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    ESUD 2013 – X Congresso Brasileiro de Ensino Superior a DistânciaBelém/PA, 11 – 13 de junho de 2013 - UNIREDE

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    POLOS DE APOIO PRESENCIAL: REQUISITOS E DESAFIOSDA GESTÃO

    Adriana Teixeira Bastos1,Eloísa Maia Vidal2, Ana Augusta Ferreira de Freitas3, JoãoBatista Carvalho Nunes4

    1,3Universidade Estadual do Ceará/ Centro de Ciências Sociais Aplicadas2 Universidade Estadual do Ceará/ Centro de Ciências e Tecnologia

    4 Universidade Estadual do Ceará/Centro de Educação

    Resumo – O presente artigo tem como objetivo discutir o funcionamento egerenciamento de polos de apoio presencial. Para tanto, parte-se do histórico domodelo de criação desses espaços, da descrição dos requisitos de qualidadenecessários ao seu funcionamento, bem como da descrição do seu funcionamento, a

    partir da exposição dos principais desafios enfrentados pelos gestores da redeCAPES/UAB para seu funcionamento e gerenciamento. Trata-se de um trabalhoexploratório de caráter descritivo, cujas principais considerações são provenientesda experiência dos autores na gestão de cursos de EaD, bem como da participaçãode trabalhos de monitoramento de polos promovidos pela CAPES/UAB. Comoresultado, aponta-se as redes de cooperação sendo elas instrumento indicado parasanar os problemas de exclusão, com vistas à distribuição mais equitativa de

    oportunidades para todos, já que podem reunir distintos atores sociais em torno deum objetivo e são capazes de atender a diversas demandas.

    Palavras-chaves: Gestão em EaD. Polos presenciais. Desafios gerenciais. Abstract – This article aims to discuss the operation and management support polescontext. In order to do this, historical model of creating these spaces and thedescription of the quality requirements necessary for its operation are reviewd, aswell as a description of their operation from the exposure of the main challenges

    faced by network managers CAPES / UAB to its operation and management. This isan exploratory, descriptive study, the main considerations based on the authors'experience in the management of distance education courses, as well as

    participation in the work of monitoring centers sponsored by CAPES / UAB. Theresults point to the cooperation networks as an instrument suitable to avoid problems of exclusion in order to more equitable opportunities for all, since theycan gather various social actors around a goal and are able to meet severaldemands.

    Keywords: EaD management. Presencial polos. Management challanges.

    1. IntroduçãoO presente artigo tem como objetivo discutir o funcionamento e gerenciamento de polos deapoio presencial. Para tanto, parte-se do histórico do modelo de criação desses espaços, da

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    descrição dos requisitos de qualidade necessários à sua funcionalidade, bem como dadescrição deste funcionamento, a partir da exposição dos principais desafios enfrentados pelosgestores da rede CAPES/UAB para seu funcionamento e gerenciamento.

    A pesquisa donde se origina este texto situa-se em nível exploratório; busca umaaproximação com o fenômeno estudado, no presente caso o funcionamento e o gerenciamentodos polos de apoio presencial, “com vistas na formulação de problemas mais precisos ouhipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”. (GIL, 1991, p. 44). Adotou-se como métodoa pesquisa documental, centrando sua análise sobre os documentos que estruturam a educaçãoa distância (EaD) no Brasil. Também foi empregada a observação simples, denominadainformal (GIL, 1991), facilitada pela experiência dos autores na gestão de cursos de EaD, bemcomo na participação de trabalhos de monitoramento de polos promovidos pela CAPES/UAB.

    As primeiras experiências de EaD no Brasil remontam a finais do século XIX, comuso de material impresso, à semelhança do que acontecia em outros países, como EstadosUnidos, Inglaterra e Alemanha, que tinham vivido suas primeiras ofertas de cursos adistância, por correspondência, em meados do século XIX (ALVES, 2009; ARETIO, 2002).

    Com os avanços no campo da radiodifusão, as emergentes experiências em educação àdistância passam a experimentar o uso do rádio como mecanismo de EaD. É dessa época acriação da Fundação Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923, doada para o Ministério daEducação e Saúde (MEC), a criação do Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério daEducação e o início das escolas radiofônicas em Natal, que deram impulso à utilização desseveículo para fins educacionais (ALVES, 2009).

    Em 1960, inicia-se ação sistematizada do Governo Federal em EaD, medianteestabelecimento de contrato entre o MEC e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB). Esse contrato previa a expansão do sistema de escolas radiofônicas, abrangendo osEstados nordestinos e fazendo surgir o Movimento de Educação de Base (MEB), que incluíaum sistema de ensino a distância não formal. Cinco anos depois, começavam a ser realizadosos trabalhos da Comissão para Estudos e Planejamento da Radiodifusão Educativa, seguida dainstalação de oito emissoras da televisão educativa pelo Poder Público: TV Universitária dePernambuco, TV Educativa do Rio de Janeiro, TV Cultura de São Paulo, TV Educativa doAmazonas, TV Educativa do Maranhão, TV Universitária do Rio Grande do Norte, TVEducativa do Espírito Santo e TV Educativa do Rio Grande do Sul. Em 1970, nasceu oProjeto Minerva, por meio de decreto ministerial e da Portaria n. 208/1970.

    A primeira e mais longa geração da EaD no Brasil, assim como em todo o mundo, privilegiou o uso de material textual impresso. Foi sucedida por gerações que acrescentaramuso de rádio, telefone e elementos audiovisuais (televisão, vídeo), incluindo depois astelecomunicações e os computadores sem ligação à rede, até chegar à geração em que há oemprego de ambientes virtuais de aprendizagem, com processos de ensino/aprendizagemmultimidiáticos e multilaterais. Na década de 1990 surgiram as primeiras ferramentas deapoio à aprendizagem virtual no Brasil, com o suporte da tecnologia digital, permitindo umamaior interação entre agentes de forma não presencial, desenvolvendo-se a EaDon-line .

    O processo de normalização da EaD no Brasil ocorreu a partir da publicação da LDBde 1996 (n. 9.394/1996), por meio do artigo 80, quando menciona que “O Poder Público

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    incentivará o desenvolvimento e a vinculação de programas de ensino a distância, em todos osníveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”. (BRASIL, 1996). Talreconhecimento, apesar das críticas declaradas pelo uso do termo “ensino a distância” e não“educação a distância” por autores como Demo (1998), representou um avanço significativo para as iniciativas que já estavam em andamento nesse sentido e estimularam a adoção maisfrequente dessa modalidade.

    Após legitimado e regulamentado pelo Decreto n. 2.494/1998, em seu art. 1º, a“educação a distância” passa a ter uma definição oficial:

    Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem,com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentadosem diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, eveiculados pelos diversos meios de comunicação. (BRASIL, 1998a, art. 1º,caput ).

    A Portaria Ministerial n. 301/1998 (MEC, 1998) e o Decreto n. 2.561/1998 (BRASIL,1998b), que alteram os artigos 11 e 12 do Decreto n. 2.494/1998, normalizam os procedimentos de credenciamento das instituições interessadas em oferecer cursos a distânciaem níveis de graduação e educação profissional tecnológica.

    Com as definições apresentadas na LDB, o Governo federal procurou criar condições para que a viabilização concreta de atividades, envolvendo EaD, ocorressem, capacitando pessoal para o desenvolvimento de materiais instrucionais, estimulando a prática maisintensiva dessa modalidade de ensino como complementação da aprendizagem ou emsituações emergenciais.

    De 1994 a 2009, a História da EaD no Brasil registra avanços significativos e de formaacelerada, chegando a compensar o lento da segunda metade do século XX, em relação aoutros países que criaram seus sistemas de EaD. Importante destacar que nesses 15 anos oPaís conseguiu estabelecer a base legal que orienta essa modalidade de ensino, crioumecanismos para a certificação de instituições que trabalham com educação a distância,analisou propostas e emitiu autorização de cursos, estimulou o desenvolvimento de pesquisasque vieram a produzir modelos pedagógicos.

    Por meio do Decreto n. 5.622/2005 (BRASIL, 2005), foram revogados os Decretos n.2.494/1998 e 2.561/1998, e atualizada a definição oficial de EaD em seu art. 1º:

    Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidadeeducacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e

    aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação ecomunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas emlugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005, art. 1º,caput ).

    Com a publicação da LDB de 1996, a EaD, no Brasil, iniciou um processo decrescimento acelerado. Embora não seja possível ignorar as experiências desenvolvidas eimplementadas pelas Universidades públicas, é inegável que o setor privado tomou a dianteirana oferta dessa modalidade de ensino, pelo menos nos primeiros dez anos.

    A Universidade Aberta do Brasil (UAB) surge, então, como uma iniciativa do MECvisando à inclusão social e educacional por meio da oferta de educação superior a distância.Ciente de que a ampliação de vagas nas universidades federais enfrentava sérias limitações, oMEC viu na UAB a possibilidade de democratizar, expandir e interiorizar o ensino superior

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    público e gratuito no País, com apoio da educação a distância e a incorporação de novasmetodologias de ensino, especialmente o uso de tecnologias digitais, empregando a estratégiade uso compartilhado das estruturas de apoio aos encontros presenciais em regiões longínquasdo Brasil.

    Sua institucionalização ocorreu por meio do Decreto n. 5.800/2006 (BRASIL, 2006),que dispõe sobre o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Esse dispositivo legal buscou incentivar as Instituições públicas a participarem de programas de formação inicial econtinuada a distância de professores para educação básica, colocando-se a medida comoalternativa imediata para um problema crônico: a carência de professores para atuação naeducação básica.

    O programa UAB oferece cursos de graduação, sequencial, pós-graduaçãolato sensu estricto sensu , prioritariamente orientados para a formação de professores e administração pública. O funcionamento desses cursos a distância, empregando metodologia de ensino como apoio de tecnologias digitais, são implementados por Instituições de Educação Superior(universidades públicas ou institutos federais). Estas possuem como ponto de apoio presencialos polos localizados em diversos municípios e que tiveram suas propostas de criação de poloaprovadas pela CAPES.

    2. Desenvolvimento do Modelo PropostoA UAB não constitui uma nova instituição para o MEC. Na verdade ela apresenta umaconfiguração de rede, envolvendo as Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES), que, podem incluir as universidades estaduais, que puderam participar somente a partir do segundo

    edital (UAB, 2012).A Universidade Aberta do Brasil “é um sistema integrado por universidades públicas

    que oferece cursos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade deacesso à formação universitária, por meio do uso da metodologia da educação a distância”(UAB, 2012).

    A Figura 1 mostra em como a estrutura sistêmica da rede UAB se esquematiza,mediante interação com os parceiros e relação com o polo de apoio presencial.

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    FIGURA 1 – Estrutura do Sistema UABFonte: UAB (2012).

    A Portaria Normativa n. 02/2007, art. 2, § 1º, define o polo de apoio presencial como

    sendo “a unidade operacional para desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programas ofertados a distância”.Portanto, é nessa unidade operacional que se configura um importante nó operacional da redede educação articulada pelo UAB. Além do MEC/UAB, compartilham o mesmo polo as IESque oferecem os cursos e o mantenedor do polo, que tanto pode ser o Município quanto oGoverno do Estado (MEC, 2007a).

    Eis alguns exemplos de atividades que ocorreram nessas unidades de apoio presencial:aulas presenciais, avaliação dos estudantes, defesa de trabalhos de conclusão de curso, aulas práticas em laboratório específico, acompanhamento do estágio obrigatório, orientação aosestudantes pelos tutores, videoconferência ouweb conferência, atividades de estudoindividual ou em grupo, que podem incluir consultas aos livros da biblioteca ou utilização dolaboratório de Informática, entre outras.

    Essa unidade, portanto, é muito importante para o sistema UAB, pois funciona comoum ponto de apoio fundamental para os estudantes radicados em locais distantes da unidadede ensino que oferta o curso (MEC, 2007b).

    A implantação dos polos deve, inclusive, visar à viabilização da expansão,interiorização e regionalização da oferta de educação no País pelas IES. Assim, a escolha dalocalização dos polos e sua estruturação devem respeitar as peculiaridades de cada região elocalidade, bem como as especificidades de cada um dos cursos ofertados. Essa escolhacriteriosa da localização deve considerar, assim, a vinculação entre os cursos ofertados e as

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    demandas locais, em favor do desenvolvimento social, econômico e cultural da região.Assim, os polos de apoio presencial devem contar com estruturas essenciais, cujafinalidade é assegurar a qualidade dos conteúdos ofertados por meio dadisponibilização aos estudantes de material para pesquisa e recursos didáticos paraaulas práticas e de laboratório, em função da área de conhecimento abrangida peloscursos. (MEC, 2007b, p. 26).

    A criação e difusão da rede UAB vai ao encontro dos pressupostos de Fleury eOuverney (2007), que constatam a emergência e difusão crescente do fenômeno intitulado“redes de políticas”. Segundo os autores, a cada dia ganha proeminência o arranjointerorganizacional para formulação e execução de políticas públicas, que, por sua vez,impõem inúmeros desafios para sua gestão. Como lembram os autores, as políticas públicas,eram definidas e implementadas a partir de estruturas organizacionais hierarquizadas eunitárias. Entretanto, atualmente, essas estruturas vêm dando lugar a outras, caracterizadascomo policêntricas e reticulares.

    Em vez de a política ser responsabilidade de um ministério, essa decorre, cada vezmais, de acordos que se estabelecem entre múltiplos atores envolvidos nos processosde desenho, implementação, controle e avaliação das políticas, englobando órgãosestatais descentralizados, organizações da sociedade civil e mesmo instituições demercado. Apesar da diversidade de contextos institucionais, impõe-se esta novarealidade caracterizada pela dependência mútua, visto que nenhum ator detém ocontrole dos recursos e do processo total. A realidade das redes está mais e mais presente no meio empresarial, nas políticas públicas em geral e especialmente, nas políticas sociais. (FLEURY; OUVERNEY, 2007, p. 7).

    Fleury e Ouverney (2007), no entanto, reconhecem que, apesar da diversidade deobjetivos, instituições, atores e recursos envolvidos, em todos os casos são encontradoselementos comuns, representados pelo desafio de estabelecer modalidades gerenciais capazesde viabilizar os objetivos pretendidos e preservar a existência da estrutura em rede, assimcomo ocorre na rede da UAB, em que todos os atores têm interesse em ampliar e interiorizar a participação da educação superior no Brasil.

    As redes têm sido vistas como a solução adequada para administrar políticas e projetos onde os recursos são escassos e os problemas, complexos; onde existemmúltiplos atores envolvidos; onde há interação de agentes públicos e privados,centrais e locais, bem como uma crescente demanda por benefícios e por participação cidadã. (FLEURY; OUVERNEY, 2007, p. 10).

    Fleury e Ouverney (2007), no entantanto, lembram que, por se tratar de um objetocomplexo, a gestão de redes está longe de ser simples, o que tem acarretado inúmerosfracassos de programas e projetos, apesar da boa vontade dos atores envolvidos.

    Na verdade, a rede é uma nova metáfora para designar ou especificar sistemas,estruturas ou arranjos organizacionais compostos por vários elementos (pessoas, lojas,equipamentos, empresas etc.) que possuem uma ligação entre si, mesmo estando dispersos.(MARTINHO, 2003).

    Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto, altamente dinâmico,suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio. Redes são instrumentosapropriados para a economia capitalista baseada na inovação, globalização econcentração descentralizada [...] Mas a morfologia da rede também é uma fonte de

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    drástica reorganização das relações de poder. (CASTELLS, 1999, p. 498).

    2.1. Requisitos de qualidade de um polo de apoio presencialO funcionamento de um polo de apoio presencial exige muita coordenação de esforços, pois,como não existe um modelo único de educação a distância, os cursos podem apresentardiferentes desenhos e múltiplas combinações de linguagens e recursos educacionais etecnológicos, que serão os responsáveis por definir como o polo de apoio presencial seráutilizado. Uma vez que várias instituições podem utilizar o mesmo polo, essa combinação derecursos e práticas pode se tornar ainda mais complexa.

    A natureza do curso e as reais condições do cotidiano e necessidades dos estudantessão os elementos que irão definir a melhor tecnologia e metodologia a ser utilizada, bem como a definição dos momentos presenciais necessários e obrigatórios, previstos em lei, estágios supervisionados, práticas em laboratórios de ensino,trabalhos de conclusão de curso, quando for o caso, tutorias presenciais nos polosdescentralizados de apoio presencial e outras estratégias. (MEC, 2007b, p. 7).

    A seguir, apresenta-se alguns requisitos, considerados no documento intitulado“Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância” (MEC, 2007b), comofundamentais para o funcionamento dos polos de apoio presencial.

    • Horário de funcionamento: os polos devem possuir horários de atendimentodiversificados. O objetivo é permitir que, principalmente estudantes trabalhadores, possam seratendidos quando estiverem com horário disponível. Se possível, deve funcionar durantetodos os dias úteis da semana, incluindo o sábado, nos três turnos.

    • Bibliotecas: devem possuir acervo atualizado, amplo e compatível com as disciplinasdos cursos ofertados, disponibilizado em diferentes mídias. Por isso é importante que a biblioteca seja informatizada, para permitir consultason-line , solicitação virtual deempréstimos de livros, entre outras atividades de pesquisa que facilitem o acesso àinformação. Ainda deve dispor de espaço interno para salas de estudo individual e em grupo.

    • Laboratório de Informática: pode ser mais de uma unidade. Cumpre papel essencialnos cursos a distância. Precisa estar equipado de forma a possibilitar ao estudante, por meiode ambiente virtual de aprendizagem projetado para o curso, a interação com outrosestudantes, docentes, coordenador de curso e com os responsáveis pelo sistema degerenciamento acadêmico e administrativo do curso. É necessária, portanto, a compatibilidadeentre a quantidade de equipamentos e o número de estudantes atendidos. Além de ambiente para a realização de tutorias presenciais e realização de trabalhos individuais, o laboratóriodeve ser de livre acesso, a fim de permitir que se constitua em espaço de promoção dainclusão digital. Um laboratório de Informática no polo de apoio presencial deve possuir,minimamente: recursos de multimídia e computadores modernos, com leitoras de DVD e/ouCD, ligados em rede com acesso à internet banda larga. Também é requisito importante queesse laboratório possua refrigeração e iluminação apropriadas, bem como estar equipado comsoftwares conforme as especificidades dos cursos que atenderá.

    • Ambientes administrativos: deve concentrar toda a logística de administraçãoacadêmica e operacional do polo. Pode incluir depósitos de materiais, sala de reunião e de professores etc.

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    • Ambientes acadêmicos: espaços para a tutoria devem contar com salas paraatendimento de pequenos grupos, assim como os encontros presencias para grandes gruposdevem ocorrer em salas mais amplas. Diversas áreas do conhecimento científico sãofortemente baseadas em atividades experimentais, o que exige que cursos dessas áreasofereçam experiências laboratoriais em seus currículos para a garantia de qualidade no processo de ensino/aprendizagem. Portanto, para a oferta de cursos dessa natureza, deverãoexistir, nos polos de apoio presencial, laboratórios de ensino, cujos insumos para as atividadesali desenvolvidas deverão ser especificados de forma clara no projeto do curso.

    • Condições de acessibilidade: o projeto arquitetônico do polo deve atentar para agarantia de acesso e permanência das pessoas com deficiência, em todos os ambientes de usocoletivo.

    • Manutenção e conservação das instalações físicas e dos equipamentos: o polo devedispor de técnicos em informática e técnicos para os laboratórios de ensino específicos(quando couber), contratar pessoal capacitado para manutenção e conservação do acervo bibliográfico, dos equipamentos e das instalações físicas do local, além de pessoal de limpezae serviços gerais e segurança. O polo de apoio presencial, sendo uma unidade paraatendimento aos estudantes e local para a realização das atividades presenciais, além daestrutura física adequada, deve contar com uma equipe capacitada para atender os estudantesem suas necessidades. A composição dessa equipe dependerá da natureza e dos projetos pedagógicos dos cursos, sendo, no mínimo, composta pelo coordenador do polo, os tutores presenciais, técnicos de laboratório de ensino (quando for o caso), técnicos para laboratório deInformática, bibliotecário, pessoal de secretaria.

    Finalmente, vale destacar que o estabelecimento de parcerias, convênios e acordosentre instituições, com vistas à oferta de cursos a distância e estruturação de polos de apoio presencial, somente será possível se estiver de acordo com o que dispõe o artigo 26 doDecreto 5.622/2005 (BRASIL, 2005).

    3. Desafios enfrentados pela gestãoCumpridos os requisitos de qualidade, parte essencial para o gerenciamento dos polos deapoio presencial, cabe aos gestores das instituições que compõem a rede de cooperação,gerenciá-lo, ou seja, coordenar todos esses recursos e ações fundamentais ao seufuncionamento de modo eficaz, para que o objetivo do polo seja atingido, ou seja, para que eleseja capaz de “oferecer o espaço físico de apoio presencial aos alunos da sua região,mantendo as instalações físicas necessárias para atender os alunos em questões tecnológicas,de laboratório, de biblioteca, entre outras” (UAB, 2012).

    A gestão desses polos de apoio presenciais, todavia, tem se constituído um problema,devido à carência de encaminhamentos adequados para gerenciamento e operacionalizaçãodesses ambientes. Apesar das exigências do Governo Federal para a implantação desses polos,diversos aspectos muitas vezes não são contemplados, o que compromete o bomfuncionamento da oferta de EaD e dificulta a sua gestão (RIBAS, MOREIRA, CATAPLAN,2011).

    Os polos de apoio presencial são unidades operacionais para o desenvolvimento

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    descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programasofertados a distância pelas instituições públicas de ensino superior, no âmbito da rede decooperação do Sistema UAB. São mantidos por Municípios ou Governos de Estado,responsáveis por oferecer a infraestrutura física, tecnológica e pedagógica, como vistoanteriormente (UAB, 2012).

    Dentre as principais dificuldades encontradas na oferta da infraestrutura básica dos polos, cite-se o acesso à internet, ainda bastante precário em grande parte das regiões nointerior do País. Isso requerer investimento considerável por parte dos mantenedores que, emmuitos casos, pode implicar na ausência de soluções rápidas para o problema. Cabe tambémdestacar as complicações referentes à contratação e manutenção de quadro de pessoalqualificado e com vínculo empregatício formal, para garantir as condições mínimas defuncionamento e manutenção do polo.

    Do ponto de vista organizacional, chama-se atenção para a necessidade decoordenação dos esforços, como era de se esperar em redes complexas, por envolver vários parceiros e tarefas múltiplas, uma vez que em um mesmo polo, há possibilidade de que sejamadotados desenhos diversos de cursos a distância, pois uma mesma instituição de ensino poderá ter cursos na modalidade a distância com características diferenciadas, baseadas emsuportes midiáticos e tipos de interação distintos, com estruturas de tutoria diversas e comlogísticas de aulas, estratégias pedagógicas e professores diferenciados (RIBEIRO; TIMM;ZARO, 2006). Essa diversidade de soluções de EaD pressiona para a necessidade de umdomínio de procedimentos burocráticos nos polos provenientes dos vários componentes darede – CAPES/MEC/UAB, IES e mantenedores dos polos (governos estaduais ou municipais) – requerendo do coordenador do polo grande capacidade de coordenação, de articulação e denegociação com as instituições de ensino, disponibilidade e acesso para negociar recursoscom os mantenedores, bem como conhecimento necessário para apresentação sistemática deinformações, por meio de ambiente virtual de trabalho, para a figura central da rede: aUAB/CAPES/MEC.

    Tendo em vista a deficiência na oferta de pessoal qualificado e remuneração adequada para os setores administrativo, técnico, serviços gerais e segurança, também seráimprescindível o papel de liderança a ser desempenhado pelo coordenador do polo, bem comoque esse tenha habilidade para formar e estimular sua equipe.

    A equipe do polo, reduzida ou não, tem a missão de mantê-lo em funcionamento

    durante os três turnos, de segunda a sábado, durante os três turnos, para possibilitar que osalunos possam desenvolver a segurança de que, uma vez possuindo alguma dúvida, eles podem encontrar no polo o apoio necessário para que esta seja sanada. A equipe também precisa estar preparada para atender a demanda pelo polo, caracterizada por uma sazonalidadeque concentra grande volume de alunos em poucos dias da semana, quando da realização deatividades presenciais designadas pelas IES promotoras dos cursos, pode incluir os domingos,conforme demanda dos coordenadores de cursos.

    Cabe, ainda, destacar que a coordenação dos profissionais que trabalham no polo vaialém do pessoal administrativo, técnico, serviços gerais e segurança especificados acima.Também realizam atividades nos polos, o pessoal designado pelas IES, como os tutores presenciais, que possuem carga horária especifica de atendimento aos alunos no polo;

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    professores autores/formadores e tutores a distância, que visitam o polo eventualmente,conforme definido nos projetos pedagógicos dos cursos. Como são vários cursos, comespecificidades em cada projeto pedagógico, a forma de atuação e frequência de participaçãodesses profissionais no polo pode variar de curso para curso, apesar de todos seremsupervisionados e acompanhados pelo coordenador do polo.

    Considerando todas as habilidades e requisitos citados acima, imprescindíveis aoscoordenadores de polo, cabe destacar, por conseguinte, que também se constitui em desafio para os parceiros da rede a escolha e manutenção de coordenadores comprometidos com aeducação a distância.

    Note-se que, a despeito dos muitos conhecimentos importantes para que o coordenadorexerça a sua função eficazmente, como os destacados por Ribas, Moreira e Cataplan (2011),como: gestão estratégica, gestão de projetos, gestão da infraestrutura, gestão de equipe egestão de processos; os coordenadores também precisam de habilidade e atitudes específicas:motivação, capacidade comunicativa, liderança, capacidade de articulação ecomprometimento.

    4. Considerações Finais Não são poucos os desafios enfrentados pelos parceiros para o funcionamento e a manutençãode um polo de apoio presencial. A descrição acima revela, entretanto, que esses desafios podem ser superados, desde que todos os componentes da rede estejam conscientes de quecada um possui responsabilidade para com a gestão do polo. Apesar de originalmente seconstituir em responsabilidade do mantenedor o oferecimento da infraestrutura física,

    tecnológica e pedagógica, todos são responsáveis pelo seu funcionamento – CAPES/UAB,IES e mantenedores (Estado ou Município) – uma vez que uma estrutura em rede depende doesforço de todos, devido ao seu caráter sistêmico, em que se considera a interdependênciaentre as partes e dessas com o todo.

    Sem dúvida é complexo o gerenciamento dessa rede. Entretanto, não se deve fugir dodesafio, pois também fica claro que as redes de cooperação podem ser o instrumento indicado para sanar os problemas de exclusão, com vistas à distribuição mais equitativa deoportunidades para todos; elas podem reunir diversos atores sociais em torno de um objetivo esão capazes de atender diversas demandas.

    ReferênciasALVES, J. R. M. A história da EAD no Brasil. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. (Org.).

    Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p.9-13.

    ARETIO, L. G. La educación a distancia: de la teoría a la práctica. Barcelona: Ariel, 2002.BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 . Estabelece as diretrizes e bases da

    educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em:. Acesso em: 16 jan. 2012.

    BRASIL. Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 . Regulamenta o art. 80 da Lei nº9.394, de 20 de dezembro de 1996, e dá outras providências. Brasília, 1998a. Disponível

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm

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  • 8/18/2019 Polo Desafios

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