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POESIAPOESIA o que o que éé??

LLííngua Portuguesangua PortuguesaMMóódulo Vdulo V

Prof. Samuel KProf. Samuel Küühnhn

Poesia ou Poema?Poesia ou Poema?

verso? estrofe?

rima? tem título?

ritmo?associação de palavras?

sons?métrica?

Isto Isto éé uma poesia?uma poesia?

Isto Isto éé uma poesia?uma poesia?No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra.

Isto Isto éé uma poesia?uma poesia?Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure

Isto Isto éé uma poesia?uma poesia?

Poesia no sPoesia no sééculo XIXculo XIX

No Brasil, hNo Brasil, háá três movimentos amplos que três movimentos amplos que possuem a grande produpossuem a grande produçção de poesia:ão de poesia:

• ROMANTISMO (nacionalista/indianista; mal- do-século; condoreira)

• PARNASIANISMO (poetas ourives)

• SIMBOLISMO (torre de marfim)

Poesia no sPoesia no sééculo XIXculo XIX

ROMANTISMO (nacionalista/indianista)

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores. (...)

Trecho de Canção do Exílio, de Gonçalves Dias

Poesia no sPoesia no sééculo XIXculo XIX

ROMANTISMO (mal-do-século, ultrarromântica)

Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto, o poento caminheiro,

- Como as horas de um longo pesadelo Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh’alma errante, Onde fogo insensato a consumia:

Só levo uma saudade - é desses tempos Que amorosa ilusão embelecia.

Trecho de Lembranças de Morrer, de Álvares de Azevedo

Poesia no sPoesia no sééculo XIXculo XIX

ROMANTISMO (condoreira; poesia social)

Lá na úmida senzala,Sentado na estreita sala,Junto ao braseiro, no chão,Entoa o escravo o seu canto,E ao cantar correm-lhe em prantoSaudades do seu torrão ...

De um lado, uma negra escravaOs olhos no filho crava,Que tem no colo a embalar...E à meia voz lá respondeAo canto, e o filhinho esconde,Talvez pra não o escutar!

Trecho de poesiade Castro Alves

Poesia no sPoesia no sééculo XIXculo XIX• PARNASIANISMO (poetas ourives)

Vaso Chinês, de Alberto de OliveiraEstranho mimo aquele vaso! Vi-o,

Casualmente, uma vez, de um perfumado Contador sobre o mármore luzidio,

Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado, Nele pusera o coração doentio

Em rubras flores de um sutil lavrado, Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura, Quem o sabe?... de um velho mandarim

Também lá estava a singular figura.

Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a, Sentia um não sei quê com aquele chim De olhos cortados à feição de amêndoa.

Poesia no sPoesia no sééculo XIXculo XIXSIMBOLISMO (torre de marfim)

Alma solitária, de Cruz e Sousa

Ó Alma doce e triste e palpitante! que cítaras soluçam solitárias

pelas Regiões longínquas, visionárias do teu Sonho secreto e fascinante!

Quantas zonas de luz purificante, quantos silêncios, quantas sombras várias

de esferas imortais, imaginárias, falam contigo, ó Alma cativante!

CUBISMO E LITERATURA

Guillaume Apollinaire (1898 - 1918)

Poesia PauPoesia Pau--BrasilBrasilpronominaispronominais

Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro.

vvíício na falacio na fala

Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados.

PneumotPneumotóóraxrax, de Manuel Bandeira

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico: — Diga trinta e três. — Trinta e três… trinta e três… trinta e três… — Respire.

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. — Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? — Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Temas:

Paixão pela vida Morte Amor

Erotismo Solidão

Angústia Cotidiano

Infância

PorquinhoPorquinho--dada--ííndiandia, de Manuel Bandeira

Quando eu tinha seis anos Ganhei um porquinho-da-índia. Que dor de coração me dava Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! Levava ele pra sala Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos Ele não gostava: Queria era estar debaixo do fogão. Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas…

— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.

Quadrilha, de Drummond

Publicado em 1930, na obra “Alguma Poesia”, Carlos Drummond de Andrade usa a ironia e a linguagem coloquial.

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história

Cidadezinha qualquer, de Drummond

Carlos Drummond de Andrade constrói a ideia da vida rural, com sua mesmice, mantendo o seu status quo.

Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras

pomar amor cantar.

Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

DDéécio Pignataricio Pignatari

DDéécio Pignataricio Pignatari

No ideograma Bibelô(?)Bibelô(?) (1980), Décio Pignatari funde em montagem metonímica:

pênis, seios e vagina,

são os fesceninos (versos obscenos)são epigramas caligráficos que têm um cunho naïf (arte primitiva moderna) e seu resultado é “tosco”.

Augusto de CamposAugusto de Campos

Augusto de CamposAugusto de Campos

Augusto de CamposAugusto de Campos

Augusto de CamposAugusto de Campos

Pedro XistoPedro Xisto

Paulo LeminskiPaulo Leminski

Parada cardParada cardííacaaca

Essa minha secura essa falta de sentimento

não tem ninguém que segure vem de dentro

Vem da zona escura donde vem o que sinto

sinto muito sentir é muito lento

Paulo LeminskiPaulo Leminski

Razão de serRazão de ser

Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso,

preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece,

E as estrelas lá no céu Lembram letras no papel,

Quando o poema me anoitece. A aranha tece teias.

O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo apenas.

Tem que ter por quê?

Paulo LeminskiPaulo Leminski

Não discutoNão discuto

não discuto com o destino o que pintar eu assino