Poesias - Portal da Educação · Natural de Castro Alves, Bahia, Juvi Barbosa lança seu primeiro...

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Poesias para incluir JUVI BARBOSA PASSOS

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Poesias para incluir

JUVI BARBOSA PASSOS

PrefeitoGERALDO JULIO

Vice-PrefeitoLUCIANO SIQUEIRA

Secretário de EducaçãoALEXANDRE REBÊLO

Diretoria Executiva de Tecnologia na EducaçãoFRANCISCO LUIZ DOS SANTOS

Diretoria de Gestão PedagógicaROGÉRIO DE MELO MORAIS

Gerente de Tecnologia na EducaçãoGUTEMBERG CAVALCANTI

Gerente de Formação de Política de EnsinoGILVANI PILÉ

Chefe de Divisão de Inovação de Tecnologia na EducaçãoMARIA CLEONEIDE ADOLFO BRITO

Chefe de Divisão de Educação EspecialSHIRLEY MOURA

Núcleo de Tecnologia AssistivaADILZA GOMES DA CUNHA SILVA

CAMILA SARMENTOGUSTAVO TAVARES DANTAS

NAIDJA LAUREANO DE SOUZA

Coordenadora de DesignNINA MATTOS

Projeto gráfico e diagramaçãoLAÍS MIRA

Impressão e acabamentoVALDIR CAMILO

Portal da EducaçãoIZABELLA MOREIRA

Poesias para incluir

JUVI BARBOSA PASSOS

RECIFE2017

Dedico esse trabalho aos meus familiares que deram a inspiração necessária para escrever essa obra. Dedico ainda a todos os meus amigos e amigas que me deram a coragem de tocar em frente os desafios de ver para quem não vê.

Dedico também a todas as pessoas com deficiência, seus amigos e seus familiares para, que inspirados no que disse O Padre Zezinho, eles tenham força de amar sem medida e que possam viver no ontem, o hoje em função do depois.

Enfim, dedico essa obra a professora Shirley Moura e toda a sua equipe da Divisão de Educação Especial da Prefeitura da Cidade do Recife que gentilmente abraçou a ideia e rompendo estrada e muro, materializou o sonho que esse poeta cultivou desde os 16 anos.

DEDICATÓRIA

Natural de Castro Alves, Bahia, Juvi Barbosa lança seu primeiro livro de poesias, sob o título de “Poesias para incluir”. Nele ele descreve sobre dores, sonhos, amores e as barreiras que as pessoas com deficiências precisam vencer diariamente, com fé, coragem e esperança. Suas poesias revelam um misto de sentimentos: pertencimento, acolhimento, súplica, inquietude, confissões, negação, aceitação, luta, esperança... Espero que o leitor aprenda um pouco sobre inclusão a partir das impressões de um cego.

Francisco Luiz dos SantosDiretor Executivo de Tecnologia na Educação

APRESENTAÇÃO

PELA MINHA DIFERENÇA EU PRECISO PERTENCER, 8

CONVERSÃO, 9

SÚPLICA, 10

ALÉM DE TUDO, 11

FOI POR CAUSA DE LUÍS, 12

CONVÍVIO INCLUSIVO, 13

OPÇÃO INCLUSIVA, 14

DESCONHECIDO, 15

POR QUE CRISTO NÃO ME CUROU?, 17

INQUIETAÇÃO, 18

CINESTESIA, 19

ACESSIBILIDADE, 20

CONTATOS INCLUSIVOS, 21

CONFISSÃO, 22

FOI POR CAUSA DE MORAIS, 23

SONHO CIDADÃO, 24

O DESAFIO DA SERTANEJA, 25

BELA VISTA, 26

RECUSA, 27

VISUAUDIÇÃO, 28

SUMÁRIO

CEGA PAIXÃO, 29

CONCEITUAÇÃO, 30

DESENCONTRO, 31

CAMINHAÇÃO, 32

INCLUSIVE, 33

ESTRELA DO TEMPO, 34

LIÇÃO INCLUSIVA, 35

OLHOS INCLUSIVOS, 36

DIALÓGO DO PERDÃO INCLUSIVO, 37

QUEM DERÁ, 38

INCLUSÃO VIVA, 39

QUANDO A INCLUSÃO ACONTECE, 40

TOCANDO A ESTIMA, 41

INCLUSÃO DA ESPERANÇA, 42

SONHO DE PERTINÊNCIA, 43

A BENGALA, 44

ERA UMA VEZ, 45

DE REPENTE, 46

MULHER, 47

APRENDA COM O TEMPO, 48

Se meu olho não vê Isso não é uma sentençaPor que tenho vocêPra fazer a diferença

Na descrição da imagem,Ao revelar a paisagemQue me dá tanto prazer!O olho que vêDeve servir ao olho que não vêPortanto experimente essa crençaCompreendendo a diferençaDos que precisam pertencer

Pelos ouvidos que não ouvemVocê precisa querer!Que toda comunicaçãoEles possam compreenderPara que todos sejam iguais

Na sua condição de ser Apesar da diferençaÉ preciso pertencerPelo que aprende pouco Ou parece que nada aprendeuNão lhe trate como loucoNem como se o problema não fosse seuEle não é assim porque quer!Nem assim pediu pra serMas na sua diferença Ele quer te pertencer

Quem anda devagarOu através de uma cadeiraQualquer hora vai chegarMas nunca na derradeiraPor que você vai ajudarSem reclamar de canseira;Se incluindo nessa crençaQue o outro na diferençaTem direito de pertencer

Pela minha diferença eu preciso pertencer

8

Nesse encontro cidadãoOnde conheci vocêFalando-me da inclusãoQue eu não queria saber...

Achava que sua mensagem Nada me transmitiaE que era uma grande bobagemTudo que você dizia

Falava de um estranho povoDe uma igualdade diferenteE que era preciso olhar novoPara acolher essa gente

Que por ai caminhavaSem rumo sem direçãoMas você não se cansavaDe defender a inclusão

Uma inclusão sem jeitoQue eles queriam ter Como garantia de direitoDe com todos conviverÉ um verdadeiro agouroCego, surdo, “mental” e cadeirante...

Gritando com desaforo;Mundo igual ao vidente, ouvinte, “normal” e andante.

Um dia comecei a pensarNos que querem a inclusão;E achei melhor me juntarÁ eles por compaixão

Lembrei-me de Jericó Que tinha um cego na multidãoE Cristo teve dóCurando-lhe a visão

Olha só minha indignação!Quando tive de saberQue a minha compaixãoNão era uma forma de acolher

Acolher para incluirÉ um jeito de fazerO ser humano sentirO direito de pertencer

Pertencer à sociedade,Viver como cidadãoNa sua dignidadeEssa é a inclusão

Conversão

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Pela dor de não ter tido o filho ideal,Pela lágrima chorada no rosto desiludido do sonho,Revelado no olhar tristonho de sofrer com o filho realQue por não ver, ou não ouvir, ou não andar...E parecer menos perfeito,Não lhe dê como direitoUm canto pra lhe isolar

Essa fantasia que te envolveu,No sonho do filho que queria terNão do filho que nasceu!Para te ensinar a serAlguém com mais bondade,E que na sua simplicidade,Fizesse do coraçãoUm lugar acolhedor,De carinho e de amor Próprio para inclusão

Pela dor de carregar Um filho “menos perfeito”,Não faça ele pagarPelo seu preconceito

De ver imperfeiçãoEm não andar, ou não ouvir, ou não ver, ou não pensar do jeito que você quer.A inclusão te pertence mulher!É também problema teuÉ uma luta que tu vences Por que sabe o que já sofreu

Sofreu a solidãoDe cuidar do filho teuE sem a menor razãoTeu companheiro te esqueceuFugiu do compromissoQue ele jurou amor...Agora resta teu filhoPara afagar tua dor.

Mostra então teu brilho!Que trás no coração, Fazendo desta sentençaUm motivo de fé e crença,Na certeza da inclusão

Súplica

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Meus olhos não se abriram,Para contemplar tua belezaMas teve certezaDo que eles viram

Meus ouvidos não ouvirãoSuas palavras de amor,Mas por certo sentiramSeu verdadeiro valor

Na sua profundidadeQue por solidariedadeComigo se juntouPara enfrentar a exclusãoDos que não se sentem pertencer,Ao mundo cidadãoQue você me fez ver

Se minha mente não pensouO que você achava normalNão trate o meu amorComo um problema mental.

Por que se amar é viver Eu te amei como ninguém,Dei-me tanto pra vocêQue me tornei seu refém.

E “preso” numa cadeiraDifícil de caminhar Em forma de brincadeiraVocê brincou de empurrar

Empurrar o meu amorNo canto da solidãoPra viver a minha dorA dor da desilusão

Além de Tudo

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Foi por causa de LuísQue o cego começouAprender tudo que quis!E assim se educou

Mas foi Valentim HaüyQuem primeiro fez verA três cegos que deviamSair das ruas pra ler

Numa tabuleta grafouO sonho que defendiaE com paciência provouNa corte que cego lia

Assim ganhou dinheiro...Fundou uma instituiçãoPra juntar companheirosE lhes dar educação

Tudo aconteceu na FrançaNum tempo muito felizQue nos deram como herançaValentim Haüy e Luís.

Na instituição de HaüyQue recebeu Barbier,Onde conheceu LuísPra falar de um jeito novo de ler

Era sonora a grafiaQue Luís queria adaptar Mas Barbier não permitiaSeu método alterar

Tudo que Luís queriaEra só simplificarA forma que cego liaPra melhor se informar

No seu sonho ele morreuSem ser reconhecido Mas porque o cego leuEle não foi esquecido

Foi por causa de Luís

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Quando eu abri os teus olhosPara a importância da inclusãoEra meu próprio coraçãoAcreditando em vocêQuerendo fazer De mim cidadão...

Meus ouvidos sentiramSua voz dizer Queria aprender Meu jeito de ouvir E falar com você

E quando eu penseiQue tinha uma dificuldade intelectual,Por que eu não seiVocê me tratava legal

Na confusão do recreioVocê sempre arranjava um meioDe me defender,E me dizia...

Que só queria me acolherNa minha cadeira eu caminhavaConversando com vocêQue sempre me cuidavaDizendo que era porque me amavaE por isso ali estavaDo meu lado pra me acolher

Os seus olhos me viramE eu pude enxergarOs seus ouvidos me ouviramE eu quero falarQue a minha dificuldade intelectual,Que você trata tão normal,Eu vou superar

Convívio Inclusivo

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Quem quiser a inclusão tem que terMuita solidariedade Para ao outro acolher No seu convívio de amizade

Sabendo que o outro é diferenteMas é alguém capazDe ser eficienteE acrescentar algo mais.

Algo mais na sua vidaPelo convívio da inclusãoPor uma opção decididaOu por uma grande emoção.

Quem quiser a inclusão tem de entender Que o convívio é desafiador!Por que o outro não é como vocêNem conhece sua experiência de amor

Sendo um ser diferente,É uma atitude inteligenteDecidir pela inclusão.Inclusão porque é gente,Inclusão por que é ação,De ver o outro igualmente No convívio cidadão

OPÇÃO INCLUSIVA

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Quando eu era excepcional,Você ainda não sabiaQue eu era uma pessoa normalE que já lhe compreendia

Compreendia ao dizerQue não podia me ensinarA ler e escrever Porque eu não conseguia falar.

Não falava por que era surdoE minha comunicação era de outro mundoQue você não tinha compreensão

No quadro que você escrevia,Eu não tinha como lerPor que os meus olhos não viamE você não podia dizer.

O braile que eu escreviaEra estranho pra vocêQue dizia que aquelas

bolinhas Só eu conseguia lerCom esse meu jeito Down,Você não queria saberDe me ter como normalE de comigo conviver

A cadeira atrapalhava,Era essa sua falaE, além disso, chocava.Aos outros colegas da sala

Ai veio à integraçãoE a situação já melhorouPorque o cego já liaO braile pra o professor

O surdo já aprendiaUm jeito de falar com as mãosE todo mundo queriaPrestar-lhe muita atenção

O down era integradoNa sala especial Por que ainda não se viaEle como normal

DESCONHECIDO

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Minha cadeira passeavaÀs vezes na sua salaE todo mundo empurravaPara ouvir a sua fala

Que na escola haviaUma sala de integraçãoOnde deficiente aprendiaDesde que prestasse atenção

E a inclusão chegouSem você esperarAgora tem cego, surdo, Down e cadeirantePra você ter de ensinar

Ensinar a toda genteQue tem direito de aprenderConviver com o diferenteMesmo sendo deficiente

Precisa de um olhar profundoBasta que todo mundoFaça do coraçãoUm lugar onde a razãoSe dê na simplicidadeE busque com humildadeFazer a inclusão

Cristo não me curou porque queriaMostrar no mundo real, Que o deficiente podia Viver uma vida normal.

Normal na plenitudeDe com todos conviver, Com coragem e atitudeA inclusão defender.

Porque isso é direitoQue por causa do preconceitoNão se trata por igual,Igual a toda genteQue vive normalmenteSua vida social.

Cristo não me curouPra ninguém entenderQue a amargura e a dorNão somente pra quem não vê...

Cristo não me curouPara você refletirQue a falta de amorÉ pior que não ouvir

Ouvir a voz de quemParece não ser “normal”,É qualquer um é alguém Que é tratado como animal.

Animal quando não se ajudaNa sua inclusão Animal quando se negaUm pouco de compreensão

Porque ele pode ser diferenteSe ao invés do deficiente Se enxergar o cidadão.

Cristo não me curouPra você entender Que é preciso pensarNo outro e acolher Para juntos caminhar.

Caminhar na direção Dos que fazem o dever De lutar pela inclusãoComo forma de pertencer.

POR QUE CRISTO NÃO ME CUROU

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Eu trago uma inclusão inquieta De desafio e de pazDe uma luta incerta Pra quem não desiste jamais.

De quem não desiste de lutarPelo direito de se incluirE sabe que não pode desanimarPorque tem um caminho a seguir.

Inclusão do pobreQue tenha a desfrutar, O que na mesa do nobreSe pode esbanjar.

Inclusão na corMotivo de discriminação, Que o branco se recusouA aceitar o preto como cidadão.

Inclusão de quem escolheuA sua religiãoE por causa disso sofreuEm viver sua opção.

Inclusão do trabalhadorQue teve de ralarSuas mãos calejadas de dorPra um dia poder sonhar.

Sonhar que a inclusãoNão precisava mais terPorque todo cidadãoUm dia podia ser.

O sonho que queriaPoder realizarPorque a cidadaniaOcupou o seu lugar.

Distribuindo justiçaIgual pra toda genteSem ganância sem cobiçaJustiça pra pobre, preto e deficiente.

Assim sobre a inclusão Não é preciso mais falarPorque cidadã e cidadãoJá aprendeu a lidarCom outro achando normalViver do jeito que quiser Tratando-lhe por igual Sendo homem ou sendo mulher.

INQUIETAÇÃO

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Meu olho não viaMas tinha algo em mim que te sentiaE eu nunca poderiaImaginar que te percebiaPela minha cinestesia

Discretamente eu queriaInvadir tua fantasia, Acreditando que eu viaSó porque eu descrevia Sua imensa simpatia

Suas palavras eu não ouvia,Mais te mostrava que entendia As coisas que você diziaPela sua expressão de alegriaE pela minha cinestesia

Mais você nem desconfia...Que eu não ouvia nem viaE aquela minha alegriaEra porque você existia Pra estimular a minha cinestesia

CINESTESIA

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Pelas ruas de minha cidadeLá vai uma pessoa de bengalaFazendo escala Porque na verdade Sua acessibilidade Ainda é uma utopia,Na sua alegria lá vai ela ligeira, Enfrentando barreiras De buracos abertos, No momento incerto Ela pode cair! Ela vai trabalhar Pra se incluir E precisa chegarNa hora de começar.

Lá vai um cadeirante, Disputando a calçada Toda quebradaCom outro andante, Ele vai se tratar Pra melhorar Seu caminhar

Lá vai um homem surdoSem escutar Que todo mundo Quer lhe falar...

Não sei o quê Nem ele tambémSó sei que ninguémConsegue ler E traduzir Na sua linguagem, Essa mensagem Que está no arPra lhe incluir

Lá vai um Down Despercebido Vai tão normal... Tão distraídoNo seu pensar, O que fazer O que falar Quando te ver

Lá vai alguém Passando mal Porque faltouUm hospital Também sobrou Reclamação Porque faltouEducação

ACESSIBILIDADE

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Quando você professor Experimenta a inclusãoTem um sentimento de amorMovido pela emoção

Ao educar um cegoVocê vai ver Que logo é pegoAo se surpreender

Aquele ser Que nunca viuJá aprendeuE você nem sentiu

Quando ele é Down, Sua estranhezaÉ tão normal!Você tem certeza

Que lhe ensinar É meio difícil Mas vai fazer O que for possível

Quando de repente,Olha a surpresa!O down aprende Que é uma beleza

Se é um surdo O que vai fazer?Como ensinar? Se ele não vai lhe entender

Mas quando você aprende Sua linguagem O surdo entende Toda a mensagem

CONTATO INCLUSIVO

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Só cego para entender, As barreiras do dia a dia Que precisa vencer Pra conquistar a cidadania

Você pode e deve ajudarNão como obrigaçãoMas para colaborar Com a sua inclusão

O surdo tem um jeito de comunicarE você deve compreender, A importância de se apropriar Pra com ele conviver

Se o hiperativo parece agitado E precisa de concentraçãoFique mais do seu ladoEle requer mais atenção

E o autista que parece em nada se envolverPõe a prova a sua persistência Testando o tempo inteiro O seu nível de paciência

Você precisa acolherQuem precisa da inclusãoSe seu desejo é verO outro como cidadão.

CONFISSÃO

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Foi por causa de MoraisQue o Soroban adaptou Para o uso do cegoComo aparelho contador

Contador de ideaisQue o cego podia juntarConhecendo os numeraisAtravés do Soroban Pensando como Malba Tahan, Foi por causa de Morais

O Soroban é milenarComo aparelho contador E quando Joaquim conheceu adaptou Para facilitar A forma de o cego calcular

Embora já se soubesseOutro jeito de contarUtilizando o Cubaritmo Que sempre quebrava o ritmo, Quando cubo caia no chão

Morais teve a soluçãoQue o problema acabavaQuando dificultava O cego que calculava

Agora como Malba Tahan falava No homem que calculava, Os cegos podem ser iguaisPor causa de Joaquim MoraisQue o Soroban adaptou Como aparelho contador

FOI POR CAUSA DE MORAIS

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Forrei a mesaComi no chão Mais com certeza Sou cidadão

Mesmo excluído Na minha condição De oprimido Sou cidadão

Se minha corTem discriminação, Na minha dor Sou cidadão.

Se minha deficiência Dói teu coração Não quero com descendência Porque na essência Sou cidadão

Se sou pobre, preto, ou deficienteQuero a inclusão Do mesmo jeito do branco Nobre que se sente Por que sou gente E é urgente Ser cidadão

SONHO CIDADÃO

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Dos dez filhos de DuduQue nasceram no sertãoCinco foram diferentes Vieram sem a visão

O primeiro foi VaváQue teve de nascer,Para na vida enfrentarOs desafios de não ver

Dudu achava estranhoTer um filho que não via, Pensava que era um sonhoCada filho que nascia

E veio uma menina que não viaMais isso não foi fatalQuem perguntava ela dizia: “Se Deus mandou é normal”

Nasceu um outro meninoQue também não enxergava E o povo começou a falarNa cruz que Dudu carregavaO quarto que nasceu sem ver

Aumentou a comoçãoE a irmã de Dudu decidiu acolherDentro do seu coração

Por fim nasceu mais Didi Era cego como o quê,E Dudu começou a sentir Que algo tinha que fazer

Porque em Deus ela confiava Mas por mais que ela rezava, Aí era que Ele mandava Cego para Dudu ter

Ninguém podia preverAquela situação Que dos dez filhos que Dudu ia terCinco não tinham visão

Mas ela se juntou aos parentesE eles lhe deram as mãos Fazendo dos cegos gente Lhes dando educação

O DESAFIO DA SERTANEJA

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Eu venho falar de você, Porque pude perceberNo teu olho que não vê, Uma beleza feminina, De onde se origina Sentidos especiais Sentidos tão percebidos, Pelos que se dizem normais.

Mulher que não vê! Você deve investirNessa beleza que é sua Pra gente poder sentir Você desfilando na rua Assumindo a sua condição de existir.

Mulher que não vê cumpra a exigência!Apesar de sua deficiência, Desconsidere a influência

Na condição de sua beleza,Pois a natureza te deu com certeza, Outros encantamentos de meninaSeja Ana, Maria ou Cristina É uma beleza infinda...Abre os olhos menina linda!

Se tua beleza não foi descrita Porque tem a visão, Não desista de ser bonita Inclusive no coração. Porque é lá que mora a bondadeQue se dá na solidariedadeSendo essa a beleza de verdade.

BELA VISTA

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Pois meus olhos abriram Para poder te enxergar Quando os teus de mim fugiram Querendo me recusarMas eu não desisti De fazer te mostrarQue eu percebiVocê me enganar

Meus ouvidos ouviramVocê comentarQue de mim fugiaPra eu não te pegarPorque eu queria Te namorar

As muletas ampararam A minha desilusão Ao me declararVocê disse não No meu jeito Down De te querer Eu só queria Era você Que me tratouComo anormal Porque eu era Especial

Agora veja O que vai fazerQuando ninguém Quiser você.

RECUSA

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Eu vi o amor de uma pessoa sem visão Que se entregou a outra pessoa sem audiçãoEu via a dor e a emoção Que se uniu pelo amor de um que não ouvia E um outro que não tinha visão

Ele só via Ao te perceber Porque sentia Querer você

Ela só pode ouvirO seu pensarAo decidir Por ele amar

Viveram assimEssa emoção Quando se doaram Em união

Ele sem visão Ela sem audição Ele sentiuQuando ela invadiu O seu coração

E fez morada Por toda vidaA sua amadaTão queridaE esse desejo De ela quererFoi por um beijoQue fez nascer

A sensação Que os envolveuNum grande amorQue não morreu

VISUAUDIÇÃO

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Olha quanta sensação Que sentiu no coração Quando te descobriu Naquela tarde que ele te visitouSeu coração quase parou Quando ele te abraçou E sentiu forte a emoção;E nunca pensou Em viver essa paixão

Ele e ela sem visão Os dois se procuravam Pelo tato de suas mãosQuando eles se tocavam E assim experimentavamToda a sensaçãoQue não dependia da visão E puderam experimentar Através daquele beijoQue eles quiseram darE assim se amaram

Por essa intensa paixão,Juraram que ninguém iria os separarE que seriam a grande sensação De serem felizes mesmo sem a visão

Mas por uma desatenção Tudo se acabou Por causa da invasão De quem sempre contrariou A felicidadeE agora tudo acabou Restando saudadeNo coração de dois amoresSem a visão.

CEGA PAIXÃO

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Quem pensa que não ter visãoÉ uma forma de verO mundo na escuridãoPode deixar de crer

Quem é cego não vê escudoPorque a cegueira não ver corVer preconceito de gente Mais não vê muro Vê sentimento de amor

Quem diz que surdo é mudoAinda não conseguiu pensarQue tem muito jeito no mundo Do individuo se comunicar

A cadeira que carrega o sujeito Não é sinônimo de dor Dor mesmo é do preconceito De quem recusa seu amor

É por isso que a deficiência mental Passou a ser uma dificuldade intelectualPra ninguém achar anormal Conviver com a pessoa especial

Agora que já te falei Dessa conceituaçãoSerá que você aprendeuO jeito de fazer inclusão

CONCEITUAÇÃO

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Se um dia eu te ameiFoi por tua voz angelical,E confesso que erreiQuando entrei no teu mundo real.

Eu nunca pensei,Ao me envolverQue poderíamos Tanto sofrer

Era um grande dilema Que eu viviaAchando que o seu amorNão me pertencia

Quando você me falava De uma outra pessoaEu bem que desconfiava E me sentia a toa

Perdido na confusão Eu me achava Na exclusão E me vingava

Ao te trairEu só queria Fazer sentir Que a minha prisão Em não controlar O meu jeito chão De te gostar

Mas peço perdão Por não poder Meu coração Amar você.

DESENCONTRO

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Foi no ano internacional Da pessoa com deficiência Que o conceito fatalDe ser especial Ganhou uma nova aparência E essa onda de influencia Constituiu a vocação Das pessoas com deficiênciaLutar pela inclusão

Inclusão que nascia Da ideia de emancipação De um grupo que queria Direito de cidadão

É que ninguém queria mais ser Tratado como coitadinho Pelo direito de pertencer Não devia ficar sozinho

Porque ser coitadinho Era superproteção E não era o caminhoQue chegava a inclusão Pernambuco sediou A primeira movimentação Que o grupo organizouOnde nasceu a coalisão.

Nesse tempo se falava Na luta do deficiente Pela sua integração Que mesmo sendo diferente Pelo fato de ser gente Tinha direito cidadão

Depois de algum tempo surgiaNo mundo outra visão, Que a pessoa com deficiência queriaEra mesmo a inclusão

CAMINHAÇÃO

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A inclusão não é somenteUma forma de fazer Com que todo diferenteTenha de conviver

No mundo de iguais Como se fosse simetriaDe experiências normais De sonho e fantasia

A inclusão deve serUma forma de refletir Que todo mundo pode quererUm jeito de existir

Incluir é entãoUma grande convivência Que se da na construçãoDa nossa experiência

Incluir é também Uma forma de acolherO outro como alguém Importante como você

Incluir é portanto Um jeito de tirarO outro do seu canto E com ele caminhar

INCLUSIVE

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Nesse seu aniversárioEu não poderia deixarDe dizer o necessário Porque o resto eu não sei contar

Sei que numa linda e clara manhã de setembroA natureza alegre sorria Porque Deus lhe dava de presente Aquela estrela que luzia

Luzia para dizer E o mundo inteiro escutarQue apesar de não verÉ possível brilhar

E brilhou lá no Rio Grande do Norte Onde ela surgiuMas foi em Pernambuco Que o seu amor se expandiu

Sua coragem de mulher que não vê Nos dá como liçãoA importância de acolherO outro na sua condiçãoNos desafios de mulher que não vê

Caminha com simplicidadeNo seu jeito puro de serLuzia da solidariedade

Seu coração é um templo De carinho, amor e paixão.Sua vida é um exemplo Soa que lutam pela inclusão

Essa estrela que veio do céuPara entre nós brilharQuis ser chamada de mel Porque queria adoçar

A amargura dos que vivemA dor da desilusão E ao enfrentar os desafios desistem Porque lhe falta visão

Essa historia não finda Mas o começo dela não lembro Só sei que essa estrela lindaNasceu em vinte e seis de setembro

Sei que a paz e a alegriaQue podemos contemplarNessa estrela que um diaEntre nos tanto LuziaAprendemos a amar.

ESTRELA DO TEMPO

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Ao teu filho ensinei A importância de ser cidadão Se ele aprendeu eu não sei Só sei que cumpri a missão

Lhe falei de inclusão Como valor de cidadania Que ele precisava entenderPara utilizar um dia

Como valor de solidariedadeDe uma relação de pertinência Com o outro pela igualdadeAinda que tivesse uma deficiência

Ensinei que ser diferente

Era algo naturalPorque bastava ser gentePra ser tratado como igualFalei que o respeitoÉ preciso ter Ao outro porque é direitoDe com todos conviver.

Ensinei que a famíliaTinha muito a fazer Para ajudar a historiaNa formação do ser

Este ser que é seu filho Que você deve ajudarA escola todo diaEnsinando a cidadaniaQue ele deve praticarPara assim se educar

LIÇÃO INCLUSIVA

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Eu e você caminhando nessa crença Lutando pela pertença Cada um no seu jeito de ser.Eu e você envolvido nesse olhar profundoSabendo que nem todo mundo, Aceita o outro na sua condição de ser

Eu e você mesmo pensando diferenteConcordamos que basta ser gente Para então pertencerEu e você nesse laço de amizade Vamos fazer na cidadeA inclusão acontecer

Eu e você tomamos a mesma decisãoDe enfrentar a descriminaçãoDe quem não anda, não ouve ou não tem visão

Mas tem direito a inclusão Eu e você podemos ate entenderQue ninguém precisa saberAs diferenças do seu igualMas não podemos achar normalQue o outro seja ignoradoPor ser diferenciadoE assim lhe ser negadoO convívio social

Porque temos a certezaQue o fato de ser diferenteNão é um erro da naturezaNem se trata de um ser menos inteligenteNós sabemos que basta ser gentePara então garantirA todo mundo que é diferenteO direito de se incluir.

OLHOS INCLUSIVOS

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Quero um pouco de atenção, Para lhe pedir perdãoAs vezes que não dei a mão,Como forma de colaboração,Para suprir a tua visãoQue não podia ver a dimensão Da imagem que eu via. E hoje sei que você poderia Sentir pela audiodescrição Uma grande emoçãoEra a forma como incluir

Eu também peço perdão Quando lhe destrateiPela minha falta de visãoAs vezes que lhe culpeiEra a própria negaçãoDa minha deficiência. Que na minha incoerência Eu buscava afirmação.

E você que não ouviaTambém quero o seu perdãoQuando eu não compreendia A tua falta de audição

E caminhava pra lá e pra cáSem prestar menor atenção Que teu jeito de se comunicarSempre era através das mãos

Eu também quero o teu perdãoQuando me enganei ao sentirQue minha falta de audiçãoEra motivo para você rirE eu desconfiava Achando que você conversava.E mesmo sem escutarPensava que você sempre falava Todas às vezes mal de mimMe perdoe porque eu sempre pensava assim

Agora chega de tanto perdão Por ser especialVamos lutar pela inclusão Com quem se diz “normal”

Construindo uma grande amizadeQue acaba de nascerRica de solidariedade Para eu e você

Desfrutamos a emoçãoDe viver no dia a dia A experiência da inclusãoSonhando com a cidadania.

DIALOGO DO PERDÃO INCLUSIVO

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Quem dera poder sentirO direito de sonharQue a simples condição de existirBasta pra caminharSem barreiras inacessíveis Que criam situações impossíveis Pra gente poder realizar

Quem dera não falar mais de inclusão Porque se pode vivenciar O bem de ser cidadã e cidadãoOnde todos possam desfrutar Dos bens públicos essenciais Em condições plenas e

normaisSem ter do que reclamar

Reclamar da qualidade, da esperança e da atenção.Sonhando com uma cidade... Quem dera respeitando o cidadãoSe sonhar assim pode parecer utópico Não podemos deixar de sonhar que um diaPela luta do povo que sonhouE por isso se organizou E organizando tanto lutouPelo bem da cidadania.

QUEM DERá

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Então viestes assim sem ser compreendidoNo mundo que quisestes pertencer sem ser notado E sem dar ouvidoSem ninguém preparado Pra te entender e te fazer incluído

Mas viestes para demostrar o idealQue supõe um ser inteiramente perfeito Longe, bem longe do mundo real.Que caminha carregado de preconceito

E assim desnudando a fantasia Apresentaste com teu olho que não viaDenunciando que a cegueira mesmo Era de quem não queria Acolher aos que por direito pertenciaAo mundo que todos têm direito de viver;E fazer acontecer

Na mistura das experiências e crençasEm que pode se estabelecer Uma grande convivência

Mas o escândalo foi maior, Quando outro que não ouvia Exigiu não ficar só Porque também pertenciaAo mundo dos que se achavam iguaisEm sonho e fantasiaE distante dos ideaisQue se organizavam na hipocrisia

Mas movido pela utopia Que fez dos sonhos reais Um grito inclusivo anunciouQue toda gente podia Ter a certeza de pertencerAo mundo que transformouE uma vez transformado Cada um podia sentirQue a possibilidade de não se incluirEra algo do passado.

INCLUSÃO VIVA

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Quando você passa na frente da fila por causa da sua deficiência, Ouve sensibilização que não se deu por condescendência Mas pelo respeito a sua limitação Que se construiu na inclusão.

Quando quisestes atravessar a ruaE se alguém te deu a mãoHouve inclusão A quem te apoiou com atenção.

Quando mesmo sem ouvir falar Fez-se atendido ao se comunicar, Houve inclusão De quem quis aprenderTua forma de comunicaçãoQuando alguém empurrou tua cadeira em qualquer direção

Houve inclusão como forma de eliminar a barreira para a sua ascensão Quando juntos e misturados estava o Down E alguém com dificuldade intelectual se fez normal, Houve inclusão Na condição de se viver com quem se diz especialQue se pode sentir Que ser diferente é outra forma de ser igual

Quando pessoas com deficiência motora ou sensorialPodem sentir dificuldades Experimenta a inclusãoQue se faz pela igualdadeDe garantir para a diversidadeUma possibilidadeDe dar condição Pra se educar e se desenvolverPra trabalhar e acontecer. E se formar um cidadão

QUANDO A INCLUSÃO ACONTECE

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Se você acha que a inclusão fracassouE isso te baixa a estima,Se junte com quem tanto lutouLevanta a cabeça e te anima!Pois não se esqueça de lembrarQue essa luta não termina.

Pelo companheiro que acreditouNo projeto da inclusãoEncontre uma boa razãoPara não ter dissaborE creia que essa luta não é em vão

Mas se ainda não houve soluçãoQue fizesse o problema acabarTalvez uma boa reflexãoPode contribuir para

reorientarUma nova direçãoQue possa garantirA forma de libertaçãoQue o povo decidir

E seja qual for o modelo adotadoIndependentemente do nome que for dadoQue se encontre a soluçãoDe garantir ao incluídoIgualdade e sentidoDe justiça e libertação

Enquanto não acontecer,Ninguém pode deixar de sonhar O direito de querer

Eu quero acreditarQue enquanto houver excluídoA voz do povo oprimidoNinguém vai poder calar

TOCANDO A ESTIMA

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Se essa inclusão é suspeita,Não se pode perder a confiançaPois apesar de não ser perfeitaÉ preciso ter esperança

Que os excluídos vão sentirO valor da dignidadeMesmo que a ideia de incluirNão seja o tema da atualidade

Quem foi de outra geraçãoPôde experimentarUm tempo de segregaçãoComo forma de organizar

Os que se encontravam na exclusãoVindos da eliminaçãoDo convívio socialE sabem que a inclusãoÉ o modelo ideal

Mas seja lá qual for o modelo Que vier a existir

Não desista do apelo

De ser notado e se incluir

Sendo importante por que é pessoaE não se pode ficar a toaA margem da sociedadeAcredite na igualdadeComo coisa muito boa

E sendo boa é pra todo mundoComo valor incondicionalVivido a casa segundoA certeza desse ideal

E fale quem quiser falarQualquer um tem a desfrutarDo direito da inclusão.Com qualquer nome que for dadoQue a exclusão seja do passado,E que tenhamos a sensação De construir um novo tempo Onde todos deem exemploDe viver como cidadão

INCLUSÃO DA ESPERANÇA

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Quero sonhar que não seja ilusãoNem se dê como fantasiaO direito da inclusãoComo bem de cidadania.

Quero sonhar que toda cidadeJá aprendeu a construir As vias de acessibilidadePara assim garantirA convivência da diversidadeNo direito de se incluir

Quero gente misturadaPela cor, crença e condição.Ganhando a luta pela meta conquistadaDe não existir mais

discriminaçãoQue por fim se explique o enigmaQue faz tanta diferenciaçãoE que se construa um novo paradigmaOnde todos se sintam irmãos

E na garganta do povo oprimidoEcoe o grito do excluídoEncarnado em cada cidadão

SONHO DE PERTINÊNCIA

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Quando virgem chega a ser brilhante como a lua,Quando desvirginada por causa da companhia suaEla sempre continuaSe pondo a frente a te defenderEla nem quer saberVai desfilando pela ruaCom uma aparência quase nua...E o desejo de te proteger

Antes mesmo de se falar em inclusão Ela sempre se colocou a disposiçãoDo homem e da mulher que não vê

Quando tem uma barreiraEla não quer nem saberDe se lançar de primeiraSó pra te defender

Diante de um lamaçalOu solo baldioTenha certeza que ela vai te avisarAo se jogar no chão bem

sutilVai te dizer para desviar

Se ela se lançar no vácuoAcredite ser um grande inimigoCertamente estas diante de um imenso buracoQue ela já te preveniu do perigo

Sem se preocupar com o reconhecimento Para apoiar o ir e vir de quem não vêÉ a primeira que se escalaDe manhã, de tarde, de noite, em qualquer momento.Mostra poste, buraco, ou o que estiver em movimento.No tinir estridente ela não se calaEm meio aos obstáculos que ela resvala,Tudo que percebe ela fala Grande companheira dos cegos e cegas senhora bengala...

A BENGALA

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Era uma vezEm 1986Duas almas a se encontrar Sem saber em que ia darE foi assim que se fez

Um ao outro a perguntarQual o nome a se chamarQual o melhor jeito de agradarSe podia tudo perguntarSem que nada pudesse frustrar

E os dois a conversarSem nada pretenderMas tinham tanto o que falar...Que acabaram por se envolver

Nenhum dos dois sabia explicarComo pôde acontecerE mal podiam sonhar o sonho de um ao outro pertencer.

A comunicação dos dois era intensaQue já nem precisavam se falarPela relação de pertença

Eles se entendiam só no pensar

Foi quando um dia ele quase a falarO que ele igualmente sentiaMas antes de completarVeio alguém a lhe chamarE ela rapidamente saia

E como não se concluiuO que ela queria dizerUm dia ela ressurgiu Para se esclarecer

E disse o que pensava Mas que ele não levasse adiantePor que ela acreditavaQue era coisa daquele instante

Depois de tanto tempo que passouEles poderam descobrir Que os tantos sentimentos de amor

Que um dia vieram a sentirPodiam agora viverSem jamais desistirEntendendo que talvezPudesse ser a hora e a vezEra uma vez...

ERA UMA VEZ

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De repente ela voltouComo quem reacende uma luzMas logo oscilouComo se sobre ela pesasse a cruz

Que a muito carregavaPela escolha de um grande amorQue a sociedade censuravaPorque ele não enxergavaE ela se curvavaMas um dia ela voltou

De repente parecia reluzente Como uma chama que não se apagavaTrazendo no coraçãoUrgente àquilo que tanto tempo guardavaPara um dia revelarAo seu amor que de tanto esperar Acreditava sonhar inutilmente...Quando um dia tão de repenteEla buscou a encontrá-lo

Para dizer tudo que sentiaE devolver-lhe a alegriaDe crer que valeu a pena esperarDe repente em agonia!Ela desabafavaQue muito se envergonhavaDe tanta hipocrisia Que ela não entendiaPor que tanto a condenavam.

E esse conflito que lhe desafiavaEm meio a tanta dorEla não se cansavaDe buscar o seu amor

Explicando que entendiaMas sentindo as dores que ela sentiaEle tentava lhe consolarDeixando a vontade Certo que esse amor era de verdade.Por que foi sempre o que um e outro quisViver para eternidadeUma vida muito feliz

DE REPENTE

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O que dizer de você mulher?Que és o mistério da fé!Por que o espírito de luzPor ordem do senhor DeusTe enviou o menino JesusMas, se você quando ouvir essa palavra não quiser...E se eu não disser!O que dizer de você mulher?Que tua estima instigante Nos dá coragem para te ir adianteE nos faz ficar de pé!Se ao ouvir essas palavras você não quiser

Mas se eu não disser?

Hoje se faz necessárioComemorar não o teu aniversárioMas tua luta de mulher

Portanto neste dia ainda que você não quiser...Se você puderPela graça e pela féPela bondade que você éDeixa eu te pertencer mulher.

MULHER

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Abra os olhos pra viverÉ preciso despertarPra mais tarde não sofrerEstou tentando te alertar

Cuidado com o destinoQue ele pode te enganarVocê precisa ir em frente,Pois o tempo professorÉ quem ensina muito a gente A amar e dar amor

Com o tempo você vai aprenderCom ele você deve estudarEle diz que pra viver Tem que ser feliz e amar

E vai falando sem pressaAtenção para ouvir A você que se interessaAs escadas vão subirMas ao subir tenha cuidadoPara não escorregarPois a escada está molhadaE você pode vacilarSe escorregar vai pararNo mundo da solidãoDe castigo ficaráPela falta de atenção.

APRENDA COM O TEMPO

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sOBRE O AUTOR

“Sou Juvi Barbosa Passos, nascido em 9 de janeiro de 1969 em Castro Alves, Bahia, filho de Francisco da Rocha Passos e Durvalina Barbosa Passos. A inspiração poética surgiu já na adolescência, aos 16 anos, quando escrevi o primeiro poema Presente de um Colégio que ganhou um concurso de poesia em Salvador na Bahia, também premiado em segundo lugar no concurso de Poesia Nacional no Rio Grande do Sul, promovido pela Associação de Cegos do Rio Grande do Sul.

Sou de uma família de 11 filhos, 5 filhos cegos, 5 não-cegos e uma gestação que não chegou ao final. E foi daí que veio a poesia O desafio da Sertaneja.

Então, a temática da Inclusão já nasce no meio da família, no meio de meus irmãos e eu, vivendo os desafios do dia a dia de ser incluído, numa zona rural, no interior e na comunidade ao entorno.

Trabalho com a Educação Inclusiva na Escola Municipal da Iputinga, fazendo o atendimento das crianças na sala de recurso multifuncional e o movimento inclusivo delas dentro da sala de aula regular através da poesia, da música, da conversa e de histórias. Sou também Coordenador Educacional na Secretaria de Educação de Olinda.”

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Esta obra encontrá-se disponível em versão impressa, digital (no Portal da Educação do

Recife, www.portaldaeducacao.recife.pe.gov.br) e em braille.

NÚCLEO DE TECNOLOGIA [email protected]

81 3355.5464