Política de Formação, Identidade e Trabalho...

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Política de Formação, Identidade e Trabalho Docente Prof. Solange Bruno Ruiz

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Política de Formação, Identidade e Trabalho Docente

Prof. Solange Bruno Ruiz

O IDEAL DO PROFESSOR OU PROFESSOR IDEAL – QUAL PERFIL ?

As transformações tecnológicas ecientíficas refletem-se na vida social,atingindo as esferas econômicas, sociais,politico-culturais e educacionais.

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Isso leva a sociedade a se questionar sobre aimportância da escola e do educador.

Será que, devido a essas grandes mudanças, oprofessor passou a ser descartável,desnecessário?

Houve um tempo em que ser professor era teruma profissão altamente valorizada, mas, com opassar dos anos, ela sofreu um desgaste.

Para colocar a profissão de professor emseu merecido patamar é preciso quetodos os profissionais de educaçãoenvolvam-se nela de forma a recuperar ovalor e a estima que merece.

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OBSERVE O TRECHO A SEGUIR:

Em Gabriela, Cravo e Canela (romance de JorgeAmado) há um momento em que a filha de umcoronel diz a sua mãe que pretendia casar-secom um professor. Ao que a mãe retruca,numa clássica lição de realismo politico: “E oque é um professor, na ordem das coisas? Quetem o ensino a ver com o poder? Como podemas palavras se comparar com as armas? Poracaso a linguagem já destruiu e já construiumundos?”. (ALVES,1983,p.24)

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Para Jorge Amado, o destino do educadordepende das respostas dadas a essasperguntas.Como afirma Freire (1996) em seu livroPedagogia da autonomia, ou como citaAlves em conversas com quem gosta deensinar (1983), verdadeiros educadorespossuem uma vocação que nasce de umgrande amor, de uma grande esperança.

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Nóvoa (2001), Alarcão (2003), Libâneo (1998),e Freire (1996), concordam que é mais difícilser professor hoje do que há 50, 60 ou 70anos. Atualmente, o professor deve trabalhar oconteúdo escolhido pelos órgãos oficiais, aoque hoje se agregam a tecnologia e acomplexidade social. Isso gera insegurança àescola, ao professor e à própria sociedade que,por vezes, não sabe o que esperar da escolanem quais os objetivos que esta deveperseguir.

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Por isso, é necessário que a formação doprofessor seja continuada, começando nasinstituições de formação inicial e seestendendo ao longo da vida profissionalcom práticas de atualização constante.

Juntamente com a formação inicial(formal), a formação contínua deveestender-se à escola.

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O estudo, a reflexão e o aprofundamentoteórico docente devem estar voltados àescola onde o professor exerce suaprofissão. Ele deve ter o intuito deestudar, discutir e aprofundar asquestões do ensino de aprendizagens,escolhendo lá os meios e os métodosadequados, sem desprezar nesseprocesso as parcerias com outrasinstituições de diferentes níveis.

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A situação socioeconômica mundial – e,por extensão, a nacional, estadual emunicipal – de uma forma ou de outraabala e influência o papel do professorem sala de aula.

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Mas é possível hoje definir com clarezaa identidade e o perfil de um professorideal necessário para atender àsnecessidades impostas pelacomplexidade social sem a permanenteeducação continuada?

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Delinear as características de um professorideal ou de uma educação melhorada não éuma tarefa fácil.

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Essas qualidades devem ser adaptáveis aoperíodo histórico, à realidade da escola,ao tipo de ser humano que se desejaformar, aquilo que influencia noconhecimento do entorno da escola e dossaberes a ele atrelados; devem seradaptadas às necessidades socioculturais,econômicas e tecnológicas advindas daglobalização.

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Por isso, exige-se agilidade da escolapara que se situe nesse processo maisamplo.

QUALIDADES DO PROFESSOR PROGRESSISTA

O educador brasileiro Paulo Freire (1996)diz que as qualidades do professorprogressista vão sendo construídas naprática pedagógica, coerentemente com asua opção politica, de natureza crítica.

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HUMILDADE

Essa característica exige do professorcoragem, confiança em si mesmo, respeitoa si e aos outros; não significa acomodaçãoou covardia.

O professor que tem humildade entendeque ninguém sabe tudo, assim comoninguém ignora tudo.

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Não há como conciliar a “adesão aosonho democrático, a superação depreconceitos com a postura humilde,arrogante, na qual nos sentimos cheiosde nós mesmos” (FREIRE, 2003,p.56).

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Freire afirma que o bom senso é um dosauxiliares fundamentais da humildade,porque adverte quando o professor estáperto de ultrapassar os limites a partir dosquais se perde.

Para o autor, “uma das expressões dahumildade é a segurança insegura, acerteza incerta demasiada certa de simesmo”(Freire, 2003,p.56).

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AMOROSIDADE

Para Freire, a prática docente semamorosidade, tanto pelos alunos comopelo processo de ensinar, perde o seusignificado.

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CORAGEM

Para o autor, a coragem de lutar está aolado da coragem de amar.

O professor não tem que esconder seustemores, mas não pode deixar que eles oimobilizem.

A coragem emerge no exercício do controledo medo.

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TOLERÂNCIA

Para Freire (2003,p.59), “a tolerância é avirtude que nos ensina a conviver com odiferente “. Sem ela é impossível desenvolveruma prática pedagógica séria, e umaexperiência democrática autêntica torna-seinviável.A tolerância possibilita aprender com odiferente e requer respeito, disciplina e ética.

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OUTRAS CARACTERISTICAS DO PROFESSOR PROGRESSISTA

Segundo Freire (2003), decisão,segurança, tensão entre paciência eimpaciência e a alegria de viver sãoqualidades que estão agrupadas,articuladas entre si.

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A capacidade de decidir do professor éimprescindível para seu trabalho educativo.

Se ele não for capaz de fazer decisões, osalunos podem entender deficiência comofraqueza moral ou incompetênciaprofissional.

No entanto, ele não pode ser arbitrário emsuas decisões.

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Segurança, como qualidade do professorprogressista, exige competência científica,clareza politica e integridade ética.

Para Freire, o professor não terásegurança de seu trabalho pedagógico senão souber fundamentá-locientificamente ou se não entender porque e para que o faz.

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A tensão entre a paciência e a impaciência, constitui-se, segundo Freire, como umadas qualidades fundamentais do professor.A paciência não pode ser separada daimpaciência.A paciência, sozinha, faz o professoracomodar-se, renunciar ao sonhodemocrático, imobilizar-se, faz com que oprofessor tenha um discurso enfraquecidoe conformado.

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A impaciência isolada, por sua vez,ameaça o êxito da prática docente com aarrogância do professor.

Para Freire (2003,p.62), “a virtude está,pois, em nenhuma delas sem a outra,mas em viver a permanente tensãoentre ela”.

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A parcimônia verbal, vincula-se à tensãoentre a paciência e a impaciência.

Quem assume tal tensão só perde ocontrole sobre sua fala em situaçõesexcepcionais, raramente excede os limitesdo seu discurso, que é enérgico, masequilibrado.

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Freire (2003) afirma que educando comhumildade, amorosidade, coragem,tolerância, competência, capacidade dedecidir, segurança, ética, justiça, tensãoentre paciência e impaciência, parcimôniaverbal, mesmo com falhas e incoerências,mas com disposição para superá-las, oprofessor cria uma escola feliz e alegre.

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Hoje, espera-se do professor o preparoteórico-prático capaz de superar afragmentação entre os domínios doconhecimento, para que ele alcance umavisão interdisciplinar.

Para tanto são necessárias, segundoLibâneo (1998, p.30-31), exigênciascomo:

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• Conhecer estratégias de ensinar e pensar,ensinar a aprender a aprender pode-seaprender a aprender de muitas maneiras,inclusive mediante o ensino.

Estratégias de aprendizagem são “aestruturação de funções e recursos cognitivos,afetivos ou psicomotores que o individuo levaa cabo nos processos de cumprimento deobjetivos de aprendizagem” . Libâneo(1989,p.30-31)

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Ensinar a pensar exige dos professores oconhecimento de estratégias de ensino e odesenvolvimento de suas própriascompetências do pensar.

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Segundo Leite (2006), [...] se o professornão dispõe de habilidades de pensamento,se não sabe “aprender a aprender”, se éincapaz de organizar e regular suaspróprias atividades de aprendizagem, serápossível ajudar os alunos apotencializarem suas capacidadescognitivas.

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• Ensinar a pensar criticamente – oprofessor deve ser capaz deproblemalizar situações de pensarcriticamente, de aplicar conceitos comoforma de apropriação dos objetivos deconhecimento a partir de um enfoquetotalizante da realidade.

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• Desenvolver a capacidade comunicativa– o professor deve atentar-se a outrosmeios de comunicação – formas maiseficientes de expor e explicar conceitos ede organizar a informação, de mostrarobjetos ou demonstrar processos – edominar linguagem informacional, apostura corporal, o controle da voz, oconhecimento e uso dos meios decomunicação na sala de aula.

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• Reconhecer o impacto das novastecnologias na sala de aula – a escoladeve, segundo Leite (2006), aproveitar ariqueza de recursos externos paraorientar as discussões, preencher aslacunas do que não foi aprendido eensinar os alunos a estabelecer distanciascriticas com o que é veiculado pelosmeios de comunicação.

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Além de fazer parte do conjunto dasmediações culturais que caracterizam oensino, os meios de comunicaçãopodem ser usados como recursodidático.

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• Atualização científica, técnica ecultural – formação continuada – oexercício do trabalho docente requerum esforço continuo de atualizaçãocientifica na área de conhecimentodominada pelo professor e em outrasáreas relacionadas, bem como aincorporação das inovaçõestecnológicas.

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Para Leite (2006), [...] o professor precisajuntar a cultura geral, a especialização ea busca de conhecimentos conexos comsua matéria, porque formar o cidadãohoje é, também, ajuda-lo a se capacitarpara lidar praticamente com noções eproblemas surgidos nas mais variadassituações, tanto do trabalho quantosocial, culturais, éticas. [...]

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Essa atitude implica em saber discutirsoluções para problemas a partir dediferentes enfoques(interdisciplinaridade) , contextualizar oobjeto de estudo em sua dimensão éticae sociocultural, ter capacidade emequipe.

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• Integrar a dimensão afetiva noexercício docente - a aprendizagem deconceitos, habilidades e valores estáenvolvida com sentimentos ligados àsrelações familiares, escolares e aosoutros ambientes em que os alunosvivem.

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Para proporcionar uma aprendizagemsignificativa aos seus alunos, o professordeve conhecer e compreender osinteresses, necessidades e motivaçõescaracterísticos de cada um; deve tercapacidade de comunicação com o mundodo outro, sensibilidade para situar arelação docente no contexto físico, sociale cultural do aluno.

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• Desenvolver comportamento ético –segundo Libâneo (1998), é saber orientaros alunos em valores e atitudes emrelação a vida, ao ambiente, às relaçõeshumanas, a si próprios.

O professor não é apenas aquele quetransmite o conhecimento, mas, sobretudo,aquele que subsidia o aluno no processo deconstrução do saber.

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Para tanto, é imprescindível que oprofessor domine não apenas umconteúdo de seu campo específico, mastambém a metodologia e a Didática namissão de organizar o acesso dos alunos aosaber.

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E não apenas o saber específico dedeterminadas matérias, mas o saber paraa vida; o saber ser gente, com ética,valorizando a vida, o meio ambiente, acultura.

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Mais que transmitir conteúdos dasdisciplinas programadas para odesenvolvimento intelectual dahumanidade, é necessário ensinar osalunos a serem cidadãos, mostrar a elesseus deveres e direitos.

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O professor deve trabalhar valores paraformar pessoas que saibam aimportância de respeitar, ouvir, ajudar eamar o próximo.

Paulo Freire (1996, p. 106) diz:

“Me movo como educador, porqueprimeiro me movo como gente”.

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O professor mediador ajuda seusalunos a desenvolver as competênciasdo pensar a medida que propõeproblemas, dialoga, ouvindo-os,ensinando-os a argumentar, abrindoespaço para que expressem seuspensamentos, sentimentos, desejos, demodo que tragam para a aula suarealidade vivida.

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Barreira (2006) afirma que, para queuma aprendizagem ocorra, ela deve sersignificativa, o que exige que seja vistacomo a compreensão de significadosrelacionando-se às experiênciasanteriores e vivências pessoais dosaprendizes, permitindo a formulação deproblemas desafiantes que incentivem oaprender mais;

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o estabelecimento de diferentes tipos derelações entre fatos, objetos,acontecimentos, noções e conceitos,desencadeando modificações decomportamentos e contribuindo para autilização do que é aprendido emdiferentes situações.

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Nóvoa (2006), enumera duascompetências necessárias para a práticado professor:

*Organização: que consiste em ordenaraprendizagens usando novos meiosinformáticos da organização da escola, daturma ou da sala de aula, extrapolando osimples trabalho pedagógico, sendo maisdo que um simples trabalho de ensino.

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*Compreensão do conhecimento: emque não basta que o educador o detenhapara transmiti-lo em sala de aula, mas queo compreenda, possibilitando assim a suareorganização e reelaboração para umatransposição didática, ou seja, adaptando-o à sua capacidade de ensinar a um grupode alunos.

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Para Tramontin (2006), o professor precisa:

• ensinar com rigor e responsabilidade; sabercomunicar a matéria e variar os métodos deensino; dar lugar as trocas de ideias; fomentaro trabalho intelectual; ter uma preparaçãoespecifica, fazer e apoiar a investigação; estaratento à competição e à prestação individual;ter liberdade de orientação e opiniãocientífica; estar a serviço da sociedade;

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• deve saber se comunicar, falar, ouvir, calar-se, perdoar e compreender a dialética doprocesso ensino-aprendizagem;

• precisa saber dialogar, saber perguntar ereconhecer as próprias limitações, motivar,ter bom humor para enfrentar desafios;

• deve ser organizado, disciplinado e trabalharem equipe, saber gerir seu tempo e o tempocoletivo;

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• deve ser tolerante, ensinar pelo exemplo emanter-se sempre atualizado; deve serprovocador, desbravador, mediador, deve amara si mesmo, a sua profissão e seu trabalho, terprazer no convívio com os colegas e com osalunos;

• deve ser capaz de sorrir, chorar, estender amão, ter dignidade, coragem para dizer sim epara dizer não, ter consciência que é serhumano com virtudes e defeitos, que possui amissão de EDUCAR.

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Podemos resumir que para Tramontin (2006) o professor ideal deve:

• ser um educador;• conhecer o universo do educando;• ter bom senso;• permitir e proporcionar o desenvolvimento

da autonomia do aluno;• ter entusiasmo, paixão;• vibrar com as conquistas de cada aluno;• não discriminar ninguém;

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• não privilegiar nenhum aluno em detrimentode outro;

• ser politicamente participativo;• emitir opiniões que tenham sentido aos

alunos, ter consciência que é um líder e tem aresponsabilidade em conduzir seu aluno noprocesso de crescimento humano, formaçãode cidadãos e futuros líderes.

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Ninguém se torna um professor perfeito.Aquele que se acha perfeito acaba setransformando num grande risco para acomunidade educativa, porque é incapazde rever seus métodos, de ouvir outrasideias, de tentar ser melhor.

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O verdadeiro educador é aquele que:percebe a relação entre educação familiare ensino; assume a responsabilidadepedagógica pelo que faz; cria umaatmosfera pedagógica positiva;compreende as diferenças sócio-culturais;identifica necessidades de cuidadossócio-pedagógicos especiais; estimula otrabalho independente e incentive acooperação entre alunos.

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A formação reflexiva do professor

Acompanhamos o momento em que a eraindustrial foi substituída pela era doconhecimento e da informação.

Trata-se de um período de muitas eprofundas mudanças, no qual Educação éapontada como o ponto-chave para odesenvolvimento do ser humano e de suavivência na sociedade.

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A partir das mudanças e consequênciasdessa realidade, temos a obrigação depensar na “escola”, temos de olhar novasformas de pensar e viver a realidade e, emespecial, nos preocupar em saber como oprofessor atua em sua profissão,

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como as escolas se redimensionam e seadequam a contemporaneidade,procurando perceber como os membrodessa comunidade escolar se posicioname se definem como “investigadores”frente aos fenômenos que seapresentam.

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Para que esse quadro assim se configure,é preciso buscar uma nova maneira depensar a escola, a formação, o currículo, aprática pedagógica e a maneira como osestudantes assimilam essa ruptura para acompreensão dos fenômenos queocorrem.

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Para tanto, é importante que se busqueuma escola e um professor reflexivo, quepensa sobre si mesmo, que compreendaa função social do ensino, que defina emseu interior o tipo da escola e para que aqueremos, bem como sua repercussãono meio sociocultural.

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Foi Donald Schon quem idealizou o conceitode professor prático-reflexivo.

A escola deve abrir espaços para que sejamproporcionados aos professores momentosde reflexão sobre a prática pedagógica. Issopode acontecer individualmente ou pordisciplinas afins, o que efetiva a Educaçãocontinuada na escola, sob a responsabilidadedesejada da supervisão escolar.

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Nesse sentido, Schon (1997, p. 87 apud NEVES, 2006) dizque:

[…] nessa perspectiva o desenvolvimento de umaprática reflexiva eficaz tem que integrar o contextoinstitucional. O professor tem que se tornar umnavegador atento a burocracia. E os responsáveisescolares que queiram encorajar os professores atornarem-se profissionais reflexivos devem criar espaçosde liberdade tranquila onde reflexão seja possível. Estessão os dois lados da questão – aprender a ouvir os alunose aprender a fazer da escola um lugar no qual sejapossível ouvir os alunos – devem ser olhados comoinseparáveis.

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Falar em prática reflexiva pressupõeentendê-la como atitude que possibilitaao professor voltar-se sobre si mesmo,sobre sua prática e sobre sua ação deforma analítica, a fim de identificarlacunas e, a partir delas, repensar o seufazer docente.

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A reflexão sobre a prática pedagógica ea pesquisa em sala de aula tem seintensificado entre os professores dediferentes níveis; ambas são, narealidade, processos correspondentesentre si.

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Segundo Alarcão (2003), a noção deprofessor reflexivo baseia-se naconsciência de capacidade depensamento e reflexão, que caracterizao ser humano como criativo e nãocomo mero reprodutor de ideias quelhe são exteriores.

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Alarcão, ainda completa:

[…] a reflexão é, no dizer do grande filósofoeducacional americano John Dewey (1933), umaforma especializada de pensar. Implica umaperscrutação activa, voluntária, persistente erigorosa daquilo em que se julga acreditar oudaquilo que habitualmente se pratica, evidenciaos motivos que justificam as nossas ações ouconvicções e ilumina as consequências a queelas conduzem.

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Pimenta (apud Pimenta; Ghedin, 2002, p.35),contextualiza a aceitação da proposta doprofessor reflexivo no Brasil e explica-anão só pela historia da formação deprofessores, mas também pelaspreocupações temáticas que configuram oatual panorama político brasileiro.

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A partir do exposto, Pimenta afirma quepodem ser apontadas as seguintes razões:

• A valorização da escola e de seusprofissionais nos processos dedemocratização da sociedade brasileira; acontribuição do saber escolar na formaçãoda cidadania; sua apropriação como processode maior igualdade social e inserção criticano mundo (e dai, que saberes? Que escola?);

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a organização da escola, os currículos, osespaços e os tempos de ensinar e aprender; oprojeto politico e pedagógico; ademocratização interna da escola; o trabalhocoletivo; as condições de trabalho e deestudo (de reflexão), de planejamento; ajornada remunerada, os salários, aimportância dos professores neste processo,as responsabilidades da universidade, dossindicatos, dos governos neste processo;

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a escola como espaço de formaçãocontínua; os alunos: quem são? de ondevem? Oque querem da escola? (de suasrepresentações): dos professores: quemsão? Como se vêm na profissão? Daprofissão? E as transformações sociais,politicas, econômicas, do mundo dotrabalho e da sociedade da informação:como ficam a escolar e os professores?

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As abordagens feitas nesta aula sobre a“identidade e profissionalização docente”oferecem condições, a quem se dedicaem ser profissional da área da Educação,de compreender de forma maiscontundente o que é ser professor, numavisão ampla, que contempla suavalorização no contexto histórico-cultural.

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Apresentam também as habilidadescorrelatas necessárias e exigidas pelacontemporaneidade como posturasatreladas a essa identidade, de forma aacompanhar as inovações na área daEducação, cultivando e zelando pela suaformação continuada, de maneira crítico-reflexiva sobre seu fazer pedagógico, oque tem como objetivo maior qualificar oprofessor e o ensino.

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Modelos de ProfessoresProfessor transmissor Professor facilitador

Professor mediador

Professor inovador

Aulas expositivas, centradas no professor

Aulas centradas no aluno Ênfase em teoria-práticaÊnfase no conhecimento do

conhecimento

Transmissão de conteúdosConteúdos baseados nos interesses e necessidades

dos alunos

Construção do conhecimento

(Re)construção do conhecimento na incerteza, como fruto da

articulação pensamento/ação/sentimento/

corpo/espirito.

Aprendizagem receptiva, mecânica, sem considerar características individuais, transferência pelo treino, aprender pela repetição.

Aprendizagem por descoberta, considerando características individuais.

Aprender a aprender.

Aprendizagem significativa

(conhecimento novo apoiado na estrutura

cognitiva já existentes); transferência da aprendizagem.

Aprender a aprender

Aprendizagem como processo evolutivo, incluindo significação,

continuidade/ruptura, historicidade, provisoriedade e

descoberta de alternativas inesperadas.

Aprender pela transposição de hipóteses.

Avaliação quantitativa com ênfase no cognitivo e na

memória.

Avaliação qualitativa, valorizando aspectos

afetivos e auto-avaliação

Avaliação qualitativa valorizando a produção

coletiva

Avaliação quanti-qualitativa, valorizando a produção individual

e coletiva.