Policial Militar Acusado de Matar Jovem Com Bata de Borracha
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Santarém, 31 de janeiro de 2014
POLICIAL MILITAR ACUSADO DE MATAR JOVEM COM BALA DE DORRACHA
Rodrigo da Silva promovia desordem e foi contido com um tiro fatal em seu abdômen
Por: Manoel Cardoso
A morte do jovem Rodrigo da Silva Rocha, de
20 anos, conhecido como "Rodriguinho", que
aconteceu por volta de 12h, de segunda- -feira, 27,
no bairro da Jaderlândia, dividiu opinião em
Santarém, no Oeste do Pará. Rodrigo morreu após
ser atingido por um tiro de bala de borracha no
abdômen. Testemunhas dizem que o jovem estava
com uma faca, causando pânico aos moradores da
Rua E, no bairro Jaderlândia, onde durante fuga
foi morto por um policial do Grupo Tático
Operacional (GTO) da Polícia Militar.
Para profissionais ligados a área de Direitos
Humanos, a Polícia Militar agiu com truculência
no caso do jovem, do bairro da Jaderlândia.
Outros episódios envolvendo policiais e a
população foram lembrados por profissionais da
área de Direitos Humanos, como o confronto que
ocorreu no início de dezembro do ano passada, na
orla de Santarém, envolvendo um grupo de
torcedores do Flamengo. Na época, diversas
pessoas sofreram lesões no corpo, após serem
atingidas com disparos de balas de borracha, por
homens do Grupo Tático Operacional.
Ainda no mês de dezembro, outro caso
ocorreu na Avenida Moaçara, no bairro do
Aeroporto Velho, envolvendo policiais do Grupo
Tático Operacional e funcionários da empresa
Carmona Cabrera. Os trabalhadores participavam
de um protesto reivindicando o pagamento dos
salários atrasados junto à empresa, quando foram
atingidos com tiros de balas de borracha e bombas
de gás lacrimogêneo, por homens do GTO.
Durante o confronto, além dos trabalhadores,
jornalistas também ficaram feridos. Muitas
pessoas foram atingidas, inclusive algumas
tiveram que ser atendidas por uma equipe do
SAMU, que se dirigiu até o local, e levadas em
seguida para o Pronto Socorro Municipal.
Profissionais da imprensa, que estavam no
local da manifestação, também foram atingidos,
entre eles a repórter Márcia Reis, que está grávida.
Atingida com estilhaços de bombas em várias
partis do corpo, ela ficou em estado de choque e
com varios ferimentos. Marcia foi levada às
pressas para a maternidade São Camilo, onde
recebeu atendimento. Familiares da repórter
ficaram revoltados e até hoje cobravam
providências contra o que, segundo eles, seria
abuso de poder por parte dos homens do Grupo
Tático.
CASO DO JADERLÂNDIA: Em relação ao
jovem da Jaderlândia, moradores contaram que
acionaram a Polícia Militar, através do serviço
190, do Núcleo Integrado de Operações (NIOP),
que foi até o local com o Grupamento Tático
Operacional (GTO).
Segundo o comandante do GTO, capitão
Wilton Chaves, a Polícia foi informada pelo 190
de que havia um homem ameaçando pessoas com
uma faca e, que ele já havia praticado um assalto
na área. "No local, a guarnição descobriu que ele
já tinha efetuado um assalto usando essa faca e ao
avistar a guarnição ele saiu pulando alguns
quintais. Ele tentou se esconder em uma casa,
sendo que o morador da residência informou à
Polícia", afirmou o militar.
O morador Joab Nogueira, de 21 anos, con-
firmou que Rodrigo estava escondido em um
quarto de sua residência. "Ele estava embaixo da
cama. Eu entrei [na casa] e vi quando ele saiu com
a faca e veio para cima de mim. Ele tentou pegar
pela minha camisa, mas eu saí dele", contou Joab.
O capitão Wilton garante que a Polícia utili-
zou bala da borracha para intervir, após o jovem
ter ameaçado Joab, com a faca em punho. "Ele
(Rodrigo) foi para cima do morador com uma faca
e a guarnição interveio. Foi somente um disparo,
mas infelizmente ele veio a óbito. O SAMU
(Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi
chamado, mas ele morreu durante o atendimento",
relatou o comandante do GTO.
O pai de Rodrigo, José Evaldo Reis da Rocha,
disse que o filho usava drogas. "Ele dava trabalho,
mas nunca chegou a fazer a Polícia ir atrás dele.
Ele chegou a ir em casa, pela manhã, pedir
dinheiro. Acho que era para comprar droga",
relatou. A Polícia Civil foi informada e enviou
peritos do Centro de Perícias Científicas Renato
Chaves (CPC) para fazer pericias no local.
DESORDEM: segundo os moradores desde
as primeiras horas da manhã de segunda- -feira, o
jovem Rodrigo estava perturbando a paz de
algumas pessoas no bairro. Pelo fato de Rodrigo
ser viciado em drogas, ele queria por força
adentrar nas residências para efetuar roubos no
intuito de comprar entorpecentes. Segundo uma
moradora, Rodrigo era viciado em drogas e que,
por esse motivo, vivia roubando nas casas das
pessoas do bairro, e na segunda-feira havia
passado a manhã inteira perturbando a vizinhança.
CORREGEDORIA DA PM ESTÁ
INVESTIGANDO: A corregedoria da Polícia
Militar (PM) investigará os quatro policiais que
participaram da abordagem que terminou com
jovem Rodrigo da Silva Rocha atingido com uma
bala de borracha no abdómen, morrendo no local.
A presidente da Comissão da Corregedoria da PM
em Santarém, Major Cintia Raquel Cardoso,
informou que o comandante do 3o Batalhão de
Polícia Militar, tenente coronel Carlos Risuenho já
repassou o caso para apuração. "O tenente coronel
Risuenho nos informou que foi feita a perícia no
local, com a Polícia, e estamos aguardando a
documentação para dar início à investigação.
Ainda não temos conhecimento de quem são os
militares, mas vamos abrir um inquérito para
apurar esse caso", explicou. O comandante do 3o
BPM informou que além da abertura do inquérito,
os policiais devem ser afastados. "Nós vamos
afastar a guarnição e eles serão acompanhados por
um psicólogo e por um assistente espiritual",
completou.
ARMA NÃO LETAL: O comandante do 3o
BPM explicou que o inquérito também deve
apurar se foi mesmo o tiro com a bala de borracha
que fez o jovem morrer. "Dentro da investigação
vamos procurar saber por que causou o óbito do
Rodrigo". A bala de borracha é usada geralmente
para conter tumultos violentos e manifestações. A
munição é de uso restrito da Policia Militar e só
pode atingir membros e tronco. A de calibre 12
utilizada para conter o jovem. A calibre
12utilizada para conter o jovem, a distância
permitida para se fazer o disparo é de 20 metros. O
caso está sendo investigado pela polícia civil. Com
foto de Elias júnior.