Plataforma SPE 2a Ed Jan2013

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“Para quem acredita que Keynes não evoluiu com o tempo, não lhes servem as experiências de países que avançaram com a redução do tamanho do Estado na economia” Nossa infantilidade de achar que Keynes não evoluiu Em crises econômicas, como a de 2008 e da zona do euro, reacendem os ânimos daqueles que apostam que a solução para evitá-las é um Estado forte e empregador, evocando Keynes como pretexto. Neste ensaio cito três momentos políticos da história do petróleo no Brasil onde estes ânimos foram evidenciados: a criação da Petrobras, a lei do petróleo de 1997 e a descoberta do pré-sal. Este último, que não deveria figurar na lista, por tratar-se muito mais de um mérito dos técnicos da maior empresa de petróleo do país, ganhou dimensão política. Na década de 50, homens públicos como Arthur Bernardes e Horta Barbosa arquivaram com apoio da opinião pública, incluindo jornalistas e estudantes, um anteprojeto do governo Vargas que defendia a participação do capital estrangeiro na atividade de petróleo com controle do Estado. Posição esta defendida por outros brasileiros não menos aguerridos como Eugênio Gudin e Otávio Gouvêa de Bulhões. Segundo o cientista político Hélio Jaguaribe, os argumentos pró e contra o anteprojeto eram igualmente defensáveis. Não obstante, o movimento popular conhecido pelo slogan o petróleo é nosso saiu-se vitorioso com a promulgação da lei 2004 de 1953, que criou a Petrobras com a missão de exercer o monopólio da produção de petróleo em nome da União. Na década de 90, com inflação e desemprego em alta, a teoria geral de Keynes já se mostrava carente de revisão. Nesta releitura, ressurgiram ideias do Estado liberal em face da inquestionável falência do Estado empregador após a queda do muro de Berlim. De fato, a vitória da inflação no Brasil, além do Plano Real em si, contou com medidas de redução do tamanho do Estado e do déficit público com a privatização de mais de uma centena de empresas estatais, incluindo o fim da exclusividade da Petrobras no exercício do monopólio da União com a lei do petróleo 9.478 de 1997. A Petrobras, inegavelmente, logrou êxito enquanto exerceu o monopólio. Outra verdade, não menos cristalina, é que não se pode saber que posição a Petrobras ocuparia hoje se contasse com recursos estrangeiros desde 1953. Em relação à lei do petróleo de 1997, a despeito dos ânimos contrários dos sindicatos, os petroleiros do Brasil provaram para o mundo suas competências nas diversas parcerias com empresas internacionais, ampliando não só o horizonte de produção como também o lucro da Petrobras e os tributos via participações governamentais. Somem-se a isto os ganhos das universidades com projetos financiados com recursos garantidos a partir de dispositivo desta lei. Na década passada, com a descoberta do pré-sal, o que deveria servir como desafio para mais parcerias, tornou-se um evento político para revisão da lei do petróleo, sem que houvesse fato econômico que o justificasse. Desta feita não se viu jornalista e nem opinião publica reclamando alguma discussão de peso sobre o tema. Em 2010, sem disputa relevante no Congresso, foi promulgada a lei 12.351 instituindo o regime de partilha para a fronteira do pré-sal. Uma lei mais restritiva e que pode trazer dificuldades para a Petrobras em caso de mantê-la obrigada a operar todos os blocos, ainda que seus técnicos indiquem inviáveis. Mais ainda, em existindo a ANP, a criação de mais uma estatal para cuidar de negócios de outra estatal é no mínimo estranho e, se assim o fizermos, daremos prova inequívoca de que não entendemos o momento histórico sobre o qual Keynes se debruçou para fundamentar a teoria geral do emprego e renda. De resto, para viabilizar o pré-sal, o governo preferiu uma extraordinária engenharia financeira às parcerias concretas. O setor de estaleiros no Brasil foi certamente beneficiado com esta engenharia, o que pode significar um salto importante. Não obstante, a pressa e o mau planejamento do governo puseram em risco o nível de endividamento da Petrobras. Hoje, a gestão da Petrobras trabalha arduamente para cumprir suas metas de produção, dado que a ingerência do governo na última década foi muito além do necessário, sobretudo no controle de preços de seus derivados e obrigando-a investir em projetos prescindindo da valorosa avaliação do seu corpo técnico. Para quem acredita que Keynes não evoluiu com o tempo, não lhes servem as experiências de países que avançaram com a redução do tamanho do Estado na economia, nem mesmo as vivenciadas aqui no Brasil. Os sucessos da Vale do Rio Doce, da Embraer, das telecomunicações ou do agronegócio no Brasil não lhes fazem sentido. Deste modo, abandonam um corolário simples: as teorias, sobretudo as econômicas, evoluem inexoravelmente e são obras moldadas com a experiência, incorrendo em erro elementar interpretá-las fora de seu tempo. Certamente Keynes, se fosse vivo, diria que o governo brasileiro fabricou uma crise regulatória para o petróleo, atrasando em 4 anos os leilões, um combustível necessário para o crescimento e manutenção da produção de petróleo no Brasil. O Brasil precisa do pré-sal, mas um pré-sal com menos Brasília. JOÃO BOSCO DIAS MARQUES [email protected] CAMPINAS Segunda-feira, 31 de janeiro de 2013 o Edição n 2, ano 1 Injeção de vapor por SAGD {pág 03} Cartas {pág 02, 04, 06} Dificuldades na perfuração do sal {pág 04} Simulação numérica e desafios do pré-sal {pág 02} “Informação de acesso simples e alcance irrestrito” PLATAFORMA SPE O jornal do Capítulo Estudantil SPE Unicamp UNICAMP SPE Student Chapter International SPE Entrevista {pág 05}

Transcript of Plataforma SPE 2a Ed Jan2013

“Para quem acredita que Keynes não evoluiu com o tempo, não lhes servem as experiências de países queavançaram com a redução do tamanho do Estado na economia”

Nossa infantilidade de achar que Keynesnão evoluiu

Em crises econômicas, como a de 2008 e da zona do euro, reacendem os ânimos daqueles que apostam que a solução para evitá-las é um Estado forte e empregador, evocando Keynes como pretexto. Neste ensaio cito três momentos políticos da história do petróleo no Brasil onde estes ânimos foram evidenciados: a criação da Petrobras, a lei do petróleo de 1997 e a descoberta do pré-sal. Este último, que não deveria figurar na lista, por tratar-se muito mais de um mérito dos técnicos da maior empresa de petróleo do país, ganhou dimensão política.

Na década de 50, homens públicos como Arthur Bernardes e Horta Barbosa arquivaram com apoio da opinião pública , incluindo jornal is tas e estudantes, um anteprojeto do governo Vargas que defendia a participação do capital estrangeiro na atividade de petróleo com controle do Estado. Posição esta defendida por outros brasileiros não menos aguerridos como Eugênio Gudin e Otávio Gouvêa de Bulhões. Segundo o cientista político Hélio Jaguaribe, os

argumentos pró e contra o anteprojeto eram igualmente defensáveis. Não obstante, o movimento popular conhecido pelo slogan o petróleo é nosso saiu-se vitorioso com a promulgação da lei 2004 de 1953, que criou a Petrobras com a missão de exercer o monopólio da produção de petróleo em nome da União.

Na década de 90, com inflação e desemprego em alta, a teoria geral de Keynes já se mostrava carente de revisão. Nesta releitura, ressurgiram ideias do Estado liberal em face da inquestionável falência do Estado empregador após a queda do muro de Berlim. De fato, a vitória da inflação no Brasil, além do Plano Real em si, contou com medidas de redução do tamanho do Estado e do déficit público com a privatização de mais de uma centena de empresas estatais, incluindo o fim da exclusividade da Petrobras no exercício do monopólio da União com a lei do petróleo 9.478 de 1997.

A Petrobras, inegavelmente, logrou êxito enquanto exerceu o monopólio.

Outra verdade, não menos cristalina, é que não se pode saber que posição a Petrobras ocuparia hoje se contasse com recursos estrangeiros desde 1953. Em relação à lei do petróleo de 1997, a despeito dos ânimos contrários dos sindicatos, os petroleiros do Brasil p r o v a r a m p a r a o m u n d o s u a s competências nas diversas parcerias com empresas internacionais, ampliando não só o horizonte de produção como também o lucro da Petrobras e os tributos via participações governamentais. Somem-se a isto os ganhos das universidades com projetos financiados com recursos garantidos a partir de dispositivo desta lei.

Na década passada, com a descoberta do pré-sal, o que deveria servir como desafio para mais parcerias, tornou-se um evento político para revisão da lei do petróleo, sem que houvesse fato econômico que o justificasse. Desta feita não se viu jornalista e nem opinião publica reclamando alguma discussão de peso sobre o tema. Em 2010, sem disputa relevante no Congresso, foi promulgada a lei 12.351 instituindo o regime de partilha para a fronteira do pré-sal. Uma lei mais restritiva e que pode trazer dificuldades para a Petrobras em caso de mantê-la obrigada a operar todos os blocos, ainda que seus técnicos indiquem inviáveis. Mais ainda, em existindo a ANP, a criação de mais uma estatal para cuidar de negócios de outra estatal é no mínimo estranho e, se assim o fizermos, daremos prova inequívoca de que não entendemos o momento histórico sobre o qual Keynes se debruçou para fundamentar a teoria geral do emprego e renda.

De resto, para viabilizar o pré-sal,

o governo preferiu uma extraordinária engenharia financeira às parcerias concretas. O setor de estaleiros no Brasil foi certamente beneficiado com esta engenharia, o que pode significar um salto importante. Não obstante, a pressa e o mau planejamento do governo puseram em risco o nível de endividamento da Petrobras. Hoje, a gestão da Petrobras trabalha arduamente para cumprir suas metas de produção, dado que a ingerência do governo na última década foi muito além do necessário, sobretudo no controle de preços de seus derivados e obrigando-a investir em projetos prescindindo da valorosa avaliação do seu corpo técnico.

Para quem acredita que Keynes não evoluiu com o tempo, não lhes servem as experiências de países que avançaram com a redução do tamanho do Estado na economia, nem mesmo as vivenciadas aqui no Brasil. Os sucessos da Vale do Rio Doce, da Embraer, das telecomunicações ou do agronegócio no Brasil não lhes fazem sentido. Deste modo, abandonam um corolário simples: as teorias, sobretudo as econômicas, evoluem inexoravelmente e são obras moldadas com a experiência, incorrendo em erro elementar interpretá-las fora de seu tempo. Certamente Keynes, se fosse vivo, diria que o governo brasileiro fabricou uma crise regulatória para o petróleo, atrasando em 4 anos os leilões, um c o m b u s t í v e l n e c e s s á r i o p a r a o crescimento e manutenção da produção de petróleo no Brasil. O Brasil precisa do pré-sal, mas um pré-sal com menos Brasília.

JOÃO BOSCO DIAS [email protected]

CAMPINASSegunda-feira,31 de janeiro de 2013

oEdição n 2, ano 1

Injeção de vapor por SAGD{pág 03}

Cartas{pág 02, 04, 06}

Dificuldades na perfuração do sal{pág 04}

Simulação numérica e desafios do pré-sal{pág 02}

“Informação de acesso simples e alcance irrestrito”

PLATAFORMA SPEO jornal do Capítulo Estudantil SPE Unicamp

UNICAMPSPE Student Chapter

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Entrevista{pág 05}

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Amigo leitor, esta é a última carta que escrevo como Presidente do Capítulo Estudantil SPE Unicamp, mas não será uma despedida e sim uma celebração dividida entre os feitos realizados e as saudações à nova Gestão 2013.

Participar dessa comunidade de estudantes foi uma experiência enriquecedora em vários aspectos que vão da administração de eventos e ações até as reflexões pessoais sobre as minhas próprias atitudes e decisões. Tenho a certeza que de alguma forma e intensidade participar do Capítulo trouxe um aprendizado a todos os membros da Gestão.

Muitas ações foram realizadas ao longo desse ano como a criação do site do Capítulo, do Jornal Plataforma SPE, Sobremesa SPE, três visitas técnicas a grandes empresas atuantes na área de petróleo, palestras técnicas e de recrutamento, o V Workshop e a exposição de trabalhos durante esse evento, campanha do agasalho e de doação de sangue e vários outros eventos.

Em grande parte, as ações só se realizaram graças aos esforços e apoio do nosso Sponsor Prof. Osvair V. Trevisan e dos Diretores da Gestão 2012, Leandro Daun, Lucas Rompato, Samuel Mello, Ivana Luthi, Omar Duran, Livia De Luca, Lucas Monte-Mor, Carlos Espinosa, Ismael Ochoa, Maurício Varon. A todos esses faço um especial agradecimento.

Quero também agradecer a todos os funcionários do Departamento de Eng. de Petróleo e do CEPETRO que apoiaram as ações da nossa Gestão. Por mais que tenhamos nos focado na comunhão entre o departamento, grupos de pesquisa e funcionários é certo que a tarefa de agradar a todos é ilusória, portanto meu objetivo foi plantar bons frutos e cultivar a verdade.

Felicito a chegada da já eleita Gestão 2013 do Capítulo SPE Unicamp, composta por Lucas Rompato, Lucas Monte-Mor, Carol Marchiore, Vinícius Rios, Susana Araujo, Lívia Marques, Daniel Braga. Desejo que vocês tenham uma excelente gestão e que a completem certos de que fizeram o melhor. Não existem ações perfeitas então busquem somente as boas intenções.

Por fim, obrigado pelo respeito com que todos me receberam. Jamais me esquecerei das mãos que se estenderam a mim com amizade.

ANTONIO ELIAS JUNIORPresidente do Capítulo SPE Unicamp

[email protected]

Carta doPresidente

dois meios porosos plenamente caracterizados (matriz e fratura), onde a matriz contribui com a capacidade de armazenamento de fluidos e o sistema de fraturas fornece a capacidade de fluxo dentro do reservatório. Dessa forma, o ponto crucial da sua utilização é a transferência de fluidos entre os sistemas de matriz e fratura, que além de ser função das características petrofísicas e geométricas de ambos os sistemas, é de grande importância para a determinação do esquema de produção.

3) Modelagem de propriedades de interação rocha-fluido em sistemas de f r a t u r a s . D i f e r e n t e s e s f o r ç o s experimentais, teóricos e numéricos, buscam alternativas que permitam modelar o comportamento do fluxo multifásico dentro do sistema de fraturas em cenários de injeção e produção. Tradicionalmente, na fratura, a permeabilidade relativa das fases é função direta da saturação. Porém, diversos estudos apontam que, em algumas situações, esse tipo de função pode não ser a forma mais apropriada para a representação do fluxo multifásico na fratura. No caso da pressão capilar na fratura, não é possível estabelecer um consenso sobre a necessidade de cons iderá- la ou não dentro da modelagem da interação rocha-fluido dentro da fratura, o que contribui para aumentar o grau de incerteza do modelo a ser analisado, tanto em processos de calibração quanto de previsão da produção.

Aos desafios aqui mencionados, cabe somar a necessidade de reduzir os custos computacionais decorrentes da utilização de malhas de simulação mais complexas em tamanho e estrutura, fazendo com que tanto a simulação numérica quanto as suas aplicações (análise de incertezas, ajuste ao histórico, análise de estratégias de desenvolvimento, entre outras) considerem uma maior quantidade de variáveis e informações, além de abordarem de forma ordenada e integrada as diversas fases da vida produtiva de reservatórios com presença de heterogeneidades críticas e fraturas, a fim de aproveitar todas as suas potencialidades em prol do desempenho produtivo.

EDUIN MUÑOZ [email protected]

Visualização de um carbonato naturalmente fraturado e sua representação mediante um sistema dedupla porosidade (fonte: Statoil - www.statoil.com).

Simulação numérica de reservatórios e osdesafios do Pré-Sal

É de conhecimento das pessoas ligadas às atividades de Exploração e Produção de petróleo no Brasil, que a descoberta das imensas reservas de hidrocarbonetos na região do Pré-sal, nas bacias de Campos e do Espírito Santo, constitui um novo marco para o segmento, da mesma forma que impõem uma série de novos questionamentos e desafios, que devem ser enfrentados a fim de obter o maior aproveitamento desses recursos.

Um dos grandes desafios na explotação do Pré-sal está relacionado c o m o e n t o r n o g e o l ó g i c o d o s reservatórios que nele se encontram: formações carbonáticas com incidência de heterogeneidades fortes e fraturas. Estas condições apontam para os profissionais da área de reservatórios uma série de especificidades que, geralmente, abrangem todas as fases da geologia e engenharia de reservatórios (desde a interpretação de informações até a formulação de estratégias para a produção e gerenc iamento dos reservatórios) e que nem sempre podem ser tratadas mediante o uso das tecnologias e técnicas que se aplicam em formações siliciclásticas.

Nesse cenário, a simulação numérica de reservatórios se apresenta como uma ferramenta de grande valia para a análise do desenvolvimento de jazidas de óleo e gás, permitindo a composição de modelos onde diferentes cenários (geológicos, de fluxo, produtivos e econômicos, entre outros) possam ser avaliados a fim de decidir a melhor forma de produção para atingir os objetivos do projeto.

No entanto, a própria simulação

"Um dos grandes desafios na explotação do Pré-sal estárelacionado com o entorno geológico dos reservatórios"

numérica precisa se adaptar para não ver comprometida a sua utilidade. Entre estas adaptações, cabe destacar:

1) Incorporação de heterogeneidades críticas e fraturas em diferentes escalas. Algumas heterogeneidades, como as fraturas, as cavernas e as camadas de “super-permeabilidade”, (super-k) se apresentam em diferentes escalas, que vão desde centímetros e metros (no caso de cavernas e fraturas difusas) até dezenas e centenas de metros (no caso de fraturas subsísmicas e camadas de super-k). A formulação de um modelo de simulação que incorpore os aportes de cada uma dessas heterogeneidades à porosidade e à permeabilidade do reservatório é um processo que requer bastante cuidado, tanto para minimizar a perda de informação em processos de transferência de escala quanto para que o resultado obtido em escala de simulação seja o mais representativo possível do modelo caracterizado em escala geológica.

2) Utilização de modelos de dupla porosidade. Muitas vezes, em modelos de reservatórios com presença de fraturas, a abordagem tradicional de um único meio poroso não é suficiente para representar o modelo físico a ser analisado. Nesses casos, caracterizar o sistema de fraturas como um meio poroso independente da matriz de rocha pode aumentar a representatividade do modelo de simulação, possibilitando estabelecer o aporte das fraturas no comportamento da produção de fluidos, e permitindo prever o seu efeito, longo prazo, em processos de recuperação melhorada. Os modelos de dupla porosidade se baseiam na coexistência de

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CONTATO DA REDAÇÃ[email protected]/3521-3364

O jornal Plataforma SPE circula nas faculdades da Unicamp e de outrasinstituições de ensino, além de meios de comunicação e empresas queatuam na área de petróleo e gás. Está disponível no site do Capítulo(www.speunicamp.org.br), em versão digital. É distribuído gratuitamentenuma tiragem de 500 exemplares.

EXPEDIENTEDiretores do Jornal: Antonio Elias Junior, Livia De Luca, Lucas Rompato Vargas e SouzaPatrocinador: IBP - Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e BiocombustíveisRedatores desta edição: Antonio Elias Junior, Eduin Muñoz Mazo, João Bosco Dias Marques, LiviaDe Luca, Lucas Rompato Vargas e Souza, Maria Teresa Manfredo, Roberto V. Barragan, Victor Rios

Endereço: Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Engenharia Mecânica – Departamentode Engenharia de Petróleo – Rua Mendeleyev, 200, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão Geraldo,Campinas-SP, 13.083-970

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Calendário de eventos 2013

Abril:

Maio:

Junho:

Agosto:

Setembro:

Outubro:

Novembro:

- 08 a 10: II Congresso Brasileiro de CO2 na Indústria de Petróleo, Gás e Biocombustíveis.Site: www.ibp.org.br/cbco2Local: Sofitel Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ- 23 a 26: Santos Offshore Oil & Gas Expo.Site:www.reedalcantara.com.br/Calendario-de-Feiras/Feiras-Nacionais/Local: Mendes Convention Center, Santos, SP- 25: Workshop “Desafios da Educação na Engenharia de Petróleo”.Local: Hotel Windsor Florida, Rio de Janeiro, RJ

- 16 a 17: VII Congresso Rio Automação.Site: www.ibp.org.br/rioautomacaoLocal: Hotel Windsor Atlântica, Rio de Janeiro, RJ

- 10 e 11: Student Paper Contest - Latin American Region- 11 a 14: Brasil Offshore - Feira e Conferência da Indústria de Petróleo e Gás.Site: www.brasiloffshore.comLocal: Macaé Centro, Macaé, RJ- 12 a 16: V Petro PUC- 18 a 21: 12a COTEQ - Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos.Site: www.abendi.org.br/coteq/Local: Enotel Porto de Galinhas, Porto de Galinhas, PE

- 26 a 30: XI Engep- IV Seminário Internacional sobre Gerenciamento de Águas, Rio de Janeiro, RJ

- 24 a 26: Rio Pipeline Conference & Exposition 2013Site: www.riopipeline.com.brLocal: Centro de Convenções SulAmérica, Rio de Janeiro, RJ- 30 a 2/out: ATCE 2013

- 14 a 18: VI Workshop de Petróleo da UNICAMP- 21 a 25: Semana de Petróleo - UFBA- 29 a 31: OTC BRASILSite: www.otcbrasil.org/2013Local: Riocentro, Rio de Janeiro, RJ

- 01: Workshop “Low Cost of FPSO”Local: Hotel Windsor Barra, Rio de Janeiro, RJ- 04 a 08: Spetro - UFRJ- 26 a 28: Brasil Onshore - Congress & ExhibitionSite: www.brazilonshore.com.brLocal: Centro de Convenções, Natal, RN

ascensão dentro da formação, mantendo a pressão da câmara elevada.

Esse processo evita a formação de caminhos preferenciais (fingers) que ocorrem quando óleo viscoso é movido forçadamente por um fluido menos viscoso. Outra vantagem é que o óleo permanece aquecido em grande extensão do reservatório, enquanto na injeção contínua convencional o óleo produzido inicialmente possui maior viscosidade, o que dificulta o deslocamento do mesmo.

O método SAGD é mais efetivo para óleos pesados com alta viscosidade, ou para betume, sendo sua tecnologia muito utilizada devido ao alto fator de recuperação. Ele é aplicado no Canadá, Estados Unidos e Venezuela em reservatórios de pequena profundidade, tendo potencial em alguns campos de óleo pesado brasileiros.

O sucesso de estudos experimentais e numéricos das variações do SAGD convencional envolvendo gases não condensáveis no Canadá mostra uma nova tendência com foco no aumento da eficiência energética. Uma das estratégias de melhoria dessa eficiência é prolongar a produção de óleo de forma econômica. Os resul tados de invest igações numéricas e experimentais sugerem que após determinado período operando somente com vapor, pode-se interromper sua injeção e passar a injetar somente gás inerte (como nitrogênio). Estudos conduzidos no Laboratório de métodos térmico na Unicamp por Rios (2011) mostraram que a câmara de vapor

Os métodos térmicos de recuperação viabilizaram a produção de óleo pesado em campos considerados não comerciais pelos métodos convencionais de recuperação. A injeção de vapor, em particular, veio a se consagrar ao longo dos anos e é hoje uma das principais alternativas economicamente viáveis para o aumento do fator de recuperação dos óleos pesados. Nesse contexto, o “Steam Assisted Gravity Drainage” (SAGD) ou injeção de vapor por drenagem gravi tac ional merece destaque. O objetivo desse método é criar uma câmara de vapor, enquanto promove uma melhor varredura dos fluidos do reservatório.

No processo SAGD um dos principais fatores característicos é o mecanismo de produção natural devido à ação da força gravitacional. Juntamente com o fato de o poço horizontal possuir um maior contato com a formação em toda sua extensão, o mecanismo proporciona uma rápida cobertura de todo o volume do reservatório e uma maior recuperação em menor tempo. Este processo envolve dois poços horizontais, paralelos e situados verticalmente um acima do outro. Nesta configuração, usa-se o poço superior como injetor e o poço inferior como produtor. Na Figura 1, modificada de Aherne A. L. (2007), o vapor é injetado continuamente próximo ao fundo do reservatório pelo poço injetor e tende a subir. O vapor injetado flui em direção ao topo da formação, formando a câmara de vapor (1), e entra em contato com grande área do reservatório pelo efeito da extensão dos poços horizontais. O óleo aquecido escoa na interface vapor-óleo da câmara e com o efeito gravitacional é direcionado para o poço inferior (2), onde é produzido. Na região (3) forma-se um banco de óleo aquecido com alta concentração de óleo empurrado pelo gradiente de pressão.

Como a saturação também é diminuída, o espaço de onde o óleo foi removido é ocupado pelo vapor, até os extremos da câmara dentro do reservatório, mantendo sua pressão constante. Isto é, o óleo móvel e o vapor condensado escoam para o produtor, enquanto que o vapor continua em

continua sua expansão mesmo após cessada a injeção e, com a injeção de gás inerte para a manutenção da pressão, consegue-se prolongar a produção de óleo com um volume muito menor de vapor injetado, o que implica em ganhos econômicos para aplicação de um método térmico de recuperação.

Referências:1. LABOISSIÈRE P., RIOS V.S.,

TREVISAN O.V.: Estudo Numérico da Injeção de Vapor e Nitrogênio no Processo SAGD. Presented at the International Rio Oil & Gas Expo and Conference, Rio de Janeiro, September, 2010.

2. Rios V.S., SPE, P. Laboissière, SPE, O.V. Trevisan, SPE, SPE 139319 “Economic Evaluation of Steam and Nitrogen Injection on SAGD Process”. In: LACPEC, Lima-Peru, 2010;

3. RIOS, S. Victor. Estudo Experimental da Injeção de Vapor pelo Método SAGD na Recuperação Melhorada de Óleo Pesado. Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2011. 148 p. Dissertação de Mestrado.

VICTOR [email protected]

Injeção de vapor pelo método SAGD narecuperação avançada de óleo pesado

FIGURA 1 - SAGD convencional

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Com reservas encontradas abaixo de extensas camadas de sal, perfurar um poço de petróleo é uma atividade que enfrenta uma série de desafios, os quais podem ser divididos quanto ao momento em que ocorrem: antes, durante e depois da perfuração.

Antes da perfuração, na fase de planejamento é primordial um melhor conhecimento do estado de tensões e pressões de poros nas diversas formações que serão atravessadas durante a perfuração, pois isso pode significar uma economia de centenas de milhares de dólares. Estima-se que mais de 20% do tempo perdido durante a perfuração de poços é causado por estimativas errôneas do estado de tensões. Hoje em dia, com s o n d a s c u s t a n d o m a i s d e U S $ 1.000.000,00/dia quando em operação, o conhecimento dos estados de tensão pode proporcionar uma grande economia.

Os principais problemas relacionados ao mau conhecimento dessas tensões são: desmoronamento das paredes do poço, que pode causar pack-off; cimentação deficiente; prisão da coluna; aumento no tempo de circulação para a limpeza do poço antes de manobrar e perfilar; fechamento do poço, que pode causar aumento no tempo de perfuração devido a necessidade de repasses e aumento no tempo de descida do revestimento.

A s p r i n c i p a i s d i f i c u l d a d e s relacionadas à determinação da pressão de poros são prisão por diferencial de pressão, perda excessiva de fluido e influxo.

O influxo, para ser controlado, causa um aumento da pressão no poço no momento do fechamento e quando, por desconhecimento do estado de tensões, o projeto do poço é inadequado, pode ocorrer falha na parede do poço, levando a um underground blowout. Caso o influxo encontre fraturas comunicantes com a superfície, haverá um imenso pre juízo tanto f inanceiro como ambiental.

Assim para fazer um projeto de poço econômico e seguro, deve-se estimar corretamente o estado das tensões ao r e d o r d o p o ç o e m f u n ç ã o d a profundidade, bem como a pressão nos poros nas rochas. Esse estudo, conhecido como determinação das geopressões, é passo fundamental na qualidade e segurança do poço.

Com esses dados se determinam o estado de tensões na parede do poço para cada trajetória, permitindo assim a

escolha da melhor trajetória em poços direcionais , a profundidade do assentamento do revestimento, bem como o intervalo do peso específico do fluido de perfuração.

No estudo de geopressões, é assumido que uma das tensões principais é vertical (sobrecarga), que é causada pelo peso dos elementos acima do ponto em estudo, logo as outras duas tensões principais devem ser horizontais.

Essa metodologia não pode mais ser utilizada, já que o sal, por não resistir aos esforços de cisalhamento e possuir grande mobilidade, procura um estado isotrópico de tensões. Assim ele tende a criar domos onde os estados de tensões são completamente diferente dos originais. Portanto, nos domos salinos e suas proximidades, a tensão de sobrecarga e as tensões horizontais não são mais as tensões principais. A subida do domo também provoca mudança nas tensões das camadas que estão abaixo dela; essa zona de baixo gradiente de fratura, conhecida como robble zone, costuma causar perdas severas de fluido de perfuração, sendo bastante perigosa pela possibilidade da ocorrência de influxo caso o reservatório esteja exposto.

Durante a perfuração o sal traz alguns problemas. Devido à sua mobilidade, ele tende a fechar o poço logo após a perfuração. Isso pode ser minimizado utilizando-se pesos elevados do fluido de perfuração ou fazendo-se poços de diâmetros maiores por meio de underreamer ou brocas excêntricas. Caso isso não seja suficiente, e a coluna seja presa, os métodos mais comuns de liberação são o uso do drillingjar e colchões de água doce. Outro obstáculo durante a perfuração no sal é sua solubilidade quando se utiliza fluido à base água - isso pode provocar poços com calibre elevado, dificultado a cimentação dos revestimentos. Pode parecer que a solubil idade e a mobilidade, por terem direções opostas, simplificariam o problema, mas deve-se lembrar que a existência de vários tipos de sais com solubilidade e mobilidade diferentes tornam o problema bem mais complexo.

Outra questão deve ser levada em consideração é que para produzir desses reservatórios durante vários anos, a variação das tensões no poço causada pela movimentação do sal e pela redução da pressão de poros durante sua produção pode causar a falha do revestimento do poço bem depois dele ter

Prezado leitor, gostaria de lhe falar sobre um sujeito comum, mas nem tanto. Emílio nasceu em 1991, com atrofia muscular, ele e sua cadeira de rodas vão por todas as partes do mundo que ele já conheceu desde os seus dois anos de idade. Coincidentemente, o ano de seu nascimento é o mesmo em que a lei nº 8.213/91 (lei de cotas de contratação e inclusão de pessoas com deficiências nas empresas) entrou em vigor. Anos depois, como todo jovem, Emílio começou a pensar em sua carreira. Dada a sua condição, este processo foi diferente em relação à maioria dos jovens. Entretanto, graças à lei anteriormente citada, seu leque de poss ib i l idades tomou dimensões consideráveis.

Não podemos negar que a classe de Emílio é excluída socialmente e, apesar da lei ter sido criada nos idos anos 90, ainda há muitas ações a serem realizadas para a inclusão de deficientes. Eliminar o hábito de menosprezar as capacidades reais do deficiente é uma delas. Reconhecido este potencial, o desafio é planejar ações de capacitação, para que a sua dignidade como cidadão seja resgatada. Algumas empresas já tem mais nítida a noção de responsabilidade social. A Petrobras, por exemplo, tem o PROIND (Programa de Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado Ambiente de Trabalho). Há outras iniciativas felizes e outras possíveis ações de inclusão, a inspiração está por toda parte.

O que as gerações anteriores c o n q u i s t a r a m m e r e c e g r a n d e reconhecimento, e os trabalhadores de qualquer tipo de atividade profissional devem estar prontos para lidar com funcionários portadores de necessidades especiais. A título de curiosidade, Emílio, depois de muito refletir, acabou optando pela Engenharia de Petróleo. Leva uma vida normal. Mas sempre haverá más línguas para dizer que Emílio se apresenta inconveniente em algumas entrevistas de estágio ou que seu desempenho nas atividades profissionais não é o mesmo desde que mudou seu status de relacionamento nas redes sociais.

LIVIA DE LUCADiretora do Capítulo SPE Unicamp

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Carta aoLeitor

Desafios da perfuração no sal"Estima-se que mais de 20% dos tempos perdidos durante a perfuração de poços sãocausados por estimativas errôneas do estado de tensões"

iniciado sua produção.O problema é bastante complexo, já

que por questões econômicas os reservatórios deverão ser drenados ut i l izando-se poços d i rec ionais provavelmente fraturados, sendo então necessário o conhecimento total do campo das tensões para se determinar a melhor trajetória para a perfuração e f r a t u r a m e n t o , b e m c o m o o comportamento do poço durante a perfuração.

A perfuração de poços econômicos e seguros nas camadas de sal é um dos grandes desafios e vários trabalhos estão sendo desenvolvidos para se conhecer melhor esses comportamentos.

ROBERTO V. [email protected]

Esquema de perfuração através da camada de sal(fonte: Petrobras - www.petrobras.com.br)

05Capítulo Estudantil SPE Unicamp

www.speunicamp.org.br

considerada como em águas profundas (localizadas entre 100 e 180 metros). Acontece que logo depois , por necessidades econômicas, com os dois choques de petróleo na década, o preço deste produto aumentou muito, afetando a balança de pagamentos do Brasil (na ordem de 11 bilhões de dólares, na época). Neste período, eu estava na Petrobras e vi nascer todo o esforço na Bacia de Campos. Isso tudo trouxe um tremendo esforço e desenvolvimento na área de engenharia para poder colocar esses campos em produção, de forma acelerada. Foi uma oportunidade única para o Brasil, oportunidade de dominar tecnologias de exploração e produção submarina. Atualmente, em 2006, nós tivemos a descoberta do pré-sal. Trata-se de uma riqueza extraordinária. Estamos ainda na parte inicial de exploração, e temos um futuro brilhante para o Brasil. Felizmente, o aprendizado que o país teve na Bacia de Campos serviu como laboratório para essas atividades que estão sendo desenvolvidas no pré-sal.

PSPE – Podemos afirmar que o pré-sal é um marco neste setor?

De Luca - Sim, é um novo marco, não só pelas condições desafiantes, mas pela escala. Em se tratando do pré-sal, estamos falando de condições bem mais inóspitas do que a dos campos anteriores: ele está em águas muito profundas, entre 2 a 3 mil metros e há 300 quilômetros da costa. Isso implica difícil acesso, desafios em logística e, sobretudo, em tecnologia. Há uma série de novos desafios. Por exemplo, a presença de gás carbônico em alguns campos traz uma complicação maior, nestas situações é preciso que se desenvolvam soluções novas. Estamos falando de uma escala de grande porte e altíssima produtividade. Trata-se de um grande marco, temos aí 30, 40, 50 anos da indústr ia de pet ró leo , só para desenvolver esses campos que, felizmente, estão em nosso país.

PSPE – O senhor tem uma vida profissional exemplar, conquistando feitos como o de ter sido o mais novo diretor da Petrobras na área de exploração e produção (com apenas 38 anos de idade). Em sua opinião, que características o profissional necessita ter para alcançar o sucesso nessa área?

De Luca - O profissional hoje, e v i d e n t e m e n t e , t e m q u e t e r c o n h e c i m e n t o t é c n i c o , m u i t a

perseverança, muita dedicação, mas, acima de tudo, o que mais se deve prezar é a capacidade de comunicação, a capacidade de trabalhar em equipe, e promover a equipe junto. Sempre que eu trabalhei com pessoas melhores do que eu, essas pessoas me levaram adiante. Algumas pessoas, às vezes, querem guardar para si o conhecimento almejando o crescimento profissional. O caminho deve ser feito pelo contrário: quanto mais você compartilhar e tiver cercado de pessoas competentes, abrindo a oportunidade para essas pessoas crescerem, você crescerá junto. Esse é um dos grandes aprendizados que eu tive. Não me considero nenhum gênio, me considero um engenheiro regular, aquele famoso aluno 7 de faculdade. Acontece que a inteligência não pode ser só a inteligência técnica. É também necessário a tão falada inteligência emocional. Se você não souber se relacionar em grupo, motivar equipes, você não vai obter sucesso. Você pode ser uma pessoa extraordinária de raciocínio, de rapidez de solução de problemas, mas se você não souber se relacionar, se integrar, você vai ter dificuldades.

PSPE – Em sua opinião, qual a importância de iniciativas como o V Workshop de Petróleo da Unicamp?

De Luca - A oportunidade de debater um dos assuntos mais importantes do país, como este fórum, é de fundamental i m p o r t â n c i a . S o b r e t u d o n u m a universidade de prestígio, como é o caso da Unicamp. Nele, temos a oportunidade de trazer os assuntos do momento, assistir e discutir questões com convidados que podem compartilhar suas experiências e estar atualizado com as demandas, observando os caminhos e o que é realmente importante na área. Para mim, é uma satisfação estar aqui, mais uma oportunidade de estar com profissionais jovens, que estão com brilhos nos olhos e no início de suas atividades. A indústria de petróleo, brasileira e mundial, precisa de novos talentos. E, que bom que a indústria de p e t r ó l e o b r a s i l e i r a e s t á t e n d o profissionais que estão se motivando para essa área.

MARIA TERESA [email protected]

Entrevista: João Carlos De Luca

Com uma vida profissional de mais de 40 anos, João Carlos De Luca, é atualmente presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustível (IBP) e da Barra Energia. De Luca esteve presente no V Workshop de Petróleo, que ocorreu na Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entre 22 a 25 de outubro de 2012. Na ocasião, além de ministrar uma palestra, nos concedeu uma entrevista. Nela, fala, dentre outros temas, sobre a história do IBP, pré-sal, perspectivas para a área.

Plataforma SPE - O senhor poderia fazer um balanço sobre a história do IBP?

João Carlos De Luca - O IBP foi criado em 1955, na esteira da criação da Petrobras. A Petrobras havia sido criada dois anos antes, como a estatal exploradora de petróleo no país. Um dos responsáveis por escrever o estatuto da Petrobras na época de sua criação foi o então ministro do planejamento, Helio Beltrão. Ele entendeu que era preciso criar um instituto onde a Petrobras pudesse conversar com as empresas do setor privado, envolvidas de diferentes maneiras com o petróleo. Neste contexto foi criado o IBP, com o intuito de ser um fórum isento, neutro, apartidário. Promovemos o debate da área e não protegemos nenhuma empresa em particular.

PSPE – Neste sentido, quais as principais ações do IBP?

“Profissional deve ter conhecimento técnico, mas, acima de tudo, capacidade de integração”

De Luca – Ao longo desses anos, o IBP vem cumprindo seu papel, que é o de ser a principal prática de representação do setor de petróleo, gás e biocombustível no Brasil. Temos 230 empresas associadas, mais de 400 sócios individuais - e esse número só vem crescendo. Temos mais de 60 comissões para discussão de diferentes áreas: de corrosão à exploração e produção, além de lubrificantes, refino, e n g e n h a r i a , d e n t r e o u t r o s . Adicionalmente, oferecemos cursos, organizamos seminários, fazemos auditorias técnicas. Temos, por exemplo, cinco cursos de pós-graduação e mais de 130 cursos de curta duração oferecidos no Brasil todo. Outro exemplo seria a organização da Rio Oil and Gas Conference, que ocorre no Rio de Janeiro, a cada dois anos. Esta é a terceira maior exposição do setor no mundo. Em 2012 a Rio Oil and Gas aconteceu em setembro e tivemos mais de 53 mil visitantes, mais de 1300 expositores (dentre empresas produtoras de petróleo, prestadoras de serviços, consultores, fabricantes em geral etc.).

PSPE – O que o senhor apontaria como a grande força do IBP?

De Luca - A grande força do IBP são seus voluntários. Nós todos participamos em caráter de voluntariado – presidente, diretoria, conselho. Temos também um quadro de funcionários, cerca de 80, que são permanentes. Contudo, temos mais de 1500 prof i s s iona is - dentre especialistas, diretores, presidentes de empresas - que participam das comissões de discussão, dando sua contribuição para o setor de maneira voluntária. Uma das razões para isso, é que o IBP tem uma credibilidade internacional, o que acaba por atrair este tipo de atitude. Além disso, todos os stakeholders reconhecem a importância de se discutir os assuntos afeitos a área de petróleo, gás e biocombustível.

PSPE – E falando sobre o setor de petróleo no Brasil, trata-se de uma área promissora?

De Luca - O Brasil começou a se destacar nesta área na década de 1970, justamente quando começou a se voltar para a atividade offshore. Em 1968 descobriu-se petróleo nas águas de Sergipe, mas eram águas pouco profundas (28 a 30 metros). Depois, em 1974 foi descoberta a Bacia de Campos. S u a e x p l o r a ç ã o , n a é p o c a , e r a

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Criado em 1996, o grupo de pesquisa UNISIM está completando 16 anos de e x i s t ê n c i a . S e m p r e v o l t a d o a o desenvolvimento e à disseminação de pesquisas na área de simulação numérica e gerenciamento de reservatórios de p e t r ó l e o , o ó r g ã o p e r t e n c e a o Departamento de Engenharia de Petróleo da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e conta com o apoio do Centro de Estudos de Petróleo (CEPETRO).

O UNISIM tem como base um tripé que é constituído pelo Departamento de Engenharia de Petróleo (DEP-FEM), pelo CEPETRO e pelo curso de pós-graduação em ciências e engenharia de petróleo (CEP). Desde que foi concebido, o grupo mantém o desafio de transformar o potencial humano e os recursos financeiros em conhecimento e inovação na área de engenharia de petróleo no Brasil.

"O objetivo do grupo é criar uma infraestrutura de pesquisa (física e administrativa) capaz de desenvolver pesquisa de qualidade e, com o apoio da UNICAMP, produzir resultados de qualidade e com reconhecimento internacional", afirmou o professor e coordenador-geral do grupo, Denis José Schiozer.

Depois desse longo caminho percorr ido , Schiozer lembra as dificuldades e os desafios que se impõem na formação e no gerenciamento de grupos de pesquisa no Brasil. Mas, se são muitas as adversidades, elas tornam as conquistas mais gratificantes. E os resultados podem ser dimensionados.

"As maiores mudanças até hoje foram devido ao crescimento do grupo, em todos os sentidos, principalmente quanto ao número de pessoas, resultados, financiamento, quantidade de projetos e estrutura física", disse.

Atualmente, cerca de 50 profissionais, entre professores, pesquisadores, alunos e técnicos, fazem parte do UNISIM. O grupo conta, também, com o apoio de i n ú m e r a s o u t r a s p e s s o a s d a Universidade, tanto nas pesquisas quanto na parte administrativa.

O trabalho foi iniciado por meio de um projeto de pesquisa com financiamento da Petrobras e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), fruto de uma parceria de inovação tecnológica.

ATUAÇÃOO UNISIM coleciona nesses 16 anos de

existência 17 prêmios, formação de 65 alunos de pós-graduação, 28 alunos de especialização, 35 alunos de graduação, outros alunos formados em cursos diversos, 40 projetos financiados por empresas e órgãos de fomento, além de 300 publicações.

O foco é o desenvolvimento de metodologias para o processo de decisão ligado ao desenvolvimento e ao gerenciamento de campos de petróleo, tendo como base modelagem de reservatórios por meio da simulação numérica.

Considerando esse foco, as linhas de pesquisa do UNISIM buscam a criação de metodologias e ferramentas integradas com o processo de caracterização geológica de reservatórios, engenharia de produção, economia, modelagem numérica, otimização, computação paralela, estatística, sísmica, entre outras.

Segundo Schiozer, o mercado da área do petróleo está muito aquecido, tanto na demanda de recursos humanos qualificados numa área bastante especializada, com grande crescimento no Brasil, quanto na demanda de i n o v a ç ã o e d i s s e m i n a ç ã o d e conhecimento. "Com o aumento do financiamento em pesquisa na área de

petróleo no Brasil, aumentaram as p o s s i b i l i d a d e s , m a s t a m b é m a responsabilidade de usar bem esses recursos para benefício do País", explicou o coordenador, que está à frente do UNISIM desde sua implantação.

O grupo recebe apoio financeiro de vários parceiros, com destaque para a Petrobras, que responde por cerca de 2/3 do total de financiamentos. Conta ainda com apoio de órgãos de fomento (FAPESP, CNPQ, FINEP, CAPES) e mantém projetos recentes com a BAKER, BG, Statoil e outros financiadores.

Outros parceiros de peso são a U N I C A M P , a F u n d a ç ã o d e D e s e n v o l v i m e n t o d a U n i c a m p (FUNCAMP), além de universidades parceiras no Brasil e no exterior, envolvendo a cooperação de professores e alunos.

NATALIA [email protected]

PRINCIPAIS LINHAS DE PESQUISA DO

UNISIM

Ajuste de histórico e integração com sísmica 4D

Otimização de produção com poços inteligentes

Representação de heterogeneidades críticas

Seleção de estratégia de produção sob incertezas

Simulação de processos envolvendo CO2

Simulação de reservatórios fraturados

Salve, meu bom!Dedico esta carta às leitoras Ana Julia

e Luiza, as primeiras a marcarem presença na caixa de entrada do meu email para enfatizar uma dúvida muito comum: afinal de contas, o que é um capítulo? Parodiando a lousa do Professor Figueiredo, temos que:

Hipótese: acredito que posso omitir a solução trivial do problema, aquela relacionada aos capítulos de livros, séries, novelas e acontecimentos da vida. No caso, o que nos interessa são os capítulos estudantis vinculados à SPE.

Dado: SPE = Society of Petroleum Engineers = organização técnica profissional mundial dedicada ao avanço da tecnologia da indústria de óleo e gás. Seu objetivo principal é formar uma biblioteca de conhecimento e prover oportunidades para que os profissionais a u m e n t e m s u a c o m p e t ê n c i a (www.spe.org).

Resposta: Capítulo = associação sem fins lucrativos abrigada por uma instituição de ensino superior. Os sócios são membros da SPE Internacional e estão interessados em se envolver com o setor petrolífero. Além disso, alguns desses membros compõem a diretoria do capítulo estudantil, isto é, o grupo de estudantes responsável por promover as atividades abertas a todos os associados, c o m o o b j e t i v o d e d i s s e m i n a r conhecimento técnico e estabelecer um efetivo contato entre o meio acadêmico e a s e m p r e s a s , p r o p o r c i o n a n d o networking entre colegas, professores e profissionais do petróleo. A diretoria é ajudada e supervisionada por um professor da instituição de ensino, denominado sponsor.

Prezado, associe-se já e mande suas dúvidas! Gracias!

LUCAS ROMPATO V. E SOUZADiretor do Capítulo SPE Unicamp

[email protected]

Carta aoCurioso

UNISIM completa 16 anos de dedicação à pesquisaProf. Dr. Denis Schiozer conta a formação e a gestão do grupo de pesquisa UNISIM

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