Poesia Esquecida
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1 Edio
Cmara Brasileira de Jovens Escritores
Poesia Esquecida
Renan Reis Freitas de Carvalho
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CopyrightRenan Reis Freitas de Carvalho
Cmara Brasileira de Jovens EscritoresRua Marqus de Muritiba 865, sala 201
Cep 21910-280Rio de Janeiro - RJTel.: (21) 3393-2163
Dezembro de 2009
Primeira Edio
Coordenao editorial: Glucia HelenaEditor: Georges Martins
Produo grfica: Alexandre CamposReviso: do autor
proibida a reproduo total ou parcial desta obra, porqualquer meio e para qualquer fim, sem a autorizao
prvia, por escrito, do autor.Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais
-
Rio de Janeiro - Brasil
Dezembro de 2009
Poesia Esquecida
Renan Reis Freitas de Carvalho
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NDICENDICENDICENDICENDICE
Poesia Esquecida. . . . . . . .9Proclamao da Repblica. . . . . . . .10A Vida Colorida. . . . . . . .11Tempos Perdidos. . . . . . . .13Trs Requisitos de Inteligncia. . . . . . . .14Doce Amar. . . . . . . .15Procura-se. . . . . . . .17Posses. . . . . . . .19Claro que sim. . . . . . . .21Vo. . . . . . . .22Amores. . . . . . . .24Partida. . . . . . . .26Ciclo. . . . . . . .28Faz parte. . . . . . . .30Atempestade. . . . . . . .31Arte em Carta. . . . . . . .33Auto do viaduto. . . . . . . .34Porto Seguro. . . . . . . .36Dana de namorados. . . . . . . .38Morte sob Luar. . . . . . . .40Frmas. . . . . . . .42Face em close. . . . . . . .43Brisa de Mar. . . . . . . .44Marcos em Pedras. . . . . . . .45Humana Inferioridade. . . . . . . .46Anjinho de Porcelana. . . . . . . .48Dinheiro Perdido. . . . . . . .49Solido Noturna. . . . . . . .51Noivado. . . . . . . .52Entrada para Raros. . . . . . . .54s coisas. . . . . . . .57Segredos do mar. . . . . . . .58A cidade fala. . . . . . . .60
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O sol de hoje. . . . . . . .62A procura. . . . . . . .63Rotineiras Sensaes. . . . . . . .65Poesia transbordada. . . . . . . .67SilenciosaMente. . . . . . . .69Poeta Fugaz. . . . . . . .70Extino. . . . . . . .71Tesouro Declarado. . . . . . . .72Botes. . . . . . . .75Mais dedicao. . . . . . . .77Comrcio. . . . . . . .79So Paulo parou!. . . . . . . .80Quadros. . . . . . . .82Piau. . . . . . . .84A porta. . . . . . . .85Saudade Subliminar. . . . . . . .87Anedota de um Violeiro. . . . . . . .89Insatisfao potico-noturna. . . . . . . .92Fardo Pesado. . . . . . . .96Luz do Morro. . . . . . . .97Descobertas. . . . . . . .99Caminhos. . . . . . . .100Boa noite. . . . . . . .102Insondvel Vida. . . . . . . .104Passagem da Vida. . . . . . . .105O escuro no me d mais medo. . . . . . . .107O que queres querida?. . . . . . . .109Joo Viajante. . . . . . . .111Falsa Vida. . . . . . . .113O mundo e as crianas. . . . . . . .114Pela Janela. . . . . . . .116Amizade. . . . . . . .118Brasil!. . . . . . . .119Memrias Postas. . . . . . . .121Sem. . . . . . . .123
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Um caso, Um homem, Uma esquina. . . . . . . .125O que gosto. . . . . . . .127Estatstica. . . . . . . .128Vitae. . . . . . . .130Promoo. . . . . . . .132Paixes. . . . . . . .134Conselhos da Rotina. . . . . . . .136Sabedoria de Preto Velho. . . . . . . .138Nuvens. . . . . . . .140Cotidiano. . . . . . . .141Desejos. . . . . . . .143Acasos Poticos. . . . . . . .146Dilogos do Cotidiano. . . . . . . .148Operrios em Construo. . . . . . . .150Horas Passadas. . . . . . . .152Poesia Esquecida. . . . . . . .154
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8Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
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9Poesia Esquecida
Poesia EsquecidaPoesia EsquecidaPoesia EsquecidaPoesia EsquecidaPoesia Esquecida
Nos lances, faces e flashes,A poesia nasce, desenvolve e cresce.
Um, dois, dez versos aparecem.As rimas so fortes, suaves e mansas.
Divagam sobre o mar, sol e cu.Mas ah! A poesia no est no papel.
Nos lances, faces e flashes,A poesia nasce, desenvolve e a gente esquece.
Esquecemos tudo o que criamos.Rimas, versos e estrofes.
A poesia se dissolve.E s lembramos na sada da verdadeira poesia,
Que a esquecida.
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10
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Proclamao da RepblicaProclamao da RepblicaProclamao da RepblicaProclamao da RepblicaProclamao da Repblica
Nessa sociedade de minha vidaImpera a anarquia.
Reinam as opinies soltas,Sentimentos falam sempre,
Revolues extremistas no so contestadasE o reinado meu no existe.
Em exlio longnquo coloco-me a fim de resolver tal situao.Amante, viajante, conhecendo outras estruturas,
Espelhando, saboreando as coisas novas,E verde esperana nasce em desapego,
Democrtica, livreVem em festa dizer e proclamar a soluo,
Mostrar os planos, discernir em causas dificeis,Iluminar o caminho de meu pas
E criando a constituio que irei seguirDeleito-me em suas leis,
Estudo seus cdigos,Aprofundo-me em artigos, detalhes, brechas, por completo
Afundo-de em sua estrutura.Na sociedade de minha vida nasce verde a esperana,Que pode, talvez, solucionar problemas passados,
Revolues estrangeiras, guerras sem causas.Verde vem o caminho do sorriso nesse meu pas,
Verde a cor da esperana,Verde a cor da minha (re)constituio.
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Poesia Esquecida
A VA VA VA VA Vida Coloridaida Coloridaida Coloridaida Coloridaida Colorida
A vida mais bela quando colorida,Sem pudor, livre, impressionista.
Nos olhos quando h esse gosto doce, divina e eterna a sensao pueril,
Que nasce novamenteE de novo,E de novo,E de novo,E de novo.
Os sons brotam na mente,A msica indescritivel,Os sabores impalpveis.
A vida mais bela quando detalhista,Pormenores, ponto-a-ponto, renascentista.
No corpo em exposio luzCada curva, cada contorno se mostra
Querendo ser eternizado no quadro divinoDa eternidade, para sempre,
E sempre,E sempre,E sempre,Eterno,
No jardim nasce a relva doce,Os enfeites do cu,
Os segredos da vida.A vida mais bela quando apaixonada,
Dissonante, sem forma, cubista.Exposta as coisas da vida sem medo,
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
A vida se faz valer, se faz feliz, eterna.De novo e para sempre
A vida mais bela colorida,Detalhista, apaixonada.
Amante de jardins,De campos verdes,
De cus e de risadas sem motivo,A vida mais bela assim,
Simplesmente viva.
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13
Poesia Esquecida
TTTTTempos Perempos Perempos Perempos Perempos Perdidosdidosdidosdidosdidos
A vida caminha a passos largos,O p na mesa no mais antigo, nem velho,
indcio do futuro,Prenncio, pressgio, avisoDos viajantes do tempo.
No somos mais presentes,Somos vcuos, variveis,Inconstantes, inexistentes.
O tempo algum segredo que perdemos,Que deixamos de ouvir,
E agora no indefinivel procuramos um curso.Sentido, guia, placas,
No h.Nada mais est sobre a mesa,
Nem nossas queixas, no temos tempo para elas...Damos saltos dentro da rede,
Contextos estranhos, histrias impossveis,Papis sem atores.
No coletivo somos um,Na solido, nada.
A vida d saltos e agora dificil discernirSobre o que mais importante,
Ter tempo,Ou,
Ser tempo.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
TTTTTrs Requisitos de Intelignciars Requisitos de Intelignciars Requisitos de Intelignciars Requisitos de Intelignciars Requisitos de Inteligncia
1 Aproveite a vida e seja feliz;2 Siga o requisito numero 1;3 Siga o requisito numero 2.
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15
Poesia Esquecida
Doce AmarDoce AmarDoce AmarDoce AmarDoce Amar
Amar se aprende amandoJ dizia o poeta sbio.
Por isso amo sem desprezo,Sem medo do que h de vir.
As coisas simples so mes das alegrias.Viver entre as cores da primavera
Colori o preto no branco,O quadro empoeirado
E a cidade velha.Sem disfare, mscara, culos,Encaro o sol, frente a frente,Diante de mim s meu sonho.
No tenho medo de amar,Tenho desespero de viver sem o bater do corao quente.
Viver sem paixo condenar-se a priso,A masmorra mais longinqua,
A tristeza mais profunda.No h razo, sentindo, explicao
Para no amar.Amar se aprende amando
J dizia o sbio poeta.Por isso no me arrisco.
Mergulho,Nesse profundo lago,Talvez sem fundo,Que a paixo.
Mergulho,Desnaturado, sem clculos,
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Jogando-me apenas.Amar se aprende amando
J dizia o poeta sbio.Por isso agarro-me
A qualquer sentelha que for,A qualquer raio que passar,
Luz que brilhar,Para no passar a minha vida,
Sem o gosto doce de amar.
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Poesia Esquecida
Procura-seProcura-seProcura-seProcura-seProcura-se
Procura-se amor simples,Sorriso fcil,
Flores nos olhos,Passo medido,Brilho no peito.
Procura-se amor quente,Braos leves,Asas de anjo,Sonhos doces,Peito aberto.
Procura-se amor livre,Ps danantes,
Msicas de baile,Histrias para contar,
Peito iluminado.Procura-se amor impossivel,
Utopias romnticas,Cantigas de Cames,
Contos de fadas,Corao no peito.
Procura-se amor vivo,Voc comigo,
Ns nas estrelas,O espao nossa casa,
O peito nosso lar.Procura-se amor infinito,
Aliana dourada,Relva verde,
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Ondas cantantes,Peitos unidos.
Procura-se amor eterno,A frase afirmativa,A festa inesquecivel,
A chuva de boas-vindas,Peitos em npcias.
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Poesia Esquecida
PossesPossesPossesPossesPosses
No tenho planos,No tenho metas,
No tenho aspiraes.Tenho amores,
Paixes,Dissabores,Contrastes,
Iluses.No tenho dejesos,Coisas impossveis,
Lembranas remotas,Longnquas...
No tenho poderes,No tenho influncia,
No tenho medo.Tenho ares quentes,Vises do futuro,
Livros imaginados,Utopias divinas,
Quimeras sentimentais.No tenho guerra,No tenho motivos,
No tenho casa,Lar, vizinhos, conhecidos.
Tenho o mundo,Tenho a estagnao da paz,A indulgncia da solido,
A misria do silncio.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
No tenho dirio,No tenho ouvinte,
No tenho traduo,No tenho tradio,
No tenho explicao.Tenho o poema,
Tenro, simples, direto,Que diz entre suas linhas,
O que tenho dentroDa mente e do peito,
As coisas que desconheo.
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Poesia Esquecida
Claro que simClaro que simClaro que simClaro que simClaro que sim
A resposta silenciosaQue acompanhada de um sorriso simples,Deixo-lhe postas as sinceras lembranas,Notificadas com delicadeza e sinceridade
Potico-amistosas.Ao jeito simples e discreto de comunicao,
Deixo-lhe a singela homenagem,Enobrecendo a calma,
Tranquilidade,Pacincia,
De quem sabe ser nica.s virtudes, sem necessidades de citar,
Deixo-lhe as boas novas de um ano completo,Feito com louvor e alegria e sorrisos de poucos.
Aos trejeitos delicados,Detalhados, normais e, j indispensaveis no dia-a-dia,
Deixo as parabenizaes dispostas no poema,Homenagem de poeta,
Homenagem de amigos,Homenagem de admiradores,
Da competncia, nica,De dizer muito,
Com um simples e singeloSorriso.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
VoVoVoVoVo
Sinta a euforiaCorrer seu corpoAs luzes escuras
Ruas escusas, tortas,Sambas noturnos.
Sinta a noite tomar conta do diaTransforme as coisas estranhas em
Parte da rotina,Doe seu corpo
Ao mundo que no existe.
Voar Por entre as matas sombrias,
Lembranas de um veroTo frio.
VoarSobre os sonhos da
Minha noite,Descrever em coisas concretas
Os meus medos.
Sinta o fervor das coisasO calor humano,
Os olhos de um ser humano.O medo ronda a noiteMas no me encontra
Sbrio.
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Poesia Esquecida
Voar Transformar
Luzes em pequenas estrelas,Pontos da minha constelao.
VoarJ no aguento
Mais os meus p no cho,Quero sair da minha condio.
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24
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
AmoresAmoresAmoresAmoresAmores
Do amar explcito ao escondidoA linha tnue entre as veias do corao.
Exposto ao sol,A tudo disposto,
O amor explcito joga-seNas teias embaralhadas dos sentimentos,
Sem medo, receio, pudor,Lambuza-se de saudades,Embriaga-se de incertezas,
E ama desesperadamente sem limites.Encostado em receios da descoberta,
Ele fica quieto.Rente a sombra, silencioso e sonhador.
Amor escondido,Saboreia a dor,
Divaga nas imaginaes dolorosasDe perda, de medo, de fervor.
Mas ama,No se mensura,
No se mede,No se mostra.
Vive s escondidas e escreve no dirioNoturno e solitrio, os desejos de amante,
De nobre apaixonado.Do amar explicito ao escondido
A linha tnue entre as veias do corao.Mas o sangue borbulha entreAs batidas descompassadas.
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Poesia Esquecida
Mas as aes se confundem entreOs pensamentos desnorteados.
Mas o frio total entreOs desejos desmedidos.
Amor explcito, brilho nos olhos.Amor escondido, silncio nos lbios
Festa no corao.E a ti que meus olhos dizem muito,
Mas as aes escondem a tudo,Fica a mensagem do meu amor dbio,
Exposto e encolhido,Porm,
Por ti vive em festa no meu mundo desmedido.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
PartidaPartidaPartidaPartidaPartida
Parto partido,Distrado pelas coisas
Estranhas que se passam na TV.As perguntas que fao
Dificilmente sero respondidas,No entanto, portanto, ficarei
Com as dvidas retidas em meusSegredos de um partido s meu.
E assim na partida no me despeoDe algum, mas sim, de ningum
Que deixei para trs.Nessa fuga fugaz,
Nessa verdade vedada,Nessa cidade sitiada,
Ficam, e deixo que fiquem, todasAs coisas passadas de um passado
Estranho e nico.Pois, apesar de tudo,
A questo no a resposta,A questo a pergunta.
A ser feita e respondida,Negada e retida,Dentro do ntimo,
No mago de nossas dvidas.Assim parto todos os dias,
Em busca de talvez encontrarO que j, talvez, seja bvio ao meu corao.Mas vou sem medo de partir-me em pedaos,
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27
Poesia Esquecida
Pois sei, que juntando os pedaos encontrareiAs respostas das indagaes que fao.
Parto partido,Tranquilo,Sem medo,
Levando o estandarte do meu partido,Mostrando a todos que no voltarei,
Que enfim, partirei, sem olhar para trs.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
CicloCicloCicloCicloCiclo
O meio do dia j chegou.Resta agora somar-se
A outra metade do dia que falta,Para assim chegar meia-noite
E ento percebemos,Com os silncios e gritos contidos
Que noite,Para sentirmos de olhos fechados
O peso da madrugada, da meia-noite.E ao completar-se no fim do ciclo
Com o resto da metade da noite que ainda falta,A meia-noite tornar-se- inteira e completa,
E ns nesse ciclo findo,Voltamos ao incio do dia que ainda
No chegou nem no meio,Mas que quando chegar
Saberemos com tranquilidade noturnaQue ainda falta muitoPara paz derradeiraDe uma vida inteira.
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29
Poesia Esquecida
Chega o meio-diaE a este resta o que falta
Para que enfim,Chegue o incio da noite,
E ao meio desta,Venha a outra metade,
E nesse ciclo ao se fechar,Somos ns a pacincia,Para que o nosso cicloFeche-se, no ao meio,
Mas por completo na pazDe uma vida inteira.
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30
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Faz parteFaz parteFaz parteFaz parteFaz parte
No adianta mais olhar para trs,Renunciar as flores.
O que foi ditoEst escrito,
O que foi sentido,Est guardado,
J faz parte do jogo,J completa o quadro.
No adianta mais negar,Reprimir a afirmao.
O que nossso j est posto,O que nos pertence,
J tesouro, relquia. O que se mostra nos detalhes,
J vontade.No adianta mais fugir,
Resguardar-se entre sorrisos.O que est exposto,
J primavera,O que negado,
J romance literrio,O que ignorado,
J o mais importante.No adianta mais olhar para trs,
Se tudo que futuro,Mostra-se diante de ns,
No futuro logo ali.
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31
Poesia Esquecida
A tempestadeA tempestadeA tempestadeA tempestadeA tempestade
J no me d mais medoA tempestade,
Hoje eu olhos as coisasCom outros olhos.
J no me d mais medoA tempestade,
O vento j soprou pra muito longe.E agora,
Caminho nos vales verdes,Observo o raiar da vida,
Um amor nobre e sincero em flor,E que coisa linda seria, se tivesse o meu
Amor.A chuva que cai me molha de torpor,
A graa est em acordar antes de adormecer,Aproveitar at mesmo as tormentas.
J no me d mais medo a tempestade,Hoje o vento soprou pra
Outros lados.J no me d mais a tempestade,Hoje eu quero dormir em paz,
E antes,De tudo se fazer verdade,Eu quero viver meu contoDe fadas, minha utopia,
Conotao...A poesia est viva entre ns,
S no vive quem no v!
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32
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
J no me d mais medoA tempestade,
Hoje eu olhos as coisasCom outros olhos.
J no me d mais medoA tempestade,
O vento j soprou pra muito longe.J no me d mais medo a tempestade,
Hoje o vento soprou praOutros lados.
J no me d mais medo a tempestade,Hoje eu quero dormir em paz.Hoje eu vou dormir em paz.
Hoje eu vou dormir comMeu amor.
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33
Poesia Esquecida
Arte em CartaArte em CartaArte em CartaArte em CartaArte em Carta
E da arte que se faz agora,Que se faa para sempre,
E o sempre de agora adormeaNo amanh de outrora.
E aqueles que de poesia se negamEndereo a carta potica
E a todos que da literatura fogemFao minhas cantigas para vs
E minha voz em si nada ser almDo mero apassivador,
Mas espero que em mero avisoH visto de concrdia para elesQue na discrdia fazem a vida.
E na arte de agora,Nessa mesma hora mostro-lhes o
Sabor do poema,Quente, doce, fresco.
A priori, talvez seja difcil,Mas que seja,
O sentido o que importaE na rota decidida
Decida-se a melhor rota.
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34
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Auto do viadutoAuto do viadutoAuto do viadutoAuto do viadutoAuto do viaduto
Estou no alto do viadutoNo me guio pelas placas
Que me mostram o caminho,Sigo as linhas das estaes de trem,
Sigo meu instintoQue assim como os prdios,
quer arranhar o cu,Quer tocar na porta de Deus.Meus caminhos se fazem pelas
Ruas que aos pouco se mostram,Com guias levantadas,Mas no sigo os sinais,
Sigo a pobreza de baixo dos viadutos,Os cachorros soltos,
A fome,A velocidade,
As coisas estranhas,As lnguas estrangeiras.Na viajem que clama,
Chama,Ama.
Vejo-me leveIndo sem destino,
A no ser o que crio no momento,A no ser o que sinto agora,
A no ser o ato que se constri nesse instante.Do alto do viaduto vejo uma cidade grande,
Grandes coisas para se perder,
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35
Poesia Esquecida
Coisas longes para se esquecer,Vejo o trem em sua viajem,
Destino certo,Traado,Vasto.
E na minha viajem com horas marcadas,No sigo as placas.
Sigo apenas a poesia,Que nasce desse calor,
Humano, estranho e nico,Que o corao de uma cidade que no pra.
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36
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Porto SeguroPorto SeguroPorto SeguroPorto SeguroPorto Seguro
Ancora o cansao e a tristezaSolene nesse caz iluminado.Noites frias de tempestade.
Veja o farol brilhando ao longe,Mas, que em seu peito esquenta forte.
Ondas de intempries batem no convs,Inundam o refgio que usamos,Aconchegue-se nas lembranas e
Concentre-se na outra noite por cima dessaQue linda e clara, verdadeira,
Com uma lua s sua.O temor que na noite mal dormidaInvade, passageiro da embarcao,Ignore-o, vire-se para o sentimento
Que est no leme, que nos guia paraUm destino belo.
O passageiro ficar em algum outro porto.Mire as constelaes, enxergue o que poucos vem.
Anime-se em saber que elas so suas ePara e somente voc.
Nos tristes momentos em que as pernas,Companheiras inseparveis da caminhada,Bambearem, segure firme, voc no est s,
Apenas a noite com essa nvoa densaQue no lhe deixa enxergar o companheiro.
A saudade uma bssola que nos acompanha,Implicitamente, na jornada pelo mar.E que no fim, nos guia para amar.
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37
Poesia Esquecida
Segue o mar confianteEm si e na terra que h de encontrar,
Esta est espera, aconchegante,Feliz e segura.
Nos braos da vida o barco vai,Nem contra, nem a favor da correnteza,E assim vemos: a correnteza somos ns
Que a fazemos.O sopro suave que mexe a vela
um sinal bem-vindo.O sol nasce. Apague a vela e
Mire com os olhos esperanososO fim da viagem.
No tema,O fim nunca definitivo,
apenas sensao que passa.Esse agora o comeo da vida,
Na terra esperada,Na terra clara e amorosa,
No porto dos cansados e amantes.Ancora o cansao e a tristezaSolene nesse caz iluminado.Ancore o corao nesse porto
Aconchegante.Ancora segura,
Que esses braos so seu porto.Dorme tranquila que velada,Pelo amor de quem seu eterno,
Porto seguro.
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38
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Dana de namoradosDana de namoradosDana de namoradosDana de namoradosDana de namorados
Corpos juntos,Melodia implcita
Devagar se propaga nas mentes,Vem uivante com o vento,Toma conta das pessoas,
Dos passos,Dos sentidos,
E quando se repara,J esto ali,
Danando ao som da msica.Parados os corpos esto quentes,Ascendentes, acendendo o fogo,Jogando lenha nas notas queFlutuam entre algum lugar,Jogando ao lu o sentindo
Das coisas que os fazem danarem,Mas danam,
A valsa,O merengue,O namoro,Os beijos,
Danam dando a tudoGosto doce de um beijo.
No h melodia,No h banda,No h notas.
Existe apenas no som do estalar de beijos,Uma mera tentativa de orquestra,
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39
Poesia Esquecida
Que os orquestram em um,E nessa harmonia so danarinos,
Da melodia implcita do amor.
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40
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Morte sob LuarMorte sob LuarMorte sob LuarMorte sob LuarMorte sob Luar
Somos fracos,Somos frgeis,
Passeamos sob a lua,No mato sob o luar.
A noite longa,A noite nossa,
Contornamos comHistrias o peso dos olhos.Interpretamos papis feitos,
Peas antigas,Porm,
Sempre repetidas.Falamos os mesmos versos,
As mesmas estrofes,As mesmas rimas,
Secas, cruas, intensas e onricas.O teatro vivo.O filme vivido.
Comemos a sobra da fartura,Resqucios de uma pretensa festa,
A alegria singela parte indispensvel da noite.Os olhos bambos procuram assuntos,Os olhos bambos arranjam msicas,Os ossos, tantos, espreguiam-se sutis.
Morfeu aparece,A alegria no cessa.
A s curvas da conversa convergem em pontos estranhos.A fico ntida.
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41
Poesia Esquecida
A fisso tmida.A fuso mentira.
Morfeu tece dilogos,Implementa jogos,Implanta regras,
E planta flores nos olhosFracos, rasos, raros
Os que esto abertos.A lua intensa, juntamente comAs companheiras brilhantes,
Banha-nos com luz,No entanto,
uma luz mansa, suave,Que nos olhos causa coceira,
Cegueira e sob nossas casas e causas,As maiores asneiras,Fazem-nos de Morfeu,
Prisioneiros.E impiedoso, impetuoso,
Mostra-nos os sonhos, o sono, sensaoDe sob o teto de pedra,
Morrer sob o luar.
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42
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
FrmasFrmasFrmasFrmasFrmas
Formamos todos os diasDiversas formas,Formas estranhas,
Formas convergentes,Formas divergentes,
Formas sem formato definido.Todos os dias crescemosSobre coisas mortas.
Idias, pessoas, medos,Sonhos, leis, mentes...
Somos mutantes,Imutavelmente seremos,
Todos os dias,Diferentes.
No h tambm motivos para no o sermos.A graa est na mudana de ns e dos outros.
Est na inconstncia,No momento da deixa,
Que assumiremos o nosso papel.Todos os dias interpretamos
Novas peas.Juntamos as peas para entender as coisas,
Os segredos, os motivos, os desalinhos,O porqu de sermos assim, sempre e eternamente,
Diferentes.
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43
Poesia Esquecida
Face em closeFace em closeFace em closeFace em closeFace em close
Face a face(...)Estamos face a face.
Olhos diante dos olhos,Segredos diante dos lbios,
A tez tece uma lgica,As mos tecem fatos.
Face a face,Assim estamos ns...Estamos a querer,
Argumentos que nos convenam,De que isso no mentira,
De que isso verdade,Da mais pura,
Da mais lmpida,Da mais limpa.
Face a face.Damos nfase s palavras,
At aquelas que no so ditas.Aquelas que soam mudas,
Mudando em cada resvalar com o ar.Face a face,
Amamos cada vez mais,Estar assim,Face a face.
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44
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Brisa de MarBrisa de MarBrisa de MarBrisa de MarBrisa de Mar
Ali est ele diante do mundo,Molhado mundo, encharcado ele,
Sem compromisso, submisso, somente isso,Nada mais h, nada mais , somente a chuva
Que cai e continua em movimento,Em lances, cenas, quadros sem avisos,
Quadros sem ensinos, ele diante do seu mundo,Dos seus quadros, suas pinturas, rupturas
Que o cortam, que o fazem no desistir,Que o fazem ser assim simples, singelo,Sereno que cai agora, serena-o, acalma,
Amansa a fera e as razes e secaSeu rosto, seus olhos agora vem,
E gostam da brisa, do vo da gaivota,Do sopro do mar, do sopro da vida.
-
45
Poesia Esquecida
Marcos em PedrasMarcos em PedrasMarcos em PedrasMarcos em PedrasMarcos em Pedras
As pedras sempre rolam.Os fatos sempre secos,
So marcos em nossos captulos.Anedotas de um passado tomam vida,
Tomam corpo e fazem-se presentes,E como presentes embrulham-se em
Surpresas para ns.Os atos sempre so os mesmos,
Em histrias, contos, poemas, poesias...As brisas martimas continuam geladas,As noites continuam com insnia quando
Pensamos na vida,E dentre os atos a que me atenho,
Torno-me refm e sou o sonho meu acordado,Sem acordo, acordo antes do sol nascer,E ainda vejo as estrelas no alto do cu
Reformulando constelaes,Formando laos divinos e luminosos
Para enfeitar a vida.As pedras sempre rolam,
E mesmo descuidadas quando caiem,Conseguem construir lares,
Casas, sonhos, aprendizado.As pedras sempre rolam,
Mas so marcos em nossas cenas,Desse jogo cclico que se chama
Vida.
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46
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Humana InferioridadeHumana InferioridadeHumana InferioridadeHumana InferioridadeHumana Inferioridade
A inferioridade passageiraDo carro parado.
A inferioridade constanteDo ser humano,
Divagando em obras subversivas,Sem alterar a sensao.
O aperto de mo dado de longe,O sorriso rpido no passar de uma viagem,
Perdido na estrada de terra,Sobreposta a arranha-cus,
Que desenham estrelas.
O suspiro sufocado no rioSecular da guerra fria,
E essa falsidade de que tudo normal e aceitvel,
Transforma-nos em tecnologia corruptvel,Cheia de vrus.
Novas palavras tentam definirA incompreenso da paz,
Versos velhos tentam imitarO futuro pregado h tanto tempo,Por inventores metafsicos que se
Perderam em pesquisas malfeitas.
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47
Poesia Esquecida
A inferioridade constante do ser humano,Divagando em obras subversivas,
Sem alterar a situao. a inferioridade do carro parado,
Na esquina de teu mundo interior e implacvel.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Anjinho de PorcelanaAnjinho de PorcelanaAnjinho de PorcelanaAnjinho de PorcelanaAnjinho de Porcelana
Meu anjinho de porcelanaCaiu e quebrou.
Minha proteo, minha seguranaCaiu pelo cho duro e frio.
Aqueles olhos vidrados nos meusAtos quebraram-se e fez-se cego
Meu companheiro angelical.As asas altas e brancas,
Que me levavam ao fundo das coisas,Caram e se quebraram.
A doce melodia calmante,Que acordes inalcanveis decifrariam,
Silenciou, em uma das pontas queMeu anjinho se despedaou.
Meu anjinho de porcelana caiu e voou.
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49
Poesia Esquecida
DinheirDinheirDinheirDinheirDinheiro Pero Pero Pero Pero Perdidodidodidodidodido
Minha vidaDe luxo e glria,Castelos e festas.
Vida cheia de brilho.Meu ouro reluzente,Meus amigos fiis.
Mas passou o vento,E perdi o dinheiro.
As dificuldades.A honra mais importante,Amigos s os sinceros agora.
Nada de festas eternas.S comemoraes silenciosas,
Com uma nostalgia fria.Mas a chuva caiu,E perdi o dinheiro.
Meu labor, suor e trabalho,Com meus calos conquisto conscincia.
No peito a revolta quieta, amiga,Reside s para dar fora vertiginosa.
No mais amigos, nem inimigos,S meu espelho.
As ruas mais prximas.Mas o sol brilhou,E perdi o dinheiro.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Minha lama,Meus amigos esquentam-se no cho.
Meu banquete est posto na lata vizinha.Minha festa sucata.
A companheira o silncio urbano.E entre as festas dos becos,
Perdi o dinheiro.
Meus dias so incertos.No espero caridade...Meu pensamento voa
Abobalhado pela cidade.Meu sonho terreno me persegue.
Meu luxo esta ponte.A noite acabou e perdi o dinheiro,
Na esperana de outro.
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51
Poesia Esquecida
Solido NoturnaSolido NoturnaSolido NoturnaSolido NoturnaSolido Noturna
A solido noturna vem me fazer companhia,E estou enquadrado no meu quarto, enjaulado,
Querendo sair, mas meus amigos sumiramE meu dialogo montono com o espelho, no sai
De breves confisses j conhecidas.
A solido objetiva vem e rasga meu peito,Essa realidade dura quer entrar e sentar
Ao meu lado, me dizer asneiras, cantar a inveja,Propagar a mentira. Minha noite fica cada vez mais
Funda e apertada, aos poucos o ar falta e perco o sorriso.
Deixe-me com os meus restos, com minha meia vida,Com a minha meia amizade, com o resto do amor esquecido.
Com minhas meias lembranas e minha meia poesia.Deixe-me solto e cair desse penhasco de concreto,
Onde esses olhos me sondam. Olhos cruis.
Na praa de convenincias, as praxes sociais so praticadas,Sem medo, sem pudor, sem escrpulos.
O ser humano afasta-se cada vez mais de seu objetivo,E j se esqueceu qual objetivo era. Rodas, grupos,
Conversas, com palavras que no se propagam, a vida.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
NoivNoivNoivNoivNoivadoadoadoadoado
Diversos so os versos que escrevoSobre a vida, idas, viagens, descobertas,
Incessantes novidades.Noivo do mundo,
No tenho marcado o meu casamento, nem dia,Nem igreja, nem convidados tem convites,
E a graa disso repito,Respire fundo e absorva sorvendo,Os mistrios profundos e profanos
Da vida.O casamento que fique para outro dia.
Sobre as coisas, asas de andorinhas que formamE do forma ao meu vero nico,Cheio de sol e luz e calor e ondas.Sobre os montes, nuvens criativas
Desenham-se constantemente,E volvel o nico estado que gostam de viver.
Pintam o cu, caricaturam a tela azul,Colorem de branco meu dia,
E infantilizam minha rotina sria.Sobre o p meus ps,
Sobre as lgrimas meus sonhos,Sobre o mundo minha f.
No h o que dizer sobre o que nos consome.Sem nome, gnero e forma
Simples e incondicionalmente vivemosSobre a vida que perdemos,
Somente a saudade sada-nos
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Poesia Esquecida
E agora a hora chega e nos resta apenas orar.Para que somente sobre a vida que temos
Sobre aquela que nos faz enxergar a graaDa arte de saber viver.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Entrada para RarosEntrada para RarosEntrada para RarosEntrada para RarosEntrada para Raros
Somos todos rarosE por sermos raros
Queremos coisas raras e caras,Mas no com um valor imposto sem medidas,
E sim,Com um valor dado por ns,Concedido pela sinceridade.
Eu pago com as lgrimas de alegria,Pago com o sorriso simples, sem jeito.
Pago com o frio na barrigaDe ansiedade pelo novo.
Pago com as viagens em trupes,Excurses para lua,
Perdidas nas palavras.Eu pago com a bela letra escrita, cantada, ou falada.
Todos raros somosE tambm caros,
Mas no barganhamos,Negociamos com afinco.
Nosso preo alto.E o pagamento de muito valor.
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55
Poesia Esquecida
Eu pago com as batidas descompassadas,Com os pulos roucos,
Com os gritos saltitantes,Que em reunies solto ao ver
A beleza em melodia.Eu pago com meus sonhos dirios,
E minha viajem noturnaAos mundos mgicos.
Pago com o valor da amizade,Pago com a alegria sem medidas.
Eu pago e aumento o valorA cada instante sem medo.O que vale no o produto,
a essncia,O sentido,O raro.
Eu pago com as imaginaes,Com os quadros que pinto nas nuvens,Com os sonhos que redijo nas estrelas.Eu pago com canes murmuradas,
E com as letras ensaiadas no chuveiro.
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56
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Somos todos rarosNunca os mesmos,
Sempre novos personagens,E nosso valor no volvel,
Sempre aumenta,E sempre e sempre e sempre.
A Entrada para Raros o preo que nos damos
A todo instante que nascemos para o novo.
Pago com meu amor sem limites,Pago com a mente borbulhante,Pago com a poesia esquecida,Pago com a minha vida real
Para entrar e viver para sempreNo mundo Raro,Que para raros,
O eterno Teatro Mgico.
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Poesia Esquecida
s coisass coisass coisass coisass coisas
s coisas grandes do mundoEu envio meus sinais agora.
Receba-os com ateno, no so fceis,Nem tampouco verdadeiros, eu os quero assim,
Simples, despojados,Como o amor e solido, vazios de sentido.
Guarde-os no sto e deixe-os l por um bom tempo,At que criem sentido de si mesmos.
A vida sempre vai ser assim, estranha a si,Mas em algum momento ela encontra-se de frente para o espelho.
Reflete-se.Apaga-se.
Nobre, ela no tem medo, viaja em si e para se encontrar,Devagar, divagando sobre tudo que perdeu,
Deixou, esqueceu, plantou, queimou...A esses sentimentos que me tomam a noite
Eu concedo espao no meu corao,Mas no fiquem l por muito tempo,Sejam breves, no deixem vestgios,
Sumam da mesma forma como vieram,Rpidos como um amor de vero.
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58
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Segredos do marSegredos do marSegredos do marSegredos do marSegredos do mar
O mar est lCom os meus segredos.Viajo em busca deles,
No os quero mareados,Quero-os secos,
Sensatos,Insanos.
Viajo mar adentro, no encontroSeno monstros, lendas, desatinos...
A linha se extingue e enfim descanso,Pronto para deixar-me ir com a correnteza,
Absorto na procura martima,
Seus olhos lindos,Olhos de sereia,
Encantam-me, mas j no os tenho mais para mim.Viajo mar afora em busca deles,
Vou caa do tesouro,Desaguar-me,Inundar-me,
Descobrir-me.
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59
Poesia Esquecida
Os segredos piscam na noite,Nunca os esquecerei,
Mas j sei que eles viajaramEntre os sete mares de minha vida,
De minhas histrias,Entre os mares das batidas de meu sangue quente,
E que agora nesse exato instanteEles, malvados segredos,
Esto onde no os encontrarei,Em mim e em ti sereia de meu mar.
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60
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
A cidade fA cidade fA cidade fA cidade fA cidade falaalaalaalaala
No v agora amorA cidade est a nos esperarE quer nos contar do comeo
De todas as histriasEncantadas
Das fadas amadasE aladas paixes.
No v agora nesse tempoTudo to frio que a cidade dorme
Em sonhos.D a mo ao mundo, a mim,
E siga,RepitaMinta
E viva paixes.
No v agora amorO mar observa a vida nossa
E comea a nos contar o que querHistriasVitriasMemrias
De grandes paixes.
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61
Poesia Esquecida
No v agora nessa estrela que passaA vida quer o melhor e por Deus, fique e veja
A cidadeVerdade
Enorme metade de grandes paixes.
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62
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
O sol de hojeO sol de hojeO sol de hojeO sol de hojeO sol de hoje
Hoje eu vou para Sol.Quero me descobrir,
Na solitria e quente vida solar.Hoje vou queimar meus miasmas,
Destruir meus enfeites,Polir-me em brasa quente de sol.Hoje eu vou ver tudo em fogo,
Que arde ardendo,Que queima limpando,
O mundo e o meu mundo,O sentido e o esquecimento.Hoje a solido no me pega,Tenho minha companhia,
Isso no basta, mas me serve,Me alivia,
Me acalma.Hoje exploses sero criadoras,De novos eus, de outros meus...De dias diferentes desses queVemos j to frios e sem sis.
Hoje o que ficouNo de tudo importante,
Mas fuligem seca para soprarE ver vagar pelo espao de nossas casas.
Hoje vou para o solQue est beira de minha janela,Ver se acordo e se tiro essa poeira
Que me envelhece at a alma,Ver se descubro nele o que no encontrei
Na noite passada com voc.
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63
Poesia Esquecida
A procuraA procuraA procuraA procuraA procura
A verdade mora em frente de casa,Eu que nunca a vejo ou a sinto.
Que triste ter tanta torcida pra si e no retribuir com vigor.
O mar segue em suas ondas contando histriasQue nunca ouvi, vivi, imprimi...Afasto-me sem medo de errar,
Apenas com receio,Temendo,
No o obscuro que nos espreita,Mas sim, os olhares de todos que nos julgam,
E que cravam suas idiasSem mesmo antes ouvir-me.
O vcuo fez-se agora,Observo-o,
Sondando-me,Analisando-me,
Expondo sem pudor sua incerteza.Isso me norteia um pouco, mas sigo.O vento passa, junto traz pessoas
E desabafos,Choros e glrias.
Ouo calado a chuva,E vejo pela primeira vez a verdade sair de casa.
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64
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Ela acenou com um sorriso,E foi-se no vcuo,
E deixou o convite ao p.Hoje eu vou procur-la,
Sem torcida,Sem medo,
De olhos abertos para o que se anunciar.
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65
Poesia Esquecida
Rotineiras SensaesRotineiras SensaesRotineiras SensaesRotineiras SensaesRotineiras Sensaes
Eu adoro ficar assim.Para compor horrvel,
Para desbravar o mundo desconhecido horrvel, mas eu adoro ficar assim.
Adoro de toda minha adorao ficar assim.Para escrever no combina, mas bastaficar assim para o sangue fluir sereno,e o estmago de poesia sentir-se cheio.
Assim que eu adoro ficarNo h outra sensao. Definir?No h definies. No h livrospoemas, espelhos refletindo a almaescondida, que iro definir como
ficar assim.
De toda a certeza a que eu mais confio em ficar assim. Ai, se todos ficassem
Assim, o mundo no seria mundo, seria casa,As pessoas no seriam seres, seriam irmos.
Se todos ficassem assim.
E da tristeza vulgar que vem paraMe arrebatar, no tenho mais fobia.
Basta-me ficar assim, e terrores tornam-sefulgorosas msicas embalsamadas de vigor.
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66
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Pena, Deus meu, que ficar assim passageiro, j estou perdendo o brilho
E a vida, no vou mais ficar assim, e logo, logo,Vou voltar a ser mais um qualquer, sem poesia
Para dar vida a alegria.
Ai, como di ficar assim.
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67
Poesia Esquecida
Poesia transborPoesia transborPoesia transborPoesia transborPoesia transbordadadadadadadadadada
Estou cheio de poesia.Preciso arranc-la e dar-lhe forma,
Esculpir, martelar at que o brilho chegue,Mas que seja um brilho calmo, tranquilo, que no me aniquile.
Estou cheio de poesiaQuero dar essa poesia transbordadaPara voc. Faa o que quiser, rasgue,Queime, amasse, mande pela janela,Ou guarde, eu quero d-la para voc
Minha poesia.
Aceite no se sinta assim estranha, s uma poesia. Composta por mos duras,
Palavras mudas e por um pulso louco.Leia a poesia, arranque dela essa mensagem,
Que no sei dizer com meus olhos.
Esta poesia fria simblica. Por entreSeus versos tem um corao quente,
Um carinho doce e suave, nas entrelinhas,Est meu desejo, mas no sei ser
Explcito, preciso da poesia para gritar.Eu no sei sorrir sem esta poesia louca.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Nessa estante e nesse livroCheio de pginas, eu queria
Gravar minha poesia, mas a umidadeSem vergonha no me permite, e
Minha mo coa e meu corao dispara querendoGravar esta poesia.
Estou cheio de poesia, tambm estou,Cheio de dor. Vou arrancar os versossem anestesia e transport-lo a voc,
espero que aceite minha doce poesia transbordada,por estar a tanto tempo contida dentro de mim.
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69
Poesia Esquecida
SilenciosaMenteSilenciosaMenteSilenciosaMenteSilenciosaMenteSilenciosaMente
No vcuo silencioso de nossas mentes,Sedentas de inspirao, qualquer que for,Simples, clara, mas que seja inspirao.
Paira o desejo de expressarAs coisas escondidas nas entranhas do ser.
Grande caada de palavras, guerra rdua,buscando dar sentido indefinida forma,
e nesse silencioso vcuo o poeta transfigura-seem mil faces, perdido no labirinto da mais
dangerosissma faanha de transmitir,do vcuo silencioso, o poema concreto,
o poema abstrato, o poema Drummondiano,Pessoniano, o poema da forma indefinida das nossas mentes.
Nessa luta no h vencedor ou derrotado,h s um poeta cansado da guerra eterna,
contra seus limites de transpor o intransponvelvcuo silencioso de nossas mentes.
Nota:Poesia escrita por Freitas de Carvalho e Laerte Brando Sancho.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Poeta FugazPoeta FugazPoeta FugazPoeta FugazPoeta Fugaz A Laerte Brando Sancho
Com as mos tece as linhas,com rebuscados toques compem seus versos.Explode, desencadeia sem medo e divaga,
com a retrica imperatriz de uma poesia viva.
Vivo, fugaz, exuberante, teu vigorenobrece cada idia imprimida no frio papel,
que sorri ao ser acariciado por sua tintas escandalosas.Respirao ofegante e um tremor crnico de um escritor,
inspiram tuas luzes e tuas palavras.Poeta redivivo de poca urea.
Liberdade nas palavras, como um pssaro no oceano.
Escreva!Componha!Teu dom um canto,tua revolta intimao juvenil de um peito novo e velho,
que esperanoso faz arte, e cria arte, e vive arte.Arte, artista, esculpi a palavra, harmoniza o poema.
Meus versos nada rebuscados, elogiam tua madura poesia,de um escritor nato, de escola vencida, mas que caminha
com tuas mos quentes e fortes.
Abraos. Abraos poticos, abraos de irmo,de amigo, de um vidente que no enxerga
tua linha do horizonte, por ser vasta.
Imprima tua poesia enquanto vives,e vivas quando morreres, pois a vida assim,
(pra quem poeta), cheia de poesia.
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Poesia Esquecida
ExtinoExtinoExtinoExtinoExtino
Quem voc que da vidaApenas herdara o sorriso
Amarelo tingido pela seca?
Quem voc que dos prazeresQue a vida proporciona, somente
Tem, o de ver os filhos serem alimentoDa fome, e o estmago gritando pauprrimo?
Quem voc que das alegrias queExistem, a nica que tem o de verO gado morrendo pela seca e palmas
Virando mistura na mesa da famlia?
Eu sou a esquecida maltrapilhaA esquartejada de promessas vs;
Que alimentam espritos, de fEnvenenada que mata a cada dia.
Sou aquela carta descartada do baralhoMofando na gaveta escondida, dissolvendo-sePelo sol, seca, areia, minguando gota a gota
Criado da casa de sap que tempera a minha mente.
Eu sou a nica no planeta, o diferencialDe um pas, de espcie rara que querem extinguir
Em francos ataques de olhos vendadosDa justia que para todos que no so como eu.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
TTTTTesouresouresouresouresouro Declaradoo Declaradoo Declaradoo Declaradoo Declarado
No meu quarto distante,est escondido entre os
mveis empoeirados minhacaixa de tesouro.
Meu tesouro esquecido eretinto, cheio de dor e mgoa.
Neste enevoado tesouro, encontra-semeu sonho retorcido, meu desejo oculto.
Declaro-me fraco. De fraquezaincapaz de demonstrar-se triste.Do amor j desisti, da princesa
platnica que mora em meu peito,J desisti.
Neste mundo ermo e gigantemoram as artificialidades, mora ovrus aparente, que domina todo
o mundo.
Onde est meu corao perdido,Que esqueci com meus sentimentos?
Onde est aquele mundo que ospoetas cantavam e recitavam?
Mentiras!Iludiram-me e esqueceram-se de
avisar-me.
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73
Poesia Esquecida
Aquele encontro marcado,aquele beijo prometido,
aquele verso escrito,e aquele peito vago.
Todos caram pelo ralodo meu sono.
Voc est aqui agora na minha frente.Ser verdade? Ser verdico?
Talvez no seja, real demais paraser verdade.
um sonho muito bom para sermeu.
Contento-me com minha caixa detesouro. Contento-me com a utopia.Essa doce neblina que ensurdece,apaga sua aparncia de minha
lembrana.
Nesse quarto sem f, nesse olho azul,nesse olho castanho, nessa boca perfeita,
nessa epifania dura e real, onde estvoc?
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74
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Voc que no meu sonhoprometeu aparecer,
voc que no mar azulme acenou, e com a voz
mansa disse-me...No me lembro, essa iluso
apagou minha memria.
No meu quarto solitrioeu jogo lenha para queimar
todos esses devaneios incoerentes.
Declaro-me infantil, insano, romntico,cruel, solitrio. Declaro-me enquadradona minha realidade e preso no montede fantasias. Declaro-me seu e negoat o fim. Declaro-me dolorido e
insatisfeito, falso e pico.Declaro que j no sei o motivo de tanta
ansiedade.
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75
Poesia Esquecida
BotesBotesBotesBotesBotes
Aboto minha camisa.Meus botes falam-me sobre
Coisas que nunca vi.Em meu bolso o leno aconchega-se.Com ele cubro as farsas, mantenho-o
cheiroso para no haver desconfianas.A gravata fina, lao clssico ou simples,
s enfeite, no me preocupo.E os sapatos engraxados brilham,
ostentam o seu couro, no sei qual a vida que tiraram,mas hoje andam vivos por a.
Sobre a escrivaninha papis avulsos,Jogados, amarrotados, que tentam recuperar
algo que no me contam.O vaso com as flores murchas.
Percebo a vida como flores, se no h verdadee vida, no h motivo para viver.
Livros, dicionrios, querem contextualizarpoesias, querem definir meus medos,
querem em palavras, sentir o que no sinto com o corao.
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76
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
A janela escancarada deixa o vento passar,E um frio, quase irresistvel, perpassa
Minha mente quente e sozinha.O espelho ao lado do quadro sem arte
Reflete outros espelhos, reflete meus olhos,Reflete paisagens que nunca antes foram contadas.
Ouo ao longe uma voz, que grita ou canta, Essa voz diz algo endereado a mim, meu sangue
No decifra essa mensagem.
Um beb engatinha na sala,Um co pra na esquina e observa
O correr da vida.Continuo a abotoar meus botes,
Que me contam das dvidas que deixei passar,Das respostas que no agarrei.
E avisam-me:- Saia da rotina!
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77
Poesia Esquecida
Mais dedicaoMais dedicaoMais dedicaoMais dedicaoMais dedicao
Mas preciso ter mais do que o amorQue voc dedica s coisas que ama.
Estamos perdidos em arranha-cus,Que contornam nossas estrelas,
Dos espaos, vagos de sentimentos,Sentimentos vazios de sensaes,
Pensamentos vagueiam em escurides,Sem rumos, sem caminhos.
Trilhamos estradas sem direes,Que no nos levam a nenhum lugar.
Meus sentimentos, so meus sentimentos,Sou eu quem guardo meus sentimentos.
Nossas famlias esto enquadradas,Por quadrilhas de reflexo de espelhos.
O ar nos falta, a viso nos deixa, o paladar vai embora e no sequeixa
Vidros quebrados, janelas e portas arrombadas,Essa a nossa realidade.
Temos trilhas,Trilhas dos becos,Trilhas paulistas,Trilhas brasileiras.
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78
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
No nos basta somente ter corao,Temos que ter sinceridade,
No que pensar,No que fazer,No que falar,
No que prometer.
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79
Poesia Esquecida
ComrcioComrcioComrcioComrcioComrcio
Feita com Laerte Brando SanchoVamos vender!Vamos divagar!
Vamos nos perder!Vamos compor as palavras
Imorais nos livros sem formatos.Vamos ser sociveis!
Mas no se esquea... Vamos vender!Vamos publicar a estrutura ilgica
Do poema sem verdades.Vamos nos humanizar,
E de todas essas iniquidades,Vamos nos tornar irmos!
Vamos beber o doce veneno do escorpio,Saciar a nossa sede de nescialidade,
Vamos completar o vazio com epifaniasObscuras de livros completos de parvidades.
Esqueamos valores e vamos vender!Deixe de lado a moral e vamos vender!
No importa se o que est escritoSejam s palavras sem razo de existir,
Simples excrementos em formas de textos,E saiamos rua e vamos vender!
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80
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
So Paulo parou!So Paulo parou!So Paulo parou!So Paulo parou!So Paulo parou!Feita com Laerte Brando Sancho
So Paulo parou!Parou a cidade,Parou a vida,
Parou So Paulo! So Paulo,Rogai por ns,
Por queSo Paulo parou!
Parou com cheiro de sangueQue se espalha pelo vento,
Parou com o cheiro do medoQue invade nossas casas,
Consome-nos e nos aprisiona.Parou com a chama dos incendiriosDesordeiros, parou com a omisso
Silenciosa do poder que se dizMaior do que a prpria vida.
Parou com a morte estampadaNa primeira pgina,
Com a noticia de letras sombrias.Parou com a mentira suburbana
Dos becos paulistas.
Parou a paulista, parou a IpirangaE Av. So Joo.
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81
Poesia Esquecida
Escancarou-se a deselegnciaQue era tida como discreta.
A paulista domstica parou em sua casa,Enquadrada por viles armados,
Vestidos de mocinhosE pelo descaso da cidade que parou.
Parou pela bala de guerra,Que era tida como oculta,
Do motim por deveras esquecido.
So Paulo parou!
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82
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
QuadrosQuadrosQuadrosQuadrosQuadros
Um quadro. Horizontal esse quadro negro.Muitos nmeros, frmulas, massas, muita fsica.
Um par de lentes, um culos.O que se esconde por trs desses culos?
O que so esses olhos murchos e esse jaleco triste?
Um andar mulambento, quase imvel.A porta que no fecha e bocas ao fundo que no cessam.
O que so esses coraes angustiados? O que so essas exigncias, essas revoltas,
E essa gritaria?
Carteiras, cadeiras, cadernos, canetas.Tudo inexiste por no cumprir sua funo.
Qual funo desses objetos?Essa massa obsoleta dentro dessas cabeas,
Demonstra a imensa fraqueza,Demonstra a semente que plantam,
O futuro que querem,O desejo que consomem.
Esse cheiro me causa torpor,Minha visa viso trava, sonolenta.
A conscincia olha abismada o todo.A direo perde-se embriagada
Em suas frias caninas.
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83
Poesia Esquecida
Salas cheias, mentes vazias.Conversas futriqueiras,
Curiosidades da vida alheia.Cabeas baixas e um futuro melanclico,
Igual ao futuro passado nos espera,Aps as provas do fim de mais um ano.
Um quadro. Um quadro negro.Retrata a vida, retrata o fundo
De nossas salas,Retrata o ntimo do nosso nada.
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84
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
PiauPiauPiauPiauPiau Feita com Laerte Brando Sancho
Vou-me embora para o Piau,Pois l no tem guerras,
Guerras injustas, guerras de fomeE de terras.
L no tem vandalismos,De movimentos sem causas.
L no tem pessoas queDestroem umas as outras
Apenas por diverso.
Vou correndo para o Piau,Cair no ribeiro,
Molhar a cara na seca.
Mas pra falar a verdade,Vou-me embora mesmo,Porque l meu cu azul.
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85
Poesia Esquecida
A portaA portaA portaA portaA porta
A porta se abriu,Abriu silenciosa, quieta,
Mas ouvi a porta que se abriu.Abriu anunciando a chegadaDa menina, o fim do mundo,
A perna quebrada, a cabea cada.
Desconcertantes e hesitantes,Umas placas sinalizam,
No se sabe o que gritavam.Acenando com as letras,
Talvez mostrassem uma trilha,Um caminho,
Uma ferrovia falida, ou talvez,Apenas estavam ali, tal qual,
A porta que se abriu.
Um tnel no meio da cidade,Um infeliz rico, um mendigo alegre.
Dois caminhos distintos,Com sorrisos que formavam um paradoxo.
Aliteraes frias e epopias mornas.Setas, muitas setas, apontavam para
Escurido do tnel que surgiu,Da porta que se abriu.
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86
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Um anncio:Trilhas, rios e mil caminhos.Escolha o seu e entre, e siga,
E v em frente pela porta que se abriu.
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87
Poesia Esquecida
Saudade SubliminarSaudade SubliminarSaudade SubliminarSaudade SubliminarSaudade Subliminar
Todo esse frio carregaEm si uma saudade subliminar.
Esse tempo todo sensvelAos toques sutis da mo.E na fineza do brao que
Enlaa o corpo,H um brilho econmico de alegria.
Pois , saudade no se explica,Saudade se sente, num constante
Retorcer do estmago,E na quente ansiedade.
A msica que acompanhaA solido de quatro paredes,
No atrapalha o correr da gua,Nem o sono mal dormido,
Nem o telefone mudo, um conjunto to compacto
E indescritvel, que a pena no pe na peleO desenho mrbido da solido.
Todo esse carregamento frioNo sublima a saudade em si.
O dia cinzento da janela pra dentro,E os olhos gripados da boca pra fora,Tem em si mais que ps desconhecidos
E um dia de espera.O casal da paixo ardente,Arde em mil beijos trocados,Dados, vendidos, repensados.
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88
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
As rodas que no trazemMais que mero carregamento inflacionado,
Tem uma pequena esperana grudadaEm um dos seus orifcios pisoteados.
Todo esse frio carrega em siUma saudade subliminar.
Toda essa chuva molha esse cartaz,E essa tristeza do cinzento dia
Do peito pra dentro.
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89
Poesia Esquecida
Anedota de um VAnedota de um VAnedota de um VAnedota de um VAnedota de um Violeirioleirioleirioleirioleirooooo
Sentado com a violaContando as anedotasEm volta da fogueira.
Fogueira que queima e arde,Explode, desanda em labaredas altas,
Que levam as histrias,Para os santos em seus santurios.
Donatrios de tristes fatos,Os ombros cansados,
Querem ombros para se apoiarem,Querem irmos para descansarem,
Querem, mas somente querem,E querem muito.
medo!Esse suor que cai da testa,
Esse lamento que ecoa nas ruasE entre construes,
E essa artroseE os nervos inflamados,So dzimos dos fiis.
E triste, o povo caminhaSob o amanhecer que no amanhece.
Cad o sol? Sol cad voc?
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90
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
As anedotas ficam mais quentes.As brasas, mais secas,
E ramos ao redor queimam-se.
O violeiro da noiteApruma-se para o amanhecer.
Segue na romaria da cidade vulco,Que est ativa e que ferve com gritos.
Caminha. Suas anedotas esto esquecidas,Junto com a fogueira que ficou para o vento.D o dizimo, d o corpo, a alma, o sangue.Sonha com o palcio, no com o barraco,
Mas contenta-se com as tbuas.A viola quieta ficou muda.
Suas cordas observamAs rvores de concretos que do frutos
A todo o momento.Frutos murchos, ignorantes, frutos podres.
Observam o violeiro que caminhaEntre os frutos, todavia, no enxergam seus dedos livres,
Mas sim,Seus pulsos presos e sua cabea baixa,Ajoelhando para a missa do stimo,
Oitavo, nono dia que no acaba nunca.
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91
Poesia Esquecida
E tomando a hstia, coberta de farsas,O violeiro vai para as anedotas e para a viola,
Esquecer do dia que no adia,Esquecer da cidade e do campo,
E agarrar-se ao sonho da noite passada,E acender a fogueira para que
Junto com as labaredas vo suas precesE suas splicas, para o santurio,
Do alto do planalto central.
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92
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
InsatisfInsatisfInsatisfInsatisfInsatisfao potico-noturnaao potico-noturnaao potico-noturnaao potico-noturnaao potico-noturna
Hoje componho minha noite.Hoje o tempo pesado.Os ponteiros seculares.
Minha noite composta funda, cheia de estrelas,
cheia de lembranasQue tenho vontade de viver.
Hoje a msica ressoa,Levada pelos quatro cantos
At os ventos da brisa da mata.As rvores so teatrais,
Fazem um grande espetculo.Eu gozo sozinho minha noite.
Vejo minha noite em seus olhos.Vou tomar outro rumo,Escolher outra trilha,
Atirar e acertar em cheio meu futuro.Hoje componho a noite cheia
De pessoas que desconheo suas origens.
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93
Poesia Esquecida
Baldia.Sales falidos,
Boa vontade mesquinhaEcoa pela cidade e pela noite.
Tantos segredos,Tantas cortes,
Tantas explicaes.Nada de romance, isso dos gentios.Eu fico com minha criao noturna.Feita de leves pinceladas da frtil.Sublinharei ainda algumas coisas
E no revisarei o poema.
Hoje, nada me satisfaz.E ningum me chama.
Amanh ningum me olharE nem me acenar de longe.
Ontem foi tudo silncioE dormido no sof.
O grilo apazigua cigarras.Guerras enobrecem os cegos,Gritos acalentam as almas,
O escuro guia perdidos.
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94
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Hoje nada me satisfaz,Nem pessoas, nem bicho.
Amanh nada soar,Nem msica, nem catapulta
De conflitos dirios.Ontem tudo foi vestgio
De caminho que passouApercebido pelos olhos do mar.
Tantos livros de nenhuma coleoEnfeitam o teto.
Tantos armrios soberbosQue nem sabem mais o que guardam.
A infncia me bate na cara,Para me mostrar a saudade
Que escondida est na minha fraca dureza.Ainda sou sim criana,
Pedindo colo para algumQue aceite meu pedido
Infantil de criana que precisaDe colo para dormir.
O medo ainda companhia na noite escura,E o galo ainda o despertador do sol que dorme no mar bomio.
Tudo ainda quero o abrao, a noite,A princesa, a mo, o peito, o pulso,
A vida...Sento hoje, ainda solitrio,
Esperando o sinal de partidaE o momento da chegada.Esperando a brasa dormir
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95
Poesia Esquecida
E o frio se mandar para outras cidades.Hoje, nada me satisfaz,
Nem o texto, nem a poesia.
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96
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
FarFarFarFarFardo Pesadodo Pesadodo Pesadodo Pesadodo Pesado
Cabeas rolam e o olhar-retratoParalisou a cena.
O peso do fardo alto paraPs to infantis e entre matas fechadas,
Grunhidos, festa de primatas,rvores rolam em desalinhos.
Segue oco o peito,E perfumes perfuram o senso.
Pesado. Mais do que pesado o fardoPara ps to sofridos.
Festa, me resta, no presta,Esse fardo peso pesado no tem fundo
E perfumes perfuram a cena do retrato-olhar.
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97
Poesia Esquecida
Luz do MorroLuz do MorroLuz do MorroLuz do MorroLuz do Morro
Os carros passam,Pessoas passam
E tambm faixas.A rua se compe de mil faces.
Faces espectadoras de pobres picuinhas, De contexto miserveis,
E de um resto de brasa de um fogoH muito morto.
Do mar exala-se um cheiro forte de sonho.De saudades mareadas.
Um cheiro de leo.Somente com o olfato, do muito refinado,
Para sentir o cheiro doce,De lembranas saudveis e de um puro oxignio.
As pedras esto mais sensveis eMenos pesadas hoje.
Cansaram de serem fardos,Querem se transformar em casas.Um corao bombeia sangue ralo.E um olho apalpa a escurido,Quer sentir seus segredos eternos.
O poema verso a verso se constri,E histrias invisveis ocupam bancos
De nibus.
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98
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Minha porta se abriuE minha passagem chegou,Todavia, no vou correr,
Nem me desesperar,Bastam meus ombros cansados e minha poesia torta.
A porta que fique escancarada.
Alguma luz piscou no morro.Se uma estrela, no sei.
Se um vaga-lume, no sei.Somente sei que a luz piscou.
Talvez avisasse um aviso de trmino, de fim.Pois toda poesia e pessoas acabaram,
Com um singelo apagar de luzes.
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99
Poesia Esquecida
DescobertasDescobertasDescobertasDescobertasDescobertas
O homem descobriu. E de descobrir fez hbito.Descobriu o fogo, a arma, a morte, a luz.
Descoberta atrs de descoberta, descortinandoO encoberto que sempre foi aberto.
Descobriu gente, gente nova, hbito novo.Descoberta nova. Descobriu a pureza.
Mas a pureza no fazia parte da descoberta,E o homem se assustou com ela.Ento a pureza foi jogada fora.
Homem descobrindo homem,Homem conhecendo homem,Homem impondo homem,
Homem escravizando homem,Homem... Matando... Bicho ou homem?
Esqueci onde o homem ficou na descoberta.
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100
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
CaminhosCaminhosCaminhosCaminhosCaminhos
por esses campos verdes,Por esses rios que contornam imensides,
Que deveria correr de mos dadasA humanidade.
nesse sonho que deveriam caminhar. nesse pensamento que deveriam se apoiar,
Os seres, ditos, humanos, os seres, ditos, racionais,Os seres, ditos, sentimentais.
Mas h coisas mais importantes, h os latrocnios,H a morte do futuro em crianas,
H a fome levando, arrastando, judiando e matando. realmente h coisas mais importantes.
E todo esse conjunto de juzes sem escrpulos,Que condenam, pois todos cegos so por tiranias,
E todos os dspotas que aprisionam surdos pelo orgulho,E todos insanos de vcios e orgias.
a avaliao sem base concreta, o julgamento sem provas distintas,
Que torna o sonho em utopia,O desejo em quimera,
De seres que o nico defeito, serem desfavorecidos para a sociedade que o cerca.
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101
Poesia Esquecida
E a morte vem sem argumentos, sem aviso prvio,Pela mo do que diz ter algum direito,
Mas esquece-se, a razo no existe por quem luta nesse exercito,Com argumentos com base no preconceito.
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102
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Boa noiteBoa noiteBoa noiteBoa noiteBoa noite
Boa noiteRedijo meus sonhos no momento em que me deito.
Fao disso meu momento de verdade.Deitado sob estrelas
E sobre estrelas que esto no cho.Fao disso meu manto, travesseiro e colcho.
Boa noiteVivo meus sonhos no momento em que me disperso
Em um mundo estranho e nublado,Feito de trunfos, vitrias, sabores.
Fao disso meu gosto,Feito de triunfos, viagens, amores,
Fao distncia com gostoDa terra em que repouso.
Boa noiteDesenho meus melhores poemas e as mais belas histrias,
Assim que fecho os olhos para o escuro.Fao disso viajem interplanetria,
Embarco em naves, navios, nuvens,Durmo com cores, cortes, condes,Fao disso meu momento nico,
Desbravo o brado e o sentido do escuro.
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103
Poesia Esquecida
Boa noiteMonto o mais lindo sorriso no momento em que adormeo,
Sorriso feito de alegria, luz e vida.Fao disso meu guia para o conto,
Que monto nos meus versos do outro mundoFao disso o sentindo entre o fim e o fundo.
Boa noiteDurmo com a janela dalma aberta para idias tenras,
No instante em que pesco coisas novas.Fao disso diverso de criana e motivo de adultoPara a graa que me abraa no instante do sono.
Boa noiteNo durmo sem o beijo de boa noite
Seu que levo dentro do peito,No momento em que sonho,
Viajo, vivo...No breve momento em que em deito.
Boa noite.
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104
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Insondvel VInsondvel VInsondvel VInsondvel VInsondvel Vidaidaidaidaida
L vem maisUma vez o insondvel
Atiar a loucura dos brios,As doideiras dos sbrios,
A indiferena dos mrbidos,Dos fascinados pelo obscuro,Dos aficionados pelo inslito,
Dos dbeis pelo surreal.
L vem a vidaA correr desmascarada
E histrica,A gritar e espernear seus
Direitos tiranos de governar o destinoDos infelizes com dedos de seus capangas.
Ah, vida safada e sem vergonha!Ainda hei de peg-la e no haver
Escndalo que a encobrir.
L vem mais uma vezA vida a correr desmascarada
Pelo insondvel,Histrica a gritar e atiar a loucura dos brios,
Que esperneiam seus direitos.Os sbrios tiranos que governam os destinos
Com a indiferena mrbida,Capangas fascinados pela vida safada e sem vergonha,
Mas hei de pegar os aficionados pelo inslito.E no haver escndalo dos dbeis que encobrir o surreal.
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105
Poesia Esquecida
Passagem da VPassagem da VPassagem da VPassagem da VPassagem da Vidaidaidaidaida
Passam as horasParolando as vidas,
Particionando existncias,Subjugadas,Espremidas,Distorcidas,
Nos campos do nada,Ao tudo que h de vida.
Percebem-se a ss,Perfilam-se frias,
Procuram-se ao longe da vida,Escurecida,Enobrecida,Envolvida,
As horas pesadas dos ponteiros,Dos relgios que marcam fundos passos.
Passos medidos, sob passos,Param e elevam-se,Pairam e elegem-se,
Nobres,Pobres,Fortes,
Os minutos contados dasHoras que adormecem.
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106
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Passagem do tempo,Parada da vida,
Penitncia autoditada,Sorridente,Inconfidente,Demente,
Passa na passagem das horas,Que brotam da vida passageira.
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107
Poesia Esquecida
O escuro no me d mais medoO escuro no me d mais medoO escuro no me d mais medoO escuro no me d mais medoO escuro no me d mais medo
O escuro no me d mais medo.O escuro falso.
Fosco fogo frouxo
FracoFcil
A gua escorre do escuro,A luz encosta no escuro,
Some evaporada pela densidade.
O escuro no mais opresso,Dentro dele no h monstro,
Tudo que h existe,Tudo que existe, h de fato,
O escuro passageiroParadeiro
pardia pfiaPontoParvo
Os passos brotam um a um.O escuro nasce e torna-se gente,
No meio da floresta, dentro do peito.
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108
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
O escuro no mais um grito. silncio rente a dvida.
melodia fracassada prxima ao sorriso.O escuro aflito
Afago aclive acostado
AoiteAfnico
O amanh declina pungente do cu.O escuro dilacerado vai ao fim.De sua passagem pela terra,
Pelos olhos do homem.
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109
Poesia Esquecida
O que queres querida?O que queres querida?O que queres querida?O que queres querida?O que queres querida?
Querida, enfim, estamos a ss.Enfim, nos olhamos e vemos,
Que o fogo abaixou,Que a luz apagou,Que a cortina caiu,
Que o espetculo quer ter fim.
Querida, tudo isso que vemosE que no sentimos,
tudo o que interpretamosE no vivemos.
Ora Querida o desejo de ter,E a vontade de ficar sem.
Querida, o beijo quer secarE parar, aglutinar-se no pequeno
Contexto de uma histria passageira.O que queres Querida?
Querida o sol bateu na janela,E tudo estava ento to triste
Que eu nem sorri,Que eu nem escolhi um caminho.
Tua deciso sers fnebre e indecisa?Tua reao sers fingir e fugir,Partindo para longe do que no
Conhece e nem chegou de fato a conhecer?Teu peito ficar trancado no passado
Esperando o nada acontecerOu o nada j aconteceu, Querida?
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110
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Querida eu olhei o mar.Eu vi alm daquilo que quero enxergar,
Mas, Querida,No decifrei o que vi,
Precisamos olhar juntosA vida, as flores, os jardins...Querida hoje no a vi passar
E no ouvi voc dizer saudade.Querida eu travei na palavra
No pronunciada o Eu Te Amo,Impedi o Eu Te Desejo,
E neguei o Eu Quero mais Que Te Tudo,Por orgulho e pro ser fraco,
E voc Querida, negaste alguma frase,Impediste algum segredo,
No d chance a algum sentimento?
Querida, enfim estamos a ss,Para ver a madrugada correr solta,
As estrelas incandescentes se apagarem,O fogo brotar, a paixo vir e ns observar.
Enfim, o silncio pra e espera,A palavra-chave,
Mas Querida de quem a palavra?Minha? Sua?
Um anjo passara agora,Sentou e disse-me em tom de segredo:
Felicidade prpria convivncia mtuaE braos dados num caminho sem fim.
Querida a palavra nossa.Enfim Querida, o que queres querer?
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111
Poesia Esquecida
Joo VJoo VJoo VJoo VJoo Viajanteiajanteiajanteiajanteiajante
Joo viajante que caminha p.A p segue a trilha.
A rua,A estrada,
O cu,O mar.
Joo viajante que segue de olhos fechados.Sem luz, pisando em cacos.
E esse peito, Joo?Seu peito no viaja,
No segue a embarcao, nem a estrada.
Ora Joo viajante,No deixe saudades, nem pernas.
No deixe seus rastros Joo.Tem um horizonte incandescente que lhe espera.
Veja! Ele acena Joo.
Joo viajante que carrega fardo no pescoo.Corrente por todos os lados.
Nada de bagagem, nem de melodia,S correntes.
Companheiras metlicas dessa peregrinao.Amigas frias, pesadas.Nada de bagagem...
Um viajante chamado Joo,Passou h to pouco tempo que nem me recordo.
Seguia uma estrela apagada.
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112
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Joo viajante que passeia.Sua chegada no chega nunca.
Talvez no chegue,Peito aberto sem corao,
No tem vida.Joo viajante j no aguenta n?
Hein,Joo?
- Joo j chegou ao fimE no me contou?
J esfriou, desistiu, dormiu?Joo viajante como o outro lado?
Como morrer?
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113
Poesia Esquecida
Falsa VFalsa VFalsa VFalsa VFalsa Vidaidaidaidaida
Vida visvel, a vida das ruas,
Dos papis flutuantes,E dos jornais que esquentam
Corpos, coraes, mentes.Vida sensvel, o sangue frio,
E o rolar de olhos pelo escuro,De feridas abertas e moscas zombeteiras,
Que acordam o sono e sonhos de infelizes alegres.Vida indefinvel,
o maltrapilho esprito,Os pssaros errantes, de olhos cortados,
Asas abertas no cho lamacento,O asfalto esburacado,
E a trilha no mapa cortado,Levam a vida vivida e esquecida,
Mentira adormecida,No peito de quem vive a falsa vida.
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114
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
O mundo e as crianasO mundo e as crianasO mundo e as crianasO mundo e as crianasO mundo e as crianas
O mundo cai l fora.O mundo cai e crianasO observam cair de seusPedestais homricos...
O mundo chove quedas,Despedaa um poucoDos quatro cantos,
De seus inspitos lugares,Suas obscuras grutas.
Sob os olhos altos e alvosDas infncias que o observamO mundo vai caindo e rolando
Por tantos ombros,Que j so incontveis os destroos.
Cai tambm algumas vidas,Esto sujas e tristes, aidticas,
E esfomeadas, solitriasE sem ningum que as olhe
Caindo de seus ps desarmados.O destino investi contra tudo
E o cavaleiro montado em seu cavaloCavalga soturno em volta do mundo que cai.
Companheiros j se afastaram,Mas ainda no se esqueceram do companheiro
Que est caindo e nem o percebe.Uma estrela rasga o horizonte.A esperana rasga o horizonte.
O pedido tambm dilacera o horizonte.
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115
Poesia Esquecida
Tantos olhos olham esse rasgoQue quase o mundo pra de cair,
Quase ele continua a ter esperana.Palavras j soaram
Por todos os lados anunciandoA queda insopitvel do mundo.
Cordas so jogadas paraAs crianas que observamEsse espetculo em declnio.
Salvem-se!Salvem-se crianas!Salvem as crianas!
O mundo est caindo l fora, E crianas caem junto com os destroos,
Desse mundo cadoDe seus pedestais infelizes e frios.
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116
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Pela JanelaPela JanelaPela JanelaPela JanelaPela Janela
Passa vida,Apita panela,Dobra vista,
E nada pela janela.
o correr desvairadoDos cegos das cidades,
Como cigarras a gritaremAvisando do calor que vem
De longnquos lugares desse mundoDe meu Deus.
Um moleque corre agora apavorado,Furtara uma vida num desses becos do diabo.
Orelha seca, boca mais seca ainda...Foge. Procura abrigo, mas s existe beco,
S tem beco, s o beco que o acolhe.
Dobra vista,E nada pela janela,
Passa vida,Apita panela.
Agora a fome sua companheira de furto.Furtara agora um sonho de namorados,
Corre to solto e sem caminho queDeixa rolar pelo cho duro o sonho macio e leveQue furtara com a simples inteno de sonhar.
No tem maldade o menino,O moleque j no menino,
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117
Poesia Esquecida
J vida perdida, corrompida, esquecida,Feito a poesia do dia de ao de graas que tudo pago,
Ou, do natal que tudo onde tudo cobrado.
Nada pela janela,Dobra vista
Apita panela,Passa a vida.
O menino tem olhos escorrendo sal.Testa suando, bufando, acocora-se.
Olha para trs e no v lrio,No v vida, no tem o menino passado.
O passado no se lembra de menino algum.Que triste a vida de menino-furto,
Do furto do menino,Do menino furtado,
Da meninice furtada.Que triste pular muro,
Arrebentar joelho e logo levantar,Sem nem prece fazer.
E nem vista ter para embalsamar-se nas estrelas., menino triste que furta,
Que aumenta vazio to grande no peito.Menino, um dia muda esse mundo to mundano
Que de tanta imundice esquece voc menino esquecido.
Apita panela,Passa a vida,
Nada pela janelaDobra a vista.
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118
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
AmizadeAmizadeAmizadeAmizadeAmizade
A alegria no ofusca mais a vista,O brilho nasce orgulhoso, contente,
E com tantos sorrisos sinceros,Impera dentro do peito o corao
bere, enleado na vida.
Eterno fato de brincar naAmlgama geradora de amor,
Intensa hurra a diverso,Uma inocncia irnica, mas
Ofegante, jovial, vivida.
Impresso leniente do momentonico, mas verdadeiro e fugas,Assim, no passa como o vento,
Eterniza-se onde sabemos que noOscilar, podendo fugir da vivncia.
O querer da tristeza pe-se ao fim,Igualmente ressentimentos que se vo.
Admirao surgi de cada olhar,Ento talhes fervorosos nascem felizes,
Um a um no corao quente e vivo.Unvoca vida-amor que admite,Essa xrox de nobre sculo, de
Uivante zelo que se chama gritanteAmizade
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119
Poesia Esquecida
Brasil!Brasil!Brasil!Brasil!Brasil!
Brasil!Que eu possa dormir em teu bero,Banhar-me em seus rios, que meus
Ouvidos se deliciem com seus cantos.Brasil!
Quero desbravar tuas terras,Conhecer-te do fim ao comeo,
E o meio tambm.Brasil!
Que meus olhos reflitam tuas matas, tua vida.Que meus pulmes se encham do seu ar
Imantado de flores e cor.Brasil!
Que tua arte nasa, cresa e multiplique-se,E tua cultura brote na mente e corao,Que o verde e o amarelo tinjam a vida.
Brasil!Que meus ps marquem tuas areias,
E meu rosto refresque-se em suas praias,E que suas dunas enfeitem nossas casas.
Brasil meu Brasil!Que meu corao bombeie teu hino,
Que meus braos te enlacem num eternoE terno aconchego, de um filho grato.
Brasil!Que a alvorada venha e ilumine,Que o planalto vigie seus filhos,
Que a justia d as mos e caminho contigo.
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120
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Brasil!Que seja a ptria eterna e o celeiro do mundo,
Que tuas palavras ecoem pelo universo,Num samba de paz e alegria.
Brasil!Que teus poemas no acabem,
Tuas msicas perpetuem, teus retratos se realizem,Teu evangelho se concretize.
Brasil!Que teu solo tenha mais vida lmpida,Que teu vento seja o mais carinhoso,
E que teus campos os mais solidrios.Brasil! Brasil! Brasil!
Que teu ouro seja seu povo,Que teu tesouro seja o sentimento
De uma nao e o bater de milhes de coraes.Brasil!
Que esse poema seja a introduoDa melodia de teus anjos, do enorme livro,
Da infinita ptria que tantos perseguem para morar.Brasil!
Que continue constante em ser Brasil!Que vivas em cada instante o ser Brasil!
Que ganhe a felicidade de ser nico ser Brasil!Te amo Brasil!
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121
Poesia Esquecida
Memrias PostasMemrias PostasMemrias PostasMemrias PostasMemrias Postas
Pousam-se as memriasVencidas sobre a mesa
Farta de tdio.Entreolham-se vulgarmenteTodos os sentidos eclipsados
Nas suas masmorras existenciaisDe sonhos infantis.
Vai ao longe da leviandadeTudo o que nasce no peito quente e amoroso
Das memrias derrotadas.Lembranas, relatos, gestos, acontecimentos...
Todos, em um conjunto frentico,De passos de serviais ingleses.
O cu pousado sobre cabeas.A garoa agora cai incessante na tarde
De uma primavera vivida com tanta ansiedade,Desce de suas nuvens cinza-tristes para dar uma sensibilidade
Na correria da manada.O cabresto sobre nossos olhos cegos no mais nos atrapalha,
Enxergamos algo, sentimos o escuro,Tudo vem em relato imprimido na fala,Na mente, nas lembranas esquecidas.
Sem cessar a fumaa sobe cordial e cortesFazer diplomacia ao cu.
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122
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
E as memrias na mesaVem avisar-nos
Do passado corriqueiroQue sobrevive nesse presente
Humano e cruel.
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123
Poesia Esquecida
SemSemSemSemSem
Sem melodia que ressoasse.Somente o silncio.S mente e corao.
At mesmo as palavrasTinham sentido oculto
Aos ouvidos que ouviamMais do que o aquele peso mudo.
Os ouvidos ouviam as fofocas das clulas,As desgraas das famlias,
A morte chegando,E guerras e monstros marinhosEm seus mundos indivisveis.
Sem vida que animasse.Apenas pensamentos a vaguearem
Pescando semelhantes que comprazemDe seus atos e volpias.
H penas flutuando a Deus dar.Os sbios ditados do senso comum
So mais compridos em seus sentidosDe sabedoria que pensam os pensadores altivos.
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124
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Sem sentido que d razo.Enfim, caminhos a serem escolhidos,
Divididos, estremecidos,Por ps com estrada definida.
E fim de carinhos.Mulheres futriqueiras com a lngua solta.
Crianas enlamassadas jogando sonho em bola.Sinos badalando na cidade,
Trazendo a calmaria do passado rgido,Os candelabros, o mar selvagem,O recato, a vergonha e sensatez.
Os sinos tinindo, soando com todo o motivo do mundo,Para chamar os distrados,
Atrados pelo tesouro do fundo do mar que sobrevive no bolso.A chuva em gotculas vai cobrindo a cidade de uma nvoa
Fosca e lquida, no entanto, e mesmo assim,No embeleza a poluio mental,
A exteriorizao do pensamento to humano ainda.
Sem guas que lavem as almas.A no ser o plasma que cobre ruas imantadas de passos duros,
Passos egostas, passos que no olham onde pisam.H um ser plasmado com fora do desejo,Que segue o passo de sua bssola tristonha.
Tudo foge do sentindo que realmente ,E real s a mente,
De quem sobrevive acima daquiloQue deseja utopicamente alcanar.
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125
Poesia Esquecida
Um caso, Um homem, Uma esquinaUm caso, Um homem, Uma esquinaUm caso, Um homem, Uma esquinaUm caso, Um homem, Uma esquinaUm caso, Um homem, Uma esquina
Um homem beirava a esquina.Muito brejo, muita lama, muita vala.
Cheirando a gole de boteco,E com ps formando passos cambaleantes,
O homem cruzou a esquina.Mas aquela esquina nunca fora to larga e distante.
Os olhos no enxergavam o outro lado,Os olhos estavam tortos e o bigode molhado.
A esquina era profunda, buracos, paraleleppedos levantados,E um sapato furado enfeitava a esquina.
Grilos verdes e mariposas tristesBuscavam a luz raqutica de um poste velho e falso.
Naquela esquina a solido era comum,Tambm eram comuns oferendas e velas vermelhas,
s vezes eram brancas,Mas sempre velas.
Sapos e rs formavam uma orquestra,Mosquitos cumprimentavam o homem
Que cruzava a esquina.Esse homem afogava-se em seus bbados pensamentos,
Embriagava-se em suas lembranas,Mas o fim da esquina no vinha,
No chegava,No pisava do outro lado o homem.
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126
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Pneus cantando, faris apagados,O motorista ia para a esquina.
Exalando usque, soltando fumaa. No porta-malas vazio s sua noitada.
E com plpebras pesando toneladas ele sonhou.Sonhou com o carro gritando de dor,
Passara por cima de algo,Algo que rodopiou, gritou, chorou.Sonhou com lmpadas quebradas,E a natureza ao redor estupefata.Mas a esquina continuara escura.
Amanheceu. O jornal publicado.Numa coluna da esquerda,Os olhos passam rpidos:
Um homem morre ao cruzar a esquina.
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127
Poesia Esquecida
O que gostoO que gostoO que gostoO que gostoO que gosto
de bom grado e fino modoQue lhe respondo senhora:
- O que mais gosto noMomento dormir.
Dormindo, esqueo, pereo, anoiteo.Em pensamentos to meldicos,
To familiares.Dormindo viajo por todos os bares,Inmeros becos, infinitas trilhas,
Incontveis ruas brilhantes.Na soneca, no cochilo,
Ou no piscar de olhos pesados,So meus nicos momentos de prazer.
Viagens, festas, amores, das histrias mais lindas,Com donzelas sinceras,
So um pouco do meu sono quandoDurmo em meu sonho.
de bom grado e fino modoQue lhe respondo senhora:
- O que mais gosto noMomento dormir.
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128
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
EstatsticaEstatsticaEstatsticaEstatsticaEstatstica
Pensar no infinitos vezes uma atitude
To subversiva a esse mundo,To medido e mensurado,
Que me sinto alheio ao todo.Esse sistema que transforma
Todos em nada, incrivelmente, forte.Suas bases slidas j so difceis
De dar-lhes idade ou noo de tempo.No quero quantificar minha insatisfao.
Pelo contrrio.Quero qualificar a satisfao que esse
Mesmo mundo intransigente me leva a sonhar.Essa rdea curta,
Esses cabrestos que nos envolvemE guia-nos como cegos, pena ,
Que outro cego que nos conduz.Batemos contra o muro de regras
Envelhecidas, calculadas e desprovidasDe utilidade nesse meu mundo que sonho.
E no final de uma vidaVemos que no fim no vivemos.
Trabalhamos para criar, procriar, recriar.Esquecemos sossegadamente, que deveramos,Ter criado, procriado e recriado, enquanto,
Trabalhamos.No h mais arte.
Nem as crianas as fazem mais.
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Poesia Esquecida
O mundo est cinza,Entre quatro paredes,
Iluminado por uma telaE enfeitado por um n clssico.
Mas utilizemos as mesmas ferramentas dele.Quantifiquemos a alegria.Mensuremos a satisfaoDe sorrir, viver, dormir,
Olhar para o nada,Fazer amor sem regras.
Talvez esses grficosNo seja necessrio que o faamos,
Mas, que apenas, fria e atentamente os enxerguemos.
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130
Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
VVVVVitaeitaeitaeitaeitae
A vida coisa sria dificil de entender,Te d aquilo que voc
Deixou pra trs porqueNo quer,
Agora aqui na frente de devolve.E voc bobo aceita,
Como se tudo novo fosse.O sorriso est retocado,
A carcia, poucas reformas.De fato, ela no joga forma fora,
Mas mudou o tempero.Ah o temperamento!
to igual que s vezesEsqueo disso, desse (...)A vida no brincadeira,
coisa sria,Te ensina fora,E voc aprende.
A ser gente.A ser bicho.
Do mato e da cidade.Mas s vezes di.
A vida adaptvel. formosura v-laCorrer dentro de si.Cheia de adereos,Mistrios e lies.
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Poesia Esquecida
Nada torto.Tudo reto e certo,
Direto e segue em frente.A vida no pra,
senhora, mas coisinha atual essa a.No precisa de tecnologia,
No tem preferncia por nada.Cor, sexo ou credo.
Est em tudo,E no se sabe,
Mas talvez, at no nada.Essa vida fogo,
Arde e queima, s vezes esfria e apaga,Vai embora, vira fumaa.
Mas quando brilha,Eta coisa linda de se ver,To intensa, to majestosa
Que d gosto de ter.Em si e no resto.
A vida coisa sriaE dificil de entender,
No te d nada do que voc pede,Mas tudo o que voc precisa
E muitas vezes esquece.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
PromooPromooPromooPromooPromoo
Promoveram-me gerenteSem antes me perguntarem.
Tenho de administrar meu tempo,Meus recursos, meus medos.
Planejo tudo, do ttico ao s questes executivas.(Mas no perguntaram se eu queria)
Elaboro cronogramas,Atualizo agenda,Nem secretaria,
Supervisor,Ou,
Auxiliar,Assistente,
Simplesmente,S.
No tenho empresa, mas sou gerente.Tomo decises rpidas e dolorosas,
Demito a mim mesmo e admito outro eu.As funes so as mesmas,
Sem mudanas,Mas eu quero lucrar,
Lucrar,Lucrar,Quero,Eu.
Fizeram-me algo que nem imaginava,Deram-me um cargo, mas no sou
Por completo formado,
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Poesia Esquecida
Tenho de estudar,Mas mais fcil estagiar na rea,
Para ir bem no curso.Os ventos mudam e tomo decises,
Defino padres,Implanto processos,Implemento projetos,
Invento reunies,Reinvento,Solilquio.
Incluram-me e eu, sempre eu,No sei aonde que estou,
Mas tenho algumas ferramentas,Boca, vou a Roma e qualquer canto,Olhos, copio mapas e sigo trilhas,
Mos, entalho pessoas e crio fantasmas.Mas no tenho um ncleo.
Faltam-me objetivos,Metas traadas,Organizao,
Grupo,Equipe,Gente.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
PaixesPaixesPaixesPaixesPaixes
Paixo aguada e sensvel,Ao mais sutil aroma, arrepia-se,
Ruboriza-se nitidamente,O corao terno e quente aconchegaEntre as veias, a imagem querida,
E na mente nada mais cabe,Alm da memria sadia do sorriso mgico.
Paixo doente,Que envenena o curso da vida,
Arranca a razo, cega a vontade,Enobrece o mpeto avassalador,
Estende a mo ao impulso.Nos braos fortes s o vazio.A necessidade abstemia.
Corta os punhos e enlouquece o sono.Paixo doce,
Nctar saudvel ao corpo.Adoa, acalma, alavanca, alimenta o esprito.
Dos anjos amiga,Do peito, inquilina vitalcia.
Elixir da longa vida.Colori a natureza, harmoniza os sons,
Compe brilhante, a trilha sonora da jornada.Da secura, nasce a vida.
Do obscuro, clareia a vista.Do nada, brota a vinha.
E a colheita feliz e eterna e ensolarada.
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Poesia Esquecida
Paixo humana,Encarna no choro,Reflete no poema.
Acorda cedo, di nas pernas,Sustenta a caminhada,
Enternece o mundo cinza.Feita de sangue, quente.Feita natural, salutar.Feita gente, mortal.
Por toda a vida acompanhaClebre a rotina.Cansa-se fcil.
Enjoa-se rpido.Esquece-se sem receio.
Sobrevive de migalhas soltas pelo cho,Procria-se suja pelos cantos da tristeza,Evolui nos encantos do humano corao.
Paixo,Doena contagiosa,Sem e perptua,Move o mundo.
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Renan Reis Freitas de Carvalho
Prova 02CBJE
Conselhos da RotinaConselhos