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Pólo Agro-Industrial de Capanda

Capítulo 5

OS RECURSOS NATURAIS ESTRATÉGICOS PARA O USO

PRODUTIVO

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ÍNDICE

5. TERRITÓRIO E RECURSOS NATURAIS DO PAC ...................................................... 445

5.1. ANTECEDENTES ............................................................................................... 445

5.2. ASPECTOS METODOLÓGICOS ......................................................................... 447

5.3. SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS .................................................. 448

5.4. GEOLOGIA ....................................................................................................... 449

5.4.1. Geotectónica e estruturas geológicas ..................................................................... 450

5.4.2. Estratigrafia e litologias ......................................................................................... 450

5.4.3. Recursos minerais ................................................................................................. 452

5.4.4. Hidrogeologia ....................................................................................................... 454

5.5. GEOMORFOLOGIA ........................................................................................... 456

5.5.1. Hidrografia ........................................................................................................... 458

5.5.2. Elementos da paisagem ......................................................................................... 459

5.6. SOLOS ............................................................................................................. 460

5.7. CAPACIDADE PRODUTIVA DAS TERRAS ......................................................... 461

5.7.1. Compartimentação da área .................................................................................... 462

5.7.2. Terras Agricultáveis ............................................................................................... 468

5.7.3. Terras Não Agricultáveis ........................................................................................ 476

5.7.4. Identificação do potencial de terras agrícolas .......................................................... 477

5.7.5. Áreas de Conservação Ambiental ........................................................................... 479

5.8. RECURSOS DA BIODIVERSIDADE ................................................................... 481

5.8.1. Recursos florestais ................................................................................................ 481

5.8.2. Aspectos da fauna ................................................................................................ 482

5.9. AGROCLIMATOLOGIA ..................................................................................... 482

5.9.1. Precipitação .......................................................................................................... 484

5.9.2. Temperatura......................................................................................................... 486

5.9.3. Insolação ............................................................................................................. 488

5.9.4. Humidade Relativa do Ar ....................................................................................... 488

5.9.5. Ventos ................................................................................................................. 489

5.9.6. Evaporação .......................................................................................................... 491

5.9.7. Evapotranspiração de Referência (ETo) .................................................................. 492

5.10. CALENDÁRIO AGRÍCOLA ................................................................................ 494

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5.11. CONCESSÕES E OCUPAÇÕES DE TERRAS EXISTENTES NO PERÍMETRO DO PAC .

........................................................................................................................ 498

5.12. RISCOS AO DESENVOLVIMENTO AGRO-PRODUTIVO..................................... 499

5.12.1. Riscos ambientais associados a causas sociais ..................................................... 499

5.12.2. Riscos ambientais associados ao sector agrícola .................................................. 500

5.12.3. Riscos ambientais associados ao sector florestal .................................................. 501

ANEXOS ........................................................................................................................ 505

FIGURAS ........................................................................................................................ 517

FOTOS ........................................................................................................................ 517

GRÁFICOS ..................................................................................................................... 518

QUADROS ...................................................................................................................... 518

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 519

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ABREVIAÇÕES

Aw Tropical Chuvoso de Savana – Classificação global dos tipos climáticos

CTC Capacidade de Troca Catiónica

ETo Evapotranspiração de Referência

FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação

IVsec Terras agícilas com limitações moderadas para uso, por solo (fertilidade, risco de

erosão e clima) – Classes de Capacidade de Uso das Terras

MINADER Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural (2006)

PAC Pólo Agro-industrial de Capanda

PDPAC Plano de Desenvolvimento do Pólo Agro-industrial de Capanda

pH Potencial hidrogénio

SiBCS Sistema Brasileiro de Classificação de Solos

SODEPAC Sociedade de Desenvolvimento do Pólo Agro-industrial de Capanda

ELEMENTOS QUÍMICOS

B Boro Mn Manganês K Potássio

Ca Cálcio Mo Molibdênio S Enxofre

Co Cobalto N Azoto (Nitrogénio) Zn Zinco

Cu Cobre P Fósforo

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CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

A Terras Agricultáveis

A1 Terras Agricultáveis – Cultivos totalmente mecanizados

A2 Terras Agricultáveis – Cultivos totalmente mecanizados

A3 Terras Agricultáveis – Cultivos totalmente mecanizados com limitações por solos muito

arenosos

A4 Terras Agricultáveis – Cultivos mecanizados

A5 Terras Agricultáveis – Cultivos mecanizados com alguma dificuldade local por declive

A6 Terras Agricultáveis – Cultivos não ou só parcialmente mecanizados, com limitação por

declive

A7 Terras Agricultáveis – Cultivos mecanizados em maioria

NA Terras Não Agricultáveis

NA1 Terras Não Agricultáveis – Áreas passíveis de utilização apenas com pastagens ou para

preservação

NA2 Terras Não Agricultáveis – Áreas alegadas

NA3 Terras Não Agricultáveis – Afloramentos de Rocha

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5. TERRITÓRIO E RECURSOS NATURAIS DO PAC

5.1. Antecedentes

Conforme citado no Capítulo 1. Contextualização – Angola hoje, Angola estende-se por uma

superfície de 1.246.700 km2, sendo 60% do território constituído por planaltos de 1.000 a 2.000

metros, com uma densa e extensa rede hidrográfica. O País possui um vasto e diversificado conjunto

de recursos:

Recursos minerais, onde sobressaem o petróleo e diamantes, que situam Angola no grupo dos

principais produtores africanos;

Recursos hídricos que posicionam o País numa situação privilegiada na África, especialmente

do ponto de vista do potencial hidroeléctrico;

Abundantes recursos do mar, em particular os piscícolas;

Solo, de aptidão muito variada, quer em regime de sequeiro quer de irrigação;

Elevado e variado potencial energético.

Além dessa riqueza de recursos naturais, Angola possui um notável património de

biodiversidade. O valor biológico, económico e as potencialidades de desenvolvimento que esse

património proporciona são, desde há muito, internacionalmente reconhecidos.

Na realidade, a riqueza de espécies é bastante superior à média dos países africanos. A

elevada biodiversidade é, uma riqueza inestimável e pode actuar como uma poderosa alavanca de

progresso sustentado, entretanto para isso, tal património deve ser protegido de forma global e

sistemática.

Acções e medidas institucionais de carácter legal têm sido levadas a cabo pelas autoridades

governamentais. A acção de organizações civis nacionais de luta pela protecção do ambiente tem

desempenhado um papel notável na defesa do ambiente e na sensibilização das populações.

No momento em que estão criadas condições nacionais e regionais para um salto no

desenvolvimento económico é necessário evitar que se coloque em risco a sustentabilidade desse

progresso. É fundamental balancear as preocupações económicas e produtivas com cuidados de

preservar a harmonia ecológica e conservar a base de biodiversidade.

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A identificação dos recursos naturais que darão suporte à produção agro-industrial das terras

do Pólo Agro-industrial de Capanda tem por objectivo dar subsídios para a definição de directrizes

visando uma ocupação agrícola racional, harmónica e eficiente do território, a partir de um modelo de

desenvolvimento que privilegie as actividades agro-produtivas de acordo com a vocação e

potencialidades locais, seja compatível com as características socioeconómicas e ambientais da região

e respeite a legislação vigente.

Tais estudos foram desenvolvidos a partir da experiência de trabalhos anteriores, da revisão

de documentos, do reconhecimento por meio de trabalhos de campo, da análise de imagens de

satélite actualizadas de alta resolução, da discussão com especialistas e equipas multidisciplinares e

da observância da legislação ambiental. Igualmente, a identificação das vocações agro-produtivas do

território apoiou-se nos estudos dos aspectos sociais e ambientais descritos nos Capítulos 3 e 4, e

ancorou suas análises na legislação vigente em Angola, especialmente as seguintes: (i) Lei de Base

do Desenvolvimento Agrário (Lei n.º 15/05, de 07 de Dezembro); (ii) Lei das Bases do Ambiente de

Angola (Lei n.º 05/98, de 19 de Junho); (iii) Lei das Águas (Lei n.º 06/02, de 21 de Junho); e, (iv)

Lei das Terras (Lei n. º 09/04, de 09 de Novembro).

Estes estudos partem do princípio de que é necessário um entendimento da situação macro,

nos aspectos sociais, territoriais, ambientais e legais, de maneira a ajudar a detalhar e a entender a

situação local da área do projecto, e, assim, conceber intervenções compatíveis com as características

da área, com sua vocação natural, com a realidade social e com o respeito à legislação vigente.

Desse modo, foram desenvolvidas propostas de acções práticas para a sustentabilidade

ambiental do projecto. Essas propostas compreendem conservação da água, da terra e da

biodiversidade, além da redução dos impactos no ambiente, e exigem medidas destinadas à

restauração ambiental, ao uso racional da água, à prevenção e combate à erosão, à delimitação e

implantação de áreas protegidas, à preservação da flora e da fauna, à monitoria das actividades

agrícolas e à melhoria da qualidade de vida da população local.

Neste tópico, aborda-se inicialmente os estudos específicos da área, precedidos da

metodologia de trabalho adoptada, os meios físicos e bióticos com um detalhamento na capacidade

produtiva das terras. É apresentado o mapeamento das ocupações na área, incluindo as concessões

de uso e as lavras actuais. Posteriormente, a partir da identificação dos atributos ambientais

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estratégicos (Capítulo 4) e das Comunidades que ocupam a área do PAC (Capítulo 3) são descritos os

potenciais riscos à implementação do Pólo.

5.2. Aspectos metodológicos

Para atingir os objectivos do Pólo Agro-industrial de Capanda este Master Plan (Plano Director)

busca indicar áreas produtivas, de protecção ambiental, de infra-estruturas e de todos os aspectos

tecnológicos, estruturais e ambientais, sempre tendo como centro os aspectos sociais e as directrizes

governamentais.

Para isso foi feita uma ampla revisão da documentação existente, consulta com técnicos

especialistas, para o correcto dimensionamento do Plano. Utilizaram-se ferramentas avançadas de

informação geográfica para elaborar um completo dimensionamento das potencialidades,

possibilitando a implantação de uma proposta de um sistema agro-produtivo eficiente e sócio-

ambiental sustentável.

A Figura 5.1. contempla os passos adoptados. Inicialmente foram feitas a análise das

informações temáticas existentes, a complementação das informações com trabalhos de campo,

análises de imagens de satélite, análises de laboratório de amostra de solos, etc. Todas essas

informações, disponíveis ou levantadas, foram analisadas e integradas num Sistema de Informações

Geográficas – SIG, procurando conhecer o potencial e as limitações da área em todos os seus

aspectos, com ênfase na capacidade produtiva e na sustentabilidade ambiental. A definição das áreas

agricultáveis e da capacidade de uso das terras, associada aos estudos de clima, permitiu a selecção

de cultivos e a proposta de um calendário agrícola, subsidiando os estudos macroeconómicos que

estão detalhados no Capítulo 7. O Potencial do Agronegócio no PAC.

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Figura 5.1. Passos de análise – Modelo de aproveitamento e exploração agrícola

FONTE: Elaboração CAMPO.

5.3. Sistema de informações geográficas

Para os estudos territoriais e ambientais foi elaborada uma base de dados georreferenciada

que contém todas as informações do projecto. O Sistema de Informações Geográficas – SIG permite

o armazenamento e a manipulação de dados espaciais numa visão integrada de vários temas, tais

como:

Processamento de imagens de satélite: Mosaico de imagens dos satélites Geoeye e

Worldview;

Planialtimetria: Mapas com curvas de nível e infra-estruturas existentes, tais como rodovias,

áreas urbanas, etc.

Mapas temáticos de estudos anteriores;

Dados de campo obtidos em novos levantamentos;

Novos mapas resultantes dos trabalhos efectuados: Estudo de declives, malha fundiária,

capacidade de uso das terras, protecção ambiental, etc.

O Sistema de Informação Geográfica separa as informações em diferentes camadas temáticas

(Figura 5.2.) e armazena-as independentemente, permitindo trabalhar com elas de modo rápido e

simples, possibilitando relacionar a informação existente através da posição e topologia dos objectos,

com o fim de gerar novas informações.

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Figura 5.2. Exemplo de integração de dados temáticos especializados1

FONTE: Sampaio, 2012.

Todas as informações estão disponíveis num banco de dados georreferenciados.

As informações temáticas que seguem basearam-se nos levantamentos e estudos realizados

pela Sondotécnica/20062, actualizadas e complementadas pelos estudos da Campo, Diagonal e NCA

(empresas consultoras que apóia a elaboração desse documento). Novas informações a partir de um

trabalho de campo, informações actualizadas obtidas em imagens de satélite de alta resolução

actualizadas, análises químicas de solos, altimétrica detalhada actualizada e dados bibliográficos

permitiram a rerratificação dos estudos já desenvolvidos, com foco na capacidade de uso das terras

(potencial agrícola) e nos demais recursos naturais do PAC.

5.4. Geologia

A geologia da área do PAC está bem caracterizada pelos estudos realizados por ocasião das

investigações geológico-geotécnicas realizadas para a implantação da Hidroeléctrica de Capanda,

complementados pela Sondotécnica/2006 (PAC-30-0021 RE RO)3. Tais dados Eles são importantes

porque auxiliam no entendimento da aptidão agrícola dos solos (textura, humidade, composição

mineral, etc) e na identificação de potenciais aquíferos para abastecimento das necessidades

humanas, dessedentação de animais, ou irrigação da produção.

1 SAMPAIO REIS, Rosangela: O que é ArcGis 8.3., Unidade Acadêmica Centro de Tecnologia CTEC, Universidade Federal de Lagoas: http://www.ctec.ufal.br/professor/rsr/apostila-arcgis/Capitulo1_OQueEOArcGis.pdf, acessado 06/06/2012. 2 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO DESENVOLVIMENTO RURAL (MINADER): Plano de Desenvolvimento do Pólo Agro-industrial de Capanda, 2006. 3 SONDOTÉCNICA: Relatório Geologia – PAC-30-0021 RE R0 100105, 2006.  

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5.4.1. Geotectónica e estruturas geológicas

A área está situada numa região de grande complexidade geotectónica, marcada pela

presença de extensas falhas profundas continentais, as quais individualizam as seguintes estruturas

de grande porte:

O Horst (bloco mais elevado de um sistema de falhas) do Kwanza abrange a extremidade

noroeste da área do Pólo, sendo representado pelas rochas do Arcaico Inferior, com idade

superior a 3.000 milhões de anos;

A Depressão do Lutete (“RiftValey”) ao sul do Horst do Kwanza abrange as partes centrais e o

nordeste da área e é representada pelas rochas do Supergrupo Congo Ocidental, do

Proterozóico Superior (570 a 1.650 milhões de anos), especialmente pelo Grupo Xisto

Calcário, que se assenta directamente sobre as rochas do Arcaico;

A Placa Precâmbrica do Congo, situada imediatamente ao sul da unidade anterior, que

abrange a maior parte da área de interesse do Pólo, representada pelas rochas do Grupo

Xisto Gresoso do Proterozóico Superior.

5.4.2. Estratigrafia e litologias

Na região encontram-se predominantemente rochas de idade arqueana e de proterozóica

superior, merecendo ser destacada a reduzida participação de rochas intrusivas, nas sequências aí

presentes. No embasamento arqueano, predominam as ocorrências de rochas gnáissicas,

compreendendo a unidade litoestratigráfica denominada de Grupo Superior.

O Proterozóico Superior está dividido em duas unidades de rochas xistosas, chamadas de

Grupo Xisto Gresoso e de Grupo Xisto Calcário, os quais integram o Supergrupo Congo Ocidental, que

perfazem cerca de 95% da área do Pólo. Ocorrem ainda corpos de rochas intrusivas de características

alcalinas, também pertencentes ao Proterozóico Superior. As principais unidades litoestratigráficas

(Figura 5.3.) são sintetizadas a seguir, dispostas por ordem cronológica decrescente, sendo

representadas por:

Grupo Superior do Arcaico Inferior, representado predominantemente por gnaisses

biotíticos, anfibolitos, xistos, leptitos, quartzitos e rochas afins. Ocorre em pequenas

zonas, na extremidade noroeste da área do PAC.

Grupo Xisto Calcário do Proterozóico Superior, representado, na área da Depressão do

Lutete, por calcários, selectos, dolomites e arenitos (grés) pardacentos a cinzentos,

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contendo muitas vezes estromatólitos, com oólitos calcários e silicificados. De forma

subordinada, ocorrem xistos argilosos e tilóides. Esta unidade está extensamente

representada na parte norte, onde predomina sobre as demais unidades.

Grupo Xisto Gresoso Indiferenciado, representado na área pela seguinte sequência:

arenitos arcósicos basais, avermelhados, muitas vezes com estratificação cruzada,

incluindo leitos de argilitos variegados e de siltitos, com fendas de contracção;

conglomerados polimíctos cinzentos, com calhaus diversos (de quartzitos, rochas

básicas, granitos, quartzo e outras rochas). De forma subordinada, ocorrem xistos

argilosos, grauvacas, arenitos e conglomerados. Esta unidade ocorre em toda a parte

sul da área do PAC, predominando extensamente sobre as demais unidades. As pedras

negras de Pungo Andongo pertencem a este grupo de rochas. São resultado de

processos erosivos desenvolvidos ao longo dos planos estruturais de fraqueza de

conglomerados graníticos.

Rochas Intrusivas do Proterozóico Superior, representadas por granitos e sienitos que

ocorrem localmente na área, especialmente no seu sector noroeste.

Quaternário Indiferenciado, representado por sedimentos fluviais arenosos a areno-

argilosos, depositados ao longo dos rios Kwanza e Cuiji, e também nas calhas dos rios

de menor porte, bem como em planícies de inundação, destacando-se uma extensa

área de planície nos arredores de Malanje, na sub-bacia do rio Malanje.

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Figura 5.3. Distribuição das litologias e principais estruturas na área

FONTE: Sondotécnica, adaptado.

5.4.3. Recursos minerais

Na região do Pólo Agro-industrial de Capanda, o manganês é o principal bem mineral já

explorado anteriormente, usado em ligas principalmente na do aço e, também, para a produção de

pilhas. Localiza-se nas rochas do Grupo Xisto Calcário, na extremidade noroeste da área. Tais

minérios, devido à sua boa qualidade, serviram, no passado, para exportação4.

No período de 1943 a 1974, foram extraídos cerca de 600.000 toneladas de minério de

manganês e vários milhares de toneladas de minérios de ferro-manganés, em profundidades entre 30

e 70 metros. Os jazigos estão representados por óxidos de minérios de alto teor, em jazigos

primários e em depósitos aluvionares e de vertente.

No domínio desses dois grupos (Xisto Calcário e Xisto Gresoso Indiferenciado) há também a

possibilidade de ocorrências de fluorita e de fosfato, além de argilas vermelhas para construção civil e

para material refractário. A fluorita é muito utilizada em siderurgia, bem como na indústria de vidros,

esmaltes e cerâmica. Já o fosfato tem grande aplicação na produção de fertilizantes e na indústria

leiteira. As rochas do embasamento arqueano, isto é, os diferentes tipos de gnaisses, migmatitos e 4 SONDOTÉCNICA: Relatório Geologia – PAC-30-0021 RE R0 100105, 2006. 

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granitos, charnoquitos e quartzitos, entre outras litologias desse ambiente, assim como as rochas

sieníticas de idade proterozóica, são propícias à utilização como pedras ornamentais, como também

na forma de agregados pétreos para construção civil.

O calcário, tanto calcítico quanto dolomítico, é comum (Grupo Xisto Calcário) e já foi

explorado como brita, principalmente na construção do pavimento da rodovia Lucala – Malanje. O seu

aproveitamento poderá ser retomado em grandes volumes tanto para utilização na construção civil

quanto para uso como correctivo do pH dos solos.

Foto 5.1. Antiga exploração de pedreira em calcário localizada na parte nordeste da área do Pólo (Sondotécnica, 2006).

Foto 5.2. Equipamentos de britagem abandonados que operaram na antiga exploração de calcário (Sondotécnica, 2006).

Análises laboratoriais5 feitas para amostras de calcário na região mostraram grande potencial

para utilização na agricultura como correctivo para os solos ácidos. Tais análises mostraram variações

nos teores de Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) (Quadro 5.1.), o que permite adequações dos correctivos

de acordo com factores ligados à planta, ao solo. Ambos têm poder de neutralização do pH acima de

90%, ou seja são de boa qualidade para o uso agrícola.

5  CAMPO  Análises  Agrícolas  e  Ambientais:  Certificado  de  Análise  de  Fertilizantes  nº  453  e  454,  Laudo  Emitido  em 18/06/2012. 

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Quadro 5.1. Resultado de análises físico-químicas para amostras de calcário

IdentificaçãoPotencial de

Neutralização Ca Mg

Moinho de Brita “Português” 91,14% 27,13% 16,39%

Moinho de Brita “Chinês” 94,83% 55,15% 3,17%

Além desses recursos minerais, existe boa disponibilidade de solos granulares, lateritizados,

incluindo espessas camadas de laterita, que são indicados para utilização em camadas finais de

pavimentação rodoviária, em sublastro de ferrovias, protecção de taludes, etc.

Também existe grande disponibilidade de solos areno-argilosos e argilosos propícios para

execução de terraplenos em construção civil, seja em áreas industriais, seja em estradas. Nas

proximidades de Quizenga (noroeste da área), há a antiga indústria de cerâmica que explorava as

camadas argilosas existentes nas planícies de inundação. Existe ainda grande disponibilidade de

material, passível de ser explorado para o fabrico de cerâmica e tijolos.

Ocorrem, ainda, solos arenosos nas calhas dos rios principais, adequados para utilização como

agregados miúdos em concreto, em pavimentação asfáltica, em filtros etc.

5.4.4. Hidrogeologia

As características litológicas, estruturais e geomorfológicas da área do PAC são indicativas de

uma hidrogeologia bastante favorável para exploração de água subterrânea, seja para abastecimento

de populações e dessedentação de animais, ou para o atendimento de áreas industriais e a produção

agrícola irrigada.

Em princípio, a exploração da água subterrânea poderá ser efectuada, de forma mais

generalizada, para vazões diárias de menores portes, por meio de poços rasos que venham a ser

escavados manualmente nas camadas dos solos porosos que recobrem as rochas metamórficas e

ígneas da região, seja nos solos aluviais, predominantemente arenosos, que se distribuem ao longo

das planícies de inundação, seja nos solos residuais e/ou coluviais que foram desenvolvidos a partir

daquelas rochas, mesmo naqueles onde predomina a textura mais argilosa, nas áreas de relevo plano

a suavemente ondulado. Actualmente, essa prática já é largamente utilizada pela população que está

distribuída na área, existindo centenas a milhares de poços rasos (cacimbas) que atendem as

habitações. Esses poços são escavados manualmente até profundidades da ordem de 10 a 15

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metros, com a superfície do lençol freático situando-se geralmente até 5 a 6 metros da superfície do

terreno.

No caso de exploração de vazões diárias elevadas, dever-se-ão utilizar poços tubulares

profundos (com dezenas de metros de profundidade) para explorar a água contida nas fracturas das

rochas, especialmente nas falhas e mega-fracturas abertas, as quais cortam tanto as rochas do Grupo

Xisto Jesus, quanto as rochas calcárias do Grupo Xisto Calcário, e ainda as demais rochas cristalinas

que ocorrem na área. Cabe ressaltar que já existem diversos poços desse tipo a funcionar para

abastecimento das maiores cidades da região, tais como Malanje e Cacuso.

As condições de exploração de água subterrânea irão depender, fundamentalmente, da maior

ou menor presença das descontinuidades rúpteis (falhas, mega-fraturas, juntas de descompressão,

etc.) existentes abaixo das camadas que constituem o manto de solo, uma vez que é através delas

que se processam os fenómenos de recarga (a partir da infiltração das águas provenientes das

chuvas), de percolação e de captação.

As condições de relevo predominantemente plano a suavemente ondulado, que dominam a

maior parte da área do PAC, facilitam as condições de infiltração das águas de chuva nos solos que

alimentam as fracturas subjacentes, permitindo a recarga e a circulação.

Deve-se considerar também que o elevado fracturamento que atinge as rochas da região

facilita a alimentação das fracturas abertas a partir da água disponível na rede de drenagem natural.

Em princípio, deve-se considerar que as fracturas abertas situadas em cotas abaixo do nível de base

regional (o próprio rio Kwanza) devem ser portadoras de água, sendo passíveis de exploração a partir

de poços tubulares profundos.

Merece ser destacado que, a maior importância da presença destas falhas e mega-fraturas,

para a implantação do Pólo, está relacionada com a potencialidade de exploração de água

subterrânea associada a fraturas abertas, uma vez que as rochas que ocorrem na região, mesmo os

arenitos, que por serem metamorfizados, possuem porosidade/ permeabilidade primária muito baixa.

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456

5.5. Geomorfologia

O entendimento das feições geomorfológicas ajudam a seleccionar as áreas aptas para a

exploração agro-silvo-pastoril, em função da declividade apropriada, bem como identificar os locais

mais sensíveis à erosão.

Regionalmente, a área do PAC situa-se no Planalto de Malanje, uma vasta aplanação com

cerca de 25.280 km² e altitudes médias entre 1.000 e 1.250 metros, com predomínio dos processos

de denudação e fenómenos de erosão actual, tendo como limites naturais o rio Kwanza, ao sul, e a

escarpa que marca o desnível para a Baixa de Cassanje, a leste e nordeste. Destacam-se no planalto

alguns relevos residuais, muitos deles em forma de mesetas, com as suas elevações atingindo até

1.500m. É comum a ocorrência de couraças ferruginosas, conglomeráticas e/ou brechóides,

normalmente decapitadas, as quais provavelmente foram desenvolvidas durante a aplanação

ocorrida no período Terciário.

O Planalto de Malanje, para efeito da relação pedogênese/morfogênese, é dividido em áreas

onde predominam as fases de pedogênese, ou de intergrade ou de morfogênese. A superfície ao sul

de Malanje parece constituir um meio estável recente, com tendência para a pedogênese, uma vez

que as couraças ferruginosas existentes ou já foram totalmente desmanteladas ou já estão

decapitadas ou ainda se conservam em profundidade; em acréscimo, os depósitos arenosos de

cobertura conservam-se quase intactos sem acusarem recentes incisões pela rede de drenagem.

De leste para oeste, há forte variação na paisagem. Os estudos climatológicos mostram

variações nas precipitações médias anuais. Também a geologia e os controlos estruturais variam, o

que resultou numa variação caracterizada por “degraus”, nem sempre bem demarcados, um deles

conhecido como Superfície Intermediária do Baixo Cassenje. Em direcção a oeste aumentam,

consequentemente, os processos erosivos (fase de morfogênese), diminuem as altitudes, aumentam

as declives e a rede de drenagem apresenta maior densidade, conforme pode se ser observado nas

Figuras 5.4. e 5.5 e com maior detalhes, no Anexo 5.1. Mapa de Altimetria e Anexo 5.2. Mapa de

Declives.

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457

Figura 5.4. Ilustração da altimetria

FONTE: Elaboração CAMPO.

Figura 5.5. Ilustração de declives

FONTE: Elaboração CAMPO.

As altitudes na área foram obtidas a partir de curvas de nível com equidistância de 5 metros.

Como já exposto, são predominantemente superiores a 1.000 metros (Figura 5.4.). No entanto, na

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458

porção oeste (Superfície Intermediária do Baixo Cassenje) as altitudes caem, chegando a 750 metros

no extremo noroeste (vale do Lutete) e a 850 metros no extremo sudoeste (jusante da Hidroeléctrica

de Capanda).

5.5.1. Hidrografia

Embora regionalmente toda a área se situe na bacia do Rio Kwanza, localmente é possível

separá-la em sub-bacias bem caracterizadas, que moldam o relevo: rio Chilombo, rio Cuiji, rio Lombe,

rio Lutete, rio Luxilo, rio Magila, rio Malanje, rio Mucoso, rio Mutula e Interbacias que drenam para o

reservatório da Hidroeléctrica de Capanda. Consideram-se sub-bacias as áreas drenadas pelos

tributários e inter-bacias as áreas remanescentes, drenadas pelo rio principal (Kwanza), conforme

ilustrado na Figura 5.6. e com maiores detalhes no Anexo 5.3. Mapa de Bacias Hidrográficas.

Figura 5.6. Ilustração das bacias hidrográficas

FONTE: Elaboração CAMPO.

A hidrografia apresenta densidade e padrões de drenagem que mostram um forte controlo

tectónico. Prevalece um padrão de drenagem rectangular sobre os padrões paralelo e dendrítico. O

padrão anelar ocorre controlado por estruturas circulares como são os inselbergs de Pungo Andongo

e alguns altos estruturais. A densidade vária de baixa, no extremo leste e sudeste (sub-bacia do

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459

Cuiji), a muito alta, no extremo oeste, nas sub-bacias do Magila, Chilombo, Mucoso e porção extremo

oeste do Lutete.

A densidade e padrão de rede de drenagem numa bacia hidrográfica são variáveis que

dependem das propriedades das rochas, dos solos, do relevo, da vegetação e uso do solo, além da

quantidade e intensidade das precipitações. Também é estreita a relação existente entre a densidade

de drenagem e produção de sedimentos pelas bacias hidrográficas, o que influenciou na indicação

das áreas mais sensíveis para protecção dos solos e dos mananciais.

5.5.2. Elementos da paisagem

Entre os elementos da paisagem merece destaque, na parte oeste e sudoeste da área do Pólo,

a denominada Superfície Intermediária do Baixo Cassenje, a qual abrange grande parte da sub-bacia

do rio Lutete, as sub-bacias dos rios Magila, Chilombo, Mucoso e Luxilo, e uma área considerável da

margem direita do rio Kwanza, incluindo o local da Hidroeléctrica de Capanda e continuando por

inter-bacias que drenam para o reservatório (albufeira) desse aproveitamento, onde cede lugar aos

terrenos característicos do Planalto de Malanje.

Figura 5.7. Superfícies geomorfológicas

FONTE: Sondotécnica, adaptado.

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460

As Pedras Negras de Pungo Andongo são uma das mais famosas feições geomorfológicas de

Angola. Essas formações geológicas (algumas com formas bastante sugestivas) estranhas, são

constituídas por conglomerados graníticos do Grupo Xisto Gresoso e têm uma forma colunar ou de

domos arredondados (Foto 5.3.).

Foto 5.3. Pedras Negras de Pungo Andongo.

A erosão diferencial (aleatória) foi responsável pelo desenvolvimento das feições morfológicas

contrastantes entre as elevações e as áreas planas que as circundam.

5.6. Solos

Os solos e a aptidão agrícola das terras estão bem caracterizados nos estudos realizados pela

Sondotécnica em 2006. Este Master Plan (Plano Director) baseou os seus estudos na integração

dessas informações com novos dados obtidos em trabalho de campo, análises químicas, interpretação

de imagens de satélite de alta resolução actualizadas e nova altimetria de detalhe. Os novos estudos

basearam-se em metodologia adequada para solos de clima tropical, conforme descrito no capítulo

seguinte que trata da capacidade de uso das terras.

No que diz respeito à classificação de solo, foram utilizadas duas metodologias: a da FAO

(1974) e o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS actualizada em 2005).

A adopção detalhada no SiBCS, é em função à similaridade dos solos da região do PAC com a

região central do Brasil. Ambas regiões têm o bioma de savana e o sistema desenvolvido está em

constante evolução para as características de solos tropicas.

Cabe destacar que a SiBCS é uma evolução do sistema americano (Soil Taxonomy) e do

esquema FAO (1974), onde os conceitos formam a base da actual classificação brasileira. O sistema

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461

brasileiro tem sido estudado e aperfeiçoado desde a década de cinquenta, quando começaram as

modificações. Tornaram-se mais intensas a partir do final daquela década, com amplo uso de

princípios que foram reconhecidos em paralelismo com as aproximações do novo sistema americano

de classificação de solos.

Com o passar dos anos, os pedólogos brasileiros observaram que muitos desse País, não se

enquadram dentro dos princípios dos sistemas de classificação existentes no mundo, principalmente

porque eles (os sistemas) foram desenvolvidos em países europeus e Estados Unidos, e por tal razão,

não contemplam solos de clima tropical, simplesmente porque eles não existem em locais de baixas

latitudes e regiões frias (clima temperado).

A título de informação, o Brasil é o único país que na sua quase totalidade desfruta de um

clima tropical. Preocupou-se e conseguiu desenvolver um sistema voltado para estes tipos de solos.

Como o clima na área do PAC também está dentro da região tropical e os solos são morfologicamente

idênticos aos brasileiros, é de se esperar que a classificação que mais se aproxima à condição local é

a que foi realizada no estudo do Master Plan (Plano Director).

A descrição detalhada de cada unidade de solo está no Sistema Brasileiro de Classificação de

Solos (SiBCS) e pela metodologia da FAO. No Quadro 5.2. Classificação das Terras (página 31) de

acordo com a Capacidade de Uso6, tem-se as duas classificações juntas.

5.7. Capacidade produtiva das terras

A avaliação da capacidade produtiva das terras do Pólo Agro-industrial de Capanda foi feita a

partir da visita de reconhecimento à área do projecto e da análise dos dados pedológicos, altimétricos

e pluviométricos disponíveis. Esse conjunto de elementos permitiu compartimentar a área em termos

da sua potencialidade agrícola, conhecer as suas limitações e apresentar recomendações atinentes ao

uso e manejo do solo.

Nos tópicos que se seguem, são descritas as metodologias empregadas, os resultados obtidos

e as principais recomendações deste trabalho.

Deve-se ressaltar que os resultados a seguir apresentados possuem um nível de detalhamento

compatível com a natureza e a escala de um Master Plan (Plano Director). A compartimentação da

6 Ver detalhes com Anexo 5.4. Quadro da Capacidade de Uso das Terras (página 32), e Anexo 5.5. Mapa de Capacidade de Uso das Terras.

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462

área segundo a sua potencialidade agrícola foi feita, portanto, com base nas características

predominantes de cada classe. A ocorrência de excepções pontuais – áreas com características

diversas das predominantes – são previsíveis e compatíveis com a actual fase dos estudos, e não

comprometem as conclusões sobre a capacidade produtiva das terras do PAC.

A implementação de projectos específicos, ao nível “executivo”, requererá estudos mais

detalhados dos principais recursos naturais envolvidos, como é o caso dos solos para quando da

implementação e dimensionamento dos projectos agro-pecuários.

5.7.1. Compartimentação da área

Os estudos para compartimentação da área e classificação das terras basearam-se na

interpretação de informações contidas: em mapas já existentes para a área do PAC; na análise de

imagens ortoretificadas, com 8 bits, provenientes dos sensores dos satélites Geoeye e Worldview,

com 0,5 de resolução espacial, obtidas no período de Maio de 2010 a Setembro de 2011; na

interpretação dos dados do mapa altimétrico elaborado neste Master Plan (Plano Director); em série

de dados pluviométricos; em dados obtidos em trabalho de campo e no resultado das análises físicas

e químicas de amostras colectadas recentemente na área.

Foram consultados os seguintes documentos:

Mapa Preliminar de Solos, elaborado pela Sondotécnica em 2005, na escala 1:100.000

(Documento PAC-30-0019);

Mapa de Aptidão Agrícola, elaborado pela Sondotécnica em 2006, na escala 1:100.000

(Documento PAC-30-0020).

No período de 5 a 12 de Fevereiro de 2012, foi realizada uma viagem de reconhecimento à

área do Pólo Agro-industrial de Capanda.

Nesse período, diversos pontos do projecto foram visitados com o objectivo de conhecer os

principais solos e o seu potencial, por meio de exames de campo e colecta de amostras para análises

laboratoriais.

Com o apoio de imagens de satélite e de mapa planialtimétrico da região, foram seleccionados

sítios para averiguação e amostragem dos principais tipos de solos. No total, foram examinados e

amostrados 14 perfis de solos, com colecta de 16 amostras.

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463

As amostras de solos colectadas foram encaminhadas ao laboratório da Campo Análises

Agrícolas e Ambientais localizado na cidade de Paracatu-MG, Brasil para serem analisadas.

Após o reconhecimento dos principais ambientes da área e com o conhecimento dos principais

tipos de solos, tanto por reconhecimento “in-situ”, quanto por consulta ao mapa de solos e de

avaliação da aptidão agrícola das terras, elaborados para subsidiar o Plano de Desenvolvimento do

Pólo Agro-industrial de Capanda e também com base em informações planialtimétricas, procedeu-se

à compartimentação da área em grandes ambientes distintos, com diferenças principalmente na sua

potencialidade agrícola.

As informações sobre os solos predominantes, sobre a topografia e sobre o regime de

precipitação pluviométrica possibilitaram classificar as terras no Sistema de Capacidade de Uso das

Terras. Procedeu-se a recomendações direccionadas à capacidade de uso propriamente dita e a

indicações sobre grupos de uso e práticas de manejo mais indicadas, ou necessárias.

A definição de classes de capacidade de uso das terras é o mais apropriado método para o

planeamento da actividade rural. O Sistema de Classificação de Capacidade de Uso das Terras é uma

classificação técnica que representa um agrupamento qualitativo de tipos de solo7, sem levar em

consideração a localização e as características económicas da terra. Diversas características e

propriedades são sintetizadas em classes homogéneas, visando determinar a máxima capacidade de

uso das terras, sem risco de degradação do solo. Na caracterização das classes, leva-se em

consideração a maior ou menor complexidade das práticas conservadoras, no caso, as de controlo de

erosão e as de melhoramento do solo. As subclasses explicitam mais detalhadamente as práticas de

conservação e/ou de melhoramentos. A natureza da limitação é indicada por letras minúsculas após o

algarismo romano das classes.

A compartimentação da área, de acordo com a metodologia acima mencionada, permitiu

separar ou fazer uma zonagem da área do PAC em terras agricultáveis (A) e não agricultáveis (NA).

No primeiro compartimento (A), distinguem-se ainda terras plenamente mecanizáveis, sem grandes

restrições em razão do solo; as mecanizáveis, mas dependentes de irrigação para exploração com

lavouras; as só parcialmente mecanizáveis, mas dependentes de irrigação para exploração com

lavouras e, por último, as não mecanizáveis. No segundo compartimento, encontram-se as terras não 7 LEPSCH, I. F. et AL: Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação de terras no sistema de capacidade de uso. 4ª Aproximação. Campinas, Brasil. SBCS, 1983.

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464

agricultáveis, seja por limitações naturais, como as áreas de relevo muito acidentado ou

permanentemente alagadas, seja pelas próprias características dos solos.

Predominam na área do PAC solos profundos, de textura média ou arenosa, com horizonte A

fraco e moderado, acentuadamente drenados, caracterizados principalmente como Argissolos, ou

Latossolos Amarelos, Latossolos Vermelho-Amarelos e Neossolos Quartzarênicos Órticos (SiBCS), pela

metodologia da FAO, estes solos predominantes classificam-se como Acrisoles háplicos, Ferrasoles

háplicos e Arenosoles ferráticos. Na porção leste da área, ao sul de Malange e sub-bacia do Cuije,

predominam solos do tipo Argissolo Vermelho-Amarelo (SiBCS) ou Acrisoles háplicos (FAO), que são

solos com baixa fertilidade natural, mas com uma variação de textura muito grande no seu perfil, o

que os dota de grande vulnerabilidade aos processos erosivos de superfície.

No extremo oeste da área, em locais de maior declividade, ocorrem Argissolos Vermelho-

Amarelo Distróficos (SiBCS) ou Acrisoles háplicos (FAO) e, Cambissolos (SiBCS) ou Cambisoles (FAO)

cascalhentos e/ou pedregosos em relevo acidentado, nos fundos de vales, por vezes, encontram-se

Chernossolos Argilúvico Órtico de textura argilosa.

Cerca de 13% da área do PAC é constituída de terras não agricultáveis, caracterizadas por

solos rasos, cascalhentos, pedregosos, e pela topografia muito acidentada (Neossolo Litólico

Distrófico – SiBCS ou Leptosoles - FAO). Além disso, apresenta áreas alagadas e planícies de

inundação (Gleissolos – SiBCS ou Gleysoles – FAO), ou áreas compostas por afloramentos de rochas.

A descrição dos distintos compartimentos/zonagem das áreas com aptidão agro-silvo-pastoril

(Classe A) apresenta-se resumidamente no Quadro 5.2. Classificação das terras de acordo com a

capacidade de uso, e é ilustrada na Figura 5.8 Zonagem das terras do Pólo Agro-industrial de

Capanda, enquanto nos anexos desse capítulo encontram-se maiores detalhes:

Anexo 5.4. Mapa da Capacidade de Uso das Terras – Classes, que detalha a

classificação com a unidade de paisagem, símbolo e característica da unidade (A ou

NA), relevo e intervalo de declive, classificação pelos sistemas SiBCS e FAO e classe

de capacidade de uso. Detalha igualmente a aptidão para mecanização e os

cuidados com a conservação, para lavouras irrigadas e de sequeiros, para

pastagem e reflorestamento. Contempla ainda as recomendações quanto ao uso e

maneio, a área de cada classificação das terras (Zonagem), com o quanto da área

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465

de cada zonagem é para o desenvolvimento agrícola e indicada para Conservação

Ambiental.

Anexo 5.5. Mapa da Capacidade de Uso das Terras, que ilustra a zonagem da área

do PAC.

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466

Quadro 5.2. Classificação das terras de acordo com a capacidade de uso

FONTE: Elaboração CAMPO.

Símbolo e características da unidade

Relevo e intervalo de

declive

Solo Principal (SiBCS)

Uso Maneio

Conservação de solo por curvas de nível de base larga (terraceamento)

Correcção química (calcário dolomítico e fertilizantes)Cultivo mínimo ou Sementeira directa* (com monitoramento de compactação superficial) em nível; incorporação de matéria orgânica; rotação e consorciamento de culturasIrrigação para mais de um cultivo anual (aspersão)Aplicação de gesso (só em Sementeira directa deverá ter viabilidade estudada)Protecção de vales, encostas e margens de córregos (preservar as condições naturais)Conservação de solo por curvas de nível de base larga (terraceamento)

Cuidados com estradas (destinação das águas)Correcção química (calcário dolomítico e fertilizantes)Sementeira Directa em nível ou contorno; incorporação de matéria orgânica; rotação e consorciamento de culturasPara prevenção contra pequencos cacimbos** e/ou obtenção de mais de um cultivo anual, usar rrigação (aspersão)Protecção de vales, encostas e margens de córregos (preservar as condições naturais)Conservação de solo por curvas de nível de base larga (terraceamento)

Cuidados com estradas (destinação das água)Correcção química (calcário dolomítico e fertilizantes)Sementeira directa em nível ou contorno; incorporação de matéria orgânica; rotação e consorciamento de culturasPara prevenção contra pequenos cacimbos e/ou obtenção de mais de um cultivo anual, usar Irrigação (aspersão)Protecção de vales, encostas e margens de córregos (preservar as condições naturais)Conservação de solo por curvas de nível de base larga (terraceamento)

Cuidados com estradas (destinação das águas)Correcção química (calcário dolomítico e fertilizantes)Sementeira directa em nível ou contorno; incorporação de matéria orgânica; rotação e consorciamento de culturasPara prevenção pequencos cacimbos e/ou obtenção de mais de um cultivo anual, usar Irrigação (aspersão)Aplicação de gesso (em sementeira directa, dependendo da cultura)Protecção de vales, encostas e margens de córregos (preservar as condições naturais)Conservação de solo por curvas de nível de base larga (terraceamento)

Cuidados com estradas (destinação das águas)Correcção química (calcário dolomítico e fertilizantes)Sementeira directa em nível ou contorno; incorporação de matéria orgânica; rotação e consorciamento de culturasPara prevenção contra pequenos cacimbos e/ou obtenção de mais de um cultivo anual, usar Irrigação (aspersão ou localizada)

Aplicação de gesso (em Sementeira Directa, dependendo da cultura)Protecção de vales, encostas e margens de córregos (preservar as condições naturais)Conservação de solo por curvas de nível de base larga (terraceamento)

Cuidados com estradas (destinação das águas) Correcção química (calcário dolomítico e fertilizantes)Sementeira directa em nível ou contorno; cobertura vegetal do solo; incorporação de matéria orgânica e consorciamento de culturas

Aplicação de gesso (em sementeira directa, dependendo da cultura)

Protecção de vales, encostas e margens de córregos (preservar as condições naturais)Conservação de solo por curvas de nível de base larga (terraceamento)

Cuidados com estradas (destinação das águas)

Correcção química (calcário dolomítico e fertilizantes)

Sementeira directa em nível ou contorno; cobertura vegetal do solo; incorporação de matéria orgânica e consorciamento de culturas

Aplicação de gesso (em sementeira directa, dependendo da cultura)*) Sementeira  Directa : Outro termo usado é  Plantio Direto (BRA).

**) Pequeno cacimbo corresponde  à  uma  pequena  estiagem durante  período de  chuva , tembém conhecido como  veranico no sector agrícola .  

A7 Cultivos não mecanizados em

maioria)

Ondulado e forte

ondulado (8 – 30%)

Argissolo Vermelho-Amarelo, e Cambissolos

cascalhentos e pedregosos em

relevo acidentado

A4 Cultivos mecanizados

Plano e suave ondulado (2 – 8%)

A6 Cultivos não ou só parcialmente mecanizados, com limitação por

declive)

Suave ondulado (4-8%)

Latossolo Vermelho- Amarelo textura

média

Lavouras com uso de irrigação, ou pastagens,

ou reflorestamentos

RECOMENDAÇÕES

Todas as lavouras, pastagens ou

reflorestamentos

A3 Cultivos totalmente mecanizados, com limitações por solos muito

arenosos

Plano(0-2%)

Neossolo Quartzarênico

Órtico

A1Cultivos totalmente mecanizados

Plano(0-2%)

Latossolo Vermelho textura argilosa

Lavouras em geral localizadamente, de

preferência perene, sem mecanização, ou usos

menos exigentes (pastagens ou

reflorestamentos)

Irrigação para uso com lavouras perenes (preferencialmente localizada: gota a gota e micro-aspersão)

Argissolo Vermelho-Amarelo, textura

média/ argilosa ou Latossolo Vermelho-

Amarelo textura média

Lavouras, pastagens ou reflorestamentos

Irrigação para uso com lavouras perenes (preferencialmente localizada: gota a gota e micro-aspersão)

Lavouras preferencialmente

perenes (frutícolas), ou usos menos exigentes

(pastagens ou reflorestamentos),

sempre com cuidados com relação à erosão de

superfície

Suave ondulado e ondulado (5 - 14%)

Argissolo Vermelho-Amarelo, textura média/ argilosa

A2Cultivos totalmente mecanizados

Plano(0-2%)

Latossolo Vermelho- Amarelo textura

média

A5 Cultivos mecanizados

com alguma dificuldade local por declive

CLASSIFICAÇÃO

Lavouras, ou pastagens, ou reflorestamentos

Lavouras, ou pastagens, ou reflorestamentos

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467

Figura 5.8. Zonagem das terras do Pólo Agro-industrial de Capanda, segundo a sua capacidade produtiva8

FONTE: Elaboração CAMPO.

8 Ver detalhes: Anexo 5.4. Quadro da capacidade de uso das terras, e, Anexo 5.5. Mapa de capacidade de uso das terras.

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468

5.7.2. Terras Agricultáveis

Unidade A1 – São as terras consideradas como de melhor potencialidade. São caracterizadas

como classes IIs de capacidade de uso e representadas por solos profundos, argilosos, bem

drenados, porém limitados por baixa fertilidade natural, caracterizados como Latossolos Vermelhos

Distróficos (SiBCS) e Ferralsoles ródicos (FAO) (Fotos 5.4. a 5.7.). Têm grande concentração na

porção norte da área, principalmente nas proximidades das cidades de Malanje e Cacuso, e também

na região de Pungo Andongo. Abrangem uma área de 20.414,43 ha.

Foto 5.4. Unidade A1 – Perfil de solo da classe Latossolo Vermelho Distrófico típico, textura argilosa (próximo a Caucuso).

Foto 5.5. Unidade A1 – Paisagem mostrando solo da classe Latossolo Vermelho Distrófico típico, textura argilosa (próximo a Caucuso).

Foto 5.6. Unidade A1 – Perfil de Latossolo Vermelho Distrófico típico, textura argilosa, relevo plano (entre Malanje e Cacuso).

Foto 5.7. Unidade A1 – Paisagem de Latossolo Vermelho Distrófico típico, textura argilosa, relevo plano (entre Malanje e Cacuso).

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469

Essas terras têm como principal limitação a baixa fertilidade natural e a presença de

cascalheiras localizadas (Plintossolos Pétricos Concrecionários) em alguns pontos da sua área de

ocorrência. São totalmente mecanizáveis, ocorrem com declives de até 2% e prestam-se bem à

exploração com lavouras climaticamente adaptadas, com ou sem uso de irrigação.

Embora considerados muito resistentes à erosão de superfície quando em condições naturais,

pela sua boa drenabilidade interna, o uso intensivo de máquinas, mesmo sob sementeira directa

"plantio directo", pode promover a compactação das suas camadas internas, alterando a sua

condição de elevada resistência à erosão de superfície (laminar).

Recomenda-se, que em relação aos cuidados com a conservação desse tipo de solo, ao se

adoptar a sementeira directa, o técnico deve monitorar a compactação intrassulcos de subsuperfície,

por se tratar de um tipo de solo altamente propenso a esse tipo de impacto, facto que se agrava em

sistema de cultivo mecanizado com grande intensidade de tratos culturais com uso de máquinas

pesadas.

Adoptando-se ou não a sementeira directa, recomenda-se a implantação do sistema de

conservação de solo por curvas de base larga ou “terraceamento” de base larga e todos os demais

cuidados inerentes à conservação do solo. Práticas de incorporação de matéria orgânica, rotação de

culturas, consorciamento de culturas e plantio em nível são sempre recomendáveis.

A prática de irrigação deve ser adoptada se houver interesse em mais de uma safra anual,

pode ser de qualquer tipo, aspersão, sulcos ou gota-a-gota nesse tipo de terreno, porém a aspersão

é a mais adequada. Estudos complementares de solos devem ser elaborados para o correcto

dimensionamento de sistemas de irrigação (levantamentos detalhados de solos com determinação

das curvas de retenção de humidade, testes de infiltração etc.).

Correcções com macronutrientes (Nitrogénio “N”- Fósforo “P” – Potássio “K”) + Enxofre “S” e

micronutrientes (Zinco “Zn”, Manganês “Mn”, Cobre “Cu”, Boro “B”, Molibdénio “Mo” e Cobalto “Co”)

são sempre recomendadas, porém devem ser empregadas com base num plano de fertilização que

deverá considerar os tipos de lavouras a serem empregados. As correcções químicas de calagem,

principalmente visando o suprimento de Cálcio “Ca” e Magnésio “Mg”, bem como adubação com NPK

são necessárias e devem ser calculadas com base num plano de correcção química elaborado a partir

das análises de solos específicas e das características dos cultivos escolhidos.

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470

A aplicação de gesso deve ter a sua viabilidade estudada em cada caso. Via de regra é

recomendada para cultivos sob sementeira directa, mas, ainda assim, é preciso avaliar a sua

eficiência, considerando-se que não tem poder neutralizante (não eleva o pH) como o calcário, não

precipita o alumínio e é apenas mais solúvel que o calcário, portanto disponibiliza “Ca” mais

rapidamente, logo dependerá da cultura. Pode proporcionar um aumento na CTC (Capacidade de

Troca Catiónica), em profundidade, para solos de carga variável (dependente do potencial hidrogénio

– pH, ou com predomínio de cargas positivas), o que é benéfico.

Unidade A2, A3 e A4 – São terras agricultáveis, com problemas moderados de conservação

do solo. São caracterizadas como classes IIIsec e IVsec de capacidade de uso, ou seja são

agricultáveis, mas apresentam limitações relativas ao próprio solo (baixa fertilidade natural, baixa

capacidade de retenção de água e textura muito arenosa em superfície), susceptibilidade à erosão e

clima. São representadas por solos profundos, de textura média ou arenosa, acentuadamente

drenados, caracterizados principalmente como Latossolos Amarelos (SiBCS) / Ferralsoles háplicos

(FAO), Latossolos Vermelho-Amarelos (SiBCS) / Ferralsoles háplicos (FAO) e Neossolos

Quartzarênicos Órticos (SiBCS) / Arenosoles ferráticos (FAO), todos com textura arenosa em

superfície. Têm grande concentração na porção leste da área e nas proximidades do eixo do

barramento do rio Kwanza, na região do Hidroeléctrica de Capanda. Juntas contemplam 213.126,44

ha.

Unidade A3 – Embora em situação de relevo mais aplanado (menores declives), é também

dotada de solos mais arenosos (não somente na superfície, como na unidade A2, mas também na

parte interna) (Fotos 5.8. e 5.9.). Por esta razão, a utilização mais recomendada sem irrigação é para

plantio de forrageiras (pastagens), por causa da grande rusticidade daquelas espécies que suportarão

melhor o período seco, a despeito de poucas espécies forrageiras conseguirem manter o viço em

secas muito rigorosas sobre esses solos. Nesse tipo de terreno, até mesmo a pastagem é muito

dependente do regime de precipitação, ou então de irrigação. A área da unidade A3 é de 18.467,06

ha.

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471

Foto 5.8. Unidade A3 – Perfil de Neossolo Quartzarênico Órtico típico, textura arenosa, relevo plano (proximidades da albufeira de Capanda).

Foto 5.9. Unidade A3 – Paisagem de ocorrência de Neossolo Quartzarênico Órtico típico, textura arenosa, relevo plano (proximidades da albufeira de Capanda).

Unidades A2 e A4 – Embora também com textura arenosa em superfície, possuem maiores

teores de argila em subsuperfície, o que faz com que haja uma maior retenção hídrica nessa porção

do perfil. Porém, apesar de apresentarem um pequeno diferencial em relação à maior resistência das

espécies à seca, também não podem prescindir de irrigação para garantir a produção regular de

lavouras. A área da unidade A2 é de 65.710,32 ha e A4 de 128.949,06 ha.

Essas unidades são quase totalmente mecanizáveis, com excepção de algumas áreas mais

declivosas da unidade A4 (Fotos 5.10. e 5.11.), porém a sua textura arenosa na superfície condiciona

um menor rendimento de máquinas em relação, por exemplo, à unidade A1. Por esse motivo, a

época e o estágio de humidade do solo devem ser observados para se conseguir o melhor

rendimento das máquinas.

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472

Foto 5.10. Unidade A4 – Perfil de Latossolo Amarelo Distrófico, textura arenosa, relevo plano (próximo a Pungo Andongo).

Foto 5.11. Unidade A4 – Perfil de Latossolo Amarelo Distrófico, textura arenosa, relevo plano (próximo a Pungo Andongo).

Embora considerados muito resistentes à erosão de superfície, são muito vulneráveis ao

ravinamento. Em razão disso, cuidados especiais para evitar o desencadeamento de processos

erosivos dessa natureza devem ser a tónica dos cuidados quando da sua utilização. Assim, práticas

de protecção de vales e encostas, cabeceiras e margens de córregos e conservação de estradas são

necessárias em todas as fases do processo.

Por apresentarem baixos teores de argila, são pouco propensos à compactação interna. Desse

modo, no caso de cultivos intensivos, a sementeira directa é recomendada como parte do conjunto

de práticas inerentes ao cultivo mínimo, adoptando-se também as clássicas práticas de conservação

do solo (por curvas de nível de base larga ou terraceamento e demais cuidados inerentes à

conservação do solo, como incorporação de matéria orgânica, rotação de culturas, consorciamento de

culturas, sementeira em nível).

Para todas as unidades, a prática de irrigação deve ser adoptada caso se queira o cultivo com

lavouras, principalmente se a meta for a obtenção de mais uma safra anual, especialmente no caso

da unidade A3. Quando aos não irrigados, o uso com pastagens ou reflorestamento é o mais

indicado, embora, como já mencionado, até mesmo pastagens sejam vulneráveis ao período seco.

Em função da grande permeabilidade desses solos, o uso de irrigação por aspersão é o mais indicado.

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473

É importante mencionar que é possível o cultivo de algumas lavouras de sequeiro de ciclo

curto com relativo sucesso, desde que conduzidas com total observação, em coordenação com o

período chuvoso e que este não seja muito irregular (calendário agrícola). Em outras palavras, o

cultivo não irrigado desses solos mais arenosos, de baixa capacidade de retenção de água, é muito

dependente do regime de precipitação, o que faz dos mesmos, actividades de maior risco.

As correcções químicas de calagem, principalmente visando o suprimento de “Ca” e “Mg”, bem

como adubação com NPK são necessárias e devem ser calculadas com base num plano de correcção

química elaborado a partir das análises de solos específicas e das características dos cultivos

escolhidos.

A aplicação de gesso, nesse caso, não se justifica e a aplicação de correctivos deve ser

cuidadosamente planeada e racionalizada por se tratar de um solo arenoso ou tendente para

arenoso, que não retém os elementos químicos aplicados. Desse modo, elementos muito solúveis

(móveis) como o “K+” (íons de potássio) e o “NO3=” (nitrato), devem, na medida do possível, ser

parcelados de acordo com a exigência das culturas.

Unidades A5 – Ocupando uma superfície de 64.903,97 ha, essa unidade caracteriza-se

principalmente por se tratar de terras mecanizáveis, mas constituídas por solos do tipo Argissolo

Vermelho-Amarelo ou Latossolo Vermelho-Amarelo (SiBCS) / Acrisoles háplicos ou Ferrasoles háplicos

(FAO), que são solos com baixa fertilidade natural, mas com uma variação de textura muito grande

no seu perfil, o que os dota de grande vulnerabilidade aos processos erosivos de superfície (erosões

laminar e em sulcos). Portanto, embora mecanizáveis, são terras que requerem cuidados maiores

com a conservação dos solos.

Assim como no caso das unidades anteriormente descritas, a prática de irrigação deve ser

adoptada caso se queira cultivo com lavouras, principalmente se a meta for a obtenção de mais de

uma safra anual. O cultivo com lavouras de sequeiro no período chuvoso apresenta-se menos

arriscado que na unidade A3, em razão da maior capacidade de retenção de água desses solos.

As correcções químicas de calagem, principalmente visando o suprimento de “Ca” e “Mg”, bem

como adubação com NPK são necessárias e devem ser calculadas com base num plano de correcção

química elaborado a partir das análises de solos específicas e das características dos cultivos

escolhidos.

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474

Unidade A6 e A7 – Essas unidades são constituídas de terras não mecanizáveis, na maioria

das vezes por questões de relevo com topografia acidentada e, em alguns casos, pelo facto de os

solos apresentaram-se rasos ou pedregosos. Localizadamente, podem ser cultivadas com cultivos de

ciclo curto com ou sem emprego de irrigação. Comummente, são mais indicadas para pastagens. A

unidade A6 tem uma área de 41.418,37 ha, enquanto a unidade A7 tem 14.964,05 ha.

A unidade A6 (Foto 5.13. e 5.14.) é constituída por solos do tipo Argissolo Vermelho-Amarelo

(SiBCS) / Acrisoles háplicos (FAO) com textura média-argilosa. Essa unidade é caracterizada como

classe IVsec de capacidade de uso, ou seja, terras cultiváveis, mas com problemas complexos de

conservação.

Foto 5.12. Unidade A6 – Perfil de ocorrência de Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico, textura arenosa/média.

Foto 5.13. Unidade A6 – Paisagem da região de ocorrência de Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico, relevo suave-ondulado (zona sudoeste do PAC, caminho para Fazenda Holanda).

As correcções químicas de calagem, principalmente tendo em vista o suprimento de “Ca” e

“Mg”, bem como adubação com NPK são necessárias e devem ser calculadas com base num plano de

correcção química elaborado a partir das análises de solos específicas e das características dos

cultivos escolhidos.

A prática de irrigação deve ser adoptada para cultivo anual com lavouras, principalmente se a

meta for a obtenção de mais uma safra anual. Em razão da menor permeabilidade e da topografia

das terras dessa unidade, o uso de irrigação localizada (gota-a-gota ou micro aspersão) é preferível,

caso seja por aspersão deve-se ter mais cuidado com a conservação do solo.

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475

Recomenda-se a implantação de sistema de conservação de solo por curvas de nível de base

larga (terraceamento) e todos os demais cuidados inerentes à conservação do solo, principalmente a

sementeira directa. Práticas de incorporação de matéria orgânica, rotação de culturas,

consorciamento de culturas, sementeira em nível, são também recomendáveis.

A aplicação de gesso também deve ser avaliada em caso de sementeira directa.

Unidade A7 – é constituída por solos do tipo Argissolo Vermelho-Amarelo e Cambissolos

(SiBCS) / Acrisoles háplicos e Cambisoles (FAO), são cascalhentos e pedregosos em relevo

acidentado. A unidade A7 é caracterizada como classe VIse de capacidade de uso, ou seja, terras

adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento, com problemas simples de conservação,

cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes protectoras do solo.

Foto 5.14. Unidade A7 – Perfil de Chernossolo Argilúvico Órtico típico, textura argilosa, em fundo de vale.

As correcções químicas de calagem, sobretudo visando o suprimento de “Ca” e “Mg”, bem

como adubação com NPK são necessárias e devem ser calculadas com base num plano de correcção

química elaborado a partir de análises de solos específicas e das características dos cultivos

escolhidos.

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476

A prática de irrigação deve ser adoptada para cultivo anual com lavouras, principalmente se a

meta for a obtenção de mais uma colheita anual. Pela menor permeabilidade e da topografia das

terras dessa unidade, o uso de irrigação localizada (gota-a-gota ou micro aspersão) é preferível, caso

seja por aspersão deve-se ter mais cuidado com a conservação do solo.

Recomenda-se a implantação de sistema de conservação de solo por curvas de nível de base

larga (terraceamento) e todos os demais cuidados inerentes à conservação do solo, principalmente a

sementeira directa. Práticas de incorporação de matéria orgânica, rotação de culturas,

consorciamento de culturas, sementeira em nível, são também recomendáveis.

A aplicação de gesso também deve ser avaliada em caso de sementeira directa.

5.7.3. Terras Não Agricultáveis

Unidades NA1, NA2 e NA3 – constituem as terras não indicadas para nenhum tipo de

actividade agro-silvo-pastoril.

No caso da Unidade NA1, a limitação maior dá-se pela topografia muito acidentada, seguida

de solos rasos, cascalhentos ou pedregosos. Embora constitua uma área mais adequada à

preservação, a sua utilização com pastagens plantadas é possível. Nesse caso, os cuidados com a

erosão, citados anteriormente, são também recomendados. Desse modo, os vales, as encostas

íngremes, as margens e cabeceiras dos córregos devem ser protegidos, evitando-se o

desflorestamento. Da mesma forma, as estradas devem ser dotadas de estruturas de drenagem com

dissipadores de energia que assegurem maior infiltração e o adequado escoamento das águas. Esta

unidade NA1 tem uma área de 24.771,64 ha.

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477

Foto 5.15. Unidade NA1 – Perfil de Neossolo Litólico Distrófico típico, relevo forte ondulado.

A Unidade NA2 tem uma área de 4.585, 38 ha, trata-se de uma área alagada de cursos de

água ou planícies de inundação, que devem ser protegidas, enquanto a Unidade NA3 com área de

22.580,93 ha, representa os afloramentos de rochas, que não se prestam ao desenvolvimento

vegetal. Ambas devem ser destinadas à preservação.

5.7.4. Identificação do potencial de terras agrícolas

A área em estudo apresenta um predomínio absoluto de terras passíveis de exploração agro-

silvi-pastoril, em contrapartida de uma pequena percentagem de terras com limitações fortes

suficiente para desaconselhá-las a este tipo de actividade.

Cabe informar que na área apta para exploração agro-silvo-pastoril, encontra-se a área que é

recomendada para preservar conforme apresentado no Capítulo 4. Assim, dos 354.827,26 hectares

passíveis de exploração, quando retirada a área total recomendada para conservação ambiental de

113.000 ha (inclui a área não agricultável NA de 51.937,95 ha e de preservação) e a área com

ocupação urbana e humana de aproximadamente 5.000 ha, tem-se 293.000 ha para o

desenvolvimento agrícola.

As distintas características dos solos e do ambiente permitiram subdividir os dois grandes

grupos – áreas agricultáveis (A) e não agricultáveis (NA), sem considerar a área recomendada para

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478

preservação ambiental – nas classes de uso ilustradas no gráfico 5.1, a seguir, que reflectem o

potencial agrícola das terras do PAC.

Gráfico 5.1. Potencial de aproveitamento agro-silvi-pastoril das terras do PAC (em %)

FONTE: Elaboração CAMPO.

As principais características das classes de uso aqui consideradas encontram-se sintetizadas

no Quadro 5.2. Classificação das terras de acordo com a capacidade de uso, anteriormente

apresentado, ao passo que as suas limitações mais evidentes, bem como as recomendações

referentes ao seu uso e maneio, conforme mencionado, são apresentadas por completo no quadro do

Anexo 5.4. Quadro de Capacidade de Uso de Terras - Classes.

Nesse quadro, são consideradas as possibilidades de terras utilizadas sob sistemas de

irrigação, facto que pode alterar significativamente a potencialidade de uma determinada terra. No

presente caso, essa situação é verificada principalmente nos casos das unidades A2 e A3, que, sem

irrigação, só seriam julgadas adequadas para uso com pastagens plantadas e, mesmo assim, de

forma restrita, mas que, sob sistema de irrigação, podem ser usadas com lavouras.

É importante ressaltar, ainda, que terras consideradas boas para lavouras de ciclo curto, o são

também para todos os demais grupos de uso, ou seja, lavouras perenes, pastagens plantadas e

silvicultura, nesta ordem. Assim, se uma terra é julgada boa para pastagem plantada, teoricamente

também o será para silvicultura.

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479

Também conforme este trabalho deve-se considerar que: Terras Boas são aquelas sem

limitações significativas para a produção sustentada de determinado tipo de utilização; Terras

Regulares são aquelas com limitações moderadas para a produção sustentada de determinado tipo

de utilização; e Terras Restritas são aquelas com limitações fortes para a produção sustentada de

determinado tipo de utilização. Essas limitações reduzem a produtividade ou os benefícios, elevando

a necessidade de inputs (insumos) de tal maneira que os custos só seriam justificados

marginalmente.

5.7.5. Áreas de Conservação Ambiental

A legislação não estabelece limites físicos para áreas de preservação dentro do PAC, no

entanto estabelece rígidas directrizes quanto aos princípios de sustentabilidade ambiental, incluindo

preservação de mananciais e protecção do solo.

De acordo com esses princípios legais e de sustentabilidade ambiental cabe ao Plan Maestro

propor áreas de preservação, que não deverão ser ocupadas pelas actividades agrícolas.

A Sondotécnica (2006), com base nos mapas temáticos elaborados por ocasião dos estudos

da área do empreendimento, propôs uma primeira delimitação de faixas e áreas para preservação.

São incluídas as faixas marginais aos rios e ao reservatório da Hidroeléctrica de Capanda, assim

como, as áreas que possam servir de corredores ecológicos para as diversas espécies da fauna da

região.

Com base nos trabalhos anteriores, na actualização do conhecimento dos meios físico e biótico

e na legislação em vigor, este Master Plan (Plano Director), no Capítulo anterior O Meio Ambiente e o

PAC, propõe uma actualização desses limites. Adoptaram-se os critérios de protecção de mananciais,

inclusivamente do reservatório do Rio Kwanza, várzeas e inundações, protecção dos monumentos

naturais, sítios históricos, protecção dos topos de morros e áreas de encosta com declives acentuados

(maior que 30%).

Tais áreas, como ilustrado com a Figura 5.9. a continuação, são de grande importância

ecológica, cobertas ou não por vegetação nativa, e têm como função preservar os atributos

ambientais, tais como: os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o

fluxo génico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas,

totalizam 113.000 ha (ver Anexo 5.9. Mapa Áreas para Conservação Ambiental).

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480

Figura 5.9. Áreas para Conservação Ambiental

FONTE: Elaboração NCA.

Para a rede de drenagem foi delimitada uma faixa de 30 metros como espaço de maior

sensibilidade ambiental e que deve merecer maior atenção no que se refere à protecção, a fim de

evitar danos ambientais, particularmente erosão. Neste caso parece mais sensato recuperar a

capacidade produtiva das áreas, muitas delas já antropizadas e degradadas, adoptando-se práticas

agrícolas que ajudem a proteger o solo (ver capítulo seguinte, Capítulo 6 – Tecnologia para

Agricultura em Clima Tropical).

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481

5.8. Recursos da biodiversidade

5.8.1. Recursos florestais

Grande parte da população da África Austral, onde se situa Angola, vive intensamente da

biodiversidade existente; seja para produção de energia (carvão ou lenha), obtenção de

medicamentos, para alimentação, uso de materiais de construção, produção de utensílios ou

artesanato. Em razão disto, torna-se necessário a implementação de acções que promovam o uso

sustentável desses recursos naturais que, actualmente, estão em processo de exploração intensiva.

Na área do PAC predomina uma vegetação de savana com arbustos, florestas abertas e

bosques, passando a savanas de árvores baixas e capins altos, já próximo às calhas dos rios. As

florestas abertas e os bosques são caracterizados por alternâncias sazonais, correspondentes às

estações chuvosas e seca, que são muito bem definidas nessa região. A denominada floresta ou mata

de panda, que inclui formações afins de savana bosque, é caracterizada por um estrato superior

arbóreo e um estrato inferior arbustivo de elementos esparsos, revestindo-se o solo de uma

cobertura graminosa, pouco densa.

São notórios os efeitos da actividade humana, principalmente em termos da agricultura e da

utilização de material lenhoso para queima, notando-se alguma regeneração devido à retracção da

actividade agrícola nos últimos anos. A ocupação das terras tem alterado o aspecto fisionómico

original, em grande parte da área da formação primitiva dessa vegetação aberta, dando lugar a

comunidades típicas de savana com arbustos. Por sua vez, as savanas com árvores são alternadas

por formações secas, do tipo bosque.

Para assegurar a manutenção dos estoques florestais é necessário adoptar técnicas de

silvicultura – seja pela impaltação de sistemas agro-florestais ou por técnicas de reflorestamento,

pois, com o crescimento da população, haverá um contínuo incremento da demanda por madeira ou

lenha.

Destaca-se que a região é rica em algumas espécies vegetais de elevado valor madeireiro

como o pau-preto, a panga-panga e a kibaba, entre outras.

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482

5.8.2. Aspectos da fauna

Não há estudos específicos sobre a fauna na área do projecto e, mesmo regionalmente, há

apenas citações das espécies mais populares.

Por ocasião do enchimento do reservatório da Hidroeléctrica de Capanda (2003), quando

ocorreu a operação de resgate nas ilhas que se formavam, foram resgatados cerca de 1.700 animais,

entre eles, um mamífero predominante na região, chamado Canta-Pedra, muito comum nas margens

do rio Kwanza. A operação visava resgatar os animais em risco de afogamento e devolvê-los para a

natureza, não havendo estudos específicos.

Conforme citado no Capítulo 4, ao sudeste da área do PAC, ainda na província de Malange,

situa-se uma das 13 áreas de conservação de espécies da fauna e flora de Angola, o Parque Nacional

da Cangandala, local de ocorrência da Palanca Negra Gigante, mamífero raro, objecto de projecto de

conservação por meio de estudos e pesquisas por parte de instituições governamentais. A fauna do

parque inclui, ainda, a palanca vermelha, a quissema, a sitatunga, o nunce, o golungo, a seixa, o

bambi, o javali e o porco do mato, espécies que já foram mais comuns na região.

Os recursos faunísticos constituem para a maioria da população rural uma fonte de

sobrevivência e segurança alimentar, visto ser a principal, senão única, fonte de proteína para as

comunidades rurais na área do PAC. Também é comum o comércio de carne de animais silvestres,

como fonte de renda dessa população. Diariamente são abatidos inúmeros animais para consumo

humano. O javali, a palanca branca e as cabras do mato são as espécies abatidas com maior

frequência.

5.9. Agroclimatologia

Entre os principais factores que influenciam a produção agrícola, destacam-se as condições

climáticas, que são, praticamente, incontroláveis, porém podem ser previsíveis de maneira a

minimizar os riscos. O bom desenvolvimento das culturas está relacionado, entre outras coisas, a

condições climáticas favoráveis, entre elas, temperatura, precipitação e fotoperíodo.

As condições meteorológicas afectam drasticamente a produtividade agrícola. A quantidade

total de precipitação, assim como o seu padrão de variação, é um aspecto importante para os

sistemas agrários.

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483

A disponibilidade hídrica, que depende da variável clima e das propriedades do solo, é uma

variável determinante para o desenvolvimento e produtividade das culturas quando as outras

condicionantes são geridas com a adopção de tecnologias.

No que diz respeito às condicionantes, as principais geridas tecnologicamente são: a correcção

do pH e da fertilidade do solo, sementes adequadas às condições locais, o uso adequado dos

produtos fitossanitários, máquinas e alfaias agrícolas, recursos humanos capacitados tanto para a

produção como para a extensão rural, aliando isso às boas práticas agrícolas.

Portanto, conhecer o clima da região e as suas particularidades, assim como os solos (tópicos

apresentados anteriormente) possibilita planear e determinar as tecnologias e as boas práticas para

estas condições.

Nos tópicos a seguir, apresentam-se as principais características do clima da região do PAC e

uma proposta de calendário agrícola para as culturas que se cultivam na estação das chuvas (cultivo

de sequeiro).

O clima da área do PAC é condicionado pela sua localização geográfica (zona subequatorial) e

de altitude, que se situa a 900 e 1.100 metros.

Na classificação de Köeppen9, o clima é do tipo Aw, tropical chuvoso de savana, com um

trimestre mais seco localizado entre Junho e Agosto.

As informações climatológicas da área do PAC foram extraídas dos estudos elaborados pela

Sondotécnica em 2006 para o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MINADER) no

âmbito do Plano de Desenvolvimento do Pólo Agro-industrial de Capanda (PDPAC). Estes estudos, por

sua vez, foram baseados nos dados do estudo realizado em 1990 para o projecto da construção da

Hidroeléctrica de Capanda, elaborado pelas instituições “Hidroproekt S. Y. Zhuk e Echnopromexport”

de origem da antiga União Soviética.

Os dados utilizados na altura, são das Estações Climatológicas de Malanje e Cacuso e da

Estação Pluviométrica de Pungo Andongo, cuja série temporal para Malanje de 1951 a 1980, Cacuso

1954 a 1974 e Pungo Andongo de 1958 a 1975 respectivamente.

9Sistema de classificação global dos tipos climáticos que considera principalmente a temperatura do ar (amplitude térmica) e a precipitação pluviométrica (distribuição sazonal das chuvas).

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484

Esses estudos mostram que o clima na região é caracterizado por um período seco (de Maio a

meados de Outubro) e outro com chuva (a partir da segunda quinzena de Outubro a Abril), com

temperaturas médias amenas, principalmente à noite, devido à altitude e humidade relativa média de

aproximadamente 70% e não inferior a 50% nos meses mais secos.

5.9.1. Precipitação

A análise dos dados climatológicos disponíveis, obtidos das estações climatológicas de

Malange e Cacuso e da estação pluviométrica de Pungo Andongo, mostra que, o clima na região, é

caracterizado por um período de chuvas e um período seco. O período de chuvas, de interesse à

agricultura, inicia em meados de Outubro prolongando-se até ao final de Abril, enquanto, o período

de seca, inicia em Maio e estende-se até o início de Outubro, ocorrendo chuvas esparsas nos meses

de Maio, Agosto e Setembro, e raras chuvas nos meses de Junho e Julho.

A precipitação média anual de Malanje é de 1.147 mm, de Cacuso é de 940 mm e de Pungo

Andongo é 1.035 mm. No Quadro 5.3. estão contemplados os totais médios mensais e anuais das

chuvas, nos Gráficos 5.2. a 5.4. apresentam-se a distribuição das mesmas ao longo do ano.

Quadro 5.3. Precipitações médias mensais e anuais (em mm)

Meses Malanje Cacuso Pungo AndongoJaneiro 115 66 93Fevereiro 110 89 100Março 204 171 193Abril 166 194 186Maio 32 25 21Junho 1 0 0Julho 4 0 0Agosto 11 1 3Setembro 42 31 30Outubro 132 95 114Novembro 214 183 186Dezembro 124 85 109Ano 1.155 940 1.035

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

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485

Gráfico 5.2. Distribuição anual das chuvas mensais – Posto de Malanje (período dos dados: 1951 a 1980)

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

Gráfico 5.3. Distribuição anual das chuvas mensais – Posto de Cacuso (período dos dados: 1954 a 1974)

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

MESES

PRECIPITAÇÃO (mm)

0

50

100

150

200

250

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MESES

PRECIPITAÇÃO (mm)

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486

Gráfico 5.4. Distribuição anual das chuvas mensais – Posto de Pungo Andongo (período dos dados: 1958 a 1975)

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

De particular interesse para a produção agrícola, é o fenómeno “cacimbo” caracterizado por

um nevoeiro durante a noite, com maior intensidade no período da seca e nas pequenas estiagens

durante o período chuvoso. Sobre esse tema, abordar-se-á novamente no tópico mais adiante que

trata do calendário agrícola.

5.9.2. Temperatura

A temperatura média anual nos postos de Malanje e Cacuso é 22,0 e 21,8 ºC

respectivamente, tendo como a temperatura média das máximas 31,9 e 32,5 ºC e a média das

mínimas de 13,0 e 10,4 ºC 21,9 ◦C respectivas para Malanje e Cacuso . No Quadro 5.4. a seguir

demonstram-se as temperaturas médias, médias máximas e médias mínimas. Nos Gráficos 5.5. e 5.6.

observa-se a variação ao longo do ano das temperaturas nestes postos analisados.

Quadro 5.4. Temperaturas médias anuais e extremas nas estações meteorológicas de Malanje e Cacuso

Temperatura Média

Média Extrema Média Extrema (º C)

Malanje 1951/80 30,4 31,9 13 9,1 22

Cacuso 1964/74 32,3 32,5 10,4 8 21,8

Estação PeríodoTemperaturas Máximas (º C) Temperaturas Mínimas (º C)

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

MESES

PRECIPITAÇÃO (mm)

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487

Como se pode observar nos gráficos, há uma boa amplitude térmica entre a média máxima e

a média mínima ao longo do dia durante os meses do ano. Para a agricultura, essa amplitude térmica

em alguns cultivos é benéfica. Não havendo elevadas temperaturas à noite, não há transpiração pela

planta, logo, a energia da fotossíntese vai para a formação e enchimento de frutos/grãos.

Gráfico 5.5. Temperaturas médias ao longo do ano Posto de Malanje (Período: 1951/1980)

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

Gráfico 5.6. Temperaturas médias ao longo do ano Posto de Cacuso (Período: 1964/1974)

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

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488

5.9.3. Insolação

Os dados indicam que o trimestre com menos insolação é o de Novembro – Janeiro. Os

meses com maior insolação são o de Maio e Julho. O mês de maior insolação é o de Julho e o de

insolação mínima é o de Novembro. O valor médio anual observado indica que na área do PAC a

insolação é da ordem de 2.430 horas, o que corresponderia, teoricamente, a 100 dias ou cerca de 4

meses contínuos com luz solar directa, em média. O Gráfico 5.7. apresenta a variação mensal

durante o ano da insolação na Estação de Malanje.

Gráfico 5.7. Insolação ao longo do ano na Estação de Malanje

Fonte: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

5.9.4. Humidade Relativa do Ar

No Quadro 5.5. mostra os valores médios mensais da humidade relativa nos 2 (dois) postos

analisados. A humidade relativa mais elevada ocorre no período de Dezembro a Abril, enquanto os

valores mínimos de humidade relativa são observados no trimestre Julho -Setembro. Na área do PAC,

a humidade relativa média anual é da ordem de 73% (Gráfico 5.8.)

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489

Quadro 5.5. Humidade relativa do ar, medidas nas estações meteorológicas de Malange e Cacuso

Gráfico 5.8. Humidade relativa do ar ao longo do ano Estações de Malanje e Cacuso

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

5.9.5. Ventos

A média anual da velocidade dos ventos na Estação de Malanje é da ordem de 1,45 m/s

(metros/segundo). No Quadro 5.6., apresentam-se as médias mensais da velocidade dos ventos.

HUMIDADE RELATIVA (%) MALANGE CACUSO

Janeiro 75 80 Fevereiro 72 78 Março 76 83 Abril 79 83 Maio 64 76 Junho 50 70 Julho 51 69 Agosto 56 75 Setembro 64 80 Outubro 73 82 Novembro 79 83 Dezembro 76 82 Média 68 78

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

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490

Quadro 5.6. Velocidade média mensal dos ventos, medida na estação meteorológica de Malanje

Gráfico 5.9. Velocidade média mensal dos ventos – estação de Malanje

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

Meses V (m/s)Janeiro 1,56Fevereiro 1,47Março 1,35Abril 1,29Maio 1,50Junho 1,58Julho 1,41Agosto 1,34Setembro 1,50Outubro 1,40Novembro 1,37Dezembro 1,59Ano 1,45

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

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491

5.9.6. Evaporação

Os dados de evaporação, como mencionado no início deste tópico, foram obtidos através do

tanque evaporímetro (Tanque Classe A) instalado na Estação de Pungo Andongo e constavam no

relatório da Missão Soviética.

No Quadro 5.7. contemplam as médias mensais da evaporação. Como se observa, a máxima

evaporação encontra-se no mês de Março com 165 mm e a mínima de 138 mm em Dezembro.

Quadro 5.7. Evaporação média mensal – Posto de Pungo Andongo

Gráfico 5.10. Evaporação média mensal – Posto de Pungo Andongo

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

Meses Evaporação

(mm)Janeiro 154Fevereiro 148Março 165Abril 145Maio 154Junho 149Julho 149Agosto 151Setembro 141Outubro 147Novembro 142Dezembro 138Total Anual 1.783

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

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492

5.9.7. Evapotranspiração de Referência (ETo)

O conhecimento da ETo constitui um importante instrumento para a determinação das

necessidades de água mensal de irrigação, não só para o maneio da rega, como também para a

determinação das dimensões das infra-estruturas de irrigação do PAC.

Ainda dentro do contexto do maneio de rega, por via da ETo determina-se o uso consumptivo

e do balanço hídrico para as áreas irrigadas, com os respectivos cultivos.

Para os dados de evapotranspiração, utilizou-se o conceito de Evapotranspiração de

Referência (ETo): quantidade de água evapotranspirada de uma superfície totalmente coberta por

vegetação rasteira, em fase de crescimento activo, sem restrições de humidade, recomendado pela

FAO (Food and Agricultural Organization) no Documento 24 – Irrigação e Drenagem.

Os dados disponíveis mostram a possibilidade de se utilizar o método indirecto do “Tanque

Classe A” (TCA) por ter informações oriundas de um instrumento que existia na estação de Pungo

Andongo, o único tanque evaporimétrico que existia localizado na área do PAC, conforme já

mencionado.

Para obter os valores da Evapotranspiração de Referência (ETo), os dados da evaporação do

TCA foram corrigidos por um coeficiente, denominado comumente de coeficiente do tanque (Kt) é

definido em função da humidade relativa do ar e da velocidade do vento. Considerando a humidade

relativa do ar média do PAC é de 73% e a velocidade média dos ventos 1,45 m/s (125,3 km/dia), o

coeficiente de ajuste para determinar a evapotranspiração é de Kt = 0,85.

Igualmente no Documento 24 da FAO, pode-se utilizar outros métodos para determinar a ETo,

sendo eles o de Hargreaves e Penmam. Desses, o método de Penmam, por usar mais dados

meteorológicos é considerado mais adequado. Para os cálculos da ETo pelo método de Penmam os

dados meteorológicos necessários são de temperatura, insolação, velocidade do vento, humidade

relativa e altitude do local acima do nível do mar.

No Quadro 5.8. é demonstrado o resultado dos cálculos da Evapotranspiração de Referência

(ETo) mensal e anual pelos métodos de Penmam e Tanque Classe A. Com dados do Posto de Malanje

para o método de Penmam e de Pungo Andongo para o método do tanque.

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493

Quadro 5.8. Evapotranspiração de Referência (ETo) mensal e anual

Como pode ser observado no quadro acima a ETo calculada pelos 2 métodos mencionados

têm resultados próximos e podem ser utilizados para os dimensionamentos e cálculos de irrigação.

Os resultados também estão representados no Gráfico 5.9. a seguir.

Gráfico 5.11. Distribuição anual da evapotranspiração mensal

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

ET Penman ET Tanque

Janeiro 127 131Fevereiro 125 126Março 130 140Abril 122 123Maio 132 131Junho 120 127Julho 127 127Agosto 134 128Setembro 138 120Outubro 130 125Novembro 118 121Dezembro 124 117Ano 1.529 1.516

FONTE: Estudo Climatológico – PDPAC 2006.

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494

5.10. CALENDÁRIO AGRÍCOLA

O conhecimento dos períodos críticos das culturas e a sua adequada caracterização espacial e

temporal, bem como o da resposta das plantas à disponibilidade hídrica no solo possibilita a adopção

de práticas de maneio e utilização que optimizam o uso da água na agricultura.

Os factores edafo-climáticos (solo e clima) são considerados os mais importantes para o

desenvolvimento da cultura, bem como para a definição dos sistemas de produção. Cada cultivo

requer a interacção de um conjunto de factores edafo-climáticos apropriados para o seu

desenvolvimento satisfatório. Um solo rico em nutrientes, por exemplo, teria pouco significado para a

cultura se esse mesmo solo estivesse submetido a condições climáticas adversas ou, ainda,

apresentasse características físicas inadequadas, que influenciassem negativamente a condução e

desenvolvimento da cultura, tais como: drenagem e aeração deficientes, percolação excessiva,

adensamento subsuperficial, pedregosidade excessiva, profundidade reduzida, declive acentuada, etc.

Em termos de solos, as características físicas mais importantes que, isoladas ou em conjunto,

orientam a escolha de um solo adequado são: i) textura (composição granulométrica do solo,

intimamente relacionada com a estrutura, consistência, permeabilidade, capacidade de troca

catiónica, retenção de água e fixação de fosfatos): ii) profundidade efectiva (nível até onde as

raízes podem penetrar livremente em busca de água e de elementos necessários para o

desenvolvimentos da planta) e, iii) relevo (declive).

Tais características já foram consideradas na elaboração do mapa de capacidade de uso das

terras (Anexo 5.5.), porém, cabe aqui enfatizar a capacidade de retenção de água e de nutrientes

disponíveis para as plantas, associando-se a textura com o suporte a estiagens anómalas (pequenos

cacimbos) durante o ciclo de uma cultura.

A Figura 5.10. indica, de maneira genérica, a capacidade de retenção de água e nutrientes

disponíveis para as plantas e a tolerância das culturas à falta de chuva de acordo com a textura do

solo. Tais valores sofrem, ainda, influência da evapotranspiração.

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495

Figura 5.10. Tolerância das culturas à falta de chuvas de acordo com a textura dos solos

Em relação ao clima, conforme citados anteriormente, os factores de maior influência sobre a

cultura são a precipitação, radiação solar, e a temperatura. Esses factores actuam eficientemente nas

actividades fisiológicas interferindo directamente na produção. É facto, porém o registo de

ocorrências localizados, difíceis de serem identificados na série histórica disponíveis e que devem ser

considerados nos sistemas agrícolas a serem implantados, tais como o “pequeno cacimbo”

(estiagem10) que ocorre habitualmente entre Janeiro e Fevereiro.

Neste período, devido às condições climáticas e de altitude da zona do PAC, ocorre o

fenómeno do “cacimbo”, caracterizado por um nevoeiro muitas vezes denso, com elevada humidade

relativa do ar durante as noites. Esse fenómeno ocorre praticamente todos os dias, iniciando ao

anoitecer e dissipando-se na manhã seguinte.

Essa ocorrência é mais acentuada no período seco, acontecendo também durante a época de

estiagem no período de chuvas (pequeno cacimbo).

Tal fenómeno provoca diminuição na evaporação e, consequentemente, uma redução da

transpiração das culturas, reduzindo a necessidade de água e minimizando o stress hídrico nesses

períodos. Por outro lado, a elevada humidade relativa e a redução da insolação nas primeiras horas

da manhã, podem facilitar a propagação de doenças e pragas, assim como a redução do potencial

produtivo de algumas culturas por falta da incidência directa de sol, principalmente se as culturas

forem irrigadas no período seco (cacimbo).

10 Estiagem: Ausência de chuva ininterrupta por um período não superior a dois (2) meses.  

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496

Conforme já mencionado, durante o período de chuvas (2ª quinzena de Outubro a Abril) no

mês de Janeiro, a probabilidade da ocorrência de uma estiagem (pequeno cacimbo) é elevada.

Portanto, nesse mês, deve-se evitar que os cultivos estejam no estágio de maior necessidade de água

(floração e enchimento de grãos), dando preferência para que estejam no final de ciclo e início de

colheita.

Diante disso, há um curto período, ou janela das actividades da campanha de sequeiro,

principalmente as actividades de sementeira e colheita. Isso significa que o parque de máquinas deve

ser dimensionado considerando estes parâmetros para não perder o momento ideal de realizar tais

operações.

Igualmente é adequado utilizar sementes de culturas de ciclo curto ou precoce. Entretanto

ultimamente, em muitas variedades precoces, tem sido incorporada tecnologia de transgénicos

(sementes geneticamente modificadas), inclusive com capacidade de maior tolerância à seca.

Todavia, esta tecnologia é proibida pela legislação vigente em Angola.

Ainda em relação à probabilidade de ocorrência do pequeno cacimbo, existem outras

tecnologias desenvolvidas e largamente utilizadas para minimizar o impacto de défice hídrico na

produtividade das culturas. Essas técnicas serão apresentadas no Capítulo 6. Tecnologia para

Agricultura em Clima Tropical no tópico de Boas Praticas Agrícolas – BPA.

A Figura 5.11. exemplifica o Calendário Agrícola de algumas variedades de grãos, culturas de

sequeiro, para a região do PAC. Nota-se que é possível realizar uma segunda campanha (segunda

época) no mesmo período de chuvas, entretanto de menor dimensão, porque o parque de máquinas

dimensionado para a área de cultivo num período mais longo, só consegue cobrir 30 a 40% dessa

área. Para a cobertura de 100% da área torna-se necessário aumentar o parque de máquinas e

alfaias ou recorrer à prestação de serviços de terceiros.

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497

Figura 5.11. Exemplo de calendário agrícola para a área do PAC

FONTE: Elaboração CAMPO.

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498

5.11. CONCESSÕES E OCUPAÇÕES DE TERRAS EXISTENTES NO

PERÍMETRO DO PAC

Para um entendimento da actual situação fundiária no âmbito do PAC, foi realizado um

completo levantamento cadastral das concessões de terras dentro do polígono do Projecto. O

trabalho foi realizado a partir dos documentos obtidos em diferentes formatos fornecidos pela

SODEPAC (croquis de localização, documentos descritivos, tabelas de coordenadas, gráficos em

formato pdf, etc.). Ou seja, não eram documentos cartográficos.

Para compor um mosaico em um ambiente cartográfico e digital, que permitisse verificar o

conjunto da malha fundiária (Anexo 5.6. Mapa da Malha Fundiária) analisar as ocupações e as

possíveis superposições de áreas, foi feita a conversão de todas as informações disponíveis para um

único padrão de maneira a constituir uma base de dados georreferenciada.

Foram identificados um total de 101.000 ha de áreas já concedidas para empreendimentos

agro-produtivos (Anexo 5.7. Mapa de Concessões de Empreendimentos agro-produtivos), assim

distribuídos:

Fazenda Pedras Negras, 33.000 ha;

Biocom, 39.000 ha;

Projecto Quizenga, 30.000 ha;

Banco Kwanza, 10.000 ha;

C.A.M., 1.500 ha; e

Sovimak, 585 ha.

A interpretação de imagens de satélite actuais, permitiram um novo levantamento de

ocupações, identificando áreas em uso por camponeses (lavras) que totalizam aproximadamente

56.000 ha (Anexo 5.8. Mapa das Lavras Actuais - Ocupação com Cultivos).

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499

5.12. Riscos ao desenvolvimento agro-produtivo

5.12.1. Riscos ambientais associados a causas sociais

Pode considerar-se que a degradação do ambiente em Angola, tal como em outros países, é

uma das vertentes da pobreza, sendo mais evidente nos assentamentos humanos. Há causas sociais

na origem de muitos dos problemas ambientais. Apontam-se, resumidamente, algumas delas11:

Exploração irracional dos recursos naturais, com destaque para a caça, o abate de florestas

tropicais e a imposição de enormes áreas para a prática da monocultura, deixando a céu

aberto enormes feridas no solo;

Exploração de minerais sem a mínima atenção dada à posterior recuperação do local, assim

como a movimentação de populações por ocupação das suas terras;

Movimentação, pós-guerra, de populações das áreas rurais para núcleos urbanos à procura de

apoios básicos como o comércio, ensino e saúde.

Em relação às causas sociais, a educação sanitária e ambiental é o caminho. Um caminho

longo que requer mudanças nos hábitos e na própria cultura. A população do País actualmente é

estimada em 20 milhões de habitantes (Capítulo 1) e, em torno de 45,2 % está na área rural

(estimativa 200912). Essa população rural utiliza os recursos naturais como sistema de suporte das

suas vidas.

O ambiente natural é, desta forma, a base para o desenvolvimento da qualidade de vida

dessas populações e das suas gerações futuras. Recursos como a lenha, áreas para a pastorícia,

prática da agricultura e pecuária, a água, fauna e flora, assim como os ecossistemas frágeis, estão

continuamente sob pressão para satisfazer as necessidades da população.

Esse cenário não é diferente na área do PAC. Os investimentos e o desenvolvimento na área

fazem parte de uma perspectiva de reconstrução nacional e de melhoria da qualidade de vida das

populações, em que é vital o papel da educação e sensibilização ambiental de toda população que

vive na região.

11 Relatório do Estado Geral do Ambiente em Angola – MINUA 2006. www.ecolex.org/server2.php/libcat/docs/LI/MON-083704.pdf. Consultado em 12/06/2012. 12 http://www.countrystat.org/ago/print/cont/pages/page/indicators/pt. Consultado em 15/05/2012. 

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500

Os processos de educação ambiental, nesse contexto, estão intimamente ligados a questões

de sobrevivência, desenvolvimento, melhoria da qualidade da educação e ao modo de vida das

pessoas. A Lei de Bases do Ambiente (N.º 05/98, de 19 Junho) reconhece que a educação ambiental

é uma das medidas de protecção do ambiente, cujo objectivo é o “aumento progressivo de

conhecimentos da população sobre fenómenos ecológicos, sociais e económicos que regem a

sociedade humana”.

5.12.2. Riscos ambientais associados ao sector agrícola

Conforme mencionado no capítulo anterior, as agendas da agricultura e do meio ambiente são

inseparáveis. Dentro desse contexto, a agricultura, como actividade económica, está principalmente

orientada para a produção, o que a torna dependente da disponibilidade de recursos naturais, cuja

exploração exerce pressões sobre o ambiente.

Por outro lado, as inovações tecnológicas estão a desenvolver sistemas de produção

sustentáveis e competitivos, que diminuem a pressão e a necessidade de mais recursos naturais para

a produção de alimentos e renda.

Tais sistemas de produção, aliados a boas práticas agrícolas e o respeito à legislação

ambiental, minimizam os impactos e em alguns casos podem até mitigar.

Exemplos disso, a seguir são citados os principais e, estarão contemplados com maiores

detalhes no próximo capítulo:

Conservação de solo e água: através da construção de curvas de nível de base larga,

perpendicular à declive, que cortam o fluxo de água das altas precipitações e facilitam a

infiltração lenta no solo. Deste modo evita a erosão e o assoreamento dos recursos

hídricos que carregam junto elementos poluidores como resíduos de pesticidas e

fertilizantes químicos;

Sementeira directa ou “plantio direto”: que é a realização da sementeira sobre o resíduo

vegetal do cultivo anterior, sem o revolvimento do solo. Igualmente é uma medida de

controlo de erosão hídrica e eólica, que conserva a humidade do solo, reduz a temperatura

e possibilita o aumento da fauna do solo;

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501

Produção integrada de grãos e pecuária: numa mesma área, em parcelas distintas e

rotacionadas periodicamente a produção de grão e a formação de pastagem para a

pecuária (bovina, caprina, ovina, entre outras);

Produção integrada de grãos, pecuária e floresta, neste caso o componente floresta entra

no sistema descrito anteriormente.

Estes sistemas de produção e de boas práticas podem ser utilizados e aplicados desde a

agricultura familiar à agricultura de larga escala e industrial.

No que diz respeito à agricultura no País, actualmente é predominantemente uma actividade

de trabalho familiar para milhões de pequenos agricultores em regime de auto subsistência que

plantam uma média de 1,4 ha por família em duas ou mais parcelas de terra13.

5.12.3. Riscos ambientais associados ao sector florestal

Angola, além de ser detentora – em termos quantitativos e qualitativos - de um património de

florestas naturais quase único na região, conta com plantações florestais de espécies exóticas, tais

como Eucaliptos e Pinos.

Esse património representa um recurso valioso para o desenvolvimento social, económico e

ambiental do País. Além de fornecer madeira para a indústria, gera uma gama diversificada de

produtos à população rural, peri-urbana e urbana, na forma de energia lenhosa (lenha e carvão

vegetal), materiais de construção, plantas medicinais, frutos silvestres e proteína animal resultante da

caça.

As florestas constituem ainda um factor importante de estabilização ambiental, devido ao

papel que desempenham na protecção, conservação dos solos e na manutenção e regularização dos

regimes hídricos, assim como das bacias hidrográficas.

Angola ainda não está numa situação de degradação generalizada e acelerada da sua base de

recursos florestais, como pode ser o caso de outros países com uma pressão demográfica e recursos

menos diversificados. A impossibilidade física de acesso aos recursos florestais decorrentes da

prolongada situação de conflito a que o País esteve submetido, bem como a descapitalização dos

13 República de Angola: Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. http://www.minaderp.gv.ao/system/post_attachments/17/original/ENSAN.pdf?1342613584. Consultado em 15/05/2012.

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poucos agentes económicos do sector, limitou, em grande medida, a degradação da base de recursos

florestais.

Por outro lado, a paralisação da indústria de celulose durante a guerra fez com que as

plantações de espécies exóticas deixassem de ser exploradas, tendo-se registado, em alguns casos,

operações de desbaste e queimadas praticadas pelas populações circunvizinhas.

Hoje, diversos factores exercem pressão sobre os recursos florestais angolanos14:

Procura internacional cada vez maior de madeira tropical;

Exploração selectiva de algumas espécies de alto valor comercial, o que têm

contribuído para o empobrecimento da composição florestal;

Actividades não licenciadas e ilegais de exploração de madeira, exercidas por

estrangeiros;

Exploração de lenha e carvão de carácter totalmente informal e não planeada;

Processos artesanais de produção de carvão com rendimentos muito baixos (de 10% a

15%);

Fracas contribuições fiscais dos madeireiros e um sistema de fiscalização ineficiente, o

que não estimula a existência de um serviço competente de reflorestamento, gestão e

ordenamento da riqueza florestal.

A desflorestação desordenada é um problema ambiental grave. É causada pelo corte de

árvores para lenha, produção de carvão e obtenção de materiais de construção, pelos desbastes de

áreas para agricultura, pela construção de estradas, pontes e outras estruturas. As áreas urbanas

totalmente desflorestadas expõem-se com mais vulnerabilidade. Nas áreas rurais, a desflorestação é

causada também por práticas de agricultura pouco adequadas, que originam a degradação rápida dos

terrenos e a necessidade de novo derrube de árvores e queimadas. Extensas áreas são igualmente

desbastadas para a agricultura de larga escala ou comercial. A remoção excessiva da vegetação

propícia a erosão dos solos e o assoreamento dos rios, com consequências sobre os sistemas

aquáticos.

Um problema crescente no País, bastante evidente na região do PAC, é a produção excessiva

de carvão vegetal, levando ao abate indiscriminado de muitas árvores. Há grande preferência da

14 Relatório do Estado Geral do Ambiente em Angola – MINUA 2006. www.ecolex.org/server2.php/libcat/docs/LI/MON-083704.pdf. Consultado em 12/06/2012. 

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população de baixa renda pelo uso da lenha e do carvão como fontes de cozedura dos alimentos. A

produção excessiva de carvão atinge actualmente níveis preocupantes.

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ANEXOS

Anexo 5.1. Mapa de Altimetria 

Anexo 5.2. Mapa de Declives 

Anexo 5.3. Mapa de Bacias Hidrográficas 

Anexo 5.4. Quadro da Capacidade de Uso das Terras 

Anexo 5.5. Mapa de Capacidade Uso das Terras 

Anexo 5.6. Mapa da Malha Fundiária 

Anexo 5.7. Mapa de Concessões de Empreendimentos Agro-produtivos 

Anexo 5.8. Mapa das Lavras Actuais (Ocupação com Cultivos)  

Anexo 5.9. Mapa de Áreas para Conservação Ambiental 

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FIGURAS

Figura 5.1. Passos de análise – Modelo de aproveitamento e exploração agrícola .......................... 448 

Figura 5.2. Exemplo de integração de dados temáticos especializados .......................................... 449 

Figura 5.3. Distribuição das litologias e principais estruturas na área ............................................ 452 

Figura 5.4. Ilustração da altimetria na área ................................................................................ 457 

Figura 5.5. Ilustração do declive na área .................................................................................... 457 

Figura 5.6. Ilustração das bacias hidrográficas na área ................................................................ 458 

Figura 5.7. Superfícies geomorfológicas ...................................................................................... 459 

Figura 5.9. Áreas para Conservação Ambiental ........................................................................... 480 

Figura 5.10. Tolerância das culturas à falta de chuvas de acordo com a textura dos solos ............. 495 

Figura 5.11. Exemplo de calendário agrícola para a área do PAC .................................................. 497 

FOTOS

Foto 5.1. Antiga exploração de pedreira em calcário localizada na parte nordeste da área do Pólo . 453

Foto 5.2. Equipamentos de britagem abandonados que operaram na antiga exploração de calcário 453

Foto 5.3. Pedras Negras de Pungo Andongo. .............................................................................. 460

Foto 5.4. Unidade A1 – Perfil de solo da classe Latossolo Vermelho Distrófico típico, textura argilosa

(próximo a Caucuso). ............................................................................................. 468

Foto 5.5. Unidade A1 – Paisagem mostrando solo da classe Latossolo Vermelho Distrófico típico,

textura argilosa (próximo a Caucuso). ...................................................................... 468

Foto 5.6. Unidade A1 – Perfil de Latossolo Vermelho Distrófico típico, textura argilosa, relevo plano

(entre Malanje e Cacuso). ....................................................................................... 468

Foto 5.7. Unidade A1 – Paisagem de Latossolo Vermelho Distrófico típico, textura argilosa, relevo

plano (entre Malanje e Cacuso). .............................................................................. 468

Foto 5.8. Unidade A3 – Perfil de Neossolo Quartzarênico Órtico típico, textura arenosa, relevo plano

(proximidades da albufeira de Capanda). ................................................................. 471

Foto 5.9. Unidade A3 – Paisagem de ocorrência de Neossolo Quartzarênico Órtico típico, textura

arenosa, relevo plano (proximidades da albufeira de Capanda). ................................ 471

Foto 5.10. Unidade A4 – Perfil de Latossolo Amarelo Distrófico, textura arenosa, relevo plano

(próximo a Pungo Andongo). .................................................................................. 472

Foto 5.11. Unidade A4 – Perfil de Latossolo Amarelo Distrófico, textura arenosa, relevo plano

(próximo a Pungo Andongo). .................................................................................. 472

Foto 5.12. Unidade A6 – Perfil de ocorrência de Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico, textura

arenosa/média. ...................................................................................................... 474

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Foto 5.13. Unidade A6 – Paisagem da região de ocorrência de Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico,

relevo suave-ondulado (zona sudoeste do PAC, caminho para Fazenda Holanda). ...... 474

Foto 5.14. Unidade A7 – Perfil de Chernossolo Argilúvico Órtico típico, textura argilosa, em fundo de

vale. ...................................................................................................................... 475

Foto 5.15. Unidade NA1 – Perfil de Neossolo Litólico Distrófico típico, relevo forte ondulado. ......... 477

GRÁFICOS

Gráfico 5.1. Potencial de aproveitamento agro-silvi-pastoril das terras do PAC (em %) .................. 478 

Gráfico 5.2. Distribuição anual das chuvas mensais – Posto de Malanje ........................................ 485 

Gráfico 5.3. Distribuição anual das chuvas mensais – Posto de Cacuso ........................................ 485 

Gráfico 5.4. Distribuição anual das chuvas mensais – Posto de Pungo Andongo ............................ 486 

Gráfico 5.5. Temperaturas médias ao longo do ano Posto de Malanje (Período: 1951/1980) .......... 487 

Gráfico 5.6. Temperaturas médias ao longo do ano Posto de Cacuso (Período: 1964/1974) ........... 487 

Gráfico 5.7. Insolação ao longo do ano na Estação de Malanje .................................................... 488 

Gráfico 5.8. Humidade relativa do ar ao longo do ano Estações de Malanje e Cacuso .................... 489 

Gráfico 5.9. Velocidade média mensal dos ventos – estação de Malanje ....................................... 490 

Gráfico 5.10. Evaporação média mensal – Posto de Pungo Andongo ............................................ 491 

Gráfico 5.11. Distribuição anual da evapotranspiração mensal ..................................................... 493 

QUADROS

Quadro 5.1. Resultado de análises físico-químicas para amostras de calcário ................................ 454

Quadro 5.2. Classificação das terras de acordo com a capacidade de uso ..................................... 466

Quadro 5.3. Precipitações médias mensais e anuais (em mm) ..................................................... 484

Quadro 5.4. Temperaturas médias anuais e extremas nas estações meteorológicas de Malanje e

Cacuso ................................................................................................................... 486

Quadro 5.5. Humidade relativa do ar, medidas nas estações meteorológicas de Malange e Cacuso 489

Quadro 5.6. Velocidade média mensal dos ventos – estação de Malanje ....................................... 490

Quadro 5.7. Evaporação média mensal – Posto de Pungo Andongo .............................................. 491

Quadro 5.8. Evapotranspiração de Referência (ETo) mensal e anual ............................................ 493

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BIBLIOGRAFIA

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Solos: Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2ª Ed., Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006.

LEPSCH, I.F. et al. : Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação de terras no

sistema de capacidade de uso. 4ª Aproximação. Campinas, Brasil. SBCS, 1983.

MARTINHÃO GOMES DE SOUSA, Djalma, LOBATO, Edson (Editores): Cerrado. Correção do solo e

adubação. 2ª Edição, Embrapa Informação Tecnológica, Brasília, DF 2004.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO DESENVOLVIMENTO RURAL (MINADER): Plano de

Desenvolvimento do Pólo Agro-industrial de Capanda - PDPAC. Odebrecht/Minader, 2006.

MINISTÉRIO DO URBANISMO E AMBIENTE (MINUA): Relatório do Estado Geral do Ambiente em

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http://www.minaderp.gv.ao/system/post_attachments/17/original/ENSAN.pdf?1342613584.

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SONDOTÉCNICA / ODEBRECHT / MINADER: Plano de Desenvolvimento do Pólo Agro-industrial de

Capanda PDPAC, Estudo Climatologico, Angola, 2006.

SONDOTÉCNICA: Relatório Geologia – PAC-30-0021 RE R0 100105, 2006.

SITES CONSULTADOS

FAO COUNTRYSTAT ANGOLA http://www.countrystat.org/home.aspx?c=AGO