POESIA REALISTA PORTUGUESA

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ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR JOÃO CRUZ Título: Poesia realista revelando a percepção portuguesa do século XIX Disciplina: Língua Portuguesa Professora: Maria Piedade Teodoro Silva Alunos: Bruno Pinto Souza nº 7 Gabriel Nunes Rosa nº 13 Ítalo Delavechia Carmo nº 18 Série: 2º Ensino Médio B

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ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR JOÃO CRUZ

Título: Poesia realista revelando a percepção portuguesa do

século XIX

Disciplina: Língua Portuguesa

Professora: Maria Piedade Teodoro Silva

Alunos: Bruno Pinto Souza nº 7

Gabriel Nunes Rosa nº 13

Ítalo Delavechia Carmo nº 18

Série: 2º Ensino Médio B

Jacareí

2014

Page 2: POESIA REALISTA PORTUGUESA

Sumário

1 Introdução..............................................................................................3

2 Poesia Realista Portuguesa...................................................................................4

2.1 Contexto Histórico do Realismo...............................................4

2.2 Realismo em

Portugal.....................................................................................5

2.3Poesia Realista

Portuguesa...........................................................................7

2.3.1Características da Poesia Realista

Portuguesa................................................................................8

2.3.2 Cesário Verde e Antero de Quental: Poetas do Realismo

português e seus estilos............................................................................8

3. Considerações

Finais...........................................................................................13

4. Referências................................................................................13

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1. INTRODUÇÃO

O objetivo desta pesquisa é aprofundar sobre o tema “Poesia

Realista Portuguesa”, já que o grupo possui a ignorância do tal

tema. Com esse estudo, esperamos obter um conhecimento

mais concreto do tema como obras, representante e o seu

contexto histórico.

A pesquisa irá expor o contexto histórico da poesia realista

portuguesa, conhecer os principais representantes do tal tema

e divulgar as principais obras do mesmo.

O trabalho de pesquisa, logo busca responder as seguintes

perguntas: quais são as influencias no contexto histórico da

poesia realista portuguesa no século XIX? E quanto ás obras,

quais são as principais obras da poesia realista portuguesa?

Quem são os principais representantes da poesia realista

portuguesa?

Espera-se, no final desse estudo, que o grupo possa obter

conhecimento do tal tema.

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2. POESIA REALISTA PORTUGUESA

2.1 Contexto histórico do Realismo

O Realismo tem o seu ponto de partida em meados do século

XIX no continente europeu, os artistas dessa escola literária

abordavam o cotidiano dos ricos e dos pobres. Essa estética

não só ganhou força na Literatura, mas também na Arte. O

Realismo entra em vigor quando a sociedade está vivendo o

nascimento do Socialismo e da Segunda Revolução Industrial.

A escola literária do Realismo é contra os ideais românticos

(Romantismo).

Dessa forma, a produção literária no Realismo surge com

temas que norteiam os princípios do Positivismo. São

características desse período: a reprodução da realidade

observada; a objetividade no compromisso com a verdade (o

autor é imparcial), personagens baseadas em indivíduos

comuns (não há idealização da figura humana); as condições

sociais e culturais das personagens são expostas; lei da

causalidade (toda ação tem uma reação); linguagem de fácil

entendimento; contemporaneidade (exposição do presente) e a

preocupação em mostrar personagens nos aspectos reais, até

mesmo de miséria (não há idealização da realidade).

Os escritores pertencentes ao Realismo pertenciam aos grupos

sociais de origem burguesa e classe média. Sendo assim, a

burguesia tem o papel de assumir o controle das tais

discussões políticas que ocorriam na época por meio deste

movimento literário.

Naquela época, os autores do Realismo procuravam criticar as

estruturas sociais que tinham dominâncias com base em

instituições como a Igreja e a aristocracia. A amizade que unia

muitos dos escritores e demais artistas os tornou porta-vozes

dos ideais que favoreciam o pensamento republicano e liberal,

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pensamentos que eram abordados pelo humanismo das

ideologias socialistas. Também é possível ver no Realismo

uma tendência mais avançada: o Naturalismo, que foi

introduzido por Émile Zola e tem base em ideias científicas da

época, transformando o homem em um objeto a ser estudado,

fruto da realidade que modifica seu caráter de acordo com o

ambiente em que vive e que age condicionado por suas

características biológicas, uma vez que é um animal como

todos os outros.

2.2 Realismo em Portugal

O Realismo em Portugal teve seu início em 1865, uma época

em que liberais e representantes da velha monarquia deposta

em 1820 travavam várias lutas. Foi um movimento de

renovação, uma tentativa de levar Portugal à modernidade,

trazendo ao país, ideias filosóficas e científicas que estava em

alta na Europa na época.

Diante desse contexto, o Realismo português inicia-se com um

enfrentamento entre jovens escritores, que tinham o Realismo

em Portugal como o nome de nova ideia, uma forma literária

preocupada em relatar a realidade, além deles, o Realismo

português contava com os últimos representantes do

Romantismo. Eles criticam o Romantismo pelo seu

esgotamento formal e sua incapacidade de compreender as

transformações políticas em processo. Na vida prática,

condenam a permanência de uma economia ruralista e a

dependência do país das importações de produtos

manufaturados; a corrupção das instituições; e a falta de um

projeto para a Nação.

Esta escola literária teve seu marco inicial com a Questão

Coimbrã, uma polêmica literária travada em jornais que teve

início quando a Geração de 70, um grupo de intelectuais

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composto por Oliveira Martins, Teófilo Braga, Antero de

Quental, entre outros, defensores das novas ideias da época,

recebeu uma crítica do árcade Castilho, um importante

representante do tradicionalismo.

Após esta crítica, Antero de Quental respondeu em carta

aberta com outra crítica, desta vez à censura da livre

expressão e do apadrinhamento que Castilho fazia com seus

seguidores. Entre 1865 e 1866, então, surgiram diversas

publicações de grupos que promoviam ataques, uns

defendendo as ideias tradicionais e românticas, outros as

realistas e modernas. Era o progresso contra o

conservadorismo, o antigo contra o moderno.

2.3 Poesia realista Portuguesa

A poesia realista portuguesa carrega grandes estéticas dentro

dessa escola literária, procurando expor as reformas sociais, se

aproximando de temas do cotidiano (característica da poesia

francesa nesse mesmo momento histórico). Outra marca nesse

movimento literário, fica marcado por conta do autor Cesário

Verde, que aproxima o artista ao homem comum.

[...]

Num cutileiro, de avental, ao torno,

Um forjador maneja um malho, rubramente;

E de uma padaria exala-se, inda quente,

Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.

E eu que medito um livro que exacerbe,

Quisera que o real e a analise mo dessem;

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Casas de confecções e modas resplandecem;

Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.

[...] (VERDE, 1998)

Nesse fragmento, retrata a figura de um homem comum sendo

trabalhador, transformando farinha em pão, sendo assim,

retratada um fato que acontece no cotidiano dos portugueses,

característica presente no movimento literário Realismo e nas

obras e publicações dessa escola literária.

O soneto “Evolução” de um dos principais representantes do

Realismo português, Antero de Quental, aborda as fases da

existência, dizendo estar-se pertencendo aos minerais e

vegetais, logo em seguida, tornando-se ser humano, ficando

próximo das angustias e de sua liberdade.

[...]Fui rocha, em tempo, e fui, no mundo antigo,

Tronco ou ramo na incógnita floresta...

Onda, espumei, quebrando-me na aresta

Do granito, antiquíssimo inimigo...

Rugi fera talvez, buscando abrigo.

Na caverna que ensombra urze e giesta;

Ou, monstro, primitivo, ergui a testa

No limoso paul, glauco pascigo...

Hoje sou homem – e na sombra enorme

Vejo, a meus pés, a escada multiforme,

Que desce, em espirais, na imensidade...

Interrogo o infinito e às vezes choro...

Mas, estendendo as mãos no vácuo, adoro.

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E aspiro únicamente á liberdade.[...] (QUENTAL,

1979)

2.3.1 Características da poesia realista portuguesa

Entre essas características, as publicações em poesia realista

portuguesa dividem-se em vários tipos: algumas com foco na

realidade e na vida cotidiana de diversas camadas sociais

(poesia do cotidiano); outras poesias tem foco político, sendo

uma poesia engajada, com crítica social e um caráter

revolucionário (poesia realista propriamente dita); outras

publicações tem foco nos questionamentos sobre vida, morte e

Deus (poesia metafísica).

2.3.2 Cesário Verde e Antero de Quental: Poetas do Realismo

português e seus estilos.

Antero Tarquíinio de Quental nasceu na ilha Ponta Delgada,

Açores, em 1842. Cursou Direito na Universidade de Coimbra.

Viajou por Paris, Estados Unidos e Canadá e fixou-se em

Lisboa. Participou ativamente da Questão Coimbrã e das

Conferências do Cassino Lisbonense, nas quais adquiriu vários

amigos, como, por exemplo, Eça de Queirós. Deprimido,

suicidou-se em sua terra natal em 1891. Obras: Raios de

extinta luz, Odes modernas, Primaveras românticas, sonetos,

prosas e cartas.

A produção poética de Antero de Quental reflete suas

angústias existenciais e seus conflitos (que o levam ao

suicídio), além de mostrar temática revolucionária.

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Foi um grande sonetista, apresentando momentos iluminados,

otimistas e outros de extremo pessimismo, tomando como

inspiração o filósofo Schopenhauer.

Tese e antítese

Não sei o que vale a nova idéia,

Quando a vejo nas ruas desgrenhada,

Torva no aspecto, à luz da barricada,

Como bacante após lúbrica ceia!

Sanguinolento o olhar se lhe incendeia...

Aspira fumo e fogo embriagada...

A deusa de alma vasta e sossegada

Ei-la presa das fúrias de Medeia!

Um século irritado e truculento

Chama à epilepsia pensamento,

Verbo ao estampido de pelouro e obus...

Mas a idéia é num mundo inalterável,

Num cristalino céu, que vive estável...

Tu, pensamento, não és fogo, és luz! (QUENTAL)

Nesse soneto bastante filosófico, podemos observar o lado

luminoso e otimista de Antero de Quental. O eu lírico defende o

uso do pensamento lógico, que é luz, sabedoria.

Por outro lado, condena as ideias insanas, cheias de fúria,

inclusive as comparando a Medeia, que louca matou seus

filhos, ou mesmo a uma mulher embriagada.

Veja como o poema trata do cotidiano, referindo-se a “um

século irritado e truculento”, que angustiava seus intelectuais.

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O convertido

Entre os filhos dum século maldito

Tomei também lugar na ímpia mesa,

Onde, sob o folgar, geme a tristeza

Duma ânsia impotente de infinito.

Como os outros, cuspi no altar avito

Um rir feito de fel e de impureza…

Mas um dia abalou-se-me a firmeza,

Deu-me um rebate o coração contrito!

Erma, cheia de tédio e de quebranto,

Rompendo os diques ao represo pranto,

Virou-se para Deus minha alma triste!

Amortalhei na Fé o pensamento,

E achei a paz na inércia e esquecimento…

Só me falta saber se Deus existe! (QUENTAL)

Nesse outro soneto, temos um exemplo do lado mais

pessimista e melancólico do poeta. O eu lírico, após ter

renegado a religião, parece que quer se converter, pois não

confia mais na razão: “Amortalhei na Fé o pensamento”, mas

também tem dúvidas sobre a existência de Deus.

José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa em 1855.

Chegou a matricular-se no curso de Letras da Universidade de

Lisboa, mas desistiu para trabalhar com seu pai em uma loja

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de ferragens. Publicou algumas poesias no Diário de notícias,

no Diário da tarde, no Ocidente, entre outros. Morreu de

tuberculose com apenas 31 anos em 1886. Sua obra foi

publicada postumamente em 1887, sendo composta por um

único livro: O livro de Cesário Verde. Além de Camões, é

considerado como uma forte influência na obra de Fernando

Pessoa.

Cesário Verde é conhecido por sua poesia do cotidiano, na

qual situações comuns e banais são poetizadas. Além disso,

seu realismo é expressionista, cheio de emoção.

Veja um trecho do belo poema Sentimento de um ocidental, no

qual o poeta faz um retrato lírico e realista da cidade de Lisboa.

Andando pelas ruas desde o anoitecer até a madrugada, o eu

lírico descreve a realidade de uma cidade já marcada pela

modernidade.

Ao Gás

E saio. A noite pesa, esmaga. Nos

Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.

Ó moles hospitais! Sai das embocaduras

Um sopro que arrepia os ombros quase nus.

Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso

Ver círios laterais, ver filas de capelas,

Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,

Em uma catedral de um comprimento imenso.

As burguesinhas do Catolicismo

Resvalam pelo chão minado pelos canos;

E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,

As freiras que os jejuns matavam de histerismo.

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Num cutileiro, de avental, ao torno,

Um forjador maneja um malho, rubramente;

E de uma padaria exala-se, inda quente,

Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.

E eu que medito um livro que exacerbe,

Quisera que o real e a análise mo dessem;

Casas de confecções e modas resplandecem;

Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe. (VERDE)

Veja como o poeta descreve as ruas de forma grotesca, mas

real, em um ambiente urbano e moderno. Ele critica a

burguesia e o clero, envolvendo as “burguesinhas” e as freiras

em um ambiente degradante e doentio. Observe como as

imagens, sons e cheiros se misturam, despertando vários

sentidos.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o termino do trabalho de pesquisa, percebemos que a

poesia realista portuguesa busca expor a sociedade com a

visão do autor. Um autor que retrata sobre fatos do cotidiano

durante aquela época se chama Antero de Quental, como

relatamos durante esse artigo, um trecho de uma de suas

obras relata sobre a vida de um trabalhador, o poeta Cesário

Verde não é diferente, no poema “Ao Gás” ele relata sobre uma

noite, com o objetivo de fazer criticas ao Clero e a Burguesia.

Sendo assim, podemos concluir que algumas características

dessa escola literária estão presentes em nosso meio

contemporâneo, em algumas outras estruturas linguísticas,

com o objetivo de fazer criticas a sociedade atual com base em

algum fato. (artigo de opinião, por exemplo).

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4. REFERÊNCIAS

• Disponível em: <http://litteraturae.blogspot.com.br/2012/03/poetas-

do-realismo-portugues.html> Acessado em: 2 de Dezembro de

2014

BARRETO, Ricardo Gonçalves. Português Ensino Médio: Ser protagonista 2.

São Paulo SM, 2010

• Disponível em <http://aprovadonovestibular.com/realismo-autores-

obras-caracteristicas.html> Acessado em: 2 de Dezembro de 2014

• Disponível em <http://www.infoescola.com/literatura/realismo/>

Acessado em: 2 de Dezembro de 2014

• Disponível

em<http://www.brasilescola.com/literatura/realismo.htm> Acesado

em: 2 de Dezembro de 2014

• Disponível

em<http://rachacuca.com.br/educacao/literatura/realismo-em-

portugal/> Acessado em: 2 de Dezembro de 2014