Poesia Esquecida

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1ª Edição Câmara Brasileira de Jovens Escritores Poesia Esquecida Renan Reis Freitas de Carvalho

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Livro de poesias Renan Reis

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  • 1 Edio

    Cmara Brasileira de Jovens Escritores

    Poesia Esquecida

    Renan Reis Freitas de Carvalho

  • CopyrightRenan Reis Freitas de Carvalho

    Cmara Brasileira de Jovens EscritoresRua Marqus de Muritiba 865, sala 201

    Cep 21910-280Rio de Janeiro - RJTel.: (21) 3393-2163

    [email protected]

    Dezembro de 2009

    Primeira Edio

    Coordenao editorial: Glucia HelenaEditor: Georges Martins

    Produo grfica: Alexandre CamposReviso: do autor

    proibida a reproduo total ou parcial desta obra, porqualquer meio e para qualquer fim, sem a autorizao

    prvia, por escrito, do autor.Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

  • Rio de Janeiro - Brasil

    Dezembro de 2009

    Poesia Esquecida

    Renan Reis Freitas de Carvalho

  • NDICENDICENDICENDICENDICE

    Poesia Esquecida. . . . . . . .9Proclamao da Repblica. . . . . . . .10A Vida Colorida. . . . . . . .11Tempos Perdidos. . . . . . . .13Trs Requisitos de Inteligncia. . . . . . . .14Doce Amar. . . . . . . .15Procura-se. . . . . . . .17Posses. . . . . . . .19Claro que sim. . . . . . . .21Vo. . . . . . . .22Amores. . . . . . . .24Partida. . . . . . . .26Ciclo. . . . . . . .28Faz parte. . . . . . . .30Atempestade. . . . . . . .31Arte em Carta. . . . . . . .33Auto do viaduto. . . . . . . .34Porto Seguro. . . . . . . .36Dana de namorados. . . . . . . .38Morte sob Luar. . . . . . . .40Frmas. . . . . . . .42Face em close. . . . . . . .43Brisa de Mar. . . . . . . .44Marcos em Pedras. . . . . . . .45Humana Inferioridade. . . . . . . .46Anjinho de Porcelana. . . . . . . .48Dinheiro Perdido. . . . . . . .49Solido Noturna. . . . . . . .51Noivado. . . . . . . .52Entrada para Raros. . . . . . . .54s coisas. . . . . . . .57Segredos do mar. . . . . . . .58A cidade fala. . . . . . . .60

  • O sol de hoje. . . . . . . .62A procura. . . . . . . .63Rotineiras Sensaes. . . . . . . .65Poesia transbordada. . . . . . . .67SilenciosaMente. . . . . . . .69Poeta Fugaz. . . . . . . .70Extino. . . . . . . .71Tesouro Declarado. . . . . . . .72Botes. . . . . . . .75Mais dedicao. . . . . . . .77Comrcio. . . . . . . .79So Paulo parou!. . . . . . . .80Quadros. . . . . . . .82Piau. . . . . . . .84A porta. . . . . . . .85Saudade Subliminar. . . . . . . .87Anedota de um Violeiro. . . . . . . .89Insatisfao potico-noturna. . . . . . . .92Fardo Pesado. . . . . . . .96Luz do Morro. . . . . . . .97Descobertas. . . . . . . .99Caminhos. . . . . . . .100Boa noite. . . . . . . .102Insondvel Vida. . . . . . . .104Passagem da Vida. . . . . . . .105O escuro no me d mais medo. . . . . . . .107O que queres querida?. . . . . . . .109Joo Viajante. . . . . . . .111Falsa Vida. . . . . . . .113O mundo e as crianas. . . . . . . .114Pela Janela. . . . . . . .116Amizade. . . . . . . .118Brasil!. . . . . . . .119Memrias Postas. . . . . . . .121Sem. . . . . . . .123

  • Um caso, Um homem, Uma esquina. . . . . . . .125O que gosto. . . . . . . .127Estatstica. . . . . . . .128Vitae. . . . . . . .130Promoo. . . . . . . .132Paixes. . . . . . . .134Conselhos da Rotina. . . . . . . .136Sabedoria de Preto Velho. . . . . . . .138Nuvens. . . . . . . .140Cotidiano. . . . . . . .141Desejos. . . . . . . .143Acasos Poticos. . . . . . . .146Dilogos do Cotidiano. . . . . . . .148Operrios em Construo. . . . . . . .150Horas Passadas. . . . . . . .152Poesia Esquecida. . . . . . . .154

  • 8Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

  • 9Poesia Esquecida

    Poesia EsquecidaPoesia EsquecidaPoesia EsquecidaPoesia EsquecidaPoesia Esquecida

    Nos lances, faces e flashes,A poesia nasce, desenvolve e cresce.

    Um, dois, dez versos aparecem.As rimas so fortes, suaves e mansas.

    Divagam sobre o mar, sol e cu.Mas ah! A poesia no est no papel.

    Nos lances, faces e flashes,A poesia nasce, desenvolve e a gente esquece.

    Esquecemos tudo o que criamos.Rimas, versos e estrofes.

    A poesia se dissolve.E s lembramos na sada da verdadeira poesia,

    Que a esquecida.

  • 10

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Proclamao da RepblicaProclamao da RepblicaProclamao da RepblicaProclamao da RepblicaProclamao da Repblica

    Nessa sociedade de minha vidaImpera a anarquia.

    Reinam as opinies soltas,Sentimentos falam sempre,

    Revolues extremistas no so contestadasE o reinado meu no existe.

    Em exlio longnquo coloco-me a fim de resolver tal situao.Amante, viajante, conhecendo outras estruturas,

    Espelhando, saboreando as coisas novas,E verde esperana nasce em desapego,

    Democrtica, livreVem em festa dizer e proclamar a soluo,

    Mostrar os planos, discernir em causas dificeis,Iluminar o caminho de meu pas

    E criando a constituio que irei seguirDeleito-me em suas leis,

    Estudo seus cdigos,Aprofundo-me em artigos, detalhes, brechas, por completo

    Afundo-de em sua estrutura.Na sociedade de minha vida nasce verde a esperana,Que pode, talvez, solucionar problemas passados,

    Revolues estrangeiras, guerras sem causas.Verde vem o caminho do sorriso nesse meu pas,

    Verde a cor da esperana,Verde a cor da minha (re)constituio.

  • 11

    Poesia Esquecida

    A VA VA VA VA Vida Coloridaida Coloridaida Coloridaida Coloridaida Colorida

    A vida mais bela quando colorida,Sem pudor, livre, impressionista.

    Nos olhos quando h esse gosto doce, divina e eterna a sensao pueril,

    Que nasce novamenteE de novo,E de novo,E de novo,E de novo.

    Os sons brotam na mente,A msica indescritivel,Os sabores impalpveis.

    A vida mais bela quando detalhista,Pormenores, ponto-a-ponto, renascentista.

    No corpo em exposio luzCada curva, cada contorno se mostra

    Querendo ser eternizado no quadro divinoDa eternidade, para sempre,

    E sempre,E sempre,E sempre,Eterno,

    No jardim nasce a relva doce,Os enfeites do cu,

    Os segredos da vida.A vida mais bela quando apaixonada,

    Dissonante, sem forma, cubista.Exposta as coisas da vida sem medo,

  • 12

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    A vida se faz valer, se faz feliz, eterna.De novo e para sempre

    A vida mais bela colorida,Detalhista, apaixonada.

    Amante de jardins,De campos verdes,

    De cus e de risadas sem motivo,A vida mais bela assim,

    Simplesmente viva.

  • 13

    Poesia Esquecida

    TTTTTempos Perempos Perempos Perempos Perempos Perdidosdidosdidosdidosdidos

    A vida caminha a passos largos,O p na mesa no mais antigo, nem velho,

    indcio do futuro,Prenncio, pressgio, avisoDos viajantes do tempo.

    No somos mais presentes,Somos vcuos, variveis,Inconstantes, inexistentes.

    O tempo algum segredo que perdemos,Que deixamos de ouvir,

    E agora no indefinivel procuramos um curso.Sentido, guia, placas,

    No h.Nada mais est sobre a mesa,

    Nem nossas queixas, no temos tempo para elas...Damos saltos dentro da rede,

    Contextos estranhos, histrias impossveis,Papis sem atores.

    No coletivo somos um,Na solido, nada.

    A vida d saltos e agora dificil discernirSobre o que mais importante,

    Ter tempo,Ou,

    Ser tempo.

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    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    TTTTTrs Requisitos de Intelignciars Requisitos de Intelignciars Requisitos de Intelignciars Requisitos de Intelignciars Requisitos de Inteligncia

    1 Aproveite a vida e seja feliz;2 Siga o requisito numero 1;3 Siga o requisito numero 2.

  • 15

    Poesia Esquecida

    Doce AmarDoce AmarDoce AmarDoce AmarDoce Amar

    Amar se aprende amandoJ dizia o poeta sbio.

    Por isso amo sem desprezo,Sem medo do que h de vir.

    As coisas simples so mes das alegrias.Viver entre as cores da primavera

    Colori o preto no branco,O quadro empoeirado

    E a cidade velha.Sem disfare, mscara, culos,Encaro o sol, frente a frente,Diante de mim s meu sonho.

    No tenho medo de amar,Tenho desespero de viver sem o bater do corao quente.

    Viver sem paixo condenar-se a priso,A masmorra mais longinqua,

    A tristeza mais profunda.No h razo, sentindo, explicao

    Para no amar.Amar se aprende amando

    J dizia o sbio poeta.Por isso no me arrisco.

    Mergulho,Nesse profundo lago,Talvez sem fundo,Que a paixo.

    Mergulho,Desnaturado, sem clculos,

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    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Jogando-me apenas.Amar se aprende amando

    J dizia o poeta sbio.Por isso agarro-me

    A qualquer sentelha que for,A qualquer raio que passar,

    Luz que brilhar,Para no passar a minha vida,

    Sem o gosto doce de amar.

  • 17

    Poesia Esquecida

    Procura-seProcura-seProcura-seProcura-seProcura-se

    Procura-se amor simples,Sorriso fcil,

    Flores nos olhos,Passo medido,Brilho no peito.

    Procura-se amor quente,Braos leves,Asas de anjo,Sonhos doces,Peito aberto.

    Procura-se amor livre,Ps danantes,

    Msicas de baile,Histrias para contar,

    Peito iluminado.Procura-se amor impossivel,

    Utopias romnticas,Cantigas de Cames,

    Contos de fadas,Corao no peito.

    Procura-se amor vivo,Voc comigo,

    Ns nas estrelas,O espao nossa casa,

    O peito nosso lar.Procura-se amor infinito,

    Aliana dourada,Relva verde,

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    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Ondas cantantes,Peitos unidos.

    Procura-se amor eterno,A frase afirmativa,A festa inesquecivel,

    A chuva de boas-vindas,Peitos em npcias.

  • 19

    Poesia Esquecida

    PossesPossesPossesPossesPosses

    No tenho planos,No tenho metas,

    No tenho aspiraes.Tenho amores,

    Paixes,Dissabores,Contrastes,

    Iluses.No tenho dejesos,Coisas impossveis,

    Lembranas remotas,Longnquas...

    No tenho poderes,No tenho influncia,

    No tenho medo.Tenho ares quentes,Vises do futuro,

    Livros imaginados,Utopias divinas,

    Quimeras sentimentais.No tenho guerra,No tenho motivos,

    No tenho casa,Lar, vizinhos, conhecidos.

    Tenho o mundo,Tenho a estagnao da paz,A indulgncia da solido,

    A misria do silncio.

  • 20

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    No tenho dirio,No tenho ouvinte,

    No tenho traduo,No tenho tradio,

    No tenho explicao.Tenho o poema,

    Tenro, simples, direto,Que diz entre suas linhas,

    O que tenho dentroDa mente e do peito,

    As coisas que desconheo.

  • 21

    Poesia Esquecida

    Claro que simClaro que simClaro que simClaro que simClaro que sim

    A resposta silenciosaQue acompanhada de um sorriso simples,Deixo-lhe postas as sinceras lembranas,Notificadas com delicadeza e sinceridade

    Potico-amistosas.Ao jeito simples e discreto de comunicao,

    Deixo-lhe a singela homenagem,Enobrecendo a calma,

    Tranquilidade,Pacincia,

    De quem sabe ser nica.s virtudes, sem necessidades de citar,

    Deixo-lhe as boas novas de um ano completo,Feito com louvor e alegria e sorrisos de poucos.

    Aos trejeitos delicados,Detalhados, normais e, j indispensaveis no dia-a-dia,

    Deixo as parabenizaes dispostas no poema,Homenagem de poeta,

    Homenagem de amigos,Homenagem de admiradores,

    Da competncia, nica,De dizer muito,

    Com um simples e singeloSorriso.

  • 22

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    VoVoVoVoVo

    Sinta a euforiaCorrer seu corpoAs luzes escuras

    Ruas escusas, tortas,Sambas noturnos.

    Sinta a noite tomar conta do diaTransforme as coisas estranhas em

    Parte da rotina,Doe seu corpo

    Ao mundo que no existe.

    Voar Por entre as matas sombrias,

    Lembranas de um veroTo frio.

    VoarSobre os sonhos da

    Minha noite,Descrever em coisas concretas

    Os meus medos.

    Sinta o fervor das coisasO calor humano,

    Os olhos de um ser humano.O medo ronda a noiteMas no me encontra

    Sbrio.

  • 23

    Poesia Esquecida

    Voar Transformar

    Luzes em pequenas estrelas,Pontos da minha constelao.

    VoarJ no aguento

    Mais os meus p no cho,Quero sair da minha condio.

  • 24

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    AmoresAmoresAmoresAmoresAmores

    Do amar explcito ao escondidoA linha tnue entre as veias do corao.

    Exposto ao sol,A tudo disposto,

    O amor explcito joga-seNas teias embaralhadas dos sentimentos,

    Sem medo, receio, pudor,Lambuza-se de saudades,Embriaga-se de incertezas,

    E ama desesperadamente sem limites.Encostado em receios da descoberta,

    Ele fica quieto.Rente a sombra, silencioso e sonhador.

    Amor escondido,Saboreia a dor,

    Divaga nas imaginaes dolorosasDe perda, de medo, de fervor.

    Mas ama,No se mensura,

    No se mede,No se mostra.

    Vive s escondidas e escreve no dirioNoturno e solitrio, os desejos de amante,

    De nobre apaixonado.Do amar explicito ao escondido

    A linha tnue entre as veias do corao.Mas o sangue borbulha entreAs batidas descompassadas.

  • 25

    Poesia Esquecida

    Mas as aes se confundem entreOs pensamentos desnorteados.

    Mas o frio total entreOs desejos desmedidos.

    Amor explcito, brilho nos olhos.Amor escondido, silncio nos lbios

    Festa no corao.E a ti que meus olhos dizem muito,

    Mas as aes escondem a tudo,Fica a mensagem do meu amor dbio,

    Exposto e encolhido,Porm,

    Por ti vive em festa no meu mundo desmedido.

  • 26

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    PartidaPartidaPartidaPartidaPartida

    Parto partido,Distrado pelas coisas

    Estranhas que se passam na TV.As perguntas que fao

    Dificilmente sero respondidas,No entanto, portanto, ficarei

    Com as dvidas retidas em meusSegredos de um partido s meu.

    E assim na partida no me despeoDe algum, mas sim, de ningum

    Que deixei para trs.Nessa fuga fugaz,

    Nessa verdade vedada,Nessa cidade sitiada,

    Ficam, e deixo que fiquem, todasAs coisas passadas de um passado

    Estranho e nico.Pois, apesar de tudo,

    A questo no a resposta,A questo a pergunta.

    A ser feita e respondida,Negada e retida,Dentro do ntimo,

    No mago de nossas dvidas.Assim parto todos os dias,

    Em busca de talvez encontrarO que j, talvez, seja bvio ao meu corao.Mas vou sem medo de partir-me em pedaos,

  • 27

    Poesia Esquecida

    Pois sei, que juntando os pedaos encontrareiAs respostas das indagaes que fao.

    Parto partido,Tranquilo,Sem medo,

    Levando o estandarte do meu partido,Mostrando a todos que no voltarei,

    Que enfim, partirei, sem olhar para trs.

  • 28

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    CicloCicloCicloCicloCiclo

    O meio do dia j chegou.Resta agora somar-se

    A outra metade do dia que falta,Para assim chegar meia-noite

    E ento percebemos,Com os silncios e gritos contidos

    Que noite,Para sentirmos de olhos fechados

    O peso da madrugada, da meia-noite.E ao completar-se no fim do ciclo

    Com o resto da metade da noite que ainda falta,A meia-noite tornar-se- inteira e completa,

    E ns nesse ciclo findo,Voltamos ao incio do dia que ainda

    No chegou nem no meio,Mas que quando chegar

    Saberemos com tranquilidade noturnaQue ainda falta muitoPara paz derradeiraDe uma vida inteira.

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    Poesia Esquecida

    Chega o meio-diaE a este resta o que falta

    Para que enfim,Chegue o incio da noite,

    E ao meio desta,Venha a outra metade,

    E nesse ciclo ao se fechar,Somos ns a pacincia,Para que o nosso cicloFeche-se, no ao meio,

    Mas por completo na pazDe uma vida inteira.

  • 30

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Faz parteFaz parteFaz parteFaz parteFaz parte

    No adianta mais olhar para trs,Renunciar as flores.

    O que foi ditoEst escrito,

    O que foi sentido,Est guardado,

    J faz parte do jogo,J completa o quadro.

    No adianta mais negar,Reprimir a afirmao.

    O que nossso j est posto,O que nos pertence,

    J tesouro, relquia. O que se mostra nos detalhes,

    J vontade.No adianta mais fugir,

    Resguardar-se entre sorrisos.O que est exposto,

    J primavera,O que negado,

    J romance literrio,O que ignorado,

    J o mais importante.No adianta mais olhar para trs,

    Se tudo que futuro,Mostra-se diante de ns,

    No futuro logo ali.

  • 31

    Poesia Esquecida

    A tempestadeA tempestadeA tempestadeA tempestadeA tempestade

    J no me d mais medoA tempestade,

    Hoje eu olhos as coisasCom outros olhos.

    J no me d mais medoA tempestade,

    O vento j soprou pra muito longe.E agora,

    Caminho nos vales verdes,Observo o raiar da vida,

    Um amor nobre e sincero em flor,E que coisa linda seria, se tivesse o meu

    Amor.A chuva que cai me molha de torpor,

    A graa est em acordar antes de adormecer,Aproveitar at mesmo as tormentas.

    J no me d mais medo a tempestade,Hoje o vento soprou pra

    Outros lados.J no me d mais a tempestade,Hoje eu quero dormir em paz,

    E antes,De tudo se fazer verdade,Eu quero viver meu contoDe fadas, minha utopia,

    Conotao...A poesia est viva entre ns,

    S no vive quem no v!

  • 32

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    J no me d mais medoA tempestade,

    Hoje eu olhos as coisasCom outros olhos.

    J no me d mais medoA tempestade,

    O vento j soprou pra muito longe.J no me d mais medo a tempestade,

    Hoje o vento soprou praOutros lados.

    J no me d mais medo a tempestade,Hoje eu quero dormir em paz.Hoje eu vou dormir em paz.

    Hoje eu vou dormir comMeu amor.

  • 33

    Poesia Esquecida

    Arte em CartaArte em CartaArte em CartaArte em CartaArte em Carta

    E da arte que se faz agora,Que se faa para sempre,

    E o sempre de agora adormeaNo amanh de outrora.

    E aqueles que de poesia se negamEndereo a carta potica

    E a todos que da literatura fogemFao minhas cantigas para vs

    E minha voz em si nada ser almDo mero apassivador,

    Mas espero que em mero avisoH visto de concrdia para elesQue na discrdia fazem a vida.

    E na arte de agora,Nessa mesma hora mostro-lhes o

    Sabor do poema,Quente, doce, fresco.

    A priori, talvez seja difcil,Mas que seja,

    O sentido o que importaE na rota decidida

    Decida-se a melhor rota.

  • 34

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Auto do viadutoAuto do viadutoAuto do viadutoAuto do viadutoAuto do viaduto

    Estou no alto do viadutoNo me guio pelas placas

    Que me mostram o caminho,Sigo as linhas das estaes de trem,

    Sigo meu instintoQue assim como os prdios,

    quer arranhar o cu,Quer tocar na porta de Deus.Meus caminhos se fazem pelas

    Ruas que aos pouco se mostram,Com guias levantadas,Mas no sigo os sinais,

    Sigo a pobreza de baixo dos viadutos,Os cachorros soltos,

    A fome,A velocidade,

    As coisas estranhas,As lnguas estrangeiras.Na viajem que clama,

    Chama,Ama.

    Vejo-me leveIndo sem destino,

    A no ser o que crio no momento,A no ser o que sinto agora,

    A no ser o ato que se constri nesse instante.Do alto do viaduto vejo uma cidade grande,

    Grandes coisas para se perder,

  • 35

    Poesia Esquecida

    Coisas longes para se esquecer,Vejo o trem em sua viajem,

    Destino certo,Traado,Vasto.

    E na minha viajem com horas marcadas,No sigo as placas.

    Sigo apenas a poesia,Que nasce desse calor,

    Humano, estranho e nico,Que o corao de uma cidade que no pra.

  • 36

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Porto SeguroPorto SeguroPorto SeguroPorto SeguroPorto Seguro

    Ancora o cansao e a tristezaSolene nesse caz iluminado.Noites frias de tempestade.

    Veja o farol brilhando ao longe,Mas, que em seu peito esquenta forte.

    Ondas de intempries batem no convs,Inundam o refgio que usamos,Aconchegue-se nas lembranas e

    Concentre-se na outra noite por cima dessaQue linda e clara, verdadeira,

    Com uma lua s sua.O temor que na noite mal dormidaInvade, passageiro da embarcao,Ignore-o, vire-se para o sentimento

    Que est no leme, que nos guia paraUm destino belo.

    O passageiro ficar em algum outro porto.Mire as constelaes, enxergue o que poucos vem.

    Anime-se em saber que elas so suas ePara e somente voc.

    Nos tristes momentos em que as pernas,Companheiras inseparveis da caminhada,Bambearem, segure firme, voc no est s,

    Apenas a noite com essa nvoa densaQue no lhe deixa enxergar o companheiro.

    A saudade uma bssola que nos acompanha,Implicitamente, na jornada pelo mar.E que no fim, nos guia para amar.

  • 37

    Poesia Esquecida

    Segue o mar confianteEm si e na terra que h de encontrar,

    Esta est espera, aconchegante,Feliz e segura.

    Nos braos da vida o barco vai,Nem contra, nem a favor da correnteza,E assim vemos: a correnteza somos ns

    Que a fazemos.O sopro suave que mexe a vela

    um sinal bem-vindo.O sol nasce. Apague a vela e

    Mire com os olhos esperanososO fim da viagem.

    No tema,O fim nunca definitivo,

    apenas sensao que passa.Esse agora o comeo da vida,

    Na terra esperada,Na terra clara e amorosa,

    No porto dos cansados e amantes.Ancora o cansao e a tristezaSolene nesse caz iluminado.Ancore o corao nesse porto

    Aconchegante.Ancora segura,

    Que esses braos so seu porto.Dorme tranquila que velada,Pelo amor de quem seu eterno,

    Porto seguro.

  • 38

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Dana de namoradosDana de namoradosDana de namoradosDana de namoradosDana de namorados

    Corpos juntos,Melodia implcita

    Devagar se propaga nas mentes,Vem uivante com o vento,Toma conta das pessoas,

    Dos passos,Dos sentidos,

    E quando se repara,J esto ali,

    Danando ao som da msica.Parados os corpos esto quentes,Ascendentes, acendendo o fogo,Jogando lenha nas notas queFlutuam entre algum lugar,Jogando ao lu o sentindo

    Das coisas que os fazem danarem,Mas danam,

    A valsa,O merengue,O namoro,Os beijos,

    Danam dando a tudoGosto doce de um beijo.

    No h melodia,No h banda,No h notas.

    Existe apenas no som do estalar de beijos,Uma mera tentativa de orquestra,

  • 39

    Poesia Esquecida

    Que os orquestram em um,E nessa harmonia so danarinos,

    Da melodia implcita do amor.

  • 40

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Morte sob LuarMorte sob LuarMorte sob LuarMorte sob LuarMorte sob Luar

    Somos fracos,Somos frgeis,

    Passeamos sob a lua,No mato sob o luar.

    A noite longa,A noite nossa,

    Contornamos comHistrias o peso dos olhos.Interpretamos papis feitos,

    Peas antigas,Porm,

    Sempre repetidas.Falamos os mesmos versos,

    As mesmas estrofes,As mesmas rimas,

    Secas, cruas, intensas e onricas.O teatro vivo.O filme vivido.

    Comemos a sobra da fartura,Resqucios de uma pretensa festa,

    A alegria singela parte indispensvel da noite.Os olhos bambos procuram assuntos,Os olhos bambos arranjam msicas,Os ossos, tantos, espreguiam-se sutis.

    Morfeu aparece,A alegria no cessa.

    A s curvas da conversa convergem em pontos estranhos.A fico ntida.

  • 41

    Poesia Esquecida

    A fisso tmida.A fuso mentira.

    Morfeu tece dilogos,Implementa jogos,Implanta regras,

    E planta flores nos olhosFracos, rasos, raros

    Os que esto abertos.A lua intensa, juntamente comAs companheiras brilhantes,

    Banha-nos com luz,No entanto,

    uma luz mansa, suave,Que nos olhos causa coceira,

    Cegueira e sob nossas casas e causas,As maiores asneiras,Fazem-nos de Morfeu,

    Prisioneiros.E impiedoso, impetuoso,

    Mostra-nos os sonhos, o sono, sensaoDe sob o teto de pedra,

    Morrer sob o luar.

  • 42

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    FrmasFrmasFrmasFrmasFrmas

    Formamos todos os diasDiversas formas,Formas estranhas,

    Formas convergentes,Formas divergentes,

    Formas sem formato definido.Todos os dias crescemosSobre coisas mortas.

    Idias, pessoas, medos,Sonhos, leis, mentes...

    Somos mutantes,Imutavelmente seremos,

    Todos os dias,Diferentes.

    No h tambm motivos para no o sermos.A graa est na mudana de ns e dos outros.

    Est na inconstncia,No momento da deixa,

    Que assumiremos o nosso papel.Todos os dias interpretamos

    Novas peas.Juntamos as peas para entender as coisas,

    Os segredos, os motivos, os desalinhos,O porqu de sermos assim, sempre e eternamente,

    Diferentes.

  • 43

    Poesia Esquecida

    Face em closeFace em closeFace em closeFace em closeFace em close

    Face a face(...)Estamos face a face.

    Olhos diante dos olhos,Segredos diante dos lbios,

    A tez tece uma lgica,As mos tecem fatos.

    Face a face,Assim estamos ns...Estamos a querer,

    Argumentos que nos convenam,De que isso no mentira,

    De que isso verdade,Da mais pura,

    Da mais lmpida,Da mais limpa.

    Face a face.Damos nfase s palavras,

    At aquelas que no so ditas.Aquelas que soam mudas,

    Mudando em cada resvalar com o ar.Face a face,

    Amamos cada vez mais,Estar assim,Face a face.

  • 44

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Brisa de MarBrisa de MarBrisa de MarBrisa de MarBrisa de Mar

    Ali est ele diante do mundo,Molhado mundo, encharcado ele,

    Sem compromisso, submisso, somente isso,Nada mais h, nada mais , somente a chuva

    Que cai e continua em movimento,Em lances, cenas, quadros sem avisos,

    Quadros sem ensinos, ele diante do seu mundo,Dos seus quadros, suas pinturas, rupturas

    Que o cortam, que o fazem no desistir,Que o fazem ser assim simples, singelo,Sereno que cai agora, serena-o, acalma,

    Amansa a fera e as razes e secaSeu rosto, seus olhos agora vem,

    E gostam da brisa, do vo da gaivota,Do sopro do mar, do sopro da vida.

  • 45

    Poesia Esquecida

    Marcos em PedrasMarcos em PedrasMarcos em PedrasMarcos em PedrasMarcos em Pedras

    As pedras sempre rolam.Os fatos sempre secos,

    So marcos em nossos captulos.Anedotas de um passado tomam vida,

    Tomam corpo e fazem-se presentes,E como presentes embrulham-se em

    Surpresas para ns.Os atos sempre so os mesmos,

    Em histrias, contos, poemas, poesias...As brisas martimas continuam geladas,As noites continuam com insnia quando

    Pensamos na vida,E dentre os atos a que me atenho,

    Torno-me refm e sou o sonho meu acordado,Sem acordo, acordo antes do sol nascer,E ainda vejo as estrelas no alto do cu

    Reformulando constelaes,Formando laos divinos e luminosos

    Para enfeitar a vida.As pedras sempre rolam,

    E mesmo descuidadas quando caiem,Conseguem construir lares,

    Casas, sonhos, aprendizado.As pedras sempre rolam,

    Mas so marcos em nossas cenas,Desse jogo cclico que se chama

    Vida.

  • 46

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Humana InferioridadeHumana InferioridadeHumana InferioridadeHumana InferioridadeHumana Inferioridade

    A inferioridade passageiraDo carro parado.

    A inferioridade constanteDo ser humano,

    Divagando em obras subversivas,Sem alterar a sensao.

    O aperto de mo dado de longe,O sorriso rpido no passar de uma viagem,

    Perdido na estrada de terra,Sobreposta a arranha-cus,

    Que desenham estrelas.

    O suspiro sufocado no rioSecular da guerra fria,

    E essa falsidade de que tudo normal e aceitvel,

    Transforma-nos em tecnologia corruptvel,Cheia de vrus.

    Novas palavras tentam definirA incompreenso da paz,

    Versos velhos tentam imitarO futuro pregado h tanto tempo,Por inventores metafsicos que se

    Perderam em pesquisas malfeitas.

  • 47

    Poesia Esquecida

    A inferioridade constante do ser humano,Divagando em obras subversivas,

    Sem alterar a situao. a inferioridade do carro parado,

    Na esquina de teu mundo interior e implacvel.

  • 48

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Anjinho de PorcelanaAnjinho de PorcelanaAnjinho de PorcelanaAnjinho de PorcelanaAnjinho de Porcelana

    Meu anjinho de porcelanaCaiu e quebrou.

    Minha proteo, minha seguranaCaiu pelo cho duro e frio.

    Aqueles olhos vidrados nos meusAtos quebraram-se e fez-se cego

    Meu companheiro angelical.As asas altas e brancas,

    Que me levavam ao fundo das coisas,Caram e se quebraram.

    A doce melodia calmante,Que acordes inalcanveis decifrariam,

    Silenciou, em uma das pontas queMeu anjinho se despedaou.

    Meu anjinho de porcelana caiu e voou.

  • 49

    Poesia Esquecida

    DinheirDinheirDinheirDinheirDinheiro Pero Pero Pero Pero Perdidodidodidodidodido

    Minha vidaDe luxo e glria,Castelos e festas.

    Vida cheia de brilho.Meu ouro reluzente,Meus amigos fiis.

    Mas passou o vento,E perdi o dinheiro.

    As dificuldades.A honra mais importante,Amigos s os sinceros agora.

    Nada de festas eternas.S comemoraes silenciosas,

    Com uma nostalgia fria.Mas a chuva caiu,E perdi o dinheiro.

    Meu labor, suor e trabalho,Com meus calos conquisto conscincia.

    No peito a revolta quieta, amiga,Reside s para dar fora vertiginosa.

    No mais amigos, nem inimigos,S meu espelho.

    As ruas mais prximas.Mas o sol brilhou,E perdi o dinheiro.

  • 50

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Minha lama,Meus amigos esquentam-se no cho.

    Meu banquete est posto na lata vizinha.Minha festa sucata.

    A companheira o silncio urbano.E entre as festas dos becos,

    Perdi o dinheiro.

    Meus dias so incertos.No espero caridade...Meu pensamento voa

    Abobalhado pela cidade.Meu sonho terreno me persegue.

    Meu luxo esta ponte.A noite acabou e perdi o dinheiro,

    Na esperana de outro.

  • 51

    Poesia Esquecida

    Solido NoturnaSolido NoturnaSolido NoturnaSolido NoturnaSolido Noturna

    A solido noturna vem me fazer companhia,E estou enquadrado no meu quarto, enjaulado,

    Querendo sair, mas meus amigos sumiramE meu dialogo montono com o espelho, no sai

    De breves confisses j conhecidas.

    A solido objetiva vem e rasga meu peito,Essa realidade dura quer entrar e sentar

    Ao meu lado, me dizer asneiras, cantar a inveja,Propagar a mentira. Minha noite fica cada vez mais

    Funda e apertada, aos poucos o ar falta e perco o sorriso.

    Deixe-me com os meus restos, com minha meia vida,Com a minha meia amizade, com o resto do amor esquecido.

    Com minhas meias lembranas e minha meia poesia.Deixe-me solto e cair desse penhasco de concreto,

    Onde esses olhos me sondam. Olhos cruis.

    Na praa de convenincias, as praxes sociais so praticadas,Sem medo, sem pudor, sem escrpulos.

    O ser humano afasta-se cada vez mais de seu objetivo,E j se esqueceu qual objetivo era. Rodas, grupos,

    Conversas, com palavras que no se propagam, a vida.

  • 52

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    NoivNoivNoivNoivNoivadoadoadoadoado

    Diversos so os versos que escrevoSobre a vida, idas, viagens, descobertas,

    Incessantes novidades.Noivo do mundo,

    No tenho marcado o meu casamento, nem dia,Nem igreja, nem convidados tem convites,

    E a graa disso repito,Respire fundo e absorva sorvendo,Os mistrios profundos e profanos

    Da vida.O casamento que fique para outro dia.

    Sobre as coisas, asas de andorinhas que formamE do forma ao meu vero nico,Cheio de sol e luz e calor e ondas.Sobre os montes, nuvens criativas

    Desenham-se constantemente,E volvel o nico estado que gostam de viver.

    Pintam o cu, caricaturam a tela azul,Colorem de branco meu dia,

    E infantilizam minha rotina sria.Sobre o p meus ps,

    Sobre as lgrimas meus sonhos,Sobre o mundo minha f.

    No h o que dizer sobre o que nos consome.Sem nome, gnero e forma

    Simples e incondicionalmente vivemosSobre a vida que perdemos,

    Somente a saudade sada-nos

  • 53

    Poesia Esquecida

    E agora a hora chega e nos resta apenas orar.Para que somente sobre a vida que temos

    Sobre aquela que nos faz enxergar a graaDa arte de saber viver.

  • 54

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Entrada para RarosEntrada para RarosEntrada para RarosEntrada para RarosEntrada para Raros

    Somos todos rarosE por sermos raros

    Queremos coisas raras e caras,Mas no com um valor imposto sem medidas,

    E sim,Com um valor dado por ns,Concedido pela sinceridade.

    Eu pago com as lgrimas de alegria,Pago com o sorriso simples, sem jeito.

    Pago com o frio na barrigaDe ansiedade pelo novo.

    Pago com as viagens em trupes,Excurses para lua,

    Perdidas nas palavras.Eu pago com a bela letra escrita, cantada, ou falada.

    Todos raros somosE tambm caros,

    Mas no barganhamos,Negociamos com afinco.

    Nosso preo alto.E o pagamento de muito valor.

  • 55

    Poesia Esquecida

    Eu pago com as batidas descompassadas,Com os pulos roucos,

    Com os gritos saltitantes,Que em reunies solto ao ver

    A beleza em melodia.Eu pago com meus sonhos dirios,

    E minha viajem noturnaAos mundos mgicos.

    Pago com o valor da amizade,Pago com a alegria sem medidas.

    Eu pago e aumento o valorA cada instante sem medo.O que vale no o produto,

    a essncia,O sentido,O raro.

    Eu pago com as imaginaes,Com os quadros que pinto nas nuvens,Com os sonhos que redijo nas estrelas.Eu pago com canes murmuradas,

    E com as letras ensaiadas no chuveiro.

  • 56

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Somos todos rarosNunca os mesmos,

    Sempre novos personagens,E nosso valor no volvel,

    Sempre aumenta,E sempre e sempre e sempre.

    A Entrada para Raros o preo que nos damos

    A todo instante que nascemos para o novo.

    Pago com meu amor sem limites,Pago com a mente borbulhante,Pago com a poesia esquecida,Pago com a minha vida real

    Para entrar e viver para sempreNo mundo Raro,Que para raros,

    O eterno Teatro Mgico.

  • 57

    Poesia Esquecida

    s coisass coisass coisass coisass coisas

    s coisas grandes do mundoEu envio meus sinais agora.

    Receba-os com ateno, no so fceis,Nem tampouco verdadeiros, eu os quero assim,

    Simples, despojados,Como o amor e solido, vazios de sentido.

    Guarde-os no sto e deixe-os l por um bom tempo,At que criem sentido de si mesmos.

    A vida sempre vai ser assim, estranha a si,Mas em algum momento ela encontra-se de frente para o espelho.

    Reflete-se.Apaga-se.

    Nobre, ela no tem medo, viaja em si e para se encontrar,Devagar, divagando sobre tudo que perdeu,

    Deixou, esqueceu, plantou, queimou...A esses sentimentos que me tomam a noite

    Eu concedo espao no meu corao,Mas no fiquem l por muito tempo,Sejam breves, no deixem vestgios,

    Sumam da mesma forma como vieram,Rpidos como um amor de vero.

  • 58

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Segredos do marSegredos do marSegredos do marSegredos do marSegredos do mar

    O mar est lCom os meus segredos.Viajo em busca deles,

    No os quero mareados,Quero-os secos,

    Sensatos,Insanos.

    Viajo mar adentro, no encontroSeno monstros, lendas, desatinos...

    A linha se extingue e enfim descanso,Pronto para deixar-me ir com a correnteza,

    Absorto na procura martima,

    Seus olhos lindos,Olhos de sereia,

    Encantam-me, mas j no os tenho mais para mim.Viajo mar afora em busca deles,

    Vou caa do tesouro,Desaguar-me,Inundar-me,

    Descobrir-me.

  • 59

    Poesia Esquecida

    Os segredos piscam na noite,Nunca os esquecerei,

    Mas j sei que eles viajaramEntre os sete mares de minha vida,

    De minhas histrias,Entre os mares das batidas de meu sangue quente,

    E que agora nesse exato instanteEles, malvados segredos,

    Esto onde no os encontrarei,Em mim e em ti sereia de meu mar.

  • 60

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    A cidade fA cidade fA cidade fA cidade fA cidade falaalaalaalaala

    No v agora amorA cidade est a nos esperarE quer nos contar do comeo

    De todas as histriasEncantadas

    Das fadas amadasE aladas paixes.

    No v agora nesse tempoTudo to frio que a cidade dorme

    Em sonhos.D a mo ao mundo, a mim,

    E siga,RepitaMinta

    E viva paixes.

    No v agora amorO mar observa a vida nossa

    E comea a nos contar o que querHistriasVitriasMemrias

    De grandes paixes.

  • 61

    Poesia Esquecida

    No v agora nessa estrela que passaA vida quer o melhor e por Deus, fique e veja

    A cidadeVerdade

    Enorme metade de grandes paixes.

  • 62

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    O sol de hojeO sol de hojeO sol de hojeO sol de hojeO sol de hoje

    Hoje eu vou para Sol.Quero me descobrir,

    Na solitria e quente vida solar.Hoje vou queimar meus miasmas,

    Destruir meus enfeites,Polir-me em brasa quente de sol.Hoje eu vou ver tudo em fogo,

    Que arde ardendo,Que queima limpando,

    O mundo e o meu mundo,O sentido e o esquecimento.Hoje a solido no me pega,Tenho minha companhia,

    Isso no basta, mas me serve,Me alivia,

    Me acalma.Hoje exploses sero criadoras,De novos eus, de outros meus...De dias diferentes desses queVemos j to frios e sem sis.

    Hoje o que ficouNo de tudo importante,

    Mas fuligem seca para soprarE ver vagar pelo espao de nossas casas.

    Hoje vou para o solQue est beira de minha janela,Ver se acordo e se tiro essa poeira

    Que me envelhece at a alma,Ver se descubro nele o que no encontrei

    Na noite passada com voc.

  • 63

    Poesia Esquecida

    A procuraA procuraA procuraA procuraA procura

    A verdade mora em frente de casa,Eu que nunca a vejo ou a sinto.

    Que triste ter tanta torcida pra si e no retribuir com vigor.

    O mar segue em suas ondas contando histriasQue nunca ouvi, vivi, imprimi...Afasto-me sem medo de errar,

    Apenas com receio,Temendo,

    No o obscuro que nos espreita,Mas sim, os olhares de todos que nos julgam,

    E que cravam suas idiasSem mesmo antes ouvir-me.

    O vcuo fez-se agora,Observo-o,

    Sondando-me,Analisando-me,

    Expondo sem pudor sua incerteza.Isso me norteia um pouco, mas sigo.O vento passa, junto traz pessoas

    E desabafos,Choros e glrias.

    Ouo calado a chuva,E vejo pela primeira vez a verdade sair de casa.

  • 64

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Ela acenou com um sorriso,E foi-se no vcuo,

    E deixou o convite ao p.Hoje eu vou procur-la,

    Sem torcida,Sem medo,

    De olhos abertos para o que se anunciar.

  • 65

    Poesia Esquecida

    Rotineiras SensaesRotineiras SensaesRotineiras SensaesRotineiras SensaesRotineiras Sensaes

    Eu adoro ficar assim.Para compor horrvel,

    Para desbravar o mundo desconhecido horrvel, mas eu adoro ficar assim.

    Adoro de toda minha adorao ficar assim.Para escrever no combina, mas bastaficar assim para o sangue fluir sereno,e o estmago de poesia sentir-se cheio.

    Assim que eu adoro ficarNo h outra sensao. Definir?No h definies. No h livrospoemas, espelhos refletindo a almaescondida, que iro definir como

    ficar assim.

    De toda a certeza a que eu mais confio em ficar assim. Ai, se todos ficassem

    Assim, o mundo no seria mundo, seria casa,As pessoas no seriam seres, seriam irmos.

    Se todos ficassem assim.

    E da tristeza vulgar que vem paraMe arrebatar, no tenho mais fobia.

    Basta-me ficar assim, e terrores tornam-sefulgorosas msicas embalsamadas de vigor.

  • 66

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Pena, Deus meu, que ficar assim passageiro, j estou perdendo o brilho

    E a vida, no vou mais ficar assim, e logo, logo,Vou voltar a ser mais um qualquer, sem poesia

    Para dar vida a alegria.

    Ai, como di ficar assim.

  • 67

    Poesia Esquecida

    Poesia transborPoesia transborPoesia transborPoesia transborPoesia transbordadadadadadadadadada

    Estou cheio de poesia.Preciso arranc-la e dar-lhe forma,

    Esculpir, martelar at que o brilho chegue,Mas que seja um brilho calmo, tranquilo, que no me aniquile.

    Estou cheio de poesiaQuero dar essa poesia transbordadaPara voc. Faa o que quiser, rasgue,Queime, amasse, mande pela janela,Ou guarde, eu quero d-la para voc

    Minha poesia.

    Aceite no se sinta assim estranha, s uma poesia. Composta por mos duras,

    Palavras mudas e por um pulso louco.Leia a poesia, arranque dela essa mensagem,

    Que no sei dizer com meus olhos.

    Esta poesia fria simblica. Por entreSeus versos tem um corao quente,

    Um carinho doce e suave, nas entrelinhas,Est meu desejo, mas no sei ser

    Explcito, preciso da poesia para gritar.Eu no sei sorrir sem esta poesia louca.

  • 68

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Nessa estante e nesse livroCheio de pginas, eu queria

    Gravar minha poesia, mas a umidadeSem vergonha no me permite, e

    Minha mo coa e meu corao dispara querendoGravar esta poesia.

    Estou cheio de poesia, tambm estou,Cheio de dor. Vou arrancar os versossem anestesia e transport-lo a voc,

    espero que aceite minha doce poesia transbordada,por estar a tanto tempo contida dentro de mim.

  • 69

    Poesia Esquecida

    SilenciosaMenteSilenciosaMenteSilenciosaMenteSilenciosaMenteSilenciosaMente

    No vcuo silencioso de nossas mentes,Sedentas de inspirao, qualquer que for,Simples, clara, mas que seja inspirao.

    Paira o desejo de expressarAs coisas escondidas nas entranhas do ser.

    Grande caada de palavras, guerra rdua,buscando dar sentido indefinida forma,

    e nesse silencioso vcuo o poeta transfigura-seem mil faces, perdido no labirinto da mais

    dangerosissma faanha de transmitir,do vcuo silencioso, o poema concreto,

    o poema abstrato, o poema Drummondiano,Pessoniano, o poema da forma indefinida das nossas mentes.

    Nessa luta no h vencedor ou derrotado,h s um poeta cansado da guerra eterna,

    contra seus limites de transpor o intransponvelvcuo silencioso de nossas mentes.

    Nota:Poesia escrita por Freitas de Carvalho e Laerte Brando Sancho.

  • 70

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Poeta FugazPoeta FugazPoeta FugazPoeta FugazPoeta Fugaz A Laerte Brando Sancho

    Com as mos tece as linhas,com rebuscados toques compem seus versos.Explode, desencadeia sem medo e divaga,

    com a retrica imperatriz de uma poesia viva.

    Vivo, fugaz, exuberante, teu vigorenobrece cada idia imprimida no frio papel,

    que sorri ao ser acariciado por sua tintas escandalosas.Respirao ofegante e um tremor crnico de um escritor,

    inspiram tuas luzes e tuas palavras.Poeta redivivo de poca urea.

    Liberdade nas palavras, como um pssaro no oceano.

    Escreva!Componha!Teu dom um canto,tua revolta intimao juvenil de um peito novo e velho,

    que esperanoso faz arte, e cria arte, e vive arte.Arte, artista, esculpi a palavra, harmoniza o poema.

    Meus versos nada rebuscados, elogiam tua madura poesia,de um escritor nato, de escola vencida, mas que caminha

    com tuas mos quentes e fortes.

    Abraos. Abraos poticos, abraos de irmo,de amigo, de um vidente que no enxerga

    tua linha do horizonte, por ser vasta.

    Imprima tua poesia enquanto vives,e vivas quando morreres, pois a vida assim,

    (pra quem poeta), cheia de poesia.

  • 71

    Poesia Esquecida

    ExtinoExtinoExtinoExtinoExtino

    Quem voc que da vidaApenas herdara o sorriso

    Amarelo tingido pela seca?

    Quem voc que dos prazeresQue a vida proporciona, somente

    Tem, o de ver os filhos serem alimentoDa fome, e o estmago gritando pauprrimo?

    Quem voc que das alegrias queExistem, a nica que tem o de verO gado morrendo pela seca e palmas

    Virando mistura na mesa da famlia?

    Eu sou a esquecida maltrapilhaA esquartejada de promessas vs;

    Que alimentam espritos, de fEnvenenada que mata a cada dia.

    Sou aquela carta descartada do baralhoMofando na gaveta escondida, dissolvendo-sePelo sol, seca, areia, minguando gota a gota

    Criado da casa de sap que tempera a minha mente.

    Eu sou a nica no planeta, o diferencialDe um pas, de espcie rara que querem extinguir

    Em francos ataques de olhos vendadosDa justia que para todos que no so como eu.

  • 72

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    TTTTTesouresouresouresouresouro Declaradoo Declaradoo Declaradoo Declaradoo Declarado

    No meu quarto distante,est escondido entre os

    mveis empoeirados minhacaixa de tesouro.

    Meu tesouro esquecido eretinto, cheio de dor e mgoa.

    Neste enevoado tesouro, encontra-semeu sonho retorcido, meu desejo oculto.

    Declaro-me fraco. De fraquezaincapaz de demonstrar-se triste.Do amor j desisti, da princesa

    platnica que mora em meu peito,J desisti.

    Neste mundo ermo e gigantemoram as artificialidades, mora ovrus aparente, que domina todo

    o mundo.

    Onde est meu corao perdido,Que esqueci com meus sentimentos?

    Onde est aquele mundo que ospoetas cantavam e recitavam?

    Mentiras!Iludiram-me e esqueceram-se de

    avisar-me.

  • 73

    Poesia Esquecida

    Aquele encontro marcado,aquele beijo prometido,

    aquele verso escrito,e aquele peito vago.

    Todos caram pelo ralodo meu sono.

    Voc est aqui agora na minha frente.Ser verdade? Ser verdico?

    Talvez no seja, real demais paraser verdade.

    um sonho muito bom para sermeu.

    Contento-me com minha caixa detesouro. Contento-me com a utopia.Essa doce neblina que ensurdece,apaga sua aparncia de minha

    lembrana.

    Nesse quarto sem f, nesse olho azul,nesse olho castanho, nessa boca perfeita,

    nessa epifania dura e real, onde estvoc?

  • 74

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Voc que no meu sonhoprometeu aparecer,

    voc que no mar azulme acenou, e com a voz

    mansa disse-me...No me lembro, essa iluso

    apagou minha memria.

    No meu quarto solitrioeu jogo lenha para queimar

    todos esses devaneios incoerentes.

    Declaro-me infantil, insano, romntico,cruel, solitrio. Declaro-me enquadradona minha realidade e preso no montede fantasias. Declaro-me seu e negoat o fim. Declaro-me dolorido e

    insatisfeito, falso e pico.Declaro que j no sei o motivo de tanta

    ansiedade.

  • 75

    Poesia Esquecida

    BotesBotesBotesBotesBotes

    Aboto minha camisa.Meus botes falam-me sobre

    Coisas que nunca vi.Em meu bolso o leno aconchega-se.Com ele cubro as farsas, mantenho-o

    cheiroso para no haver desconfianas.A gravata fina, lao clssico ou simples,

    s enfeite, no me preocupo.E os sapatos engraxados brilham,

    ostentam o seu couro, no sei qual a vida que tiraram,mas hoje andam vivos por a.

    Sobre a escrivaninha papis avulsos,Jogados, amarrotados, que tentam recuperar

    algo que no me contam.O vaso com as flores murchas.

    Percebo a vida como flores, se no h verdadee vida, no h motivo para viver.

    Livros, dicionrios, querem contextualizarpoesias, querem definir meus medos,

    querem em palavras, sentir o que no sinto com o corao.

  • 76

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    A janela escancarada deixa o vento passar,E um frio, quase irresistvel, perpassa

    Minha mente quente e sozinha.O espelho ao lado do quadro sem arte

    Reflete outros espelhos, reflete meus olhos,Reflete paisagens que nunca antes foram contadas.

    Ouo ao longe uma voz, que grita ou canta, Essa voz diz algo endereado a mim, meu sangue

    No decifra essa mensagem.

    Um beb engatinha na sala,Um co pra na esquina e observa

    O correr da vida.Continuo a abotoar meus botes,

    Que me contam das dvidas que deixei passar,Das respostas que no agarrei.

    E avisam-me:- Saia da rotina!

  • 77

    Poesia Esquecida

    Mais dedicaoMais dedicaoMais dedicaoMais dedicaoMais dedicao

    Mas preciso ter mais do que o amorQue voc dedica s coisas que ama.

    Estamos perdidos em arranha-cus,Que contornam nossas estrelas,

    Dos espaos, vagos de sentimentos,Sentimentos vazios de sensaes,

    Pensamentos vagueiam em escurides,Sem rumos, sem caminhos.

    Trilhamos estradas sem direes,Que no nos levam a nenhum lugar.

    Meus sentimentos, so meus sentimentos,Sou eu quem guardo meus sentimentos.

    Nossas famlias esto enquadradas,Por quadrilhas de reflexo de espelhos.

    O ar nos falta, a viso nos deixa, o paladar vai embora e no sequeixa

    Vidros quebrados, janelas e portas arrombadas,Essa a nossa realidade.

    Temos trilhas,Trilhas dos becos,Trilhas paulistas,Trilhas brasileiras.

  • 78

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    No nos basta somente ter corao,Temos que ter sinceridade,

    No que pensar,No que fazer,No que falar,

    No que prometer.

  • 79

    Poesia Esquecida

    ComrcioComrcioComrcioComrcioComrcio

    Feita com Laerte Brando SanchoVamos vender!Vamos divagar!

    Vamos nos perder!Vamos compor as palavras

    Imorais nos livros sem formatos.Vamos ser sociveis!

    Mas no se esquea... Vamos vender!Vamos publicar a estrutura ilgica

    Do poema sem verdades.Vamos nos humanizar,

    E de todas essas iniquidades,Vamos nos tornar irmos!

    Vamos beber o doce veneno do escorpio,Saciar a nossa sede de nescialidade,

    Vamos completar o vazio com epifaniasObscuras de livros completos de parvidades.

    Esqueamos valores e vamos vender!Deixe de lado a moral e vamos vender!

    No importa se o que est escritoSejam s palavras sem razo de existir,

    Simples excrementos em formas de textos,E saiamos rua e vamos vender!

  • 80

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    So Paulo parou!So Paulo parou!So Paulo parou!So Paulo parou!So Paulo parou!Feita com Laerte Brando Sancho

    So Paulo parou!Parou a cidade,Parou a vida,

    Parou So Paulo! So Paulo,Rogai por ns,

    Por queSo Paulo parou!

    Parou com cheiro de sangueQue se espalha pelo vento,

    Parou com o cheiro do medoQue invade nossas casas,

    Consome-nos e nos aprisiona.Parou com a chama dos incendiriosDesordeiros, parou com a omisso

    Silenciosa do poder que se dizMaior do que a prpria vida.

    Parou com a morte estampadaNa primeira pgina,

    Com a noticia de letras sombrias.Parou com a mentira suburbana

    Dos becos paulistas.

    Parou a paulista, parou a IpirangaE Av. So Joo.

  • 81

    Poesia Esquecida

    Escancarou-se a deselegnciaQue era tida como discreta.

    A paulista domstica parou em sua casa,Enquadrada por viles armados,

    Vestidos de mocinhosE pelo descaso da cidade que parou.

    Parou pela bala de guerra,Que era tida como oculta,

    Do motim por deveras esquecido.

    So Paulo parou!

  • 82

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    QuadrosQuadrosQuadrosQuadrosQuadros

    Um quadro. Horizontal esse quadro negro.Muitos nmeros, frmulas, massas, muita fsica.

    Um par de lentes, um culos.O que se esconde por trs desses culos?

    O que so esses olhos murchos e esse jaleco triste?

    Um andar mulambento, quase imvel.A porta que no fecha e bocas ao fundo que no cessam.

    O que so esses coraes angustiados? O que so essas exigncias, essas revoltas,

    E essa gritaria?

    Carteiras, cadeiras, cadernos, canetas.Tudo inexiste por no cumprir sua funo.

    Qual funo desses objetos?Essa massa obsoleta dentro dessas cabeas,

    Demonstra a imensa fraqueza,Demonstra a semente que plantam,

    O futuro que querem,O desejo que consomem.

    Esse cheiro me causa torpor,Minha visa viso trava, sonolenta.

    A conscincia olha abismada o todo.A direo perde-se embriagada

    Em suas frias caninas.

  • 83

    Poesia Esquecida

    Salas cheias, mentes vazias.Conversas futriqueiras,

    Curiosidades da vida alheia.Cabeas baixas e um futuro melanclico,

    Igual ao futuro passado nos espera,Aps as provas do fim de mais um ano.

    Um quadro. Um quadro negro.Retrata a vida, retrata o fundo

    De nossas salas,Retrata o ntimo do nosso nada.

  • 84

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    PiauPiauPiauPiauPiau Feita com Laerte Brando Sancho

    Vou-me embora para o Piau,Pois l no tem guerras,

    Guerras injustas, guerras de fomeE de terras.

    L no tem vandalismos,De movimentos sem causas.

    L no tem pessoas queDestroem umas as outras

    Apenas por diverso.

    Vou correndo para o Piau,Cair no ribeiro,

    Molhar a cara na seca.

    Mas pra falar a verdade,Vou-me embora mesmo,Porque l meu cu azul.

  • 85

    Poesia Esquecida

    A portaA portaA portaA portaA porta

    A porta se abriu,Abriu silenciosa, quieta,

    Mas ouvi a porta que se abriu.Abriu anunciando a chegadaDa menina, o fim do mundo,

    A perna quebrada, a cabea cada.

    Desconcertantes e hesitantes,Umas placas sinalizam,

    No se sabe o que gritavam.Acenando com as letras,

    Talvez mostrassem uma trilha,Um caminho,

    Uma ferrovia falida, ou talvez,Apenas estavam ali, tal qual,

    A porta que se abriu.

    Um tnel no meio da cidade,Um infeliz rico, um mendigo alegre.

    Dois caminhos distintos,Com sorrisos que formavam um paradoxo.

    Aliteraes frias e epopias mornas.Setas, muitas setas, apontavam para

    Escurido do tnel que surgiu,Da porta que se abriu.

  • 86

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Um anncio:Trilhas, rios e mil caminhos.Escolha o seu e entre, e siga,

    E v em frente pela porta que se abriu.

  • 87

    Poesia Esquecida

    Saudade SubliminarSaudade SubliminarSaudade SubliminarSaudade SubliminarSaudade Subliminar

    Todo esse frio carregaEm si uma saudade subliminar.

    Esse tempo todo sensvelAos toques sutis da mo.E na fineza do brao que

    Enlaa o corpo,H um brilho econmico de alegria.

    Pois , saudade no se explica,Saudade se sente, num constante

    Retorcer do estmago,E na quente ansiedade.

    A msica que acompanhaA solido de quatro paredes,

    No atrapalha o correr da gua,Nem o sono mal dormido,

    Nem o telefone mudo, um conjunto to compacto

    E indescritvel, que a pena no pe na peleO desenho mrbido da solido.

    Todo esse carregamento frioNo sublima a saudade em si.

    O dia cinzento da janela pra dentro,E os olhos gripados da boca pra fora,Tem em si mais que ps desconhecidos

    E um dia de espera.O casal da paixo ardente,Arde em mil beijos trocados,Dados, vendidos, repensados.

  • 88

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    As rodas que no trazemMais que mero carregamento inflacionado,

    Tem uma pequena esperana grudadaEm um dos seus orifcios pisoteados.

    Todo esse frio carrega em siUma saudade subliminar.

    Toda essa chuva molha esse cartaz,E essa tristeza do cinzento dia

    Do peito pra dentro.

  • 89

    Poesia Esquecida

    Anedota de um VAnedota de um VAnedota de um VAnedota de um VAnedota de um Violeirioleirioleirioleirioleirooooo

    Sentado com a violaContando as anedotasEm volta da fogueira.

    Fogueira que queima e arde,Explode, desanda em labaredas altas,

    Que levam as histrias,Para os santos em seus santurios.

    Donatrios de tristes fatos,Os ombros cansados,

    Querem ombros para se apoiarem,Querem irmos para descansarem,

    Querem, mas somente querem,E querem muito.

    medo!Esse suor que cai da testa,

    Esse lamento que ecoa nas ruasE entre construes,

    E essa artroseE os nervos inflamados,So dzimos dos fiis.

    E triste, o povo caminhaSob o amanhecer que no amanhece.

    Cad o sol? Sol cad voc?

  • 90

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    As anedotas ficam mais quentes.As brasas, mais secas,

    E ramos ao redor queimam-se.

    O violeiro da noiteApruma-se para o amanhecer.

    Segue na romaria da cidade vulco,Que est ativa e que ferve com gritos.

    Caminha. Suas anedotas esto esquecidas,Junto com a fogueira que ficou para o vento.D o dizimo, d o corpo, a alma, o sangue.Sonha com o palcio, no com o barraco,

    Mas contenta-se com as tbuas.A viola quieta ficou muda.

    Suas cordas observamAs rvores de concretos que do frutos

    A todo o momento.Frutos murchos, ignorantes, frutos podres.

    Observam o violeiro que caminhaEntre os frutos, todavia, no enxergam seus dedos livres,

    Mas sim,Seus pulsos presos e sua cabea baixa,Ajoelhando para a missa do stimo,

    Oitavo, nono dia que no acaba nunca.

  • 91

    Poesia Esquecida

    E tomando a hstia, coberta de farsas,O violeiro vai para as anedotas e para a viola,

    Esquecer do dia que no adia,Esquecer da cidade e do campo,

    E agarrar-se ao sonho da noite passada,E acender a fogueira para que

    Junto com as labaredas vo suas precesE suas splicas, para o santurio,

    Do alto do planalto central.

  • 92

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    InsatisfInsatisfInsatisfInsatisfInsatisfao potico-noturnaao potico-noturnaao potico-noturnaao potico-noturnaao potico-noturna

    Hoje componho minha noite.Hoje o tempo pesado.Os ponteiros seculares.

    Minha noite composta funda, cheia de estrelas,

    cheia de lembranasQue tenho vontade de viver.

    Hoje a msica ressoa,Levada pelos quatro cantos

    At os ventos da brisa da mata.As rvores so teatrais,

    Fazem um grande espetculo.Eu gozo sozinho minha noite.

    Vejo minha noite em seus olhos.Vou tomar outro rumo,Escolher outra trilha,

    Atirar e acertar em cheio meu futuro.Hoje componho a noite cheia

    De pessoas que desconheo suas origens.

  • 93

    Poesia Esquecida

    Baldia.Sales falidos,

    Boa vontade mesquinhaEcoa pela cidade e pela noite.

    Tantos segredos,Tantas cortes,

    Tantas explicaes.Nada de romance, isso dos gentios.Eu fico com minha criao noturna.Feita de leves pinceladas da frtil.Sublinharei ainda algumas coisas

    E no revisarei o poema.

    Hoje, nada me satisfaz.E ningum me chama.

    Amanh ningum me olharE nem me acenar de longe.

    Ontem foi tudo silncioE dormido no sof.

    O grilo apazigua cigarras.Guerras enobrecem os cegos,Gritos acalentam as almas,

    O escuro guia perdidos.

  • 94

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Hoje nada me satisfaz,Nem pessoas, nem bicho.

    Amanh nada soar,Nem msica, nem catapulta

    De conflitos dirios.Ontem tudo foi vestgio

    De caminho que passouApercebido pelos olhos do mar.

    Tantos livros de nenhuma coleoEnfeitam o teto.

    Tantos armrios soberbosQue nem sabem mais o que guardam.

    A infncia me bate na cara,Para me mostrar a saudade

    Que escondida est na minha fraca dureza.Ainda sou sim criana,

    Pedindo colo para algumQue aceite meu pedido

    Infantil de criana que precisaDe colo para dormir.

    O medo ainda companhia na noite escura,E o galo ainda o despertador do sol que dorme no mar bomio.

    Tudo ainda quero o abrao, a noite,A princesa, a mo, o peito, o pulso,

    A vida...Sento hoje, ainda solitrio,

    Esperando o sinal de partidaE o momento da chegada.Esperando a brasa dormir

  • 95

    Poesia Esquecida

    E o frio se mandar para outras cidades.Hoje, nada me satisfaz,

    Nem o texto, nem a poesia.

  • 96

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    FarFarFarFarFardo Pesadodo Pesadodo Pesadodo Pesadodo Pesado

    Cabeas rolam e o olhar-retratoParalisou a cena.

    O peso do fardo alto paraPs to infantis e entre matas fechadas,

    Grunhidos, festa de primatas,rvores rolam em desalinhos.

    Segue oco o peito,E perfumes perfuram o senso.

    Pesado. Mais do que pesado o fardoPara ps to sofridos.

    Festa, me resta, no presta,Esse fardo peso pesado no tem fundo

    E perfumes perfuram a cena do retrato-olhar.

  • 97

    Poesia Esquecida

    Luz do MorroLuz do MorroLuz do MorroLuz do MorroLuz do Morro

    Os carros passam,Pessoas passam

    E tambm faixas.A rua se compe de mil faces.

    Faces espectadoras de pobres picuinhas, De contexto miserveis,

    E de um resto de brasa de um fogoH muito morto.

    Do mar exala-se um cheiro forte de sonho.De saudades mareadas.

    Um cheiro de leo.Somente com o olfato, do muito refinado,

    Para sentir o cheiro doce,De lembranas saudveis e de um puro oxignio.

    As pedras esto mais sensveis eMenos pesadas hoje.

    Cansaram de serem fardos,Querem se transformar em casas.Um corao bombeia sangue ralo.E um olho apalpa a escurido,Quer sentir seus segredos eternos.

    O poema verso a verso se constri,E histrias invisveis ocupam bancos

    De nibus.

  • 98

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Minha porta se abriuE minha passagem chegou,Todavia, no vou correr,

    Nem me desesperar,Bastam meus ombros cansados e minha poesia torta.

    A porta que fique escancarada.

    Alguma luz piscou no morro.Se uma estrela, no sei.

    Se um vaga-lume, no sei.Somente sei que a luz piscou.

    Talvez avisasse um aviso de trmino, de fim.Pois toda poesia e pessoas acabaram,

    Com um singelo apagar de luzes.

  • 99

    Poesia Esquecida

    DescobertasDescobertasDescobertasDescobertasDescobertas

    O homem descobriu. E de descobrir fez hbito.Descobriu o fogo, a arma, a morte, a luz.

    Descoberta atrs de descoberta, descortinandoO encoberto que sempre foi aberto.

    Descobriu gente, gente nova, hbito novo.Descoberta nova. Descobriu a pureza.

    Mas a pureza no fazia parte da descoberta,E o homem se assustou com ela.Ento a pureza foi jogada fora.

    Homem descobrindo homem,Homem conhecendo homem,Homem impondo homem,

    Homem escravizando homem,Homem... Matando... Bicho ou homem?

    Esqueci onde o homem ficou na descoberta.

  • 100

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    CaminhosCaminhosCaminhosCaminhosCaminhos

    por esses campos verdes,Por esses rios que contornam imensides,

    Que deveria correr de mos dadasA humanidade.

    nesse sonho que deveriam caminhar. nesse pensamento que deveriam se apoiar,

    Os seres, ditos, humanos, os seres, ditos, racionais,Os seres, ditos, sentimentais.

    Mas h coisas mais importantes, h os latrocnios,H a morte do futuro em crianas,

    H a fome levando, arrastando, judiando e matando. realmente h coisas mais importantes.

    E todo esse conjunto de juzes sem escrpulos,Que condenam, pois todos cegos so por tiranias,

    E todos os dspotas que aprisionam surdos pelo orgulho,E todos insanos de vcios e orgias.

    a avaliao sem base concreta, o julgamento sem provas distintas,

    Que torna o sonho em utopia,O desejo em quimera,

    De seres que o nico defeito, serem desfavorecidos para a sociedade que o cerca.

  • 101

    Poesia Esquecida

    E a morte vem sem argumentos, sem aviso prvio,Pela mo do que diz ter algum direito,

    Mas esquece-se, a razo no existe por quem luta nesse exercito,Com argumentos com base no preconceito.

  • 102

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Boa noiteBoa noiteBoa noiteBoa noiteBoa noite

    Boa noiteRedijo meus sonhos no momento em que me deito.

    Fao disso meu momento de verdade.Deitado sob estrelas

    E sobre estrelas que esto no cho.Fao disso meu manto, travesseiro e colcho.

    Boa noiteVivo meus sonhos no momento em que me disperso

    Em um mundo estranho e nublado,Feito de trunfos, vitrias, sabores.

    Fao disso meu gosto,Feito de triunfos, viagens, amores,

    Fao distncia com gostoDa terra em que repouso.

    Boa noiteDesenho meus melhores poemas e as mais belas histrias,

    Assim que fecho os olhos para o escuro.Fao disso viajem interplanetria,

    Embarco em naves, navios, nuvens,Durmo com cores, cortes, condes,Fao disso meu momento nico,

    Desbravo o brado e o sentido do escuro.

  • 103

    Poesia Esquecida

    Boa noiteMonto o mais lindo sorriso no momento em que adormeo,

    Sorriso feito de alegria, luz e vida.Fao disso meu guia para o conto,

    Que monto nos meus versos do outro mundoFao disso o sentindo entre o fim e o fundo.

    Boa noiteDurmo com a janela dalma aberta para idias tenras,

    No instante em que pesco coisas novas.Fao disso diverso de criana e motivo de adultoPara a graa que me abraa no instante do sono.

    Boa noiteNo durmo sem o beijo de boa noite

    Seu que levo dentro do peito,No momento em que sonho,

    Viajo, vivo...No breve momento em que em deito.

    Boa noite.

  • 104

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Insondvel VInsondvel VInsondvel VInsondvel VInsondvel Vidaidaidaidaida

    L vem maisUma vez o insondvel

    Atiar a loucura dos brios,As doideiras dos sbrios,

    A indiferena dos mrbidos,Dos fascinados pelo obscuro,Dos aficionados pelo inslito,

    Dos dbeis pelo surreal.

    L vem a vidaA correr desmascarada

    E histrica,A gritar e espernear seus

    Direitos tiranos de governar o destinoDos infelizes com dedos de seus capangas.

    Ah, vida safada e sem vergonha!Ainda hei de peg-la e no haver

    Escndalo que a encobrir.

    L vem mais uma vezA vida a correr desmascarada

    Pelo insondvel,Histrica a gritar e atiar a loucura dos brios,

    Que esperneiam seus direitos.Os sbrios tiranos que governam os destinos

    Com a indiferena mrbida,Capangas fascinados pela vida safada e sem vergonha,

    Mas hei de pegar os aficionados pelo inslito.E no haver escndalo dos dbeis que encobrir o surreal.

  • 105

    Poesia Esquecida

    Passagem da VPassagem da VPassagem da VPassagem da VPassagem da Vidaidaidaidaida

    Passam as horasParolando as vidas,

    Particionando existncias,Subjugadas,Espremidas,Distorcidas,

    Nos campos do nada,Ao tudo que h de vida.

    Percebem-se a ss,Perfilam-se frias,

    Procuram-se ao longe da vida,Escurecida,Enobrecida,Envolvida,

    As horas pesadas dos ponteiros,Dos relgios que marcam fundos passos.

    Passos medidos, sob passos,Param e elevam-se,Pairam e elegem-se,

    Nobres,Pobres,Fortes,

    Os minutos contados dasHoras que adormecem.

  • 106

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Passagem do tempo,Parada da vida,

    Penitncia autoditada,Sorridente,Inconfidente,Demente,

    Passa na passagem das horas,Que brotam da vida passageira.

  • 107

    Poesia Esquecida

    O escuro no me d mais medoO escuro no me d mais medoO escuro no me d mais medoO escuro no me d mais medoO escuro no me d mais medo

    O escuro no me d mais medo.O escuro falso.

    Fosco fogo frouxo

    FracoFcil

    A gua escorre do escuro,A luz encosta no escuro,

    Some evaporada pela densidade.

    O escuro no mais opresso,Dentro dele no h monstro,

    Tudo que h existe,Tudo que existe, h de fato,

    O escuro passageiroParadeiro

    pardia pfiaPontoParvo

    Os passos brotam um a um.O escuro nasce e torna-se gente,

    No meio da floresta, dentro do peito.

  • 108

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    O escuro no mais um grito. silncio rente a dvida.

    melodia fracassada prxima ao sorriso.O escuro aflito

    Afago aclive acostado

    AoiteAfnico

    O amanh declina pungente do cu.O escuro dilacerado vai ao fim.De sua passagem pela terra,

    Pelos olhos do homem.

  • 109

    Poesia Esquecida

    O que queres querida?O que queres querida?O que queres querida?O que queres querida?O que queres querida?

    Querida, enfim, estamos a ss.Enfim, nos olhamos e vemos,

    Que o fogo abaixou,Que a luz apagou,Que a cortina caiu,

    Que o espetculo quer ter fim.

    Querida, tudo isso que vemosE que no sentimos,

    tudo o que interpretamosE no vivemos.

    Ora Querida o desejo de ter,E a vontade de ficar sem.

    Querida, o beijo quer secarE parar, aglutinar-se no pequeno

    Contexto de uma histria passageira.O que queres Querida?

    Querida o sol bateu na janela,E tudo estava ento to triste

    Que eu nem sorri,Que eu nem escolhi um caminho.

    Tua deciso sers fnebre e indecisa?Tua reao sers fingir e fugir,Partindo para longe do que no

    Conhece e nem chegou de fato a conhecer?Teu peito ficar trancado no passado

    Esperando o nada acontecerOu o nada j aconteceu, Querida?

  • 110

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Querida eu olhei o mar.Eu vi alm daquilo que quero enxergar,

    Mas, Querida,No decifrei o que vi,

    Precisamos olhar juntosA vida, as flores, os jardins...Querida hoje no a vi passar

    E no ouvi voc dizer saudade.Querida eu travei na palavra

    No pronunciada o Eu Te Amo,Impedi o Eu Te Desejo,

    E neguei o Eu Quero mais Que Te Tudo,Por orgulho e pro ser fraco,

    E voc Querida, negaste alguma frase,Impediste algum segredo,

    No d chance a algum sentimento?

    Querida, enfim estamos a ss,Para ver a madrugada correr solta,

    As estrelas incandescentes se apagarem,O fogo brotar, a paixo vir e ns observar.

    Enfim, o silncio pra e espera,A palavra-chave,

    Mas Querida de quem a palavra?Minha? Sua?

    Um anjo passara agora,Sentou e disse-me em tom de segredo:

    Felicidade prpria convivncia mtuaE braos dados num caminho sem fim.

    Querida a palavra nossa.Enfim Querida, o que queres querer?

  • 111

    Poesia Esquecida

    Joo VJoo VJoo VJoo VJoo Viajanteiajanteiajanteiajanteiajante

    Joo viajante que caminha p.A p segue a trilha.

    A rua,A estrada,

    O cu,O mar.

    Joo viajante que segue de olhos fechados.Sem luz, pisando em cacos.

    E esse peito, Joo?Seu peito no viaja,

    No segue a embarcao, nem a estrada.

    Ora Joo viajante,No deixe saudades, nem pernas.

    No deixe seus rastros Joo.Tem um horizonte incandescente que lhe espera.

    Veja! Ele acena Joo.

    Joo viajante que carrega fardo no pescoo.Corrente por todos os lados.

    Nada de bagagem, nem de melodia,S correntes.

    Companheiras metlicas dessa peregrinao.Amigas frias, pesadas.Nada de bagagem...

    Um viajante chamado Joo,Passou h to pouco tempo que nem me recordo.

    Seguia uma estrela apagada.

  • 112

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Joo viajante que passeia.Sua chegada no chega nunca.

    Talvez no chegue,Peito aberto sem corao,

    No tem vida.Joo viajante j no aguenta n?

    Hein,Joo?

    - Joo j chegou ao fimE no me contou?

    J esfriou, desistiu, dormiu?Joo viajante como o outro lado?

    Como morrer?

  • 113

    Poesia Esquecida

    Falsa VFalsa VFalsa VFalsa VFalsa Vidaidaidaidaida

    Vida visvel, a vida das ruas,

    Dos papis flutuantes,E dos jornais que esquentam

    Corpos, coraes, mentes.Vida sensvel, o sangue frio,

    E o rolar de olhos pelo escuro,De feridas abertas e moscas zombeteiras,

    Que acordam o sono e sonhos de infelizes alegres.Vida indefinvel,

    o maltrapilho esprito,Os pssaros errantes, de olhos cortados,

    Asas abertas no cho lamacento,O asfalto esburacado,

    E a trilha no mapa cortado,Levam a vida vivida e esquecida,

    Mentira adormecida,No peito de quem vive a falsa vida.

  • 114

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    O mundo e as crianasO mundo e as crianasO mundo e as crianasO mundo e as crianasO mundo e as crianas

    O mundo cai l fora.O mundo cai e crianasO observam cair de seusPedestais homricos...

    O mundo chove quedas,Despedaa um poucoDos quatro cantos,

    De seus inspitos lugares,Suas obscuras grutas.

    Sob os olhos altos e alvosDas infncias que o observamO mundo vai caindo e rolando

    Por tantos ombros,Que j so incontveis os destroos.

    Cai tambm algumas vidas,Esto sujas e tristes, aidticas,

    E esfomeadas, solitriasE sem ningum que as olhe

    Caindo de seus ps desarmados.O destino investi contra tudo

    E o cavaleiro montado em seu cavaloCavalga soturno em volta do mundo que cai.

    Companheiros j se afastaram,Mas ainda no se esqueceram do companheiro

    Que est caindo e nem o percebe.Uma estrela rasga o horizonte.A esperana rasga o horizonte.

    O pedido tambm dilacera o horizonte.

  • 115

    Poesia Esquecida

    Tantos olhos olham esse rasgoQue quase o mundo pra de cair,

    Quase ele continua a ter esperana.Palavras j soaram

    Por todos os lados anunciandoA queda insopitvel do mundo.

    Cordas so jogadas paraAs crianas que observamEsse espetculo em declnio.

    Salvem-se!Salvem-se crianas!Salvem as crianas!

    O mundo est caindo l fora, E crianas caem junto com os destroos,

    Desse mundo cadoDe seus pedestais infelizes e frios.

  • 116

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Pela JanelaPela JanelaPela JanelaPela JanelaPela Janela

    Passa vida,Apita panela,Dobra vista,

    E nada pela janela.

    o correr desvairadoDos cegos das cidades,

    Como cigarras a gritaremAvisando do calor que vem

    De longnquos lugares desse mundoDe meu Deus.

    Um moleque corre agora apavorado,Furtara uma vida num desses becos do diabo.

    Orelha seca, boca mais seca ainda...Foge. Procura abrigo, mas s existe beco,

    S tem beco, s o beco que o acolhe.

    Dobra vista,E nada pela janela,

    Passa vida,Apita panela.

    Agora a fome sua companheira de furto.Furtara agora um sonho de namorados,

    Corre to solto e sem caminho queDeixa rolar pelo cho duro o sonho macio e leveQue furtara com a simples inteno de sonhar.

    No tem maldade o menino,O moleque j no menino,

  • 117

    Poesia Esquecida

    J vida perdida, corrompida, esquecida,Feito a poesia do dia de ao de graas que tudo pago,

    Ou, do natal que tudo onde tudo cobrado.

    Nada pela janela,Dobra vista

    Apita panela,Passa a vida.

    O menino tem olhos escorrendo sal.Testa suando, bufando, acocora-se.

    Olha para trs e no v lrio,No v vida, no tem o menino passado.

    O passado no se lembra de menino algum.Que triste a vida de menino-furto,

    Do furto do menino,Do menino furtado,

    Da meninice furtada.Que triste pular muro,

    Arrebentar joelho e logo levantar,Sem nem prece fazer.

    E nem vista ter para embalsamar-se nas estrelas., menino triste que furta,

    Que aumenta vazio to grande no peito.Menino, um dia muda esse mundo to mundano

    Que de tanta imundice esquece voc menino esquecido.

    Apita panela,Passa a vida,

    Nada pela janelaDobra a vista.

  • 118

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    AmizadeAmizadeAmizadeAmizadeAmizade

    A alegria no ofusca mais a vista,O brilho nasce orgulhoso, contente,

    E com tantos sorrisos sinceros,Impera dentro do peito o corao

    bere, enleado na vida.

    Eterno fato de brincar naAmlgama geradora de amor,

    Intensa hurra a diverso,Uma inocncia irnica, mas

    Ofegante, jovial, vivida.

    Impresso leniente do momentonico, mas verdadeiro e fugas,Assim, no passa como o vento,

    Eterniza-se onde sabemos que noOscilar, podendo fugir da vivncia.

    O querer da tristeza pe-se ao fim,Igualmente ressentimentos que se vo.

    Admirao surgi de cada olhar,Ento talhes fervorosos nascem felizes,

    Um a um no corao quente e vivo.Unvoca vida-amor que admite,Essa xrox de nobre sculo, de

    Uivante zelo que se chama gritanteAmizade

  • 119

    Poesia Esquecida

    Brasil!Brasil!Brasil!Brasil!Brasil!

    Brasil!Que eu possa dormir em teu bero,Banhar-me em seus rios, que meus

    Ouvidos se deliciem com seus cantos.Brasil!

    Quero desbravar tuas terras,Conhecer-te do fim ao comeo,

    E o meio tambm.Brasil!

    Que meus olhos reflitam tuas matas, tua vida.Que meus pulmes se encham do seu ar

    Imantado de flores e cor.Brasil!

    Que tua arte nasa, cresa e multiplique-se,E tua cultura brote na mente e corao,Que o verde e o amarelo tinjam a vida.

    Brasil!Que meus ps marquem tuas areias,

    E meu rosto refresque-se em suas praias,E que suas dunas enfeitem nossas casas.

    Brasil meu Brasil!Que meu corao bombeie teu hino,

    Que meus braos te enlacem num eternoE terno aconchego, de um filho grato.

    Brasil!Que a alvorada venha e ilumine,Que o planalto vigie seus filhos,

    Que a justia d as mos e caminho contigo.

  • 120

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Brasil!Que seja a ptria eterna e o celeiro do mundo,

    Que tuas palavras ecoem pelo universo,Num samba de paz e alegria.

    Brasil!Que teus poemas no acabem,

    Tuas msicas perpetuem, teus retratos se realizem,Teu evangelho se concretize.

    Brasil!Que teu solo tenha mais vida lmpida,Que teu vento seja o mais carinhoso,

    E que teus campos os mais solidrios.Brasil! Brasil! Brasil!

    Que teu ouro seja seu povo,Que teu tesouro seja o sentimento

    De uma nao e o bater de milhes de coraes.Brasil!

    Que esse poema seja a introduoDa melodia de teus anjos, do enorme livro,

    Da infinita ptria que tantos perseguem para morar.Brasil!

    Que continue constante em ser Brasil!Que vivas em cada instante o ser Brasil!

    Que ganhe a felicidade de ser nico ser Brasil!Te amo Brasil!

  • 121

    Poesia Esquecida

    Memrias PostasMemrias PostasMemrias PostasMemrias PostasMemrias Postas

    Pousam-se as memriasVencidas sobre a mesa

    Farta de tdio.Entreolham-se vulgarmenteTodos os sentidos eclipsados

    Nas suas masmorras existenciaisDe sonhos infantis.

    Vai ao longe da leviandadeTudo o que nasce no peito quente e amoroso

    Das memrias derrotadas.Lembranas, relatos, gestos, acontecimentos...

    Todos, em um conjunto frentico,De passos de serviais ingleses.

    O cu pousado sobre cabeas.A garoa agora cai incessante na tarde

    De uma primavera vivida com tanta ansiedade,Desce de suas nuvens cinza-tristes para dar uma sensibilidade

    Na correria da manada.O cabresto sobre nossos olhos cegos no mais nos atrapalha,

    Enxergamos algo, sentimos o escuro,Tudo vem em relato imprimido na fala,Na mente, nas lembranas esquecidas.

    Sem cessar a fumaa sobe cordial e cortesFazer diplomacia ao cu.

  • 122

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    E as memrias na mesaVem avisar-nos

    Do passado corriqueiroQue sobrevive nesse presente

    Humano e cruel.

  • 123

    Poesia Esquecida

    SemSemSemSemSem

    Sem melodia que ressoasse.Somente o silncio.S mente e corao.

    At mesmo as palavrasTinham sentido oculto

    Aos ouvidos que ouviamMais do que o aquele peso mudo.

    Os ouvidos ouviam as fofocas das clulas,As desgraas das famlias,

    A morte chegando,E guerras e monstros marinhosEm seus mundos indivisveis.

    Sem vida que animasse.Apenas pensamentos a vaguearem

    Pescando semelhantes que comprazemDe seus atos e volpias.

    H penas flutuando a Deus dar.Os sbios ditados do senso comum

    So mais compridos em seus sentidosDe sabedoria que pensam os pensadores altivos.

  • 124

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Sem sentido que d razo.Enfim, caminhos a serem escolhidos,

    Divididos, estremecidos,Por ps com estrada definida.

    E fim de carinhos.Mulheres futriqueiras com a lngua solta.

    Crianas enlamassadas jogando sonho em bola.Sinos badalando na cidade,

    Trazendo a calmaria do passado rgido,Os candelabros, o mar selvagem,O recato, a vergonha e sensatez.

    Os sinos tinindo, soando com todo o motivo do mundo,Para chamar os distrados,

    Atrados pelo tesouro do fundo do mar que sobrevive no bolso.A chuva em gotculas vai cobrindo a cidade de uma nvoa

    Fosca e lquida, no entanto, e mesmo assim,No embeleza a poluio mental,

    A exteriorizao do pensamento to humano ainda.

    Sem guas que lavem as almas.A no ser o plasma que cobre ruas imantadas de passos duros,

    Passos egostas, passos que no olham onde pisam.H um ser plasmado com fora do desejo,Que segue o passo de sua bssola tristonha.

    Tudo foge do sentindo que realmente ,E real s a mente,

    De quem sobrevive acima daquiloQue deseja utopicamente alcanar.

  • 125

    Poesia Esquecida

    Um caso, Um homem, Uma esquinaUm caso, Um homem, Uma esquinaUm caso, Um homem, Uma esquinaUm caso, Um homem, Uma esquinaUm caso, Um homem, Uma esquina

    Um homem beirava a esquina.Muito brejo, muita lama, muita vala.

    Cheirando a gole de boteco,E com ps formando passos cambaleantes,

    O homem cruzou a esquina.Mas aquela esquina nunca fora to larga e distante.

    Os olhos no enxergavam o outro lado,Os olhos estavam tortos e o bigode molhado.

    A esquina era profunda, buracos, paraleleppedos levantados,E um sapato furado enfeitava a esquina.

    Grilos verdes e mariposas tristesBuscavam a luz raqutica de um poste velho e falso.

    Naquela esquina a solido era comum,Tambm eram comuns oferendas e velas vermelhas,

    s vezes eram brancas,Mas sempre velas.

    Sapos e rs formavam uma orquestra,Mosquitos cumprimentavam o homem

    Que cruzava a esquina.Esse homem afogava-se em seus bbados pensamentos,

    Embriagava-se em suas lembranas,Mas o fim da esquina no vinha,

    No chegava,No pisava do outro lado o homem.

  • 126

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Pneus cantando, faris apagados,O motorista ia para a esquina.

    Exalando usque, soltando fumaa. No porta-malas vazio s sua noitada.

    E com plpebras pesando toneladas ele sonhou.Sonhou com o carro gritando de dor,

    Passara por cima de algo,Algo que rodopiou, gritou, chorou.Sonhou com lmpadas quebradas,E a natureza ao redor estupefata.Mas a esquina continuara escura.

    Amanheceu. O jornal publicado.Numa coluna da esquerda,Os olhos passam rpidos:

    Um homem morre ao cruzar a esquina.

  • 127

    Poesia Esquecida

    O que gostoO que gostoO que gostoO que gostoO que gosto

    de bom grado e fino modoQue lhe respondo senhora:

    - O que mais gosto noMomento dormir.

    Dormindo, esqueo, pereo, anoiteo.Em pensamentos to meldicos,

    To familiares.Dormindo viajo por todos os bares,Inmeros becos, infinitas trilhas,

    Incontveis ruas brilhantes.Na soneca, no cochilo,

    Ou no piscar de olhos pesados,So meus nicos momentos de prazer.

    Viagens, festas, amores, das histrias mais lindas,Com donzelas sinceras,

    So um pouco do meu sono quandoDurmo em meu sonho.

    de bom grado e fino modoQue lhe respondo senhora:

    - O que mais gosto noMomento dormir.

  • 128

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    EstatsticaEstatsticaEstatsticaEstatsticaEstatstica

    Pensar no infinitos vezes uma atitude

    To subversiva a esse mundo,To medido e mensurado,

    Que me sinto alheio ao todo.Esse sistema que transforma

    Todos em nada, incrivelmente, forte.Suas bases slidas j so difceis

    De dar-lhes idade ou noo de tempo.No quero quantificar minha insatisfao.

    Pelo contrrio.Quero qualificar a satisfao que esse

    Mesmo mundo intransigente me leva a sonhar.Essa rdea curta,

    Esses cabrestos que nos envolvemE guia-nos como cegos, pena ,

    Que outro cego que nos conduz.Batemos contra o muro de regras

    Envelhecidas, calculadas e desprovidasDe utilidade nesse meu mundo que sonho.

    E no final de uma vidaVemos que no fim no vivemos.

    Trabalhamos para criar, procriar, recriar.Esquecemos sossegadamente, que deveramos,Ter criado, procriado e recriado, enquanto,

    Trabalhamos.No h mais arte.

    Nem as crianas as fazem mais.

  • 129

    Poesia Esquecida

    O mundo est cinza,Entre quatro paredes,

    Iluminado por uma telaE enfeitado por um n clssico.

    Mas utilizemos as mesmas ferramentas dele.Quantifiquemos a alegria.Mensuremos a satisfaoDe sorrir, viver, dormir,

    Olhar para o nada,Fazer amor sem regras.

    Talvez esses grficosNo seja necessrio que o faamos,

    Mas, que apenas, fria e atentamente os enxerguemos.

  • 130

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    VVVVVitaeitaeitaeitaeitae

    A vida coisa sria dificil de entender,Te d aquilo que voc

    Deixou pra trs porqueNo quer,

    Agora aqui na frente de devolve.E voc bobo aceita,

    Como se tudo novo fosse.O sorriso est retocado,

    A carcia, poucas reformas.De fato, ela no joga forma fora,

    Mas mudou o tempero.Ah o temperamento!

    to igual que s vezesEsqueo disso, desse (...)A vida no brincadeira,

    coisa sria,Te ensina fora,E voc aprende.

    A ser gente.A ser bicho.

    Do mato e da cidade.Mas s vezes di.

    A vida adaptvel. formosura v-laCorrer dentro de si.Cheia de adereos,Mistrios e lies.

  • 131

    Poesia Esquecida

    Nada torto.Tudo reto e certo,

    Direto e segue em frente.A vida no pra,

    senhora, mas coisinha atual essa a.No precisa de tecnologia,

    No tem preferncia por nada.Cor, sexo ou credo.

    Est em tudo,E no se sabe,

    Mas talvez, at no nada.Essa vida fogo,

    Arde e queima, s vezes esfria e apaga,Vai embora, vira fumaa.

    Mas quando brilha,Eta coisa linda de se ver,To intensa, to majestosa

    Que d gosto de ter.Em si e no resto.

    A vida coisa sriaE dificil de entender,

    No te d nada do que voc pede,Mas tudo o que voc precisa

    E muitas vezes esquece.

  • 132

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    PromooPromooPromooPromooPromoo

    Promoveram-me gerenteSem antes me perguntarem.

    Tenho de administrar meu tempo,Meus recursos, meus medos.

    Planejo tudo, do ttico ao s questes executivas.(Mas no perguntaram se eu queria)

    Elaboro cronogramas,Atualizo agenda,Nem secretaria,

    Supervisor,Ou,

    Auxiliar,Assistente,

    Simplesmente,S.

    No tenho empresa, mas sou gerente.Tomo decises rpidas e dolorosas,

    Demito a mim mesmo e admito outro eu.As funes so as mesmas,

    Sem mudanas,Mas eu quero lucrar,

    Lucrar,Lucrar,Quero,Eu.

    Fizeram-me algo que nem imaginava,Deram-me um cargo, mas no sou

    Por completo formado,

  • 133

    Poesia Esquecida

    Tenho de estudar,Mas mais fcil estagiar na rea,

    Para ir bem no curso.Os ventos mudam e tomo decises,

    Defino padres,Implanto processos,Implemento projetos,

    Invento reunies,Reinvento,Solilquio.

    Incluram-me e eu, sempre eu,No sei aonde que estou,

    Mas tenho algumas ferramentas,Boca, vou a Roma e qualquer canto,Olhos, copio mapas e sigo trilhas,

    Mos, entalho pessoas e crio fantasmas.Mas no tenho um ncleo.

    Faltam-me objetivos,Metas traadas,Organizao,

    Grupo,Equipe,Gente.

  • 134

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    PaixesPaixesPaixesPaixesPaixes

    Paixo aguada e sensvel,Ao mais sutil aroma, arrepia-se,

    Ruboriza-se nitidamente,O corao terno e quente aconchegaEntre as veias, a imagem querida,

    E na mente nada mais cabe,Alm da memria sadia do sorriso mgico.

    Paixo doente,Que envenena o curso da vida,

    Arranca a razo, cega a vontade,Enobrece o mpeto avassalador,

    Estende a mo ao impulso.Nos braos fortes s o vazio.A necessidade abstemia.

    Corta os punhos e enlouquece o sono.Paixo doce,

    Nctar saudvel ao corpo.Adoa, acalma, alavanca, alimenta o esprito.

    Dos anjos amiga,Do peito, inquilina vitalcia.

    Elixir da longa vida.Colori a natureza, harmoniza os sons,

    Compe brilhante, a trilha sonora da jornada.Da secura, nasce a vida.

    Do obscuro, clareia a vista.Do nada, brota a vinha.

    E a colheita feliz e eterna e ensolarada.

  • 135

    Poesia Esquecida

    Paixo humana,Encarna no choro,Reflete no poema.

    Acorda cedo, di nas pernas,Sustenta a caminhada,

    Enternece o mundo cinza.Feita de sangue, quente.Feita natural, salutar.Feita gente, mortal.

    Por toda a vida acompanhaClebre a rotina.Cansa-se fcil.

    Enjoa-se rpido.Esquece-se sem receio.

    Sobrevive de migalhas soltas pelo cho,Procria-se suja pelos cantos da tristeza,Evolui nos encantos do humano corao.

    Paixo,Doena contagiosa,Sem e perptua,Move o mundo.

  • 136

    Renan Reis Freitas de Carvalho

    Prova 02CBJE

    Conselhos da RotinaConselhos