Podemos parar de pregar sobre as pessoas boas da bíblia

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Podemos parar de pregar sobre as pessoas boas da Bíblia? Não há pessoas “boas” na Bíblia! Pelo menos não no sentido teológico. Com exceção de Jesus, todo mundo está arrasado pelo pecado e precisa desesperadamente de um Salvador. Assim, o jeito que nós, tradicionalmente, as abordamos em nossos sermões, baseando-os em suas características, tem sido uma tremenda falha. Tradicionalmente abordamos os personagens bíblicos dessa forma em nossos sermões e reflexões: a. Contamos a história de um personagem da Bíblia. b. Realçamos as coisas boas que ele fez. c. Desafiamos as pessoas a seguirem seus exemplos. Eu mesmo já fiz um monte desse tipo de sermão em minha vida ministerial e gostaria de poder voltar e refazê-los todos a partir de uma perspectiva totalmente diferente. Existem algumas falhas importantes com este tipo de sermão: Primeiro de tudo, é moralista. Ele dá a ideia de que podemos, por nossa própria capacidade e vontade exclusiva, fazer as coisas boas que vemos os personagens fazendo. Mas não podemos. Nós não. Sozinhos, falhamos repetidamente. Em segundo lugar, pregar desta forma assumimos que o protagonista central da história é o ser humano, como Abraão, Davi, ou Paulo. Mas o verdadeiro protagonista tanto na narrativa da Escritura, bem como das muitas histórias de cada um de nós é Deus. O sermão é sobre ele. É seu livro, ele é o herói, é seu caráter que vemos desdobrado nas páginas sagradas. As demais pessoas envolvidas são meras coadjuvantes e apenas ilustram todas as coisas que aprendemos sobre Deus. Em terceiro lugar, é desanimador. Eu nunca serei um Abraão ou Noé. Pelo menos eu não vou ser o tipo de Abraão ou Noé, sobre quem muitas vezes se prega. Eu poderia ser como a Abraão, que mentiu sobre a identidade de sua

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Podemos parar de pregar sobre as pessoas boas da Bíblia? Não há pessoas “boas” na

Bíblia! Pelo menos não no

sentido teológico. Com

exceção de Jesus, todo mundo

está arrasado pelo pecado e

precisa desesperadamente de

um Salvador. Assim, o jeito que

nós, tradicionalmente, as

abordamos em nossos sermões, baseando-os em suas características, tem sido

uma tremenda falha. Tradicionalmente abordamos os personagens bíblicos

dessa forma em nossos sermões e reflexões:

a. Contamos a história de um personagem da Bíblia.

b. Realçamos as coisas boas que ele fez.

c. Desafiamos as pessoas a seguirem seus exemplos.

Eu mesmo já fiz um monte desse tipo de sermão em minha vida ministerial e

gostaria de poder voltar e refazê-los todos a partir de uma perspectiva

totalmente diferente. Existem algumas falhas importantes com este tipo de

sermão:

Primeiro de tudo, é moralista. Ele dá a ideia de que podemos, por nossa

própria capacidade e vontade exclusiva, fazer as coisas boas que vemos os

personagens fazendo. Mas não podemos. Nós não. Sozinhos, falhamos

repetidamente.

Em segundo lugar, pregar desta forma assumimos que o protagonista central

da história é o ser humano, como Abraão, Davi, ou Paulo. Mas o verdadeiro

protagonista tanto na narrativa da Escritura, bem como das muitas histórias de

cada um de nós é Deus. O sermão é sobre ele. É seu livro, ele é o herói, é seu

caráter que vemos desdobrado nas páginas sagradas. As demais pessoas

envolvidas são meras coadjuvantes e apenas ilustram todas as coisas que

aprendemos sobre Deus.

Em terceiro lugar, é desanimador. Eu nunca serei um Abraão ou Noé. Pelo

menos eu não vou ser o tipo de Abraão ou Noé, sobre quem muitas vezes se

prega. Eu poderia ser como a Abraão, que mentiu sobre a identidade de sua

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esposa um par de vezes e não conseguiu confiar no plano de Deus tentando

fazer as coisas acontecerem por conta própria. Ou eu poderia ter algumas

coisas em comum com Noé, que ficou envergonhado diante de seus filhos no

final da sua história por causa de sua embriaguez. Mas, como regra, somos

tendentes a lembrar dos heróis aquilo que lhes é positivo.

Todavia os heróis da Bíblia são, muitas vezes deturpados, no afã de olhar

apenas o lado bom de sua fé. O que muitas vezes se tem dito aos irmãos é:

“Veja, Abraão creu em Deus e ele acabou se tornando uma pessoa muito, muito

importante por causa disso!”

Portanto, se esse não é o melhor caminho para pregar a partir da vida de um

personagem da Bíblia, qual é o melhor caminho? O que deveríamos pregar

sobre da vida dos personagens bíblicos? Aqui está uma abordagem alternativa.

a. Conte a história de um personagem da Bíblia.

b. Explique como e por que ele falhou ou foi incapaz de fazer a vontade de

Deus.

c. Ressalte que graça de Deus estava poderosamente operando em sua

vida, resgatando-o e remoldando-o.

d. Desafie as pessoas a olhar para Jesus, a clamar por essa mesma

redenção.

e. Incentive as pessoas a tentar uma abordagem melhor sob a graça de

Deus e no poder de Seus Santo Espírito.

Na minha humilde opinião, esta é uma abordagem muito mais cristocêntrica e

útil que usar os personagens da Bíblia como exemplos brilhantes de grandeza.

Portanto, não pregue sobre todas as pessoas boas da Bíblia. Pregue sobre a

bondade de Deus para resgatar pessoas pecadoras e capacitá-las a tomar

decisões diferentes com base em Sua verdade.