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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica ATERRAMENTO TEMPORÁRIO PARA LINHAS DE TRANSMISSÃO: análise da segurança humana Wagner Eustáquio Diniz Belo Horizonte 2008

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica

ATERRAMENTO TEMPORÁRIO PARA LINHAS DE TRANSMISSÃO: análise da segurança humana

Wagner Eustáquio Diniz

Belo Horizonte

2008

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Wagner Eustáquio Diniz

ATERRAMENTO TEMPORÁRIO PARA LINHAS DE TRANSMISSÃO: análise da segurança humana

Orientador: Prof. Dr. Mário Fabiano Alves

Belo Horizonte

2008

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica.

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FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Diniz, Wagner Eustáquio D585a Aterramento temporário para linhas de transmissão : análise da segurança humana / Wagner Eustáquio Diniz. Belo Horizonte, 2008. 105 f. : il. Orientador: Mário Fabiano Alves Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica. Bibliografia. 1. Correntes elétricas - Aterramento. 2. Linhas de transmissão. I. Alves, Mário Fabiano. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica. III. Título

CDU: 621.316.99

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Dedico este trabalho à minha mãe Maria Estela Diniz,

exemplo de humildade, honestidade e caráter;

símbolo de luta, ajuda ao próximo e fé.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que sempre me ajudou em todos os momentos de minha

vida, pois, sem Ele não estaria onde estou hoje.

Agradeço a todos aqueles que ajudaram direta ou indiretamente na realização

deste trabalho.

A RITZ pelo suporte financeiro e flexibilidade no horário de trabalho.

Ao Professor Mário Fabiano Alves pela orientação, dedicação, compreensão

e estímulos.

Aos membros da banca examinadora, Prof. José Osvaldo Saldanha Paulino,

Prof. Pyramo Pires da Costa Junior e Profa. Rose Mary de Souza Batalha, que além

de aceitar o convite, contribuíram para aprimoramento deste trabalho.

Aos professores do PPGEE pelo conhecimento transmitido dentro e fora da

sala de aula.

Às “Isabeis” da Secretaria do PPGEE pela ajuda e esclarecimentos

necessários, pelo otimismo e exemplo de profissionalismo.

Agradecimentos especiais a José Afonso de Araújo pela idéia, apoio e

incentivo, a Francisco de Castro Junior pela disponibilidade, paciência, vontade de

ajudar e otimismo e a Anderson José de Assis por ser sempre prestativo e não medir

esforços para ajudar.

Um agradecimento muito mais que especial a Nãna, pelo seu amor,

dedicação, carinho, amizade, cuidado e compreensão.

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“Só quem lutou dia-a-dia para conseguir uma vitória terá o direito

de relembrar em cada pedaço do caminho percorrido

um tempo de luta e um sabor de conquista.”

J. S. Nobre

“Pensar é o trabalho mais pesado. Talvez seja essa a razão

para tão poucas pessoas se dedicarem a isso.”

Henry Ford

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RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo para determinação do melhor local para

instalação do aterramento temporário utilizado nas intervenções nas linhas de

transmissão desenergizadas, bem como um estudo da viabilidade do uso da chave

de aterramento nas subestações juntamente com o aterramento temporário. Foram

avaliadas diversas configurações de instalação do aterramento temporário e

determinada qual é a mais eficaz no cumprimento do principal objetivo deste

equipamento, que é garantir a segurança do pessoal envolvido nas atividades de

manutenção ou construção de instalações elétricas desenergizadas. Os

procedimentos tradicionais de aterramento temporário em linhas de transmissão têm

se mostrado inadequados quando os níveis de indução são muito elevados, além

disso, foi evidenciado que não existe padronização destes procedimentos nas

concessionárias de energia elétrica.

Palavras-chave: Aterramento Temporário. Linhas de Transmissão. Aterramento de

Proteção.

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ABSTRACT

This work presents a study for determination of the best place for installation of the

temporary grounding used in the interventions in the de-energized transmission lines,

as well as a study of the viability of the use of the switch ground in the substations

together with the temporary grounding. They were several appraised configurations

of installation of the temporary and certain grounding which is the most effective in

the execution of the principal objective of this equipment, that is to guarantee the

personnel's safety involved in the maintenance activities or construction of facilities

electric de-energized. The traditional procedures of temporary grounding in

transmission lines have been showing inadequate when the induction levels are very

high, besides, it was evidenced that standardization of these procedures doesn't exist

in the concessionary of electric power.

Key-words: Temporary Grounding. Transmission Lines. Protective Grounding.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1 Tipo de conjunto de aterramento...................................................19 FIGURA 2.1 Arranjo do ensaio de corrente de curto-circuito..........................25 FIGURA 2.2 Aterramento temporário sem e com trapézio tipo sela ...............29 FIGURA 2.3 Laço indutivo....................................................................................32 FIGURA 2.4 Configurações das chaves de aterramento..................................36 FIGURA 2.5 Níveis de indução no aterramento temporário.............................37 FIGURA 2.6 Arco elétrico na instalação do aterramento temporário em uma LT 500kV..................................................................................................38 FIGURA 2.7 Configurações do aterramento temporário LT 230 kV ................41 FIGURA 2.8 Configurações do aterramento temporário LT 500 kV ................42 FIGURA 2.9 Ensaios torre tipo H com postes de madeira, sem trapézio tipo sela ......................................................................................................44 FIGURA 2.10 Ensaios torre tipo H com postes de madeira, utilizando trapézio tipo sela em um poste..............................................................................................45 FIGURA 2.11 Ensaios torre tipo H com postes de madeira, utilizando trapézio tipo sela em dois postes..........................................................................................47 FIGURA 3.1 Acoplamento capacitivo e magnético ...........................................51 FIGURA 3.2 Acoplamento eletromagnético .......................................................51 FIGURA 3.3 Posições de trabalho onde potenciais anormais podem aparecer........................................................................................................52 FIGURA 3.4 Diagrama elétrico equivalente........................................................53 FIGURA 3.5 Tensões de toque e passo..............................................................54

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FIGURA 3.6 Limites de corrente no corpo humano..........................................56 FIGURA 3.7 Corpo humano eletricamente modelado.......................................57 FIGURA 4.1 Configurações das LT’s ..................................................................64 FIGURA 4.2 Configuração de um conjunto de aterramento ............................67 FIGURA 4.3 Forma de instalação do conjunto de aterramento.......................67 FIGURA 4.4 Entrada de dados LCC - Model ......................................................70 FIGURA 4.5 Entrada de dados LCC - Data .........................................................71 FIGURA 4.6 Circuito equivalente do conjunto de aterramento instalado ......72 FIGURA 4.7 Conjunto de Aterramento instalado na LT....................................73 FIGURA 4.8 Modelo computacional completo...................................................74 FIGURA 5.1 Valores de tensão e corrente .........................................................77 FIGURA 5.2 Valores encontrados nas simulações com Aterramento Local .82 FIGURA 5.3 Valores encontrados nas simulações com Aterramento nas Estruturas Adjacentes .............................................................................................84 FIGURA 5.4 Valores encontrados nas simulações com Aterramento Combinado .........................................................................................86 FIGURA 5.5 Valores encontrados nas simulações com vários comprimentos de paralelismo ..........................................................................................................87 FIGURA 5.6 Valores encontrados nas simulações com diversos comprimentos de paralelismo ................................................................................88 FIGURA 5.7 Variação dos valores de resistência de pé de torre ....................89 FIGURA 5.8 Arranjo típico de um sistema de aterramento permanente de estruturas metálicas de 138 kV...............................................................................92

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FIGURA 5.9 Arranjo de um sistema de aterramento permanente utilizado para cálculo da distribuição de potenciais no solo ......................................................93 FIGURA 5.10 Arranjo de cada contrapeso para cálculo da distribuição de potenciais no solo....................................................................................................94

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LISTA DE TABELAS

TABELA 2.1 Valores encontrados nos ensaios .................................................34 TABELA 3.1 Valores de queda de tensão e corrente máximas permitidas.....59 TABELA 4.1 Dados das LT’s ................................................................................63 TABELA 4.2 Dados do cabo de aterramento......................................................65 TABELA 5.1 Simulações computacionais realizadas........................................81 TABELA 5.2 Valores de queda de tensão e corrente máximas permitidas.....96

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LISTA DE ABREVIATURAS

A - Ampère

ed. - edição

fem - força eletromotriz

FIG. - figura

Hz - Hertz

kA - quiloampère

kg - quilograma

km - quilometro

kV - quilovolts

m - metro

mA - miliampère

mm - milímetro

ms - milisegundo

n. - número

p. - página

Rf - Resistência do calçado

Rg - Resistência dos pés

RH - Resistência das mãos

RS - Resistência da pele

s - segundo

Std - Standard

U.S. - United States

V - Volts

v. - volume

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LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASTM - American Society for Testing and Materials

ATP - Alternative Transients Program

AWG - American Wire Gauge

CAA - Cabo de Alumínio com Alma de Aço

CEMIG - Centrais Elétricas de Minas Gerais

CTEEP - Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista

CODI - Comitê de Distribuição

EMTP - Electromagnetic Transients Program

EPC - Equipamentos de Proteção Coletiva

EPRI - Electric Power Research Institute

GCOI - Grupo Coordenador para Operação Interligada

GRIDIS - Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia de

Segurança e Medicina do Trabalho

IEC - International Electrotechnical Commission

IEEE - Institute of Electrical and Electronic Engineers

LCC - Line Constants, Cable Constants and Cable Parameters

LT - Linha de Transmissão

MCM - Mil Circular Mil

NEETRAC - National Electric Energy Testing, Research & Applications Center

NBR - Norma Regulamentadora Brasileira

NR - Norma Regulamentadora

PREPA - Puerto Rico Electric Power Authority

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

WAPA - Western Area Power Administration

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................16 1.1. Contextualização do Problema .................................................................16 1.2. Justificativa e Contribuições.....................................................................21 1.3. Objetivos do Trabalho................................................................................22 1.4. Organização do Texto ................................................................................23 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................24 2.1. Introdução ...................................................................................................24 2.2. Conjuntos de Aterramento Temporário ...................................................24 2.3. Aterramento Temporário em Redes de Distribuição ..............................28 2.4. Aterramento Temporário em Subestações..............................................30 2.5. Aterramento Temporário em Linhas de Transmissão............................33 2.6. Conclusões .................................................................................................47 3. ACOPLAMENTO ELETROMAGNÉTICO E LIMITES DE SEGURANÇA HUMANA....................................................................................................................49 3.1. Introdução ...................................................................................................49 3.2. Acoplamento Eletromagnético..................................................................50 3.3. Limites de Segurança Humana .................................................................52 3.3.1. Tensões no Local de Trabalho..................................................................52 3.3.2 Limites de Corrente pelo Corpo................................................................54 3.3.3. Impedância do Corpo .................................................................................56 3.3.4. Queda de Tensão Máxima no Corpo ........................................................58 3.4. Conclusões .................................................................................................59 4. CONFIGURAÇÕES DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO E MODELO COMPUTACIONAL ...................................................................................................60 4.1. Introdução ...................................................................................................60 4.2. Modelo Matemático ....................................................................................61 4.3. Configurações das Linhas de Transmissão............................................61 4.4. Configuração do Conjunto de Aterramento ............................................65 4.5. Modelo Computacional ..............................................................................68 4.5.1. Introdução ...................................................................................................68 4.5.2 Estrutura do Modelo das Linhas de Transmissão ..................................69

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4.5.3. Descrição do Modelo das Linhas de Transmissão.................................70 4.5.4 Estrutura e Descrição do Modelo do Conjunto de Aterramento ...........72 4.5.5. Representação do Modelo Computacional Completo............................73 4.6. Conclusões .................................................................................................74 5. ANÁLISE DAS CONFIGURAÇÕES DO ATERRAMENTO TEMPORÁRIO ...........................................................................................................75 5.1. Introdução ...................................................................................................75 5.2. Obrigatoriedade do Uso do Aterramento Temporário............................75 5.2.1. Exigências Normativas ..............................................................................75 5.2.2. Análise do Risco sem o Uso do Aterramento Temporário ....................76 5.3. Caracterização do Problema .....................................................................77 5.4. Simulações Computacionais.....................................................................78 5.4.1. Relação das Simulações............................................................................80 5.4.2. Simulações com Aterramento Local ........................................................81 5.4.3. Simulações com Aterramento nas Estruturas Adjacentes ....................82 5.4.4. Simulações com Aterramento Combinado..............................................85 5.4.5. Simulações com Aterramento Local em LT's com outros comprimentos

de paralelismo ..........................................................................................................87 5.4.6. Simulações com Aterramento Local em Regiões Rochosa e Alagada 90 5.4.7. Simulações da Indução na LT 138 kV durante um curto-circuito na

LT 500 kV...................................................................................................................90 5.5. Cálculo da Tensão de Toque.....................................................................91 5.5.1. Sistema de Aterramento Permanente ......................................................91 5.5.2. Contrapeso ..................................................................................................93 5.5.3. Tensão de Toque ........................................................................................94 5.6. Conclusões .................................................................................................97 6. CONCLUSÕES ............................................................................................99 6.1. Conclusões .................................................................................................99 6.2. Sugestões para Trabalhos Futuros ........................................................100 REFERÊNCIAS........................................................................................................101

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do Problema

As manutenções nas linhas de transmissão podem ser realizadas de duas

maneiras distintas. A primeira é realizar a intervenção com a instalação energizada,

mais conhecida como “Manutenção em Linha Viva”. A principal vantagem deste

método é não interromper o fornecimento de energia, evitando a insatisfação dos

clientes bem como alcançando melhores índices de qualidade deste serviço. Outra

forma é realizar a “Manutenção em Linha Morta” ou desenergizada, onde só após o

término da intervenção o sistema é religado.

A “Manutenção em Linha Viva” apresenta as desvantagens de exigir

profissionais com maior treinamento e qualificação; uso de ferramentas especiais de

custo geralmente alto e, além disso, esse método não pode ser aplicado se o tempo

estiver chuvoso ou se a umidade do ar estiver elevada, uma vez que as ferramentas

podem perder suas características isolantes. Outra desvantagem desse método é

que, dependendo do grau de risco, algumas intervenções não podem ser

executadas. A “Manutenção em Linha Viva” é realizada através de três métodos

descritos a seguir:

• Método à distância: esse foi o primeiro método desenvolvido. O eletricista

executa as operações com o auxílio de ferramentas montadas na

extremidade de bastões isolantes, observando distâncias mínimas de

segurança pré-estabelecidas.

• Método ao contato: usado normalmente em baixa e média tensão, onde o

eletricista utiliza luvas e mangas isolantes, além de permanecer protegido

dentro de uma caçamba, plataforma ou equipamento isolante, além de

outros equipamentos de proteção coletiva (EPC). • Método ao potencial: tem por finalidade permitir maiores recursos na

manutenção, principalmente em linhas de extra-alta tensão, acima de 345

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kV, onde as distâncias de trabalho são superiores a 3 metros, o que

dificulta o trabalho pelo método à distância. Para se proteger contra os

efeitos do campo elétrico da instalação, o eletricista usa uma vestimenta

condutiva fabricada com tecido especial, que veste todo o seu corpo,

deixando apenas parte da face descoberta. Quando próximo do condutor

energizado, o eletricista conecta esta roupa ao condutor, quando então

estará no mesmo potencial da linha.

A principal vantagem do método de “Manutenção em Linha Morta” é que

qualquer atividade de manutenção pode ser realizada, o que não significa que os

cuidados com a segurança sejam desnecessários. Na prática das manutenções os

acidentes acontecem com maior freqüência nas linhas desenergizadas por

descumprimento dos procedimentos de segurança, pois, quando se trata de linha

viva o eletricista que executa a manutenção tende a ser mais cauteloso por ter

consciência de que qualquer falha pode ser fatal.

“Somente é considerada desenergizada a instalação que estiver devidamente

aterrada” (BRASIL, 2004). Assim, todos os procedimentos até que isto ocorra devem

ser executados como se a instalação estivesse energizada.

O aterramento temporário das instalações elétricas desenergizadas e

liberadas para a realização de manutenção ou construção, têm recebido uma

considerável atenção, devido ao crescente aumento da potência instalada e à

existência de um sistema interligado através de linhas de alta e extra-alta tensão,

cobrindo grandes extensões, tendo como conseqüência, elevados níveis de corrente

de curto-circuito.

As intervenções em instalações elétricas desenergizadas apresentam, à

primeira vista, uma condição aparentemente segura para a execução de trabalhos.

Entretanto, elas podem ser indevidamente energizadas por diversos fatores, tais

como: erros de manobra, contato acidental com outros circuitos energizados,

tensões induzidas por linhas adjacentes, fonte de alimentação de terceiros,

descargas atmosféricas, mesmo que distante dos locais de trabalho, dentre outros.

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Infelizmente os fatores acima não se constituem em fatos teóricos, ou mesmo

impossíveis de ocorrer, como muitas vezes o homem de manutenção tende a

imaginar, pois, a prática tem nos mostrado sua veracidade através dos inúmeros

acidentes que ocorrem anualmente nas empresas.

A Norma Regulamentadora (NR) 10 foi revisada com o intuito de reduzir o

número de acidentes no setor elétrico e, dentre outras definições, definiu

aterramento temporário como “a ligação elétrica, efetiva, confiável, adequada e

intencional a terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida

continuamente durante a intervenção na instalação elétrica” (BRASIL, 2004, p. 13).

O aterramento temporário do circuito é feito através da instalação do conjunto

de aterramento temporário, que é formado basicamente por cabos e grampos. Estes

conectam as fases ao sistema de aterramento, tais como: a malha de aterramento

da subestação, a estrutura e o contrapeso de uma linha de transmissão, o neutro de

um alimentador de uma rede de distribuição dentre outros.

O conjunto de aterramento temporário é considerado um equipamento de

proteção coletiva (EPC), pois, uma vez instalado, vários eletricistas podem trabalhar

em um mesmo circuito, no mesmo instante. A figura 1.1 mostra um dos tipos de

conjuntos de aterramento temporário.

Segundo a NR-10 (2004), o aterramento temporário apenas poderá ser

executado após se certificar de que o circuito esteja desligado, assim pode-se evitar

que acidentes aconteçam. O detector de tensão é o equipamento que confirmará a

ausência de tensão neste circuito. Somente após esta confirmação o conjunto de

aterramento temporário poderá ser instalado.

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Figura 1.1 - Tipo de Conjunto de Aterramento Temporário Fonte: RITZ DO BRASIL, 2007

Para executar a instalação correta e segura do aterramento temporário na

instalação onde será realizada a intervenção, deve-se seguir procedimentos bem

definidos.

Seguir a seqüência de procedimentos evita a reincidência de acidentes já

ocorridos na tentativa de aterrar um circuito que estava energizado. Na maioria

desses casos, o eletricista nada sofre, o que não ocorreria caso a seqüência não

fosse seguida.

Para que as equipes de manutenção possam executar o aterramento

temporário com segurança e rapidez, deve-se definir os procedimentos com

antecedência, a fim de executá-lo em curto tempo, do contrário o procedimento será

inviabilizado, uma vez que os consumidores já estarão sem energia elétrica.

A título de exemplo, em linhas de transmissão de estruturas metálicas de

porte médio e convencional é gasto aproximadamente uma hora para instalar e

retirar o aterramento temporário, e dependendo da manutenção necessária, pode

ser que este tempo seja maior que o tempo para fazer a própria intervenção.

Grampos de fase

Grampo de terra

Cabo

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A instalação do conjunto de aterramento temporário tem como principal

objetivo garantir a segurança do pessoal envolvido nas atividades de manutenção ou

construção de instalações elétricas desenergizadas. Caso ocorra uma energização

acidental, do circuito onde equipes trabalham, o conjunto de aterramento temporário

limitará a “tensão de choque” (DALZIEL, 1972) a valores seguros, fará também com

que a proteção opere e desligue instantaneamente o circuito, diminuindo o “tempo

de exposição ao choque”. Portanto, o conjunto precisa suportar esses esforços

elétricos e mecânicos do curto-circuito, até que o sistema seja desligado pela

proteção.

O aterramento temporário possui outra importante função, a de minimizar os

efeitos das induções eletromagnéticas provocadas por circuitos energizados que se

localizam próximos ao circuito onde será realizada a manutenção e

conseqüentemente o aterramento temporário necessitará ser instalado. Com o

aumento das tensões e das correntes dos sistemas elétricos, a indução tem se

tornado cada vez mais importante e perigosa para as equipes de manutenção.

Atualmente, são comuns grandes extensões de linhas de transmissão, com longos

trechos de paralelismo, estruturas com circuito duplo, etc., estes são alguns fatores

que contribuem para o agravamento desse fenômeno. A indução, elétrica ou

magnética, se difere da energização acidental por estar presente durante todo o

tempo em que a intervenção está sendo executada, portanto, qualquer erro pode ser

fatal. Os procedimentos tradicionais de aterramento temporário têm se mostrado

inadequados quando os níveis de indução são muito elevados, principalmente em

linhas de transmissão (MOUSA, 1982; FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A.,

1993).

Estatisticamente, em acidentes cujas causas foram relacionadas ao

aterramento temporário, a maioria foi motivada por falha humana no

descumprimento de uma ou mais etapas de um procedimento definido. Dentre estas

falhas está o desrespeito aos cuidados específicos com a indução (FURNAS

CENTRAIS ELÉTRICAS S.A., 2008; COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS

GERAIS, 2003b). Apesar disso, atualmente existem procedimentos não

padronizados, já considerados de risco, que ainda são utilizados nas empresas

(COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA, 2002).

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Nos procedimentos operacionais das empresas, é comum a classificação das

configurações dos aterramentos temporários de acordo com o local de sua

instalação, conforme abaixo:

• Aterramento Local - instalado apenas no local de trabalho, ou seja, na

estrutura onde será realizada a manutenção;

• Aterramento das Estruturas Adjacentes - instalado apenas nas estruturas

laterais ao local de trabalho onde será realizada a manutenção;

• Aterramento Combinado - é a junção das duas configurações anteriores,

ou seja, os aterramentos temporários são instalados no local de trabalho e

nas estruturas adjacentes.

1.2 Justificativa e Contribuições

Desde a década de 50 (HARRINGTON, 1954) o aterramento temporário é

pesquisado, principalmente pelas concessionárias e empresas ligadas ao setor

elétrico, que trabalham com intervenções em instalações desenergizadas de baixa,

média, alta e extra-alta tensões, pois, as conseqüências da sua má utilização são

bastante conhecidas. Treinamentos sobre como utilizar o aterramento temporário

são ministrados aos eletricistas usuários, entretanto, acidentes sempre aconteceram,

continuam acontecendo, e não há como ignorar esse fato.

No entanto, existem poucas publicações sobre o assunto, uma vez que a

maioria das instruções e procedimentos de trabalho são emitidos pelas áreas de

engenharia dentro das próprias empresas. Esse fato talvez possa ser justificado pelo

motivo de as pessoas julgarem se tratar de um assunto simples, bastando somente

instalar o conjunto de aterramento temporário que os riscos estarão todos

eliminados.

Por isso, apesar de diariamente, centenas de eletricistas instalarem o

aterramento temporário, no Brasil, nem sequer há normas sobre esse assunto. Além

disso, atualmente existe uma falta de padronização dos procedimentos e o uso de

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técnicas duvidosas, já consideradas de risco, que ainda são utilizados nas

concessionárias nacionais. (FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A., 2008;

COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 2003b; COMPANHIA DE

TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA, 2002).

Assim, os resultados obtidos com este trabalho, poderão contribuir para a

elaboração de normas hoje inexistentes, aumentando a segurança física dos

eletricistas e das instalações, melhorando a segurança operacional do sistema, além

de propor uma padronização de procedimentos de trabalho hoje diversificados.

1.3 Objetivos do Trabalho

Este trabalho tem como objetivo a determinação do melhor local para

instalação do aterramento temporário para realização de intervenções nas linhas de

transmissão desenergizadas, bem como o estudo da viabilidade do uso da chave de

aterramento nas subestações juntamente com o aterramento temporário. Depois de

realizado um estudo conceitual do problema, é desenvolvido um modelo

computacional utilizando o pacote de programas Alternative Transients Program

(ATP) (CAUE, 1995; MEYER, LIU, 1995; NORUEGA, 2007), que é complementado

por um modelo para obtenção dos potenciais de toque na região da estrutura em

estudo. Pretende-se com esta avaliação, propor uma padronização quanto ao uso e

instalação do aterramento temporário em linhas de transmissão.

Esse trabalho abordará os seguintes tópicos:

a) Estudo do “Estado da Arte” do uso de aterramento temporário em diversas

instalações existentes;

b) Análise da proteção oferecida pelo aterramento temporário na estrutura;

c) Determinação do melhor local para instalação do aterramento temporário;

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d) Determinação da viabilidade do uso da chave de aterramento nas

subestações;

e) Análise da segurança do homem devido a potenciais de toque.

1.4 Organização do Texto

Esse texto está organizado em seis capítulos. No Capítulo 1 está a introdução

ao tema, apresentação do problema em linhas gerais e de como ele será abordado

ao longo do texto e, também a metodologia utilizada para o seu desenvolvimento.

No Capítulo 2 é apresentada a revisão bibliográfica realizada sobre

Aterramento Temporário.

No Capítulo 3 é apresentado o acoplamento eletromagnético entre duas

linhas de transmissão e os limites de segurança humana quanto à diferença de

potencial e correntes que os eletricistas estão submetidos no local de trabalho e a

definição dos valores de impedância do corpo humano utilizados nos cálculos.

No Capítulo 4 são descritas as configurações das linhas de transmissão

utilizadas nas simulações computacionais, modelos matemático e computacional e

também a configuração do aterramento temporário para linha de transmissão.

No Capítulo 5 são citadas as exigências normativas quanto à obrigatoriedade

do uso do aterramento temporário, apresentadas as simulações computacionais

realizadas para as configurações do aterramento temporário, bem como os

resultados encontrados, o cálculo da distribuição de potenciais no solo e a proposta

para a solução do problema.

No Capítulo 6 são apresentadas algumas conclusões e sugestões para

trabalhos futuros.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Introdução

De acordo com o que foi discutido no capítulo anterior, o aterramento

temporário é pesquisado há bastante tempo, principalmente pelas concessionárias e

empresas ligadas ao setor elétrico. No entanto, existem poucas publicações sobre o

assunto, uma vez que a maioria das instruções e procedimentos de trabalho são

emitidos pelas áreas de engenharia dentro das próprias empresas. Por isso, no

Brasil, não há normas sobre esse assunto.

Neste capítulo será apresentado o “Estado da Arte” sobre Aterramento

Temporário em redes de distribuição, subestações e linhas de transmissão. Será

dada maior ênfase em linhas de transmissão.

2.2 Conjuntos de Aterramento Temporário

As normas internacionais aplicáveis à especificação de conjuntos de

aterramento temporário são a ASTM F855 (AMERICAN SOCIETY FOR TESTING

AND MATERIALS, 2004) e a IEC 61230 (INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL

COMMISSION, 1993).

Os autores Reichman, Vainberg e Kuffel (1989), do Ontario Hydro Research,

publicaram um projeto realizado junto com o Electric Power Research Institute

(EPRI) e várias concessionárias americanas. O objetivo principal deste projeto foi

desenvolver um modelo computacional capaz de prever precisamente as

características de falha de cabos de cobre para aterramento temporário, em várias

condições de correntes de curto-circuito, realizando um número estatisticamente

significativo de ensaios para verificar a validação e precisão deste modelo. Os cabos

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foram ensaiados de acordo com a ASTM F855, ou seja, montagem monofásica e

cabos de 3 metros de comprimento, conforme figura 2.1.

Figura 2.1 - Arranjo do ensaio de corrente de curto-circuito

Fonte: AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS, 2004

A experiência passou por três fases. Na primeira fase, foram realizados

aproximadamente 160 ensaios em dois tipos de cabos de cobre, bitola 1/0 American

Wire Gauge (AWG) nu e com capa protetora, com formações diferentes, amarrados

e desamarrados. Cada configuração foi ensaiada cinco vezes, com quatro níveis de

correntes simétricas (52, 33, 24 e 17 kA), correspondentes a tempos de falha de

aproximadamente 6, 15, 30 e 60 ciclos (100, 250, 500 e 1000 ms) respectivamente.

Assim, foi obtido o tempo médio de falha para cada situação. Comparando os

resultados foi verificado que a formação dos cabos, o uso de capa protetora e se

estão ou não amarrados, não introduzem diferenças maiores do que 10%, não

sendo significativas na curva de fusão dos cabos. Na segunda fase foram realizados

ensaios em cabos de cobre 2/0, 4/0 e 250 Mil Circular Mil (MCM), também com

correntes simétricas. As curvas de fusão foram comparadas com os vários modelos

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teóricos e concluiu-se que o método da ASTM foi o que apresentou a maior

precisão. Na terceira, e última fase, foram verificados os efeitos da assimetria da

corrente de curto (dc offset), religamento e instalação de cabos em paralelo. Foram

realizados ensaios com onda totalmente assimétrica e X/R=19,3. Verificou-se por

comparação que, enquanto os tempos de falha experimentais são praticamente

iguais aos utilizados pelo modelo computacional, para ambas correntes, simétrica e

assimétrica, a fórmula de Onderdonk apresenta resultados conservativos para

corrente simétrica e previsões otimistas para corrente assimétrica. Isto enfatiza a

necessidade do uso de métodos capazes de levar em conta os efeitos da corrente

assimétrica, pois, caso contrário o cabo pode ser subdimensionado. A possibilidade

de redução do tempo de falha em função de haver religamento também foi

verificada. Foram realizados cinco ensaios em cabos nus 1/0 conforme segue:

1 - Corrente simétrica de 33,4 kA eficaz aplicada por aproximadamente 8

ciclos.

2 - A corrente foi interrompida pela abertura do disjuntor.

3 - Depois de aproximadamente 7,5 segundos, a corrente foi reiniciada e

mantida até a falha do cabo.

4 - A duração total da falha foi considerada como a soma dos tempos obtidos

em 1 e 3.

Os resultados indicaram que a redução nos tempos de falha é praticamente

desprezível. Também foram testados arranjos com cabos em paralelo para se

verificar a necessidade de fatores de correção. Foram montados dois cabos 1/0 com

3 metros de comprimento e instalados um próximo do outro, para minimizar o

estresse mecânico. Foi aplicada corrente simétrica de 79 kA. Foram feitas três

aplicações de corrente, onde os cabos se soltaram no ponto de conexão ao grampo

antes mesmo de falharem. O melhor resultado foi com o uso de terminais à

compressão, que resistiu a 169 ms dos 176 ms previstos para a fusão do cabo,

entretanto, o cabo soltou-se na conexão com o grampo. Os resultados indicaram que

a performance do uso do cabo em paralelo é limitada pelo tipo de terminais

utilizados nas extremidades do cabo. Entretanto, não é necessário utilizar fator de

correção para os cabos.

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Blackley e Crouse (1998) publicaram um artigo sobre um trabalho realizado

em maio e setembro de 1997 no Bangor Hydro Electric’s Safety Test Laboratory,

Maine, Estados Unidos. O objetivo foi estudar a viabilidade de realizar ensaios de

baixa corrente para avaliar as condições de uso de conjuntos de aterramento

temporário. Os ensaios foram feitos em cabos de cobre 2/0 com aproximadamente 7

metros de comprimento com grampos de aterramentos em ambas extremidades,

aplicando 300 A e 120 V (ac). Foram realizados ensaios em quatro cabos, sendo um

sem danos e outro com até 25% dos fios rompidos. Em ambos a queda de tensão foi

de 0,72 V. Nos outros dois, com 50 e 75% de fios rompidos, foram medidas quedas

de tensão de 0,75 e 0,78 V, respectivamente. Os autores concluíram que este

ensaio não é eficaz para identificar defeitos em cabos com até 50% de fios

rompidos. Além disso, é bem provável que conexões inadequadas, sujas ou frouxas

também não sejam detectadas por esses métodos. Foram recomendados a

inspeção visual, limpeza e torqueamento nas conexões entre grampos e cabos

antes de cada uso do conjunto de aterramento temporário, e, além disso, é

imprescindível que eles sejam bem armazenados e descartados caso sejam

energizados com altas correntes.

King (1998) da A.B. Chance Company, Centrália, Estados Unidos, publicou

um artigo sobre alguns ensaios que podem ser realizados nos conjuntos de

aterramento temporário, comparando vantagens e desvantagens de cada um. O

autor afirma que, a maioria dos problemas que provocam o aumento da resistência

ocorre nas conexões entre cabos e terminais, terminais e grampos e outros

componentes, devido à corrosão ou sujeira nas conexões frouxas. Cabos nus

ligados a conexões prensadas sem uma terminação adequada são sujeitos à

corrosão provocada pela umidade atmosférica. Depois de um certo tempo, estas

conexões apresentam elevada resistência devido à corrosão em volta dos fios do

cabo. King classifica os ensaios em visual / manual e elétrico, e afirma que estes

ensaios são muito confiáveis se realizados em conjunto. O autor sugere que os

ensaios de baixa corrente sejam realizados em corrente contínua para eliminar os

erros de leitura e variações na repetibilidade causados pelos acoplamentos

indutivos, quando a corrente alternada é utilizada. Para evitar que o aquecimento

altere o valor da resistência, pode-se utilizar correntes de 10 a 25 A. Outro ensaio

proposto é o de medição de resistência em corrente alternada com a aplicação de

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tensão no conjunto, onde a resistência é calculada e comparada com critérios de

aceitação / rejeição de acordo com o tipo de cabo e terminal. O último ensaio

proposto é o de elevação de temperatura, que pode ser feito aplicando-se uma

corrente com valor elevado o suficiente para provocar aquecimento nos pontos de

maiores resistências. A temperatura pode ser medida com sensores infravermelhos

de temperatura. Os resultados obtidos neste ensaio não são completamente

satisfatórios, pois, o posicionamento e a distância influenciam na leitura obtida.

Conclui-se que esses métodos são a melhor maneira, até o momento, de se avaliar

a condição dos conjuntos de aterramento, baseando-se na corrente suportável

(withstand) conforme a ASTM, mas que não há maneira de se determinar com

certeza à capacidade máxima do conjunto (ultimate capacity) sem submetê-lo a

ensaios destrutivos. Sendo assim, há necessidade de treinar os eletricistas a

realizarem os ensaios e estabelecer um programa de manutenção para que os

conjuntos de aterramentos sejam avaliados em uma periodicidade definida ou em

função do uso.

2.3 Aterramento Temporário em Redes de Distribuição

Não há um guia para uso de aterramento temporário para redes de

distribuição aéreas, no entanto é comum se utilizar o guia para linhas de transmissão

IEEE Std 1048 (INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS,

2003).

Bonner e outros (1989) publicaram um artigo para determinar o método mais

eficaz de se fazer o aterramento temporário em redes de distribuição com postes de

madeira. Um estudo mostrou que os valores de tensão e corrente que o eletricista

estará submetido, no caso de energização acidental, depende da condutividade do

poste. A resistência elétrica varia muito pouco com a espécie da madeira, decresce

à medida que o gradiente de tensão aumenta e tem grande variação com a umidade

e com o material utilizado para fazer o tratamento químico. Para realização dos

ensaios foi montada uma linha experimental utilizando três postes de pinho de 12

metros com tratamento pressurizado, com 10 anos de idade aproximadamente e

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resistência de 18 kΩ molhado a 2 MΩ seco. Foi utilizado o cabo 336,4 MCM CAA no

circuito primário e cabo 4/0 CAA no neutro multi-aterrado. A resistência de

aterramento da linha foi de aproximadamente 18 Ω. Para simular a resistência do

corpo humano, quando em contato com o condutor primário, foi instalado um resistor

de carbono de 911 Ω com monitoramento da queda de tensão e corrente sobre ele.

Os cabos de aterramento temporário utilizados foram de cobre 1/0, com terminais

roscados e grampos de aterramento com mordente serrilhado. Várias situações de

trabalho foram simuladas, tais como: o eletricista tocando na fase e pisando no

neutro, ou na carcaça aterrada de um transformador, ou com o pé apoiado somente

no poste e outros. A linha foi energizada com 7,2 kV por aproximadamente 14 a 18

ciclos. Foram aplicadas correntes de 4,2 a 5,7 kA, simulando curtos-circuitos

monofásicos fase-terra, que são mais comuns de acontecerem. Foram simuladas

situações com aterramento no local de trabalho ou nas estruturas adjacentes, com e

sem o uso do trapézio tipo sela. O pior resultado encontrado nos ensaios foi com um

jumper na resistência do poste, conforme mostrado na figura 2.2 A, onde a corrente

Ihomem atingiu 1,88 A.

Figura 2.2 - Aterramento temporário sem e com trapézio tipo sela

Fonte: BONNER et al, 1989

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Os ensaios mostraram que a melhor configuração de aterramento para esse

tipo de rede é interligar (equipotencializar) as fases e conectá-las ao neutro,

interligando o trapézio tipo sela logo abaixo do pé do eletricista, conforme mostrado

na figura 2.2 B. Os ensaios também mostraram que o cabo de aterramento utilizado

para conectar a carcaça do transformador ao neutro, promove um efeito similar ao

trapézio tipo sela.

Mueller e Richards (1989) publicaram um trabalho com simulações

computacionais e testes de campo, a fim de determinar o método mais adequado

para se instalar o aterramento temporário em uma rede de distribuição de 34,5 kV

com postes de madeira. Os autores chegaram a conclusões similares às de Bonner

e outros (1989). Concluíram que, apesar dos postes de madeira não serem bons

condutores elétricos, eles podem conduzir correntes elétricas fatais para o eletricista

neste tipo de rede de distribuição. Também enfatizaram o uso de trapézio tipo sela e

a equipotencialização das fases ao neutro para minimizar o risco de choque elétrico.

2.4 Aterramento Temporário em Subestações

O IEEE Std 1246 (INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS

ENGINEERS, 2002) é o guia para uso de aterramento temporário em subestações.

Este guia recomenda uma série de medidas relativas à especificação, desempenho,

uso, ensaios e instalação, além de sugerir práticas e fornecer informações técnicas e

critérios de segurança.

Atwater e DeHaan (1999) do U.S. Bureau of Reclamation, publicaram um

artigo com os resultados de ensaios de campo realizados com o objetivo de avaliar a

eficácia dos aterramentos temporários em equipamentos de alta tensão. Os

experimentos foram conduzidos pelo próprio U.S. Bureau of Reclamation na usina

hidroelétrica de Hoover, Nevada, Estados Unidos. Foram quatro ensaios na barra de

16,5 kV de um gerador de 115 MVA, que foi separado dos demais da usina para

realização dos ensaios. No primeiro ensaio somente a fase A foi aterrada. No

segundo ensaio foi feita uma energização trifásica onde cada uma das três fases foi

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conectada à malha de aterramento da usina e cada cabo foi amarrado, firme e

separadamente, na metade da altura vertical, para evitar o chicoteamento. O terceiro

ensaio é similar ao segundo, porém, os cabos foram amarrados todos juntos. No

quarto e último ensaio, foi feita uma energização trifásica com as fases curto

circuitadas no alto, e somente a fase A, que não era a central, foi conectada à malha

de aterramento da usina. As tensões foram medidas nos terminais dos cabos de

aterramento temporário (V1) a cada energização (FIG. 2.3), e em outros pontos do

lado contrário à fonte, 4 metros e a 45 metros de distância do cabo de aterramento

(V2 e V3) respectivamente, para simular uma pessoa em contato com o barramento

durante uma energização acidental. Os divisores de tensão tinham uma impedância

de 500 Ω para simular o equivalente ao corpo humano. Os resultados demonstraram

que as tensões medidas do lado contrário à fonte eram maiores do que a queda de

tensão no cabo de aterramento temporário. Tal efeito foi atribuído à indução que

acontece no laço formado entre o cabo de aterramento temporário, a malha de

aterramento, a pessoa e o barramento. Os autores, inclusive, propuseram um

método para calcular tal efeito e demonstraram que houve correlação entre os

valores medidos e calculados. O resultado do terceiro ensaio mostrou que, com os

três cabos amarrados juntos, o efeito indutivo é reduzido, mas aumenta os riscos de

um rompimento violento devido aos esforços durante uma falta. Entretanto, o

aterramento somente da fase A, realizado no primeiro ensaio, apresentou o pior

resultado, pois, esta configuração aumenta os efeitos do laço indutivo. O melhor

resultado foi obtido com as fases curto circuitadas no alto, realizada no quarto

ensaio, onde os valores de tensão foram muito inferiores e, portanto, seria a

configuração preferencial.

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Figura 2.3 - Laço indutivo

Fonte: ATWATER e DEHAAN, 1999

Lambert (2000) apresentou no International Conference on Transmission and

Distribution Construction, Operations and Live-Line Maintenance (ESMO) os

resultados de um trabalho executado por um grupo de dezesseis empresas,

incluindo concessionárias e fabricantes, que fizeram uma parceria com o Georgia

Institute of Technology e ao National Electric Energy Testing, Research &

Applications Center (NEETRAC), Estados Unidos, para realizar ensaios em várias

configurações de conjuntos de aterramento temporário para subestações, linhas de

transmissão e redes de distribuição. O objetivo do trabalho foi avaliar os esforços

mecânicos e o movimento dos jumpers devidos às forças do curto-circuito, medir as

tensões e correntes a que os eletricistas ficariam expostos nas estruturas e as

tensões de passo e toque no solo. Os ensaios foram realizados de 21 a 31 de

agosto de 2000, no laboratório de alta potência da Powertech no Canadá. Foram 32

ensaios trifásicos e 6 monofásicos, sendo as correntes de curto-circuito de 33 kA

para cabo 2/0, 50 kA para cabo 4/0 e 60 kA para múltiplos cabos, todas com fator de

assimetria de 1,8 (offset) em uma das fases e 8 ciclos de duração. Foram montados

arranjos com colunas de isoladores tipo pedestal e estruturas tubulares de aço,

típicas de subestações, que serviram de suporte para os barramentos tubulares de

alumínio, com várias hastes soldadas para instalação do conjunto de aterramento

temporário. No caso de linhas de transmissão e redes de distribuição, foram

utilizados postes de madeira. Houve falhas no corpo dos grampos, nos terminais,

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nas hastes de conexão com o barramento e com a malha de aterramento. Algumas

hastes de alumínio quebraram e outras ficaram soldadas ao corpo do grampo. Dos

cinco testes de 50 kA realizados, três apresentaram falhas. Dos quatro testes de 60

kA utilizando dois cabos 2/0 ou 4/0 por fase, todos jumpers falharam violentamente

nos primeiros 4 ciclos. Lambert lança uma dúvida sobre como as concessionárias

poderão proteger seus trabalhadores contra curtos-circuitos de 60 kA ou superior,

uma vez que todos os conjuntos falharam. Então, sugere que a norma ASTM F855

seja revisada para contemplar fatores de assimetria acima de 1,2 e que sejam

previstos ensaios em hastes fixas (AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND

MATERIALS, 2004). Também sugere a revisão da norma IEEE Std 1048 para definir

critérios mais claros sobre as várias maneiras de se fazer o aterramento temporário

(INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS, 2003).

2.5 Aterramento Temporário em Linhas de Transmissão

O IEEE Std 1048 (INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS

ENGINEERS, 2003) é o guia para uso de aterramento temporário em linhas de

transmissão. Este guia também recomenda uma série de medidas relativas à

especificação, desempenho, uso, ensaios e instalação, além de dar ênfase maior

nos aspectos de indução, aterramento de veículos e cuidados com terceiros.

Harrington e Martin (1954) publicaram um trabalho detalhando ensaios

realizados em uma linha de transmissão com estruturas metálicas, sem cabos pára-

raios, Bonneville - Vancouver, Canadá. A fase A desta linha foi energizada através

de um banco de transformadores de 13,8 kV fase-terra, montado provisoriamente

em uma das subestações. Desta forma, quando a linha foi energizada, a corrente

fluiu via solo para a subestação, circulando pelo aterramento da(s) estrutura(s) onde

o(s) conjunto(s) de aterramento estava(m) instalado(s). Foram simuladas várias

situações, das quais as três principais são apresentadas a seguir:

1 - aterramento da estrutura sob teste,

2 - aterramento das estruturas adjacentes,

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3 - aterramento da estrutura sob teste e das estruturas adjacentes,

simultaneamente.

Foram medidas as tensões entre a fase A e a estrutura e entre a estrutura (pé

da torre) e hastes instaladas no solo distantes de 0,6, 1,2, 5 e 78 metros nas três

situações. Os resultados encontrados estão na Tabela 2.1. Foram utilizados

conjuntos de aterramento temporário com cabo 4/0 e cada energização teve duração

de 167 ms (10 ciclos).

TABELA 2.1 Valores Encontrados nos Ensaios

Diferença de Potencial (kV) eficaz Situação

Linha-Torre Pé da Torre-

0,6 m

Pé da Torre-

1,2 m

Pé da Torre-

5 m

Pé da Torre-

78 m

Corrente de Falta (A)

eficaz

1 0 2,58 4,25 9,14 11,6 730 2 12,6 0 0 0 0 795

3 0 2,04 3,55 7,55 9,45 1.240

Fonte: HARINGTON e MARTIN, 1954

Analisando os resultados, os autores concluíram que o aterramento somente

nas estruturas adjacentes não garante a segurança do eletricista no local de

trabalho, devido à elevada diferença de potencial encontrada, mas que o

aterramento no local parece ser seguro. No entanto, as tensões medidas no solo são

muito elevadas, com valores bastante superiores aos limites de segurança, mesmo

quando são utilizados mais aterramentos em paralelo, situação 3, pois há um

aumento da corrente de curto em função da redução da impedância envolvida no

circuito.

Mousa (1982) da B. C. Hydro and Power Authority, Vancouver, Canadá,

publicou um artigo sobre a necessidade do uso de chaves de aterramento,

existentes nas chaves seccionadoras nos terminais de saída das linhas de

transmissão nas subestações. Estas chaves são utilizadas para se fazer o

aterramento temporário nas extremidades da linha de transmissão, sendo um

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procedimento comum em muitas concessionárias quando da necessidade de

intervenção com o circuito desenergizado.

Em linhas de transmissão de extra alta tensão, principalmente com longos

trechos de paralelismo e com carregamento elevado, as induções impostas ao

circuito desenergizado podem ser bastante elevadas e causar problemas, tais como:

• Circulação de corrente induzida de regime permanente nos pés de torre,

estais de ancoragem e eletrodos de aterramento, causando potenciais de

toque e passo perigosos, e solicitação térmica dos eletrodos de

aterramento;

• Dificuldade na interrupção do arco durante a retirada do aterramento

temporário;

• Dificuldade na interrupção do arco durante a abertura da chave de

aterramento.

Estas linhas são comumente conhecidas como “linhas de alta indução”. Em

uma intervenção de uma linha de transmissão próxima a tais linhas, onde o

aterramento é realizado através de chaves de aterramento em ambas as

extremidades, cria-se um grande laço (circuito fechado apresentando grande área de

indução) por onde circulam correntes elevadas. O autor explica que os níveis de

indução dependem da configuração da chave de aterramento, conforme figura 2.4, e

explicado a seguir:

a) Ambas as chaves de aterramento estão abertas. Os níveis de indução

eletrostática encontrados independem da localização do aterramento temporário ao

longo da linha.

b) A chave de aterramento mais distante está fechada. Os níveis de indução

eletromagnética encontrados alcançam o valor máximo quando o aterramento

temporário é colocado próximo do final da linha onde a chave de aterramento está

aberta.

c) A chave de aterramento mais próxima está fechada. Neste caso os níveis

de indução eletromagnética encontrados alcançam o máximo quando o aterramento

temporário é colocado no meio da linha.

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d) Ambas as chaves de aterramento estão fechadas.

Figura 2.4 - Configurações das chaves de aterramento

Fonte: MOUSA, 1982

A figura 2.5 mostra níveis de indução para as quatro configurações dadas na

figura 2.4, conforme a seguir:

1 - A capacidade de interrupção cai quando R aumenta.

2 - A queda de tensão IgR aproxima da tensão de circuito aberto quando R é

máximo.

3 - A Energia dissipada é máxima quando a resistência de terra é igual à

magnitude da impedância equivalente da fonte.

4 - A Energia dissipada máxima Ig2R é proporcional ao comprimento de

exposição.

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5 - A razão entre a energia dissipada máxima por indução eletrostática e a

energia dissipada máxima por indução eletromagnética para qualquer dos três

circuitos 2b, 2c ou 2d é independente do comprimento de exposição.

Figura 2.5 - Níveis de indução no aterramento temporário Fonte: MOUSA, 1982

O fenômeno da indução danifica as chaves de aterramento das

seccionadoras, além de provocar arco elétrico no conjunto de aterramento quando

este é instalado e retirado da linha, causando danos nos grampos de aterramento,

além de se tornar um procedimento que coloca em risco a segurança do eletricista

(INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS, 2003). A figura

2.6 mostra este fenômeno.

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Figura 2.6 - Arco elétrico na instalação do aterramento temporário em uma LT 500kV Fonte: FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A., 2008

O autor apresenta outras desvantagens do uso das chaves de aterramento:

• Onde há apenas um aterramento temporário na linha, o uso da chave de

aterramento aumenta o choque devido ao fluxo de correntes

eletromagnéticas induzidas;

• No caso de uma linha com diversos aterramentos temporários instalados,

quando as chaves de aterramento são abertas, genericamente resulta em

um aumento de ambos os níveis de indução no local de trabalho;

• Com as chaves de aterramento fechadas, um erro do operador pode

resultar numa falta trifásica de impedância zero no barramento. Isto

imporia severas solicitações sobre os disjuntores. Também incidentes de

fechamento da chave de aterramento no barramento energizado podem

acontecer, entretanto, o eletricista que estivesse em contato com alguma

parte energizada, estaria protegido;

• O aumento no carregamento do circuito paralelo impõe um aumento no

serviço da chave de aterramento que eventualmente excede sua

capacidade;

• Abertura da chave de aterramento sob condições de vento pode causar

arco saltando em direção a extremidade energizada da chave. Isto

causaria uma falta fase-terra resultando então em risco de choque.

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Mousa (1982) apresenta também ensaios realizados em campo numa linha

de 500 kV com o comprimento de exposição de 282 km e carregamento no circuito

paralelo de 1.300 a 1.400 A. A resistência para terra nos locais de ensaio foram de 4

até 44 ohms. Os ensaios confirmaram que o fechamento das chaves de aterramento

não fornece alteração favorável nos níveis de indução mesmo no caso onde

diversos aterramentos temporários são simultaneamente instalados na linha. Então,

o autor conclui que as chaves de aterramento não devem ser utilizadas em nenhuma

linha, mesmo em linhas sem problemas de indução, independente do nível de

tensão. Além disso, cita ainda que a prática de aterramento temporário de todas as

fases é necessária e deve ser mantida onde é necessária a estabilidade da zona de

equalização de potencial (no caso de linhas de tensões mais baixas). Como a

energização acidental trifásica é minoria das causas de acidentes, o aterramento

temporário das três fases resulta em algumas desvantagens como segue:

• Aumento das correntes de indução de regime permanente através do pé

de torre / eletrodo de aterramento. Isso aumenta o potencial de passo e

aquecimento dos eletrodos de aterramento;

• Requer que o eletricista faça escaladas adicionais e/ou caminhadas

adicionais até alturas elevadas, causando o aumento do risco de queda;

• Aumenta o fluxo de corrente através do conjunto de aterramento, além de

criar forças eletromagnéticas que podem causar movimentos violentos

nos condutores e ferimentos nos eletricistas.

No Brasil algumas concessionárias já eliminaram o uso da chave de

aterramento nas intervenções das linhas de transmissão (FURNAS CENTRAIS

ELÉTRICAS S.A., 2008; COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 2003b).

Em ensaios realizados por Furnas, foram medidas correntes de mais de 200 A no

cabo do aterramento temporário, causando choques nos estais das torres,

ressecamento do solo, danos térmicos nos cabos contrapesos e riscos de

combustão espontânea da vegetação, além de provocar danos nos grampos de

aterramento devido ao arco elétrico criado durante a instalação e retirada do

conjunto. Entretanto, atualmente ainda existem procedimentos utilizados nas

empresas onde as chaves de aterramento são usadas, contrariando o que foi

apresentado por Mousa (1982), além provar a existência de falta de padronização

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dos procedimentos entre as concessionárias nacionais (FURNAS CENTRAIS

ELÉTRICAS S.A., 2008; COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 2003b;

COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA, 2002).

Atwater, DeHaan e Romero (2000) publicaram os resultados de ensaios

realizados em duas linhas de transmissão da Western Area Power Administration

(WAPA) em conjunto com U.S. Bureau of Reclamation, ambos com sede no

Colorado, Estados Unidos. Os primeiros ensaios foram realizados, aproximadamente

na metade do comprimento (60 km), de uma linha de 230 kV (Kayenta-Shiprock),

circuito simples, com dois cabos pára-raios conectados eletricamente nas estruturas

metálicas, situada entre os estados do Arizona e do Novo México, Estados Unidos.

O valor da resistência de pé de torre do local de trabalho encontrado foi de 6,6 Ω. O

arranjo da subestação de Shiprock foi alterado, sendo duas fases desconectadas,

possibilitando apenas a energização da fase A e um curto fase-terra. Foram

utilizados cabos de cobre 2/0 AWG com 6 metros de comprimento para o

aterramento temporário, conectados entre a fase e a cantoneira da estrutura

metálica. As configurações de aterramento, os pontos de medição da corrente de

falta e tensões estão mostradas na figura 2.7.

Foram ensaiadas quatro configurações de aterramento:

1 - Aterramento nas estruturas adjacentes das três fases.

2 - Aterramento local e nas estruturas adjacentes das três fases.

3 - Aterramento local somente da fase A.

4 - Aterramento local das três fases.

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Figura 2.7 - Configurações do aterramento temporário LT 230 kV

Fonte: ATWATER, DEHAAN e ROMERO, 2000

As correntes de falta variaram de 143 a 1.750 A. Os ensaios mostraram que,

para todas as configurações de aterramento, as tensões de toque e transferência no

solo são elevadas, variando de 500 a 1.250 V. Para as configurações 2, 3 e 4 as

tensões de toque, metal a metal, no topo da estrutura variaram de 0,33 a 4,5 V,

enquanto para a configuração 1 chegou a 35 V, o que para linhas com correntes de

falta mais elevadas pode representar um risco. Nas configurações 3 e 4, a maioria

da corrente de falta fase-terra foi para os cabos pára-raios. As correntes nos quatro

pés da torre foram iguais, assim como as correntes nos dois cabos pára-raios. O

segundo conjunto de ensaios foi realizado em uma linha de 500 kV (Mead-Perkins),

circuito simples, com dois cabos pára-raios eletricamente isolados das estruturas

metálicas, entretanto, com gaps para conexão fase-terra durante uma falta, a

aproximadamente 2 km da subestação Mead (fonte da corrente de falta) no estado

de Nevada, Estados Unidos. O valor da resistência de pé de torre encontrado no

local de trabalho encontrado foi de 8,1 ohms. Foram utilizados dois cabos de cobre

2/0 AWG em paralelo por fase com 8 metros de comprimento para o aterramento

temporário. Nesta linha somente as configurações 3 e 4 foram ensaiadas com

energizações trifásicas. As configurações e os pontos de medição da corrente de

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falta e tensões estão mostradas na figura 2.8. As correntes de falta variaram de

11.140 a 14.930 A. Os resultados demonstraram que para a configuração 3 as

tensões de toque e transferência no solo são muito elevadas, chegando a 7.380 V

no local do aterramento e até 5.800 V nas torres adjacentes. Para a configuração 4

os valores das tensões foram comparativamente pequenos, no máximo 675 V, pois,

houve o cancelamento das três correntes. No entanto, elevadas tensões de toque e

transferência, da ordem de 17.100 V de pico, foram medidas durante 1/6 de ciclo

durante a interrupção da corrente de falta, originando um pulso de 1/6 de ciclo de 60

Hz, aproximadamente 0,003 segundo, que não é definido nos estudos de Dalziel

(1972) e Kouwenhoven (1959) sobre choque elétrico e nem em norma IEEE Std 80

(2000), mas os autores acreditam que possa impor um choque perigoso. A tensão

(V3) entre o condutor e a torre variou de 43,5 a 52,1 V, enquanto a queda de tensão

no cabo do aterramento temporário (V2) variou de 14,1 a 17,3 V.

Figura 2.8 - Configurações do aterramento temporário LT 500 kV Fonte: ATWATER, DEHAAN e ROMERO, 2000

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Os autores enfatizam a importância de se analisar o efeito indutivo no laço

formado e concluem dizendo que os potenciais que surgem no solo são perigosos e

que medidas de segurança adicionais, tais como: evitar o contato com a estrutura,

utilizar tapetes isolantes e evitar que pessoas não autorizadas se aproximem,

possam ser implementadas. Ressaltam as configurações com o aterramento no

local de trabalho dão maior segurança na torre do que o aterramento nas torres

adjacentes e que aterrar as três fases é o melhor método, a não ser que outras

condições de risco levem a optar pelo aterramento somente de uma das fases.

Nesses casos, deve-se tratar as outras fases como se estivessem energizadas, ou

seja, mantendo as distâncias mínimas de segurança. Finalizam dizendo que, do

ponto de vista de controle de tensões no local de trabalho, a configuração 2 revelou-

se levemente superior às configurações 3 e 4. Portanto, o trabalho de se instalar

aterramentos adicionais nas estruturas adjacentes não se justifica, pois, a redução

de tensão alcançada não é suficiente para garantir a segurança dos eletricistas, para

a maioria das situações.

Atwater, DeHaan e Román (2001) publicaram um artigo com resultados de

ensaios de campo realizados em uma linha de 115 kV da Puerto Rico Electric Power

Authority (PREPA) situada em Canovanas, Porto Rico, em parceria com o U.S.

Bureau of Reclamation. Sete configurações de aterramento temporário foram

ensaiadas em estruturas tipo H com postes de madeira. Foram utilizados cabos de

aterramento de cobre 2/0 AWG em diferentes configurações. A corrente de falta

monofásica fase-terra calculada foi de 5 kA eficaz. Energizações monofásicas, fase

B, foram escolhidas para reduzir a severidade dos distúrbios no sistema elétrico e

maximizar as tensões no local do ensaio. Além disso, este tipo de falta, fase-terra, é

a que tem maior probabilidade de ocorrer em linhas de transmissão. As figuras 2.9,

2.10 e 2.11 mostram os diversos arranjos e pontos de medição das tensões e

correntes. Estas grandezas foram medidas em módulo e ângulo. A tensão Vs1

corresponde a uma tensão de passo (1 metro) iniciada a 30 cm da haste de

aterramento. As tensões Vt1 e Vt2 foram medidas a 1 metro de distância da haste de

aterramento ou fio de descida e correspondem às tensões de toque. E a tensão de

transferência Vt3 foi medida a 10 metros da haste de aterramento. As tensões Vt1,

Vt2, Vt3 e Vs1 foram medidas utilizando placas de metal com 14 cm de diâmetro,

simulando o pé do eletricista em contato com o solo. Os valores das correntes de

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falta variaram de 2,4 kA, no ensaio 7 a 4,8 kA, no ensaio 6. Como era esperado, os

ensaios de 1 a 3 apresentaram os piores resultados, pois, criaram duas referências

de potencial diferentes de aterramento. Uma formada pelos cabos das fases,

aterramento temporário e haste, e a outra formada pelo poste, fios de descida e

cabos pára-raios PR1 e PR2. Além disso, toda a corrente de curto-circuito teve que

ser escoada via haste de aterramento, provocando as maiores tensões de passo e

toque, onde Vt3 foi superior a 20 kV.

Figura 2.9 - Ensaios torre tipo H com postes de madeira, sem trapézio tipo sela Fonte: ATWATER, DEHAAN e ROMÁN, 2001

Ensaios 1 e 2 - Aterramento somente na haste

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Figura 2.10 - Ensaios torre tipo H com postes de madeira, utilizando trapézio tipo sela em um posteFonte: ATWATER, DEHAAN e ROMÁN, 2001

Ensaios 3, 4 e 5 - Aterramento com trapézio tipo sela em um poste

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No ensaio 3, houve um arco entre o trapézio tipo sela e o fio de descida,

sendo que a tensão pré-arco chegou a 29 kV de pico. As tensões Vw e Vwl foram

medidas entre o fio de descida e um prego cravado no poste de madeira. Esta

montagem foi realizada a fim de simular o eletricista escalando o poste utilizando

esporas, que é uma prática muito comum. Também foram medidas tensões Vz1,

entre a fase B e o fio de descida, que alcançou valores acima de 24 kV eficaz. Foi

claramente identificada a necessidade de se conectar todos os elementos do

sistema de aterramento em um mesmo potencial. Nos ensaios 4 e 5 houve uma

redução significativa das tensões medidas no topo do poste, Vz1, Vz2, Vt4 e Vt5,

entretanto com valores muito acima dos limites de segurança.

Os melhores resultados encontrados foram nos ensaios 6 e 7, quando o

trapézio tipo sela foi instalado no poste, obtendo valores dentro dos limites de

segurança, não ultrapassando 29 V. Entretanto, no ensaio 7, quando os cabos pára-

raios foram conectados aos aterramentos temporários, as tensões no solo foram

bastante reduzidas, mas ainda muito acima dos limites de segurança, sendo

necessários outros procedimentos de segurança, por exemplo, isolamento do local

de trabalho. O valor da tensão Vc foi medido, nos ensaios 6 e 7, comprovando a

necessidade de se avaliar o efeito do laço indutivo, uma vez que as tensões Vz1

foram mais de três vezes o valor de Vc.

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Figura 2.11 - Ensaios torre tipo H com postes de madeira, utilizando trapézio tipo sela em dois postes

Fonte: ATWATER, DEHAAN e ROMÁN, 2001

2.6 Conclusões

Pode-se verificar, baseando na bibliografia pesquisada, que o assunto

aterramento temporário passou a ser de interesse de vários segmentos, tais como:

concessionárias, universidades, fabricantes, dentre outros. Verifica-se ainda existir

questionamentos quanto à maneira de se fazer o aterramento temporário nas mais

diversas configurações das instalações elétricas. Além disso, há também a

preocupação com a real condição dos conjuntos de aterramento temporário em

campo, sendo necessário à criação de procedimentos de ensaios para esta

Ensaios 6 e 7 - Aterramento com trapézio tipo sela nos dois postes

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avaliação. Sendo assim, ensaios com configurações reais e experimentais, em

laboratórios, e simulações computacionais têm sido realizadas.

Contudo, no Brasil, este assunto é pouco pesquisado e divulgado, causando

divergências entre os procedimentos nas empresas usuárias dos conjuntos de

aterramento, como já mencionado anteriormente.

Está claro que não há um consenso sobre qual é o melhor método de

instalação do aterramento temporário, e seria pretensão imaginar a possibilidade da

criação de um único método para todas as aplicações. Entretanto, é possível

determinar, para um tipo de instalação, a maneira melhor e mais segura de se

realizar o aterramento temporário.

A bibliografia permite concluir que as chaves de aterramento não devem ser

utilizadas para aterramento temporário nas extremidades das linhas de transmissão,

pois, não fornecem alteração favorável nos níveis de indução, além de seu uso

apresentar várias desvantagens.

Quanto à prática de aterramento temporário de todas as fases, esta é

necessária e deve ser mantida onde é necessária a estabilidade da zona de

equalização de potencial, no caso de linhas de tensões mais baixas, onde as

distâncias entre as fases são reduzidas, dificultando a movimentação na estrutura

caso todas as fases não estejam aterradas.

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3 ACOPLAMENTO ELETROMAGNÉTICO E LIMITES DE SEGURANÇA HUMANA

3.1 Introdução

Devido às características físicas e geométricas das linhas de transmissão de

energia elétrica, estas provocam uma grande e variada gama de problemas, que

podem ser caracterizados de forma ampla, como interferências eletromagnéticas.

O termo “interferências eletromagnéticas” é utilizado de forma bastante

abrangente, incluindo todos os aspectos de alta e baixa (60 Hz) freqüências.

Segundo Alves e Ribeiro (1996), as interferências causadas pelas linhas de

transmissão podem ser apresentadas resumidamente como a seguir:

• Interferências em 60 Hz: importante sob o ponto de vista da segurança

dos seres vivos e da integridade dos equipamentos e/ou componentes do

sistema interferido.

• Interferências em Altas Freqüências: importante sob o ponto de vista de

qualidade do serviço prestado pelo sistema interferido.

Este trabalho se limita à discussão das interferências em 60 Hz causadas

pelas linhas de transmissão.

As interferências em 60 Hz ocorrem através dos seguintes mecanismos de

acoplamento entre uma linha de transmissão e outra linha ou estrutura (um duto

metálico, por exemplo):

• Acoplamento magnético (indutivo) (*)

• Acoplamento resistivo (*)

• Acoplamento eletrostático (capacitivo)

(*) Normalmente predominantes sob condições de curto-circuito.

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3.2 Acoplamento Eletromagnético

Devido aos acoplamentos eletromagnéticos existentes entre as linhas de

transmissão e distribuição e circuitos em suas proximidades, tais como: linhas

telefônicas, linhas telegráficas, dutos, cercas, etc., tensões são induzidas nestes

circuitos durante o funcionamento normal das linhas (tensões induzidas de regime

permanente) ou durante curtos-circuitos nas mesmas (tensões induzidas de curta

duração).

Estas tensões podem atingir níveis que causam danos em equipamentos

conectados a estes circuitos, ou mesmo de seus isolamentos, como um cabo

telefônico, por exemplo. Estas tensões podem ainda comprometer a segurança de

pessoas que venham a ter contato com estes circuitos, e/ou comprometer a

qualidade dos serviços prestados pelo circuito induzido, como gerar ruídos no caso

de circuitos de comunicação, por exemplo.

A figura 3.1 ilustra os acoplamentos capacitivo e magnético existentes entre

dois circuitos de uma linha de transmissão.

Estes acoplamentos geralmente variam consideravelmente de intensidade ao

longo dos circuitos envolvidos, devido a eventuais aproximações ou cruzamentos

entre eles ou à variação de resistividade do solo, que influencia diretamente no

acoplamento resistivo.

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Figura 3.1 - Acoplamentos capacitivo e indutivo

Fonte: INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS, 2003

O modelo utilizado neste trabalho possui nove condutores, divididos em duas

linhas de transmissão, onde os acoplamentos capacitivo e indutivo, entre os

condutores de cada LT e entre cada condutor de uma LT com os condutores da

outra LT são considerados. O modelo considera ainda a influência do solo nos

acoplamentos. O detalhamento desse modelo está apresentado no item 4.5. Como

exemplo, a figura 3.2 mostra um modelo para uma linha de três fios.

Figura 3.2 - Acoplamento eletromagnético

Fonte: MEYER e LIU, 1995

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3.3 Limites de Segurança Humana

3.3.1 Tensões no Local de Trabalho

Quando um condutor aterrado é energizado, a corrente que flui por partes

aterradas pode resultar diferenças de potenciais perigosos entre estas partes se o

aterramento for inadequado.

A figura 3.3 ilustra posições de trabalho no alto de estruturas onde tensões

anormais podem aparecer e a figura 3.4 ilustra o diagrama elétrico equivalente de

um aterramento temporário instalado e um eletricista no local de trabalho.

Figura 3.3 - Posições de trabalho onde potenciais anormais podem aparecer Fonte: INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS, 2003

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Figura 3.4 - Diagrama elétrico equivalente

Fonte: RITZ DO BRASIL, 2000

A figura 3.5 mostra tensões de toque e passo em uma estrutura que podem

ser perigosas aos trabalhadores no solo.

O potencial de toque ocorre quando uma linha desenergizada é aterrada, e

recebe indução de outra linha paralela. A corrente injetada no solo causa diferentes

potenciais no local. Ao tocar a estrutura, cujo potencial é máximo, o eletricista se

coloca entre dois potenciais diferentes, e dependendo das condições, pode sofrer

um choque elétrico.

O potencial de passo ocorre na mesma situação, porém mais afastado da

estrutura, onde ocorre uma diferença de potencial entre os pés.

O aterramento adequado resultará em uma redução do risco de choque

elétrico no local de trabalho e procedimentos de trabalho adequados minimizarão a

exposição à tensão de toque na estrutura.

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Figura 3.5 - Tensões de toque e passo Fonte: INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS, 2003

3.3.2 Limites de Corrente pelo Corpo

Os limites basicamente são referentes às máximas correntes de choque a que

os trabalhadores poderão ser submetidos.

Os guias IEEE Std 80 (2000) e IEEE Std 1048 (2003) para linhas de

transmissão e subestações, respectivamente, admitem a utilização das equações de

Dalziel (1972), as quais garantem que 99,5% das pessoas não apresentarão

fibrilação ventricular se submetidas às seguintes correntes de choque:

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t

ImA116

= para pessoas com 50 kg (3.1)

ou

tImA

157= para pessoas com 70 kg (3.2)

Onde:

t = tempo de duração do choque, entre 0,03 e 3 segundos.

Os limites da “corrente de não largar” (let-go) também devem ser

considerados, devido principalmente às induções. Utilizando-se os mesmos critérios

anteriores pode-se considerar 9 e 16 mA, para 50 e 70 kg, respectivamente

(DALZIEL, 1972; INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS,

2003 e 2000).

Por outro lado, existem recomendações da NBR-5410 (1997) e NR-10 (2004)

de controles de potenciais para tensões inferiores a 50 V. O próprio guia IEEE Std

80 (2000) cita em seu item 6 a referência Biegelmeier 1, 2 que recomenda 50 mA

como um valor de corrente máxima permitida pelo corpo humano sem que haja

fibrilação ventricular. Este valor quando aplicado à resistência de 1.000 Ω do corpo

humano, conforme item 3.3.3, resulta no valor de 50 V de regime permanente

permitido pelas normas brasileiras. A tabela 3.1 apresenta estes dados e permite

uma comparação entre eles.

A figura 3.6 mostra um gráfico com as curvas referentes às equações de

Dalziel (1972) e ao estudo de Biegelmeier 1, 2.

1 Biegelmeier, U. G., “Die Bedeatung der Z-Schwelle des Herzkammerfilim-merns fur die Festlegung von Beruhrunggsspanungs greuzeu bei den Schutzma Bradhmer gegen elektrische Unfate,” E&M, vol. 93, n. 1, p. 1-8, 1976. 2 Biegelmeier, U. G., and Rotter, K., “Elektrische Widerstrande und Strome in Merischlicken Korper," E&M, vol. 89, p. 104-109, 1971.

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Figura 3.6 - Limites de corrente no corpo humano

Fonte: INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS, 2000

Serão utilizados os critérios para 70 kg, o local onde o aterramento temporário

será instalado, terá isolamento físico e acesso restrito aos eletricistas, homens

adultos, que estarão sujeitos a esses choques.

3.3.3 Impedância do Corpo

Segundo o guia IEEE Std 80 (2000), o corpo humano possui basicamente

duas resistências em série: a resistência interna e a resistência da pele. Usualmente

a resistência total é considerada como 1.000 Ω para determinar o limite de corrente

suportável pelo corpo e para o cálculo dos potenciais de passo e toque que o

eletricista poderá estar submetido no solo.

Entretanto, segundo o guia IEEE Std 1048 (2003), o valor desta resistência

total altera profundamente entre as pessoas, principalmente devido a parâmetros

fisiológicos, tais como: hidratação, nutrição, anatomia, musculatura, etc. A figura 3.7

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mostra o corpo humano modelado, dividido em resistências internas, da pele (RS),

das mãos (RH), do calçado (Rf) e de contato ou aterramento dos pés (Rg).

Figura 3.7 - Corpo humano eletricamente modelado

Fonte: INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS, 2003

Cada uma destas variáveis pode ser estimada, de acordo com a condição de

choque, ou seja, de acordo com o tipo de manutenção que será realizada. Por

exemplo, se a pessoa utilizará calçado, luvas, se estará molhada ou seca, tipo do

tecido da roupa que estará utilizando, dentre outros.

Na manutenção com o uso de aterramento temporário, o circuito é

desenergizado e aterrado, e o eletricista escala as estruturas para fazer a

intervenção. Em muitos casos esta manutenção é realizada sob chuva durante horas

e, além disso, o eletricista não toca a estrutura apenas com os pés e as mãos, e sim

com todo seu corpo, tornando a condição de choque muito severa, reduzindo

bastante o valor da resistência total do corpo.

Devido a este fato, assim como citado por Junior (2005) e O’brien (1983),

todas as resistências internas foram desprezadas, sendo considerado o valor de 500

Ω como resistência total.

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3.3.4 Queda de Tensão Máxima no Corpo

A queda de tensão e corrente máximas permitidas, devido às interferências

eletromagnéticas em regime permanente ou durante uma energização acidental,

entre dois pontos de contato do corpo humano, podem ser calculadas com as

informações descritas acima, para garantir a segurança pessoal.

Utilizando a equação (3.2) e os tempos especificados na norma IEC 61230

(1993) para dimensionamento de conjuntos de aterramento temporário, foram

calculadas a queda de tensão e corrente máximas permitidas e os resultados destes

cálculos estão apresentados na tabela 3.1.

Subentende-se que foram utilizados os valores de 50 mA (corrente máxima

permitida pelo corpo humano) e 1.000 Ω (resistência do corpo humano), ambos

definidos no guia IEEE Std 80 (2000), para obter-se o valor máximo de queda de

tensão no homem de 50 V, conforme definido na norma NR-10 (2004) e NBR-5410

(1997). Este valor também foi colocado na tabela 3.1.

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TABELA 3.1 Valores de Queda de Tensão e Corrente Máximas Permitidas

Resistência do homem

(Ω)

Queda de tensão máxima

no homem (V) Tempo (s) Corrente

(mA)

na torre no solo na torre no solo

0,1 496,5 248,3 496,5 0,25 314,0 157,0 314,0

0,5 222,0 111,0 222,0

1,0 157,0 500 1.000 78,5 157,0

2,0 111,0 55,5 111,0

3,0 90,6 45,3 90,6

Regime Permanente 1 16,0 8,0 16,0

Regime Permanente 2 50,0 25,0 50,0 1 referente aos limites de let-go. 2 referente aos limites sem que haja fibrilação ventricular.

Fonte: DALZIEL, 1972; INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISION, 1993; INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS, 2000

3.4 Conclusões

Assim, a análise dos níveis de tensões e correntes que os eletricistas estarão

submetidos no local de trabalho é de grande importância para a determinação da

configuração mais adequada do aterramento temporário, minimizando a exposição à

tensão de toque, bem como à tensão através do homem quando em trabalho na

estrutura, reduzindo assim o risco de acidente elétrico.

Pôde-se verificar que, para garantir a segurança pessoal, os valores de queda

de tensão e corrente máximas permitidas entre dois pontos de contato do corpo

humano, em regime permanente, são muito pequenos quando comparados com os

valores permitidos durante uma energização acidental, pois os eletricistas estarão

submetidos a estes valores durante todo o tempo gasto na intervenção.

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60

4 CONFIGURAÇÕES DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO E MODELO COMPUTACIONAL

4.1 Introdução

No estudo de sistemas elétricos de potência, muitas vezes torna-se

conveniente e necessário a adoção de modelos físicos e matemáticos que

representem, da forma mais adequada possível, o comportamento real do que está

sendo estudado em escala macroscópica. A introdução de modelos teve grande

desenvolvimento no século XIX, por intermédio dos trabalhos de Faraday, Kelvin,

Maxwell e Thomson. Em tese, os modelos não precisam corresponder à realidade

em termos microscópicos, mas sua utilização está condicionada a uma eficiente

aproximação da realidade macroscópica, constituindo uma ferramenta muito

importante para o entendimento dos fenômenos que ocorrem na natureza (ARAÚJO;

NEVES, 2005).

Dentre todos os componentes dos sistemas elétricos de potência, as linhas de

transmissão destacam-se por duas particularidades.

A primeira é que seus parâmetros são distribuídos ao longo da sua extensão.

Qualquer perturbação gerada por chaveamentos ou descargas atmosféricas resulta

na propagação de ondas pela linha. O efeito de uma variação de corrente ou tensão

em qualquer dos terminais da linha não é sentido pela outra extremidade até que

ondas eletromagnéticas geradas por essa variação percorram todo o comprimento

da linha. Os modelos utilizados em cálculos de transitórios eletromagnéticos que

envolvem linhas de transmissão são baseados na solução das equações de onda de

tensão e corrente.

A segunda, é que tais parâmetros apresentam forte dependência com a

freqüência.

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61

Entretanto, o assunto a ser investigado neste trabalho é um problema de

regime permanente, 60 Hz (freqüência industrial) com parâmetros fixos para esta

freqüência.

4.2 Modelo Matemático

Devido ao alto grau de complexidade dos sistemas elétricos reais, torna-se

praticamente impossível uma solução analítica para solução de alguns tipos de

problemas. Por esse motivo recorre-se frequentemente a métodos computacionais.

Atualmente existem diversos programas comerciais para aplicação direta em

sistemas de energia elétrica, principalmente para a simulação de transitórios

eletromagnéticos no domínio do tempo e da freqüência e também em regime

permanente. Dentre eles o Alternative Transient Program (ATP), que será utilizado

no desenvolvimento deste trabalho.

No ATP a modelagem de componentes da linha de transmissão e o cálculo de

seus parâmetros são realizados utilizando métodos amplamente conhecidos e

apresentados na literatura convencional (FUCHS, 1977; STEVENSON, 1986;

ARAÚJO; NEVES, 2005).

4.3 Configurações das Linhas de Transmissão

No Brasil, os recursos hidroelétricos estão, em sua maioria, distantes dos

principais centros consumidores, o que resultou e continua resultando na construção

de linhas de transmissão extensas e de grande carregamento, com tensões de até

750 kV em corrente alternada e 600 kV em corrente contínua.

Assim, o uso múltiplo de uma mesma faixa de terreno por várias instalações

torna-se cada vez mais comum, pelo crescente custo e indisponibilidade do solo,

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principalmente nas regiões urbanas, e pelo aproveitamento de um único meio de

acesso a essas instalações, em áreas mais afastadas dos centros urbanos.

Por esse motivo há uma tendência cada vez maior de se construir linhas de

transmissão com longos trechos de paralelismo, tendo o efeito das interferências

eletromagnéticas cada vez mais agravado.

Para a realização das simulações computacionais foram escolhidos dois

modelos típicos de estruturas para linhas de transmissão com classes de tensões

utilizadas em diversas concessionárias brasileiras. O trabalho foi desenvolvido

utilizando-se um caso exemplo com uma LT 500 kV (sistema interferente) e uma LT

138 kV (sistema interferido) paralela à primeira, em um mesmo corredor de

transmissão.

Na linha de transmissão de 138 kV foi utilizada a estrutura L6 (COMPANHIA

ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 1986) e na linha de transmissão de 500 kV foi

utilizada a estrutura SX (COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 1998),

ambas com circuito simples, cujos dados utilizados nas simulações computacionais

foram obtidos pela concessionária local e estão relacionados na tabela 4.1 e figura

4.1.

Foi considerada a distância de 40 metros entre os eixos das linhas de

transmissão, pois, é um valor típico quando linhas com essas classes de tensão são

construídas em paralelo.

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TABELA 4.1 Dados das LT’s

Dados Gerais LT 500 kV LT 138 kV

Tensão (kV) 500 138

Freqüência (Hz) 60 60

Tipo de Circuito Simples Simples

Número de Fases 3 3

Número de Condutores por Fase 3 1

Número de Pára-raios 2 1

Dados dos Condutores LT 500 kV LT 138 kV

Tipo Ruddy Linnet

Bitola (MCM) 900 336,6

Formação 45/7 26/7

Diâmetro Externo (mm) 28,74 18,29

Resistência 20°C (Ω/km dc) 0,0634 0,1701

Espaçamento - bundle (mm) 0,457 ---

Dados dos Cabos Pára-raios LT 500 kV LT 138 kV

Diâmetro Externo (mm) 11,05 7,92

Resistência 20°C (Ω/km dc) 2,77 5,18

Fonte: COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 1986 e 1998

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Figura 4.1 - Configurações das LT’s

Fonte: COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 1986 e 1998

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4.4 Configuração do Conjunto de Aterramento

Para especificação do conjunto de aterramento foram consideradas

informações fornecidas por um fabricante (RITZ DO BRASIL, 2007).

O cabo utilizado nos conjuntos de aterramento é fabricado com cobre

eletrolítico extra-flexível, o que permite maior facilidade na instalação, manuseio e

transporte, e proteção translúcida de PVC cristal, o que permite a inspeção visual de

toda sua extensão.

Os dados do cabo de aterramento, utilizado nas simulações computacionais,

que é usualmente especificado pelas concessionárias nos conjuntos de aterramento

para linhas de transmissão, estão descritos na tabela 4.2.

TABELA 4.2 Dados do cabo de aterramento

Dados Gerais Valores

Bitola (AWG) 4/0

Seção nominal (mm2) 95

Comprimento (m) 10

Corrente nominal (A) 338

Capacidade de Icc Simétrica (kA) 30 (0,5 s) / 23 (1 s)

Resistência máxima 20°C (Ω/km) 0,206

Formação dos fios 51x31 / 0,254

Espessura do isolamento (mm) 2,2

Peso (kg/m) 1,036

Fonte: RITZ DO BRASIL S.A., 2007

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Existem várias configurações de conjuntos de aterramento para linhas de

transmissão, que são especificadas de acordo com as características construtivas da

própria linha, tais como: nível de tensão, corrente máxima de curto-circuito, tempo de

atuação do sistema de proteção, tipo de estrutura (madeira, concreto ou metálica),

distâncias entre fases e fase-terra e seções dos condutores ou ponto de aterramento

onde os grampos serão conectados.

Uma configuração indicada pelo Grupo Coordenador para Operação

Interligada (1980) e pelo Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre

Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (1978) e comumente utilizada por

CTEEP (2002), Furnas (2008) e CEMIG (2000), em linhas de transmissão de 138

kV, é composta de três lances (jumpers) do cabo conforme tabela 4.2 com grampos

de aterramento. Esta configuração está mostrada na figura 4.2.

As formas de instalação deste conjunto de aterramento comumente utilizadas

por Furnas (2008) e CEMIG (2000) estão mostradas na figura 4.3 e são indicados

pelo Grupo Coordenador para Operação Interligada (1980) e pelo Grupo de

Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia de Segurança e Medicina

do Trabalho (1978).

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Figura 4.2 - Configuração de um Conjunto de Aterramento para LT’s

Fonte: RITZ DO BRASIL, 2007

Figura 4.3 - Forma de instalação do Conjunto de Aterramento Fonte: COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 2000 e

COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA, 2002

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4.5 Modelo Computacional

4.5.1 Introdução

A ferramenta computacional a ser utilizada para resolução do trabalho

proposto é o pacote de programas Alternative Transients Program (ATP) descrito em

(NORUEGA, 2007; CAUE, 1995; MEYER, LIU, 1995). O software ATPDraw é

apenas uma versão gráfica para usuários do Windows. O ATP é uma versão do

Electromagnetic Transients Program (EMTP) que é uma ferramenta computacional

poderosa e a mais utilizada em simulações digitais de fenômenos transientes

eletromagnéticos e também para cálculos no domínio da freqüência em regime

permanente em sistemas elétricos de potência (MEYER, LIU, 1995).

O Electromagnetic Transients Program (EMTP) foi desenvolvido, a partir da

década de 60 do século XX, pelo Professor Hermann Dommel, e recebeu

contribuições importantes de vários pesquisadores nas décadas seguintes. Por um

detalhe da lei de patentes americana, desde seu surgimento, o EMTP foi colocado

no domínio público, tendo alcançado grande divulgação. Não é exagero dizer-se

que, atualmente, qualquer concessionária de algum porte tem à sua disposição uma

das várias versões desse programa. Uma das razões para essa ampla difusão do

EMTP reside na sua capacidade de modelagem de diferentes componentes

encontrados nos mais diversos sistemas elétricos (ARAÚJO; NEVES, 2005).

O ATP é utilizado na criação de arquivos de dados a partir da elaboração de

desenhos de circuitos a serem simulados, e por ser um programa digital, não permite

obter uma solução contínua no tempo, são calculados valores a tempo discreto.

A rotina suporte do pacote de programas que será utilizada é a Line

Constants, Cable Constants and Cable Parameters (LCC) específica para cálculo de

parâmetros de linhas de transmissão, através da entrada dos dados da geometria

das estruturas e dos cabos condutores e pára-raios utilizados (NORUEGA, 2007;

MEYER, LIU, 1995).

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4.5.2 Estrutura do Modelo das Linhas de Transmissão

Devido às suas peculiaridades, as linhas de transmissão podem ter diferentes

representações e ser modeladas de diferentes formas, de acordo com a precisão e

eficiência necessárias. Quanto à natureza distribuída de seus parâmetros, as linhas

de transmissão podem ser representadas por:

• Modelo a parâmetros concentrados: a linha de transmissão é

representada por resistores, indutores e capacitores, usualmente, em

conexão cascata de seções π, cujos valores são calculados para uma

determinada freqüência. Essa representação é adequada para solução de

regime permanente,

• Modelo a parâmetros distribuídos: a natureza distribuída dos parâmetros

da linha é levada em consideração pelo princípio da propagação de onda.

Stevenson (1986) classifica as linhas de transmissão aéreas, quanto ao

comprimento, em:

• com até 80 km de comprimento: linhas curtas;

• entre 80 e 240 km: linhas médias;

• acima de 240 km: linhas longas.

Serão consideradas apenas linhas de transmissão com comprimento curto e

médio, podendo ser representadas com precisão suficiente por parâmetros

concentrados (STEVENSON, 1986).

O comprimento da maior linha de transmissão simulada foi de 100 km. Foi

considerado este comprimento por ser suficientemente elevado, representativo e por

possibilitar a análise e conclusões sobre os problemas considerados.

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4.5.3 Descrição do Modelo das Linhas de Transmissão

Para a criação do modelo computacional foram consideradas as geometrias

das linhas de transmissão, conforme descrito em 4.3, com os dados relacionados na

tabela 4.1 e figura 4.1.

A entrada destes dados foi realizada no LCC, conforme mostrado nas figuras

4.4 e 4.5.

Foi considerada a resistividade do solo típica do Estado de Minas Gerais,

cujos valores médios são de 2.400 Ω.m, mas que podem atingir até 20.000 Ω.m em

algumas regiões (CARVALHO et al, 2000).

Todas as distâncias entre os condutores tiveram como referência o centro da

estrutura de 500 kV, conforme descrito anteriormente no item 4.3, pois é necessária

uma referência para a modelagem no ATP.

Figura 4.4 - Entrada de dados LCC - Model Fonte: NORUEGA, 2007

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Figura 4.5 - Entrada de dados LCC - Data Fonte: NORUEGA, 2007

As linhas de transmissão foram modeladas considerando um circuito π a cada

vão, sempre com comprimento de 500 metros.

Para determinação do valor da impedância interna da fonte foi considerado

um nível de curto circuito de 25.980 MVA em 500 kV.

Foi considerada uma carga tipo RL para a circulação de um valor de corrente

nominal de aproximadamente 1.000 A e um valor de corrente de curto circuito de

aproximadamente 30 kA.

O valor da tensão nominal foi acrescido de 4% com o objetivo de compensar

a queda de tensão ao longo da linha, mantendo o valor de tensão na carga dentro

de tolerâncias aceitáveis. A tensão na carga manteve-se em 92,5 %.

Em todas as estruturas da LT 138 kV os cabos pára-raios foram aterrados e

foram considerados valores típicos de resistência de pé de torre igual a 30 Ω e de

resistência equivalente da subestação igual 2 Ω.

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A LT 500 kV foi modelada com cinco condutores, sendo dois cabos pára-raios

e três fases. A LT 138 kV foi modelada com quatro condutores, sendo um cabo pára-

raios e três fases. Em ambas as LT’s foram considerados os acoplamentos

capacitivo e indutivo, entre os condutores de cada LT e entre cada condutor de uma

LT com os condutores da outra LT. O modelo considera ainda a influência do solo

nos acoplamentos.

4.5.4 Estrutura e Descrição do Modelo do Conjunto de Aterramento

O conjunto de aterramento foi modelado através de resistores para simular a

resistência dos cabos de aterramento, resistência de pé de torre e resistência do

corpo humano. Abaixo a figura 4.6 mostra o circuito equivalente desta configuração.

Figura 4.6 - Circuito equivalente do conjunto de aterramento instalado

Fonte: Dados da pesquisa

Foi utilizado o componente “splitter”, para simular o aterramento simultâneo

das três fases da linha de transmissão de 138 kV, e resistores para simular a

resistência dos cabos de aterramento, resistência de pé de torre e resistência do

corpo humano. Abaixo a figura 4.7 mostra o conjunto de aterramento instalado a 10

km da fonte.

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Figura 4.7 - Conjunto de Aterramento instalado na LT

Fonte: Dados da pesquisa

4.5.5 Representação do Modelo Computacional Completo

O modelo computacional completo está mostrado na figura 4.8, onde estão

representados a fonte, a carga e os componentes LCC modelando cada vão através

de parâmetros concentrados das linhas de transmissão.

Estão representados também os cabos pára-raios, aterrados em cada

estrutura, o conjunto de aterramento temporário instalado no local de trabalho, sem o

uso de chaves de aterramento, e o homem na estrutura.

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Figura 4.8 - Modelo computacional completo Fonte: Dados da pesquisa

4.6 Conclusões

Neste capítulo foram definidas as configurações e modelamento das linhas de

transmissão, bem como todos os dados destas utilizados nas simulações

computacionais.

A configuração, descrição e modelagem de todo o conjunto de aterramento e

algumas formas de sua instalação, utilizadas por concessionárias nacionais, também

foram apresentadas.

Foi percebida a necessidade da representação de todo o arranjo físico das

linhas de transmissão e do conjunto de aterramento temporário, através do modelo

computacional completo, da forma mais clara possível, com o objetivo de facilitar o

entendimento da proposta deste trabalho.

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5 ANÁLISE DAS CONFIGURAÇÕES DE ATERRAMENTO TEMPORÁRIO

5.1 Introdução

Pôde-se verificar no capítulo de Revisão Bibliográfica que os procedimentos

de instalação do aterramento temporário se divergem entre as concessionárias e

empresas usuárias, não existindo assim um procedimento padrão.

Essa divergência fica ainda mais evidente quando se trata de aterramento

temporário para linhas de transmissão, devido a diversos fatores tais como: grande

variedade de modelos de estruturas, diferentes experiências práticas das empresas,

falta de atualização dos procedimentos de trabalho, falta de troca de experiências

entre as empresas, poucas pesquisas sobre o assunto, dentre outros.

5.2 Obrigatoriedade do Uso do Aterramento Temporário

5.2.1 Exigências Normativas

A norma NR-10 (2004) foi revisada com o intuito de reduzir o número de

acidentes no setor elétrico e, dentre outras exigências, tornou obrigatório o uso de

aterramento temporário. Abaixo alguns trechos desta norma que comprovam esta

exigência.

“[...] 10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a adoção de aterramento

temporário. [...] 10.5.1 Somente serão consideradas desenergizadas as instalações

elétricas liberadas para trabalho, mediante os procedimentos apropriados, [...]

(BRASIL, 2004, p. 4-6).

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Entretanto, concessionárias brasileiras e outras empresas já utilizam

aterramento temporário desde a década de 70, onde se iniciou a criação de

documentos e recomendações por grupos de trabalho formados por representantes

destas empresas, tais como: Grupo Coordenador para Operação Interligada (GCOI),

Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia de Segurança e

Medicina do Trabalho (GRIDIS), Comitê de Distribuição (CODI), dentre outros.

Exemplos destes documentos abordam vários aspectos do ponto de vista

conceitual do aterramento temporário, informam sobre como especificar o conjunto

de aterramento, procedimentos de instalação, distâncias de segurança, localização

de instalação dos conjuntos, sinalização, etc., além de recomendar critérios mínimos

para aterramento temporário para manutenção de linhas de transmissão e

subestações com tensões iguais ou superiores a 69 kV (GCOI, 1980), redes aéreas

de distribuição com tensão até 13,8kV (CODI, 1987) e subestações, linhas e

equipamentos desenergizados diversos (GRIDIS, 1978).

5.2.2 Análise do Risco sem o Uso de Aterramento Temporário

Algumas simulações computacionais foram realizadas para determinar em

quais situações o eletricista estaria seguro sem o uso do aterramento temporário. A

figura 5.1 mostra os valores de corrente circulando no corpo do homem e a diferença

de potencial que o homem está submetido em função do comprimento de

paralelismo entre as linhas de transmissão.

Estes valores não variam com a posição da estrutura em que o eletricista

estaria dentro deste trecho.

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Figura 5.1 - Valores de tensão e corrente no homem em

função do comprimento de paralelismo entre LT’s, sem o uso do aterramento temporário

Fonte: Dados da pesquisa

Na análise da figura 5.1, observou-se que mesmo com o paralelismo de

apenas 1 km, foram encontrados valores acima dos limites máximos permitidos para

let-go, conforme Dalziel (1972). Com o paralelismo de apenas 3 km, foram

encontrados valores acima dos limites máximos permitidos para o corpo humano

sem que haja fibrilação ventricular, conforme o guia IEEE Std 80 (2000). Ambos os

valores estão apresentados na tabela 3.1.

Assim, comprovou-se o motivo de não se recomendar intervenção em linhas

desenergizadas sem o uso do aterramento temporário.

5.3 Caracterização do Problema

Como vimos no capítulo 3, devido aos acoplamentos capacitivo e indutivo

entre cada condutor de um circuito energizado e cada um dos condutores de um

circuito desenergizado, há o surgimento de uma tensão induzida nos condutores

desenergizados. Esta tensão induzida depende da tensão de operação e da

distância entre os condutores e pode trazer riscos aos eletricistas. Se a linha

Tensão e corrente no homem x

paralelismo entre LT's

0,0

5,010,0

15,0

20,0

25,030,0

35,0

40,045,0

1 2 3 4 5

Paralelismo (km)

Tens

ão (V

)

0,0

10,020,0

30,0

40,0

50,060,0

70,0

80,090,0

Cor

rent

e (m

A)

TensãoCorrente

Limite = 8 V ou 16 mA

Limite = 25 V ou 50 mA

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desenergizada for aterrada, uma corrente induzida irá circular e será proporcional ao

comprimento de paralelismo entre as linhas energizada e desenergizada.

A amplitude da corrente depende do espaçamento entre os condutores

energizados e os desenergizados, da intensidade da corrente do circuito energizado,

da localização dos aterramentos na linha desenergizada e do fluxo resultante dos

acoplamentos.

Estas correntes elétricas, causadas por indução eletromagnética, que

circulam nos cabos dos conjuntos de aterramento temporário podem ser

classificadas em dois tipos, quanto ao tempo de duração:

• De curta duração, causadas tanto por cargas estáticas acumuladas nas

linhas, devido ao atrito com o vento, quanto as induzidas por faltas em

circuitos adjacentes. Em geral possuem tempos de duração e módulos

inferiores às correntes de curto-circuito da própria linha.

• De regime permanente, causadas por acoplamentos capacitivos e

magnéticos da linha aterrada com circuitos energizados próximos,

podendo atingir centenas de ampères (MOUSA, 1982; FURNAS

CENTRAIS ELÉTRICAS S.A., 2008).

5.4 Simulações Computacionais

No Capítulo 1 os aterramentos temporários foram classificados quanto ao

local de sua instalação, sendo: Aterramento Local (instalado apenas no local de

trabalho), Aterramento das Estruturas Adjacentes (instalado apenas nas estruturas

laterais ao local de trabalho) e Aterramento Combinado (é a junção das duas

configurações anteriores). As simulações computacionais foram feitas seguindo esta

classificação, juntamente com a inclusão ou não do uso das chaves de aterramento

instaladas nas subestações das extremidades da linha de transmissão de 138 kV.

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Os principais resultados apresentados pelas simulações são:

• corrente no homem: corrente circulando no corpo do homem;

• tensão no homem: diferença de potencial que o homem está submetido;

• corrente na estrutura: parte da corrente que circula nos três cabos de

aterramento, na estrutura e dissipa no solo através da resistência de pé

de torre;

• elevação de potencial na estrutura: tensão devida a circulação da corrente

na estrutura e resistência de pé de torre;

• tensão de toque: diferença entre a elevação de potencial na estrutura e o

potencial no solo imediatamente abaixo dos pés do homem.

Todos os resultados estão apresentados em função da distância do local

onde o aterramento temporário foi instalado, sendo a referência a fonte. Estes

valores serão apresentados a seguir através de gráficos, a fim de facilitar a

visualização e realizar a comparação entre as configurações de aterramento

simuladas.

Os gráficos de corrente e tensão no homem são de grande interesse, pois,

demonstram os valores que o eletricista estará submetido quando estiver

trabalhando na estrutura da linha de transmissão desenergizada. Estes valores

serão comparados com os valores apresentados na tabela 3.1, sendo as quedas de

tensão e correntes máximas permitidas de 8 V na torre, 16 V no solo e 16 mA,

ambos referentes aos limites de let-go; 25 V na torre, 50 V no solo e 50 mA, ambos

referentes aos limites sem que haja fibrilação ventricular.

Foram medidas também as correntes que circularam nos três cabos do

aterramento temporário que, quando somadas, chegaram a atingir valores

superiores a 56 A. Entretanto, foi observado que a maior parte desta corrente circula

pelo cabo pára-raios, pois, esse possui menor impedância que a resistência de pé

de torre, por onde circula a corrente na estrutura, mostrada nos gráficos. Esta é a

corrente que é injetada no solo através da resistência de pé de torre, provocando a

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elevação de potencial da estrutura e, consequentemente, o surgimento das tensões

de passo e toque no solo.

Nos gráficos que se seguem, todos os valores apresentados são valores

eficazes.

No capítulo 2 vimos que no Brasil algumas concessionárias já não utilizam as

chaves de aterramento nas intervenções das linhas de transmissão (FURNAS

CENTRAIS ELÉTRICAS S.A., 2008; COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS

GERAIS, 2003b), outras ainda utilizam (COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE

ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA, 2002), contrariando o que foi apresentado por

Mousa (1982) e provando a existência de falta de padronização dos procedimentos

entre as concessionárias nacionais. Foram feitas simulações computacionais com o

objetivo de apresentar a melhor maneira de se realizar o aterramento temporário,

proporcionando assim, maior segurança aos eletricistas envolvidos nas

intervenções.

5.4.1 Relação das Simulações

Foram realizadas mais de 150 simulações computacionais, as quais estão

resumidamente relacionadas na tabela 5.1, divididas em casos, que representam

possíveis procedimentos utilizados pelas concessionárias para a realização do

aterramento temporário.

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TABELA 5.1 Simulações Computacionais Realizadas

Configuração Caso Sem chaves de

aterramento

Com 02 chaves

aterramento

fechadas

Com chave

próxima fonte

fechada

Com chave

próxima carga

fechada

1 X

ATR 2 X

Local 1 3 X

4 X

ATR 5 X

Estruturas 6 X

Adjacentes 7 X

8 X

9 X

ATR 10 X

Combinado 11 X

12 X 1 Foram realizadas outras simulações com esta configuração que serão também discutidas neste

trabalho.

Fonte: Dados da pesquisa

5.4.2 Simulações com Aterramento Local

A figura 5.2 mostra gráficos com os valores encontrados nas simulações com

Aterramento Local sem o uso de Chaves de Aterramento, utilizando duas Chaves de

Aterramento fechadas em ambas as extremidades da linha de transmissão, nas

subestações e utilizando apenas uma Chave de Aterramento, ora próximo à fonte,

ora próximo à carga. São apresentados os principais resultados encontrados,

considerados mais relevantes para a análise da eficácia do aterramento temporário

com este tipo de configuração.

Nas análises da figura 5.2, observa-se que tanto os valores de tensão quanto

de corrente no homem estão muito inferiores aos valores permitidos, de acordo com

a tabela 3.1, independente da utilização ou não das chaves de aterramento.

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82

Figura 5.2 - Valores encontrados nas simulações com Aterramento Local Fonte: Dados da pesquisa

Entretanto, nos Casos 1 e 2, na maioria dos pontos onde foram instalados os

aterramentos temporários, estes valores são maiores quando estas chaves estão

fechadas. Além disso, observa-se que há uma variação muito pequena destes

valores ao longo da linha de transmissão quando as chaves de aterramento não são

utilizadas, comprovando que os níveis de indução eletrostática encontrados

independem da localização do aterramento temporário ao longo da linha, como

Mousa (1982). Porém, a corrente que circula na estrutura apresenta valores

suficientemente altos, pois, a elevação de potencial na estrutura é grande, com

valores bastante superiores aos limites de segurança na própria estrutura, chegando

a 40 V, sendo este valor próximo também do limite de segurança no solo, que é 50 V

sem que haja fibrilação ventricular, concordando também com Mousa (1982),

Atwater, Dehaan e Romero (2000).

Elevação de Potencial na Estrutura

0

50

100

150

200

250

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Pote

ncia

l (V)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

Corrente na Estrutura

0,01,02,03,04,05,06,07,08,09,0

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Cor

rent

e (A

)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

Tensão no Homem

0,0E+00

5,0E-03

1,0E-02

1,5E-02

2,0E-02

2,5E-02

3,0E-02

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Tens

ão (V

)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

Corrente no Homem

0,0E+00

1,0E-05

2,0E-05

3,0E-05

4,0E-05

5,0E-05

6,0E-05

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Cor

rent

e (A

)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

Page 84: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS · FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Diniz, Wagner Eustáquio

83

Nos Casos 3 e 4, observa-se que há um aumento progressivo da corrente na

estrutura e, consequentemente na elevação de potencial na estrutura, à medida que

o local onde o aterramento temporário está instalado se distancia da chave de

aterramento fechada, tanto na fonte quando na carga. O maior valor é alcançando

quando o aterramento está instalado próximo da chave de aterramento que está

aberta, comprovando que os níveis de indução eletromagnética são máximos nesta

configuração, assim como Mousa (1982).

Isso acontece devido ao aumento do circuito fechado, formado pela chave de

aterramento, linha de transmissão, aterramento temporário e retorno pela terra. Este

circuito fechado ou laço é comumente conhecido como loop indutivo. Devido a este

loop, observa-se que foram encontrados os valores mais elevados de corrente na

estrutura e elevação de potencial na estrutura, das três configurações, chegando a 8

A e 242 V, respectivamente.

Assim, os resultados indicam que o uso de apenas uma Chave de

Aterramento não é recomendado nesta configuração de instalação do aterramento

temporário.

5.4.3 Simulações com Aterramento das Estruturas Adjacentes

A figura 5.3 mostra gráficos com os valores encontrados nas simulações com

Aterramento das Estruturas Adjacentes ao local onde será realizada a intervenção

sem o uso de Chaves de Aterramento, utilizando duas Chaves de Aterramento

fechadas em ambas as extremidades da linha de transmissão, nas subestações e

utilizando apenas uma Chave de Aterramento, ora próximo à fonte, ora próximo à

carga. São apresentados os principais resultados encontrados, considerados mais

relevantes para a análise da eficácia do aterramento temporário com este tipo de

configuração.

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84

Figura 5.3 - Valores encontrados nas simulações com Aterramento nas Estruturas AdjacentesFonte: Dados da pesquisa

Nas análises da figura 5.3, observa-se que houve uma elevação, tanto dos

valores de tensão quanto corrente no homem, comparando os Casos 1 e 2 com os

Casos 5 e 6, porém, estes valores ainda estão muito inferiores aos valores

permitidos, independente da utilização ou não das chaves de aterramento.

Entretanto, nos casos 5 e 6, na maioria dos pontos onde foram instalados os

aterramentos temporários, estes valores são maiores quando as chaves de

aterramento não são usadas, tendo o comportamento contrário à configuração com

o aterramento local, Casos 1 e 2. Porém, a variação dos valores nos Casos 5 e 6

apresenta o mesmo perfil dos Casos 1 e 2, coincidindo com Mousa (1982). Já as

elevações de potenciais na estrutura nos Casos 5 e 6 são mais elevadas do que as

tensões dos Casos 1 e 2, chegando a valores superiores a 50 V, concordando

também com Mousa (1982), Atwater, Dehaan e Romero (2000).

Tensão no Homem

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Tens

ão (V

)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

Corrente no Homem

0,0E+00

5,0E-03

1,0E-02

1,5E-02

2,0E-02

2,5E-02

3,0E-02

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Cor

rent

e (A

)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

Corrente na Estrutura

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Cor

rent

e (A

)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

Elevação de Potencial na Estrutura

020

40

6080

100

120140

160

180200

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Pote

ncia

l (V)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

Limite = 8 VLimite = 16mA

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85

Nos Casos 7 e 8, houve um aumento elevado tanto dos valores de tensão

quanto corrente no homem, ficando muito próximo ou excedendo aos valores

permitidos (let-go), de acordo com a tabela 3.1, independente de qual Chave de

Aterramento esteja fechada, a mais próxima ou a mais distante do aterramento

temporário. Além disso, os valores da elevação de potencial na estrutura ficaram

superiores a 195 V.

Assim como na configuração com o Aterramento Local, os resultados indicam

que o uso de apenas uma Chave de Aterramento não é recomendado nesta

configuração de instalação do aterramento temporário.

5.4.4 Simulações com Aterramento Combinado

A figura 5.4 mostra gráficos com os valores encontrados nas simulações com

Aterramento Combinado sem o uso de Chaves de Aterramento, utilizando duas

Chaves de Aterramento fechadas em ambas as extremidades da linha de

transmissão, nas subestações e utilizando apenas uma Chave de Aterramento, ora

próximo à fonte, ora próximo à carga. São apresentados os principais resultados

encontrados, considerados mais relevantes para a análise da eficácia do

aterramento temporário com este tipo de configuração.

Nas análises da figura 5.4, observa-se que tanto os valores de tensão quanto

corrente no homem estão muito inferiores aos valores permitidos, de acordo com a

tabela 3.1, independente da utilização ou não das chaves de aterramento, assim

como na configuração com Aterramento Local.

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86

Figura 5.4 - Valores encontrados nas simulações com Aterramento Combinado Fonte: Dados da pesquisa

Entretanto, os Casos 9 e 10 tiveram o mesmo comportamento dos Casos 5 e

6, ou seja, na maioria dos pontos onde foram instalados os aterramentos

temporários, os valores de tensão e corrente no homem são maiores quando as

chaves de aterramento não são usadas, tendo o comportamento contrário à

configuração com o aterramento local, Casos 1 e 2. As tensões medidas na estrutura

também têm valores muito próximos dos valores encontrados nos Casos 5 e 6.

Quanto aos valores de elevação de potencial na estrutura, os Casos 11 e 12

foram semelhantes aos Casos 7 e 8, chegando a mais de 190 V.

Assim como nas configurações anteriores, os resultados indicam que o uso

de apenas uma Chave de Aterramento não é recomendado nesta configuração de

instalação do aterramento temporário.

Corrente na Estrutura

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Cor

rent

e (A

)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

Elevação de Potencial na Estrutura

020

4060

80100120

140160180200

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Pote

ncia

l (V)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

Tensão no Homem

0,0E+00

1,0E-03

2,0E-03

3,0E-03

4,0E-03

5,0E-03

6,0E-03

7,0E-03

8,0E-03

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Tens

ão (V

)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

Corrente no Homem

0,0E+00

2,0E-06

4,0E-06

6,0E-06

8,0E-06

1,0E-05

1,2E-05

1,4E-05

1,6E-05

10 20 30 40 50 60 70 80 90

Local de instalação do ATR (km)

Cor

rent

e (A

)

LT sem chavesLT com 2 chavesLT ch prox fonte fechLT ch prox carg fech

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87

5.4.5 Simulações com Aterramento Local em LT’s com outros comprimentos

de paralelismo

Foram realizadas simulações computacionais com a configuração do

Aterramento Local sem o uso de Chaves de Aterramento, com outros comprimentos

de paralelismo, com o objetivo de comparar os valores encontrados nas simulações

com as linhas de transmissão de 100 km, apresentados anteriormente.

O lado da fonte foi mantido como referência para definir a distância do local

onde o aterramento temporário foi instalado.

Os comprimentos de paralelismo simulados foram de 20, 40, 60 e 80 km e os

principais resultados apresentados de corrente no homem, tensão no homem,

corrente na estrutura e elevação de potencial na estrutura estão mostrados na figura

5.5.

Figura 5.5 - Valores encontrados nas simulações com diversos comprimentos de paralelismo Fonte: Dados da pesquisa

Elevação de Potencialna Estrutura

0

5

10

15

20

25

10 30 50 70 90

Local de instalação do ATR (%comprimento LT)

Pote

ncia

l (V)

LT 20 km LT 40kmLT 60 km LT 80 kmLT 100 km

Corrente na Estrutura

0,00,10,20,30,40,50,60,70,80,9

10 30 50 70 90

Local de instalação do ATR (% comprimento LT)

Cor

rent

e (A

)

LT 20 km LT 40kmLT 60 km LT 80 kmLT 100 km

Tensão no Homem

0,0E+00

5,0E-04

1,0E-03

1,5E-03

2,0E-03

2,5E-03

3,0E-03

10 30 50 70 90

Local de instalação do ATR (% comprimento LT)

Tens

ão (V

)

LT 20 km LT 40kmLT 60 km LT 80 kmLT 100 km Corrente no Homem

0,0E+00

1,0E-06

2,0E-06

3,0E-06

4,0E-06

5,0E-06

6,0E-06

10 30 50 70 90

Local de instalação do ATR (% comprimento LT)

Cor

rent

e (A

)

LT 20 km LT 40kmLT 60 km LT 80 kmLT 100 km

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88

Para facilitar a comparação dos casos para os diversos comprimentos de

paralelismo, estes foram apresentados nos gráficos da figura 5.5 em forma de

percentual, sendo 10, 30, 50, 70 e 90% do comprimento da linha de transmissão.

Para cada comprimento de linha observa-se na figura 5.6, que houve

linearidade de todas as grandezas em função da distância. Entretanto, não é

possível obter, a partir dos resultados para uma linha de comprimento l os resultados

correspondentes para linhas de outros comprimentos. Neste caso, uma simples

extrapolação linear não leva à resultados corretos.

Figura 5.6 - Valores encontrados nas simulações com diversos comprimentos de paralelismo Fonte: Dados da pesquisa

Corrente na Estrutura

0,0E+00

1,0E-01

2,0E-01

3,0E-01

4,0E-01

5,0E-01

6,0E-01

7,0E-01

8,0E-01

9,0E-01

10% 30% 50% 70% 90%

Local de instalação do ATR (% comprimento LT)

Cor

rent

e (A

)

LT 20 km LT 40kmLT 60 km LT 80 kmLT 100 km

Corrente no Homem

0,0E+00

1,0E-06

2,0E-06

3,0E-06

4,0E-06

5,0E-06

6,0E-06

10% 30% 50% 70% 90%

Local de instalação do ATR (% comprimento LT)

Cor

rent

e (A

)

LT 20 km LT 40kmLT 60 km LT 80 kmLT 100 km

Elevação de Potencial na Estrutura

0,0E+00

5,0E+00

1,0E+01

1,5E+01

2,0E+01

2,5E+01

3,0E+01

10% 30% 50% 70% 90%

Local de instalação do ATR (% comprimento LT)

Pote

ncia

l (V)

LT 20 km LT 40kmLT 60 km LT 80 kmLT 100 km

Tensão no Homem

0,0E+00

5,0E-04

1,0E-03

1,5E-03

2,0E-03

2,5E-03

3,0E-03

10% 30% 50% 70% 90%

Local de instalação do ATR (% comprimento LT)

Tens

ão (V

)

LT 20 km LT 40kmLT 60 km LT 80 kmLT 100 km

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89

5.4.6 Simulações com Aterramento Local em Regiões Rochosa e Alagada

Com o objetivo de simular situações onde a estrutura sob intervenção está

localizada em uma região alagada (baixa resistência) ou rochosa (alta resistência),

foram realizadas simulações computacionais com a configuração do Aterramento

Local sem o uso de Chaves de Aterramento (as demais configurações não são

recomendáveis, como visto), utilizando diferentes valores de resistência de pé de

torre.

Em todas as simulações o Aterramento Temporário foi mantido instalado a 10

km da fonte.

Os valores das resistências de pé de torre da estrutura onde o Aterramento

Temporário foi instalado, das duas estruturas à jusante e outras duas estruturas à

montante desta, simulando uma região de 2.000 metros de comprimento, foram

variados e a elevação de potencial na estrutura foi medida para cada um destes

valores, conforme mostra a figura 5.7.

Tensão x R pé de torre

7,2

18,1

38,0

24,9

30,634,7

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

3 15 30 60 90 150

Resistência de Pé de torre (ohm)

Elev

ação

Pot

enci

al E

stru

tura

(V)

Figura 5.7 - Variação dos valores de resistência de pé de torre

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando a figura 5.7, observa-se que para os valores da resistência de pé

de torre de 3 e 15 Ω, simulando uma região alagada, foram encontrados os valores

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90

mais baixos de elevação de potencial na estrutura. Entretanto, o eletricista estará

submetido à diferença entre este potencial e o potencial do solo onde estiver seu pé.

Esta questão será discutida no item 5.5.

5.4.7 Simulações da Indução na LT 138 kV durante um curto-circuito na LT 500

kV

O estudo do transitório curto-circuito não faz parte do objetivo deste trabalho,

entretanto, foram realizadas simulações computacionais de um curto-circuito fase-

terra na LT 500 kV com o objetivo de verificar os efeitos da indução na LT 138 kV,

com a configuração do Aterramento Local sem o uso de Chaves de Aterramento,

durante o curto-circuito.

Em todas as simulações o Aterramento Temporário foi instalado na LT de 138

kV no mesmo local da ocorrência do curto-circuito na LT 500 kV, ou seja, a mesma

distância da fonte.

Verificou-se que à medida que o curto-circuito se aproxima da fonte, a

corrente na resistência de pé de torre aumenta, chegando ao valor de

aproximadamente 53 A, quando o curto-circuito foi simulado a 1 km da fonte, tendo

como conseqüência o maior valor de elevação de potencial na estrutura, de

aproximadamente 1.120 V.

A análise da elevação de potenciais será discutida no item 5.5.

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91

5.5 Cálculo da Tensão de Toque

5.5.1 Sistema de Aterramento Permanente

O comportamento do sistema de aterramento permanente (sistema de

aterramento das estruturas das LT’s) em freqüência industrial é um assunto

conhecido e existem diversas ferramentas computacionais para cálculos e análises,

além de farta bibliografia que trata deste assunto.

Este trabalho não tem o estudo do sistema de aterramento permanente como

objetivo. Entretanto, a fim de determinar o risco que os eletricistas que estão no solo

estarão submetidos durante todo o tempo gasto na intervenção, o cálculo da

distribuição de potenciais no solo nas proximidades da estrutura (local de trabalho),

envolvendo, portanto, a topologia do sistema de aterramento permanente, torna-se

importante. O eletricista estará sujeito à diferença de potencial entre a estrutura e o

solo onde ele estiver, que é a Tensão de Toque. O valor do potencial de toque será

sempre um pouco inferior ao valor da elevação de potencial na estrutura.

A elevação de potencial no sistema de aterramento permanente, em baixas

freqüências, é basicamente função da resistência de aterramento e da corrente que

circula no mesmo (NOGUEIRA, 2002, p. 53). Para o cálculo da tensão de toque

(local de trabalho), será usada uma configuração de sistema de aterramento

permanente típica utilizado nas estruturas das linhas de transmissão.

A figura 5.8 ilustra um arranjo típico de um sistema de aterramento

permanente para estruturas metálicas de linhas de transmissão de 138 kV, utilizado

pela concessionária local, com fios contrapesos dispostos radialmente e interligados

à estrutura. Os contrapesos L2 e L3 são instalados apenas em estruturas localizadas

em áreas urbanas (COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 2002), sendo

a minoria quando comparada com toda a extensão da linha. Assim, esses não serão

utilizados, já que isto corresponde a uma situação de maior risco no que concerne à

questão dos potenciais de toque resultantes.

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92

Figura 5.8 - Arranjo típico de um sistema de aterramento permanente de estruturas metálicas de 138 kV

Fonte: COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 2002

Será levado em consideração apenas o valor da corrente injetada na estrutura

no local de trabalho, devida à indução na LT de 138 kV provocada pela LT de 500

kV, na configuração com Aterramento Local sem o uso de Chaves de Aterramento,

onde foi obtido o maior valor. Isto corresponde ao Caso 1, sendo a corrente injetada

no aterramento igual a 0,83 A. A média dos valores desta corrente é de 0,72 A e o

desvio padrão é de 0,074.

Além disso, serão desprezadas as contribuições dos trechos de contrapeso

que estejam suficientemente distantes do ponto onde se situa o trabalhador. A

simplificação do arranjo é mostrada na figura 5.9.

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93

Figura 5.9 - Arranjo simplificado de um sistema de aterramento

permanente utilizado para cálculo da distribuição de potenciais no solo Fonte: Dados da pesquisa

5.5.2 Contrapeso

Os contrapesos são cabos enterrados no solo a uma profundidade variável de

20 centímetros a 1 metro, conectados aos pés ou base das estruturas das linhas de

transmissão (NOGUEIRA, 2002, p. 24).

A profundidade média da primeira camada de resistividade do solo no Estado

de Minas Gerais é de 6,4 metros (NOGUEIRA, 2002, p. 54). Em situações com esta

é razoável considerar-se a resistividade do solo constante para o cálculo da

distribuição de potenciais no solo nas proximidades da estrutura (local de trabalho),

desprezando-se a influência da segunda camada do solo. O valor da resistividade do

solo será o mesmo utilizado nas demais simulações, 2.400 Ωm.

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94

5.5.3 Tensão de Toque

A Tensão de Toque será a diferença entre elevação de potencial na estrutura

e o potencial no solo imediatamente abaixo dos pés do homem. O potencial no solo

devido a um condutor de comprimento l, transportando uma corrente I, num solo de

resistividade ρ, é dado pela equação 4.1 (SUNDE, 1968). Esta equação se aplica a

cada trecho do contrapeso, sendo o resultado final no ponto de interesse (figuras 5.9

e 5.10) obtido por superposição de efeitos.

( )[ ]( )[ ] 2/2/

2/2/log

2)(

2/1222)(

)(

2/1222)()(

),(

nn

nnnlyx

lxdylx

lxdylxl

IU

−+++−

+++++=

πρ

(4.1)

Onde:

U(x,y) = tensão no pé do eletricista devido a cada trecho l

Il(n) = corrente no trecho de contrapeso dada conforme equação 4.2

ρ = resistividade do solo,

l(n) = comprimento do trecho do contrapeso enterrado,

x = distância longitudinal do centro do contrapeso ao pé do homem

y = distância horizontal do centro do contrapeso ao pé do homem

d = profundidade do contrapeso, 0,5 m

Figura 5.10 - Arranjo de cada contrapeso para cálculo da distribuição de potenciais no solo

Fonte: SUNDE, 1968

d

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95

Foi considerado que a corrente injetada na estrutura se distribui

uniformemente no anel equalizador e contrapeso, e proporcionalmente ao

comprimento deste, conforme equação 4.2.

llI

I ntorrenl

)()(

×= (4.2)

Onde:

I torre = corrente na estrutura

Il(n) = corrente proporcional a cada trecho de contrapeso considerado

l(n) = comprimento do trecho do contrapeso enterrado

n = número do contrapeso conforme figura 5.9, sendo 1 a 6

l = comprimento total do contrapeso

A Tensão de Toque é dada pela equação (4.3):

∑−= ),( yxtorretoque UVV (4.3)

Onde:

Vtorre = elevação de potencial na estrutura

U(x,y) = tensão no pé do eletricista devido a cada trecho l(n)

A tabela 5.2 apresenta os valores calculados de tensão de toque em regiões

normais e durante um curto-circuito na LT 500 kV, e permite uma comparação dos

valores referentes aos limites de let-go e aos limites sem que haja fibrilação

ventricular.

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96

TABELA 5.2 Valores Calculados de Tensão de Toque

Condição

Operativa

Corrente na

Estrutura

(A)

Elevação de

Potencial na

Estrutura (V)

Tensão de

Toque

(V)

Queda de tensão máxima

permitida no homem no solo

(V)

Normal 0,83 3 40,2 33,0 16,0 1 / 50,0 2

Curto-circuito 16,6 496,9 361,0 496,5 (0,1 s) / 314,0 (0,25 s)1 referente ao limite de let-go. 2 referente ao limite sem que haja fibrilação ventricular.

Fonte: Dados da pesquisa

O valor encontrado para Tensão de Toque, devido à indução em regiões

normais, é considerado muito perigoso, por ser maior que o dobro do valor permitido,

visto que a diferença máxima de potencial que o homem pode ser submetido é de 16

V, em regime permanente, utilizando o limite de let-go. Por outro lado, utilizando o

limite de corrente sem que haja fibrilação ventricular, o valor encontrado não é

perigoso, pois está abaixo do valor permitido de 50 V.

Quanto ao valor encontrado para a Tensão de Toque devido ao curto-circuito,

não é considerado perigoso, quando o tempo de atuação da proteção for 0,1 s.

Entretanto, para tempos maiores de atuação da proteção, os valores encontrados

para a Tensão de Toque tornam-se perigosos por serem maiores que os limites

permitidos, conforme tabela 3.1.

Comparando os valores encontrados, utilizando como referência o limite de

let-go, as Tensões de Toque provocadas pela indução, em regime permanente, em

regiões normais são mais perigosas que as tensões provocadas por um curto-

circuito, pois apresentaram valores muito superiores ao permitido. Por outro lado,

3 Maior valor obtido correspondente à corrente injetada na estrutura no local de trabalho, devida à indução na LT de 138 kV provocada pela LT de 500 kV, na configuração com Aterramento Local sem o uso de Chaves de Aterramento, onde foi obtido o maior valor. Isto corresponde ao Caso 1, conforme Tabela 5.1.

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utilizando como referência o limite sem que haja fibrilação ventricular, tanto as

Tensões de Toque provocadas pela indução em regime permanente quanto as

Tensões de Toque provocadas por um curto-circuito não são perigosas.

5.6 Conclusões

Analisando os resultados para as três configurações simuladas, concluí-se

que o uso de apenas uma chave de aterramento em uma extremidade da linha de

transmissão, seja mais próxima ou mais distante do local onde o aterramento

temporário está instalado, provoca um aumento considerável nos valores de todas

as principais grandezas: tensão e corrente no homem, corrente na estrutura e

elevação de potencial na estrutura. Assim, este procedimento não é recomendado.

Pôde-se concluir que os valores de tensão e corrente no homem não são

considerados críticos em nenhuma das configurações de instalação do aterramento

temporário, pois, foram encontrados valores muito abaixo dos valores permitidos.

Além disso, pôde-se concluir que os eletricistas que estão no solo estão sujeitos a

um risco muito maior que os eletricistas que estão nas estruturas, sendo necessários

procedimentos adicionais de segurança, como isolamento do local de trabalho, por

exemplo, assim como concluíram vários autores (HARRINGTON, 1954; ATWATER,

P.; DEHAAN, J.; ROMERO, L., 2000; ATWATER, P.L.; DEHAAN, J.M.; ROMÁN, A.,

2001).

O Aterramento das Estruturas Adjacentes não é muito usual e não é

considerado seguro (FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A., 2008). São

necessárias duas escaladas a mais nas estruturas para a instalação dos

aterramentos, aumentando o risco de queda e tornando o trabalho menos produtivo

e mais demorado e cansativo para os eletricistas e, além disso, é necessário o dobro

de conjuntos de aterramento para a realização da manutenção.

O Aterramento Combinado também não é muito usual e não é considerado

seguro, além de serem necessárias duas escaladas a mais para a instalação dos

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aterramentos nas estruturas adjacentes e um conjunto de aterramento adicional para

o local de trabalho. Assim, esta configuração é a menos produtiva e mais onerosa

quando comparamos as três configurações possíveis de instalação dos

aterramentos temporários.

Conforme vimos no Capítulo 2, o Aterramento Local é o mais usual e

considerado o mais seguro, além das vantagens operacionais supra citadas, pôde-

se concluir que o Aterramento Local sem o uso das Chaves de Aterramento nas

subestações localizadas nas extremidades das linhas de transmissão apresentou os

melhores resultados nas simulações.

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6 CONCLUSÕES

6.1 Conclusões

Através das análises realizadas no capítulo anterior, ficou comprovada a

importância e a necessidade do uso do aterramento temporário nas intervenções em

linhas de transmissão desenergizadas.

Esta importância e necessidade fizeram com que o Ministério do Trabalho e

Emprego revisasse a norma NR-10, tornando obrigatório o uso do aterramento

temporário em qualquer instalação elétrica sob intervenção, com o intuito de reduzir

o número de acidentes no setor elétrico.

Através das simulações computacionais das configurações dos aterramentos

temporários de acordo com o local de sua instalação, pôde-se verificar qual é o

procedimento mais adequado e que proporciona maior proteção aos eletricistas,

tanto os que estão no solo, quanto os que estão na estrutura sob intervenção.

Pôde-se concluir que as chaves de aterramento nos terminais da linha são

desnecessárias para o aterramento temporário para linhas de transmissão de alta

indução (longos trechos de paralelismo), sendo que seu uso reduz a segurança dos

eletricistas no local de trabalho. Entretanto, para linhas com pequenos comprimentos

de paralelismo, o uso das chaves de aterramento deve ser analisado, pois neste

caso, seu uso não reduz segurança e, no caso de uma energização acidental,

garantirá a proteção ao eletricista.

Os resultados permitem concluir que a utilização do aterramento temporário

somente na estrutura em manutenção apresenta as condições de maior segurança

para o eletricista. Os potenciais e correntes resultantes quando do uso deste

procedimento estão dentro dos limites de normas quando o critério for o risco de

fibrilação ventricular, ultrapassando, no entanto, o limite de let-go.

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Dependendo dos critérios adotados pela concessionária, haverá a

necessidade de utilização de medidas de segurança adicionais na região próxima à

estrutura em manutenção. A utilização de um piso isolante evitará a exposição do

eletricista a uma situação que ultrapasse o nível de corrente let-go.

Conforme discutido, as concessionárias brasileiras não possuem critérios e

práticas uniformes em relação ao aterramento temporário de linhas de transmissão,

e de forma ainda mais negativa, algumas práticas aumentam o risco a que se expõe

o eletricista.

Assim, há necessidade de se concentrarem esforços no sentido de

uniformizar essas práticas e eventualmente normalizá-las.

6.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

• Desenvolvimento de um método para realização de ensaios dos conjuntos

de aterramento temporário, para verificar se estão em boas condições de

uso, principalmente conexões e pontos onde há o surgimento de

corrosão;

• Análise da proteção oferecida pelo conjunto de aterramento temporário

quando submetido à sobretensões e sobrecorrentes provocadas por

descargas atmosféricas;

• Análise do tipo de material, tratamento superficial, capacidade de

condução de corrente elétrica, etc., das cantoneiras que são utilizadas na

construção das estruturas metálicas, pois, estas são utilizadas como

ponto de conexão do aterramento temporário e condução de corrente

elétrica;

• Análise dos riscos a que os eletricistas que estão no solo estão expostos

e métodos para mitigação destes;

• Análise das configurações de aterramento temporário utilizados em redes

de distribuição urbana e rural.

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