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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Aníbal Ataides Barros Filho A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS FÍSICOS COM EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS LINEARES DE 1ª E 2ª ORDEM: Análise gráfica com o software Maple. Belo Horizonte 2012

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

Aníbal Ataides Barros Filho

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS FÍSICOS COM EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

ORDINÁRIAS LINEARES DE 1ª E 2ª ORDEM:

Análise gráfica com o software Maple.

Belo Horizonte

2012

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Aníbal Ataides Barros Filho

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS FÍSICOS COM EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

ORDINÁRIAS LINEARES DE 1ª E 2ª ORDEM:

Análise gráfica com o software Maple.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ensino de Ciências e

Matemática da Pontifícia Universidade Católica

de Minas Gerais, como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Ensino de

Matemática.

Orientador: Prof. Dr. João Bosco Laudares

Belo Horizonte

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Barros Filho, Aníbal Ataides

B277r A resolução de problemas físicos com equações diferenciais ordinárias

lineares de 1ª e 2ª ordem: análise gráfica com o software Maple / Aníbal

Ataides Barros Filho. Belo Horizonte, 2012.

228f.: il.

Orientador: João Bosco Laudares

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática.

1. Equações diferenciais ordinárias – Estudo e ensino. 2. MAPLE (Programa

de computador). 3. Computação gráfica. I. Laudares, João Bosco. II. Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino

de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 517.91

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Aníbal Ataides Barros Filho

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS FÍSICOS COM EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

ORDINÁRIAS LINEARES DE 1ª E 2ª ORDEM:

Análise gráfica com o software Maple.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Ensino de Matemática.

Prof. Dr. João Bosco Laudares - (Orientador) - PUC Minas

Prof. Dr. Frederico da Silva Reis - UFOP

Profa. Dra. Maria Clara Rezende Frota - PUC Minas

Belo Horizonte, 26 de julho de 2012.

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Ao professor Célio Ignácio que me iniciou

no mundo da Matemática.

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AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da PUC

Minas, pela qualidade do curso.

Ao Professor João Bosco Laudares, meu orientador e, antes de tudo, um amigo, por

ter confiado no meu trabalho, e orientado de forma segura, todos os passos da

minha pesquisa.

A todos os professores do mestrado e em especial aos professores Dimas Felipe de

Miranda, Eliane Scheid Gazire e Maria Clara Rezende Frota por terem me conduzido

pelas sendas da pesquisa.

A professora Eunice dos Santos que nos momentos mais difíceis de nossa vida,

acreditou em nosso potencial e nos estendeu a mão.

Ao Professor Wagner Pereira Lopes, incentivador, amigo, irmão e companheiro de

longas viagens.

Aos meus filhos Hertz e Anielly que sempre me deram muita alegria, por me

inspirarem e me encherem de forças.

Aos meus pais, Aníbal e Clomisse, por terem me ensinado, por meio de exemplos,

que acima de tudo um homem precisa ter caráter.

À psicóloga, companheira, amiga de todos os momentos, grande incentivadora,

Terezinha do Carmo Nogueira Nascimento.

Ao Instituto Federal de Goiás por ter me oportunizado condições para desenvolver

este trabalho.

As irmãs Maria Helena, Sandra e “Cida” pela acolhida sempre carinhosa nas viagens

a Belo Horizonte.

Aos amigos da “praça sete”, Rogerio Borges Vieira e Ricardo Uzêda Pache de Paiva

pelos momentos de descontração e encorajamento nos períodos de estadia em Belo

Horizonte.

Aos acadêmicos do 3º período do curso de Engenharia Elétrica/2011 do Câmpus

Jataí do Instituto Federal de Goiás que se propuseram a fazer parte desta pesquisa,

que mesmo em horários extraclasse se dedicaram com afinco na realização das

atividades.

Ao professor Elenilson Vargas Fortes por ter oportunizado a realização do estágio e

aplicação da proposta de ensino em suas turmas.

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Ao professor Danillo Vaz Borges de Assis por disponibilizar um dos laboratórios da

Coordenação de Informática para implementação da proposta.

A todos os meus colegas mestrandos, pelos momentos compartilhados e pela

amizade construída ao longo do curso.

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Escrevo para que o aprendiz possa sempre aperceber-se do fundamento

interno das coisas que aprende, de tal forma que a origem da invenção

possa aparecer e, portanto, de tal forma que o aprendiz possa aprender

tudo como se o tivesse inventado por si próprio. (LEIBNIZ, 2012).

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RESUMO

Esta dissertação apresenta uma pesquisa, que objetivou buscar as contribuições

das metodologias de Resolução de Problemas e Descoberta Guiada, mediadas por

Tecnologias de Informação e Comunicação tanto para uma aprendizagem mais

significativa no Ensino de Equações Diferenciais Ordinárias quanto para aplicações

em situações problemas das ciências. Elaborou-se cinco atividades de Equações

Diferenciais Ordinárias Lineares de 1ª e 2ª ordem, envolvendo problemas físicos,

usando as abordagens analítica e geométrica com ênfase na análise gráfica. As

atividades foram desenvolvidas pela turma de Equações Diferenciais Ordinárias do

curso de Engenharia Elétrica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

de Goiás – Câmpus Jataí no segundo semestre de 2011. Os dados foram coletados

por meio de vídeos gerados pelo software Camtasia Studio em cada computador em

que os estudantes desenvolviam as atividades. Optou-se por uma pesquisa de

caráter qualitativo para obtenção de dados de forma descritiva no contato direto do

pesquisador com o objeto. A análise dos dados permite inferir que o ambiente

criado, a interação entre os estudantes, as negociações de significados entre as

duplas de estudantes, os recursos computacionais, as comparações e

interpretações de resultados se mostraram relevantes para a aprendizagem mais

efetiva das Equações Diferenciais com resolução de problemas. O desenvolvimento

das atividades ocorreu de forma lenta e, os estudantes tiveram dificuldades de

adaptação ao trabalharem com uma metodologia diferente da tradicional. O produto

desta pesquisa (apêndices) se anuncia como uma proposta de aprendizagem por

Resolução de Problemas no ensino de Equações Diferenciais.

Palavras-chave: Ensino de Equações Diferenciais. Problemas Físicos. Análise

Gráfica.

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ABSTRACT

This dissertation presents a research that aimed to gather the contributions of the

methodologies of Problem Solving and Guided Discovery, mediated by Information

and Communication Technologies both for a more meaningful learning in Teaching of

Ordinary Differential Equations and for applications in problem situations of sciences.

It was prepared five activities of First and Second Order Linear Ordinary Differential

Equations involving physical problems, using the analytical and geometrical

approaches with an emphasis on graphical analysis. The activities were developed

by the class of Ordinary Differential Equations of Electrical Engineering degree from

the Federal Institute of Education, Science and Technology of Goiás - Campus Jataí

in the second semester of 2011. The data were collected through video generated by

software Camtasia Studio on each computer on which the students developed

activities. It was decided by a qualitative research to obtain data in a descriptive way

in direct contact of the researcher with the object. The data analysis allows us to infer

that the environment created, the interaction between students, the negotiations of

meanings between the pairs of students, the computing resources, the comparisons

and interpretations of results demonstrated that they are relevant for a more effective

learning of Differential Equations with problems solving. The developing of activities

occurred slowly and students had difficulties in adapting when they worked with a

different methodology from the traditional one. The product of this research

(appendices) announces itself as a learning proposal by Problem Solving in

Differential Equations teaching.

Keywords: Differential Equations teaching. Physical Problems. Graphical Analysis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema representativo da Teoria da Equilibração de Piaget. ................ 38

Figura 2 - Campo de direções da equação ydxdy / gerado no Maple 14. ............ 55

Figura 3 - Sequência temática de Dennis G. Zill ....................................................... 69

Figura 4 - A sequência temática de Boyce e DiPrima. .............................................. 72

Figura 5 - Processo de modelagem matemática segundo Bassanezi. ...................... 81

Figura 6 - Estudantes do curso de Engenharia Elétrica desenvolvendo atividades no laboratório 03 do IFG-Câmpus Jataí mediadas pelo software MAPLE .. 96

Figura 7 - Resolução gráfica do PVI 8)0(;10)( Vdttdv gerado no Maple 14. .. 106

Figura 8 - Posições da mola em um movimento harmônico simples. ...................... 117

Figura 9 - Anotações extraídas da worksheet da dupla Gabriel e Leonardo geradas no Maple 14. ......................................................................................... 123

Figura 10 - Fragmentos da resolução do modelo extraído do problema 1 da worksheet da dupla Maick e Larissa gerados no Maple 14. ................. 124

Figura 11 - Fragmentos da resolução do modelo do problema 1 extraído da worksheet da dupla José Roberto e Marcílio gerados no Maple 14. .... 125

Figura 12 - Protocolo de resolução do modelo do problema 01 apresentado pelo aluno Gabriel. ....................................................................................... 126

Figura 13 - Campo de direções da ED 10)(

dt

tdv extraído da worksheet da dupla

Gabriel e Leonardo gerado no Maple 14. ............................................. 127

Figura 14 - Resposta apresentada ao item b da análise gráfica do modelo extraída da worksheet da dupla Caio e Russyllianno gerada no Maple 14. ....... 128

Figura 15 - Resolução gráfica do PVI 10)(

dt

tdv para smvt /80 0 extraída

da worksheet da dupla Maick e Larissa gerada no Maple 14. .............. 131

Figura 16 - Fragmentos mostrando erros de sintaxe extraído da resolução do problema 1 da worksheet da dupla Maick e Larissa gerados no Maple 14. ........................................................................................................ 133

Figura 17 - Fragmentos de imagens dos vídeos gerados pelo Camtasia Studio 7 mostrando erros de sintaxe cometidos pelos participantes da pesquisa. ............................................................................................................. 135

Figura 18 - Campo de direções da equação diferencial )( mTTkdt

dTextraído da

worksheet da dupla Maick e Larissa gerado no Maple 14. ................... 135

Figura 19 - Estudo do sinal de dtdT baseado no campo de direções da equação

)( mTTkdtdT , extraído da worksheet da dupla Caio e Russylliano gerado no

Maple 14. ................................................................................................ 136

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Figura 20 - Imagem extraída da resolução do problema 2 da dupla Gabriel e Leonardo no momento em que tentavam corrigir o erro de sintaxe acessando o site do fabricante do software Maple, gerada no Camtasia Studio 7. ............................................................................................... 138

Figura 21 - Resolução do modelo do problema 3 extraído da worksheet da dupla Tatielly e Kalielly gerada no Maple 14. ................................................. 140

Figura 22 - Resolução gráfica do PVI )(tEiRdtdiL para a condição Ai 15)0( , e

construção do gráfico dtdi por i extraídos da worksheet da dupla

Leonardo e Gabriel geradas no Maple 14. ........................................... 141

Figura 23 - Gráfico da função teti 2114)( extraído da worksheet da dupla José

Roberto e Marcílio gerado no Maple 14. .............................................. 141

Figura 24 - Gráfico da função teti 2114)( extraído da worksheet da dupla Kalielly

e Tatielly gerado no Maple 14. ............................................................. 142

Figura 25 - Resolução do modelo do problema 04 extraído da worksheet da dupla Maick e Larissa gerado no Maple 14. ................................................... 144

Figura 26 - Construção do campo de direções da Equação Diferencial )()(

tmkdt

tdm

extraído da worksheet da dupla Kalielly e Tatielly gerado no Maple 14. ...... 145

Figura 27 - Construção do gráfico de tdt

dm extraído da worksheet da dupla José

Roberto e Marcílio gerado no Maple 14. .............................................. 146

Figura 28 - Resolução gráfica do PVC: mkdt

dm para

%)90(9.0250

%)100(10

mt

mtextraído da worksheet da dupla Gabriel e

Leonardo gerado no Maple 14. ............................................................ 148

Figura 29 - Imagem extraída dos vídeos geradas no Camtasia Studio 7 mostrando erros de sintaxe cometidos pelos estudantes....................................... 148

Figura 30 - Posições da mola no movimento livre não amortecido. ........................ 150

Figura 31 - Cálculo da função )(tx que determina a posição em função do tempo no

movimento livre da mola extraído da worksheet da dupla Caio e Russyllianno gerado no Maple 14. ....................................................... 151

Figura 32 - Resposta gráfica apresentando a posição da mola extraída da worksheet da dupla Maick e Larissa gerada no Maple 14. .................................... 152

Figura 33 - Representação gráfica das funções )(tx e )(tv extraída da worksheet da

dupla Leonardo e Gabriel gerada no Maple 14. ................................... 154

Figura 34 - Campo de direções da Equação Diferencial

)(6260004214420,0 tmdtdm extraído da worksheet da dupla Maick e

Larissa gerado no Maple 14. ................................................................ 158

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Comparação de Métodos Baseados na Inquirição para o Ensino da

Matemática. ............................................................................................................... 39

Quadro 2 - Descrição resumida dos quatro estudos desenvolvidos por Dullius. ....... 86

Quadro 3 - Situações-problema abordadas na prática pedagógica por Dullius. ....... 87

Quadro 4 - Esquema representativo do padrão de apresentação dos problemas. . 102

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 27 1.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 31 1.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 31 1.3 Resumo da Metodologia .................................................................................. 31 1.4 A Estrutura da Dissertação ............................................................................. 32 2 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS PELA DESCOBERTA GUIADA E AS TICs . 34 2.1 Educação Matemática ....................................................................................... 34 2.2 O Método da Descoberta Guiada ..................................................................... 36 2.3 Resolução de Problemas .................................................................................. 40 2.4 Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação ................ 49 2.4.1 O Processo de Visualização ......................................................................... 53 3 O ENSINO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ........................................................ 58 3.1 Extratos de pesquisas e estudos ..................................................................... 58 3.2 Análise do Conteúdo de Equações Diferenciais em Livros Didáticos ........ 65 3.3 Produção Acadêmica: síntese de algumas pesquisas .................................. 75 4 A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA E A ELABORAÇÃO DOS PROBLEMAS

COMO ATIVIDADES GUIADAS ............................................................................ 90 4.1 Introdução .......................................................................................................... 90 4.2 Procedimentos Metodológicos ........................................................................ 92 4.3 Coleta de Dados ................................................................................................ 93 4.4 Os Participantes da Pesquisa .......................................................................... 94 4.5 Aplicação das Atividades ................................................................................. 95 4.6 Produto da Dissertação .................................................................................... 97 4.7 O Software MAPLE ............................................................................................ 97 4.8 O Software CAMTASIA STUDIO ....................................................................... 99 4.9 Apresentação das Atividades Constituídas por Problemas .......................... 99 4.9.1 Design da Proposição dos Problemas que Definiram as Atividades ...... 101 4.9.2 Apresentação dos Problemas ..................................................................... 103 5 RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS E OS RESULTADOS ALCANÇADOS ........ 121 5.1 Introdução ....................................................................................................... 121 5.2 Descrição Analítica da Resolução dos Problemas ..................................... 121 5.2.1 Problema 1 .................................................................................................... 121 5.2.2 Problema 2 ................................................................................................... 133 5.2.3 Problema 3 ................................................................................................... 139 5.2.4 Problema 4 ................................................................................................... 143 5.2.5 Problema 5 ................................................................................................... 149 5.3 Aprofundamento da Análise Buscando Diálogo com o Referencial Teórico

.......................................................................................................................... 155 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 161

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REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 166 APÊNDICES ........................................................................................................... 170 APÊNDICE A - TEXTO DE INTRODUÇÃO ÀS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS LINEARES DE 1ª E 2ª ORDEM COM O SOFTWARE MAPLE ...... 170 APÊNDICE B - PROBLEMA 01. ............................................................................ 186 APÊNDICE C - PROBLEMA 02. ............................................................................ 190 APÊNDICE D - PROBLEMA 03. ............................................................................ 193 APÊNDICE E - PROBLEMA 04. ............................................................................ 196 APÊNDICE F - PROBLEMA 05. ............................................................................ 199 APÊNDICE G - ORIENTAÇÕES PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 1 ........... 202 APÊNDICE H - ORIENTAÇÕES PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 2 ........... 207 APÊNDICE I - ORIENTAÇÕES PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 3 ............. 211 APÊNDICE J - ORIENTAÇÕES PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 4 ............ 215 APÊNDICE K - ORIENTAÇÕES PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 5 ........... 219 APÊNDICE L - QUESTIONÁRIO INICIAL APLICADO AOS ALUNOS ................. 223 APÊNDICE M - QUESTIONÁRIO FINAL APLICADO AOS ALUNOS ................... 226

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1 INTRODUÇÃO

Segundo Kallaher, citado por Javaroni (2007, p.20), o Ensino de Equações

Diferenciais vem sofrendo algumas transformações ao longo das últimas décadas. A

forma tradicional de ensino tem sido articulada com outras estratégias que visam

dinâmicas diferentes nos processos de ensino e aprendizagem. O autor vislumbra a

possibilidade de tomar o Ensino de Equações Diferenciais do ponto de vista

qualitativo, com uma abordagem geométrica enfatizando o desenvolvimento dos

processos.

A evolução tecnológica, com o auxílio das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs), tem contribuído muito com a didática. A abordagem

geométrica no Ensino de Equações Diferenciais torna-se mais atraente, uma vez

que as dificuldades de exploração e visualização são compensadas pelos recursos

disponíveis dos softwares matemáticos. O computador oferece inúmeros recursos

para o ensino de Equações Diferenciais. O software MAPLE é um exemplo de

sistema matemático simbólico interativo que possui numerosos recursos para

resolver questões com cálculo algébrico, cálculo numérico, visualização gráfica e

programação.

De acordo com Javaroni (2007) e Dullius (2009), estas mudanças podem

contribuir para que o ensino de Equações Diferenciais (EDs) seja mais significativo

para o aluno, quando as três abordagens (analítica, qualitativa e numérica) podem

ser trabalhadas com o auxílio das Tecnologias de Informação e Comunicação

(TICs), como os softwares matemáticos.

O meu interesse em trabalhar com o ensino de Equações Diferenciais surgiu

paralelamente à minha atuação como professor das disciplinas de Cálculo

Diferencial e Cálculo Integral I dos cursos de Licenciatura do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás (IFG) - Câmpus Jataí. Por meio

de concurso público, em 1995, ingressei na então Escola Técnica Federal de Goiás

(ETFG), hoje IFG. A instituição apresentava como missão formar técnicos industriais

para atuarem no mercado de trabalho. Em 1999, por meio de um Decreto Normativo

do Presidente Fernando Henrique Cardoso, a Escola Técnica Federal de Goiás foi

transformada em Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás (CEFET-GO).

No período de 1995 a 2000 estive atuando como professor de matemática nos

Ensinos Médio e Técnico. Visando a verticalização do Ensino, a partir de 2001, a

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Instituição passou a oferecer cursos de graduação. Em 2001 foi criado o curso de

Licenciatura em Ciências com habilitação em Física e Matemática do IFG Câmpus

Jataí e, em 2003 o curso de Licenciatura em Física. Por meio da Lei Nº 11.892, de

29 de dezembro de 2008, o governo federal Institui a Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica e cria os Institutos Federais de Educação. Esta

lei prevê que 20% das vagas dos Institutos Federais são destinadas aos cursos de

Licenciatura. Nos anos de 2008 e 2009 atuei como coordenador do curso de

Licenciatura em Física. O meu interesse em atuar no ensino de Equações

Diferenciais, o número limitado de pesquisas na área, a possibilidade de contribuir

com os processos de ensino e aprendizagem do conteúdo de EDs, o advento das

novas tecnologias de informação e comunicação, e o meu envolvimento em projetos

de pesquisa na área de ensino me levaram a propor uma metodologia com uma

abordagem mais qualitativa das EDs.

Entende-se como Javaroni (2007), que a elaboração das atividades e as

interpretações das soluções das EDs são tão importantes quanto as técnicas de

resolução, quando se tem em vista o desenvolvimento das capacidades de analisar

e interpretar dos estudantes. O processo de visualização e o entendimento de

derivada como taxa de variação de uma curva são essenciais no entendimento e

interpretação dos gráficos.

Com esse entendimento e com a experiência adquirida pela minha prática

pedagógica como professor de Cálculo Diferencial e Integral, remonto ao período em

que era acadêmico do curso de Licenciatura em Ciências – Habilitação Matemática

da então Fundação do Ensino Superior de Rio Verde – GO (FESURV) hoje

Universidade de Rio Verde, para perceber que o ensino de EDs trazia um enfoque

quase exclusivamente algébrico. O estudante teria de se preocupar,

preponderantemente, com os métodos e as técnicas de resoluções, resolvendo

longos exercícios desprovidos de significados. A compreensão e o entendimento dos

processos que geram as EDs, as aplicações, as interpretações das soluções e as

análises geométrica e numérica eram relegadas.

Na sala de aula, o professor reproduz o método que vivenciou em sua

formação, como afirmam Moreno e Azcárate Giménez:

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No caso de professores universitários de matemática, seus conhecimentos sobre os processos de ensino e aprendizagem é o resultado da experiência de ensino e do efeito de socialização que lhes fazem repetir os esquemas daqueles professores que lhes ensinaram em sua época de estudantes. (MORENO; AZCÁRATE, 2003, p.267, tradução nossa).

1

A preocupação com a minha prática e com a minha formação acadêmica

calhou-se com a procura de caminhos que pudessem dar respostas às minhas

ansiedades. Com a presente pesquisa na área da Educação Matemática, procura-se

uma alternativa para superar essa dicotomia.

Os modelos de ensino centrados no aluno se baseiam nos pressupostos das

teorias cognitivas e construtivistas. O papel do professor consiste em estabelecer

condições para que os estudantes adquiram conhecimentos, dando-lhes autonomia

e opções de escolha. Escolheu-se duas abordagens de ensino para a aplicação das

atividades proposta na pesquisa. A primeira consiste na descoberta guiada, onde o

estudante descobre suas próprias ideias e constrói seus próprios significados. A

segunda trata da resolução de problemas, onde o problema é o ponto de partida das

atividades matemáticas e provocador do processo de construção de conhecimentos.

Tendo como premissa que o problema é o meio principal pelo qual a

matemática se evolui, procurando tornar mais significativo o ensino de Equações

Diferenciais Ordinárias (EDO) Lineares de 1ª e 2ª ordem para o estudante em cursos

das ciências exatas, propõe-se uma experiência de ensino por meio de atividades

que visam à aprendizagem por resolução de problemas físicos, com abordagens

analítica e qualitativa, com foco na interpretação gráfica e uso de recursos

computacionais.

De acordo com Javaroni (2007) e Dullius (2009), estudos apontam que o

ensino de EDs está voltado para a resolução analítica, privilegiando os aspectos

algébricos e isto pode não ser suficiente para um aprendizagem significativa.

Autores de livros textos como Dennis G. Zill (2003) de Equações Diferenciais

e James Stewart (2006) de Cálculo Diferencial e Integral vêm trabalhando

metodologias voltadas para a compreensão conceitual pelo aluno, onde a

representação gráfica e a utilização de recursos computacionais são sugeridos nos

livros didáticos desde os capítulos iniciais. Além dos aspectos algébricos, estes

1 En el caso de los professores de matemáticas de universidad, el conocimiento que tienen sobre el

processo de enseñanza y aprendizaje es fruto de la experiencia docente y del efecto de la socialización que les hace repetir los esquemas de aquellos profesores que les enseñaron en su época de estudiantes.

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livros contemplam as abordagens geométrica e numérica com resolução de

problemas e iniciação à modelagem.

Para Javaroni (2007) é possível utilizar a abordagem qualitativa no ensino de

EDO através das informações geométricas obtidas por meio dos campos de

direções e iniciar EDs com o estudo de modelos matemáticos clássicos da literatura,

explorando-os com o auxílio das TICs, pode trazer mais possibilidades para os

processos de ensino e aprendizagem dos estudantes e assim, conseguir atribuir

significados para essa disciplina.

Durante a realização da revisão bibliográfica, constatei que existem poucas

pesquisas acerca de questões sobre o ensino de EDO com o auxílio de TICs. A

possibilidade de contribuir para o aumento da produção de material didático desse

conteúdo me impulsionou ainda mais a desenvolver esta pesquisa.

Uma das minhas conjecturas de trabalho me levou a entender que os

processos de ensino e aprendizagem sofrem influência direta da organização

didática dos livros textos de Equações Diferenciais. Uma abordagem que privilegia

os aspectos analíticos ainda está bem consolidada em boa parte dos livros didáticos.

Com a reforma do ensino de Cálculo, as outras abordagens vêm sendo

paulatinamente incorporadas nos capítulos dos livros, porém, exercícios de

explorações gráficas e contextualizados aparecem com pouca frequência nos finais

das seções.

Nos livros didáticos analisados, verificou-se uma preponderância de

exposição formal do conteúdo em vez de uma contextualização interdisciplinar que

pudesse conduzir os esforços para a formalização.

Esta pesquisa propõe estudar problemas de Física no contexto das EDs, que

podem ser analisados com uma nova metodologia, onde o estudante possa

desenvolver as habilidades de visualização e análise gráfica por meio de atividades

que utilizem as TICs.

As atividades foram desenvolvidas com alunos do terceiro período do curso

de Engenharia Elétrica do Instituto Federal de Goiás – Câmpus Jataí, na disciplina

de Equações Diferenciais, no segundo semestre de 2011.

Esta proposta foi elaborada de tal forma que se pudesse investigar a

aprendizagem dos estudantes, a motivação, suas concepções, conjecturas e

estratégias de resolução das atividades. Os objetivos foram os seguintes:

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1.1 Objetivo Geral

Propor uma metodologia para a resolução de problemas físicos com ênfase

na interpretação gráfica, com utilização do software MAPLE, objetivando trazer

contribuições para o estudo de Equações Diferenciais Ordinárias lineares de 1ª e 2ª

ordem em cursos de ciências.

1.2 Objetivos Específicos

a) Verificar em livros textos didáticos de Equações Diferencias e Cálculo

Diferencial e Integral como ocorre a abordagem metodológica do conteúdo de

Equações Diferenciais Ordinárias.

b) Identificar os métodos que os alunos utilizam para estudar a disciplina de

Equações Diferenciais Ordinárias para diagnosticar as dificuldades na

aprendizagem da disciplina.

c) Elaborar problemas que atendam a metodologia de Resolução de Problemas

com foco na compreensão e interpretação de dados, com utilização das

Tecnologias de Informação e Comunicação e, especialmente, com

interpretação gráfica.

d) Aplicar as atividades e, após a análise dos resultados estabelecerem as

possíveis reestruturações visando propor uma nova metodologia para a

resolução de problemas da Física no contexto das Equações Diferenciais.

1.3 Resumo da Metodologia

A metodologia empregada na prática pedagógica teve como suporte a Teoria

da Equilibração de Piaget (1975), onde o sujeito constrói o seu conhecimento na

interação com o meio tanto físico como social e na Teoria Sócio-interacionaista de

Vygotsky (1978) que compartilha uma visão construtivista assentada na ideia de que

a única aprendizagem significativa é por meio da interação entre sujeito, o objeto e

outros sujeitos. Procurou-se organizar atividades de ensino a favorecer a interação

professor-aluno-material didático em ambiente com recursos computacionais, na

atuação da zona de desenvolvimento proximal do estudante de tal forma que, com a

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ajuda de um colega mais capaz, o estudante consiga transpor as dificuldades

apresentadas progressivamente nas atividades.

Optou-se por fazer um estudo de metodologia qualitativa, com interesses em

uma análise bem detalhada da situação investigada. As atividades foram

desenvolvidas em sala de aula, onde o professor pesquisador esteve em contato

direto com os sujeitos da pesquisa.

Construíram-se cinco atividades envolvendo problemas físicos no contexto

das EDOs de primeira e segunda ordem. As atividades eram entregues aos

estudantes em forma impressa, a serem desenvolvidas em duplas, com uso

exclusivo dos recursos computacionais, em especial o software Maple.

As atividades foram planejadas com o intuito de diagnosticar indícios de

como a Resolução de Problemas, com a utilização das TICs, pode contribuir

para uma aprendizagem mais significativa do ensino de EDO e, nas suas

aplicações em situações problemas das ciências.

Para a coleta dos dados, utilizaram-se registros feitos pelo pesquisador em

sua caderneta de campo, as worksheets dos estudantes com as resoluções das

atividades, os vídeos gerados pelo software CAMTASIA com as gravações das

ações dos estudantes no decorrer da realização das atividades e respostas dos

questionários enviados aos estudantes com objetivo de buscar evidências de

atuação dos mesmos, suas opiniões e percepções a respeito da proposta.

1.4 A Estrutura da Dissertação

A presente dissertação está constituída de seis capítulos, além das

referências bibliográficas e os apêndices. No capítulo 1, onde se insere a presente

seção, apresenta-se parte da trajetória acadêmica e profissional do autor desta

Dissertação, a importância do tema, os objetivos da pesquisa, a pergunta de

pesquisa, o resumo da metodologia e a apresentação dos capítulos.

No capítulo 2, inicia-se a revisão bibliográfica descrevendo a evolução da

Educação Matemática no Brasil e no Mundo, a seguir são apresentadas as

abordagens da Descoberta Guiada e Resolução de Problemas utilizadas na

elaboração e aplicação da sequência didática proposta neste trabalho. São

apresentadas as possibilidades que as Tecnologias de Informação e Comunicação,

em particular o computador, apresentam no auxílio do ensino de matemática, e

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finalizo o capítulo descrevendo sobre a visualização no contexto do ensino de EDs,

onde mostro suas características na análise global de um fenômeno estudado.

A problematização que envolve este trabalho está apresentada no capítulo 3.

Dentre os estudos realizados que visam uma melhoria do ensino de EDs, destaco as

experiências de Habre (2000), Rasmussen (2001), Moreno e Azcárate (2003),

Javaroni (2007) e Dullius (2009). Analisou-se quatro livros, dois livros que tratam do

conteúdo específico de EDs: Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem

de D. G. ZILL e Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de

Contorno de W. E. BOYCE e R. C. DIPRIMA e dois livros de Cálculo Diferencial e

Integral que apresentam em seus escopos conteúdos de EDs: Cálculo de J.

STEWART e O Cálculo com Geometria Analítica de L. LEITHOLD. Finalizo o

capítulo com uma síntese de três pesquisas do cenário nacional, que mais se

assemelham com este trabalho, que exploram o ensino de EDs com abordagem

qualitativa.

No capítulo 4 define-se o tipo de pesquisa empregada, os procedimentos

metodológicos utilizados nesta pesquisa e como se realizou a coleta de dados. Os

participantes da pesquisa são apresentados, a aplicação da proposta e o produto da

pesquisa são descritos, os softwares utilizados na aplicação da proposta são

analisados, e concluo o capítulo com a apresentação das atividades.

O capítulo 5 é dedicado à apresentação descritiva e analítica dos dados

colhidos durante a aplicação da proposta.

No capítulo 6 apresento as considerações finais desta pesquisa, onde procuro

refletir sobre as conclusões e contribuições que a metodologia proposta trouxe para

os processos de ensino e aprendizagem das EDs.

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2 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS PELA DESCOBERTA GUIADA E AS TICs

2.1 Educação Matemática

A Educação matemática (EM) é uma área recente de conhecimento das

ciências sociais ou humanas. O Movimento da Matemática Moderna (MMM)2,

ocorrido nas décadas de 1950 e 1960, contribuiu para que a EM tivesse um grande

impulso. O movimento fez parte de uma política de modernização econômica e foi

posta na linha de frente do ensino, em se considerando que ela, juntamente com a

área de Ciências, constituiu uma via de acesso privilegiada para o pensamento

político e tecnológico. No Brasil, o surgimento da EM se deu no final da década de

1970 e evoluiu nas décadas seguintes. Nesta época foi fundada a Sociedade

Brasileira de Educação Matemática (SBEM) que conta hoje com mais de 12 mil

associados, e tem como finalidade congregar profissionais da área de Educação

Matemática ou de áreas afins.

Segundo Onuchic e Allevato (2005), a disciplina de matemática sempre foi

ensinada com dificuldades. Essa ideia provocou ainda no século passado debates e

discussões que mostravam a necessidade de tornar o ensino da matemática mais

significativo, onde o aluno pudesse entender e utilizar a matemática no dia-a-dia.

Tais discussões ainda persistem e procuram apontar formas melhores de ensinar e

aprender matemática.

Enquanto o matemático preocupa-se em produzir novos conhecimentos que

impulsionam o desenvolvimento da matemática pura e aplicada, o Educador

Matemático, segundo Fiorentini e Lorenzato (2009), educa por meio da matemática.

Para esses autores, o Educador Matemático tem o objetivo de formar cidadãos e,

para isto questiona qual o conteúdo matemático e qual o ensino são relevantes para

essa formação. Suas pesquisas são realizadas, utilizando-se fundamentação teórica

além dos métodos das Ciências Exatas, os métodos também das Ciências Sociais e

Humanas.

2 O Movimento da Matemática Moderna surgiu motivado pela Guerra Fria, entre Rússia e Estados

Unidos por um lado, e por outro lado, como resposta à constatação após a 2ª Guerra Mundial, de

uma considerável defasagem entre o progresso científico-tecnológico e o currículo escolar então

vigente (FIORENTINI; LORENZATO, 2009, p. 06).

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A EM se caracteriza como uma práxis, que envolve o conteúdo específico da

matemática e seus processos (pedagógicos) de transmissão e construção do saber

matemático, com uma conotação social, cultural e científica.

O surgimento da EM como área de conhecimento tem evoluído, e seu objeto

de estudo ainda está em construção, em relação com a compreensão, interpretação

e descrição de fenômenos referentes ao ensino e à aprendizagem dos

conhecimentos matemáticos.

Para Fiorentini e Lorenzato (2009, p. 10), os objetivos da EM são múltiplos e

difíceis de serem categorizados. De uma forma geral poderiam ser reagrupados em

dois:

a) um, de natureza pragmática, que tem em vista a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem da matemática; b) outro, de cunho científico, que tem em vista o desenvolvimento da EM como campo de investigação e de produção de conhecimentos. (FIORENTINI; LORENZATO, 2009, p. 10).

No interior da EM, a Resolução de Problemas é uma metodologia de ensino e

aprendizagem de natureza pragmática que visa à melhoria da qualidade do ensino.

Atualmente, a EM envolve em sua prática os mais variados conteúdos, como:

a própria matemática, a filosofia, a antropologia, a Psicologia, a Sociologia, a

História, e a Economia, dentre outros. Este quadro prevê, além dos conhecimentos

da Matemática e da experiência do magistério, que o Educador Matemático busque

nas Ciências Sociais e Humanas outras habilidades e competências para o exercício

pleno de sua profissão, caracterizando a interdisciplinaridade da EM.

A EM, pelo fato de estar em confluência com diversos campos das Ciências

Sociais e Humanas, apresenta seus próprios problemas e questionamentos, com

perguntas como: Por que os alunos tem tanta dificuldade em aprender produtos

notáveis no Ensino Fundamental? Por que a Geometria é relegada para um segundo

momento no Ensino Fundamental? Por que a ideia de derivada como taxa de

variação é de difícil assimilação? Os sistemas de álgebra por computador (SACs)

podem contribuir para uma aprendizagem mais significativa no ensino de equações

diferenciais?

Kilpatrick (1994), citado por Fiorentini e Lorenzato (2009), descreve sete

temáticas da pesquisa internacional em EM que ele considera relevante na década

de 1990:

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a) processos ensino-aprendizagem de Matemática; b) mudanças curriculares; c) utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no

ensino e na aprendizagem da matemática; d) pratica docente, crenças, concepções e saberes práticos; e) conhecimentos e formação do professor; f) práticas de avaliação; g) contexto sociocultural e político do ensino-aprendizagem da

matemática. (FIORENTINI; LORENZATO, 2009, p. 41).

A última temática descrita por Kilpatrick merece destaque pelo fato das

investigações relacionarem o contexto sociocultural com o ensino-aprendizagem da

matemática e se tratar de uma área em que o Brasil tem se destacado

internacionalmente, Ubiratan D’Ambrosio, um dos expoentes e o criador da linha de

investigação denominada etnomatemática.

Com o desenvolvimento da Educação Matemática algumas linhas

internacionais de pesquisa foram se delineando e, segundo Fiorentini e Lorenzato

(2009), uma pesquisa realizada pela Universidade de Bielefeld (Alemanha) e

publicada por Batanero et al. (1992), feita a partir da compilação de trabalhos

apresentados em congressos internacionais, a linha de pesquisa que mais apareceu

nos Programas de Mestrado e Doutorado em 61 universidades de 19 países foi a

Resolução de Problemas; em segundo lugar, ficou a linha de pesquisa: Informática,

computadores e ensino-aprendizagem de matemática.

2.2 O Método da Descoberta Guiada

Em 1959, na conferência de Woods Hole, em Massachussetts, cientistas,

psicólogos e educadores discutiram como melhorar o ensino das ciências nas

escolas. A conferência foi presidida pelo educador e psicólogo Jerome Seymour

Bruner (Nova Iorque, 1915) da Universidade de Harvard. Bruner contribuiu para a

apresentação de um modelo de ensino que se denominou de ensino “pela

descoberta”. Neste modelo, os alunos descobrem suas próprias ideias e constroem

seus próprios significados, é uma experiência de aprendizagem centrada no aluno.

Bruner, citado por Mayer (2004), estabelece uma crítica à aprendizagem

direta3 e reforça que o aluno memoriza com maior facilidade pela abordagem não

3 Aprendizagem que resulta do reforço direto em que as consequências, positivas ou negativas, das

ações recaem sobre quem os pratica.

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investigativa. O professor e o aluno devem envolver-se num diálogo ativo

(aprendizagem socrática). A tarefa do professor é traduzir a informação a ser

aprendida num formato apropriado para o estado de entendimento atual do aluno.

Bruner esclarece ainda que “o ambiente ou conteúdos de ensino têm que ser

percebidos pelo aluno em termos de problemas, relações e lacunas que ele deve

preencher, a fim de que a aprendizagem seja considerada significativa e relevante”.

Mayer (2004) apresenta resultados de testes de três linhas de pesquisa

pedagógica: (i) o ensino por hipóteses e estratégias de descoberta para resolver

problemas, (ii) aprendizagem de estratégias de conservação do tipo piagetiano e (iii)

aprendizagem de estratégias de programação, usando o programa LOGO, que

envolve aprendizagem “natural”4 e por ensaio-e-erro (teste de hipóteses). Mayer

comparou os resultados com pesquisas de objetivos semelhantes e verificou que

nos três conjuntos de casos, após várias comparações, em cada um, são

favorecidas as abordagens de descoberta guiada, em detrimento de abordagens que

estimulam uma exploração desestruturada, preconizada pelos chamados modelos

construtivistas. Mayer (2004) não encontrou evidências científicas sobre os

benefícios da aprendizagem pela descoberta, mas enfatiza que a descoberta guiada

é mais eficiente que a descoberta pura para promover a aprendizagem

construtivista.

Para Piaget (1975) o sujeito constrói o seu conhecimento na interação com o

meio tanto físico como social. Piaget, o precursor do construtivismo, criou a ideia do

conhecimento-construção. Defende que as tarefas devem provocar um desequilíbrio

cognitivo moderado que permita ao aluno passar por um processo de assimilação e

de acomodação a potencializar o desenvolvimento dos esquemas mentais, em

direção a uma equilibração.

4 A aprendizagem natural caracteriza-se de modo especial pela sua reação aos estímulos presentes: a curiosidade leva à descoberta. Leva o aprendiz a copiar e imitar à medida da sua interação e interatividade com coisas e pessoas. Aprende por repetições inovadas de certa experiência. Cabem nesse universo a aprendizagem mecânica, bancária e lineares livres de coerção. Na dúvida e caos podem gerar reações de provocação, de indagação, de pesquisa mais perseverante e, principalmente, a criatividade espontânea. (OKADA, 1996, p.149).

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Figura 1 - Esquema representativo da Teoria da Equilibração de Piaget.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após um estágio de equilíbrio tem-se um novo desequilíbrio. É este

movimento de equilíbrio/desequilíbrio que permite o desenvolvimento individual e a

adaptação do indivíduo no mundo.

O suporte teórico do ensino pela descoberta guiada provém da Psicologia

Cognitivista. O professor deve se portar como um guia e facilitador que conduz os

alunos a pensar e a resolver problemas por si próprios, muito além da tradicional

aula expositiva dialogada.

Vygotsky (1978), da mesma forma que Piaget, compartilha uma visão

construtivista assentada na ideia de que a única aprendizagem significativa é a que

ocorre por meio da interação entre sujeito, o objeto e outros sujeitos. A

aprendizagem mais significativa é aquela que advém do processo de construção do

conhecimento. Este processo de construção será tanto melhor conduzido, quanto

maior for a interação entre alunos de diferentes estágios cognitivos. Compete ao

professor criar ambientes de aprendizagem que potencializem a interação entre os

alunos.

Os modelos de ensino centrados no aluno se baseiam em pressupostos das

teorias cognitivas e construtivistas. O papel do professor consiste em estabelecer

condições para que os alunos adquiram conhecimentos, dando-lhes autonomia e

opções de escolha. O aluno desenvolve um papel ativo na sua aprendizagem,

EQUILIBRAÇÃO Processo interno de regulação entre a assimilação e a acomodação.

ASSIMILAÇÃO Processo mental que

consiste em integrar numa estrutura prévia do sujeito,

os diversos elementos provenientes do meio.

ACOMODAÇÃO Processo mental pelo qual

as estruturas cognitivas vão se modificar em

função das experiências do meio.

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participa de investigações e de resolução de problemas. O professor passa a ser um

facilitador da relação entre o aluno e o conhecimento, planejando atividades que

gerem ações e reflexões em relação ao tema estudado. Em vez de repassar ao

aluno uma enorme quantidade de informações, o professor cria estratégias que

tornam o aprendizado ativo.

O método da descoberta guiada assume várias formas: estudo de caso,

resolução de problemas, experiência em laboratório, simulações, dentre outras. Paul

Ernest (1996, p.32) faz uma comparação (quadro 1 autoexplicativo) entre os

métodos pedagógicos baseados na inquirição para o ensino de matemática.

O aluno pode trabalhar em grupo ou individualmente, sempre com o intuito de

atingir os objetivos traçados pelo professor e ou negociados.

A heurística da descoberta guiada proporciona motivação, autoconfiança,

feedback, organização dos conhecimentos com a transferência na solução dos

futuros problemas.

Quadro 1 - Comparação de Métodos Baseados na Inquirição para o Ensino da

Matemática.

Método Papel do Professor Papel do Aluno

Descoberta Guiada

Formula o problema ou escolhe a situação com o objetivo em mente. Conduz o aluno para a solução ou objetivo.

Segue a orientação

Resolução de Problemas

Formula o problema. Deixa o método de solução em aberto.

Encontra o seu próprio caminho para resolver o problema.

Abordagem Investigativa

Escolhe uma situação de partida (ou aprova a escolha do aluno).

Define os seus próprios problemas dentro da situação. Tenta resolver pelo seu próprio caminho.

Fonte: Paul Ernest (1996, p.32).

As principais características do ensino baseado na descoberta guiada são:

a) sobressai o aspecto cognitivo;

b) o papel do professor é de incentivador, orientador. Faz a condução indireta ao

conhecimento;

c) baseia-se no princípio da equilibração de Piaget;

d) engloba a auto avaliação/reflexão e reformulação da aprendizagem;

e) existe uma relação informal entre professor e aluno.

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O método da descoberta guiada tem sofrido críticas por parte de muitos

professores, principalmente por aqueles adeptos da corrente que defende a

aplicabilidade de uma grande quantidade de conteúdos, em detrimento da

profundidade e da qualidade. Temerosos pelas situações inusitadas que acontecem

nas salas de aula e, principalmente pela sensação de perda de controle sobre os

alunos, alguns professores simplesmente resistem a tal método. Apesar dos

problemas citados, a descoberta guiada apresenta-se como uma alternativa a mais,

em função das características a gerar no aluno um efeito de autoconfiança

necessário a uma boa aprendizagem.

2.3 Resolução de Problemas

Desde os primórdios de nossa era, o ser humano tem sido desafiado a

resolver problemas em praticamente todas as áreas do conhecimento. Alguns

problemas exigiam uma reflexão sistemática e clareza de ideias em suas resoluções.

Pappus, matemático grego que viveu por volta do ano 300 depois de Cristo, se

propôs a fazer uma descrição completa dos métodos de Resolução de Problemas

baseada na análise e síntese. Essa descrição pode ser encontrada no livro Tesouro

da Análise, livro VII da obra Collectio (A Coleção Matemática5), escrito por Pappus

(290-350), parte da coleção de livros escritos por matemáticos da antiguidade. Este

livro é de relativa importância, pois Pappus retrata nele a produção dos matemáticos

gregos: Euclides, Apolônio, Eratóstenes e Aristeu. Neste se tem a descrição de

estudos, proposições e descobertas destes geômetras da antiguidade. Esta foi uma

das primeiras manifestações que trazia indícios de sistematização da heurística de

Resolução de Problemas.

No livro Tesouro da Análise Pappus define análise e síntese. Polya em seu

livro “A Arte de Resolver Problemas” discute e apresenta uma paráfrase dos

métodos da análise e da síntese utilizados pelos antigos geômetras gregos definidos

por Pappus.

5 Segundo Ver Eecke: A maioria dos manuscritos, e, sobretudo os mais antigos, são intitulados

simplesmente A Coleção, enquanto que as cópias posteriores trazem um título mais completo no

plural: As Coleções Matemáticas.

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Na análise, começamos por aquilo de que se precisa e que admitimos como certo e extraímos conseqüências (sic) disso e conseqüência (sic) das conseqüências até chegarmos a um ponto que podemos usar como de partida da síntese. Porque na análise admitimos que o que precisa ser feito já o foi (o que se procura já foi encontrado, o que se tem a demonstrar é verdadeiro). Indagamos de qual antecedente poderá ser deduzido o resultado desejado; em seguida, indagamos de novo qual poderá ser o antecedente desse antecedente e assim por diante, até chegarmos finalmente a algo que já conhecemos ou que admitimos como verdadeiro. A este procedimento chamamos análise, ou regressão ou raciocínio regressivo. Mas na síntese, invertendo o processo, partimos do último ponto a que chegamos na análise, daquilo que já sabemos ou admitimos como verdadeiro. Disso deduzimos o que o procedeu na análise e continuamos a fazer deduções até que, percorrendo o mesmo caminho no outro sentido, conseguimos finalmente chegar aonde queríamos. A este procedimento chamamos síntese, ou resolução construtiva ou raciocínio progressivo. (POLYA, 2006, p.119, grifos nosso).

A análise é um método de desenvolvimento de processos de raciocínio, a

demonstrar ou refutar um teorema claramente posto, pois na análise, parte-se do

princípio no qual o que está buscando já foi descoberto e, aquilo a se demonstrar é

verdadeiro. Para Pappus existem dois tipos de análise: um que estabelece a

verdade dos teoremas onde são “analisados” os problemas de demonstrações e, o

outro a determinar as incógnitas dos problemas.

Na síntese, parte-se de algo que se admite como verdadeiro (etapa final da

análise) e procura-se mostrar que estas condições são reais. A partir daí, seguindo

no sentido inverso da análise, deduzem-se situações novas a comprovar e verificar

as condições primitivas.

A este conjunto de métodos e regras, dos quais se destaca a análise e a

síntese, levam a descobertas e invenções que pode ser considerado como o método

heurístico. Na tentativa de sistematização da heurística destacaram-se: René

Descartes (1596-1650) que tentou estabelecer uma estrutura capaz de envolver, de

maneira coerente e completa a Ciência do seu tempo, contribuindo para a criação de

um método geral para a resolução de problemas; Gottfried Wilhelm Leibnitz (1646-

1716), em fragmentos dispersos de sua obra, mostrou que “nada mais é importante

do que observar as origens da invenção”, pois em sua opinião as origens da

invenção eram mais importantes do que a própria invenção; Aléxis-Claude Clairaut

(1713-1765) já apresentava uma visão de ensino sustentada na resolução de

problemas. Apesar de sua obra não atender a jovens colegiais, apresentava uma

doutrina pedagógica que visava tornar heurístico o ensino; Bernard Bolzano (1781-

1848) fez uma descrição pormenorizada da heurística em sua obra “A Teoria da

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Ciência”, publicada em 1837, Poincaré (1854-1912) que analisou as condições do

descobrimento científico na célebre conferência “L’Invention Mathématique”,

realizada em 1908, no Instituto Geral de Psicologia, em Paris; George Polya (1888-

1985) no seu livro “How do solve it” lançado em 1945, traduzido para o português

em 1978 com o título “A Arte de Resolver Problemas”, contribuiu para que a

resolução de problemas se fundamentasse como metodologia de ensino.

Como afirma Onuchic (2008), no início do século XX, a Matemática

caracterizou-se por apresentar um trabalho onde se buscava a memorização das

estruturas, a repetição era o processo utilizado para atingir tal fim. Neste período,

uma pequena parcela da população tinha acesso a estes conhecimentos.

Com o passar do tempo as mudanças sociais provocaram mudanças no

ensino em geral e, consequentemente, no ensino da matemática. Atualmente, na

sociedade da informação, mais pessoas necessitam aprender matemática em

virtude da matéria prima ser a própria informação, tratada com métodos

quantitativos, cuja base é a Matemática e a Estatística.

Hoje na sociedade, também denominada do conhecimento, para a população

de um país, saber Matemática é de vital importância, pois esta relação está ligada

com o desenvolvimento técnico científico do próprio país. Quando se começou a

exigir dos estudantes a compreensão da matemática, veio à tona a metodologia de

aprendizagem por resolução de problemas.

No início da década de setenta, os educadores matemáticos passaram a dar

mais atenção à resolução de problemas. A prática, então utilizada, que levava o

estudante ao domínio de procedimentos algorítmicos, adquiridos por meio de

trabalhos de repetição e exercícios mentais, começa a ser questionada.

Em 1980, foi produzido nos Estados Unidos um documento (An Agenda for

Action ) pelo NCTM6, que enfatizava o uso da Resolução de Problemas, como

metodologia para o Ensino da Matemática e a compreensão da relevância de

aspectos sociais, antropológicos, linguísticos, na aprendizagem da Matemática. Este

documento recomendava aos professores a envidar esforços no sentido de estimular

os alunos a adquirirem habilidades para resolver problemas. As ideias veiculadas

nesse documento influenciaram reformas mundiais e algumas propostas elaboradas

no Brasil, sofreram influências diretas deste documento.

6 National Council of Teachers of Mathematics – Conselho Nacional de Professores de Matemática

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Durante a década de oitenta, muitos recursos didáticos foram produzidos e

utilizados para contribuir com os professores na perspectiva de tornar a resolução de

problemas o foco da Matemática escolar, no entanto, devido a divergências de

concepções de grupos e pesquisadores em relação à resolução de problemas, nesta

década, a técnica não logrou muito êxito.

Na tentativa de contribuir com reflexões a respeito dessas divergências,

Schroeder e Lester, citados por Onuchic (2008), apresentam três caminhos

diferentes de abordar resolução de problemas:

Teorizar sobre resolução de problemas: O professor procura ressaltar o modelo de Polya ou alguma variação dele. Ensinar matemática para a resolução de problemas: o professor se concentra na maneira como a Matemática é ensinada e o que dela pode ser aplicada na resolução de problemas rotineiros e não rotineiros. Ensinar Matemática através da resolução de problemas: a resolução de problemas passa a ser pensada, então, como uma metodologia de ensino, como um ponto de partida e um meio de se ensinar Matemática. (ONUCHIC, 2008, p.7)

Com este último caminho propõe-se a ensinar Matemática por meio da

resolução de problemas, onde o problema gera o processo de ensino-aprendizagem.

Nesta forma de ensinar matemática o ensino está centrado no aluno. Esta é uma

visão de modelo pós Polya, porém não descartando as heurísticas de Polya.

Para Gazire (1988) existem três perspectivas para a resolução de problemas:

a) Resolução de problemas como um novo conteúdo: leva-se o aluno ao

conhecimento de várias técnicas e estratégias de resolução de problemas

contribuindo para o mesmo desenvolver habilidade em resolver problemas.

Esse é o estudo do problema pelo problema, independentemente do

conteúdo.

b) Resolução de problemas como forma de aplicar um determinado

conteúdo: aprende-se melhor um conteúdo quando ele é aplicado na

resolução de problemas. É o estudo do conteúdo por meio de aplicações em

problemas, ou seja, o exercício do conteúdo.

c) Resolução de problemas como um meio de ensinar Matemática: todo o

conteúdo a ser aprendido é iniciado por um problema-desafio, ocorrendo uma

construção interiorizada do conhecimento a ser adquirido.

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Esta última abordagem tornou-se o foco dos trabalhos da mesma autora, para

ensinar Matemática por meio da resolução de problemas.

Gazire (1988, p.124) destaca: “Se todo conteúdo a ser aprendido for iniciado

numa situação de aprendizagem, através de um problema desafio, ocorrerá uma

construção interiorizada do conhecimento a ser adquirido”, desta forma, o aluno irá

construir seu próprio conhecimento utilizando suas experiências na resolução de

problemas.

Na década de 90, a resolução de problemas teve grande impulso, como

afirma Beatriz D’Ambrósio:

A partir dos anos 90 a resolução de problemas se tornou uma parte integrante da sala de aula de matemática. Surgiram as propostas curriculares que situavam o ensino da matemática via a resolução de problemas. A proposta era de colocar problemas aos alunos a partir dos quais novo conteúdo pudesse ser desenvolvido. Surgiram várias propostas interessantes como o uso de modelagem, e o uso de problemas de investigação, a serem resolvidos individualmente ou em pequenos grupos. Com uma postura diferente quanto aos tipos de atividade a serem propostas aos alunos, modificava-se a dinâmica da sala de aula. (D’AMBROSIO, 2008, p.2).

Livro-texto e critérios de avaliação foram modificados. As estratégias

empregadas pelos alunos na resolução de um problema foram adquirindo maior

ênfase em relação à memorização de regras e procedimentos. As questões

motivacionais e emocionais dos alunos passam a ser consideradas nos processos

de ensino e aprendizagem.

A resolução de problemas, como um ponto de partida e um processo de

ensinar Matemática, passa a se constituir como uma metodologia a ser utilizada em

sala de aula. O problema passa a ser o ponto de partida e disparador do processo

de construção de conhecimentos.

Mendonça (1993) apresenta três interpretações para a resolução de

problemas:

a) Como um objetivo: A resolução de problemas é a meta final, o equivalente a

ensinar Matemática para a resolução de problemas.

b) Como um processo: A resolução de problemas é um meio para desenvolver

o potencial heurístico do aluno. O estudante se caracteriza como “resolvedor”

de problemas.

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c) Como um ponto de partida: O problema é o elemento disparador do

processo de construção do conhecimento matemático.

Para Stanic e Kilpatrick7 (1990), três temas gerais caracterizam o papel da

resolução de problemas nos currículos de Matemática das escolas: resolução de

problemas, como contexto; resolução de problemas, como capacidade;

resolução de problemas, como arte.

A resolução de problemas como contexto tem pelos menos cinco

subtemas, todos eles associados à ideia da resolução de problemas como meio para

se atingirem determinados fins. Utiliza-se a resolução de problemas como

justificativa, como motivação, como atividade lúdica, como veículo e como prática.

A resolução de problemas como justificativa está impregnada na ideia de que

os próprios problemas são uma justificativa para ensinar matemática. Já no subtema

da motivação, o objetivo é despertar e atrair o interesse dos alunos.

A resolução de problemas como atividade lúdica está associada com a

motivação dos alunos, onde o interesse dos mesmos está envolvido. No caso da

atividade lúdica em si, os problemas são fornecidos não tanto para motivar os alunos

a aprender, mas para lhes permitir ter algum divertimento com a Matemática

aprendida.

Um novo conceito ou técnica podem ser adquiridos pelo aluno quando o

mesmo reflete sobre um problema e descobertas emergem. Neste sentido, a

resolução de problemas é visto como um veículo para a aprendizagem.

A resolução de problemas como prática reforça capacidades e conceitos

ensinados diretamente. É o subtema que tem maior influência no currículo da

Matemática.

A resolução de problemas como capacidade é vista como um número de

habilidades a serem ensinadas no currículo matemático. A resolução de problemas é

como uma hierarquia de capacidades, onde distinções, numa determina sequência,

entre resolver problemas de rotina e problemas não rotineiros, são estabelecidas. A

resolução de problemas não rotineiros é caracterizada como uma capacidade de

7 Jeremy Kilpatrick foi aluno de George Pólya na Universidade de Stanford, na Califórnia, onde

realizou um Mestrado em Matemática no início dos anos 60, tendo depois sido seu assistente.

George Pólya pertenceu também ao júri de doutoramento de Jeremy Kilpatrick em Educação

Matemática, na mesma universidade, sob a orientação de Edward Beegle.

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nível elevado, a ser adquirida depois da capacidade de resolução de problemas de

rotina.

A visão da resolução de problemas como arte, caracterizada como uma

visão mais aprofundada e mais compreensiva da resolução de problemas nos

currículos escolares de Matemática, emergiu-se do trabalho de George Polya, com a

ideia da heurística, entendida como uma estratégia. Polya reformulou e ilustrou

ideias acerca da descoberta matemática com o objetivo de tornar claro para os

professores, facilitando seu uso em atividades.

Polya (1966) defendia a ideia de que o principal objetivo da educação é o

desenvolvimento da inteligência, isto é, ensinar o aluno a pensar. Para este autor:

se a educação não contribui para o desenvolvimento da inteligência, ela está obviamente incompleta. Entretanto, a inteligência é essencialmente a habilidade para resolver problemas: problemas científicos, quebra-cabeças, toda sorte de problemas. O aluno desenvolve sua inteligência usando-a; ele aprende a resolver problemas resolvendo-os. (POLYA, 1966, p.137).

Para Polya (1966), os alunos devem aprender Matemática com mais

compreensão do que mecanicamente. Apesar deste objetivo ser audacioso, provoca

resultados mais rápidos e permanentes com probabilidades maiores de sucesso na

aprendizagem.

Polya ao destacar o papel do professor nos processos de ensino e de

aprendizagem dos alunos, publicou um artigo no "Jornal da Matemática Elementar"

nº 119 em 1959 intitulado: “Dez mandamentos para professores”, onde o autor reúne

as características de um professor eficiente, capaz de auxiliar seus alunos de forma

crescente e autônoma a resolver problemas do presente e do futuro, como por

exemplo, entre outras: ter interesse e conhecer o conteúdo ensinado, trabalhar as

atividades mentais, o hábito metódico e a descoberta.

Polya (1966) defendia que a matemática não é um esporte para

espectadores. Para aprender matemática o aluno, pelo seu próprio esforço, precisa

participar ativamente, familiarizar-se com o concreto antes do abstrato, com a

variedade de experiência antes de um conceito unificador.

Resolver um problema é encontrar os meios desconhecidos para um fim nitidamente imaginado. Se o fim por si só não sugere de imediato os meios, se por isso temos de procurá-los refletindo conscientemente sobre como alcançar o fim, temos de resolver um problema. Resolver um problema é encontrar um caminho onde nenhum outro é conhecido de antemão,

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encontrar um caminho a partir de uma dificuldade, encontrar um caminho que contorne um obstáculo, para alcançar um fim desejado, mas não alcançável imediatamente por meios adequados. (POLYA, 1997, p.1).

Polya (2006) em “A Arte de Resolver Problemas” em seu prefácio esclarece

que:

uma grande descoberta resolve um grande problema, mas há sempre uma pitada de descoberta na resolução de qualquer problema. O problema pode ser modesto, mas se ele desafiar a curiosidade e puser em jogo as faculdades inventivas, quem o resolver por seus próprios meios, experimentará a tensão e gozará o triunfo da descoberta. (POLYA, 2006, p.v).

Segundo o mesmo autor, o professor ao sobrecarregar seus alunos com

operações rotineiras, as mesmas aniquilam e tolhem o desenvolvimento intelectual

dos mesmos. Aguçar a curiosidade dos estudantes com problemas compatíveis com

os seus conhecimentos, auxiliando-os por meio de perguntas, contribuirá para

despertar o gosto pelo raciocínio independente, tornando-os mais autônomos.

Para resolver um problema, Polya (2006) dividiu o trabalho em quatro etapas:

compreensão do problema, construção de uma estratégia de resolução, execução

de uma estratégia escolhida, revisão da solução.

Segundo Pozo (1998), as pesquisas em resolução de problemas seguem

duas tendências gerais de abordagem: a solução de problema como uma habilidade

geral e a solução de problemas como processo específico.

A primeira abordagem tem

[...] a idéia (sic) de que a solução de problemas se fundamenta na aquisição de estratégias gerais, de forma que uma vez adquiridas possam ser aplicadas com poucas restrições a qualquer tipo de problema. Com base nesse enfoque, ensinar a resolver problemas é proporcionar aos alunos essas estratégias gerais, para que eles as apliquem cada vez que se deparem com uma situação nova ou problemática. (POZO, 1998, p.18).

Nesta perspectiva, a solução de problemas seria um conteúdo generalizável,

envolvendo todas as áreas do currículo e desenvolvido a partir das disciplinas

estruturantes do curso. A elaboração de problemas prioriza a estrutura da atividade

em relação à aprendizagem dos conteúdos.

De acordo com Pozo (1998) existem quatro passos que devemos perseguir

na resolução de um problema generalizável: (1) compreensão da tarefa; (2)

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concepção de um plano que nos conduza à meta; (3) execução desse plano; (4)

análise que nos leve a determinar se alcançamos ou não a meta.

Os passos acima descritos são semelhantes ao do matemático Polya. Os

métodos e a heurística, usados por Polya, são utilizados para a resolução de

problemas gerais, independentes de conteúdos.

A Psicologia Instrucional tem mostrado que o uso das habilidades cognitivas

está condicionado, em grande parte, ao conteúdo das tarefas às quais são

aplicadas, mostrando que se torna difícil, até por razões didáticas, treinar os alunos

na solução de problemas de uma maneira geral.

A segunda abordagem, para Pozo (1998), tem surgido mais recentemente

como outra forma de entender a resolução de problemas e a sua instrução, segundo

a qual esta somente pode ser abordada no contexto das áreas ou conteúdos

específicos aos quais os problemas se referem. Neste ponto de vista, pensa-se em

ensinar a resolver problemas em cada uma das áreas. Esta forma trata-se da

resolução de problemas como processo específico.

O pressuposto fundamental dos estudos sobre a resolução de problemas

consiste no fato de que as habilidades e estratégias de solução de problemas são

específicas de uma determinada área, ou seja, não existem regras gerais para a

solução de um problema qualquer, elas seriam insuficientes ou simplesmente

orientadoras. É necessário desenvolver o problema, bem como o tipo de problema,

para cada área específica.

Pozo (1998, p.31) considera “que as habilidades de resolução de problemas

e, em geral, a perícia, são um efeito da prática.” Para um especialista em resolução

de problemas desenvolver uma perícia suficiente, são necessárias muitas horas de

prática e treinamento. Segundo Glaser, citado por Pozo (1998, p.31), “nem todos os

tipos de prática são eficazes, o que caracteriza a experiência de um especialista não

é tanto a quantidade de problemas resolvidos, mas o fato de sua prática ser guiada

por princípios conceituais que lhe dão sentido”. A eficiência na solução de problemas

depende muito da vontade própria de quem está praticando e da mobilização de

conhecimentos conceituais adequados.

O desenvolvimento de atividades de resolução de problemas, nas quais as

habilidades e estratégias específicas da área são necessárias para a aprendizagem

de conteúdos, são mais eficientes do que um modelo generalizável de resolução de

problemas.

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Para Onuchic (1999), problema é tudo aquilo não resolvido, mas que se está

interessado na sua solução, isto é, qualquer situação a estimular o aluno a pensar,

que seja de seu interesse e desafiador. Também é desejável com reflexo na

realidade dos alunos.

Onuchic (1999) também propõe uma sequência de sete passos para a

metodologia de resolução de problemas, objetivando uma aprendizagem

compreensiva e significativa da matemática: a) formar grupos – entregar uma

atividade (problema); b) o papel do professo; c) resultados na lousa; d)

plenária, e) análise dos resultados; f) consenso; g) formalização. Neste último

passo, se faz uma síntese daquilo que se objetivava “aprender” a partir do problema

dado. São colocadas as devidas definições, identificadas as propriedades, feitas as

demonstrações.

Ainda segundo a mesma autora,

o ponto de partida das atividades matemáticas não é a definição, mas o problema; que o problema não é um exercício no qual o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula ou uma determinada técnica operatória; que aproximações sucessivas ao conceito criado são construídas para resolver um certo tipo de problema e que, num outro momento, o aluno utiliza o que já aprendeu para resolver outros problemas; que o aluno não constrói um conceito em resposta a um problema, mas constrói um campo de conceitos que tomam sentido num campo de problemas; que a Resolução de Problemas não é uma atividade para ser desenvolvida em paralelo ou como aplicação da aprendizagem, mas como orientação para a aprendizagem. (ONUCHIC, 1999, p.215).

A Resolução de Problemas tem se mostrado como estratégia metodológica

eficiente, a contribuir para que o aluno crie e desenvolva habilidades possibilitando

falar, escrever, explicar, concordar, questionar, investigar, testar, refletir, analisar,

compreender, etc.

A Resolução de Problemas tem um papel fundamental, pois provoca o aluno

a pensar por si próprio, criando estratégias próprias diferenciadas para analisar uma

mesma situação.

2.4 Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação

Como TICs na educação, entende-se todo e qualquer artefato que possa

auxiliar a automação e comunicação de processos e conhecimentos do ensino e da

pesquisa científica, desde a um simples blog na internet até ao mais robusto

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computador capaz de processar milhões de cálculos em frações de segundo. Têm-

se também as calculadoras gráficas e inúmeras outras possibilidades de reunir,

distribuir e compartilhar informações associadas à informática.

O professor da atualidade está constantemente sendo provocado pelo avanço

e disseminação das TICs que vem criando novos espaços de aprendizagem. As

mídias permitem articulação de palavras, sons, imagens e movimentos que

impulsionam os professores a pensarem em novas formas de interação neste

espaço. Múltiplos caminhos desenhados promovem uma reflexão sobre uma prática

sintonizada com este novo espaço, de tal modo que o professor é estimulado a

desenvolver ambientes de aprendizagem flexíveis e geradores de diversas ações

educativas.

O desenvolvimento e o aprimoramento da utilização dos computadores na

educação acorrem desde as primeiras gerações (década de 70), e vem-se

expandindo segundo Coscarelli (2003, p.55), sob dois aspectos: interação com o

conhecimento e ferramenta de apoio aos processos de ensino e aprendizagem.

Na década de 70, começaram a surgir no Brasil, como consequência da

expansão das mídias informáticas, mais especificamente na área de Educação

Matemática, as primeiras pesquisas sobre o uso das TICs no ensino da Matemática

e do Cálculo. Estas pesquisas se deram mais no âmbito das universidades e grupos

de estudos e pesquisas. Desde então, o uso de softwares vem crescendo

gradativamente no ensino do Cálculo.

O computador pode ser considerado como principal instrumento das TICs,

devido à pluralidade de utilização de informações que podemos manipular. O

computador é uma máquina que promove relações interativas, disponibiliza

simultaneamente várias mídias como: televisão, rádio, blu-ray, máquina fotográfica,

projetor multimídia, aparelho de som, entre outros.

Neste texto estaremos abordando o uso de TICs no contexto específico da

utilização do computador para ajudar os alunos a construir conceitos. Em relação à

disciplina de Cálculo estamos interessados nos assuntos que abrangem as

Equações Diferenciais ordinárias lineares de 1ª e 2ª ordem, como o traçado de

gráficos de funções de uma variável, traçado do campo de direções, resolução de

equações, entre outros.

Para Coscarelli (2003), utilizar o computador na sala de aula não significa que

estamos incorrendo em inovações pedagógicas, depende da significação e do uso

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que fazemos dele. O uso de computador, como recurso pedagógico, sugere

mudanças nas relações dos sujeitos envolvidos, por exemplo, em alguns casos, a

utilização de um projetor multimídia não modifica em nada estas relações.

O uso do computador pode favorecer os processos de ensino e

aprendizagem. Em um ambiente informatizado, o aluno pode: experimentar,

visualizar, testar, sugerir hipóteses, abstrair propriedades. A utilização do

computador pode ainda, ampliar as possibilidades das atividades, agilizar os

procedimentos de resolução de equações e construção de gráficos, trazer maior

confiabilidade dos resultados, contribuir para uma melhor interpretação e

visualização de fenômenos estudados, apresentar conceitos de diversas maneiras,

permitir que os alunos possam trabalhar com múltiplas representações tais como um

gráfico, uma expressão algébrica ou mesmo uma tabela, o que permite a exploração

de diferentes conceitos matemáticos, além de trazer uma visão diferente para o

aprendizado da matemática. Por meio do uso do computador, o aluno vai se

apropriando de uma tecnologia que o torna mais crítico e participativo.

Parafraseando Penteado e Skovsmose (2008), a utilização das TICs, em

particular do computador, pode provocar no dia-a-dia do professor uma mudança de

sua prática. A maioria dos professores desconhece a operacionalização e utilização

dessa mídia, o que acentua ainda mais a complexidade da atividade docente, aliado

a este fato, o uso de softwares matemáticos gera certa imprevisibilidade que leva o

professor a adquirir certo temor quanto ao uso da referida mídia. Trabalhar com esta

mídia sugere ao professor deixar uma situação confortável para penetrar em uma

zona de riscos, segundo Borba e Penteado (2003).

Nesta perspectiva, Santiago (2006) esclarece que:

Um dos fatores primordiais para a obtenção do sucesso na utilização da Informática na educação é a capacitação do professor perante essa nova realidade educacional. O professor deverá ser capacitado de tal forma que perceba como deve efetuar a integração da tecnologia com a sua proposta de ensino. O professor deve estar aberto a mudanças, principalmente em relação a adquirir uma nova postura: a de facilitador e coordenador de processos de ensino-aprendizagem; ele precisa aprender a aprender, a lidar com as rápidas mudanças, ser dinâmico e flexível. (SANTIAGO, 2006, p. 82-83).

Muitos professores de Cálculo da atualidade não receberam os suportes

necessários para trabalharem com informática na educação em sua formação

acadêmica, à exceção daqueles que tiveram oportunidade de participar em eventos

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e cursos de extensão. Neste sentido, concordamos com os pesquisadores Santiago

(2006), Coscarelli (2003), Borba e Penteado (2003) que propõem a utilização das

TICs em programas de formação de professores do ensino superior, na pós-

graduação e nos programas de formação continuada.

Para Tajra (2004), um projeto pedagógico que contempla a utilização do

computador como ferramenta pedagógica deve perpassar pelos seguintes

procedimentos:

a) Apresentação e uma breve explanação do tema do projeto para os alunos.

b) A aceitação do tema ou de um novo tema por parte dos alunos.

c) A discussão com os alunos sobre os conhecimentos já acumulados no

cotidiano sobre o tema escolhido.

d) A elaboração por parte de cada aluno de um roteiro para o estudo e

pesquisa do tema escolhido.

e) A localização da bibliografia para a pesquisa.

f) A apresentação dos roteiros individuais e, em seguida, a construção de

um roteiro coletivo da equipe/turma.

g) A hierarquização dos tópicos do roteiro coletivo.

h) A revisão da bibliografia para a pesquisa.

i) A elaboração da pesquisa sobre todos os tópicos do projeto.

j) A construção de um dossiê sobre o projeto.

k) A apresentação da pesquisa. (TAJRA, 2004, p.)

A autora entende que durante todas as fases de desenvolvimento do projeto,

mediante esta metodologia, o computador deve estar sendo utilizado para

implementar diversas tarefas, desde uma simples pesquisa na internet até a

apresentação/exibição dos resultados de pesquisas realizadas.

Tajra (2004) ao descrever sobre determinadas situações que ela denomina

positivas, frequentemente encontradas em ambientes de informática, afirma que os

alunos ganham autonomia nos trabalhos, tornam-se mais criativos, trabalham em

cooperação, sentem-se estimulados a aprender novas línguas e desenvolvem

habilidades de comunicação e de estrutura lógica de pensamento.

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Estas situações “positivas” justificam a utilização de ambientes de informática

nas escolas, contribuem para a socialização dos alunos e motiva-os para o

desenvolvimento de suas habilidades.

2.4.1 O Processo de Visualização

O pré-historiador André Leroi-Gourhan (1911-1986) utilizava a máxima

“desenho é a mão que fala” para mostrar como o texto e a imagem podem

representar a mesma coisa, podemos escrever com imagens ou desenhar com

palavras.

As imagens sempre exerceram um enorme fascínio sobre os homens, desde

uma simples foto de um passarinho à imagem do Taj Mahal na Índia. A imagem é

um importante recurso que ajuda o estudante a desenvolver o pensamento visual. A

imagem desencadeia processos mentais como abstrações, associações,

articulações, dentre outros que geram informações propiciando descobertas tão

úteis à matemática.

Nos dias atuais, a Educação tem explorado as imagens por meio dos livros,

revistas, vídeos, filmes, fotografias, softwares matemáticos com grande aceitação

pela comunidade acadêmica.

Pesquisas em Educação Matemática como a de Couy e Frota (2009),

Machado (2008), Javaroni (2007) apregoam que são inúmeras as vantagens e

benefícios da utilização da visualização nos processos de Ensino e Aprendizagem. A

tecnologia proporciona abordagens diferenciadas de diversos conteúdos da

Matemática.

Para Couy e Frota,

visualizar é um processo de criar e/ou interpretar e registrar idéias (sic) e imagens, que por sua vez podem desencadear novas idéias (sic) e imagens. Nessa perspectiva a visualização é parte do conjunto de processos de fazer Matemática, ao lado da intuição, criação, abstração, formalização, comunicação, entre outros, podendo ao mesmo tempo impulsionar o desenvolvimento de tais processos. (COUY; FROTA, 2009, p. 4).

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Couy e Frota (2007) destacam que foi a partir dos anos 90 que as pesquisas

sobre visualização ganharam força e reconhecimento como campo significativo de

pesquisa com diversas publicações em nível mundial.

Machado (2008) analisa o conhecimento trazido pelos estudantes ingressos

na universidade de um Curso de Química na disciplina de Cálculo Diferencial e

Integral, a influência que o uso do software Mathematics Plotting Package (MPP)

exerce sobre a construção do conhecimento matemático com enfoque especial para

as representações gráficas e para os processos de visualização. A pesquisadora

ressalta que tais representações gráficas e visualizações dos conceitos matemáticos

não são triviais, exigem de quem os utilize, uma atividade cognitiva. Para Machado,

visualizar não é o mesmo que ver. [...] visualizar é desenvolver uma habilidade para criar imagens mentais daquilo que o indivíduo manipula. Nisto estimula a sua mente para diferentes representações do conceito e, se necessário, utiliza papel e lápis, o visor da calculadora ou a tela do computador, para explorar, analisar e compreender a idéia (sic) matemática em questão. (MACHADO, 2008, p.10).

Por meio de softwares matemáticos, os estudantes podem visualizar na tela

do computador os mais diversos gráficos, investigar, analisar, estabelecer

proposições e conjecturas, validar resultados, relacionar variáveis e funções e as

várias representações da informação que auxiliam na resolução de problemas e na

construção dos conceitos matemáticos.

No estudo das Equações Diferenciais de primeira ordem, a visualização do

campo de direções de uma determinada equação é relevante e sugere a aparência

ou forma de uma família de curvas integrais8 da equação, onde podemos vislumbrar

aspectos qualitativos das soluções e, a partir desta visualização analisar melhor o

comportamento dos fenômenos modelados com as Equações Diferenciais.

A visualização matemática, por meio da tela do computador, permite ao

estudante enumerar várias conjecturas, aproximar soluções, interpretar gráficos,

reconhecer as várias representações da informação, construir conceitos, dentre

outras possibilidades. Por exemplo: a equação diferencial ydx

dy apresenta o

seguinte campo de direções:

8 O gráfico de uma solução particular de uma Equação Diferencial Ordinária (EDO) é chamado de

curva integral.

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Figura 2 - Campo de direções da equação ydxdy / gerado no Maple 14.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O campo de direções visualizado em uma malha 10 X 20 na figura 2 mostra

que qualquer ponto ao longo do eixo )0( yx possui inclinação de ângulo igual a

zero, isto é, derivada nula ( 0)0,(xf ), de tal forma que os elementos lineares9 são

horizontais. Pode-se observar que nos dois primeiros quadrantes, que para um valor

fixo de x , os valores de yyxf ),( crescem à medida que y cresce; da mesma

forma, para um valor fixo de y , os valores de yyxf ),( aumentam à medida que

x aumenta. Isso evidencia que, quando x e y aumentam, os elementos lineares

ficam quase verticais e têm inclinação positiva 0),(( yyxf para )0y . No

terceiro e quarto quadrante a situação é inversa, uma curva integral sempre

decresce à medida que vamos da esquerda para a direita, os elementos lineares

novamente ficam quase verticais, mas tem inclinação negativa 0),(( yyxf para

)0y . Observando da esquerda para a direita, acompanhando o fluxo dos

elementos lineares, imagine uma curva integral que comece suavemente em um

ponto no segundo quadrante e ao passar para o primeiro quadrante move

abruptamente para cima, que tipo de função geraria este gráfico? Esta situação só

vai ocorrer se mudar de quadrante? De modo análogo poderíamos fazer a mesma

pergunta em relação aos outros quadrantes. Neste exemplo, o conceito de simetria

9 Elemento linear (segmento de reta) em um ponto é uma miniatura da reta tangente à curva integral

que passa por este ponto.

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poderia ser explorado observando o campo de direções, o cálculo de um ângulo

conhecendo a sua tangente e, inúmeros outros conceitos poderiam ser abordados a

partir da visualização do campo de direções. Se estivéssemos preocupados apenas

com a solução analítica da equação, não precisaríamos nos recorrer a toda esta

análise. A análise por meio de visualizações gráficas nos revelam características

importantes na análise global de um fenômeno estudado.

A visualização de um gráfico de uma função por um estudante poderá

conduzi-lo a uma interpretação na forma simbólica, estabelecendo conjecturas,

contribuindo para a formação de conceitos.

Os computadores tem se transformado num importante recurso didático

utilizado pelos professores na visualização das diversas representações gráficas e

manipulações espaciais Javaroni (2007), Machado (2008). A possibilidade de traçar

vários gráficos em um mesmo plano a partir de uma mesma função, mudando os

valores dos parâmetros dessa função, gerando famílias de curvas, associadas às

ferramentas de aproximação de imagens, permite ao estudante estabelecer

conexões entre conceitos, um maior entendimento dos mesmos e percepção da

complexidade conceitual.

Dreyfus citado por Machado (2008) esclarece que o papel da visualização no

ensino é útil para avalizar a intuição e a formação de conceitos na aprendizagem da

matemática, e também oferece possibilidades de redução das diversas dificuldades

sentidas pelos alunos estudantes aqui apontadas:

a) na incapacidade de visualizar um diagrama de diferentes maneiras;

b) em reconhecer as transformações implicadas nos diagramas;

c) nas interpretações incorretas ou não convencionais de variação e

covariação em gráficos;

d) nos erros na distinção entre uma figura geométrica e o desenho que

representa a figura;

e) nos erros em unir as suas visualizações com o pensamento analítico.

(MACHADO, 2008, p.109)

A análise de um gráfico ou um diagrama por si só não ensina nada, associado

aos gráficos e aos diagramas estão estruturas conceituais que se o estudante não

adquiriu, as informações, podem não ter significados.

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Hershkowitz, Parzysz e Dormolen citado por Machado (2008) apregoam que a

visualização é uma parte essencial da inteligência humana, não ocorre segundo uma

abordagem linear, favorece ao estudante melhor compreensão do espaço e da

forma e suscita a visão da matemática como uma estrutura lógica na qual ela seja

um processo de conjecturar, justificar ou refutar, em ambientes experimentais.

A visualização não se resume a ilustrar um conceito ou comunicar um

conteúdo, propõe que o estudante compreenda que os objetos apresentados na tela

de um computador podem e devem ser interpretado, provocando verbalização e

posicionamento do mesmo.

Ao explorar a abordagem geométrica na resolução de problemas no estudo

de EDs, a visualização dos conceitos e formas evita o emprego precipitado de

fórmulas, algoritmos e memorização proporcionando maior significação das

atividades.

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3 O ENSINO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 3.1 Extratos de pesquisas e estudos

Nesta seção, apresentamos extratos de pesquisas e estudos realizados por

autores que abordam o ensino e a aprendizagem do conteúdo de Equações

diferenciais.

Para Dullius (2009), Javaroni (2007), Habre (2000), Habre (2003), Rasmussen

(2001), a metodologia predominante aplicada ao ensino de EDs potencializa o

enfoque algébrico(sobre o gráfico e o numérico), com ênfase nos métodos e

técnicas de resolução analítica das EDs, o que pode não ser suficiente para um

aprendizado significativo.

Dentre os estudos realizados com objetivos de melhorar os processos de

ensino e aprendizagem de EDs destacamos os trabalhos de Habre (2000),

Rasmussen (2001), Moreno e Azcárate (2003), Javaroni (2007) e Dullius (2009).

Moreno e Azcárate (2003) realizaram uma pesquisa sobre as concepções e

crenças dos professores universitários de Matemática a respeito do ensino e

aprendizagem de EDs. Os autores desenvolveram a pesquisa com os seguintes

objetivos em um nível de análise mais geral: (i) determinar as características mais

importantes no ensino atual de EDs de estudantes de Química, Biologia e

Veterinária; (ii) explicar a manutenção dos métodos de ensino tradicionais de EDs

que favorecem uma aprendizagem mecânica e instrumental. Em um nível de análise

particular: (i) caracterizar os professores universitários de matemática de acordo com

suas crenças sobre o ensino, aprendizagem e concepções a respeito da matemática

e em particular da disciplina que leciona, (ii) identificar o nível de coerência do

conjunto das crenças e concepções dos professores e suas influências sobre a

prática docente e, (iii) avaliar a consistência e o grau de solidificação das crenças e

concepções de cada professor verificando possibilidades de modificações para a

melhoria do ensino de EDs.

Os sujeitos da pesquisa foram seis professores universitários, todos

matemáticos, especialistas em matemática aplicada e que trabalhavam, entre

outros, com os cursos de Biologia, Química e Veterinária.

Para a coleta de dados os investigadores utilizaram: questionários,

entrevistas, programas oficiais, listas de exercícios e problemas propostos,

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referências bibliográficas para os estudantes em alguns casos e apontamentos

preparados pelos professores para acompanhamento da disciplina.

Conclusões parciais dos autores apontam para uma metodologia dominante

no âmbito universitário, baseada nas aulas tradicionais, em que o professor ocupa o

papel central. Nenhum dos professores sentiu a necessidade de utilizar outras

metodologias. A maioria dos professores pesquisados está convencida da

adequação dos conteúdos ensinados e, que levando em consideração o nível de

conhecimentos de seus alunos, adaptações no currículo incidem diretamente na

diminuição dos conteúdos teóricos ministrados e na substituição das demonstrações

pelas justificativas. Adotam uma prática, essencialmente instrumentalista, com

ênfase nas técnicas de resolução de EDs com resolução de certos problemas por

meio de modelagem.

A própria concepção formalista da matemática torna-se um obstáculo para a

maioria dos professores, se por um lado as explicações e apresentações a respeito

de um determinado conteúdo são incompletas, sem o peso do conteúdo matemático

que o sustenta, por outro lado, estão cientes do trabalho com alunos cuja

proficiência matemática impede o uso desse conhecimento de forma significativa.

A maioria dos professores adota um ensino mecânico de resolução das EDs

baseados em três fatores: (i) baixo nível de competência dos estudantes, falta

capacidade de raciocínio matemático e relacional; (ii) a facilidade do ensino de

técnicas frente à dificuldade de trabalhar com resolução de problemas; (iii) pouco

tempo que os professores disponibilizam para o planejamento da disciplina em

relação ao que deveriam investir para a adequada preparação.

Os professores, sujeitos de pesquisa, acreditam que o bom ensino está quase

que exclusivamente relacionado com o nível de conhecimento do professor, não

sentem a necessidade de uma formação continuada que lhes proporcione

ferramentas de trabalho para a aula, pensam que seria necessária uma formação

científica específica sobre aplicações das EDs para químicos, biólogos, veterinários,

estudantes da saúde.

Segundo os autores, a manutenção dos métodos de ensino tradicional frente

às novas alternativas de ensino se deve a várias razões: a) a forte crença dos

professores no baixo nível dos alunos, o que consideram inoperante qualquer

enfoque que coloque o estudante em situação de pensar e raciocinar além do

básico; b) concepção formalista da matemática, e em particular das EDs que

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supervaloriza o tratamento analítico (algébrico) frente ao tratamento numérico e

gráfico; c) o medo da perda de conteúdos específicos de que alguns professores

consideram “matemática real” frente a conteúdos e técnicas da matemática aplicada,

que não são considerados matemática pura tradicional “de toda vida” (destaques

dos autores); d) os professores dedicam mais tempo a atividades profissionais mais

valorizadas institucionalmente do que para preparação da matéria que atualmente

eles conhecem e dominam. Os professores tem consciência da necessidade de

reciclarem e dedicarem mais tempo em preparação de suas atividades de sala de

aula.

Samer Habre desenvolveu duas investigações que abordam o ensino e

aprendizagem de EDs: “Explorando estratégias dos estudantes para resolverem

EDO em um ambiente reformado” (Habre, 2000) e “Investigando a aprovação dos

estudantes com abordagem geométrica para as soluções de EDs (Habre, 2003).

Na primeira investigação, Habre citado por Dullius(2009), após fazer uma

avaliação dos cursos introdutórios de EDO, que a metodologia empregada pelos

professores consistia na apresentação de uma sequência de técnicas para encontrar

as soluções das equações, com aplicação de muitos exercícios, com a intenção de

que as soluções pudessem ser encontradas baseadas em alguma técnica de

solução ensinada. Para Habre (2000), quando um problema físico é modelado por

uma Equação Diferencial a sua solução, na maioria das vezes, não pode ser obtida

analiticamente em termos da variável independente, os alunos terminam o curso de

EDO com pouca compreensão à respeito do que representam as soluções de EDs

num contexto de aplicação. Segundo o autor, muitos educadores apontam a

abordagem qualitativa de Equações Diferenciais para que os cursos sejam de mais

utilidade, acrescenta ainda que este tipo de abordagem não foi utilizado no passado

devido às dificuldades de representação visual, porém percebe que os avanços da

computação gráfica têm proporcionado tanto para o professor como para o aluno

novas oportunidades.

Na análise inicial, o autor evidencia que o currículo de EDO teve mudanças

favoráveis às abordagens que privilegiam os aspectos visuais e numéricos, porém,

mesmo com a utilização de programas desenvolvidos para computadores e

utilização pelos alunos como reforço ao ensino, o efeito desta tecnologia não

melhorou significativamente o entendimento dos alunos sobre EDO.

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Habre investigou se um grupo de trinta alunos, de diversas áreas de uma

universidade do noroeste dos Estados Unidos, considerava o campo de direções

como um meio para resolver EDO de primeira ordem, verificou o sucesso dos alunos

na leitura das informações e analisou a capacidade dos estudantes em converter

notações simbólicas em gráficas e vice-versa. Mesmo após a aplicação da proposta

de ensino pelo autor, que enfatizava o aspecto geométrico no ensino de EDs com o

uso de um SAC, ao serem solicitados para resolver uma EDO, inicialmente os

estudantes verificavam se a equação era separável, linear ou exata, e em seguida

apresentavam uma solução analítica. Os instrumentos de coleta de dados utilizados

pelo autor foram os seguintes: observações em sala de aula, observações de aulas

práticas de laboratório, cópias das provas dos estudantes, cópias das atribuições do

software de computador Interactive Differential Equations (IDE), questionários e

entrevistas semiestruturadas com nove estudantes selecionados de acordo com

critérios pré-estabelecidos pelo autor.

Habre verificou que muito tempo e esforço são dedicados pelo professor para

construção de competências dos alunos para manipular algebricamente as EDs.

Neste sentido, os estudantes conceberam que a abordagem algébrica é mais

importante e útil do que as abordagens gráfica e numérica. A investigação apontou

também que os estudantes encontravam dificuldades para pensar algebricamente e

graficamente ao mesmo tempo, e necessitavam de mais tempo para assimilar a

ideia de pensar visualmente.

Na segunda investigação, Habre (2003), citado por Dullius (2009), analisou

a aceitação por um grupo de trinta e seis estudantes do terceiro período de um curso

introdutório de EDO de estudantes de engenharia da Universidade Americana

Libanesa de Beirut, em resolver EDs geometricamente.

A coleta dos dados ocorreu durante todo o semestre. Foram feitas cópias das

atividades desenvolvidas por meio do software IDE que exigiam capacidades de

visualização e cópias das provas escritas. Questionários foram enviados aos

estudantes envolvendo questões teóricas relativas à definição de EDs. Um

questionário foi aplicado no final do semestre para avaliar o trabalho do professor, o

livro utilizado, o software IDE e para obter informações sobre formas de resolver

EDs.

O autor observou que apesar dos alunos terem frequentado um curso com

metodologia diversificada, com abordagem geométrica, muitos continuaram com a

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concepção de que uma EDO é uma equação abstrata que envolve símbolos, não

uma representação simbólica de um fenômeno do mundo real. O autor pondera que

grande parte da matemática é ensinada por meio de símbolos, desde a escola

básica até a universidade, criando uma crença nos alunos da prevalência da

abordagem simbólica sobre a abordagem gráfica (geométrica), esta não tão

confiável em relação a teoria.

Os resultados também mostraram que inicialmente os estudantes

apresentaram resistência à abordagem geométrica, mas com o decorrer do curso,

muitos aceitaram, gostaram e utilizaram em outros cursos de matemática. Verificou-

se que os alunos perceberam a eficácia do software utilizado e sua importância para

o desenvolvimento da capacidade visual e compreensão gráfica das EDs.

Numa outra pesquisa, em função das dificuldades de aprendizagem das EDs

e compreensão das ideias centrais da Matemática, Rasmussen (2001), citado por

Dullius (2009), realizou um estudo que visava encontrar novos rumos para auxiliar

os estudantes a pensar de um modo mais interpretativo e reforçar suas capacidades

de análise gráfica e numérica das EDs.

Os sujeitos da pesquisa foram seis alunos que faziam parte de uma turma de

dezesseis de um curso introdutório de EDs para cientistas e engenheiros de uma

universidade do meio-atlântico. Os dados coletados se deram por meio de

entrevistas individuais com cada aluno com base em quatro tarefas, entrevistas com

o instrutor (professor) do curso e outros docentes do departamento de matemática,

cópias de testes e de provas, cópias dos trabalhos realizados no computador, um

questionário no final do semestre sobre a utilização do software mathematica,

gravações das aulas e, notas de campo levantadas pelos estudantes.

Durante todo o curso o instrutor (professor) sempre enfatizava a importância

de usar com equilíbrio os métodos analíticos, gráficos e numéricos para análise das

EDs. O autor levantou, como referência para acompanhamento das aulas do

instrutor, tendo como objetivo a melhoria da aprendizagem dos alunos, duas

questões: o dilema da função como solução de uma ED e as imagens e percepções

dos alunos. No contexto do dilema da função como solução, o autor abordou três

aspectos: interpretação das soluções, interpretação das soluções de equilíbrio e

exploração numérica.

Rasmussen destacou que as representações gráficas não significam a

mesma ideia matemática para estudantes e comunidade matemática. Afirma que a

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alteração necessária na conceituação de soluções como números (quando se

resolve equações algébricas), para a conceituação de funções como soluções

(quando se resolve EDO), representa uma mudança de paradigma para os

estudantes, trazendo dificuldades de entendimento.

O autor verificou que quando os estudantes pensam em função, eles

associam a uma equação ou a uma regra e não a um gráfico.

Rowland e Jovanoski (2004), citado por Dullius (2009), realizaram uma

pesquisa para identificar as dificuldades dos estudantes do primeiro ano de

licenciatura na interpretação dos termos de EDO de primeira ordem no contexto da

modelagem.

Os sujeitos da pesquisa foram cinquenta e nove estudantes que cursavam a

disciplina de Álgebra Linear no decorrer de um ano. Nesta disciplina os alunos

trabalharam com sistemas físicos que podiam ser modelados por EDO de primeira

ordem, envolvendo conceitos de crescimento populacional, desintegração radioativa,

mistura de soluções em um tanque e lei de resfriamento de Newton. Era esperado

que os estudantes resolvessem as EDOs, e fossem capazes de interpretar o

significado físico dos termos das EDO e também chegassem ao modelo matemático

do fenômeno físico abordado.

Com o propósito de investigar acerca do entendimento conceitual dos

estudantes, os autores aplicaram um teste inicial para diagnóstico, um exame no

final do primeiro semestre e entrevistas no segundo semestre.

A partir dos resultados, os pesquisadores observaram que alunos que

apresentavam bom rendimento na resolução analítica de EDO, não significava que

possuíam entendimento dos conceitos. Verificou-se que os alunos provavelmente

tinham concepções corretas, no entanto, apresentavam deficiências no uso da

linguagem, não conseguiam expressar corretamente o que haviam abstraído. Os

alunos confundiam quantidade com taxa de variação da quantidade. Os autores

sentiram a necessidade de mudanças no modo de pensar dos alunos em relação à

função que descreve “como a quantidade varia” para um pensamento à respeito da

equação que descreve “como a taxa de variação da quantidade varia” (grifos do

autor). Muitos estudantes interpretavam os termos de uma EDO como condição

inicial, valor máximo ou valor de equilíbrio. Para muitos, as relações entre as

variáveis dependentes e independentes teriam que estar explícitas, parte dos

estudantes não associavam unidades aos termos das EDO e nem às constantes de

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proporcionalidade. Estas inconsistências refletem o fato que o conhecimento de

muitos dos estudantes apresentavam-se fragmentados, dependentes do contexto.

Os mesmos autores da pesquisa sugeriram, como forma de melhorar o

aprendizado de EDs, que fossem incluídas mais perguntas conceituais e

qualitativas, de forma que os alunos pudessem mudar seus interesses da simples

manipulação para a compreensão.

Pode-se observar que os autores das pesquisas descritas verificaram que a

metodologia predominante no contexto do ensino de EDs se resume na aula

tradicional, que potencializa a abordagem algébrica sobre a gráfica e a numérica,

com ênfase em métodos analíticos e na solução do problema. Ficou evidenciado

que os professores, sujeitos da pesquisa, não manifestaram o desejo de mudança

de sua prática pedagógica.

Os resultados destes estudos, assim como concluem Moreno e Azcárate

(2003), apontam que as razões mais relevantes para a permanência de métodos

tradicionais de ensino consistem na acomodação do professor e a falta de

comprometimento pelo ensino. Para Moreno e Azcárate (2003), os professores

preferem atribuir a responsabilidade pelo fracasso do ensino aos próprios

estudantes, suas atitudes e a má formação matemática.

Para amenizar as dificuldades encontradas pelos estudantes no ensino de

EDs, os autores das pesquisas aqui apresentadas, sugerem que os professores

busquem equilibradamente e simultaneamente as abordagens analítica, gráfica e

numérica para análise de EDs.

Dullius (2009) destaca situações extremamente importantes a dificultar os

processos de ensino e aprendizagem da matemática, em especial o de EDO: os

estudantes não demonstram interesse pelo conteúdo, resolvem mecanicamente as

atividades e participam das aulas sem motivação. Segundo os pesquisadores, os

alunos não percebem a importância do conteúdo para o seu dia-a-dia e, conforme

descrito anteriormente, o ensino de EDO é muito formal, os alunos não conseguem

entender a conexão entre EDs e a modelagem de um sistema, apresentam

dificuldades para interpretar fisicamente os parâmetros de uma EDO.

Com os recursos computacionais disponíveis atualmente, o ensino de EDs

pode ir além do método tradicional de aplicações de técnicas e listas de exercícios,

desprovidos de significados, como afirmaram os autores Moreno e Azcárate (2003),

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Javaroni (2007), Dullius (2009), dando condições ao aluno de interpretar os diversos

contextos em que podem estar inseridas as EDs.

3.2 Análise do Conteúdo de Equações Diferenciais em Livros Didáticos

O livro didático se apresenta como um dos suportes para os processos de

ensino e aprendizagem, constitui-se num referencial para professores e alunos, seja

pela utilização rigorosa pelo professor, seja para leitura complementar pelos alunos,

para realizar estudos ou até mesmo como listas de exercícios.

A pré-análise dos livros didáticos mostrou que livros que apresentam mesmos

temas trazem abordagens diferenciadas em função das escolhas metodológicas. Ao

passo que um autor imprime um caráter algébrico na resolução de uma ED, outro

realiza uma abordagem que contempla os aspectos algébricos e geométricos,

simultaneamente. Enquanto alguns autores apresentam exercícios criativos,

contextualizados com aplicações do dia-a-dia, outros apresentam um lista

interminável de exercícios que não privilegia aspectos de interpretação e de

compreensão, o que supõe uma aprendizagem mecânica, a privilegiar a resolução

com algoritmos. As diferenças existentes nos livros-texto são grandes e,

representam a forma de pensar de cada autor na tarefa da transmissão de

conhecimentos.

Nesta seção procura-se, em linhas gerais, por meio da análise de livros

didáticos, compreender como os autores apresentam suas metodologias para o

ensino de EDs.

A seleção dos livros se deu em função do nível de preferência e adoção por

parte dos professores da Instituição onde a proposta de ensino desta pesquisa foi

aplicada e em função dos livros apresentarem propostas originais e abordagens

alternativas, que demonstram preocupação dos autores com uma aprendizagem

significativa por parte dos alunos e são livros consagrados como referência em

diversas universidades brasileiras.

Selecionou-se dois livros que tratam especificamente do conteúdo de EDs e

dois livros de Cálculo Diferencial e Integral que apresentam em seus escopos

conteúdos de EDs, são eles:

a) D. G. ZILL: Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem;

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b) W. E. BOYCE e R. C. DIPRIMA: Equações Diferenciais Elementares e

Problemas de Valores de Contorno;

c) J. STEWART: Cálculo;

d) L. LEITHOLD: O Cálculo com Geometria Analítica.

Baseado nos pressupostos teóricos que fundamentam este trabalho,

construiu-se uma série de categorias para análise dos livros didáticos escolhidos, as

quais se destacam:

a) Aspectos históricos de EDs inseridos no texto;

b) Problematização (Modelagem ou Resolução de Problemas);

c) Traçado gráfico das soluções das EDs;

d) Interpretação e análise gráfica;

e) Uso de TICs;

f) Problemas Físicos abordados;

g) Apresentação da resolução algébrica.

Na análise dos livros didáticos a seguir, estudou-se os capítulos que tratam

de Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de Primeira e Segunda ordem, que

são objetos deste estudo.

LIVRO 1: D. G. ZILL: Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem

(publicado em 2003).

Nesta obra Zill mostra uma grande preocupação em apresentar o livro de uma

forma direta, legível e proveitosa, mantendo a teoria consistente, sempre

preocupado em tornar compreensivo para o estudante os conceitos, empregando

linguagem corrente que permeia todo texto.

As abordagens analítica, qualitativa e numérica de EDs são claramente

delineadas pelo autor. No capítulo dois, é mostrado o comportamento qualitativo de

soluções de EDs de primeira ordem e, o aspecto das curvas integrais por meio da

análise de campos de direções e, análise da reta de fase, antes mesmo de buscar

as soluções analíticas.

O autor não mostra a evolução das EDs, não faz referências à sua gênese e

não utiliza fatos históricos relacionados às EDs para abordagem de conteúdos.

O livro-texto apresenta aplicações de EDs em capítulos separados,

modelagem com EDs ordinárias de primeira ordem no capítulo três e modelagem

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com EDs ordinárias de ordem superior no capítulo cinco, o que para o autor

aumenta a flexibilidade do texto, e permite ao aluno focalizar um número menor de

conceitos no início do curso. Para o estudante pode parecer um excesso a mistura

de aplicações com métodos de soluções, porém o autor intercalou aplicações em

várias seções. Praticamente em todas as seções do texto o autor apresenta

problemas, mas não utiliza a metodologia da Resolução de Problemas proposta por

Polya (2006) e outros.

No capítulo I o autor focaliza a construção de equações diferenciais mais

simples como modelos matemáticos, para posteriormente, após estudos dos

métodos de resolução de equações diferenciais, resolver estes modelos. Neste

momento o estudante tem oportunidade de vislumbrar o vasto campo de aplicações

das EDs. O autor busca a construção do conhecimento por meio de aproximações,

retomando algumas vezes os conceitos para posteriormente imprimir caráter

definitivo.

O texto é fartamente ilustrado com inúmeros diagramas e gráficos, utilizando,

às vezes, argumentos geométricos e gráficos para confirmar cálculos algébricos. Ao

mostrar gráficos das soluções dos exemplos propostos, o autor estabelece conexões

com o exercício, analisando e interpretando os resultados com uma linguagem

corrente que facilita a compreensão por parte do aluno, conduzindo-o a raciocínios

necessários ao estudo de EDs.

Ciente de que muitas instituições de ensino possuem recursos

computacionais adequados, ao fim dos conjuntos de exercícios de cada seção, o

autor apresenta “Exercícios Destinados a Laboratório de Computação” (grifo do

autor) que enfatizam a compreensão de conceitos e promovem a discussão em

grupo ou em classe. O autor justifica tal postura predizendo que esse tipo de

exercício não poderia ficar no “meio do caminho” (grifo do autor), facilitando para o

professor a decisão de omiti-lo ou cobri-lo posteriormente.

Nas listas de exercícios o autor também insere problemas que requerem

recursos tecnológicos mais simples, como calculadoras e softwares gráficos e, estão

marcados por um ícone sugestivo na margem esquerda. No final de cada seção,

também são apresentados problemas específicos para discussão, onde alguns deles

requerem recursos informáticos específicos. O autor não propõe o uso particular de

um determinado software, apenas faz raras alusões aos softwares MATHEMATICA

e MAPLE. São apresentados três projetos nos finais dos capítulos três, cinco e oito

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contendo um conjunto de questões cada um que podem ser respondidas em um

laboratório de computação. Estes projetos exploram modelos matemáticos

relacionados com recursos naturais renováveis, ressonância e terremotos.

Verifica-se que Zill se preocupou em contextualizar o ensino de EDs em

praticamente todos os campos das Ciências. Fenômenos sociológicos, físicos,

econômicos, ambientais, populacionais, dentre outros, são descritos em termos

matemáticos (modelagem). Encontramos problemas de modelagem em muitos

ramos da Física, dentre eles, destacamos os conteúdos: Lei de Newton do

Esfriamento/Aquecimento, Lei de Torricelli, Circuitos Elétricos, Corpos em Queda e

Sistemas Massa-Mola.

No início do capítulo dois, o autor ao definir campo de direções de uma

Equação Diferencial de primeira ordem, emprega a abordagem geométrica que

ressalta os aspectos qualitativos das soluções. Zill mostra que não há necessidade

de resolver uma Equação Diferencial autônoma para analisar o comportamento de

suas curvas integrais. Nas seções seguintes, observou-se um tratamento formal,

sistematizado e logicamente organizado, evidenciado na exposição dos métodos de

resolução de EDs de primeira e segunda ordem.

Para completar os três tipos de abordagem, na última seção do capítulo dois,

o autor mostra o método relativamente simples de Euler para aproximações de

soluções de problemas de valor inicial de primeira ordem, para dar noção ao

estudante dos métodos numéricos, uma vez que o método não é muito utilizado em

cálculos importantes. No capitulo nove são apresentados métodos numéricos mais

precisos. A seguir apresenta-se a sequência temática de Dennis G. Zill.

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Figura 3 - Sequência temática de Dennis G. Zill

Fonte: Elaborada pelo autor.

LIVRO 2: W. E. BOYCE e R. C. DIPRIMA: Equações Diferenciais Elementares e

Problemas de Valores de Contorno (publicado em 2006 – Oitava Edição).

Nesta edição Boyce e DiPrima apresentam uma preocupação maior com o

visual, une o rigor matemático a uma apresentação clara e intuitiva, onde a

abordagem qualitativa das EDs se mostra evidente, menos dependente de fórmulas.

Ao final do primeiro capítulo, encontra-se duas páginas onde os autores

apresentam sucintamente a evolução das EDs, desde a sua gênese que se verificou

nos estudos de Cálculo por Isaac Newton (1642-1727) e Gottfried Wilhelm Leibniz

(1646-1716) até o século XX, período onde foram criados os métodos geométricos

cujo objetivo principal consiste em compreender qualitativamente o comportamento

de soluções de um ponto de vista geométrico e analítico. Para os autores, nos

últimos anos, as diferentes abordagens, o computador e a computação gráfica

trouxeram novo impulso ao estudo das EDs não-lineares. Caos, fractais e atratores

estranhos são exemplos de fenômenos descobertos que estão sendo estudados e

gerando novas e importantes ideias em diversas aplicações, o que pode ser

motivador para os alunos.

Encontrou-se informações históricas contidas em notas de rodapé ao longo

do livro e referências listadas ao final dos capítulos. Aspectos históricos também são

Introdução às

Equações Diferenciais

Equações

Diferenciais de

Primeira Ordem

Modelagem com

Equações Diferenciais

de Primeira Ordem

Equações Diferenciais

de Ordem Superior

Modelagem com

Equações Diferenciais

de Ordem Superior

Soluções em Série

das Equações

Diferenciais

A Transformada de

Laplace

Sistemas de Equações

Diferenciais Lineares

de Primeira Ordem

Soluções Numéricas

de Equações

Diferenciais Ordinárias

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explorados pelo autor em vários exercícios, como o problema da Braquistócrona10

(exercício 32 da página 37) colocado por Johann Bernoulli, em 1696, como um

desafio aos matemáticos da época.

A construção de conceitos, em alguns capítulos do livro-texto, parte de

importantes problemas motivadores. Os autores utilizam uma linguagem corrente,

procurando a todo tempo convencer o leitor, e estão constantemente fazendo

questionamentos, discutindo dificuldades e mostrando possíveis caminhos para

solucioná-las.

Desde o início do texto, por meio de aproximações, os autores buscam a

construção do conhecimento, retornando mais de uma vez em determinados

contextos, estabelecendo um caráter não definitivo ao conhecimento construído. Já,

no primeiro capítulo, os autores utilizam dois problemas, o primeiro trata de um

objeto em queda e o outro está relacionado à ecologia (crescimento populacional)

para ilustrar ideias básicas e constantemente estão retornando a estes problemas à

medida que as ideias vão sendo aprofundadas ao longo do livro.

Os autores mostram uma grande preocupação com a modelagem matemática

dos problemas. Para usar as EDs nos diversos campos em que elas são úteis, para

cada fenômeno ou problema proposto é preciso construir a ED apropriada. Em uma

linguagem de fácil entendimento, (capítulo I – página cinco) são descritos seis

passos que fazem, frequentemente, parte do processo de construção de um modelo

matemático representativo de um fenômeno da natureza. Os mesmos afirmam que

um modelo para ser convincente é necessário verificar se suas previsões coincidem

com observações ou resultados experimentais.

Boyce e DiPrima, antes mesmo de resolver analiticamente EDO lineares de

primeira ordem, mostram que um campo de direções desenhado em uma malha

razoavelmente fina, fornece uma boa ideia do comportamento global das soluções

destas equações. Enfatizam a importância das soluções de equilíbrio para a

compreensão do comportamento das soluções de EDs. Para a construção de campo

de direções, que envolve cálculos repetitivos, os autores sugerem o uso de um

software matemático, pois o Campo de Direções auxilia a análise gráfica das

10

A palavra “braquistócrona” vem das palavras gregas brachistos, que significa o mais curto, e

chronos, que significa tempo (BOYCE; DIPRIMA, 2006, p. 37).

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soluções das Equações Diferenciais Ordinárias de primeira ordem, principalmente o

comportamento gráfico dos fenômenos estudados pelas Equações Diferenciais.

O computador é visto pelos autores como uma ferramenta extremamente útil

no estudo das EDs. Poucas linhas de código em uma linguagem de alto nível, em

um simples computador doméstico, são suficientes para aproximar, com bastante

precisão, soluções de um amplo espectro de EDs. As apresentações gráficas são

mais claras e úteis para a compreensão e interpretação das soluções das EDs. Os

softwares MAPLE, MATHEMATICA E MATLAB são citados pelos autores como

pacotes extremamente poderosos que podem efetuar uma gama muito grande de

operações matemáticas, dentre elas: cálculos numéricos extremos e apresentações

gráficas versáteis. Os autores sugerem que qualquer pessoa que pretende tratar de

EDs de um modo mais aprofundado, deve familiarizar-se com softwares como os já

mencionados, explorando as diversas maneiras de utilização. Os autores apontam

uma grande quantidade de exercícios para serem explorados com utilização de

computadores no livro-texto por meio de uma figura de um mouse na margem

esquerda.

O texto apresenta muitas figuras e gráficos. Os autores estão sempre

sugerindo ao leitor a utilização do computador para resolução e análise das soluções

das EDs, nas operações repetitivas que o estudante levaria um longo tempo para

realizá-las, pois o computador otimiza estes cálculos. Gráficos de soluções de EDs,

em uma mesma malha, com variações do valor da constante, obtendo as soluções

particulares das EDS, determinadas por meio de computadores, são sempre

mostrados para clarificar ao estudante o que representa um conjunto de soluções de

uma ED com possibilidades de confrontar argumentos algébricos com gráficos.

Soluções gráficas de problemas de valor inicial e curvas integrais também são

exploradas por meio de uma linguagem ao estabelecer conexões entre o

desenvolvimento algébrico e o gráfico.

Esquemas representativos dos fenômenos naturais abordados nos problemas

propostos pelos autores poderiam ser mais explorados. Reta de fase de uma

Equação Diferencial autônoma é um argumento graficamente explorado pelos

autores.

Boyce e DiPrima procuraram ao longo do texto mostrar aplicações de EDs em

quase todos os campos das Ciências, na Física, na Medicina, na Biologia, Química,

na Astronáutica, na Contabilidade, dentre outros. Relacionados à Física

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encontramos problemas de Mecânica, Termodinâmica, Eletricidade, Vibrações

Mecânicas e Elétricas.

Apesar dos autores utilizarem muito a linguagem coloquial, procurando

discutir com o leitor, a formalização dos argumentos e a generalização estão sempre

presentes principalmente na exposição da teoria e nas demonstrações dos

teoremas.

A sequência temática apresenta o ensino de EDs sistematizado e estruturado

da seguinte maneira:

Figura 4 - A sequência temática de Boyce e DiPrima.

Fonte: Elaborada pelo autor.

LIVRO 3 : J. STEWART: Cálculo – Volume II (publicado em 2009 – Sexta Edição).

Este volume que trás os capítulos de 9 a 17 é uma continuação do volume I

(capítulos 1 a 8) de um curso de Cálculo Diferencial e Integral. Serão analisados o

capítulo 9 que versa sobre Equações Diferenciais Lineares de Primeira Ordem, e o

capítulo 17 que trata das Equações Diferenciais Lineares de Segunda Ordem.

Introdução às

Equações Diferenciais

Equações

Diferenciais de

Primeira Ordem

Equações Lineares de

Segunda Ordem

A Transformada de

Laplace

Soluções em Série

para Equações

Lineares de Segunda

Ordem

Equações Lineares

de Ordem Mais Alta

Sistemas de Equações

Diferenciais Lineares

de Primeira Ordem

Métodos Numéricos Equações Diferenciais

Não-Lineares e

Estabilidade

Equações Diferenciais

Parciais e Séries de

Fourier

Problemas de Valores

de Contorno

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Com o movimento de Reforma do Cálculo, impulsionado pela Conferência de

Tulane, em 1986, o autor destaca que a ênfase do ensino de Cálculo está na

compreensão dos conceitos, que deve se constituir como a meta principal do ensino

do Cálculo.

Procurando seguir as orientações da Conferência de Tulane que tinha como

recomendação fundamental: Focalizar na compreensão conceitual, o autor procurou

implementar esta meta utilizando a “Regra dos Três”. Nesta regra os tópicos devem

ser abordados geometricamente, numericamente e algebricamente. Recentemente

esta regra foi acrescida da interpretação verbal tornando-se conhecida como Regra

de Quatro que permite ao aluno transitar entre as várias formas de representação.

No capítulo 9, com objetivos de despertar a imaginação dos estudantes,

estimular a pesquisa, trabalhar em grupos, o autor propõe o desenvolvimento de três

projetos aplicados: 1) Quão Rápido um Tanque Esvazia?; 2) O Que É Mais Rápido:

Subir ou Descer?; 3) Cálculo e Beisebol. O autor alerta que ao desenvolverem estes

projetos, os estudantes poderão se surpreender com as respostas.

O autor apregoa que desde a época de George Polya não houve avanços

significativos na área da Resolução de Problemas. Os estudantes apresentam

maiores dificuldades com problemas que não evidenciam os procedimentos bem

definidos para chegar a conclusões. Ao final de cada capítulo o autor apresenta uma

série de problemas os quais ele denomina de “Problemas Quentes” em que não há

um único procedimento para se chegar à solução. Visando explorar estratégias

diversificadas de resolução de problemas, apresenta os quatro estágios propostos

por Polya.

Nota-se uma grande preocupação do autor em manter um texto sempre

atual, com problemas do mundo real e sintonizado com a evolução tecnológica. No

capítulo 9 o autor começa mostrando fenômenos que podem ser modelados com

EDs, o que pode ser motivador para o leitor. Por meio de uma linguagem corrente, o

mesmo conduz o leitor por meio de raciocínios lógicos estruturados a descobrir e

validar diversos modelos matemáticos representativos dos mais variados

fenômenos. Por meio de conjecturas e proposições, vão sendo delineadas diversas

soluções de modelos ilustrados com vários esquemas e gráficos onde as

abordagens qualitativa e analítica vão sendo tratadas com a mesma importância.

No capítulo 9, a construção detalhada de campos de direções, com vários

esquemas e gráficos, permite uma compreensão das diversas situações físicas que

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podem ser modeladas por meio de EDs. Chama a atenção o fato do método de

Euler ser estudando antes das equações separáveis. Para o autor, a ideia básica por

trás dos campos de direções pode ser usada para encontrar aproximações

numéricas para as soluções das equações diferenciais. Verifica-se a mesma

importância dada as abordagens qualitativa, numérica e analítica ao longo do

capítulo.

Nos dois capítulos, verifica-se um texto rico em figuras e gráficos onde o leitor

encontra possibilidades de confrontar argumentos algébricos com gráficos,

permitindo interpretações e análises. Além do autor, por meio de uma linguagem

corrente, estabelecer conexões entre o desenvolvimento analítico e o gráfico, as

figuras apresentam textos elucidativos que facilitam a compreensão.

Para Stewart, o computador, se usado adequadamente, é uma ferramenta

valiosa na descoberta e compreensão dos conceitos. São usados dois ícones na

margem esquerda dos exercícios para indicar o uso do computador, um quando o

problema requer o uso de uma calculadora gráfica ou, um computador com um

software gráfico e o outro quando se faz necessário o uso de um Sistema Algébrico

Computacional (como DERIVE, MAPLE, MATHEMATICA), contudo, o autor prefere

cálculos à mão e esboços para ilustrar e reforçar conceitos.

No capítulo 9, Stewart procurou motivar e ilustrar os conceitos de cálculo

apresentando o texto com inúmeras aplicações de EDs. Lei de Hooke, Leis de

Newton, Lei de Ohm, Lei de Kirchhoff, são algumas das leis que regem vários

fenômenos físicos apresentados. No capítulo 17, a preocupação com a formalização

mantém-se contínua, são omitidas algumas demonstrações sem prejuízo de

compreensão para o leitor. Em uma sessão separada o autor trata problemas de

vibrações de mola e circuitos elétricos como aplicações de Equações Diferenciais

Lineares de Segunda Ordem. Faz uso da linguagem formal. Na última seção do

capítulo, o autor mostra como séries de potência são utilizadas para resolver EDs.

O autor não faz referência a aspectos históricos das EDs. Na maior parte das

seções o ensino de EDs é apresentado sistematizado.

LIVRO 4 : LEITHOLD: O Cálculo com Geometria Analítica – Volume II

(publicado em 1994 – Terceira Edição).

Este texto apresenta nove capítulos e é uma continuação do volume I do

mesmo autor. O capítulo 20, que trata das equações diferenciais, foi escrito pelo

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professor Cyro de Carvalho Patarra do IME-SP para satisfazer o currículo de cursos

nacionais.

No capítulo 20, são tratadas as Equações Diferenciais Lineares de Primeira

Ordem, as Equações Diferenciais de Segunda Ordem com Coeficientes Constantes

e Resolução de Equações Diferenciais por Séries.

O texto não apresenta aspectos históricos, as ideias fundamentais das EDs

são pouco exploradas, o foco está nos conceitos já formalizados.

A linguagem formal está presente em todo o texto. O autor não dialoga com o

estudante, não questiona, não discute dificuldades, não mostra caminhos

alternativos, não apresenta variedades de argumentos nem tenta convencer. A

preocupação com a generalização se mostra no cuidado com as demonstrações. Os

argumentos utilizados apontam para a lógica interna onde a construção do

conhecimento tem caráter definitivo.

O texto não apresenta problemas que motivam a construção dos conceitos,

inicia-se diretamente com o conceito. São apresentados problemas resolvidos nos

finais das seções para ilustrar aplicações de EDs e revelação de resultados. Os

estudantes não são sugestionados a trabalhar em contexto. Uma quantidade mínima

de exercícios é sugerida no final das seções.

O texto quase não apresenta ilustrações ou gráficos, não é trabalhado o

conceito de campo de direções e Problemas de Valor Inicial são poucos explorados.

O autor emprega a abordagem analítica.

A sequência temática mostra o ensino de EDs sistematizado e logicamente

estruturado. Encontramos três problemas físicos abordados, relacionados com

espelhos parabólicos, movimento de pêndulos e vibrações mecânicas de pequenas

amplitudes.

O autor não faz referências às novas tecnologias e nem apregoa seu uso.

3.3 Produção Acadêmica: síntese de algumas pesquisas

Apesar de existirem muitos autores de livros didáticos de EDs, constatou-se

por meio de pesquisas em periódicos, revistas especializadas em Educação

Matemática, programas de pós-graduação em Educação Matemática de diversas

instituições, banco de teses da CAPES, dentre outros, que existem poucas

investigações na área do Ensino de EDs.

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Rasmussen (2001), citado por Javaroni (2007), afirma a existência de poucas

pesquisas e publicações relacionadas com o contexto do ensino de EDs, o mesmo

autor defende a necessidade de desenvolver pesquisas que envolvam os conceitos

de EDs com a abordagem qualitativa.

Esta pesquisa propõe uma metodologia que visa à aprendizagem da

aplicação das Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de 1ª e 2ª ordem por

resolução de problemas de fenômenos pelas abordagens analítica e qualitativa com

foco na interpretação gráfica e utilização de recursos computacionais. Encontrou-se

três pesquisas no cenário nacional, que se assemelham com esta, que exploram o

ensino de EDs com abordagem qualitativa. Pelo restrito número de investigações no

ensino de EDO, definiu-se trazer uma síntese do desenvolvimento das mesmas e,

no final da seção mostrar uma diferenciação desta proposta de pesquisa com estas

já realizadas.

A professora Sueli Liberatti Javaroni (2007) da UNESP de Rio Claro, em sua

tese de Doutorado intitulada “Abordagem Geométrica: possibilidades para o ensino e

aprendizagem de Introdução às Equações Diferenciais Ordinárias”, orientada pelo

professor Dr. Marcelo Carvalho Borba, propõe um enfoque semelhante ao

vislumbrado nesta proposta, porém, procura analisar as possibilidades de ensino e

aprendizagem de introdução às EDO por meio da análise qualitativa dos modelos

matemáticos, com o auxilio das TICs.

A pergunta diretriz que conduziu os trabalhos de Javaroni foi: “Quais as

possibilidades de ensino e aprendizagem de introdução às EDO através da análise

qualitativa dos modelos matemáticos, com o auxílio de Tecnologia de Informação e

Comunicação?”

A pesquisa de Javaroni foi iniciada com um levantamento bibliográfico acerca

dos trabalhos que envolviam a demonstração no ensino de cálculo mediado por

mídias informáticas. A pesquisadora, com esta revisão da literatura, encontrou um

grande número de pesquisas nesta área, porém, especificamente sobre o ensino de

EDO com utilização de TICs, não foi encontrado nenhuma pesquisa. Este espaço

em branco impulsionou ainda mais Javaroni a desenvolver sua pesquisa.

A autora apresenta uma exposição de conceitos básicos sobre introdução às

EDs baseada em autores dos quais destacamos Bassanezi, Zill, Boyce e Diprima.

Uma visão geral sobre o ensino de EDs baseado em TICs é também apresentada.

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As relações entre EDs e Matemática Aplicada e, também as relações entre

EDs e Modelos Matemáticos são colocadas por Javaroni. Neste contexto, onde os

conceitos de Matemática Aplicada e Modelos Matemáticos são definidos e

preconizados nas acepções de Bassanezi.

Misturas, misturas entre recipientes, sistema massa-mola, desintegração

radioativa, crescimento populacional-modelo de Malthus e equação do calor são

exemplos de modelos físicos descritos pela autora em sua pesquisa.

Os elementos básicos das EDO, no intuito de subsidiar a classificação das

equações, foram apresentados.

A respeito do Ensino de EDO em cursos de Biologia, Física e Engenharias,

Javaroni esclarece que:

[...] de maneira geral, o ensino desta disciplina, nos cursos de graduação, se dá através da apresentação de vários métodos de resolução de tipos de EDs integráveis, com a aplicação de listas de exercícios, as quais podem ser resolvidas pelos métodos apresentados, tornando-os assim um ensino fundamental. (JAVARONI, 2007, p.40-41).

A autora apregoa que é possível analisar um modelo por meio de sua própria

equação, podendo fazer deduções qualitativas acerca do modelo, não só por

soluções obtidas analiticamente, justificando assim que se acrescente à abordagem

algébrica a abordagem qualitativa por meio do campo de direções.

O Laboratório de Informática e Educação Matemática (LIEM) da Unesp,

campus de Rio Claro, foi o local onde a pesquisa se desenvolveu. Por meio do curso

de extensão intitulado “Modelagem e Métodos Computacionais em EDO”, nove

alunos, divididos em três duplas e um trio, se caracterizaram como sujeitos desta

pesquisa e eram do Curso de Licenciatura em Matemática do Instituto de

Geociências e Ciências Exatas. Foi sugerido investigar os seguintes modelos:

a) objeto em queda na atmosfera da Terra próximo ao nível do mar;

b) modelo populacional de Malthus;

c) modelo populacional de Verhulst;

d) lei do resfriamento.

Os alunos participantes da pesquisa utilizaram cadernos de anotações,

planilha eletrônica Excel, os softwares Winplot e Maple e um applet. O software

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Camtasia foi utilizado para a coleta de dados. Por meio deste software foi possível

capturar imagens, vídeos e áudio das ações desenvolvidas pelos alunos. Além de

filmagens dos alunos, a pesquisadora utilizou uma caderneta de campo para

anotações dos pontos que considerava mais importante.

Dois questionários foram aplicados pela autora durante o curso de extensão,

um no início com objetivos de verificar o perfil dos estudantes e outro no início e no

final do curso sobre conhecimentos teóricos dos mesmos acerca de EDs com o

intuito de verificar evidências sobre o desenvolvimento deles durante o curso.

A autora define episódios como histórias que ela conta a partir dos fatos que

ocorreram no ambiente da sala de aula do curso de extensão. Em uma análise mais

aprofundada dos episódios, alguns aspectos foram suscitados pela autora e aqui

apresentamos:

a) importância do desenvolvimento do processo de modelagem matemática;

b) coordenação dos várias mídias utilizadas;

c) utilização dos comandos do winplot juntamente com os do Maple;

d) elaboração e verificação de conjecturas;

e) interação entre os alunos e as mídias.

Araújo e Borba (2004), Arcavi (2003), Borba e Penteado (2001), Borba e

Villareal (2005), Habre (2000), Habre (2003), Kallaher (1999), Lévy (1993),

Rasmussen (2001), são autores que Javaroni utilizou para a análise dos dados da

pesquisa.

Processo de visualização em atividades investigativas auxiliadas pelas mídias

informáticas, abordagens geométricas e algébricas com mídias informáticas e

conhecimento de rede de significados são temas utilizados pela autora para uma

análise detalhada de cada episódio.

A autora afirma que a visualização é essencial ao entendimento dos aspectos

dinâmicos do ensino de EDs, consiste em processos de várias naturezas. Salienta

as dificuldades impostas pela visualização citando a célebre frase de Goethe: “nós

não sabemos o que vemos, nós vemos o que sabemos” justificando que os

professores conseguem enxergar além daquilo que os alunos enxergam, que os

alunos não necessariamente veem o que os professores veem.

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Javaroni (2007), ao citar Borba e Villareal (2005), à respeito das abordagens

algébrica e geométrica com as mídias informáticas, esclarece que uma pessoa pode

utilizar a abordagem algébrica ou a visual dependendo do problema e da mídia com

a qual está interagindo, apesar de apresentarem características distintas, as

representações visuais e algébricas são complementares nos processos de

aprendizagem matemática.

A autora diagnosticou uma das causas que levam os alunos à predominância

pela abordagem algébrica. Reside no preceito de que tradicionalmente resolver uma

equação tem sempre o significado de encontrar um valor para o desconhecido.

Existem alunos que pensam que ao resolver algebricamente uma Equação

Diferencial Ordinária consegue obter todas as informações sobre ela. Em sua

proposta, resolver uma equação, significa em muitos casos, esboçar gráficos das

soluções e avaliá-los.

Segundo Javaroni, o conhecimento como rede de significados tem sido

reforçado pela presença crescente das TICs no cotidiano. A autora ao citar

Machado, descreve que a compreensão não pode ser simplesmente fruto da

transmissão de informações, mas deve sim, ser fruto da apreensão do significado do

objeto do conhecimento. Essa rede é constituída por nós, que representam

conceitos. As linhas que partem deles, ligando-os a outros nós, são as múltiplas

relações que se estabelecem proporcionando a compreensão dos mesmos.

Javaroni acredita que iniciar um curso de EDO com o estudo de modelos

matemáticos clássicos da literatura, explorando-os com o auxílio das TICs, pode

trazer mais possibilidades para o processo de aprendizagem dos alunos e, atribuir

mais significados para essa disciplina.

Outro pesquisador que desenvolveu um trabalho semelhante ao nosso foi

Murilo Barros Alves (2008) da Universidade Estadual do Maranhão. Sua pesquisa

está descrita na dissertação de Mestrado intitulada “EDO em Cursos de Licenciatura

em Matemática – formulação, resolução de problemas e introdução à modelagem

matemática”, orientada pelo professor João Bosco Laudares da PUC Minas; também

orientador da pesquisa apresentada nesta Dissertação.

Alves, ao envolver-se com atividades docentes da UEMA, suscita questões

relativas à prática pedagógica em sala de aula, reflexões emergem a respeito do

ensino de Equações Diferencias. O autor mostra que esta dissertação foi idealizada

pensando como o ensino das EDO pode complementar e ressignificar o

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entendimento do conceito de derivada como taxa de variação, visando contribuir

para o estudo do Cálculo Diferencial e Integral em cursos de Licenciatura em

Matemática. Segundo Alves, o estudante passa pelo conteúdo de EDs e não

consegue relacioná-lo com as outras etapas do estudo de Cálculo.

Alves faz uma incursão na história do Cálculo rememorando os feitos

matemáticos de Newton e Leibniz na criação do Cálculo Diferencial e de sua ligação

com a taxa de variação de uma função. Com essa revisão da literatura, o autor pode

mostrar também a origem do estudo das integrais que surgiu com a necessidade de

resolver problemas de quadratura e cubatura.

Baseado na revisão da literatura, o autor apresenta a definição de James

Stewart de seu livro Cálculo para Equações Diferenciais: “Equação Diferencial é

uma equação que contém uma função desconhecida e uma ou mais de suas

derivadas”. Os métodos de resolução de EDO de primeira e segunda ordem são

apresentados por meio de dois quadros identificando os tipos de EDs, se linear ou

não. Os tipos de soluções de uma equação diferencial ordinária são apresentados

juntamente com uma resolução geométrica de uma equação diferencial. Um

exemplo de resolução de EDs por séries envolvendo a segunda lei de Newton e a lei

de Hooke é também mostrado pelo autor. Alves discute sobre a possibilidade de se

obter o campo de direções de uma equação diferencial mesmo não tendo a solução

desta expressa através de uma função matemática, o que permite condições de

análise do comportamento do fenômeno em estudo.

Alves faz uma exposição envolvendo definições de modelagem matemática

baseado em livros-textos de diversos autores, dentre elas a elaborada por

Bassanezi (2002) que se traduz no “conjunto de símbolos e relações matemáticas

que representam de alguma forma o objeto estudado”. Alves destaca o esquema da

figura 5 que mostra a modelagem matemática como um processo dinâmico onde os

fluxos das setas são de ida e volta, o pesquisador está sempre moldando e

modificando o seu modelo com objetivo de aproximar cada vez mais da realidade,

validando-o e aplicando-o em situações semelhantes.

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Figura 5 - Processo de modelagem matemática segundo Bassanezi.

Fonte: Ensino-aprendizagem com modelagem matemática, Bassanezi (2002, p. 27).

Segundo o autor, o aprendizado das EDs promove a articulação de toda uma

visão de mundo, de uma compreensão dinâmica do universo, capaz de transcender

nossos limites temporais e espaciais. Esta percepção de mundo intervém para que

as EDs sejam percebidas como ação social humana que promove a consciência de

uma responsabilidade social e ética.

Analisou-se vários livros didáticos em relação ao conteúdo e metodologia do

ensino de EDs, dentre eles destaca-se: Equações Diferenciais Elementares e

Problemas de Contorno de Boyce e Diprima (2002) e Equações Diferenciais

Elementares: com Problemas de Contorno de Edwards e Penney (1995). Os

resultados da análise mostraram que os livros abordam inúmeras situações que

envolvem os fenômenos da natureza, Economia, dentre outras áreas do

conhecimento. Desta forma Alves afirma que o professor de matemática pode

introduzir seus alunos à modelagem matemática saindo um pouco da algebrização e

treinamento de algoritmos.

Alves ressalta o fato de praticamente não haverem pesquisas que tratam do

ensino e da aprendizagem de EDs em cursos superiores da área de Ciências Exatas

e Matemática. A academia deixa transparecer uma preocupação muito grande de

como os conceitos de Cálculo Diferencial e Integral estão sendo ensinados e

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aprendidos, que na maioria das vezes estão fundamentados em aulas que valorizam

a memorização, a aplicação de técnicas, regras e algoritmos em detrimento ao

processo criativo matemático que valoriza o processo de raciocínio investigativo,

reflexivo e crítico. Em contraposição a este quadro, Alves cita a pesquisadora Sueli

Liberatti Javaroni da UNESP, já citada neste trabalho, de Bauru que vem

desenvolvendo uma pesquisa que apregoa ao ensino de EDO uma “abordagem

qualitativa” (geométrica) onde os estudantes, por meio de processos de

experimentação e visualização são conduzidos a uma discussão sobre as

representações múltiplas das EDs. O autor percebe a necessidade de novas

estratégias que modifiquem a postura do professor frente à disciplina de EDs.

Aponta a modelagem matemática aliada às tecnologias computacionais, como uma

alternativa, dentre outras estratégias a possibilitar o desenvolvimento da intuição

matemática.

No intuito de estabelecer a importância da ressignificação de certos

conteúdos, em particular o conceito de derivada como taxa de variação, Alves, por

meio da análise do livro Ensino-aprendizagem com modelagem matemática de

Bassanezi, Encontrou subsídios para propor novas metodologias que viessem tornar

a disciplina de EDs menos abstrata e mais aplicada, dando oportunidade ao aluno

de vivenciar a construção de conhecimentos. A modelagem matemática foi um dos

instrumentos utilizados pelo autor na aplicação das atividades de sua proposta de

ensino.

Os sujeitos desta pesquisa foram 56 alunos do Curso de Licenciatura em

Matemática do campus da UEMA (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO)

em Imperatriz que cursaram a disciplina de Equações Diferenciais nos períodos de

2007/01 e 2007/02, 30 alunos do período de 2007/01 e 26 alunos do período

2007/02.

Adotou-se como procedimento metodológico a pesquisa qualitativa empirista

com a elaboração de três atividades investigativas que inicialmente envolvia

modelagem matemática. Estas atividades foram elaboradas com a metodologia de

Ponte (2003) e foram aplicadas aos alunos.

Para a aplicação das atividades a turma de 2007/01 foi dividida em 15 duplas

e a turma de 2007/02 em 13 duplas. O autor construiu as atividades baseadas em

fenômenos da natureza, tais como: resfriamento ou aquecimento de um corpo e

crescimento populacional. A aplicação foi dividida em quatro momentos, no primeiro

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momento o aluno foi instigado, a partir de seus prévios conhecimentos de ciências, a

descrever o fenômeno sem a preocupação com algebrismos ou algoritmizações. No

segundo momento houve a socialização dos resultados obtidos. Num terceiro

momento, os estudantes, munidos das teorias de resolução de Equações

Diferenciais, refizeram as atividades e houve uma nova socialização. Neste

momento ocorreu a integralização da modelagem matemática com o fenômeno

matematizado composto pela sua Equação Diferencial, sua respectiva solução e

representação gráfica. No último momento as duplas são levadas para o laboratório

de informática e por meio do software MAPLE refizeram as atividades propostas. Na

socialização dos resultados, as duas turmas relataram que com a utilização do

software MAPLE a análise do fenômeno ficou mais simples de ser visualizada. Os

estudantes também corroboraram com a ideia de que o software MAPLE possibilita,

mediante a mudança de parâmetros, a experimentação e simulação dos diversos

fenômenos estudados.

Alves considera a ferramenta computacional como um facilitador do processo

investigativo, a cada ideia que o aluno apresenta sobre uma situação problema, esta

pode ser simulada no computador, o que agiliza todo o processo de investigação.

O autor destaca que a prática tradicional de ensino influenciou

significativamente os alunos no processo de construção dos modelos matemáticos,

uma vez que o estudante está habituado a memorizar e a algoritmizar em oposição

cognitiva ao exercício de pensar a matemática. Ressalta também que encontrou

dificuldades na análise qualitativa dos fenômenos estudados em função dos alunos

procurarem sempre um resultado numérico para a solução de um problema

envolvendo EDs. Enfim, baseado nos resultados observados, o autor vê a

necessidade de uma mudança didática que culmine na melhoria da aplicação dos

conceitos, ressignificando o aprendizado e aproveitando os conhecimentos prévios

dos estudantes.

Outra pesquisa que apresentou características semelhantes a esta, foi

conduzida pela professora Maria Madalena Dullius (2009) do Centro Universitário

UNIVATES em Lajeado-RS que integrou a sua tese11 de doutorado intitulada

“ENSEÑANZA Y APRENDIZAJE EN ECUACIONES DIFERENCIALES CON

11

A tese em voga faz parte do Programa Internacional de Doutorado em Ensino de Ciências (PIDEC)

promovido pela Universidad de Burgos (UBU), España e pela Universidade Federal do Rio Grande

do Sul (UFRGS).

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ABORDAJE GRÁFICO, NUMÉRICO Y ANALÍTICO”, orientada pela professora

Eliane Angela Veit e co-orientada pelo professor Ives Solano Araujo.

Dullius propôs investigar o ensino do conteúdo de EDs por meio de uma

metodologia diferenciada, com foco em situações problemas, utilizando inicialmente

recursos computacionais para explorar a solução de uma equação diferencial e só

depois empregar o uso das técnicas para as resoluções analíticas das equações.

Levando em consideração a interação social dos alunos, a autora busca

proporcionar condições favoráveis de aprendizagem significativa do conteúdo.

A preocupação de trabalhar com abordagens diferentes no ensino de EDs

tem preocupado a pesquisadora desde os tempos de sua graduação, onde a ênfase

era dada nas técnicas de resolução das equações. Ao resolver longos exercícios de

EDs, a autora não conseguia atribuir significados às respostas. Atuando como

professora de Cálculo Diferencial e Integral nos cursos de Engenharia e Química

Industrial, Dullius percebe que seus alunos apresentam as mesmas insatisfações,

não conseguem perceber a importância do conteúdo para seus cursos e para a vida.

Moreno e Azcárate (1997; 2003) citados por Dullius destacam a existência

de três estilos de professores: (i) o estilo tradicional focado em técnicas analíticas de

resolução de EDs com uma abordagem mais estrutural do conteúdo; (ii) o estilo mais

avançado que considera as EDs como um instrumento para abordar modelos

matemáticos e resolver problemas, abordando simultaneamente representações

gráficas, numéricas e simbólicas e (iii) o estilo transitório, no qual o professor entra

em conflito entre o “que faz” e o “que se poderia fazer”. A autora verificou em sua

pesquisa que a metodologia que predomina no ensino de EDs é a aula tradicional,

que potencializa a abordagem algébrica, e constatou também que nenhum dos

professores entrevistados sentiu necessidade de modificar a sua metodologia.

Dullius destaca alguns trabalhos que foram realizados com o objetivo de

melhorar os processos de ensino de aprendizagem de EDs: Habre (2000) que

abordou o campo de direções como um meio para resolver EDO, posteriormente,

Habre (2003) investigou a aceitação dos estudantes em resolver EDs

geometricamente, Rasmussen (2001) realizou uma investigação sobre as

dificuldades de aprendizagem dos estudantes em abordar equilibradamente,

métodos analíticos, gráficos e numéricos para a análise de EDs, Almeida e Borssoi

(2004) que desenvolveram uma proposta para o estudo de EDO fundamentada nos

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pressupostos teóricos da modelagem matemática na perspectiva da Educação

Matemática e da Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel.

Para elaborar a proposta focada na resolução de situações-problema e no

uso dos recursos computacionais, os pressupostos utilizados foram os da Teoria da

Aprendizagem Significativa de Ausubel. A Teoria Sócio-interacionista de Vygotsky

(2000; 2003) sustentou a metodologia empregada na prática pedagógica.

Na abordagem sobre os conteúdos de Equações Diferenciais de primeira e

segunda ordem, Dullius se concentrou nos seguintes objetivos: (i) representar

matematicamente, por meio de EDOs, situações problemas; (ii) obter informações

sobre o comportamento das soluções de EDOs sem resolvê-las analiticamente, por

meio da análise semiquantitativa das variáveis e dos parâmetros, conhecendo as

representações gráficas básicas para as equações e o impacto que a alteração dos

valores dos parâmetros e das variáveis provocam graficamente e (iii) favorecer o

domínio de técnicas de soluções analíticas de EDOs, sabendo classificá-las

segundo critérios de ordem e linearidade.

Ancorada nas obras de Zill (2003) e Boyce e Diprima (2006) a autora

apresenta a definição de Equação Diferencial, estabelece a diferença entre EDOs e

equações diferenciais parciais com vários exemplos. Esclarece também que a ordem

de uma EDO ou EDP é a ordem da maior derivada na equação, apresentando

diversos exemplos.

Dullius destaca que a representação gráfica da solução geral de uma

equação diferencial de primeira ordem consiste de uma família infinita de curvas e a

solução particular é uma destas curvas.

Um método numérico (Método de Euler) para encontrar a solução de uma

EDO descrito do livro de Boyce e Diprima (2006) é apresentado pela autora.

São apresentadas três técnicas analíticas para resolver determinados tipos de

EDs exemplificando cada uma delas. A autora trata especificamente da resolução

das EDOs de primeira ordem separáveis, EDOs lineares de primeira ordem e as

EDOs lineares de segunda ordem.

O Centro Universitário UNIVATES foi o local onde a pesquisa foi

desenvolvida. A UNIVATES está localizada em Lajeado-RS e oferece cursos

profissionalizantes de nível médio, graduação e pós-graduação. Os sujeitos da

pesquisa foram professores de Física e Matemática, e estudantes do curso de

Química Industrial e das Engenharias.

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O quadro 2 apresenta o desenvolvimento do trabalho distribuído em quatro

Estudos, caracterizados assim por Dullius. Guias impressos compunham as

atividades dos alunos. Os procedimentos para a coleta de dados são aqui

apresentados: a) registros de observações das aulas; b) entrevistas realizadas; c)

aplicação de questionários; d) aplicação de testes aos alunos no início e no final

para aferição de conhecimentos; e) análise dos guias dos estudantes.

Quadro 2 - Descrição resumida dos quatro estudos desenvolvidos por Dullius.

Objetivos Participantes Instrumentos

Estudo Preliminar

2º semestre de 2005

Obter indícios sobre a aprendizagem das EDs.

Professores de Física (2) Matemática (2).

Entrevista Semiestruturada

Alunos do Curso de Ciências Exatas (34).

- Questionário - Diário de Campo

Estudo 1

1º semestre de 2006

- Elaborar e aplicar uma proposta pedagógica que auxilie os alunos na superação das dificuldades e lhes proporcione condições favoráveis de aprendizagem significativa das EDs;

- Estudar as potencialidades do uso de recursos computacionais no processo de ensino-aprendizagem de EDs;

- Estudar a contribuição da interação entre professor-aluno-material didático.

Alunos dos cursos das Engenharias e Química Industrial (59)

- Questionário - Entrevista Semiestruturada - Guias de atividades - Diário de Campo

Estudo 2

1º semestre de 2007

Alunos dos cursos das Engenharias e Química Industrial (31)

- Questionário - Entrevista Semiestruturada - Guias de atividades - Diário de Campo - Testes inicial e final de conhecimentos

Estudo 3

1º semestre de 2008

Alunos dos cursos das Engenharias e Química Industrial (60)

Fonte: Enseñanza y Aprendizaje en Ecuaciones Diferenciales con Abordaje Gráfico, Numérico y Analítico (DULLIUS, 2009, p. 86, tradução nossa).

A autora procurou empreender uma abordagem qualitativa das EDs,

objetivando uma análise mais detalhada da situação investigada, trabalhando o

conteúdo com ênfase na contextualização de situações-problema de tal forma que

permitissem aos estudantes atribuir significados.

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O software Powersim12 foi a opção de Dullius, pelo fato do programa trabalhar

com ícones para modelar situações-problema. Seu uso facilita a compreensão da

relação entre as variáveis das EDs e seu comportamento sem haver a necessidade

de conhecer a solução analítica.

Atividades com lápis e papel também foram desenvolvidas durante as aulas,

para que os alunos pudessem resolver EDs de forma manual, uma vez que um dos

objetivos da disciplina prevê aprender a interpretar uma Equação Diferencial e seus

parâmetros, bem como resolvê-las analiticamente. Desta forma, os alunos em

muitas ocasiões podiam confirmar seus resultados obtidos de forma manual por

meio das simulações realizadas no computador.

O quadro 3 mostra um quadro onde Dullius coloca as situações-problema que

nortearam a confecção das guias elaboradas, observando sempre os princípios

programáticos propostos por Ausubel (2003), e seus respectivos modelos

matemáticos.

Quadro 3 - Situações-problema abordadas na prática pedagógica por Dullius.

Situação-problema Equação Diferencial

Desintegração radioativa kNdt

dN

Crescimento populacional kPdt

dP

Absorção de medicamentos kQdt

dQ

Reações químicas AA kC

dt

dC

Problemas de misturas saídaentrada TTdt

dQ

Lei de resfriamento de Newton mTTkdt

dT

Queda de corpos com resistência gvm

k

dt

dv

Circuitos elétricos VRidt

diL

Crescimento populacional 2PL

kkP

dt

dP

Propagação de doenças yLkydt

dy

Fonte: Enseñanza y Aprendizaje en Ecuaciones Diferenciales con Abordaje Gráfico, Numérico y Analítico (DULLIUS, 2009, p. 118, tradução nossa).

12

O Powersim é um software que permite modelar um sistema através da elaboração de diagramas

de fluxo.

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A autora discute os resultados obtidos por meio da análise de resultados. Os

instrumentos de medida foram coletados e organizados de acordo com as seguintes

categorias de análise:

a) aprendizagem do conteúdo;

b) contextualização do conteúdo e motivação dos alunos;

c) metodologia das aulas, incluindo o uso de recursos computacionais.

Os alunos se mostraram satisfeitos com a resolução de situações-problema

em sala de aula pelo fato de poderem ver e testar aplicações do conteúdo.

Os alunos apresentaram muitas deficiências em relação a conhecimentos

prévios necessários para a compreensão de EDs, principalmente na interpretação

de taxas de variação. Frequentemente confundiam o gráfico da função com o gráfico

da taxa de variação da função.

A maioria dos alunos, mesmo após as atividades, ainda preferiram resolver

analiticamente EDs, porém consideram importante as abordagens gráfica e

numérica. Apontaram que a metodologia deveria estar sendo trabalhada desde o

Cálculo Diferencial e Integral I.

O empenho e interação dos alunos entre si, com a professora, com a

disciplina e com os recursos computacionais são também resultados positivos

advindos da abordagem adotada.

Apesar dos problemas enfrentados, os alunos, de modo geral, mostraram

satisfeitos com a resolução de situações-problema em sala de aula. A abordagem

mostrou resultados satisfatórios em relação ao engajamento e interação dos alunos

entre si. A autora salienta que trabalhar de modo diferente requer uma adaptação

por parte dos alunos, se caracterizando como um processo lento e contínuo que se

evolui gradativamente. Para Dullius, a metodologia proposta mostrou-se como um

meio viável para conduzir os alunos a uma aprendizagem significativa, porém

acentua que os resultados seriam mais expressivos se metodologias que exigissem

maior compromisso dos alunos fossem implementadas em outras disciplinas.

Esta metodologia de trabalho se diferencia das pesquisas aqui analisadas

por propor ensinar Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de 1ª e 2ª ordem por

meio de resolução de problemas de aplicações, com abordagens analítica e

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geométrica, via Descoberta Guiada, com foco na interpretação gráfica, com vistas à

compreensão dos conceitos, mediada por um software matemático.

No próximo capítulo será descrita a metodologia da pesquisa aqui

apresentada, mostrando assim pontos comuns e divergentes das investigações já

realizadas e descritas.

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4 A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA E A ELABORAÇÃO DOS PROBLEMAS COMO ATIVIDADES GUIADAS

4.1 Introdução

Segundo Lüdke e André (1986), para que uma pesquisa ocorra é necessário

confrontar dados, evidências, informações coletadas sobre determinado assunto e o

conhecimento acumulado a respeito do tema. É o momento onde a ação, de uma

pessoa ou grupo, associada ao pensamento, é integrada à elaboração de

conhecimentos que buscam responder inquietações.

Existem duas abordagens de pesquisa a orientar os trabalhos: a abordagem

qualitativa e a abordagem quantitativa.

A abordagem qualitativa segundo Garnica (2004) deve apresentar as

seguintes características:

(a) a transitoriedade de seus resultados; (b) a impossibilidade de uma hipótese a priori, cujo objetivo da pesquisa será comprovar ou refutar; (c) a não neutralidade do pesquisador que, no processo interpretativo, vale-se de suas perspectivas e filtros vivenciais prévios dos quais não consegue se desvencilhar; (d) que a constituição de suas compreensões dá-se não como resultado, mas numa trajetória em que essas mesmas compreensões e também os meios de obtê-las podem ser (re)configuradas; e (e) a impossibilidade de estabelecer regulamentações, em procedimentos sistemáticos, prévios, estáticos e generalistas (GARNICA, 2004, p.86).

Borba (2004) destaca que estas características de pesquisa não devem ser

seguidas como regras, a noção de pesquisa qualitativa está em movimento e pode

levar determinadas características com ênfases diferentes. Na concepção de

pesquisa na abordagem quantitativa, Bicudo (2004) apregoa que:

O quantitativo tem a ver com o objetivo passível de ser mensurável. Ele carrega consigo as noções próprias ao paradigma positivista, que destaca como pontos importantes para a produção da ciência a razão, a objetividade, o método, a definição de conceitos, a construção de instrumentos para garantir a objetividade da pesquisa. Embutida no seu significado está, também, a ideia de racionalidade entendida como quantificação (BICUDO, 2004, p.103).

A abordagem quantitativa usa modelos estatísticos para explicar os dados, o

pesquisador se mantém neutro durante a pesquisa, o conhecimento é isento de

valores e a objetividade é a tônica. É uma metodologia que ostenta a dimensão

positivista dos fenômenos sociais.

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Bogdan e Biklen (1982) citados por Lüdke e André (1986, p.11) discutem em

seu livro A Pesquisa Qualitativa em Educação o conceito de pesquisa qualitativa e

apresentam cinco características básicas que nortearam seus estudos:

a) A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento, supõe-se o contato direto do pesquisador com o ambiente da pesquisa; b) Os dados coletados são predominantemente descritivos. Apresentados em diversas formas, todos os dados devem ser coletados dando-se a mesma importância; c) A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto; d) O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador; e) A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo (BOGDAN; BIKLEN apud LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p.11).

Bogdan e Biklen citados por Lüdke e André (1986) afirmam que a pesquisa

qualitativa preocupa-se basicamente com a análise e contextualização do objeto em

estudo numa realidade dinâmica e de muitas interações.

Para Gatti as duas abordagens não são indissociáveis, visto que:

Quantidade e qualidade são na pesquisa inseparáveis. Um conjunto de dados numérico em si não tem sentido algum. Seu sentido é dado pela escolha teórica de uma forma de coleta, em função de determinados objetivos ou hipóteses; o tratamento desses dados é feito em decorrência da natureza do problema que será examinado e este tratamento só adquirirá sentido através de uma análise interpretativo-inferencial, portanto, do tipo qualitativo, sem o que os dados continuam a ser um amontoado de números, só isso. Ou seja, o avanço das conclusões só se dá se nos deslocarmos dos números em si e desvelarmos o seu significado em determinado contexto. A quantidade só revela alguma coisa quando a ela atribuímos uma qualidade (GATTI, 2006, p.70).

Esta pesquisa objetiva trazer contribuições para o estudo de Equações

Diferenciais Ordinárias lineares de 1ª e 2ª ordem em cursos de ciências exatas por

meio da metodologia de resolução de problemas, com ênfase na interpretação e

análise gráfica (abordagem geométrica) com uso do software MAPLE. No presente

trabalho optou-se por usar a metodologia de pesquisa qualitativa que envolve a

obtenção de dados descritivos obtidos no contato direto do pesquisador com os

sujeitos da pesquisa, enfatiza mais o processo do que o produto, se preocupa em

retratar a perspectiva dos envolvidos (Lüdke e André 1986), leva a não neutralidade

do pesquisador em relação à pesquisa, onde a ênfase está nas relações que tem

significado para o pesquisador.

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4.2 Procedimentos Metodológicos

Com a visão de conhecimento deste investigador aliado ao contato estreito e

direto com a situação de sala de aula, procurou-se trazer para o contexto desta

pesquisa atividades para a produção do conhecimento acerca de Equações

Diferenciais Lineares de 1ª e 2ª ordem com abordagens analítica e gráfica mediado

por TICs. A visão do processo de produção de conhecimento dessa dissertação está

embasada com a noção de que pessoas que utilizam TICs podem produzir

conhecimentos. As mídias permitem articulação de palavras, sons, imagens e

movimentos que impulsiona o professor a pensar em novas formas de interação.

As atividades foram planejadas com o intuito de diagnosticar indícios de como

a aprendizagem, por Resolução de Problemas com a utilização das TICs, pudessem

contribuir para uma aprendizagem mais significativa no ensino de EDO e nas suas

aplicações em situações problemas das ciências.

Na elaboração das atividades o pesquisador envidou procedimentos que

pudessem ser desenvolvidos por meio do software MAPLE, de tal forma que

pudesse investigar se o ambiente criado propiciou condições aos alunos de

produzirem conhecimentos acerca de EDOs a partir das abordagens gráficas e

geométricas e, se permitiu aos estudantes explorar a interpretação gráfica de

diversos modelos matemáticos que são característicos do ensino de EDOs que se

configura como foco investigativo deste trabalho.

Para a elaboração das atividades foram utilizados os seguintes textos:

Aplicações das Equações Diferenciais (Um Enfoque Metodológico) de João Bosco

Laudares, Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem de Dennis G. Zill,

Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno de William

E. Boyce e Richard C. DiPrima.

Com o objetivo de familiarizar os estudantes com o Software MAPLE foi

pensado um minicurso ministrado pelo pesquisador e elaborado um texto (apêndice

A) como material de apoio para uma preparação prévia dos alunos que participaram

da aplicação da proposta de ensino discutida nesta dissertação.

Pensou-se numa intervenção que possibilite ao professor detectar os

conhecimentos prévios dos alunos, a significância dos conteúdos, o nível de

desenvolvimento dos mesmos, suas motivações, suas dúvidas a respeito de um

determinado conteúdo, a autoestima dos mesmos, a capacidade que cada aluno tem

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de aprender a aprender, o que é fundamental para o professor desempenhar bem a

sua função.

As atividades elaboradas consistem em cinco problemas físicos no contexto

das Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de 1ª e 2ª ordem.

O primeiro problema (apêndice B) trata de queda livre, o segundo (apêndice

C) envolve a lei de resfriamento/aquecimento de Newton, o terceiro (apêndice D)

está relacionado a circuitos elétricos, o quarto (apêndice E) aborda Físico-química e

o quinto (apêndice F) descreve um sistema massa-mola.

No método da descoberta guiada, os estudantes descobrem suas próprias

ideias e constroem seus próprios significados. O professor é um facilitador que

conduz os alunos a pensar e a resolver problemas por si próprios, muito além da

tradicional aula expositiva dialogada. Com o objetivo de adaptar a esta metodologia,

para cada atividade elaborada foram criadas as orientações de ajuda para o aluno

(apêndices G, H, I, J, K). Estas orientações consistem em dicas e sugestões que

quando solicitadas, conduziriam os estudantes a avançar no sentido da construção

das soluções dos problemas.

As orientações de ajuda para os alunos foram confeccionadas em fichas,

estavam distribuídas por perguntas e permaneciam a disposição dos mesmos

durante todas as atividades, de tal forma que o pesquisador tinha o controle das

dúvidas geradas nos diversos grupos, de forma independente, e o número de vezes

que cada grupo utilizou as orientações.

4.3 Coleta de Dados

O local da coleta de dados foi o laboratório de informática 03 do Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Câmpus Jataí do curso de

Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

A série de encontros entre os estudantes e o pesquisador no período de 25

de outubro de 2011 a 20 de dezembro de 2011 permitiu ao pesquisador, por meio de

um contato direto, perceber com detalhes, as dificuldades, discussões, erros e

acertos e estratégias de resolução.

Para Lüdke e André (1986) a observação possibilita um contato pessoal e

estreito do pesquisador com o seu objeto de estudo.

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A observação direta permite também que o observador chegue mais perto da “perspectiva dos sujeitos”, um importante alvo nas abordagens qualitativas. Na medida em que o observador acompanha in loco as experiências diárias dos sujeitos, pode tentar apreender a sua visão de mundo, isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os cerca e às suas próprias ações (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 26, grifo do autor).

Procurou-se construir um ambiente em que os alunos se sentissem à vontade

e motivados, onde pudessem expressar livremente, fato que enriqueceu a coleta dos

dados.

Ao final de cada encontro registrou-se todas as informações relevantes no

desenvolvimento das atividades. Os comentários, as dificuldades, os erros, as

estratégias, problemas com o software e computadores foram registrados no diário

de campo.

Utilizou-se o software CAMTASIA Versão 7.0 que grava a tela ou partes da

tela do computador em vários formatos para registrar em vídeo as ações e

atividades desenvolvidas pelos participantes nos microcomputadores. No início da

aplicação o pesquisador orientou os alunos de como utilizar o software.

Aplicou-se dois questionários (apêndices L, M). O primeiro teve como objetivo

delinear o perfil dos estudantes em relação aos conceitos internalizados do Cálculo

Diferencial e Integral. O segundo questionário foi elaborado com perguntas do

primeiro, com objetivos de buscar evidências de atuação de resultados da proposta,

acrescidas de perguntas que pudessem mostrar as opiniões e percepções dos

estudantes participantes a respeito da proposta. Os estudantes tinham a liberdade

de se identificarem questionários.

4.4 Os Participantes da Pesquisa

O presente estudo foi realizado em uma turma de Equações Diferenciais do 3º

período do curso de Engenharia Elétrica do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Goiás-Câmpus Jataí, no segundo semestre de 2011. No primeiro

semestre de 2011 este pesquisador realizou o estágio na mesma turma. O professor

ministrante da disciplina foi o mesmo nos dois semestres de 2011. A escolha da

turma se deu em função da disposição do professor em apoiar a pesquisa, cedendo

espaços durante o curso para o desenvolvimento das atividades, se inteirando das

mesmas e em alguns momentos participando com os alunos das atividades.

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Todos os estudantes permitiram que seus nomes originais fossem utilizados.

A turma era composta de quatorze estudantes. Foram formadas sete duplas: Caio e

Russyllianno, Camila e Leidiane, Gabriel e Leonardo, José Roberto e Marcílio,

Kalielly e Tatielly, Larissa e Maick e Lucélia e Murilo.

Todos os participantes já haviam cursado as disciplinas de Cálculo Diferencial

e Integral I e II.

4.5 Aplicação das Atividades

A aplicação das atividades foi planejada no intuito de diagnosticar indícios que

viessem responder a pergunta de pesquisa.

A aplicação da proposta estava prevista para setembro e outubro de 2011.

Em virtude do IFG-Câmpus Jataí ter aderido ao movimento nacional de paralisação

no início de setembro, as aulas foram suspensas, retornando no final de outubro.

Quatorze alunos iniciaram a proposta de ensino, doze cumpriram todas as

atividades previstas. A dupla Lucélia e Murilo alegando incompatibilidade de

horários, não participaram efetivamente da proposta.

A aplicação desta proposta teve a duração de dezesseis encontros de

1h30min cada, perfazendo um total de 24 horas. Os oito primeiros encontros foram

realizados às segundas e terças-feiras das 7h às 8h30min no horário da disciplina

de Equações Diferenciais no período de 25/10/2011 a 11/11/2011, os encontros

restantes ocorreram nas terças e quintas-feiras das 17h30min às 19h no período de

29/11/2011 a 20/12/2011. Esta interrupção da aplicação se deu em função dos

alunos terem feito uma ponte no feriado do dia 15/11 e na semana seguinte, terem

sidos dispensados das aulas por estarem participando do 3º Simpósio de

Engenharia Elétrica do IFG-Câmpus Jataí.

A aplicação de todas as atividades propostas ocorreu no laboratório 03 de

informática do IFG-Câmpus Jataí. O laboratório (Figura 6) é equipado com 12

microcomputadores com tela de LCD, mouse e teclado, não integram microfones e

webcam.

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Figura 6 - Estudantes do curso de Engenharia Elétrica desenvolvendo atividades no laboratório 03 do IFG-Câmpus Jataí mediadas pelo software

MAPLE

Fonte: Fotos do autor.

Como método de trabalho, ficou acordado entre pesquisador e participantes

que após a realização das atividades diárias, seriam gerados dois arquivos, um pelo

software MAPLE descrevendo as atividades desenvolvidas pelas duplas e outro pelo

software CAMTASIA STUDIO com as imagens das ações realizadas pelos

estudantes. O arquivo gerado pelo MAPLE poderia ser enviado via e-mail para o

pesquisador e o arquivo gerado pelo CAMTASIA STUDIO seria repassado ao

pesquisador via pen-drive, por se tratar de arquivos com armazenamento de muitos

dados, inviável de ser enviado por e-mail.

Para a exploração das atividades foi utilizado o software MAPLE. O programa

apresenta dois modos: o texto e o matemático. No modo texto o estudante pode

fazer registros livremente, semelhante a um caderno comum, e no modo matemático

são utilizados comandos que denotam funcionalidades avançadas. Foi explicitado

aos participantes da pesquisa que o único recurso material que teriam para

desenvolver as atividades, seria o computador. Foi solicitado aos participantes que

todas as dúvidas, questionamentos, conjecturas fossem registradas no modo texto

para posterior análise.

Durante a realização do estágio, que aconteceu no primeiro semestre de

2011, verificou-se que os alunos do curso de Engenharia Elétrica não utilizavam

programas matemáticos para exploração dos conteúdos. Para que os participantes

familiarizassem com o software MAPLE, estruturou-se um minicurso onde foram

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apresentados os comandos básicos do MAPLE na versão 14.00. Como material de

suporte ao minicurso, foi elaborada um texto (apêndice A) onde são tratados de

forma sucinta os comandos básicos do programa, a construção de gráficos em 2D e

aplicações com equações diferenciais.

4.6 Produto da Dissertação

Os resultados das atividades desenvolvidas nesta proposta estão sendo

analisadas do ponto de vista didático, com possíveis reestruturações para a

composição de um Caderno de Notas de aula e/ou CD que pretende contribuir para

um ensino de Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de 1ª e 2ª ordem mais

significativo e contextualizado, a ser utilizado nos cursos da área de ciências exatas.

4.7 O Software MAPLE

O Maple é um software comercial de uso genérico que se enquadra no

gênero de Sistema de Álgebra Computacional (SAC). Um SAC permite fazer

cálculos não só com números, mas com símbolos, fórmulas, expressões, equações,

matrizes, etc. O Maple possui um grande número de recursos que permitem que

seus usuários obtenham respostas analíticas rápidas e precisas para cálculos

envolvendo limites, derivadas, integrais, equações diferenciais, sistemas de

equações, série de potências, transformadas de Laplace, transformadas de Fourier,

etc.

O Maple começou a ser desenvolvido em 1981 pelos pesquisadores Gaston

Gonnet e Keith Geddes do Grupo de Computação Simbólica da Universidade de

Waterloo no Canadá. Desde 1988 tem sido desenvolvido e comercializado pela

Maplesoft, uma companhia canadense.

A estrutura interna do Maple consiste de três componentes: Núcleo,

bibliotecas e interface.

O núcleo (kernel) é a máquina matemática que faz os cálculos, interpreta os

comandos inseridos pelo usuário e mostra os resultados. O núcleo corresponde a

10% do programa e foi elaborado em linguagem C.

O restante do programa (90%), desenvolvido na própria linguagem do Maple,

consiste na biblioteca principal cujos comandos são carregados automaticamente na

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hora que se inicia o programa e, um conjunto de vários pacotes que se acessa

quando se trabalha com conteúdo específico.

A interface é a aparência do Maple, que promove a interação entre o usuário

e os comandos do Maple.

O MAPLE é um sistema interativo poderoso utilizado para resolver problemas

matemáticos diversos, dos simples aos complexos. Permite criar documentos e

apresentações com qualidade profissional. Visualizar problemas em duas e três

dimensões. Criar soluções personalizadas usando a linguagem de programação do

próprio MAPLE, resolver problemas complexos com o simples apertar de uma tecla,

interagir com documentos por meio de uma interface amigável e simples. Utilizando

a linguagem de programação do próprio MAPLE pode-se criar soluções

personalizadas. Enquanto trabalha, pode-se documentar o processo descrevendo-o

no próprio arquivo.

O programa apresenta dois modos de trabalho, o modo texto e o modo

matemático. O modo texto é para executar cálculos rápidos. Você pode inserir uma

expressão matemática, e então resolvê-la, manipulá-la com algumas teclas ou

cliques do mouse. Usando o modo texto o usuário pode resolver equações e outras

tarefas básicas sem aprender, a sintaxe do MAPLE.

O modo matemático é projetado para o uso interativo dos comandos do

MAPLE que oferecem funcionalidade avançada e controle personalizado. Cálculo

Diferencial e Integral, Equações Diferenciais, Álgebra Linear, Teoria dos Grafos,

Geometria Diferencial, Teoria dos números são alguns exemplos de Áreas da

matemática que são exploradas pelo software no modo matemático. Na utilização do

software, o usuário pode intercambiar com facilidade entre os modos de trabalho.

A escolha do software MAPLE para mediar as atividades desta proposta se

deu em função de várias características. O MAPLE é um software robusto que

desenvolve atividades em todas as áreas da matemática, com abordagens

algébrica, analítica e numérica, não sendo necessários outros softwares para

complementos.

O MAPLE versão 14.00 apresenta inúmeras funcionalidades para o trato com

EDs. Para a resolução de EDs de primeira ordem o programa dispõe de vinte um

métodos, vinte cinco métodos para EDs de segunda ordem, e seis métodos para

EDs de ordem superior.

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O software também dispõe de um pacote de comandos e rotinas para

encontrar soluções analíticas de equações diferenciais parciais.

O MAPLE apresenta também um pacote de ferramentas (DEtools) que dentre

outras funções permite: trabalhar com comandos para visualização, classificar as

EDs, resolver problemas de valor inicial e de contorno analiticamente e

graficamente, plotar gráficos das soluções, plotar campos de direções, trabalhar com

sistemas dinâmicos.

4.8 O Software CAMTASIA STUDIO

Por se tratar de uma pesquisa de cunho qualitativo, o entendimento do objeto

investigado impõe uma preocupação constante ao investigador. A gravação em

vídeo das atividades desenvolvidas não representa todas as observações do

ambiente da pesquisa, porém, contribui substancialmente para a coleta dos dados.

O software escolhido para a captura das imagens das atividades

desenvolvidas pelos participantes foi o CAMTASIA STUDIO na versão 7.0.0

produzido pela TechSmith. O Camtasia é um editor de vídeos que trás entre as suas

ferramentas uma que possui a capacidade de capturar telas, ideal para criação de

vídeos tutoriais e explicativos. O vídeo gerado pelo software pode ser salvo em

diversos formatos, de acordo com a mídia para qual será transportado.

O programa possui recursos que permitem capturar ao mesmo tempo, as

imagens geradas pelo computador, ou parte delas, o som do microfone e as

imagens produzidas pela WebCam.

4.9 Apresentação das Atividades Constituídas por Problemas

Com utilização de recursos computacionais, pensou-se em atividades de

exploração do conteúdo de Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de 1ª e 2ª

ordem envolvendo problemas físicos que garantissem as abordagens analítica e

geométrica onde o foco concentrou-se na interpretação dos gráficos.

A metodologia de aplicação das atividades se baseou nas seguintes passos

de Gazire, Laudares e Alves (2006):

1º. Leitura do problema.

2º. Verbalização do enunciado.

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3º. Declaração ou definição de variáveis.

4º. Identificação da relação das variáveis (dependência e independência).

5º. Identificação dos conceitos e modelos matemáticos adequados (leis

físicas).

6º. Montagem da equação diferencial.

7º. Identificação das condições iniciais e de contorno.

8º. Determinação do formato da solução (o que o problema pede).

9º. Resolução da equação diferencial utilizando o software MAPLE.

10º. Construção dos gráficos das leis do problema incluindo as funções

derivadas e a função dada utilizando o software MAPLE.

11º. Interpretação dos gráficos e das condições iniciais e de contorno,

apontando as possíveis soluções.

12º. Análise qualitativa e crítica da solução pela “lei” (fórmula matemática) ou

pelo gráfico.

A construção das atividades se baseou em duas abordagens de ensino, A

Descoberta Guiada e a Resolução de Problemas.

Esta sequência coloca o estudante como centro do ensino, criador ativo do

conhecimento, protagonista nos processos de ensino e aprendizagem, onde o

professor é colaborador.

Em todas as atividades construídas quanto à resolução das equações

diferenciais, relativamente aos significados dos seus parâmetros, bem como a

natureza das variáveis, foram situações exploradas analiticamente e graficamente. A

construção e análise dos gráficos, inerentes a todas as atividades, foram

predominantes na elaboração das mesmas.

Cada atividade se constitui de um problema que remonta situações da Física,

onde o modelo matemático representativo é explicitado no enunciado, ou, em outros,

pode ser extraído do enunciado com uma leitura atenta reflexiva e analítica.

Procurando adequar às metodologias da Resolução de Problemas e

Descoberta Guiada, as atividades foram elaboradas observando três etapas de

investigação:

a) a primeira que se refere à interpretação do enunciado,

b) a segunda à resolução do modelo das equações,

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c) a terceira que consiste na análise gráfica dos modelos das equações.

Durante a elaboração das atividades uma preocupação constante permeou o

trabalho. Pensou-se em situações que os estudantes estivessem sempre em

condições de confrontar resultados por meio das abordagens analítica e geométrica.

4.9.1 Design da Proposição dos Problemas que Definiram as Atividades

A proposição dos Problemas teve um mesmo design de acordo com

parâmetros da Metodologia proposta. A apresentação foi bem analítica para facilitar

a interpretação dos estudantes. Definiu-se colocar cada etapa do Problema dentro

de um Quadro a fim de distingui-las, assim oferecendo uma visualização para leitura

e análise.

Esta disposição da apresentação do Problema, por esta estrutura, já define

uma Metodologia para leitura compreensiva. Trata-se, então, de um desenho a

conduzir o estudante ao adentramento da situação problematizadora. É também um

exercício de aprendizagem de leitura de um problema numa abordagem analítica,

por passos que, se realizados com reflexão pelo estudante, podem se constituir

como elementos facilitadores para a eficaz leitura interpretadora e crítica.

Segundo Stewart (2007), um dos itens necessários à compreensão

conceitual, além das interpretações aritmética, algébrica, numérica de um objeto

matemático é a sua elaboração verbal-descritiva, quando o exercício da linguagem é

elemento constituinte e estruturante para a formação do conceito. Ao apresentar a

redação do problema em linguagem corrente foram propostas várias perguntas a

dirigir o estudante para questionamentos da verbalização, do descobrimento da Lei

Física, da identificação das condições iniciais e de contorno, bem como da

construção e análise dos gráficos, definidores do Modelo pertinente e peculiar à

situação problematizadora.

Partindo da premissa que a estratégia de resolução de Problemas é um

recurso poderoso de aprendizagem que traz dificuldade para os estudantes por

exigir várias etapas de reflexão e descoberta, com descrição analítica e procura de

diversos e desconhecidos caminhos, diferentemente do processo de resolução por

algoritmo repetitiva e mecânica, foram elaboradas “ajudas” para consultas, se

necessárias. Com isto, a expectativa é de desempenho, sem desânimo e abandono

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da atividade, por não conseguir ultrapassar barreiras. O cumprimento, mesmo que

não integral de cada etapa ou passo do Problema, contribui para a aprendizagem do

estudante, ao acionar a “ajuda” e conseguindo chegar ao final da resolução. Com a

proposição de cinco problemas, a esperança é de uma evolução da aprendizagem,

quando ao término das atividades.

A partir destas considerações foi desenhada a apresentação no seguinte

padrão, que pode ser melhor visualizado nos apêndices com a completa proposição.

Quadro 4 - Esquema representativo do padrão de apresentação dos problemas.

TEMA DO PROBLEMA

ENUNCIADO

1 – INTERPRETAÇÃO DO ENUNCIADO

VERBALIZAÇÃO

IDENTIFICAÇÃO DAS VARÁVEIS

MODELO MATEMÁTICO - LEI FÍSICA

CONDIÇÃO INICIAL OU DE CONTORNO

O QUE SE PEDE

2 – RESOLUÇÃO DO MODELO

3 – ANÁLISE GRÁFICA DO MODELO

Fonte: Elaborado pelo autor.

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103

4.9.2 Apresentação dos Problemas

Ao apresentar as atividades, mostramos, por hipótese, as prováveis ações

dos estudantes, quando da resolução dos problemas, mesmo sabendo que a

pesquisa qualitativa não exige hipóteses. Evidentemente, os caminhos ou processos

poderão divergir daqueles que hipotetizamos, o que pode se constituir uma ação de

descoberta investigativa pelos estudantes, o que consideramos altamente positivo

para aprendizagem. Os questionamentos feitos aos estudantes (ou solicitações de

maneiras de realizar alguma ação) tiveram como finalidade orientá-los e dar-lhes

uma direção, que pode ser seguida ou não, desde que os mesmos resolvam o

problema na sua totalidade, isto é, além da resolução das equações, que faça

interpretação gráfica e análise dos resultados.

A seguir são apresentados os Problemas.

Problema 01

Trata-se de um problema físico de Mecânica envolvendo queda livre. Quando

um corpo se movimenta sujeito apenas à aceleração gravitacional, desprezando

qualquer tipo de resistência, dizemos que este corpo está em queda livre. Um objeto

em queda livre próximo à superfície da terra é acelerado a uma taxa constante g. A

aceleração é a derivada da velocidade, que, por sua vez, é a derivada da função

deslocamento. Procura-se investigar o comportamento de um objeto lançado

verticalmente para cima, próximo ao nível do mar. O tipo do movimento é governado

pela segunda Lei do movimento de Newton que indica, segundo Zill (2003, p. 28),

“quando a força líquida que age sobre o corpo for diferente de zero, essa força

líquida será proporcional à sua aceleração a , ou seja, amF , onde m é a massa

do corpo”.

O modelo matemático que representa esta situação advém da condição de

que a força líquida é simplesmente o peso, ou seja, PF , logo:

gdt

dvgagmam onde

dt

dv representa a derivada da velocidade em

função do tempo e g a aceleração da gravidade.

Esta atividade permite ao estudante:

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a) Verbalizar a descrição do problema;

b) Identificar as variáveis;

c) Determinar a condição inicial do problema;

d) Resolver equações;

e) Resolver analiticamente e graficamente problemas de valor inicial;

f) Construir e interpretar campos de direções;

g) Construir gráficos de funções de uma variável;

h) Analisar o crescimento/decrescimento de uma função;

i) Visualizar e Interpretar gráficos;

j) Confrontar resultados.

Os tópicos abordados nesta atividade envolvem conceitos de espaço,

velocidade, aceleração, derivada de uma função, força, massa, lançamento vertical,

aceleração da gravidade, integrais e equações diferenciais.

Os conceitos de mecânica são reforçados nesta atividade e sugerido aos

estudantes a utilização das ferramentas do Cálculo no seu desenvolvimento. Esta

atividade completa está no apêndice B dessa dissertação.

A resolução do modelo começa sugerindo aos estudantes que resolvam

analiticamente, com o auxílio do Maple, o problema de valor inicial gdt

dv com as

condições iniciais smvt /80 0 . Procura-se com este problema que os

estudantes saibam carregar os pacotes de ferramentas do Maple para o trabalho

com EDs (DEtools), saibam definir uma equação exponencial no Maple e resolver

um PVI. Nas orientações para a resolução do modelo foi sugerido que a trajetória

descrita pela pedra fosse a mesma do eixo coordenado y com sentido crescente

para cima, portanto espera-se que o aluno adote 2/10 smg . Espera-se que os

estudantes cheguem a seguinte resposta: . Outro PVI é sugerido na

sequência: 0vtgdt

dxcom mxt 1200 0 .

Com as equações do espaço, da velocidade e da aceleração em função do

tempo, já definidas, espera-se que o estudante determine o instante em que a pedra

toca o solo, a velocidade em que a pedra toca o solo e a distância total percorrida

pela pedra até tocar o solo. Por manipulação nas equações e usando os comandos

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do Maple para resolver equações, o estudante pode determinar o instante em que a

pedra toca o solo. O estudante deve refletir sobre a posição que vai adotar no solo e

qual solução irá adotar. O cálculo da velocidade em que a pedra toca o solo leva o

estudante a manipular a equação da velocidade. Para calcular a distância total

percorrida pela pedra o estudante pode adotar um novo referencial, ou trabalhar no

já adotado. Algumas ideias devem estar claras para o estudante ao trabalhar esta

questão: Não se pode confundir distância percorrida com posição. Para calcular a

distância percorrida, temos que determinar as posições; a distância total percorrida

representa a distância que a pedra percorre durante a subida e a descida; o tempo

de subida da pedra é igual ao tempo de descida para uma mesma distância, a pedra

atinge a altura máxima quando sua velocidade é zero. Neste problema, não foi

adotado novo referencial para o cálculo da distância total, é sugerido aos estudantes

que calculem o tempo para que a pedra atinja a altura máxima, e substituindo esse

valor na equação do espaço. Ressalva-se que a posição encontrada a partir do

ponto de lançamento está acrescida de 120m.

A análise gráfica dos modelos solicita inicialmente aos estudantes que

construam o campo de direções para a ED gdt

dv e respondam perguntas que visam

compreensão, análise e visualização do campo de direções. A atividade implica que

os estudantes tenham domínio dos comandos do Maple para construção de campos

de direções.

Espera-se que o estudante verifique a coerência daquilo que observou no

campo de direções com a resolução analítica do modelo. Este confronto permite ao

estudante verificar a extensão das possibilidades de análise de um campo de

direções.

Espera-se que os estudantes construam o gráfico da velocidade em função

do tempo e responda perguntas que auxiliem na interpretação gráfica explorando

habilidades de visualização.

Ao explorar escalas gráficas e ferramentas de zoom do Maple, espera-se que

os estudantes estimem um valor aproximado do tempo em que a pedra atinge o

solo.

Espera-se nesta análise que os estudantes, ao confrontarem o valor da

velocidade no instante t = 0 observado no gráfico com o enunciado do problema,

confirme conjecturas e suspeitas.

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Ao plotar o gráfico da aceleração em função do tempo por meio do comando

plot espera-se que os estudantes determinem o sinal da aceleração e verifique que a

aceleração mantém constante durante todo o tempo.

Espera-se que os estudantes retornem um gráfico semelhante ao da figura 7

ao resolverem graficamente o PVI 10)(

dt

tdvpara smvt /80 0 por meio do

comando DEplot.

Figura 7 - Resolução gráfica do PVI 8)0(;10)( Vdttdv gerado no Maple 14.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Espera-se que os estudantes estabeleçam relações que existam entre a

solução gráfica deste PVI com o gráfico da velocidade em função do tempo.

Procura-se explorar a interpretação de gráficos confrontando-os. Pretende-se

mostrar ao estudante que a reta gerada no PVI representa uma solução particular da

ED 10)(

dt

tdv.

Espera-se que os estudantes construam o campo de direções da equação

810)(

tdt

tdx e respondam se é possível prever a forma das curvas que

representa a solução geral da ED. Este questionamento objetiva delinear para o

estudante que o campo de direções de uma ED sugere a aparência ou forma de

uma família de curvas.

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A seguir é requerido aos estudantes que resolvam graficamente o PVI

810)(

tdt

tdx para mxt 1200 0 e construam o gráfico da função

12085)( 2 tttx com objetivo de estabelecer as relações existentes entre a

solução gráfica do PVI e o gráfico da equação do espaço em função do tempo.

Explora-se novamente as habilidades de visualização confrontando os dois gráficos.

Ao responderem a pergunta, qual é a posição da pedra no instante t = 0 de

acordo com o gráfico do espaço em função do tempo? Espera-se que os estudantes

explorarem escalas gráficas variando os valores de t e de x para obter graficamente

o resultado. Espera-se que os estudantes confrontem o resultado que encontraram

do espaço, no gráfico, com o enunciado do problema para verificar a coerência. Ao

observarem o gráfico x X t, espera-se que os estudantes, utilizando ferramentas de

zoom determinem a posição máxima (aproximadamente) que a pedra atingiu. Ao

responderem se a função deslocamento é crescente ou decrescente no intervalo de

tempo de 0 a 0,8s e se os valores da posição aumentam ou diminui no intervalo de

tempo de 0,8s a 5,7638s espera-se que os estudantes reflitam observando

diretamente os gráficos.

A seguir o estudante é levado a verificar por que a posição da pedra atinge

um valor máximo a partir do gráfico da aceleração. Esta pergunta não pode ser

respondida observando diretamente o gráfico, o estudante precisa ter claro o que é

força gravitacional e saber de orientação de trajetória.

No último questionamento, solicita-se ao mesmo por meio da análise dos

gráficos, a partir do valor máximo da posição, determinar o sinal da velocidade e da

aceleração. O estudante de posse do valor do tempo t = 0,8s que a pedra leva para

atingir a altura máxima, deve observar os gráficos da v X t e a X t e definir o sinal da

velocidade e da aceleração.

Problema 02

A lei de resfriamento/aquecimento de Newton foi o tema abordado na

segunda atividade. De acordo com esta lei, a taxa de resfriamento de um corpo é

proporcional à diferença entre a temperatura do corpo e a temperatura do meio

ambiente. O modelo matemático descrito para esta situação é o seguinte:

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)( mTTkdt

dT, onde

dt

dTé a taxa de variação da temperatura no decorrer do tempo,

k é uma constante de proporcionalidade, T a temperatura do corpo em um dado

instante e mT a temperatura do meio ambiente.

Procurou-se com esta atividade, além de reforçar conceitos de

Termodinâmica, explorar a resolução de problemas e construção de gráficos.

Por meio desta atividade o estudante pode:

a) Resolver equações diferenciais;

b) Equações a uma variável;

c) Construir e interpretar campos de direções;

d) Analisar graficamente o conceito e o sinal da derivada;

e) Visualizar soluções de equilíbrio;

f) Construir e interpretar gráficos envolvendo derivadas;

g) Confrontar valores com gráficos;

h) Resolver problemas de valor inicial (P.V.I.);

i) Simular curvas.

A atividade começa (anexo C), como em todas as atividades, propondo um

debate envolvendo todos os estudantes, onde a compreensão do problema e sua

descrição verbal são os objetivos.

Reunidos em duplas, na sequência, os estudantes são sugestionados a

identificar as variáveis do problema, os parâmetros, as leis matemáticas que se

aplicam ao problema, as condições iniciais e de contorno do problema. No final

desta primeira etapa, os estudantes são sugeridos a expressar o que é solicitado no

problema. Procura-se explorar por meio destas perguntas como os mesmos

interpretam o texto.

Na resolução do modelo, inicialmente é solicitado aos estudantes que

resolvam a ED )( mTTkdt

dT e calculem os valores dos parâmetros k e C, com a

condição inicial e de contorno. Pretende-se com estas atividades que o estudante

reforce a manipulação dos comandos do Maple para resolução de EDs e que

aprenda os comandos para resolver sistemas de equações exponenciais.

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De posse da equação da temperatura em função do tempo, os estudantes

são solicitados a calcular a temperatura no instante 1t min e o tempo para quando

a temperatura for de 15ºF. Nestes exercícios o estudante é levado a resolver

equações e avaliar resultados em ponto flutuante.

A análise gráfica do modelo sugere inicialmente que o estudante construa o

campo de direções da ED )( mTTkdt

dT. Espera-se que os estudantes ao

observarem o padrão de fluxo do campo identifiquem as possíveis curvas soluções,

investigue o sinal da derivada e indique, aproximadamente, as soluções de

equilíbrio.

É sugerido que se construa o gráfico dt

dTpor T e que realize uma

comparação dos valores obtidos de dt

dT por meio do campo de direções com os

valores obtidos na construção do gráfico de dt

dT por T . Para esta atividade é

necessário que o estudante saiba interpretar gráficos e utilize habilidades de

visualização.

Em seguida, é sugerida a construção do gráfico dt

dTpor t . Para a construção

do gráfico tem-se a equação da derivada da temperatura em função do tempo.

Espera-se que os estudantes carreguem o pacote student que trabalha com as

ferramentas do Cálculo para determinar a função derivada da Temperatura em

relação ao tempo e em seguida plotem o gráfico. Ao serem perguntados quando t

cresce indefinidamente, para qual valor dt

dTtende? Espera-se que os estudantes

observem diretamente no gráfico o comportamento da curva e usando de suas

habilidades de visualização determinar o valor. Na sequência é solicitado aos

estudantes que determinem as tangentes dt

dT para 2t , 6t e 10t . Procura-se

com este exercício reforçar mais uma vez a relação que existe entre derivada e

tangente. Para determinar as tangentes o aluno deve resolver equações substituindo

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os valore de t na equação dt

dT

É pedido a confrontação dos resultados encontrados

do cálculo das tangentes com o gráfico dt

dTpor t .

Na sequência, solicita-se a construção do gráfico de )(tT por t e é pedido a

verificação de quando o termômetro esfria mais rapidamente. Para a análise desta

situação, as orientações aos alunos sugerem que calculem a variação de

temperatura nos intervalos de tempo [0,1]; [1,2]; [2,3] e [3,4] observando o gráfico

onde poderão avaliar o intervalo onde a variação de temperatura é maior.

Em seguida é colocado um PVI com uma condição inicial e uma condição de

contorno para ser resolvido graficamente e observar a relação existente entre as

duas soluções. O estudante, por meio do comando DEplot pode resolver

graficamente o PVI para uma condição em separado ou para as duas condições

simultaneamente, o que facilita a análise das curvas.

Na final do problema é solicitada a simulação de curvas de aquecimento

envolvendo resolução gráfica de PVIs e análise dos mesmos. Estes exercícios

procuram reforçar o uso dos comandos do Maple para resolução gráfica de PVIs,

adquirir habilidades de visualização e comparação dos gráficos de curvas de

aquecimento com curvas de resfriamento. Estes exercícios não contam com

orientações de ajuda para os estudantes, uma vez que tratam de simulações e cada

estudante pode tomar caminhos diferenciados.

Problema 03

O resistor, o capacitor e o indutor são componentes básicos de um circuito

analógico. Combinados, eles representam quatro circuitos importantes: o circuito

RC, o RL, o LC e o RLC. As letras nas abreviações indicam os componentes

utilizados. A eletrônica analógica analisa uma série de tipos de comportamentos

gerados per estes circuitos.

Este problema (anexo D) considera um circuito elétrico RL (resistor-indutor)

que atua como um simples filtro eletrônico. Consiste de um resistor de 6 Ω e um

indutor de 3 H ligados em série por uma fonte de tensão de 24 V.

A segunda lei de Kirchhoff afirma que a soma em um determinado sentido de

todas as tensões de uma malha é igual a zero. Para o circuito contendo apenas um

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resistor e um indutor, a segunda lei de Kirchhoff estabelece que a soma das quedas

de voltagem no indutor dt

diL e no resistor iR é igual à voltagem aplicada no

circuito )(tE .

Assim, a equação que satisfaz o circuito é: )(tEiRdt

diL , onde L é a

indutância, R a resistência, dt

dia taxa de variação da intensidade da corrente no

decorrer do tempo, i a intensidade da corrente também chamada de resposta do

sistema e )(tE a tensão aplicada ao sistema.

Além de reforçar conceitos de eletricidade, o estudante pode, por meio deste

problema:

a) Interpretar situações envolvendo conceitos de eletricidade;

b) Resolver equações diferenciais;

c) Construir e interpretar campo de direções;

d) Resolver equações a uma variável e levantar hipóteses;

e) Analisar graficamente o sinal da derivada de uma função;

f) Identificar e visualizar soluções de equilíbrio;

g) Construir e interpretar gráficos envolvendo derivadas;

h) Comparar valores para validar resultados;

i) Resolver graficamente e analiticamente um problema de valor inicial;

j) Verificar o valor limite da corrente em um circuito.

Inicialmente, na interpretação do enunciado, propõe-se uma discussão entre

todos os participantes para a compreensão do problema e sua descrição verbal. A

atividade propõe uma aprendizagem que ocorre por meio da conversação e troca de

informações, onde o estudante é levado a verbalizar o problema com suas próprias

palavras.

Já em duplas, na sequência, solicita-se aos estudantes que identifiquem as

variáveis e os parâmetros do problema, a lei matemática que se aplica ao problema,

a condição inicial do problema e, fechando a etapa é solicitado que expressem o que

é pedido no problema. Procura-se explorar por meio destas perguntas como os

estudantes interpretam o texto.

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Na resolução do modelo solicita-se aos estudantes que resolvam a ED

)(tEiRdt

diL e o PVI para a condição i(0) = 15 A. Procura-se explorar os

comandos do Maple para resolução de EDs e PVIs. Nas orientações aos alunos são

sugeridas duas formas de resolver um PVI. Na sequência, é solicitado que os

estudantes comparem a solução da ED com a solução do PVI para determinar o

valor da constante da solução geral da ED.

A análise gráfica do modelo começa sugerindo aos estudantes que construam

o campo de direções da ED )(tEiRdt

diL e respondam perguntas de

interpretação semelhantes às dos problemas anteriores.

Na sequência, é perguntado ao estudante se é possível definir o sinal de dt

di

observando o campo de direções, em caso afirmativo, estabelecer os valores de i

para os quais 0dt

di, 0

dt

di e 0

dt

di. Procura-se verificar com este exercício se os

estudantes trazem consigo o conceito geométrico de derivada. Pergunta-se logo em

seguida se é possível observar no campo de direções um valor aproximado de i que

representa soluções de equilíbrio da equação diferencial. Esta pergunta procura

verificar se o estudante reteve o conceito de soluções de equilíbrio de uma ED e

como ele vê graficamente estas soluções.

Em seguida, é solicitado aos estudantes que resolvam o PVI )(tEiRdt

diL

para i(0) = 15 A. Ao resolver o PVI o estudante pode de imediato confrontar o

resultado com o campo de direções e analisar a validade da solução. Solicita-se

também que construam o gráfico de dt

di por i e compare os valores obtidos com os

valores de dt

di já obtidos anteriormente por meio da observação do campo de

direções. Esta atividade permite ao estudante confirmar os resultados do estudo dos

sinais de dt

di obtidos apenas observando o campo de direções da ED.

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Em seguida, pergunta-se por que a reta dt

di intercepta o eixo de i em 4? Espera-se

com esta pergunta que o estudante interprete corretamente o gráfico dt

di por i e que

associe a noção de onde a derivada é nula com as soluções de equilíbrio da ED.

A seguir, é sugerido ao aluno que construa o gráfico de i(t) por i e verifique o

que acontece com a intensidade da corrente quando o tempo é suficientemente

grande. Ao utilizar habilidades de visualização, espera-se que o aluno interprete

corretamente o gráfico.

No último item da atividade, é proposto que os estudantes construam o

gráfico de dt

di por t e verifique o que acontece com a taxa de variação

dt

di no

decorrer do tempo. Espera-se que o estudante manipule a equação para isolar dt

di, e

ao construir o gráfico interprete corretamente o comportamento da função.

Problema 04

O problema de valor inicial ,)(, 00 XtXkXdt

dXonde k é uma constante de

proporcionalidade descreve diversos fenômenos. Crescimento populacional e

decaimento radioativo são exemplos de temas que podem ser modelados com o

problema de valor inicial citado. A constante de proporcionalidade k pode ser

determinada por meio da resolução do problema de valor inicial e dependendo do

seu sinal a constante será de crescimento se (k > 0) e de decaimento se (k < 0).

Problemas que resultam em expressões exponenciais são denominados de

crescimento ou decaimento.

Neste problema (anexo E) procurou-se investigar por meio de equações

diferenciais como determinar a meia-vida13 do elemento químico radium.

Além de exercitar a interpretação de texto, o estudante pode por meio deste

problema:

13

Meia-vida é a medida da estabilidade de uma substância radioativa. A meia-vida é simplesmente o

tempo necessário para a metade dos átomos em uma quantidade inicial desintegrar-se ou

transformar-se em átomos de um outro elemento (ZILL, 2003, p.97).

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114

a) Diferenciar condição inicial de condição de contorno;

b) Resolver equações diferenciais;

c) Resolver sistemas lineares;

d) Construir e interpretar campo de direções;

e) Identificar o sinal da derivada observando o campo de direções;

f) Construir e interpretar gráficos envolvendo derivadas;

g) Comparar gráficos para confirmação de resultados;

h) Identificar soluções de equilíbrio no campo de direções;

i) Resolver problema de valor de contorno.

Inicialmente é sugerido a todos os estudantes participantes da proposta que

verbalizem o enunciado do problema diante de discussões e troca de informações.

Na sequência é solicitado às duplas que identifiquem as variáveis do problema, o

parâmetro, a lei matemática que se aplica ao problema, as condições inicial e de

contorno do problema e é pedido que expressem o que pede no problema. Procura-

se explorar por meio destas perguntas como os estudantes interpretam o texto.

Na resolução do modelo é sugerido inicialmente que os estudantes resolvam

a ED mkdt

dm e determine os valores de k e _C1. Espera-se que o estudante ao

resolver a ED verifique que a solução está em função de k e _C1 e a seguir, com as

condições iniciais e de contorno montem o sistema das equações e, utilizando os

comandos do Maple para resolução de sistemas, determine os valores de k e _C1.

Na sequência, é solicitado que o estudante determine a equação que permite

calcular a massa em função do tempo e que calcule o tempo necessário à

decomposição da metade da quantidade inicial de radium, 2/1)(tm . Este exercício

visa praticar a manipulação algébrica de equações. Espera-se que o estudante

substitua os valores de k e _C1 na solução geral da ED encontrando a equação da

massa em função do tempo e na sequência substituir 2/1)(tm determinando a

solução do problema.

A análise gráfica do modelo sugere inicialmente que se construa o campo de

direções para a ED mkdt

dm e questiona: se o tempo tende a infinito, o valor da

massa tende a zero? Este exercício visa a intepretação do campo de direções. As

orientações para os estudantes sugere variar o tempo de 0 a 6000 para uma

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visualização que não comprometa o aspecto geral do gráfico e permita uma

interpretação real. É também solicitado aos estudantes, que após observação do

campo de direções, que determinem o tipo de função que melhor se adaptaria às

curvas integrais do campo. Pressupõe-se que os estudantes associem aos

elementos lineares a curva que acompanhe o padrão de fluxo do campo.

Na sequência, o estudante é questionado se é possível definir o sinal de dt

dm

observando o campo de direções, e se em caso afirmativo, estabelecer os valores

de m para os quais 0dt

dm, 0

dt

dme 0

dt

dm. Espera-se que o estudante saiba

interpretar o conceito geométrico de derivada para resolver este exercício.

É pedido que o estudante construa o gráfico de dt

dm por m e compare os

valores obtidos no estudo do sinal de dt

dm

anteriormente com este gráfico. Este

exercício exige do estudante habilidades de manipulação algébrica, construção e

interpretação de gráficos. Ao comparar os resultados o estudante poderá validar o

estudo do sinal de dt

dm. Em seguida, é perguntado se é possível observar no campo

de direções um valor aproximado de m que representa soluções de equilíbrio da

equação diferencial? Espera-se que o estudante tenha a concepção de soluções de

equilíbrio, que saiba interpretar graficamente e fazer a conexão com a ideia de

derivada nula.

A seguir é sugerido aos estudantes que construam o gráfico de dt

dm por t e

verifiquem o que acontece com a taxa de variação da massa com o passar do

tempo? Espera-se que os estudantes manipulem as ferramentas de construção de

gráficos do Maple, saibam alterar as escalas na construção dos gráficos e ao

interpretarem o gráfico, saibam analisar o comportamento da função. Também é

perguntado qual o período em que a taxa dt

dmapresenta maior variação? Espera-se

que os mesmos tenham adquirido habilidades de visualização e interpretação de

gráficos que os permita responderem a pergunta sem embaraços.

Na sequência, é sugerida a construção do gráfico m(t) por t e respondam às

seguintes questões: O que acontece com a massa quando o tempo é

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suficientemente grande? Qual o sinal de dt

dm? Além da manipulação das

ferramentas gráficas do Maple, este exercício exige a interpretação do gráfico.

Espera-se que o estudante verifique se é coerente o valor de m para 0t no gráfico

de m(t) por t de acordo com o dado do problema.

Ao observarem o gráfico, espera-se que os estudantes concluam que para m

= 1, 0t .

No último item do problema é solicitada a resolução gráfica com o Problema

de Valor de Contorno (PVC): mkdt

dm

%)90(9.0250

%)100(10

mt

mt e verifique se é

coerente a solução gráfica do PVC com o gráfico de m(t) por t. Espera-se que o

mesmo saiba manipular corretamente as ferramentas do Maple para resolução de

PVI/PVC e que verifique a coerência após a análise e confronto dos gráficos.

Problema 05

Um sistema massa-mola consiste na conexão de um corpo de massa m a

uma mola flexível com fator restaurador k (constante de elasticidade), enquanto a

outra extremidade está ligada a um ponto fixo conforme mostrado na Figura 8. Se o

sistema encontra-se em equilíbrio a posição da massa é denotada

por 0x conforme indicado na figura 8(b) e quando tentamos tirar o nosso sistema

desse ponto de equilíbrio, surge uma força restauradora dada pela lei de Hooke

kxF , que tenta trazê-lo de volta a posição inicial. A figura 8(a) mostra a mola

comprimida e a figura 8(c) mostra a mola distendida. Se puxarmos o bloco de

massa m e, em seguida, o soltarmos, veremos o nosso sistema oscilando em torno

da posição de equilíbrio.

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Figura 8 - Posições da mola em um movimento harmônico simples.

Fonte: Adaptado de Zill, 2003, p. 216.

Neste problema (anexo F) procurou-se investigar por meio de equações

diferenciais como é o comportamento de um sistema massa-mola livre de

interferências externas.

Além de exercitar a interpretação de texto, o estudante pode por meio deste

problema:

a) Resolver equações diferenciais;

b) Resolver equações a uma variável;

c) Diferenciar condição inicial de condição de contorno;

d) Calcular o período de oscilação de uma mola;

e) Construir e interpretar gráficos;

f) Determinar o valor máximo de estiramento e de compressão de uma

mola;

g) Comparar gráficos para confirmação de resultados;

h) Determinar a derivada de funções de uma variável;

i) Resolver problema de valor de contorno.

O problema inicia com um debate entre os participantes da pesquisa para

verificação da compreensão, interpretação do enunciado e descrição verbal do

problema.

A seguir, trabalhando em duplas, é solicitado aos estudantes que

identifiquem as variáveis e o parâmetro do problema, o modelo matemático que se

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aplica ao problema, as condições iniciais do problema e a descrição do que se pede

no problema. São atividades que exigem interpretação do texto.

A resolução do modelo começa solicitando ao estudante que determine o

valor da constante k da mola utilizando a segunda lei de Newton e a lei de Hooke.

Para resolver este exercício, além de manipulações algébricas o estudante deve

supor que não haja forças de retardamento sobre o sistema e a massa vibre sem a

ação de outras forças e concluir que a força resultante peso é igual a força

restauradora da mola.

Na sequência é pedido que o estudante resolva a equação diferencial

02

2

2

xdt

xd, onde

m

k2 e determine a função )(tx que descreve o movimento

livre. Além de manipulações algébricas e resolução de EDs e PVIs o problema exige

que o estudante faça conversões de unidades.

A análise gráfica do modelo começa sugerindo ao estudante que construa o

gráfico da equação )10cos(25

2)10sin(

40

1)( tttx e determine o valor máximo de

estiramento e compressão da mola observando o gráfico. Espera-se que o

estudante saiba utilizar o comando plot do Maple para plotar o gráfico da equação e

que interprete corretamente o gráfico. Na sequência é pedido que determine o

período de oscilação da mola e confronte o resultado com o gráfico de

)10cos(25

2)10sin(

40

1)( tttx

para verificar a coerência. Espera-se que o

estudante, sabendo que se trata de um movimento oscilatório, relembre a fórmula

2T para o cálculo do período. Esta fórmula consta nas orientações de ajuda para

os alunos. Espera-se que o mesmo saiba como determinar graficamente o período

de uma função para confrontar os resultados.

A seguir é pedido para que indique no gráfico )(tx onde a massa está abaixo

e acima da posição de equilíbrio. Além da interpretação do gráfico, espera-se que o

estudante associe a condição 0)(tx quando a massa estiver abaixo da posição de

equilíbrio e 0)(tx acima da posição de equilíbrio.

Em seguida, pergunta-se em que instante a massa passa pela posição de

equilíbrio? Procura-se explorar as ideias de periodicidade de uma função. Espera-se

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que o estudante perceba que a massa passa pela posição de equilíbrio infinitas

vezes. Exigem-se conhecimentos de trigonometria para resolução do exercício.

Na sequência, pergunta-se a vibração da mola tende a se anular quanto t

tende a infinito? Espera-se que o estudante ao analisar o gráfico perceba que a

amplitude não altera no decorrer do tempo.

A seguir solicita-se ao estudante que construa o gráfico de )(tv , que

determine, utilizando as ferramentas do Maple, a velocidade da massa no instante

st 2 e compare esse resultado com o gráfico de )(tv para verificar a coerência.

Para a construção do gráfico espera-se que o aluno saiba que )(')( txtv , saiba

calcular a derivada de uma função e construir gráficos com os comandos do Maple.

Espera-se que o estudante manipule e resolva equações para determinar a

velocidade da massa no instante st 2 e confronte o resultado com o gráfico,

interpretando-o e verificando a coerência.

Pergunta-se, na sequência, qual o sentido do movimento da massa no

instante st 2 ? Espera-se que o estudante ao interpretar o gráfico de )(tx possa

determinar o sentido do movimento. A seguir, pergunta-se o que se pode concluir

em relação ao sentido do movimento da massa comparando os gráficos de )(tx e

)(tv ? Procura-se explorar a interpretação gráfica por meio de comparações de

gráficos. Espera-se que o estudante apresente uma resposta similar à seguinte:

quando )(tx é decrescente, )(tv é menor que zero e o movimento da massa é para

cima, quando )(tx é crescente, )(tv é maior que zero e o movimento da massa é

para baixo.

A seguir é solicitado ao estudante que construa o gráfico da )(ta e indique no

gráfico os valores onde a aceleração da massa é máxima. Para construir o gráfico

da função, o estudante deve lembrar que )('')( txta , utilizar o comando “diff” do

pacote student para calcular a derivada de )(tv e o comando “plot” para plotar o

gráfico. Após interpretação do gráfico da )(ta o estudante deve concluir que a

aceleração é máxima nos pontos extremos da função. Para identificar no gráfico

)(ta os valores onde a aceleração é máxima, o estudante precisa ter consigo os

conceitos de valor máximo e valor mínimo de uma função e como determiná-los no

Maple.

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Por último, é solicitada, usando o Maple, a aceleração da massa no instante

st 3 e verifique no gráfico da )(ta a coerência do resultado. Espera-se a

manipulação dos dados e a resolução da equação da )(ta para st 3 e utilize

ferramentas de zoom ou altere a escala de t para melhor visualizar a

correspondência do valor da aceleração com o respectivo tempo.

No próximo capítulo, apresentamos a análise das atividades desenvolvidas

pelos estudantes na aplicação da sequência didática.

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121

5 RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS E OS RESULTADOS ALCANÇADOS

5.1 Introdução

A pesquisa realizada foi constituída pelos seguintes instrumentos:

questionários aplicados aos alunos, anotações de observações no decorrer da

aplicação da proposta pelo professor pesquisador, worksheets das atividades

desenvolvidas pelos estudantes e vídeos gravados pelo software Camtasia.

As atividades desenvolvidas pelos estudantes durante a realização da

pesquisa se encontram nos apêndices B, C, D, E, F; as orientações de ajuda nos

apêndices G, H, I, J, K e os questionários nos apêndices L e M.

Durante a realização do estágio, no primeiro semestre de 2011, constatamos

que nas disciplinas básicas de Cálculo, Geometria Analítica e Álgebra Linear do

curso de Engenharia Elétrica, os estudantes não haviam trabalhado com softwares

para exploração dos conteúdos matemáticos. Para sanar esta dificuldade

produzimos um texto (anexo A) que serviu de material de apoio a um minicurso

“Introdução às Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de 1ª e 2ª Ordem com o

software Maple”. Este minicurso estava previsto para ser desenvolvido em dois

encontros de 1h30min, mas, foi estendido para mais um encontro de 1h30min em

função das dificuldades apresentadas pelos estudantes, muitas delas advindas do

fato de não terem exercido este tipo de prática em suas atividades acadêmicas.

Esta análise leva em consideração o trabalho de seis duplas que

efetivamente participaram da proposta e, foi elaborada em duas partes:

Primeira parte: Descrição analítica da resolução de cada um dos problemas

e dos seus itens;

Segunda parte: Aprofundamento da Análise Buscando Diálogo com o

Referencial Teórico.

5.2 Descrição Analítica da Resolução dos Problemas

5.2.1 Problema 1

Trata-se de um problema de mecânica – queda livre, cujo enunciado é: De um

ponto situado a 120m do solo joga-se uma pedra de massa m para o alto com uma

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velocidade inicial de 8m/s. Considerando-se a gravidade a única força atuante,

calcular o tempo, a velocidade e a distância total até a pedra tocar o solo (adote

g=10m/s2 a aceleração da gravidade).

Problema extraído do texto Aplicações das Equações Diferenciais (Um enfoque Metodológico) de João Bosco Laudares, 1992, página 19, problema 12.

A descrição verbal do problema deu-se por meio de um debate entre os

estudantes com a participação do professor pesquisador. O problema esteve claro

para os estudantes, não houve nenhum ponto polêmico relativo ao entendimento.

A interpretação do texto ocorreu com o auxílio do roteiro a seguir, aqui

extraído do apêndice B:

LEI FÍSICA

Identificação das varáveis

a) Qual é a variável independente do problema?

b) Quais as variáveis dependentes do problema?

Modelos matemáticos

c) Quais as leis matemáticas que se aplicam ao problema?

CONDIÇÕES INICIAIS DADAS

a) Quais as condições iniciais do problema?

O QUE SE PEDE

a) Expresse o que se pede

A dupla Gabriel e Leonardo não conseguiu diferenciar variável dependente de

variável independente como mostra as anotações na figura 9 extraídas da worksheet

da dupla.

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123

Figura 9 - Anotações extraídas da worksheet da dupla Gabriel e Leonardo geradas no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

As duplas restantes identificaram corretamente as variáveis dependentes e

as independentes.

À exceção da dupla José Roberto e Marcílio, que não apresentou resposta ao

item c da Lei Física, os demais apresentaram corretamente a lei matemática que

governa o problema ( gdt

dv).

A dupla Maick e Larissa apresentou na forma usual as condições iniciais do

problema 8)0(

120)0(

V

S, as demais, apresentaram as respostas na forma de simples

dados extraídos do problema 8120 inicialvelocidadeeinicialespaço , não

associando espaço e velocidade com o tempo, mostrando desconexão com o

contexto de condições iniciais de Equações Diferenciais.

Todas as duplas expressaram corretamente o que foi solicitado no problema.

Os estudantes, não acostumados com a metodologia de ensino proposta,

não recorreram às orientações de ajuda para responderem às perguntas da

interpretação do enunciado.

O roteiro de resolução analítica do modelo apresentado a seguir, extraído do

apêndice B, se caracteriza como uma estratégia de resolução do problema sugerida

por este pesquisador:

a) Resolva analiticamente o problema de valor inicial (PVI) para a equação

diferencial gdt

dv(ED1) com as condições iniciais smvt /80 0 .

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b) Sabendo que a velocidade é a derivada da posição(x) em relação ao tempo(t),

defina a equação diferencial 0vtgdt

dx(ED2) e resolva o PVI para as condições

iniciais mxt 1200 0 .

c) Calcule o instante em que a pedra toca o solo.

d) Encontre a velocidade em que a pedra toca o solo.

e) Determine a distância total percorrida pela pedra até tocar o solo.

No texto que serviu como material de apoio ao minicurso (apêndice A), na

seção 5.3 apresentou-se os comandos do Maple para a resolução de PVI e PVC.

Esperava-se que os estudantes utilizassem estes comandos para a resolução do

modelo. A dupla Maick e Larissa, explorando o software Maple e utilizando de

conhecimentos prévios de Mecânica e Cálculo Diferencial e Integral, apresentou

uma estratégia diferente para a resolução dos PVIs, exposta na figura a seguir:

Figura 10 - Fragmentos da resolução do modelo extraído do problema 1 da worksheet da dupla Maick e Larissa gerados no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Verifica-se que a dupla utilizou a ferramenta integral como alternativa ao

comando dsolve, sugerido no texto base do minicurso, para a resolução dos PVIs.

Todas as duplas resolveram os PVIs determinando as equações da

velocidade e do espaço em função do tempo ( 810)( ttv e 12085)( 2 tttx ).

Utilizando dos comandos de substituição de variáveis por valores numéricos,

resolução de equações e avaliação em ponto flutuante, todas as duplas

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determinaram o instante em que a pedra toca o solo e a velocidade em que a pedra

toca o solo.

As duplas José Roberto-Marcílio e Caio-Russyllianno apresentaram soluções

idênticas para o cálculo da distância total percorrida pela pedra. A figura 11

apresenta a resolução da dupla José Roberto e Marcílio:

Figura 11 - Fragmentos da resolução do modelo do problema 1 extraído da worksheet da dupla José Roberto e Marcílio gerados no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

As duplas, por um erro de interpretação, não consideraram dois movimentos

(subida e descida) e não adotaram troca de referenciais. Estas duplas não

solicitaram orientações de ajuda. As demais duplas, utilizando das orientações de

ajuda, interpretaram corretamente o exercício e apresentaram a resposta correta

para a distância total percorrida pela pedra (126,4m).

Mesmo sendo orientados para trabalharem apenas com o software Maple, o

aluno Gabriel apresentou no segundo encontro, onde os alunos ainda resolviam o

problema 1, uma resolução do modelo em que utilizou as mídias lápis e papel:

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Figura 12 - Protocolo de resolução do modelo do problema 01 apresentado pelo aluno Gabriel.

Fonte: Dados da pesquisa.

Observou-se a preocupação do aluno em verificar se os resultados retornados

pelo Maple conferem com os seus. Este fato pode apresentar sua origem nas

experiências que os estudantes vivenciaram nos processos de ensino e

aprendizagem da matemática ao longo de suas vidas acadêmicas e pode estar

relacionado com o tratamento rígido e formal da matemática onde as atividades são

desenvolvidas com as mídias lápis e papel.

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A primeira atividade da análise gráfica do modelo solicita ao estudante que

construa o campo de direções da ED gdt

dve apresenta cinco situações para a

interpretação do campo de direções.

As duplas Maick-Larissa e Camila-Leidiane retornaram a solução gráfica do

PVI relativo ao item a da resolução do modelo como resposta à construção do

campo de direções, evidenciando uma má interpretação da pergunta, onde as

duplas não apresentaram indícios de distinção entre campo de direções e PVI. As

demais duplas retornaram corretamente o gráfico representativo do campo de

direções, como o apresentado na figura 13:

Figura 13 - Campo de direções da ED 10)(

dt

tdv extraído da worksheet da

dupla Gabriel e Leonardo gerado no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao iniciar a análise do campo de direções (apêndice B) questionou-se por que

todos os elementos lineares apresentam mesma direção e sentido. Todas as duplas

associaram a equação diferencial a uma constante cuja solução gera funções do

primeiro grau, à exceção da dupla Caio e Russyllianno que associou a aceleração

da gravidade ao campo gravitacional da terra, como mostra a figura 14, extrapolando

o contexto específico do campo de direções.

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Figura 14 - Resposta apresentada ao item b da análise gráfica do modelo extraída da worksheet da dupla Caio e Russyllianno gerada no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Quando solicitados a descrever que tipo de curva os elementos lineares do

campo de direções aproxima, as duplas Maick-Larissa e Camila-Leidiane

apresentaram a seguinte forma: 12085)( 2 tttx caracterizando um erro de

interpretação gráfica, as duplas não observaram diretamente no gráfico o fluxo

gerado pelos elementos lineares. As demais duplas associaram corretamente a

curva.

Ao serem solicitados que determinassem o ângulo formado pelos elementos

lineares, as duplas Maick-Larissa e Camila-Leidiane retornaram o valor

275,7105932º apresentando um erro no momento de fazerem a redução ao segundo

quadrante. A dupla João Roberto e Marcílio retornaram o valor 264,780 após

determinarem a medida do ângulo em radianos e multiplicarem o valor por 180,

ratificando um raciocínio não justificável. Observa-se que os estudantes não

associaram o campo de direções à medida do valor do ângulo solicitado. Verifica-se

que a maior dificuldade desses estudantes reside no fato de possuírem poucos

conhecimentos prévios de trigonometria. As demais duplas apresentaram o

resultado esperado.

Todos responderam sim, quando questionados se pelo campo de direções é

possível prever a forma da função que representa a solução geral da equação

diferencial. A dupla José Roberto e Marcílio justificou da seguinte forma: “pelo

campo de direções é possível prever a forma da função, visto que as linhas de

campo são tangenciais a curva do gráfico”.

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Ao confrontar o comportamento do campo de direções com a solução

analítica do PVI do item a da resolução do modelo, todas as duplas verificaram a

coerência do aspecto gráfico com a função obtida no PVI.

O gráfico da velocidade em função do tempo foi construído corretamente por

todas as duplas. Todos afirmaram que a função velocidade é decrescente. Quando

questionados se a função velocidade é decrescente pelo fato da aceleração ser

negativa, a dupla Camila e Leidiane não expressou opinião, a dupla Maick e Larissa

concordou com o questionamento e apresentou a seguinte justificativa:

“A definição de aceleração pode ser entendida como a variação de velocidade

em função da variação de tempo, ou, em linguagem matemática:

Nestes termos, a menos que o denominador da expressão a

esquerda seja negativo, isto é, que o tempo "corra ao contrário" - algo que

não é comumente empregado em problemas reais -, o numerador da

respectiva expressão, , deverá sempre negativo, afim de se obter

A dupla Gabriel e Leonardo expressou:

“A velocidade esta almentando... embora o seu sinal seje negativo”,

As demais duplas concordaram com a condição, mas não apresentaram

justificativa.

Ao serem perguntadas sobre o valor da velocidade no instante 0t , todas as

duplas responderam corretamente 8)(tv m/s, sem apresentar cálculos,

supostamente observando o gráfico, o que verifica a coerência com o enunciado do

problema ponderado por todas as duplas. A pergunta seguinte solicita os alunos,

observando o gráfico da velocidade em função do tempo, que determinem o tempo

em que dt

dxv se anula. Todos apresentaram a resposta correta, porém a dupla

Gabriel e Leonardo apresentou a resposta após determinar analiticamente. Ainda,

observando o gráfico da velocidade em função do tempo, solicitou-se que os alunos

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estimassem um valor aproximado do tempo em que a pedra atinge o solo. A duplas

Maick-Larissa e Camila-Leidiane apresentaram como resposta aproximadamente -

50 m/s, evidenciando uma confusão entre velocidade e tempo. A dupla Caio e

Russyllianno apresentou a resposta 76386,5t que supostamente foi determinada

analiticamente, uma vez que a gravação da resolução do problema não evidenciou

variações na escala de t com tamanha precisão. As outras duplas apresentaram

aproximações razoáveis. Todas as duplas admitiram que o resultado que

encontraram para o valor aproximado do tempo em que a pedra atinge o solo é

coerente com o resultado verificado na resolução do modelo, resposta esta que

potencializa a má interpretação das duplas Maick-Larissa e Camila-Leidiane.

A pergunta de interpretação do gráfico da velocidade em função do tempo

solicita aos estudantes que determinem o intervalo de tempo em que a velocidade é

positiva. Todas as duplas responderam corretamente.

As duplas construíram corretamente o gráfico da aceleração em função do

tempo, e afirmaram que o sinal da aceleração é negativo e que a aceleração

mantém constante no decorrer do tempo.

Quando solicitadas a resolverem graficamente o PVI 10)(

dt

tdv para

smvt /80 0 , todas as duplas apresentaram corretamente a seguinte solução:

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Figura 15 - Resolução gráfica do PVI 10)(

dt

tdv para smvt /80 0

extraída da worksheet da dupla Maick e Larissa gerada no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Confrontando a solução gráfica do PVI com o gráfico da velocidade em

função do tempo, todas as duplas associaram corretamente a reta que apresenta a

solução do PVI como sendo a reta da velocidade em função do tempo.

O campo de direções da equação 810)(

tdt

tdx foi construído

corretamente pelas duplas. Ao prever a forma da função que representa a solução

geral da equação diferencial, a dupla Camila e Leidiane apresentou a seguinte

resposta: “Sim, é uma curva em função do tempo” evidenciando o não entendimento

da pergunta. As demais duplas associaram as linhas do campo a uma parábola.

Todas as duplas apresentaram a solução gráfica do PVI 810)(

tdt

tdx

para mxt 1200 0 e construíram corretamente o gráfico da função

12085)( 2 tttx . Ao confrontarem os gráficos, as duplas perceberam que a

solução do PVI representa o gráfico da função.

Ao observarem o gráfico da função 12085)( 2 tttx todas as duplas

constataram que a posição da pedra no instante 0t é m120 , verificaram a

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coerência com o enunciado do problema, utilizando ferramentas de zoom,

estimaram a posição máxima que a pedra atinge em torno de m123 , avaliaram que a

função é crescente no intervalo de 0 a s8,0 e evidenciaram que os valores da

posição diminuem no decorrer do tempo no intervalo de s8,0 a s7638,5 .

Ao serem questionados por que a posição da pedra atinge um valor máximo a

partir do gráfico da aceleração, as duplas Camila-Lidiane e Caio-Russyllianno

justificaram afirmando que a aceleração é negativa, a dupla Gabriel e Leonardo

apresentou a seguinte justificativa: “a posição atinge um valor máximo porque a

aceleração é negativa, ou seja a velocidade diminui com o passar do tempo, o objeto

esta "freiando"” as demais duplas apresentaram uma resposta semelhante à da

dupla Maick e Larissa expressa a seguir: “A pedra atinge um valor máximo porque a

aceleração é negativa e constante; isto faz com que, se a pedra tiver velocidade

positiva, esta decresça até atingir valor máximo de posição, neste ponto a pedra

atinge velocidade igual a zero e, logo após, começa a cair, aumentando sua

velocidade negativamente.” Demonstrando assim uma compreensão mais global da

situação analisada.

Por meio da análise dos gráficos, todas as duplas concordaram que a

velocidade e a aceleração apresentam sinal negativo a partir do valor máximo da

posição.

De um total de 42 itens propostos para os estudantes analisarem neste

primeiro problema, a média de acertos foi de 33,75 com um desvio padrão

aproximado de 1,3693 mostrando que o número total de acertos está bem próximo

da média. Em termos de porcentagem, os estudantes acertaram em média 80,35 %

do total dos itens.

Este problema estava previsto para ser resolvido em dois encontros de

1h30min, em função das dificuldades encontradas pelos estudantes, o período foi

estendido para quatro encontros. No dia 07 de novembro de 2011 houve um

problema com o sistema que gerencia os laboratórios e os estudantes não

conseguiam acessar os computadores, o acesso foi restabelecido uma hora depois

que iniciou o encontro.

Apesar de os estudantes terem participado do minicurso, apresentaram

dificuldades nas operações com o software, principalmente com a sintaxe, como

mostra a figura 16 extraída das gravações de vídeo da dupla Maick e Larissa:

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133

Figura 16 - Fragmentos mostrando erros de sintaxe extraído da resolução do problema 1 da worksheet da dupla Maick e Larissa gerados no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

As expressões na cor rosa da figura 16 mostram inconsistências no uso da

sintaxe do Maple. As dificuldades de utilização do software em certos momentos da

aplicação da proposta se constituíram em elementos complicadores para os

estudantes, ao mesmo tempo em que a interatividade entre os estudantes e o

software se mostrou profícua durante as investigações das atividades.

Verificou-se que os estudantes não haviam assimilado ainda o conceito de

derivada de uma função em um ponto, fato este que trouxe dificuldades para

analisar o comportamento da função por meio do campo de direções.

Observou-se que os estudantes sentiam necessidade de determinar

algebricamente as soluções das equações diferenciais, caracterizando assim uma

preferência do aspecto algébrico ao geométrico.

O software Maple permitiu aos estudantes resolverem analiticamente

equações diferenciais, determinar analiticamente e graficamente soluções de

problemas de valor inicial, construir campos de direções, construir gráficos em 2D,

aproximar valores, analisar o crescimento/decrescimento de uma função, visualizar e

interpretar gráficos.

5.2.2 Problema 2

Refere-se a um problema que envolve a lei de resfriamento/aquecimento de

Newton, que apresenta o seguinte enunciado:

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134

A velocidade de resfriamento/aquecimento de um corpo é proporcional à diferença

entre a temperatura do corpo e a temperatura do meio que o rodeia, denominada

temperatura ambiente. Supondo que um termômetro é removido de uma sala em

que a temperatura é de 70ºF e colocado do lado de fora, em que a temperatura é de

10ºF. Após ½ minuto, o termômetro marcou 50ºF. Qual será a temperatura marcada

no termômetro no instante t = 1 minuto? Quanto tempo levará para o termômetro

marcar 15ºF?

Problema extraído do texto Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem de Dennis G. Zill, 2003, página 104, problema 13.

O ponto polêmico que surgiu durante a discussão que antecedeu à descrição

verbal do problema esteve relacionado com a questão da proporcionalidade, os

estudantes não traziam consigo as noções de grandezas proporcionais. A

participação do professor pesquisador descrevendo um experimento elucidou a

situação.

Na interpretação do enunciado (anexo C), no item referente à lei Física, a

dupla Gabriel e Leonardo não conseguiu identificar a variável independente do

problema, as demais duplas apresentaram corretamente as variáveis independentes

e dependentes. Metade das duplas apresentou dificuldades de diferenciação entre

parâmetro e constante. Apenas a dupla Gabriel e Leonardo apresentou a lei

matemática que rege o problema.

Metade dos estudantes apresentou corretamente as condições iniciais e de

contorno do problema e duas duplas descreveram corretamente o que se pede.

Nota-se que os estudantes apresentaram dificuldades de interpretação do

texto, fato que não os impediu de continuarem resolvendo a atividade.

Todas as duplas retornaram a resolução do modelo corretamente, porém a

dificuldade com a sintaxe ficou evidente nas filmagens de algumas duplas. As linhas

na cor rosa da figura 17 indicam erros de sintaxe cometidos pelos estudantes.

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135

Figura 17 - Fragmentos de imagens dos vídeos gerados pelo Camtasia Studio 7 mostrando erros de sintaxe cometidos pelos participantes da pesquisa.

Fonte: Dados da pesquisa.

A análise gráfica dos modelos sugere inicialmente que os estudantes

construam o campo de direções para a equação diferencial )( mTTkdt

dT. Todas as

duplas apresentaram corretamente o gráfico representativo do campo de direções,

como na figura 18:

Figura 18 - Campo de direções da equação diferencial )( mTTkdt

dTextraído da

worksheet da dupla Maick e Larissa gerado no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

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136

Quando perguntados a respeito do tipo de função que poderia se aproximar

observando o campo de direções, todas as duplas responderam exponencial, a

dupla Maick e Larissa especificou da seguinte forma: abaixo de 10)(tT logarítmica

e acima exponencial, evidenciando uma melhor observação das linhas do campo.

Quando questionados da possiblidade de definir o sinal de dtdT observando

apenas o campo de direções, todos avaliaram afirmativamente e estabeleceram os

valores de )(tT para os quais 0dt

dT, 0

dt

dT e 0

dt

dT, à exceção da dupla Caio e

Russylliano que apresentou a seguinte resposta:

Figura 19 - Estudo do sinal de dtdT baseado no campo de direções da equação

)( mTTkdtdT , extraído da worksheet da dupla Caio e Russylliano gerado no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Não associando os sinais da derivada aos valores de )(tT , evidenciando uma má

compreensão da pergunta, acarretando erros na interpretação.

Todos os estudantes mostraram compreender o que é uma solução de

equilíbrio estabelecendo aproximações para a solução.

Na sequência, foi solicitado aos estudantes que construíssem o gráfico de

dtdT por T . Todas as duplas apresentaram corretamente o gráfico. Ao

compararem os sinais de dtdT observando o campo de direções com o gráfico de

dtdT por T , metade da turma não conseguiu fazer a associação, mostrando

dificuldades de correlação na interpretação dos gráficos.

Todas as duplas construíram corretamente o gráfico de dtdT por t e

analisando o gráfico, responderam corretamente que dtdT tende a zero quando t

cresce indefinidamente. Construíram corretamente o gráfico de dtdT por t e

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137

analisando o gráfico, responderam corretamente que dtdT tende a zero quando t

cresce indefinidamente.

Ao calcularem corretamente as tangentes dtdT para 2t , 6t e 10t

todas as duplas puderam confirmar estes resultados comparando com o gráfico de

dtdT por t .

A seguir, todas as duplas construíram corretamente o gráfico )(tT por t e ao

analisarem o gráfico, associaram corretamente a ideia de que o termômetro resfria

mais rapidamente no primeiro minuto.

Ao serem solicitados que resolvessem graficamente o PVI para 70)0(T e

depois para 50)2/1(T , três duplas resolveram graficamente o PVI, mostrando

resultados separados para cada uma das condições, duas duplas apresentaram

resultados onde traçaram as duas curvas integrais no mesmo gráfico, as cinco

duplas perceberam que as condições dadas representam a mesma solução. A dupla

Caio e Russyllianno apresentou soluções analíticas e, ao comparar as soluções, não

conseguiu estabelecer parâmetro para análise.

A última etapa da análise gráfica consistiu de cinco atividades de simulação

onde os estudantes desenvolveram os exercícios sem as orientações de ajuda, uma

vez que em simulações os estudantes podem estimar valores diferentes.

Todas as duplas simularam uma condição inicial e outra de contorno para

uma temperatura (T ) negativa para análise de aquecimento e construíram

corretamente o gráfico de )(tT por t , à exceção da dupla Caio e Russyllianno que

apresentou a solução de um PVI onde a temperatura está decrescendo,

demonstrando uma incoerência com o que foi solicitado. Ao serem instigados a

observar a variação de T e de dtdT para t crescente, a dupla Maick e Larissa

construiu o campo de direções da equação diferencial obtida por meio das

condições dadas e comparando os gráficos não conseguiu relacionar T e dtdT para

t crescente, a dupla Kalielly e Tatielly construiu corretamente o gráfico de dtdT e

analisou corretamente o gráfico, porém não comparou ao gráfico de )(tT por t , a

dupla Caio e Russyllianno não apresentou análise, a dupla Daniel e Leonardo

analisando o gráfico )(tT por t chegou à seguinte conclusão: “ A temperatura “T”

está aumentando e a velocidade de aquecimento “dT/dt” está diminuindo para t

crescente ” mostrando uma compreensão geométrica do conceito de derivada, as

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138

demais duplas apresentaram análises parciais envolvendo apenas o gráfico de )(tT

por t dissociado do gráfico de dtdT .

A segunda simulação, idêntica à primeira, solicitou aos estudantes uma

condição inicial e uma de contorno para a temperatura ( T ) entre 0 e 10 graus para

análise de aquecimento. As respostas dos estudantes foram análogas à da primeira

simulação, com exceção das duplas Maick-Larissa, Camila-Leidiane e Gabriel-

Leonardo que não apresentaram análise da variação de T e dtdT para t crescente.

Procurou-se com essas atividades de simulação colocar o estudante diante

do computador como um manipulador de situações reais, ao alterar as condições

iniciais e de contorno o estudante observa de imediato os resultados. A dinâmica do

software pode auxiliar o estudante a interpretar gráficos e percorrer o caminho do

abstrato ao concreto com rapidez.

Durante a resolução deste problema os estudantes continuaram apresentado

muitos erros de sintaxe, a todo momento recorriam ao texto base do minicurso, ao

site do fabricante e a programas de tradução da internet na tentativa de

solucionarem suas dúvidas. Tal fato contribuiu para que o período de dois encontros

de 1h30min previsto para a realização da atividade fosse estendido para mais um

encontro. A figura 20 mostra o momento em que a dupla Gabriel e Leonardo

acessava o site do fabricante para tentar corrigir um erro na sintaxe.

Figura 20 - Imagem extraída da resolução do problema 2 da dupla Gabriel e

Leonardo no momento em que tentavam corrigir o erro de sintaxe acessando o site do fabricante do software Maple, gerada no Camtasia Studio 7.

Fonte: Dados da pesquisa.

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139

Os estudantes acertaram em média 75,48% do total de 31 itens que compõe

este problema. A média de acertos foi de 23,4 com um desvio padrão aproximado de

3,007. Uma das duplas apresentou 18 acertos elevando o desvio padrão. Os itens

que mais apresentaram erros foram os relacionados com as simulações,

possivelmente pelo fato dos estudantes não contarem com as fichas de ajuda.

Notou-se que durante a resolução deste problema, os estudantes não

mostravam preocupações em resolver analiticamente as EDs com as mídias lápis e

papel, trabalhavam totalmente integrados com o software.

5.2.3 Problema 3

Trata-se de um problema (anexo D) de eletricidade envolvendo um circuito

elétrico em série RL básico que contem uma fonte de energia com uma voltagem de

V24 , um resistor com uma resistência constante de 6 e um indutor com uma

indutância constante de H3 . Dada a condição Ai 15)0( , é solicitado ao estudante

que determine )(ti .

Este problema não trouxe nenhum ponto polêmico de interpretação, após

alguns minutos de conversa entre os participantes, a dupla Caio e Russyllianno fez a

descrição verbal do problema.

A dupla Caio e Russyllianno não apresentou respostas relativas ao modelo

matemático, à condição inicial e a descrição do que se pede no problema. A dupla

Marcílio e José Roberto não apresentou a lei matemática que se aplica ao problema,

as demais duplas acertaram todos os itens relativos à interpretação do enunciado.

A resolução do modelo solicita ao estudante que resolva a equação

diferencial )(tEiRdt

diL , o PVI )(tEiR

dt

diL para a condição Ai 15)0( e

compare as soluções para prever o valor da constante da solução geral da equação

diferencial. Todos os estudantes resolveram corretamente o que foi solicitado, a

dupla Marcílio e José Roberto não fez a comparação final. A figura 21 mostra a

resolução do modelo pela dupla Tatielly e Kalielly:

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140

Figura 21 - Resolução do modelo do problema 3 extraído da worksheet da dupla Tatielly e Kalielly gerada no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Iniciando a análise gráfica do modelo, todas as duplas construíram

corretamente o campo de direções da ED )(tEiRdt

diL e ponderaram da

necessidade de uma condição inicial ou de contorno para esboçar soluções da

equação. Duas duplas responderam que a função exponencial é a que mais se

aproxima do padrão de fluxo do campo de direções, evidenciando uma análise

parcial. As demais duplas identificaram as funções exponencial e logarítmica.

Todas as duplas concordaram com a possibilidade de determinar o sinal de

dtdi observando o campo de direções e indicaram corretamente os valores de i

para os quais 0dt

di, 0

dt

di e 0

dt

di.

As duplas foram unânimes em afirmar que Ati 4)( representa uma solução

de equilíbrio da ED.

A resolução gráfica do PVI )(tEiRdt

diL para a condição Ai 15)0( , a

construção do gráfico dt

di por i e a confirmação dos sinais de

dt

di por meio do gráfico

dt

di por i foram retornados corretamente por todas as duplas. A figura 22(a) mostra a

resolução gráfica do PVI e a figura 22(b) a construção do gráfico dtdi por i pela

dupla Leonardo e Gabriel:

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141

Figura 22 - Resolução gráfica do PVI )(tEiRdtdiL para a condição

Ai 15)0( , e construção do gráfico dtdi por i extraídos da worksheet da dupla

Leonardo e Gabriel geradas no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Quando indagados do porque da reta dtdi interceptar o eixo i no valor 4,

cinco duplas associaram corretamente o valor 4)(ti à solução de equilíbrio da ED

ressaltando a condição 0dtdi .

Na sequência, foi solicitado aos estudantes que construíssem o gráfico de

)(ti por t e que analisassem o comportamento da intensidade da corrente, para t

suficientemente grande. Metade das duplas apresentou o gráfico semelhante ao da

figura 23.

Figura 23 - Gráfico da função teti 2114)( extraído da worksheet da dupla

José Roberto e Marcílio gerado no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

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142

Para algumas funções, o Maple retorna o gráfico apenas no intervalo de

plotagem da variável independente quando não se define o intervalo do eixo das

ordenadas, fato este que induziu os estudantes a afirmarem que a intensidade da

corrente tende a zero quando o tempo é suficientemente grande. A figura 24 mostra

o gráfico plotado pela dupla Kalielly e Tatielly, com os intervalos definido para o

tempo e para a intensidade da corrente.

Figura 24 - Gráfico da função teti 2114)( extraído da worksheet da dupla

Kalielly e Tatielly gerado no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

As duplas Kalielly-Tatielly e José Roberto-Marcílio construíram corretamente o

gráfico de dt

di por t e avaliaram o comportamento da taxa da variação

dt

di no

decorrer do tempo. As demais duplas, em função de erros de manipulação algébrica,

apresentaram equações diferentes da esperada, comprometendo o gráfico e sua

análise.

Os erros de sintaxe apresentados durante a resolução do problema

diminuíram consideravelmente em relação aos problemas anteriores, o problema foi

resolvido em dois encontros de 1h30min, sendo que as duplas Kalielly-Tatielly e

José Roberto-Marcílio não utilizaram todo o tempo para a resolução do problema.

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143

A porcentagem de acerto dos itens elevou-se em relação aos problemas

anteriores, apresentado o valor aproximado de 84,1%. A média de acertos foi 18,5

para um total de 22 itens, com um desvio padrão aproximado de 2,6.

5.2.4 Problema 4

Trata-se de um problema de desintegração radioativa onde é solicitado a

meia-vida do elemento radium. Sabe-se que o radium se decompõe naturalmente

em proporção direta à quantidade presente e que leva 250 anos para decompor 10%

de certa quantidade.

A dupla Gabriel e Leonardo após uma breve conversa com os participantes

da pesquisa e professor pesquisador, descreveu verbalmente o problema mostrando

total compreensão do mesmo.

Todas as duplas identificaram corretamente as variáveis dependente e

independente do sistema. A dupla Caio e Russyllianno apresentou a única resposta

correta para identificação do parâmetro. Fica clara a dificuldade dos estudantes na

definição de parâmetro. Esta questão mostrou o maior número de erros dos

estudantes na resolução deste problema, gerado, preponderantemente pelo fato da

constante de proporcionalidade não estar explícita no enunciado do problema. Esta

mesma dupla descreveu o modelo matemático em termos de decrescimento, não

apresentando a equação matemática, as demais duplas apresentaram a ED

)()(

tmkdt

tdm como o modelo matemático que governa o problema. As duplas

identificaram o que foi solicitado no problema e apresentaram corretamente as

condições iniciais e de contorno.

A resolução do modelo sugere que os estudantes resolvam a ED

)()(

tmkdt

tdm, determine os valores dos parâmetros k e 1_C da solução geral da

ED, encontre a equação que permite calcular a massa em função do tempo e calcule

a meia-vida do radium. Todas as duplas apresentaram respostas corretas. A figura

25 mostra a resolução da dupla Maick e Larissa.

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144

Figura 25 - Resolução do modelo do problema 04 extraído da worksheet da dupla Maick e Larissa gerado no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

A dupla Maick e Larissa, diferentemente das outras, ao substituir a condição

inicial na solução geral da ED, encontrou de imediato o valor de 1_C , em seguida

substituiu este valor com a condição de contorno novamente na solução geral da ED

e calculou o valor de k . As demais duplas montaram as duas equações com as

condições iniciais e de contorno e resolveram o sistema.

A resolução deste modelo mostrou que os estudantes aprenderam os

comados do Maple para resolver uma ED, um sistema de duas equações, uma

equação a uma variável e mostraram habilidades com manipulações algébricas no

software.

A análise gráfica do modelo propõe inicialmente a construção do campo de

direções da ED )()(

tmkdt

tdm e questiona se a massa tende a zero quando o

tempo tende ao infinito. Todas as duplas construíram corretamente o campo de

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145

direções e concordaram com o questionamento. A figura 26 mostra a construção do

campo de direções da ED )()(

tmkdt

tdm realizada pela dupla Kalielly e Tatielly.

Figura 26 - Construção do campo de direções da Equação Diferencial

)()(

tmkdt

tdm extraído da worksheet da dupla Kalielly e Tatielly gerado no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Todos os estudantes afirmaram que a curva que mais se aproxima do campo

de direções é a exponencial e estabeleceram corretamente, observando o campo de

direções, os sinais da dt

dm e relação a m , mostrando habilidades de visualização e

interpretação gráfica.

A seguir foi solicitado a construção do gráfico dt

dm por m e que fosse

comparado os sinais de dt

dm obtidos observando o campo de direções com o gráfico

de dt

dm por m . Todas as duplas construíram corretamente o gráfico e por meio do

confronto dos resultados, validaram suas respostas quando comparam os sinais de

dt

dm obtidos observando o campo de direções com o gráfico de

dt

dm por m .

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146

Ao serem questionados da possibilidade de obter uma valor aproximado de m

que represente soluções de equilíbrio da equação diferencial observando o campo

de direções, todos os estudantes associaram o valor de 0)(tm , onde 0dt

dm para

a solução de equilíbrio da ED.

Na sequência, foram solicitados a construção do gráfico tdt

dm e a análise do

comportamento da taxa de variação da massa com o passar do tempo. Todas as

duplas construíram corretamente o gráfico e metade das duplas associaram à ideia

de que dt

dm é negativa, está decrescendo em módulo e tende a zero. Metade dos

estudantes não conseguiu interpretar o gráfico, fato este que leva a crer que os

estudantes ainda apresentam dificuldades de interpretação gráfica. A figura 27

mostra a construção do gráfico tdt

dm realizado pela dupla José Roberto e Marcílio.

Figura 27 - Construção do gráfico de tdt

dm extraído da worksheet da dupla

José Roberto e Marcílio gerado no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Quando questionados em relação ao período em que a taxa dt

dm apresenta

maior variação, as respostas apresentaram vários intervalos de tempo próximos de

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147

zero, à exceção da dupla Caio e Russyllianno que apresentou o intervalo de 1000 a

10 000 anos, evidenciando uma má leitura do gráfico.

A seguir, foi solicitado a construção do gráfico )(tm por t , a análise do

comportamento da massa quando o tempo for suficientemente grande, o sinal de

dt

dm e a verificação da coerência do valor de m para 0t no gráfico de )(tm por t

em relação ao enunciado do problema. Todas as duplas construíram corretamente o

gráfico, verificaram que a massa tende a zero quando o tempo é suficientemente

grande, afirmaram que dt

dm é negativa e constataram por meio do confronto, gráfico

X enunciado, que quando %)100(10 mt .

Finalmente, é sugerido a resolução gráfica do Problema de Valor Inicial

(PVC):

mkdt

dm

%)90(9.0250

%)100(10

mt

mt e a verificação da coerência da solução gráfica

do PVC com o gráfico )(tm por t . Todas as duplas resolveram graficamente o PVC

e verificaram que a curva integral obtida no gráfico do PVC é idêntica com a curva

obtida no gráfico )(tm por t . A figura 28 mostra a resolução gráfica do PVC pela

dupla Gabriel e Leonardo.

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148

Figura 28 - Resolução gráfica do PVC: mkdt

dm para

%)90(9.0250

%)100(10

mt

mtextraído da worksheet da dupla Gabriel e Leonardo

gerado no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Verificou-se que erros de sintaxe continuaram sendo cometidos pelas duplas

ao desenvolverem as atividades, a figura 29 mostra alguns erros cometidos:

Figura 29 - Imagem extraída dos vídeos geradas no Camtasia Studio 7 mostrando erros de sintaxe cometidos pelos estudantes.

Fonte: Dados da pesquisa.

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149

As linhas que começam com a palavra em inglês “Error” na cor rosa da figura

29 indicam erros de sintaxe. O primeiro erro está relacionado à resolução de um

sistema onde a dupla esqueceu-se de colocar as variáveis a serem determinadas

entre chaves. O segundo mostra que a dupla esqueceu-se de definir o intervalo das

ordenadas ao traçar o campo de direções. O terceiro erro mostra que a dupla ao

construir o gráfico de tdtdm não especificou a função )(tm e o intervalo

0..100)(tm está incoerente para a variação da massa e o quarto erro mostra que

a dupla ao resolver o PVC esqueceu-se de colocar as condições iniciais e de

contorno entre colchetes separados.

Apesar de os estudantes apresentarem muitos erros de sintaxe, tais erros não

afetaram a resolução do problema. Notou-se por meio dos vídeos que os erros

exigiram dos estudantes um tempo maior para a resolução do problema. Verificou-se

que os estudantes ao depararem com um erro de sintaxe tentam executar a ação

lançando mão de vários recursos: por tentativas, pesquisa em outros exercícios com

comandos semelhantes, pesquisa na própria internet e pesquisa no texto que serviu

de base para aplicação do minicurso sobre o software.

A média de acertos dos itens para este problema foi relativamente alta, 25,3

acertos para o total de 27 itens, com um desvio padrão de 0,447. A porcentagem de

acertos da turma é de 93,7%. Os poucos erros cometidos foram de interpretação do

enunciado e de análise gráfica.

A metade dos estudantes resolveu o problema em um encontro de 1h30min,

mostrando assim, uma maior familiarização com o software e uma melhora da

compreensão e interpretação do texto, as demais duplas concluíram a atividade no

segundo encontro.

5.2.5 Problema 5

Sistema Massa-Mola: Movimento livre não amortecido é o assunto do

problema 5 (apêndice F). É solicitado ao estudante que determine a função )(tx que

descreve o movimento livre, sabendo que uma massa de 2 kg distende uma mola

em 9,8 cm. No instante 0t , a massa é solta de um ponto a 8 cm abaixo da posição

de equilíbrio com uma velocidade direcionada para cima de 25 cm/s. Adota-se que o

sentido do movimento para baixo seja positivo e que o movimento se dê em uma

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150

reta vertical que passa pelo centro de gravidade da massa. Considera-se ainda que

a variável x representa o deslocamento da massa em relação à posição de

equilíbrio. A figura 30 mostra a mola comprimida, em posição de equilíbrio e

distendida:

Figura 30 - Posições da mola no movimento livre não amortecido.

Fonte: Adaptado de Zill, 2003, p. 216.

A questão polêmica que emergiu durante a discussão do problema esteve

relacionada com a ação da gravidade. O aluno Maick encontrou dificuldades para

estabelecer em que momentos ocorre a ação da gravidade. Perguntava ele: “por que

que quando a massa pesando 2 kg distende uma mola em 9,8 cm está sob a ação

da gravidade se o movimento é livre não amortecido?” Maick não havia percebido

que esta condição é alheia ao movimento da mola em si.

A identificação das variáveis do problema foi realizada por todas as duplas, à

exceção da dupla Leonardo e Gabriel que apresentou dificuldades de identificação

do parâmetro, indicando a massa como parâmetro. As duplas Kalielly-Tatielly e Caio-

Russyllianno apresentaram as leis que combinadas, obtém-se a Equação Diferencial

do Movimento Livre Não Amortecido, mas não apresentaram a Equação em si, as

demais duplas apresentaram corretamente a Equação que governa o movimento.

Todos os estudantes identificaram as condições iniciais e descreveram corretamente

o que se pede no problema.

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151

A resolução do modelo solicita que os estudantes determinem o valor da

constante k , resolvam a equação diferencial 0222 xdtxd , onde mk2 e

determinem a função )(tx . Todas as duplas, utilizando a segunda lei de Newton e a

lei de Hooke determinaram o valor da constante k . Resolveram a equação

diferencial e determinaram a expressão )(tx que permite calcular a posição da mola

para um instante qualquer. A dupla Caio e Russyllianno apresentou uma resolução

(figura 31) detalhada para obtenção de )(tx substituindo separadamente as

condições iniciais na equação diferencial e determinando as constantes, o que

poderia ser calculado substituindo as condições de uma única vez na Equação

Diferencial.

Figura 31 - Cálculo da função )(tx que determina a posição em função do

tempo no movimento livre da mola extraído da worksheet da dupla Caio e Russyllianno gerado no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Iniciando a análise gráfica do modelo, todas as turmas plotaram corretamente

o gráfico da função )10cos(25

2)10sin(

40

1)( tttx , determinaram o valor máximo

de estiramento e compressão da mola, calcularam o período de oscilação da mola e

confrontaram o resultado com o gráfico )(tx verificando a coerência do valor

calculado.

Quando solicitados a mostrarem no gráfico de )(tx onde a mola está abaixo e

acima da posição de equilíbrio, a dupla Leonardo e Gabriel não conseguiu visualizar

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corretamente a posição da mola, as demais duplas identificaram corretamente a

posição da mola no decorrer do tempo. A dupla Maick e Larissa encontrou um modo

sugestivo de apresentar graficamente a posição da mola. A figura 32(a) mostra

quando a massa está abaixo da posição de equilíbrio e a figura 32(b) mostra quando

a mola está acima:

Figura 32 - Resposta gráfica apresentando a posição da mola extraída da worksheet da dupla Maick e Larissa gerada no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao serem perguntados em que instante a massa passa pela posição de

equilíbrio, metade dos estudantes determinou corretamente o instante em que a

massa passa pela primeira vez nessa posição, porém, não conseguiram montar a

expressão geral que permite determinar qualquer instante em que a mola passa pela

posição de equilíbrio, evidenciando deficiência na aprendizagem de conceitos da

trigonometria. As demais duplas apresentaram expressões idêntica à da dupla

Leonardo e Gabriel “ Zktkarctg ,10516101 ”.

Todas as duplas foram unânimes em afirmar que a vibração da mola não

tende a zero. A dupla Maick e Larissa justificou dizendo que o gráfico é uma senóide

e a dupla José Roberto e Marcílio enfatiza que o sistema é livre da ação da

gravidade.

As duplas construíram corretamente o gráfico de )(tv , determinaram a

velocidade da massa no instante 2t s e ao confrontar este resultado com o gráfico

de )(tv verificaram a coerência.

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Quando questionados com relação ao sentido do movimento da massa no

instante 2t s, duas duplas erradamente indicaram o sentido para baixo,

evidenciando uma má interpretação do gráfico de )(tx , as duplas restantes

apontaram que o movimento é para cima e duas duplas ponderaram que o

movimento neste instante ocorre abaixo do ponto de equilíbrio.

A pergunta seguinte solicita aos estudantes que estabeleçam uma

comparação entre os gráficos de )(tx e )(tv com vistas ao sentido do movimento da

massa. Duas duplas apresentaram respostas inconsistentes, três duplas

estabeleceram relações devidas entre )(tx e )(tv , porém, não relacionado com o

sentido do movimento e a dupla Leonardo e Gabriel apresentou a plotagem (figura

33) das funções )(tx em vermelho e )(tv em verde no mesmo gráfico. A plotagem

das duas funções no mesmo gráfico permitiu à dupla estabelecer comparações que

levaram a uma resposta parcialmente correta, apresentada na parte inferior da figura

33, o que permite a este pesquisador supor que a dupla fez uma correta

interpretação de toda a situação.

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Figura 33 - Representação gráfica das funções )(tx e )(tv extraída da

worksheet da dupla Leonardo e Gabriel gerada no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

Na sequência, é solicitado aos estudantes que construam o gráfico de )(ta e

que, observando o gráfico, indique os valores onde a aceleração da massa é

máxima. Todas as duplas apresentaram corretamente o gráfico. A dupla Leonardo e

Gabriel apresentou valores inconsistentes, devido a erros de manipulação algébrica,

do tempo para a aceleração máxima da massa após tentarem determinar os valores

de t que indicassem os valores máximos e mínimos da aceleração. As demais

duplas, com expressões semelhantes, afirmaram que a aceleração da massa é

máxima nos pontos em que )(tx apresenta valor máximo ou mínimo, e não

esboçaram intenção de determinar a expressão geral que fornece o valor do tempo

para a aceleração máxima da massa.

Finalmente, é solicitado aos estudantes que determinem a aceleração da

massa no instante 3t s e verifiquem a coerência do valor com o gráfico de )(ta . A

dupla Leonardo e Gabriel substituiu o valor de 3t s na equação da derivada da

função )(ta acarretando em erro de cálculo, as demais duplas determinaram

corretamente o valor da aceleração e por meio do confronto, valor X gráfico,

verificaram a coerência do resultado.

Este problema, embora envolvesse na resolução do modelo uma Equação

Diferencial Ordinária Linear de Segunda Ordem não apresentou dificuldades

adicionais aos estudantes. A atividade foi desenvolvida em dois encontros de

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1h30min. Os erros de sintaxe, como era de se esperar, continuaram presentes

durante a resolução do problema, porém foram todos corrigidos de uma forma

intuitiva, orientada pelo próprio software. Os erros mais cometidos pelas duplas

durante a resolução do problema estão relacionados com a interpretação do texto e

com a interpretação gráfica.

Para o total de 26 itens desenvolvidos no problema, a turma apresentou a

média de acertos aproximadamente igual a 22,6, correspondendo a 87% de acertos

com um desvio padrão aproximado de 1,65, o que demonstra que o número de

acertos das duplas estão próximos da média.

5.3 Aprofundamento da Análise Buscando Diálogo com o Referencial Teórico

Após a descrição analítica da resolução de cada um dos problemas, realizada

na seção anterior, apresenta-se agora uma análise mais aprofundada buscando

dialogar com o referencial teórico adotado.

Para elaborar e executar a proposta presente, nesta dissertação, focada na

resolução de problemas e no uso de recursos computacionais, empregou-se a

prática pedagógica baseada na teoria sócio interacionista de Vygotsky (1978). O

debate realizado pelo pesquisador e participantes no início da resolução de cada

problema e o trabalho desenvolvido em duplas pelos estudantes, negociando

significados, em um ambiente informatizado, favoreceu a interação entre

estudante/estudante, estudante/pesquisador e estudante/computador

compartilhando a ideia de Vygotsky (1978) de que a aprendizagem eficaz ocorre por

meio da interação entre sujeito, o objeto e outros sujeitos.

Durante a resolução do primeiro problema, possivelmente pelo fato dos

estudantes estarem acostumados com uma metodologia de ensino e aprendizagem

das EDs com a sua resolução, os estudantes procuravam calcular algebricamente

as soluções das EDs, como aconteceu com o aluno Gabriel que apresentou o

cálculo analítico da resolução do modelo em que utilizou as mídias lápis e papel

(figura 12). A partir da resolução do segundo problema essa preocupação deixou de

ser uma constante para os estudantes que já apresentavam familiaridade com a

aplicação da proposta. A construção das atividades propostas neste trabalho levou

em conta a visão de Rasmussen (2001) citado por Dullius (2009) de que o foco do

ensino de EDs não deve ser as soluções analíticas. Com o advento das TICs, os

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métodos numéricos retornam soluções confiáveis, uma vez que os métodos e

técnicas de resolução de EDs são limitados e não encontram soluções para todos os

tipos de EDs. A metodologia empregada nesta pesquisa, onde os estudantes

dispunham como recursos para desenvolverem as atividades, o computador e o

software Maple, contribuíram para que as atividades fossem realizadas com foco na

compreensão e interpretação gráfica, seguindo as abordagens da aprendizagem por

Resolução de Problemas e Descoberta Guiada.

Os problemas apresentados nesta proposta procuraram incorporar as quatro

etapas de resolução sugeridas por Polya (2006): (1) compreensão do problema; (2)

construção de uma estratégia de resolução; (3) execução de uma estratégia

escolhida e (4) revisão da solução. Estas etapas são semelhantes às propostas por

Pozo (1988). A primeira etapa de resolução dos problemas proposta neste trabalho

conduz o estudante à interpretação do texto, onde o enunciado é esclarecido, as

variáveis, as constantes, os parâmetros e o modelo matemático são identificados, as

condições iniciais e de contorno e o que se pede são elucidados. Esta etapa está

associada à compreensão do problema e da tarefa. Em função da mídia utilizada

para a resolução dos problemas, o computador e o software Maple, o estudante, foi

orientado pelo professor a investigar e construir seus próprios conhecimentos,

caracterizando assim a abordagem da Descoberta Guiada. A estratégia de

resolução é construída pelo professor que orienta o estudante em sua execução.

Segundo Paul Ernest (1996) no método da Descoberta Guiada o professor formula o

problema e conduz o aluno para a solução. Na terceira etapa da resolução dos

problemas que trata da análise gráfica dos modelos, a todo momento, os estudantes

são conduzidos a analisar se alcançaram ou não as metas, sendo evidente o

confronto de resultados por meio das abordagens geométrica e analítica, como o

que foi proposto no problema 01, item f onde foi sugerido aos estudantes que

observassem o comportamento do campo de direções da equação gdt

dv e

verificassem a coerência com a solução analítica do problema de valor inicial para a

equação diferencial gdt

dv com as condições iniciais smvt o /80 obtida no

item a da resolução do modelo.

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Ao confrontar soluções analíticas com soluções geométricas o estudante está

fazendo um retrospecto da resolução, consolidando seus conhecimentos, validando

respostas e conjecturas, aperfeiçoando a capacidade de abstração.

O processo de visualização, facilitado pelo traçado e interpretação gráfica, se

mostrou profícuo na análise qualitativa das Equações Diferenciais no ambiente

informatizado. Proporcionou aos estudantes criar imagens mentais, visualizar

gráficos, interpretar gráficos, estabelecer proposições e conjecturas, validar

resultados, relacionar variáveis e funções, construir conceitos, dentre outras

possibilidades. O processo de visualização por meio do computador contribuiu para

o estudante perceber o despercebido. Por meio da ferramenta “zoom” do software

Maple os estudantes puderam aproximar confiadamente valores. Por exemplo, no

problema 01, item bb da análise gráfica dos modelos, ao observarem o gráfico do

espaço em função do tempo, puderam determinar aproximadamente a posição

máxima que a pedra atingiu.

A visualização do campo de direções (figura 34), por exemplo, da equação

diferencial mkdt

dm do item a da análise gráfica dos modelos do problema 04,

permitiu aos estudantes; afirmar que se o tempo tende a infinito, a massa tende a

zero. Ao observar os elementos lineares, propor um tipo de função que melhor se

aproxime ao padrão de fluxo do campo; definir o sinal de dt

dm e comparar estes

sinais com o gráfico dt

dm por m e determinar um valor aproximado de m que

representa as soluções de equilíbrio da Equação Diferencial.

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Figura 34 - Campo de direções da Equação Diferencial

)(6260004214420,0 tmdtdm extraído da worksheet da dupla Maick e Larissa

gerado no Maple 14.

Fonte: Dados da pesquisa.

No problema 03 de circuito elétrico, quando os estudantes

interpretavam/analisavam a solução gráfica do Problema de Valor Inicial

determinado pela Equação Diferencial 24)(63 tidt

di para a condição Ai 15)0(

buscavam descobrir o comportamento da intensidade da corrente com o passar do

tempo, visualizavam o gráfico da função particular no caso para Ai 15)0( ,

percebiam a derivada como a variação de uma curva e identificavam as soluções de

equilíbrio, estavam exercitando as várias caracterizações da visualização.

Ao comparar, por exemplo, soluções analíticas e gráficas de um PVI, os

estudantes puderam estabelecer correspondências entre as representações visuais

e analíticas de uma mesma situação. Este processo contribuiu para a compreensão

do conteúdo de EDs.

Em concordância com Javaroni (2007), citando Arcavi (2003), verifica-se que

o processo de visualização organiza os dados em estruturas significativas e contribui

para o desenvolvimento analítico de uma solução.

Ao longo das atividades, os estudantes puderam confrontar ideias anteriores

a respeito de determinados conceitos com novos significados, contribuindo para uma

aprendizagem mais significativa. Como exemplo, cita-se o problema 4 sobre

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Desintegração Radioativa. Na análise do modelo, o item e sugere aos estudantes a

construção do gráfico da função dt

dm por m que representa uma reta no plano

cartesiano. Uma função elementar do conhecimento dos mesmos. Ao compararem o

gráfico desta reta com o sinal da derivada, obtido por meio da observação do campo

de direções da ED: mkdt

dm; os estudantes, além de validar resultados,

confrontaram ideias/conceitos anteriores (equação de uma reta) com conceitos

novos (equação diferencial, campo de direções). Ao mobilizarem estruturas mentais

(esquemas) já constituídas e confrontá-las com o novo conhecimento, os processos

de assimilação e acomodação aconteceram com mais facilidade, provocando novas

descobertas, partindo sempre de esquemas mais simples e absorvendo estruturas

mais complexas (PIAGET 1975).

Ao estabelecer estratégias de resolução de problemas, Polya (2006, p.7)

esclarece que para ter uma boa ideia, não basta uma recordação. As boas ideias

advêm de experiências passadas e conhecimentos previamente adquiridos. Em

consonância com esta ideia, Javaroni (2007, p.162) apregoa que “a aprendizagem

deve ocorrer de forma dinâmica, significativa, favorecendo o aparecimento de um

número cada vez maior de conexões”. Esta ideia ficou evidente quando o aluno

Gabriel apresentou a resolução do modelo do problema 1 (Queda Livre), com uso

das mídias lápis e papel, construída baseada nos conceitos apreendidos no ensino

médio14. Posteriormente, a dupla Gabriel e Leonardo apresentou a resolução do

modelo com recursos do Cálculo Diferencial e Integral com o auxílio do software

Maple, manifestando a ideia de que os conhecimentos prévios adquiridos pelos

estudantes, os conduzem à apreensão de novos conhecimentos.

A utilização do software Maple, como único recurso que os estudantes

dispunham para desenvolverem as atividades, apresentou de início dificuldades de

manipulação e inúmeros erros de sintaxe foram recorrentes. A partir da resolução do

segundo problema (resfriamento/aquecimento de um corpo) a interação entre

estudantes e software melhorou significativamente, a tendência à abordagem

algébrica foi se esvaindo em decorrência do software resolver analiticamente as

14

Possivelmente, se o problema levasse em consideração a resistência do ar, o estudante Gabriel

não teria os conhecimentos prévios necessários para a resolução do modelo.

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equações diferenciais e os estudantes apresentaram maior fluidez do

desenvolvimento das atividades.

O software Maple apresenta em suas bibliotecas as ferramentas necessárias

para a resolução de todos os problemas sugeridos nesta proposta, permitiu aos

estudantes resolverem analiticamente equações diferenciais, determinar

analiticamente e graficamente soluções de problemas de valor inicial, construir

campos de direções, construir gráficos em 2D, aproximar valores, analisar o

crescimento/decrescimento de uma função, visualizar e interpretar gráficos, dentre

outros procedimentos, mostrando-se apropriado para este fim.

Os estudantes, ao interpretarem graficamente os modelos, compararam o

campo de direções das equações diferenciais dos vários modelos decorrentes dos

problemas propostos com as soluções gerais e particulares retornadas diretamente

pelo software, puderam perceber características gerais e particulares das EDs,

mostraram compreensão de campo de direções e estabeleceram relações entre

soluções analíticas de uma EDO com o seu campo de direções, fator este que se

constitui no grande obstáculo da abordagem geométrica.

O fato de receberem impresso as atividades com um roteiro de resolução, o

que caracteriza a abordagem da Descoberta Guiada, com questões direcionadas,

não impediu que a dupla Maick e Larissa, utilizando de conhecimentos prévios de

Mecânica e Cálculo Diferencial e Integral, por meio de manipulação de comandos do

Maple não apresentados, desenvolvesse uma estratégia diferente para a resolução

dos PVIs do problema 1 (figura 10).

A metodologia descrita nesta dissertação, adotada para a resolução das

atividades, influenciou diretamente a produção matemática dos estudantes. Apesar

de deficiências de interpretação de texto e de gráficos, bem como da falta de

conhecimentos prévios necessários para a compreensão de EDs, o número de

acertos em todas as atividades apresentou um percentual relativamente alto, acima

de 84%, outorgando credibilidade para a metodologia empregada no

desenvolvimento da proposta.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para autores como Javaroni (2007) e Dullius (2009), a metodologia

predominante aplicada ao ensino de Equações Diferenciais potencializa o enfoque

algébrico, o ensino ocorre de forma mecânica, os estudantes são levados a

resolverem listas de exercícios e não conseguem interpretar os resultados. A ênfase

é dada aos métodos e técnicas de resolução analítica, o que não é suficiente para

uma compreensão dos estudantes sobre Equações Diferenciais.

Instigados pela Conferência de Tulane (1986), cujo foco foi revisar o conteúdo

e a didática do Cálculo, que apresentou como recomendação fundamental a

compreensão conceitual, autores de livros textos de Cálculo e Equações

Diferenciais, como J. STEWART, W. E. BOYCE, R. C. DIPRIMA e D. G. ZILL

passaram a incorporar em seus livros os métodos geométricos cujo objetivo principal

consiste em compreender qualitativamente o comportamento de soluções de um

ponto de vista geométrico. Nos livros analisados destes autores, estão inseridos

problemas que requerem recursos tecnológicos como calculadoras e softwares

gráficos. Os autores reconhecem o computador como uma ferramenta

extremamente útil ao estudo das EDs e, as apresentações gráficas se mostram mais

claras para a compreensão e interpretação das soluções das mesmas.

A metodologia de ensino empregada na proposta descrita nesta dissertação,

fundamentada nas abordagens por Resolução de Problemas e Descoberta Guiada

visando a resolução de problemas, mostrou resultados positivos. Os estudantes

foram capazes de atribuir significados a partir da interpretação de textos,

resolução de modelos matemáticos e da análise gráfica de diferentes modelos.

A metodologia se constituiu em uma forma de trabalho que contribuiu para a

construção de conhecimentos relacionados às Equações Diferenciais Ordinárias

Lineares de 1ª e 2ª ordem de forma efetiva pelos estudantes.

Verificou-se que a abordagem por Resolução de Problemas exige mais tempo

dos estudantes para adaptarem à metodologia e dos professores para prepararem

suas aulas. A preocupação com mudanças da prática pedagógica traz uma melhor

performance dos professores.

Os estudantes encontraram dificuldades por não estarem acostumados com

uma proposta que exige atitude ativa, que gera trabalho contínuo durante todas as

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atividades. O trabalho com o software Maple exigiu dos mesmos, habilidades que

nunca haviam sido exploradas em outras disciplinas da área de exatas.

Constatou-se que no início da aplicação da proposta, os estudantes

associavam Equações Diferenciais Ordinárias a um processo puramente algébrico

onde buscavam uma solução. Com o desenrolar das atividades as atenções dos

estudantes se voltaram para a conceituação, procurando dar sentido para as

soluções.

Observou-se que os estudantes inicialmente se entusiasmaram com as

respostas retornadas pelo software Maple. A cada cálculo executado, gráfico

construído, conjectura confirmada, a capacidade e a compreensão dos estudantes

iam sendo demonstradas. Este contexto trouxe a crença de que eles são capazes de

fazer matemática, aumentando a confiança e a autoestima dos mesmos. Este

ambiente possibilitou aos mesmos se colocarem na posição de pesquisadores,

buscando novos conceitos. Ao simular situações reais, definindo condições iniciais e

de contorno para temperaturas positivas e negativas, por exemplo, no problema de

resfriamento/aquecimento de um corpo, puderam estabelecer conjecturas, confirmar

hipóteses, analisar curvas e avaliar valores.

De acordo com os estudantes, as principais dificuldades encontradas durante

a aplicação da proposta, em ordem decrescente de dificuldade, foram as seguintes:

a) Interpretação do texto;

b) Determinação das variáveis;

c) Utilização e familiarização com o software Maple.

Verifica-se também que, além das dificuldades já apresentadas, a falta de

conhecimentos prévios em trigonometria, a utilização do conceito de derivada de

uma função em um ponto e interpretação de gráficos se constituiu em entraves

enfrentados.

Na opinião dos estudantes, as atividades desenvolvidas contribuíram muito

para uma aprendizagem mais efetiva de equações diferenciais ordinárias lineares de

1ª e 2ª ordem, à exceção de Larissa que apontou pouca contribuição, justificando da

seguinte forma:

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[...] Acredito que as atividades permitiram a melhora na interpretação de problemas, e gráficos. Com o uso do Maple pude entender melhor o significado de campo de direções, a diferença entre campo de direções e solução particular. Porem, se tratando de EDO em si, não percebi grande evolução. Acredito que para o desenvolvimento das atividades propostas era essencial o conhecimento, ao menos teórico, de EDO. (grifo nosso).

Percebe-se que Larissa, ao trazer concepções do rigor matemático de

experiências anteriores, não consegue perceber que a observação e interpretação

de gráficos, via computador, são processos legítimos de resolução de problemas.

Possivelmente, para Larissa, resolver um problema, envolve atividades que seria

necessário calcular, desenvolver e registrar algebricamente um raciocínio

expressando uma resposta exata. Afirma ainda que as atividades permitiram a

melhora na interpretação de problemas e gráficos. Com o Maple, pode entender

melhor o significado de campo de direções e a diferença entre campo de direções e

solução particular. Presume-se que Larissa acredita que a representação simbólica

de uma função é sempre mais importante que a gráfica.

Os estudantes mostraram satisfação com as atividades propostas,

possivelmente por trabalharem com aplicações reais de Equações Diferenciais

Ordinárias mediadas pelo software Maple, como deixa transparecer o estudante

Russyllianno:

Particularmente, me despertou o interesse pela matéria, visto que, com o software e através dos gráficos verificamos a importância e a realidade das EDO no âmbito científico.

Caracterizaram as atividades desenvolvidas no decorrer da aplicação da proposta,

como atividades que promovem o pensamento lógico matemático, contribuem para

uma melhor compreensão dos fenômenos físicos abordados e promovem a

construção do conhecimento.

Ao propor uma forma diferente de trabalhar o ensino de Equações

Diferenciais Ordinárias Lineares de 1ª e 2ª ordem, sem as mídias lápis e papel, com

utilização de um software matemático para auxiliar na realização das atividades, era

de se esperar que os estudantes resistissem à metodologia e apresentassem

dificuldades de adaptação. Verificou-se inicialmente que a adaptação e o

desenvolvimento das atividades foram lentas, apesar de terem participado do

minicurso onde foram apresentados os comandos básicos do Maple, apresentaram

dificuldades com a sintaxe das funções. A partir da resolução do segundo problema,

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se mostraram mais desembaraçados nas atividades e integrados com o software, os

erros de sintaxe foram diminuindo, e de forma intuitiva, com alertas de erro geradas

pelo próprio software, procediam às correções. Maick e Tatielly colocaram

verbalmente, durante a resolução do segundo problema, que se estivessem

utilizando o software desde o primeiro período do curso para exploração dos

conteúdos de Cálculo, não teriam tantas dificuldades de adaptação com o software e

com a metodologia.

Na opinião dos estudantes, as principais utilidades do software Maple na

resolução dos problemas foram as seguintes:

a) agiliza os procedimentos de resolução das equações e construção dos

gráficos;

b) proporciona maior confiabilidade dos resultados;

c) contribui para uma melhor interpretação e visualização dos fenômenos

físicos abordados;

d) concentra a atenção do estudante no conceito.

O uso do Maple permitiu aos estudantes resolverem analiticamente equações

diferenciais, determinar analiticamente e graficamente soluções de problemas de

valor inicial, construir campos de direções, construir gráficos em 2D, aproximar

valores, analisar o crescimento/decrescimento de uma função, visualizar e

interpretar gráficos, estabelecer proposições e conjecturas, validar resultados,

relacionar variáveis e funções, construir conceitos e transitar pelas representações

visuais e analíticas de uma mesma situação problema.

O software apresenta as ferramentas necessárias para o desenvolvimento

das atividades, mostrando-se adequado para a aplicação da proposta.

Por meio da análise dos diversos gráficos construídos durante as atividades,

os estudantes puderam perceber características gerais das situações físicas

abordadas nos problemas. Na resolução do problema envolvendo circuitos elétricos,

por exemplo, os estudantes ao analisaram o campo de direções da equação

24)(63 tidt

di, puderam responder a uma série de perguntas: Quais as

características das curvas que seguem o fluxo dos elementos lineares? Que tipo de

função pode-se aproximar da solução geral da Equação Diferencial? Qual o sinal de

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dt

dinas diversas localidades do gráfico? Qual a relação do campo de direções com a

solução geral da Equação Diferencial? É possível prever soluções particulares da

Equação Diferencial? O que acontece com a intensidade da corrente quando o

tempo é suficientemente grande? O que representa o valor de )(ti quando os

elementos lineares se posicionam paralelos ao eixo do tempo?

Ao propor uma metodologia alternativa para a resolução de problemas da

Física no contexto das Equações Diferenciais, com foco na compreensão e

interpretação de dados, empregando abordagens metodológicas da Descoberta

Guiada e Resolução de Problemas, com utilização das Tecnologias de Informação e

Comunicação é dada uma contribuição para professores da área de ciências exatas,

interessados no ensino de Equações Diferenciais, a melhorarem sua prática

pedagógica.

No decorrer desta pesquisa duas questões emergiram com possibilidades de

futuras investigações:

a) Como o conteúdo e a forma de abordagem dos livros texto de Equações

Diferenciais influenciam o professor em sua prática pedagógica?

b) Como ocorrem os processos de ensino e aprendizagem em uma proposta

mediada pelas Tecnologias de Informação e Comunicação?

Certamente esta pesquisa mudou a visão do autor desta dissertação sobre a

prática docente, a partir das concepções adquiridas no decorrer desta investigação,

as atividades desenvolvidas nesta proposta serão analisadas didaticamente e

reestruturadas com vistas a novas criações e aplicações.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

APÊNDICE A - TEXTO DE INTRODUÇÃO ÀS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS

LINEARES DE 1ª E 2ª ORDEM COM O SOFTWARE MAPLE

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS – PUC MINAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MATEMÁTICA

INTRODUÇÃO ÀS EQUAÇÕES DIFERENCIAS ORDINÁRIAS LINEARES DE 1ª E 2ª

ORDEM COM O SOFTWARE MAPLE

ANÍBAL ATAIDES BARROS FILHO

JOÃO BOSCO LAUDARES

BELO HORIZONTE

2011

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3

2. O QUE É O “MAPLE 14”? ............................................................................................... 4

2.1 Como surgiu o “Maple”? .................................................................................................. 4

2.2 Estrutura interna do Maple .............................................................................................. 4

2.3 Layaut ............................................................................................................................. 4

3. COMANDOS BÁSICOS DO MAPLE ................................................................................ 5

3.1 Operações Básicas ......................................................................................................... 5

3.2 Atribuições ...................................................................................................................... 6

3.3 Funções, Equações e Sistemas ...................................................................................... 6

3.5 Comandos Básicos do Cálculo Diferencial e Integral ...................................................... 8

4. GRÁFICOS DE FUNÇÕES EM 2D ................................................................................. 09

4.1 Formatações do gráfico ................................................................................................ 11

5. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS .................................................................. 11

5.1 Comandos para Representar Derivadas ....................................................................... 12

5.2 Comandos para Resolver uma Equação Diferencial ..................................................... 12

5.3 Resolução de um problema de valor inicial ou de contorno .......................................... 12

5.4 Construção do Campo de Direções para uma Equação Diferencial Linear de 1ª

Ordem ................................................................................................................................. 13

6. ATIVIDADES COMPLEMENTARES .............................................................................. 14

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 16

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1 Introdução

Este texto foi elaborado com o objetivo de servir como material de apoio ao Minicurso

introdução às equações diferencias ordinárias lineares de 1ª e 2ª ordem com o software

MAPLE. O Minicurso é destinado a capacitar e ambientar os acadêmicos do 3º período do

curso de Engenharia Elétrica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Estado de Goiás (IFG) Campus Jataí com o software MAPLE. Este Minicurso faz parte de

uma preparação prévia dos alunos que cursam a disciplina Equações Diferenciais para

participarem de uma pesquisa que trás uma sequência didática que visa trabalhar com

novas tecnologias e novas metodologias no ensino de equações diferenciais com foco na

resolução de problemas físicos e na interpretação gráfica dos mesmos.

Neste material serão apresentados os comandos básicos do MAPLE para

simplificação de expressões, resolução de equações, resolução de sistemas de equações,

construção do campo de direções de Equações Diferencias, resolução de problemas de

valor inicial e de contorno, construção de gráficos em duas dimensões, dentre outros, de

modo que o participante deste Minicurso adquira ferramentas que lhe seja útil no

entendimento dos conceitos e na resolução de problemas físicos envolvendo Equações

Diferenciais.

3

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2. O que é o “Maple”?

O Maple é um software comercial de uso genérico que enquadra no gênero de

Sistema de Álgebra Computacional (SAC). Um SAC permite fazer cálculos não só com

números, mas com símbolos, fórmulas, expressões, equações, matrizes, etc. O Maple

possui um grande número de recursos que permitem que seus usuários obtenham

respostas analíticas rápidas e precisas para cálculos envolvendo limites, derivadas,

integrais, equações diferenciais, sistemas de equações, série de potências, transformadas

de Laplace, transformadas de Fourier, etc.

2.1 Como surgiu o “Maple”?

O Maple começou a ser desenvolvido em 1981 pelos pesquisadores Gaston Gonnet

e Keith Geddes do Grupo de Computação Simbólica da Universidade de Waterloo no

Canadá. Desde 1988 tem sido desenvolvido e comercializado pela Maplesoft, uma

companhia canadense. A versão atual é Maple 16.00.

2.2 Estrutura interna do Maple.

A estrutura interna do Maple consiste de três componentes: Núcleo, bibliotecas e

interface.

O núcleo (kernel) é a máquina matemática que faz os cálculos, interpreta os

comandos inseridos pelo usuário e mostra os resultados. O núcleo corresponde a 10% do

programa e foi elaborado em linguagem C.

O restante do programa (90%), desenvolvido na própria linguagem do Maple,

consiste na biblioteca principal cujos comandos são carregados automaticamente na hora

que você inicia o programa e um conjunto de vários pacotes que você acessa quando vai

trabalhar com conteúdo bem específico.

A interface é a aparência do Maple, que promove a interação entre você e os

comandos do Maple.

2.3 Layout

Ao iniciarmos o Maple observamos que na tela de trabalho (worksheet) aparece o

símbolo . É o prompt do Maple. Este símbolo diz que o Maple está pronto para

executar comandos. Você também pode trabalhar no Maple com o modo texto, onde você

produz textos, hipertextos e comentários e alternar, sempre que quiser, para o modo

matemático e desenvolver cálculos.

A figura 1 mostra a captura da tela de iniciação do Maple 14.

4

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Figura 01: Tela de inicialização do Maple 14.

3. Comandos Básicos do Maple

3.1 Operações básicas

! fatorial

^ potenciação

/ divisão

* multiplicação

+ adição

- subtração

Exemplos:

a) >

b) >

Para que o comando seja executado, devemos finalizar com um ponto e vírgula(;) ou

com dois pontos(:) e depois acionar a tecla enter. Se finalizarmos com um ponto e vírgula, o

Maple executa o comando e mostra o resultado, se finalizarmos com dois pontos, ele

executa, guarda na memória, mas não exibe a resposta.

5

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Se quisermos o resultado em número decimal aproximado, executamos o comando

evalf (evaluation with floating point = avaliação num ponto flutuante ou variável):

>

Nesta operação, o Maple calculou em número decimal aproximado, o resultado da

última operação realizada (%) que era .

O comando restart permite limpar a memória do Maple em qualquer parte do

documento. Sempre que for iniciar um novo projeto, é aconselhável utilizar o comando.

O Maple entende ponto(.) como vírgula(,), quando trabalhamos com números.

3.2 Atribuições

Podemos definir o valor de uma variável ou de uma função utilizando-se o símbolo: “ := ”.

Exemplos:

a) >

b) >

c) >

d) >

3.3 Funções, Equações e Sistemas

O comando solve serve para resolver equações, inequações e sistemas diversos.

Exemplos:

Resolvendo uma equação:

a) >

>

b) >

>

Você pode também usar o comando subs para substituir o valor de uma ou mais

variáveis em uma expressão.

6

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>

Aqui o Maple substituiu o valor de x na expressão C e calculou o resultado.

Resolvendo um sistema de equações:

Exemplos:

a) Resolver o seguinte sistema

6

32

22

zyx

zyx

zyx

.

>

>

>

>

b) Resolver o seguinte sistema

051215

21515

11202101

2

ss

III

s

eIIs

s

para as variáveis I1 e I2.

>

>

>

Para simplificarmos uma expressão, usamos o comando simplify.

Exemplos:

7

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a) >

>

b) >

>

A seguir apresentamos um quadro com comandos básicos que representam

constantes, funções e operações usuais:

>

>

>

>

>

>

>

>

>

>

>

>

>

>

>

>

3.4 Comandos Básicos do Cálculo Diferencial e Integral

Para executarmos alguns comandos do Cálculo Diferencial e Integral devemos

carregar o pacote “student”. Para carregar o pacote, usamos a seguinte sintaxe:

with(student);

>

8

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Veja que finalizamos com (;) e então o Maple apresentou todas as operações realizadas

pelo pacote.

Exemplos:

a) Calcular: ))(cos(lim xx

>

Com o “L” maiúsculo, o Maple apenas apresenta o limite.

>

Agora o Maple calculou o limite. Para o cálculo de derivadas e integrais a sintaxe é

semelhante.

b) Calcular a derivada da função ))ln(cos(3)( 3 xxxf

>

c) Calcular a seguinte integral: dxex x

>

Obs.: o x que aparece após as funções, tanto na derivada quanto na integral, representa a

variável de derivação ou de integração, uma vez que o Maple entende todas as suas

derivadas como derivadas parciais.

4. Gráficos de funções em 2D

Para plotarmos o gráfico de uma função em duas dimensões usamos o comando

plot cuja sintaxe básica é a seguinte: plot(f,x,v,ops) onde f representa a função a ser

plotada, x o intervalo no eixo das abscissas, v o intervalo no eixo das ordenadas e “ops” as

opções de formatação do gráfico. Os parâmetros f e x são obrigatórios para o comando

plot.

9

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Exemplos:

a) Construir o gráfico da função )2(33)( tetf .

>

Figura 02: Gráfico da função

)2(33)( tetf gerado no Maple 14.

b) Construir em um mesmo plano cartesiano o gráfico das seguintes funções:

)4()2( )(,)25()( tt ethtsenetf e )4()( tetj .

> plot([exp(-4*t)*sin(25*t), exp(-4*t), -exp(-4*t)], t = 0 .. 1.5, legend = [i[1], i[2], i[3]],

color = [red, blue, green]);

Figura 03: Gráfico das funções

)4()2( )(,)25()( tt ethtsenetf e )4()( tetj gerado no

Maple 14.

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Utilizamos colchetes [...] para formamos uma lista ou conjunto de funções e

preservar a ordem para atribuições.

4.1 Formatações do gráfico

Ao selecionar um gráfico na área de trabalho do Maple, a ABA gráfico fica ativada.

Clicando na ABA gráfico um menu de opções de formatação é aberto. Você também pode

clicar com o botão direito do mouse no gráfico (ver figura 04) e aparecerá também o menu.

Este menu mostra várias opções de formatação gráfica que dentre elas destacamos: copiar

o gráfico com máxima precisão, escolher o estilo de gráfico, escolher o tipo de traçado do

gráfico, definir a cor do gráfico (se for mais de um, você pode identificá-los com cores

diferentes), inserir e editar legendas nos eixos coordenados, inserir e editar legendas para o

gráfico, adicionar títulos e rótulos ao gráfico, exibir linhas de grade e exportar o gráfico em

diversos formatos, dentre eles, bitmap e JPEG.

Figura 04: Menu de formatação gráfica do Maple 14.

5. Equações Diferenciais Ordinárias

Para encontrarmos soluções de equações diferenciais, plotar gráficos das soluções

destas equações, plotar campos de direções, resolver problemas de valor inicial e de

contorno analiticamente e graficamente, dentre outras funções, utilizamos o pacote DEtools.

Usamos a seguinte sintaxe:

11

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>

5.1 Comandos para Representar Derivadas

Os comandos para indicar a derivada de primeira, segunda e terceira ordem de uma

função, respectivamente, são:

>

>

>

5.2 Comandos para Resolver uma Equação Diferencial

Para definirmos uma equação diferencial, escrevemos:

>

Para resolvermos uma equação diferencial usamos o comando dsolve, com a

seguinte sintaxe: dsolve(ED), onde ED é a equação diferencial já definida.

Exemplo:

>

onde _C1 é uma constante arbitrária.

5.3 Resolução de um problema de valor inicial ou de contorno

Para resolvermos um problema de valor inicial (PVI) ou de contorno utilizamos

também o comando dsolve. Devemos definir as condições iniciais e de contorno e a

equação diferencial. A sintaxe é a seguinte: dsolve(EDO,ics,y(x),options), onde EDO é a

equação diferencial ordinária, ics as condições iniciais e de contorno, y(x) qualquer função

de uma variável que definirá a solução do problema e options que é opcional, onde por

exemplo poderíamos resolver o problema usando o método das transformadas de Laplace

ou de séries.

Exemplo:

Definindo uma equação diferencial:

>

Definindo as condições iniciais e de contorno:

>

12

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Resolvendo o PVI:

>

Você pode também resolver o PVI usando a seguinte sintaxe:

>

Obs.: para apresentarmos condições iniciais envolvendo derivadas, usamos a seguinte

notação: 0)0)(( yD para 0)0('y , 0)0)((2 yD para 0)0(''y e assim

sucessivamente.

5.4 Construção do Campo de Direções para uma Equação Diferencial Linear de 1ª Ordem

O comando utilizado para plotar o campo de direções é DEplot, a sintaxe é a

seguinte: DEplot(EQ,f(x),x,y) onde EQ representa a equação diferencial de primeira ordem

que queremos construir o campo, f(x) a função solução da equação diferencial, x o intervalo

no eixo das abscissas, y o intervalo no eixo das ordenadas.

Exemplo:

Definindo uma equação diferencial:

>

Construindo o campo de direções para a equação ED1

>

Figura 05: Campo de direções da equação 242' tyty gerado no Maple 14.

Você também pode resolver um PVI graficamente, ou até mesmo traçar várias

curvas integrais de uma equação diferencial:

13

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Exemplo:

Figura 06: Curvas integrais de 242' yyty gerado no Maple 14.

Atividades Complementares

Exercício 01. Determine a medida do ângulo em graus do 2º quadrante cuja tangente vale

2 .

Exercício 02. Simplifique a seguinte expressão:

)cos(sin2

1)(

2

1)cos()(

2

1 2 tttsentttsen .

Exercício 03. Dada a função, 232

xxy , plotar o seu gráfico e calcular as suas

raízes.

Exercício 04. Resolva o seguinte sistema de equações:

1032

153

122

zyx

zyx

zyx

.

Exercício 05. Calcule a derivada da função xxf 6cos)( .

Exercício 06. Calcule a integral da função xsenxg 6)( .

14

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Exercício 07. Resolva a equação diferencial 0dxydyx e construa o seu campo de

direções com a solução 1)2(y .

Exercício 08. Resolva tey

dt

dy 23 , 1)0(y e construa o gráfico da função solução.

Exercício 09. Resolva tetyyy 329'6'' , 2)0(y , 6)0('y e construa o gráfico da

função solução.

Exercício 10. Resolva teyyy 16'4'' , 0)0(y , 0)0('y e construa o gráfico

da função solução.

Exercício 11. Resolva )4cos(16'' txx , 0)0(x , 1)0('x e construa o gráfico da

função solução.

15

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, L. N. Introdução à computação algébrica com o MAPLE. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 2004. BOYCE, W. E.; Di PRIMA, R. C. Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno. Tradução de Valéria Magalhães. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. ZILL, D. G. Equações diferenciais com aplicações em modelagem. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. 492 p.

16

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APÊNDICE B - PROBLEMA 01.

O problema deve ser resolvido observando a sequência apresentada pelo pesquisador

(Descoberta Guiada – uma pedagogia baseada na inquirição onde o professor formula o

problema ou escolhe a situação com o objetivo em mente. Conduz o aluno para a solução

do problema e o aluno segue a orientação do professor).

PROBLEMA 01 – PROBLEMA FÍSICO DE VALOR INICIAL ENVOLVENDO QUEDA LIVRE

ENUNCIADO

Problema 01 - De um ponto situado a 120m do solo joga-se uma pedra de massa m para o

alto com uma velocidade inicial de 8m/s. Considerando-se a gravidade a única força

atuante, calcular o tempo, a velocidade e a distância total até a pedra tocar o solo (adote

g=10m/s2 a aceleração da gravidade).

Problema extraído do texto Aplicações das Equações Diferenciais (Um enfoque Metodológico) de João Bosco Laudares, 1992, página 19, problema 12.

1 – INTERPRETAÇÃO DO ENUNCIADO

VERBALIZAÇÃO

a) Como você descreve este problema? Ajuda a

MODELO MATEMÁTICO - LEI FÍSICA

Identificação das varáveis

d) Qual é a variável independente do problema? Ajuda a

e) Quais as variáveis dependentes do problema? Ajuda b

Modelos matemáticos

f) Quais as leis matemáticas que se aplicam ao problema? Ajuda c

CONDIÇÃO INICIAL OU DE CONTORNO

b) Quais as condições iniciais do problema? Ajuda a

O QUE SE PEDE

a) Expresse o que se pede Ajuda a

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2 – RESOLUÇÃO DO MODELO

Obs.: Todas as atividades solicitadas neste item devem ser desenvolvidas com o software

MAPLE.

Para a resolução deste exercício, suponha que a trajetória descrita pela pedra é a

mesma da direção do eixo coordenado y com sentido crescente para cima.

f) Resolva analiticamente o problema de valor inicial (PVI) para a equação diferencial

gdt

dv(ED1) com as condições iniciais smvt /80 0 . Ajuda a

g) Sabendo que a velocidade é a derivada da posição(x) em relação ao tempo(t), defina a

equação diferencial 0vtgdt

dx(ED2) e resolva o PVI para as condições iniciais

mxt 1200 0 . Ajuda b

h) Calcule o instante em que a pedra toca o solo. Ajuda c

i) Encontre a velocidade em que a pedra toca o solo. Ajuda d

j) Determine a distância total percorrida pela pedra até tocar o solo. Ajuda e

3 – ANÁLISE GRÁFICA DOS MODELOS

a) Construa o campo de direções para a equação diferencial gdt

dv Ajuda a

b) Por que no campo de direções da equação gdt

dv todos os elementos lineares

apresentam mesma direção e sentido? Ajuda b

c) Os elementos lineares representam inclinações tangentes a uma curva, que tipo de

curva esses elementos aproxima? Ajuda c

d) Com o uso do Maple, determine o ângulo formado por esses elementos. Ajuda d

e) Pelo campo de direções da equação gdt

dv é possível prever a forma da função

(curvas) que representa a solução geral da equação diferencial? Ajuda e

f) O comportamento que você observou no campo de direções é coerente com a solução

do item a da resolução do modelo? Ajuda f

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g) Construa o gráfico da velocidade em função do tempo. Ajuda g

h) A função velocidade é crescente ou decrescente para todo t? Ajuda h

i) Pelo fato da aceleração ser negativa, posso afirmar que a função velocidade é

decrescente? Ajuda i

j) No instante t = 0, qual é o valor da velocidade? Ajuda j

k) Verifique se sua resposta dada no item anterior observando o gráfico está coerente com

o enunciado do problema. Ajuda k

l) Observando o gráfico da velocidade em função do tempo, em que tempo dt

dxv se

anula? Ajuda l

m) Observando o gráfico da velocidade em função do tempo, estime um valor aproximado

do tempo em que a pedra atinge o solo. Ajuda m

n) Verifique se sua resposta dada no item anterior está coerente com a resolução do

modelo. Ajuda n

o) Em qual intervalo de tempo a velocidade é positiva? Ajuda o

p) Construa o gráfico da aceleração em função do tempo. Ajuda p

q) A aceleração é positiva ou negativa? Ajuda q

r) Qual o comportamento da aceleração na variação do tempo? Ajuda q

s) Dada a equação 10)(

dt

tdv e as condições smvt /80 0 , resolva graficamente

este PVI. Ajuda s

t) Que relação existe entre a solução gráfica do PVI do item anterior com o gráfico da

velocidade em função do tempo? Ajuda t

u) Dada a equação 810)(

tdt

tdx, construa o seu campo de direções. Ajuda u

v) Pelo campo de direções da equação 810)(

tdt

tdx é possível prever a forma da

função (curvas) que representa a solução geral da equação diferencial? Ajuda v

w) Dada a equação 810)(

tdt

tdx e as condições mxt 1200 0 , resolva

graficamente este PVI. Ajuda w

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x) Construa o gráfico da função 12085)( 2 tttx . Ajuda x

y) Que relação existe entre a solução gráfica do PVI do item anterior com o gráfico do

espaço em função do tempo? Ajuda y

z) De acordo com o gráfico do espaço em função do tempo, qual é a posição da pedra no

instante t=0? Ajuda z

aa) O valor encontrado no item anterior está coerente com o enunciado do problema?

Ajuda aa

bb) Observando o gráfico, qual é a posição máxima (aproximadamente) que a pedra

atinge? Ajuda bb

cc) Verificando no gráfico do espaço em função do tempo, de 0 a 0,8s, a parábola é

crescente ou decrescente? Ajuda cc

dd) Verificando no gráfico do espaço em função do tempo, de 0,8s a 5,7638s, os valores

da posição aumentam ou diminuem no decorrer do tempo? Ajuda dd

ee) Verifique por que a posição da pedra atinge um valor máximo a partir do gráfico da

aceleração. Ajuda ee

ff) Verifique, por meio da análise dos gráficos, a partir do valor máximo da posição, o sinal

da velocidade e da aceleração. Ajuda ff

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APÊNDICE C - PROBLEMA 02.

O problema deve ser resolvido observando a sequência apresentada pelo pesquisador

(Descoberta Guiada – uma pedagogia baseada na inquirição onde o professor formula o

problema ou escolhe a situação com o objetivo em mente. Conduz o aluno para a solução

do problema e o aluno segue a orientação do professor).

PROBLEMA 02 – PROBLEMA FÍSICO ENVOLVENDO TERMODINÂMICA: LEI DE RESFRIAMENTO/AQUECIMENTO DE NEWTON

ENUNCIADO

A velocidade de resfriamento/aquecimento de um corpo é proporcional à diferença entre a

temperatura do corpo e a temperatura do meio que o rodeia, denominada temperatura

ambiente. Supondo que um termômetro é removido de uma sala em que a temperatura é

de 70ºF e colocado do lado de fora, em que a temperatura é de 10ºF. Após ½ minuto, o

termômetro marcou 50ºF. Qual será a temperatura marcada no termômetro no instante t = 1

minuto? Quanto tempo levará para o termômetro marcar 15ºF?

Problema extraído do texto Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem de Dennis G. Zill, 2003, página 104, problema 13.

1 – INTERPRETAÇÃO DO ENUNCIADO

VERBALIZAÇÃO

a) Como você descreve este problema? Ajuda a

MODELO MATEMÁTICO - LEI FÍSICA

Identificação das varáveis

a) Qual a variável independente do problema? Ajuda a

b) Qual a variável dependente do problema? Ajuda b

c) Qual é o parâmetro do problema? Ajuda c

d) Qual é a constante do problema? Ajuda d

Modelo matemático

e) Qual a lei matemática que se aplica ao problema? Ajuda e

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CONDIÇÃO INICIAL OU DE CONTORNO

a) Qual a condição inicial do problema? Ajuda a

c) Qual a condição de contorno do problema? Ajuda b

O QUE SE PEDE

a) Expresse o que se pede. Ajuda a

2 – RESOLUÇÃO DO MODELO

Obs.: Todas as atividades solicitadas neste item devem ser desenvolvidas com o software

MAPLE.

a) Resolva a equação diferencial )( mTTkdt

dT. Ajuda a

b) Calcule os valores dos parâmetros k e C. Ajuda b

c) Calcule a temperatura do termômetro no instante 1t min. Dê sua resposta avaliando

em ponto flutuante. Ajuda c

d) Calcule o tempo em que o termômetro marcará 15ºF. Dê sua resposta avaliando em

ponto flutuante. Ajuda d

3 – ANÁLISE GRÁFICA DOS MODELOS

a) Construa o campo de direções para a equação diferencial )( mTTkdt

dT, utilizando os

valores calculados de k e mT . Ajuda a

b) Que tipo de função poderíamos aproximar observando o campo de direções? Ajuda b

c) É possível definir o sinal de dt

dTobservando o campo de direções? Em caso afirmativo,

estabeleça o valores de T para os quais 0dt

dT, 0

dt

dT e 0

dt

dT. Ajuda c

d) É possível prever aproximadamente as soluções de equilíbrio da equação? Ajuda d

e) Construa o gráfico de dt

dTpor T . Ajuda e

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f) Comparar os valores obtidos no item c com o gráfico dt

dT por T . Ajuda f

g) Construa o gráfico de dt

dT por t . Ajuda g

h) Quando t cresce indefinidamente, qual o valor que dt

dT tende? Ajuda h

i) Determine as tangentes dt

dT para 2t , 6t e 10t . Ajuda i

j) Verificar se os resultados obtidos no item i são abalizados pelo gráfico do item g.

Ajuda j

k) Construa o gráfico )(tT por t . Ajuda k

l) Quando você acha que o termômetro esfria mais rapidamente? Ajuda l

m) Resolva graficamente o P.V.I. para 70)0(T e depois para 50)2/1(T . Ajuda m

n) O que você observa em relação às duas soluções do item anterior? Ajuda n

Obs.: Nos próximos itens não há AJUDA porque se trata de uma simulação a ser feita pelo

estudante com dados a serem determinados pelo mesmo.

o) Simule uma condição inicial e outra de contorno para T (temperatura) negativa, para

análise de aquecimento.

p) Plote o gráfico )(tT por t para as condições dadas.

q) Observe a variação de T e de dt

dTpara t crescente.

r) Simule outra condição inicial e de contorno para T (positiva) entre 0 e 10 graus, ainda

para análise de aquecimento.

s) Plote o gráfico para a nova condição e observe a variação de T e dt

dTpara t crescente.

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APÊNDICE D - PROBLEMA 03.

O problema deve ser resolvido observando a sequência apresentada pelo pesquisador

(Descoberta Guiada – uma pedagogia baseada na inquirição onde o professor formula o

problema ou escolhe a situação com o objetivo em mente. Conduz o aluno para a solução

do problema e o aluno segue a orientação do professor).

PROBLEMA 03 – ELETRICIDADE: CIRCUITOS EM SÉRIE

ENUNCIADO

A figura a seguir representa um circuito elétrico em série RL básico que contem uma fonte

de energia com uma voltagem dependente do tempo de E(t) volts, um resistor com uma

resistência constante de R ohms e um indutor com uma indutância constante de L henrys.

Uma corrente i(t) amperes flui através do circuito onde i(t) satisfaz a equação diferencial

(Segunda Lei de Kirchhoff)

)(tEiRdt

diL

Para R = 6 Ω, L = 3 H, E(t) = 24 V e na condição i(0) = 15 A, determinar i(t).

1 – INTERPRETAÇÃO DO ENUNCIADO

VERBALIZAÇÃO

a) Como você descreve este problema? Ajuda a

IDENTIFICAÇÃO DAS VARÁVEIS

a) Qual a variável independente do problema? Ajuda a

b) Qual a variável dependente do problema? Ajuda b

c) Quais são os parâmetros do problema? Ajuda c

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MODELO MATEMÁTICO - LEI FÍSICA

a) Qual a lei matemática que se aplica ao problema? Ajuda a

CONDIÇÃO INICIAL OU DE CONTORNO

a) Qual a condição inicial do problema? Ajuda a

O QUE SE PEDE

a) Expresse o que se pede. Ajuda a

2 – RESOLUÇÃO DO MODELO

Obs.: Todas as atividades solicitadas neste item devem ser desenvolvidas com o software

MAPLE.

a) Resolva a equação diferencial )(tEiRdt

diL . Ajuda a

b) Resolva o PVI para a condição: i(0) = 15 A. Ajuda b

c) Observando as resoluções da equação diferencial e do PVI acima descritos, você pode

prever o valor da constante da solução geral da equação diferencial? Ajuda c

3 – ANÁLISE GRÁFICA DOS MODELOS

a) Construa o campo de direções para a equação diferencial )(tEiRdt

diL Ajuda a

b) Observando o campo de direções da equação )(tEiRdt

diL , podemos esboçar

soluções desta equação? O que é necessário para esboçarmos uma solução? Ajuda b

c) Que tipo de função poderíamos aproximar observando o campo de direções? Ajuda c

d) É possível definir o sinal de dt

diobservando o campo de direções? Em caso afirmativo,

estabeleça os valores de i para os quais 0dt

di, 0

dt

di e 0

dt

di. Ajuda d

e) É possível observar no campo de direções um valor aproximado de i que representa

soluções de equilíbrio da equação diferencial? Ajuda e

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f) Resolva graficamente o PVI relativo ao item b da resolução do modelo. Ajuda f

g) Construa o gráfico de dt

dipor i. Ajuda g

h) Comparar os valores obtidos no item d com o gráficodt

di por i. Ajuda h

i) Por que a reta dt

diintercepta o eixo i em 4? Ajuda i

j) Construa o gráfico de i(t) por t. Ajuda j

k) O que acontece com a intensidade da corrente quando o tempo é suficientemente

grande? Ajuda k

l) Construa o gráfico de dt

di por t. Ajuda l

m) O que acontece com a taxa de variação dt

dino decorrer do tempo? Ajuda m

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APÊNDICE E - PROBLEMA 04.

Instruções gerais para a resolução do problema.

O problema deve ser resolvido observando a sequência apresentada pelo autor (Descoberta

Guiada – uma pedagogia baseada na inquirição onde o professor formula o problema ou

escolhe a situação com o objetivo em mente. Conduz o aluno para a solução do problema e

o aluno segue a orientação do professor).

PROBLEMA 04 – QUÍMICA: FÍSICO-QUÍMICA

ENUNCIADO

Sabendo-se que o radium se decompõe naturalmente em proporção direta à quantidade

presente e que leva 250 anos para decompor 10% de certa quantidade, quantos anos

levarão para decompor a metade da quantidade inicial?

Problema extraído do texto Aplicações das Equações Diferenciais (Um enfoque Metodológico) de João Bosco Laudares, 1992, página 25, problema 15.

1 – INTERPRETAÇÃO DO ENUNCIADO

VERBALIZAÇÃO

a) Como você descreve este problema? Ajuda a

IDENTIFICAÇÃO DAS VARÁVEIS

a) Qual a variável independente do problema? Ajuda a

b) Qual a variável dependente do problema? Ajuda b

c) Qual é o parâmetro do problema? Ajuda c

MODELO MATEMÁTICO - LEI FÍSICA

a) Qual a lei matemática que se aplica ao problema? Ajuda a

CONDIÇÃO INICIAL OU DE CONTORNO

a) Qual a condição inicial do problema? Ajuda a

b) Qual a condição de contorno do problema? Ajuda b

O QUE SE PEDE

a) Expresse o que se pede. Ajuda a

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2 – RESOLUÇÃO DO MODELO

Obs.: Todas as atividades solicitadas neste item devem ser desenvolvidas com o software

MAPLE.

k) Resolva a equação diferencial mkdt

dm. Ajuda a

l) Calcule os valores dos parâmetros k e _C1. Ajuda b

m) Determinar a equação que permite calcular a massa em função do tempo. Ajuda c

n) Calcule o tempo necessário à decomposição da metade da quantidade inicial de radium,

2/1)(tm . Ajuda d

3 – ANÁLISE GRÁFICA DOS MODELOS

a) Construa o campo de direções para a equação diferencial mkdt

dm Ajuda a

b) Observando o campo de direções da equação mkdt

dm, podemos dizer que se o

tempo tende ao infinito, a massa tende a zero? Ajuda b

c) Que tipo de função poderíamos aproximar observando o campo de direções? Ajuda c

d) É possível definir o sinal de dt

dmobservando o campo de direções? Em caso afirmativo,

estabeleça o valores de m para os quais 0dt

dm, 0

dt

dme 0

dt

dm. Ajuda d

e) Construa o gráfico de dt

dm por m. Ajuda e

f) Comparar os valores obtidos no item d com o gráficodt

dm por m. Ajuda f

g) É possível observar no campo de direções um valor aproximado de m que representa

soluções de equilíbrio da equação diferencial? Ajuda g

h) Construa o gráfico de dt

dm por t. Ajuda h

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i) O que acontece com a taxa de variação da massa com o passar do tempo? Ajuda i

j) Qual o período em que a taxa dt

dm apresenta maior variação? Ajuda j

k) Construa o gráfico de m(t) por t. Ajuda k

l) O que acontece com a massa quando o tempo é suficientemente grande? Ajuda l

m) Qual o sinal de dt

dm? Ajuda m

n) Verifique se é coerente o valor de m para 0t no gráfico de m(t) por t de acordo com o

dado do problema. Ajuda n

o) Resolva graficamente o Problema de Valor de Contorno (PVC): mkdt

dm

%)90(9.0250

%)100(10

mt

mt. Ajuda o

p) Verifique se é coerente a solução gráfica do PVC com o gráfico obtido em k. Ajuda p

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APÊNDICE F - PROBLEMA 05.

Instruções gerais para a resolução do problema.

O problema deve ser resolvido observando a sequência apresentada pelo pesquisador

(Descoberta Guiada – uma pedagogia baseada na inquirição onde o professor formula o

problema ou escolhe a situação com o objetivo em mente. Conduz o aluno para a solução

do problema e o aluno segue a orientação do professor).

PROBLEMA 05 – VIBRAÇÃO DE MOLAS: MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES

ENUNCIADO

Sistema Massa-Mola

Quando a segunda lei de Newton sobre o movimento é combinada com a lei de Hooke,

podemos obter uma equação diferencial que governa o movimento de uma massa atada a uma

mola: 02

2

2

xdt

xd, onde

m

k2. A segunda lei de Newton diz que a resultante das forças

que atuam sobre um sistema em movimento é amF . A lei de Hooke ( xkF )15 diz que

a força restauradora de uma mola esticada é proporcional ao deslocamento x , figura 1.

Quando o sistema está em movimento, a variável x representa o deslocamento da massa em

relação à posição de equilíbrio. Supondo que o sentido do movimento para baixo seja positivo e

que o movimento se dê em uma reta vertical que passa pelo centro de gravidade da massa,

determine a função )(tx que descreve o movimento livre, sabendo que uma massa pesando 2

kg distende uma mola em 9,8 cm. No instante t = 0, a massa é solta de um ponto a 8 cm abaixo

da posição de equilíbrio com uma velocidade direcionada para cima de 25 cm/s.

Figura 1

Problema adaptado do texto Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem de Dennis G. Zill, 2003, página 217, exemplo 01.

15

O sinal de subtração indica que a força restauradora da mola atua em direção oposta ao movimento.

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1 – INTERPRETAÇÃO DO ENUNCIADO

VERBALIZAÇÃO

a) Como você descreve este problema? Ajuda a

IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS

a) Qual a variável independente do problema? Ajuda a

b) Qual a variável dependente do problema? Ajuda b

c) Qual é o parâmetro do problema? Ajuda c

MODELO MATEMÁTICO - LEI FÍSICA

a) Qual a lei matemática que se aplica ao problema? Ajuda a

CONDIÇÃO INICIAL OU DE CONTORNO

a) Quais as condições iniciais do problema? Ajuda a

O QUE SE PEDE

a) Expresse o que se pede. Ajuda a

2 – RESOLUÇÃO DO MODELO

Obs.: Todas as atividades solicitadas neste item devem ser desenvolvidas com o software

MAPLE.

a) Determine o valor da constante k da mola utilizando a segunda lei de Newton e a lei de

Hooke. Ajuda a

b) Resolva a equação diferencial 02

2

2

xdt

xd, onde

m

k2. Ajuda b

c) Determine a função )(tx que descreve o movimento livre. Ajuda c

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3 – ANÁLISE GRÁFICA DO MODELO

a) Construa o gráfico da equação )10cos(25

2)10sin(

40

1)( tttx . Ajuda a

b) Observando o gráfico, determine o valor máximo de estiramento da mola? Ajuda b

c) Observando o gráfico, determine o valor máximo de compressão da mola? Ajuda c

d) Determine o período de oscilação da mola. Ajuda d

e) O período encontrado no item anterior é coerente com o gráfico em a? Ajuda e

f) Indicar no gráfico de )(tx onde a massa está abaixo e acima da posição de equilíbrio.

Ajuda f

g) Em que instante a massa passa pela posição de equilíbrio? Ajuda g

h) A vibração da mola tende a se anular quando t tende a infinito? Ajuda h

i) Construa o gráfico de )(tv . Ajuda i

j) Determine a velocidade da massa no instante 2t s. Ajuda j

k) O resultado encontrado no item anterior é coerente com o gráfico )(tv . Ajuda k

l) Qual o sentido do movimento da massa no instante 2t s? Ajuda l

m) Comparando os gráficos de )(tx e )(tv em relação ao sentido do movimento da massa,

o que podemos concluir? Ajuda m

n) Construa o gráfico de )(ta . Ajuda n

o) Observando o gráfico )(ta , indique os valores onde a aceleração da massa é máxima?

Ajuda o

p) Determine a aceleração da massa no instante 3t s. Ajuda p

q) O resultado encontrado no item anterior é coerente com o gráfico )(ta . Ajuda q

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APÊNDICE G - ORIENTAÇÕES PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 1

ORIENTAÇÕES DE AJUDA PARA O ALUNO

(PROBLEMA 01)

1 – INTERPRETAÇÃO DO ENUNCIADO

VERBALIZAÇÃO

Ajuda a) dica 01: a aprendizagem ocorre com a conversação que não é apenas troca de

informações.

Ajuda a) dica 02: um diagrama simples pode ser desenhado para ajudar na verbalização.

Ajuda a) dica 03: o aluno deve verbalizar (interpretar) o problema com suas próprias

palavras.

LEI FÍSICA

Ajuda a) dica 01: no caso dos problemas de Equações Diferenciais Ordinárias teremos

sempre duas variáveis, sendo as demais grandezas os parâmetros.

Ajuda a) dica 02: variável independente: “As variáveis independentes serão aquelas que

são independentes dos procedimentos da investigação, que não dependem da

investigação, constituindo, no entanto fatores determinantes que a vão influenciar,

recorrendo o investigador à sua manipulação para observar os efeitos produzidos nas

variáveis dependentes” (Sousa, A. B., 2005).

Resposta: tempo.

Ajuda b) dica: variável dependente: “Consideram-se como variáveis dependentes aquelas

que dependem dos procedimentos da investigação, conectando-se diretamente com as

respostas que se procuram. São dados que se obtêm e que variam à medida que o

investigador modifica as condições de investigação. Uma variável dependente é aquela

que procuramos como resposta para a pergunta. Toda a investigação tem por objetivo

chegar à variável dependente, ou seja, ao resultado obtido com os procedimentos da

investigação” (Sousa, A. B., 2005).

Resposta: aceleração, velocidade, espaço.

Ajuda c) dica: a força resultante atuante no sistema é a força gravitacional ( gs FF )

Resposta: a lei física que se aplica é: 10dt

dvgagmam .

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CONDIÇÕES INICIAIS DADAS

Ajuda a) dica: no tempo inicial que podemos denominar t = 0, foram dadas uma posição e

uma velocidade.

Resposta: )(1200

/80

0

0

terralreferenciamxt

smvt

O QUE SE PEDE

Resposta:

solootocaratépedrapelapercorridoespaçox

solootocapedraaqueemv

solootocarpedraaatét

?

?

?

2 - RESOLUÇÃO DO MODELO

Ajuda a) dica: o comando para resolver uma equação diferencial com uma condição inicial é

dsolve.

Resposta: 810)( ttv

Ajuda b) dica: o comando para resolver uma equação diferencial com uma condição inicial é

dsolve.

Resposta: 12085)( 2 tttx

Ajuda c) dica: substituir x(t) = 0 na equação do espaço e resolver a equação desprezando os

valores negativos de t caso aconteça.

Resposta: s05.76386946t

Ajuda d) dica: substituir o tempo encontrado s05.76386946t na equação da velocidade.

Resposta: m/s 049.6386946-v

Ajuda e) dica 01: não se pode confundir distância percorrida com posição. Para calcular a

distância percorrida, temos que determinar as posições.

Ajuda e) dica 02: a distância total percorrida representa a distância que a pedra percorre

durante a subida e a descida.

Ajuda e) dica 03: determine o tempo que a pedra leva para atingir a altura máxima.

Ajuda e) dica 04: substituir o valor do tempo na expressão das posições.

Ajuda e) dica 05: lembrar que a posição encontrada a partir do ponto de lançamento está

acrescida de 120m.

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204

Resposta: m4,126)2,32,3120( mmmx .

3 - ANÁLISE GRÁFICA DOS MODELOS

Ajuda a) dica 01: carregue todos os pacotes(ferramentas) para o estudo de equações

diferenciais do Maple.

Ajuda a) dica 02: lembre-se que g = 10 m/s2.

Ajuda a) dica 03: o campo de direções sugere a aparência ou forma de uma família de

curvas integrais da equação diferencial.

Ajuda a) dica 04: o comando para construir o campo de direções é DEplot.

Ajuda b) dica 01: observe as direções de todos os elementos lineares.

Resposta: a equação diferencial é da forma de uma constante cuja solução gera uma família

de funções do 1º grau.

Ajuda c) Resposta: uma reta.

Ajuda d) dica 01: analise se todos os ângulos formados pelos elementos lineares são iguais.

Ajuda d) dica 02: utilize a função arctan(x).

Resposta: 95.66784035º

Ajuda e) dica: observe no gráfico – campo de direções – a direção e o sentido dos

elementos lineares

Resposta: sim, funções lineares.

Ajuda f) dica: o campo de direções sugere soluções cujas funções são lineares e

decrescentes.

Ajuda g) dica 01: observe a solução da equação diferencial gdt

dv.

Ajuda g) dica 02: o comando para construir gráficos em 2D é plot.

Ajuda h) dica 01: o tipo do gráfico de uma função linear é uma reta.

Resposta: decrescente, pois a medida que o tempo aumenta a velocidade diminui.

Ajuda i) dica 01: pense em integrar a função aceleração.

Ajuda i) dica 02: a aceleração é o coeficiente angular da função velocidade.

Ajuda j) dica 01: observe no gráfico da velocidade em função do tempo onde t = 0.

Resposta: 8 m/s.

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205

Ajuda k) dica: ler o enunciado do problema.

Ajuda l) dica 01: explore escalas gráficas variando os valore de t.

Ajuda l) dica 02: lembre-se que vdt

dx.

Ajuda l) dica 03: observar no eixo da velocidade onde v = 0 e verificar o tempo.

Resposta: t = 0,8s

Ajuda m) dica 01: explore escalas gráficas variando os valore de t.

Ajuda m) dica 02: observar no eixo da velocidade onde v é aproximadamente igual a -49 m/s

e verificar o tempo.

Resposta: aproximadamente 5,7s.

Ajuda n) confrontar os resultados.

Ajuda o) dica: observar o gráfico da velocidade em função do tempo.

Resposta: de 0 a 0,8s

Ajuda p) dica: o comando para construir gráficos em 2D é plot.

Ajuda q) dica: observar diretamente o gráfico.

Resposta: negativa

Ajuda r) dica: observar no gráfico da aceleração em função do tempo, o comportamento da

aceleração tomando como referência o seu eixo.

Resposta: a aceleração é constante.

Ajuda s) dica : o comando para construir PVI é DEplot.

Ajuda t) A solução do PVI mostra uma das respostas da equação diferencial que é a função

plotada no gráfico da velocidade em função do tempo.

Ajuda u) dica 01: o campo de direções sugere a aparência ou forma de uma família de

curvas integrais da equação diferencial.

Ajuda u) dica 02: o comando para construir o campo de direções é DEplot.

Ajuda v) dica 01: observe no gráfico – campo de direções – a direção e o sentido dos

elementos lineares

Resposta: sim, funções quadráticas.

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206

Ajuda w) dica : o comando para construir o campo de direções, dadas as condições iniciais

é DEplot.

Ajuda x) dica: o comando para construir gráficos em 2D é plot.

Ajuda y) A solução do PVI mostra uma das respostas da equação diferencial que é a função

plotada no gráfico do espaço em função do tempo.

Ajuda z) dica 01: explore escalas gráficas variando os valore de t e de x.

Resposta: 120m

Ajuda aa) confrontar os resultados.

Ajuda bb) dica 01: explore escalas gráficas variando os valore de t e de x.

Resposta: aproximadamente 123,2m

Ajuda cc) dica 01: Função crescente: Uma função f é crescente, se quaisquer que sejam x e

y no Domínio de f, com x < y, tivermos f(x) < f(y). Isto é, conforme o valor de x aumenta, o

valor da imagem de x pela função também aumenta.

Ajuda cc) dica 02: função decrescente: Uma função f é decrescente, se para quaisquer x e y

no Domínio de f, com x < y, tivermos f(x) > f(y). Isto é, conforme os valores de x aumentam,

o valor da imagem de x pela função f diminui.

Resposta: a função é crescente.

Ajuda dd) Resposta: diminuem.

Ajuda ee) dica 01: a aceleração é sempre negativa.

Ajuda ee) dica 02: a aceleração tem sentido contrário à orientação positiva da trajetória.

Ajuda ee) dica 03: a pedra sobe até atingir a altura máxima e depois desce devido a força

gravitacional.

Ajuda ff) dica 01: o tempo para a pedra atingir a altura máxima é de t = 0,8s, a partir do

ponto de lançamento.

Ajuda ff) dica 02: a velocidade, no intervalo considerado, é contrária à orientação positiva da

trajetória

Ajuda ff) dica 03: a aceleração é constante.

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207

APÊNDICE H - ORIENTAÇÕES PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 2

ORIENTAÇÕES DE AJUDA PARA O ALUNO

(PROBLEMA 02)

1 - INTERPRETAÇÃO DO ENUNCIADO

ENUNCIADO

Ajuda a) dica: trata-se de um conteúdo da Termodinâmica.

Resposta: lei de resfriamento/aquecimento de Newton.

VERBALIZAÇÃO

Ajuda a) dica 01: a aprendizagem ocorre com a conversação que não é apenas troca de

informações.

Ajuda a) dica 02: o aluno deve verbalizar (interpretar) o problema com suas próprias

palavras.

LEI FÍSICA

Ajuda a) dica 01: no caso dos problemas de Equações Diferenciais Ordinárias teremos

sempre duas variáveis, sendo as demais grandezas os parâmetros.

Ajuda a) dica 02: variável independente: “As variáveis independentes serão aquelas que são

independentes dos procedimentos da investigação, que não dependem da investigação,

constituindo, no entanto fatores determinantes que a vão influenciar, recorrendo o

investigador à sua manipulação para observar os efeitos produzidos nas variáveis

dependentes” (Sousa, A. B., 2005).

Resposta: tempo(t).

Ajuda b) dica: variável dependente: “Consideram-se como variáveis dependentes aquelas

que dependem dos procedimentos da investigação, conectando-se diretamente com as

respostas que se procuram. São dados que se obtêm e que variam à medida que o

investigador modifica as condições de investigação. Uma variável dependente é aquela que

procuramos como resposta para a pergunta. Toda a investigação tem por objetivo chegar à

variável dependente, ou seja, ao resultado obtido com os procedimentos da investigação”

(Sousa, A. B., 2005).

Resposta: temperatura do corpo(T).

Ajuda c) dica: o parâmetro é a constante de proporcionalidade.

Resposta: k.

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208

Ajuda d) dica: constante é um valor que não altera durante a análise do fenômeno, também

denominado invariante.

Resposta: temperatura do ambiente ou do meio(Tm = 10ºF).

Ajuda e) dica: a velocidade de resfriamento é proporcional à diferença entre as temperaturas

do corpo e do ambiente.

Resposta: mTTkdt

dT

CONDIÇÕES INICIAIS OU DE CONTORNO

Ajuda a) dica 01: se uma equação diferencial estiver definida para t ∈ [a, b] e a condição for

dada em a teremos uma condição inicial. Caso a condição seja dada num ponto t ≠ a, ela é

chamada de condição de contorno.

Ajuda a) dica 02: no tempo inicial que podemos denominar t = 0, qual é a temperatura do

corpo?

Resposta: para FTt º700

Ajuda b) dica 01: se uma equação diferencial estiver definida para t ∈ [a, b] e a condição for

dada em a teremos uma condição inicial. Caso a condição seja dada num ponto t ≠ a, ela é

chamada de condição de contorno.

Ajuda b) dica 02: no tempo 1/2 min, qual é a temperatura do corpo?

Resposta: FTt º50min2

1

O QUE SE PEDE

Resposta: 1) a temperatura marcada no termômetro no instante t = 1min.

2) o tempo que levará para o termômetro marcar 15ºF.

2 - RESOLUÇÃO DO MODELO

Ajuda a) dica 01: carregue todos os pacotes (ferramentas) para o estudo de equações

diferenciais do Maple.

Ajuda a) dica 02: observe que a solução geral vai ficar em função de k.

Resposta: kteCtT 110)(

Ajuda b) dica 01: para calcular os valores de k e C1 você deve montar um sistema.

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209

Ajuda b) dica 02: substitua as condições dadas FTt

FTt

º50min2

1

º700na solução geral da

equação diferencial.

Ajuda b) dica 03: resolva o sistema.

Resposta: )3/2ln(2k e _C1 = 60.

Ajuda c) dica 01: para resolver uma equação com uma variável no Maple, utiliza-se o

comando solve.

Ajuda c) dica 02: substitua na solução geral da equação diferencial o valor 1t min.

Ajuda c) dica 03: utilize a função evalf.

Resposta: 36,6666667ºF

Ajuda d) dica 01: substitua na solução geral da equação diferencial o valor T = 15ºF.

Ajuda d) dica 02: utilize a função evalf.

Resposta: 3,064266938min

3 - ANÁLISE GRÁFICA DO MODELO

Ajuda a) dica 01: o campo de direções sugere a aparência ou forma de uma família de

curvas integrais da equação diferencial.

Ajuda a) dica 02: Tm = 10ºF e )3/2ln(2k .

Ajuda b) dica 01: observar os elementos lineares, uma única curva integral segue seu

caminho acompanhando o padrão de fluxo do campo.

Resposta: exponencial/logarítmica.

Ajuda c) dica 01: observar a inclinação dos elementos lineares.

Resposta 01: sim

Ajuda c) dica 02: observar os valores no eixo )(tT .

Resposta 02: 0dt

dTpara 10)(tT , 0

dt

dTpara 10)(tT e 0

dt

dTpara 10)(tT .

Ajuda d) dica: soluções de equilíbrio são as únicas soluções constantes da equação

diferencial.

Resposta: sim, FtT 10)( .

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210

Ajuda e) dica: substitua o valor de )3/2ln(2k na equação diferencial e defina a equação

a ser plotada.

Ajuda f) obs.: através da análise do gráfico dt

dTpor T , confirmamos os resultados do estudo

dos sinais de dt

dT, obtidos apenas observando o campo de direções da equação diferencial.

Ajuda g) dica 01: carregue o pacote (student);

Ajuda g)dica 02: redefina a função )(tT .

Ajuda g) dica 03: calcule a derivada de )(tT e plote o gráfico.

Ajuda h) dica 01: observar o comportamento de dt

dTno gráfico de

dt

dT por t .

Resposta: dt

dTtende para o valor zero.

Ajuda i) dica 01: redefina a equação dt

dT por t .

Ajuda i) dica 02: utilize o comando subs e substitua o valores de t na equação pré-definida.

Respostas: 611024783,9 , 3750072161,0 e 30146321974,0 .

Ajuda j) dica: observar se os valores obtidos em i são compatíveis com os do gráfico de g.

Ajuda k) dica: utilize a função obtida no item c da resolução do modelo.

Ajuda l) dica 01: calcule a variação de temperatura nos intervalos de tempo [0,1]; [1,2]; [2,3]

e [3,4].

Resposta: no intervalo [0,1].

Ajuda m) dica: utilize o comando DEplot para resolver o PVI.

Ajuda n) Resposta: apresentam a mesma solução.

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APÊNDICE I - ORIENTAÇÕES PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 3

ORIENTAÇÕES DE AJUDA PARA O ALUNO

(PROBLEMA 03)

1 - INTERPRETAÇÃO DO ENUNCIADO

VERBALIZAÇÃO

Ajuda a) dica 01: a aprendizagem ocorre com a conversação que não é apenas troca de

informações.

Ajuda a) dica 02: o aluno deve verbalizar (interpretar) o problema com suas próprias

palavras.

IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS

Ajuda a) dica 01: no caso dos problemas de Equações Diferenciais Ordinárias teremos

sempre duas variáveis, sendo as demais grandezas os parâmetros ou constantes.

Ajuda a) dica 02: variável independente: “As variáveis independentes serão aquelas que são

independentes dos procedimentos da investigação, que não dependem da investigação,

constituindo, no entanto fatores determinantes que a vão influenciar, recorrendo o

investigador à sua manipulação para observar os efeitos produzidos nas variáveis

dependentes” (Sousa, A. B., 2005).

Resposta: tempo(t).

Ajuda b) dica: variável dependente: “Consideram-se como variáveis dependentes aquelas

que dependem dos procedimentos da investigação, conectando-se diretamente com as

respostas que se procuram. São dados que se obtêm e que variam à medida que o

investigador modifica as condições de investigação. Uma variável dependente é aquela que

procuramos como resposta para a pergunta. Toda a investigação tem por objetivo chegar à

variável dependente, ou seja, ao resultado obtido com os procedimentos da investigação”

(Sousa, A. B., 2005).

Ajuda b) resposta: intensidade do corrente i(t).

Ajuda c) dica: os parâmetros são valores dados no problema.

Resposta: E, L e R.

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MODELO MATEMÁTICO - LEI FÍSICA

Ajuda a) dica 01: é a lei do crescimento da intensidade da corrente elétrica num circuito RL

(série).

Ajuda a) dica 02: segunda Lei de Kirchhoff.

Resposta: )(tEiRdt

dIL .

CONDIÇÃO INICIAL

Ajuda a) dica: no tempo inicial que podemos denominar t = 0, qual é a intensidade da

corrente?

Resposta: Ait 150

O QUE SE PEDE

Resposta: determinar a expressão que calcula a intensidade da corrente num tempo

qualquer.

2 - RESOLUÇÃO DO MODELO

Ajuda a) dica 01: carregue todos os pacotes (ferramentas) para o estudo de equações

diferenciais do Maple.

Ajuda a) dica 02: substituir os valores de R = 6 Ω, L = 3 H e V(t) = 24 V na equação

diferencial.

Ajuda a) dica 03: utilize o comando dsolve para a resolução da equação diferencial.

Resposta: 1_4)( 2 Ceti t

Ajuda b) dica 01: você pode resolver o PVI definindo a condição inicial ou inserindo-a

diretamente na linha do comando.

Ajuda b) dica 02: utilize o comando dsolve para a resolução do PVI.

Resposta: teti 2114)(

Ajuda c) dica: comparar a resposta da equação diferencial com a do PVI.

Resposta: _C1=11

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3 - ANÁLISE GRÁFICA DO MODELO

Ajuda a) dica 01: substituir os valores de R = 6 Ω, L = 3 H e V(t) = 24 V na equação

diferencial.

Ajuda a) dica 02: utilizar o comando DEplot para traçar o campo de direções com ou sem

condições iniciais e de contorno.

Ajuda b) resposta 01: o campo de direções permite visualizarmos e esboçarmos inúmeras

soluções da equação diferencial(família de curvas integrais).

Ajuda b) resposta 02: é necessário termos uma condição inicial, por exemplo:

Ait 150 para se determinar uma curva da família.

Ajuda c) dica: observar os elementos lineares, uma única curva integral segue seu caminho

acompanhando o padrão de fluxo do campo.

Resposta: exponencial/logarítmica.

Ajuda d) resposta 01: sim, observando a inclinação dos elementos lineares.

Ajuda d) dica: observar os valores no eixo )(ti .

Resposta 02: 0dt

dipara 4)(ti , 0

dt

dipara 4)(ti e 0

dt

dipara 4)(ti .

Ajuda e) dica: soluções de equilíbrio são as únicas soluções constantes da equação

diferencial.

Resposta: sim, 4)(ti .

Ajuda f) dica: para resolver um PVI graficamente, utilize o comando DEplot.

Ajuda g) dica 01: utilizar o comando plot para construir gráficos em 2D.

Ajuda g) dica 02: isolar dt

dina equação diferencial para construir o gráfico.

Ajuda h) obs.: por meio da análise do gráfico dt

di por i, confirmar os resultados do estudo

dos sinais de dt

di, obtidos apenas observando o campo de direções da equação diferencial.

Ajuda i) Resposta: 4 é o valor onde 0dt

di, representa a solução de equilíbrio da equação

diferencial.

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214

Ajuda j) dica: usa-se a seguinte equação para plotar o gráfico: teti 2114)( .

Ajuda k) dica 01: observar no gráfico i(t) por t a tendência de )(ti .

Ajuda k) dica 02: todas as soluções se aproximam de um determinado valor.

Resposta: a corrente se estabiliza em 4)(ti .

Ajuda l) dica 01: utilizar o comando plot para construir gráficos em 2D.

Ajuda l) dica 02: substituir teti 2114)( na equação diferencial e isolar

dt

di.

Ajuda m) dica 01: observar o gráfico.

Resposta: a taxa de variação dt

di diminui em módulo até chegar a zero onde ocorre a

estabilidade.

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APÊNDICE J - ORIENTAÇÕES PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 4

ORIENTAÇÕES DE AJUDA PARA O ALUNO

(PROBLEMA 04)

1 - INTERPRETAÇÃO DO ENUNCIADO

VERBALIZAÇÃO

Ajuda a) dica 01: a aprendizagem ocorre com a conversação que não é apenas troca de

informações.

Ajuda a) dica 02: o aluno deve verbalizar (interpretar) o problema com suas próprias

palavras.

IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS

Ajuda a) dica 01: no caso dos problemas de Equações Diferenciais Ordinárias teremos

sempre duas variáveis, sendo as demais grandezas os parâmetros ou constantes.

Ajuda a) dica 02: variável independente: “As variáveis independentes serão aquelas que

são independentes dos procedimentos da investigação, que não dependem da

investigação, constituindo, no entanto fatores determinantes que a vão influenciar,

recorrendo o investigador à sua manipulação para observar os efeitos produzidos nas

variáveis dependentes” (Sousa, A. B., 2005).

Resposta: tempo(t).

Ajuda b) dica: variável dependente: “Consideram-se como variáveis dependentes aquelas

que dependem dos procedimentos da investigação, conectando-se diretamente com as

respostas que se procuram. São dados que se obtêm e que variam à medida que o

investigador modifica as condições de investigação. Uma variável dependente é aquela

que procuramos como resposta para a pergunta. Toda a investigação tem por objetivo

chegar à variável dependente, ou seja, ao resultado obtido com os procedimentos da

investigação” (Sousa, A. B., 2005).

Resposta: massa m(t).

Ajuda c) dica: o parâmetro é um valor dado no problema ou a ser determinado.

Resposta: K.

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MODELO MATEMÁTICO - LEI FÍSICA

Ajuda a) dica 01: este tipo de problema que resulta em expressões exponenciais são

denominados de crescimento ou decrescimento exponencial.

Ajuda a) dica 02: dt

dm varia proporcionalmente a m.

Resposta: mkdt

dm.

CONDIÇÕES INICIAIS OU DE CONTORNO

Ajuda a) dica 01: no tempo inicial que podemos denominar t = 0, qual é a massa de radium

existente?

Resposta: %)100(10 mt .

Ajuda b) dica 01: ao término de 250 anos, qual é a porcentagem de radium existente?

Resposta: %)90(9,0250 mt .

OBS.: "m" é a massa do radium que não se decompõe, isto é, 90% são o que resta após

250 anos.

O QUE SE PEDE

Resposta: determinar o tempo para decomposição da metade da quantidade inicial de

radium, ou seja: %)50(2/1? mt .

2 - RESOLUÇÃO DO MODELO

Ajuda a) dica 01: carregue todos os pacotes (ferramentas) para o estudo de equações

diferenciais do Maple.

Ajuda a) dica 02: observe que a solução geral vai ficar em função de k.

Resposta: kteCm 1_ .

Ajuda b) dica 01: para determinar os valores de k e _C1 aplica-se as condições iniciais e de

contorno.

Ajuda b) dica 02: montar um sistema onde a variáveis são k e _C1.

Resposta: 6260004214420,0k , _C1=1

Ajuda c) dica: substituir k e _C1 na solução geral da equação diferencial.

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Resposta: tetm 6260004214420,0)(

Ajuda d) dica: substitua o valor de 2/1)(tm na equação da massa em função do tempo e

determine o tempo.

Resposta: 1644,703370 anos

3 - ANÁLISE GRÁFICA DO MODELO

Ajuda a) dica 01: o campo de direções sugere a aparência ou forma de uma família de

curvas integrais da equação diferencial.

Ajuda a) dica 02: substitua o valor de 6260004214420,0k na equação diferencial.

Ajuda a) dica 03: utilizar o comando DEplot para traçar o campo de direções.

Ajuda a) dica 04: utilize valores altos para o tempo, por exemplo: t variando de 0 a 6000

anos para não comprometer o aspecto geral do gráfico.

Ajuda b) dica 01: o campo de direções permite visualizarmos e esboçarmos inúmeras

soluções da equação diferencial(família de curvas integrais).

Ajuda b) dica 02: você pode calcular o limite da função para quando o tempo tende a infinito.

Ajuda b) dica 03: observar diretamente no gráfico o comportamento da função.

Resposta: sim

Ajuda c) dica 01: observar os elementos lineares, uma única curva integral segue seu

caminho acompanhando o padrão de fluxo do campo.

Resposta: exponencial

Ajuda d) resposta 01: Sim, observando a inclinação dos elementos lineares.

Ajuda d) dica 01: observar os valores no eixo )(tm .

Resposta 02: 0dt

dm não existe, 0

dt

dm para 0t e 0

dt

dmpara 0t .

Ajuda e) dica 01: usar o comando plot para plotar gráficos em 2D.

Ajuda e) dica 02: isolar dt

dmna equação diferencial para construção do gráfico ou utilize

diretamente a função rhs.

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Ajuda f) obs.: através da análise do gráfico dt

dmpor m, confirmamos os resultados do estudo

dos sinais de dt

dm, obtidos apenas observando o campo de direções da equação diferencial.

Ajuda g) dica: soluções de equilíbrio são as únicas soluções constantes da equação

diferencial.

Resposta: sim, 0)(tm .

Ajuda h) dica: substituir a equação da massa em função do tempo na equação diferencial

dada.

Ajuda i) dica: observar o gráfico.

Resposta: tende a zero

Ajuda j) resposta: de acordo com o gráfico, a taxa apresenta maior variação para o tempo

próximo de zero.

Ajuda k) dica: use valores altos para indicar o eixo do tempo, por exemplo: t variando de 0 a

6000.

Ajuda l) dica 01: observar no gráfico )(tm por t a tendência de )(tm .

Ajuda l) dica 02: todas as soluções se aproximam de um determinado valor.

Ajuda m) dica: observar todos os gráficos onde aparece dt

dm.

Ajuda o) dica: utilize o comando DEplot e as condições iniciais e de contorno para a

resolução gráfica do problema.

Ajuda p) dica: comparar os gráficos.

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219

APÊNDICE K - ORIENTAÇÕES PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA 5

ORIENTAÇÕES DE AJUDA PARA O ALUNO

(PROBLEMA 05)

1 - INTERPRETAÇÃO DO ENUNCIADO

VERBALIZAÇÃO

Ajuda a) dica 01: a aprendizagem ocorre com a conversação que não é apenas troca de

informações.

Ajuda a) dica 02: o aluno deve verbalizar (interpretar) o problema com suas próprias

palavras.

IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS

Ajuda a) dica 01: no caso dos problemas de Equações Diferenciais Ordinárias teremos

sempre duas variáveis, sendo as demais grandezas os parâmetros ou constantes.

Ajuda a) dica 02: variável independente: “As variáveis independentes serão aquelas que

são independentes dos procedimentos da investigação, que não dependem da

investigação, constituindo, no entanto fatores determinantes que a vão influenciar,

recorrendo o investigador à sua manipulação para observar os efeitos produzidos nas

variáveis dependentes” (Sousa, A. B., 2005).

Resposta: tempo(t).

Ajuda b) dica: variável dependente: “Consideram-se como variáveis dependentes aquelas

que dependem dos procedimentos da investigação, conectando-se diretamente com as

respostas que se procuram. São dados que se obtêm e que variam à medida que o

investigador modifica as condições de investigação. Uma variável dependente é aquela

que procuramos como resposta para a pergunta. Toda a investigação tem por objetivo

chegar à variável dependente, ou seja, ao resultado obtido com os procedimentos da

investigação” (Sousa, A. B., 2005).

Resposta: posição )(tx .

Ajuda c) dica: o parâmetro é um valor dado no problema ou a ser determinado.

Resposta: constante da mola(k).

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220

MODELO MATEMÁTICO - LEI FÍSICA

Ajuda a) dica 01: este problema envolve o sistema Massa-Mola: movimento livre não

amortecido ou movimento harmônico simples.

Ajuda a) dica 02: o modelo combina a lei de Hooke e a segunda lei de Newton.

Resposta: 02

2

xm

k

dt

xdoux

m

kaxkam

xkF

amF sendo 0mek ,

onde m

k2.

CONDIÇÕES INICIAIS

Ajuda a) dica: no tempo inicial que podemos denominar t = 0, qual é a posição da mola?

Resposta: 80 xt .

Ajuda b) dica: no tempo inicial t = 0, qual é a velocidade da mola?

Resposta: 25)0('0 xt .

O QUE SE PEDE

Resposta: determinar a função )(tx que descreve o movimento livre não amortecido.

2 - RESOLUÇÃO DO MODELO

Ajuda a) dica 01: carregue todos os pacotes (ferramentas) para o estudo de equações

diferenciais do Maple.

Ajuda a) dica 02: a segunda lei de Newton é: amF .

Ajuda a) dica 03: a lei de Hooke é: xkF .

Ajuda a) dica 04: igualar as duas forças.

Resposta: 200k N/m

Ajuda b) dica 01: verificar que o valor de 1002

m

k.

Ajuda b) dica 02: utilize o comando dsolve para resolver a equação diferencial.

Resposta: )10cos(2_)10sin(1_)( tCtCtx .

Ajuda c) dica: utilize o comando dsolve para resolver a equação diferencial com as

condições iniciais.

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Resposta: )10cos(25

2)10sin(

40

1)( tttx .

3 - ANÁLISE GRÁFICA DO MODELO

Ajuda a) dica: utilize o comando plot para plotar o gráfico.

Ajuda b) dica: ocorre estiramento da mola quando 0)(tx .

Resposta: 8)(tx .

Ajuda c) dica: ocorre compressão da mola quando 0)(tx .

Resposta: 8)(tx .

Ajuda d) dica 01: o período de vibrações livres é calculado por: 2

T .

Resposta: 5

T s.

Ajuda e) dica: observar no gráfico de )(tx o período de oscilação que é o intervalo de tempo

entre dois máximos sucessivos, e confrontar com o resultado calculado.

Ajuda f) dica: a massa está abaixo da posição de equilíbrio onde 0)(tx e acima da

posição de equilíbrio onde 0)(tx .

Ajuda g) dica: a massa passa pela posição de equilíbrio quando 0)(tx .

Resposta: kk

arctgt ,105

16

10

1.

Ajuda h) dica 01: observar o gráfico )(tx .

Ajuda h) dica 02: a amplitude não altera no decorrer do tempo.

Resposta: não.

Ajuda i) dica 01: )(')( txtv .

Ajuda i) dica 02: carregue o pacote “student” para calcular a derivada da função )(tx .

Ajuda i) dica 03: utilize o comando “diff” para calcular a derivada da função )(tx .

Ajuda i) dica 04: utilize o comando “plot” para plotar o gráfico.

Ajuda j) dica: utilize o comando “subs” para substituir 2t em )(tv , ou substitui 2t direto

em )(tv e resolva a equação.

Resposta: -0,8323767160 m/s.

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Ajuda k) dica: observar o resultado encontrado -0,8323767160 no gráfico )(tv alterando a

escala para melhor visualização.

Resposta: sim.

Ajuda l) dica: observar o gráfico )(tx .

Resposta: para cima.

Ajuda m) dica 01: construir os gráficos de )(tx e )(tv em um mesmo plano.

Ajuda m) resposta: quando )(tx é decrescente )(tv é menor que zero e o movimento da

massa é para cima, quando )(tx é crescente )(tv é maior que zero e o movimento da massa

é para baixo.

Ajuda n) dica 01: )('')( txta .

Ajuda n) dica 02: utilize o comando “diff” para calcular a derivada da função )(tv .

Ajuda n) dica 03: utilize o comando “plot” para plotar o gráfico.

Ajuda o) dica 01: observar no gráfico )(ta onde ocorre os valores máximos e mínimos da

aceleração.

Ajuda o) dica 02: determinar a derivada da função )(ta .

Ajuda o) dica 03: resolver a equação 0)(

dt

tda para encontrar os valores máximos e

mínimos.

Resposta: kk

arctgt ,1016

5

10

1

10.

Ajuda p) dica: utilize o comando “subs” para substituir 3t s na expressão da aceleração,

ou substitua 3t s direto na expressão da aceleração e resolva a equação.

Resposta: 8)3(a m/s2.

Ajuda q) dica: observar o resultado encontrado 8)3(a no gráfico )(ta .

Resposta: sim.

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APÊNDICE L - QUESTIONÁRIO INICIAL APLICADO AOS ALUNOS

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS – PUC MINAS MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MATEMÁTICA

Questionário inicial aplicado aos alunos do 3º período da turma de Equações Diferenciais do

curso de Engenharia Elétrica do Instituto Federal de Goiás (IFG) – Campus Jataí.

Orientador: Prof. Dr. João Bosco Laudares

Mestrando: Prof. Aníbal Ataides Barros Filho

Nome: ____________________________________________________________________

1. “O limite de uma função f quando x → t é um número L”. Explique em poucas palavras o

significado desta expressão?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

2. Das alternativas abaixo, marque aquela que você mais identifica com o conceito de

derivada.

( ) Função;

( ) Limite;

( ) Coeficiente angular;

( ) Inclinação;

( ) Medida de variação.

3. Dos conteúdos abaixo, assinale aqueles que você já utilizou para a resolução de

problemas com aplicação de derivadas?

( ) Máximos e Mínimos;

( ) Extremos de Funções;

( ) Inflexão;

( ) Crescimento e Decrescimento;

( ) Taxas Relacionadas;

( ) Modelagem e Otimização;

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( ) Linearização.

4. Qual é a sua interpretação de Derivada como taxa de variação?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

5. Qual o significado geométrico de Derivada?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

6. O que representa a Derivada de uma função em um ponto?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

7. Qual é a diferença entre uma solução geral e uma solução particular de uma equação

diferencial? Dê um exemplo.

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

8. Estabeleça a diferença entre condições iniciais e condições de contorno ou de fronteira?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

9. Das equações abaixo, identifique aquelas que você consegue resolver?

( ) Variáveis Separáveis;

( ) Homogêneas;

( ) Exatas;

( ) Lineares;

( ) de Bernoulli;

10. Em que ano/período você cursou a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I?

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__________________________________________________________________________

11. Nas disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral I e II foram utilizados softwares para

exploração dos conteúdos? Quais?

_______________________________________________________________________

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APÊNDICE M - QUESTIONÁRIO FINAL APLICADO AOS ALUNOS

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS – PUC MINAS MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MATEMÁTICA

Questionário Final aplicado aos alunos do 3º período da turma de Equações Diferenciais do

curso de Engenharia Elétrica do Instituto Federal de Goiás (IFG) – Campus Jataí.

Orientador: Prof. Dr. João Bosco Laudares

Mestrando: Prof. Aníbal Ataides Barros Filho

Nome:

1. Qual o significado geométrico de Derivada?

2. Qual é a diferença entre uma solução geral e uma solução particular de uma equação

diferencial? Dê um exemplo.

3. Estabeleça a diferença entre condições iniciais e condições de contorno ou de fronteira?

4. Os gráficos podem ajudar na interpretação e análise de um fenômeno físico no contexto

do estudo das Equações Diferenciais?

( ) Sim;

( ) Não;

( ) Às vezes.

5. Identifique as principais dificuldades encontradas no desenvolvimento das atividades.

( ) Interpretação do texto;

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( ) Determinação das variáveis;

( ) Resolução das equações;

( ) Construção dos gráficos;

( ) Utilização/familiarização do software MAPLE;

( ) Outros. Especificar:

6. Como você caracteriza as atividades desenvolvidas no decorrer da aplicação da

proposta?

( ) As atividades promovem a construção do conhecimento;

( ) As atividades apresentam cunho de pesquisa científica;

( ) As atividades contribuem para uma melhor compreensão dos fenômenos físicos

abordados;

( ) As atividades promovem o pensamento lógico matemático;

( ) As atividades são diferentes dos moldes tradicionais;

( ) As atividades possibilitam a experimentação;

( ) Outros. Especificar:

7. Assinale as principais utilizações do software MAPLE no estudo das Equações

Diferenciais.

( ) Contribui para uma melhor interpretação e visualização dos fenômenos físicos

abordados;

( ) Agiliza os procedimentos de resolução das equações e construção dos gráficos;

( ) Trás uma visão diferente para o aprendizado de matemática;

( ) Obtém maior confiabilidade dos resultados;

( ) Gera maior variedade de casos;

( ) Concentra a atenção no conceito;

( ) Outros. Especificar:

8. Analisando o campo de direções (campo de inclinações) de uma equação diferencial

ordinária linear de 1ª ordem, pode-se concluir que:

( ) O campo de direções sugere a aparência ou forma de uma família de curvas integrais

da equação diferencial;

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( ) Permite aproximar e visualizar os ângulos formados pelos vetores tangentes (elementos

lineares) em cada ponto do gráfico;

( ) Permite visualizar determinadas regiões do plano nos quais um solução exibe um

comportamento não usual;

( ) Permite visualizar possíveis soluções de equilíbrio da equação diferencial;

( ) Permite verificar o sinal algébrico da derivada envolvida na equação diferencial e

consequentemente se a função é crescente ou decrescente em um determinado intervalo;

( ) Outros. Especificar:

9. Em sua opinião, de uma forma geral, as atividades desenvolvidas contribuíram para

uma aprendizagem mais significativa de equações diferenciais ordinárias lineares de 1ª e 2ª

ordem.

( ) Muito;

( ) Pouco;

( ) Não contribuiu.