Pode ser aberto pelos Correios - senge-pr.org.br · jornalista Luis Nassif, um dos mais influentes...

16
Em defesa do engenheiro Associados podem aderir a plano de saúde da operadora. Preços são mais atrativos que planos individuais ou familiares Página 3 Senge-PR firma parceria com a Unimed do Paraná Entrevista: Álvaro Cabrini Júnior, presidente do Crea-PR: “Os engenheiros não estão ganhando o salário que merecerem” Em defesa do engenheiro Páginas 4 a 6 Evento reúne mais de 300 convidados. Jornalista Luis Nassif foi o palestrante do evento Páginas 10 e 11 Jornal do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná Ano 19. Número 104. Março/Junho de 2010 Confira como foi a comemoração dos 75 anos do Senge Pode ser aberto pelos Correios

Transcript of Pode ser aberto pelos Correios - senge-pr.org.br · jornalista Luis Nassif, um dos mais influentes...

O Engenheiro n.º 1042

www.senge-pr.org.br

Em defesa do engenheiro

Associados podem aderir a plano de saúde daoperadora. Preços são mais atrativos que planosindividuais ou familiares Página 3

Senge-PRfirma parceriacom a Unimeddo Paraná

Entrevista: Álvaro Cabrini Júnior, presidente do Crea-PR: “Os engenheiros não estão ganhando o salário que merecerem”

Em defesa do engenheiro

Páginas 4 a 6

Evento reúne mais de 300 convidados.Jornalista Luis Nassif foi o palestrantedo evento Páginas 10 e 11

Jornal do Sindicato dos Engenheiros no Estado do ParanáAno 19. Número 104. Março/Junho de 2010

Confira como foia comemoraçãodos 75 anosdo Senge

Pode ser aberto pelos Correios

3Março / Junho de 2010

www.senge-pr.org.br

SINDICATO DOS ENGENHEIROSNO ESTADO DO PARANÁ SENGE-PR

Diretor-PresidenteValter FANINIVice-PresidenteErnesto Galvão Ramos de CARVALHODiretor-SecretárioUlisses KANIAKDiretor-Secretário AdjuntoMarcos Valério de Freitas ANDERSENDiretor FinanceiroLÍdio Akio SASAKIDiretor Financeiro AdjuntoJorge Irineu DEMÉTRIO

DiretoresADRIANO Luiz Ceni Riesemberg, Antonio Cezar QuevedoGOULART, CLODOMIRO Onésimo da Silva, Décio José ZUFFO,EDISON Samways Junior, ERASMO Felix Benvenutti Filho,GERALDO Rocha de Barros, GISLENE Lessa, JOÃO GUILHERMEIansen Baptista, Joel KRUGER, José da Encarnação LEITÃO, LuizAntônio CALDANI, MARGIT Hauer, PAULO SIDNEI Carreiro Ferraz,ROLF Gustavo Meyer, ROSANA Scaramella, SANDRA CristinaLins dos Santos, WILSON Uhren

Sede Rua Marechal Deodoro, 630, 22.º andar.Centro Comercial Itália (CCI). CEP 80010-912Tel./fax: (41) 3224 7536. [email protected]

Diretores RegionaisRoberto Menezes MEIRELLES (Campo Mourão)HÉLIO Sabino Deitos (Cascavel)ROGÉRIO Diniz Siqueira (Foz do Iguaçu)ORLEY Jayr Lopes (Francisco Beltrão)WILSON Sachetin Marçal (Londrina)SAMIR Jorge (Maringá)

Campo Mourão Avenida Capitão Índio Bandeira, 1400,sala 607, Centro, 87300-000. Tel./fax: (44) 3523 [email protected]

Cascavel Rua Paraná, 3056, sala 703, Centro, 85801-000. Tel./fax: (45) 3223 [email protected]

Foz do Iguaçu Rua Almirante Barroso, 1293,loja 9, Centro, 85851-010 Tel./fax: (45) 3574 [email protected]

Francisco Beltrão Rua Palmas, 1800, loja D, Centro,85601-650. Tel./fax: (46) 3523 [email protected]

Londrina Rua Senador Souza Naves, 282, sala 1001,Centro, 86010-170. Tel./fax: (43) 3324 [email protected]

Maringá Travessa Guilherme de Almeida, 36, cj.1304,Centro, 87013-150. Tel./fax: (44) 3227 [email protected]

Pato Branco Rua Guarani, 1444, sala 1, Centro, 85501-050. Tel./fax: (46) 3225 [email protected]

Publicação bimestral do Sindicatodos Engenheiros no Estado do Paraná

Editor responsável Felipe A. Pasqualini (Reg. Prof. 3.804 PR)

Ilustrações e diagramação Alexsandro Teixeira Ribeiro

Fale conosco [email protected]

Artigos assinados são de responsabilidade dos autores.O Senge-PR permite a reprodução do conteúdo deste jornal,desde que a fonte seja citada.

Fotolitos/impressão Reproset Tiragem 12 mil exemplares

Filiado à Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros

Procuram-se engenheiros?

Valter Fanini

Editorial4

Encaminhamos mais umaedição de O Engenheiro,destacando como tema central atão propagada “escassez deengenheiros”. Diversos veículosde comunicação, principalmenteda grande imprensa, tem dadoatenção ao tema, já que algumasentidades ligadas a indústria e atémesmo diretamente a engenheirosestão afirmando constantementeque o Brasil sofrerá com a carência deengenheiros nos próximos anos. Dessaforma, analisamos os númerosrecentemente divulgados pelo Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aRelação Anual deInformações Sociais(RAIS) do Ministériodo Trabalho e Em-prego (MTE), fizemosum cruzamento dedados entre a oferta ea demanda por en-genheiros no Brasil echegamos a conclusãoque isso (infelizmente)não é a realidade denossa profissão.

Para dar mais em-basamento ao tema, entrevistamos opresidente do Conselho Regional deEngenharia, Arquitetura e Agronomia doParaná, engenheiro agrônomo ÁlvaroCabrini Júnior, que recomenda cautela. Naentrevista, Cabrini destacou que muitosengenheiros desistiram da profissão,mudaram de rumo e viraram empresários.E um questionamento interessante paratodos nós. Será que esses engenheiros nãoestão fora da engenharia pelos baixossalários pagos?

A subseção do Dieese no Senge-PRanalisou os principais indicadoresdisponíveis e constatou que, pelo menos acurto e médio prazo, não vão faltarprofissionais. Obviamente, existem algunssetores específicos que podem sofrer coma ausência de engenheiros, mas são casospontuais, principalmente setores que hátempos estavam estagnados. Por isso, não

devemos nos iludir comdiscursos que alardeiam que aoferta de engenheiros não ésuficiente para atender ademanda do mercado de trabalho.Por trás deste discurso aligeirado,se escondem interesses de algunsempregadores e da indústria daeducação na massificação semqualidade do ensino da en-genharia, com o objetivo de man-

ter um exército de engenheiros desempregadoscomo garantia da manutenção de baixossalários.

Afinal, não podemos criar falsas ilusõespara os mais de 40 mil estudantes de

engenharia que seformam anualmente,nem inchar o mercadocom novos engenhei-ros, muitos deles sema formação adequada.Neste sentido, reco-mendo a leitura doartigo do ex-presidenteda Fisenge, engenhei-ro eletricista LuisCarlos Correa Soares,que fez uma reflexãomuito interessante

sobre o nosso modelo de educação, baseadoapenas na formação intelectual.

Esta edição traz ainda a cobertura doaniversário dos 75 anos do Senge-PR. Oevento de comemoração deste importantejubileu, foi realizado no dia 23 de abril e foibastante prestigiado pelos engenheiros epelas principais entidades ligadas aengenharia. O evento teve a presença dojornalista Luis Nassif, um dos maisinfluentes do pais. Além de sua palestra noevento, que pode ser assistida na íntegrano site do Senge-PR, Nassif concedeuuma entrevista exclusiva a este jornal, onde,sem papas na língua, criticou o governoFHC e sua política cambial, a política deJosé Serra a frente de São Paulo, osavanços e pecados do governo Lula eanalisou o papel dos sindicatos no séculoXXI.

Boa Leitura!

“ Afinal, não devemoscriar falsas ilusões para

os mais de 40 milestudantes de engenharia

que se formam anualmente,nem inchar o mercado

com novos engenheiros,muitos deles sem a

formação adequada ”

O Engenheiro n.º 1044

www.senge-pr.org.br

Benefícios4

Senge-PR oferece plano daUnimed à associadosPreços ofertados em convênio firmado entre Senge-PR e Unimed são bem maisatrativos que os planos individuais, contratados por pessoas físicas

Os engenheiros associados ao Senge-PR podem usufruir de mais um benefício.O sindicato fez um convênio com aFederação das Unimeds do Paraná e osassociados poderão aderir ao plano desaúde empresarial da Unimed Paraná, queconta com preços mais atrativos do queos planos individuais, contratados porpessoas físicas (confira a tabela). Alémdo engenheiro associado, é possível incluirdependentes (esposa, filhos e netos).Quem aderir ao plano até o dia 12 desetembro, está livre de carências, excetodoenças pré-existentes.

Para o diretor-presidente do Senge-PR,Valter Fanini, o convênio com a Unimedé importante pois oferece condiçõeseconômicas mais favoráveis para osengenheiros que não contam com essebenefício em seu trabalho, comoautônomos e funcionários públicos.“Procuramos oferecer cada vez maisfacilidades aos nossos associados e oplano de saúde é fundamental para darmais tranquilidade aos engenheiros e seusfamiliares”, destacou Fanini.

Como aderirPara aderir ao plano, basta o

engenheiro ser sindicalizado e estar emdia com suas mensalidades junto aoSenge-PR. Cumprindo esse pré-requisito,basta preencher a proposta de adesão, queestá disponível no site: www.grupovital.com.br/new/proposta_adesao.html. Nesta página, o usuáriodeve preencher o campo “número docontrato de sua Associação/Sindicato/Clube junto a Unimed”. O número doSenge-PR é 547800. Depois, preenchera proposta de adesão, com os dadossolicitados. Quem já possui outro planode saúde pode aproveitar as carências, de

Ambulatorial Hospitalar com Obstetrícia (apartamento)

Faixa etária Somente TitularTitular + 1

dependente(por pessoa)

Titular + 2dependente(por pessoa)

Acima de 3dependentes(por pessoa)

0 a 18 anos19 a 23 anos24 a 28 anos29 a 33 anos34 a 38 anos39 a 43 anos44 a 48 anos49 a 53 anos54 a 58 anosMais de 58 anos

104,83120,08149,40163,16176,56202,70234,71290,30367,49524,73

94,35108,07134,45146,85158,91182,43211,23261,27330,74472,26

83,8796,06119,52130,53141,25162,17187,77232,24293,99419,79

73,3984,06104,58114,22123,60141,89164,29203,21257,24367,32

acordo com as regras da Agência Nacionalde Saúde Suplementar (ANS).

Documentos NecessáriosPara inclusão de associado e/ou

dependente(s) deverão ser preenchidos/apresentados os seguintes documentos:

a) Declaração de Saúde;b) Comprovante de endereço;c) Cópia RG e CPF dos beneficiários;d) Cópia certidão de nascimento (menores

Ambulatorial Hospitalar com Obstetrícia (apartamento)

Faixa etária Somente TitularTitular + 1

dependente(por pessoa)

Titular + 2dependente(por pessoa)

Acima de 3dependentes(por pessoa)

0 a 18 anos19 a 23 anos24 a 28 anos29 a 33 anos34 a 38 anos39 a 43 anos44 a 48 anos49 a 53 anos54 a 58 anosMais de 58 anos

77,2493,09115,64120,86130,85150,37176,64200,91279,27396,65

69,5283,78104,08108,78117,77135,33158,98180,81251,34356,99

61,8074,4792,5196,69104,68120,29141,31160,72223,42317,32

54,0765,1680,9584,6091,60105,26123,65140,64195,49277,66

de 18 anos, sem CPF);e) Cópia Certidão de Casamento.

AbrangênciaTodos os engenheiros filiados ao Senge-

PR podem aderir ao plano, exceto os quemoram na cidade de Londrina, que porquestões operacionais não faz parte da áreade cobertura. O Senge-PR está emnegociação com a Unimed para ampliar estebenefício aos associados da cidade.

5Março / Junho de 2010

www.senge-pr.org.br

Entrevista4

Os engenheiros nãoestão ganhando o salárioque merecemO presidente do Crea-PR, engenheiro agrônomo, Álvaro Cabrini Junior, afirma ementrevista exclusiva a O Engenheiro que o Brasil tem uma oportunidade única para voltara crescer, mas para isso o país precisa reestruturar seus quadros de engenharia

Cabrini: baixo salário é o principal fator de evasão

A frente dapresidência doConselho Regio-nal de Engenharia,Arquitetura e A-

gronomia do Paraná (Crea-PR) desde 2006,o engenheiro agrônomo Álvaro CabriniJúnior está otimista em relação ao futurodo país. Apesar dos inúmeros problemasde infraestrutura, oriundos da crônica faltade investimentos públicos nos últimos 30anos, Cabrini acredita que o país tem tudopara retomar seu ritmo de crescimento,pois não faltam oportunidades. Mas paraisso, ele acredita que é necessário remontaros quadros técnicos das prefeituras, doestado e da união, pois “estão com-pletamente defasados em todas as áreasda engenharia, na mecânica, na elétrica,na agronômica, na civil”. Sobre as pre-visões excessivamente otimistas de algu-mas entidades ligadas a engenharia, queafirmam que vão faltar engenheiros no paísnos próximos anos, Cabrini recomendacautela. “Muitos engenheiros desistiramda profissão, viraram empresários. Seráque não estão fora da engenharia pelosbaixos salários pagos pelo poder pú-blico”?, questiona.

Leia a entrevista.

Senge-PR - Algumas entidades ligadasa engenharia afirmam que vão faltarengenheiros no Brasil nos próximos anos.Por outro lado, um estudo recentementedivulgado pelo Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada (Ipea) não abalizaessa ideia. Como o sr. analisa essa questão?

Cabrini - Acredito que vão faltarengenheiros, mas não na medida quealgumas entidades vem afirmando, pois osengenheiros ainda não estão ganhandoaquilo que merecem receber. Algumasáreas da engenharia, sobretudo naconstrução civil, tem recebido umademanda muito grande. Em determinadasespecialidades da engenharia como, porexemplo, engenharia de tráfego, nãoexistem profissionais. Em outras áreas, osalário não compensa. Muitos engenheirosdesistiram da profissão, viraram em-presários. Alguns concursos de prefeiturasou mesmo do estado oferecem salários dedois mil reais para os engenheiros. E parareceber esse salário, ele ganha mais comoutra atividade.

Senge-PR - No Paraná, há um projetode Lei apresentado pelo Deputado EdsonStrapasson que visa reenquadrar ossalários dos engenheiros que atuam nosetor público. Caso seja aprovado osprofissionais irão receber remuneraçõesiguais ou superiores ao piso salarial dacategoria. Acha possível que o projeto sejaaprovado?

Cabrini - Eu tenho dúvidas em relaçãoa aprovação desse projeto, pois ele criadespesas e a medida teria que partir doexecutivo. Partindo do legislativo,certamente o governo vetaria. Mas nãopodemos perder a oportunidade de fazeressa discussão dentro da Assembleia

Alexsandro Teixeira Ribeiro

O Engenheiro n.º 1046

www.senge-pr.org.br

Legislativa. Agora passamos por um mo-mento constrangedor na Assembleia.Estamos pagando salários fantasmas ecomo fica a questão dos salários dosengenheiros, dos professores e de todo ofuncionalismo público?O que está aconte-cendo? A máquina pú-blica está inchada ounão está? Um engenheironão pode se dignar a tra-balhar por dois milreais. Melhorando osalário ele vem? Acre-dito que sim. O Crea-PR por exemplo, pagao salário mínimo pro-fissional a todos os en-genheiros que atuamem seus quadros e es-tamos com todos oscargos ocupados. En-tão, se o estado, osmunicípios melhora-rem os salários, paga-rem no mínimo o piso, preencherá essasvagas. A oferta e a demanda vão se equilibrar.

Senge-PR - A retomada da economiabrasileira tem favorecido os profissionaisda engenharia?

Cabrini - Desde o fim dos anos 70,início dos anos 80 o estado brasileiroquebrou. Não foi por outra razão que osmilitares deixaram o poder, pois não haviamais dinheiro. Logo depois, tivemos afalácia do neoliberalismo, dizendo que eranecessário enxugar o estado brasileiro ena verdade os últimos projetos decrescimento do país são dessa época.Quais foram as ferrovias construídas apósesse período? Quais os planos hidroviáriosque foram modificados? Nenhum. Oúltimo plano de logística rodoferroviária doParaná data dessa época. Nossa safraaumentou quatro vezes de 1980 para cá econtinuamos fazendo o escoamento namesma malha viária de 30 anos atrás.Temos uma grande defasagem e ao mesmotempo, uma grande oportunidade paracrescer. O crescimento econômico da Ásiacria uma grande oportunidade para o Brasil.Na China não há água necessária para fazera urbanização e suprir as necessidades dosestômagos chineses. Vão ter que buscaralimentos em outro lugar. É uma chancede comercializarmos nossos produtos numpaís que tem quase um terço da populaçãomundial. Mas não temos logística para

isso. Não temos como transportar deforma eficiente nossa produção. É umaoportunidade para o Brasil.

Senge-PR - O Brasil precisa de maisengenheiros e técnicos qualificados para

fazer o país apro-veitar essas opor-tunidades?

Cabrini - Osquadros técnicos dasprefeituras, do Paranáe da União estão com-pletamente defasadosem todas as áreas, namecânica, na elétrica,na agronômica, nacivil. Hoje, o PAC está“empacado” porquefaltam projetos. Fal-tam engenheiros, ar-quitetos para projetaresses empreendi-mentos todos. Quan-do resolvermos esseproblema, vamos

criar outro. A prefeitura de Maringá, porexemplo, tem dois engenheiros parafiscalizar todas as obras da cidade. A obrapública precisa ser acompanhada pelopoder público. Quando você terceiriza, opoder público precisa acompanhar, se asmelhores técnicas construtivas estão sendoutilizadas, se não hásuperfaturamento domaterial, se não estãocolocando material demenos na construção.Tem toda essa conjun-tura que estamos vi-venciando com ocrescimento da eco-nomia. Por outro lado,o Crea-PR tem outroproblema para en-frentar, com as em-presas estrangeirasque estão investindo nopaís. Pois junto como dinheiro, vem tam-bém os profissionais enós temos que tomarcuidado para nãohaver um desvirtuamento nesse processo.E como vamos competir com profissionaisformados nas universidades do outro ladodo Atlântico? Será que muitos não estãofora da engenharia pelos baixos saláriospagos pelo poder público? Será que se

pagassem bem eles não ocupariam essesespaços vagos? Eu acho que pelo menoseles começariam a aparecer. Paracompensar a atividade empresarial ouempreendedora que eles estão fazendo comum salário mais compatível, poderiamtrocar essas atividades pela segurança deum emprego público. Mas hoje umprofissional da área de engenharia não trocasua atividade empreendedora por um saláriode dois mil reais. Recentemente váriosconcursos de prefeituras, contratandoengenheiros e arquitetos com salários dedois mil reais. E as vagas estão lá adisposição. O poder público precisamelhorar essa oferta. Talvez se os recursospúblicos fossem melhor geridos, teríamosa possibilidade de qualificar melhor nossosquadros. Temos grandes gargalos pararesolver. Para atender a demanda criadapela Copa do Mundo de Futebol,precisaríamos de 80 bilhões de reais deinvestimento, para deixar o país numpadrão aceitável. Parece que o Brasil nãotem esse dinheiro. Mas se investirmos pelomenos ¼ desse valor, já é uma grandequantidade de dinheiro que se injeta naeconomia, criando demandas na área deurbanismo, logística, infraestrutura,paradas desde os anos 80. O metrô que éconstruído fica incorporado na cidade. ACopa é um item, daqui a 4 anos. Mas temos

outras demandas. Eutenho uma visãobastante otimista, poiscreio que o Brasil váentrar num ciclo deinvestimento. Somosnós, os engenheiros,que temos que levaresse país para asustentabilidade.

Senge-PR - Comoos sistemas Confea/Crea contribuem paraa valorização dosprofissionais daengenharia? Quais osaspectos mais posi-tivos e o que aindapode melhorar?

Cabrini - Essa éuma área que infelizmente estamos olhandopara trás. O sistema tem uma avenida deoportunidades pela frente, mas ainda olhapelo retrovisor. Estamos muito aquém deonde poderíamos estar, pois infelizmentenossa cúpula federal é muito conservadora.

“ Acredito que vãofaltar engenheiros, mas

não na medida quealgumas entidades

vem afirmando, poisos engenheiros aindanão estão ganhandoaquilo que merecem

receber. Algumas áreas daengenharia, sobretudo na

construção civil, temrecebido uma demanda

muito grande.”

“ Os quadros técnicos dasprefeituras, do Paraná

e da União estãocompletamente defasados emtodas as áreas, na mecânica,na elétrica, na agronômica, na

civil. Hoje, o PAC está“empacado” porque faltam

projetos. Faltam engenheiros,arquitetos para projetaresses empreendimentos

todos. Quando resolvermosesse problema, vamos

criar outro.”

7Março / Junho de 2010

www.senge-pr.org.br

>>Precisamos nos desprender, ser muito maisousados do que somos hoje e ter uma atitudemais empreendedora com relação essasoportunidades que nos são colocadas.Poderíamos ter ações mais agressivas nainterface com a socie-dade, com as prefei-turas, com as câmarasde vereadores, com oslegislativos munici-pais. Poderíamos sermais ousados na par-ticipação política, par-ticipar dos debates dasociedade, das ativida-des de formação das po-líticas públicas, melho-rar os partidos polí-ticos, mas infelizmenteestamos passivos emrelação a isso, viramosas costas para a socie-dade, quando poderí-amos ser protagonistasda mudança dessa his-tória terrível que assolao país. Não é apenasna política, mas estáno dia a dia do cida-dão, que oferece 50 re-ais para o guarda nãomultá-lo, ou estacionanas vagas dos deficientes. A sociedadeprecisa rever sua conduta ética e moral.Precisamos ser mais ousados, criar novasregras, chamar a sociedade para a discussão.Quando vamos ter coragem de enfrentaros cartéis que dominam o país? Melhoraros planos de governo, participar deassembleias, elaborações de discussões,pautas de construção de políticas públicas.Poderíamos caminhar de um modo maisrápido.

Senge-PR - Desde 2008 circula umProjeto de Lei que separa a arquitetura daengenharia. Como o sr. vê a questão? Issoenfraquece ou fortalece a profissão?

Cabrini - Essa é a pergunta que osistema profissional não fez. Porque umaminoria se revoltou e quer sair do sistema?Essa pergunta que o “dinossauro”, o sistemaConfea, nunca fez. O que deixou essaspessoas insatisfeitas? Talvez aí esteja aresposta, onde o sistema falhou. Não terouvido a sua massa. Ao mesmo tempotemos uma gama de engenheiros civisinsatisfeitos, querendo criar a ordem dosengenheiros civis, outra entidade própria.Os agrônomos já se rebelaram no passado,

“ Há 30 anos, tínhamostrês faculdades de agronomiano Paraná. Hoje, temos 24.Existe uma demanda para o

agronegócio e para aagricultura familiar, que nãosão modelos excludentes.

Temos mercado para as duascoisas, dentro e fora do país.Outra possibilidade são osprodutos orgânicos, sem

contaminação. Vejo o mercadoda agronomia de formabastante promissora. Os

estoques mundiais dealimentos estão cada vez maisescassos. Precisamos agregarvalor a nossa produção.”

os técnicos querem sair. O que o sistemanão ouve? Talvez se parássemos para pensar,estas questões estariam resolvidas, seolhássemos para frente, esse seria umproblema resolvido. Eu penso que o

Conselho dos Arqui-tetos logrará exito, seos arquitetos criaremum conselho de ar-quitetura com umanova mentalidade. Por-que se eles pegaramhoje o que temos den-tro do sistema Confeae forem transportarisso para o CAU, vãotrocar seis por meiadúzia. O sistema atualvai passar por cimadeles como rolo com-pressor. Mas, se cria-rem um sistema queperceba não só os an-seios da categoria pro-fissional, mas os an-seios da profissão, dasociedade e derem es-se salto que o sistemaConfea não deu, aí elesvão conseguir êxito.Mas eu não acreditoque as lideranças atuais

da arquitetura, tenham se dado conta disso.Pode ser uma grande coisa, ou então apenasmais uma entidade que poderá terdificuldades para se auto-sustentar.

Senge-PR - Em relação a sua área, aagronomia, como o senhor avalia o mercadode trabalho?

Cabrini - Há 30 anos, tínhamos trêsfaculdades de agronomia no Paraná. Hoje,temos 24. Existe uma demanda para oagronegócio e para a agricultura familiar,que não são modelos excludentes. Temosmercado para as duas coisas, dentro e forado país. Outra possibilidade são os produtosorgânicos, sem contaminação. Vejo omercado da agronomia de forma bastantepromissora. Os estoques mundiais dealimentos estão cada vez mais escassos.Precisamos agregar valor a nossa produção.Não podemos ficar apenas produzindoprodutos primários, exportando navios desoja ou milho para serem industrializadosna China ou na Alemanha, gerando empregoe renda por lá. Precisamos repensar essemodelo. Passar por uma reconversão nessaárea. Aí sim, eu acredito que nós vamosmelhorar a demanda para esses profissionais.

O Engenheiro n.º 1048

www.senge-pr.org.br

Análise4

Faltam engenheirosno mercado de trabalho?O economista Fabiano Camargo , da subseção do Dieese no Senge-PR, analisacom base em números oficiais a relação entre profissionais de engenharia e ademanda por engenheiros no mercado de trabalho formal e constata que a curto emédio prazo não vão faltar profissionais

>>

Em artigo noúltimo jornal OEngenheiro, odiretor presidentedo Senge-PR,

Valter Fanini, levantou o debate sobre asuposta escassez de engenheiros no país.Fanini afirmou que não faltam profissionaisno mercado de trabalho, mas sim, saláriosadequados para atrair os engenheiros aomercado de trabalho. Dando sequência aosdebates sobre este tema, escrevo artigoratificando esta opinião.

Com base nos dados do Censo doEnsino Superior do Ministério da Educação(MEC) e da Relação Anual de InformaçõesSociais (RAIS) do Ministério do Trabalho eEmprego (MTE), fizemos um cruzamentode dados entre oferta e demanda porengenheiros no Brasil. Segundo o Censo doEnsino, a cada ano, aproximadamente 40mil novos engenheiros chegam ao mercadode trabalho. Entre 2004 e 2008, deixaramas universidades para o mercado, 169 milengenheiros, representando um crescimentode 38,57%. Já a RAIS, nos mostra queexistiam no país em 2008, 192 milengenheiros exercendo a profissão comemprego formal, sendo que, de 2004 a 2008,foram abertas no mercado de trabalhoapenas 54,4 mil vagas (crescimento de34,33%) e em 2008, foram criadas quase20 mil vagas.

Fazendo o cruzamento dos dados,observamos que se formaram em algumadas habilitações de engenharia apro-ximadamente 169 mil pessoas. Emcontrapartida, foram criadas apenas 54,4mil vagas. Conclui-se, que neste períodoocorreu um déficit de 115 mil vagas paraengenheiros no mercado de trabalho formal.

Consequentemente, o que está faltandono mercado de trabalho são vagas paraengenheiros e não profissionais. Alémdisso, segundo informações do sistemaConfea/Crea, existiam aproximadamente690 mil engenheiros registrados no Brasilem 2008, logo, pode-se concluir quehaviam cerca de 500 mil engenheirosdesempregados ou exercendo outrasocupações. Por meio destes dados, maisuma vez é reforçada a tese de que nemtodos os engenheiros estão ocupados emsua profissão. Tese defendida por outroestudo divulgado recentemente peloInstituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea), que confirma queatualmente não há escassez deengenheiros no mercado de trabalho.Segundo as estimativas do Ipea, existiam750 mil profissionais com formação emengenharia no país até 2008.

A situação dos engenheiros não tem sidomuito confortável nas últimas décadas nomercado de trabalho, principalmentedurante as décadas de 80 e 90, quando asbaixas taxas de crescimento econômico,abertura econômica, redução daparticipação do Estado na economia,diminuição dos investimentos públicos,reduziram o ritmo da geração de vagas paraengenheiros. Deste modo, muitosprofissionais foram deslocados para outrasocupações ou até mesmo para outrossetores de atividade econômica, nãocondizentes com a sua formação. Em meioas adversidades para os profissionais deengenharia nos anos 80, ficou conhecidonacionalmente o caso do engenheiro OdilGarcez Filho que foi tentar a sorte em outraárea. Em 1982, Garcez Filho, criou em SãoPaulo, a lanchonete “O Engenheiro queO que faltam são vagas, não engenheiros

9Março / Junho de 2010

www.senge-pr.org.br

>>

virou suco”, tendo como inspiração parao nome de sua loja, o filme brasileiro “OHomem que virou suco”, de João Batistade Andrade, que ganhou diversos prêmiosem festivais de cinema da época. Estaexperiência de Garcez Filho, reflete asituação vivida pelos engenheiros, nãosomente na década de 80, mas tambémpara os anos seguintes, quando estesprofissionais passam a ter dificuldades emencontrar uma vaga no mercado detrabalho.

Observamos que a situação dosengenheiros tem melhorado no períodorecente, com o crescimento da economiae geração de postos de trabalhos. Porém,é ainda muito preocupante, e bem diferenteda situação vivida por estes profissionaisno século passado, principalmente duranteas décadas de 60 e 70. Até o final dos anos70, o estudante que saía da universidadecom diploma de engenheiro tinha umemprego praticamente garantido, a buscapor estes profissionais era intensa, o

desemprego para engenheiros erapraticamente nulo, situação que se alterounas décadas seguintes.

O que nos preocupa, é que temosobservado no período recente, discursose textos elaborados, debatidos e difundidosna grande mídia por instituições patronais,formadores de opinião, entre outros e atémesmo por entidades que se propõe adefender os interesses dos engenheiros,que preconizam que a oferta de engenheirosno país, não é suficiente para atender ademanda do mercado de trabalho.Certamente que podem existir setores/ocupações onde faltem engenheiros, porémsão casos específicos, ou seja, áreas quevoltaram a crescer recentemente,acompanhado o dinamismo da econômicanacional, onde não havia anteriormentedemanda por estes profissionais, como naengenharia naval, setor que estavapraticamente estagnado no Brasil. Logo, énormal que exista um hiato temporal entrea demanda por engenheiros no mercadode trabalho e formação de novos

Concluintes de ensino superior e engenharia (Brasil)Ano Engenharia Var (%) Geral Eng / Total (%)200320042005200620072008

25.59927.73131.01935.02937.39638.428

-8.3311.8612.936.762.76

528.223626.617717.858736.829756.799800.318

-18.6314.562.642.715.75

2003 a 08 195.202 - 4.166.644 - 4.68

Var (%)4.854.434.324.754.944.80

Var(%) 2003/08 - 50.12 - 51.51 -Fonte: Censo de Educação Superior- INEP/MEC Elaboração: Dieese / Subseção Senge-PR

A situação dos engenheiros não tem sido muito confortável nas últimas décadas no mercado de trabalho, principalmente durante as décadas de 80 e 90

O Engenheiro n.º 10410

www.senge-pr.org.br

Número de formandos em engenharia e vagasgeradas no mercado de trabalho - 2003/08

200320042005200620072008

25.59927.73131.01935.02937.39638.428

-2.1323.2884.0102.3671.032

-8.3311.8612.936.762.76

-5.2098.61710.89710.62019.008

--22.522-22.402-24.132-26.776-19.420

Acum. 2004/08 169.603 12.829 - - 54.351 - -115.252

Fonte: Censo da Educação Superior - Inep / Mec; Rais / MTE Elaboração: Dieese / Subseção Senge-PR

Ano ConcluintesVariaçãoAbsoluta

Var (%)

SaldoVagas

geradas (-)concluintes

Eng.

Ensino superior Mercado de TrabalhoVagas

geradasVar (%)

137.955143.164151.781162.678173.298192.306

-3.786.027.186.5310.97

Var(%)2004/08 - - 50.12 - - 34.33 -

profissionais. Em relação ao ensino,devemos ter cuidado em relação aocrescimento da oferta de vagas no ensinosuperior para en-genheiros, já que istopode ter como resul-tado o crescimentoexcessivo de profis-sionais no mercado detrabalho, rebaixando as-sim os níveis salariais.

O momento queestamos vivendo e asperspectivas do queestá por vir, nos in-dicam que o cenárioserá benéfico para osengenheiros. As ex-pectativas são que em2010, e nos anos se-guintes, o Brasil apre-sente elevadas taxasde crescimento, aci-ma dos 5%. Isto em decorrência, doselevados investimentos na economia,como do PAC, Pré-Sal, Copa do Mundo

Vagas e salário de Engenheiros noemprego formal - 2003/08

200320042005200620072008

137.955143.164151.781162.678173.298192.306

-5.2098.61710.89710.62019.008

-3.786.027.186.5310.97

4.317.374.801.845.155.695.478.155.809.586.470.29

-11.227.376.256.0511.37

Acum. 2003/08 - 54.351 39.40 49.87Fonte: Rais/MTE Elaboração: Dieese / Subseção Senge-PR

Ano Estoque Vagas geradas Var (%) Var (%)Sal. Médio

Empregos Remuneração

“ Observamos quea situação dos engenheiros

tem melhorado como crescimento da

economia e geraçãode postos de trabalhos,

mas ainda é bemdiferente da realidade

vivida por estesprofissionais no século

passado, principalmentedurante as décadas

de 60 e 70”

e Olimpíadas. Que este cenário positivo,seja acompanhado da valorizaçãoprofissional desta categoria, com níveis

salariais condizentescom a realidade eco-nômica vivida pelopaís, com o reconhe-cimento da socie-dade da importânciadestes profissionais,com condições justase dignas de trabalhopara o exercício daengenharia. Sendoassim, a área de en-genharia tende seruma das mais pro-missoras do mer-cado de trabalho bra-sileiro com o cres-cimento expressivodo número de profis-sionais. Assim, em

um período de curto e médio prazo pareceimprovável que faltem engenheiros nomercado de trabalho.

Área de engenharia é uma das mais promissoras

11Março / Junho de 2010

www.senge-pr.org.br

Senge-PR 75 anos4

Comemoração de aniversárioJubileu da entidade foi prestigiado por representantes da

trabalho desenvolvido pelo Sindicato a

No dia 23 de abril, foi realizada a comemoraçãodos 75 anos do Sindicato dos Engenheiros do Paraná.O evento reuniu mais de 300 pessoas e contou comuma palestra do jornalista Luis Nassif, que abordoua atual conjuntura econômica brasileira. Acomemoração dos 75 anos do Senge-PR foiprestigiada pelas principais entidades ligadas aengenharia, como o Confea, a Fisenge, o Crea-PR,o Instituto de Engenharia do Paraná, além dedeputados estaduais e federais, vereadores, ex-presidentes do Senge-PR, sindicalistas e associados.

Durante a solenidade, foi exibido o vídeo

O jornalista Luis Nassif, o deputado estadual Edson Strapas

“ O Senge-PR éreconhecido em todosos segmentos da po-pulação paranaense,principalmente pelaseriedade que participadas negociações sala-riais em defesa dos en-genheiros, pela atua-ção conjunta com os

movimentos sociais e todas as questões ligadasas políticas públicas, pela defesa do patrimôniopúblico, pelo setor politico, um sindicato quetem história e luta comprovada”Carlos Roberto BittencourtPresidente da Fisenge

Fanini entre os ex-presidentes do Senge Kamal David e Rubens Cury (dir) e o associado remido Milton Gomes de Campos

Fotos: Guilherme Pupo

O Engenheiro n.º 10412

www.senge-pr.org.br

O diretor do Senge-PR, Paulo Sidnei, a ex-deputada federal Clair da Flora Martins e Valter Fanini

“ Os 75 anos defundação do Senge-PRconstituem um marcohistórico para os en-genheiros e para a en-genharia paranaense.Quero parabenizar todosos ex-presidentes, direto-res e profissionais que, aolongo desses anos, cons-truíram e trabalharam com afinco para essaentidade, uma das mais importantes do Paranáe desejar um grande futuro ao Senge-PR”Jayme Sunie Neto

Presidente do Institutode Engenharia do Paraná

institucional que conta a história dos 75 anos deatuação do Senge-PR. Em seu discurso, o presidentedo Senge-PR, engenheiro civil Valter Fanini, destacouque todos os que desejam a cidadania, precisam secapacitar para um novo desafio, “que é identificarcomo operam os mecanismos de acumulação deriqueza no capitalismo moderno”. Ressaltou ainda opapel de “todas as pessoas que trabalharam etrabalham para que o Senge-PR continue a exercerum papel relevante dentro da sociedade paranaense,em sintonia com os interesses dos engenheiros eda engenharia”.

13Março / Junho de 2010

www.senge-pr.org.br

Opinião4

Formação ou deformação?O engenheiro eletricista Luiz Carlos Correa Soares , ex-presidente do Senge-PR eum dos fundadores da Fisenge, faz uma reflexão oportuna sobre o nosso atualmodelo de educação e propõe desafios que englobem não apenas a formaçãointelectual, mas algo amplo, que englobe o trabalho, a cidadania e a vida

Verbetes co-mo formação, e-ducação, apren-dizado, ensino,conhecimento,aprender, apreen-der e outros têmsido tratados comconceitos interco-nectados, de tal

forma que muitas vezes se torma dificil dirimirentre o definidor e o definido. Em outraspalavras, o que vem antes é a galinha ou o ovo?

Por exemplo, no Brasil é usual oconceito de educaçao englobar o deaprendizado, de ensino e de formação.Neste artigo, de modo tão desprentenciosoquanto sucinto, tentamos transitar emoutro rumo. Trata-se de atender a maisum fortíssimo apelo para quebrarparadigmas e mitos, dentre os muitosdesafios que se nos apresentam nestenosso momento histórico.

A formação, em nosso entendimento, éum conjunto de processos contínuos debusca e assimilação de informações comvistas ao crescimento do conhecimento e daconsciência. Estes, sob sentidos filosóficosmuito amplos. Desse modo, trata-se de umprocesso que começa ao nascer e só acabana morte física de cada ser humano. Isso,porém, sob as concepções predominantesnas sociedades ditas ocidentais. Sob outrosolhares, há divergências quanto a esses limites.

Claro está que a formação aqui concebidasó será possível sob um novo processocivilizatório em âmbito mundial, de tal modoque subverta e corrija as distorções edegenerescências hoje vigentes. Esse novociclo, em nossa percepção, já está em cursono planeta. E é fatal que deva estar!

O novo modelo deve se estruturar e serealizar em três eixos básicos, interligadose correlacionados: a) educação para a vida;b) ensino orientado para o trabalho; c)

preparação para o exercício da cidadania.O primeiro, deve ser primordialmente

de competência e responsabilidade da“nova” família (ou um retorno à “antiga”família), coadjuvada pela escola e apoiadapela comunidade. Pela educação seconsolida a percepção da necessidade e daprática de valores, de princípios e de regrasde vivência e convivência.

O ensino não deve ser entendido apenascomo mero sistema de transmissão doconhecimento. Será de responsabilidade da“nova” escola em todos os níveis depreparação, qualquer que seja o espaço, osetor e o âmbito de atuação do indivíduo. Aescola deve ser sempre uma instituiçãopública na acepção mais abrangente do termo,isto é, não necessariamente governamental.

A preparação para a cidadania –inexistente no Brasil - complementa aeducação e o ensino, contemplandoaspectos muito amplos e abrangendo o serhumano enquanto indivíduo, passando pelafamília, pela escola, pela atuaçãoprofissional e pela formação cultural epolítica. Trata-se, enfim, do verniz maisacabado na modelagem do cidadão.

Como é fácil perceber, os três eixosnão constituem etapas ou fases temporaise têm conexões muito fortes entre seuselos de tal modo que são, ao mesmo tempo,inseparáveis e complementares em seusâmbitos. Isso permite que a formaçãopossa ser tão completa quanto possível eatender a todos os objetivos de vida dignados indivíduos de uma nova sociedade.

O novo sistema contemplará tambémas transversalidades inerentes, de modoque a formação seja abrangente,continuada, piramidal, lógica, racional,holística e eficaz. Se assim for, o processode busca, transmissão e assimilação doconhecimento poderá ser tão amplo eprofundo quanto for o desejo de cada serhumano, sem qualquer restrição, distinção,

precedência ou prevalência.Reconhece-se que a concepção de um

sistema como esse não constitui algoestritamente novo, porque retomaensinamentos e práticas de grandeseducadores, dentre os quais podemos citarPiaget, Makarenko, Vigotsky e Paulo Freire,apenas como exemplos, para não estender alista. Como síntese da idéia aqui defendidapode-se repetir Makarenko: “a práticapedagógica é a organização do coletivo, paraa educação da personalidade no coletivo e,somente, através do coletivo”. A sua aplicaçãoprática, ao menos parcial, também é algo atualem muitas partes do mundo, como é o casodas escolas do MST, aqui no Brasil.

Recorde-se que em nosso país aeducação (formação) se iniciou no chamadoperíodo jesuítico, que durou mais de doisséculos, isto é, de meados do século 16 atémeados do século 18, quando o Marquêsde Pombal expulsou os jesuítas. E mudouos objetivos do modelo, que servia aosinteresses da fé, para um modelo que passoua servir aos interesses do Estado.

Aliás, de certa forma e mesmo apósmuitas mutações ocorridas, o princípiopermanece: atender a interesses alheios aosda maioria da sociedade. Com o agravantede ter passado a servir também aosinteresses capitalistas da alienação,dominação, exploração e acumulação deriqueza. Exemplo: o modelo “exportado”pelo Banco Mundial e institucionalizado emtoda a América Latina, à exceção de Cuba.

Na atualidade, quando no Brasil está empauta um forte debate a respeito daformação tecnológica – com mais ênfasesob o nosso olhar –, é de extremapertinência a discussão de toda a estruturada pirâmide. Por duas razões: 1 - do topo,a universidade, é impossível corrigirdeficiências de etapas precedentes, emqualquer dos três eixos; 2 – sem base,qualquer estrutura acaba ruindo!

O Engenheiro n.º 10414

www.senge-pr.org.br

Entrevista4

A modernização do Lula sedá pelos movimentos sociaisO jornalista Luis Nassif , um dos mais influentes e polêmicos do país, em entrevistaexclusiva a “O Engenheiro” faz uma análise sobre os últimos anos da políticabrasileira, opina sobre a sucessão presidencial e o papel dos sindicato no século XXI

Com FHC, o País ficou impedido de crescer

O jornalista Luis Nassif foi o convidadoespecial do evento em comemoração ao75 anos do Senge-PR, realizado no EstaçãoConvention Center. Com 40 anos dededicação ao jornalismo, Nassif sedestacou principalmente pela coberturaeconômica e política, passando pelosprincipais veículos de comunicação dopaís, como a revista Veja, o Jornal da Tarde,Folha de S. Paulo, TV Gazeta, TV Culturae Rede Bandeirantes. Nassif foi um dosintrodutores do jornalismo eletrônico nopaís, mantém um blog independente,atualizado constantemente e, desde março,apresenta na TV Brasil, rede de televisãopública gerida pela Empresa Brasil deComunicação (EBC), o programa dedebates Brasilianas.org. onde discutepolíticas públicas, como saneamento,energia e educação . Exibido às segundas-feira, às 22 horas, o programa conta cominteração do público que participa dosdebates prévios pelo site www.brasilianasorg.com.br. Antes da palestra,Nassif atendeu com exclusividade areportagem de O Engenheiro e fez umaanálise dos últimos anos da políticabrasileira, sobre a sucessão presidencial eo papel dos sindicatos no século XXI. Apalestra completa do jornalista, estádisponível no site do Senge-PR, na seçãovídeos.

Confira a entrevista:

Senge-PR - Que análise você faz dogoverno Lula? É possível notar algumadiferença em relação ao governo FHC?

Nassif- Total. Os anos 80 encerramum ciclo. Um ciclo do papel excessivo doestado, de endividamento, de grandes

investimentos públicos. Era necessáriopartir para uma outra etapa, a aberturagradativa da economia, que foi pensada emmeados dos anos 80, por um grupo depessoas do BNDES, da Petrobras, daEletrobrás, a chamada “integraçãocompetitiva”. Ou seja, completou-se ociclo de industrialização e gradativamentede abertura da economia, para permitir queo país saísse daquela burocracia tremendaque imperava nos anos 80. As empresascomeçaram a buscar parcerias, reduzir aproteção para ganhar competitividade. OFernando Collor, mesmo com todos oserros que cometeu, entendeu essa lógica ecomeçou um processo gradativo deabertura da economia. Quando chega oFernando Henrique Cardoso, ele arrebentacom isso. Ele e sua equipe econômica,fazem um modelo de remonetização daeconomia, de injetar dinheiro na economiasó para quem tivesse dólar. Não satisfeitoscom isso, eles deram uma tacada nocâmbio, que não estava no script inicial doPlano Real. Isso permitiu grandes ganhosa diversos grupos, entre os quais ospróprios economistas do real. Essaapreciação cambial matou a maior chancede crescimento que o Brasil já teve, quefoi em 1994. Porque em 94 tivemos aestabilização da economia, as classes desubconsumo entrando no mercado deconsumo e um rearranjo das mul-tinacionais do mundo que estavamrealocando suas unidades produtivas. Como avanço da informática, da telemática, dalogística, parou aquela ideia de ter umafábrica aqui e os fornecedores em volta. Eo Brasil era um dos países que deveriasediar essas fábricas. Essa chance foijogada fora com a apreciação cambial, oBrasil ficou impedido de crescer. E o

15Março / Junho de 2010

www.senge-pr.org.br

Fernando Henrique manteve isso até 1999e gerou uma dívida publica que amarroutodo o desenvolvimento brasileiro.

Quando se fala na carga tributáriaabsurda que temos hoje, ela é oriundadessas jogadas cambiais criadas para fechara conta em dólares. Quando se analisa ogoverno dos militares, eles geraram umaenorme dívida pública, mas tinham ativos,as grandes estatais.

O Fernando Henrique Cardoso poderiater feito um novo desenho da economiabrasileira pois mantendo o cambiocompetitivo, teria atraído as grandesmultinacionais. Se tivesse feito aprivatização adequadamente com fundossociais poderia ter resolvido o problemada previdência, do fundo de garantia.Então, ele jogou fora essa grandeoportunidade, num momento que o Brasilestava se preparando para o salto, tinhanoção de gestão, inovação, o consumopopular estava começando a se formar.Teve tudo na mão, mas jogou fora aoportunidade.

Senge-PR - E o governo Lula?Nassif -O primeiro governo dele

(2002-2006) foi um desastre, o aprendizadofoi um desastre. Ele cometeu muitos errose o principal deles foi a tomada da máquinasem estabelecer uma disciplina, queresultou no famoso episódio do mensalão.Esse caso foi um divisor de águas fantásticoe mostrou o gênio político do Lula. Naquelemomento, com a mídia querendo derrubaro governo, ele fez a virada. E caso ele nãofizesse um grande governo ele dançava.Nitidamente você observa uma mudança,apesar da imprensa não perceber.

E como você percebe essa mudança?Conversando com ministros e o Lula a milpor hora, trabalhando, exigindo e cobrando.Nesse processo, aparece a estrela daministra Dilma Russef, que organiza todoo sistema de informações interno.

Com o PAC, ela estrutura o governode tal maneira que o Lula passa a ter ocontrole e se transforma nesse grandeestadista. Primeiro com o Bolsa Família quemuda a face do Brasil. Agora um pontointeressante do governo dele, é que todaação de governo ele pergunta: o que o paísganha com isso, qual a inclusão social equais são os riscos. É um jeito intuitivo eabsolutamente eficiente de governar, desdeque você tenha o controle das açõesorçamentárias. Então, quando se tem essaorganicidade, começa a atuar de maneira

firme, em educação, saúde etc.Senge-PR - E qual o maior pecado do

governo Lula?Nassif- Onde amarra tudo? No Banco

Central. Hoje é difícil saber, mas erainevitável dentro da estratégia política.Quando ele entra, em 2002, o mercadoquase desestabiliza as eleições. Em 2003,era uma crise cambial atrás da outra. Osegundo governo ocorre um segundo fatoque faz do Lula um personagem mundial,que foi a crise econômica. Com a crise elepercebeu que se não tivesse uma atuaçãomuito firme, não conseguiria superá-la. Ea crise permitiu libertá-lo daqueleneoliberalismo fajuto. O Estados Unidos,

que são a pátria do liberalismo, não sãoassim. O governo americano é abso-lutamente pragmático, quer resultados epara isso faz diversas ações, incentivos. Omodelo Antonio Palocci já tinha sidodesmontado pela Dilma. O Palocci tinhacriado uma série de mecanismos para ogoverno não gastar. A Dilma conseguiucom o PAC mudar o conceito de gastopúblico, conseguiu viabilizar umaarticulação de investimentos, pois se tiver

uma obra pública, vai atrair um conjuntode investimentos privados.

Com o PAC você define que estasobras estão fora do ajuste fiscal, começaa desenhar um modelo de articulação comestados e municípios, onde começam aganhar espaço esses modelos deconferência, que a imprensa fala tantomal. Hoje as conferencias são um fatorfundamental do federalismo brasileiro.Tem a conferência da saúde, que vocêpega a demanda do pequeno município,que é levada para o estado, que é levadapara a União. Isso dá uma enormeconsistência. Já o Serra é um pensamentotecnocrático, ele acha que tudo se resolvecriando um departamento.

A modernização do Lula se dá pelosmovimentos sociais. Enquanto o BancoCentral é o que temos de mais anacrônico,pois define metas para o ano, ao invésdos próximos dois meses, não expurgafatores realmente conjunturais. Mas, oLula não teve grandeza para mudar essecenário. Não deu atenção para pequenase micro empresas, o BNDES precisa reversua política de finan-ciamentos. Porexemplo, o negócio do Custo Brasiltambém não avançou, a redução deburocracia, a reforma fiscal que tem queracionalizar, esse peso excessivo que sejoga na folha salarial, depõe contra ageração de empregos formais. Mas aslinhas gerais estão dadas. Hoje, o Brasil éunanimemente visto unanimemente comoum “player” internacional.

A diplomacia brasileira é extra-ordinária, extremamente pragmática, opapel do estado está repensado. Mas seránecessário agir com muita res-ponsabilidade para que o próximo governonão pense que o papel do estado é controlartudo.

Senge-PR - As eleições estãobastante polarizadas, entre a candidatado governo, Dilma Russef e o tucanoJosé Serra. O senhor acredita que umavitória do Serra seria um retrocessopara o país?

Nassif - O Lula mostrou que serpresidente é um patamar muito maiselevado que ser meramente umeconomista. O Serra não tem envergadurapara ser presidente. Qual o modelo que oLula desenha? Montar o país com todosos apoios. É preciso conviver com oagronegócio e com a agricultura familiar.Tem que ter a multinacional brasileira e a

“ O Lula mostrou queser presidente é um

patamar muito mais elevadoque ser meramente umeconomista. O Serra não

tem envergadura para serpresidente. Qual o modelo

que o Lula desenha? Montar opaís com todos os apoios.É preciso conviver com o

agronegócio e com aagricultura familiar. Temque ter a multinacional

brasileira e a bolsa família.Esse é o grande salto queo Brasil deu. Porque hoje

você tem grupo deconhecimento em váriasáreas, o Brasil tem uma

estrutura de país moderno. E o Lula deu essaamarração”

O Engenheiro n.º 10416

www.senge-pr.org.br

Nassif: papel de sindicatos deve alterar, e muito

bolsa família. Esse é o grande salto que oBrasil deu. Porque hoje você tem grupode conhecimento em várias áreas, oBrasil tem uma estrutura de paísmoderno. E o Lula deu essa amarração.Ele mostra que é importante a inovação,a educação, matar a fome.

O Bolsa Família deu diversosdesdobramentos no campo econômico,revitalizou a economia do nordeste,permitiu a interiorização do desen-volvimento. Então para fazer essaamarração, o Serra é incapaz, ele nãoconseguiu fazer isso em São Paulo. Seele tivesse o mínimo vontade de fazer,ele teria incendiado São Paulo. Teria feitoum movimento para juntar as uni-versidades, os institutos de pesquisas, asgrandes empresas, para fazer de SãoPaulo um centro de inovação, um grandeexportador de produtos manufaturados,mas ele não tem uma única ação criativa.Não conseguiu inovar na educação, nasaúde e cada vez que ele encontra umproblema, ou se encolhe ou parte para oenfrentamento. Ele não tem diálogo, jogode cintura, tem um viés autoritário,tecnocrático e isso gera conflito.

No caso da crise da Polícia Civil deSão Paulo, ele deixou a crise chegar atéas vias do confronto, por não receberninguém. Depois da crise, ele deu tudoo que eles queriam, inclusive a reduçãodo tempo de aposentadoria. Não é umhomem de diálogo, não tem conhe-cimento do país, desmontou a engenhariado estado. Em nenhuma área conseguecriar programas de gestão. Ele não sabeo que se passa no governo dele, éausente. Não é efetivamente um bomgestor, é beligerante. Não é questão dePSDB ou PT, pois ele pode provocar umimpasse no país, pelas característicasdele de conflito e de absoluto travamentopara enfrentar os problemas.

Senge-PR - Como o senhor vê o papeldos sindicatos no século XXI?

Nassif - Vão ter que alterar muito.Quando você pega a CUT, por exemplo,ela tem um conjunto de departamentos,uma geração de pensamento sobre osmais diversos temas que é interessante.Mas quando os sindicatos ficam só nasdemandas salariais, eu acho muito pouco.

Existe um sofisma monumental,desenvolvido por pessoas como Cláudiode Moura Castro e Paulo Renato deSouza, que salário não é importante. Eles

analisaram escolas públicas e escolasprivadas e descobriram que as públicastem mais salário que escola privada. E odesempenho dos alunos de escola privadaé um pouco melhor. Então concluíramque o salário não é importante. Isso éuma besteira. A privada é melhor porqueo aluno é de classe média o entorno deleé muito melhor. Eles criaram um blefeque não é só salário que resolve. Mas osalário é fundamental, pois se você nãotiver salário, como vai permitir terdignidade para atrair os melhores qua-dros? Mas quando o sindicato vai paraas ruas, não tem que dizer apenas o queé melhor para o professor. Tem quemostrar o que é bom para o professor, oque é melhor para o aluno e para asociedade. Eles não conseguem articularisso. E os sindicatos tendem a ficarobsoletos se não repensarem o modelo.Hoje, existe uma multiplicidade de temasmuito interessante. Com a internet, coma mediação que vem da sociedade civil,das ONGs, dos grupos de interesse, oparlamento perdeu essa função. Osdiretórios políticos não exitem mais.

Os sindicatos seguem o mesmocaminho. Porque o sindicato vairepresentar um conjunto de pessoas seelas podem em vários ambientes, criargrupos específicos em que trocam ideiase chegam a um consenso de forma muitomais objetiva. Então os sindicatos dealguma maneira vão ter que abrir umaampla discussão para saber como atuar.Por exemplo, a forma que o Sengerealizou as ações contra os pedágios, éuma maneira de contribuição importante.Você pega uma visão técnica, não estatalpara ser os olhos da sociedade naquelaárea. Então essa busca da legitimidadetem que se dar com os sindicatosparando de olhar o próprio umbigo e setransformando em observatórios dasociedade nas áreas que eles atuam. Agoraisso é uma mudança de paradigma,complicada. Mas tudo está mudando,o judiciário precisa acompanhar, o fim domonopólio da grande mídia, arepresentação política acabou. Ossindicatos vão ter que montar suas redes,vão ter que pegar as contribuição dosseus associados para construir oconhecimento. Não é mais aqueleconhecimento formado por quatro oucinco líderes. De alguma maneira, ossindicatos vão ter que trabalhar em rede.

17Março / Junho de 2010

www.senge-pr.org.br

Agenda SindicalInformações sobre o dia-a-dia e a atuação do Senge-PR4

Engenharia perde Carlos Scipioni, diretor regionaldo Senge-PR em Pato Branco

ETIQUETAREMETENTE:

Sindicato dos Engenheiros no Estado do ParanáRua Marechal Deodoro, 630, 22.º andar, Curitiba.

CEP 80010-912. Tel.: (41) 3224 7536. e-mail: [email protected]

Pagar a contribuição sindicalobrigatória diretamente para o Senge-PRpode custar menos pra você, engenheiroque ganha acima do piso salarial de R$4.185. No Sindicato, a contribuiçãocusta um dia de trabalho calculado apartir do piso. Se você deixar seuempregador fazer o desconto, vaipagar mais, e seu dinheiro podeficar com sindicato majoritário,e não com o Senge-PR, quedefende você e a engenharia.

Agora, se você ganhamenos que o piso salarial dosengenheiros, seu empregadorestá desrespeitando uma LeiFederal. Ligue para nós edenuncie. O Senge-PR existepara defender seus direitos.

ContribuiçãoSindical

O Diretor Regional do Senge-PR em PatoBranco, engenheiro agrônomo CarlosScipioni, faleceu no dia 6 de julho, vítima deenfarte agudo do miocárdio. Scipioni tinha61 anos de idade e deixou esposa e dois filhos.Além de diretor do Senge-PR na cidade,também atuava como diretor-adjunto do Crea-PR e como presidente da Associação dosEngenheiros Agrônomos de Pato Branco.

Para o diretor-presidente do Senge-PR,Valter Fanini, o falecimento do companheiroé uma grande perda o sindicalismo e paraa engenharia do Paraná. “Perdemos umgrande amigo que nos contagiava com suaalegria mas, acima de tudo, um homemque lutava com muita convicção e coragempelos interesses dos engenheiros e daengenharia no Paraná”. O diretor do Senge-PR, engenheiro Rolf Gustavo Meyer,também lamentou a morte do amigo.“Articulador político de grandeza ímpar,assumia sem exitar, posturas firmes nasdiversas frentes em que estava envolvido.Deixa um exemplo de vida aos seusfamiliares, aos muitos amigos queconquistou e aos colegas das diversasentidades que participou ao longo da vida”.

Para Antonio Cezar Goulart, tambémdiretor do Senge-PR, que esteve com ocompanheiro poucos dias antes de suamorte, num Congresso do Crea-PR em Fozdo Iguaçu, “ficará na minha lembrança, umhomem animado, inspirado, inteligente,espirituoso e amigo”.

Sindicato apoia projeto de lei que reenquadrasalários dos engenheiros do serviço público estadual

O Deputado Estadual Edson Strapasson (PMDB) apresentou, no dia 19 de junho, aochefe da Casa Civil do Paraná, Ney Caldas, o Projeto de Lei nº. 039/2010 que objetiva oreenquadramento salarial dos Engenheiros e Arquitetos no Quadro Próprio do PoderExecutivo do Estado do Paraná (QPPE).

Caso o projeto seja aprovado, esses profissionais irão receber, no mínimo, o pisosalarial da categoria, definido nos termos da Lei Federal nº 4950/A, de 1966.

O projeto já foi apresentado ao governador do estado, Orlando Pessuti que demonstrouinteresse na questão. “O Governador demonstrou sensibilidade a iniciativa, pois é de seuconhecimento as desigualdades existentes piso salarial destes profissionais”, afirmouStrapasson.

O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR) apoia o projeto, poispossibilita o início da reestruturação da engenharia paranaense, que há muito temposofre com crônica falta de quadros.

“Com salários mais atraentes, podemos revigorar os quadros de engenharia earquitetura do Estado, fundamentais para dar andamento as grandes obras que o Paranáprecisa realizar. Espero que o governo atual tenha sensibilidade para pagar aos seusengenheiros, pelo menos o piso mínimo”, destaca Valter Fanini, diretor-presidente doSenge-PR.