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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Ensino de Ciências e
Matemática
Leandro Teles Antunes dos Santos
A PRODUÇÃO DE SIGNIFICADO DAS TRANSFORMAÇÕES LINEARES PLANAS
EM UM CURSO DE ENGENHARIA CIVIL: uma sequência didática com recurso
computacional associado a múltiplas representações.
Belo Horizonte
2013
Leandro Teles Antunes dos Santos
A PRODUÇÃO DE SIGNIFICADO DAS TRANSFORMAÇÕES LINEARES PLANAS EM
UM CURSO DE ENGENHARIA CIVIL: uma sequência didática com recurso
computacional associado a múltiplas representações.
Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática Orientador: Prof. Dr. Dimas Felipe de Miranda
Belo Horizonte
2013
Leandro Teles Antunes dos Santos
A PRODUÇÃO DE SIGNIFICADO DAS TRANSFORMAÇÕES LINEARES PLANAS EM
UM CURSO DE ENGENHARIA CIVIL: uma sequência didática com recurso
computacional associado a múltiplas representações.
Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática
Belo Horizonte, 16 de dezembro de 2013.
A Deus,
pela força incomensurável na execução diária da minha profissão;
a minha família,
pelo alicerce, apoio e carinho providenciais a cada passo da minha vida.
AGRADECIMENTOS
A Deus por me abençoar na realização deste trabalho.
Ao Professor Dimas Felipe de Miranda, pela paciência, conselhos profundos e
acima de tudo pela tranquilidade transmitida na execução deste estudo.
A todo corpo docente do Programa de Mestrado em Ensino de Matemática da
PUC Minas pelos saberes transmitidos ao longo do curso e pela amizade que fica
em cada reencontro.
Aos meus pais por serem referenciais de pessoas em minha vida e acima de
tudo incentivadores do meu crescimento pessoal e profissional.
As minhas irmãs por caminharem ao meu lado, mesmo muitas vezes eu
ficando ausente para dedicar-me a este trabalho.
Aos meus alunos que formaram uma equipe muito importante na execução
deste estudo.
Aos colegas de Mestrado pela troca de experiências e acima de tudo amizade
construída ao longo de dois anos trabalhando juntos.
Aos integrantes do PINEM e GRUPIMEM, grupos aos quais pertenço, pela
atuação em questionamentos para melhorar nossa prática pedagógica e apoiar
nossa pesquisa.
A todos que de alguma forma, direta ou indiretamente, contribuíram para que
este trabalho fosse executado.
“Há um tempo em que é
preciso abandonar as roupas
usadas, que já têm a forma do
nosso corpo, e esquecer os nossos
caminhos, que nos levam sempre
aos mesmos lugares. É o tempo da
travessia: e, se não ousarmos fazê-
la, teremos ficado, para sempre, à
margem de nós mesmos"
Fernando Pessoa (1888 – 1930)
RESUMO
Este trabalho aborda a produção de significado por meio de múltiplas
representações das Transformações Lineares Planas em um curso de Engenharia
Civil. O estudo objetiva responder a indagação resultante da dificuldade que os
alunos de Engenharia têm na abstração de conceitos de Transformações Lineares
Planas, e, ainda, como melhor redirecionar o ensino para que a aprendizagem seja
significativa e coerente à prática na Engenharia. Ele emerge como uma contribuição
para as práticas pedagógicas, analisando como uma sequência didática com auxílio
computacional pode ajudar na aquisição de novos saberes para os discentes,
fazendo com que o conteúdo de Transformações Lineares Planas desperte
significado e que este seja adquirido pelos alunos com o auxílio de múltiplas
representações. A importância do trabalho fundamenta-se na busca de embasar e
motivar o professor universitário à criação de materiais didáticos voltados para o
curso em que leciona, de modo que o aluno consiga visualizar em sua futura
profissão a importância do conteúdo matemático que é lecionado em sala de aula.
Utiliza-se o software GeoGebra como ferramenta tecnológica para a construção das
Transformações Lineares Planas, buscando alicerçar junto ao aluno teoria e prática,
culminando assim com a produção de significado pelos alunos. Mediante os
resultados obtidos, nota-se que a aprendizagem dos alunos de Engenharia Civil
converge para maiores produções de significado ao se utilizar o recurso das
múltiplas representações, fator este essencial na representação semiótica. As aulas
também tornaram-se mais motivadoras, gerando uma aprendizagem significativa e
interligada à futura profissão.
Palavras-chave: Transformações Lineares Planas. Matemática na Engenharia Civil.
Múltiplas representações.
ABSTRACT
This paper addresses the production of meaning through multiple representations of
Plan Linear Transformations in a Civil Engineering course. In order to answer the
resultant question concerned to the difficulty that students have in the concept
abstraction on Plan Linear Transformations and how to find a better way to redirect
their teaching so that learning is meaningful and a consistent practice in Engineering.
This study emerges as a source which aims to contribute to pedagogical practices,
analyzing how an instructional sequence with computational aid can help in the
acquisition of new knowledge to the students, making that the content of Plan Linear
Transformations may contain meaning and above all may be acquired by students
with the help of multiple representations. The importance of the work is based on the
search to ground and motivate the university professor in the search for the creation
of math materials aimed at the Engineering Course, so that the student can visualize
in his future profession the importance of the mathematical content being seen in the
classroom. We use the GeoGebra software as a technological tool for the
construction of Plan Linear Transformations, seeking to underpinne in the student
both theory and practice, thus leading to the production of meaning by students. As
results, we note that the learning of students of Civil Engineering converges to the
largest productions of meaning when using the feature of multiple representations,
this essential factor in semiotic representation. The classes also became more
motivating, by generating a significant and interconnected future professional
learning.
Keywords: Plan Linear Transformations. Mathematics in Civil Engineering. Multiple
representations.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Linha Cronológica da Álgebra Linear – Curso Introdutório.......................43
FIGURA 2 Representação em diagramas do conceito de Transformações
Lineares......................................................................................................................53
FIGURA 3 Reflexão do ponto A (2,4), em torno do eixo das abscissas.....................54
FIGURA 4 Reflexão do ponto A (2,4), em torno do eixo das ordenadas...................55
FIGURA 5 Reflexão do ponto A (2,4), em relação ao ponto origem..........................55
FIGURA 6 Reflexão do ponto A (2,4), em relação à reta de eq. y=x,........................56
FIGURA 7 Reflexão ponto A (2,4),em relação à reta de y=-x,...................................56
FIGURA 8 Dilatação na direção do vetor u, onde c=2 e contração na mesma direção
c’ = 1/3........................................................................................................................57
FIGURA 9 Dilatação e contração na direção das abscissas......................................58
FIGURA 10 Dilatação e contração na direção das ordenadas..................................58
FIGURA 11 Cisalhamento no eixo das abscissas c=2...............................................59
FIGURA 12 Cisalhamento no eixo das ordenadas c=2..............................................60
FIGURA 13 Rotação em torno da origem com 2
................................................60
FIGURA 14 Exemplo de tração e compressão na Engenharia Civil..........................62
FIGURA 15 Reflexão em torno do eixo x de dois pontos, mostrando alternância das
ordenadas...................................................................................................................67
FIGURA 16 Sondagem inicial.....................................................................................76
FIGURA 17 Início das atividades com auxílio de recurso computacional..................81
FIGURA 18 Execução das Transformações Lineares no Laboratório de
Informática..................................................................................................................82
FIGURA 19 Exemplo da atividade de Extrapolação...................................................84
FIGURA 20 Exemplo da atividade Relacionando ideias............................................88
FIGURA 21 Cisalhamento e rotação realizados pelos alunos...................................91
FIGURA 22 Dilatação e reflexão realizadas pelos alunos..........................................91
FIGURA 23 Correção da associação de imagens e ideias pelos alunos...................92
FIGURA 24 Socialização da atividade de Produção de Significado..........................95
FIGURA 25 Associação de termos e produção de significado para
Torção/Rotação..........................................................................................................96
FIGURA 26 Associação de termos e produção de significado para
Tração/Dilatação........................................................................................................97
FIGURA 27 Associação de termos e produção de significado para
Compressão/Contração..............................................................................................97
FIGURA 28: Associação de termos e produção de significado para
Cisalhamento..............................................................................................................98
FIGURA 29 Resposta 1 da aluna reprovada..............................................................99
FIGURA 30 Resposta 2 da aluna reprovada..............................................................99
FIGURA 31 Resposta 3 da aluna reprovada............................................................100
FIGURA 32 Resposta 4 da aluna reprovada............................................................100
FIGURA 33 Resposta 5 da aluna reprovada............................................................101
FIGURA 34 1ª Resposta do profissional 1...............................................................102
FIGURA 35 1ª Resposta do profissional 2...............................................................102
FIGURA 36 2ª Resposta do profissional 1...............................................................102
FIGURA 37 2ª Resposta do profissional 2...............................................................103
FIGURA 38 3ª Resposta do profissional 1...............................................................103
FIGURA 39 3ª Resposta do profissional 2...............................................................103
FIGURA 40 4ª Resposta do profissional 1...............................................................104
FIGURA 41 4ª Resposta do profissional 2...............................................................104
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Fichamento de NIETO; LOPES (2006)...................................................49
QUADRO 2 Fichamento de MAGGI; KRUGGER (2007)...........................................49
QUADRO 3 Fichamento de FRATELLI; MONTEIRO (2007).....................................49
QUADRO 4 Fichamento de PATRÍCIO; ALMEIDA (2011).........................................50
QUADRO 5 Fichamento de ROSA et al. (2009).........................................................50
QUADRO 6 Fichamento de TEIXEIRA et al. (2011)..................................................50
QUADRO 7 Fichamento de NIETO, SILVA; LOPES (2007)......................................51
QUADRO 8 Fichamento de DALMOLIN et al. (2012)................................................51
QUADRO 9 Fichamento de BRONDINO; BRONDINO (2012)...................................51
QUADRO 10 Fichamento de NOBRE (2012).............................................................52
QUADRO 11 Informativo dos objetivos e carga horária das atividades.....................75
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: Porcentagem de acertos da sondagem inicial – Turma A ................... 77
GRÁFICO 2: Porcentagem de acertos da sondagem inicial – Turma B .................... 78
GRÁFICO 3: Porcentagem de alunos que acertaram toda a sondagem incial ......... 79
GRÁFICO 4: Associação de Imagens e Ideias – Turma A ........................................ 93
GRÁFICO 5: Associação de Imagens e Ideias – Turma B ....................................... 94
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
C.S. - Coeficiente de segurança
CBC - Currículo Básico Comum
Etc. - Et cetera ("e os restantes" ou "e outras coisas mais")
H/a - Hora/aula
MTCS - Modelo Teórico dos Campos Semânticos
PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais
PUC-Minas - Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais
PUC-SP - Pontíficia Universidade Católica de São Paulo
UFPA - Universidade Federal do Pará
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 29 1.1 Importância do trabalho .................................................................................... 31 1.2 Delimitação do trabalho .................................................................................... 34 1.3 Estrutura do trabalho ........................................................................................ 34 2 A ÁLGEBRA LINEAR NA ESCOLA E NA HISTÓRIA ......................................... 36 3 A LITERATURA E AS TEORIAS ........................................................................... 46 3.1 Revisão Bibliográfica ........................................................................................ 46 3.1.1 Teses e dissertações – Transformações Lineares ...................................... 46 3.1.2 Artigos – Transformações Lineares ............................................................. 49 3.2 O Conceito e teoria de Transformações Lineares Planas ............................. 52 3.3 O Conceito de Transformações na Engenharia Civil ..................................... 61 3.4 Modelo Teórico dos Campos Semânticos (MTCS) ......................................... 63 3.5 Teoria de Semiótica e múltiplas representações ........................................... 66 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 69 4.1 Caracterização do universo .............................................................................. 69 4.2 Coleta de dados ................................................................................................. 70 4.3 Sequência didática ............................................................................................ 72 5 ANÁLISE DAS ATIVIDADES ................................................................................ 75 5.1 Atividade 01: Sondagem inicial ........................................................................ 75 5.1.1 Objetivos ......................................................................................................... 75 5.1.2 Descrição ........................................................................................................ 76 5.1.3 Análise da aplicação ...................................................................................... 77 5.2 Atividade 02: Transformações Lineares Planas com recurso computacional .................................................................................................................................. 80 5.2.1 Objetivos ......................................................................................................... 80 5.1.2 Descrição ........................................................................................................ 80 5.1.3 Análise da aplicação ...................................................................................... 83 5.3 Atividade 03: Transformações Lineares Planas e Esforços Estruturais ...... 91 5.3.1 Objetivos ......................................................................................................... 91 5.3.2 Descrição ........................................................................................................ 91 5.3.3 Análise da aplicação ...................................................................................... 92 5.4 Atividade 04: Justificando Associações ......................................................... 94 5.4.1 Objetivos: ........................................................................................................ 94 5.3.2 Descrição ........................................................................................................ 94 5.3.3 Análise da aplicação ...................................................................................... 95 5.4 Análise dos questionários de pesquisa ......................................................... 98 5.4.1 Questionário aplicado à aluna reprovada na disciplina de Álgebra Linear .................................................................................................................................. 98 5.4.2 Análise dos questionários dos profissionais da Construção Civil ......... 101 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 105
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 108 APÊNDICE .............................................................................................................. 113
29
1 INTRODUÇÃO
A Matemática ao longo dos anos tem sido mitificada com relação ao
conhecimento. Acreditava-se que somente pessoas bem dotadas intelectualmente
eram capazes de compreender tal disciplina. Desse modo, grande parte dos alunos
passa pelo sistema educacional sem aprender, verdadeiramente, o sentido da
Matemática. A vida escolar de muitos alunos restringe-se a emaranhados de
fórmulas que muitas vezes se tornam sem sentido para eles.
O autor dessa presente Pesquisa, licenciado em Matemática em 2005, com
dez anos de experiência como professor dos ensinos Básico e Superior, tem se
preocupado, observado e questionado o processo de ensino/aprendizagem das
disciplinas da área de Matemática.
A dificuldade apresentada por muitos estudantes no estrito sentido de
aprender esta disciplina não se deve, necessariamente, a uma incapacidade por
parte deles. O problema da não aprendizagem pode estar ligado aos professores, à
escola, ao biofísico e psicológico dos estudantes, ou aos métodos e recursos
utilizados pelos professores, que, muitas vezes tornam-se obsoletos e dissociados
da realidade, não despertando, assim, o interesse dos alunos ao ato de “aprender”.
No momento atual, discutem-se muito as metodologias e didáticas aplicadas
ao ensino da Matemática. Quando é pensado este tema, surgem diversas questões
que permeiam o imaginário e a realidade escolar, tais como mitos e estereótipos da
Matemática. O professor como ser mediador do conhecimento necessita refletir
sobre estas questões de modo a executar um trabalho significativo ao longo de sua
carreira docente.
Percebe-se que as metodologias tradicionais, empregadas com muita
frequência no ensino da Matemática, não têm acompanhado o desenvolvimento
tecnológico da sociedade, exigindo dos alunos excessos de técnicas operatórias
sem justificativas das mesmas. Um fato que merece destaque é a memorização de
regras em momentos diversos e acaba por não levar em conta os conhecimentos e
as experiências acumuladas pelos alunos em sua vida extraescolar. Além disso,
prioriza o desenvolvimento dos conteúdos de forma linear, promove uma
desvinculação da Aritmética, Álgebra e Geometria, e de certa forma não enfatiza o
desenvolvimento do raciocínio lógico e do bom senso.
30
Com tantas limitações, o aluno torna o ato de realizar exercícios em algo
mecânico e sem uma análise prévia. O surgimento da Matemática esteve sempre
ligado à necessidade que o homem tem de buscar soluções para desenvolver
problemas cotidianos. Por isso, autores como Anton & Busby (2008) e Lins (1993),
entre outros, comungam da ideia de que o ensino da Matemática deve ser dinâmico
e também que possa contribuir para o desenvolvimento da capacidade de resolver
problemas, validar ou refutar soluções e tomar decisões e raciocinar logicamente.
Mas, tratando-se da aquisição do conhecimento, é necessário compreender o
que é ensino. Para análise desta palavra é necessário compreender a
aprendizagem. O ensino e a aprendizagem são processos tão antigos quanto à
própria humanidade. Com o passar do tempo, o ensino e a aprendizagem adquiriram
cada vez mais importância. Por isso, muitas pessoas começaram a se dedicar
exclusivamente a tarefas relacionadas com o ensino, especializando-se nesta área
da Educação. No caso da Matemática, o ramo de destaque é a Educação
Matemática.
Uma constatação precisa ser analisada neste momento: não é só nas
instituições de ensino que se aprende ou que se ensina. Em casa, na rua, enfim, em
todos os ambientes encontra-se a Matemática e, portanto, pode-se aprender
conteúdos, porém sem a formalização e o emprego de tantas fórmulas como se
constata no ensino de Matemática.
Hoje, mais do que nunca, é necessário ter uma atitude indagadora sobre tudo
o que se relaciona com a educação. Compreendendo melhor o conceito etimológico
de ensino, segundo Nunes (1979), ensinar é “colocar para dentro”, “gravar no
espírito”. De acordo com este conceito, ensinar é gravar as ideias no âmago do
aluno. Nesse caso, o método de ensino que tem prevalecido no meio acadêmico é o
uso da repetição de exercícios para fixação dos mesmos.
Desse conceito, as ideias tradicionalistas fizeram seu altar e concluíram que
ensinar é transmitir conhecimentos, tendo como método de ensino aulas expositivas
e explicativas. Esta tem sido a postura de milhares de professores ao longo dos
anos, falando em sala de aula tudo o que sabem sobre determinado assunto e os
estudantes reproduzem o que estes lhes disseram. Esse tipo de ensino passou a
receber críticas, dando origem a um novo conceito de ensino conforme Yves de La
Taille (1997) comenta: “Em uma palavra, conhecer é conferir sentido, e esse sentido
31
não está todo pronto e evidente nos objetos do conhecimento: ele é fruto de um
trabalho ativo de assimilação.” (p.21)
A aprendizagem, por sua vez, não é apenas um fenômeno para aquisição e
assimilação de novos padrões e formas de perceber, ser, pensar e agir. Assim, a
aprendizagem provoca mudança de comportamento, gera transformações no sujeito,
nas suas maneiras de pensar, agir e sentir.
A Matemática, enquanto ciência, se divide em várias ramificações como
Aritmética, Estatística, Probabilidade, Análise, Álgebra dentre tantas mais.
A Álgebra Linear, objeto de estudo nessa Dissertação, sempre esteve ligada a
múltiplas disciplinas, ela fundamenta e é ferramenta em disciplinas da Matemática e
de outras áreas do conhecimento. Desse modo, a importância dada à Álgebra Linear
e as pesquisas sobre seu ensino-aprendizagem decorrem da crescente demanda
por essa disciplina em diversas áreas do saber.
O presente estudo, de forma mais delimitada, objetiva responder à indagação
culminante das dificuldades que os alunos de Engenharia têm na abstração de
conceitos de Transformações Lineares e, ainda, como melhor redirecionar o ensino
para que a aprendizagem seja significativa e coerente à prática na Engenharia Civil.
Este trabalho emerge como uma fonte que almeja contribuir para as práticas
pedagógicas e para a reflexão sobre quais saberes estão sendo incorporados pelos
docentes sobre o ensino de Álgebra Linear e como uma sequência didática, com
auxílio computacional, pode ajudar na aquisição de novos saberes para os
discentes, fazendo com que o conteúdo de Transformações Lineares contenha
significado e que este seja adquirido pelos alunos, com o auxílio de múltiplas
representações.
1.1 Importância do trabalho
A importância desse trabalho de pesquisa está na busca de embasar e
motivar o professor universitário na criação de materiais matemáticos voltados para
o curso em que leciona, de modo que o aluno consiga visualizar em sua futura
profissão a importância do conteúdo matemático que está sendo tratado em sala de
aula. No caso desse trabalho, o foco será no estudo de Transformações Lineares.
Consoante com as ideias de Celestino (2000), o ensino de Álgebra Linear foi
expandido e implantado a todas as Ciências Exatas, porém, seu uso fica restrito a
32
mecanizações de conceitos que muitas vezes estão distantes da aprendizagem dos
alunos. Percebe-se que os alunos de Álgebra Linear possuem grande dificuldade à
medida que o curso avança em conteúdos cada vez mais abstratos.
Enquanto estudam Matrizes, Determinantes, Sistemas Lineares e Vetores,
conseguem acompanhar bem os estudos, uma vez que as representações dos
mesmos são pautadas em convenções geométricas ou figurativas, fato que torna o
ensino mais interessante e estimulador. Ao inciar-se conteúdo de Espaços Vetoriais,
as abstrações são cada vez maiores e tendo em vista que a formação algébrica na
Educação Básica tende a ser resumida ou muitas vezes não lecionada, surgem
então dificuldades na retenção e no trabalho com conteúdos mais abstratos. Tendo
em vista a dificuldade em representar as abstrações, o conteúdo muitas vezes torna-
se obsoleto e ligado a mecanicismos que não são entendidos pelos alunos.
O autor Coimbra (2000) em sua Dissertação aborda alguns aspectos
problemáticos no Ensino-Aprendizagem de Álgebra Linear divididos em três
categorias: natureza ontogenética, natureza didática ou de natureza epistemológica.
Nos obstáculos de natureza ontogenética encontram-se as razões pelas quais
muitos alunos se distanciam da aprendizagem em Álgebra Linear: questões
neurofisiológicas que os limitam a aprender ou até mesmo a idade cronológica que
poderia estar diversificada da idade mental para a aquisição de tal conhecimento.
A natureza didática ou epistemológica refere-se à forma como é lecionado o
conteúdo e o modo que os alunos o adquirem, muitas vezes sentindo-se perdidos
em relação a tópicos que são desprezados no ensino, porém, muitas vezes fazem
parte da sequência linear de compreensão do conteúdo. Como tal conjunto é
fundamental no prosseguimento dos estudos, necessita-se de uma aprendizagem
significativa e que realmente fundamente os alunos para possíveis usos em demais
disciplinas.
Conforme Oliveira (2002) enuncia em sua dissertação é preciso construir
significados para a noção de Transformação Linear em Álgebra Linear. As
Transformações Lineares, segundo Anton & Busby (2008) são aplicações que
possuem um núcleo definido e imagem em Espaços Vetoriais, onde as operações
de soma e multiplicação por escalar são satisfeitas. Assim, é preciso que a
abordagem matemática dada às Transformações Lineares ultrapasse o conceito de
apenas memorizar fórmulas, mas que seja vivenciado e repensado pelos alunos,
33
não como um emaranhado de regras, mas com uma aplicação dos conceitos já
estudados ao longo de sua vida educacional.
A Teoria dos Campos Semânticos trabalha com a produção de significados
em relação a um núcleo, porém o núcleo não é uma acumulação de estipulações
locais, nem existente durante a atividade, ele é constituído durante a própria
atividade gerando significação para o aluno como declara Lins (1999).
Agregando conhecimento ao Ensino de Transformações Lineares, a
conceituação de registros semióticos visa fundamentar e consolidar as didáticas em
Álgebra Linear de modo que as múltiplas representações sejam estendidas na
aprendizagem algébrica conforme Duval (2009) explicita: “A particularidade da
aprendizagem das matemáticas considera que essas atividades cognitivas requerem
a utilização de sistemas de expressão e de representação além da linguagem
natural ou das imagens.” (p.13).
De modo geral, esta Pesquisa delimitou, como objetivo, elaborar uma
sequência didática sobre Transformações Lineares, com uso computacional do
software GeoGebra1. Como modelo padrão para criar a sequência didática foram
adotadas as ideias de Laudares et al (2013) na organização das atividades. Tal
sequência foi aplicada em turmas de Engenharia Civil e analisadas a percepção e a
representação que os alunos fazem das abstrações contidas nas Transformações
Lineares.
Após aplicação da sequência, fez-se a análise das atividades, que foram
categorizadas, classificadas de forma sistemática, codificadas (técnica operacional
de categorização) e tabuladas (disposição dos dados de forma a verificar as inter-
relações). Esta análise categórica possibilita maior clareza e organização, segundo
Fiorentini & Lorenzato (2006) e Menga & André (1986), gerando ao término de todo
o processo um produto didático (Caderno de Atividades) para uso em aulas sobre
Transformações Lineares.
A partir disso, ao refinarem-se os objetivos, o trabalho apresenta foco
específico nos seguintes itens:
1 Criado por Markus Hohenwarter para ser utilizado em ambiente de sala de aula. O projeto foi iniciado
em 2001, na Universität Salzburg, e atualmente prossegue em desenvolvimento na Florida Atlantic University. A versão utilizada nesse trabalho é a 4.2 Beta Release.
34
a) Pesquisar como as Transformações Lineares da disciplina Álgebra Linear
podem adquirir representações e visibilidade em cursos de Engenharia Civil.
b) Criar uma sequência didática em que o conceito e linguagem das
Transformações possam ser gradualmente compreendidos.
c) Conceber situações em que conteúdos de Transformações Lineares sejam
associados pelos alunos à área da Engenharia Civil.
1.2 Delimitação do trabalho
O trabalho limita-se a criar uma sequência didática, com recurso
computacional, de modo que os alunos do curso de Engenharia Civil possam
verificar, na prática, a associação e aplicação das Transformações Lineares, de
acordo com seu nível de estudo, e apropriar-se das ideias desta com produção de
significado da teoria lecionada em sala de aula.
1.3 Estrutura do trabalho
Esta dissertação apresenta fundamentos teóricos relacionados ao ensino de
Transformações Lineares dentro de um curso de Engenharia Civil com a criação de
uma sequência didática com recurso computacional possibilitando uma
aprendizagem mais facilitadora permitindo assim a visualização geométrica das
Transformações Lineares Planas. Propicia ainda uma melhor aplicação do conteúdo,
com conhecimento diferenciado e instituição da autonomia discente na idealização
de sua aprendizagem, culminado em uma melhor formação e aplicação do conteúdo
na futura profissão de engenheiro. Adotou-se as Transformações Lineares Planas
como objeto de estudo pelo fato de que a Engenharia Civil trabalha com desenhos
em cortes, e desse modo, a base inicial para um primeiro curso de Álgebra Linear
seria a produção de significado das Transformações Lineares e os Esforços na
Construção Civil.
O primeiro capítulo é constituído por essa Introdução, a qual discorre sobre os
pontos mais relevantes do corpo do trabalho e busca familiarizar o leitor sobre a
proposta principal.
O segundo capítulo, a Álgebra Linear na Escola e na História, remonta uma
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linha histórica do ensino da Álgebra Linear e conduz o leitor a situar-se no panorama
histórico da execução de tal disciplina como ramo da Matemática
O terceiro capítulo, cuja denominação é a Literatura e as Teorias, apresenta
uma revisão bibliográfica pertinente ao tema e busca alicerces teóricos educacionais
para fundamentação do Ensino de Álgebra Linear, mais precisamente de
Transformações Lineares.
O capítulo quatro apresenta os procedimentos metodológicos para validação
do trabalho.
O quinto capítulo apresenta a sequência didática criada, bem como a análise
da execução pelos alunos de modo a refutar e demonstrar o uso através dos objetos
traçados e descrição detalhada de cada tópico.
O último capítulo apresenta as considerações finais, em que o autor relata as
considerações mais relevantes, as ideias mais evidentes durante o estudo e aponta
possíveis pesquisas que abordem o tema Transformações Lineares e o processo de
ensino da Matemática.
36
2 A ÁLGEBRA LINEAR NA ESCOLA E NA HISTÓRIA
A Educação vive tempos conturbados, pois a qualidade educacional continua
insatisfatória. Alunos que são aprovados sem os conhecimentos necessários para
avançar nos estudos, professores desiludidos com os salários e a profissão, as
condições precárias das escolas, enfim, uma série de fatores que existem e
apresentam uma educação em crise.
Acreditar numa Educação de qualidade é ainda uma crença que impulsiona
muitos educadores a persistirem nesta jornada. Assim, eles almejam que o
surgimento de inovações nesta profissão é uma das soluções para a crise que a
educação tem passado. A humanidade transforma sua cultura e adquire
conhecimento ao longo da sua vida, criando assim seus valores e conceitos. Desta
forma, Cortella (2000) afirma que os valores que são criados produzem uma
“moldura” na existência individual e coletiva, enquadrando os pensamentos e
situando-os em uma visão de mundo que informe os conhecimentos e conceitos
adquiridos.
O modo como a Matemática é ensinada necessita ser mudado, conforme
declara Machado (1999); uma vez que pode ser notada a forma como tal conteúdo é
trabalhado de maneira pontual, extremamente individualizada e dogmática,
desvinculando-se da aprendizagem cognitiva. As práticas de sala de aula, em
grande parte do tempo, tomam como base os livros didáticos, muitas vezes tendo
sua qualidade questionada.
Tratando-se, por exemplo, da aprendizagem algébrica muito se tem a
comentar. Compreender o significado das variáveis significa, num extremo, que o
aluno consiga obter significado para as equações e situações que relacionam
determinadas representações, que consiga analisar a dependência existente entre
elas, estabelecendo relação entre as diversas formas de exibição dessa
dependência, seja por meio da escrita abstrata ou através da escrita geométrica: um
gráfico, um diagrama, ou até mesmo por meio de uma sentença escrita na
linguagem comum. Essa descrição refere-se, na verdade, aos objetivos do estudo
da Álgebra.
A Álgebra está relacionada com a compreensão do significado de várias
operações que realizamos com elas. O ponto de partida desse estudo, de fato, vem
desde as primeiras séries do ensino fundamental, quando o aluno começa a
37
manipular números em operações de adição, multiplicação, etc. Mais tarde, é
estimulado a perceber que é possível aplicar às letras (variáveis) os mesmos
critérios utilizados para os números. Vivenciando este processo de generalização, o
estudante passa a incorporar as regras obedecidas pelas manipulações algébricas.
Ao longo da jornada estudantil, os alunos são instigados em uma formação
generalista, onde se aprende um pouco de vários conteúdos em cada série/ano e ao
final de todo o processo da Educação Básica tem-se a verificação através de testes
e simulações para o Ensino Universitário, entendendo-se que ao efetuarem uma
determina quantificação nestes o aluno torna-se apto para Ensino Superior.
Segundo Machado (1999), conhecer é cada vez mais conferir o significado. No que
tange à Educação Básica, os alunos são aprovados, muitas vezes sem realmente
produzir significado dos conteúdos aprendidos.
O autor Monroe (1978) declara que com a Escola Nova, o eixo da questão
pedagógica passa do intelecto para o sentimento, ou seja, do aspecto lógico para o
psicológico, da quantidade para a qualidade. Nesta perspectiva ensinar passa a ter
ideia de criar condições de aprendizagem. O importante não é executar atividades,
mas, aprender a aprender. O professor passa a ser o estimulador e orientador da
aprendizagem.
Na Educação Básica, a cultura escolar é declinada para os valores
acadêmicos tradicionais, ou seja, a estrutura educacional é feita para um
cumprimento do conteúdo e não para uma maior aprendizagem dos alunos. Os
Currículos e os Projetos Políticos Pedagógicos fixam os conteúdos, carga horária e
os alunos são obrigados a “aprendê-los” para que a assimilação seja quantificada
com a aprovação em instituições de Ensino Superior.
O que nota-se nos meios universitários é que tal pensamento anda muito
distante da realidade vivenciada. Tal nível de ensino demanda dos alunos um
“pensar abstrato” e também visa o domínio dos fundamentos das disciplinas
aprendidas na Educação Básica no que se referem à sua profissão. Ao longo do
caminhar discente, muitos conteúdos são tratados sem o foco necessário e não
alicerçam a base que é demandada aos alunos. Assim, dentro das Ciências Exatas
ocorre uma grande reprovação em diversas disciplinas universitárias pela falta de
domínio dos pré-requisitos para o estudo destas. Inúmeros fatores cooperam para
que a cada ano tal realidade se comprove ascendentemente como, por exemplo, a
38
imaturidade dos alunos em séries básicas como 7ª série/8º ano. Nesta fase o
algebrismo matemático surge com uma ênfase incomensurável nos estudos. Alia-se
a este fato professores que muitas vezes mecanizam o ensinar matemático, gerando
apenas repetições de exercícios e não uma produção de significado para os alunos.
O “não aprender” a cada ano na disciplina de Matemática gera no aluno contínuas
defasagens que ao longo de seu caminhar discente romperão em grandes
reprovações nas universidades.
Muitas disciplinas no Ensino Superior são temidas pelos alunos. O Cálculo é
considerado a disciplina mais amedrontadora, não pela sua dificuldade, mas pelo
fato de que os pré-requisitos não foram estudados ou não tiveram uma produção de
significado para os alunos ao longo da Educação Básica. A Álgebra Linear
ultimamente recebe status da disciplina de Cálculo, uma vez que os níveis de
reprovação aumentam maciçamente, segundo Fratelli e Monteiro (2007). Álgebra
Linear é um ramo da Matemática que surgiu devido ao estudo detalhado de
equações lineares, podendo estas se apresentarem algebricamente ou
diferencialmente. Tal disciplina utiliza-se de conceitos estruturais que são
fundamentos da Matemática, podendo citar: Matrizes, Vetores, Sistemas de
Equações Lineares, Espaços Vetoriais e Transformações Lineares.
A formação em Álgebra Linear dos futuros engenheiros é indispensável, uma
vez que os conteúdos desta encontram-se ligados aos da Matemática Básica e
também aos específicos de cada curso. O mercado de trabalho demanda a
formação cada vez mais apurada de profissionais e nesse sentido tal disciplina
corrobora com a abstração e manipulação de diversos objetos que um engenheiro
necessita adquirir ao longo de sua formação.
Apesar das bases da disciplina de Álgebra Linear darem-se na Educação
Básica, o currículo Matemático varia de uma região para a outra dependendo da
demanda. O uso da Álgebra formal, propriamente dita, inicia-se através da notação
de variáveis no sétimo ano da Educação Básica. As incógnitas são apresentadas
sob a forma comumente empregada de x, y, z para que o aluno resolva equações,
inequações, sistemas e empregue sua utilidade em questões de razão e proporção.
Até esse tempo, a Álgebra ainda torna-se aliada dos estudos. O nível de abstração
aumenta, porém, os alunos tendem a interessar-se em resolver problemas diversos
com o apoio da teoria aprendida em sala de aula. No oitavo ano é que pode notar-se
39
o afunilamento do gargalo algébrico para a aprendizagem discente. Com tantas
fórmulas para fatorar e simplificar polinômios, utilizar produtos notáveis, frações
algébricas, operações com monômios e polinômios, o aluno cerca-se de uma
abstração enorme, muitas vezes vazia de significado e lançada apenas para cumprir
um currículo extenso da Matemática.
As abordagens tradicionais têm como pressuposto que a Matemática é uma
matéria que deve ser interiorizada pelos “alunos, que abstração é a mesma coisa
que simbolização, e que a interiorização deste conhecimento é melhor
empreendida com exercícios individuais e informações vindas do professor e dos
objetos em si.”(KAMII; DECLARK, 2001, p.15, grifo do pesquisador)
Ao longo do nono ano, com o uso das noções iniciais de funções, os alunos
se veem totalmente abarcados em formulações e ficam sem motivação para a
Álgebra, depois de no ano anterior (oitavo ano) serem tradicionalmente “treinados” a
exercer a abstração algébrica.
O primeiro ano do Ensino Médio chega como uma ponte para elevar ainda
mais o pensamento algébrico. O pré-cálculo universitário é todo distribuído em uma
única série. Infelizmente, o nível de abstração dos alunos nesta idade ainda é
imaturo, o que reflete na grande defasagem de Cálculo no ensino Universitário. Para
o aluno entender funções inversas, compostas, definidas por várias sentenças,
comportamento gráfico de funções e operações básicas das funções é uma
dificuldade constante. Isso explica em parte, o grande número de reprovações que
acontece no primeiro ano do Ensino Médio, conforme descreve Machado (1999).
A base nacional se mantém a mesma até a 8ª série/9º ano conforme os PCNs
(Parâmetros Curriculares Nacionais) demandam. No Ensino Médio, mais
precisamente no 2º ano, ocorre uma ruptura da base em Álgebra Linear. Algumas
instituições não priorizam o ensino de Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares.
Tudo fica relegado a segundo plano. É priorizado o ensino de Geometria e
Progressões Aritméticas e Geométricas. Desse modo a Álgebra Linear no Ensino
Superior já encara baixas habilidades dos alunos, propiciando uma mitificação do
conteúdo no contexto educacional. Isso ocorre pelo fato de muitos Estados se
organizarem em torno de um CBC (Currículo Básico Comum), onde o Estado tem a
liberdade de definir quais conteúdos serão priorizados no ensino.
Analisando assim o ensino da Álgebra atualmente, torna-se necessário um
40
novo repensar da disciplina enquanto conteúdo e formadora de cidadãos. Muitas
vezes tem sido lecionada em salas de aula apenas como um conteúdo de fórmulas,
mas deve ser encarada como uma disciplina viva e que se relaciona com o mundo.
Tal conteúdo está presente em todos os momentos, em cada ação humana, mas,
pelo fato de ser ensinada apenas de forma tradicional é ligada à memorização e
repetição de fórmulas. É preciso relacionar a Álgebra também com o cotidiano e
fazer dela um estudo prazeroso. Para se aprender esta disciplina precisa-se com
certeza de direcionamento e demonstração da aplicação prática em um primeiro
momento. No desenvolver dos estudos pode-se encaminhar para a abstração da
verdadeira Matemática: não apenas aquela dos livros didáticos, mas, também a que
se usa no dia a dia. Para se aprender a Matemática, não se precisa de muito,
necessita-se da realidade de transpor o papel conteudista e visualizar a aplicação
cotidiana desta disciplina.
As crescentes necessidades do uso da Álgebra Linear em áreas aplicadas
associaram o uso desta disciplina com computadores em cursos de Graduação. No
passado, o que prevalecia no ensino dela era a forma abstrata do conteúdo, muitas
vezes as aplicações e importâncias desta eram relegadas a segundo plano. O alto
nível de abstração com que esta disciplina era ministrada impedia o entendimento
de grande parte dos alunos, principalmente dos fundamentos, o que dificultava a
utilização em disciplinas futuras do curso.
No Ensino Superior, geralmente, o conteúdo básico de Álgebra Linear inicia-
se com Matrizes que são organizações matemáticas em tabelas, onde linhas e
colunas descriminam os elementos. Segundo Milies (2011), o nome matriz surgiu
através do matemático inglês James Joseph Sylvester (1814 – 1897) em 1850
dando a idéia do significado coloquial de matriz que é “local onde algo se gera ou
cria”, tendo ampla divulgação pelo seu amigo Arthur Cayley (1821 - 1895), com sua
famosa obra Memoir on the Theory of Matrices, editada em 1858, desvinculando as
matrizes dos determinantes e dando a elas tratamento externo do determinante.
No conteúdo são vistas as operações matriciais, representação de Sistemas
na forma matricial e Grafos, teoria esta que, segundo Boyer (2012), iniciou-se com o
matemático suíço Leonhard Euler(1707-1783), que utilizou tal teoria para resolver
um problema que lhe foi proposto em meados do século dezoito pelos dirigentes da
cidade de Konigsbergl, localizada na Prússia (atualmente é a cidade de Kalinigrado,
41
na Rússia). O problema consistia em determinar, se possível, como um cidadão da
cidade poderia fazer um passeio passando pelas sete pontes que cortam o rio
Pregel uma única vez e voltar ao ponto de partida, sabendo que ao cortar a cidade
este rio define uma ilha. Euler montou a solução através de grafo e provou que este
passeio era impossível de acontecer.
Ligado ao tema Matrizes, encontram-se os Determinantes que é uma função
matricial associando a cada matriz quadrada um escalar; associando essa matriz em
um número real. Embora manuscritos chineses apontem a aparição de Matrizes e
Determinantes no século II a.C., Ronney (2012) cita que em 1683, o japonês Seki
Kowa lança, a ideia de determinante sendo um polinômio que se associa a um
quadrado de números. A formalização de Determinantes só ocorreu em 1693 em
uma carta do matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646 – 1716) enviada
ao matemático francês Guillaume François Antoine, Marquês de l'Hôpital (1661 –
1704), conforme descreve Milies (2011). Comumente são lecionadas neste tema as
propriedades, equações e inequações com Determinantes.
Em seguida, o conteúdo de Sistemas Lineares enfatiza a solução de sistemas
de “n” variáveis por meio do escalonamento. Consoante com as ideias de Boyer
(2012), a regra de Cramer foi popularizada pelo matemático Gabriel Cramer (1704-
1752) na sua publicação de 1750 intitulada Introduction à l’analyse des lignes
courbes algébriques, o que culminou na associação do método ao seu nome.
Introduz-se também neste conteúdo a metodologia da eliminação Gaussiana. Ao
contrário do que muitos pensam, a eliminação gaussiana não aconteceu inicialmente
com Carl Friedrich Gauss (1777 - 1855). No livro chinês Nove Capítulos de Arte
Matemática, com data aproximada de 200 a.C. aparece uma versão desta
eliminação de forma rudimentar, porém bem assemelhada ao método desenvolvido
por Gauss. O princípio para que Friedrich desenvolvesse a eliminação foi a ideia de
calcular as possíveis posições celestiais para que o planeta Ceres pudesse
aparecer. Através de dados limitados e utilizando mínimos quadrados e a
eliminação, Gauss conseguiu prever e comprovar com pequenos erros a posição de
Ceres. Com o passar dos anos o engenheiro alemão Wilhelm Jordan (1842 - 1899)
popularizou esse método e o divulgou em seu livro Handbuch der
Vermessungskunde datado de 1888. Apesar de estes conteúdos serem tópicos
básicos do Ensino Médio, com a defasagem que muitos alunos chegam às
42
universidades, torna-se necessário uma explicação dos mesmos; o que demanda
tempo e muitas vezes consome boa parte da carga horária da disciplina.
O conteúdo de Determinante segue a mesma linha, apresentando operações
com Determinantes, focando principalmente na regra de “Sarrus”, divulgada por
Pierre Fréderic Sarrus (1798 – 1861). O termo determinante também foi introduzido
por Gauss em 1801 que o utilizou para determinar as propriedades de certos tipos
de funções, segundo Ronney (2012).
Vetores comumente usados na Física são também apresentados nesta
disciplina, focando mais o tratamento no Espaço n-Dimensional. Como este
conteúdo é também visto em Geometria Analítica, torna-se desnecessário a
enfatização alongada do mesmo. Até o conteúdo citado anteriormente, os alunos
conseguem se sobressair bem na disciplina de Álgebra Linear, uma vez que o
conteúdo é mais concreto, possibilitando cálculos mais próximos da realidade dos
mesmos.
À medida que se avançam nas abstrações, os alunos são compelidos a
visualizar determinados tópicos nunca antes vistos que precisam ser entendidos,
muitas vezes sem o uso de formulações concretas. Neste momento, introduz-se o
conteúdo de Espaços Vetoriais que levarão ao aluno conceitos como dependência e
independência linear, subespaços vetoriais, base e dimensão. De acordo com Milies
(2011), o italiano Giuseppe Peano (1858-1952) foi o primeiro a definir
axiomaticamente o espaço vetorial em meados de 1888, porém a teoria do espaço
vetorial só desenvolveu-se após 1920. O uso dos termos linearmente independente
e linearmente dependente foram iniciados através de Maxime Bôcher (1867-1918)
em seu livro Introduction to Higher Algebra cuja publicação se deu no ano de 1907.
O Matemático George William Hill (1838-1914) foi quem publicou em um artigo
científico de 1900 sobre o movimento planetário o termo combinação linear.
Como já mencionado anteriormente, a abstração é importante na formação de
profissionais das Ciências Exatas, uma vez que sempre trabalharão com múltiplos
olhares em suas profissões. Com a introdução das ideias abstratas, os alunos
deverão mudar profundamente sua forma de raciocinar. Nota-se então a importância
de que os conteúdos do Ensino Superior sejam propiciadores em elencar e construir
uma ponte entre a futura profissão e o estudante.
As Transformações Lineares aumentam ainda mais o nível da abstração; pois
43
demonstram aos alunos as variadas transformações que funções, matrizes, vetores,
polinômios e outros corpos podem ter. Neste mesmo conteúdo base e dimensão são
lecionados com uma gama extensa de teoremas, o que muitas vezes torna o ensino
enfadonho e sem motivação para os alunos.
A Diagonalização de Matrizes incorpora ao conteúdo a noção de autovalores
e autovetores, polinômio mínimo e polinômio característico. O termo autovalor é
introduzido em 1904 pelo matemático alemão David Hilbert (1862-1943) em seus
estudos de equações integrais e mais tarde aplicando a teoria nos estudos de
matrizes, conforme Milies (2011) descreve.
As datas foram citadas para demonstrar que a formação da Álgebra Linear,
enquanto ramificação matemática, aconteceu mais precisamente nos séculos XIX e
XX, em que a maior parte dos estudiosos desenvolveram teoremas e
fundamentaram grandemente os alicerces deste segmento de ensino. Até então não
havia teoria ou um conjunto de regras bem definidas cuja nomenclatura fosse
Álgebra Linear. Apesar de que, em meados dos séculos XVII e XVIII, os
matemáticos começarem a buscar um sistema de representação geométrica, foi
através destes estudos que perceberam aplicações em outros campos científicos.
No esquema abaixo, pode-se notar mais claramente a evolução da Álgebra
Linear através da difusão dos conteúdos estudados até Diagonalização de Matrizes,
objetivos de um curso introdutório presente na maior parte das universidades onde é
lecionada esta disciplina.
Figura 1 - Linha Cronológica da Álgebra Linear – Curso Introdutório
Fonte: Elaborada pelo autor
Com o intuito de demonstrar a importância das Transformações Lineares
dentro da disciplina de Álgebra Linear, torna-se necessário utilizar uma gama de
44
recursos para atrair o interesse dos alunos atualmente, tendo em vista que o novo
perfil dos estudantes cobra dos docentes aulas cada vez mais aplicadas. Os
estudantes hoje têm acesso a inúmeras e rápidas informações, por isso necessitam
de aulas em que vejam a aplicação do conteúdo e não somente que lhes repassem
teorias, apropriando-se satisfatoriamente das informações que lhes são
apresentadas.
O conteúdo de Transformações Lineares tem grande relevância dentro dos
conteúdos das Engenharias, principalmente da Civil, pois se relacionam com
inúmeros esforços que as suas estruturas podem sofrer. Neste sentido, as múltiplas
representações são necessárias para que os alunos assimilem o conteúdo podendo
ser transmitidas de diversas formas como algébrica, numérica, matricial, gráfica,
pictórica. Os recursos computacionais são auxiliadores no sentido de formalizar os
conteúdos e demonstrar virtualmente as aplicações.
A utilidade de se comprovar as aplicações das Transformações Lineares em
Engenharia encontra um dificultador nas séries em que é ministrada, pelo fato de
que muitos alunos não têm domínio técnico para que o professor possa demonstrar
as aplicações conforme Nieto, Silva e Lopes (2007) argumentam:
Os alunos cobram de seus professores qual a utilidade da Álgebra Linear. A luta entre a utilidade e a beleza matemática é o enigma que o professor que tem que resolver. A posição dessa disciplina na grade escolar dificulta a explicação das aplicações, pois os alunos ainda não têm o conhecimento técnico necessário para utilizarem tais aplicações. (p.1)
É importante observar, com relação aos tipos de aprendizagem, que não se
aprende uma só coisa de cada vez, ao contrário aprendem-se várias. Para que
alguém possa gerar o hábito de compreender, é necessário que queira aprender.
Com tudo é necessário que o professor saiba motivar seus alunos.
O professor, para despertar a motivação em seus alunos de modo que o
aprendizado dos mesmos ocorra, pode lançar mão de uma série de recursos para
fazer tal prática. Cita-se como exemplo o fato de demonstrar as importantes
aplicações que o conteúdo lecionado apresenta em consonância com a disciplina
lecionada.
O aluno, principalmente o estudante de engenharia, ao visualizar utilidade em
sua profissão com o conteúdo ministrado pelo professor em sala de aula tem um
interesse maior e prontifica-se a participar ativamente da aula, objetivando maior
45
aprendizado. Desse modo prática e teoria se esmeram em caminho único
proporcionando uma real significação dos conteúdos.
Proporcionar uma educação mais embasada, refletindo os conhecimentos
adquiridos em sala de aula na aplicação prática da vida do indivíduo, talvez seja
uma das metas que os educadores matemáticos devam almejar. Sabe-se, porém,
que esta meta não é fácil, no entanto, não deve ser deixada de lado sem um estudo
e estruturação mais apurada dos fatos.
Os recursos tecnológicos na educação, também adquirem uma prática maior
e uma contínua busca em inovações. O conhecimento que outrora era difundido de
forma tradicional através de aulas expositivas e exercícios em livros didáticos, hoje
encontra nos instrumentos tecnológicos o canal para inserção do conhecimento dos
alunos na inclusão digital.
Ensinar Álgebra Linear tem sido uma tarefa difícil, mas ela sempre será uma
necessidade para a humanidade. Afinal, esta disciplina propicia um conhecimento
analítico e ao mesmo tempo lógico; instruindo ao aluno, enquanto indivíduo, o
desejo de criar alternativas para a aplicação em sua vida.
Mediante a base histórica citada neste capítulo, torna-se importante também
referendar com base teórica as ideias alicerçantes deste estudo. Assim, o leitor
poderá habituar-se aos fundamentos que nortearam a construção de toda essa
pesquisa e de igual modo aprofundar-se um pouco mais no que tange à
aprendizagem de Transformações Lineares Planas dentro de um curso de
Engenharia Civil.
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3 A LITERATURA E AS TEORIAS
Torna-se oportuno revisitar os conteúdos prévios de Álgebra Linear no
momento em que se pretende descrever o conteúdo de Transformações Lineares.
Existem sequências que alguns professores seguem em determinados cursos
superiores. Ao se lecionar Transformações Lineares, alguns conteúdos ou pré-
requisitos foram estudados anteriormente. É importante o domínio do conteúdo de
Matrizes, Sistemas Lineares e Espaços Vetoriais, pois a aplicação destes é
fundamental no conteúdo em que se baseia essa dissertação.
3.1 Revisão Bibliográfica
Busca-se um breve levantamento de dissertações e teses defendidas no
Brasil que apresentam como tema a Álgebra Linear, mais especificamente as
Transformações Lineares, sendo pontuadas as principais características das
mesmas. Com o levantamento bibliográfico, deseja-se ainda buscar embasamento
sobre o tema de Sequência Didática, utilizando-se o autor Zabala (1998) como
referencial para o mesmo. Utiliza-se ainda teórico as ideias de Selbach et al (2010)
em referência à didática da Matemática, embasando assim uma análise melhor dos
dados coletados.
3.1.1 Teses e dissertações – Álgebra Linear
Iniciando-se os estudos sobre Transformações Lineares, a dissertação de
Oliveira (2002) defendida no Mestrado em Educação Matemática da Unesp – Rio
Claro, cujo título é “Sobre a produção de significados para a noção de
Transformação Linear em Álgebra Linear” aborda a produção de significados para a
noção de Transformação Linear em Álgebra Linear. Foi desenvolvida a partir das
análises de textos matemáticos (alguns considerados históricos e outros
contemporâneos) e entrevistas com duas alunas de um curso de Matemática.
Apesar de se assemelhar muito com este trabalho no quesito produção de
significado, a base conceitual da dissertação é apenas uma análise sobre a noção
inicial de Transformações Lineares, não aprofundando na interpretação das
47
Transformações Planas.
Analisando ainda dissertações, foi estudado o trabalho de Celestino (2000)
“Ensino-Aprendizagem da Álgebra Linear: as pesquisas brasileiras na década de
90”. Ela foi realizada no Mestrado em Educação Matemática da PUC-SP e o objetivo
era coletar e apresentar as pesquisas de autores brasileiros sobre ensino-
aprendizagem de Álgebra Linear, realizadas na década de 90. A contribuição
brasileira pesquisada foi analisada e inserida no contexto das pesquisas feitas em
nível mundial desse ramo da Matemática.
As ideias referentes aos problemas de ensino-aprendizagem de Álgebra
Linear foram estudadas através da dissertação “Alguns aspectos problemáticos
relacionados ao ensino-aprendizagem da Álgebra Linear” do Mestrado em Ensino de
Ciências e Matemática da UFPA. O autor Coimbra (2008), analisou as diversas
considerações sobre dificuldades que os alunos enfrentam no estudo de Álgebra
Linear, bem como as defasagens que eles trazem do Ensino Médio.
Também serviu de embasamento teórico, a dissertação de Rodrigues (2009)
do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da PUC – Minas, cujo título é
“Criação de um software de apoio ao ensino e aprendizagem de Álgebra Linear:
Base e Dimensão de um Espaço Vetorial”. O objetivo era apresentar a criação de
um Software de Apoio ao Ensino e à Aprendizagem de Base e Dimensão de um
Espaço Vetorial. Apesar do tema não ser o objeto de estudo dessa Pesquisa, a
leitura contribuiu para compreender melhor o Ensino de Espaço Vetorial, conteúdo
que antecede as Transformações Lineares.
A tese de doutorado em Educação Matemática realizada pela autora Karrer
(2006) da PUC-SP da cujo título é “Articulação entre Álgebra Linear e Geometria: um
estudo sobre as Transformações Lineares na perspectiva dos registros de
representação semiótica”, serviu também de inspiração para a execução dos
procedimentos desse trabalho. A autora trabalhou com o design de atividades sobre
o objeto matemático “Transformação Linear”, explorando a conversão de registros
em um ambiente de geometria dinâmica. Na primeira fase do trabalho foi realizado
um estudo preliminar sobre a teoria de registros de representação semiótica de
Duval, na segunda fase foram concebidas atividades utilizando como mídias o
software Cabri-Géomètre e lápis e papel com estudantes de Engenharia da
Computação.
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Buscando ainda embasamento teórico, a dissertação de Padredi (2003), do
Mestrado em Educação da PUC-SP, cujo título é: “As “Alavancas-Meta” no discurso
do professor de Álgebra Linear” contribuiu como uma análise dos recursos “meta”
sugeridos por professores para facilitar a compreensão da noção de Espaço
Vetorial. Apesar de não ser o tema deste trabalho, a leitura da dissertação de
Padredi lança um novo olhar sobre o ensino-aprendizagem de Transformações
Lineares, uma vez que Espaços Vetoriais é um conteúdo que antecede
Transformações Lineares e por isso torna-se interessante observar as bases em que
um futuro conteúdo será lecionado. A dissertação conclui que a indicação de
diversos recursos “meta” é passível de tornarem-se alavancas para a compreensão
dos alunos.
Ao ler a dissertação de Padredi, surgiu a questão: O que são recursos
“meta”? Buscando responder essa indagação foi estudada a dissertação de Oliveira
(2005) do Mestrado em Educação Matemática da PUC-SP, cujo título é: “Como
funcionam os recursos-meta em aula de Álgebra Linear?”. O objetivo desse trabalho
era investigar os recursos-meta, utilizados por um professor de Álgebra Linear, em
sala de aula, e o modo como ajudaram alguns alunos na compreensão da noção de
base. A teoria de Alavanca-Meta de Jean Luc Dorier e Aline Robert foi utilizada
nesse trabalho. Após a análise, a pergunta inicial foi respondida. Recursos-meta são
as informações ou conhecimentos sobre a Matemática que serão aprendidos e
podem envolver desde operações matemáticas, seu uso e a própria aprendizagem
da Matemática. Como Dorier (2000) afirma que o recurso-meta é:
[...] informação que diz respeito ao que constitui o conhecimento matemático (métodos, estruturas, (re) organização). Os métodos são definidos como os procedimentos aplicáveis a um conjunto de problemas semelhantes em um dado campo: os métodos designam aquilo que há de comum à resolução de problema e não à própria técnica (o algoritmo). Isto implica em uma certa classificação de problemas a resolver e a identificação das técnicas e ferramentas disponíveis. (DORIER et al, 2000, p. 15)
Analisando as dissertações e teses sobre o tema, pode-se observar que a
partir do ano 2000, a produção bibliográfica nesse assunto apresenta um tímido
progresso, surgindo estudos inovadores, porém ainda escassos dentro da Álgebra
Linear.
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3.1.2 Artigos – Álgebra Linear
Complementam-se as leituras e revisão bibliográfica com artigos que
abordam o tema, apresentando uma síntese desses artigos em quadros:
Quadro 1 - Fichamento de NIETO; LOPES (2006)
Título: A importância da disciplina de Álgebra Linear nos curso de Engenharia
Autores: NIETO; LOPES (2006) Área de conhecimento: Ensino Matemática
Público: Professores de Álgebra Linear
Instituição agregada: Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo - SP)
Objetivos: Discutir a causa da alta reprovação na disciplina de Álgebra Linear.
Conceitos abordados: Ensino-aprendizagem em Álgebra Linear, Qualidade de Ensino
Fonte: Elaborado pelo autor
Quadro 2 - Fichamento de MAGGI; KRUGGER (2007)
Título: Aplicação de seminário no ensino de Espaços Vetoriais
Autores: MAGGI; KRUGGER (2007)
Área de conhecimento: Ensino Matemática
Público: Professores de Álgebra Linear
Instituição agregada: Centro Universitário Positivo - UnicenP (Curitiba - PR)
Objetivos: Desenvolver uma nova forma de avaliação na disciplina de Álgebra Linear.
Conceitos abordados: Espaços Vetoriais, Álgebra Linear, Ensino de Engenharia
Fonte: Elaborado pelo autor
Quadro 3 - Fichamento de FRATELLI; MONTEIRO (2007)
Título: Dificuldades do Ensino e Aprendizagem de Álgebra Linear
Autores: FRATELLI; MONTEIRO(2007)
Área de conhecimento: Ensino Matemática
Público: Professores de Álgebra Linear
Instituição agregada: Universidade de São Paulo (São Paulo - SP)
Objetivos: Analisar as dificuldades encontradas no ensino de Álgebra Linear.
Conceitos abordados: Tópicos de Álgebra Linear, Dificuldades e defasagens, Ensino de Álgebra Linear Fonte: Elaborado pelo autor
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Quadro 4 - Fichamento de PATRÍCIO; ALMEIDA (2011)
Título: As múltiplas representações no ensino de vetores
Autores: PATRÍCIO; ALMEIDA (2011) Área de conhecimento: Ensino
Matemática
Público: Professores de Álgebra Linear
Instituição agregada: Universidade do Estado do Pará (Belém - PA)
Objetivos: Identificar e agrupar as dificuldades relacionadas às representações presentes no ensino das operações com vetores, e, à resolução de problemas
envolvendo este conceito.
Conceitos abordados: Representações semióticas, Representações de vetor, Dificuldades na aprendizagem de vetores
Fonte: Elaborado pelo autor
QUADRO 5 - FICHAMENTO DE ROSA et al. (2009)
Título: Explorando as transformações lineares no plano, através do software WINPLOT
Autores: ROSA et al. (2009) Área de conhecimento: Ensino Matemática
Público: Professores de Álgebra Linear
Instituição agregada: Universidade Severino Sombra (Vassouras - RJ)
Objetivos: Explorar atividades com o uso do WINPLOT para mostrar as Transformações Lineares no plano e os tipos existentes, objetivando dar um
suporte maior para a inserção das Transformações Lineares em outros Espaços Vetoriais e também estudar a Geometria das Transformações.
Conceitos abordados: Álgebra Linear, Software Winplot, Geometria
Fonte: Elaborado pelo autor
Quadro 6 - Fichamento de TEIXEIRA et al. (2011)
Título: O ensino de transformações lineares com o auxílio do Cabri
Autores: TEIXEIRA et al. (2011) Área de conhecimento: Ensino Matemática
Público: Professores de Álgebra Linear
Instituição agregada: Universidade Federal Fluminense (Niterói - RJ)
Objetivos: Discutir entre professores acadêmicos e pesquisadores da área de Educação Matemática as vantagens e possibilidades inovadoras da utilização
da informática no contexto da sala de aula, em particular no ensino de Transformações Lineares do plano no plano com a utilização do software Cabri
Géomètre 2D.
Conceitos abordados: Didática, Transformações Lineares, Cabri Géomètre 2D, Formação de professores, Ensino, Aprendizagem.
Fonte: Elaborado pelo autor
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Quadro 7 - Fichamento de NIETO, SILVA; LOPES (2007)
Título: Tensões: uma aplicação de Álgebra Linear para alunos de Engenharia
Autores: NIETO, SILVA; LOPES (2007)
Área de conhecimento: Ensino Matemática
Público: Professores de Álgebra Linear
Instituição agregada: Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo - SP)
Objetivos: Procura analisar como os professores têm se comportado perante os desafios encontrados em ensinar a disciplina de Álgebra Linear para os alunos dos
cursos de engenharia.
Conceitos abordados: Álgebra Linear, Ensino na Engenharia, Formação Acadêmica.
Fonte: Elaborado pelo autor
Quadro 8 - Fichamento de DALMOLIN et al. (2012)
Título: Transformações Lineares no plano e o software GeoGebra
Autores: DALMOLIN et al. (2012) Área de conhecimento: Ensino Matemática
Público: Professores de Álgebra Linear
Instituição agregada: Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria - RS)
Objetivos: Estudar tópicos de Geometria Projetiva com o auxílio de um software computacional, mais especificamente o GeoGebra.
Conceitos abordados: Tecnologias; GeoGebra; Transformações Lineares
Fonte: Elaborado pelo autor
Quadro 9 - Fichamento de BRONDINO; BRONDINO (2012)
Título: Uma sugestão de uso de planilhas eletrônicas no ensino de Transformações Lineares
Autores: BRONDINO; BRONDINO (2012)
Área de conhecimento: Ensino Matemática
Público: Professores de Álgebra Linear
Instituição agregada: Universidade Estadual Paulista (São Paulo - SP)
Objetivos: Criar atividades exploratórias que visam a utilizar as potencialidades de uma planilha eletrônica no ensino das Transformações
Lineares Planas.
Conceitos abordados: Ensino – aprendizagem, Transformações Lineares, Planilhas Eletrônicas.
Fonte: Elaborado pelo autor
52
Quadro 10 - Fichamento de NOBRE (2012)
Título: O uso do software Matlab para o estudo de alguns tópicos de Álgebra Linear
Autores: Nobre (2012) Área de conhecimento: Ensino Matemática
Público: Professores de Álgebra Linear
Instituição agregada: Universidade Católica de Brasília (Brasília - DF)
Objetivos: Discutir o uso de tecnologias no ensino da matemática, especialmente do software Matlab apresentado algumas possibilidades deste software
no ensino de álgebra linear abordando tópicos sobre equações lineares e álgebra matricial, trazendo comandos e funções para a prática. Para apresentar essa pesquisa de cunho bibliográfico, foram feitos estudos matemáticos em de
alguns tópicos de álgebra linear co-relacionando-os com o conteúdo disponível no Matlab
Conceitos abordados: Ensino – aprendizagem, Álgebra Linear, Software e Tecnologias.
Fonte: Elaborado pelo autor
Após esse levantamento é possível tecer afirmações sobre o ensino-
aprendizagem de Transformações Lineares, gerando uma produção de significado
através de múltiplas representações.
3.2 O Conceito e teoria de Transformações Lineares Planas
O conceito de Transformações Lineares segundo os autores Anton e Busby
(2008, p.273) é definido da seguinte forma:
Dada uma função : n mT R R é dita uma transformação linear de nR para mR de
dimensão finita se as duas propriedades seguintes valem para quaisquer vetores v e
w de nR e qualquer escalar c:
( i ) T (v + w) = T (v) + T (w) (1)
( ii ) T (cv) = c T(v) (2)
No caso especial em que m = n, a transformação linear T é denominada um
operador linear de nR .
Com a descrição, mencionada acima, muitos alunos não conseguem abstrair
o conceito de Transformações Lineares. Pelo fato da linguagem ser muito técnica, a
53
produção de significado torna-se de difícil compreensão. O fato é que transcrevendo
em uma linguagem mais prática pode-se dizer que as Transformações Lineares são
aplicações em que nas operações de soma de vetores e multiplicação de vetores
por escalar devem ser bem definidas para que existam.
Vale a pena ressaltar que os autores iniciam o tratamento deste assunto de
uma forma bastante concreta e descrevendo com exemplos variados o assunto, com
múltiplas representações sejam através de imagens, escrita matemática e situações
reais como o alongamento de molas.
A figura a seguir ilustra de uma forma mais coerente a informação descrita
anteriormente e pode facilitar a aprendizagem dos alunos na abstração das
definições mencionadas, pois muitas vezes os alunos têm dificuldades em
compreender a escrita matemática e transcrevê-la em ações executáveis.
Figura 2 - Representação em diagramas do conceito de Transformações Lineares
Fonte: Elaborada pelo autor
Ao ensinar Transformações Lineares geralmente os docentes subdividem o
conteúdo em duas partes: a parte abstrata e a parte Geométrica. O ensino da parte
abstrata consiste em desenvolver com os alunos o conhecimento, em manipular e
trabalhar conceitos como as propriedades, núcleo e imagem de uma transformação.
Esta primeira parte da teoria geralmente é lecionada usando as mídias lápis e papel
com exercícios de fixação. Muitas vezes os alunos não aprendem os conceitos:
apenas mecanizam o ensino e transcrevem por repetição os exercícios pedidos. Não
há aprendizagem significativa conceitual, mas apenas operacional. Não há geração
de conhecimento.
v + w
c v
T(v)+T(w)
c T( v )
nR
mR
T
54
Após a parte de teoria, entra em cena a parte da Geometria. As
Transformações Planas são muito úteis e podem ser bem visualizadas. Muitas vezes
os professores ficam apenas com a parte conceitual mostrando em slides as
transformações e os estudantes universitários não abstraem os conceitos, nem
produzem um significado em suas futuras profissões fazendo a conexão entre teoria
e prática. As transformações podem ser observadas nos planos 2R e 3R . Essa
dissertação objetiva associar na Engenharia Civil as transformações que ocorrem
em 2R , ou seja, as Transformações Lineares Planas. Para melhor abstrair os
conceitos foram efetuados os tratamentos geométricos das transformações
utilizando o software livre GeoGebra. Utiliza-se adaptação dos conceitos de
representação matricial de Steinbruch e Winterle (1997), para efetuar o tratamento
algébrico. As descrições das transformações são adaptações de Anton e Busby
(2008).
a) REFLEXÕES: é uma transformação que associa a cada ponto o seu
simétrico. Podemos ter:
reflexão em torno (relação) do eixo das abscissas: (x, -y);
Figura 3 - Reflexão do ponto A (2,4), em torno do eixo das abscissas
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
(3)
2 2:
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
1 0
0 1
T R R
x y x y ou T x y x y
x x x
y y y
Ponto A (2, 4)
Ponto A’ (2, -4)
55
reflexão em torno (relação) do eixo das ordenadas: (-x, y);
Figura 4 - Reflexão do ponto A (2,4), em torno do eixo das ordenadas
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
2 2:
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
1 0
0 1
T R R
x y x y ou T x y x y
x x x
y y y
(4)
reflexão em relação ao ponto origem: (-x, -y);
Figura 5 - Reflexão do ponto A (2,4), em relação ao ponto origem
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
2 2:
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
1 0
0 1
T R R
x y x y ou T x y x y
x x x
y y y
(5)
Ponto A (2, 4)
Ponto A’ (-2, 4)
Ponto A (2, 4)
Ponto A’ (-2, -4)
56
reflexão em relação à reta de equação y = x: (y, x);
Figura 6 - Reflexão do ponto A (2,4), em relação à reta de equação y=x
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
2 2:
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
0 1
1 0
T R R
x y y x ou T x y y x
x y x
y x y
(6)
reflexão em relação à reta de equação y=-x: (-y, -x);
Figura 7 - Reflexão do ponto A (2,4), em relação à reta de equação y=-x
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
Ponto A (2, 4)
Ponto A’ (4,2)
Ponto A (2, 4)
Ponto A’ (-4, -2)
57
2 2:
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
0 1
1 0
T R R
x y y x ou T x y y x
x y x
y x y
(7)
b) DILATAÇÕES E CONTRAÇÕES: são transformações que contraem ou
dilatam o espaço vetorial, associando sempre um escalar c na transformação:
na direção do vetor;
Figura 8 - Dilatação na direção do vetor u, onde c=2 e contração na mesma direção c’ = 1/3
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
2 2:
( , ) ( , ),
1,
1,
1, 1
0,
T R R
x y c x y c R
x x cxc
y y cy
c atransformaçãodilataovetor
c atransformaçãocontrai ovetor
c atransformaçãoé identidade
c atransformação trocaosentidodovetor
(8)
na direção do eixo das abscissas;
(1,2)
1 1(1,2)
3 3
2 2(1,2)
u
v u Contração
w u Dilatação
58
Figura 9 - Dilatação e contração na direção das abscissas
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
2 2:
( , ) ( , ), 0
0
0 1
1,
0 1,
T R R
x y cx y c
x cx c x
y y y
c atransformaçãodilataovetor
c atransformaçãocontrai ovetor
(9)
na direção do eixo das ordenadas;
Figura 10 - Dilatação e contração na direção das ordenadas
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
(1,2)
1 1,2 ,
2 2
(3,2), 3
(5,2), 5
u
v c Contração
w c Dilatação
z c Dilatação
(1,2)
1 11, ,
2 2
(1,6), 3
(1,8), 4
u
v c Contração
w c Dilatação
z c Dilatação
59
2 2:
( , ) ( , ), 0
1 0
0
1,
0 1,
T R R
x y x cy c
x x x
y cy c y
c atransformaçãodilataovetor
c atransformaçãocontrai ovetor
(10)
Observação: Se c = 0, em relação às abscissas ou às ordenadas a projeção
seria sobre o eixo inverso.
c) CISALHAMENTO: é o efeito de transformar um vetor através da combinação
de escalares nas coordenadas. Apesar da mudança na estrutura, a base
mantém-se a mesma, em consequência a área formada pela figura também
mantém-se a mesma.
na direção do eixo das abscissas;
Figura 11 - Cisalhamento no eixo das abscissas c=2
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
2 2:
( , ) ( , )
1
0 1
T R R
x y x cy y
x x cy c x
y y y
(11)
na direção do eixo das ordenadas;
(5,5)
' (15,5), 2
u
u c
60
Figura 12 - Cisalhamento no eixo das ordenadas c=2
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
2 2:
( , ) ( , )
1 0
1
T R R
x y x y cx
x x x
y y cx c y
(12)
d) ROTAÇÃO: em torno da origem faz cada ponto descrever um ângulo, que no
caso chamaremos de , determinando uma transformação linear
2 2:T R R , de onde extraímos a matriz canônica.
cos
cos
senT
sen
(13)
Essa matriz é denominada matriz de rotação do ângulo , cuja variação é de
0 2 .
Figura 13 - Rotação em torno da origem com 2
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
(5,5)
' (5,15), 2
u
u c
(3,6)
' ( 6, 3), 90º2
u
u
61
Dentro das Engenharias, o conceito de Transformação Linear se faz presente,
porém de uma forma diferente. Os conceitos tratados em Álgebra Linear são
modificados e contextualizados de acordo com o ramo seguido. Na Engenharia Civil,
especificamente, tais conceitos se relacionam às disciplinas de estruturas e
resistência dos materiais. Eles são conceituados como tipos de esforços em
construções. Segundo Botelho (2011): “Entender os tipos de esforços e como
escolher as dimensões são as essências da arte de construir.” (p.13). Desse modo,
compreender as Transformações Lineares Planas torna-se fundamental para a
aprendizagem dos esforços das construções civis.
3.3 O Conceito de Transformações na Engenharia Civil
Analisando as estruturas das construções pode-se associar a elas elementos
das Transformações Lineares. Para um futuro engenheiro civil, associar as ideias da
Álgebra Linear com sua profissão torna o ensino mais compreensível, pois a teoria
se alia à prática educacional. Os esforços (transformações) ocorridos nas
construções que serão estudados nesta dissertação são tração, compressão, torção
e cisalhamento. Os conceitos de Shackelford (2008) foram adaptados e podem ser
definidos da seguinte maneira:
a) TRAÇÃO: é a força aplicada sobre um corpo numa direção perpendicular
à sua superfície de corte e num sentido tal que, possivelmente, provoque a
sua ruptura. Nas construções ocorre tração quando sua estrutura sofre
estiramento ou afastamento. Este conceito é associado ao conceito de
dilatação em Álgebra Linear. No estudo de resistência dos materiais, o
objetivo é não permitir que isso aconteça, trabalhando sempre no regime
elástico do material, ou seja, a peça recebe a atuação das forças sem
deformar-se permanentemente, uma vez que ao ser encerrada a ação da
força, retorna à sua conformação original. Mediante isso, cálculos são
realizados utilizando o limite entre as duas deformações com um
coeficiente de segurança delimitado pela sigla (c.s.) de modo que não
ocorra acidentes, e a estrutura suporte uma força que seja maior que a
mínima.
62
b) COMPRESSÃO: A compressão é um resultado da aplicação de uma força
de compressão a um material, ocorrendo uma redução no seu volume, ou,
como declarado em resistência dos materiais e conceituado na
engenharia, uma redução de uma de suas dimensões, axial com a
atuação da força, e um aumento da seção transversal a este mesmo eixo,
quando a deformação da peça nesta direção é permitida, tomando-se
como base os pilares da resistência dos materiais, uma vez que
considera-se teoricamente que seu volume mantenha-se constante. Numa
estrutura ocorre compressão, quando suas partes sofrem encurtamento,
ou aproximação. Pilares sofrem compressão quando estão em trabalho. O
conceito de Transformações Lineares que se liga a este é o de contração.
Figura 14 - Exemplo de tração e compressão na Engenharia Civil
Fonte: BOTELHO, 2011
c) TORÇÃO: Nas estruturas, especialmente as cilíndricas, quando ocorre o
efeito de um torque e uma força resistente, ela tende a sofrer torção. As
deformações causadas a uma estrutura que sofre torção são
deslocamentos angulares de uma seção em relação à outra. Ocorre torção
(ato de girar em torno do eixo), quando em uma estrutura forças atuam
obrigando a estrutura girar em torno do seu eixo de simetria. Aplicada ao
conteúdo de Álgebra Linear refere-se às rotações.
d) CISALHAMENTO: Tensão de cisalhamento é também denominada de
tensão tangencial muito estudada na teoria da resistência dos materiais. A
63
tensão de corte ou tensão cortante (cisalhamento) é um tipo
de tensão gerado por forças aplicadas em sentidos iguais ou até mesmo
opostos, em direções semelhantes, porém com intensidades diferentes no
material analisado. Acontece o cisalhamento quando existe uma tendência
de cortar uma estrutura. Através da flexão de uma viga as lamelas (de
existência teórica) sofrem a ação de tendência de separação uma das
outras, derivando daí o efeito de “cisalhamento na flexão” da viga. Nas
Transformações Lineares, é o próprio cisalhamento, ou seja, mantém-se
a base, no entanto, há uma deformação na forma geométrica.
Após a apresentação das definições dos esforços estruturais, no próximo item
será abordada a produção de significado no Modelo Teórico dos Campos
Semânticos (MTCS) de Rômulo Campos Lins e das teorias das múltiplas
representações e semiótica de Raymond Duval.
3.4 Modelo Teórico dos Campos Semânticos (MTCS)
O alicerce fundamental da origem do MTCS surgiu da necessidade de Lins
desenvolver em seu doutorado uma caracterização epistemológica entre Álgebra e
Pensamento Algébrico. Esse modelo não é limitado apenas à área algébrica da
Matemática, mas ao processo de produção de significados. Lins (2001) define esse
modelo através do seguinte conceito de que:
provê uma simples, ainda que poderosa, ferramenta para pesquisa e desenvolvimento na educação matemática (...) para guiar práticas de sala de aula e para habilitar professores a produzir uma leitura suficientemente fina, assim útil, do processo de produção de significados em sala de aula.(p.59)
A proposta do MTCS é que o aluno ao longo das atividades de aprendizagem
consiga dar significado às ações executadas. As caracterizações de conhecimento e
significado ocupam o centro do modelo. Concernente a essas ideias torna-se
importante definir essas propostas segundo a teoria dos campos semânticos.
O Conhecimento de cada ser humano é diferente e a forma como é expresso
também. Um conhecimento difere de indivíduo para indivíduo, desse modo
produzindo conhecimentos diferentes. Uma das características fundamentais que
64
distingue esse modelo dos outros é o uso de justificativa para comunicar o
conhecimento. O próprio autor do modelo afirma isso em sua conceituação:
Conhecimento é entendido como uma crença-algo que o sujeito acredita e expressa, e que se caracteriza, portanto, como uma afirmação junto com que o sujeito considera ser uma justificação para sua crença-afirmação.(LINS, 1993 c, p. 86).
Como o objetivo desse trabalho é a produção de significados de
Transformações Lineares Planas em turmas de Engenharia Civil, o processo da fala
sempre será realizado na aplicação de todas as atividades, pois através dele
podem-se caracterizar os conhecimentos produzidos e também analisar se a
justificação condiz com a crença-afirmação.
Seguindo as ideias de Lins, a comunicação faz uma ponte entre o emissor e
o receptor na socialização do conhecimento. Ela conecta ambos no processo de
produção de significado, sendo fator essencial e preponderante na aprendizagem. A
comunicação não deve ser necessariamente oral, pode ocorrer também na forma de
leitura e escrita. Ele não aborda a ideia de transmissão, mas a de socialização do
conhecimento. Desse modo, quando o leitor ou ouvinte (de acordo com a ação
executada) produz um significado para um objeto; ele se constitui como uma fonte
de aprendizagem.
É importante ainda ressaltar que conhecimento não é tudo o que pode ser
dito, tendo em vista que certas culturas aceitam alguns, mas não todos os modos
possíveis de se produzir significado. No conhecimento que é produzido, o conceito
de crença-afirmação corresponde ao que é novo perante o indivíduo, ao contrário da
justificação que corresponde ao que é dado, conforme afirma Lins.
O significado é a ideia central do MTCS. Este não é um conjunto de
informações que poderiam ser ditas, mas o que é comunicado. Para Lins “significado
é aquilo que o sujeito pode e efetivamente diz sobre o objeto numa dada atividade.”
(LINS & GIMENEZ, 1997, p. 145). Consonante com essa ideia, significado é um
conjunto de coisas que se diz a respeito de um objeto, é falar a respeito de um
objeto.
O objeto do qual se fala não é previamente constituído, mas construído
durante a fala de um indivíduo a partir de um resíduo de enunciação conforme
descrito por Oliveira (2002), gerando assim o núcleo do Campo Semântico. O núcleo
65
segundo Lins é “um conjunto de estipulações locais que, num dado momento e
dentro de uma atividade, estão em jogo” (1999, p. 87). As estipulações locais são
afirmações que o sujeito faz, no processo de produção de significados, sem
necessidade de justificar, mas que são tomadas por ele como localmente validadas.
Com a noção de núcleo o Campo Semântico pode ser definido. Campo
Semântico é a atividade em que um sujeito produz significado em relação a certo
núcleo. Toda vez que um indivíduo produz significado a certo núcleo, ele opera em
um Campo Semântico.
Nessa teoria a “impossibilidade de produzir significado para uma afirmação
dentro de um Campo Semântico dado” é descrita por Lins (2001, p.45) como um
limite epistemológico. Com essa noção, o autor da teoria descreve que a formulação
de conhecimento prioriza um repensar do estudo e não afirmações corriqueiras e
sem utilidade:
A importância operacional dessa noção é estabelecer que: (i) toda vez que significado é produzido existe uma restrição no horizonte das posteriores produções de significado, implicando que, (ii) se aprendizagem é entendida – corretamente, eu penso – como aprender a produzir significado, ensinar deve também apontar para uma discussão explícita dos limites criados nesse processo. (LINS, 2001, p.45)
Desse modo, Oliveira em sua dissertação apresenta algumas consequências
ao utilizar o Modelo Teórico dos Campos Semânticos como base teórica:
em qualquer processo cognitivo, em especial naqueles que se dão em sala de aula, o nosso olhar de pesquisador ou professor deve estar voltado para a produção de significados, lembrando que a diversidade dos modos de produção de significados vem enriquecer o processo. Explicitar essas diferenças e apontar o que elas acarretam deve fazer parte da ação do educador matemático;
a diferença dos significados de que estamos falando não é questão de estilo, preferência, interpretação ou versões de uma mesma essência: caracteriza, de fato conhecimentos distintos; e
concebemos que a prática do professor deve ser na direção de criar na sala de aula um espaço comunicativo compartilhado por todos. (OLIVEIRA, 2002, p. 34)
Diante disso, o espaço educacional deve ser um ambiente comunicativo,
socializando os diferentes modos de se produzir significado e acima de tudo
utilizando o recurso de múltiplas representações, pois desse modo os alunos são
ambientados a possuir diversos olhares sobre o objeto de estudo e não apenas uma
66
fragmentação deste ao longo da aprendizagem.
3.5 Teoria de Semiótica e múltiplas representações
O conceito e a teoria de representações semióticas muitas vezes são de difícil
compreensão e seu estudo deve ser coerentemente entendido e analisado.
Raymond Duval é o autor da teoria e enfatiza a importância em se analisar as
representações quando se considera um objeto matemático. O autor considera
impossível estudar os fenômenos relativos ao conhecimento desassociados da
noção de representação.
São chamadas de representações semióticas as representações
conscientes e externas, uma vez que permitem uma percepção do objeto através de
suas unidades significantes (que podem ser diversas como, traços, caracteres, e
demais escritas).
Os processos de produção são distintos no interior de cada sistema, neste
caso, o sistema ao qual uma representação pertence contém unidades significantes,
que por sua vez também terão naturezas distintas.
As representações semióticas derivam de sistemas próprios de signos, como
a escrita algébrica, gráficos, a fala e são acompanhados de operações cognitivas
mudando a representação de um sistema para outro. Na representação semiótica há
o interesse na mudança de forma por motivo de economia do tratamento dado às
informações. As representações mentais e as representações semióticas possuem
uma interdependência entre elas.
As atividades cognitivas de um sistema semiótico são distinguidas de acordo
com sua capacidade de representação. São classificadas em formação, tratamento
e conversão. Na formação, ocorre a intencionalidade de identificar a representação
de um objeto, seja ela mental ou evocando um objeto real. O tratamento consiste
em transformar a representação, podendo ocorrer mudança de forma, mas há
preservação das características particulares do sistema onde foi criada a formação.
A conversão é uma transformação que produz outra representação, distinta da
inicial, porém mantém-se o objeto de referência.
Conclui-se então que os sistemas de representação que possibilitam as três
atividades acima mencionadas são chamados de representação semiótica. Tais
registros possibilitam ao indivíduo executor da ação, concluir um processo de
67
objetivação ou simplesmente comunicar-se com um interlocutor no processo em
questão.
Pelo fato dessa teoria relacionar-se com a Filosofia, muitas vezes torna-se
obsoleta e de difícil compreensão das informações tratadas. Para ilustrar as
atividades cognitivas pensemos em uma representação de uma Transformação
Linear como um objeto matemático. No caso da formação ocorre a identificação do
objeto como transformação através do registro simbólico-algébrico. Cita-se o
exemplo da reflexão em torno do eixo das abscissas:
: ² ²
( , ) ( , )
1 0( , )
0 1
T R R
T x y x y
xT x y
y
(14)
Neste caso há um registro simbólico-algébrico onde o sujeito deve fazer a
leitura. Há uma mudança na transformação. Conforme demonstrado em na equação
14, nota-se a matriz de transformação algébrica que pode ser representada através
de um produto matricial. Essa leitura técnica o indivíduo tem com a compreensão de
que a abscissa mantém-se inalterada e para ocorrer a reflexão e a ordenada
assume valor oposto do inicial, nesse caso ocorreu o tratamento do objeto uma vez
que o indivíduo precisou fazer manipulações no interior do registro inicial.
O tratamento, por exemplo, pode ser entendido como a associação que o
sujeito faz ao executar a representação algébrica para a geométrica, gerando a
transformação, como mostrada na figura a seguir:
Figura 15 - Reflexão em torno do eixo x de dois pontos, mostrando alternância das ordenadas
Fonte: Elaborada pelo autor no software GeoGebra
Ponto A (6, 4)
Ponto A’ (6, -4)
Ponto B (-2, 3)
Ponto A’ (-2, -3)
68
A utilização de registros de representação semiótica inúmeras vezes gera
múltiplas representações, o que facilita muito a aprendizagem matemática uma vez
que tal aprendizagem demanda muitas atividades cognitivas fundamentais:
(...) A particularidade de aprendizagens das matemáticas considera que essas atividades cognitivas requerem a utilização de sistemas de expressão e de representação além da linguagem natural ou das imagens: sistemas variados de escrituras para os números, notações simbólicas para os objetos, escrituras algébrica e lógica que contenham o estatuto de línguas paralelas à linguagem natural ou das imagens: sistemas variados de escrituras para os números, notações simbólicas para os objetos, escrituras algébrica e lógica que contenham o estatuto de línguas paralelas à linguagem natural para exprimir as relações e as operações, figuras geométricas, representações em perspectivas, gráficos cartesianos, redes, diagramas, esquemas, etc. (DUVAL, 2009, p. 13)
Duval defende que a compreensão conceitual usada com a teoria dos
registros de representação semiótica pressupõe a aplicação de no mínimo dois
registros de representação e também a possibilidade de passar de um registro a
outro em todo tempo. Desse modo a aprendizagem teria uma ligação direta com a
capacidade do sujeito em efetuar operações dentro de um registro e também teria
combinação e escolha entre registros.
A teoria de Duval contribuirá na análise das atividades desse trabalho, tendo
em vista que os alunos foram direcionados a lidar com múltiplas representações do
objeto matemático. O objeto de Transformações Lineares Planas, seguindo os
propósitos desta teoria, será formado e tratado, procurando levar o aluno a adquirir
uma aprendizagem real e significativa.
69
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo serão apresentados os ambientes, os sujeitos e as diretrizes
que nortearam a execução das atividades propostas neste trabalho, bem como as
bases para coletas de dados e a análise dos resultados da aplicação da atividade de
sondagem inicial.
4.1 Caracterização do universo
O presente trabalho elaborou uma sequência didática, com uso
computacional do software GeoGebra, explorando múltiplas representações do
objeto matemático, visando levar o aluno a construir significado para as
Transformações Lineares Planas em um curso de Engenharia Civil.
A aplicação ocorreu em duas turmas do segundo período de Engenharia Civil,
de uma Universidade de domínio particular do Centro-Oeste mineiro. As atividades
foram aplicadas pelo próprio professor regente das turmas, o qual é o autor dessa
dissertação, de modo que a sequência didática serviu como avaliação parcial do 2º
Trabalho Avaliativo. Entende-se por Trabalho Avaliativo o conjunto de atividades
avaliativas como provas, sequências didáticas, exercícios, seminários e outros
eventos que ocorram dentro da segunda quinzena de setembro até o último dia de
outubro. Na Universidade analisada, as avaliações não se concentram em provas,
mas se distribuem em Trabalhos Avaliativos.
Todos os alunos participaram das atividades propostas. Na turma A foram
pesquisados 61 alunos e na turma B 56 alunos, resultando em um total de 117
alunos. Para uma organização das atividades, os alunos foram divididos em grupos
de dois ou três membros, de modo a socializar o aprendizado.
Por se ter um elevado número de alunos, objetivando uma melhor
caracterização e organização dos dados, foram escolhidos grupos de alunos,
concomitantemente à aplicação das atividades, para organizar uma mostra do
desenvolvimento das mesmas. Foram formados cinco grupos da turma A (com três
alunos cada) e cinco grupos da turma B (quatro grupos de três alunos e um de dois
alunos).
Como critérios de escolha foram formados grupos em que havia alunos com
70
níveis diferentes de conhecimentos (alunos com facilidade, alunos com dificuldade,
alunos com defasagem, alunos aplicados) de modo que eles pudessem trocar
experiências, ou seja, os alunos com facilidade ajudariam os alunos com maior
dificuldade, socializando assim o aprendizado.
Como o professor-aplicador da atividade era o professor regente da turma, as
atividades foram aplicadas dentro da carga horária do professor, alternando entre
sala (para a parte de socialização das atividades e atividades de significação por
meio da escrita) e laboratório de informática (para realização da sequência didática).
4.2 Coleta de dados
Para a coleta de dados, adotou-se a observação sistemática e registros das
atividades desenvolvidas, adotando as ideias de Menga & André (1986). Segundo as
autoras, o observador executa um papel crucial na coleta de dados, tendo em vista
que deve possuir algumas características próprias.
(...) Além dessas qualidades pessoais e das decisões que deve tomar quanto à forma e à situação de coleta de dados, o observador se defronta com uma difícil tarefa, que é a de selecionar e reduzir a realidade sistematicamente. Essa tarefa exigirá certamente que ele possua um arcabouço teórico a partir do qual seja capaz de reduzir o fenômeno em seus aspectos mais relevantes e que conheça as várias possibilidades metodológicas para abordar a realidade a fim de compreendê-la e interpretá-la. (MENGA; ANDRÉ, 1986, p.17)
Na fase exploratória da coleta de dados, os alunos foram instruídos a
executar as atividades como se fossem rotineiras. Não se criou alardes, nem
grandes modismos na execução. Tudo ocorreu como se fosse parte do dia comum
de aula.
Para um registro metódico dos dados foram utilizados, pelo pesquisador, um
caderno de anotações e câmera fotográfica. Para a análise do processo educativo,
as ideias de Fiorentini & Lorenzato (2006), foram utilizadas, com o intuito de não
perder o objetivo central desse trabalho que é levar o aluno do curso de Engenharia
Civil a construir significados para as Transformações Lineares.
(...) Porém, como pesquisador, seu objetivo é sistematizar, analisar, compreender como acontece esse processo educativo dos alunos ou quais os limites e potencialidades didático-pedagógicas dessa prática inovadora.
71
Ou seja, a pesquisa visa extrair lições, aprendizagens ou conhecimentos das experiências docentes. (FIORENTINI; LORENZATO, p.76, grifo do pesquisador)
As atividades foram finalizadas, pelo pesquisador, com três entrevistas. A
primeira entrevista realizou-se com uma aluna reprovada pelo quinto ano
consecutivo em Álgebra Linear, a qual apresentava grande defasagem de conteúdo
e não compreendia bem os conceitos abstratos do conteúdo. Objetivava-se analisar
a percepção dessa aluna sobre a nova metodologia adotada.
As outras duas entrevistas foram feitas com dois alunos técnicos que já atuam
na área da construção civil, os quais utilizam o conhecimento técnico e prático. Um
dos entrevistados é mestre de obras há mais de vinte anos e o outro é um arquiteto
já graduado, na mesma instituição, que retomou os estudos em Engenharia Civil
para se qualificar mais para as demandas do mercado.
O emprego das três entrevistas visava à confiabilidade das conclusões
obtidas e também no sentido de complementar as informações coletadas. Para as
entrevistas foi aplicado um questionário objetivando deixar os entrevistados mais à
vontade em responder as questões, uma vez que como o pesquisador é também o
professor regente da turma, poderia ocorrer constrangimento em se responder
oralmente as questões, tendo em vista que os alunos poderiam achar que seriam
avaliados pelo professor.
A ideia em se aplicar o questionário surgiu em consonância às descrições de
Fiorentini & Lorenzato (2006):
(...) os questionários podem servir como uma fonte complementar de informações, sobretudo na fase inicial e exploratória da pesquisa. Além disso, eles podem ajudar a caracterizar e a descrever os sujeitos de estudo, destacando algumas variáveis (...). A diferença entre esse instrumento de pesquisa em relação às entrevistas é que o questionário pode ser aplicado a um grande número de sujeitos sem que haja necessidade de contato direto do pesquisador com o sujeito pesquisado. Os questionários podem ser enviados e devolvidos via correio convencional ou eletrônico (email). (p.117)
Analisando as informações coletadas dos questionários, uma visão global
poderia ser definida e formalizada do trabalho desenvolvido na construção do
conceito de Transformações Lineares e também no emprego da metodologia
desenvolvida.
72
4.3 Sequência didática
Foi proposta aos alunos a execução de uma sequência didática, com auxílio
de recurso computacional. Nesta atividade, os alunos eram instruídos a executarem
atividades autonomamente no software livre GeoGebra e assim compreender bem o
conceito de Transformações Lineares Planas. A sondagem inicial, a construção de
Transformações Lineares Planas no software, a representação através de múltiplas
visualizações e a produção de significado, constituem a sequência didática.
Entende-se como sequência didática a um conjunto de propostas ou
atividades com ordem crescente de dificuldade, de forma que cada passo permita
que o próximo seja realizado, conforme Zabala (1998) descreve. Para que tal
recurso didático seja realizado faz-se necessário que essa estratégia privilegiada,
para uma eficaz prática pedagógica, tenha em seu planejamento algumas aulas
previstas, pois o docente deverá construir a sequência didática, planejando
atividades permanentes (debates, chamadas, acolhimento, correção e socialização
de tarefas), atividades pertencentes ao projeto e outras que tragam o novo de
maneira interessante e que contemplem um aumento de complexidade.
A sequência inicia-se com a sondagem inicial (Apêndice A) com o objetivo de
analisar o que os alunos conheciam em relação aos esforços que as estruturas
recebem. A intenção didática visava despertar o interesse do aluno para o estudo de
um tópico da Matemática, associando-o a conteúdos específicos de sua área de
atuação futura. Tal atividade consistia em relacionar cada esforço estrutural à sua
denominação. Para a realização da mesma, contou-se com leitura prévia do primeiro
capítulo do livro de Botelho (2011). A ideia de uma leitura prévia se deve ao fato de
que nas turmas em que a atividade foi realizada não receberam ainda o
conhecimento sobre a teoria das estruturas, por isso a necessidade de uma leitura
prévia sobre o tema.
A atividade seguinte era a construção das Transformações Lineares Planas
(Apêndice B) com auxílio computacional. Inicialmente foi realizada a apresentação
do software GeoGebra. Foi mostrada a interface do programa, bem como os ícones,
barra de tarefas, janela de álgebra e janela de visualização. Ela foi elaborada de
modo a comunicar-se com os alunos para a execução da atividade apresentando os
comandos a serem executados e organizando a relação com a teoria de
73
Transformações Lineares Planas em consonância com as ideias de Selbach &
Antunes (2010):
Os tempos são outros e o jeito de ensinar impõe a busca de novos caminhos em que se considera o aluno como protagonista da aula e da construção da aprendizagem. O bom professor, que é o organizador do ensino, que conhece a realidade de seu aluno, sabe escolher problemas que possibilitarão a construção de conceitos e procedimentos que cheguem aos processos de resolução, sem nunca esquecer os objetivos realistas que antes se traçaram. (p. 56)
Após a execução de cada atividade inicial os alunos eram instigados a
executar atividades relacionando o que fizeram no software com os conceitos
algébricos. Em cada atividade também foi colocada a representação algébrica e
matricial das transformações de modo que os alunos pudessem compreender os
conceitos definidos e associá-los à execução no software, desenvolvendo assim
múltiplas representações de um mesmo objeto.
No desenvolvimento da sequência didática foram trabalhadas as seguintes
Transformações Lineares Planas: reflexões, contrações, dilatações, cisalhamento e
rotações, sempre buscando fazer a interligação entre os esforços na construção civil
e as transformações algébricas.
A próxima atividade realizada foi a associação de imagens e ideias (Apêndice
C). Os alunos deveriam relacionar os esforços estruturais com as Transformações
Lineares Planas, utilizando-se para isso imagens que descreviam os esforços
aplicados em objetos da construção civil. O objetivo era fazer com que os alunos
pudessem, através de múltiplas representações, relacionar e associar os conceitos
adotados na Engenharia Civil à Álgebra Linear.
A atividade que encerrava a sequência didática objetivava que os alunos
produzissem significado para os esforços estruturais, gerando uma interligação com
as Transformações Lineares Planas (Apêndice D). A atividade consistia em
descrever o que o aluno compreendeu dos esforços estruturais e fazer a conexão
com os conceitos de Transformações Lineares, de modo que o mesmo pudesse
demonstrar o que aprendeu durante as atividades e se conseguiu denotar
significado à teoria abordada.
Nas linhas seguintes, a sequência didática será mais bem descriminada e
analisada, gerando com isso um aprofundamento científico das atividades
74
propostas. Desse modo, as múltiplas representações e a produção de significado
serão tratadas nas atividades, propiciando um aprendizado significativo e conciso à
prática na Engenharia Civil.
75
5 ANÁLISE DAS ATIVIDADES
As atividades propostas neste trabalho (Apêndice A, B, C e D) foram
aplicadas ao longo das aulas de Álgebra Linear e contaram com a participação de
duas turmas do segundo período de Engenharia Civil. Abaixo segue um quadro
informativo das atividades:
Quadro 11 - Informativo dos objetivos e carga horária das atividades
Quadro Informativo das Atividades Desenvolvidas
Atividade Duração Objetivos Específicos
1ª Atividade: Sondagem inicial
1 h/aula Verificar o conhecimento dos
alunos em relação aos esforços na Engenharia Civil.
2ª Atividade: Transformações
Lineares com recurso computacional
6 h/aula
Construir o significado de Transformações Lineares
Planas utilizando o software GeoGebra.
3ª Atividade: Transformações
Lineares e Esforços Estruturais
2 h/aula
Relacionar e interligar as Transformações Lineares e
esforços na Engenharia Civil através das representações de
imagens e escrita.
4ª Atividade: Justificando as
Associações 2 h/aula
Associar e produzir significado relacionando Transformações Lineares Planas e esforços na
Engenharia Civil.
Carga horária Total 11 h/aula Fonte: Elaborado pelo autor
Entende-se por hora/aula (h/aula) o tempo de cinquenta minutos de atividades
docentes. Desse modo as atividades constantes dos Apêndices A, B, C e D foram
desenvolvidas e pensadas para melhor aproveitar o tempo referido.
5.1 Atividade 01: Sondagem inicial
5.1.1 Objetivos
Ao término dessa atividade junto aos discentes pretendia-se:
a) Verificar o nível de conhecimento dos alunos sobre o assunto a ser tratado.
76
b) Instigar o aluno na pesquisa do tema dado.
5.1.2 Descrição
A atividade exigia uma leitura prévia do primeiro capítulo do livro de Botelho
(2011), considerando que os alunos do segundo período ainda não tiveram as
disciplinas de Ciência dos Materiais e Estruturas dos Materiais.
Após o estudo prévio, uma cópia contendo conceitos e a descrição dos
nomes foi entregue aos alunos para que os mesmos pudessem relacionar o tema à
descrição dada.
Ao término da atividade foi realizada uma socialização com os alunos,
relacionando o termo à caracterização, conforme pode ser visualizado abaixo.
Figura 16 - Sondagem inicial
Fonte: Elaborada pelo autor e adaptada de SHACKELFORD (2008)
Mediante a descrição dada e a leitura prévia dos alunos a solução correta da
relação seria 4, 2, 3,1. Com a socialização dos assuntos, os alunos puderam tirar as
77
dúvidas e referendar as relações feitas.
5.1.3 Análise da aplicação
Notou-se, com a sondagem inicial, que muitos alunos possuíam o
conhecimento físico do tema, porém não compreendiam os conceitos. Ao socializar
a atividade, alguns alunos exemplificavam, na Física, os esforços, mas
algebricamente e com relação à teoria das estruturas nada tinham a declarar. O
conhecimento que possuíam, portanto, era na realidade o conhecimento acadêmico,
dominante apenas na teoria e com pouca relação prática.
A seguir será relacionada a porcentagem de acertos da sondagem inicial
aplicada a todos os alunos das duas turmas de Engenharia Civil, gerando um
demonstrativo e comparação dos resultados obtidos.
Para uma familiarização e identificação dos gráficos, os conceitos
avaliados são referidos, respectivamente, aos seus números: 1-cisalhamento, 2-
compressão, 3-torção, 4-tração.
Gráfico 1 - Porcentagem de acertos da sondagem inicial – Turma A
Fonte: Dados da Pesquisa
78
Gráfico 2 - Porcentagem de acertos da sondagem inicial – Turma B
Fonte: Dados da Pesquisa
Como pode ser analisado, a turma B demonstra maior compreensão dos
conceitos analisados. Nota-se uma familiaridade em ambas turmas com o conceito
de compressão e torção (2 e 3 respectivamente), uma vez que estes foram a maior
porcentagem de acertos.
A diferença entre as turmas se deve ao fato de que na turma A os sujeitos
pesquisados encontram-se envolvidos na construção civil e/ou saíram há algum
tempo do Ensino Médio, ou seja, conhecem a prática, mas não dominam a teoria.
Na turma B, os alunos são provenientes de instituições de ensino técnico e saíram
recentemente do Ensino Médio, por isso dominam mais a teoria. Na aplicação da
sondagem inicial notou-se algo instigante. Os alunos da turma A, participaram mais
efetivamente da atividade, demonstrando aplicações na construção civil. Um aluno
que trabalha como mestre de obra conseguiu explicar claramente o processo de
tração, compressão e cisalhamento que podem ocorrer “nas tesouras” de um
telhado.
Com o início da fala desse aluno, a socialização tornou-se mais proveitosa.
Outro aluno que fez curso técnico de mecânica, descreveu e exemplificou o
processo de torção nas peças que ele produz. Com isso, os alunos foram
levantando possíveis lugares onde os esforços poderiam ser identificados.
Com relação à tração e ao cisalhamento (1 e 4 respectivamente), os alunos
tiveram um pouco mais de dificuldade em executar as relações. No tocante ao
79
cisalhamento, nota-se um maior desconhecimento por parte dos alunos, uma vez
que este conceito é melhor trabalhado em Teoria das Estruturas e Ciência dos
Materiais. Estes conteúdos são lecionados à partir do terceiro período do curso na
Universidade pesquisada.
Alguns alunos conseguiram relacionar a questão de cisalhamento e tração,
explicando que para que ocorra a cisalhada, a tração pode ser aplicada à peça.
Acredita-se que esse fator foi culminante para que a maioria dos alunos
assinalassem os esforços 1 e 4 em ordem alternada nas lacunas.
A turma B, apesar de dominar, em grande maioria, o conteúdo foi mais
retraída na questão da socialização do conhecimento. Talvez o nível de maturidade
dos alunos não permitiu a socialização de uma forma maior como na turma A.
O gráfico abaixo relaciona a porcentagem de acerto de todas as questões em
cada uma das turmas analisadas. Nota-se que a turma A ficou bem abaixo da turma
B. Os acertos tabulados demonstram que a turma B possui maior domínio teórico do
assunto, uma vez que quase a metade da sala (49%) conseguiu acertar todas as
questões. Já na turma B (28%), demonstra que os alunos não conseguiram acertar
todas as questões. Conclui-se com ele que a turma B possui maior domínio teórico
do tema do que a turma A na sondagem inicial. O fato da turma B ficar mais retraída
na socialização colaborou para que a difusão do conhecimento ficasse restrita a
poucos. Com isso, a relação de associação na sondagem inicial ficou díspar em
relação à turma A.
Gráfico 3 - Porcentagem de alunos que acertaram toda a sondagem incial
Fonte: Elaborado pelo autor
TURMA A TURMA B
80
A sondagem inicial serviu de grande valia para analisar os rumos que a
sequência didática tomaria e também para caracterizar o nível em que os sujeitos
pesquisados encontravam-se com relação ao tema estudado.
Na análise seguinte serão abordadas as Transformações Lineares Planas
com recurso computacional, realizada com os alunos no laboratório de informática
da instituição, gerando assim múltiplas representações.
5.2 Atividade 02: Transformações Lineares Planas com recurso computacional
5.2.1 Objetivos
Ao término dessa atividade junto aos discentes pretendia-se:
a) Construir o significado de Transformações Lineares Planas utilizando o
software GeoGebra.
b) Analisar e compreender as transformações na escrita geométrica e algébrica.
c) Produzir significado das Transformações Lineares através das múltiplas
representações (linguagem, escrita algébrica e geométrica, transcrição
gráfica).
d) Trabalhar em equipe e socializar o conhecimento.
5.1.2 Descrição
Para a execução, a atividade foi enviada aos alunos via Portal Universitário
(ver Apêndice B). Esse tipo de sistema adotado na Universidade permite a
comunicação entre professor e aluno e também o envio de notas e atividades
docentes como exercícios, correções e lançamento de aulas.
No primeiro momento foram explorados os recursos do software GeoGebra:
os ícones, barras de ferramentas e escrita do programa. É importante salientar que
foi um primeiro contato dos alunos com o software, por isso, a necessidade em
executar tal procedimento.
Após os alunos se habituarem ao software, foi iniciada a atividade, onde a
mesma interagia com os alunos em cada uma das Transformações Lineares Planas.
Ela é composta de quatro tópicos. O primeiro, GeoGebra, traz os comandos e ações
81
que os alunos deverão desenvolver no software. O segundo, Aprendendo +, traz os
conceitos que os alunos deverão conhecer para compreender as ações do software.
O terceiro denomina-se Extrapolando e os alunos deveriam responder e completar
questões que relacionam ações executadas no software com o a teoria de
Aprendendo +. O último tópico é relacionando ideias, onde os alunos deverão
relacionar as matrizes de transformação algébrica com as transformações
desenvolvidas no software, conforme descriminado na figura abaixo.
Figura 17 - Início das atividades com auxílio de recurso computacional
Fonte: Elaborada pelo autor
A primeira Transformação Linear Plana desenvolvida foi a Reflexão. A
atividade vem com o conteúdo teórico definindo e organizando as ideias. Em
seguida é passado o comando a ser executado no software GeoGebra. Os alunos
deveriam interagir entre si no computador e organizar as reflexões.
Em uma ordem crescente de dificuldade as reflexões deveriam ser realizadas
em torno do eixo das abscissas, ordenadas, origem do sistema cartesiano, em torno
da reta identidade (y=x) e em torno da reta de equação y=-x.
As próximas transformações a serem realizadas foram as dilatações e
contrações. Foi dada ênfase junto aos alunos na questão de dilatar e contrair
82
vetores, pois os mesmos deveriam ser multiplicados por escalares quaisquer,
obedecendo ao seguinte atributo: se o escalar é maior do que 1, o vetor dilata. Se
for um valor entre 0 e 1 contrai. Se o escalar for 1 é a transformação identidade e se
for menor do que 0, troca o sentido do vetor. As dilatações e contrações foram
realizadas na direção do vetor, na direção das abscissas, na direção das ordenadas.
Em seguida o cisalhamento foi estudado.
Figura 18 - Execução da atividade no Laboratório de Informática
Fonte: Arquivo do autor
Apesar de desconhecerem o termo, os alunos puderam com a familiarização
do software, executar o cisalhamento. As ênfases foram dadas nos eixos das
abscissas e ordenadas, trabalhando com a construção de polígonos em cada
cisalhamento para melhor visualização do efeito de cisalhada nos vetores.
A rotação foi a última transformação trabalhada com os alunos e foi realizada
manualmente para que os alunos compreendessem bem como ocorria.
Diferentemente das outras transformações, que eram aplicadas através de um
83
comando predefinido pelo software a rotação foi organizada para que os alunos
compreendessem bem a matriz de transformação. Desse modo os comandos
seguiram a estrutura da sequência didática, porém organizando bem os vetores para
serem rotacionados. Na matriz algébrica de transformação os alunos deveriam
substituir o seno e cosseno do ângulo rotacionado e efetuar o produto do vetor com
a matriz de transformação. Em seguida o resultado era inserido no software e
calculado o ângulo de rotação.
5.1.3 Análise da aplicação
Inicialmente os alunos entraram no laboratório de informática com bastante
receio. Tal medo surgia da disciplina de Informática, cursada pelos mesmos no
semestre anterior onde aprenderam a programar. Como não conheciam o software,
acharam que o mesmo seria de difícil manipulação e com programação matemática
lógica de grandes comandos como o Maple, Matlab, etc. Para melhor organizar a
análise da aplicação, os grupos serão designados de acordo com a sala trabalhada.
Como as duas turmas analisadas possuem o mesmo número de grupos, os grupos
serão assim descriminados 1A, 2A, 3A, 4A, 5A (referem-se à turma A). Em
consequência 1B, 2B, 3B, 4B, 5B (referem-se à turma B).
Ao iniciarem a familiarização com o software, muitos comentários foram
lançados (todos positivos) sobre a interface e manipulação do programa. Um aluno
do grupo 1B mencionou: “É muito fácil mexer nesse programa! Ele faz tudo! É só
saber como digitar as coisas!” De um modo unânime os alunos consideraram a
utilização do programa de fácil manipulação e muito interessante.
A análise dos dados seria feita em três etapas. A primeira corresponde a
execução geométrica das transformações no software. Os alunos conseguiram
executar e desenvolver todas as atividades sem problemas. Considerando os
comandos dados pela sequência, não existiram dúvidas em executar as ações. Tudo
ocorreu de forma ordeira, no tempo idealizado e acima de tudo de forma
colaborativa com os colegas. Iniciando a atividade, os alunos executaram as
reflexões pedidas.
Após a realização de cada uma das reflexões era pedida a extrapolação da
transformação dada produzindo significado para o que desenvolviam no software.
84
Figura 19 - Exemplo da atividade de Extrapolação
Note que a matriz de transformação altera sempre um sinal do eixo. Qual
é esse eixo? Por que isso ocorre?
Fonte: Atividade criada pelo pesquisador
O grupo 2A respondeu da seguinte forma: “Corresponde ao eixo a ser
refletido. Isso ocorre porque após a transformação, o objeto será o mesmo, só
alterará sua posição de acordo com o eixo a ser refletido selecionado.”
Torna-se interessante notar que o grupo conseguiu abstrair o conceito e
compreender o que ocorre na reflexão. É oportuno ressaltar que seguindo a teoria
de Duval (2009), ocorreu o tratamento semiótico dado ao objeto de estudo: houve
formação (intencionalidade de identificar a representação de um objeto), o
tratamento (consiste em transformar a representação, neste caso a matriz de
transformação algébrica foi fundamental para efetuar o tratamento do objeto) e por
fim, a conversão (uma transformação que produz outra representação, neste caso,
a forma geométrica assumida pela transformação foi a conversão da matriz
algébrica).
As questões com relação à reflexão continuavam na atividade. Na reflexão
em torno do eixo das ordenadas, a questão era a seguinte:
Baseando no que aprendeu anteriormente, como executar a reflexão em
torno do eixo y?
O grupo 5B denotou o comentário: “Basta substituir no comando o termo
Objeto pelo Ponto criado, e a reta por x=0, ou seja, Reflexão [Ponto, x = 0].” Nota-se
que os alunos se apoderaram dos conceitos do programa para desenvolver novas
transformações, o que gerava autonomia em relação ao professor. Os alunos
conseguiram manipular o software e desenvolver os conceitos pedidos. Como pode
ser notada pela resposta do grupo 4B à seguinte questão:
É preciso trocar um comando na reflexão. Qual comando será alterado?
“Deverá alterar a reta que antes era y = 0 para x = 0.” A proposta em se criar
uma atividade autônoma para os alunos foi concretizada, gerando motivação em
executar as atividades. Continuando com a extrapolação, os alunos eram instigados
85
a fazer conjecturas e análises sobre suas ações no software:
Note que a matriz de transformação também altera sempre um sinal do
eixo. Qual é esse eixo? Por que isso ocorre?
“É o eixo x. Isso ocorre porque as reflexões em torno de um eixo mantêm o
valor da ordenada daquele eixo igual, mas a abscissa do eixo possui valor oposto”,
escreveu o grupo 3A. Apesar de não ser exigido que as resposta fossem em lauda
digitada, grande parte optou em executar as atividades em digitação formalizada,
atendendo aos pré-requisitos da disciplina de Metodologia Científica, a qual os
alunos cursam também no segundo período.
Como a reflexão é em torno da origem do sistema, e esta é definida por
um ponto, qual é este ponto que deverá substituir o comando?
“O ponto (0,0)”, todos os grupos responderam juntos. Foi interessante notar
que mesmo tendo na aplicação alunos com dificuldade em acompanhar o conteúdo
em sala de aula, estes conseguiam seguir o ritmo da atividade e desenvolver a
teoria.
O que você notou em relação às coordenadas de seu objeto?
“As coordenadas possuem mesmo valor, porém com sinais negativos” citou o
grupo 5A. Apesar dos alunos argumentarem conceitos com descrições erradas, por
exemplo, ao mencionarem sinais negativos os alunos entenderam que os sinais
tornavam-se opostos, compreendendo bem o processo da transformação realizada.
Fazendo a ligação desse conceito com as ideias anteriormente traçadas, os alunos
deveriam também realizar exercícios que foram organizados em forma de perguntas
e lacunas e também montar novos comandos.
Entendido o conceito, quando ocorre a reflexão em torno da origem do
sistema as coordenadas sofrem inversão do sinal. Ou sejam, refletem com
seus valores opostos. Como a alteração agora é em torno da reta y=x, o que
fazer no comando de reflexão do programa para que ocorra a reflexão?
“No lugar de reta você coloca y=x, ou seja, Reflexão[<Objeto>, y=x]”,
argumentou o grupo 3B. Os alunos deveriam também analisar a estrutura algébrica
e formalizar respostas que atestassem para o que ocorria no software ao efetuar as
transformações.
86
O que você notou em relação às coordenadas?
O grupo 2A escreveu: “Elas inverteram de posição. O que era x passou a ser
y e vice-versa.” Aos alunos era pedida a compreensão dos conceitos estudados,
conforme pode ser observado nas perguntas, as respostas dadas pelos alunos
refletem a compreensão do conceito trabalhado. Para a análise foram coletadas as
informações que os alunos respondiam na socialização da atividade, seja de forma
escrita ou oral. Questões em que os alunos pudessem também concluir ideias eram
propostas aos mesmos. Um exemplo é a questão abaixo:
Conclua: Quando ocorre uma reflexão em torno da reta identidade (y=x),
a coordenada das abscissas (x) troca com a coordenada das ordenadas(y).
Em consequência a coordenada das ordenadas (y) troca com a
coordenada das abscissas (x).
O grupo 1B completou corretamente as lacunas e ainda respondeu a próxima
questão:
Como a alteração agora é em torno da reta y=-x, o que fazer no comando
de reflexão do programa para que ocorra a reflexão?
“No lugar de reta você coloca y=-x, ou seja, Reflexão[<Objeto>,y=-x]”. Nota-se
que com as múltiplas representações que as transformações receberam, os alunos
conseguiram acompanhar no software todo o processo algébrico das
transformações, produzindo significado para o objeto estudado.
O que você notou em relação às coordenadas?
“Elas inverteram de posição e de sinal. O que era x passou a ser y com sinal
oposto e vice-versa”, argumentou o grupo 4A. Neste momento, fechando a atividade
de reflexão foi pedido aos grupos que concluíssem o que fizeram no software com a
reflexão em torno da reta y=-x.
Conclua: Quando ocorre uma reflexão em torno da reta identidade (y=-x),
a coordenada das abscissas (x) troca com a coordenada das ordenadas
(y). Em consequência a coordenada das ordenadas (y) troca com a
coordenada das abscissas (x). Alterando também o sinal das
coordenadas.
Todos os grupos conseguiram responder bem esta questão, finalizando o
primeiro momento da atividade e acima de tudo abstraindo os conceitos teóricos que
87
foram vistos na seção Aprendendo + da atividade citada. Mediante a análise
apresentada, os alunos conseguiram compreender bem o conceito de reflexão e
desse modo, fazer a análise das diversas representações que estavam presentes na
atividade, como por exemplo, a matriz algébrica das transformações. Torna-se
necessário enfatizar que com a noção de transformações bem alicerçada, os alunos
sentiram-se melhor preparados para desenvolver as outras transformações no
software. Continuando a atividade os alunos executaram as dilatações e contrações.
De modo semelhante às reflexões, após a realização das dilatações e
contrações os alunos eram motivados a realizar a parte de extrapolação do
exercício, pensando e refletindo sobre o que realizaram no software.
O que você notou em relação às coordenadas na dilatação? E na
contração?
“Ficaram duas vezes maior na dilatação e duas vezes menor na contração”
respondeu o grupo 3B. Em seguida foi indagado o que aconteceria se os escalares
que eram usados para efetuar as dilatações e contrações fossem alterados.
E se o escalar for menor do que 0, o que acontece?
“Elas trocam de sinal”, mencionou o grupo 3A. Apesar da resposta simples,
nota-se domínio da transformação pedida. Todos os grupos concluíram de forma
semelhante a dilatação.
Conclua: Quando dilatamos ou contraímos através de Transformações
Lineares, ocorre a multiplicação das coordenadas pelo escalar usado.
O que você notou em relação às coordenadas na dilatação em relação às
ordenadas? E na contração?
“A ordenada ficou multiplicada pela razão e a abscissa permaneceu a mesma.
Ou seja, na dilatação = (x,2y) e na contração = (x, y/2)”, escreveu o grupo 4A.
Como você pode fazer a dilatação e contração em relação ao eixo das
ordenadas?
“Criando uma reta x=0 e usando a entrada Esticar[ <Objeto>,<Reta>,
<Razão> ]”, listou o grupo 5A. Neste caso pode ser comprovado que os alunos
conseguiam abstrair o conceito, aplicando à programação no software. Para que
ocorresse a dilatação ou contração em torno de um eixo, os alunos deveriam saber
88
o que executar no eixo e como utilizar os comandos, conforme descriminado ainda
pelo grupo 5A:
Que comando você deve alterar? Por quê?
“A reta. Pois agora o eixo mudou.” A atividade sempre propunha que os
alunos concluíssem o que realizam em cada transformação conforme descrição
abaixo:
O que você notou em relação às coordenadas na dilatação? E na
contração?
“Na dilatação o valor da abscissa fica multiplicado pela razão e o da ordenada
permanece o mesmo. Na contração ocorre o mesmo fato, porém, a razão é positiva
e menor do que 1, o que faz o vetor diminuir de tamanho” citou o grupo 4A. Mais
uma vez é importante salientar que em todas as transformações realizadas, o
tratamento algébrico também foi trabalhado, uma vez que a matriz de transformação
sempre ocorria ao término dos exercícios e era pedido aos alunos que realizassem e
comentassem o que significavam tais termos.
Figura 20: Exemplo da atividade Relacionando ideias
Fonte: Atividade criada pelo pesquisador
A compreensão dos alunos em relação às dilatações e contrações foi
verificada e o cisalhamento foi a nova transformação a ser trabalhada. Notou-se,
mais uma vez, a evolução dos alunos em conhecer analisar as múltiplas
representações da atividade. Com o conhecimento trabalhado e alicerçado, os
alunos compreenderam bem as matrizes de transformações e fizeram corretamente
a interpretação, produzindo significado aos termos e também organizando as ideias
trabalhadas.
O que você notou em relação ao cisalhamento?
“Que o polígono se tornou mais achatado” respondeu o grupo 4B. Nesta parte
da atividade, notou-se que os alunos visualizaram bem a questão do cisalhamento,
compreendendo que em relação ao eixo cisalhado a base permanece a mesma e a
89
transformação ocorre em relação ao outro eixo, como podem ser notadas nas
respostas abaixo do grupo 2A.
O que aconteceu com a base do polígono?
“Permaneceu a mesma”
O que aconteceu com os lados paralelos ao eixo cisalhado?
“Ficaram inclinados”
O que aconteceu com as coordenadas?
“As coordenadas da base do polígono permaneceram constantes, mas as
outras tiveram a abscissa multiplicada pelo valor do cisalhamento e a ordenada
constante.” Com a análise das respostas, os alunos demonstraram conhecimento e
analisaram bem o cisalhamento, seja em torno das abscissas, seja em torno das
ordenadas. Eles conseguiram visualizar com o polígono traçado o cisalhamento dos
vetores e compreender que em relação ao eixo cisalhado a base permanece
inalterada e ocorre um estiramento do lado paralelo.
A rotação foi o a última transformação trabalhada. Para executá-la os alunos
necessitavam de conhecimento trigonométrico para rotacionar os vetores em relação
aos ângulos pedidos. A dificuldade inicial era em relembrar seno e cosseno dos
ângulos, para isso, foi realizada uma rápida revisão de modo que os alunos
pudessem executar a transformação.
O que notou em relação à rotação?
“As coordenadas em relação ao ângulo de 90º mudaram de direção e o valor
das ordenadas tornou-se oposto ao inicial”, escreveu o grupo 5B. Foi dada
preferência em rotacionar os vetores em ângulos que ficam nos eixos cartesianos
como 90º, 180º, 270º e 360º, pelo fato de o seno e cosseno serem exatos sem a
necessidade em efetuar cálculos com raízes.
Por que isso acontece?
“Porque na matriz algébrica, multiplicamos o ponto final do vetor pela matriz
de seno e cosseno do ângulo, gerando a rotação”, argumentou o grupo 5A. Com a
resposta definida, notou-se que os alunos conseguiram desenvolver manualmente
os cálculos para efetuar as rotações pedidas.
Como efetuar novas rotações utilizando a matriz de transformação?
90
“Basta usar a matriz de transformações, multiplicando as coordenadas do
vetor traçado pelo seno e cosseno do ângulo que se deseja rotacionar” citou o grupo
4A. Os alunos conseguiram compreender bem os conceitos e geraram a
organização dos dados, produzindo significado a essa transformação.
A segunda análise será feita através da produção de significado. Ao realizar a
atividade, notou-se que a produção de significado dos alunos era cada vez mais
aguçada com o interagir entre teoria e prática computacional. Na socialização das
atividades, cada aluno completava a fala do outro de modo que o núcleo do objeto
estudado (Transformações Lineares Planas) era convergido em diversas linguagens
(computacional, algébrica, fala). O uso de múltiplas representações representou
nesta atividade um avanço enorme em relação à aprendizagem. Com a teoria de
Lins (2001), a produção de significado tornou-se ainda mais abrangente. O que
antes era subentendido como apenas formalismos algébricos, ganhou uma
conotação especial de compreensão e organização de dados para os alunos.
Segundo um dos alunos do grupo 3A: “fazer a leitura algébrica tornou-se
propício na compreensão do significado das Transformações Lineares Planas”. A
socialização das atividades, ainda segundo este, “fez com que cada um ajudasse o
colega na compreensão das informações que não abstraíram bem e motivou-os a
executar as atividades novamente com um novo olhar”.
A terceira análise se dá através da visualização das múltiplas representações
de um mesmo objeto. Esse efeito da teoria de Duval (2009) das representações
semióticas e múltiplas representações propiciaram aos alunos visões diferenciadas
de um mesmo objeto, manipulando de diversas formas o mesmo objeto pode-se
produzir um significado maior para o mesmo. Uma aluna relatou que durante a
atividade encontrou dificuldade em responder as questões inicialmente, mas quando
se deparou com a leitura algébrica e a compreendeu, produzindo significado para a
mesma, mudou sua opinião. As atividades tornaram-se mais fáceis em compreender
e também em visualizar as transformações.
91
Figura 21 - Cisalhamento e rotação realizados pelos alunos
Fonte: Arquivo do autor
Figura 22 – Dilatação e reflexão realizadas pelos alunos
Fonte: Arquivo do autor
5.3 Atividade 03: Transformações Lineares Planas e Esforços Estruturais
5.3.1 Objetivos
Ao término dessa atividade junto aos discentes pretendia-se:
a) Relacionar e interligar as Transformações Lineares Planas e esforços na
Engenharia Civil através das representações de imagens e escrita.
b) Associar imagens e termos algébricos e científicos na compreensão das
idéias das Transformações Lineares Planas e esforços na Engenharia Civil.
c) Produzir significado na associação das ideias e imagens trabalhadas.
5.3.2 Descrição
92
A atividade foi realizada em sala de aula e os alunos receberam material
impresso, onde deveriam relacionar a imagem com as Transformações Lineares
Planas e os esforços nas estruturas da construção civil.
Durante a atividade era permitida a troca de informações entre os colegas de
modo a gerar a socialização da aprendizagem e desse modo construir o
conhecimento sobre o conteúdo estudado.
Ao findar a execução, os alunos trocaram as atividades entre si e foi realizada
a correção das atividades através da socialização das ideias. É importante salientar
que em nenhum momento, a resposta pronta foi dada. O aplicador questionava
sempre os alunos sobre suas escolhas na associação das imagens com as ideias de
Transformações Lineares Planas e esforços nas estruturas da construção civil.
Desse modo, a ideia foi argumentada pelos alunos. Na imagem a seguir, pode-se
verificar o exemplo da correção executada pelos alunos.
Figura 23 - Correção da associação de imagens e ideias pelos alunos
Fonte: Arquivo do autor
5.3.3 Análise da aplicação
No primeiro momento houve dificuldade em relacionar imagem e ideias. Tal
ação se deve ao fato de que os alunos sempre foram “mecanizados” a aprender, ou
seja, viam a teoria, aprendiam com exemplos e teriam que repetir o conteúdo
através de exercícios de fixação. Com as atividades desse trabalho, esse formalismo
93
de mecanização foi abandonado e optou-se em construir e produzir significado ao
conhecimento, diferindo, portanto das abordagens atuais para este tema.
Com relação à aplicação desta atividade notou-se que a turma A, obteve uma
maior produção de significado em relacionar imagens e termos, uma vez que
participaram mais ativamente da socialização das respostas. A troca de informações
não ficou restrita a alguns alunos, mas toda a classe participou ativamente com
perguntas, comentários e acima de tudo relacionando fatores que acontecem nas
construções civis com os termos dados.
Faz-se necessário ainda ressaltar que muitas dúvidas com relação à
construção civil foram levantadas, e o fato que mais chamou a atenção do
pesquisador é que os alunos que já trabalhavam na construção civil se interessavam
em responder às questões dos colegas demonstrando como as transformações
ocorriam dentro da Engenharia Civil.
Na turma B, pelo fato dos alunos serem mais imaturos em relação às
construções civis, a atividade não obteve tanto furor como na turma A. Os alunos
estavam mais passivos aos questionamentos do pesquisador e se mostraram pouco
participativos na correção das atividades. Desse modo os gráficos abaixo relatam a
discrepância na compreensão da atividade, uma vez que uma turma possuía maior
interesse do que a outra.
Gráfico 4 - Associação de Imagens e Ideias – Turma A
Fonte: Dados da Pesquisa
94
Gráfico 5 - Associação de Imagens e Ideias – Turma B
Fonte: Dados da Pesquisa
Finalizando as atividades, tornou-se importante registrar a produção de
significado dos alunos ao se efetuarem as atividades aqui mencionadas. Dessa
forma, optou-se em aplicar uma última atividade onde os alunos relacionariam mais
uma vez as Transformações Lineares Planas com os esforços na Engenharia Civil,
justificando a relação de tal associação.
5.4 Atividade 04: Justificando Associações
5.4.1 Objetivos:
Ao término dessa atividade junto aos discentes pretendia-se:
a) Associar e produzir significado relacionando Transformações Lineares Planas
e esforços na Engenharia Civil.
b) Gerar a compreensão das Transformaçõe Lineares Planas enquanto
disciplina e motivar nos alunos a produção de significados das disciplinas
teóricas relacionando à futura profissão.
5.3.2 Descrição
Mais uma vez, a atividade seria aplicada com a permissão de consulta aos
95
colegas de modo a socializar o conhecimento, gerando assim uma contribuição
significativa à aprendizagem.
Figura 24 - Socialização da atividade de Produção de Significado
Fonte: Arquivo do autor
Após o relacionamento dos termos e a justificativa dos mesmos, de forma
abrangente a socialização aconteceria junto à toda a classe.
5.3.3 Análise da aplicação
Nesta atividade, os alunos deveriam produzir significado das Transformações
Lineares Planas, relacionando os esforços na Construção Civil com estas e
justificando a escolha.
A atividade transcorreu efetivamente conforme a descrição. Durante a
socialização da mesma, os alunos estavam participativos e demonstraram com
muita sagacidade a relação entre os termos. Com a finalização dessa sequência de
atividades pode-se notar o visível crescimento na aquisição dos conhecimentos.
A aprendizagem ocorreu de forma ascendente, foi gerada com produção de
96
significado e não somente através de mecanizações e exercícios de fixação, mas de
modo a motivar a reflexão nos alunos, gerar o esforço da memória para que a
aprendizagem ocorresse como declara Selbach et al(2010):
(...) se a memorização mecânica e distante da atribuição de significado quase nada vale para a aprendizagem significativa, não pode existir uma verdadeira aprendizagem matemática sem esforço algum. (p. 27)
O primeiro esforço da construção civil a ser relacionado foi a torção. Os
alunos conseguiram associar sem problemas com a rotação e produziram
significado nas justificativas conforme abaixo discriminado:
Figura 25 - Associação de termos e produção de significado para Torção/Rotação
Fonte: Arquivo do autor
Como pode ser visualizado, o aluno conseguiu relacionar os termos e
descrever o que cada um produz dentro de seu uso científico seja na Engenharia,
seja na Álgebra. Tal descrição muito explicita a produção de significado uma vez que
“um estudante somente aprende quando pode atribuir significação ao que aprendeu
e, portanto, torna-se capaz de fazer uso da aprendizagem para aprender outras
coisas.” (SELBACH et al, 2010, p. 43)
O esforço da tração foi o segundo citado. Os alunos também relacionaram
bem com a dilatação. Alguns alunos questionaram se não poderia ser também
relacionado ao cisalhamento. Neste momento, o pesquisador lançou a pergunta para
a classe e a ideia do cisalhamento foi novamente retomada na Álgebra através das
visualizações no software GeoGebra. Como os alunos perceberam que no
cisalhamento uma base é fixada, a tração foi prontamente relacionada à dilatação
pelo fato de ocorrer esforço que muitas vezes dilata o objeto.
97
Figura 26 - Associação de termos e produção de significado para Tração/Dilatação
Fonte: Arquivo do autor
Em seguida relacionaram a compressão. Esse termo foi facilmente
relacionado e os alunos produziram o significado, muitas vezes relacionando com os
esforços físicos. Com isso, os alunos conseguiram relacionar bem os termos,
gerando a habilidade em fundamentar os termos ampliando esse saber para a futura
profissão.
Figura 27 - Associação de termos e produção de significado para Compressão/Contração
Fonte: Arquivo do autor
O último esforço para associação foi o cisalhamento. Nesse esforço, os
alunos conseguiram abstrair significativamente o conceito e a visualização através
do GeoGebra. Foi de fundamental importância para que a compreensão ocorresse
com a sequência didática trabalhada anteriormente.
A aprendizagem deixou de ser mecanizada através deste trabalho e passou a
ser incorporada pelos alunos como um processo simples, mas com múltiplas
representações. Isso significou uma melhor produção de significado e também uma
98
maior aplicação dos conhecimentos.
Isso requer que o caminho que o professor de Matemática percorre na administração de seu ensino, construa um processo de aprendizagem na qual o conhecimento não seja nem direta e nem indiretamente ensinado pelo professor, mas que se forme progressivamente no aluno a partir de condições estruturais muitas vezes próprias. (SELBACH et al, 2010, p. 147)
Na imagem abaixo pode-se notar a associação que o aluno fez,
demonstrando que na Transformação Linear o objeto é estendido (estirado)
enquanto que nas construções civis ao estirar o objeto o mesmo pode se romper.
Figura 28 - Associação de termos e produção de significado para Cisalhamento
Fonte: Arquivo do autor
Nas linhas abaixo, analisa-se três questionários de pesquisa aplicados aos
alunos do Curso de Engenharia Civil, de modo a avaliar a produção de significado
dos mesmos em relação ao trabalho desenvolvido.
5.4 Análise dos questionários de pesquisa
5.4.1 Questionário aplicado à aluna reprovada na disciplina de Álgebra Linear
Para ajudar na análise das atividades, foi aplicado um questionário para uma
aluna que cursa a disciplina de Álgebra Linear há cinco períodos. Ao longo destes
dois anos e meio, foi notada a dificuldade da aluna em relação à linguagem
algébrica, bem como em compreender bem os conteúdos estudados.
No primeiro momento, foi indagado sobre a formação da aluna na Educação
Básica em relação ao conteúdo de Álgebra, conforme pode ser visualizado na figura
99
a seguir:
Figura 29 - Resposta 1 da aluna reprovada
Fonte: Arquivo do autor
A resposta da aluna foi surpreendente, uma vez que a mesma tem noção de
que o conteúdo dela é bastante defasado do 6º ao 9º ano (antigo Ensino
Fundamental II que correspondia da 5ª à 8ª série). A aluna afirmou que sua
formação neste período foi em uma escola pública e chegou a ter até três
professores no mesmo ano na disciplina de Matemática, uma vez que havia
constante afastamento por motivos diversos dos professores. Em seguida, foi
argumentada a próxima questão:
Figura 30 - Resposta 2 da aluna reprovada
Fonte: Arquivo do autor
Com relação à dificuldade que a aluna encontra no conteúdo de
Transformações Lineares, a aluna mencionou que possui dificuldade não somente
neste conteúdo, mas na Álgebra Linear em geral, uma vez que a mesma não
consegue relacionar a teoria com a prática na Engenharia Civil.
100
Figura 31 - Resposta 3 da aluna reprovada
Fonte: Arquivo do autor
Desse modo, verifica-se que a dificuldade que muitos alunos apresentam em
relação à disciplina de Álgebra Linear refere-se à formação precária na Educação
Básica, muitas vezes com falta de capacitação de professores em lecionar os
conteúdos matemáticos e também na falta em produzir significado do conteúdo
estudado em sala de aula com a futura profissão. As Transformações Lineares
Planas dentro da Engenharia Civil, após a aplicação da sequencia didática, são
enxergadas agora pela aluna mais facilmente com associações e aplicações na
futura profissão da mesma, como pode notar-se na resposta a seguir:
Figura 32 - Resposta 4 da aluna reprovada
Fonte: Arquivo do autor
Ao ser questionada se notava diferença no ensino do conteúdo de
Transformações Lineares em relação aos anos anteriores a aluna afirmou que
ocorreram mudanças positivas. Ela mencionou que as aulas foram mais objetivas,
interessantes e focadas em exemplos dentro da Engenharia Civil. A aluna afirmou
ainda que o ensino através do GeoGebra foi muito interessante e que o software é
muito útil. O último questionamento foi se a nova abordagem dada às
Transformações Lineares Planas contribuiu para a aprendizagem da aluna neste
ano. A resposta foi motivadora: com certeza. Isso foi o que a aluna escreveu, uma
101
vez que após dois anos e meio tendo este conteúdo de forma tradicional, a aluna
recebeu a nova abordagem de forma que achou mais compreensível associar no
cotidiano as transformações com os elementos da Engenharia Civil. Por fim, a aluna
mencionou que a nova abordagem dada ao tema tornaram as aulas mais
motivadoras e com aplicação.
Figura 33 - Resposta 5 da aluna reprovada
Fonte: Arquivo do autor
Para o pesquisador, esse relato foi muito importante, uma vez que o mesmo
sempre via o esforço da aluna em acompanhar as aulas de Álgebra Linear, porém,
seu rendimento nas avaliações era insatisfatório. Com a nova abordagem dada ao
tema a aluna sentiu-se mais motivada na aprendizagem, ela conseguiu abstrair a
linguagem técnica da Álgebra Linear e acima de tudo ao realizar as atividades
conseguiu produzir significado às mesmas.
Continuando a análise das atividades, dois alunos que atuam na construção
civil também foram entrevistados através de questionários. O primeiro é um
arquiteto, formado há seis anos na mesma universidade que resolveu fazer o curso
de Engenharia Civil para se aprimorar em construções de grande porte. O segundo
é um encarregado de obras que atua no mercado de construção civil há vinte e três
anos anos. Para melhor análise dos questionários, o arquiteto será também
chamado de profissional 1 e encarregado de profissional 2.
5.4.2 Análise dos questionários dos profissionais da Construção Civil
A primeira pergunta levantada foi como os profissionais exergavam os
esforços na Construção Civil em relação à profissão. Segundo o encarregado de
obras ele visualiza os esforços na análise do projeto estrutural: nos corpos dos
102
pilares, nas vigas e distâncias entre seus vãos, nas lajes e conhecendo bem tais
esforços pode fazer conferência na base da fundação da obra. O arquiteto
mencionou que são de extrema importância, uma vez que a estabilidade das
construções está diretamente relacionada à estabilidade dos esforços. As respostas
podem ser analisadas na sequência:
Figura 34 - 1ª Resposta do profissional 1
Fonte: Arquivo do autor
Figura 35 - 1ª Resposta do profissional 2
Fonte: Arquivo do autor
Ao serem questionados se encontraram dificuldade em relacionar a profissão
com as Transformações Lineares Planas a resposta foi unânime: não encontraram
dificuldades. O profissional 1 afirmou que o estudo de Álgebra Linear evidencia o
comportamento da estrutura quando submetido a qualquer tipo de esforço. Já o
profissional 2, mencionou que a dificuldade encontrada foi em relacionar com os
nomes científicos, seja na Engenharia Civil ou nas Transformações Lineares. Pode-
se confirmar isso, pelas respostas:
Figura 36 - 2ª Resposta do profissional 1
Fonte: Arquivo do autor
103
Figura 37 - 2ª Resposta do profissional 2
Fonte: Arquivo do autor
A terceira questão indagava se conseguiam relacionar os esforços na
Construção Civil com as Transformações Lineares Planas e no caso afirmativo,
pedia para citar exemplos. A afirmação foi positiva com os pesquisados. O
profissional 1 citou que os pilares sofrem compressão equivalendo a contração em
Transformação Linear. As vigas, quando solicitadas sofrem tração que é equivalente
à dilatação. Quando a solicitação for superior a capacidade de resistência, elas
entram em colapso ocorrendo o cisalhamento. O profissional 2 citou que as vigas
sofrem cisalhamento devido à distância dos pilares, a compressão ocorre em pilares,
dilatação e contração nas lajes, tração no telhado.
Figura 38 - 3ª Resposta do profissional 1
Fonte: Arquivo do autor
Figura 39 - 3ª Resposta do profissional 2
Fonte: Arquivo do autor
104
O questionamento final refere-se em como as Transformações Lineares
poderiam ajudá-los em suas profissões. O profissional 1 afirmou que ajuda a
entender melhor os comportamentos das estruturas mediante os esforços
solicitantes. Já o profissional 2 mencionou que com as Transformações Lineares
Planas bem compreendidas ela poderia debater com os engenheiros quando
analizasse os projetos em que possuísse dúvidas em relação à sua execução.
Figura 40 - 4ª Resposta do profissional 1
Fonte: Arquivo do autor
Figura 41 - 4ª Resposta do profissional 2
Fonte: Arquivo do autor
Como pode-se notar no teor das respostas, o arquiteto pela sua formação tem
uma visão mais acadêmica das Transformações Lineares Planas. Ele enxerga com
maior rigor científico a relação entre os esforços nas estruturas e as transformações.
O encarregado de obras por sua vez, tem um conhecimento com a práxis2 que
adquiriu ao longo dos anos de trabalho. É importante salientar que mesmo que a
forma de agregar o conhecimento se difiram, ambos tem uma visão previlegiada ao
fazer a relação entre a teoria algébrica e a aplicação prática.
2Do grego prâksis, -eos, .ação, .transação, negócio. Ação e, sobretudo, ação para um certo fim (por oposição a conhecimento, a teoria). Fonte: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
105
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com relação ao ensino de Álgebra Linear nos curso de Engenharia faz-se
necessário um repensar pedagógico no que tange à novas metodologias e práticas
para que a abstração do conteúdo não se torne junções mecanizadas de termos
técnicos ligadas à mecanização de exercícios.
O novo repensar dessa disciplina deve gerar uma produção de significado dos
alunos no que se refere à aprendizagem. Torna-se necessário a criação de materiais
matemáticos cujo foco seja o curso no qual a disciplina é lecionada, uma vez que tal
fator agregará aos estudantes a vinculação entre teoria e prática dentro da futura
profissão.
No que tange ao Ensino de Transformações Lineares Planas dentro do curso
de Engenharia Civil, a aplicação é bem funcional e plausível; o que propicia ao
aprendizado um engajamento maior dos alunos e também uma melhor assimilação
deste conteúdo pelos mesmos.
O uso de sequencias didáticas com recurso computacional é um auxílio
inigualável ao professor da disciplina de Álgebra Linear. Através da sequência
didática os alunos são motivados a compreender o conteúdo de uma forma
ascendente. Através do recurso computacional, os discentes podem visualizar
melhor a a teoria sendo transformada em signos geométricos, como o caso deste
trabalho.
As múltiplas representações de um mesmo objeto propiciam aos estudantes
formas variadas de compreendê-lo gerando assim uma aprendizagem realmente
significativa e instigadora. As representações em mútliplas imagens e também em
linguagens diversificadas como a algébrica e a geométrica enriquecem o processo
de retenção do conhecimento lecionado pelo professor.
A socialização das práticas também é um diferencial no processo de
aprendizagem. Através da troca de experiências os alunos podem organizar melhor
as informações trabalhadas e redirecionar as questões para uma melhor
especificidade do conteúdo.
Através dos dados tabulados, notou-se a crescente produção de significado
para o ensino de Transformações Lineares Planas dentro da Engenharia Civil.
Torna-se importante ressaltar que na sondagem inicial grande parte dos alunos
106
desconheciam os esforços das estruturas nas construções civis, porém ao longo
deste estudo conseguiram compreender as relações entre tais objetos de estudo e
as Transformações Lineares Planas.
Com os resultados obtidos, nota-se que a aprendizagem dos alunos de
Engenharia Civil converge para maiores produções de significado ao se utilizar o
recurso das múltiplas representações, fator este essencial na representação
semiótica. O uso da sequência didática também torna-se extremamente instigante
no que tange ao aprimoramento do conhecimento “a priori”3 divulgado pelo
professor regente, cumprindo-se assim os objetivos específicos de criar uma
sequência didática em que conceito e linguagem das Transformações Lineares
fosse compreendido pelos alunos. O objetivo de conceber situações em que os
conteúdos de Transformações Lineares fossem associados pelos alunos à
Engenharia Civil também foi cumprido.
Mediante tais conclusões, pressupõe-se que incentivar e instigar aos
professores do Ensino Superior a criação de materiais matemáticos próprios ao
curso em que leciona, torna-se um caminho para que a aprendizagem dos alunos
nas universidades torne-se mais significativa e menos tecnicista. Torna-se
necessário a vinculação da teoria ligada à realidade vivenciada no curso. Desse
modo, a Matemática muitas vezes tão distante da realidade do aluno torna-se um elo
mais próximo no que tange à aprendizagem no Ensino Superior.
Trabalhar com o aluno, associando múltiplas representações e este
produzindo significado é extremamente funcional nos dias atuais, onde os alunos
são compelidos por uma massa imensa de conhecimento, porém muitas vezes não
veem a aplicação destes.
Pelas múltiplas representações, os alunos puderam compreender os
conceitos algébricos estudados e relacioná-los à sua futura prática como
profissional. Esse é o conhecimento que não se exaure com o tempo. Com a
produção de significado o conhecimento não se extenue, ao contrário, solidifica e
3(locução latina, com significado de "a partir do que é anterior", de a, a partir de, desde, de + prior, prius, que está mais à frente, precedente, anterior). Fonte: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
107
embaseia ainda mais as futuras aprendizagens.
A abordagem realizada no presente estudo não está exaurida, ela apenas
busca responder com coerência aos problemas levantados sobre o tema. Torna-se
um caminho norteador para o desenvolvimento de propostas de aplicação em outros
cursos do Ensino Superior que possuam como base a Matemática.
Todavia, espera-se que propostas similares futuras aprofundem o tema
abordado, desenvolvendo maiores transformações positivas aos cursos no Ensino
Superior, corroborando em atrelar conhecimento matemático e aplicação dentro da
futura profissão do estudante.
108
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LINS, Romulo C. Epistemologia, história e educação matemática: tornando mais sólidas as bases da pesquisa. Revista da SBEM-SP. Campinas, (c). 1 (1): 75-91, set. 1993. LINS, Romulo C. Por que discutir Teoria do Conhecimento é relevante para a Educação Matemática, In: Maria Aparecida Vigiani Bicudo (Org.). Pesquisa em Educação Matemática: Concepções e Perspectivas. Rio Claro: Editora Unesp, 1999. 157p. LINS, Romulo C. The production of meaning for Algebra: a perspective based on a Theoreticall Model of Semantic Fields. In: R. Sutherland et al. Perspectives on School Algebra. Netherlands: Kluwer Academic Publishers, 2001. 198p. LINS, Romulo C; GIMENEZ, Joaquim. Perspectivas em aritmética e álgebra para o século XXI . Campinas: Papirus, 1997. 176 p. LIPSCHUTZ, Seymour; LIPSON, Marc. Álgebra Linear, 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. 394 p. KAMII, Constance; DECLARK, Gerorgia. Reiventando a aritmética: implicações da teoria de Piaget.16. ed. Campinas: Papirus, 2001. 205p. KARRER, Mônica. Articulação entre Álgebra Linear e Geometria: Um Estudo Sobre as Transformações Lineares na Perspectiva dos Registros de Representação Semiótica, 2006, 372f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Pontíficia Universidade Católica de São Paulo.
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MILIES, César Polcino. Breve História da Álgebra Abstrata, 2011. Disponível em:< http://www.bienasbm.ufba.br/M18.pdf> Acesso em 31 mar. 2013. NACARATO, Adair Mendes; PAIVA, Maria Auxiliadora Vilela Paiva. A formação do professor que ensina Matemática: perspectivas e pesquisas, Belo Horizonte: Autêntica, 2006. 231p.
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113
APÊNDICE
114
APÊNDICE A – ATIVIDADE 01 - SONDAGEM INICIAL
Relacione a descrição ao termo correto:
( ) é a força aplicada sobre um corpo numa direção perpendicular à sua superfície
de corte e num sentido tal que, possivelmente, provoque a sua ruptura. Nas
construções ocorre quando sua estrutura sofre estiramento ou afastamento.
( ) é um resultado da aplicação de uma força de compressão a um material,
ocorrendo uma redução no seu volume, ou, como declarado em resistência dos
materiais e conceituado na engenharia, uma redução de uma de suas dimensões.
( ) Nas estruturas, especialmente as cilíndricas, quando ocorre o efeito de um
torque e uma força resistente, ela tende a sofrer rotação. As deformações causadas
a uma estrutura que sofre esse esforço são deslocamentos angulares de uma seção
em relação à outra.
( ) é um tipo de tensão gerado por forças aplicadas em sentidos iguais ou até
mesmo opostos, em direções semelhantes, porém com intensidades diferentes no
material analisado
(1) Cisalhamento
(2) Compressão
(3) Torção
(4) Tração
115
APÊNDICE B – ATIVIDADE 02 – TRANSFORMAÇÕES LINEARES PLANAS COM
RECURSO COMPUTACIONAL
Prezado aluno,
Caso não possua instalado o software GEOGEBRA 4.2 Beta Release, instale-o
através do link: http://www.baixaki.com.br/download/geogebra.htm.
Essa atividade possui as seguintes seções:
- Você deverá executar a atividade no software e seguir os
comandos dados.
- Você receberá embasamento teórico do
conteúdo a ser estudado.
- Você deverá responder às atividades baseando no que
executou no software.
- Você deverá relacionar a Geometria construída com
a notação algébrica mencionada.
BONS ESTUDOS!!!
ACREDITE, VOCÊ É CAPAZ!!
PROF. LEANDRO TELES
O GeoGebra possui a seguinte interface:
116
No lado esquerdo ficarão as ações executadas. Existem os botões de
comando (arquivo, editar, exibir, etc). E a barra de ferramentas. Por ser um passo
inicial na utilização desse software, usaremos os comandos predefinidos.
Vamos iniciar nosso estudo de Transformações Lineares Planas.
I) REFLEXÕES: essa transformação leva cada ponto (x, y) para sua imagem
simétrica em relação ao eixo onde ocorre a reflexão, gerando a transformação com a
matriz canônica.
em torno do eixo das abscissas: (x, -y)
e) digite e defina um ponto na aba entrada. Por exemplo: A=(1,3)
f) utilize o comando predefinido: Reflexão[ <Objeto>, <Reta> ]
g) Para refletir o objeto em relação ao eixo das abscissas substitua no comando
Objeto por A e reta por y=0 Reflexão[A, y = 0]
h) Trace um vetor indicando a reflexão selecionando e em seguida
Você pode mudar a cor, tamanho e forma dos objetos traçados clicando com
o botão direito sobre o objeto e escolhendo o efeito que irá dar à sua representação
geométrica. Se o desejo for mudar a cor, estilo ou outros atributos escolha a opção
propriedades
117
, em seguida selecione a função desejada.
Podemos refletir também outros objetos como vetores, círculos, polígonos.
i) Vetores: digite na aba entrada o comando vetores e selecione o atributo
Vetor[ <Ponto Inicial>, <Ponto Final> ]. Digite em ( )(parênteses) o ponto inicial e
final do vetor. Por exemplo vetor[(0,0),(2,3)]. Para refletir o vetor em relação ao eixo
x, utilize o comando mencionado anteriormente Reflexão[ <Objeto>, <Reta> ],
substituindo o objeto pelo nome do vetor e reta pelo eixo a ser refletido no caso y=0.
Trace um vetor indicando a reflexão. Você pode utilizar o comando , para
nomear sua reflexão.
Com o comando , você pode efetuar a reflexão em torno do eixo
x, apenas alterando o nome do objeto (que é mostrado na aba à esquerda) e em
torno da reta x utilizando o comando y=0 para reta.
Note que a matriz de transformação altera sempre um sinal do eixo. Qual
é esse eixo? Por que isso ocorre?
118
2 2:
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
1 0
0 1
T R R
x y x y ou T x y x y
x x x
y y y
em torno do eixo das ordenadas: (-x, y)
Baseando no que aprendeu anteriormente, como executar a reflexão em
torno do eixo y?
Note que a matriz de transformação também altera sempre um sinal do
eixo. Qual é esse eixo? Por que isso ocorre?
É preciso trocar um comando na reflexão. Qual comando será alterado?
2 2:
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
1 0
0 1
T R R
x y x y ou T x y x y
x x x
y y y
na origem do sistema: (-x, -y)
Para executar a reflexão na origem do sistema utilize o comando Reflexão[
<Objeto>, <Ponto> ]. Altere o nome do objeto para o algum que você já tenha
traçado.
Como a reflexão é em torno da origem do sistema, e este é definido por
um ponto, qual é este ponto que deverá substituir o comando?
O que você notou em relação às coordenadas de seu objeto?
Entendido o conceito, quando ocorre a reflexão em torno da origem do
sistema as coordenadas sofrem ___________ do sinal. Ou seja, refletem com
seus valores ____________.
119
2 2:
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
1 0
0 1
T R R
x y x y ou T x y x y
x x x
y y y
em torno da reta y = x: (y, x)
Como a alteração agora é em torno da reta y=x, o que fazer no comando
de reflexão do programa para que ela ocorra?
O que você notou em relação às coordenadas?
Conclua: Quando ocorre uma reflexão em torno da reta identidade (y=x),
a coordenada das abscissas (x) troca com a coordenada das
___________________. Em consequência a coordenada das ordenadas (y)
troca com a coordenada das ________________.
2 2:
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
0 1
1 0
T R R
x y y x ou T x y y x
x y x
y x y
em torno da reta y=-x: (-y, -x)
Como a alteração agora é em torno da reta y=-x, o que fazer no comando
de reflexão do programa para que ocorra a reflexão?
O que você notou em relação às coordenadas?
Conclua: Quando ocorre uma reflexão em torno da reta identidade (y=-x),
a coordenada das abscissas (x) troca com a coordenada das
___________________. Em consequência a coordenada das ordenadas (y)
troca com a coordenada das ________________. Alterando também o
_________ das coordenadas.
2 2:
( , ) ( , ) ( , ) ( , )
0 1
1 0
T R R
x y y x ou T x y y x
x y x
y x y
120
II) DILATAÇÕES E CONTRAÇÕES: essa transformação contrai ou dilata o espaço
vetorial, associando sempre um escalar c na transformação
na direção do vetor:
Trace um vetor com ponto inicial na origem através do comando vetor: Vetor[
<Ponto Inicial>, <Ponto Final> ].
j) Para dilatar o vetor use o comando escalarvetor.
k) Substitua objeto pelo nome do vetor. Se quiser dilatar o vetor, basta associar
um escalar maior que 1 ao vetor. Por exemplo: 2u, neste caso dilata duas vezes o
vetor. Se for contrair o vetor associe escalares entre 0 e 1, por exemplo 1/5. 1/5u.
O que você notou em relação às coordenadas na dilatação? E na contração?
E se o escalar for menor do que 0, o que acontece?
Quando dilatamos ou contraímos através de Transformações Lineares, ocorre
a _____________________ das coordenadas pelo escalar usado.
2 2:
( , ) ( , ),
1,
1,
1, 1
0,
T R R
x y c x y c R
x x cxc
y y cy
c atransformaçãodilataovetor
c atransformaçãocontrai ovetor
c atransformaçãoé identidade
c atransformação trocaosentidodovetor
na direção do eixo das abscissas:
Se a dilatação ocorre no eixo das abscissas, usamos o comando na entrada
Esticar[ <Objeto>, <Reta>, <Razão> ], substituindo o objeto pelo seu respectivo
nome, no lugar de reta fixamos a abscissa do vetor e em seguida dilatamos ou
contraímos o vetor de acordo com a razão colocada (escalar).Por exemplo, se o
121
vetor traçado tiver ponto inicial na origem e final em (1,2) o comando ficará assim
definido: Esticar[ u, x=1, 1/2 ].
Trace uma reta paralela ao eixo das abscissas. Para isso basta dar o
comando y = o valor da ordenada de seu vetor.
Note que os vetores tendem a se aproximar para uma reta paralela ao
eixo das abscissas. Qual é essa reta?
Que relação ela tem com a coordenada do vetor inicial?
O que você notou em relação às coordenadas na dilatação? E na
contração?
2 2:
( , ) ( , ), 0
0
0 1
1,
0 1,
T R R
x y cx y c
x cx c x
y y y
c atransformaçãodilataovetor
c atransformaçãocontrai ovetor
na direção do eixo das ordenadas:
Como você pode fazer a dilatação e contração em relação ao eixo das
ordenadas?
Que comando você deve alterar? Por quê?
Note que os vetores tendem a se aproximar para uma reta paralela ao
eixo das ordenadas. Qual é essa reta?
O que você notou em relação às coordenadas na dilatação? E na
contração?
122
2 2:
( , ) ( , ), 0
1 0
0
1,
0 1,
T R R
x y x cy c
x x x
y cy c y
c atransformaçãodilataovetor
c atransformaçãocontrai ovetor
Observação: Se c = 0, em relação às abscissas ou às ordenadas a projeção seria
sobre o eixo inverso.
III) CISALHAMENTO: é o efeito de transformar um vetor através da combinação de
escalares nas coordenadas. Apesar da mudança na estrutura, a base mantém-se a
mesma, em consequência a área formada pela figura também se mantém a mesma.
na direção das abscissas:
Trace um vetor com o comando Vetor [ <Ponto Inicial>, <Ponto Final> ].
Utilize na entrada o comando predefinido: Cisalhamento[ <Objeto>, <Reta>,
<Razão> ]. Substitua o objeto pelo nome do vetor. Como queremos cisalhar em
relação ao eixo das abscissas, utilizaremos a reta da ordenada nula, ou seja, y=0 no
lugar de reta. Defina a razão que deseja cisalhar.
Para uma melhor visualização trace um polígono no vetor inicial. Use os
comandos A = (0,0) (enter) B = (0, y do vetor inicial) (enter) C = ( x do vetor
inicial, 0) (enter) D = (x do vetor inicial, y do vetor inicial) (enter). Clique no ícone
polígono e selecione a opção polígono, fechando clicando em todos os pontos
traçados até fechar o polígono.
123
Trace um polígono também para visualizar melhor o cisalhamento. Chame
de B’ e D’ os pontos deslocados (cisalhados). Digite: D’ = (x final do vetor cisalhado,
y final do vetor cisalhado) (enter) B’ = (x é a constante cisalhada vezes o y do
vetor inicial, y inicial do vetor cisalhado) (enter). Efetue a ligação do polígono com os
pontos dados através do comando polígono citados anteriormente.
O que você notou em relação ao cisalhamento?
O que aconteceu com a base do polígono?
O que aconteceu com os lados paralelos ao eixo cisalhado?
O que aconteceu com as coordenadas?
2 2:
( , ) ( , )
1
0 1
T R R
x y x cy y
x x cy c x
y y y
na direção das ordenadas:
Trace um vetor conforme discriminação já mencionada.
Efetue o cisalhamento de acordo com o comando também discriminado
anteriormente, fazendo as devidas alterações. Observação: Se quiser cisalhar para
124
cima utilize a constante negativa. Se for para baixo utilize a constante positiva.
Para traçar o polígono para melhor visualização utilize o comando:
A=origem do sistema cartesiano, B=(x do vetor traçado, 0), C=(x do vetor
traçado, y do vetor traçado), D=(0, y do vetor traçado)
Para montar o polígono cisalhado, trace: C’=(x do vetor cisalhado, y do vetor
cisalhado), B’=(x do vetor original, y do vetor original)
O que você precisou trocar para efetuar o cisalhamento?
O que você notou em relação ao cisalhamento?
O que aconteceu com a base do polígono?
O que aconteceu com os lados paralelos ao eixo cisalhado?
O que aconteceu com as coordenadas?
2 2:
( , ) ( , )
1 0
1
T R R
x y x y cx
x x x
y y cx c y
IV) ROTAÇÃO: em torno da origem faz cada ponto descrever um ângulo que no
caso chamaremos de , determinando uma transformação linear 2 2:T R R , de
onde extraímos a matriz canônica cos
cos
senT
sen
. Essa matriz é
denominada matriz de rotação do ângulo , cuja variação é de 0 2 .
Trace um vetor conforme discriminação já mencionada.
Efetue a rotação substituindo o pelo ângulo que se deseja rotacionar na
matriz de transformação dada na seção aprendendo mais e multiplicando pelas
coordenadas finais do vetor traçado.
125
O produto matricial será o vetor rotacionado.
Verifique o ângulo traçado através dos comando ângulo na aba:
Selecione a opção:
Clique no primeiro vetor e em seguida no vetor rotacionado. O ângulo será
descrito automaticamente.
O que notou em relação à rotação?
Por que isso acontece?
Como efetuar novas rotações utilizando a matriz de transformação?
126
APÊNDICE C – ATIVIDADE 03 – TRANSFORMAÇÕES LINEARES E ESFORÇOS
ESTRUTURAIS
Relacione as imagens com as Transformações Lineares Planas (reflexão, rotação,
cisalhamento, dilatação e contração) e com os esforços em estruturas das
construções civis (torção, tração, cisalhamento, compressão):
Fonte: http://www.blogdobraulio.com/2010_08_01_archive.html, acesso em 17/10/2013
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/elevador/elevador.php, acesso em 17/10/2013
Fonte: http://www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2003-1/pontes/Viga%20Trelicada.htm, acesso
em 17/10/2013
Transformação Linear Plana:
__________________________________
Esforço na estrutura da construção
civil:____________________________
Transformação Linear Plana:
__________________________________
Esforço na estrutura da construção
civil:____________________________
Transformação Linear Plana:
__________________________________
Esforço na estrutura da construção
civil:____________________________
127
Fonte: http://acropoleengenharia.com.br/dicionario.html, acesso em 17/10/2013
Fonte: http://coral.ufsm.br/decc/ECC1008/Downloads/ELS_NBR6118.pdf, acesso em 17/10/2013
Fonte: http://spartaepa.blogspot.com.br/2012/03/bielas-forjadas-em-primeiro.html, acesso em
17/10/2013
Transformação Linear Plana:
__________________________________
Esforço na estrutura da construção
civil:____________________________
Transformação Linear Plana:
__________________________________
Esforço na estrutura da construção
civil:____________________________
Transformação Linear Plana:
__________________________________
Esforço na estrutura da construção
civil:____________________________
128
APÊNDICE D – ATIVIDADE 04 – JUSTIFICANDO AS ASSOCIAÇÕES
Associe as Transformações Lineares Planas (reflexão, rotação, cisalhamento,
dilatação e contração) aos esforços das estruturas em construção civil,
justificando a relação:
I) Torção __________________________(Transformação Linear).
Justificativa:_______________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
II) Tração __________________________(Transformação Linear).
Justificativa:______________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
III)Compressão ______________________(Transformação Linear).
Justificativa:______________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
Cisalhamento ______________________(Transformação Linear) .
Justificativa:_______________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
129
APÊNDICE E – QUESTIONÁRIO APLICADO À ALUNA REPROVADA POR
CINCO PERÍODOS
130
APÊNDICE F – QUESTIONÁRIO APLICADO AO ALUNO ARQUITETO
131
APÊNDICE G – QUESTIONÁRIO APLICADO AO ALUNO ENCARREGADO DE
OBRAS