano de saúde e exija o tratamento que você merece.”.

a) Reescreva a oração, passando para a 2ª pessoa do singular, seguindo os preceitos da norma

padrão e fazendo as alterações necessárias.

b) Explique por qual motivo a propaganda da APM optou por usar uma forma pronominal diferente

da norma culta e discuta as adaptações necessárias para tal efeito.

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8. (Fuvest)

“O que dói nem é a frase (Quem paga seu salário sou eu), mas a postura arrogante. Você fala e o

aluno nem presta atenção, como se você fosse uma empregada”. (Adaptado de entrevista dada por uma professora, Folha de S. Paulo)

a) A quem se refere o pronome “você”, tal como foi usado pela professora? Esse uso é próprio de

que variedade linguística?

b) No trecho “como se você fosse uma empregada”, fica pressuposto algum tipo de discriminação

social? Justifique sua resposta.

9. (ITA) – Leia o texto a seguir.

O tempo do pescador é medido pelos ciclos da natureza, pelo decorrer dos dias e noites no

ambiente marítimo e pelo comportamento das espécies. Na pesca tradicional os róis, sob a

orientação dos capitães e mestres de pesca, dividem tarefas através do tempo de trabalho por eles

estipulado. O senso de liberdade, tão caro aos homens do mar, está muito ligado à autonomia sobre

o tempo, podendo-se mesmo dizer que decorre dela.

Quando os pescadores são incorporados à pesca empresarial, a autoridade do mestre, que

lhe é conferida pelo conhecimento que detém e pela tradição, vê-se substituída pelas ordens dos

patrões e dissolvida pela interferência do pessoal de terra no trabalho dos embarcados. (Maldonado, S.C. PESCADORES DO MAR. São Paulo: Ática, 1986.)

Assinale a opção que apresenta as respectivas funções da palavra "se" empregada em:

".....podendo-se mesmo dizer....." e ".....vê-se substituída....."?

a) Partícula de realce; pronome reflexivo.

b) Índice de indeterminação do sujeito; partícula de realce.

c) Pronome apassivador; pronome apassivador.

d) Parte integrante do verbo; parte integrante do verbo.

e) Parte integrante do verbo; pronome apassivador.

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Literatura 1. (Mackenzie) - Assinale a alternativa em que os versos evidenciam ideais do Arcadismo.

a) Meu canto de morte, / Guerreiros, ouvi: / Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; / Guerreiros,

descendo / Da tribo tupi.

b) Torno a ver-vos, ó montes; o destino / Aqui me torna a pôr nestes oiteiros; / Onde um tempo os

gabões deixei grosseiros / Pelo traje da Corte rico, e fino.

c) São uns olhos verdes, verdes, / Uns olhos de verde-mar, / Quando o tempo vai bonança; / Uns

olhos cor de esperança, / Uns olhos por que morri; / Que ai de mi! Nem já sei qual fiquei

sendo / Depois que os vi!

d) Hão de chorar por ela os cinamomos, / Murchando as flores ao tombar do dia. / Dos laranjais hão

de cair os pomos, / Lembrando-se daquela que os colhia.

e) Longe do estéril turbilhão da rua, / Beneditino, escreve! / No aconchego / Do claustro, na

paciência e no sossego, / Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

2. (Unesp) - Leia atentamente o texto a seguir e assinale a alternativa incorreta.

“Não permitiu o Céu que alguns influxos, que devi às águas do Mondego, se prosperassem

por muito tempo; e destinado a buscar a Pátria, que por espaço de cinco anos havia deixado, aqui,

entre a grosseria dos seus gênios, que menos pudera eu fazer que entregar-me ao ócio, e sepultar-

me na ignorância! Que menos, do que abandonar as fingidas Ninfas destes rios, e no centro deles

adorar a preciosidade daqueles metais, que têm atraído a este clima os corações de toda a Europa!

Não são estas as venturosas praias da Arcádia, onde o som das águas inspirava a harmonia dos

versos. Turva e feia, a corrente destes ribeiros, primeiro que arrebate as ideias de um Poeta, deixa

ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra, que lhes tem pervertido as cores."

(COSTA, Cláudio M. da. Fragmento do "Prólogo ao Leitor". In: CÂNDIDO, A. & CASTELLO, J. A. PRESENÇA DA LITERATURA

BRASILEIRA, vol. I, S. Paulo, Difusão Europeia do Livro, 1971, p. 138)

a) O poeta estabelece uma conexão entre as diferenças ambientais e o seu reflexo na produção

literária.

b) Cláudio Manuel da Costa manifesta, no texto, a sua formação intelectual europeia, mas que

deseja exprimir a realidade tosca de seu país.

c) Depreende-se do texto uma forma de conflito entre o Academicismo Árcade europeu e a

realidade brasileira que passaria a ser a nova matéria-prima do poeta.

d) Apesar dos índices do Arcadismo presentes no texto, há um questionamento do contexto sobre a

validade de adotar esse modelo literário no Brasil.

e) O poeta sofre mediante o fato de não mais poder, na Europa, contemplar as praias da Arcádia de

onde retirava suas inspirações poéticas.

3. (UNICAMP) Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Ricardo Reis refletem, de

maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela extraindo uma "filosofia de vida". Leia-os com

atenção:

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TEXTO I

LIRA 14 (Parte I)

Minha bela Marília, tudo passa;

a sorte deste mundo é mal segura;

se vem depois dos males a ventura,

vem depois dos prazeres a desgraça.

Que havemos de esperar, Marília bela?

que vão passando os florescentes dias?

As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;

e pode enfim mudar-se a nossa estrela.

Ah! não, minha Marília,

Aproveite-se o tempo, antes que faça

o estrago de roubar ao corpo as forças

e ao semblante a graça. (TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA," Marília de Dirceu")

TEXTO II

Quando, Lídia, vier o nosso outono

Com o inverno que há nele, reservemos

Um pensamento, não para a futura

Primavera, que é de outrem,

Nem para o estio, de quem somos mortos,

Senão para o que fica do que passa –

O amarelo atual que as folhas vivem

E as torna diferentes. (RICARDO REIS, "Odes")

a) Em que consiste a "filosofia de vida" que a passagem do tempo sugere ao eu lírico do poema de

Tomás Antônio Gonzaga?

b) Ricardo Reis associa a passagem do tempo às estações do ano. Que sentido é dado, em seu

poema, ao outono?

c) Os dois poetas valorizam o momento presente, embora o façam de maneira diferente. Em que

consiste essa diferença?

4. (Fuvest)

O retorno à Idade Média, em Portugal, foi a manifestação de uma característica do Romantismo.

a) Qual a manifestação correspondente no Romantismo brasileiro?

b) Exemplifique sua resposta, citando um autor e sua respectiva obra.

5. A visão do mundo, nostálgica nos românticos, explica-se:

a) pelas inúmeras guerras havidas na época do Romantismo.

b) pela inadaptação aos valores absolutistas implantados pela monarquia brasileira.

c) pelo descontentamento da nobreza, que deixa o poder, e de parte da burguesia, que ainda não

havia assumido ou que tivesse ficado à margem dele.

d) pela contemplação de um Brasil conservador, baseado no latifúndio, no escravismo e na

monarquia.

6. Observe as afirmações abaixo:

I. O “eu” romântico, objetivamente incapaz de resolver os conflitos com a sociedade, lança-se à

evasão no tempo, recriando a Idade Média Gótica e embuchada; no espaço, fugindo para ermas

paragens e para o Oriente exótico.

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II. A natureza romântica é expressiva. Ao contrário da natureza árcade, decorativa, ela

significa e revela. Prefere-se a noite ao dia, pois sob a luz do real impõe-se ao indivíduo, mas é na

treva que latejam as forças inconscientes da alma: o sonho, a imaginação.

III. No Romantismo, finda a epopeia, expressão heroica já em crise no séc. XVII, substituída pelo

poema político e pelo romance histórico, livre das peias de organização interna que marcavam a

narrativa em verso. Renascem, por outro lado, formas medievais de estrofação e dá-se o máximo

relevo aos metros livres, de cadência popular, as redondilhas maiores e menores, que passam a

competir com o nobre decassílabo.

Estão corretas:

a) todas.

b) apenas a I.

c) apenas a I e a II.

d) apenas a II e a III.

e) apenas a I e a III.

7. (UEL) Considere o fragmento abaixo:

É ela! é ela! - murmurei tremendo,

E o eco ao longe murmurou - é ela!

Eu a vi, minha fada aérea e pura -

A minha lavadeira na janela!"

Os versos acima são de Álvares de Azevedo e constituem um exemplo

a) da idealização romântica da mulher amada.

b) do intimismo sentimental de sua lírica mais pura.

c) do fatalismo e da morbidez que dominaram seus versos.

d) da veia irônica que caracteriza parte da sua obra.

e) de timidez diante da típica musa da adolescência romântica.

8. (PUC-SP) - A próxima questão refere-se ao texto abaixo.

Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;

Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas

praias ensombradas de coqueiros;

Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso

resvale à flor das águas.

Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como um todo, é possível

afirmar que:

a) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças

indígenas da América.

b) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os

Pitiguaras.

c) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais

perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira.

d) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como um

romance histórico.

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e) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e

significa “lábios de fel”.

9. (UNICAMP) - O trecho abaixo foi extraído de Iracema. Ele reproduz a reação e as últimas palavras

de Batuiretê antes de morrer:

O velho soabriu as pesadas pálpebras, e passou do neto ao estrangeiro um olhar baço. Depois o

peito arquejou e os lábios murmuraram:

– Tupã quis que estes olhos vissem antes de se apagarem, o gavião branco junto da narceja.

O abaeté derrubou a fronte aos peitos, e não falou mais, nem mais se moveu.

(José de Alencar, Iracema: lenda do Ceará. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1965, p. 171-172.)

a) Quem é Batuiretê?

b) Identifique os personagens a quem ele se dirige e indique os papéis que desempenham no

romance.

c) Explique o sentido da metáfora empregada por Batuiretê em sua fala.

10. (Fuvest) - Como se sabe, Eça de Queirós concebeu o livro O primo Basílio como um romance de

crítica da sociedade portuguesa cujas "falsas bases" ele considerava um "dever atacar". A crítica que

ele aí dirige a essa sociedade incide mais diretamente sobre

a) o plano da economia, cuja estagnação estava na base da desordem social.

b) os problemas de ordem cultural, como os que se verificavam na educação e na literatura.

c) a excessiva dependência de Portugal em relação às colônias, responsável pelo parasitismo da

burguesia metropolitana.

d) a extrema sofisticação da burguesia de Lisboa, cujo luxo e requinte conduziam à decadência dos

costumes.

e) os grupos aristocráticos, remanescentes da monarquia, que continuavam a exercer sua influência

corruptora em plena regime republicano.

11. (VUNESP) - Para responder à questão, leia o trecho seguinte, extraído de O Primo Basilio, de Eça

de Queirós.

Bom Deus, Luiza começava a estar menos comovida ao pé do seu amante, do que ao pé do seu

marido! Um beijo de Jorge perturbava-a mais, e viviam juntos havia três anos! Nunca se secara ao

pé de Jorge, nunca! E secava-se positivamente ao pé de Basilio! Basilio, no fim, o que se tornara

para ela? Era como um marido pouco amado, que ia amar fora de casa! Mas então valia a pena?

Onde estava o defeito? No amor mesmo talvez! Porque enfim, ela e Basilio estavam nas condições

melhores para obterem uma felicidade excepcional: eram novos, cercava-os o mistério, excitava-os

a dificuldade... Por que era então que quase bocejavam? É que o amor é essencialmente perecível, e

na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um

entusiasmo, um bocadinho do céu. Mas depois! ... Seria pois necessário estar sempre a começar,

para poder sempre sentir? E, pela lógica tortuosa dos amores ilegítimos. o seu primeiro amante

fazia-a vagamente pensar no segundo!

No trecho, o amor é visto, predominantemente, como um sentimento

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a) eterno, pois Luiza não deixa de amar seu marido, Jorge, apesar da distância que os

separa.

b) passageiro e frágil, pois, para Luzia, Só os começos são bons.

c) intenso, pois Luiza se mostra profundamente divida entre o amor de Basilio e Jorge.

d) terno e carinhoso, como se pode notar na boa lembrança que Luiza tem do beijo de Jorge.

e) sofrido, pois Luiza e Jorge sofrem por se amar demais e por não poderem ficar juntos.

12. (Fuvest) - O romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, publicado em 1901, é

desenvolvimento de um conto chamado “Civilização”. Do romance como um todo pode afirmar-se

que

a) apresenta um narrador que se recorda de uma viagem que fizera havia algum tempo ao Oriente

Médio, à Terra Santa, de onde deveria trazer uma relíquia para uma tia velha, beata e rica.

b) caracteriza uma narrativa em que se analisam os mecanismos do casamento e o comportamento

da pequena burguesia da cidade de Lisboa.

c) apresenta uma personagem que detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao

desenvolvimento tecnológico da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma

com a aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos.

d) revela narrativa cujo enredo envolve a vida devota da província e o celibato clerical e caracteriza

a situação de decadência e alienação de Leiria, tomando-a como espelho da marginalização de todo

o país com relação ao contexto europeu.

e) se desenvolve em duas linhas de ação: uma marcada por amores incestuosos; outra voltada

paraa análise da vida da alta burguesia lisboeta.

13. (Fuvest)

Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorável paz do céu,

realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietação contemplativa, na

luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava tão

profundamente Jacinto, que eu o senti, no silêncio em que caíramos, suspirar de puro alívio.

Depois, muito gravemente:

Tu dizes que na Natureza não há pensamento...

Outra vez! Olha que maçada! Eu...

Mas é por estar nela suprimido o pensamento que lhe está poupado o sofrimento! Nós,

desgraçados, não podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e

impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se

realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E é o que aconselham estas colinas e estas

árvores à nossa alma, que vela e se agita que viva na paz de um sonho vago e nada apeteça, nada

tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, não esperando dele senão um rumor de

harmonia, que a embale e lhe favoreça o dormir dentro da mão de Deus. Hem, não te parece, Zé

Fernandes?

Talvez. Mas é necessário então viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter

cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos...

Page 12: PLANTÕES DE FÉRIAS L. PORTUGUESA e LITERATURA · A gente avança no escuro, ... “Filme bom é filme antigo? ... aluno nem presta atenção, como se você fosse uma empregada”.

Colégio Notre Dame de Campinas Congregação de Santa Cruz

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(Eça de Queirós, A cidade e as serras.)

Considerado no contexto de A cidade e as serras, o diálogo presente no excerto revela que, nesse

romance de Eça de Queirós, o elogio da natureza e da vida rural

a) indica que o escritor, em sua última fase, abandonara o Realismo em favor do Naturalismo,

privilegiando, de certo modo, a observação da natureza em detrimento da crítica social.

b) demonstra que a consciência ecológica do escritor já era desenvolvida o bastante para fazê-lo

rejeitar, ao longo de toda a narrativa, as intervenções humanas no meio natural.

c) guarda aspectos conservadores, predominantemente voltados para a estabilidade social, embora

o escritor mantenha, em certa medida, a prática da ironia que o caracteriza.

d) serve de pretexto para que o escritor critique, sob certos aspectos, os efeitos da revolução

industrial e da urbanização acelerada que se haviam processado em Portugal nos primeiros anos do

Século XIX.

e) veicula uma sátira radical da religião, embora o escritor simule conservar, até certo ponto, a

veneração pela Igreja Católica que manifestara em seus primeiros romances.