PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de...

121
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Mabile Francine Ferreira Silva Investigação do impacto psicossocial da paralisia facial periférica na avaliação fonoaudiológica: proposição de uma escala DOUTORADO EM FONOAUDIOLOGIA SÃO PAULO 2015

Transcript of PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de...

Page 1: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Mabile Francine Ferreira Silva Investigação do impacto psicossocial da paralisia facial periférica

na avaliação fonoaudiológica: proposição de uma escala

DOUTORADO EM FONOAUDIOLOGIA

SÃO PAULO 2015

Page 2: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Mabile Francine Ferreira Silva Investigação do impacto psicossocial da paralisia facial periférica

na avaliação fonoaudiológica: proposição de uma escala

Tese apresentada à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Fonoaudiologia do Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica, sob a orientação da Profª. Drª. Maria Claudia Cunha.

SÃO PAULO 2015

Page 3: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

Silva, MFF

Investigação do impacto psicossocial da paralisia facial periférica na avaliação fonoaudiológica: proposição de uma escala / Mabile Francine Ferreira Silva. – São Paulo, 2015. 119f.

Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia. Área de Concentração: Clínica Fonoaudiológica. Linha de Pesquisa: Linguagem, Corpo e Psiquismo. Orientadora: Profª. Drª. Maria Claudia Cunha.

Investigation of the psychosocial impact of peripheral facial paralysis in speech-language pathology evaluation: proposition of a scale

1. Paralisia Facial. 2. Avaliação. 3. Impacto Psicossocial. 4. Questionários.

1. Facial Paralysis. 2. Evaluation. 3. Psychosocial Impact. 4. Questionnaires.

Page 4: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução parcial ou total desta tese, através de fotocópias ou meios eletrônicos.

________________________________

Mabile Francine Ferreira Silva São Paulo, abril de 2015.

Page 5: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

iii

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia

Coordenadora do Curso de Pós-Graduação

Profa. Dra. Doris Ruth Lewis

Vice-coordenadora do Curso de Pós-Graduação

Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva

Page 6: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

iv

Mabile Francine Ferreira Silva

Investigação do impacto psicossocial da paralisia facial periférica na avaliação fonoaudiológica: proposição de uma escala

PRESIDENTE DA BANCA:

___________________________________ Profª. Drª. Maria Claudia Cunha

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________ Profª. Drª. Zelita Caldeira Ferreira Guedes

___________________________________ Profª. Drª. Maria Valéria Schmidt Goffi Gomez

___________________________________ Profª. Drª. Beatriz Cavalcanti de Albuquerque Caiuby Novaes

___________________________________ Prof. Dr. Luiz Augusto de Paula Souza

Aprovada em: _____/_____/_____

Page 7: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

v

"É nas coisas mais profundas e importantes que estamos indizivelmente sós, e para

que um possa aconselhar ou mesmo ajudar o outro, muito deve acontecer; toda uma

constelação de eventos deve se reunir para que uma única vez se alcance um

resultado feliz".

Rainer Maria Rilke Cartas a um jovem poeta

Page 8: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

vi

DEDICATÓRIA

Aos sujeitos que contribuíram com um trecho delicado de suas histórias para que fosse possível a realização desse trabalho.

Page 9: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

vii

AGRADECIMENTOS

A conclusão desse trabalho mostra que um evento em nossas vidas pode nos levar

a um ponto completamente inesperado. Fui disponível a receber as alegrias e

tristezas, fazer escolhas que pediam renúncias e a aprender que as inquietações

trazem novos movimentos. A junção de importantes acontecimentos, fez com que

tivesse a oportunidade de viver encontros valiosos e a estes manifesto a minha

imensa gratidão.

Meu agradecimento especial à Profª. Drª. Maria Claudia Cunha, que tive a felicidade

de conhecer na graduação e acredita na minha proposta de pesquisa desde o início,

me orienta com precisão, competência e disponibilidade e me ensina que a pesquisa

fortalece nossa atuação profissional. Registro a minha admiração e honra por

conviver e aprender ao longo desse tempo.

À Profª. Drª. Zelita Caldeira Ferreira Guedes, que desde que soube dessa pesquisa,

me incentivou e abriu possibilidades para que esse estudo se concretizasse.

Obrigada pela oportunidade que me ofereceu de acompanhá-la e por ter depositado

confiança em meu trabalho.

À Profª. Drª. Maria Valéria Schmidt Goffi Gomez, por sua generosidade em

compartilhar conhecimento, com valiosas contribuições. Pelo amor e dedicação que

tem aos casos de paralisia facial e por colaborar com essa pesquisa desde o início.

À Profª. Drª. Beatriz Caiuby Novaes, que desde as aulas nos inquieta e faz refletir,

exercendo um papel fundamental para que se consiga alcançar o rigor científico

necessário. Obrigada por passar seu conhecimento com envolvimento e carinho.

Minha admiração ao Prof. Dr. Luiz Augusto de Paula Souza, por fugir da lógica

fonoaudiológica tradicional e mostrar que mudanças de perspectivas fazem a nossa

prática clínica.

Ao Prof. Dr. Paulo Roberto Lazarini, por suas preciosas contribuições na atuação

dos casos de paralisia facial, pela participação ativa no início dessa pesquisa e por

ter proporcionado a oportunidade de continuá-la ao longo desse tempo.

À Drª. Marina Lang Fouquet, Ilen Abbud e Daniela Serrano Marquezin,

colaboradoras na coleta de dados no ambulatório da Santa Casa de São Paulo e

Page 10: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

viii

que contribuíram ativamente em passos importantes para que essa pesquisa fosse

possível.

À Profª. Drª. Adriana Tessitore e a toda sua equipe, que acolheu esse trabalho e fez

com que o estudo piloto fosse possível.

À Profª. Drª. Léslie Piccolotto Ferreira, pela convivência durante os trabalhos na

Revista Distúrbios da Comunicação e pela oportunidade de aprender tanto durante

esse percurso. Expresso minha felicidade em saber que a DIC está reconquistando

seu espaço.

Aos Professores do Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia, com

quem tive o prazer de aprender e que acompanharam a minha trajetória acadêmica.

À Virgínia Rita Pini, secretária do Programa de Estudos Pós-Graduados em

Fonoaudiologia, que me acompanhou ao longo desse tempo, torceu pela minha

virada em momentos difíceis, me apoiando e direcionando aos melhores caminhos.

Aos meus pais, Manoel e Penha, minha especial gratidão e admiração, por

ensinarem com amor, carinho e dedicação o valor dos nossos laços afetivos.

Obrigada por participarem, me orientarem e apoiarem as minhas decisões.

À Manoela, minha eterna irmã e amiga, por me dar coragem para andar por outras

vias e a olhar um desafio com alegria. Persistência e força nos move e agradeço por

você sempre estar ao meu lado.

Aos meus familiares, em especial meus tios Jaime e Maria, padrinho César e Tânia

e primos Patricia, Leandro e Alessandra que demonstraram tanto carinho ao longo

dessa trajetória.

À Stela Verzinhasse Peres, pela cuidadosa análise estatística, pelo modo como

contribuiu com apropriação e dedicação ao trabalho e pela força e exemplo de

pessoa e amiga.

Às amigas que tive o prazer de conhecer e conviver no Programa de Estudos Pós-

Graduados em Fonoaudiologia: Aline Brito, Bruna Andrade, Bruna Diógenes, Erika

Ditscheiner, Ligia Ribas Tunes, Lilian Damasceno e Thaynã Barros.

Page 11: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

ix

À Nadja Souza, amiga, começamos e terminaremos juntas esta trajetória! Mesmo

nas adversidades e angústias, você me escutou. Obrigada por ser um exemplo de

força e determinação.

À Glícia Ribeiro, pela alegria e devoção que com que exerce seu belo trabalho.

Obrigada pelo apoio, carinho e amizade ao longo dos nossos anos na PUC.

À Bia Almeida, pelo exemplo de pessoa e profissional, por ser paciente comigo ao

escutar as minhas inquietações dentro e fora do Doutorado e pela amizade

construída.

À Babi, amiga da graduação que sempre esteve ao meu lado. Agradeço pelo carinho

incondicional e por ser essa pessoa cheia de alegria.

À Vanessa Ieto, pela presença, escuta sensível, amizade e apoio em minhas

decisões. Minha admiração pelas excelentes contribuições para a fonoaudiologia.

Às amigas de longa data e sempre presentes em diversos tempos, Iva Zogbi, Karina

Yumi, Nerli Masson e Paloma Giarmetoni, com quem posso contar a qualquer

momento.

Aos juízes, que participaram de maneira tão eficaz na construção do instrumento de

pesquisa e por todo o aprendizado proporcionado.

Aos sujeitos participantes dessa pesquisa, que contribuíram com as suas falas e

depositaram confiança nesse trabalho.

Ao CNPq pela bolsa de estudos e todo o auxílio concedido.

Page 12: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

16PF The Sixteen Personality Factor Questionnaire

AE Aspectos Emocionais

AFF Aspectos Funcionais da Face

AS Aspectos Sociais

AS-DT Aspectos Sociais – Desempenho de Tarefas

AS-IS Aspectos Sociais – Interações Sociais

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

DAS Derriford Appearance Scale

EPAF Escala Psicossocial de Aparência Facial

FaCE Facial Clinimetric Evalualion Scale

FDI Facial Disability Index

FPQ Facial Paralysis Questionnaire

HADS Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão

HBS Escala de House-Brackman

IBES Índice de Bem Estar Social

IIF Índice de Incapacidade Facial

IFF Índice de Função Física

K10 Kessler Psychological Distress Scale

Mm Milímetros

PFP Paralisia Facial Periférica

PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

UNIFESP Universidade Federal de São Paulo

Page 13: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

xi

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 Parecer Consubstanciado do CEP da PUC-SP 107

ANEXO 2 Parecer Consubstanciado do CEP da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

110

ANEXO 3 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) 112

ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114

ANEXO 5 Formulário de Avaliação da Escala Psicossocial de Aparência Facial

115

ANEXO 6 Escala de House-Brackman 117

ANEXO 7 Sistema de Graduação Facial 118

ANEXO 8 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão 119

Page 14: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição de frequências e porcentagens das características demográficas

53

Tabela 2 – Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com os sinais e sintomas anteriores a PFP

54

Tabela 3 – Distribuição de frequências e porcentagens do grau, fase e escala funcional da PFP

55

Tabela 4 – Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com a hemiface afetada e etiologia da PFP

55

Tabela 5 - Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com os exames e tratamentos medicamentosos

56

Tabela 6 – Estatísticas descritivas para o tempo de PFP e Avaliação da Função Facial

57

Tabela 7 – Dados comparativos entre os momentos 1 e 2 da aplicação da EPAF, para a análise de reprodutibilidade

58

Tabela 8 – Correlação intraclasse (ricc), segundo os grupos temáticos da EPAF

59

Tabela 9 – Distribuição de frequências e porcentagens das características demográficas

77

Tabela 10 – Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com os sinais e sintomas anteriores a PFP

78

Tabela 11 – Distribuição de frequências e porcentagens do grau, fase e escala funcional da PFP

79

Tabela 12 – Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com a hemiface afetada e etiologia da PFP

80

Tabela 13 – Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com os exames e tratamentos medicamentosos

81

Tabela 14 – Análise comparativa entre os sexos da EPAF 82

Tabela 15 – Análise comparativa entre a etiologia da doença da EPAF 83

Tabela 16 – Análise comparativa entre os níveis da escala de House Brackman da EPAF

84

Tabela 17 – Análise comparativa entre o tempo de PFP da EPAF 85

Tabela 18 – Correlação de Spearman (r), segundo escalas 87

Tabela 19 – Análise do Alfa de Cronbach, segundo escalas 88

Page 15: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

xiii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma dos procedimentos metodológicos realizados no Estudo 1

30

Figura 2 – Fluxograma dos procedimentos metodológicos realizados no Estudo 2

31

Figura 3 – Versão inicial da Escala psicossocial de aparência facial 44

Figura 4 – Escala psicossocial de aparência facial após a avaliação dos juízes

50

Figura 5 – Análise Fatorial Confirmatória 89

Figura 6 – Nova versão da EPAF após análise fatorial confirmatória 90

Page 16: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

xiv

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Grupos temáticos iniciais estabelecidos para elaboração da EPAF

43

Quadro 2 – Descrição das questões na EPAF que precisam passar por modificações

47

Quadro 3 – Grupos temáticos estabelecidos para elaboração da EPAF após a reunião com os juízes

48

Quadro 4 – Comparação entre a versão inicial e final das questões do instrumento: EPAF

49

Page 17: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

xv

RESUMO

Investigação do impacto psicossocial da paralisia facial periférica na avaliação fonoaudiológica: proposição de uma escala INTRODUÇÃO: A paralisia facial periférica (PFP) é uma condição impactante para o sujeito acometido e para os que o cercam em seus aspectos físico, psíquico e social. Mensurar esses dados é uma tarefa complexa, por isso o OBJETIVO dessa pesquisa foi investigar o impacto psicossocial da PFP na avaliação fonoaudiológica. Para atender a essa proposta a tese foi dividida em dois estudos: 1. Desenvolvimento do instrumento de avaliação psicossocial na paralisia facial periférica, contou com o levantamento de instrumentos que apresentavam funções similares ao proposto, elaboração das perguntas, avaliação do juízes especialistas na área, revisão e verificação da aplicabilidade do instrumento. 2. Avaliação da sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência Facial na paralisia facial periférica, investigou a sensibilidade e consistência interna do instrumento a partir da comparação com os resultados dos instrumentos de avaliação funcional facial, escala de House-Brackman (HBS) e Sistema de Graduação Facial, e implicações psicossociais a partir da aplicação Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS). MÉTODOS: Pesquisa aprovada pelo comitê de ética em pesquisa, sob o protocolo nº. 196.977 (PUC-SP) e 230.982 (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo). Estudo 1: A elaboração da Escala Psicossocial de Aparência Facial contou com revisão bibliográfica, levantamento de instrumentos que apresentavam funções similares ao questionário, desenvolvimento das questões e grupos temáticos, avaliação de 18 juízes especialistas na área, por meio de formulário, reuniões e revisão final. Após essa etapa, o estudo piloto foi iniciado com a seleção de sujeitos com PFP a partir dos critérios estabelecidos e o instrumento passou pela verificação da aplicabilidade e reprodutibilidade. Estudo 2: A avaliação da sensibilidade do questionário foi realizada por meio de entrevistas fechadas em sujeitos adultos com PFP, sendo 38 selecionados para essa etapa. A análise estatística foi realizada para cada uma das etapas desse estudo, os dados foram digitados em Excel, analisados pelos programas SPSS versão 17.0 para Windows e AMOS versão 22.0 para Windows. RESULTADOS: Estudo 1 - A avaliação dos juízes foi primordial para o aprimoramento do instrumento elaborado. A verificação da aplicabilidade aumentou a familiaridade com o processo de coleta de dados e auxiliou nas modificações dos procedimentos, sendo determinado que o instrumento seria aplicado em forma de entrevista fechada. Estudo 2 - Participaram 38 sujeitos, entre 19 a 78 anos, com predominância de paralisia idiopática (44,7%). Os resultados do Alfa de Cronbach mostraram uma consistência interna forte entre os grupos temáticos e as questões, no entanto a análise fatorial confirmatória, alerta para questões cujo a relação de causa entre os grupos temáticos foi fraca, como nos casos das questões 5 e 6 do grupo temático Aspectos Funcionais da Face, questão 17 dos Aspectos Sociais e questão 23 dos Aspectos Emocionais. CONCLUSÃO: Essa pesquisa constituiu os primeiros passos para o subsídio e respaldo de um instrumento que investiga os aspectos psicossociais associados à PFP, sendo possível a elaboração de questões e ordenação em grupos temáticos. Porém, faz-se necessário a continuidade de estudos para a efetivação dos processos de validação. Palavras-chave: paralisia facial; avaliação; impacto psicossocial; questionários.

Page 18: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

xvi

ABSTRACT

Investigation of the psychosocial impact of peripheral facial paralysis in Speech-Language Pathology evaluation: proposition of a scale INTRODUCTION: Peripheral facial paralysis (PFP) is an impacting condition on its physical, psychological and social aspects, for both the subject affected and those around him. Measuring these data is a complex task. Thus, this research had the PURPOSE to investigate the psychosocial impact of PFP in Speech-Language Pathology evaluation. To meet this proposal, this research was divided into two studies: 1. Development of an instrument of psychosocial assessment in peripheral facial paralysis, which surveyed similar instruments and prepared the questions, submitting them to the evaluation of expert judges, and then revised and verified the applicability of the instrument. 2. Evaluation of the sensitivity of the Psychosocial Scale of Facial Appearance in peripheral facial paralysis, which investigated the sensitivity and internal consistency of the instrument based on the comparison between its results and those from facial functional assessment instruments - House-Brackman scale (HBS) and Facial Grading System – and the psychosocial implications measured by the Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS). METHODS: The research was approved by the Research Ethics Committee, under protocols number 196.977 (PUC-SP) and 230.982 (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo). Study 1: The drafting of the Psychosocial Scale of Facial Appearance comprised a literature review, the survey of similar instruments, the development of questions and thematic groups, the evaluation of 18 expert judges (by forms and meetings), and final review. After this stage, a pilot study was conducted. Subjects with PFP were selected based on the established criteria, and the questionnaire was pretested for verification of its applicability and reproducibility. Study 2: Thirty-eight adult subjects with PFP were submitted to closed interviews in order to evaluate the sensitivity of the questionnaire. Statistical analyses were carried out for each stage of this study. Data were entered into an Excel spreadsheet, and analyzed by the SPSS 17.0 for Windows and the AMOS 22.0 for Windows. RESULTS: Study 1 - The judges’ assessment was essential to the improvement of the questionnaire. The pilot study increased the familiarity with the process of data collection, and helped in procedure modifications, determining that the questionnaire would be applied as closed interview. Study 2 - Participants were 38 subjects with PFP and ages between 19 and 78 years, with predominance of idiopathic paralysis (44.7%). The results of the Cronbach's Alpha showed strong internal consistency among the thematic groups and the questions. However, the confirmatory factor analysis indicates that there were questions with week causal relationship between thematic groups. This was the case for questions 5 and 6 of the thematic group Functional Aspects of Face, and between question 17 of the Social Aspects group and 23 of the Emotional Aspects group. CONCLUSION: This study provided the first steps for the subsidy and support of an instrument designed to investigate the psychosocial aspects associated to PFP, allowing the elaboration of questions and their organization in thematic groups. Further studies are necessary to conclude the validation processes. Keywords: facial paralysis; evaluation; psychosocial impact; questionnaires.

Page 19: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

xvii

APRESENTAÇÃO

A escolha por prosseguir com a investigação dos conteúdos psíquicos e

aspectos sociais implicados nos casos de paralisia facial periférica (PFP), foi

determinada a partir dos resultados de pesquisas realizadas anteriormente e que

evidenciaram que a representação manifesta pelos sujeitos podem ir além dos

déficits funcionais da face.

O primeiro estudo, uma Iniciação Científica1, teve o propósito de descrever

três casos de história familiar, a partir do levantamento documental de exames e

procedimentos realizados. Em um segundo momento, as entrevistas

complementaram os dados histórico e clínico, porém outros conteúdos emergiram

desses relatos: as implicações sociais e emocionais que se enredavam diante da

condição orgânica.

Por essa razão, a pesquisa no Mestrado 2 convocou um espaço para a

investigação dos conteúdos subjetivos que, consideravelmente, estão envolvidos

nos casos de PFP. Dessa maneira, o referencial teórico relacionado a história do

rosto na sociedade, a psicanálise e a teoria do estigma contribuíram para o

desenvolvimento do estudo. As entrevistas realizadas na pesquisa revelaram que

uma mudança na simetria, tonicidade e expressão da face podem acarretar em

prejuízos psíquicos e sociais significativos que ficam mais intensos conforme as

sequelas e prolongamento da PFP.

No entanto, a questão que fica é: por qual motivo o fonoaudiólogo precisa

dirigir sua atenção as implicações psíquicas e sociais da PFP se sua função é

recuperar e reabilitar os movimentos mímicos e expressivos da face?

Primeiro, pelo fato de o rosto apresentar uma função primordial na

comunicação verbal e não-verbal durante as interações sociais e que quaisquer

limitações ou prejuízos dos movimentos faciais podem comprometer drasticamente o

processo de comunicação e socialização, sendo este um importante objeto de

trabalho da fonoaudiologia.

1 Silva MFF, Boéchat EM, Lacerda ET. Paralisia facial periférica: estudo de três casos de história familiar. [Iniciação Científica]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2008. 2 Silva MFF. Conteúdos psíquicos e efeitos sociais associados à paralisia facial periférica [Dissertação de Mestrado]. São Paulo (SP): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2010.

Page 20: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

xviii

Segundo, por frequentemente, esses conteúdos subjetivos serem levados à

clínica fonoaudiológica, devido a própria condição de estabelecimento de condutas,

contato constante com o profissional durante o processo de recuperação e

reabilitação e vínculo constituído com o paciente. Porém, muitas vezes, o

fonoaudiólogo acredita não ser de sua competência escutar esses conteúdos, de

maneira a não se atentar que uma condição de fragilidade pode estagnar o processo

terapêutico e por consequência, o fonoaudiólogo transfere a responsabilidade do

insucesso clínico somente ao sujeito.

Por esse motivo esses aspectos foram discutidos ao longo do trabalho, com o

intuito de fundamentar os conteúdos subjetivos, instrumentalizar o profissional e

fazer com que esta proposta seja uma extensão da prática clínica fonoaudiológica.

Desta maneira, esta pesquisa apresentou 2 estudos integrados em uma

proposta de investigação do impacto psicossocial na PFP na avaliação

fonoaudiológica, conforme sugerido pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em

Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

O Estudo 1, Desenvolvimento do instrumento de avaliação psicossocial

na paralisia facial periférica, contou com a revisão bibliográfica, o levantamento de

instrumentos que apresentavam funções similares ao proposto, elaboração das

questões e grupos temáticos, avaliação do juízes especialistas na área, revisão do

instrumento e a verificação de aplicabilidade com estudos pilotos.

O Estudo 2, Avaliação da sensibilidade da Escala Psicossocial de

Aparência Facial na paralisia facial periférica, investigou a sensibilidade e

consistência interna do instrumento a partir da comparação com os resultados dos

instrumentos de avaliação funcional facial, escala de House-Brackman (HBS) e

Sistema de Graduação Facial, e implicações psicossociais a partir da aplicação

Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS).

Antes da exposição dos estudos, a tese foi composta por uma Introdução,

Fundamentação Teórica e Orientação Metodológica que inclui os procedimentos

empregados e os aspectos éticos envolvidos na pesquisa.

Page 21: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

xix

SUMÁRIO

Lista de abreviaturas e siglas Lista de anexos Lista de tabelas Lista de figuras Lista de quadros Resumo Abstract Apresentação 1. INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 20

1.1. O rosto como objeto de estudo 21

1.2. Aspectos fisiopatológicos da paralisia facial periférica 22

1.3. O corpo, seus sintomas e a escuta na psicanálise: contribuições para a fonoaudiologia

23

1.4. A Teoria do Estigma 26

2. OBJETIVOS 28

3. ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA 29

4. ESTUDO 1 – Desenvolvimento do instrumento de avaliação psicossocial na paralisia facial periférica

32

4.1. Introdução 32

4.2. Objetivo 35

4.3. Método 36

4.4. Resultados 43

4.5 Discussão 60

4.6 Conclusão 63

5. ESTUDO 2 - Avaliação da sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência Facial na paralisia facial periférica

64

5.1. Introdução 64

5.2. Objetivo 69

5.3 Método 70

5.4. Resultados 75

5.5 Discussão 92

5.6 Conclusão 96

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 97

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 98

8. ANEXOS 107

Page 22: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

20

1. INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O rosto é um dos aspectos de maior subjetividade humana. Um dos principais

elementos de identidade é constituído a partir dele e os traços que o caracterizam, o

distinguem de quaisquer outros indivíduos. Essa é a parte de maior evidência do

corpo humano, sendo também a mais dinâmica e expressiva. A emoção conferida a

ele é capaz de exibir mais de 10 mil expressões, por isso exerce um papel

importante na mediação das relações sociais (Courtine, Haroche, 1988; Ekman,

1992; Freitas-Magalhães, 2009; Maluf-Souza, 2009; Ramos, 2010; Mesquita, 2011).

Por essa razão é necessário investigar o impacto físico, psíquico e social que

a limitação ou impossibilidade de expressar emoções faciais pode causar, como os

retratados nos casos de paralisia facial periférica (PFP) (Maciel, Mimoso, 2007;

Silva, 2010, Silva et al., 2011).

Na PFP são observados distúrbios na expressão e mímica facial, na fala,

mastigação, deglutição e oclusão palpebral (Colli et al., 1994; Guedes, 1997; Seçil,

Aydogdu, Ertekin, 2002; Swart, Verheij, Beurskens, 2003; Finsterer, 2008; Tessitore,

Pfelsticker, Paschoal, 2008; Mory et al., 2013), além de alterações na gustação,

salivação, lacrimejamento, hiperacusia e hipoestesia no canal auditivo externo

(Twerski, Twerski, 1986; Macgregor, 1990; Ross, Nedzelski, McLean, 1991; Adams,

1998; Valença et al., 1999; Vasconcelos et al., 2001).

O impacto psíquico e social da PFP pode englobar dificuldades na

comunicação verbal e não-verbal (Dawidjan, 2001), nas relações sociais (Silva,

2010, Silva et al., 2011; Silva, Guedes, Cunha, 2013) estresse emocional, ansiedade

e depressão (Weir et al., 1995). Além de o sujeito ser ou sentir-se rejeitado por

outros (Robinson, Rumsey, Partridge, 1996), ele pode evitar frequentar locais

públicos (Beurskens et al., 2003).

Nesse sentido, todos os aspectos envolvidos no processo de adoecimento do

sujeito com PFP precisam ser investigados, como os sentimentos frente aos

sintomas e modos próprios de lidar com a situação.

Page 23: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

21

Para tanto, faz-se necessário uma explicitação dos fundamentos teóricos a

respeito da importância do rosto, aspectos fisiopatológicos da PFP e aspectos

relativos ao estudo do corpo sintomático na psicanálise e a teoria do estigma.

1.1. O rosto como objeto de estudo

A expressão é um elemento essencial para o desenvolvimento humano, e

para tal destaca-se a importância do rosto. Ao mesmo tempo que os traços e

expressões faciais estão envolvidos no processo comunicativo e de socialização,

também são primordiais na individualização, revelando a interioridade e os

sentimentos do sujeito (Courtine, Haroche, 1988).

O rosto pode ser compreendido como espaço de percepção de si em relação

aos outros, em que se anuncia a certeza de que o “rosto fala”, ou seja, o sujeito

exprime-se pelas expressões faciais (Maluf-Souza, 2009). Assim, o rosto é um

importante componente de autoconceito, constituindo uma marca de subjetividade

que tem papel fundamental no processo de comunicação humana (Slade, Russel,

1973; Bradbury, Simon, Sanders, 2006; Maluf-Souza, 2009).

Ao qualificar que a comunicação é também compreendida pelas expressões

faciais, o rosto desempenha papel fundamental na interpretação do pensamento

humano, pois a maleabilidade e sutileza dos movimentos mímicos fazem com que

se infiram quais os possíveis sentimentos transmitidos em uma interação (Courtine,

Haroche, 1988). Complementando, a expressão facial é primordial na comunicação

emocional, conexão e nas relações sociais (Ekman, 1986; Tickle-Degnen, 2006).

As técnicas de decifração da aparência humana defendiam que o rosto podia

revelar as intenções do sujeito, incluindo os seus defeitos e qualidades, servindo

assim o rosto, como um mapa da subjetividade (Courtine, Haroche, 1988;

Sant’Anna, 2004). Ao partir desse pressuposto, a constituição de uma aparência

“normal” da face tem sido moldada pela sociedade e quaisquer desvios dessa norma

podem levar à estigmatização (Ekman, 1986; Goffman, 1988).

Desse modo, salienta-se o caráter devastador que uma ineficácia funcional na

face pode causar. Assim, uma reflexão do modo como é visto e como se sente o

sujeito acometido pela PFP é importante, a medida que o cenário contemporâneo

enaltece a aparência física e admite que as linhas do rosto são tomadas como

signos que constituem uma “escrita” da personalidade humana (Trinta, 1999).

Page 24: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

22

1.2. Aspectos fisiopatológicos da paralisia facial periférica

Os músculos da face caracterizam-se por manter conexões diretas com a

pele. Suas fibras são planas, finas e mal delimitadas. Essas características

anatômicas particulares determinam as peculiaridades funcionais e a maleabilidade

das expressões faciais (Happak et al., 1997; Martinez-Penay y Valenzuela et al.,

2005).

Quando a inervação de um músculo dessa região é comprometida, as fibras

musculares degeneram-se e o músculo atrofia, fazendo com que haja redução de

seu volume normal e uma substituição, considerável, por tecido fibroso, em longo

prazo (Diels, Combs, 1997).

A PFP é um exemplo disso, e decorre da redução ou interrupção do

transporte axonal ao sétimo nervo craniano que resulta em paralisia parcial ou

completa da mímica facial. Isso ocorre com frequência, pelo fato do sétimo nervo

craniano ser o mais afetado do corpo humano (May, 1986; Fernandes, Lazarini,

2006), pois percorre um longo trajeto com ângulos e um estreito canal ósseo,

conhecido como canal de Falópio (May, 1986; Mackinnom, Dellon, 1988; Bento,

1998).

Essa é uma afecção que representa a manifestação de muitas enfermidades,

com diversas causas conhecidas (May, 1986). Dentre estas, à associada ao vírus

herpes simples tem sido mencionada com recorrência na última década (Lazarini et

al., 2006; Tiemstra, Khatkhate, 2007), no entanto o predomínio do diagnóstico por

paralisia idiopática, também referida como Paralisia de Bell, ainda corresponde a

60% e 75% dos casos (Falavigna et al., 2008).

A incidência de PFP foi estimada em 11,5 a 40,2 casos a cada 100.000

pessoas por ano (Aboytes-Meléndez, Torres-Venezuela, 2006). Outros dados

indicaram uma variação de 13 a 34 casos a cada 100.000 pessoas, anualmente

(Falavigna et al., 2008). Os picos etários estão nas faixas de 30 a 50 anos e dos 60

a 70 anos (Teixeira et al., 2011).

As dificuldades comumente encontradas são:

1) diminuição da tonicidade muscular evidenciada, principalmente, na mímica

facial e expressão de emoções (Finsterer, 2008);

2) dificuldades nas funções mastigatórias e fase oral da deglutição devido a

diminuição de tonicidade do músculo orbicular dos lábios e bucinador e

Page 25: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

23

restrição da pressão intra-oral. Engasgos também podem ocorrer, devido a

a diminuição salivar e paralisia dos músculos estilo-hióideo e ventre

posterior do digástrico, (Seçil, Aydogdu, Ertekin, 2002; Swart, Verheij,

Beurskens, 2003; Tessitore, Pfelsticker, Paschoal, 2008; Mory et al., 2013);

3) alterações na fala, especificamente na produção dos fonemas bilabiais e

labiodentais, causada pelo comprometimento do músculo bucinador e

dificultada pelo desvio naso-labial (Guedes, 1997; Tessitore, Pfelsticker,

Paschoal, 2008);

4) hiperacusia e dormência ao redor da orelha (Twerski, Twerski, 1986;

Macgregor, 1990; Ross, Nedzelski, McLean, 1991; Finsterer, 2008) e;

5) incapacidade de fechar os olhos (lagoftalmo), redução do reflexo de piscar

e do lacrimejamento, que podem gerar úlceras de córnea, desconfortos e

dor decorrentes de uma exposição prolongada (Valls-Solé, Montero, 2003).

O tempo de recuperação da PFP é determinado pelo grau da lesão do nervo

facial, de suas diversas etiologias, da idade do paciente e de como o caso é

conduzido pelos profissionais da saúde envolvidos. A regeneração dos movimentos

faciais pode ser total ou parcial (Irintchev, Wernig, 1994).

O início repentino da afecção, muitas vezes acompanhado de uma causa

desconhecida, intensificam o sofrimento psíquico e interferem nas relações sociais,

provocando consequências que vão além das funcionais (Twerski, Twerski, 1986;

Macgregor, 1990; Silva, 2010; Silva et al., 2011; Silva, Guedes, Cunha, 2013). O

decréscimo da autoestima, ansiedade, depressão e isolamento são efeitos

conhecidos (VanSwearingen, 1998) e serão explanados nos próximos subitens.

1.3. O corpo, seus sintomas e a escuta na psicanálise: contribuições para a

fonoaudiologia

Para que este trabalho faça sentido aos fonoaudiólogos, o estudo da

psicanálise faz-se necessário. Cunha (2001) delimitou que a consistência teórica da

psicanálise contribui para profundidade da prática fonoaudiológica, sem perder a

especificidade do campo de atuação, ou seja, adotar uma concepção psicanalítica

não exclui a especificidade fonoaudiológica, mas é importante compreender que a

“unidade corpo/mente” é indissolúvel (Cunha, 2001, p. 119).

Page 26: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

24

A partir da associação de corpo sintomático e o conceito teórico psicanalítico

é possível uma especificidade tanto da escuta quanto das interpretações

fonoaudiológicas, porém em um enquadre distinto do analítico (Cunha, 2001). Para

continuar essa discussão, vale elencar conceitos aqui pertinentes da psicanálise.

A clínica psicanalítica extrai a sua eficácia da escuta de uma fala que substitui

os sintomas (sinais) por representações (símbolos), possibilitando que a

compreensão dos sintomas vá além da dimensão corporal (Freud, 1916-1917/2014).

Nas perturbações psicossomáticas a saúde desregrada faz com que o corpo

sofra com a doença, mas a origem de sua disfunção fisiológica é uma desordem

inconscientemente psíquica (Dolto, 2002). As perturbações residem em uma falta de

representação devido a um trauma carregado de afeto que, por esse motivo, fica

excluído de conexões associativas com o restante do ser (Freud, 1894/1996; Ávila,

1996).

Os quadros de depressão e ansiedade, por exemplo, estão frequentemente

associados à somatização e seus sintomas manifestos como queixas, muitas vezes

vagas, podem aparecer como “metáforas corporais”, sendo essa uma maneira de

comunicar um sofrimento (Lipowski, 1988; Ávila, 2004).

Uma afecção pode também ser entendida como uma expressão do paciente

em lidar com a realidade, por essa razão o processo de adoecimento precisa ser

compreendido como um desencontro de tendências dentro de si. Ao adotar os

órgãos de linguagem e intencionalidade, o sujeito adoecido evidencia o seu

subjetivismo (Ávila, 2004).

Ao se voltar para a escuta, o profissional encontra uma forma de acesso do

sujeito a algo ainda desconhecido dentro de si mesmo. Nesse caso, as palavras

revelam um conteúdo latente que, inicialmente, produzem descargas e depois

associações com o que está se retratando. Esse conteúdo latente demanda um

desejo de ser compreendido em sua dor e o terapeuta usa a escuta como via de

acesso ao desconhecido que habita o sujeito. As demandas que circulam, na maior

parte da vezes, não são lógicas e de fácil deciframento, mas em sua essência

comunicam o desejo e a necessidade de serem escutadas (Macedo, Falcão, 2005).

Este trabalho sugere que a escuta seja empregada na clínica fonoaudiológica

para que o profissional seja capaz de acolher o sofrimento de um sujeito,

especialmente aqui, nos casos de PFP. Freud, no início de sua experiência clínica,

Page 27: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

25

mesmo antes de fundar a psicanálise, propunha que se escutasse o paciente

(Macedo, Falcão, 2005).

Isso é reiterado com Winnicott (1991), ao explicitar que a escuta pode ser

adotada por outros profissionais. Exemplificando: diante de uma plateia de padres

anglicanos, ele é questionado sobre o momento em que é necessário que o

psicanalista atue em um caso, quando o próprio meio que o sujeito vive, por

exemplo na própria igreja com o padre, pode suprir essas necessidades. Winnicott

responde que se aquilo que é dito mantém o interesse de quem exerce a escuta,

independente da gravidade do seu conflito ou sofrimento, o próprio padre pode

ajudar, porém, quando aquela fala causa estranheza, então ela precisa de

direcionamento e tratamento com outro profissional.

É importante lembrar que, por meio da escuta e pela mediação da

transferência que o imaginário e a realidade são trazidos, e isso se dá pelo

estabelecimento das relações entre as experiências, revivescências do passado ou

novas situações para o sujeito, colocando-se a possibilidade de representar a

mediação da mente na produção do sintoma (Freud, 1894/1996; Dolto, 2002).

Porém, se o profissional da saúde vai de encontro com a visão subjetiva do

paciente, a relação costuma ser conflitiva, principalmente se há uma intenção do

profissional da saúde em diminuir, ignorar ou descartar a importância desses

sintomas. A tendência é que essa relação fique abalada e até o processo previsto de

melhora, retarde (Ávila, 2004).

Nos casos de PFP, Santos (2006) destacou que o processo de adoecimento

marca uma ruptura no planejamento e rotina, fazendo com que o sujeito não

encontre um sentido e viva de maneira restrita. As transformações drásticas e

abruptas na PFP geram forte impacto.

Sintetizando, se o fonoaudiólogo fica alheio a esses sinais, em muitos casos,

a evolução do caso clínico não acontece, pois não só a técnica de recuperação e

reabilitação da PFP mostra-se suficiente, mesmo que seja corretamente empregada,

sendo indispensável que a função psíquica dos sintomas se revelem.

Page 28: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

26

1.4. A Teoria do Estigma

Para apresentação deste subitem o referencial teórico adotado foi a Teoria do

Estigma de Goffman (1988), estudo importante para a compreensão das

consequências nas interações sociais que as alterações na face podem causar.

O estigma é uma referência depreciativa a uma identidade deteriorada pela

ação social, que afeta indivíduos com deformações físicas, psíquicas, de caráter ou

qualquer outra característica que os torne, perante aos outros, diferentes. Assim

afetados, esses sujeitos lutam, diária e constantemente, para construir/fortalecer sua

identidade social.

Benedetti (2003) afirmou que o fato de não se atender aos padrões de

normalidade estética favorece a rejeição social. E, nessas circunstâncias, o indivíduo

sofre duplamente: por não ter uma expressão apreciada pelo seu meio social, mas,

sobretudo, por atribuir um caráter extremamente doloroso às suas limitações, o que

fragiliza sua identidade.

De acordo com Goffman (1988), essa situação desconfortável pode se

intensificar quando estranhos se sentem livres para entabular conversas nas quais

expressam o que consideram uma curiosidade sobre a sua condição, ou quando

eles oferecem uma ajuda que não é necessária ou não é desejada. As interações

podem ser angustiantes, tanto para o sujeito estigmatizado quanto o “normal”. As

pessoas podem tirar conclusões errôneas, supondo que o sujeito estigmatizado ou é

muito agressivo ou é muito tímido. Ainda, as pessoas “normais” sentem que se não

mostrarem sensibilidade e interesse direto pela situação do outro, estão cometendo

uma falha ao não ser solidária ao sujeito estigmatizado.

Diante disso, o sujeito estigmatizado, pode se defender antecipadamente, por

exemplo, ao não se expor diante dos outros ou evitar certos locais e contatos

sociais. Na falta de interações sociais saudáveis, a pessoa, possivelmente, torna-se

desconfiada, deprimida, ansiosa e confusa.

Ainda, o indivíduo estigmatizado pode utilizar sua identidade para “ganhos

secundários”, como por exemplo, ao se tornar uma desculpa para fracassos ao qual

chegou por outras razões ou analisando como uma lição de vida.

Page 29: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

27

Ao explorar a junção entre os aspectos psicossociais envolvidos nos casos de

PFP, esta pesquisa visou contribuições a partir da apresentação de dois estudos. O

primeiro intitulado “Desenvolvimento do instrumento de avaliação psicossocial

na paralisia facial periférica”, apresentou como proposta a elaboração de um

questionário para medir as repercussões psicossociais da PFP associada as

limitações funcionais e, para isso, juízes avaliaram sua aplicabilidade e

posteriormente, os estudos pilotos foram realizados. Então no segundo estudo,

denominado “Avaliação da sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

Facial na paralisia facial periférica”, há uma avaliação da sensibilidade do

instrumento para fins de rastreamento de comparação dos aspectos funcionais da

face, com a aplicação da escala de House-Brackman (HBS) e do Sistema de

Graduação Facial, e implicações psicossociais, a partir da aplicação Escala

Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS).

Page 30: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

28

2. OBJETIVOS

Elaborar um questionário sobre os aspectos psicossociais envolvidos na

paralisia facial periférica (PFP), aplicá-lo em um grupo de pacientes adultos e avaliar

sua sensibilidade para fins de rastreamento dos aspectos psicossociais e funcionais

da face.

Page 31: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

29

3. ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA

Apresentação breve relativa aos preceitos éticos, locais de realização da

pesquisa, os procedimentos adotados e a análise dos dados. Esta descrição foi

melhor detalhada nos Estudos 1 e 2 que conformam esta pesquisa.

Considerações Éticas

O comitê de ética da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

e da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo afirmaram que os

procedimentos utilizados neste estudo atenderam aos critérios éticos da Portaria

196/96 do Conselho Nacional de Saúde no que se refere à pesquisa com seres

humanos, sob o protocolo nº. 196.977 (ANEXO 1) e 230.982 (ANEXO 2).

De acordo com os preceitos éticos da pesquisa com seres humanos, foi

elaborado um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para a participação

dos sujeitos, ao qual continha: o objetivo do estudo, os procedimentos, a garantia de

sigilo quanto a identidade dos participantes e o asseguramento da possibilidade de

desistência em qualquer momento da pesquisa (ANEXO 3).

Locais de Pesquisa

Este estudo foi realizado em três instituições que apresentavam em seu

ambulatório, o atendimento dos casos de PFP: 1. O setor de Cabeça e Pescoço do

Ambulatório de Especialidades Geraldo Bourroul da Irmandade da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo; 2. O Ambulatório de Fonoaudiologia da Universidade

Federal de São Paulo (Unifesp) e; 3. O Ambulatório da Base do Crânio e Paralisia

Facial do Hospital de Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

Estadual de Campinas (Unicamp).

Page 32: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

3

0

Fig

ura

1 –

Flu

xo

gra

ma

do

s p

roced

ime

nto

s m

eto

do

lógic

os r

ea

liza

do

s n

o E

stu

do

1

Desenvolvimento do Questionário

1. F

un

dam

enta

ção

Teó

rica

2. E

lab

ora

ção

do

Q

ues

tio

nár

io

Esc

ala

Psi

coss

oci

al d

e A

par

ênci

a F

acia

l -2

1

Qu

estõ

es

3. A

val

iaçã

o d

os

Juíz

es

18

esp

ecia

list

as

par

tici

pan

tes

5 R

eun

iões

Pre

ench

imen

to d

e F

orm

ulá

rio

An

ális

e d

e D

ado

sE

scal

a P

sico

sso

cial

de

Ap

arên

cia

Fac

ial -

24

Q

ues

tões

4. S

eleç

ão d

os

suje

ito

sL

evan

tam

ento

de

Pro

ntu

ário

s

Ad

ult

os

com

PF

P

Un

ilat

eral

Sem

ou

tras

alt

eraç

ões

fa

ciai

s q

ue

não

fo

ssem

d

eco

rren

tes

da

PF

P

Av

alia

ção

Fu

nci

on

al d

a F

ace

Esc

ala

Ho

use

-Bra

ckm

an

Sist

ema

de

Gra

du

ação

da

Fac

e

5. A

pli

caçã

o d

os

pré

-tes

tes

HA

DS

Esc

ala

Psi

coss

oci

al d

e A

par

ênci

a F

acia

l

5 r

esp

on

der

am a

o

qu

esti

on

ário

en

treg

ue

15

res

po

nd

eram

em

form

a d

e en

trev

ista

fech

ada

8 p

arti

cip

aram

da

rep

rod

uti

bil

idad

e d

o

inst

rum

ento

An

ális

e E

stat

ísti

ca

Page 33: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

3

1

Fig

ura

2 -

Flu

xo

gra

ma d

os p

roce

dim

en

tos m

eto

do

lógic

os r

ea

liza

dos n

o E

stu

do

2

Avaliação da Sensibilidade

1. S

eleç

ão d

os

Suje

ito

sL

evan

tam

ento

de

Pro

ntu

ário

Ad

ult

os

Am

bo

s o

s se

xos

PF

P U

nil

ater

al

54

a p

arti

r d

este

s cr

itér

ios

Sem

ou

tras

alt

eraç

ões

fa

ciai

s q

ue

não

fo

ssem

d

eco

rren

tes

da

PF

P4

1 S

uje

ito

s2

. Av

alia

ção

Fu

nci

on

al d

a F

ace

Esc

ala

de

Ho

use

-B

rack

man

Esc

ala

de

Gra

du

ação

F

acia

l

3. A

pli

caçã

o d

a E

scal

a P

sico

sso

cial

de

Ap

arên

cia

Fac

ial

En

trev

ista

Fec

had

a

38

par

tici

pan

tes

An

ális

e E

stat

ísti

ca

Des

crit

iva

Tes

tes

não

par

amét

rico

s d

e M

ann

-Wh

itn

ey e

K

rusk

al-W

alli

s

Po

ssív

eis

gru

po

s co

m

com

po

rtam

ento

s d

ifer

ente

s en

tre

as e

scal

as

Tes

te n

ão p

aram

étri

co d

e Sp

earm

anV

alid

ade

con

ver

gen

te

Alf

a d

e C

ron

bac

hV

alid

ade

inte

rna

An

ális

e fa

tori

al

con

firm

ató

ria

Co

nfi

rmaç

ão d

os

fato

res

HA

DS

Usa

da

com

o

Co

mp

arat

ivo

Page 34: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

32

4. ESTUDO 1 – Desenvolvimento do instrumento de avaliação psicossocial na

paralisia facial periférica

4.1. INTRODUÇÃO

Uma das preocupações na elaboração de um instrumento de pesquisa é que

ele consiga registrar ou se aproximar da realidade do objeto de estudo (Alexandre et

al., 2003).

Quando a busca se pauta no conhecimento de aspectos de uma determinada

população, pode-se optar pelo levantamento de dados, e o questionário é um

instrumento apropriado para essa pesquisa. A elaboração do questionário tem como

base o problema de pesquisa e, portanto, o embasamento teórico e as variáveis que

se quer determinar (Appolinario, 2006; Martins, Teóphilo, 2007).

Define-se o questionário como uma técnica de investigação composta por um

número determinado de questões apresentadas por escrito a um grupo selecionado

de pessoas, tendo como objetivo o conhecimento de suas opiniões. A utilização

dessa técnica propicia vantagens como a possibilidade de atingir grande número de

respondentes e a não exposição dos pesquisados à influência das opiniões do

entrevistador. Contudo, os questionários podem apresentar resultados não

esperados, ao considerar que os itens podem ter significados diferentes para cada

respondente. Outro problema é a limitação da quantidade de questões, pois

questionários muito extensos apresentam alta probabilidade de não serem

respondidos com precisão (Gil, 1995).

Para assegurar a qualidade do instrumento é primordial o levantamento de

literatura acerca do tema para apropriação da base teórica, a elaboração de

questões fiéis ao objetivo proposto, a avaliação do instrumento feita por

especialistas selecionados, a revisão posterior, a realização da aplicabilidade e

reprodutibilidade e análise dos resultados obtidos para futuras adequações

(Appolinario, 2006; Martins, Teóphilo, 2007; Fenker, Diehl, Alves, 2011).

De acordo com a temática a ser investigada, o impacto psicossocial da PFP,

decidiu-se por levantar na literatura pesquisas que investigassem os aspectos

psicossociais e os instrumentos utilizados para o alcance desse objetivo.

Page 35: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

33

O primeiro achado foi o trabalho de VanSwearingen e Brach (1996), que

avaliou a eficácia do instrumento Facial Disability Index (FDI) elaborado pelo Facial

Nerve Center. Este instrumento foi traduzido para o português por Ferreira e Faria

(2002) como Índice de Incapacidade Facial (IIF). Como na versão original, o

instrumento está subdividido em duas seções: a primeira é composta pelo Índice de

Função Física (IFF) e a segunda pelo Índice de Bem Estar Social (IBES). O IIF foi

utilizado no Brasil em algumas pesquisas como a de Toledo (2007), após terapia

miofuncional em pacientes com PFP, com a realização da autoavaliação em dois

grupos: submetidos e não submetidos a aplicação de toxina botulínica; por Freitas e

Goffi-Gomez (2008) com o objetivo de mensurar o grau de percepção e incômodo

quanto à condição facial de sujeitos com PFP de longa duração e; por Sassi et al.

(2011) para correlacionar o exame de eletromiografia e o índice de inabilidade facial,

como modo de investigar o resultado do tratamento realizado.

Como evidenciado acima, o IIF vem sendo muito utilizado após sua tradução

para o português, porém o instrumento não passou por adaptação transcultural e

pelo processo de validação no Brasil, o que pode ser questionado em seus aspectos

metodológicos (Hoss, Caten, 2010). Além disso, nos estudos supracitados, os

resultados obtidos em relação ao objetivo não revelaram resultados significantes

quanto a percepção subjetiva e tendem a evidenciar o modo como o paciente

enxerga sua condição física com pouca relação com o grau e severidade do

acometimento (Toledo, 2007; Freitas, Goffi-Gomez, 2008; Sassi et al., 2011).

Cross et al. (2000) avaliaram aspectos psíquicos (angústia, estresse e

autoestima) de pacientes (n=103) com PFP decorrente de cirurgia de neurinoma do

acústico. Tais pacientes foram avaliados a partir de quatro instrumentos: 1) Derriford

Appearance Scale (DAS) que tem a finalidade de medir a angústia associada à

preocupação com aparência física, 2) Questionário COPE que mede maneiras de

lidar com o estresse, 3) Facial Paralysis Questionnaire (FPQ) que mede a qualidade

das funções faciais e 4) Relato Pessoal. Os resultados evidenciaram níveis elevados

de angústia, principalmente nas pessoas com baixa autoestima, nos jovens, nas

mulheres, e nos sujeitos que viviam sozinhos. Também demonstrou que estes níveis

de angústia não foram diretamente associados ao grau de comprometimento da

PFP. Portanto, a maneira como os pacientes se sentiam em relação a si mesmos,

em termos de autoimagem, pode prevalecer sobre a natureza de suas próprias

Page 36: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

34

reações ou mesmo do grau de severidade da PFP (Cross et al., 2000).

O instrumento mais recente, o Facial Clinimetric Evalualion Scale (FaCE),

desenvolvida por Kahn (2001), recebeu uma adaptação cultural e linguística dos

portugueses Maciel e Mimoso (2007), de forma a contribuir com a validação para o

português. Os resultados do estudo mostraram a efetividade da adaptação

transcultural do instrumento que foi denominado Escala de Avaliação Facial

Clinimétrica para o português, porém ressaltaram que a aplicabilidade das questões

foi mais adequada na fase inicial da condição facial da PFP e não em uma fase de

longa duração da mesma. Além disso, para uma utilização no Brasil, outra

adaptação cultural e linguística é necessária.

De acordo com Ho et al. (2012), para avaliar os efeitos das intervenções

realizadas nos pacientes com PFP é necessário considerar a satisfação e o impacto

na qualidade de vida. Por essa razão, realizaram uma revisão sistemática com o

objetivo de identificar os instrumentos validados para avaliar a qualidade de vida da

população acometida pela PFP. Foram levantados 598 artigos e 28 questionários

foram identificados, porém apenas 03 satisfaziam os critérios de seleção, a saber: 1.

FaCE, 2. DAS e 3. FDI. Os resultados demonstraram que, embora os instrumentos

evidenciassem o seu desenvolvimento e validação, nenhuma medida satisfaz todas

as diretrizes para elaboração de instrumentos e sua validação. Além disso, os

instrumentos ficaram restritos aos domínios de autopercepção da aparência facial e

sintomas ou satisfação no processo de tratamento, o que restringe sua utilização.

Para analisar as diferenças no estado psíquico de pessoas acometidas pela

PFP, Huang et al. (2012) realizaram um estudo de caso controle, comparando com

sujeitos saudáveis. Para avaliar a função facial foi utilizada a Escala de HBS, o FDI

para a autopercepção do sujeito e para avaliar o sofrimento psíquico foi utilizada a

Kessler Psychological Distress Scale (K10) e por fim, o The Sixteen Personality

Factor Questionnaire (16PF) de perfis de personalidade. O estudo revelou que o

estado psíquico entre pacientes com PFP e pessoas saudáveis são diferentes,

sendo que o sofrimento psíquico e fatores de personalidade estão intimamente

associados à gravidade da PFP e à pacientes do sexo feminino.

Feitas essas considerações, é possível sublinhar a importância da

investigação dos aspectos psíquicos e sociais no tratamento do sujeito acometido

pela PFP, pelos profissionais da saúde em geral. E pelo fonoaudiólogo, neste

Page 37: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

35

estudo, na proposição de intervenções que integrem ambos os aspectos à

reabilitação miofuncional e da comunicação (verbal e não-verbal) decorrentes das

alterações faciais (Silva, 2010; Silva et al., 2011; Silva, Guedes, Cunha, 2013).

Conforme revelado acima, os estudos se propunham à apresentar

instrumentos de autoavaliação funcional, psíquica e de qualidade de vida associadas

à PFP. Apesar de serem instrumentos que se dispõem a esta investigação, mostram

suas limitações ao valorizar um aspecto em relação aos outros e/ou não

conseguirem abranger todos os casos de PFP, ao não considerarem tempo de

acometimento, etiologia e/ou grau de severidade.

Portanto, justifica-se aqui a elaboração de um questionário que compreende

os aspectos psicossociais implicados nos casos de PFP, assim como considerem

atingir o maior número da população possível acometida por essa afecção, ao

atender as diversas etiologias, ao grau de severidade e ao tempo de acometimento.

4.2. Objetivo

Por esta razão, o objetivo desta pesquisa foi elaborar um questionário que

caracterizasse os aspectos psicossociais de sujeitos com PFP.

Page 38: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

36

4.3. MÉTODO

Este trabalho de aferição dos itens tem a finalidade de verificar a precisão e

relevância dos dados coletados em pacientes acometidos pela PFP.

4.3.1. FASE 1 – Procedimentos para a elaboração do questionário

4.3.1.1. Princípios

Para elaboração do questionário estabeleceu-se relações com o objetivo, a

hipótese, a população selecionada e a determinação da análise de dados

disponíveis para esta pesquisa.

O questionário elaborado neste trabalho surgiu a partir de pesquisa realizada

no Mestrado (Silva, 2010) e revisão da literatura científica, apresentada na

introdução desse estudo. Além disso, as observações clínicas por parte da

pesquisadora também foram levadas em consideração.

4.3.1.2. Estrutura do questionário

a) Formato: A escolha da letra, o tamanho e a estrutura do questionário foram

realizados com o objetivo de facilitar a visualização do respondente.

b) Nome: O questionário foi intitulado de Escala Psicossocial de Aparência Facial

(EPAF)

c) Identificação e histórico: Espaço reservado para se colocar o nome completo e

data em que foi realizada a coleta de dados.

d) Instruções iniciais: As instruções foram apresentadas no início do questionário

sendo claras, objetivas e de simples entendimento para o respondente.

e) Elaboração das questões e revisão: O texto foi simplificado para fácil

compreensão do respondente. A revisão realizada pela própria pesquisadora

verificou se não haviam erros gramaticais, exaustividade e complexidade de

entendimento.

f) Quantidade de questões: Inicialmente a EPAF apresentou 21 questões.

g) Grupos temáticos: A EPAF foi dividida em 3 grupos temáticos: 1. Aspectos

Funcionais da Face; 2.1. Aspectos Sociais – Desempenho de Tarefas; 2.2. Aspectos

Sociais – Interações Sociais; 2.3. Aspectos Sociais – Relação Conjugal; 3. Aspectos

Emocionais. Cada grupo temático apresentava 7 questões.

Page 39: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

37

4.3.1.3. Formato das respostas

Para esta pesquisa foi selecionado o tipo de respostas fechadas nas quais o

respondente seleciona a opção entre as apresentadas, que mais se adequava à sua

opinião. Para isso, optou-se pela escala Likert que exibe categorias ordenadas,

igualmente espaçadas e com o mesmo número de categorias em todos os itens.

Para cada questão o sujeito assinala apenas um número entre as quatro

categorias de respostas estabelecidas, que correspondem:

- 3 = Sempre / Concordo totalmente

- 2 = As vezes / Concordo em partes

- 1 = Raramente / Não lembro

- 0 = Nunca / Discordo

4.3.2. FASE 2 - Reunião com os juízes

Como parte dos requisitos para posterior validação, após a elaboração do

questionário foram selecionados os juízes, especialistas na atuação em PFP que

avaliaram se a EPAF estava de acordo com os objetivos propostos pela pesquisa.

Os juízes selecionados foram convidados a indicar mais um especialista até

que se completasse um número suficiente neste processo, ou seja, um número

mínimo de 10 juízes.

O número mínimo foi ultrapassado, contando com a participação de 18 juízes.

Após isso, as reuniões foram agendadas e previamente, entregues a EPAF e

um formulário de avaliação (ANEXO 5).

O formulário relativo a avaliação da EPAF, verificou se estava estruturada de

maneira à atingir a população estudada e apresentou os seguintes itens:

tempo despendido a preencher o questionário;

dificuldade de compreensão para algumas questões;

diferentes significados para a mesma expressão;

clareza e precisão das instruções utilizadas;

diferenciação nas possibilidades de resposta;

contribuições para adaptação das questões;

questões que deveriam ser acrescidas;

questões que deveriam ser retiradas e;

adequação do tipo e tamanho de letra utilizada no questionário.

Page 40: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

38

Os itens do formulário foram elaborados a partir de elementos fornecidos por

Duncley et al. (2003) e por Beaton et al. (2000), para determinação da validade

aparente de um questionário.

Com a realização das reuniões, cinco no total, foi possível determinar as

modificações e adequações necessárias para a alteração do questionário.

Após esta etapa, a EPAF passou por uma revisão ortográfica final realizada

pela própria pesquisadora.

4.3.3. FASE 3 – Aplicação do estudo piloto

4.3.3.1. Local de realização da pesquisa

O estudo foi realizado no Ambulatório da Base do Crânio e Paralisia Facial do

Hospital de Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de

Campinas (Unicamp).

4.3.3.2. Período de coleta de dados

A coleta de dados foi realizada em um mês, no período de julho a agosto de

2013.

4.3.3.3. Amostra

4.3.3.3.1. Critérios de seleção

- Sujeitos adultos, de ambos os sexos, com idade a partir dos 18 anos;

- Sujeitos com PFP unilateral de etiologias diversas, nas fases flácida e

sequelar e com definição da gravidade a partir da Escala de HBS.

- Sem outras alterações faciais que não fossem decorrentes da PFP;

4.3.3.4. Materiais e Procedimentos

4.3.3.4.1. Convite para participação dos sujeitos

Antes da aplicação da EPAF, uma apresentação e uma exposição

simplificada do assunto de pesquisa foi realizada oralmente pela própria

pesquisadora aos sujeitos convidados a participar, assim como a relevância e

benefícios que os resultados da pesquisa poderiam oferecer, tanto para as pessoas

acometidas pela PFP como para reflexão do manejo clínico fonoaudiológico.

Page 41: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

39

Como os pacientes do ambulatório não tinham contato com a pesquisadora e

o procedimento apresentava-se como novidade dentro da rotina hospitalar, a

pesquisadora iniciava com um “aquecimento” antes da aplicação do questionário,

em que perguntas como por exemplo: “está tudo bem?”, “chegou que horas no

ambulatório?”, “em que região você mora?”, “veio com acompanhante para o

ambulatório?”, eram usadas como estratégia para que os sujeitos ficassem mais

confortáveis com a pesquisadora e a nova situação. Esta parte do procedimento

durava em torno de 15 minutos.

Após, o TCLE (ANEXO 3) foi lido pela própria pesquisadora e se o sujeito

apresentasse dúvidas quanto algum dos critérios do termo, estas eram esclarecidas

no mesmo momento. Caso aceitasse, o TCLE era assinado e a coleta de dados se

iniciava.

4.3.3.4.2. Coleta de dados

A identificação pessoal e dados relativos à PFP foram coletados em

prontuário e quando as informações não estavam presentes, as perguntas eram

feitas diretamente aos sujeitos. Os dados foram preenchidos conforme segue o

anexo 4 e armazenados em banco de dados para sua posterior análise e

comparação com os dados obtidos na EPAF.

4.3.3.4.3. Avaliação fonoaudiológica da função facial

A pesquisadora explicitou aos sujeitos o momento de avaliação da função

facial e quais seriam os procedimentos adotados, assim como pediu permissão e

cooperação para a realização dos movimentos faciais, quando solicitado.

Foi aplicada a escala de HBS (1985) para avaliar a severidade da PFP, a

partir dos seguintes parâmetros: simetria facial em repouso, grau de movimento dos

músculos faciais e sincinesias provocadas por movimentos voluntários específicos

(ANEXO 6).

Foi realizada a avaliação fonoaudiológica da condição funcional da face para

classificação da fase da PFP a partir do Sistema de Graduação Facial de Ross,

Fradet e Nedzelski (1996) (ANEXO 7).

Na fase flácida e sequelar, a face foi avaliada em repouso, observando sinais

que indicassem a PFP comparado ao lado normal. Foram avaliados: olhos,

Page 42: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

40

bochechas e boca, classificando-os como alteração parcial ou total (Ross, Fradet,

Nedzelski, 1996).

Na avaliação do movimento voluntário facial foi solicitado ao sujeito que cada

movimento fosse executado 03 vezes, para precisão da cotação em um dos cinco

graus da escala (A – Incapaz de Iniciar o Movimento à E – Movimento Completo), na

elevação de testa franzida, fechamento dos olhos, sorriso, elevação de nariz e beijo

(Ross, Fradet, Nedzelski, 1996).

Na fase sequelar foram caracterizadas presença de contraturas e/ou

sincinesias visando cotação em escala (F – Nenhum: sem sincinesia ou movimento

de massa à I – Severo: sincinesia desfigurante / movimento bruto de massa de

vários músculos), dos mesmos movimentos mencionados acima (Ross, Fradet,

Nedzelski, 1996).

Foi quantificado o grau de PFP em repouso (0-20), movimentação (20-100) e

das sincinesias (0-15). Foi obtido também uma nota de avaliação total,

correspondente à nota de movimento com subtração da nota de repouso e de

sincinesia (Ross, Fradet, Nedzelski, 1996).

4.3.3.4.4. Aplicação da fidedignidade da EPAF: fase piloto

Em um primeiro estudo piloto a EPAF foi aplicada de forma que os próprios

sujeitos respondessem as questões. A pesquisadora só intervinha em casos de

dúvidas ou quando o sujeito entregava o questionário sem o preenchimento de

alguma das questões.

Porém o formato de entrevista fechada foi testado e determinado como

procedimento a ser empregado neste estudo e por esta razão o estudo piloto foi

reiniciado.

Para tanto, as perguntas foram realizadas de forma neutra de maneira a não

empregá-las de forma tendenciosa aos sujeitos. Caso os sujeitos apresentassem

dúvidas, a pesquisadora explicava de forma simplificada ou com a apresentação de

exemplos.

As respostas esperadas também foram lidas pela pesquisadora de forma

neutra e sempre com uma fase introdutória: “Você acha que isso ocorre sempre, as

vezes, raramente ou nunca?” ou “Para esta questão você concorda totalmente,

concorda em partes, não lembro ou discordo totalmente?”.

Page 43: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

41

4.3.3.4.5. Aplicação da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão

Com intuito de obter dados comparativos relativos aos aspectos psíquicos, a

Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) (ANEXO 8) foi aplicada ao

término da etapa de entrevista da mesma maneira que a EPAF, ou seja, em formato

de entrevista fechada.

A HADS possui 14 itens, dos quais 7 são voltados para a avaliação da

ansiedade (HADS-A) e 7 para a depressão (HADS-D). Cada um dos seus itens

podem ser pontuados de 0 a 3, compondo uma pontuação máxima de 21 pontos.

Para a avaliação da frequência de ansiedade e de depressão foram obtidas as

respostas aos itens da HADS. Os pontos de cortes são indicados por Zigmond e

Snaith (1983), recomendados para ambas as sub-escalas:

- HADS-A: sem ansiedade de 0 a 8; com ansiedade ≥ 9.

- HADS-D: sem depressão de 0 a 8, com depressão ≥ 9.

4.3.3.4.6. Aplicação da reprodutibilidade da EPAF: estudo piloto

Após 15 dias a EPAF foi aplicada aos mesmos respondentes para a

verificação da reprodutibilidade do instrumento, com o intuito de averiguar a

consistência das respostas.

Os dados obtidos nos processos de fidedignidade e reprodutibilidade do

instrumento foram analisados e tidos em consideração para a continuação do estudo

no sentido de compreender as dúvidas dos respondentes e determinar alguma

incongruência na EPAF.

4.3.4. Análise Estatística

Após a coleta de dados foi realizada a análise descritiva por meio de

frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central (média e mediana) e

dispersão (desvio-padrão, mínimo e máximo).

As variáveis quantitativas foram submetidas a verificação da normalidade pelo

teste de Komolgorov-Smirnov e, quando estas não apresentaram distribuição

normal, foram aplicados testes não paramétricos. Para a análise de reprodutibilidade

foram aplicados o teste paramétrico t-Student pareado entre os momentos 1 e 2 de

aplicação do questionário, e o coeficiente de correlação intra-classe (ricc).

Page 44: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

42

Os dados foram digitados em Excel, analisados pelos programas SPSS

versão 17.0 para Windows e AMOS versão 22.0 para Windows.

4.3.5. Ética

De acordo com as normas éticas preconizadas para pesquisas com seres

humanos, participaram os sujeitos que concordaram e assinaram o TCLE (ANEXO

3). A identidade dos sujeitos foi preservada, portanto, seus nomes não foram

revelados.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da PUC-SP e da Irmandade da

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, sob o protocolo nº. 196.977 (ANEXO 1) e

230.982 (ANEXO 2).

Page 45: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

43

4.4. RESULTADOS

4.4.1. Questionário

O questionário mostrou-se útil quando permitiu responder ao problema de

pesquisa para o qual foi elaborado. Por esta razão, foi primordial o levantamento

bibliográfico inicial para fundamentação teórica, conhecimento, compreensão e

análise crítica dos instrumentos existentes.

Um cuidado necessário foi que as questões apresentadas atingissem ao

significado desejado para que os resultados ficassem de acordo com o esperado.

Sabe-se do risco de uma interpretação diferente do respondente, por isso a

avaliação do juízes e as aplicações dos pilotos, foram passos importantes no

processo de construção do instrumento.

Para tanto, a versão inicial do instrumento intitulado Escala Psicossocial de

Aparência Facial (EPAF), apresentou 21 questões, número não exaustivo, divididas

em três categorias ou grupos temáticos, apresentadas no Quadro 1:

Quadro 1 – Grupos temáticos iniciais estabelecidos para elaboração da EPAF

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS QUESTÕES TOTAL DE

QUESTÕES

1. Aspectos Funcionais da Face - 1;2;3;4;5;6;7 07

2.

Aspectos Sociais

Desempenho de Tarefas 8;9;10;11

07 Interações Sociais 12;13

Relação Conjugal 14

3. Aspectos Emocionais - 15;16;17;18;19;20;21 07

A versão inicial apresentava espaço para identificação do respondente, data

que o questionário foi respondido e o tempo gasto, que ao final foi preenchido pela

pesquisadora. Além disso, foi apresentado o objetivo simplificado e as instruções

para os sujeitos. Segue abaixo as 21 questões com a escala Likert (Figura 3):

Page 46: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

44

Escala Psicossocial de Aparência Facial (versão inicial)

NOME: ____________________________________________________ Data: ____/_____/_____ tempo gasto: ________

Este questionário ajudará a compreender o impacto da mudança física facial em sua vida emocional e social.

Por favor, responda todas as questões correspondentes e em caso de dúvida pergunte. Se quiser acrescentar informações

complementares utilize o espaço final para observações.

Circule APENAS UM NÚMERO pensando na ÚLTIMA SEMANA Sempre As vezes Raramente Nunca

1) Sinto dificuldades em movimentar meu rosto. 3 2 1 0

2) Tenho dificuldades para piscar ou fechar os olhos. 3 2 1 0

3) Tenho dificuldades para manter o alimento na boca, fazer bochecho, sorrir ou

beijar. 3 2 1 0

4) Acontecem movimentos que não desejo, como: sorrir/falar e o olho fechar sem

querer, mastigar algo e o olho lacrimejar e/ou fechar os olhos e a boca mexer. 3 2 1 0

5) Tenho dificuldade para falar algumas palavras. 3 2 1 0

6) Perdi a vontade de me alimentar. 3 2 1 0

7) Não consigo expressar emoções. 3 2 1 0

Circule APENAS UM NÚMERO pensando na ÚLTIMA SEMANA e no

ASPECTO de seu ROSTO

Sempre As vezes Raramente Nunca

8) Tenho dificuldades de sair de casa, visitar familiares e/ou amigos. 3 2 1 0

9) Fico incomodado(a) em sair em fotografias. 3 2 1 0

10) Fico incomodado(a) em me alimentar na frente das pessoas. 3 2 1 0

11) Não consigo ir ao trabalho e/ou frequentar aulas na escola. 3 2 1 0

12) Fico incomodado(a) em conversar frente a frente com as pessoas. 3 2 1 0

13) Fico mais a vontade somente com as pessoas próximas do meu convívio

social. 3 2 1 0

14) Tenho dificuldades em me relacionar afetivamente com meu(minha)

companheiro(a) ou, se não tenho companheiro, iniciar um relacionamento com

alguém.

3 2 1 0

15) Percebo que meus familiares ou amigos me tratam agora de forma diferente. 3 2 1 0

16) Desconfio que ficarei com a aparência atual de meu rosto para sempre. 3 2 1 0

17) Me incomoda perceber que as pessoas que não me conhecem me olham de

uma forma diferente. 3 2 1 0

18) Sinto tristeza ou angústia quando não consigo mostrar minhas expressões

faciais. 3 2 1 0

19) Não sinto vontade de cuidar de minha aparência. 3 2 1 0

Circule APENAS UM NÚMERO Concordo

totalmente

Concordo

em partes

Não

lembro

Discordo

20) Lembro-me que antes da mudança de meu rosto senti tristeza, angústia,

estresse e/ou ansiedade. 3 2 1 0

21) Lembro-me que quando vi a mudança do meu rosto me senti assustado,

desesperado e/ou angustiado. 3 2 1 0

Use o espaço abaixo ou o verso da folha para colocar informações adicionais:

Figura 3 – Versão inicial da EPAF

Page 47: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

45

A estrutura da EPAF teve o intuito de direcionar do assunto mais geral ao

mais específico; do menos pessoal para o mais pessoal e esta ordem se aplicou aos

grupos temáticos do Quadro 1. As perguntas iniciais serviram para estabelecer uma

relação de confiança entre o respondente e pesquisador (Appolinario, 2006, Martins,

Teóphilo, 2007) e as demais, para investigar o impacto dos aspectos psicossociais

na PFP.

A opção pela escala Likert gradual com quatro categorias foi para evitar

confusões com a categoria que fica no meio onde, geralmente, são utilizadas cinco

categoriais e o sujeito tem a tendência de selecioná-la quando está confuso ou tem

dúvidas. O intuito para esse estudo foi que que os sujeitos assumissem uma

posição.

4.4.2. Análise dos juízes

A versão inicial da EPAF (Figura 3) foi encaminhada para análise dos juízes,

juntamente com o formulário de avaliação (ANEXO 5).

A seleção dos juízes foi feita a partir das contribuições científicas e clínicas no

atendimento da PFP, reconhecidas no meio profissional.

A princípio foram convidados 14 juízes e 9 responderam ao convite. Estes

juízes também foram convidados a indicar outros especialistas e todos

recomendaram ao menos mais 1 participante. Ao final, a lista contava com 23

convidados, sendo que 18 aceitaram participar da pesquisa.

Destes profissionais haviam 16 fonoaudiólogos (89%), 1 otorrinolaringologista

(5,5%) e 1 psicólogo (5,5%). A média de anos de atuação em PFP foi de 11,7

(dp=9,1), mediana 10 anos, variando entre 1 e 27 anos.

Devido a diversidade de horários apresentados para a participação

presencial, foi decidido que a pesquisadora faria as reuniões com os juízes em suas

respectivas instituições com o comprometimento de atualizá-los quanto as

sugestões em reuniões antecedentes.

Foram realizadas cinco reuniões, com o número de juízes que variou de 1 a 5

participantes. Estes estavam vinculados em uma das cinco instituições ligadas à

universidades, sendo que 4 instituições apresentavam atendimento ambulatorial aos

pacientes com PFP.

Page 48: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

46

O grupo de juízes concordaram que: o tempo despendido para preencher a

EPAF estava adequado, apresentando tempo estimado de 15 minutos (questão 1);

as instruções da EPAF apresentavam clareza e precisão (questão 4) e; a

diferenciação nas possibilidades de respostas estavam adequadas (questão 5)

(ANEXO 5).

Com relação ao formato da EPAF, os juízes sugeriram o aumento no tamanho

da letra para facilitar a visualização do respondente.

Ao pensar na população estudada, os juízes concordaram que algumas

questões teriam que passar por ajustes para simplificar sua compreensão e

apresentar maior clareza quanto ao seu objetivo, sendo que em alguns casos, uma

pergunta na versão inicial foi dividida em duas.

Outras questões foram sugeridas para serem acrescidas ao questionário e

foram discutidas a relevância das questões 20 e 21 por parte de alguns juízes. Após

a explicação da pesquisadora, estes concordaram em manter as questões com

ajustes para simplificar sua compreensão.

Adequações e modificações da EPAF foram agrupadas no Quadro 2 e

descritas a partir das questões apresentadas no formulário que não apresentaram

100% de acordo entre o juízes consultados.

Page 49: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

4

7

Qu

ad

ro 2

– D

escrição

da

s q

ue

stõ

es n

a E

PA

F q

ue

pre

cis

am

pa

ssa

r p

or

mo

dific

açõ

es

Fo

rmu

lári

o

Ob

se

rva

çõ

es

e S

ug

es

tõe

s

2)

Tiv

e d

ific

uld

ad

es e

m c

om

pre

en

de

r a

lgum

as q

ue

stõ

es. C

aso t

enha

o

co

rrid

o isto

, e

xp

licite

qu

ais

.

Qu

es

tão

3:

Mo

dific

açã

o n

ecessá

ria

pa

ra c

lare

za

e s

imp

lific

açã

o.

Qu

es

tão

4:

Pro

ble

ma

re

lacio

na

do

ao

fa

to d

e s

er

espe

cífic

a a

o q

ua

dro

de

se

qu

ela

s d

a P

FP

e n

ão

ate

nd

er

a t

od

os o

s c

aso

s,

po

rém

a

ma

ioria

o r

etira

ria

a q

uestã

o.

Qu

es

tão

5:

Exe

mp

lific

ar

os s

on

s d

a f

ala

. Q

ue

stã

o 6

: D

ivid

ir a

qu

estã

o n

o a

sp

ecto

fu

ncio

na

l d

as f

unçõ

es m

astiga

tória

s e

de

deg

lutiçã

o e

ao f

ato

de n

ão

se

ntir

vo

nta

de

de s

e

alim

en

tar

de

vid

o a

triste

za

. Q

ue

stã

o 7

: E

scla

rece

r q

ue

a d

ific

uld

ad

e p

ara

se e

xp

ressa

r se

de

ve

a m

ovim

en

taçã

o d

a m

uscu

latu

ra.

Qu

es

tão

20

: N

ece

ssid

ad

e d

e d

eix

ar

cla

ro q

ue

o p

acie

nte

deve

rá s

e r

em

ete

r ao

mom

en

to im

ed

iata

me

nte

ante

rio

r a

PF

P.

3)

Acre

dito

qu

e a

lgu

mas e

xp

ressõe

s

utiliz

ad

as n

o q

uestion

ário

pode

m s

er

en

tend

idas d

e d

ive

rsas m

an

eira

s

co

mp

rom

ete

nd

o o

pre

en

ch

imen

to d

o

qu

estio

rio p

or

pa

rte

dos p

acie

nte

s.

Qu

es

tão

4:

Há n

ece

ssid

ad

e d

e s

imp

lific

ar

pa

ra q

ue

ela

o f

ique

mu

ito

exte

nsa

e n

ão c

au

se

ou

tras i

nte

rpre

taçõe

s p

or

pa

rte

do

s

pa

cie

nte

s.

Qu

es

tão

14

: R

etira

ria a

pa

lavra

“a

fetiva

men

te”.

Q

ue

stã

o 1

6:

Sim

plif

ica

ria

pa

ra:

“Desco

nfio

qu

e o

me

u r

osto

o irá

me

lho

rar.

Q

ue

stã

o 1

8:

Mu

da

ria

pa

ra:

“Sin

to t

riste

za

ou

an

stia

qu

an

do

o c

on

sig

o m

ostr

ar

min

ha

s e

moçõ

es p

ela

s e

xp

ressõe

s facia

is”.

Q

ue

stã

o 2

0:

Deix

ar

cla

ro q

ue

ne

sta

que

stã

o a

atr

ibu

içã

o d

e tri

ste

za

, a

ngú

stia

, e

str

esse

e/o

u a

nsie

da

de

pre

cis

a s

e a

ssocia

r a

PF

P.

6)

Fa

ria

ou

tra

s c

on

trib

uiç

õe

s p

ara

a

da

pta

ção

do q

uestio

rio

?

Qu

es

tão

5:

Exe

mp

lific

ar

os s

on

s d

a f

ala

. Q

ue

stã

o 7

: A

cre

sce

nta

r qu

e a

dific

uld

ad

e p

ara

exp

ressa

r e

mo

çõ

es e

po

r m

eio

da

face

, is

so

po

rqu

e h

á o

utr

os fa

tore

s l

iga

do

s a

exp

ressã

o d

as e

moçõ

es.

Qu

es

tão

1

1:

De

ixa

r m

ais

ge

ne

raliz

ad

o.

Ao

in

s

de

u

tiliz

ar

esco

la

sub

stitu

ir

aula

s/c

urs

os,

pe

lo

fato

da

s

qu

estõ

es

esta

rem

dir

ecio

na

das a

os a

du

lto

s.

Su

ge

stã

o: se

o p

acie

nte

fo

r ana

lfa

be

to o

en

tre

vis

tad

or

fará

a le

itu

ra d

e c

ad

a ite

m.

7)

alg

um

a q

ue

stã

o q

ue

in

clu

iria

n

o q

ue

stio

rio

?

Qu

es

tão

3:

Div

idiria

em

2 q

uestõ

es p

or

se t

rata

r d

e d

ific

uld

ad

es d

ife

ren

tes.

Su

ge

stã

o:

Inclu

ir a

lgu

ma

qu

estã

o r

ela

cio

na

da a

do

r no

rosto

. A

pesa

r da

do

r ap

rese

nta

r um

asp

ecto

org

ân

ico

, e

la p

ode

afe

tar

o h

um

or

e s

e a

sso

cia

r a

os a

sp

ecto

s e

mo

cio

nais

. S

ug

estã

o: In

clu

ir a

lgu

m in

mo

do

rela

cio

na

do

a d

ific

uld

ad

e p

ara

so

rrir

. S

ug

estã

o: in

clu

o d

e n

ota

para

o r

osto

de

0 a

10

.

8)

alg

um

a q

ue

stã

o q

ue

retira

ria

d

o q

ue

stio

rio

?

Qu

es

tão

3:

Alim

en

tação

po

de

in

clu

ir a

de

glu

tição

de

líq

uid

os,

su

cção

e a

ma

stig

açã

o p

rop

ria

men

te d

ita

. A

qu

estã

o d

a a

limen

tação

po

de

ria

se

r div

idid

a.

Qu

es

tão

20

: A

qu

estã

o p

are

ce

um

po

uco

ten

den

cio

sa,

po

is p

od

e l

eva

r o

su

jeito

a p

en

sa

r q

ue

esse

s f

ato

res s

ão

de

term

inan

tes p

ara

oco

rrên

cia

da

do

ença

. C

on

hece

ndo

a f

isio

pa

tolo

gia

da

do

en

ça

, sab

e-s

e q

ue

po

de

ha

ve

r in

flu

ência

do e

str

esse p

ara

oco

rrên

cia

da

do

ença

, m

as e

xis

tem

muitos o

utr

os fa

tore

s q

ue

po

dem

ca

usa

r a

doe

nça

.

9)

O ta

ma

nh

o e

tip

o d

a le

tra

utiliz

ad

o

está

ad

eq

ua

do

pa

ra o

qu

estion

ári

o?

A

um

enta

r a

fo

nte

de

le

tra

.

10

) In

form

açõe

s A

dic

ion

ais

. A

cre

sce

nta

r: "

Te

m a

lgu

ma

que

stã

o q

ue

vo

acha

im

po

rta

nte

e e

u n

ão

pe

rgu

nte

i?

Su

ge

stã

o: a

in

clu

o d

e n

ota

pa

ra o

ro

sto

de 0

a 1

0.

Page 50: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

48

Após a conclusão desta etapa, uma análise foi realizada, considerando as

contribuições dos juízes, de maneira a manter o objetivo do trabalho e uma nova

versão foi elaborada, juntamente com a revisão final realizada pela própria

pesquisadora.

O questionário final apresentou 24 questões, sendo necessário readequação

dos grupos temáticos, anteriormente apresentados no Quadro 1.

O Quadro 3 descreveu a nova divisão em subcategorias e as questões

referentes a cada aspecto:

Quadro 3 – Grupos temáticos estabelecidos para elaboração da EPAF após a

reunião com os juízes

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS QUESTÕES TOTAL DE

QUESTÕES

1. Aspectos Funcionais da Face - 1;2;3;4;5;6;7;8 08

2

Aspectos Sociais

Desempenho de

Tarefas

9;10;11;12

08

Interações Sociais 13;14;17;18

3. Aspectos Emocionais - 15;16;19;20;21;22;23;24 07

A ordem das questões manteve os preceitos mencionados no método, ao

considerar iniciar do assunto mais geral para após ir para o mais específico,

estabelecendo, inicialmente uma relação de confiança com o sujeito, para após

responder as questões mais delicadas de âmbito social e emocional.

O Quadro 4 apresenta as questões que conformaram o instrumento a partir

de uma comparação da versão inicial com a final:

Page 51: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

4

9

Qu

ad

ro 4

– C

om

pa

raçã

o e

ntr

e a

ve

rsão

in

icia

l e

fin

al d

as q

ue

stõ

es d

o in

str

um

en

to E

PA

F

Q

Ve

rsã

o I

nic

ial

Q

Ve

rsã

o F

ina

l

1

Sin

to d

ific

uld

ade

s e

m m

ovim

en

tar

me

u r

osto

. 1

S

into

dific

uld

ade

s e

m m

ovim

en

tar

me

u r

osto

.

2

Te

nh

o d

ific

uld

ad

es p

ara

pis

ca

r o

u f

ech

ar

os o

lho

s.

2

Te

nh

o d

ific

uld

ad

es p

ara

pis

ca

r o

u f

ech

ar

os o

lho

s.

3

Te

nh

o d

ific

uld

ad

es p

ara

man

ter

o a

limen

to n

a b

oca

, fa

ze

r bo

ch

ech

o,

so

rrir o

u

be

ijar.

3

Te

nh

o d

ific

uld

ad

es p

ara

man

ter

o a

lime

nto

na

bo

ca

.

8

Te

nh

o d

ific

uld

ad

e p

ara

be

ijar.

4

Aco

nte

cem

mo

vim

ento

s q

ue

o d

ese

jo,

com

o: so

rrir

/fa

lar

e o

olh

o fe

cha

r sem

q

ue

rer,

mastig

ar

alg

o e

o o

lho la

crim

eja

r e/o

u fe

cha

r os o

lhos e

a b

oca m

exe

r.

5

Qu

an

do

fa

lo,

so

rrio

, m

astigo

e/o

u f

echo

os o

lho

s a

con

tecem

mo

vim

en

tos n

o

me

u r

osto

que

não

con

sig

o c

on

tro

lar.

5

Te

nh

o d

ific

uld

ad

e p

ara

fa

lar

alg

um

as p

ala

vra

s.

4

Te

nh

o d

ific

uld

ade

pa

ra f

ala

r a

lgu

mas p

ala

vra

s c

om

son

s d

o ‘p

’, ‘b

’, ‘m

’, ‘f’’, ‘v’,

‘ch

’ e

‘g

’.

6

Pe

rdi a v

on

tade

de

me

alim

enta

r.

16

Pe

rdi a v

on

tade

de

me

alim

enta

r.

7

Não

con

sig

o e

xp

ressa

r em

oçõe

s.

7

Não

con

sig

o e

xp

ressa

r em

oçõe

s p

elo

ro

sto

-

6

Sin

to d

ore

s n

o m

eu

rosto

.

8

Te

nh

o d

ific

uld

ad

es d

e s

air d

e c

asa

, vis

ita

r fa

mili

are

s e

/ou a

mig

os.

9

Te

nh

o d

ific

uld

ad

es d

e s

air d

e c

asa

, vis

ita

r fa

mili

are

s e

/ou

am

igos.

9

Fic

o inco

mo

dad

o(a

) e

m s

air e

m f

oto

gra

fia

s.

10

Fic

o inco

mo

dad

o(a

) e

m s

air e

m f

oto

gra

fia

s.

10

Fic

o inco

mo

dad

o(a

) e

m m

e a

lime

nta

r n

a fre

nte

das p

esso

as.

11

Fic

o inco

mo

dad

o(a

) e

m m

e a

lime

nta

r n

a fre

nte

das p

esso

as.

11

Não

con

sig

o ir

ao

tra

balh

o e

/ou

fre

que

nta

r a

ula

s n

a e

sco

la.

12

Fic

o inco

mo

dad

o(a

) d

e ir

ao

tra

ba

lho

e/o

u f

req

uen

tar

au

las/c

urs

os.

12

Fic

o inco

mo

dad

o(a

) e

m c

on

vers

ar

fren

te a

fre

nte

co

m a

s p

esso

as.

13

Fic

o inco

mo

dad

o(a

) e

m c

on

vers

ar

fren

te a

fre

nte

co

m a

s p

esso

as.

13

Fic

o m

ais

a

vo

nta

de

so

me

nte

com

as pe

sso

as p

róxim

as d

o m

eu

co

nvív

io

so

cia

l.

14

Fic

o m

ais

a

vo

nta

de

so

me

nte

com

as p

esso

as p

róxim

as d

o m

eu

co

nvív

io

so

cia

l.

15

A d

ific

uld

ade

pa

ra s

orr

ir m

e inco

mo

da

.

14

Te

nh

o

dific

uld

ad

es

em

m

e

rela

cio

na

r afe

tivam

en

te

co

m

meu

(min

ha

) co

mp

an

he

iro

(a)

ou

, se

não

te

nh

o c

om

pan

he

iro

, in

icia

r um

re

lacio

na

me

nto

com

a

lgu

ém

.

17

Te

nh

o d

ific

uld

ad

es e

m m

e r

ela

cio

na

r co

m m

eu

(min

ha

) com

pa

nh

eir

o(a

) o

u,

se

o t

en

ho

com

pan

heir

o, in

icia

r u

m r

ela

cio

na

me

nto

com

alg

m.

15

Pe

rce

bo

que

me

us f

am

ilia

res o

u a

mig

os m

e t

rata

m a

go

ra d

e f

orm

a d

ife

ren

te

18

Pe

rce

bo

que

me

us f

am

ilia

res o

u a

mig

os m

e t

rata

m a

go

ra d

e f

orm

a d

ife

ren

te

16

Descon

fio q

ue f

ica

rei co

m a

ap

arê

ncia

atu

al de

meu

rosto

pa

ra s

em

pre

. 1

9

Descon

fio q

ue m

eu

rosto

o irá

melh

ora

r.

17

Me

in

co

mod

a p

erc

eb

er

que

as p

esso

as q

ue

o m

e c

on

hece

m m

e o

lham

de

um

a fo

rma

dife

rente

.

20

Me

in

co

mod

a p

erc

eb

er

qu

e a

s p

esso

as q

ue

o m

e c

onh

ece

m m

e o

lham

de

um

a fo

rma

dife

rente

.

18

Sin

to tr

iste

za

o

u a

ngú

stia q

ua

nd

o n

ão

co

nsig

o m

ostr

ar

min

has e

xp

ressõ

es

facia

is.

21

Sin

to t

riste

za

ou

an

stia

qu

an

do

o c

onsig

o m

ostr

ar

min

ha

s e

moçõ

es p

ela

s

exp

ressõ

es f

acia

is.

19

Não

sin

to v

onta

de d

e c

uid

ar

de

min

ha

ap

arê

ncia

. 2

2

Não

sin

to v

onta

de d

e c

uid

ar

de

min

ha

ap

arê

ncia

.

20

Le

mb

ro-m

e

qu

e a

nte

s d

a m

ud

ança

d

e m

eu

ro

sto

sen

ti

tris

teza

, a

ng

ústia

, e

str

esse

e/o

u a

nsie

da

de

.

23

Descon

fio q

ue

a

m

uda

nça

de

m

eu

ro

sto

e

stá

re

lacio

nada

com

um

e

ve

nto

a

nte

rio

r d

e t

riste

za

, an

stia

, e

str

esse

e/o

u a

nsie

da

de

.

21

Le

mb

ro-m

e q

ue

qu

an

do

vi

a m

uda

nça

do

m

eu

ro

sto

m

e se

nti a

ssu

sta

do

, d

esesp

era

do

e/o

u a

ngu

stia

do

.

24

Le

mb

ro-m

e q

ue

qu

an

do

vi

a m

uda

nça

do

m

eu

ro

sto

m

e se

nti assu

sta

do,

de

sesp

era

do

e/o

u a

ngu

stia

do

.

Lege

nda

:

Mantida

Altera

da

ou A

cre

scid

a

Page 52: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

50

Após esta exposição, segue a versão da Escala Psicossocial de Aparência

Facial (EPAF), utilizada nos estudos pilotos da pesquisa, acrescido da sigla do grupo

temático ao lado da questão para facilitar a sua identificação:

Escala Psicossocial de Aparência Facial

NOME: ______________________________________________ Data: ____/_____/_____

Este questionário ajudará a compreender o impacto da mudança física facial em sua vida

emocional e social.

Por favor, responda todas as questões correspondentes e em caso de dúvida pergunte. Se

quiser acrescentar informações complementares utilize o espaço final para observações.

Circule APENAS UM NÚMERO pensando na

ÚLTIMA SEMANA e no seu ROSTO.

Sempre As

vezes

Rara-

mente

Nunca

AFF 1) Sinto dificuldades em movimentar meu rosto. 3 2 1 0

AFF 2) Tenho dificuldades para piscar ou fechar os

olhos. 3 2 1 0

AFF 3) Sinto dificuldades para manter líquidos ou

alimentos na boca. 3 2 1 0

AFF 4) Tenho dificuldade para falar algumas palavras

com sons do ‘p’, ‘b’, ‘m’, ‘f’, ‘v’, ‘ch’ e ‘g’. 3 2 1 0

AFF 5) Quando falo, sorrio, mastigo e/ou fecho os

olhos acontecem movimentos no meu rosto que

não consigo controlar.

3 2 1 0

AFF 6) Sinto dores no meu rosto. 3 2 1 0

AFF 7) Não consigo expressar minhas emoções pelo

rosto. 3 2 1 0

AFF 8) Tenho dificuldades para beijar. 3 2 1 0

AS –

DT

9) Tenho dificuldades de sair de casa, visitar

familiares e/ou amigos. 3 2 1 0

AS –

DT

10) Fico incomodado(a) em sair em fotografias. 3 2 1 0

AS –

DT

11) Fico incomodado(a) em me alimentar na

frente das pessoas. 3 2 1 0

AS –

DT

12) Fico incomodado(a) de ir ao trabalho e/ou

frequentar aulas/cursos. 3 2 1 0

AS –

IS

13) Fico incomodado(a) em conversar frente a

frente com as pessoas. 3 2 1 0

continua

Page 53: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

51

Continuação

AS –

IS

14) Fico mais a vontade somente com as pessoas

próximas do meu convívio social. 3 2 1 0

AE 15) A dificuldade para sorrir me incomoda. 3 2 1 0

AE 16) Perdi a vontade de me alimentar. 3 2 1 0

AS –

IS

17) Tenho dificuldades em me relacionar com

meu(minha) companheiro(a) ou, se não tenho

companheiro, iniciar um relacionamento com

alguém.

3 2 1 0

AS –

IS

18) Percebo que meus familiares ou amigos me

tratam agora de forma diferente. 3 2 1 0

AE 19) Desconfio que meu rosto não irá melhorar. 3 2 1 0

AE 20) Me incomoda perceber que as pessoas que

não me conhecem me olham de uma forma

diferente.

3 2 1 0

AE 21) Sinto tristeza ou angústia quando não

consigo mostrar minhas emoções pelas

expressões faciais.

3 2 1 0

AE 22) Não sinto vontade de cuidar de minha

aparência. 3 2 1 0

Circule APENAS UM NÚMERO Concord

o

Concor

do em

partes

Não

lembro

Discor

do

AE 23) Desconfio que a mudança de meu rosto está

relacionada com um evento anterior de tristeza,

angústia, estresse e/ou ansiedade.

3 2 1 0

AE 24) Lembro-me que quando vi a mudança do

meu rosto me senti assustado, desesperado e/ou

angustiado.

3 2 1 0

* De 0 a 10, qual nota você daria hoje para o seu rosto? (0 muito ruim e 10 muito bom)

* Além destas questões, você gostaria de acrescentar mais alguma informação?

Legenda: Aspectos funcionais da face [AFF]; Aspectos Sociais – Desempenho de Tarefas [AS – DT]; Aspectos Sociais –

Interações Sociais [AS – IS]; Aspectos Emocionais [AE].

Figura 4 – EPAF após a avaliação dos juízes

Page 54: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

52

4.4.3. Aplicação dos estudos pilotos

O convite para participação do estudo teve o intuito de aproximar os sujeitos

selecionados para pesquisadora. O “aquecimento” serviu como estratégia eficaz

para adesão. Ao longo do processo da aplicação dos estudos pilotos, os sujeitos

mostraram-se solícitos, sendo que de todos os convidados, ao todo vinte e dois,

vinte participaram da pesquisa.

Os sujeitos que participaram do estudo piloto foram submetidos a avaliação

funcional da face, conforme previsto e descrito anteriormente nos procedimentos

adotados para este estudo.

Em um primeiro momento, o objetivo da pesquisa foi apresentada, e a Escala

Psicossocial de Aparência Facial foi entregue para que os sujeitos preenchessem as

respostas que melhor se adequavam a sua opinião. Nesta etapa, participaram cinco

sujeitos.

Porém, devido as condições restritas da prática de leitura, muitos

apresentaram dificuldades em responder as questões sozinhos. Frequentemente,

alguma questão ficava em branco e o sujeito a preenchia após o alerta da

pesquisadora. O tempo gasto para o preenchimento foi de 10 a 15 minutos e a

impressão era de que os sujeitos queriam realizá-las o mais rápido possível, sendo

que, em algumas vezes, isso foi expressado verbalmente para a pesquisadora, o

que, possivelmente, podia comprometer a interpretação de alguma pergunta.

Por esta razão, pensou-se em duas possibilidades: 1) entregar o questionário

para que o respondente preenchesse e devolvesse na semana seguinte ou 2)

aplicar o questionário em formato de entrevista fechada.

Optou-se pela segunda possibilidade, pelo risco dos respondentes

esquecerem ou não comparecerem na semana seguinte para atendimento

ambulatorial.

O estudo piloto então, foi reiniciado em formato de entrevista fechada em

novos participantes, sendo que quinze sujeitos fizeram parte da fase de aplicação.

Porém, havia a necessidade da reprodutibilidade do estudo piloto após 15

dias de aplicação de sua fidedignidade e apenas oito participantes completaram esta

etapa. O número menor nesta fase foi devido as faltas na data do atendimento,

atendimentos em outros setores, além do fonoaudiológico que comprometiam o

Page 55: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

53

tempo para que participassem da pesquisa ou a consulta do sujeito atendia a

intervalo não correspondente aos 15 dias.

4.4.4. Caracterização da amostra

Participaram deste estudo 8 sujeitos, sendo 5 mulheres e 3 homens. A média

de idade foi de 35,9 anos (dp=11,3), mediana de 34,7 anos, variando entre 18,3 e

49,9 anos. As demais características demográficas encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1 – Distribuição de frequências e porcentagens das características

demográficas

Variável Categoria n (%)

Sexo Masculino 3 (37,5)

Feminino 5 (62,5)

Estado Civil Solteiro 3 (37,5)

Casado 4 (50,0)

separado/divorciado 1 (12,5)

Escolaridade fundamental incompleto 1 (12,5)

fundamental completo 1 (12,5)

médio incompleto 1 (12,5)

médio completo 3 (37,5)

superior incompleto 2 (25,0)

Total 8 (100,0)

Entre os participantes, 3 estavam desempregados (37,5%) e os demais

atuavam em serviços de nível médio.

Com relação aos antecedentes familiares de PFP, somente um (12,5%)

apresentou este histórico.

Page 56: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

54

Na Tabela 2 verificou-se que a dor retroauricular foi referida por 62,5% dos

sujeitos da pesquisa como um dos sinais anteriores à PFP. Quanto ao início da PFP,

100% tiveram de maneira súbita (Tabela 3).

Tabela 2 – Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com os sinais e

sintomas anteriores a PFP

Variável Categoria n (%)

Dor retroauricular não 3 (37,5)

sim 5 (62,5)

Indisposição não 6 (75,0)

sim 2 (25,0)

Pressão Alta não 6 (75,0)

sim 2 (25,0)

Dor de cabeça não 7 (87,5)

sim 1 (12,5)

Dor no rosto não 8 (100,0)

sim 0 (0,0)

Total 8 (100,0)

Page 57: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

55

Tabela 3 – Distribuição de frequências e porcentagens do grau, fase e escala

funcional da PFP

Variável Categoria n (%)

Perda de movimentos Gradual 0 (0,0)

Faciais Súbita 8 (100,0)

Flácida 3 (37,5)

Fase PFP recuperação 3 (37,5)

Sequela 2 (25,0)

III 4 (50,0)

Escala HBS IV 2 (25,0)

V 2 (25,0)

Total 8 (100,0)

Verificou-se na Tabela 4 que 62,5% tiveram a hemiface direita afetada e 50%

dos sujeitos tiveram a etiologia idiopática como referida.

Tabela 4 - Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com a hemiface

afetada e etiologia da PFP

Variável Categoria n (%)

Hemiface afetada Direita 5 (62,5)

esquerda 3 (37,5)

Etiologia idiopática 4 (50,0)

herpes simples tipo I 2 (25,0)

tumor de parótida 1 (12,5)

pós-trauma 1 (12,5)

Total 8 (100,0)

Page 58: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

56

Quanto aos exames e tratamentos, destaca-se na Tabela 5 que 100%

realizaram audiometria e o tratamento medicamentoso adotado em todos os casos

(100%), foi com anti-inflamatório.

Tabela 5 - Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com os exames e

tratamentos medicamentosos

Variável Categoria n (%)

Exame Sorológico não 1 (12,5)

sim 7 (87,5)

Audiometria não 0 (0,0)

sim 8 (100,0)

Ressonância Magnética não 6 (75,0)

sim 2 (25,0)

Tomografia não 8 (100,0)

sim 0 (0,0)

Tratamento não 0 (0,0)

Anti-inflamatório sim 8 (100,0)

Tratamento não 4 (50,0)

Anti-retroviral sim 4 (50,0)

Total 8 (100,0)

Nesta amostra, todos os sujeitos estavam em acompanhamento com o

otorrinolaringologista e realizavam reabilitação miofuncional com fonoaudiólogo.

Apenas um fez acupuntura, sendo este o sujeito com maior tempo de acometimento

da PFP (23 meses).

Page 59: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

57

A média de tempo de PFP foi de 7,1 meses (dp=7,7), mediana de 4,9,

variando entre menor de 1 mês a 23 meses. Em relação à pontuação composta da

avaliação da função facial, a média de pontos foi de 39,4 (dp=22,3), mediana 43,5

pontos, valor mínimo de 5 e máximo de 63 pontos (Tabela 6).

Tabela 6 – Estatísticas descritivas para o tempo de PFP e Avaliação da Função

Facial

Variável n 𝑋 (dp) mediana mínimo -

máximo

Tempo meses de PFP 8 7,1 (7,7) 4,9 0,3 – 23,0

Pontuação Simétrica em Repouso 8 11,3 (4,4) 12,5 5 – 15

Pontuação Simétrica em Mov. Voluntário 8 51,5 (19,4) 56,0 20 – 68

Pontuação Sincinesia 8 0,9 (1,8) 0,0 0 – 5

Pontuação Composta 8 39,4 (22,3) 43,5 5 – 63

4.4.5. Avaliação da reprodutibilidade do questionário

A reprodutibilidade do questionário foi avaliada com 15 dias de intervalo da

data da primeira aplicação.

Destaca-se na Tabela 7, a análise de reprodutibilidade entre os momentos 1 e

2 do estudo piloto, em que o questionário mostrou-se fidedigno para todas as

escalas analisadas: Aspectos Funcionais da Face (p=0,528), Aspectos Sociais

(p=1,000), Aspectos Emocionais (p=0,351) GERAL (p=0,487) e Nota atribuída ao

rosto (p=0,285).

Page 60: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

5

8

Ta

be

la 7

– D

ado

s c

om

pa

rativo

s e

ntr

e o

s m

om

ento

s 1

e 2

da

ap

licaçã

o d

a E

PA

F

R

epro

du

tibili

dad

e

Va

riáve

l m

om

ento

1

mo

me

nto

2

p*

n

𝑋 (

dp)

me

dia

na

Min

– M

ax

n

𝑋 (

dp)

me

dia

na

Min

– M

ax

Asp

ecto

s fu

ncio

na

is fa

ce

8

11,6

(7

,5)

15,5

0 –

20

8

11,3

(7

,7)

13,5

0 –

21

0,5

28

Asp

ecto

s s

ocia

is –

De

sem

pen

ho

de T

are

fas**

8

5,9

(3

,7)

6,0

1 –

10

8

5,9

(3

,7)

6,0

1 –

10

--

Asp

ecto

s s

ocia

is –

In

tera

çõ

es S

ocia

is

8

6,4

(4

,0)

8,0

1 –

11

8

6,4

(4

,3)

8,5

0 –

11

1,0

00

Asp

ecto

s s

ocia

is –

Ge

ral

8

12,3

(7

,1)

14,0

1 –

20

8

12,3

(7

,3)

14,5

1 –

20

1,0

00

Asp

ecto

s E

mo

cio

na

is

8

13,5

(6

,5)

15,0

4 –

20

8

13,4

(6

,5)

15,0

4 –

20

0,3

51

Esca

la G

ER

AL

8

37,4

(2

0,7

) 4

5,0

6 –

57

8

36,9

(2

0,7

) 4

4,5

5 –

56

0,4

87

No

ta a

trib

uíd

a a

o r

osto

8

6,3

(2

,7)

5,5

3 –

10

8

6,6

(2

,5)

6,0

3 –

10

0,2

85

*teste

t-s

tuden

t pare

ad

o3; **

va

lore

s idên

ticos.

3 O

teste

t-s

tud

ent

pare

ado o

corr

e q

ua

ndo

exis

te o

forn

ecim

ento

de d

ad

os e

m d

ois

mom

ento

s d

ifere

nte

s. N

este

caso

, a a

plic

ação

da E

PA

F d

uas v

ezes e

m

um

a m

esm

a p

opu

lação p

ara

verificação d

e s

ua r

epro

dutib

ilid

ade.

Page 61: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

59

O coeficiente de correlação intra-classe 4 (Tabela 8) demonstrou a

reprodutibilidade do instrumento, sendo que neste caso, apresentou valores

excelentes (ricc ≥ 0,75) para todas os grupos temáticos analisados, variando de ricc

=0,94 a ricc =0,99 (Pereira, 1995).

Tabela 8 – Correlação intraclasse (ricc), segundo os grupos temáticos da EPAF

Escore ricc P

Aspectos funcionais face 0,98 <0,001

Aspectos sociais – Desempenho de Tarefas* 1,000 --

Aspectos sociais – Interações Sociais 0,98 <0,001

Aspectos sociais – Geral 0,99 <0,001

Aspectos Emocionais 0,99 <0,001

Escala GERAL 0,99 <0,001

Nota atribuída ao rosto 0,94 <0,001

*valores idênticos.

4 O coeficiente de correlação intra-classe foi utilizado para a mensuração da homogeneidade de duas medidas, sendo interpretado como proporção da variabilidade total atribuída ao instrumento EPAF.

Page 62: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

60

4.5. DISCUSSÃO

Os estudos, apresentados na Introdução que se propõem a investigar os

aspectos de autopercepção, psicossociais ou de qualidade de vida na PFP, como

objetivo geral ou como parte de um processo da pesquisa, evidenciaram, em sua

maioria, dados pouco comparativos com o grau de severidade da função facial ou

com tempo de acometimento da PFP (VanSwearingen, Brach, 1996; Toledo, 2007;

Freitas, Goffi-Gomez, 2008; Sassi et al., 2011).

São escassos os instrumentos utilizados para avaliar os efeitos das

intervenções e dos conteúdos subjetivos aos quadros de PFP (Ho et al., 2012),

sendo que estes apresentavam limitações quanto a finalidade desta pesquisa. Por

esta razão, foi desenvolvido um instrumento que medisse as implicações

psicossociais envolvidas nos quadros de PFP. Este desenvolvimento foi pertinente,

a medida que alcançou o rigor científico necessário para a constituição da Escala

Psicossocial de Aparência Facial (EPAF).

Sabe-se que alcançar o registro da realidade em um instrumento como um

questionário é um fator complexo (Alexandre et al., 2003; Appolinário, 2006; Martins,

Teóphilo, 2007), pois ele precisa atender ao problema de pesquisa, apresentar um

número de questões que não seja exaustivo ao respondente, ser de simples

compreensão, atingir uma população expressiva e não ser tendencioso, ou seja, não

pode refletir a opinião do pesquisador, mas sobretudo, estar embasado na

fundamentação teórico acerca do assunto a que se pretende investigar (Gil, 1995;

Appolinário, 2006; Martins, Teóphilo, 2007).

Desta maneira, a avaliação prévia de um instrumento de pesquisa tem sido

reforçada e o uso de técnicas para tal o fortalece (Fenker, Diehl, Alves, 2011). Uma

das técnicas é a avaliação feita por juízes que neste caso, foi primordial e decisiva

no aprimoramento do instrumento final. As contribuições oferecidas por este grupo

de especialistas evidenciaram uma certa semelhança nas opiniões, apesar das

reuniões não ocorrerem em um mesmo momento (Quadro 2).

A avaliação do grupo de juízes contribuiu, principalmente, na melhoria da

elaboração das questões e simplificou a redação final para facilitar a compreensão

dos respondentes. Dessa forma, algumas questões foram objeto de análise mais

atenta para sua melhoria antes da aplicação dos estudos pilotos (Quadro 4).

Page 63: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

61

Destacou-se o comentário de um dos juízes ao término da avaliação do

instrumento proposto: “O questionário está bem elaborado e trará contribuições

importantes para a avaliação e compreensão dos aspectos psicossociais

relacionados às sequelas da paralisia facial”.

O primeiro estudo piloto aumentou a familiaridade com o processo de coleta

de dados e auxiliou nas modificações dos procedimentos (Fenker, Diehl, Alves,

2011). A mudança na aplicação do instrumento, de questionário para que os

próprios sujeitos respondessem para entrevista fechada, se mostrou necessária a

medida que fez com que os respondentes tivessem melhor compreensão das

perguntas e os fizessem refletir a respeito da temática levantada.

A mudança de técnica justificou-se também a partir dos pressupostos de

letramento funcional em saúde em que foram constatados baixos níveis de

capacidade para obter, processar e entender informações básicas no âmbito da

saúde por parte dos sujeitos e que maneiras de facilitar a mediação de instruções,

ou neste caso, a aplicação de questionários, precisam ser facilitados por parte dos

profissionais da saúde (Martins-Reis, Santos, 2009; Passamai et al., 2012).

Evidenciou também que, um tempo prévio maior para apresentação do

trabalho aos sujeitos da pesquisa, fez com que a aceitação e participação

aumentasse e propiciasse uma posterior discussão de conteúdos, muitas vezes, não

explorados pelos pacientes, sendo estes dos grupos temáticos relativos aos

aspectos sociais e emocionais.

É importante ressaltar que clínicos não precisam ter experiência para

desempenhar um papel importante na detecção e avaliação de sintomas que

alterem o funcionamento psíquico e/ou social. Assim, ignorar esses sintomas ou não

escutá-los pode ter repercussões importantes na vida de um sujeito (Winnicott,

1991; Geddes, Butler, 2001).

Mesmo não fazendo parte do objetivo do Estudo 1, mas um dado importante a

ser revelado foi que ao ser oferecida a possibilidade de escuta por parte da

pesquisadora ao final do questionário, os sujeitos sentiam-se a vontade para contar

trechos de sua história que se misturavam ao quadro de PFP. Aqueles que

apresentavam respostas de maior impacto psíquico e social na EPAF estavam

Page 64: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

62

propícios a relatar a suas angústias e pareciam aliviados ao encontrar um lugar ao

qual pudessem representar o seu sofrimento.

Este dado pode expor que a EPAF serviu como disparador de reflexões, as

vezes, não elaboradas e que começaram a se organizar a partir das estratégias

adotadas pela pesquisadora para a aplicação do questionário. Em alguns casos, a

representação da PFP serviram para mobilizar conflitos existentes anteriores ao

quadro, que precisam de observação cuidadosa por parte do profissional da saúde

envolvido em um caso clínico.

No entanto, conforme exposto nos resultados, a casuística do estudo piloto foi

pequena (oito sujeitos), fazendo-se necessário um estudo mais consistente para a

avaliação da sensibilidade da EPAF. Apesar disso, preliminarmente, o questionário

conseguiu alcançar os aspectos psicossociais da população estudada e despertou

conteúdos, ainda pouco explorados por estes sujeitos.

Além disso, os testes estatísticos de reprodutibilidade mostraram resultados

fidedignos e coerentes a todas as escalas avaliadas, o que demonstra que seu

processo de desenvolvimento foi eficaz.

Sintetizando, o questionário foi pertinente e relevante ao responder ao

problema de pesquisa ao qual foi elaborado. Assim, a partir dos dados obtidos no

estudo piloto, os procedimentos de estudos futuros podem ser delimitados.

Page 65: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

63

4.6. CONCLUSÃO

O desenvolvimento da EPAF mostrou-se eficiente, a medida que alcançou o

objetivo de atender a população com PFP, independente de sua etiologia, tempo de

acometimento, grau de severidade ou fase.

A avaliação dos juízes foi primordial para a discussão dos aspectos

pertinentes ao estudo, simplificação das perguntas e melhoria no desenvolvimento

do questionário.

A aplicação do estudo piloto da EPAF evidenciou utilidade ao identificar e

associar os aspectos funcionais com os psicossociais, a partir do ponto de vista dos

sujeitos.

Sua aplicação se mostrou fácil e de baixo custo. O tempo para responder a

entrevista fechada foi rápido, tendo uma média de 15 minutos, porém outros dados

surgiram a medida que a pesquisadora oferecia espaço para escuta e os sujeitos se

sentiam a vontade para contar suas histórias.

É importante reiterar que este estudo preliminar contou com a participação de

poucos sujeitos, ao todo oito, sendo necessário um estudo com uma casuística

maior para compreender com precisão, o alcance e as limitações do instrumento.

Portanto, sugere-se que o estudo com a EPAF prossiga, para que o seu

processo de validação seja realizado e o instrumento seja utilizado efetivamente

para a investigação dos aspectos psicossociais na PFP.

Page 66: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

64

5. ESTUDO 2 - Avaliação da sensibilidade da Escala Psicossocial de

Aparência Facial na paralisia facial periférica

5.1. INTRODUÇÃO

Um dos elementos mais importantes para a constituição das relações sociais

é o rosto, sendo que, qualquer alteração significativa e visível nessa região pode

afetar em muitos aspectos da vida, dentre eles nas interações tanto pessoais quanto

profissionais e no bem-estar social (Pope, Ward, 1997; Speltz, Richman, 1997).

Muitas pessoas com alterações na face ficam afetadas com a aparência e o

possível efeito que pode ter sobre os outros. São comumente relatadas queixas de

perda de identidade ou de pessoas que não conseguem olhar para si mesmas

(Robinson, 1997; Silva, 2010; Silva et al., 2011; Silva, Guedes, Cunha, 2013). E a

dor da perda de uma característica pode ser pior quando esta ocorre

inesperadamente como nos casos de paralisia facial periférica (PFP) (Robinson,

1997).

Um fator agravante é quando esta alteração física torna-se objeto de atenção

dos outros. Os modos de enfrentamento do sujeito acometido podem ser diversos,

desde a antecipação das reações negativas, ao apresentar um comportamento

agressivo ou tímido, até o isolamento social que pode levar a perda da autoestima

(Goffman, 1988; Robinson, Rumsey, Patridge, 1996; Robinson, 1997).

Os níveis de angústia vividos por pessoas com alterações na face mostram

grande variação e muitas vezes aparecem sem relação com o grau de severidade

(Kanzaki, Ohshiro, Abe, 1998).

No entanto, Rankin e Borah (2003) relataram altos níveis de estresse em

sujeitos acometidos pela PFP logo em seu início, de modo que esse nível diminuía

conforme a evolução do quadro.

Os sintomas depressivos foram alertados inicialmente por Twerski e Twerski

(1986) e a esse respeito, VanSwearingen, Cohn e Bajaj-Luthra (1999), investigaram

o papel que a dificuldade específica para sorrir tinha na depressão. Eles testaram

um grupo de pessoas com diferentes graus de PFP. Os resultados indicaram que a

extensão da depressão foi diretamente relacionada a dificuldade para sorrir.

Page 67: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

65

Fu, Bundy e Sadiq (2011), alertaram que a extensão dos problemas psíquicos

na PFP são subestimados pelos profissionais, por isso investigaram se os níveis de

sofrimento psíquico de pacientes com PFP influenciavam o estado emocional. O

estudo contou com a participação de 168 pacientes que tinham entre 18 e 93 anos

de idade. Os resultados mostraram uma proporção significativa de participantes que

apresentavam a angústia em decorrência de sua condição e que, quanto maior o

nível de depressão, ligeiramente menor o nível de ansiedade.

Ao citar a pesquisa realizada anteriormente (Silva, 2010; Silva et al., 2011) e

que impulsionou o presente estudo, os conteúdos psíquicos e os efeitos sociais

associados à PFP foram investigados por meio de entrevistas abertas e da análise

comparativa em três grupos: nas fases flácida, de recuperação e sequelar. Os

resultados indicaram que os sujeitos com sequelas apresentaram maior significância

de conteúdos psíquicos e efeitos sociais, seguidos, respectivamente, dos que se

encontravam nas fases flácida e de recuperação. Diante disso, sugere-se que o

fonoaudiólogo, além de realizar a reabilitação funcional, precisa oferecer escuta para

esses aspectos, de maneira a diminuir o grau de sofrimento psíquico e favorecer a

adaptação social desses pacientes. Adotar esta prática pode ter implicações

importantes no manejo clínico do fonoaudiólogo e no progresso do paciente.

Complementando, se a escuta é empregada como técnica, o profissional é

capaz de acolher o sofrimento do sujeito (Cunha, 2001; Macedo, Falcão, 2005), isso

sem deixar de lado os procedimentos para reabilitação e recuperação da PFP na

clínica fonoaudiológica. Além disso, a oportunidade de rememorar situações que

ficam entrelaçadas com o estado doente, fazem com que imaginário e realidade

emerjam, perfazendo novos significados para aquilo que angustia ou faz o sujeito

sofrer (Freud, 1894/1996; Dolto, 2002).

A escuta pode ser adotada por qualquer profissional disponível a exerce-la.

Winnicott (1991), esclarece esse ponto quando discute que qualquer pessoa

disponível e interessada em exercer a escuta consegue oferecer suporte sem a

necessidade de encaminhamento a outros profissionais, mas reitera que quando

aquilo que é falado causa estranheza ou tédio a quem escuta, a intervenção de

outro profissional é necessária.

Com relação a percepção da sociedade para os casos PFP, o estudo de Chu

et al. (2011), tiveram o objetivo avaliar o grau de assimetria facial perceptível por

Page 68: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

66

sujeitos leigos. Para tanto, os autores criaram imagens modelo de PFP unilateral por

meio de manipulação de imagens digitais. A partir dessa manipulação, foram

apresentadas uma série de variações das imagens, dentre elas: com alterações de

comissura labial que variava de 1mm a 10mm; e/ou testa de 0,5mm a 5mm. 30

voluntários leigos participaram do estudo e faziam comentários por escrito dos

rostos visualizados. Os resultados surpreenderam pela tendência dos participantes a

identificar primeiro a assimetria de testa, sendo que isso pode ser devido ao fato

dessa assimetria apresentar maior proporção do que a de comissura labial.

Em um estudo semelhante, Ishii et al. (2012) resolveram investigar se os

sujeitos com PFP seriam considerados menos atraentes do que os normais. Para

isso, o estudo contou com 40 participantes que foram expostos a fotografias de

rostos normais e paralisados, para dizer quais achavam mais atraentes e se

apresentavam alguma alteração. As conclusões mostraram que os rostos com PFP

foram considerados menos atraentes do que os normais, no entanto, não revelou

diferença significativa de atratividade nas fotografias de sorriso de sujeitos normais e

com PFP, mesmo levando em consideração o aumento da assimetria facial.

Ao continuar a discussão a respeito do impacto da PFP, é necessário incluir

as pesquisas com a Síndrome de Möebius. Apesar de ser uma doença rara

caracterizada por paralisia facial congênita bilateral, os estudos abaixo voltam-se as

condições de enfrentamento e aos sentimentos desses sujeitos (Briegel, 2007;

Bogart, Matsumoto, 2010; Bogart, Tickle-Degnen, Joffe, 2012).

A esse respeito, o estudo de Briegel (2007), com 22 alemães com Síndrome

de Möebius encontraram níveis elevados de introversão e sensibilidade interpessoal,

com sentimentos de inadequação e inferioridade em relação aos dados normativos.

Os níveis de ansiedade e depressão foram também mais elevados.

Outro estudo, com a caracterização de grupo controle (37 americanos sem

PFP) e grupo pesquisa (37 americanos com Síndrome de Möebius), evidenciaram

diferenças no funcionamento social com tendência ao isolamento por parte dos

sujeitos do grupo pesquisa. Porém não encontraram diferenças entre os grupos no

que diz respeito a depressão e ansiedade (Bogart, Matsumoto, 2010).

Apesar do trabalho de Briegel (2007) concluir que as pessoas com Síndrome

de Möebius apresentavam níveis elevados de depressão e ansiedade, não

necessariamente os resultados são incompatíveis com os achados de Bogart e

Page 69: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

67

Matsumoto (2010) expostos acima. Ambos os estudos encontraram problemas de

funcionamento social com uma associação ao aumento dos níveis de depressão e

ansiedade. Eventuais diferenças nos resultados podem ser atribuídos a discrepância

no tamanho da amostra, medidas ou diversidades culturais (Yang et al., 2007).

Esses resultados sugerem que algumas pessoas com Síndrome de Möebius podem

desenvolver estratégias para gerir suas vidas e sofrimento psíquico. No entanto, elas

podem não ser capazes de evitar algumas ramificações sociais, como a

estigmatização. Assim, a interação social pode ser um dos mais significativos

desafios (Briegel, 2007; Bogart, Matsumoto, 2010).

Dessa maneira, o estudo com grupo focal de Bogart, Tickle-Degnen e Joffe

(2012), explorou as experiências de interações sociais e as estratégias de 12 adultos

com Síndrome de Möebius. A análise de conteúdo revelou cinco temas do

funcionamento social: 1. engajamento social/retirada; 2. resistência/sensibilidade; 3.

apoio social/estigma; 4. ser compreendido/incompreendido e; 5. a conscientização

pública/falta de consciência. Verificou-se também que os participantes utilizavam-se

de estratégias facilitadoras expressivas como mudanças no tom da voz, melhoria na

articulação da fala, gestos corporais e humor para amenizar mal-entendidos ou

diminuir o foco na Síndrome de Möebius. Para finalizar, o estudo reforça que a

combinação entre a incapacidade de se expressar pela face e a condição de uma

doença rara é particularmente estigmatizante e por essa razão, a consciência

pública e o desenvolvimento de programas de habilidades sociais para pessoas com

PFP poderiam facilitar o funcionamento social (Bogart, Tickle-Degnen e Joffe, 2012).

Conforme evidenciado, as pesquisas acima citadas propõem a investigação

da subjetividade da PFP diante das representações feitas pelos sujeitos acometidos

por esta afecção ou da percepção que a sociedade tem de uma alteração facial.

No entanto, o uso de instrumentos que proporcionem os dados quantitativos

de aspectos psicossociais, de qualidade de vida ou de avaliação de satisfação pós

intervenção, são pouco utilizados. Dentre os levantados, apenas três foram

elaborados exclusivamente para os casos de PFP e foram elencados na revisão

sistemática de Ho et al. (2012):

- o Facial Disability Index (FDI) de VanSwearingen e Brach (1996), que foi

dividido em duas seções: a primeira destinada a medir a autopercepção da

função física e a segunda ao bem-estar social;

Page 70: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

68

- o Facial Clinimetric Evalualion Scale (FaCE), desenvolvido por Kahn

(2001) para medir o comprometimento e incapacidade facial;

- o Derriford Appearance Scale (DAS) utilizada por Cross et al. (2000), com

a finalidade de medir a angústia associada à preocupação com aparência

física após cirurgia do neurinoma acústico.

A dificuldade na utilização dos instrumentos acima referidos para o presente

estudo, está no fato das limitações no processo de adaptação transcultural, sendo o

FDI apenas traduzido para o português e o FaCE passado pela adaptação cultural e

linguística em Portugal. O DAS não sofreu traduções para o português.

Para essa pesquisa, mesmo com os elementos acima referidos, uma tentativa

de uso do FDI e após do FaCE foi experimentado, mas sem sucesso.

Sendo assim, o Estudo 1 dessa pesquisa apresentou como proposta a

elaboração de um questionário que investigasse o impacto psicossocial da PFP.

Para tanto, foi necessária uma fundamentação teórica para realização do

questionário denominado Escala Psicossocial de Aparência Facial (EPAF), uma

posterior avaliação de juízes e por fim, a aplicação dos estudos pilotos. Os

resultados obtidos mostraram que a avaliação dos juízes foi fundamental para o

aprimoramento do instrumento e que os estudos pilotos determinaram que a

aplicação por meio de entrevistas fechadas foi a alternativa mais acertada para a

proposta da pesquisa.

As entrevistas podem ser a melhor alternativa quando os participantes

apresentam habilidades variadas de letramento e de entendimento das questões

(Martins-Reis, Santos, 2009; Passamai et al., 2012). Além disso, asseguram que o

instrumento seja respondido em sua íntegra (Hulley et al., 2008).

Dando continuidade ao referido estudo, esta pesquisa volta-se para

aplicabilidade e confiabilidade da Escala Psicossocial de Aparência Facial (EPAF),

de maneira a contribuir para explicitação/avaliação dos aspectos psicossociais na

PFP e, por extensão, na conduta terapêutica e efetividade do tratamento da PFP na

clínica fonoaudiológica.

A medição de confiabilidade de um questionário pode ser feita na utilização

de técnicas de partição e de avaliação da magnitude do erro a que o instrumento

está exposto. Uma das técnicas mais utilizadas para isso é o método de

consistência interna, que pode ser entendido pela correlação média entre os itens,

Page 71: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

69

compondo o nível de confiabilidade calculado pelo Alfa de Cronbach (Hulley et al.,

2008).

Assim, é importante enfatizar que a aplicação do instrumento EPAF

compreende em alcançar e delimitar com precisão as implicações de seu uso, em

um maior número de sujeitos e atendendo as diversas etiologias, ao grau de

severidade e ao tempo de acometimento da PFP.

5.2. Objetivo

Diante disso, o objetivo do estudo foi investigar a sensibilidade e consistência

interna da Escala Psicossocial de Aparência Facial (EPAF), a partir da comparação

com os resultados dos instrumentos de avaliação funcional, escala de House-

Brackman-HBS e Sistema de Graduação Facial, e implicações psicossociais por

meio da aplicação da Escala Hospitalar de Depressão e Ansiedade (HADS).

Page 72: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

70

5.3. MÉTODO

5.3.1. Instruções iniciais para a aplicação da EPAF

O desenvolvimento de instruções iniciais para aplicação da EPAF foi pautado

na análise categorial, conforme descrita por Bardin (2002), onde a reorganização do

discurso pela investigação dos temas abordados na pesquisa visou uma análise

temática, sendo possível a constituição de categoriais convergentes para a

organização das instruções, conforme segue abaixo:

Considere as impressões iniciais que teve diante do sujeito a ser investigado,

caso perceba angústia, estresse e/ou fragilidade, escolha um outro momento

para fazer o convite para aplicação da EPAF;

Caso seja possível, aplique na primeira ou segunda sessão para fins de

rastreamento;

O convite para aplicação da EPAF precisa ser objetivo, claro e de simples

entendimento;

Aplique o questionário somente com a presença de fonoaudiólogo e sujeito;

Apresente as instruções da EPAF de forma verbal, sendo o questionário

aplicado em formato de entrevista;

Explicite as contribuições que estes dados podem trazer para a compreensão

do impacto causado pela PFP na vida do sujeito;

Deixe claro que a entrevista pode ser interrompida a qualquer momento para

esclarecimento de dúvidas, comentários adicionais ou desistência por parte

do sujeito;

Apresente a quantidade de questões, 24 neste caso, e que as alternativas de

resposta são apresentadas pelo próprio aplicador;

As perguntas precisam ser realizadas de forma neutra, ou seja, de maneira a

não empregá-las de forma tendenciosa aos sujeitos;

As alternativas de respostas esperadas também precisam ser lidas de forma

neutra e sempre com uma frase introdutória: “Você acha que isso ocorre

sempre, as vezes, raramente ou nunca?” ou “Para esta questão você

concorda totalmente, concorda em partes, não lembro ou discordo

totalmente?”;

Page 73: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

71

O respondente faz a escolha da resposta que mais se adequa ao seu estado

atual, sem a necessidade de se preocupar com respostas certas ou erradas;

Considere os comentários ou exemplos relatados pelo sujeitos,

acrescentando estes dados na análise do caso clínico.

5.3.2. Amostra do Estudo

38 Sujeitos adultos com PFP unilateral.

5.3.2.1. Critérios de seleção

- Levantamento de prontuários (52 prontuários)

- Sujeitos adultos, de ambos os sexos, com idade a partir dos 18 anos;

- Sujeitos com PFP unilateral de etiologias diversas, nas fases flácida, de

recuperação e sequelar e com definição da gravidade a partir da HBS.

- Sem outras alterações faciais que não fossem decorrentes da PFP;

- Contato com 41 sujeitos selecionados para explicar a finalidade da

pesquisa e, no caso de aceitação, assinatura do TCLE (ANEXO 3);

- 38 aceitaram participar da pesquisa.

5.3.2.2. Caracterização da Amostra e Histórico dos Sujeitos

Identificação pessoal e dados relativos à PFP foram coletados no anexo 4 e

armazenados em banco de dados.

A avaliação fonoaudiológica foi realizada pela pesquisadora.

5.3.3. Locais de Pesquisa

Este estudo foi realizado em duas instituições que apresentavam em seu

ambulatório, o atendimento dos casos de PFP: 1. O setor de Cabeça e Pescoço do

Ambulatório de Especialidades Geraldo Bourroul da Irmandade da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo e; 2. O Ambulatório de Fonoaudiologia da Unifesp.

5.3.4. Período de Coleta de Dados

A coleta de dados foi iniciada em agosto de 2013 e finalizada em dezembro

do mesmo ano.

Page 74: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

72

5.3.5. Avaliação da função facial

Aplicação da escala de HBS (1985) para avaliar a severidade da PFP, a partir

dos seguintes parâmetros: simetria facial em repouso, grau de movimento dos

músculos faciais e sincinesias provocadas por movimentos voluntários específicos

(ANEXO 6).

Avaliação fonoaudiológica da condição funcional da face para classificação da

fase da PFP a partir do Sistema de Graduação Facial de Ross, Fradet e Nedzelski

(1996) (ANEXO 7).

Nas fases flácida, de recuperação e sequelar, a face foi avaliada em repouso,

observando sinais que indicassem a PFP comparado ao lado normal. Foram

avaliados: olhos, bochechas e boca, classificando-os como alteração parcial ou total

(Ross, Fradet, Nedzelski, 1996).

Na avaliação do movimento voluntário facial foi solicitado ao sujeito que cada

movimento fosse executado 03 vezes, para precisão da cotação em um dos cinco

graus da escala (A – Incapaz de Iniciar o Movimento à E – Movimento Completo), na

elevação de testa franzida, fechamento dos olhos, sorriso, elevação de nariz e beijo

(Ross, Fradet, Nedzelski, 1996).

Na fase sequelar foram caracterizadas presença de contraturas e/ou

sincinesias visando cotação em escala (F – Nenhum: sem sincinesia ou movimento

de massa à I – Severo: sincinesia desfigurante/ movimento bruto de massa de vários

músculos), dos mesmos movimentos mencionados acima (Ross, Fradet, Nedzelski,

1996).

Foi quantificado o grau de PFP em repouso (0-20), movimentação (20-100) e

das sincinesias (0-15). Foi obtido também uma nota de avaliação total,

correspondente à nota de movimento com subtração da nota de repouso e de

sincinesia (Ross, Fradet, Nedzelski, 1996).

5.3.6. Aplicação da Escala Psicossocial de Aparência Facial

A Escala Psicossocial de Aparência Facial (EPAF) surgiu a partir do Estudo 1

dessa pesquisa e apresenta 24 questões (Figura 4), divididas nos seguintes grupos

temáticos: Aspectos Funcionais da Face, Aspectos Sociais e Aspectos Emocionais,

descritos no Quadro 3.

Page 75: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

73

A aplicação do questionário foi em formato de entrevista fechada, a partir de

uma leitura neutra das questões.

Caso surgissem dúvidas, a entrevistadora explicitava a questão a partir de

simplificações ou exemplos.

5.3.7. Aplicação da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão

Como comparativo, os participantes também responderam a HADS (ANEXO

8).

A HADS possui 14 itens, dos quais 7 são voltados para a avaliação da

ansiedade (HADS-A) e 7 para a depressão (HADS-D). Cada um dos seus itens

podem ser pontuados de 0 a 3, compondo uma pontuação máxima de 21 pontos.

Para a avaliação da frequência de ansiedade e de depressão foram obtidas as

respostas aos itens da HADS. Os pontos de cortes são indicados por Zigmond e

Snaith (1983), recomendados para ambas as sub-escalas:

- HADS-A: sem ansiedade de 0 a 8; com ansiedade ≥ 9.

- HADS-D: sem depressão de 0 a 8, com depressão ≥ 9.

5.3.8. Análise Estatística

Foi realizada a análise descritiva dos dados por meio de frequências

absolutas e relativas, medidas de tendência central (média e mediana) e dispersão

(desvio-padrão, mínimo e máximo).

Para a validação dos grupos temáticos da EPAF e do questionário em si,

foram aplicados os testes não paramétricos de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, a fim

de verificar possíveis grupos com comportamentos diferentes entre as escalas.

A validade convergente foi realizada pelo teste não paramétrico Spearman (r).

Para este cálculo, a variável Simétrica do Movimento Involuntário foi alterada na

escala de pontuação a fim de se manter o mesmo direcionamento das demais

escalas do questionário.

Na validade interna das escalas, utilizou-se o coeficiente de alfa de Cronbach.

Na análise fatorial confirmatória, considerou-se a matriz de covariâncias e o

método de estimação ML (Maximum Likelihood). Os parâmetros para realização da

Análise Fatorial Confirmatória, foram os descritos abaixo (Sharma, 1996):

Page 76: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

74

O Qui-quadrado (X²), que comprova a probabilidade do modelo se ajusta aos

dados. Um valor do X² estatisticamente significativo indica discrepâncias entre

os dados e o modelo teórico que está sendo testado. É influenciado pelo

tamanho da amostra e assume a multinormalidade do conjunto de variáveis.

O Índice de Qualidade do Ajuste (Goodness-of-Fit Index, GFI) e o Índice de

Qualidade do Ajuste Ajustado (Adjusted Goodness-of-FitIndex, AGFI), que é

ponderado em função dos graus de liberdade do modelo, com respeito ao

número de variáveis consideradas. São recomendados valores do GFI e AGFI

superiores ou próximos a 0,95 e 0,90, respectivamente. Estas estatísticas não

são influenciadas pelo tamanho da amostra dos participantes.

O CFI (Comparative Fit Index) é um índice comparativo, adicional, de ajuste ao

modelo, com valores mais próximos de 1 indicando melhor ajuste, com 0,90

sendo a referência para aceitar o modelo.

Razão X²/g.l. é considerada uma qualidade de ajuste subjetiva. Um valor

inferior a 5,00 pode ser interpretado como indicador da adequação do modelo

teórico para descrever os dados.

Raíz quadrada média do erro de aproximação (Root Mean Square Error of

Approximation, RMSEA). Com relação aos valores de RMSEA, recomendam-

se valores próximos a 0,06 e 0,08, respectivamente, com seu intervalo de

confiança de 90% (IC90%), interpreta-se valores altos como indicação de um

modelo não ajustado.

Para a significância estatística, assumiu-se um nível descritivo de 5%. Os

dados foram digitados em Excel, analisados pelos programas SPSS versão 17.0

para Windows e AMOS versão 22.0 para Windows.

5.3.9. Ética

De acordo com as normas éticas preconizadas para pesquisas com seres

humanos, participaram os sujeitos que concordaram e assinaram o TCLE (ANEXO

3). A identidade dos sujeitos foi preservada, portanto, seus nomes não foram

divulgados.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da PUC-SP e da Irmandade da

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, sob o protocolo nº. 196.977 (ANEXO 1) e

230.982 (ANEXO 2).

Page 77: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

75

5.4. RESULTADOS

5.4.1. Instruções iniciais da EPAF

O instrumento EPAF foi desenvolvido no Estudo 1 e chegou a uma versão

após análise dos juízes e aplicação do estudo piloto, conforme demonstrado na

Figura 4.

A determinação por instruções iniciais para a aplicação da EPAF foi justificada

pelo fato de o questionário atender a um assunto recente dentro da clínica

fonoaudiológica, que leva em consideração os aspectos psicossociais implicados na

PFP e também pela população a ser estudada, apresentar fragilidade em sua

condição, sendo necessário cuidado ao ser abordada estas questões por parte do

profissional (Silva, 2010, Silva et al., 2011).

Antes de iniciar a aplicação da EPAF, é necessário considerar quais foram as

impressões que o aplicador teve diante do sujeito a ser investigado. Segue como

recomendação que a EPAF seja aplicada nas primeiras sessões com o

fonoaudiólogo, porém, se o profissional perceber nos relatos preliminares que o

sujeito se apresenta, consideravelmente fragilizado, angustiado e/ou estressado com

a situação, recomenda-se que a proposta de aplicação da EPAF ocorra em outro

momento.

Em muitos casos, esclarecer as dúvidas que surgem sobre a PFP aliviam a

angustia apresentada. Muitos pacientes sabem pouco a respeito da PFP e das

possibilidades de progressos ao longo do tempo, por isso explicitá-las, de maneira

simples, é importante. Caso, os próprios sujeitos consigam perceber progressos

funcionais sutis na face, mesmo em poucos dias, há uma sensação de alívio e estes

depositam confiança no profissional responsável pelo seu cuidado (Silva, Guedes,

Cunha, 2013). Deste modo, o convite para a aplicação da EPAF pode ser feito.

O convite para a aplicação da EPAF precisa ser objetivo, claro e de simples

entendimento. Por exemplo: “Gostaria de convidá-lo a participar de uma entrevista

para saber quais são os efeitos da PFP na sua vida emocional e nas suas interações

sociais. Você gostaria de participar?”.

O questionário precisa ser aplicado somente com a presença do

fonoaudiólogo e sujeito, sem interferência de outros profissionais da saúde e/ou

familiares, no caso do sujeito. Este passo propicia que o sujeito sinta-se a vontade

Page 78: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

76

com a situação, constitua uma ligação com o fonoaudiólogo e possa se remeter a

informações que, geralmente, ocultaria de outras pessoas.

Caso o sujeito aceite participar da entrevista, é necessário que sejam

apresentadas as instruções da EPAF. No caso deste estudo, o questionário foi

aplicado em formato de entrevista, então as instruções foram verbais. É importante

explicitar que a entrevista pode contribuir na compreensão do impacto que a

mudança ocasionada pela PFP pode causar na vida emocional e social do sujeito.

As perguntas são feitas pelo próprio aplicador e em caso de dúvidas, ele pode

ser interrompido a qualquer momento para que as esclareça por meio de exemplos

ou reformulações.

É necessário esclarecer que, em caso de desconforto, o sujeito pode ficar a

vontade para interromper a entrevista.

E finalmente, os comentários e/ou exemplos explicitados pelo sujeito,

precisam ser escutadas pelo aplicador a qualquer momento e considerados para a

construção e análise do caso clínico.

Page 79: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

77

5.4.2. Caracterização da amostra

Na avaliação de sensibilidade foram coletados dados de 38 sujeitos. A média

de idade foi de 47,6 anos (dp=16,2), mediana de 47,7, mínimo de 19 e máximo de

78 anos.

Na Tabela 9, observa-se que o sexo feminino representou 52,6% da amostra

e 65,8% dos sujeitos são casados.

Tabela 9 – Distribuição de frequências e porcentagens das características

demográficas

Variável Categoria n (%)

Sexo Masculino 18 (47,4)

Feminino 20 (52,6)

Estado Civil Solteiro 10 (26,3)

Casado 25 (65,8)

Viúvo 3 (7,9)

Escolaridade fundamental incompleto 14 (36,8)

fundamental completo 7 (18,5)

médio completo 13 (34,2)

superior completo 4 (10,5)

Total 38 (100,0)

Como no Estudo 1, a dor retroauricular (57,9%) foi predominante como sinal

anterior a PFP (Tabela 10).

Page 80: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

78

Tabela 10 - Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com os sinais e

sintomas anteriores a PFP

Variável Categoria n (%)

Dor retroauricular não 16 (42,1)

sim 22 (57,9)

Indisposição não 32 (84,2)

sim 6 (15,8)

Pressão Alta não 35 (92,1)

sim 3 (7,9)

Dor de cabeça não 35 (92,1)

sim 3 (7,9)

Dor no rosto não 32 (84,2)

sim 6 (15,8)

Total 38 (100,0)

Também, a forma súbita de manifestação da PFP foi predominante,

acometendo 97,4% da casuística (Tabela 11).

Dentro do grau III da Escala House Brackman encontram-se 44,7% dos

sujeitos, sendo que destes, 41,2% estavam na fase de recuperação (7), enquanto

que 58,8% estavam na fase de sequelas (10). No grau IV haviam 50% na fase

flácida (6) e 50% na fase de sequelas (6). E no grau V, 44,4% estavam na fase

flácida (4) e 55,6% na fase de sequelas (5).

Page 81: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

79

Tabela 11 - Distribuição de frequências e porcentagens do grau, fase e escala

funcional da PFP

Variável Categoria n (%)

Perda de movimentos Gradual 1 (2,6)

Faciais Súbita 37 (97,4)

Antecedente familiar Não 33 (86,8)

Sim 5 (13,2)

Inicial 10 (26,3)

Fase PFP Recuperação 7 (18,4)

Sequela 21 (55,3)

III 17 (44,7)

Escala HBS IV 12 (31,6)

V 9 (23,7)

Total 38 (100,0)

Com relação aos antecedentes familiares, um sujeito da pesquisa relatou que

a mãe e dois irmãos tiveram PFP e quatro sujeitos referiram a mãe ou irmã ou tia ou

sobrinha, sendo que todos apresentavam impacto psicossociais baixos na EPAF.

Quanto ao tempo de PFP, verificou-se uma média de 13,8 meses (dp=21,8),

mediana de 6,6 meses, variando entre menos de um mês a 124,1, aproximadamente

10 anos.

Semelhante ao Estudo 1, a Tabela 12 mostrou que 44,7% dos sujeitos

tiveram a PFP idiopática.

Page 82: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

80

Tabela 12 - Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com a hemiface

afetada e etiologia da PFP

Variável Categoria n (%)

Hemiface afetada direita 18 (47,4)

esquerda 20 (52,6)

Etiologia idiopática 17 (44,7)

schawannoma do acústico 7 (18,4)

tumor de parótida 5 (13,2)

herpes simples tipo I 3 (7,9)

iatrogênica 2 (5,3)

pós-trauma 1 (2,6)

metabólica 1 (2,6)

síndrome de Hamsay-Hunt 1 (2,6)

pós-parto 1 (2,6)

Total 38 (100,0)

Quanto aos exames, 86,8% realizaram audiometria e 78,9% passaram por

tratamento com anti-inflamatório (Tabela 13).

Page 83: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

81

Tabela 13 - Distribuição de frequências e porcentagens de acordo com os exames e

tratamentos medicamentosos

Variável Categoria n (%)

Exame Sorológico não 8 (21,1)

sim 30 (78,9)

Audiometria não 5 (13,2)

sim 33 (86,8)

Ressonância Magnética não 22 (57,9)

sim 16 (42,1)

Tomografia não 24 (63,2)

sim 14 (36,8)

Tratamento não 8 (21,1)

Anti-inflamatório sim 30 (78,9)

Tratamento não 22 (57,9)

Anti-retroviral sim 16 (42,1)

Total 38 (100,0)

5.4.3. Análise de sensibilidade e consistência interna da EPAF

A somatória de escores das respostas da EPAF pode variar de 0 a 72.

Para a validação do questionário, primeiramente, verificou se os escores

apresentavam a mesma distribuição segundo sexo, etiologia e escala de House-

Brackman (Tabelas 14 a 17). Para a análise da variável etiologia, esta foi agrupada

em duas categorias: idiopática e outras doenças observadas. Verificou-se que, em

todas as variáveis analisadas, os grupos foram homogêneos permitindo que a etapa

de validação fosse realizada em toda amostra (p>0,05).

Page 84: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

8

2

Ta

be

la 1

4 –

An

ális

e c

om

pa

rativa

en

tre

os s

exo

s d

a E

PA

F

S

exo

Va

riáve

l M

asculin

o

fem

inin

o

p*

n

𝑋 (

dp)

Me

dia

na

M

in –

Ma

x

n

𝑋 (

dp)

me

dia

na

M

in –

Ma

x

Asp

ecto

s fu

ncio

nais

da fa

ce

18

11,4

(6

,3)

11,5

1 –

20

20

12,8

(4

,7)

12,5

3 –

20

0,5

73

Asp

ecto

s S

ocia

is –

De

sem

pen

ho

de T

are

fas

18

1,3

(3

,9)

2

0 –

11

20

4,9

(3

,1)

4,5

0 –

10

0,0

93

Asp

ecto

s S

ocia

is –

In

tera

çõe

s S

ocia

is

18

3,7

(3

,1)

4

0 –

9

20

5,1

(3

,9)

6

0 –

12

0,2

90

Asp

ecto

s S

ocia

is –

GE

RA

L

18

6,9

(6

,7)

5,5

0 –

19

20

10,0

(5

,6)

10

2 –

21

0,0

99

Asp

ecto

s E

mo

cio

na

is

18

9,8

(6

,1)

10,5

1 –

23

20

11,6

(5

,7)

12

2 –

20

0,3

61

Esca

la –

GE

RA

L

18

28,2

(1

6,8

) 27

4 –

61

20

34,3

(1

3,7

) 3

5,5

8 –

56

0,1

49

*teste

Man

n-W

hitne

y5.

5 O

teste

de M

ann

-Whitne

y é

um

teste

não p

ara

métr

ico a

plic

ad

o p

ara

du

as a

mostr

as ind

epe

nde

nte

s p

ara

veri

ficar

se p

ert

encem

ou n

ão à

mesm

a p

opula

çã

o.

Page 85: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

8

3

Ta

be

la 1

5 –

An

ális

e c

om

pa

rativa

en

tre

a e

tiolo

gia

da

do

en

ça

da

EP

AF

E

tio

log

ia

Va

riáve

l Id

iopá

tica

outr

as d

oe

nça

s o

bse

rvad

as

p*

n

𝑋 (

dp)

Me

dia

na

M

in –

Ma

x

n

𝑋 (

dp)

me

dia

na

M

in –

Ma

x

Asp

ecto

s fu

ncio

na

is d

a fa

ce

17

13,2

(5

,6)

15

1 -

20

21

11,2

(5

,5)

11

1 -

20

0,7

22

Asp

ecto

s S

ocia

is –

De

sem

pen

ho

de T

are

fas

17

4,4

(3

,9)

4

0 -

11

21

4,0

(3

,3)

3

0 -

10

0,2

50

Asp

ecto

s S

ocia

is –

In

tera

çõe

s S

ocia

is

17

4,5

(3

,1)

5

0 -

10

21

4,3

(4

,0)

4

0 -

12

0,2

55

Asp

ecto

s S

ocia

is –

GE

RA

L

17

8,9

(6

,2)

9

0 -

19

21

8,2

(6

,5)

7

0 -

21

0,2

03

Asp

ecto

s E

mo

cio

na

is

17

12,1

(6

,0)

12

1 -

23

21

9,7

(5

,6)

11

1 -

19

0,1

50

Esca

la –

GE

RA

L

17

34,2

(1

5,4

) 36

4 -

61

21

29,1

(1

5,3

) 25

8 -

56

0,3

07

*teste

Man

n-W

hitne

y.

Page 86: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

8

4

Ta

be

la 1

6 –

An

ális

e c

om

pa

rativa

en

tre

os n

íve

is d

a e

sca

la d

e H

ouse

Bra

ckm

an

e d

a E

PA

F

H

ouse B

rackm

an

Escore

III

IV

V

n

𝑋 (

dp)

media

na

Min

Max

n

𝑋 (

dp)

media

na

Min

Max

n

𝑋 (

dp)

media

na

Min

Max

p*

Aspecto

s f

uncio

na

is d

a f

ace

17

9,9

(6,3

) 11

1 -

20

12

13,4

(4

,4)

12,5

6 –

20

9

14,6

(4

,1)

15

8 -

20

0,1

08

AS

– D

esem

penh

o d

e T

are

fas

17

3,1

(3,0

) 2

0 -

10

12

5,0

(3,9

) 4,5

0 –

11

9

5,0

(3,8

) 4

0 -

10

0,2

54

AS

– Inte

rações S

ocia

is

17

3,2

(3,5

) 3

0 -

10

12

5,2

(3,2

) 5,5

0 –

11

9

5,6

(3,9

) 6

0 -

12

0,1

82

Aspecto

s S

ocia

is –

GE

RA

L

17

6,3

(6,0

) 4

0 -

19

12

10,2

(5

,5)

10

0 –

18

9

10,6

(7

,4)

12

0 -

21

0,1

56

Aspecto

s E

mocio

nais

17

9,8

(6,1

) 11

1 -

20

12

12,3

(5

,2)

12

4 –

23

9

10,6

(6

,7)

12

1 -

19

0,5

95

Escala

– G

ER

AL

17

25,9

(1

5,8

) 25

4 -

55

12

35,9

(1

2,3

) 32

21 –

60

9

35,7

(1

6,3

) 36

11 -

56

0,2

11

*teste

Kru

skal-W

alli

s6.

6 O

teste

Kru

skal-W

alli

s é

um

méto

do n

ão p

ara

métr

ico

, utiliz

ad

o n

a c

om

para

ção d

e t

rês o

u m

ais

am

ostr

as i

ndep

end

ente

s,

ind

ican

do s

e h

á d

ifere

nça e

ntr

e,

pelo

menos, duas d

ela

s.

Page 87: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

85

Tabela 17 – Análise comparativa entre o tempo de PFP e da EPAF

tempo PFP¥

Variável ≤ 6,6 meses > 6,6 meses p*

n (dp) mediana Min –

Max

n (dp) mediana Min –

Max

Aspectos funcionais da face 18 12,9 (5,7) 12,5 1 – 20 20 11,4 (5,5) 12 1 – 18 0,395

AS – Desempenho de Tarefas 18 3,8 (3,9) 3,5 0 – 11 20 4,4 (3,3) 3,5 0 – 10 0,595

AS – Interações Sociais 18 4,1 (2,9) 4,5 0 – 8 20 4,7 (4,1) 4 0 – 12 0,733

Aspectos Sociais – GERAL 18 7,9 (6,0) 7 0 – 18 20 9,1 (6,7) 8,5 0 – 21 0,598

Aspectos Emocionais 18 10,4 (5,9) 11 1 – 23 20 11,1 (6,1) 12,5 1 – 20 0,481

Escala – GERAL 18 31,2 (15,0) 29 9 – 61 20 31,6 (16,0) 30 4 – 55 0,953

*teste Mann-Whitney; ¥categoria de tempo pelo valor mediano da amostra.

Page 88: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

86

Observa-se na Tabela 18, na análise de validade convergente, que houve

correlação estatisticamente significativa entre o grupo temático Aspectos Funcionais

da Face e a avaliação da Simetria em Repouso (r=0,43;p=0,006) e entre o grupo

temático Aspectos Emocionais com a avaliação da Sincinesia (r=0,34;p==0,037).

Ressalta-se que, dentro do grupo temático Aspectos Funcionais da Face, as

questões 1, 2, 4, 7 e 8 apresentaram correlação estatisticamente significativa,

respectivamente, r=0,35 (p=0,032), r=0,33 (p=0,041), r=0,66 (p<0,001), r=0,38

(0,018) e r=0,33 (0,044). Para o grupo temático Aspectos Emocionais, as questões

estatisticamente significativas correlacionadas foram a 19 (r=0,51;p=0,001) e 22

(r=0,39;p=0,017).

Os grupos temáticos do questionário desenvolvido para esta pesquisa

apresentaram correlação estatisticamente significativa (p>0,05) com as escalas de

nota da face, HADS A, exceto na correlação para do grupo temático de Aspectos

Funcionais da Face (p=0,206) - HADS D e HADS TOTAL (Tabela 18).

Verifica-se que as correlações estatisticamente significativas apresentaram

magnitudes de fraca a moderada, sendo a maior correlação observada entre o grupo

temático dos Aspectos Emocionais e a HADS D , r=0,74; p<0,001 (Tabela 18).

Page 89: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

8

7

Ta

be

la 1

8 –

Corr

ela

ção

de S

pe

arm

an

(r)

, segu

nd

o o

s g

rup

os te

ticos

Gru

pos tem

áticos

Sim

étr

ica

Repo

uso

Sim

étr

ica M

ov.

Volu

ntá

rio

Sin

cin

esia

C

om

posta

N

ota

atr

ibuíd

a

ao r

osto

HA

DS

A

HA

DS

D

HA

DS

TO

TA

L

r

(p)

r (p

) r

(p)

r (p

) r

(p)

r (p

) r

(p)

r (p

)

Asp. fu

ncio

na

is d

a f

ace

0,4

3 (

0,0

06)

0,3

0 (

0,0

72)

0,2

5 (

0,1

27)

0,2

8 (

0,0

85)

-0,4

4 (

0,0

05)

0,2

1 (

0,2

06)

0,4

2 (

0,0

09)

0,3

4 (

0,0

37)

AS

– D

esem

p. de T

are

fas

0,1

5 (

0,3

82)

0,2

2 (

0,1

85)

0,1

8 (

0,2

78)

0,2

7 (

0,0

97)

-0,5

6 (

<0,0

01)

0,3

6 (

0,0

27)

0,5

7 (

<0,0

01)

0,5

2 (

<0,0

01)

AS

– Inte

rações S

ocia

is

0,2

4 (

0,1

44)

0,2

9 (

0,0

74)

0,0

4 (

0,7

94)

0,3

0 (

0,0

69)

-0,3

3 (

0,0

43)

0,4

3 (

0,0

07)

0,5

3 (

<0,0

01)

0,5

3 (

<0,0

01)

Aspecto

s S

ocia

is –

GE

RA

L

0,2

1 (

0,1

99)

0,2

8 (

0,0

94)

0,1

4 (

0,4

08)

0,3

2 (

0,0

53)

-0,4

9 (

0,0

02)

0,4

6 (

0,0

03)

0,6

4 (

<0,0

01)

0,6

1 (

<0,0

01)

Aspecto

s E

mocio

nais

0,2

1 (

0,2

16)

0,0

2 (

0,9

20)

0,3

4 (

0,0

37)

0,0

6 (

0,7

32)

-0,4

8 (

0,0

02)

0,4

0 (

0,0

12)

0,7

4 (

<0,0

01)

0,6

4 (

<0,0

01)

Escala

– G

ER

AL

0,3

1 (

0,0

60)

0,2

1 (

0,2

05)

0,3

0 (

0,0

69)

0,2

4 (

0,1

42)

-0,5

3 (

<0,0

01)

0,3

7 (

0,0

23)

0,6

7 (

<0,0

01)

0,5

8 (

<0,0

01)

Page 90: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

88

Quanto à consistência interna, todos os grupos temáticos apresentaram um α

de Cronbach superior a 0,70, evidenciando uma excelente consistência interna entre

as questões do questionário proposto. Verifica-se que a EPAF GERAL mostrou um α

de Cronbach = 0,90 (Streiner, Norman, 1989).

Tabela 19 – Análise do Alfa de Cronbach7, segundo escalas

Escore Questões α Cronbach

Aspectos funcionais da face 1 a 8 0,74

AS – Desempenho de Tarefas 9 a 12 0,74

AS – Interações Sociais 13,14 e 17,18 0,72

Aspectos Sociais – GERAL 9 a 14 e 17,18 0,82

Aspectos Emocionais 15,16 e 19 a 24 0, 77

Escala – GERAL 1 a 24 0,90

Na Figura 5 evidenciam-se os domínios dos grupos temáticos pela análise

fatorial confirmatória8, observando os seguintes X²/gl = 1,17, GFI = 0,59, CFI = 0,61;

RMSEA = 0,132. Quanto às cargas fatoriais, estas variavam de fraca (0,14) a forte

(≥0,60) (Sharma, 1996).

Alertam-se as cagas fatoriais baixas para as questões 5 e 6, dentro do grupo

temático Aspectos Funcionais da Face, e 17 e 23 nos Aspectos Emocionais.

Destacam-se as cargas fatoriais altas para as questões 1, 2, 4 e 7 dentro do

grupo temático Aspectos Funcionais da Face, 9, 10, 11 e 13 para os Aspectos

Sociais e 16, 19 e 21 nos Aspectos Emocionais.

7 O coeficiente alfa de Cronbach estima a confiabilidade do questionário, medindo a correlação entre as respostas, apresentando uma correlação média entre as perguntas. 8 A análise fatorial confirmatória parte da premissa de uma teoria sobre quais variáveis medem quais fatores e que possa se confirmar o grau de ajuste dos dados.

Page 91: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

89

Figura 5 – Análise Fatorial Confirmatória

Page 92: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

90

A partir dos resultados apresentados, uma readequação da EPAF foi

realizada, sendo retiradas as questões com cargas fatoriais baixas.

Para tanto, a somatória de escore da EPAF para esta versão pode variar de 0

a 60, sendo necessária uma nova análise para definir o melhor ponto de corte para o

rastreamento do impacto psicossocial associado à PFP.

Escala Psicossocial de Aparência Facial

NOME: ______________________________________________ Data: ____/_____/_____

Este questionário ajudará a compreender o impacto da mudança física facial em sua vida

emocional e social.

Por favor, responda todas as questões correspondentes e em caso de dúvida pergunte. Se

quiser acrescentar informações complementares utilize o espaço final para observações.

Circule APENAS UM NÚMERO pensando na

ÚLTIMA SEMANA e no seu ROSTO.

Sempre As

vezes

Rara-

mente

Nunca

AFF 1) Sinto dificuldades em movimentar meu rosto. 3 2 1 0

AFF 2) Tenho dificuldades para piscar ou fechar os

olhos. 3 2 1 0

AFF 3) Sinto dificuldades para manter líquidos ou

alimentos na boca. 3 2 1 0

AFF 4) Tenho dificuldade para falar algumas palavras

com sons do ‘p’, ‘b’, ‘m’, ‘f’, ‘v’, ‘ch’ e ‘g’. 3 2 1 0

AFF 5) Não consigo expressar minhas emoções pelo

rosto. 3 2 1 0

AFF 6) Tenho dificuldades para beijar. 3 2 1 0

AS –

DT

7) Tenho dificuldades de sair de casa, visitar

familiares e/ou amigos. 3 2 1 0

AS –

DT

8) Fico incomodado(a) em sair em fotografias. 3 2 1 0

AS –

DT

9) Fico incomodado(a) em me alimentar na

frente das pessoas. 3 2 1 0

AS –

DT

10) Fico incomodado(a) de ir ao trabalho e/ou

frequentar aulas/cursos. 3 2 1 0

AS –

IS

11) Fico incomodado(a) em conversar frente a

frente com as pessoas. 3 2 1 0

continua

Page 93: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

91

Continuação

AS –

IS

12) Fico mais a vontade somente com as pessoas

próximas do meu convívio social. 3 2 1 0

AE 13) A dificuldade para sorrir me incomoda. 3 2 1 0

AE 14) Perdi a vontade de me alimentar. 3 2 1 0

AS –

IS

15) Percebo que meus familiares ou amigos me

tratam agora de forma diferente. 3 2 1 0

AE 16) Desconfio que meu rosto não irá melhorar. 3 2 1 0

AE 17) Me incomoda perceber que as pessoas que

não me conhecem me olham de uma forma

diferente.

3 2 1 0

AE 18) Sinto tristeza ou angústia quando não

consigo mostrar minhas emoções pelas

expressões faciais.

3 2 1 0

AE 19) Não sinto vontade de cuidar de minha

aparência. 3 2 1 0

Circule APENAS UM NÚMERO Concord

o

Concor

do em

partes

Não

lembro

Discor

do

AE 20) Lembro-me que quando vi a mudança do

meu rosto me senti assustado, desesperado e/ou

angustiado.

3 2 1 0

* De 0 a 10, qual nota você daria hoje para o seu rosto? (0 muito ruim e 10 muito bom)

* Além destas questões, você gostaria de acrescentar mais alguma informação?

Legenda: Aspectos funcionais da face [AFF]; Aspectos Sociais – Desempenho de Tarefas [AS – DT]; Aspectos Sociais –

Interações Sociais [AS – IS]; Aspectos Emocionais [AE].

Figura 6 – Nova versão da EPAF após análise fatorial confirmatória

Page 94: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

92

5.5. DISCUSSÃO

5.5.1. Aporte teórico

A proposta aqui exposta foi que o fonoaudiólogo que atua nos casos de PFP

comece a olhar para as dimensões que causam afeto nos pacientes e a utilizar da

teoria psicanalítica como maneira a contribuir e complementar a prática clínica, de

forma a diminuir o sofrimento psíquico e favorecer a adaptação social dos sujeitos

com PFP.

Os estudos anteriores evidenciaram uma preocupação na investigação dos

conteúdos psicossociais associados aos quadros de PFP (Twerski, Twerski, 1986;

Robinson, Rumsey, Patridge, 1996; Robinson, 1997; Kanzaki, Ohshiro, Abe, 1998;

VanSwearingen, Cohn, Bajaj-Luthra, 1999; Rankin, Borah, 2003; Silva, 2010; Fu,

Bundy, Sadiq, 2011; Silva et al., 2011; Silva, Guedes, Cunha, 2013).

Sabe-se da tendência tradicional em priorizar os processos patológicos às

consequências que estes podem desempenhar na vida de um sujeito e,

erroneamente, acredita-se que, se exercida essa função o restante é readquirido

pelo sujeito (Fu, Bundy e Sadiq, 2011). Porém, nem sempre isso ocorre e o

processo evolutivo pode ficar comprometido.

Muitas vezes, o fonoaudiólogo exerce um papel vigilante de quem

responsabiliza e cobra resultados do paciente, em que a eliminação dos sintomas

possibilita o retorno ao estado normal. Porém, quando a condição patológica é

irreversível, esse pode ser um ato que pode comprometer o caso clínico (Cunha,

2001; Silva, Guedes, Cunha, 2013).

A escuta, se adotada como técnica, é capaz de acolher o sofrimento do

sujeito e fazer com que o que angustia e causa dor emerjam, sendo possível que

venham novos significados para um conteúdo, muitas vezes desconhecido do

próprio sujeito (Freud, 1894/1996; Dolto, 2002; Macedo, Falcão, 2005). Essa técnica,

se empregada com interesse e disponibilidade por parte do profissional, oferece o

suporte necessário ao sujeito (Winnicott, 1991).

Cunha (2001) referiu que em seus casos clínicos, a evolução do tratamento

só foi possível quando houve a integração entre as técnicas fonoaudiológica

específicas para cada caso e a consideração dos aspectos psíquicos envolvidos na

Page 95: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

93

formação do sintoma, sendo indispensável que a função psíquica do sintoma

manifesto se revelasse.

É preciso entender também a condição estigmatizante da PFP, principalmente

quando as alterações na face tornam-se objeto de atenção dos outros. Os modos

como enfrentam, desempenham as suas tarefas e interagem socialmente precisam

de atenção, a medida que atividades antes rotineiras, podem ser interrompidas.

Além disso, o comportamento desse sujeito pode mudar, fazendo com que fique

mais retraído ou agressivo, o que favorece o isolamento social e pode comprometer

a evolução do caso clínico (Goffman, 1988; Robinson, Rumsey, Patridge, 1996;

Robinson, 1997; Briegel, 2007; Bogart, Matsumoto, 2010; Bogart, Tickle-Degnen,

Joffe, 2012).

São nas relações sociais que o rosto exerce seu papel de comunicar

sutilmente informações não verbais (Pope, Ward, 1997; Speltz, Richman, 1997), e

mesmo que o comprometimento nestes movimentos esteja presente, exercer esta

atividade é fundamental para que o sujeito sinta-se inserido em uma sociedade e

perceba que, apesar das limitações funcionais na face, pode se comunicar por meio

de ajustes (Bogart, Tickle-Degnen, Joffe, 2012) e isso pode ser fator contribuinte na

evolução clínica.

5.5.2. Instruções para a aplicação da EPAF

As instruções para a aplicação da EPAF precisam ser entendidas como

orientadoras para a execução deste trabalho. A princípio, as instruções mostram-se

extensas em suas descrições e explicações, mas é necessária esta pormenorização

para que a entrevista desempenhe o papel que se deseja alcançar.

Outros instrumentos existentes que proporcionam dados quantitativos

poderiam ser utilizados, porém dos aqui mencionados, apenas três foram

elaborados exclusivamente para os casos de PFP (Ho et al., 2012): o FDI

(VanSwearingen e Brach, 1996), o FaCE (Kahn, 2001) e o DAS (Cross et al., 2000).

Porém, as limitações nos processos de adaptação transcultural, especificidades na

etiologia, grau de severidade e fase da PFP comprometeram seu o uso para o

objetivo desta pesquisa.

A EPAF exerce um papel de extensão da prática clínica e seus resultados

podem fazer com que se conheça a demanda do sujeito, para que assim, cuidados

Page 96: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

94

sejam desempenhados de forma mais objetiva, ao priorizar, por exemplo, uma

técnica de recuperação de determinada função facial, resultando em uma possível

amenização do sofrimento do sujeito.

5.5.3. Avaliação da sensibilidade e consistência interna da EPAF

Apesar da casuística deste estudo apresentar um número baixo de sujeitos

selecionados (n=38) e uma variedade de idade entre 19 a 78 anos, foi possível a

realização da avaliação da sensibilidade e consistência interna do instrumento

EPAF.

Os resultados do Alfa de Cronbach mostraram uma consistência interna forte

entre os grupos temáticos e as questões, no entanto a análise fatorial confirmatória,

alertou para questões cujo a relação de causa entre os grupos temáticos foi fraca,

como exposto nas questões 5 e 6 do grupo temático Aspectos Funcionais da Face e

17 e 23 do grupo temático Aspectos Emocionais, sendo retiradas da EPAF.

Dentro do grupo temático Aspectos Funcionais da Face, justifica-se a carga

fatorial baixa da questão 5 (Quando falo, sorrio, mastigo e/ou fecho os olhos

acontecem movimentos no meu rosto que não consigo controlar), ao retomar a

avaliação dos juízes no Estudo 1 que indicavam esta como uma questão de conflito

na escala. Sabe-se que estes aspectos começam a aparecer somente na fase de

sequelas, sendo necessário a investigação de sua relevância somente para este

grupo.

A questão 6 (Sinto dores no me rosto), foi acrescida após a avaliação dos

juízes. Dores na face foram expressas em poucos casos (15,8%), conforme exposto

na tabela 10.

A questão 8 (Tenho dificuldades para beijar) apresentou carga fatorial limite

(0,49). Por esta razão, foi coerente que esta fosse a última questão deste grupo

temático, seguindo o critério de questões iniciais abrangentes para as finais

particulares. É importante considerar o seu grau de intimidade, sendo necessário

que a confiança com o aplicador seja maior para estabelecer um resultado de

fidedignidade com esta questão.

O grupo temático Aspectos Sociais apresentou carga fatorial mais forte,

sendo que somente a questão 17 (Tenho dificuldades em me relacionar com

meu(minha) companheiro(a) ou, se não tenho companheiro, iniciar um

Page 97: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

95

relacionamento com alguém), apresenta particularidade diante das outras questões

do grupo temático, sendo dificultadas problematizações a respeito dentro de um

questionário.

Por último, o grupo temático Aspectos Emocionais apresentou em suas

questões uma carga fatorial, em sua maioria, acima do recomendado (0,50), no

entanto, quando estes sujeitos tinham que se remeter ao passado, conforme as

questões 23 (Desconfio que a mudança de meu rosto está relacionada com um

evento anterior de tristeza, angústia, estresse e/ou ansiedade) e 24 (Lembro-me que

quando vi a mudança do meu rosto me senti assustado, desesperado e/ou

angustiado), estas cargas ficaram abaixo do esperado, sendo que a questão 23

apresentou carga fatorial mais baixa (0,14).

A questão 24 foi mantida pelo fato de mostrar sua relevância em pesquisa

realizada anteriormente (Silva, 2010; Silva et al., 2011), em que nas entrevistas

abertas o susto foi mencionado por 75% dos sujeitos.

Porém a questão 23 foi retirada da EPAF, sendo que a sua baixa relevância

neste estudo pode se relacionar ao fato de ser um assunto que depende de maior

elaboração, não sendo uma questão transversal, conforme estabelece este estudo,

mas sim algo que, possivelmente, pode aparecer na clínica de maneira longitudinal e

que precisa da atenção por parte do profissional.

Mencionar que houveram questões com cargas fatoriais acima das

esperadas, também é importante. As questões 1, 2, 4 e 7 dentro do grupo temático

Aspectos Funcionais da Face, 9, 10, 11 e 13 para os Aspectos Sociais e 16, 19 e 21

nos Aspectos Emocionais, demonstraram que o estudo foi capaz de transformar

categorias pesquisadas anteriormente (Silva, 2010; Silva et al., 2011) e revisão da

literatura, em questões objetivas, sem reduzir ou desvincular seu propósito.

Em síntese, foi descrito aqui um estudo inicial a respeito da investigação dos

aspectos psicossociais implicados na PFP, a partir da medição por meio da EPAF,

instrumento desenvolvido para esta pesquisa e que depende de outros estudos e de

uma casuística maior. Porém os resultados aqui expostos evidenciaram níveis

importantes de aplicabilidade e sensibilidade.

Page 98: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

96

5.6. CONCLUSÃO

A EPAF revelou-se um instrumento eficaz, sendo capaz de mensurar os

aspectos funcionais da face, sociais e psíquicos em considerável parte das questões

desenvolvidas.

Sua aplicação é simples, mas demanda estudos anteriores da teoria

psicanalítica para a compreensão dos conceitos de sintoma e escuta, e da teoria do

estigma para dimensionar as formas de lidar com alterações faciais diante da

sociedade. Estas teorias trazem como contribuição uma análise e interpretação

pormenorizada das respostas obtidas no questionário que podem colaborar na

condução do caso dentro da clínica fonoaudiológica.

Além disso, as instruções para a aplicação da EPAF são necessárias para

que as respostas sejam mais próximas da realidade do sujeito.

Ressalta-se a necessidade de futuros estudos para a validação efetiva do

instrumento, o que possibilitaria seu uso na avaliação dos casos de PFP.

Page 99: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

97

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atual pesquisa partiu da hipótese de que os aspectos psicossociais

envolvidos nos casos de PFP contribuem para a compreensão do caso clínico e

esse conhecimento pode complementar a clínica fonoaudiológica. Dessa maneira,

abrir espaço para o trânsito dessas questões torna-se importante.

Com a finalidade de constituir subsídios e respaldar os profissionais, essa

pesquisa apresentou uma proposta de desenvolvimento de um instrumento em

formato de questionário para avaliar os aspectos psicossociais implicados nos casos

de PFP, com posterior análise de sua sensibilidade.

Na tarefa de desenvolver os itens para o questionário, buscou-se mapear os

principais aspectos psicossociais associados à PFP na literatura. Dessa forma, foi

possível elaborar as questões e ordená-las em grupos temáticos: 1. Aspectos

Funcionais da Face; 2. Aspectos Sociais e 3. Aspectos Emocionais. Para que assim,

fosse possível a posterior análise dos juízes e a realização de estudos pilotos, para

determinar as questões comporiam o instrumento e a maneira mais eficaz de

aplicação.

A avaliação da sensibilidade da EPAF para fins de rastreamento de

comparação dos aspectos funcionais da face, com a aplicação da escala HBS e do

Sistema de Graduação Facial e implicações psicossociais, a partir da aplicação da

HADS, resultou em correlação estatística significativa, além um alto índice de

consistência interna entre as questões. Porém, a análise das cargas fatoriais

variaram entre fracas para as questões 5, 6, 17, 23 e fortes para as questões 1, 2, 4,

7, 9, 10, 11, 13, 16, 19 e 21, sendo necessário a exclusão das questões com carga

fatorial baixa para a versão final da EPAF.

Essa pesquisa evidenciou os passos preliminares em direção a utilização

dessa nova ferramenta, mas é importante salientar que o prosseguimento de

pesquisa com a EPAF é essencial para aprimorar seu delineamento e buscar o rigor

necessário para que os processos de validação sejam efetivos e seja possível a

utilização por fonoaudiólogos que atuam nos casos de PFP.

Page 100: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

98

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aboytes-Meléndez CA, Torres-Venezuela A. Perfil clínico y epidemiológico de la

parálisis facial en el Centro de Reabilitación y Educación Especial de Durango,

México. Rev Med Hosp Gen Mex. 2006;69(2):70-7.

Adams RD. Neurologia. Rio de Janeiro: McGraw-Hill; 1998.

Alexandre JWC, Andrade DF, Vasconcelos AP, Araújo AMS, Batista MJ. Análise do

número de categorias da escala Likert aplicada à gestão pela qualidade total através

da teoria da resposta ao item. XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção. Ouro Preto

(MG): 21 a 24 out; 2013: 1-8.

Appolinario F. Metodologia da Ciência: filosofia e prática da pesquisa. São Paulo:

Pioneira Thomsom Leaning; 2006.

Ávila LA. Doenças do corpo e doenças da alma. São Paulo: Escuta; 1996.

Ávila LA. O eu e o corpo. São Paulo: Escuta; 2004.

Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Escuta; 2002.

Beaton D, Bombardier C, Ferraz MB. Guidelines for the processo of cross-cultural

adaptation of self report measures. Spine. 2000;25(24):223-38.

Benedetti C. De obeso a magro: a trajetória psicológica. São Paulo: Vetor; 2003.

Bento RF. Doenças do Nervo Facial. In: Bento RF, Miniti A, Manore S. Tratado de

Otologia. São Paulo: Edusp; 1998: 427-9.

Beurskens CHG, Swart BJM, Verheij JCGE. Problems with eating and drinking in

patients with unilateral peripheral facial paralysis. Dysphagia. 2003;18(4):267-73.

Bogart KR, Matsumoto D. Living with Möebius Syndrome: Adjustment, social

competence, and satisfaction with life. Cleft Palate Craniofac J. 2010;47(2):134-42.

Page 101: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

99

Bogart KR, Tickle-Dagnen L, Joffe MS. Social interaction experiences of adults with

Möebius Syndrome: A focus group. J Health Psychol. 2012;17(8):1212-22.

Bradbury ET, Simon W, Sanders R. Psychological and social factors in

reconstructive surgery for hemi-facial palsy. J Plast Reconstr Aesthet Surg.

2006;59(3):272-8.

Briegel W. Psychopathology and personality aspects of adults with Möebius

sequence. Clinical Genetics. 2007;71(4):376:7.

Chu EA, Farrag TY, Ishii LE, Byrne PJ. Threshold of Visual Perception of Facial

Asymmetry in a Facial Paralysis Model. Arch Facial Plast Surg. 2011;13(1):14-9.

Colli BO, Costa SS, Cruz OLM, Rollin GAFS, Zimmermann H. Fisiopatologia do

nervo facial. In: Costa SS, Cruz OLM, Oliveira JAA. (orgs.) Otorrinolaringologia:

Princípios e prática. Porto Alegre: Artes Médicas; 1994: 193-203.

Courtine JC, Haroche C. História do rosto: exprimir e calar as suas emoções (do

século XVI ao início do século XIX). Lisboa: Editora Teorema; 1988.

Cross T, Sheard CE, Garrud P, Nikolopoulos TP, O’donoghue GM. Impact of facial

paralysis on patients with acoustic neuroma. Laryngoscope. 2000;110(9):1539-42.

Cunha MC. Fonoaudiologia e psicanálise: a fronteira como território. 2ª ed. São

Paulo: Plexus; 2001.

Dawidjan B. Idiopathic Facial Paralysis: a rewiew and case study. J Dental Hygiene.

2001;75(4):312-6.

Diels HJ, Combs D. Neuromuscular retraining for facial paralysis. Otolaryngol Clin

North Am. 1997;30(5):727-43.

Dolto F. A imagem inconsciente do corpo. São Paulo: Perspectiva; 2002.

Dunckley M, Hughes R, Addington-Hall J, Higginson I. Translating clinical tools is

nursing practice. J Adv Nurs. 2003;44(4):420-6.

Ekman P. Facial expressions of emotion: new findings, new questions. Psychol.

Scien. 1992;3(1):34-8.

Page 102: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

100

Ekman P. Psychosocial aspects of facial paralysis. In: May M. (ed.) The facial nerve.

New York: Thieme; 1986: 781-7.

Falavigna A, Teles AR, Giustina AD, Kleber FD. Paralisia de Bell: fisiopatologia e

tratamento. Scientia Medica. 2008;18(4):177-83.

Fenker EA, Diehl CA, Alves TW. Desenvolvimento e avaliação de instrumento de

pesquisa sobre risco e custo ambiental. Rev Contabilidade Mestrado em Ciências

Contábeis UERJ. 2011;16(2):30-49.

Fernandes AMF, Lazarini PR. Anatomia do Nervo Facial. In: Lazarini PR, Fouquet

ML. Paralisia Facial: Avaliação, Tratamento e Reabilitação. São Paulo: Lovise; 2006:

1-10.

Ferreira MC, Faria JCM. Result of microvascular gracilis transplantation for facial

paralysis – personal series. Clin Plast Surg. 2002;29:515-22.

Finsterer J. Management of peripheral facial nerve palsy. Eur Arch Otorhinolaryngol.

2008;265(7):743-52.

Freitas KCS, Goffi-Gómez MVS. Grau de percepção e incômodo quanto à condição

facial em indivíduos com paralisia facial periférica na fase de sequelas. Rev Soc

Bras Fonoaudiol. 2008;13(2):113-8.

Freitas-Magalhães A. A Psicologia das Emoções: O Fascínio do Rosto Humano. 2ª

Ed. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa; 2009.

Freud S. (1916-1917) Conferências introdutórias à psicanálise. vol 13. São Paulo:

Companhia das Letras; 2014.

Freud S. (1894) As neuropsiconeuroses de defesa. Edição Standard Brasileira das

Obras Completas de Sigmund Freud. vol. III. Rio de Janeiro: Imago; 1996.

Fu L, Bundy C, Sadiq SA. Psychological distress in people with disfigurement from

facial palsy. Eye. 2011;25(10):1322-6.

Geddes J, Butler R. Depressive disorders. Clin Evid. 2001;5:652-67.

Gil AC. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas; 1995.

Page 103: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

101

Goffman E. Estigma: Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4ª. Ed.

Rio de Janeiro: LTC Editora; 1988.

Guedes ZCF. Atendimento fonoaudiológica das paralisias faciais no adulto e na

criança. In: Lagrotta MGM, César CPHR. A fonoaudiológica nas instituições. São

Paulo: Lovise; 1997: 163-7.

Happak W, Liu J, Burggasser G, Flowers A, Gruber H, Freilinger G. Human facial

muscles: dimensions, motor endplate distribution, and presence of muscle fibers with

multiple endplates. Anat Rec. 1997;249(2):276-84.

Ho AL, Scott AM, Klassen AF, Cano SJ, Pusic AL, Van Laeken N. Measuring quality

of life and patient satisfaction in facial paralysis patients: a systematic review of

patient-reported outcome measures. Plast Reconstr Surg. 2012;130(1):91-9.

Hoss M, Caten CST. Processo de Validação Interna de um Questionário em uma

Survey Research Sobre ISO 9001: 2000. Produto & Produção. 2010;11(2):104-19.

House JW, Brackman DE. Facial nerve grading system. Otolaryngol Head Neck

Surg. 1985;93(2):146-7.

Huang B, Xu S, Huang G, Zhang M, Wang W. Psychological factors are closely

associated with the Bell’s palsy: a case-control study. J Huanzhong Univ Sci

Technolog Med Sci. 2012;32(2):272-9.

Hulley SB, Cumming SR, Browner WS, Grady DG, Hearst NB, Newman TB.

Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica. 3ª. Ed. Porto Alegre:

Artmed; 2008.

Irintchev A, Wernig A. Denervation and reinnervation of muscle: physiological effects.

European archives of otorhinolaryngology: official journal of the European Federation

of Oto-Rhino-Laryngological Societies (EUFOS): affiliated with the German Society

for Oto-Rhino-Laryngology – Head and Neck Surgery. 1994:S28-30.

Ishii LE, Godoy A, Encarnacion CO, Byrne PJ, Boahene KDO, Ishii M. Not just

another face in the crowd: Society’s perceptions of facial paralysis. Laringoscope.

2012;122(3):533-8.

Page 104: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

102

Kahn JB, Gliklich RE, Boyev KP, Stewart MG, Metson RB, Mckenna MJ. Validation

of a patient-graded instrument for facial nerve paralysis: the FaCE scale.

Laryngoscope. 2001;111(3):387-98.

Kanzaki J, Ohshiro K, Abe T. Effect of corrective make-up training on patients with

facial nerve paralysis. Ear Nose Troat J. 1998;77(4):20-3.

Lazarini PR, Vianna MF, Alcantara MPA, Scalia RA, Caiaffa Filho HH. Pesquisa do

virus herpes simples na saliva de pacientes com paralisia facial periférica de Bell.

Rev Bras Otorrinolaringol. 2006;72(1):7-11.

Lipowski ZJ. Somatization: the concept and its clinical application. Am J Psychiat.

1988;145(11):1358-68.

Macedo MMK, Falcão CNB. A escuta na psicanálise e a psicanálise na escuta.

Psychê. 2005;9(5):65-76.

Maciel E, Mimoso TP. Adaptação Cultural e Linguística, e Contributo para a

validação da FaCE Scale – Escala de Avaliação Facial Clinimétrica.

ESSFISIOONLINE. 2007; 3(1):48-62.

Macgregor FC. Facial disfigurement: Problems and management of social interaction

and implications for mental health. Aesthec Plast Surg. 1990;14(4):249-57.

Mackinnon SE, Dellon AL. Anatomy and physiology of the peripheral nerve. In:

Mackinnon SE, Dellon AL. Surgery of the peripheral nerve. New York: Thieme; 1988:

1-33.

Maluf-Souza O. Fealdade e Anatomia: Sentidos instalados a partir de uma história

do rosto. In: III ENALIHC - Encontro Nacional Linguagem, História e Cultura e

CEPEL – Centro de Estudo e Pesquisa em Linguagem. UNEMAT; 3ª edição do

evento Campus Universitário de Pontes e Lacerda-MT, 2009.

Martinez-Penay y Valenzuela I, Hume RI, Krejai E, Akaabounem M. In vivo

regulation of acetylcholinesterase insertion at the neuromuscular junction. J Biol

Chem. 2005;280(36):31801-8.

Martins GA, Teóphilo CR. Metodologia da investigação científica para ciências

Page 105: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

103

sociais aplicadas. São Paulo: Atlas; 2007.

Martins-Reis VO, Santos JN. Maximixação do letramento em saúde e recordação do

cliente em um contexto em desenvolvimento: perspectivas do fonoaudiólogo e do

cliente. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2012;17(1):113-4.

May M. Microanatomy and pathophysiology of the facial nerve. In: May M. ed. The

facial nerve. New York: Thieme Inc; 1986: 63-73.

Mesquita MS. O Sorriso Humano [Dissertação]. Mestrado em Anatomia Artística.

Lisboa: Universidade de Lisboa – Faculdade de Belas Artes; 2011.

Mory MR, Tessitore A, Pfeilsticker LN, Couto Junior EB, Paschoal JR. Mastigação,

deglutição e suas adaptações na paralisia facial periférica. Rev CEFAC.

2013;15(2):402-10.

Passamai MPB, Sampaio HAC, Dias AMI, Cabral LA. Letramento funcional em

saúde: reflexões e conceitos sobre seu impacto na interação entre usuários,

profissionais e sistema de saúde. Interface Comunic Saude Educ. 2012;16(41):301-

14.

Pereira, MG. Epidemiologia: Teoria e prática. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara

Koogan; 1995.

Pope AW, Ward J. Factors associated with peer social competence in

preadolescents with craniofacial anomalies. J Pediatr Psychol. 1997;22(4):455-69.

Ramos A. Retrato: o desenho da presença. Lisboa: Campo da Comunicação; 2010.

Rankin M, Borah GL. Perceived functional impact of abnormal facial appearance.

Plast Reconstr Surg. 2003;111(7):2140-6; discussion 2147-8.

Robinson E. Psychological research on visible diferences in adults. In: Lansdown

(ed.). Visibly diferent: copping with disfigurement. Oxford: Butterworth-Heinemann;

1997; 161-200.

Robinson E, Rumsey N, Partridge J. An evaluation of the impacto f social interaction

skills training for facially disfigured people. Br J Plast Surg. 1996;49(5):281-9.

Page 106: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

104

Ross BG, Fradet G, Nedzelski J. M. Development of a sensitive grading system

clinical facial. Otolarygol Head Neck Surg. 1996;114(3):380-6.

Ross B, Nedzelski JM, McLean JA. Efficacy of feedback training in long-standing

facial nerve paresis. Laryngoscope. 1991;101(7 Pt. 1):744-50.

Sant’Anna DB. Cultos e enigmas do corpo na história. In: Trey MN, Cabeda TL.

Corpos e subjetividades em exercícios interdisciplinar. Porto Alegre: EDIPUCRS;

2004: 107-31.

Santos DA. Aspectos Psicológicos na Paralisia Facial Periférica. In: Lazarini PR,

Fouquet ML. (orgs). Paralisia facial: avaliação, tratamento e reabilitação. São Paulo:

Lovise; 2006: 181-4.

Sassi FC, Toledo PN, Mangilli LD, Alonso A, Andrade CRF. Correlação entre

eletromiografia e índice de inabilidade facial em pacientes com paralisia facial de

longa duração: implicações para o resultado de tratamentos. Rev. Bras. Cir. Plást.

2011;26(4):596-601.

Seçil Y, Aydogdu I, Ertekin C. Peripheral facial palsy and disfunction of the

oropharynx. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2002;72(3):391-3.

Sharma S. Applied Multivariate Techiniques. New York: Willey; 1996.

Silva MFF. Conteúdos psíquicos e efeitos sociais associados à paralisia facial

periférica: abordagem fonoaudiológica [Dissertação]. São Paulo (SP). Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo; 2010.

Silva MFF, Cunha MC, Lazarini PR, Fouquet ML. Conteúdos psíquicos e efeitos

sociais associados à paralisia facial periférica: abordagem fonoaudiológica. Arq. Int.

Otorrinolaringol. 2011;15(4):450-60.

Silva MFF, Guedes ZCF, Cunha MC. Aspectos psicossociais associados à paralisia

facial periférica na fase sequelar: estudo de caso clínico. Rev. CEFAC.

2013;15(4):1025-1013.

Slade PD, Russel GF. Experimental investigations of bodily perception in anorexia

nervosa and obesity. Psychoter Psychosom. 1973;22(2):359-63.

Page 107: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

105

Speltz ML, Richman L. Progress and limitations in the psichological study os

craniofacial anomalies. J Pediatr Psychol. 1997;22(4):433-8.

Streiner DL, Norman GR. Health Measurement Scales A Practical Guide to Their

Development and Use. New York: Oxford University Press Inc.;1989.

Swart BJ, Verheij JC, Beurkens CH. Problems with eating and drinking in patients

with unilateral peripheral facial paralysis. Dysphagia. 2003;18(4):267-73.

Teixeira LJ, Soares BGDO, Vieira VP, Prado GF. Physical therapy for Bell’s palsy

(idiopathic facial paralysis). Cochrane Database Syst Rev. 2011 Dec 7;

12:CD006283.

Tessitore A, Pfelsticker LN, Paschoal JR. Aspectos neurofisiológicos da musculatura

facial visando a reabilitação na paralisia facial. Rev CEFAC. 2008;10(1):68-75.

Tiemstra JD, Khatkhate N. Bell’s palsy: diagosis and management. American Family

Physician. 2007;76(7):997-1002.

Tickle-Degnen L. Nonverbal behavior and its functions in the ecosystem of rapport.

In: Manusov V, Patterson M. (eds.). The SAGE Handbook of Nonverbal

Communication. Los Angeles: SAGE; 2006.

Toledo PN. Efeito da terapia miofuncional em pacientes com paralisia facial

periférica de longa duração associada à aplicação da toxina botulínica [Tese]. São

Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2007.

Trinta AR. Face ao rosto. In: Villaça N, Góes F, Kosovski E (orgs.) Que corpo é

esse? Novas perspectivas. Rio de Janeiro: Mauad; 1999: 114-21.

Twerski AJ, Twerski B. The emotional impact of facial paralysis. In: May M. (ed.). The

facial nerve. New York: Thieme; 1986: 788-94.

Valença MM, Valença LPAA, Lima MC. M. Nervo facial: aspectos anatômicos e

semiológicos. Neurobiol. 1999;62(1)77-84.

Valls-Solé J, Montero J. Movement disorders in patients with peripheral facial palsy.

Mov Disord. 2003;18(12):1424-35.

Page 108: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

106

VanSwearingen JM, Brach JS. The Facial Disability Index: reliability and validity of a

disability assessment instrument for disorders of the facial neuromuscular system.

1996;76(12):1288-98.

VanSwearingen JM, Cohn JF, Bajaj-Luthra A. Specific impairment of smiling

increases the severity of depressive symptons in patients with facial neuromuscular

disorders. Aesthec Plas Surg. 1999;23(6):416-23.

VanSwearingen JM, Cohn JF, Turnbull J, Mrzai J, Johnson PI. Psichological distress:

Linking impairment with disability in facial neuromotor disorders. Otorhinolaringol

Head Neck Surg. 1998;118(6):790-6.

Vasconcelos BEC, Dias E, Dantas WRM, Barros ES, Monteiro GQM. Paralisia facial

periférica traumática. Rev Cir Traumat Buço-Maxilo-Facial. 2001;1(2):13-20.

Weir AM, Pentland B, Crosswaite MJ, Mountain R. Bell’s palsy: the effect on self-

image, mood state and social activity. Clinic Rehab. 1995;9(2):121-5.

Winnicott DW. Holding e Interpretação. São Paulo: Martins Fontes; 1991.

Yang L, Kleinman A, Link BG, Phelan JC, Lee S, Good B. Culture and stigma: adding

moral experience to stigmatheory. Soc Sci Med. 2007;64(7):1524-35.

Zigmond AS, Snaith RP. The hospital anxiety and depression scale. Acta Psychiatr

Scand. 1983;67:361-70.

Page 109: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

107

ANEXO 1

Page 110: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

108

Page 111: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

109

Page 112: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

110

ANEXO 2

Page 113: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

111

Page 114: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

112

ANEXO 3

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Nome do participante: ........................................................... Data: ..................

Título do estudo: Proposta de investigação do impacto psicossocial da paralisia facial periférica na avaliação fonoaudiológica

O propósito desta pesquisa científica é investigar as repercussões emocionais e

sociais da paralisia facial periférica sob o ponto de vista dos sujeitos que sofrem com suas

consequências e, assim, contribuir para a eficácia do método clínico fonoaudiológico.

Para tanto, serão realizadas avaliação da função facial, aplicação do questionário de

aspectos psicossociais da paralisia facial periférica e escala hospitalar de depressão e

ansiedade, consistindo em 1 encontro no mesmo dia de atendimento do sujeito, onde a

pesquisadora apresentará ao sujeito os objetivos da pesquisa, fará a avaliação da condição

facial e pedirá que os sujeitos respondam as questões.

Os questionários serão lidos pela pesquisadoras em forma de entrevista e

respondidos pelos próprios sujeitos. Será preservada a identidade dos sujeitos, sendo que

todos os nomes serão substituídos por fictícios.

Poderá não haver benefícios diretos ou imediatos para você enquanto entrevistado

deste estudo, mas poderá haver mudanças nos cuidados dados aos pacientes após os

profissionais de saúde tomarem conhecimento das conclusões.

Este TERMO, em duas vias, é para certificar que eu,

______________________________________________________, concordo em participar

na qualidade de voluntário do projeto científico acima mencionado.

Estou ciente que, ao término da pesquisa, os resultados serão divulgados, porém

sem que meu nome apareça associado à pesquisa.

Estou ciente que serão utilizados os dados respondidos no questionário de aspectos

psicossociais da paralisia facial periférica e que os membros da pesquisa poderão conhecer

o conteúdo, mas estas pessoas estarão sempre submetidas às normas do sigilo profissional.

Também saberei que futuramente, os dados serão publicados na conclusão deste trabalho,

bem como em publicações científicas da área, preservando a minha identidade.

Estou ciente de que não haverá riscos para minha saúde resultantes da participação

na pesquisa.

Estou ciente de que sou livre para recusar a dar resposta a determinadas questões

durante a realização da pesquisa, bem como para retirar meu consentimento e terminar

Page 115: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

113

minha participação a qualquer tempo sem penalidades e sem prejuízo aos atendimentos e

tratamentos que recebo.

Por fim, sei que terei a oportunidade para perguntar sobre qualquer questão

referente a pesquisa, e que todas deverão ser respondidas a meu contento.

Eu compreendo meus direitos como um sujeito de pesquisa e voluntariamente

consinto em participar deste estudo. Compreendo sobre o que, como e porque este estudo

está se realizando. Receberei uma cópia assinada deste formulário de consentimento.

______________________

Mabile Francine Ferreira Silva

Pesquisadora Responsável

_______________________

Assinatura do participante

voluntário da pesquisa

Page 116: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

114

ANEXO 4

Ficha de Identificação/Histórico - PFP

Page 117: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

115

ANEXO 5

Formulário de Avaliação da Escala Psicossocial de Aparência Facial

Data: ___/____/____

NOME: _______________________________________________________

Dados de Formação

Graduação em: _________________________ Formado em: ____________

Instituição: _____________________________________________________

Atuo nos casos de paralisia facial há: ________________ anos

Avaliação do Questionário

Leve em consideração sua experiência com os pacientes acometidos pela paralisia facial e se sentiriam dificuldades em responder ao questionário.

1. Ao considerar a leitura realizada acredito que o tempo despendido para preencher o questionário está adequado.

Sim ( ) Não ( )

2. Tive dificuldades em compreender algumas questões. Caso tenha ocorrido isto, explicite quais

Sim ( ) Não ( )

3. Acredito que algumas expressões utilizadas no questionário podem ser entendidas de diversas maneiras comprometendo o preenchimento do questionário por parte dos pacientes.

Page 118: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

116

4. Há clareza e precisão nas instruções utilizadas.

Sim ( ) Não ( )

5. A diferenciação nas possibilidades de respostas estão adequadas.

Sim ( ) Não ( )

6. Faria outras contribuições para adaptação do questionário?

7. Há alguma questão que incluiria no questionário?

8. Há alguma questão que retiraria do questionário?

9. O tamanho e tipo da letra utilizado está adequado para o questionário?

Sim ( ) Não ( )

10. Informações Adicionais:

Page 119: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

117

ANEXO 6

Page 120: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

118

ANEXO 7

Page 121: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … Francine... · ANEXO 4 Ficha de Identificação/Histórico – PFP 114 ... sensibilidade da Escala Psicossocial de Aparência

119

ANEXO 8