Poluição dos Solos - original

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INTRODUO O solo pode ser estudado por suas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas, com o objetivo de conhecermos suas propriedades e utiliz-lo no atendimento das necessidades humanas sem degradar o ambiente. O conceito de solo pode ser diferente de acordo com o objetivo mais imediato de sua utilizao. para o agricultor e o agrnomo esse conceito destacar suas caractersticas de suporte da produo agrcola. Para o engenheiro civil, o solo importante por sua capacidade de suportar cargas ou de transformar-se em material de construo. Para o engenheiro de minas, o solo importante como jazida mineral ou como o material solto que cobre e dificulta a explorao dessa jazida. Para o economista, o solo um fator de produo. J o ecologista v o solo como o componente da biosfera no qual se do os processos de produo e decomposio que reciclam a matria, mantendo o ecossistema em equilbrio. De um modo geral, o solo pode ser conceituado como um manto superficial formado por rocha desagregada e, eventualmente, cinzas vulcnicas, em mistura com matria orgnica em decomposio, contendo ainda gua e ar em propores variveis e organismos vivos. COMPOSIO DO SOLO A proporo de cada um dos componentes pode variar de um solo para outro.Mesmo em um solo de determinado local as propores de gua e variam sazonalmente, com os perodos de maior ou menor precipitao. Em termos mdios de ordem de grandeza, os componentes podem ser encontrados na seguinte proporo: 45% de elementos minerais 25% de ar 25% de gua 5% de matria orgnica. A matria slida mineral , preponderantemente, proveniente de rochas desagregadas. A parte lquida fundamentalmente constituda por gua proveniente de precipitaes, tais como chuvas, sereno, neblina, orvalho e degelo de neve e geleiras, que contenham em soluo (destacando-se pela importncia a coloidal) substncias originalmente presentes nas fases slidas e gasosa. A parte gasosa proveniente do ar existente na superfcie e, em propores variveis, dos gases da biodegradao de matria orgnica nos quais predomina o dixido de carbono (biodegradao aerbia) e outros como o metano (biodegradao anaerbia). A parte orgnica proveniente da queda de folhas, frutos, galhos e ramos, alm de restos de animais, excrementos e outros resduos, em diferentes estgios de decomposio, em fase slida ou lquida. da biodegradao dessa matria orgnica que resulta o hmus do solo, responsvel em boa parte pelas suas caractersticas agrcolas (produo primria) e vrias de suas propriedades fsicas. POLUIO DO SOLO RURAL - OCORRNCIA E CONTROLE O emprego de fertilizantes sintticos e defensivos um fato relativamente novo, cujo uso cresceu rapidamente e que se estende, hoje, por praticamente todas as terras cultivveis, com alguns impactos ambientais imediatos e bem conhecidos e outros,

especialmente os relacionados aos defensivos, que dependem de anos e dcadas para se manifestar e ser avaliados em suas conseqncias totais. Nos dois casos, a produo e o consumo vm crescendo geometricamente a taxas que giram em torno de uma sextuplicao a aproximadamente cada duas dcadas, e que tendem a manter-se ou a crescer em curto prazo. Entretanto, a despeito dos riscos envolvidos, difcil reconhecer que o uso de fertilizantes sintticos e defensivos essencial para assegurar os nveis de produo primria, particularmente de alimentos, para o atendimento de uma populao que continua a crescer em taxas elevadas, da qual cerca de dois teros tm graves problemas de desnutrio. Se no possvel abolir o uso desses fertilizantes em curto prazo, urgente limitar seu uso ao estritamente indispensvel, cortando os desperdcios geradores de resduos poluidores, restringindo o emprego dos defensivos aos ambientalmente mais seguros e empregando tcnicas de aplicao que reduzam os custos derivados de sua acumulao e propagao pela cadeia alimentar. Fertilizantes sintticos At o advento de sua industrializao, os fertilizantes disponveis eram quase sempre provenientes da produo prpria e local, obtida dos restos de vegetais decompostos e dos excrementos de animais (estrume). Em maior escala, eram adquiridos de produtores, na forma do conhecido Salitre do Chile, ou obtidos pelo beneficiamento, por exemplo, de imensos depsitos de guano (excrementos depositados na costa do Chile e do Peru por aves aquticas cuja alimentao provm das ricas guas da corrente de Humboldt e das vrias ressurgncias que a ocorrem). Sendo todos produtos naturais, sua biodegradao e incorporao s cadeias alimentares dos ecossistemas associados ao solo eram imediatas e no havia criao de desequilbrios ou danos maiores. A partir da produo do adubo artificial, caiu a barreira fsica e econmica que limitava sua disponibilidade, fazendo crescer os riscos de sua acumulao ambiental at concentraes txicas, tanto de nutrientes essenciais como de outros elementos tidos como impurezas do processo de fabricao. A bibliografia cita casos de pesquisas efetuadas em vrios pases onde foram constatadas vrias impurezas constitudas por substncias altamente txicas. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos desde 1970 indicam a presena de vrias impurezas, algumas delas na forma de metais pesados, de reconhecida toxidez, mesmo em teores bastante reduzidos. A adio de fertilizantes ao solo visa atender demanda de nutrientes das culturas. Em ordem decrescente das quantidades exigidas pela planta, so cerca de dezesseis os elementos necessrios assimilados pelo vegetal, principalmente a partir de suas formas minerais ou mineralizadas encontradas em soluo nos solos. Os macronutrientes principais so o nitrognio, o fsforo e o potssio. Em seguida esto os macronutrientes secundrios: clcio, magnsio, enxofre. Por fim, os micronutrientes como o ferro, mangans, cobre, zinco, boro, molibdnio e cloro. Como em qualquer processo fsico, qumico e biolgico, mesmo quando o fertilizante aplicado com a melhor tcnica e de modo que seja mais facilmente assimilvel pelo vegetal, a eficincia nunca de cem por cento, provocando, em conseqncia, um excedente que passa a incorporar-se ao solo, fixando-se sua poro slida ou solubilizando-se e movimentando-se em conjunto com sua frao lquida. A eficincia dessa aplicao, alm de depender da tcnica utilizada (modo e local da aplicao, momento da aplicao e ocorrncia ou no de agentes que o carregam e lixiviam etc.), depende tambm das quantidades adotadas. Essa dependncia expressa

pela conhecida lei econmica dos rendimentos decrescentes. Por essa lei, medida que as aplicaes de fertilizante intensificam-se, a cada novo acrscimo de quantidade de fertilizante empregado o acrscimo de produo primria crescentemente menor. Em outras palavras, a eficincia cai e quantidades crescentes incorporam-se ao ambiente e no planta. Mesmo sem entrar em detalhes sobre o que acontece com os vrios elementos no incorporados planta, mas relembrando os ciclos biogeoqumicos vistos nos captulos precedentes, fcil intuir que alguns deles podero vir a integrar-se a corpos de gua e outros ficaro no solo, prximos superfcie em que ocorrem os cultivos. Os primeiros podero elevar os teores com que naturalmente se apresentam nas guas, ocasionando diferentes formas de poluio. Uma delas, denominada contaminao, ocorre quando esses teores atingem nveis txicos flora, fauna e ao homem em particular. A outra, denominada eutrofizao, corresponde superfertilizao das guas, que passam a produzir enormes quantidades de algas que, por competio, eliminam muitas espcies aquticas e restringem severamente os benefcios que podem ser extrados da gua. A parcela que se fixou ao solo tende a acumular-se em concentraes crescentes que podero torn-lo imprprio agricultura. Mesmo a parcela solubilizada assimilada pelas plantas, se o for em teores crescentes, poder alterar a composio do tecido celular. Essas plantas, ao serem utilizadas como alimento pelo homem ou pelo gado, incorporam-se cadeia alimentar que passa pelo homem, introduzindo um fato novo, cuja conseqncia s ser conhecida, talvez, aps um prazo de algumas geraes. Dados de origem norte-americana mostram que nas prticas agrcolas normais, no mais do que 50 % e 30 %, respectivamente, do nitrognio e do fsforo aplicados por meio de fertilizantes so incorporados s plantas (Spyridakis, 1976). Os 50 % e 70 % complementares que, devido s prticas agrcolas menos desenvolvidas entre ns, devem ser maiores, vo transformar-se na fonte potencial dos problemas acima referidos. Estudos sobre a incorporao de nutrientes no tecido vegetal evidenciaram um grande aumento de concentrao de nitratos em vegetais plantados em solos com adio de fertilizantes. No caso da alface, o teor de nitrognio, medido em percentual de massa seca, foi de 0,6 em terreno adubado com 600 kg de nitrognio por hectare, enquanto na cultivada em terreno normal, esse teor de 0,1 (Commoner, 1970). Podemos inferir que o comportamento qualitativo relativo aos demais nutrientes seja similar. Em termos ecolgicos globais e em longo prazo, a fertilizao e especialmente a superfertilizao com eficincia decrescente tendem a modificar a distribuio da ocorrncia dos nutrientes na biosfera, provocando sua concentrao em alguns dos seus segmentos (solos agrcolas e corpos de gua) e na cadeia alimentar em que est o homem. Defensivos agrcolas Os defensivos agrcolas so classificados em grupos, de acordo com o tipo de praga que combatem: inseticidas, fungicidas, herbicidas, rodenticidas (contra roedores) etc. Os defensivos que inauguraram o ciclo que ainda hoje caracteriza a tecnologia predominante de combate s pragas agrcolas tm cerca de cinqenta anos. Eles foram sintetizados na busca de um efeito mais duradouro de sua aplicao. Surgiu ento o DDT, em 1939, como o primeiro inseticida organoclorado de elevada resistncia decomposio no ambiente (meia vida da ordem de decnios). Desde ento, um grande nmero deles vm sendo sintetizados, partindo-se do mesmo objetivo inicial, mas com a preocupao crescente de torn-los mais especficos quanto aos organismos afetados e menos duradouros. foroso reconhecer que esses dois ltimos objetivos ou no tm sido

alcanados ou o sucesso da sua concretizao tem esbarrado em uma conseqente perda de eficincia. O atributo que foi o grande motor da expanso dos defensivos - seu efeito residual transforma-se cada vez mais na pior de suas caractersticas. A resistncia em decompor-se no ambiente, de modo a impedir o desenvolvimento de organismos indesejados, justificou o sucesso do DDT em programas de sade pblica (pelo combate malria, tifo exantemtico e vrias outras doenas transmitidas por insetos) e na contribuio para o aumento da produtividade agrcola. Entretanto, essa permanncia no ambiente ampliava a oportunidade de sua disseminao pela biosfera, seja por meio de fenmenos fsicos (como a movimentao das guas e a circulao atmosfrica), seja pelas cadeias alimentares dos ecossistemas presentes no local de sua aplicao original. De repente, os resultados de pesquisas e expedies cientficas comearam a registrar a presena de defensivos como o DDT nas calotas polares e em tecido celular de animais e aves com habitat bastante afastado dos locais de sua aplicao costumeira, e o que pior, em teores elevadssimos. Enquanto a circulao das guas e da atmosfera, juntamente com os deslocamentos dos organismos integrados s cadeias alimentares explicavam a disseminao dos defensivos em escala mundial, as concentraes elevadas so conseqncia do que se denomina biomagnificao ou amplificao biolgica. A biomagnificao ocorre quando substncias persistentes ou cumulativas, como os compostos organoclorados, migram do mecanismo da nutrio de um organismo para os seguintes da cadeia alimentar. Essa migrao pode iniciar-se pela concentrao da substncia no organismo fotossintetizante e chegar at os ltimos elos da cadeia alimentar. Um exemplo bastante estudado, o do bacalhau das guas do Mar do Norte, ajuda a ilustrar o que vem a ser biomagnificao. Sabemos que a produo de um quilo de tecido celular no bacalhau corresponde a cerca de cem mil quilos de vegetais aquticos consumidos pelo primeiro consumidor da cadeia alimentar do bacalhau. Se, em uma hiptese simplificadora, existisse uma substncia conservativa no biodegradvel e no eliminvel que fosse se transmitindo ao longo de toda a cadeia alimentar, sua concentrao no bacalhau estaria aumentada de cem mil vezes em relao do vegetal fotossintetizado. Outros estudos mostram que os defensivos presentes no solo transferem-se, parcialmente, para o tecido celular da planta, com relaes de concentraes que dependem, entre outros fatores, da concentrao existente no solo e do tipo de planta. Ramade (1974) apresenta os efeitos da contaminao do solo por heptacloro em vrios cultivos, transcritos parcialmente na Tabela 9.6. Tabela 9.6 - Concentraes de heptacloro em vegetais cultivados em solo contaminado (Ramade, 1974). Os efeitos ambientais ou indiretos podem ser resumidos em: mortandade inespecfica: mesmo quando sintetizados na tentativa de se combater especificamente uma certa praga por meio da propagao pela cadeia alimentar, essa mortandade pode tornar-se inespecfica; reduo da natalidade e da fecundidade de espcies: mesmo naquelas espcies que s longinquamente e apenas por meio da cadeia alimentar ligam-se praga combatida.

Esses efeitos, vlidos para os defensivos sintticos em geral, tm incidncia diferente, dependendo do agente ativo de que derivem, como pode ser observado na lista de defensivos apresentada a seguir, que sumariza as caractersticas dos principais grupos de defensivos existentes atualmente. A severidade dos efeitos indiretos depende tambm da quantidade aplicada e do modo como essa aplicao feita. Muitas pragas, hoje em dia, podem ser controladas por meios biolgicos no lugar de pesticidas. Nesse caso, as espcies nocivas so mantidas em nveis aceitveis pela introduo de um predador natural ou microrganismo que lhe cause doena. Por exemplo, os insetos que infestam a cana-de-acar podem ser controlados por uma espcie de joaninha. O manejo integrado de pragas visa controlar as pragas de modo a minimizar as perdas econmicas por meio de sua reduo populacional sem que seja preciso eliminlas completamente. Dificilmente a adoo de um nico mtodo soluciona os diversos problemas envolvidos na reduo populacional da praga. So utilizados o controle biolgico, mudanas no padro de plantio, plantas geneticamente modificadas para que se tornem mais resistentes e o uso cuidadoso e seletivo de agrotxicos para manter o nvel de produo agrcola e a sade humana (The Global Tomorrow Coalition, 1990). importante frisar que o manejo integrado de pragas exige um planejamento anterior ao plantio das safras agrcolas, principalmente se forem utilizados mtodos como rotao de culturas, plantio em faixas, variedades resistentes e outros. Tais mtodos devem envolver tambm os grupos de agricultores de uma regio, visto que as pragas no respeitam divisas entre propriedades. Por todos esses motivos, podemos pensar num manejo integrado da agricultura que harmonize todas as tcnicas de produo agrcola dentro do contexto de um nico ecossistema ou agroecossistema. As razes apresentadas anteriormente justificam as duas grandes linhas em que se apiam os esforos de controle dos efeitos dos inseticidas. A primeira delas, de mais longo prazo, mais radical e de viabilidade que depende de verificao, prope a busca de solues alternativas de combate s pragas agrcolas como, por exemplo, as de base biolgica ou fsica, que se baseiam na criao e disseminao de obstculos e restries sobrevivncia do organismo por meio de predadores, armadilhas etc. A segunda apia-se no estabelecimento de uma estrutura legal e institucional que impea a produo e comercializao dos defensivos de efeitos negativos maiores e o controle da intensidade e do modo de sua aplicao pelo agricultor. A abrangncia e a complexidade elevadas dos efeitos dos defensivos na biosfera no permitiram que, at agora, pudessem ser vislumbradas medidas corretivas. Por outro lado, persistem vrias incgnitas sobre a natureza e a extenso de algumas das conseqncias em longo prazo. Considerando ainda a atual inexistncia de solues alternativas em escala compatvel com a necessria, conclui-se ser este um dos maiores desafios ambientais deste incio do sculo. A seguir, relacionamos os principais grupos de defensivos agrcolas sintticos. Inseticidas: Organoclorados: DDT, Aldrin, Dieldrin, Heptacloro etc. De um modo geral so extremamente persistentes. Alguns deles, como o DDT, permanecem em percentuais de mais de 40% decorridos cerca de quinze anos aps sua aplicao. O heptacloro, um dos menos persistentes, aps os mesmos quinze anos apresenta percentual em torno de

15%. Sua produo e consumo vm sendo proibidos progressivamente em um nmero cada vez maior de pases. Organofosforados: Parathion, Malathion, Phosdrin etc. Apresentam uma certa seletividade em sua toxidez para os insetos. Em sua maioria, degradam-se bem mais rapidamente que os organoclorados. Carbamatos: So especficos em sua toxidez para os insetos e de baixa toxidez para os vertebrados de sangue quente. Fungicidas: Sais de cobre: os de uso mais antigo. Organomercuriais: de uso restrito s sementes. Herbicidas: Derivados do arsnico: de uso decrescente e limitado. Derivados do cido fenoxicetico: 2,4D; 2,4,5T; Pichioram. Os dois primeiros foram utilizados no Vietn em dosagens dezenas de vezes superiores s mximas recomendadas na agricultura e provocaram efeitos catastrficos sobre a fauna, a flora e as populaes (agente laranja). De modo alternativo, iniciou-se recentemente a utilizao de manipulao gentica para conseguir plantas mais resistentes. A tcnica normalmente utilizada para melhorar as caractersticas das culturas agrcolas e aumentar a produtividade tornou-se conhecida como melhoramento tradicional. Essa tcnica consiste em cruzar uma planta com outra qualquer para obter caractersticas desejveis nova variedade. Nesse processo natural transferem-se, alm do gene desejado, centenas de outros no necessariamente benficos, ou seja, o DNA da planta doadora mistura-se ao DNA da planta receptora e vrios genes so combinados de uma s vez, sem que haja controle total sobre essa combinao. A biotecnologia, ou engenharia gentica, aplica uma tcnica modificada do melhoramento tradicional com uma diferena significativa: permite a insero de um ou alguns genes especficos, cujas caractersticas so conhecidas com antecedncia, sem que o restante da cadeia de DNA seja alterado. H, portanto, maior segurana sobre o produto resultante do que quando se utiliza o melhoramento tradicional. Um produto transgnico, portanto, pode ser definido como o que recebeu, por meio da engenharia gentica, um ou mais genes de outro organismo com objetivos especficos, como por exemplo o de tornar a planta resistente a um determinado inseto ou a um determinado herbicida. Genes do Bacillus Thuringiensis (Bt), uma bactria do solo que aplicada tradicionalmente como pesticida, inclusive nas culturas orgnicas, foram transferidos para sementes de algodo, milho e soja para repelir a broca do milho, diversos tipos de lagartas e outras pragas. A soja transgnica, denominada Roundup Ready, desenvolvida pela empresa Monsanto, o primeiro produto geneticamente modificado a solicitar pedido de registro no Brasil e possui genes de Bt em sua cadeia de DNA. No Brasil, existem apenas culturas experimentais de produtos transgnicos. Apesar da opinio favorvel da Comisso Tcnica Nacional de Biossegurana e do Ministrio da Cincia e Tecnologia -(CNTBio), as culturas comerciais de produtos transgnicos ainda no foram totalmente autorizadas. Os defensores dos produtos transgnicos argumentam que eles proporcionam um aumento real de produtividade e de reduo de custos operacionais, fator bsico para equilibrar a crescente demanda de alimentos dos pases do terceiro mundo.

As desvantagens associam-se aos seguintes tipos de problemas: a) grandes mercados, como por exemplo o europeu e o japons, resistem ao consumo de produtos transgnicos, o que pode ser um fator negativo para a exportao de produtos geneticamente modificados; b) a Lei de Patentes impede o uso das sementes transgnicas, fazendo com que o agricultor permanea na dependncia das empresas produtoras de plantas geneticamente modificadas; c) no h pesquisas de efeitos crnicos (ou seja, de longo prazo) sobre o meio ambiente e sobre a sade pblica dos consumidores que permitam estabelecer os riscos associados aos produtos geneticamente modificados. Salinizao - Ocorrncia e preveno A salinizao uma forma particular de poluio do solo. Como mencionamos anteriormente, ela ocorre mais freqentemente em solos naturalmente susceptveis, seja pela natureza do material de origem, seja pela maior aridez do clima ou pelas condies do relevo local. H porm uma salinizao que pode ocorrer pela ao do homem quando a explorao agrcola feita com o auxlio de irrigao. A Figura esquematiza o que ocorre quando a franja capilar formada pela ao da tenso superficial atuando em um lenol fretico eleva a gua com sais em soluo at o nvel do terreno. A evaporao que se sucede deixa a os resduos slidos salinos. Em zonas de maior pluviosidade, alm de a soluo aquosa do solo apresentar menor teor de sais, as precipitaes freqentes lixiviam esse sal, devolvendo-o, por infiltrao, para o lenol fretico. Em zonas ridas, o teor de sais na soluo aquosa mais elevado e a freqncia das lixiviaes pelas chuvas bem menor. Alm disso, a explorao agrcola, muitas vezes, s possvel mediante irrigao. A conseqncia imediata da irrigao uma elevao do lenol fretico. Quando ele , naturalmente, pouco profundo, a franja capilar imposta pelo novo nvel pode atingir a superfcie do terreno, acumulando sais. A preveno desse problema deve ser feita j na fase do projeto de engenharia, mediante a previso de um sistema de drenos que rebaixe a superfcie do lenol fretico. Uma outra medida, que pode.ser utilizada em paralelo, consiste em sobreirrigar, aplicando quantidades de gua superiores s requeridas pela planta, para obter o efeito de lixiviao normalmente resultante das chuvas. As duas medidas encarecem os custos de investimento e de operao. Outras vezes nem sequer detectada previamente sua necessidade. O resultado que tem sido freqente em grandes programas de irrigao a salinizao e a perda de enormes extenses de solos agricultveis, a exemplo do que ocorreu muitas vezes na antiguidade, contemporaneamente na Califrnia e mais recentemente no semi-rido brasileiro POLUIO DO SOLO URBANO - OCORRNCIA E CONTROLE A poluio do solo urbano proveniente dos resduos gerados pelas atividades econmicas que so tpicas das cidades, como a indstria, o comrcio e os servios, alm dos provenientes do grande nmero de residncias presentes em reas relativamente restritas. Difere da poluio rural por um outro aspecto importante do ponto de vista ecolgico e de equilbrio dos ecossistemas. A maior parte dos resduos urbanos proveniente de reas externas ao seu territrio. Ao serem lanados ou dispostos adequadamente nos limites do territrio urbano, no s acentuam os problemas de poluio (especialmente quando ela entendida pelo seu conceito de indigesto em um segmento da biosfera), como causam o empobrecimento nas reas de onde provm a matria e energia que, aps a utilizao no meio urbano, transforma-se em resduos.

Embora a poluio do solo possa ser provocada por resduos nas fases slida, lquida e gasosa, sem dvida sob a primeira forma que ela manifesta-se mais intensamente por duas razes principais: as quantidades geradas so grandes e as caractersticas de imobilidade ou pelo menos de muito menor mobilidade dos slidos impem grandes dificuldades ao seu transporte no meio ambiente. exatamente a grande mobilidade dos gases propiciada pela circulao atmosfrica com freqentes trocas de massa e a reduo das concentraes de poluentes relativamente rpida (em relao aos lquidos e em especial aos slidos) que torna de menor significado o efeito poluidor direto dos resduos gasosos sobre o solo. Indiretamente, porm, a parte que precipita nas reas urbanas pode chegar ao solo na forma de poluentes em soluo, trazidos pelas chuvas conhecidas como chuvas cidas, por exemplo. Alm desses, h os resduos lquidos que atingem o solo urbano e que so provenientes dos efluentes lquidos de processos industriais e, principalmente, dos esgotos sanitrios que no so lanados nas redes pblicas de esgotos. Tanto uns como outros podem chegar ao solo como parte de um procedimento tcnico de tratamento de resduos lquidos por aplicao ao solo ou, como conseqncia de descuido e descaso, serem a simplesmente lanados. Alguns efluentes industriais e os esgotos sanitrios (oriundos do afastamento por via lquida dos dejetos humanos e dos resduos provenientes do preparo de alimentos, higiene pessoal, da residncia e do local de trabalho) podem, em pequenas comunidades ou em sistemas isolados, ser adequadamente tratados por meio de tcnicas que prevem sua aplicao aos solos sem criar problemas de poluio. Essas tcnicas podem resumir-se simples infiltrao dos efluentes de uma fossa sptica no solo ou constiturem-se de processos mais elaborados e mais modernos. Os esgotos sanitrios e eventualmente os de processos industriais so, s vezes, lastimavelmente lanados sobre o terreno superficial, vias pblicas, sarjetas etc., gerando problemas graves no s provenientes da poluio que agride o olfato e a viso, mas tambm podendo gerar episdios de sade pblica endmicos e epidmicos quando esses lanamentos esto contaminados por substncias patognicas e txicas. Dentre todos, porm, a poluio do solo urbano por resduos slidos o problema maior e mais comum para o qual convm dar ateno especial. Resduos slidos urbanos Os resduos slidos de uma rea urbana so constitudos por desde aquilo que vulgarmente se denomina lixo (mistura de resduos produzidos nas residncias, comrcio e servios e nas atividades pblicas, na preparao de alimentos, no desempenho de funes profissionais e na varrio de logradouros) at resduos especiais, e quase sempre mais problemticos e perigosos, provenientes de processos industriais e de atividades mdico-hospitalares. De maneira mais especfica e prtica, a norma brasileira NBR 10 004 caracteriza como resduos slidos todos os resduos, nos estados slido e semi-slido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos nesta definio os Iodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de gua ou exijam para isso solues tcnica e economicamente inviveis, face melhor tecnologia disponvel. O denominado lixo, em funo de sua provenincia variada, apresenta tambm constituintes bastante diversos, e o volume de sua produo varia de acordo com sua

procedncia, com o nvel econmico da populao e com a prpria natureza das atividades econmicas na rea onde gerado. No por acaso que os estudos arqueolgicos valorizam tanto os resduos como fonte de conhecimento dos costumes e da civilizao de povos mais antigos. Por exemplo, as propores de papel, de substncias inertes, de matria orgnica mais prontamente biodegradvel, como restos de alimentos, variam bastante conforme a predominncia da ocupao urbana mais tpica da rea de que provm. Entretanto, no conjunto dos resduos coletados nos aglomerados urbanos maiores, com atividades diversificadas, h um certo grau de similaridade em sua composio. Considerando aspectos prticos e de natureza tcnica ligadas principalmente s possibilidades de tratamento e disposio dos resduos em condies satisfatrias dos pontos de vista ecolgico, sanitrio e econmico, a norma brasileira anteriormente referida (NBR 10.004) distingue-os em trs classes: Resduos Classe 1 ou perigosos: Constitudos por aqueles que, isoladamente ou por mistura, em funo de suas caractersticas de toxicidade, inflamabilidade, corrosividade, reatividade, radioatividade e patogenicidade em geral, podem apresentar riscos sade pblica (com aumento de mortalidade ou de morbidade) ou efeitos adversos ao meio ambiente, se manuseados ou dispostos sem os devidos cuidados. Resduos Classe III ou inertes: So aqueles que no se solubilizam ou que no tm nenhum de seus componentes solubilizados em concentraes superiores aos padres de potabilidade de gua, quando submetidos a um teste padro de solubilizao (conforme NBR 10.006 - Solubilizao de Resduos). Resduos Classe II ou no inertes: So aqueles que no se enquadram em nenhuma das classes anteriores. As mesmas razes que levaram a definir essas classes tm aconselhado a organizar os servios pblicos e a orientar e educar a populao para manusear, acondicionar, coletar, transportar e dispor, de maneira diferenciada, os resduos slidos conforme a classe em que se enquadram. As dificuldades dessa implantao diferenciada provm do tempo, recursos financeiros, administrativos e educacionais necessrios para viabilizar esse novo sistema, superando hbitos e costumes tradicionais. A Tabela abaixo apresenta a composio do lixo em So Paulo. Observa-se como essa composio se altera no tempo devido a uma a srie de fatores como crise econmica, tecnologia, reciclagem de materiais etc. Da composio e, principalmente, do maior ou menor teor de matria orgnica biodegradvel depende a maior ou menor eficincia na utilizao de processos biolgicos naturais ou intensificados para o tratamento do lixo, os mais empregados habitualmente, por serem os mais simples e viveis. A quantidade de lixo gerada decorre da populao servida. Em termos mdios cada pessoa produz diariamente cerca de 0,6 a 0,7 kg, valor que pode ultrapassar 1 kg em pases desenvolvidos. Lanado em qualquer lugar ou inadequadamente tratado e disposto, o lixo uma fonte dificilmente igualvel de proliferao de insetos e roedores, com os conseqentes riscos para a sade pblica que da derivam, alm de ser causa tambm de incmodos estticos e de mau cheiro. As solues individuais de disposio e tratamento do lixo mais empregado nas reas rural at por sua utilidade (adubao do solo ou alimentao de animais) so

dificilmente viveis em reas urbanas, devido escassez de rea e pela proximidade de pessoas. Nas cidades indispensvel um sistema pblico ou comunitrio que se incumba da limpeza de logradouros, da coleta, disposio e tratamento do lixo que extinga os riscos de sade pblica e elimine ou reduza a nveis aceitveis os demais impactos sobre o ambiente associado ao lixo. Normalmente, um sistema desses compreende as seguintes atividades principais: varrio de vias, praas e demais logradouros pblicos; coleta domiciliar e nas demais edificaes destinadas ao comrcio e indstria. Sempre que possvel essa coleta deve ser seletiva, exigindo-se para tanto que os usurios acondicionem previamente seus resduos de acordo, no mnimo, com as classes j referidas da NBR 10 004 ou, como comum quando se deseja facilitar a reciclagem, separando dos inertes os vidros, latas, papis etc.; transporte at centros de transbordo ou de triagem ou diretamente at os locais de disposio e tratamento; disposio e/ou tratamento do lixo, com eventual aproveitamento do produto desse tratamento. A freqncia e o modo como cada uma das duas primeiras atividades exercida devem ser definidos por critrios tcnicos (de sade pblica) e balizados por parmetros de otimizao dos custos envolvidos (mo-de-obra, transporte etc.). Transporte e triagem O transporte s direto at os locais de disposio e/ou tratamento quando as distncias percorridas so pequenas e o lixo mais homogneo e predominantemente biodegradvel. Nesses casos, os veculos devem ser especiais, geis e de tamanho que possibilite acesso a todo o sistema virio, devendo ser, ainda, dotados de algum mecanismo que compacte o lixo, otimizando o uso da capacidade volumtrica do transporte, e vedados de modo a reduzir os riscos de perda de materiais, vazamentos de lquidos e maus odores. O transbordo e a triagem, quando necessrios, so feitos em estaes o mais isoladas possvel de reas urbanizadas e habitadas, dotadas de equipamentos que reduzam o risco de proliferao de insetos, roedores e mau cheiro. No ponto de transbordo, o lixo removido para veculos de maior porte, visando reduzir o custo do metro cbico a ser transportado a maiores distncias, at sua disposio e/ou tratamento. As estaes de triagem, comumente situadas no prprio transbordo ou junto rea de disposio e tratamento, so necessrias para tornar o lixo mais homogeneamente biodegradvel, alm de possibilitarem alguma recuperao e reciclagem de materiais aproveitveis coletados junto com o lixo. Disposio e tratamento A disposio e o tratamento do lixo podem ser feitos de vrias maneiras. Uma delas, lamentavelmente ainda comum em muitas cidades, consiste em simplesmente lanar e amontoar o lixo em algum terreno baldio, dando origem aos lixes ou monturos. Alm dos j referidos problemas estticos e de sade pblica, essa prtica estimula a catao, com todos os enormes problemas sociais correlatas, e propicia episdios de poluio hdrica e atmosfrica (a matria orgnica em biodegradao atinge temperaturas de combusto espontnea, liberando grossos rolos de fumaa que chegam a sombrear e fustigar enormes reas). Outras vezes, essa prtica atinge o paroxismo, quando

apesar de todos os inconvenientes anteriores, utilizada para recompor encostas e aterrar reas ngremes, com riscos de provocar futuros deslizamentos de taludes, que destroem edificaes e vidas. As alternativas tecnicamente adequadas mais comuns para a disposio e tratamento do lixo so o aterro sanitrio ou energtico, a compostagem e a incinerao. No aterro sanitrio (Figura abaixo), o lixo lanado sobre o terreno e recoberto com solo do local, de forma a isol-lo do ambiente, formando cmaras. Pela prpria movimentao das mquinas de terraplenagem na execuo dessas cmaras, o lixo compactado e seu volume substancialmente reduzido. Nessas cmaras, cessada a biodegradao aerbia com o esgotamento do pouco oxignio existente, processa-se a biodegradao anaerbia, com liberao de gs e de uma substncia lquida escura, constituda plos resduos orgnicos apenas parcialmente biodegradados, denominada chorume. A frao gasosa predominantemente formada por gs metano e tende a acumular-se nas pores superiores das cmaras, devendo ser drenada para queima ou beneficiamento e utilizao. O chorume acumula-se no fundo e tende a infiltrar-se no solo, podendo alcanar o lenol fretico, contaminando-o, caso dele no esteja separado por uma camada de solo ou de um revestimento suficientemente espesso ou de baixa permeabilidade, de modo a garantir a preservao do solo. As normas de aterro sanitrio requerem captao e tratamento dos gases e do chorume. O projeto do aterro deve seguir as normas ABNT (NBR 8 419). Aterros controlados podem, em certos casos, ser construdos sem o tratamento do chorume, seguindo normas especficas (NBR 8 849).

O aterro sanitrio-energtico uma evoluo do aterro sanitrio, no qual o chorume drenado reaplicado (por meio de bombeamento) nas cmaras do aterro, visando aumentar o grau de biodegradao da matria orgnica e de produo de gs. O gs drenado pode ser utilizado como combustvel direta-mente ou aps prvia lavagem das impurezas (o poder calorfico do gs de lixo alcana cerca de 5 800 Kcal /kg m3). Os aterros, uma vez esgotados em sua capacidade de receber lixo, podem ser teis como elementos de recuperao de reas de baixos degradados, incorporando-as ao tecido urbano, na forma de reas verdes e parques. Alm das vantagens do aterro sanitrio, de baixo custo de manuteno e de execuo, o aterro energtico-sanitrio ainda pode reduzir os riscos de contaminao do lenol e promover a reciclagem do gs de lixo. Entre as desvantagens do aterro est a exigncia de extenses de terreno relativamente amplas. Alm disso, exige-se que ele seja instalado em locais em que o entorno no seja prejudicado por inconvenientes ambientais e paisagsticos que sua operao pode trazer (mau cheiro, trfego de caminhes de lixo e mau aspecto etc.). O processo de compostagem de lixo uma adaptao do processo que o agricultor utiliza, desde a remota antiguidade, para produzir composto de restos agrcolas e utiliz-lo no campo como condicionador de solo. D-se o nome de composto ao produto de decomposio de matria orgnica, em condies aerbias e de maneira controlada, de modo a obter-se um material estabilizado, no mais sujeito s reaes de putrefao que ocorrem com restos orgnicos deixados no ambiente. O processo consiste basicamente em duas fases: no incio, h uma fase termfila, que dura de duas a quatro semanas, em que a temperatura sobe, podendo chegar at 70 C. Em seguida, a temperatura cai para cerca de 30 C, tendo incio uma fase mesfila, que dura de dois a quatro meses, at que haja a estabilizao e a temperatura caia at a ambiente.

Como dissemos, a compostagem de lixo um aperfeioamento das tcnicas utilizadas pelos agricultores, desde a antiguidade, para a produo de composto. Ela processada, geralmente, em instalaes denominadas Usinas de Triagem e Compostagem de Lixo, onde, inicialmente, h a separao de materiais que podem prejudicar o processo, como trapos, madeiras e pneus, e de reciclveis, como latas, vidros e plsticos, que tm valor comercial. O grau de sofisticao da tecnologia empregada depende, principalmente, da quantidade de lixo processada, que funo da populao atendida, podendo-se dividir em dois tipos de processo: a compostagem natural, ou acelerada, sendo que na primeira o processo todo se d em pilhas aeradas reviradas periodicamente, e a fase termfila, que acelerada por dispositivos de insuflao de ar e de revolvimento mecanizado. Segundo o IPT (1985), cidades com at 60 mil habitantes fazem a descarga dos caminhes de lixo diretamente numa moega de alimentao de uma esteira de caiao, de onde se separam os materiais reciclveis. A seguir, a frao orgnica remanescente sofre compostagem natural em um ptio. Ao final, o material peneirado, separando-se rejeitos e o composto. Para populaes entre 50 e cem mil habitantes, a principal modificao dse na recepo do lixo, que fica mais mecanizado. Nas cidades com mais de 300 mil habitantes, recomenda-se o processo de compostagem acelerada, em que a fase termfila realizada em tambores rotativos ou por meio da aerao das leiras com ar insuflado. Naquelas que possuem entre cem e 300 mil habitantes, deve-se realizar um estudo de viabilidade tecno-econmica para determinar o processo mais adequado. Ainda segundo o IPT, a frao orgnica deve ter as seguintes caractersticas para uma boa compostagem: pH prximo da neutralidade; relao carbono/nitrognio da ordem de 30/1; granulometria - evitar excesso de finos; umidade - entre 40 e 60 por cento. Na Figura apresentamos um esquema de usinas para compostagem para regies at 60 mil habitantes onde se utiliza a compostagem normal, somente com reviramento de leiras. Qualquer que seja o processo devemos ressaltar as vantagens da compostagem em relao ao aterro, que so a diminuio da rea de aterros, disposio em aterros de materiais no agressivos ao meio ambiente, reciclagem de materiais, gerao de empregos formais, substituindo os catadores, que se sujeitam a condies de trabalho insalubres, por empregos formais com condies e regime de trabalho adequados. A vantagem da compostagem a menor exigncia de rea necessria para sua instalao e a reciclagem que propicia. Entretanto, essas vantagens s se efetivam quando h demanda continuada para o composto. Quando a demanda intermitente, ser necessria a previso de reas para sua estocagem enquanto os interessados em utilizar o composto no o retiram da usina. A incinerao do lixo (Figura abaixo) feita em usinas de incinerao, nas quais o lixo reduzido a cinzas e gases decorrentes de sua combusto. Por meio de instrumentao e controle, a combusto pode ser otimizada, de modo a diminuir a quantidade de matria apenas parcialmente oxidada, reduzindo os inconvenientes da disposio dos resduos slidos restantes (cinzas) e das emisses gasosas e de fuligem. As cinzas assim obtidas, em volume bastante reduzido e mineralizadas, podem ser dispostas, sem inconvenientes, em reas de dimenses reduzidas. As emisses gasosas podem, tambm, ser lanadas atmosfera sem maiores inconvenientes ambientais (de contaminao, poluio por partculas ou poluio visual), desde que se utilizem equipamentos de combate poluio. importante saber a composio da carga alimentada ao incinerador, pois suas caractersticas podem determinar as condies de operao ou mesmo inviabiliz-la. Assim, materiais

excessivamente midos acarretaro um gasto excessivo de energia devido necessidade de secagem da carga. Por outro lado, a presena de materiais que contm cloro, como plsticos tipo PVC, pode, dependendo das condies de queima, provocar a formao de furanos e dioxinas, compostos altamente txicos e cancergenos. Para evitar esse problema, deve-se, entre outros cuidados, processar a queima em temperaturas acima de 900 C. As principais vantagens da incinerao so a minimizao de reas para aterro e para as instalaes e a possibilidade de sua utilizao para alguns tipos de resduos perigosos, como os hospitalares. As desvantagens so, principalmente, os altos custos de investimento, operao e manuteno e a exigncia de pessoal qualificado para a operao. Escolha da alternativa A determinao da alternativa mais vivel para cada local deve ser feita levando-se em conta no s os custos envolvidos, como as caractersticas socioeconmicas da regio mas, principalmente, o custo ambiental. Para grandes comunidades, dificilmente uma soluo nica ser suficiente, devendo-se realizar um estudo para otimizar a localizao das vrias unidades, de modo a minimizar os custos e os impactos envolvidos.

OS RESDUOS PERIGOSOS Resduos perigosos so aqueles que podem ser nocivos, no presente e no futuro, sade dos seres humanos, de outros organismos e ao meio ambiente. A definio de resduo perigoso utilizada pela Agncia de Proteo Ambiental Americana : O termo resduo perigoso caracteriza um resduo slido ou combinao de resduos slidos os quais, devido quantidade, concentrao, ou caractersticas fsicas, qumicas ou infecciosas pode: causar ou contribuir significativamente para o aumento da mortalidade ou para o aumento de doenas srias irreversveis ou reversveis incapacitantes e significar um perigo presente ou potencial para a sade humana ou meio ambiente quando tratado, armazenado, transportado, disposto ou usado de maneira imprpria. Diferentes pases adotam prticas distintas para a identificao de resduos perigosos, dependendo do resduo em si, do modo como utilizado e de como foi e disposto no ambiente. Geralmente, tais resduos perigosos so apresentados na forma de listas de substncias ou de processos de indstrias que os geram. Alguns pases dispem de normas ou regulamentaes que estabelecem as concentraes mximas admissveis para resduos especficos. Devemos, entretanto, observar que tais valores podem variar ao longo do tempo, medida que as formas de ocorrncia de determinadas substncias e seus efeitos nos seres humanos e no meio ambiente so avaliadas de modo mais abrangente e preciso. No Brasil, a preocupao com o tema fica evidenciada no s pela NBR 10004, como tambm pela atuao de rgos de controle ambiental desde h aproximadamente dez anos. Em vrios estados e particularmente no Estado de So Paulo essa preocupao

concretizou-se por meio da atuao da Cetesb em Cubato (desde 1983), na Regio Metropolitana de So Paulo (desde 1989) e em outras reas industrializadas do estado. A quantidade de resduos perigosos presentes no meio ambiente atualmente bastante grande, o que torna complexa a apresentao de uma classificao universalmente aceita. Alm disso, novas substncias tm sido dispostas no meio ambiente pelo homem a uma taxa elevada, o que torna mais difcil tal classificao. Os problemas quanto classificao e quanto ao estabelecimento de valores de concentraes admissveis prejudicam o estabelecimento de mecanismos legais sobre o assunto. Levantamentos efetuados pela Cetesb para o Estado de So Paulo mostram que em 1991, apenas no setor industrial, a quantidade estimada de resduos perigosos produzidos foi de aproximadamente 450 mil toneladas. Ainda de acordo com estimativas da Cetesb para a Regio Metropolitana, mostradas na Tabela abaixo, as indstrias qumicas, metalrgicas e de autopeas, nessa ordem, so as principais geradoras desses resduos, respondendo por mais de quatro quintos do total.

Classificao dos resduos perigosos Resduos biomdicos

Resduos de hospitais, clnicas, laboratrios de pesquisa e companhias farmacuticas apresentam comumente caractersticas patolgicas e infecciosas. Exemplos :

resduos cirrgicos e patolgicos; animais usados para experincias e cadveres; embalagens e resduos qumicos e de drogas; bandagens, panos e tecidos empregados em prticas mdicas; utenslios usados tais como agulhas, seringas etc.; e equipamentos, alimentos e outros resduos contaminados.

Resduos qumicos e quimioterpicos, resduos orgnicos (solventes) e resduos radioativos no so, normalmente, considerados como resduos biomdicos, embora possam ter sido gerados em atividades relacionadas. Isso decorre da especificidade desses resduos com relao ao manuseio e de normas e legislao pertinentes. Resduos hospitalares so, ou devem ser, incinerados no prprio local. As cinzas resultantes desse processo so dispostas em aterro sanitrio. Caso essa incinerao no seja efetuada, a disposio de tais resduos efetuada em aterros, sofrendo um processo de tratamento anterior disposio final. Deve-se cuidar para evitar a disposio desses resduos de forma inadequada na rede pblica de esgotos sanitrios, evitando, assim, que possam atingir os corpos de gua utilizados, de alguma maneira, pela populao.

Resduos qumicos Situam-se nesta categoria uma grande quantidade de substncias produzidas pela atividade industrial e utilizadas, de modo direto ou indireto, por grande parcela da sociedade atual. A preocupao com relao a esses resduos relativamente recente, de maneira que a diminuio dos impactos resultantes do emprego dessas substncias ainda no feita, em geral, de modo satisfatrio. Teme-se que muitos dos problemas que tm sido detectados com relao a esse tipo de poluio representem, apenas, uma pequena parte de todos os problemas gerados no passado pelo mau uso e disposio de resduos qumicos txicos no meio ambiente. Do ponto de vista tecnolgico, o tratamento necessrio para diminuir o impacto do uso dessas substncias varia de caso para caso, de acordo com sua natureza. Existe, aparentemente, uma tendncia de se tentar amenizar o problema, mas os custos envolvidos nesses tratamentos podem ser excessivos para alguns agentes poluidores. No existe, presentemente, um modo seguro de avaliar o impacto produzido por muitas dessas substncias na sade das pessoas e no meio ambiente. Em primeiro lugar, tais substncias podem penetrar no ambiente de vrias maneiras e propagar-se numa velocidade que funo das caractersticas prprias e do meio. Posteriormente, podem sofrer transformaes que as tornem mais ou menos perigosas. Alm disso, ainda no se conhece em muitos casos uma relao quantitativa entre sua presena e os efeitos por elas produzidos. Segundo Paracelsus (fsico e alquimista, 1490-1541), qualquer substncia pode ser alimento ou veneno, s depende da dose. Os resduos qumicos perigosos podem ser orgnicos ou inorgnicos. Os resduos orgnicos persistentes (ou de lenta degradao) so uma fonte de grande preocupao e objeto de estudos, principalmente aqueles que podem sofrer bioacumulao. Bifenilas policloradas e alguns pesticidas so exemplos tpicos, cuja presena pode causar efeitos txicos agudos ou de longo prazo por serem carcinognicos e mutagnicos. Muitos poluentes persistentes so formados pela queima de compostos clorados ou como subprodutos de fabricao ou degradao de determinadas substncias. Por exemplo, as dioxinas so um grupo de substncias que resultam como subprodutos da fabricao ou queima de clorofenis. Uma forma especfica de dioxina, o TCDD (2, 3, 7, 8tetraclorodibenzo-p-dioxina), considerada como sendo provavelmente o composto qumico mais txico existente (Davis e Cornwell,1991). Muitos resduos qumicos inorgnicos, como alguns compostos de mercrio, chumbo, cdmio e arsnio so txicos, mesmo em baixas concentraes. Tais compostos tambm podem ser bioacumulados nas cadeias alimentares e atingir concentraes nocivas para os seres humanos e outros organismos. Esses metais txicos so lanados na atmosfera pela queima de determinadas substncias, e tambm podem ser lanados no meio aqutico, direta ou indiretamente, ou no solo. A existncia de chuva cida e o aumento da concentrao de gs carbnico na atmosfera diminuem o pH do meio aqutico. Assim, tais compostos tornam-se mais solveis e, portanto, so transportados mais facilmente no meio ambiente. evidente que tais fatos acabam por enfatizar a existncia de rotas poluentes que passam plos meios atmosfrico, aqutico e terrestre. bastante comum, por exemplo, que tais resduos sejam dispostos no solo, mas, tambm, que uma disposio inadequada acabe poluindo o meio aqutico subterrneo e superficial. Conseqentemente, a disposio de resduos perigosos no solo por perodos relativamente longos tem produzido efeitos deletrios nos aqferos. Muitos aqferos, necessrios para o abastecimento de populaes ao redor do mundo, tm sido inutilizados dessa maneira.

Gesto de resduos perigosos Como medida ideal, deve-se procurar efetuar a reutilizao e/ou a reciclagem de resduos perigosos. Certos resduos, criados como subprodutos em determinados processos industriais, podem ser usados como matria-prima em outros processos industriais. Quando no for possvel implantar alguma das alternativas anteriores, seja por razes tecnolgicas ou econmicas, esses resduos devem ser dispostos de maneira adequada, de modo a no causarem danos ao meio ambiente e aos organismos que dele dependem. A disposio a ser escolhida depende, entre outros fatores, da natureza do resduo, das caractersticas do meio receptor, das leis vigentes e da aceitao da sociedade. essencial que sejam conhecidas as quantidades de resduos produzidos em determinados locais, bem como suas disposies espaciais e temporais, para que possam ser tomadas medidas adequadas para a minimizao de seus efeitos. Assim, o monitoramento das quantidades e caractersticas dos resduos manuseados fundamental para avaliar os riscos envolvidos em seu uso, transporte, armazenamento e disposio e tambm a eficincia esperada de atitudes a serem tomadas para minimizar os danos que os resduos possam causar. A questo dos resduos perigosos e dos danos que podem causar em qualquer uma das fases de sua existncia tem causado grande discusso internacionalmente. Da mesma maneira que os resduos perigosos, substncias geradas pela tecnologia e que no so classificadas como resduos podem, por si s, gerar grandes danos ambientais e sade dos seres humanos. Vrios acidentes industriais, como os ocorridos em Seveso (Itlia) e Cubato, tm mostrado a gravidade desse problema ao longo do tempo. Acidentes com tais resduos podem envolver mais de um pas como receptor, constituindo uma forma da chamada poluio transfonteiria. O transporte, por qualquer via, de substncias perigosas, pode originar acidentes de grandes propores e, muitas vezes, em locais distantes dos centros produtores e consumidores das substncias transportadas. Em outros casos, a disposio desses resduos to mal aceita plos habitantes de certos pases que institui-se a prtica de exportar tais resduos para outros pases que os aceitam em troca de alguma forma de pagamento. Aparentemente, embora todas as comunidades no queiram sofrer os danos causados pelo uso dessas substncias, nem sempre as pessoas mostram-se dispostas a deixar de consumir bens que utilizam esses compostos. Isso ocorre, freqentemente, por falta de conscientizao adequada de produtores e usurios. Algumas medidas sobre a gesto dos resduos perigosos propostas pelo Comit Preparatrio da Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992, so: promover a preveno ou a minimizao da produo de resduos por meio de mtodos de produo mais limpos, evitando o emprego de substncias perigosas; sempre que for possvel substitu-las por outras ou pela reciclagem, reutilizao, recuperao ou usos alternativos dessas substncias; aprimorar o conhecimento e informao sobre os aspectos econmicos envolvidos na gesto desses resduos e sobre os efeitos produzidos por essas substncias sobre a sade dos organismos e sobre o meio ambiente; promover e fortalecer a capacitao institucional para prevenir e/ou minimizar danos para gerir o problema; e

promover e fortalecer a cooperao internacional relativa gesto de deslocamentos transfonteirios de resduos perigosos, incluindo monitoramento e controle, de modo consistente com os instrumentos legais regionais e internacionais. Tratamento e disposio de resduos qumicos perigosos Uma das maneiras mais comuns de abordar a questo dos resduos perigosos pelo tratamento e/ ou disposio adequada. Todavia, a experincia tem demonstrado que nem sempre tal abordagem satisfatria, ocorrendo o retorno dessas substncias de modo indesejado e no controlado ao meio ambiente devido ineficincia das medidas tomadas para evitar esse retorno. Os mtodos mais comumente empregados para a disposio de resduos perigosos esto apresentados de forma resumida a seguir (Miller, 1985): Disposio de resduos perigosos no solo Entre as formas mais comuns de disposio no solo encontram-se os aterros de armazenamento, lagoas superficiais, armazenamento em formaes geolgicas subterrneas e injees em poos. O objetivo bsico dessas alternativas evitar a circulao dos resduos perigosos no meio ambiente, embora nem sempre isso seja conseguido com sucesso. Para todas as alternativas anteriormente citadas evidente a possibilidade de poluio de aqferos e de corpos de gua superficiais em funo de falhas nos sistemas de armazenamento. Assim, um dos requisitos fundamentais a ser observado no projeto, construo e manuteno de tais instalaes a impermeabilizao adequada do meio. Obviamente, tal observao no vlida para o caso de injeo de poos, que polui os aqferos diretamente. Tal prtica, usada extensivamente no passado, resultou em grandes danos aos usurios dos recursos hdricos subterrneos, pois como a gua subterrnea, entre outros aspectos, move-se de modo bastante lento, esses mananciais podem permanecer poludos por vrios anos ou dcadas depois de ser interrompido o despejo de poluentes em seu interior. Algumas substncias so dispostas em tambores, os quais so posteriormente aterrados como alternativa de disposio. Infelizmente, a experincia tem mostrado que esses tambores sofrem comumente um processo de deteriorao, permitindo a liberao de resduos perigosos no meio ambiente. Tais aterros devem ser considerados obras de engenharia, pois devem apresentar projeto, construo e acompanhamento posterior adequados para se minimizar possveis danos decorrentes de seu mau funcionamento. Essas formas de disposio nem sempre diminuem a periculosidade das substncias envolvidas, por isso elas no so normalmente recomendadas, a no ser como ltimo recurso se outras formas de disposio descritas adiante no forem adotadas. TRATAMENTO DOS RESDUOS Tal tratamento consiste em transformar, de algum modo, esses resduos em materiais menos perigosos. De acordo com a transformao empregada, os tratamentos podem ser classificados como fsicos, qumicos ou biolgicos. Evidentemente, podem existir processos de tratamento que utilizam mais de uma forma de transformao, assim como alguns processos de tratamento de esgotos domsticos. Tratamento biolgico: Os compostos qumicos gerados pela tecnologia so relativamente persistentes no meio ambiente. Aparentemente, isso pode ocorrer porque os organismos existentes nem sempre produzem as enzimas necessrias para processar essas

substncias. Todavia, um grande nmero dessas substncias pode ser degradado por microrganismos (Davis e Cornwell, 1991). Alm disso, novos microrganismos gerados pela Engenharia Gentica parecem constituir uma alternativa promissora para esse fim. Metodologias comumente empregadas para o tratamento biolgico de esgotos domsticos, como Lodos ativados e filtros biolgicos, tm sido utilizadas, com sucesso, para o tratamento de certos resduos perigosos. Tais metodologias tm sido estudadas e adaptadas para cada situao em particular. De acordo com Henry e Heinke (1989), alguns materiais txicos como fenis, leos e resduos de refino de petrleo tm sido tratados biologicamente com sucesso. Por outro lado, o sucesso relativo do tratamento biolgico de resduos que contm metais pesados parece ser mais modesto, embora seja possvel, em alguns casos, alcanar taxas de remoo acima de 60%.

Tratamento fsico-qumico: O tratamento fsico-qumico de resduos perigosos consiste, basicamente, em separ-los da soluo aquosa que os contm. Os resduos continuam txicos aps a separao, mas esse tratamento permite que eles sejam recuperados ou concentrados para tratamento posterior. Entre os processos de tratamento fsico-qumico podem ser citados a adsoro por carvo ativado, a destilao, a troca inica, a eletrodilise, a osmose reversa e a recuperao de solventes. Cada um desses processos mais adequado para um determinado resduo perigoso, devendo-se realizar, para cada caso, um estudo especfico que determine a melhor alternativa. Tratamento qumico: O tratamento qumico tem como base as reaes qumicas como, por exemplo, a neutralizao de cidos e bases, oxidao e reduo dos compostos, remoo de metais pesados por meio de precipitao etc. Em alguns casos, a incinerao desses resduos pode ser uma alternativa vivel, desde que as cinzas da combusto sejam dispostas de maneira adequada. A incinerao nem sempre bem aceita pela populao, por isso foi implantada em alguns pases a alternativa de efetu-la em embarcaes ocenicas em pontos distantes da costa (Miller, 1985). Todavia, existe oposio contra essa medida, principalmente em funo da possvel ocorrncia de acidentes envolvendo tais embarcaes. Na Regio Metropolitana de So Paulo, conforme estudos da Cetesb apresentados em um Encontro Tcnico realizado em julho de 1990, os resduos perigosos industriais tm a seguinte destinao: pouco menos de 10% so estocados, aproximadamente 45 % so tratados e os cerca de 45% restantes so dispostos no solo. Esse estudo no informa sobre a adequao dos tratamentos, mas afirma que a totalidade dos resduos dispostos no solo ocorre de modo imprprio (por simples descarga em lixes ou em aterros sanitrios municipais no preparados para esses tipos de resduos) e que, na grande maioria dos casos de estocagem, h contaminao do solo e das guas subterrneas nas reas do entorno. A razo principal apontada como causa dessa situao que os sistemas de fiscalizao e controle so relativamente novos e no tm ainda a extenso e eficincia de atuao suficientes para intimidar e punir os poluidores infratores e para sensibilizar e formar, na sociedade e na opinio pblica, os grupos de presso necessrios. Para o poluidor industrial, os custos derivados de degradao da imagem da empresa que se refletem nos resultados financeiros da produo so menores, em muitos casos, do que os

custos alternativos nos quais ele teria de incorrer caso implantasse tratamento, disposio ou estocagem adequados.

Remediao de aqferos Embora a disposio inadequada de resduos perigosos possa afetar qualquer corpo de gua, grande nfase tem sido dada questo da gua subterrnea. Conforme dito anteriormente, o tempo de trnsito caracterstico de poluentes em aqferos , em geral, bastante lento quando comparado com os tempos de trnsito caractersticos observados em corpos de gua superficiais. Conseqentemente, cada vez mais deparamo-nos com danos iniciados em passado relativamente distante que provocaram a inutilizao de certos aqferos para uso presente e futuro. Infelizmente, tais prticas de despejo continuam acontecendo hoje em dia, em escala alarmante, em muitas regies do mundo. A remediao de aqferos visa a melhoria da qualidade daqueles que esto contaminados e consiste de dois aspectos principais (Fetter, 1993). Em primeiro lugar, busca o controle da fonte poluidora, a qual, inmeras vezes, formada por resduos perigosos. A segunda parte da remediao o tratamento da gua poluda e/ou do solo adjacente, de modo a retirar os poluentes ou ento diminuir significativamente suas concentraes. Normalmente, quando um aqfero foi poludo h bastante tempo, uma grande regio foi afetada pela presena de resduos. Portanto, a remediao costuma ser uma abordagem bastante cara e demorada, sendo adotada quando no existe no local um manancial alternativo de recursos hdricos, ou ento quando os danos ambientais causados por esses resduos so considerados inadmissveis. RESDUOS RADIOATIVOS Radiaes A luz solar que recebemos energia radiante, resultado de reaes nucleares no interior do Sol. Ela chega at a Terra por meio de vrias espcies de radiaes: na forma de luz, ladeada pelos raios infravermelho e ultravioleta e na forma de ondas eletromagnticas, como ondas de rdio e raios, como o raios-X, os raios g, os raios csmicos etc. Foi essa energia, ao proporcionar reaes como a fotossntese e outras, que provavelmente originou a vida na Terra e permitiu todo seu desenvolvimento. claro que, paralelamente aos seus efeitos benficos, existem tambm os efeitos indesejveis, resultantes das exposies descontroladas a essas radiaes. A prpria natureza vai procurando se defender desses efeitos nocivos, criando condies de defesa como, por exemplo, a camada de oznio. As radiaes funcionam como uma espcie de vlvula de escape do ncleo e apresentam-se principalmente na forma de: radiaes alfa ( partculas emitidas geralmente por ncleos mais pesados, )compostas por dois prtons e dois nutrons. Tm carga positiva (+2) e massa (4) semelhante ao ncleo do hlio; possuem alto poder de irradiao, mas pequeno poder de penetrao. Podem ser bloqueadas pela pele ou por uma folha de papel. Possuem um alcance da ordem de. um centmetro no ar. Quando um tomo emite uma radiao

a, tem seu nmero atmico reduzido de duas unidades e seu nmero de massa diminudo de quatro unidades, passando a ser outro elemento qumico. radiaes beta ( - so partculas emitidas pelo ncleo, dotadas de carga negativa ) unitria e so identificadas como eltrons. Tm baixo poder de ionizao e um bom poder de penetrao; podem atravessar a pele mas so bloqueadas por uma chapa de metal. Quando um tomo emite uma partcula b, seu nmero atmico aumenta de uma unidade e mantm o nmero de massa. radiaes gama ( - so ondas de origem eletromagntica, semelhantes ao raios-X, ) que se movem velocidade da luz. Com grande poder de penetrao, tm, porm, baixo poder de ionizao. Na emisso de radiaes g no h variaes dos nmeros atmicos ou de massa. Seu alto poder de penetrao possibilita sua utilizao em vrios campos das necessidades humanas, mas preciso que sejam muito bem controladas por causa do perigo que representam, dependendo do grau de exposio. Podem ser bloqueadas por chumbo, concreto e, em casos especiais, por grandes massas de gua. raios csmicos - feixes de prtons de alta energia; so a maior fonte de energia do Universo, mas representam um enorme perigo para as viagens do homem no espao interplanetrio. Sua existncia foi descoberta por V. Hess em 1911. O Sol o maior emissor desses raios e existe, circundando a Terra, um cinturo de raios csmicos Cinturo de Van Allen - cuja altitude varia com a longitude, podendo ir de 400 a 1.300 Km. Esses raios csmicos so os responsveis pela formao de carbono 14 (C 14). Meia-vida A probabilidade p de desintegrao de cada tomo no muda e, com o tempo, existiro menos tomos radioativos e, portanto, menos desintegraes por segundo. Convencionou-se considerar, para efeito de controle e planejamento de ao, o tempo no qual a amostra tem a metade dos seus tomos desintegrados como uma varivel, dando-se a ela o nome de meia-vida. O modelo aqui utilizado o da reao de primeira ordem, semelhana do que se utilizou no caso do estudo da variao da DBO em um curso de gua.N t = N0 e -kt

Nt1 -1/2 = N0

kt

=

2

e

t1/ 2 =

0,693 k

Onde N0 o nmero de tomos no instante zero, Nt o nmero de tomos no instante t, k a constante de desintegrao e t o tempo. Medida das radiaes ionizantes A unidade de medida de radiao o Curie. Uma quantidade de material radiativo, na qual ocorram 3,7 x 1010 desintegraes por segundo, igual a 1 Curie (Ci). A

quantidade real de material que produz 1 Ci varivel em funo do tipo de material. Um grama de rdio igual a 1 Ci, enquanto somente 10-7 g de um recm-formado rdio-sdio produzem as 3,7 x 1010 desintegraes/segundo. Em geral 1 Ci uma quantidade muito grande de radiao e seus submltiplos so freqentemente utilizados: mCi (milicurie), mCi (microcurie), nCi (nanocurie) e o pCi (picocurie). A dose de radiao recebida por um indivduo pode ser avaliada por meio das seguintes grandezas: exposio a medida da capacidade dos raios g ou x de produzir a ionizao do ar. Um Roentgen (R) a quantidade capaz de produzir 2,58 x 10 -4 Coulombs de carga eltrica em um quilograma de ar seco temperatura e presso normais; dose absorvida a quantidade de energia depositada pela radiao ionizante num determinado volume conhecido. mais abrangente que a exposio, pois vlida para todas as radiaes (x, e e para qualquer material absorvente. A unidade , ) antiga o rade a nova o gray (gy); e dose equivalente completa a definio da quantidade de energia absorvida e considera fatores como o tipo de radiao ionizante, a energia recebida e a distribuio da radiao no tecido para que se possa avaliar os possveis danos biolgicos. Praticamente a dose absorvida multiplicada pelo fator de qualidade Q e o fator N. O fator de qualidade Q (Tabela abaixo) relaciona o efeito dos diferentes tipos de radiao em termos de dano. O fator N permite avaliar a influncia do radionucldeo depositado internamente. A unidade antiga o Roetgen Equivalent Man (REM) e a unidade nova o Sievert (Sv). As diferentes medidas relacionadas com os efeitos das radiaes mencionadas esto resumidas na Tabela a seguir.

Produo de resduos radioativos O homem sempre conviveu com a radioatividade, em funo de ter-se desenvolvido em um ambiente sob a ao de raios csmicos e de radioatividade natural. Resduos de baixa, mdia e alta radioatividade so produzidos pelas mais variadas fontes, desde os gerados no manuseio e limpeza de equipamentos, representados por vestimentas, luvas, botas etc. dos usurios, at rejeitos mais sofisticados de reatares nucleares. No intuito de preservar a sade e garantir a segurana, foi feita uma regulamentao para o rejeito dos resduos radioativos. A classificao brasileira baseia-se nas normas da Agncia Internacional de Energia Atmica (AIEA). Inicialmente os rejeitos so classificados com base no seu estado fsico, incluindo os lquidos, slidos e gasosos. Alm disso, outras classificaes levam em considerao algumas caractersticas fsicas e qumicas do rejeito, como combustvel e no combustvel, compressvel e no compressvel. Os resduos considerados de baixo nvel de radiao apresentam valores menores que 0,3 microcurie por litro, e os de nvel intermedirio entre 0,3 e 30 microcurie. Alguns resduos, provenientes de pequenas instalaes industriais, podem ser diludos, filtrados e lanados no esgoto normal. No caso de resduos de baixo nvel de radiao provenientes da minerao e beneficiamento de combustvel nuclear, o tratamento pode ser feito por meio de sedimentao em lagoas, com a eliminao do lquido excedente para o rio ou terrenos vizinhos. Mesmo na produo de combustvel nuclear, quando so produzidas pequenas quantidades de resduos cidos, o tratamento consiste na diluio, neutralizao e estocagem para decaimento e posterior lanamento nos mares.

Quando os resduos passam a ter nvel mdio de radiao, ser necessrio um tratamento mais intenso como filtrao, precipitao qumica, troca inica, evaporao, absoro por material poroso (vermiculita ou solidificao) e colocao em bloco de concreto, antes de serem enterrados. Os resduos de alto nvel de radioatividade, que normalmente so combustveis nucleares j aproveitados, so os que exigem uma disposio mais trabalhosa. No final da vida til economicamente aproveitvel do combustvel necessrio dar, ao resduo, um destino que assegure seu isolamento por prazos ainda no fixados, mas que sabemos serem extensos, chegando mesmo a cem mil anos ou mais. Para isso, necessrio que se conhea o comportamento do resduo quanto evoluo de sua composio qumica, sua radioatividade, sua toxicidade e suas caractersticas trmicas. Atualmente, a alternativa mais considerada para armazenamento desses resduos de alta toxicidade sua disposio controlada na superfcie ou em formaes geolgicas profundas. Vrias experincias e constataes permitem crer que as formaes geolgicas podem ser barreiras eficientes para isolar da biosfera o plutnio, o urnio e vrios elementos radioativos de meia-vida longa contidos em resduos nucleares. Hoje j existem mais de 2 mil toneladas de resduos nucleares estocadas em vrias partes do mundo, junto s centrais nucleares. Essa uma situao de alto risco, uma vez que alguns desses resduos, como caso do plutnio, podem ser utilizados na fabricao de armas nucleares. A disposio de rejeitos nucleares extremamente complexa, sendo necessria a considerao de diversos fatores, como os relacionados a seguir: sua composio qumica e sua atividade, pois delas depende o projeto das embalagens; homogeneidade ou heterogeneidade, pois o acondicionamento diferente; quando so lquidos h problemas com sua ao sobre certas caractersticas da embalagem como, por exemplo, a corroso; muitas vezes, h necessidade de imobilizar os rejeitos lquidos, seja com cimento, seja com outros produtos; o comportamento trmico do rejeito e do meio ambiente tambm tem influncia na deciso; durante a qualificao do material de imobilizao importante determinar o modo de transporte, estocagem e manipulao, especialmente se esse produto for cimento, betume ou outros aditivos especficos; e as propores dos elementos devem ser determinadas durante a qualificao do processo de imobilizao, pois essa imobilizao influenciada pela qualidade do material imobilizante, pela composio qumica do rejeito e pelas propores da mistura. Outro ponto preocupante a qualidade da embalagem, tendo em vista a atividade dos radionucldeos e o efeito de blindagem, que so muito importantes no manuseio e transporte. As questes tcnicas mais importantes a serem resolvidas so o modo escolhido para o descarte dos resduos, como assegurar a estabilidade por longos anos, o conhecimento da interao entre o resduo e o meio circundante, a avaliao dos efeitos a longo prazo dos fluxos de calor e, eventualmente, de radiaes sobre as estruturas geolgicas e a migrao dos radionucldeos. Uma soluo que est sendo testada a solidificao dos resduos em cilindros de vidro ou de outros materiais, como cermica cristalina, colocados em um invlucro tambm cilndrico de ao inoxidvel, chumbo e titnio. Esse cilindro final seria encerrado em blocos de concreto, que serviriam tambm como barreira, e empilhados em uma caverna escavada no meio da rocha, a grande profundidade, sendo essa caverna tambm revestida de concreto. Vrios locais esto sendo estudados para esse fim, como os lugares

mais ermos do planeta ou cavernas criadas por exploses nucleares subterrneas. Est sendo estudada, tambm, a utilizao do fundo do mar, em reas bem profundas, para que esses blocos sejam enterrados sob os sedimentos submarinos. Podemos resumir os processos mais utilizados na disposio dos rejeitos radioativos assim: Baixa e mdia atividade a) slidos, como resinas de troca inica, filtros de ar e lquidos componentes do reator e roupas de proteo: tratamento - reduo de volume (compresso ou incinerao); e disposio - enterrados. b) lquidos: disposio - armazenamento em tambores e reservatrios de 50 litros a 100 m3. Alta atividade a) ainda no processados disposio - armazenamento em piscinas na usina. b) aps reprocessado disposio - lixo atmico cuja destinao problemtica (3 a 5 m3/ano). Efeito biolgico das radiaes O organismo uma estrutura cuja menor unidade a clula, a qual formada por molculas e tomos. Os principais efeitos biolgicos produzidos pela interao das radiaes ionizantes com esses tomos e molculas so: primeiro fenmeno fsico, com a ionizao e excitao dos tomos; o seguinte qumico, no qual ocorrem rupturas de ligaes qumicas; por fim, aparecem os fenmenos bioqumicos e fisiolgicos, cujos mecanismos so ainda desconhecidos; aps um certo intervalo de tempo aparece as leses. Os efeitos causados pelas radiaes podem ser reversveis, se houver a possibilidade de restaurao da clula, parcialmente reversveis ou mesmos irreversveis, no caso do cncer e da necrose. O tempo que decorre entre a contaminao e o aparecimento do dano importante para que se possa tomar providncias de segurana. No caso de doses elevadas de radiao, esse tempo mais curto, e no caso de exposies crnicas, esse perodo pode ser muito longo. Para que os efeitos biolgicos se manifestem, a radiao deve ser superior a um certo valor mnimo, chamado Limiar, mas isso no significa que, para doses menores, no ocorram contaminaes. Efeitos biolgicos no aparecem por restaurao da clula ou por sua substituio por clulas jovens. Nem todas as clulas respondem igualmente mesma dose de radiao; elas tm diferentes radiossensibilidades, que so diretamente proporcionais sua capacidade de reproduo (Tabela 9.13). Normalmente, as alteraes causadas nas clulas no so transmitidas para outras clulas, a menos que sejam atingidos rgos que provoquem efeitos hereditrios (vulo ou espermatozide). Os efeitos das radiaes iro depender do: a) tipo de radiao ionizante; b) profundidade de penetrao, que funo da energia de radiao;

c) d) e) f) g) h)

meia-vida biolgica, em mdia 0,223 REM/ano; rea ou volume do corpo exposto radiao; dose total recebida; tempo de exposio; quantidade de radiao por hora; e meia-vida do elemento (se ingerido).

Para o caso de mulheres em fase frtil, a dose mxima admissvel no abdmen de 1,3 REM por trimestre e, para o caso das grvidas, no se poder exceder a 1,0 REM. So estabelecidos limites de doses mximas admissveis (Tabela abaixo) s quais se pode ficar exposto sem sofrer dano sade. Fontes de radiaes ionizantes Um indivduo pode ser contaminado por irradiao externa, quando a fonte est fora do seu organismo, ou por irradiao interna, quando est dentro do seu corpo. Na irradiao externa o problema ser tanto maior quanto maior for o poder de penetrao das partculas alfa, beta e nutrons e dos raios x e gama. Trs fatores determinam a exposio recebida de fontes externas: a distncia da fonte: as partculas beta perdem rapidamente a ao com a distncia e os raios gama e x sofrem um decrscimo. o tempo de irradiao blindagem, que o mtodo mais importante contra a irradiao externa (Tabela a seguir) A contaminao interna pode acontecer quando o indivduo estiver manuseando uma fonte no selada por meio da inalao, ingesto, absoro pela pele ou corrente sangunea, atingindo os rgos mais sensveis. Providncias severas devem ser tomadas contra a absoro desses elementos radioativos, como cuidados na manipulao, evitando disperso no ar, sistema de exausto eficiente, uso de mscaras e luvas, lavar-se antes de ir para o restaurante ou para casa. Esse foi o caso do dramtico incidente ocorrido em Goinia, Gois, em 1987, quando pessoas perderam a vida por manusearem inadvertidamente material radiativo disposto, irresponsavelmente, em um vazadouro da cidade. Quando ocorrem exposies prolongadas as radiaes podem causar: irritao da pele e queda dos cabelos; diminuio dos glbulos brancos, seguida de diminuio dos glbulos vermelhos; cncer. No caso de exposio aguda: nuseas, nervosismo e fadiga; eritema (vermelhido), coceira, formigamento, depois bolhas, ulcerao na boca etc. prostrao ou excitao, confuso mental e febre alta; perda de apetite e peso, hemorragia pelo nariz e perda de cabelos; alguns entram em estado de coma; convalescena demorada ou a morte; e cncer, leucemia etc.

Com relao sensibilidade do organismo humano exposio verificou-se que as clulas mais jovens so muito mais radiossensveis que as velhas e que um tecido mais homogneo mais radiossensvel que um rgo altamente diferenciado. Na Tabela abaixo, listamos os diversos sintomas resultantes de exposies a radiaes de diferentes imensidades. Sabemos que a estrutura dos genes e dos cromossomos bastante vulnervel a radiaes de grande energia, e essa a maior causa da morte celular. Se essa clula for do tipo que no se reproduz, sua destruio no causar maiores danos ao organismo, mas se elas continuam se reproduzindo (pele, cabelo, ossos, unhas, mucosas, clulas sanguneas etc.) as conseqncias so mais graves. Ficou demonstrado que o nmero de mutaes diretamente proporcional quantidade de radiao absorvida. Se o nmero de clulas atingidas for pequeno, haver esperana de recuperao, mas se o nmero ultrapassar um certo ponto crtico, o dano pode ser irreversvel. As gnadas so particularmente sensveis s radiaes e, por menor que estas sejam, sempre haver uma certa probabilidade de que mutaes transmitam-se para geraes futuras, resultando sempre na gerao de um organismo defeituoso.