Ponte de Vagos, A minha Freguesia

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Ed. 212 de 21 Julho 2010 Canto de Cima Canto de Baixo Carvalhais Fontaínhas Palhal Vale «Ponte de Vagos, a minha Freguesia»

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Especial sobre freguesia de Ponte de Vagos

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Ed. 212 de 21 Julho 2010

Canto de Cima

Canto de Baixo

Carvalhais

Fontaínhas

Palhal

Vale

«Ponte de Vagos,a minha Freguesia»

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Especial Freguesia de Ponte de VagosEspecial Freguesia de Ponte de VagosO Ponto | 12/II O Ponto | 13/III

Ponte de Vagos é uma freguesia que deixou de ser, nos últimos 50 anos, um meio muito pobre – onde a grande maioria das pessoas faziam da apanha de pinhas o seu sustento e, outras, foram “obrigadas” a emigrar – e cresceu a largos passos em termos económicos e industriais. Como explica esta evolução?

A necessidade em desenvolver assim obrigou. Contudo, a Ponte de Vagos sempre foi muito activa em negócios, desde a pinha, sal, pevides… a freguesia sempre teve a iniciativa para o negócio. Depois veio a emigração, sobretudo para a França. E foi aí que a freguesia registou um maior desenvolvimento, uma vez que os emigrantes nunca se esqueceram da família que aqui deixaram nem a sua terra natal e investiram sempre cá ao construir as suas casas. Julgo que foi mais pela emigração que se verifi cou o desenvolvimento da freguesia.

Parte dessa evolução deu-se também com o desenvolvimento industrial…

Uma coisa trouxe a outra. Houve alguns emigrantes que aproveitaram para investir cá, mas também os outros que cá fi caram decidiram arriscar. Foi na parte eléctrica que começou – eu próprio sou electricista desde miúdo –, seguindo-se as ofi cinas, fábricas de estantes e de aspersores para agricultura. Foi por aí que o desenvolvimento industrial começou.

Esta evolução vai tornar-se, a seu ver, mais evidente com a criação do pólo industrial junto a Santa Catarina?

Está planeado um pólo industrial em Vale, que também irá ocupar Santa Catarina, e outro tem localização ainda indefi nida: não sabemos ainda se irá para a zona das Fontainhas ou para a zona das Gândaras. Eu estou com algum receio porque a economia está fraca a nível nacional e está muito atrasado. Acredito que se tivéssemos construído o nosso pólo industrial há cerca de 10 anos, a freguesia de Ponte de Vagos estaria muito desenvolvida, se calhar até mais do que a Zona Industrial de Vagos. As grandes fábricas que ali existem são de pontevaguenses. Portanto, se tivessem cá o pólo industrial provavelmente teria sido aqui que muitos se tinham instalado. Não tivemos essa hipótese e agora tenho algum receio, porque esse pólo também já está prometido há muitos anos e ainda nem sequer começou…

Qual será a área do pólo industrial?

Será cerca de 40% na freguesia de Santa Catarina e 60% em Vale (Ponte de Vagos), mas não sei as áreas em concreto. De qualquer forma, Ponte de Vagos tem alguns promotores que estão à espera desse pólo para se instalarem, sobretudo os proprietários de fábricas de manilhas e

alumínio que têm que sair da povoação. Apenas aguardam pela sua construção para se implantarem lá. São pequenas e médias indústrias, mas certamente irão contribuir para o emprego local.

E porquê a indecisão quanto à outra área destinada à indústria?

Pensámos – Junta e Mais Vagos - em desistir com o pólo localizado nas Fontainhas (implantado no PDM), porque a zona não é a melhor. E estamos a decidir pelo pólo das Gândaras, que abarca as freguesias de Calvão, Fonte de Angeão e Ponte de Vagos. Julgo que será a melhor localização, porque está mais perto da via rápida. Albergando as três freguesias, será muito mais e melhor desenvolvido.

Esta é uma das freguesias do concelho onde não existe um clube desportivo. Existiu um em tempos e agora foram criadas escolinhas. A freguesia desinteressou-se, durante algum tempo, da área desportiva?

Existiu o Clube Desportivo da Ponte de Vagos durante muitos anos, onde eu joguei e fui treinador das camadas jovens, onde tivemos bons atletas (alguns lançados nos nacionais) e até chegámos a ser campeões nos distritais ao nível de seniores. Quanto aos mais novos, foram de tal forma “cobiçados”, que o Beira-

Mar e o Grupo Desportivo da Gafanha “levaram” seis ou sete miúdos e fi quei sem condições para ter um grupo sólido. Isto passou-se há mais de 18 anos. Acabei por ter que desistir de treinar os miúdos por questões profi ssionais e, pouco tempo depois, terminou a camada sénior (no ano em que se sagrou campeã distrital da I divisão). A direcção estava saturada, houve também uma crise fi nanceira (porque o clube pagava bem aos seus jogadores) e os empresários da freguesia não conseguiam suportar todos os gastos. Tentámos recomeçar o futebol com os miúdos, há alguns anos, mas apenas durou um ano porque a vida profi ssional e pessoal também não o permitiram. Agora arrancaram as escolinhas e estamos para construir um parque desportivo, para o qual já adquirimos os terrenos necessários.

Mas está também contemplada a construção de um gimnodesportivo…

Na altura, revoltou-me o facto do Centro Educativo não fi car na freguesia de Ponte de Vagos, até porque temos muitas crianças e não achava lógico tirarem-nos as crianças para as levar para outra freguesia que poucas crianças tem… ou pelo menos tem menos. Já estava tudo decidido antes de ser eleito e não havia nada a fazer. Em troca, a freguesia receberia um gimnodesportivo, em terrenos da BETEL, junto ao campo actual (em Canto de Baixo). O projecto

já existe (promovido pela instituição), mas parece que as difi culdades fi nanceiras são grandes e vai-se adiando. Mas espero que tenha início antes de este mandato terminar.

Daí a construção do parque desportivo?

Já comprámos terrenos nas Fêmeas para construir esse parque desportivo com piso sintético. Inicialmente pensámos num campo de futebol de sete, mas uma vez que já arrancaram as escolinhas, optámos pelo de onze, para que estas crianças tenham condições para continuar nas camadas mais superiores. No parque de merendas de Carvalhais também fi zemos um campo de futebol relvado (será inaugurado dia 24 de Julho), onde irão treinar as escolinhas – os jogos vão ser nas instalações do GD Calvão até o parque desportivo estar pronto - e dará para as pessoas se divertirem um pouco. É um investimento que ronda os 400 mil euros.

Para além dos utentes da freguesia, a extensão de saúde de Ponte de Vagos está a servir ainda os de Santa Catarina e vai passar a Unidade de Saúde familiar (USF) do sul do concelho. Que opinião tem sobre estas alterações?

Eu sou mais a favor de que cada freguesia deve ter a sua própria extensão de saúde porque há muitas pessoas (sobretudo as mais idosas) que não têm facilidade para se deslocar. Mas aceito as outras freguesias aqui na Ponte de Vagos e, se for preciso, até se alarga o edifício da extensão através da compra de mais terrenos ao lado ou até demolindo o edifício da Junta (construindo-o noutro local) porque não tem condições para responder a todas as necessidades que a freguesia já exige. Estamos dispostos a colaborar com o Centro de Saúde de Vagos ou Ministério da Saúde nesse sentido, em tudo o que nos for possível.

Ou seja, perdem as crianças com o encerramento das escolas mas ganham os utentes das outras freguesias…

Foi-nos mesmo prometido que a freguesia de Ponte de Vagos iria receber outras mais-valias uma vez que as crianças iam para fora. Mas eu, pessoalmente, preferia as crianças porque elas davam outra vida à freguesia, para além de que temos entre 100 a 120 crianças que temos que levar diariamente para outra freguesia onde há menos crianças. Mas como não pode ser – e eu compreendo –, é claro que a freguesia não podia perder todas as suas valências.

A Freguesia tem marcado a diferença com a construção de novos parques e pequenos arranjos urbanos. Foram sendo construídos e desenvolvidos consoante disponibilidade de espaços e/ou fi nanceira ou é um projecto já defi nido e planeado?

Faz parte de um projecto. Quando entrámos, no primeiro mandato, começámos por adquirir terrenos para dar seguimento a projectos que pensámos. Temos quase tudo adquirido, mas faltam alguns. Começámos pelos terrenos em Carvalhais para o parque de merendas, os nas Fêmeas para o parque desportivo e mais dois ou três pela freguesia para a lixeira da freguesia e outros projectos. Foi neste segundo mandato que iniciámos algumas obras: o parque de merendas (que fi ca pronto esta semana), vamos arrancar com o parque desportivo e, para mais tarde, pretendemos fazer entre Vale e Canto de Baixo um parque com jardim, um lago, parque infantil e parque de merendas. Será um trabalho diferente do que efectuado em Carvalhais (porque aí já existia um espaço de lazer) e estamos a trabalhar ainda no seu projecto. Para tal, convidámos os jovens da freguesia a dar o seu contributo e ideias, trabalhando em colaboração com a Junta. Apenas o parque desportivo tem projecto concluído e aprovado, bem como uma verba de 100 mil euros dada pela Câmara. Vamos arrancar em breve, mas já andamos a aterrar algumas áreas.

Historicamente, a política dividia socialmente a freguesia. Hoje, esse facto está já ultrapassado?

Hoje já não se verifi ca. Contribuiu para isso a capacidade e a humildade de lidar com as pessoas. Isso é muito importante. E já não se olha a cores ou partidos. Não é que os meus antecessores não tivessem capacidade para isso, mas acho que havia aqui uma “revolta” ao nível de partidos e políticas, que faziam recear as pessoas. Uma das coisas por que pautámos quando entrámos foi trabalhar com e em conjunto com todas as associações. A Junta abriu-se mais às pessoas e colectividades.

Há mais de cinco anos, falou-se da elevação da freguesia de Ponte de Vagos a vila. Como viu e vê essa intenção?

Não é mal nenhum. Eu via-a bem, mas não é isso que me afl ige. Que me interessa a mim ser vila se depois não tenho condições? Eu quero é uma freguesia digna e com qualidade. Ser vila dava mais estatuto à freguesia, mas não me trazia o resto nem resolvia os problemas da freguesia nem trazia mais bem-estar às pessoas. E isso é que me interessa. Se alguém que é ambicioso e que está sempre descontente sou eu. Nunca estou contente… quero sempre mais. Mas sei as difi culdades que a Câmara tem e sei que não pode só apostar na Ponte de Vagos mas sim “mexer-se” com onze fi lhos. Com a nossa capacidade, conhecimento e experiência vamos avançando com alguma coisa e vamos fazendo os nossos projectos; o projecto de vila deixamo-lo para mais tarde. GP

«Somos uma freguesia com iniciativa para o negócio»Entrevista a Silvério Rua, Presidente da Junta de Freguesia de Ponte de Vagos

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Valências em números:

Funcionários – 41 (incluindo seis

educadoras de infância)

Creche – protocolo com a Seg. Social para

45 crianças mas possui actualmente 55

(capacidade máxima da valência)

Jardim-de-Infância – três salas com 66

crianças (lotado e com lista de espera)

Centro de Apoio Domiciliário – 20

famílias

Centro de Dia – 15 idosos

Centro Act. Tempos Livres – 62 crianças

Especial Freguesia de Ponte de VagosEspecial Freguesia de Ponte de VagosO Ponto | 12/II O Ponto | 13/III

BETEL a prestar apoio às crianças e idosos há 30 anos

Das reuniões de quinta para todos os dias

Escrever sobre o Padre João Mónica e o seu impacto na vida dos Pontevaguenses em meia dúzia de linhas é uma tarefa ingrata, senão mesmo injusta. Porque os compromissos editoriais assim o exigem, fi cam apenas alguns apontamentos que ilustram, através de pequenos exemplos e acções, a grandeza deste homem ímpar que dedicou a sua vida aos outros, com inteligência e, sempre, com uma alegria irradiante e um discurso directo, sem rodeios, interventivo e incomodativo, na hora certa.Quando chegou a Ponte de Vagos, em Setembro de 1975, o Padre João Mónica da Rocha era um jovem de 34 anos de idade. Rapidamente a sua juventude e irreverência cativou os mais jovens dessa altura. Fundou um grupo de jovens que deixou marcas para as gerações vindouras. A fé e a alegria de ser jovem, passaram a andar de mãos dadas. Trouxe os jovens para a Igreja. Simultaneamente, promoveu a prática do são convívio entre rapazes e raparigas: foram acampamentos e passeios de jovens inesquecíveis, a descoberta de si e dos outros, o estímulo à formação, ao estudo e à cultura. Foram muitos aqueles que prosseguiram estudos, graças ao estímulo do Padre João. Quando os pais não podiam, chegou mesmo a deslocar-se regularmente a Aveiro para transportar jovens que aí estudavam em regime nocturno. Esta sua ligação à juventude e à procura da promoção dos valores cristãos através de meios cativantes para estas idades, conduziu à formação do Agrupamento de Escuteiros nº 851 de Ponte de Vagos. Como fundador e Chefe Assistente sempre presente, o Padre João Mónica incentivou a formação de chefes e dinamizou o movimento de tal forma que temos o maior Agrupamento do distrito de Aveiro.Enquanto actuava junto dos jovens, rapidamente foi dinamizando as restantes camadas etárias da população. Através das reuniões semanais que realizava com um grupo de adultos, estimulou a discussão dos problemas da população, e a necessidade de intervenção rápida, nomeadamente ao nível social. Fundou a Betel – Associação de Benefi ciência e Tempos Livres. Com a ajuda da Irmã Maria Rosa e um grupo de jovens que usufruiam de salários simbólicos, arrancou com o infantário. Mais tarde, esta instituição alargou o seu campo de acção para o apoio aos mais idosos. O bem que esta instituição, hoje uma referência a nível distrital, trouxe a

esta terra e o impacto que teve na vida de centenas de crianças e idosos, são incalculáveis. Foram inúmeras as vertentes e outras acções de cariz social em que se envolveu, sempre de corpo e alma. Refi ra-se a título de exemplo, a dinamização do Jornal “Caminhos de Ponte de Vagos” e a promoção da prática desportiva, nomeadamente ao nível do futebol juvenil, onde chegou a ser presidente do clube da terra. Quem o conheceu de perto, entende o signifi cado exacto da expressão de “corpo e alma”. Os seus parcos recursos fi nanceiros eram frequentemente utilizados para fazer face a dívidas contraídas no exercício destas actividades de promoção social. Como ele próprio dizia, não se tratava de um gasto mas sim de um investimento. Quando nos deixou em Setembro de 2009, o Padre João partiu derrubado pela doença mas sempre jovem de espírito, deixando para sempre a sua marca nesta terra que o acolheu durante mais de três décadas. No dia em que nos deixou fi sicamente, alguém escreveu num blog na Internet, o seguinte texto: “ Apesar da dor que sinto neste momento, sei que o Padre João continuará presente no coração de todos quantos tivemos o privilégio de o conhecer e com ele crescer. Verdadeiro mestre, educador, pedagogo, solidário, com infi ndável alegria, paixão, respeito e amor pelo próximo, criador e fazedor de sonhos … exemplo a seguir … o verdadeiro Homem.” Mais palavras? Talvez fi que tudo dito.

Padre João Mónica

Uma Vida Dedicadaa Ponte de Vagos

Numa altura em que Ponte de Vagos ainda nem sequer era freguesia (pertencia a Calvão), em que era considerada como “a terra dos burros” e não tinha praticamente nada – apenas uma Igreja do século XIX –, os pontevaguenses começaram a reunir-se semanalmente para discutir os problemas da localidade, para lutar contra a sua “independência” da freguesia vizinha e, sobretudo, tentar desenvolver Ponte de Vagos. Foi nas famosas “reuniões de quinta-feira” que pessoas como Armando Neto e o padre João Mónica alertaram para a necessidade de uma instituição de cariz social, surgindo a BETEL em 1977. «Começou pelo infantário na casa paroquial, e a associação propriamente dita apenas foi constituída por escritura pública em 1979; como tinha um erro teve que ser anulada e constituída de novo há precisamente 30 anos», informa Juan Carlos Martins. «Uma das primeiras pessoas a trabalhar ali foi a Fátima Santos, que ainda hoje é educadora, e um dos poucos meninos que frequentaram pela primeira vez o infantário tem hoje 36 anos e é o tesoureiro da direcção (Carlos Bento)», recorda o actual presidente da direcção da Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), orgulhoso pela dedicação e empenho de todos os que trabalham nesta casa.

Como duas salas não eram as sufi cientes, o padre João Mónica sensibilizou Armando Neto a doar o «grande terreno» onde a instituição está implantada, com o intuito de o destinar a um espaço social para a infância, cultura e terceira idade. «As pessoas juntam-se, pedem dinheiro e fazem candidaturas. Há muitas cartas (rascunhos manuscritos) nos arquivos que foram enviadas para o Governador Civil de Aveiro, Segurança Social, para o Parlamento e até para o Primeiro-Ministro! Esta gente não

tinha medo de nada», brinca Juan Carlos Martins, acrescentando que chegaram mesmo a deslocar-se à Venezuela para fazer peditórios para a construção do infantário.

Mais tarde, no mandato de João Rocha – era presidente da direcção Carlos Neves -, foi construído, pelo Ministério da Saúde, o edifício a nascente destinado à extensão de saúde, que não existia na freguesia. Quando abriu a actual, o edifício passou a biblioteca da IPSS.

E foi em 1995 que se decidiu construir o Centro de Dia. Financiado em PIDDAC a 60%, a autarquia presidida por Carlos Bento comprometeu-se a apoiar «mas até hoje nunca recebemos essas verbas», lamenta Juan Carlos, satisfeito com o facto da associação ter conseguido pagar sempre as suas despesas sem recorrer ao peditório pelas portas. «Os dirigentes conseguiram ter um sentido de responsabilidade muito grande, pelo que fazemos apenas aquilo que conseguimos aguentar».

Nova creche para assegurar JI

Trinta anos depois, a BETEL retoma as obras. Iniciadas em Março passado, dizem respeito à construção de uma creche de raiz. «De acordo com um estudo que fi zemos, o encerramento de ATL e a construção dos centros educativos (que vão albergar o 1º ciclo e jardim-de-infância) iriam trazer algumas necessidades à instituição», explica Juan Carlos à medida que recorda que apenas a BETEL, Santa Casa e CASD de Santa Catarina têm Jardim-de-infância (JI) público (do Ministério da Educação). «Temos três salas de JI, com um total de 66 crianças e, em creche, um protocolo com a Segurança Social para 45 crianças. As vagas são poucas para tanta procura,

existindo lista de espera em ambos os casos», acrescenta, adiantando que a única forma da Segurança Social aumentar o número de vagas em creche – para garantir continuidade das crianças em regime de JI – foi a construção de uma creche de raiz. «É um investimento de 404 mil euros, aprovado no programa PARES, o que corresponde a um fi nanciamento de 30%, ou seja, 120 mil euros». A autarquia também já se comprometeu a apoiar e a restante despesa deverá ser suportada com a ajuda da banca.

Para além da área social, a BETEL possui o projecto Complexo BETEL, onde está prevista a construção de um gimnodesportivo; inscreveu há dias uma equipa de Escolas na Associação de Futebol de Aveiro com 15 meninos e, sem ser federado, avançou também com uma equipa de pré-escolas. Possui ainda o núcleo de ciclismo sénior onde apoia as actividades do grupo de ciclistas, da qual fazem parte, por exemplo, José Creoulo Prior e Orlando Marques. «Entretanto tivemos que desistir do núcleo de ténis-de-mesa, porque os alunos frequentam o Colégio e é-lhes mais fácil treinar depois das aulas», afi rma, sublinhando no entanto que três campeões distritais são de Ponte de Vagos e foram-no pela BETEL. GP

MÓVEIS ORLANDO | E.N. 109 Nº7 | 3840-507 QUINTÃ STº ANTÓNIO DE VAGOS | TLF. 234 798 111

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Uma vida de invençõesNasceu na freguesia da Gafanha do Carmo (concelho de Ílhavo) em 23 de Dezembro de 1938, mas quis o destino que viesse parar à freguesia de Ponte de Vagos em 1960, após casar com uma fi lha da terra, Maria da Luz (fi lha de Armando Santos Neto).

Proveniente de uma família muito humilde e que tinha muitas difi culdades, com apenas a 4ª classe, José Creoulo Prior começou a sua vida profi ssional desde muito cedo, primeiro nas salinas e na agricultura, interrompendo apenas por causa do serviço militar e das viagens em alto-mar que realizou.

Construção civil (tendo sido a sua primeira obra a sua casa), mas sobretudo a electricidade (aproveitando os conhecimentos adquiridos em alto mar enquanto ajudante de electricista) foram as áreas por que começou. Aliás, foi o responsável pela instalação deste serviço em todas as casas de Ponte de Vagos e freguesias limítrofes. É daí que surge a “Instaladora de José Creoulo Prior” que empregava 14 pessoas e prestava serviços tão variados como instalações eléctricas, canalizações, fornecimento de gás e electrodomésticos, comercializando, mais tarde, rações e sementes.

Passando a dedicar-se, igualmente, à agricultura e produção leiteira, foi com o 25 de Abril, com as leis que impediam o aumento das importações, que este “pontevaguense” dedicou-se à comercialização de aspersores e materiais de rega, «coisa que já fazia mas não comercializava», como afi rma. Surge uma nova empresa que vigora e se desenvolve cada vez mais até aos dias de hoje: a Marlux. E nem mesmo a crise abranda o negócio, como acrescenta. Um negócio que lhe vale o prémio de inventor, nomeadamente pelas “tomadas de água”, um produto que melhorou o desempenho do sistema de rega e evitou as perdas de água.

Homem com uma vida marcada pelo empreendedorismo e invenções, empresário, agricultor, José Creoulo Prior nunca descurou do social, tendo sido escrivão da Junta de Freguesia, sócio fundador da BETEL e do Clube Desportivo de Ponte de Vagos. Nos últimos anos tem preparado novas “invenções” para a Festa da Pinha, como o guarda-sol gigante e as tigelas de sopa de pão. Uma vida que foi premiada com o Prémio Carreira, este ano, no decorrer da Gala Vaga D’Ouro, promovida pelo jornal O PONTO e rádio Vagos FM. GP

José Creoulo Prior

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Manuel “da Vinha”, de seu nome verdadeiro Manuel dos Santos Neto Novo, nasceu perto do local onde mora actualmente, junto à antiga capela, actual igreja de Ponte de Vagos, há 76 anos.

A alcunha pela qual é conhecido, uma espécie de “marca da família”, vem-lhe do avô do pai, que detinha, nos terrenos onde actualmente está construída a instituição social BETEL, uma vinha muito grande. «A única vinha da localidade», especifi ca Manuel Neto. O nome vingou e alastrou à restante família.

Fez a quarta classe e seguiu as “pisadas” do pai, aprendendo os mesteres de ferrador e capador, profi ssões importantes num tempo em que a agricultura e pecuária eram o principal sustento das populações. Foi à tropa e, à semelhança de muitos vaguenses, partiu para a Venezuela. Voltou cinco anos depois, na sequência da morte do pai. Era o mais velho de sete irmãos e sentiu

essa «responsabilidade» de «acompanhar» a mãe viúva e os irmãos. Retomou as profi ssões e adicionou-lhe conhecimentos de veterinária. Foi uma «vida a correr», para tentar responder às muitas solicitações. Investiu, igualmente, na construção. Prosperou.

Em paralelo, desenvolveu actividades na sociedade local. «Apenas um dia depois de voltar da Venezuela, o meu tio Armando Neto e o padre Ivo vieram chamar-me para me envolver na comissão fabriqueira da igreja». Colaborou durante mais de uma década e tornou-se o «braço direito do tio Armando em algumas tarefas», um homem a quem elogia o dinamismo e trabalho. Foi um dos elementos que integrou o Grupo que reunia todas as quintas-feiras, no salão paroquial, para «pensar» as necessidades e o futuro da freguesia, então desanexada de Calvão.

O cemitério, a BETEL ou o campo de futebol são alguns

dos projectos a que emprestou tempo e dedicação, a par com «muitas outras pessoas de Ponte de Vagos». Afi nal de contas, a terra que era «a ponta» de Vagos, construiu-se a pulso com «muitas doações de terrenos e trabalho voluntário do [seu] povo», confi rma.

Muito ligado à Igreja e à família, este pontevaguense tem nos três fi lhos, Carlos (vice-reitor da UA), António e Óscar (empresários na área de produtos de limpeza, seguros e construção civil), o seu maior orgulho. «Os meus fi lhos são a minha fortuna», assume Manuel da Vinha, sem hesitar. ZC

Manuel da Vinha

Tratador de animais prosperou e ajudou freguesia

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Nasceu em Nenhures (lugar em frente à Junta), na freguesia de Ponte de Vagos, no dia 11 de Fevereiro de 1938. Numa altura em que a freguesia era uma terra marcada pela pobreza, desde cedo, António Bento enveredou pelo trabalho, tal como acontecia com todas as crianças na altura. Começou pela arte de sapateiro. «Aprendi com um irmão meu que já trabalhava na área há alguns anos e estava a pensar ir para o Brasil; foi ano e meio a aprender», lembra, confi rmando que logo mudou de profi ssão, partindo para o sal onde participou em cinco safras (ou seja, cinco anos). Hoje, garante que não tem necessidade para continuar a arte de sapateiro, mas admite que «sempre que é preciso, eu é que resolvo os problemas lá de casa». Desta profi ssão, destaque para a venda de sapatos nas feiras e praças um pouco por toda a região. «Foi muito mais tarde que resolvi comprar sapatos para os vender. Lembro-me que a minha primeira venda não correu lá muito bem», disse, acreditando que foi um presságio para que deixasse o sector da sapataria. A construção civil foi outra das suas profi ssões. Depois de se ter casado, aos 20, e de ter estado pela tropa «ano e meio», foi a área que mais o cativou. «Aprendi sozinho a fazer tudo o que sei fazer», afi rma

orgulhoso, satisfeito pela reacção das pessoas perante os trabalhos que fez. «Fiz vários prédios que, na altura, eram dos melhores que havia e, prova disso, é que ainda hoje estão de pé». Foi esta profi ssão que o levou a França (durante ano e meio) e, mais tarde, dois anos à Alemanha. Por não aguentar estar longe da família, decidiu-se fi car pela freguesia, e com a ajuda da mulher e dos fi lhos, começou a fabricar manilhas para os poços. «Trabalhei na construção até não conseguir mais. Depois, um fi lho meu veio da Venezuela e resolvemos alterar um pouco o sistema das manilhas, comprámos algumas máquinas e continuei a trabalhar nas manilhas até que um outro fi lho meu se associou e eu afastei-me», diz. Entretanto, e continuando a actividade do sogro, foi também massagista das pessoas com dores e dos jogadores do clube. «Fui obrigado a tirar um curso, na Associação de Futebol de Aveiro, apesar de nunca ter sido credenciado pelo Ministério da Saúde».

Hoje, com 72 anos, confessa que não consegue estar parado. «Para os amigos, faço umas coisitas de serralharia, ainda faço bombas de água manualmente, agora em aço inox». «Fiz de tudo na vida, menos dinheiro; mas isso também seria ilegal», remata em tom de brincadeira. GP

Aos 67 anos, Manuel Martins orgulha-se de ter ajudado a desenvolver a freguesia onde nasceu. À semelhança de muitos compatriotas, nasceu pobre e ainda trabalhou nas marinhas de sal e outras actividades melhores antes das difi culdades o forçarem a emigrar para França. E foi aqui que lhe espicaçaram o brio e bairrismo pela terra natal. «Uma vez, em conversa, disseram-me que a minha aldeia devia ser uma miséria e nem uma farmácia teria… Aquilo tocou fundo e nunca mais esqueci», contou a O PONTO.

Voltou «no Verão de 1975», pouco depois do fi m da ditadura salazarista e, desde então, não regateou empenho e trabalho em prol do bem comum e desenvolvimento da terra. «Fui um dos que trabalharam muito para podermos ter aqui a farmácia. Na altura aquilo começou numa pequena casa cedida pelo Artur Faneca, num terreno onde hoje está um dos bancos».

Manuel Martins, co-proprietário da carpintaria

Valmar, poupa nas palavras e não faz alarde das actividades em que participou. Foi um dos muitos que, face à escassez de recursos e necessidades da freguesia, arregaçou as mangas e trabalhou. «Foi uma altura conturbada do país, em que faltava tudo e as pessoas estavam famintas de actividades. Muitas das coisas que se fi zeram foi trabalho voluntário porque as pessoas sentiam as necessidades de forma muito forte».

Muitas das ideias terão surgido no chamado “Grupo das Quintas-feiras”, um grupo de «15 a 20 pessoas» que reunia todas as quintas-feiras no salão paroquial para «discutir e pensar a freguesia». Dali nasceu, por exemplo, a instituição social BETEL, cuja direcção ainda presidiu no início dos anos 80.

A presença deste pontevaguense fez-se notar ainda no extinto Grupo Desportivo de Ponte de Vagos, que também dirigiu durante vários anos. ZC

Trabalho voluntário para o bem comum

Manuel Martins

A história dos conhecidos “Palaios” poderia retratar a de muitas famílias de Ponte de Vagos, com uma particularidade: o elevado número de irmãos.Manuel Carlos Santos, o quinto dos 21 filhos de João Manuel Santos (o primeiro a receber a alcunha de Palaio), nunca aprendeu a escrever, passou «fome negra», pediu esmola, plantou arroz no Alentejo quando tinha dez anos, recolheu pinhas para viver, pagou «13 contos e quinhentos e levou 13 dias para ir a “salto” para França», onde trabalhou na construção civil e muitas outras peripécias, que lhe preencheram os 72 anos de vida. Não se envergonha do passado humilde. Acima de tudo, é um resistente dos «tempos de miséria» de outrora.A alcunha foi colocada ao pai pela população da localidade. «Quando eu era pequeno, matavam-se os porcos e era costume as mulheres irem lavar as tripas ao ribeiro. Então uma vez o meu pai disse-lhes: cuidado, não deixem o Palaio ir com a água». E fi cou até aos dias de hoje, passando de pais para filhos e tornando-os facilmente reconhecidos nas redondezas, ainda que nem todos os membros da numerosa família gostem.«Fiz muitas coisas para sobreviver à fome, porque isto era uma zona muito pobre e a família era grande. Fui um dos muitos que

andei às pinhas, uma tradição actualmente recordada na Festa da Pinha e dos Burros. Ia de Ponte de Vagos até Mamodeiro, a pé, a “tocar” os animais, para apanhar pinhas e ir vender às padeiras de Vale de Ílhavo», contou. Depois de uma passagem por Lyon, França (entre 1964 e 1975) e de ter casado, dedicou-se a negociar gado. A vida «nunca foi fácil», mas permitiu-lhe criar cinco fi lhos, que lhe deram nove netos e dois bisnetos. Hoje, apenas cuida «das terras e de alguns animais». Recolher pinhas, agora, só mesmo para «fazer fogueira ou acender a bailarina».Sete décadas depois, subsistem dois lamentos. Um, nunca ter aprendido a ler e escrever. «Quem não sabe ler não sabe nada. Se não tivesse livrado à tropa ou tivesse aceitado quando uma prima me quis ensinar, se calhar podia ter aprendido e ter tido melhor vida». O segundo, o facto de a família, apesar de numerosa, não ser muito unida. «Éramos 21 irmãos, temos muitos fi lhos, netos e até bisnetos, mas nunca nos juntamos… Uns melhoraram de vida, outros têm manias, nem todos se dão bem e muitos estão noutras partes do país ou no estrangeiro», explica. Os “Palaios” de Ponte de Vagos espalharam-se pelo mundo.ZC

21 irmãos dispersos

“Palaios” recolheram pinhas para escapar à pobreza

António Bento

Pontevaguense das mil e uma profissões

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Durante largos anos, a apanha de pinhas foi o meio de sustento de muitos daqueles que habitavam a freguesia de Ponte de Vagos. Acompanhados dos burros, os pontevaguenses saíam de madrugada e voltavam à noite – quando não iam dias ou quase a semana toda para outras freguesias – apanhar as preciosas pinhas, utilizadas sobretudo nos fornos de queima de cal ou de breu (a resina que era colocada nos matolas para impermeabilizar os barcos típicos desta região). Terra pobre, durante largos anos, Ponte de Vagos foi mesmo conhecida como a “terra dos burros”. O tempo foi passando e a apanha das pinhas foi um ponto de partida para que depois se comercializassem outros produtos, como os hortícolas e os cereais, uma vez que passaram a conhecer o mercado e a estabelecer contactos. A pinha deverá ter acabado aquando do término do breu, fruto do desenvolvimento de indústrias nesse sector. O burro, esse, continuou a ser uma fi gura predominante na freguesia porque, para além de ser a “máquina agrícola” da altura, era também o meio de transporte das mercadorias que os de Ponte de Vagos iam comercializando um pouco por todo o lado. No entanto, também acabou por desaparecer da freguesia, existindo hoje dois ou três.

Estas foram duas tradições que começaram a ser “reanimadas” pelo Agrupamento de Escuteiros local, mas só em 2003, com a Comissão de Festas, é que passou a ser uma tradição bem presente na memória de todas as pessoas. Gastronomia, artesanato, muita animação e, como não poderia deixar de ser, as corridas de burros é aquilo que constitui a Festa da Pinha, que se realiza anualmente. «Estamos já na sétima edição; a primeira foi em 2003, quando eu e outras pessoas completávamos 35 anos e fomos convidados para integrar a Comissão de Festas em Honra de Nossa Senhora da Luz», recorda Jorge Neto. Mais do que recolher fundos para as obras da Igreja, o objectivo foi «fazer renascer algo que já se estava a esquecer e que os jovens desconheciam completamente. Hoje, se falarmos com qualquer jovem sobre os burros e as pinhas e como se comercializava, a maior parte deles sabe do que estamos a falar», pelo que, «foi uma peça importante para conservar a cultura local».

Cada vez mais difícil arranjar burros

Ao contrário de antigamente, em que existia um ou mais burros em cada casa, «hoje é muito difícil arranjá-los para as tradicionais corridas» que animam miúdos

e graúdos. «Há aldeias vizinhas que ainda têm animais e Ponte de Vagos tem quatro ou cinco, mas em boas condições para os termos na festa e nas corridas apenas temos um». Deste modo, para este ano, foram conseguidos os animais em Ancas e Figueira da Foz. Serão seis animais com mais um pontevaguense, todos com «condições e minimamente apresentáveis».Um dos objectivos da Junta é mesmo criar uma quinta pedagógica onde o burro terá um papel de destaque, com vista à preservação da sua espécie, que está em vias de extinção. «A ideia persiste, mas é um investimento muito grande e demora o seu tempo», adianta Jorge Neto.Realizada na parte central da freguesia, a Festa da Pinha há muito que deixou de ser uma festa da freguesia, sendo procurada por muitas pessoas do concelho e até mesmo fora do concelho. «Há emigrantes que tiram férias nesta altura para poderem estar presentes na festa e reviverem tradições passadas», diz o membro da comissão e nem mesmo com o aumento do espaço (nos primeiros anos realizou-se no largo da Igreja) houve espaço sufi ciente para circulação. «É com surpresa e satisfação que registamos, de ano para ano, uma maior afl uência das pessoas», confessa. GP

Pinhas acendem chama da memória

A Festa da Pinha foi criada para angariar verbas para as obras da Igreja – através da venda dos pratos nas tasquinhas, promovidas pelas associações (dão à comissão aquilo que entendem e podem) e pela própria comissão, nas tasquinhas dos pitéus e doces.«As obras eram fundamentais», revela Jorge Neto. No início, ponderou-se entre a remodelação da igreja existente, entre a construção de um novo tempo noutro local e entre a construção de uma nova no mesmo local. «Tivemos reuniões para defi nir o projecto e formou-se uma comissão de pessoas que quisessem participar directamente nas obras e dar opinião. Foi bom porque pessoas que tinham ideias contrárias fi caram nesta comissão e toda a gente trabalhou exactamente no mesmo sentido desde que decidimos iniciar a obra», conta. Orçadas em cerca de 400 mil euros (dos quais 50 mil dizem respeito ao IVA que posteriormente a Comissão vai reaver), as obras arrancaram há praticamente um ano, tendo-se

optado pela remodelação. De acordo com o membro da comissão, «já tínhamos algum dinheiro, mas só quando recebermos o dinheiro do IVA é que conseguiremos pagar todas as obras; deste modo, e para cumprirmos os compromissos com fornecedores, optámos por contrair um empréstimo na banca». Contudo, e para o altar, bancos, portas e vitrais, que não estavam contemplados no orçamento, a comissão encetou um peditório pela freguesia. Garante que a receptividade das pessoas tem sido «bastante boa», ainda mais depois de terem visto o interior do templo, que foi aberto durante dois fi ns-de-semana. Perspectiva-se que a sua inauguração decorra no fi nal deste ano. Será requalifi cado também o largo da igreja. «Um dos objectivos é construir uma estrada paralela para condicionarmos o trânsito no largo, colocarmos uns bancos e árvores», anuncia. Até lá, os pontevaguenses usam o salão paroquial, que foi completamente remodelado, para as celebrações eucarísticas. GP

Especial Freguesia de Ponte de VagosEspecial Freguesia de Ponte de VagosO Ponto | 16/VI O Ponto | 17/VII

Festa da Pinha

Festa para pagar obras da Igreja

DR

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Tudo começou pela ida dos jovens rapazes e raparigas para as vindimas em Mamarrosa. Para além dos namoricos e da vindima em si, os jovens foram convidados a dançar num dos dois ranchos da localidade e, um dia mais tarde, perguntaram-se por que não criar o seu próprio rancho na sua terra, a freguesia de Ponte de Vagos. Foi assim que foi fundado, nos fi nais dos anos 70, o Rancho Folclórico “Luz e Vida”.«Mas o grupo começou a separar-se e só em 1997, com a vinda da Irmã Verónica para a paróquia e a vontade de criar o dia da comunidade, é que me foi pedido para ensaiar um grupo de jovens e adultos para animar esse dia. Disse-lhe que sim, mas que era só para a brincadeira. A brincadeira passou a sério e, passados treze anos, o grupo foi reactivado e registado na conservatória no ano seguinte», explica Flávio Pinho. De grupo passou a intitular-se Rancho Folclórico “Luz e Vida”, homenageando a padroeira de Ponte de Vagos, a Nossa Senhora da Luz, mas sempre com o mesmo objectivo: «representar – não a 100% porque é difícil – os usos e costumes da nossa região». Sem apoio documental, o registo dos tempos idos foi conseguido junto das pessoas mais idosas da freguesia, pelo que ainda se encontra a reformular os trajes consoante a informação que vai chegando. Uma situação que se irá alterar com a concretização de um sonho do rancho: a entrada na INATEL ou na Federação Nacional de Folclore. «Temos uma grande luta pela frente, mas será a forma de cumprirmos ainda com mais rigor a tocata, os trajes e a dança; estaremos mais aperfeiçoados», admite.Actualmente, o rancho é constituído por 45 elementos (dos sete aos 83 anos) que se vai renovando ao longo dos tempos. «Só eu e mais dois é que nos mantemos desde o início – do primeiro

grupo - e não conseguimos sair», brinca, mostrando-se orgulhoso com o facto de já terem percorrido o país, de Norte ao Sul. «Apenas nunca actuámos no estrangeiro, mas só por falta de possibilidades profi ssionais e pessoais é que nunca fomos, já que temos uma proposta renovada a cada ano para irmos a Lyon», afi rma, garantindo, contudo, ser um outro sonho a concretizar pela associação.Com sede e sala de ensaio no edifício junto ao polidesportivo, o Rancho Folclórico costuma participar na Festa da Pinha e na Festa em honra da padroeira (Setembro). Pelo concelho, «actuamos sempre na Semana Cultural, fazemo-nos representar no 25 de Abril e nalgumas festas e tasquinhas das restantes freguesias». Promove, ainda, a desfolhada em Setembro, a matança do porco à moda antiga e castanhada no mês de Novembro, o jantar de fi m de ano e, por vezes, canta as Janeiras, para além do festival aquando do seu aniversário (em Maio). «Vamos ver se conseguimos, em breve, realizar um Festival Internacional», conclui Flávio Pinho. GP

Tel. 234 781148email: [email protected]

Rua Principal nº 327 Ponte de Vagos

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Ponte de Vagos sempre foi uma das freguesias do concelho de Vagos que se destacou ao nível do sector empresarial e industrial. O facto do Plano Director Municipal (PDM) de Vagos não permitir a expansão de algumas indústrias que se foram localizando na freguesia, ao longo dos tempos, fez com que os empresários pontevaguenses apostassem noutras localizações, nomeadamente na Zona Industrial de Vagos e noutros municípios.

Uma realidade que está prestes a ser alterada e que surge no seguimento da revisão do PDM, que prevê, na freguesia, dois pólos industriais. O mais avançado é o pólo industrial das Gândaras. Implantado nas freguesias de Ponte de Vagos e Santa Catarina, este pólo compreende uma área superior a 20 hectares (metade em cada freguesia). «Em relação a esse pólo, os serviços de planeamento da Câmara de Vagos executaram uma proposta de plano de pormenor e foi aceite pela Mais Vagos e que considera muito boa», adianta Carlos Neves. De acordo com o administrador da Mais Vagos SA, empresa que gere todos os parques empresariais e os pólos previstos no concelho (incluindo em Ponte de Vagos), já foi iniciado o processo de identificação de parcelas e contactada a maioria dos proprietários. «Só não demos seguimento aos contratos e às escrituras de aquisição das parcelas porque a pressão que tivemos sobre o Parque Empresarial de Soza (PES) não nos deu tempo para tratarmos deste pólo», afi rma, admitindo que, assim que houver «algum desafogo» por parte da Mais Vagos, o pólo industrial das Gândaras será «o primeiro» a ser desenvolvido.

O outro pólo previsto localiza-se na parte norte da freguesia, onde já estão instaladas, há muitos anos, algumas empresas. «Esse também está defi nido em PDM, tem uma dimensão menor, mas não tem ainda

planeamento, nem posso adiantar data ou dizer, neste momento, se a Mais Vagos estará interessada, a curto prazo, em avançar nesse», explica.

Mais indústria no futuro

Para o pólo das Gândaras, e de acordo com Carlos Neves, existem já alguns empresários interessados. «A lógica destes pólos é retirar do meio das populações as ofi cinas, serralharias, algum comércio ligado à construção civil e outros do género», pelo que classifi ca estes pólos de «bastante importantes» para ordenar o território e tornar as freguesias «mais limpas». Lamenta, apenas, que o PDM não tenha permitido a construção mais cedo. «Algumas empresas desta freguesia tiveram que ampliar noutros locais do concelho ou zonas limítrofes porque o PDM não permitia, e convém relembrar que esta possibilidade de avançar e planear os pólos no concelho (não só em Ponte de Vagos como noutras freguesias) só foi possível a partir de Abril do ano passado com a revisão do PDM», recorda.

Com estas áreas industriais, «Ponte de Vagos irá desenvolver-se ainda mais», afi ança Carlos Neves, acreditando que poderão servir de complementaridade ao PES. O de Soza está «mais vocacionado para empresas de grande e média dimensão que precisam de serviços prestados por empresas de menor dimensão; ora, estes pólos são atractivos para empresas que vão prestar esses serviços». E com uma «vantagem», acrescenta, referindo-se à inexistência de impactos negativos nestas áreas. «Aquando da execução do regulamento desses pólos fi cará clarifi cado quais as empresas que poderão ser ali instaladas, ou seja, as que não apresentem impactos negativos», uma vez que estarão muito próximas das populações. GP

Rancho Folclórico

Luz e Vida de Ponte de Vagos difundidos pelo concelho e país

Indústria estagnou por causa do PDM, mas voltará a crescer

DR

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CervidelComércio de Cerâmica,

Vidros e Utilidades, Lda.Papelaria

Jornais e Revistas

Tel./ Fax 234 782 152

Rua Principal, 166 3840-326Ponte de Vagos

O Agrupamento n.º 851 do Corpo Nacional de Escutas, de Ponte de Vagos, foi fundado em 1987, pelo saudoso Padre João Mónica. «Foi pouco tempo depois de ter sido nomeado pároco de Ponte de Vagos e de ter acabado de fundar, enquanto pároco de Estarreja, o agrupamento de escuteiros dessa paróquia», relembra Dario Faria, o actual chefe do agrupamento [antes dele foram chefe Manuel Faneca e João Rosa].

A primeira promessa foi efectuada em 8 de Novembro de 1987 por trinta elementos (dos quais 25 crianças e jovens), sendo actualmente o maior agrupamento do distrito de Aveiro, com 130 elementos. «Tendo em conta que todos os anos alguns entram e outros saem, estamos sempre nos três primeiros agrupamentos com mais elementos do distrito», vinca, garantindo que, apesar deste facto, “nem tudo foram rosas” e esteve mesmo para terminar há cerca de dois anos. É que, aquando da fundação, o grupo teve como sede a casa paroquial durante 12 anos. «Tínhamos chave e entrávamos e saímos quando queríamos; depois a casa foi demolida e tivemos que desocupar a casa e foi aí que passou a ser extremamente difícil», recorda, lamentando a «tortura» de ter que «andar de casa em casa, de porta em porta». «Foi extremamente difícil

porque, reunindo em casa de privados, as crianças e jovens não se conheciam, o que perdia totalmente a lógica e pedagogicamente era incorrecto para o escutismo», defende, adiantando que foi há dois anos que se pôs em causa «acabar mesmo com o maior agrupamento do distrito». «Felizmente surgiu a hipótese de construir a sede, com o apoio da Junta e da Câmara». Para Dario Faria, as forças vivas do concelho «não tinham a noção» do que se falava e se estava a passar.

A desfrutar a casa depois de onze anos sem tecto próprio

Neste momento, o chefe não tem palavras para descrever a alegria que sente. «Estamos com uma sede fantástica, apesar de não estar totalmente acabada – porque é um processo contínuo tal como o é o escutismo – mas queremos desfrutá-la antes de partimos para a construção da sala de direcção e do salão polivalente». Para tal já possui três mil metros quadrados, mas o ideal, para o grupo, seria conseguir adquirir terrenos mais afastados dos quatro abrigos já existentes – um para cada secção (lobitos, exploradores, pioneiros e caminheiros).

Com actividades promovidas no espaço da sede e fora da sede, os escuteiros de

Ponte de Vagos participam ainda em raids, caminhadas ou acampamentos. O próximo será o Acampamento de Verão que, este ano, se vai realizar na Redonda (Águeda). «É cada vez mais complicado arranjar um local pelas exigências, porque não se pode fazer fogo e tem que se fazer sanitários… qualquer dia acabamos em parques de campismo», brinca, satisfeito por ter conseguido arranjar um terreno privado junto ao rio para poder promover o acampamento, no qual está prevista a presença de todos os elementos de todas as secções, excepto dos caminheiros, que estarão em breve em Cabo Verde, numa missão solidária.

Segundo Dario Faria, «o escutismo é vivo e dinâmico todos os dias, não é um capricho mas uma forma diferente de estar na vida», pelo que, diz na sua opinião, não imagina a freguesia de Ponte de Vagos sem o agrupamento. «E se se perguntar o mesmo a uma pessoa que nada tem a ver com o escutismo, provavelmente dirá o mesmo», garante, orgulhoso pelo número de crianças de outras freguesias que procuram e se inscrevem no Agrupamento de Ponte de Vagos. «As crianças, hoje em dia, querem-se ocupadas e bem ocupadas, caso contrário é um risco muito grande», afi ança. GP

«O escutismo não é um capricho… é uma forma diferente de estar»

Agrupamento nº 851

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Conferência Vicentina

Onde a caridade é até ao infi nitoA Conferência Vicentina é um movimento católico de leigos que se dedica, sob o infl uxo da justiça e caridade, à realização de iniciativas destinadas a aliviar o sofrimento do próximo, em particular dos social e economicamente mais desfavorecidos. Foi criado em França, em 1833, por Frédéric Antoine Ozanam, que adoptou como patrono São Vicente de Paulo, conhecido como Pai da Caridade pela sua dedicação ao serviço dos pobres e dos infelizes. O lema da organização assenta na sua frase «A caridade é inventiva até ao infi nito».

Na freguesia de Ponte de Vagos, e a convite do grupo de Aveiro, a Conferência Vicentina foi fundada «há mais de vinte anos», afi rma à nossa redacção António Bento, secretário da direcção presidida por Dorinda Faneca. Nestas duas décadas, recorda que, «felizmente, já fi zemos grandes serviços e ajudámos muita gente, numa altura em que não havia muitas oportunidades». Desde distribuição de produtos alimentares a bens de primeira necessidade, inclusivamente roupa, a acção dos oito membros da Conferência Vicentina levou algum apoio àqueles que mais necessitavam. «Conheço todas as pessoas da freguesia, quase todas pelo nome e, antes de vir a assistente social para a BETEL, éramos nós que íamos ao encontro das pessoas quando sabíamos que passavam por difi culdades». Recorda-se, por exemplo, que apoiaram três pessoas que caíram na dependência do álcool. «Duas pessoas conseguiram recuperar, a outra tentou mas não conseguiu, tendo acabado por falecer», diz lamentando. Com a vinda da assistente social, o grupo deixou de distribuir bens alimentares. «É preciso uma contabilidade muito rigorosa de todos os bens que entram e saem e nós decidimos entregar essa área à BETEL», explica, garantindo que «trabalhamos em complemento com a instituição». Esse trabalho em parceria iniciou-se aquando da abertura do Centro de Dia: «fui eu que acompanhei a assistente e expliquei às pessoas os direitos que tinham, porque a grande maioria nem sabia que os tinha».

Conhecedor da terra onde nasceu, há mais de 70 anos, António Bento garante que, em termos sociais, a terra de agricultores e de apanhadores de pinhas com a ajuda dos burros progrediu muito e mudou «para melhor». Contudo, lamenta que haja «pobreza envergonhada e escondida» e que haja «muita gente que pede sem necessidade». «Dar algo a alguém, hoje, é muito complicado», vinca. Mas este grupo de oito pessoas, que se reúne quinzenalmente numa sala do Salão Paroquial, não desiste e dá um pouco de si e do que tem aos outros. «Dos nossos parcos rendimentos, tentamos melhorar a vida dos outros, por vezes com um cabaz de alimentos. Não mata a fome – isso é a função da BETEL – mas sempre ajuda», remata. GP

Cooperadores Salesianos

Jovens, famílias e paróquia mais apoiadosFoi em 1841 que São João Bosco (também conhecido por Dom Bosco) criou a Associação Cooperadores Salesianos, uma organização de leigos católicos que se espalhou pelos quatro cantos do mundo, incluindo Ponte de Vagos.

Tal como o sacerdote católico italiano, que foi ainda fundador da Pia Sociedade São Francisco de Sales e acabou por ser canonizado em 1934, também o grupo de cooperadores salesianos pontevaguenses têm por objectivo ajudar os jovens da paróquia. «Na paróquia de Ponte de Vagos, actualmente, somos um grupo de 19 cooperadores com promessa feita e que tem vindo a trabalhar em prol dos jovens desde a sua criação, efectuada com a vinda das Irmãs Salesianas para a freguesia», apresenta Cláudia Francisco, uma das mais novas caras do grupo e que preside à direcção. Este grupo que abarca todas as faixas etárias (o mais novo tem 25 anos e o mais velho 70) «tenta ajudar os jovens da paróquia, mas também as mães e famílias que tenham algumas necessidades, bem como a paróquia». Cláudia Francisco dá como exemplo a entrega de alguns bens a diversas famílias, há anos, para que tivessem um Natal «mais feliz».

Ligado às Irmãs Salesianas, é na casa delas que o grupo se reúne e é também lá que existe o Centro Juvenil, onde as crianças passam algum do seu tempo livre aos sábados, mas sobretudo durante as interrupções lectivas. «As Irmãs disponibilizam algum do seu tempo para passar com eles, principalmente à tarde, porque há pais que não têm onde os deixar».

Com a Igreja Matriz em obras, os Cooperadores Salesianos de Ponte de Vagos promoveram, recentemente, um torneio de futebol para angariar verbas para as obras. «Já conseguimos adquirir a imagem da nossa padroeira, a Nossa Senhora da Luz, e o nosso próximo investimento será a recuperação do crucifi xo que está no altar», adianta.

Todos os anos, o grupo promove, aquando do encerramento do ano da catequese, o almoço de encerramento do ano, intitulada “Festa da Família” onde se reúnem dezenas de pessoas. «Para terminar o ano, falta-nos apenas participar na Festa da Pinha, que é para breve», conclui Cláudia Francisco. GP

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Passeio TT solidário

Anualmente realiza-se um passeio Todo-o-Terreno (TT) na freguesia de Ponte de Vagos. Tudo começou há vários anos quando um grupo de amigos decidiu agendar «um dia do homem sem a mulher», e fazer alguns passeios TT pela freguesia. Mais tarde decidiram abrir o dia a mais participantes e divulgaram a iniciativa em sites da especialidade e as inscrições foram aparecendo.

De há cinco anos a esta parte, na data mais próxima de 8 de Dezembro, Vasco Carvalho e Jorge Neto, acompanhados pelos escuteiros da Ponte de Vagos, organizam o TT Passeio de Ponte de Vagos. Destina-se a motos e jipes e em cada ano recebem mais de centena e meia de veículos participantes, já para não falar no número de pessoas inscritas, que também aumenta. Os passeios, numa extensão de 90 km (motas) e 50km (carros), são desenvolvidos em areia, barro e lama e têm como objectivo principal angariar fundos para a comunidade escutista local.

No fi nal do mês de Agosto vai começar a ser preparado o passeio deste ano, que deverá ter lugar no início do mês de Dezembro. Os amantes da modalidade podem seguir todos os preparativos em http://ttpontedevagos.fl orestaencantada.org. AC

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Sem clube desportivo há quase duas décadas, a freguesia de Ponte de Vagos está a renascer a sua veia desportiva através dos mais novos, com a criação de escolinhas treinadas por Pedro Bento.

«A ideia da criação das escolinhas já tem mais de seis anos», diz a O PONTO, garantindo que não arrancou há mais tempo porque «não havia condições necessárias» e só «no ano passado é que se começou a falar da construção do parque desportivo com relvado sintético, na zona de Fêmeas». Entretanto, e até à construção desse parque, o campo de treinos é o campo relvado do Parque de Merendas de Carvalhais e o campo onde irão decorrer os jogos será o do Grupo Desportivo de Calvão. «O campo onde treinamos não tem as medidas necessárias nem balneários, pelo que agradecemos o apoio e cedência de instalações pelo GD Calvão», afi rma. Quando questionado com o facto de iniciar as escolinhas este ano quando poderia esperar pelo parque desportivo, Pedro Bento vinca que «é uma forma de pressionar as entidades competentes para que o construam o mais rápido possível».

Esta equipa será detida pela BETEL e será intitulada “BETEL Ponte de Vagos”. De acordo com Pedro Bento, reactivar o antigo clube da freguesia – o Grupo Desportivo de Ponte de Vagos – obrigava à constituição de uma direcção e a IPSS da freguesia (que prevê nos seus estatutos a vertente desportiva) «já reúne todas as condições para registar a equipa na Associação de Futebol de Aveiro (AFA), tem uma

secretaria que pode tratar de imediato a todas as questões e uma carrinha para transportar os miúdos para os jogos». «Foi a forma mais fácil e rápida de avançarmos».

Actualmente, Pedro Bento treina 12 meninos nascidos em 2001, mas acredita que «chegarão muitos mais» depois de Setembro, dado que na freguesia existem cerca de 16 com esta idade. Esta equipa vai ser inscrita na AFA, participando em provas federadas na próxima temporada. E, para que seja criado o “bichinho” pela modalidade e ensinadas algumas técnicas aos meninos, há ainda a pré-escola (crianças nascidas em 2003). Além disso, «cheguei a acordo com o GD Calvão e com o CRAC para não termos os mesmos escalões», por forma a «não criar qualquer tipo de concorrência» e «abarcar o máximo de miúdos por equipa». Deste modo, em Calvão funcionará as Escolas A e em Ponte de Vagos as Escolas B. «Caso encontremos uma criança de Ponte de Vagos com idade para a Escola A encaminharemo-la para Calvão e vice-versa», acrescenta, mostrando-se orgulhoso pelo «intercâmbio» conseguido entre os clubes em prol da modalidade e para lutar contra a «competitividade» entre os clubes.

Sobre o futuro, adianta que será planeado conforme o avanço das obras do parque desportivo. «Mas vamos agora incentivar os jovens da freguesia a tirar o curso de treinador para criarmos depois mais planteis, mas sempre interligados com os clubes vizinhos», remata. GP

Grupo Desportivoalcançou 1ª distritalmas fi ndou

Longe vão os tempos em que a freguesia manifestava o gosto pelo desporto através da actividade da equipa de futebol do Grupo Desportivo de Ponte de Vagos, cuja história se vai perdendo na memória do povo.

De acordo com Silvério Rua, actual presidente da Junta e ex-jogador da equipa, o clube foi fundado a «15 de Julho de 1977» e terá iniciado actividade no ano seguinte na Associação de Futebol de Aveiro. «Começou na 3ª divisão distrital e dois anos depois subiu à 2ª distrital». Manteve-se ali até que, no início dos anos 90, «acho que na época desportiva 1990/91» subiu à 1ª distrital, diz, esforçando-se para responder à solicitação do PONTO.

«Lembro-me que foi uma festa. Havia alguns que já recebiam dinheiro mas outros, como eu, era muito amor à camisola», contou Silvério Rua.

O clube desceu rapidamente à 2ª distrital e «um ou dois anos» depois foi extinto, fruto de «algum cansaço dos dirigentes, difi culdades fi nanceiras, desânimo depois da descida e algumas questões políticas», relembra Silvério Rua. Os atletas dividiram-se «por outras formações da zona, como o Águeda, Gafanha, Académica, Beira-mar».

Também Manuel Martins, ex-presidente da direcção do clube, recorda-se que o «clube tinha muita importância. Naquela altura vivia-se muito o futebol e havia muitos jovens na formação, a jogar na equipa sénior e a assistir aos jogos. Alguns jogadores já recebiam, mas fazia-se muita coisa por amor à camisola. Eu ainda andei a fazer sandes, marcar o campo e de tudo um pouco…», relembrou, sem concretizar datas. ZC

Desporto na freguesia recomeça com escolinhasde futebol

Page 12: Ponte de Vagos, A minha Freguesia

Ponte de Vagos é uma freguesia que tem apostado, sobretudo nos últimos anos, em espaços verdes e de lazer.

O mais recente parque a ser criado foi o Parque de Carvalhais. Quando Silvério Rua foi eleito presidente da Junta de Freguesia, existia apenas um pequeno espaço com algumas mesas e árvores. «Esta equipa achou este espaço sossegado, ideal para o lazer e o convívio, pelo que decidimos dar-lhe um novo visual», explica à nossa redacção Jorge

Neto, secretário da Junta. «Durante o primeiro mandato, colocámos mesas novas e mais árvores para dar sombra e fomos adquirindo mais terrenos», até que, adquirida a grande maioria de parcelas necessárias, foram construídas as casas de banho e parque de estacionamento (entretanto aumentado com a aquisição de mais dois terrenos). «Fomos relvando o terreno e, olhando para o espaço, deparámo-nos com um excelente local para um belo campo de

futebol relvado», acrescenta Jorge Neto, recordando que o espaço do campo foi vedado, foram colocadas duas balizas e relva em todo o espaço – entretanto foi colocada uma rede de voleibol que «não durou muito tempo, porque alguém a levou consigo».

Vedado com madeira e com diversos assadores e até um forno a lenha, a fase inicial do parque teve lugar com o apoio de dois pontevaguenses que ofereceram o seu trabalho. «A Junta, quando tomou

Uma freguesiacada vez mais verde

Ponte de Vagosem númerosÁrea: 6,22 Km2População: 2700 habitantes (censos de 2001)Recenseamento: 1940 eleitoresEspaços populacionais: Canto de Cima, Canto de Baixo, Carvalhais, Palhal, Vale e Fontainhas

Festividades- Festividades religiosas em honra de Nossa Senhora da Luz (8 de Setembro)- Festa da Pinha (fi nais de Julho)

Locais de Interesse Público- Centro Cultural de Ponte de Vagos- Igreja Matriz- Fonte da Ferreira- Fonte dos Amores (Vale)- Fonte da Perdição (Palhal)- Parque de Merendas de Carvalhais

Associações Sociais e Culturais- Agrupamento nº 851 do Corpo Nacional de Escutas, de Ponte de Vagos- Associação BETEL- Casa Paroquial de Ponte de Vagos- Centro Juvenil de Ponte de Vagos- Comunidade Salesiana – Casa Laura Vicuñas e Centro Juvenil Salesiano- Rancho Folclórico Luz e Vida- Conferência Vicentina- Associação de Caçadores de Vagos- Casais de Santa Maria

Estabelecimentos de ensino- Creche e Jardim-de-infância na BETEL- EB1 de Carvalhais- EB1 de Canto de Baixo- Jardim-de-Infância de Carvalhais

Actividade económica- Comércio- Várias unidades industriais- Serviços

Emigração30% da população pontevaguense encontra-se em França, Alemanha, Venezuela, Canadá e Estados Unidos da América

Ponte de Vagose sua origem Situada a cerca de 8 km da sede do concelho, para sul, o nome Ponte de Vagos vem de tempos antigos. Consta que terá existido uma ponte romana na zona de Ponte de Vagos e que, possivelmente terá dado nome a esta terra. Por outro lado, terá o nome a ver com o facto de fi car no extremo sul do concelho, ou seja, na “ponta” do mesmo?Ponte de Vagos é constituída pelos lugares de Carvalhais, Palhal, Vale, Canto de Baixo, Canto de Cima, Fontaínhas e Ponte de Vagos, tendo sido criada, sob o ponto de vista religioso, por D. Domingos da Apresentação Fernandes, em 11 de Dezembro de 1961. Foi elevada à categoria de freguesia em 29 de Março de 1968.À semelhança de outras freguesias, Ponte de vagos, tem também brasões e bandeira, cujas peças escolhidas para aí fi gura ilustram a vida, obra e história do povo. O pinheiro, as pinhas e as andorinhas têm um especial simbolismo. O pinheiro, com as respectivas pinhas, a árvore bem amada das gentes de Ponte de Vagos que, durante muito tempo, foi suporte de sobrevivência de muita gente. As andorinhas, aves que são sem dúvida uma referência aos emigrantes de Ponte de vagos, pela ânsia de retorno à terra natal.

Parque de Merendas de Carvalhais

Especial Freguesia de Ponte de VagosO Ponto | 22/XII

posse, não tinha dinheiro, mas foi conseguindo adquirir a madeira, as telhas e algum material necessário, e foi o José Creoulo Prior e o João Catarino que fi zeram tudo o que lá está, graciosamente», reconhece e agradece. Hoje em dia, o parque é procurado por muitas pessoas, sobretudo famílias e amigos, para momentos de convívio e lazer. «Por vezes temos muita difi culdade em acomodar tantas pessoas naquele espaço, que a Junta já pondera colocar mais duas ou três mesas e algumas árvores no local». Um desses dias de maior enchente foi no dia 12 de Maio, feriado em Aveiro. «Um grupo de pessoas de Aveiro pediu-nos para ocupar o parque por inteiro, era uma verdadeira multidão de pessoas», afi rma orgulhoso o membro da Junta. Festas de aniversário, comunhões ou baptizados são também ali promovidas. «Há mesmo pessoas que vêm assar carne no nosso forno e depois vão comer para casa, por não terem nenhum».

«Não está o ideal e completamente como queremos para parque de merendas, mas tem tido muita adesão e isso deixa-nos bastante satisfeitos», sublinha, vincando que esta aposta da Junta nos espaços verdes tem sido efectuada para obtenção de maior qualidade de vida. «Nem todos temos um espaço onde podemos fazer assadas, ou jogar futebol com os amigos ou fi lhos, ou possa levar o fi lho aos escorregas (existe ali também um parque infantil)», recorda, adiantando que, depois da inauguração deste parque (no próximo domingo, dia 24), a Junta irá apostar «fortemente» no parque desportivo nas Fêmeas. Depois de concluído, passará para o parque de Canto de Baixo/Vale. Será aí construído um parque de merendas com um lago artifi cial, parque infantil, pista de manutenção entre outras valências. GP