PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de...

78
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP Adriana Silva de Souza O ENVELHECIMENTO NA DANÇA em revisão, 2000 a 2015. MESTRADO EM GERONTOLOGIA SÃO PAULO 2016

Transcript of PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de...

Page 1: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC - SP

Adriana Silva de Souza

O ENVELHECIMENTO NA DANÇA em revisão, 2000 a 2015.

MESTRADO EM GERONTOLOGIA

SÃO PAULO

2016

Page 2: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC - SP

Adriana Silva de Souza

O ENVELHECIMENTO NA DANÇA em revisão, 2000 a 2015.

MESTRADO EM GERONTOLOGIA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora

da Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo, como exigência parcial para obtenção do

título de MESTRE em Gerontologia, inserida

na área de concentração Gerontologia Social,

linha de pesquisa Gerontologia: Processos

Político-Institucionais e Práticas Sociais do

Programa de Estudos Pós-Graduados em

Gerontologia, vinculado à FACHS-Faculdade

de Ciências Humanas e da Saúde, da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo, sob a

orientação do Prof. Dr. Paulo Renato Canineu.

SÃO PAULO

2016

Page 3: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

Banca Examinadora:

____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

Page 4: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

Ao filho querido Cauan, razão de

novos sentidos e novas buscas para minha existência .

Aos filhos do meu Coração: Caio e Cauê.

À minha mãe Maria de Lourdes, por me fazer Borboleta.

Ao meu Pai Valter, pelo exemplo e apoio em cada recomeço.

À minha Mãedrinha Helen, pela sensibilidade do olhar.

Aos irmãos André Luiz (Deca) e Valter (Tinho) pela leveza

intensa do amor que nos une.

Ao meu irmão André Luiz por transcender este mundo, por “ser amor”.

Ao Denis e Simone por termos compartilhado a arte, a dança e a vida, pelos

filhos “do ventre” e “do coração”.

À amiga- irmã Priscila, por “ser luz” que ilumina a alma.

À amiga Elaine Cristina (Laine) , pela sabedoria sincera e

valiosa de suas palavras.

Ao casal Benício e Zenilde, pelo valor da amizade.

À Ana Paula, pela doação, pela mão, pelo braço e pelo coração.

Ao Leandro, por vivermos uma linda história.

À família, pela união.

In Memoriam

Aos entes queridos e à vovó Francisca e- ternamente

Page 5: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

Dedicatória Especial

À Mestra Beltrina, pelas “Asas” que me acolheram, por arriscar e acreditar.

Muito mais que professora, foi minha orientadora na vida, amiga nas horas

difíceis, confidente e incentivadora.

Com seu sorriso, ressignificou meu caminhar acadêmico, garimpou meu

conhecimento, me fez amadurecer , me fez “voar” .

Page 6: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

AGRADECIMENTOS

Ao Universo pela oportunidade de reescrever minha vida com novos olhares

para arte e para o envelhecer.

A CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior,

pela Bolsa de Estudos, indispensável à realização da pesquisa.

Aos Mestres do programa de Gerontologia Social pela profundidade acadêmica

e pela sensibilidade humana.

Ao Rafael, secretário do programa de Gerontologia, pela prestatividade.

Ao meu “exército de bailarinas”, com o qual aprendi muito mais do que ensinei,

em especial às “gerontobailarinas” que me inspiraram a pesquisar e a continuar neste

caminho de descobertas e cuidado.

Às minhas pupilas, Ana Paula Simon, Celina Lhem e Jessica Ramalho, que

entenderam o quanto temos que doar de vida para que nossa arte seja mais humana e

mais real. Obrigada pela amizade, lealdade e dignidade.

À amiga Aide Angélica Nessi que reconheceu a seriedade com que trabalho, me

apresentou e me conduziu para o caminho acadêmico. Sendo um dos pilares

fundamentais deste processo.

Às novas amizades que traspuseram a esfera do saber: Elizabeth Saiki, Fernanda

Fávere e Helen Leal. “Benefícios valiosos do mestrado”.

Ao meu orientador Dr. Paulo Renato Canineu, pela sensibilidade, por humanizar

a morte em suas práticas diárias , pela valiosa contribuição no campo gerontológico,

pela orientação e humilde lição: Dar um passo para trás, foi a maneira que conseguiu

orientar-me o que me impulsionou a todos os passos subsequentes. Obrigada pelas

palavras, tempo investido e principalmente pelo carinho.

Page 7: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

Sabemos que a necessidade, na medida em que obriga o homem

a transformações adaptativas, impulsiona-o para temas novos e

específicos do conhecimento.

Abram Eksterman

Page 8: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

RESUMO

SOUZA, Adriana Silva de. O envelhecimento na dança em revisão, 2000 a 2015.

Dissertação de Mestrado (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Programa de

Pós-Graduados em Gerontologia). São Paulo, 2016, 78 páginas.

Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar como a arte da dança vem sendo

trabalhada no resgate da autonomia e no empoderamento das pessoas mais velhas na

sociedade atual. Para isso, utilizou-se a revisão sistemática de literatura a partir do

levantamento de produções acadêmicas brasileiras: teses, dissertações e artigos

científicos, sobre o envelhecimento na dança, no período de 2000 a 2015. Foram

levantadas 160 produções científicas; destas, 21 encontram-se no banco de teses da

CAPES; 19 na BDTD; 20 na BVS; 82 na Biblioteca Digital Vérsila; e 18 no Google

Acadêmico, a partir das palavras-chave: dança, envelhecimento, idoso e velhice, nessa

ordem, sendo um guia fundamental para a pesquisa. Das 160 produções, selecionou-se

32 (7 teses, 13 dissertações e 12 artigos), realizadas por fisioterapeutas e educadores

físicos principalmente, sendo que 26 delas estão na área da saúde e apenas 6 na área de

humanas. A maioria das produções ocorreu nas regiões sul e sudeste do país e em

instituições públicas. Das 32 produções identificadas, 21 foram realizadas

especificamente por mulheres, 4 por homens e 7 por homens e mulheres em conjunto, e

o maior número de publicações se deu a partir de 2011. A maioria das publicações

utiliza a dança como instrumento de mensuração, recursos etnográficos e recursos

terapêuticos. Apesar da dança ser utilizada na maior parte das pesquisas como

instrumento de mensuração, é vista pelos pesquisadores não apenas como uma

estratégia não farmacológica para o auxílio no tratamento de patologias, ou ganhos

funcionais, mas como uma oportunidade de resgatar a qualidade de vida dos praticantes,

que adquirem maior consciência corporal, compreensão de si e do meio,

proporcionando bem estar e prazer durante e após a prática. Nas pesquisas que utilizam

a dança como recurso etnográfico, encontramos a arte da dança sendo trabalhada,

priorizando a reintegração social e a autoimagem positiva, possibilitando o exercício da

cidadania e resgatando a autonomia e o empoderamento do idoso, sem o estereótipo que

se faz do velho, doente e limitado. Tal perspectiva permite visibilidade e valorização

dos corpos maduros na dança, ampliando concomitantemente o universo da dança e da

pessoa mais velha no processo de um envelhecer melhor.

Palavras-Chave: Dança; Envelhecimento; Velhice; Idoso.

Page 9: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

ABSTRACT

SOUZA, Adriana Silva de. Ageing in dance under review: 2000 to 2015. Master´s

dissertation (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Postgraduate Program in

Gerontology). São Paulo, 2016, 78 pages.

This study aims to analyze how the art of dancing has been use to bring back the

autonomy and as a resource of empowerment for older people in the society. For this, as

a metodological procedure it was used literature systemic review for the survey of

brazilian academic productions, master´s and doctoral dissertation and scientific articles

in the period of 2000 to 2015, using the keywords: dance, ageing, elderly and old age. It

was found 160 scientific productions; of these, 21 are on the CAPES‟s database; 19 in

BDTD; 20 in BVS; 82 in the Biblioteca Digital Vérsila; and 18 in Google Scholar. Of

the 160 productions, we selected 32 (7 doctoral dissertation, 13 master‟s dissertation

and 12 articles), mainly performed by physical therapists and physical educators, and 26

of them are in the health sector and only 6 in the humanities.

Most productions were held in public institutions in the South and Southeast regions of

the country. Of the 32 identified productions, 21 were made specifically by women,

four by men and 7 by women and men together, and the largest number of publications

occurred from 2011. A large portion of the publications used dance as a measurement

instrument, ethnographic and therapeutic resources. Although the dance is used in most

studies as the measuremtne instrument, it was observed by the researches not only as a

non-pharmocological strategy to aid in the treatment of diseases or functional gains, but

as an opportunity to redeem the quality of life of the practitioners as they acquire greater

body awareness, understanding of self and the environment, having the feeling of well

being and pleasure during and after practice. In the studies using dance as an

ethnographic resource it was observed that the art of dance being worked prioritizing

the social reintegration and positive self image, enabling the exercise of citizenship, the

concept of autonomy and empowerment of the elderly without the stereotype that makes

the old commonly , what is " sick and limited." Thus, this perspective allows visibility

and optimization of mature bodies in dance, simultaneously expanding the universe of

dance and oldest person in the process of ageing better.

Keywords: Dance; Ageing; Elderly; Old age.

Page 10: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

10

ROTEIRO

I. Sinopse. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

II. Espetáculo: Dança x Envelhecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.1 Velhices: Adágios e Allegros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

III. Modalidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

IV. Abertura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

V. Coreografia: A dança como recurso terapêutico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

VI. Coreografia: A dança como instrumento de mensuração. . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

VII. Coreografia: A dança como recurso etnográfico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Reverência Final. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

Participações Especiais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

Page 11: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

11

I. SINOPSE

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por

isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes

que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.

Charlie Chaplin1

arte imita a vida e a vida se transforma com a arte, sem ela, corremos o

grande risco de perdermos o doce sentido das ilusões e sermos apenas

aritmética.

Depois de longos anos de experiência na arte da dança, fui seduzida a imergir em um

processo carregado de vida, conhecido como “Envelhecer”. Encontrei grandes mestres

desse processo, que coreografam com a alma, pesquisas e ações que abrem as cortinas,

para uma velhice mais humana, mais sensível e mais real. Ensinam-nos os passos da

velhice na vida, vida muitas vezes dançada sem alma, passos muitas vezes dançados

sem vida. Vida que sempre morre e como nos diz Charlie Chaplin, “não nos permite

ensaios”.

Fora dos palcos da arte, mas dentro da arte da vida, a Gerontologia foi

construída em minha vida de uma maneira suave, como os chás e as tardes. No colo da

minha avó iniciei meu contato mais profundo com este mundo. Descobri o doce sentido

da vida e o sabor amargo do adeus.

De uma forma natural, a velhice esteve presente em toda trajetória da minha

vida profissional, à ela, atribuo a minha renovação e a “edição do meu recomeço”.

Amante da dança, sempre me senti atraída pela contribuição que ela pode

proporcionar na vida das pessoas. Como bailarina, percebi uma necessidade de

transmitir tudo que aprendi dentro das salas de aulas e nos palcos. Foi então que iniciei

minha atuação como professora de dança e ao longo de 20 anos de muita dedicação, fui

sensibilizada pelos ganhos biopsicossociais que o ballet proporcionou para as alunas

com mais de 60 anos e concomitantemente, pela existência de lacunas dentro do método

1 A maioria dos sites visitados dão como autoria da frase à Charlie Chaplin. Disponível em:

<http://frasedodia.net/charlie-chaplin/?doing_wp_cron=1473711231.1631789207458496093750>. Acesso em: 25 set.

2016.

A

Page 12: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

12

clássico direcionado para a aplicação da prática para esta faixa etária. Tais lacunas

fizeram-me refletir e buscar um aprofundamento técnico e teórico que me dessem

subsídios para atuar na diversidade corporal deste público. Mas foi por meio do

empirismo que consegui encontrar as respostas para tantas perguntas relacionadas às

peculiaridades de cada corpo, sendo ele a minha maior fonte para uma paulatina

adaptação metodológica, uma vez que não há material teórico ou prático desenvolvido

com um olhar para o corpo que envelhece e que busca no ballet clássico, benefícios

físicos, biológicos e sociais.

Adaptei o método Russo do Ballet Clássico Agripina Vaganova. A priori,

preocupei-me com questões físicas relacionadas às dores e aos problemas de cada um

em detrimento aos exercícios de impacto trabalhados no ballet clássico, em seguida com

questões cognitivas devido à exigência de memorização de sequências de barra e centro

e, por fim, com a autoestima relacionada ao meio social dessas bailarinas.

Comecei então a preparar aulas específicas para a turma, “sequências de barra”

direcionadas para o alívio de dores musculares e problemas articulares, “centros” mais

exigentes em equilíbrio e concentração, trabalho do “core” (centro de forca), as

estabilizações da cintura pélvica, caixa torácica e cintura escapular. Optei por

explicações mais lúdicas e por propor desafios na execução dos exercícios, sempre com

um grau de dificuldade a ser superado. As novas bailarinas respondiam física e

cognitivamente de maneira surpreendente.

Foi então que no início de 2013 recebi um convite da professora de Educação

Física e mestre em Gerontologia Aide Angélica Nessi, coordenadora do curso de

Educação Física da Universidade Paulista – UNIP, para desenvolvermos uma pesquisa

de campo com as bailarinas. Pesquisamos primeiramente um pequeno grupo de idosas

para saber qual seria a contribuição do método adaptado, na tentativa de resgatar a

autonomia até então diminuída nas idosas (praticante do ballet clássico na cidade de

Caieiras - SP).

Colhemos os dados e decidimos escrever sobre essa experiência, publicando os

resultados no Congresso Internacional de Educação Física, realizado em janeiro de 2014

na cidade de Foz de Iguaçu - PR. Em janeiro de 2015 retornamos ao congresso como

palestrantes, com o tema “O resgate da autonomia em idosos através da prática do

ballet clássico”.

Page 13: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

13

Durante o processo de amadurecimento da pesquisa, pude ratificar o quanto

carecemos de literatura nessa área, e o quanto minha prática profissional necessitava de

aprofundamento teórico para fundamentar e solidificar a adaptação do método.

Para suprir essa necessidade, imergi nos estudos do processo de envelhecimento

humano, pois, compreender o envelhecimento como um processo que afeta e é afetado

pelo meio social, abre um leque de contextualizações onde atuam profissionais de

diversas áreas, ora contribuindo, ora absorvendo experiências muitas vezes empíricas,

que não se resumem apenas no âmbito profissional, uma vez que cada um possui sua

própria história, ancorada nesse mar que transborda sabedoria.

Estar atento a esses processos e, principalmente, nos reconhecermos dentro deles

tão como nosso papel quanto pesquisadores e autores de ações que contribuam de forma

efetiva, para um caminhar mais humano; em detrimento ao olhar para a velhice na

atualidade, nos coloca em uma posição de destaque dentro de nosso próprio caminho,

onde somos protagonistas de nós mesmos.

O entendimento de questões culturais e a compreensão de fatores sociais

interferem diretamente na qualidade de vida do idoso e possibilitam uma maior

participação em questões que regem direitos individuais e conjuntos, dentro e fora dos

municípios.

Como pérola, encontrei no Programa de Gerontologia, muitas respostas e ações

escritas com o suor, dedicação e muitas vezes com a alma dos pesquisadores. Pesquisas

essas, que poderiam ser alvo de investimento, enriquecendo e obtendo um peso

transformador no sentido qualitativo nas políticas públicas.

O caráter multidisciplinar e o olhar extremamente humano dos docentes

enriqueceram e desmistificaram conceitos sobre a vida, o Ser e o envelhecer. Aguçou

meus sentidos para a “escuta do sujeito” e não apenas para as “patologias do sujeito”.

Senti-me imersa em barris de conhecimentos, potencializando a qualidade do

meu próprio envelhecimento. Durante todo processo, decantam nosso corpo, maceram

nossa alma. Faz-nos entender que tal qual a apreciação de um bom vinho, trabalhar com

a velhice exige do profissional, conhecimento técnico, empírico e histórico, conteúdos

que não podem ser dissociados em nenhuma profissão, que escolhe o corpo como

instrumento de troca entre gerações.

Page 14: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

14

Depois de longos meses de maturação e com orientação, mudo meu ângulo de

visão em relação ao tema da minha dissertação, inspirada na leitura do artigo

“Envelhecimento e dança: análise da produção científica na Biblioteca Virtual de

Saúde”, de Carla Witter, Marcelo de Almeida Buriti, Gleice Branco Silva, Renatta

Simões Nogueira, e Eliane Florêncio Gama. Esse artigo me serviu de guia para minha

pesquisa, especialmente quanto a sua metodologia, ou seja, fazer um levantamento de

produções acadêmicas brasileiras seja teses, dissertações e artigos científicos, sobre o

envelhecimento na dança, no período de 2000 a 2015.

Por fim, gostaria de esclarecer quanto ao arcabouço deste trabalho que utiliza

uma estrutura que aproxima o leitor do contexto da dança ao seguir um formato de

apresentação de espetáculos mais contemporâneo. Tomei a liberdade de fazer algumas

substituições na organização de um trabalho acadêmico tradicional, esperando envolver

o leitor na compreensão desta pesquisa.

Assim, na “Sinopse”, relata-se o enredo da história que vai ser contada no palco

por meio da dança, cujo personagem principal se transforma nele mesmo, usando seu

corpo e sua dança para introduzir o leitor no contexto do espetáculo que será

apresentado a seguir.

O “Espetáculo: Dança x Envelhecimento” apresenta em allegro a coreografia da

dança, envolvendo lentamente a velhice como se fosse um adágio, uma série de

exercícios efetuados durante a aula de dança com o fito de desenvolver a graça, o

equilíbrio e o senso de harmonia e beleza das linhas dos territórios da velhice.

Em “Modalidade” o leitor fica sabendo de todos os passos dados para o

levantamento das pesquisas que tratam do tema dança e envelhecimento. Os passos de

cada base de dados, o que foi identificado, as palavras-chave que guiaram cada dança,

entre outros.

Na “Abertura”, finalmente o leitor encontra o momento esperado. É aqui que

plateia e dançarinos entram em cena. É o momento em que as cortinas se abrem para

mostrar ao público tudo o que foi preparado nos ensaios, enfim, tudo o que foi

levantado, base por base, as 160 produções, mas focando em 32.

Depois da abertura, vêm as coreografias, a primeira delas, intitulada

“Coreografia: A dança como recurso terapêutico”, apresenta as pesquisas levantadas

que tiveram como foco essa temática. Em seguida vem a “Coreografia: A dança como

Page 15: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

15

instrumento de mensuração”, em que o corpo de cada personagem foi o grande aferidor.

Finalmente, apresenta-se a “Coreografia: A dança como recurso etnográfico”, cujo foco

não está no corpo biológico, mas no sujeito que nele habita. Essa coreografia mostra

explicitamente como a arte vem sendo trabalhada no resgate da autonomia e no

empoderamento das pessoas mais velhas na sociedade atual.

Na “Reverência final”, apresentam-se as considerações finais em que o

personagem principal volta à cena para fazer sua última reverência.

Finalmente, em “Participações Especiais” os autores de fora que ajudaram a

compor este espetáculo são convidados a se apresentarem.

O espetáculo vai começar!

Page 16: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

16

II. ESPETÁCULO: DANÇA X ENVELHECIMENTO

Digo-vos, sem outro preâmbulo, que a dança, no meu entender,

não se limita a ser um exercício, um divertimento ou um jogo; é

uma coisa séria.

Paul Valéry2

oncordamos com o poeta Paul Valéry que a dança é uma “coisa séria” que

transforma e que é transformada, possuindo em sua essência, a seriedade de

compreender o corpo como instrumento de sua história.

Desde os primórdios a dança utiliza o corpo como linguagem e se manifesta

como reflexo cultural de sua época. “E, provavelmente, antes mesmo de procurar

expressar-se ou comunicar-se através da palavra articulada, o homem criou com o

próprio corpo padrões rítmicos de movimentos, ao mesmo tempo em que desenvolvia

um sentido plástico do espaço” (MENDES, 1985, p. 06).

Na arte Rupestre encontramos registros dos primeiros movimentos executados

pelo homem (dança primitiva). A dança primitiva alimentava o instinto de

sobrevivência e fazia parte do cotidiano do homem, tinha a função de respeitar, pedir e

agradecer a natureza, pela água, luz e alimento.

Na Era Paleolítica, a dança surge com um sentido ritualístico quase mágico, no

qual acreditavam que seus movimentos pudessem impedir que os eventos naturais como

vento, chuva, sol, atrapalhassem a pesca, a caça ou a colheita.

No período Neolítico, a dança foi a arte dominante, quando o homem procurou

fixar-se em um determinado local, plantando e criando animais para seu consumo. O

culto substituía a magia, e a dança teve seu papel fundamental em rituais de plantio e

colheita, casamento, morte e nos cultos aos espíritos. Desde então, a dança passou a ter

um caráter sagrado e religioso, e era muito valorizada, pois estabelecia a perfeita

conexão entre o corpo e o espírito.

Por meio dos tempos, do desenvolvimento do homem e da civilização, a dança

foi tornando-se altamente complexa. Sucintamente narrando para se ter um cenário

2 Apud Sasportes, osé. Pensar a dança. Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1983, p.74.

C

Page 17: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

17

geral, observamos que as danças milenares, que aconteciam no antigo Egito, tinham o

caráter ritualístico: dançava-se para os deuses em casamentos e funerais.

Na Grécia, a dança também era dedicada aos deuses, mas, diferente dos

Egípcios, os Gregos utilizavam máscaras durante os rituais, talvez pelo caráter politeísta

de sua civilização, acreditando-se com isso ampliar seu respeito pelos deuses e

contribuir para a sua liberdade de expressão.

Na Grécia antiga a dança também foi difundida nos teatros e manifestada por

meio do coro. Na ocasião, a mesma passou a ser vista como entretenimento na cultura

grega, perdendo a respeitabilidade e seu caráter de adoração.

Foi em Roma que a dança sofreu seu declínio mais profundo, pois era vista

apenas como espetáculo, principalmente quando associada à pantomima que, embora

muito apreciada pelos romanos, esses tinham suas preferências pelos violentos

espetáculos de arena.

Porém os artistas do teatro e da dança impediram que a artes caíssem no

esquecimento. Durante a alta Idade Média esses artistas dançavam em locais populares

como as feiras, assim como nas proximidades dos castelos.

Na Idade Média a dança foi considerada profana pelo cristianismo, por utilizar o

corpo como expressão, resgatando sua importância apenas no período renascentista em

que a dança é apreciada e dançada pela nobreza. Nesse sentido, Mendes assinala que as

danças medievais e renascentistas evoluíram para as de côrte ou salão, bem como as de

teatro, tendo como origem comum as danças populares (1985, p. 19).

A revolução e a visão renascentista provocaram transformações nas artes e

também na dança que passa a ser estudada, organizada e codificada, adquirindo uma

forma mais disciplinada para o estudo de seus passos, sendo denominada Balleto, hoje

conhecido como ballet ou balé. O Ballet ganha importância na Itália, sendo dançada

pelos membros da côrte em ocasiões comemorativas como em casamentos, vitórias em

guerras, alianças políticas, dentre outras. Para isso, surgiram diversos professores que

viajavam por vários lugares para ensinar e aprimorar a arte, valorizando a dança e

tornando o balleto uma regularidade na côrte.

Catarina de Médicis introduziu o Ballet na côrte Francesa com muito sucesso,

combinando com poesias e músicas. Ela foi uma nobre italiana que se tornou rainha da

França de 1547 até 1559, após casar-se com o rei Henrique II.

Page 18: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

18

Mas o auge da popularidade do ballet se deu quase cem anos mais tarde por

meio do Rei Luiz XIV, amante da dança e grande bailarino, mais conhecido como Rei

Sol – Título adquirido pela bela atuação em um de seus espetáculos que durou mais de

12 horas. Em 1661 o “Rei Sol” fundou a Academia Real de Ballet e a Academia Real de

Música, oito anos mais tarde, a Escola Nacional de Ballet. A partir daí, a dança deixou

de ser um passatempo da côrte para se tornar uma profissão e os espetáculos de Ballet

foram transferidos dos salões para teatros. A partir daí os corpos monárquicos

profissionalizaram a dança.

Até aqui, o ballet e a dança eram um campo de dominação masculina em que até

os papéis femininos eram interpretados por homens, porém, no século XVII, a Escola

Nacional de Ballet passou a formar bailarinas mulheres introduzindo, assim, o feminino

na dança. As mulheres logo ganharam sua importância, revolucionando, transformando

e contribuindo para a arte.

A bailarina belga Marie Anne Cupis de Camargo (Bruxelas, 1710 - 1770),

causou verdadeira sensação sendo alvo de profundas discussões quando encurtou as

saias. A bailarina francesa Marie Sallé (França, 1707-1756) também fez mudanças nas

vestimentas e nos calçados para facilitar a execução dos passos, antes limitados pelo

figurino longo e pesado, o que contribuiu para a criação de alguns movimentos e

nomenclaturas existentes até hoje.

No século XVIII, na Era Romântica, surge a dança nas pontas dos pés, tornando

a bailarina muito mais leve e expressiva, o que corroborou para a supremacia feminina

na dança. Com isso os bailarinos ganharam uma nova função na dança, a de suporte,

que apoiavam, levantavam e equilibravam as bailarinas na ponta dos pés, e como

partner, deveriam ser fortes, belos e mais expressivos para as interpretações das

histórias de amor, colocando o homem (heróis da antiguidade clássica) em uma posição

inferior.

A ponta era a posição ideal para a percepção da leveza e do flutuar da bailarina

aos olhos do expectador, o que contribuiu para o pensamento da época, em que a arte

deveria ser um refúgio da realidade em um mundo encantado.

Como todo excesso, o uso demasiado da única técnica desenvolvida no

romantismo, as pontas, fez o ballet ganhar novamente o desinteresse do público e a

insatisfação de algumas bailarinas e bailarinos como Fokine que protestava contra o

Page 19: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

19

abuso desse uso. Isadora Duncan (1877-1927, São Francisco – Califórnia) foi uma que

contestou seu uso, pois concluiu em seus estudos que em nenhum registro histórico

havia a figura da dança sobre as sapatilhas de ponta e que tal posição era falsa, feia e

iria contra a natureza humana. Assim surgiam os primeiros sinais de uma nova

revolução estética da dança. Ela retirou dos pés as sapatilhas e passou a dançar descalça,

seu princípio era seguir as manifestações da natureza.

De acordo com Dantas (2005, p. 159), “O corpo não a reproduziu, mas tornou-a

fonte inspiradora da criação do movimento: a fluidez (dos ventos), o balanço (do mar), o

ritmo (do vôo das gaivotas). Enfim, o corpo criou códigos, elementos da dança a partir

da natureza, fazendo surgir a dança moderna”. Isadora acreditava que a dança deveria

exprimir os sentimentos da alma e o equilíbrio entre o homem e a natureza ao invés da

frivolidade presente nos espetáculos da dança clássica.

Em sua bibliografia, Duncan (1949) relata que ao público “Dava-lhe os impulsos

mais secretos de minh„alma. Desde o início, nada mais fiz do que dançar a minha vida”

(p. 14). Já Mendes (1985, p. 165) afirma que “Se o balé clássico esforçou-se por fugir

do chão , como se quisesse alçar-se em voo, a dança moderna procurou novamente a

terra, atribuindo-lhe mesmo um sentido maternal, recuperando um contato vital, do

mesmo modo que o caçador ou o guerreiro das eras primitivas”.

Na década de 1960, com o rompimento em tudo aquilo que até aqui foi

compreendido como arte, a dança passou por um período intenso de quase

desconstrução da mesma devido às grandes experimentações e inovações. Dantas (2005,

p.159) assinala que “Na contemporaneidade, o corpo se fez novamente. Deixou de ser

esguio e possuidor de movimentos simétricos, como os do balé clássico, para se

transformar em corpos atléticos, com movimentos assimétricos”.

Começou a se definir por meio de uma linguagem própria, na década de 1980,

fazendo da dança contemporânea uma explosão de criações onde bailarino e coreógrafo

tinham autonomia em corpo livre em busca da identidade de movimento. Para Dantas

(Ibid.), “Algumas companhias de dança, no Brasil, conseguiram encontrar essa

identidade dentro da dança contemporânea. Os exemplos dentre outros existentes, são o

balé Stagium, Grupo Corpo, Quasar Companhia de Dança, Grupo Folclórico da Bahia e

Débora Colker Companhia de Dança”.

Page 20: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

20

É no corpo que o movimento se faz dança. É o que afirma Robatto (2012,

p.121):

O corpo é o portador de sua etnia, de sua cultura, assim como é o principal

depositário de vivências, mantenedor de memórias psicofísicas, e, ainda

susceptível de ser impregnados de novas ideias, percepções, sensações,

emoções e condicionamentos comportamentais. Esse corpo é

indubitavelmente um material extremamente sensível à realidade de cada

época sendo, portanto, plástico e flexível.

É a partir dessa multiplicidade de possibilidades de troca entre o corpo e o meio

que se insere a dança no envelhecimento.

Page 21: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

21

2.1 Velhices: Adágios e Allegros

e por um lado a velhice é vista pela sociedade como o caminhar a passos lentos

(adágios), por outro, sua finitude está cada vez mais vivaz (allegros). Com um

crescimento populacional cada vez mais rápido e intenso, os profissionais

precisam coreografar a velhice com o que ela abriga de mais especial, “a vida”

e não com passos que a prepare para a doença.

A estrutura etária da população brasileira vem se alterando, pois as pessoas estão

vivendo mais, mas pouco sabemos como elas estão vivendo, isto é, qual é o grau de

satisfação pessoal de suas vidas. Repetindo Quaresma (2008, p.22), “O envelhecimento

demográfico abrangendo todo o planeta é uma das mudanças sociais mais importantes

do século XXI”.

Com base nessa realidade observamos que já é lugar comum se afirmar que o

desenvolvimento da nossa civilização trouxe a longevidade, fazendo do envelhecer uma

das maiores conquistas da humanidade, todavia a população em envelhecimento

também representa um desafio social. Portanto, é necessário termos um olhar mais

atento e transformador para esse novo envelhecer no âmbito individual, familiar, social,

cultural, econômico, e profissional, para que, assim, possamos metamorfosear os novos

desafios em oportunidades.

Queiroz; Ruiz; Ferreira (2009, p. 25) afirmam que as necessidades atuais em

relação aos idosos são muitas, destacando-se a “equalizações dos serviços prestados

com uma proposta de melhoria das relações entre o usuários e servidores, a coordenação

dos esforços destinados a essa população, o aumento do rendimento dos serviços

prestados e a melhoria dos ambientes de trabalho”.

A esse respeito, Lopes (2006, p. 88), assinala que:

A convicção de que todo indivíduo, em qualquer faixa etária tem o direito a

um bem-estar global, levando-se em consideração demandas peculiares à

faixa etária, nos remete a ações que visam à elaboração das expectativas,

possibilitando lidar melhor consigo e com o que se apresenta como novos

desafios.

S

Page 22: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

22

O enfoque atual no estudo do envelhecimento e da velhice demonstra também

quão importante é perceber a velhice como uma experiência heterogênea, uma vez que

ser velho envolve uma complexidade de fatores de ordem biológica, psicológica,

espiritual e sociocultural, como vimos durante o mestrado em Gerontologia na PUC-SP.

É o que apontam Côrte; Mercadante; Gomes (2006, p. 27), ao assinalarem que

“Se a velhice é complexa, sem dúvida a sua análise deve levar em conta todas as

dimensões que a compõem e que explicitam como totalidade que é ao mesmo tempo

biológica, psicológica, social, histórica e cultural”. É nesse contexto que Lopes (2006,

p.88) diz que, “A Gerontologia Social vêm se configurando como nova área do

conhecimento, e tem como objetivo abordar a velhice em suas múltiplas dimensões”.

A respeito das diferentes crenças sobre o tema, muitos chegam a pensar a

velhice como sinônimo de doença e que tanto o vigor físico quanto a saúde jamais

estarão à sua disposição na velhice. Por isso Feriancic (2003, p.134), diz que, Na nossa

sociedade, o medo de “pertencer a uma época anterior” aflige um número expressivo de

pessoas, muito antes até do surgimento dos primeiros cabelos brancos ou das primeiras

rugas”. Outros acreditam que os idosos não possuem a capacidade de absorção e

aprendizado e que suas habilidades estão em declínio inevitável. Por conta desses mitos,

muitas instituições acabam não oferecendo qualquer tipo de atividade às pessoas idosas.

Sabe-se que esse tipo de pensamento não concilia apenas com a sociedade

contemporânea, na antiguidade se associava a velhice com sofrimento, decadência,

ineptidão e com o medo da morte. Segundo Santos, (2001, p. 92), “Os gregos foram

amantes do corpo jovem e saudável, preocupados em cultuá-lo e preservá-lo, sendo a

velhice, de modo geral, tratada com desdém, muito desconsiderada e até motivo de

pavor, principalmente pela perda dos prazeres proporcionados pelos sentidos”.

Santos (1999, p.54) verificou os significados de velhice na cultura afro-brasileira

e concluiu que, “[...] enquanto alguns segmentos de nossa sociedade discutem o

preconceito e os medos relacionados ao envelhecer, terreiros de candomblé vivenciam

no seu cotidiano o respeito ao mais velho. A dança é um dos referenciais simbólicos

míticos que evidenciam esse posicionamento”. O autor ressalta ainda os momentos

Page 23: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

23

cerimoniais em que se dança para um orixá velho, cujo ritmo mais lento e todo o gestual

são sinônimos de sabedoria, ancestralidade e poder.

No entanto, em nossa sociedade as pessoas são avaliadas pelo que produzem e

por sua independência. Aliás, somos educados desde cedo para sermos seres

independentes sendo que na velhice teremos mais dependências, muitas delas físicas.

Para Zimerman (2000), é muito grande o fardo que o próprio velho obriga-se a carregar,

exigindo-se a mesma independência que tinha nas outras fases da vida. Zimerman

(2000, p. 98) assinala ainda que devemos lembrar que, “se uma dependência maior é

normal na adolescência e na infância, também o é na velhice”. Ou seja, “se a

dependência é inerente à existência humana, atravessando todas as fases da vida, numa

dialética permanente face à autonomia como afirmação de si, a necessidade de cuidados

e de apoio na velhice não poderia legitimar um conceito de dependência como atributo

da velhice”, nos diz Quaresma (2006, p. 24).

De modo geral, o velho evita pedir qualquer tipo de ajuda porque não quer

incomodar, acha que não tem o direito de pedir, tem medo de sobrecarregar os filhos e

ou considera que está tirando o tempo de alguém. Por isso, grande parte do trabalho

com os idosos consiste em evitar a perda de sua independência. Sendo assim, a dança

torna-se uma opção diferenciada para as pessoas que estão envelhecendo que procuram

a atividade física e não tem de início, carisma pela ginástica ou pelo esporte. Segundo

Verderi (2004, p. 31), por meio dos movimentos rítmicos, podemos promover entre

outros benefícios, “a melhora da tonicidade muscular, da mobilidade articular”, o que

estimula as funções cerebrais, beneficiando deste modo a concentração e a memória;

além de favorecer a integração social e o aumento da autoestima. No entanto, um

dançarino em movimento é muito mais.

Movimento é qualquer ação física ou mudança de posição. Porém quando se

observa um dançarino em movimento, isso é muito mais que uma mudança

física de posição. É uma arte visual vibrante de imagens rápidas criadas por

força, equilíbrio e graça. A estética dessa forma de arte não pode ser

sacrificada pela análise científica. (HAAS, 2011, p. 01).

Robatto (2012, p. 74) explica que as marcas de cada um assim como o biótipo de

cada é valorizado pela dança. E que o mesmo ocorre com o pensamento e o afeto de

cada dançante. Segundo ela, cada pessoa, por meio de sua corporeidade, “se insere no

mundo e, através do contato com o „outro‟, é que se conhece a si próprio”. Diz ainda

que o trabalho coletivo, característico da dança, “propicia a coparticipação criativa e

Page 24: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

24

uma convivência, mais harmoniosa, com a possibilidade do desenvolvimento de uma

cultura da paz” (Ibid.). Por fim assinala ainda que o trabalho coletivo “transcende o

universo artístico”, devolvendo para o homem a propriedade do seu corpo e a liberdade

de expressar-se com sua alma.

Page 25: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

25

III. MODALIDADES

essa parte do trabalho explicitamos todos os passos dados para o

levantamento das pesquisas que tratam do tema dança e envelhecimento. A

escolha se deu pela pesquisa de revisão sistemática de literatura, a qual

permite contribuir para o desenvolvimento de uma base sólida de

conhecimento, uma vez que seu caráter exploratório nos propicia uma familiaridade

com a problemática pesquisada, facilitando a identificação de possíveis lacunas em

áreas onde possa haver oportunidades para o desenvolvimento de novas investigações.

Embora a revisão bibliográfica seja comum a todas as pesquisas científicas, é

importante assinalar que a sistemática seja bem executada e confiável, realizada de

forma metódica e de modo compreensivo, como apontam Webster; Watson (2002);

Walsham (2006); Levy; e Ellis (2006). De modo geral, Shaw (1995) relata que um dos

principais problemas de trabalhos que descrevem revisões da literatura sem o devido

rigor é a ênfase apenas na interpretação pessoal dos textos em linguagem narrativa,

porém com pouca análise crítica. De acordo com esses autores, se a pesquisa

bibliográfica receber a devida atenção e for conduzida com rigor e de forma sistemática,

esta permitirá que outros pesquisadores possam fazer uso desses resultados com maior

confiabilidade, possibilitando reutilizar estudos já finalizados, focando apenas no tópico

em que se deseja pesquisar.

Para a seleção das produções científicas sobre envelhecimento na dança no

período de 2000 a 2015, foram utilizadas as seguintes bases:

1) Banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior

(CAPES). Esse banco de teses teve início em 1990 quando, com o objetivo de fortalecer

a pós-graduação no Brasil, o Ministério da Educação (MEC) criou o programa para

bibliotecas de Instituições de Ensino Superior (IES). Foi a partir dessa iniciativa que,

cinco anos mais tarde, foi criado o Programa de Apoio à Aquisição de Periódicos

(PAAP). O Programa está na origem do atual serviço de periódicos eletrônicos

oferecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)

à comunidade acadêmica brasileira.

N

Page 26: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

26

2) Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) tem por objetivo

reunir, em um só portal de busca, as teses e dissertações defendidas em todo o País e por

brasileiros no exterior. A BDTD foi concebida e é mantida pelo Instituto Brasileiro de

Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) no âmbito do Programa da Biblioteca

Digital Brasileira (BDB), com apoio da Financiadora de Estudos e Pesquisas (FINEP),

tendo o seu lançamento oficial no final do ano de 2002.

3) Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) foi estabelecida em 1998 como modelo,

estratégia e plataforma operacional de cooperação técnica da Organização Pan-

Americana da Saúde (OPAS) para gestão da informação e conhecimento em saúde na

Região AL&C. A BVS é uma Rede de Redes construída coletivamente e coordenada

pela BIREME. É desenvolvida, por princípio, de modo descentralizado, por meio de

instâncias nacionais (BVS Argentina, BVS Brasil etc.) e redes temáticas de instituições

relacionadas à pesquisa, ensino ou serviços (BVS Enfermagem, BVS Ministério da

Saúde etc.). O Portal Regional da BVS é o espaço de integração de fontes de

informação em saúde que promove a democratização e ampliação do acesso à

informação científica e técnica em saúde na América Latina e Caribe (AL&C). É

desenvolvido e operado pela BIREME em 3 idiomas (inglês, português e espanhol). A

BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde,

é mais conhecida pelo seu nome original: Biblioteca Regional de Medicina. Trata-se de

um centro especializado da Organização Pan-Americana da Saúde / Organização

Mundial da Saúde (OPAS/OMS), orientado à cooperação técnica em informação

científica em saúde.

4) Biblioteca Digital Vérsila. Inaugurada em novembro de 2015, a Biblioteca

Digital Vérsila é considerada a maior concentradora de acervos abertos acadêmicos

sediada no hemisfério sul. A biblioteca reúne e oferece gratuitamente milhões de

itens digitais de produção científica oriundos dos melhores centros de pesquisa do

mundo. A plataforma é integrante do consórcio internacional Open Archives

Initiative, na modalidade de Service Provider, e o acervo é composto quase

exclusivamente de textos completos e abertos. O projeto - criado, desenvolvido e

mantido pela Vérsila International - tem sido reconhecido e destacado por vários

centros de pesquisa do Brasil e exterior. O objetivo da Biblioteca Digital Vérsila é

oferecer em um único local, de maneira simples, independente, relevante e gratuita

Page 27: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

27

o melhor da produção acadêmica aberta, tornando-se assim um serviço à

comunidade científica e referência internacional em biblioteconomia digital.

5) Google Acadêmico - Scholar oferece uma maneira simples de pesquisar amplamente

a literatura acadêmica. Pode-se pesquisar em várias disciplinas e fontes, artigos, teses,

livros, resumos e opiniões judiciais, de editoras acadêmicas, organizações profissionais,

bibliotecas on-line, universidades e outros sites. O Google Scholar ajuda a encontrar

trabalhos relevantes em todo o mundo acadêmico.

As palavras-chave utilizadas em todas as bases de pesquisa foram: Dança;

Envelhecimento; Velhice; Idoso. A data foi restrita às pesquisas realizadas entre os anos

de 2000 a 2015. Para essa coleta não foi utilizado nenhum outro tipo de filtro, uma vez

que existe uma precariedade de pesquisas voltadas para esta temática.

Foram construídos bancos de dados simples no Word, para armazenamento dos

resumos de cada estudo identificado, planilhas simples para serem alimentadas com os

seguintes dados: Título / Autor / Formação / Região / Objetivo Geral / Data / Palavra

Chave / Área do Conhecimento/Método de Pesquisa / Instituição – Publicação /

Bibliografias utilizadas e sexo.

Esses dados nortearam a análise do levantamento das produções acadêmicas

encontradas no período estabelecido.

Page 28: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

28

IV. ABERTURA

brimos as cortinas do Espetáculo, apresentando os resultados obtidos desta

pesquisa, a partir do mapeamento das produções acadêmicas existentes,

levantando, assim, os perfis das pesquisas e suas tendências, realizadas por

diversos pesquisadores em diferentes épocas e em distintos lugares, o que

nos ajudará a compreender, ou não, como a arte vem sendo trabalhada no resgate da

autonomia e no empoderamento das pessoas mais velhas na sociedade atual.

No período de 2000 a 2015 foram identificadas 160 produções científicas.

Destas, 21 encontram-se no banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal

de Nível Superior (CAPES); 19 na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações

(BDTD); 20 na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); 82 na Biblioteca Digital Vérsila;

e 18 no Google Acadêmico.

Foram retiradas da seleção as pesquisas de línguas estrangeiras e as que se

repetiam; as que não se relacionavam com o tema; as incompletas onde não continham

objetivos, metodologia, bibliografia, palavras-chave; falta de avaliação das áreas do

conhecimento dentro dos periódicos Qualis na Plataforma Sucupira e, por fim, as que

possuíam ordem de relevância inferior a 45%.

Das 160 produções identificadas inicialmente, selecionamos 32 produções

científicas, sendo 7 teses de doutorado, 13 dissertações de mestrado e 12 artigos

científicos.

Subdividindo por bancos de dados, identificamos:

11 produções (8 dissertações e 3 teses) no banco de teses da Coordenação de

Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES)

4 produções (2 teses e 2 dissertações) na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e

Dissertações (BDTD); 7 produções (7 artigos) na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); 5

produções (1 tese, 2 dissertações e 2 artigos) na Biblioteca Digital Vérsila; e 5

produções (1 tese, 1 dissertação e 3 artigos) no Google Acadêmico.

Os itens “Autor e Formação do Autor” nortearam o corpo discente e seu

interesse pelas áreas e temas propostos, facilitando um melhor entendimento do olhar

A

Page 29: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

29

acadêmico para a problematização do tema. Observando as 32 produções científicas

escritas individualmente, ou coletivamente, quanto à formação dos autores temos: 11

fisioterapeutas, 7 educadores físicos, 5 terapeutas ocupacionais, 5 psicólogos, 5

profissionais formados em ciência da motricidade, 4 em ciências do envelhecimento, 3

em ciências, 3 em gerontologia, 2 em gerontologia biomédica, 2 em saúde humana e

meio ambiente, 1 em neurociência, 1 em enfermagem, 1 em psiquiatria, 1 em

farmacologia, 1 em ciências médicas, 1 em ciências do movimento humano, 1 em

biociências, 1 em administração e 1 em artes cênicas.

Verificamos que das 32 produções acadêmicas que se debruçam sobre o

envelhecimento e dança, 26 são da área da saúde e apenas 6 produções são da área de

Humanidades. Dentro da área de saúde, as formações que mais se envolveram foram:

fisioterapia, educadores físicos, terapeutas ocupacionais e ciências da motricidade.

Verificamos também que a maior produção se deu nas regiões sul e sudeste do País, a

saber:

a) Teses: 4 em São Paulo; 1 no Paraná, 1 Rio Grande do Sul e 1 em Santa

Catarina.

b) Dissertações: 6 em São Paulo; 2 em Pernambuco; 1 Rio de Janeiro; 1 em

Brasília; 1 na Bahia; 1 em Fortaleza e 1 no Rio Grande do Sul.

Destas produções, 16 originaram-se de instituições públicas e 4 de instituições

privadas.

c) Artigos: 9 em São Paulo, 1 em Santa Catarina; 1 em Rio Grande do Sul e 1 no

Paraná.

Das 32 produções identificadas, 21 foram realizadas especificamente por

mulheres, 4 por homens e 7 por homens e mulheres em conjunto. O item “Sexo” pode

conduzir a uma discussão sobre como homens e mulheres tratam o tema.

O ano em que houve maior número de produções foi 2011 e 2014, com 5

produções cada; seguido de 2012 e 2015, com 4 produções cada. Em 2010 e 2013

encontramos 3 produções em cada ano, e em 2006, duas produções. Já nos anos de

2001, 2002, 2005, 2007, 2008 e 2009 encontramos apenas uma publicação. Esses dados

demonstram que o maior número de publicações se deu a partir de 2011.

Page 30: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

30

O indicador “publicação” é importante para guiar e avaliar o crescimento das

produções acadêmicas ao longo dos anos e uma possível associação com os marcos

legais da Gerontologia como o Estatuto do Idoso. No caso, o grande marco legal

ocorrido na área foi a aprovação da Lei 10.741 de 1 de outubro de 2003, mais conhecida

como Estatuto do Idoso. No entanto, observa-se que no ano posterior, 2004, não

encontramos nenhuma produção acadêmica.

Em relação às palavras-chave utilizadas nesta pesquisa (dança; envelhecimento;

idoso; velhice, nessa ordem) podemos assinalar que essas fecham o campo de estudo e

possibilitam uma maior fidelidade com o tema procurado e com as produções

encontradas, sendo um guia fundamental para a pesquisa. Dentre as palavras-chave as

mais frequentes dessa investigação foram dança e envelhecimento.

Quanto ao item “método de pesquisa” da planilha desse trabalho, além de situar

sobre como o tema será tratado, nos permite analisar como ele vem sendo trabalhado,

possibilitando perceber caminhos possíveis de investigação. Verificamos que a maioria

das pesquisas levantadas utilizou a abordagem quantitativa.

Quadro 1 – Produções acadêmicas brasileiras sobre envelhecimento na dança, de 2000

a 2015.

PC ÁREA SEXO TÍTULO

BASES

ANO

1

D

H F Dança: uma interação entre o corpo e a

alma dos idosos BDTD 2001

2

D H F

Motivos e Sentidos da Dança da

Terceira Idade na Cidade de Presidente

Prudente-SP

(BDTD/IBICT) 2002

3

T S F

Biodança como processo de renovação

existencial do idoso: análise etnográfica

Biblioteca

Digital-USP 2005

4

A S F

Dança sênior: um recurso na

intervenção terapêutico ocupacional

junto a idosos hígidos

Directory of

Open Access

Journals (DOAJ)

2006

5

D S F

Autoconceito do idoso e biodança: Uma

Relação Possível BDTD 2006

6

D H F

Baila Comigo: os velhos que dançam na

Praça de Poços de Caldas (BDTD/IBICT 2007

7 D S M Dança de salão, funções executivas e

memória em idosos institucionalizados (BDTD/IBICT) 2008

8 D H F Corpo, maturidade e envelhecimento. O BDTD 2009

Page 31: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

31

feminino e a emergência de outra

estética através da dança

9

T S F

Efeitos do exercício nos parâmetros do

andar de idosas BDTD 2010

10 T S F

Influência do exercício físico sobre

indicadores

antropométricos e pulmonares em

idosas

BDTD 2010

11 A S F/M Atividade física e desempenho em

tarefas de funções executivas em idosos

saudáveis: dados preliminares

Vérsila

Biblioteca

Digital

2010

12

D S F

Efeito na Dança de Salão no Perfil

Lipídico de IDOSAS hipertensas

Cadastrada na Unidade de Saúde da

Família da Bela Vista, Vitória de Santo

Antão–PE

BDTD 2011

13 A S F

Atividade física, Educativa e de Dança:

Um estudo dos valores pessoais dos

consumidores idosos

BVS

2011

14 A S F Ansiedade e parâmetros funcionais

respiratórios de idosos praticantes de

dança

BVS 2011

15

D S M

Impacto das danças de salão na pressão

arterial, aptidão física e qualidade de

vida de idosas hipertensas

BDTD 2011

16

A S F/M

Influência da dança na força muscular

de membros inferiores de idosos BDTD 2011

17

D S F

Dança e aderência à atividade física de

idosos na cidade de Piracicaba - SP

Google

Acadêmico 2012

18 A S F/M Efeito de três modalidades de atividade

física na capacidade funcional de idosos

Vérsila

Biblioteca

Digital

2012

19 A H F/M Influência da dança no aspecto

biopsicossocial do idoso BVS 2012

20 D S F

A intervenção da Dança em mulheres

pós-tratamento de câncer de mama e

suas relações com a qualidade de vida

Vérsila

Biblioteca

Digital

2012

21

D H F

Centro Cultural Cartola: um estudo

sobre envelhecimento e migração com

alunos de dança de Salão

BDTD 2013

22

T S F

Efeitos de um programa de danças de

salão sobre o equilíbrio, função

muscular, controle postural e

funcionalidade associados ao risco de

quedas em idosas

BDTD 2013

23 A S F/M

Capacidade funcional submáxima e

força muscular respiratória entre idosas

praticantes de hidroginástica e dança:

um estudo comparativo

BVS 2013

Page 32: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

32

24 A S F/M Efetividade da fisioterapia associada à

dança em idosos saudáveis: ensaio

clínico aleatório

BVS 2014

25

A S F/M

Efeitos funcionais da prática de dança

em idosos BDTD 2014

26

T S F

Influência de um programa

sistematizado de danças circulares em

aspectos psiconeuroimunológicos de

idosos cuidadores de indivíduos com

doença de Alzheimer

Google

Acadêmico 2014

27

T S

Prática regular de dança: relação com

qualidade de vida, autoimagem,

autoestima e sintomas depressivos em

mulheres pós-menopáusicas de um

grupo de convivência

BDTD 2014

28 T S M

Baile de Idosos: Relação entre o nível

de atividade física e marcadores de risco

para desenvolvimento de doenças

cardiovasculares

Vérsila

Biblioteca

Digital

2014

29

A S F

O benefício da dança sênior em relação

ao equilíbrio e às atividades de vida

diárias no idoso

BVS 2015

30 D S M

Estudo Controlado da força muscular e

equilíbrio de idosas participantes da ala

das baianas de escola de samba

Vérsila

Biblioteca

Digital

2015

31

D S F

Problematizando articulações entre

gênero, sexualidade e envelhecimento:

Um estudo com mulheres

frequentadoras de bailes na cidade de

Fortaleza

BDTD 2015

32 A S F

A Influência da Dança do Ventre nos

sintomas depressivos em idosas da

comunidade

BVS 2015

P.C = Pesquisa científica: (T) Tese (D) Dissertação (A) Artigo

Área = Área de conhecimento (H) Humanidade (S) Saúde

Sexo = (F) Feminino (M) Masculino

Após o levantamento e identificação das produções acadêmicas brasileiras sobre

envelhecimento na dança no período de 2000 a 2015, passamos para outra etapa do

trabalho, a qual consistiu no agrupamento dos trabalhos por temas afins. Esse trabalho

resultou na seguinte classificação: a) A dança como recurso terapêutico, b) A dança

como instrumento de mensuração, c) A dança como Recurso Etnográfico.

A seguir elencamos nos quadros os trabalhos identificados em cada grupo:

Quadro 2 – Produções científicas tendo como temática a dança como recurso

terapêutico, no período de 2005-20015.

Page 33: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

33

Titulo Autores Formação

1

Dança sênior: um recurso

na intervenção terapêutico

ocupacional junto a idosos

hígidos

Janini Gomes Cassiano*;

Larissa de Silva Serelli**;

Simone Abrantes

Cândido**;

Aline Torquetti***;

Karina Fonseca***;

Terapeuta Ocupacional pela Universidade

Federal de Minas Gerais. Doutora em

Ciências pela Universidade

Federal de São Paulo. Professora Adjunta

do Departamento de Terapia Ocupacional

da Universidade

Federal de Minas Gerais.

** Terapeuta Ocupacional e especialista em

Gerontologia Social pela Universidade

Federal de Minas Gerais.

*** Terapeuta Ocupacional pela

Universidade Federal de Minas Gerais.

2

A intervenção da Dança

em mulheres pós-

tratamento de câncer de

mama e suas relações com

a qualidade de vida.

Fatima Ribeiro Ferreira

Mestre em

Gerontologia Biomédica pelo

Programa de Pós-Graduação

da Pontifícia Universidade Católica do Rio

Grande do Sul

3 Efeitos funcionais da

prática de dança em idosos

Paulo Costa Amaral*; André

Bizerra **;

Eliane Florêncio Gama***;

Maria Luiza de Jesus

Miranda***;

*Mestrando em Ciências do

Envelhecimento pela USJT,

**Mestrando em Educação Física pela

USJT,

***Docente do Mestrado em Ciências do

Envelhecimento e Educação Física pela

USJT

4

A Influência da Dança do

Ventre nos sintomas

depressivos em idosas da

comunidade

Bruna Perez Broadbent

Hoyer*;

Vanessa Jesus Rodrigues

Teodoro*;

Sheila de Melo Borges**;

*Fisioterapeuta pela Universidade Santa

Cecilia (UNISANTA). Santos (SP);

**Docente do curso de Fisioterapia da

Universidade Santa Cecília (UNISANTA)

Santos (SP).

Quadro 3 – Produções científicas tendo como temática, a dança como instrumento de

mensuração no período de 2005-2015.

Titulo Autores Formação

1 Dança: uma interação

entre o corpo e a alma dos

idosos.

Mônica de Ávila Todaro

Mestre em Gerontologia pelo Programa de

Pós-Graduação da Faculdade de Educação

da UNICAMP

2 Dança de salão, funções

executivas e memória em

idosos institucionalizados

Antônio Carlos de Quadros

Junior

Mestre em Ciências da Motricidade pela

Universidade Estadual Paulista, Rio Claro,

São Paulo.

3 Efeitos do exercício nos

parâmetros do andar de

idosas.

Jozilma de Medeiros

Gonzaga

Doutora em Ciências da Motricidade pela

Universidade Estadual Paulista, Rio Claro,

São Paulo.

4 Influência do exercício

físico sobre indicadores

antropométricos e

pulmonares em idosas

Sandra Emília Benício

Barros

Doutor em Ciências da Motricidade pela

Universidade Estadual Paulista, Rio Claro,

São Paulo.

5 Atividade física e Andreza Giuliane Guim 1 Terapeuta ocupacional, do Centro

Page 34: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

34

desempenho em tarefas de

funções executivas em

idosos saudáveis: dados

preliminares

arães Moreira1, Leandro

Fernandes Malloy-Diniz2,

Daniel Fuentes3, Humberto

Correa4,5,

Guilherme Menezes Lage6

Municipal de Atenção Domiciliar em Saúde

(Cemads), Nova Lima, MG.

2 Professor doutor do Departamento de

Psicologia da Faculdade de Filosofia e

Ciências Humanas da Universidade Federal

de Minas Gerais (Fafich/UFMG).

3 Professor doutor da Unidade de Psicologia

e Neuropsicologia do Instituto de

Psiquiatria do Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina da Universidade de

São Paulo (IPq-HCFMUSP).

4 Professor doutor do Serviço de Psiquiatria

do Hospital das Clínicas da UFMG.

5 Professor doutor do Departamento de

Farmacologia do Instituto de Ciências

Biológicas da UFMG.

6 Professor mestre da Faculdade de

Ciências da Saúde da Universidade

FUMEC. Doutorando em Neurociências

pela UFMG.

6 Efeito na Dança de Salão

no Perfil Lipídico de

IDOSAS hipertensas

Cadastrada na Unidade de

Saúde da Família da Bela

Vista, Vitória de Santo

Antão–PE.

Osinez Barbosa de Oliveira Mestre em Saúde Humana e Meio Ambiente

pela Universidade Federal de Pernambuco.

7

Ansiedade e parâmetros

funcionais respiratórios

de idosos praticantes de

dança

Adriana Coutinho de

Azevedo Guimarães[a],

Aline Pedrini[b], Darlan

Laurício Matte[c],

Fernanda Guidarini

Monte[d],

Silvia Rosane Parcias[e]

[a] Doutoranda da Faculdade de

Motricidade Humana da FMH-UTL da

Universidade do Estado de Santa Catarina -

Brasil,

[b] Acadêmica do Curso de Fisioterapia

pela UDESC, Florianópolis, SC - Brasil,

[c] Doutorando em Ciências Médicas,

Mestre em Ciências do Movimento Humano

Florianópolis – Brasil.

[d] Doutoranda em Atividade Física e Saúde

da Universidade Federal Santa Catarina

(UFSC), Florianópolis, SC - Brasil,

[e] Doutora em Neurociências,

coordenadora do Núcleo de Atividade

Física, Gerontomotricidade Florianópolis

SC – Brasil.

8

Impacto das danças de

salão na pressão arterial,

aptidão física e qualidade

de vida de idosas

hipertensas.

Flavio Campos de Morais Mestre em Saúde Humana e Meio Ambiente

pela Universidade Federal de Pernambuco.

9

Influência da dança na

força muscular de

membros inferiores de

idosos

Joseane Rodrigues da

Silva*;

Aline Corrêa Bisognin**;

Patrícia Ogliari***;

* Fisioterapeuta, Docente do curso de

Fisioterapia da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná, Mestre em Gerontologia

pela PUC-SP.

Page 35: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

35

Karen Andrea

Comparin****;

Eduardo Alexandre

Loth*****;

**** Fisioterapeuta, Docente do curso de

Fisioterapia da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná, Mestre em Linguagem e

Sociedade pela

Unioeste/PR.

** Fisioterapeuta formada pela

Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

*** Fisioterapeuta formada pela

Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

***** Fisioterapeuta, Docente do curso de

Fisioterapia da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná, Mestre em Distúrbios da

Comunicação

Humana pela UFSM/RS.

10

Dança e aderência à

atividade física de idosos

na cidade de Piracicaba -

SP

Lia Carla Gordon Leme

Mestre em Educação Física pela Faculdade

de Ciências da Saúde da Universidade

Metodista de Piracicaba – UNIMEP

11

Efeito de três modalidades

de atividade física na

capacidade funcional de

idosos

Deisy Terumi Ueno*

Sebastião Gobbi*

Camila Vieira Ligo

Teixeira*

Émerson Sebastião*

Alexandre Konig Garcia

Prado**

José Luiz Riani Costa*

Lilian Teresa Bucken

Gobbi*

*Instituto de Biociências, Universidade

Estadual Paulista – Rio Claro.

**Department of Kinesioloy and

Community

Health, University of Illinois at Urbana -

Champaign - USA.

12

Centro Cultural Cartola:

um estudo sobre

envelhecimento e

migração com alunos de

dança de Salão

Marcia Fraga Sampaio Mestre em Psicologia Social pela

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

13

Efeitos de um programa

de danças de salão sobre o

equilíbrio, função

muscular, controle

postural e funcionalidade

associados ao risco de

quedas em idosas.

Christina Paramustchak

Cruz Cepeda

Doutora em Educação Física do Programa

de Pós-Graduação em Educação Física, do

Setor de Ciências Biológicas da

Universidade Federal do Paraná.

14

Capacidade funcional

submáxima e força

muscular respiratória entre

idosas praticantes de

hidroginástica e dança:

um estudo comparativo

Isabella Martins de

Albuquerque1;

Alessandra Emmanouilidis2;

Talita Ortolan2;

Dannuey Machado

Cardoso3;

Ricardo Gass2;

Renan Trevisan Jost2;

Dulciane Nunes Paiva3;

1 Departamento de Fisioterapia e

Reabilitação. Universidade Federal de Santa

Maria. Santa Maria, RS, Brasil.

2 Curso de Fisioterapia. Universidade de

Santa Cruz do Sul. Santa Cruz do Sul, RS,

Brasil.

3 Departamento de Educação Física e

Saúde. Universidade de Santa Cruz do Sul.

Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.

15

Efetividade da fisioterapia

associada à dança em

idosos saudáveis:

ensaio clínico aleatório.

Natália Mariano Barboza1;

Eduardo Nascimento

Floriano1;

Bruna Luísa Motter1;

Hospital Universitário. Universidade

Estadual de Londrina. Londrina, PR, Brasil.

Page 36: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

36

Flávia Cristina da Silva1;

Suhaila Mahmoud Smaili

Santos1;

16

Influência de um

programa sistematizado de

danças circulares em

aspectos

psiconeuroimunológicos

de idosos cuidadores de

indivíduos com doença de

Alzheimer.

Danilla Icassatti Corazza

Doutora em Ciências da Motricidade pela

Universidade Estadual Paulista, Rio Claro,

São Paulo.

17

Prática regular de dança:

relação com qualidade de

vida, autoimagem,

autoestima e sintomas

depressivos em mulheres

pós-menopáusicas de um

grupo de convivência.

Zilda Maria Coelho

Montenegro

Doutora em Gerontologia Biomédica pela

Pontifícia Universidade Católica do Rio

Grande do Sul.

18

Baile de Idosos: Relação

entre o nível de atividade

física e marcadores de

risco para

desenvolvimento de

doenças cardiovasculares

Fernanda Christina de Souza

Guidarini

Doutora em Educação Física pela

Universidade Federal de Santa Catarina.

19

O benefício

da dança sênior em

relação ao equilíbrio e às

atividades de vida diárias

no idoso

Aline Felipe Gomes da

Silva,

Andréa Marques Berbel.

Curso de Fisioterapia da Universidade Nove

de Julho (UNINOVE) – São Paulo (SP),

Brasil.

20

Estudo Controlado da

força muscular e

equilíbrio de idosas

participantes da ala das

baianas de escola de

samba

Marcos Maurício Serra Mestre em Ciências pela Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo.

Quadro 4 – Produções científicas tendo como temática, a dança como recurso

etnográfico, no período de 2005-20015.

Titulo Autores Formação

1

Motivos e Sentidos da

Dança da Terceira Idade

na Cidade de Presidente

Prudente-SP

Arminda Maria Maluf

Mestre em Psicologia pela

Faculdade de

Ciências e Letras do Campus

de Assis,

Universidade Estadual

Paulista.

2 Biodança como processo

de renovação existencial

do idoso: análise

etnográfica

Barbara Pereira D‟Alencar

Doutorado em enfermagem

pela Escola de Enfermagem

de Ribeirão Preto e Escola de

Enfermagem de São Paulo.

3 Autoconceito do idoso e

biodança: Uma Relação

Possível

Noeme Cristina Alvares de

Carvalho

Mestre em Gerontologia pela

Universidade Católica de

Brasília

Page 37: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

37

4 Baila Comigo: os velhos

que dançam na Praça de

Poços de Caldas

Terêsa Cristina Alvisi

Mestre em Gerontologia pela

Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo.

5 Corpo, maturidade e

envelhecimento.

o feminino e a emergência

de outra estética através

da dança.

Marcela dos Santos Lima

Mestre em Artes Cênicas

pelo Programa de Pós-

Graduação em Artes Cênicas

da Escola de Teatro,

Universidade Federal da

Bahia.

6 Atividade física, Educativa

e de Dança: Um estudo

dos valores pessoais dos

consumidores idosos.

Luciana Torres Souza Kelly

Mestrado em Administração

pela Universidade Estácio de

Sá – UNESA Professor da

Universidade Barra Mansa –

UBM

7

Influência da dança no

aspecto

biopsicossocial do idoso

Gleice Branco Silva

Marcelo de Almeida Buriti

Mestranda do Programa

Stricto Sensu em Ciências do

Envelhecimento, da

Universidade São Judas

Tadeu, São Paulo.

Docente do Programa Stricto

Sensu em Ciências do

Envelhecimento da

Universidade São Judas

Tadeu, São Paulo.

8 Problematizando

articulações entre gênero,

sexualidade e

envelhecimento: Um

estudo com mulheres

frequentadoras de bailes na

cidade de Fortaleza

Karoline Sampaio Nunes

Barroso

Mestre em Psicologia pela

Universidade de Fortaleza –

UNIFOR.

Page 38: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

38

V. COREOGRAFIA: A DANÇA COMO RECURSO TERAPÊUTICO

ntendemos a dança como recurso terapêutico quando esta – com foco no corpo

biológico - auxilia no processo de reabilitação, facilita a independência pessoal

e promove melhora na funcionalidade e qualidade de vida. Os recursos

terapêuticos podem ser físicos, manuais ou mecânicos, sendo atividades,

objetos, técnicas e métodos, utilizados com o objetivo de auxiliar durante o processo de

reabilitação. A escolha dentre eles está em equilibrar as necessidades da pessoa pela

qual o recurso será aplicado ao conhecimento do profissional, que poderá utilizá-lo um

ou vários recursos terapêuticos, objetivando auxiliar e em alguns casos substituir

tratamentos farmacológicos.

Entre os trabalhos identificados que trabalharam com esta perspectiva, estão:

O artigo intitulado “Dança sênior: um recurso na intervenção terapêutico

ocupacional junto a idosos hígidos” (CASSIANO; SERELLI; FONSECA ;

TORQUETTI e CÂNDIDO, 2006), apresenta por meio de relato de caso e

levantamento de literatura, a dança sênior como um recurso na intervenção terapêutico-

ocupacional para a promoção de saúde em idosos hígidos. Os autores partem do

pressuposto que a dança sênior é uma atividade grupal que envolve música e atividade

física, trabalhando o corpo por meio de coreografias criadas com músicas instrumentais

e movimentos ritmados. O artigo relata uma pesquisa que teve como objetivo a

E

1. Dança sênior: um recurso na intervenção terapêutico ocupacional junto

a idosos hígidos

2. A intervenção da Dança em mulheres pós-tratamento de câncer de

mama e suas relações com a qualidade de vida.

3. Efeitos funcionais da prática de dança em idosos

4. A Influência da Dança do Ventre nos sintomas depressivos em idosas da

comunidade

Page 39: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

39

estimulação cognitiva e sensório-motora, favorecendo a autoestima e a integração do

grupo.

A dança sênior foi realizada uma vez por semana junto aos idosos do Projeto

“Vale a pena viver”, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais que, após um

ano de aplicação, cada sujeito deu um depoimento de sua percepção quanto à sua

participação na atividade, cruzando-o com os achados encontrados na busca no

MedLine a fim de uma interlocução. Os autores verificaram os benefícios da utilização

da dança sênior como recurso terapêutico, concluindo que esta propicia atividade física,

lazer, ludicidade, estimulação cognitiva, desenvolvimento da coordenação motora,

autoestima e socialização. Verificaram ainda que os ganhos obtidos com o uso contínuo

da dança nas esferas física, cognitiva e social contribuem para a promoção da percepção

da qualidade de vida dos participantes, sugerindo que a dança sênior pode ser utilizada

para facilitar a socialização, o conhecimento corporal, estimular a criatividade, a

memória e a coordenação motora.

Seguindo a mesma classificação, temos a dissertação “A intervenção da dança

em mulheres pós-tratamento de câncer de mama e sua relação com a qualidade de vida”,

de Fátima Ribeiro Ferreira (2012), que nos traz a incidência do câncer de mama

associada à pessoas com idade avançada e a qualidade de vida (QV) como um

importante aspecto a ser considerado no processo de envelhecimento. A autora acredita

na relevância em estudarmos novas opções de intervenção na QV de mulheres pós-

tratamento de câncer de mama e nos apresenta a utilização da dança, como alternativa

de recurso terapêutico.

O objetivo principal da pesquisa de Ferreira foi avaliar a associação entre a

intervenção da dança e a QV de mulheres com câncer de mama, assim como a

percepção de dor e a expressão de coerção na decisão do tratamento. A autora analisou

15 mulheres com idades de 50 a 79 anos, pacientes ambulatoriais da Oncogenética,

Oncologia e Mastologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) que

participaram de uma intervenção de 13 sessões de 1h30min semanais de dança de salão.

Utilizou instrumentos validados para avaliar a qualidade de vida (WHOQOL – Bref e

Fact B), escala de expressão de coerção e escala análogo visual de dor. Após a

intervenção de dança foi utilizada a técnica de grupos focais para avaliar

qualitativamente a vivência das participantes do estudo.

Page 40: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

40

Ferreira observou, assim, que os resultados quantitativos não apresentaram

diferenças estatisticamente significativas na comparação dos períodos antes e depois da

intervenção de dança. Contudo, os dados qualitativos evidenciaram mudanças

relevantes relatadas pelas próprias participantes em termos de dor, integração social e

autoestima, concluindo que os relatos apresentados pelas pacientes evidenciaram a

importância atribuídos a dança, que permitiu conjugar a realização de atividades físicas

com a interação social.

Nessa mesma linha da dança como recurso terapêutico, o artigo intitulado

“Efeitos funcionais da prática de dança em idosos”, de Amaral; Bezerra; Gama;

Miranda (2014), analisam os efeitos funcionais da prática de dança em idosos abordados

na literatura científica. Para o levantamento científico, os autores utilizaram as palavras-

chave “elderly”, combinação com os termos “dance” e “functional effects”, na base de

dados Pubmed, de 2003 a 2013.

Os autores selecionaram oito artigos, nos quais verificaram que a prática de

dança estava presente nos estudos relacionados à Doença de Parkinson, predominando a

utilização dos testes de Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (Unified

Parkinson Disease Rating Scale-Motor) e Escala de Equilíbrio de Berg (Berg Balance

Scale), destacando melhoras significativas no equilíbrio dos participantes dos

programas de dança, e a predominância do ritmo tango na maioria dos estudos. Os

autores concluíram que programas de dança voltados aos idosos provocam melhoras

significativas na capacidade funcional de seus participantes, principalmente aos idosos

portadores da Doença de Parkinson, destacando a variável equilíbrio.

O próximo artigo tem como título “A influência da dança do ventre nos sintomas

depressivos em idosas da comunidade”, de Bruna Perez Broadbent Hoyer; Vanessa

Jesus Rodrigues Teodoro; Sheila de Melo Borges (2015). Elas realizaram um estudo do

tipo ensaio clínico randomizado “cego” (avaliador independente), em um Centro de

Convivência (CECON), localizado no bairro da Caneleira na cidade de Santos (SP), por

um período de sete semanas, sendo a primeira para avaliação inicial / antes da

intervenção (T0); cinco semanas, para intervenção; e a última semana, para a avaliação

final/após a intervenção (T1).

Foram estudadas 14 idosas divididas de forma aleatória (conforme ordem de

chegada no CECON) em Grupo I (controle; n=7) e Grupo II (intervenção; n=7). Foram

incluídos neste estudo, idosas com idade igual ou superior a 60 anos, do sexo feminino,

Page 41: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

41

e sedentárias há pelo menos seis meses, sendo excluídas aquelas que tivessem déficit

cognitivo segundo nota de corte do Mini-Exame do Estado Mental (MEEM),

impossibilidade de marcha, impossibilidade de ficar em ortostatismo, portadoras de

deficiência visual / auditiva importante ou sem correção, recusa, ou não interesse, em

participar da pesquisa, bem como a desistência de participar da intervenção e/ou

reavaliação (T1).

Os resultados desse estudo mostraram que a Dança do Ventre influenciou

positivamente o estado psicológico das idosas, por meio da melhora de sintomas

depressivos no grupo de intervenção. Verificaram que a Dança do Ventre na terceira

idade proporciona inúmeros benefícios, sendo um deles a diminuição de sintomas

psicossomáticos. A dança como atividade terapêutica pode ser eficaz na redução dos

sintomas depressivos e na melhora do desempenho nas atividades de vida diária,

podendo ser uma alternativa terapêutica para uma população que permanece

sintomática. Dessa maneira, o exercício pode atuar como agente antidepressivo em

idosos com depressão menos graves. Portanto, as autoras assinalam que a introdução de

uma atividade de dança, como a Dança do Ventre em centros de convivência para

idosos pode contribuir em aspectos que vão além dos possíveis benefícios físicos,

esperados por uma intervenção com atividade física, corroborando com estudos

anteriores, como os de Thoren et al. (1990).

As autoras ressaltam que, apesar de pouco tempo de intervenção, a Dança do

Ventre teve um efeito positivo em relação a sintomas depressivos e ainda foi possível

observar um marcador qualitativo sobre sentimentos positivos durante a intervenção e

avaliação finais (reavaliação), quando as idosas relataram sentirem-se mais alegres,

mais leves, com menos dores, e até mais dispostas em decorrência da atividade proposta

durante a intervenção com a dança. Dessa maneira, elas sugerem estudos com maior

número de participantes, maior tempo de intervenção, bem como estudos de seguimento

(follow up) para melhor avaliação dos resultados, utilizando a terapia com dança para

melhora de sintomas depressivos na população idosa.

As autoras concluem que a Dança do Ventre influenciou positivamente o relato

de sintomas depressivos em idosas sedentárias usuárias de centros de convivência;

sendo assim, pode ser uma possibilidade de tratamento não farmacológico para

mulheres com sintomas depressivos, bem como para a manutenção do estado de humor

na população envelhecida.

Page 42: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

42

Alternativa positiva

Analisando as quatro pesquisas, verificamos que a dança como recurso

terapêutico pode ser uma alternativa positiva no auxílio ao tratamento de algumas

patologias como câncer de mama, doença de Parkinson e depressão, como também na

melhora das capacidades e habilidades funcionais de idosos saudáveis.

Observamos que todos os estudos proporcionaram ganhos que transpuseram a

esfera dos benefícios físicos e das melhoras nos quadros patológicos, uma vez que

contribuíram – por meio do conhecimento e da valorização do corpo –, com

significativas mudanças que favoreceram a autoestima, a socialização e a percepção de

qualidade de vida dos participantes. Dessa forma, tais estudos contribuem para a

autonomia e empoderamento das pessoas mais velhas na sociedade atual.

Verificamos ainda que a área da Gerontologia esteve presente em três dos

quatros estudos, sendo a área de conhecimento que mais se aproximou do olhar para a

dança como recurso terapêutico. Dentre os estudos, o método de pesquisa qualitativo foi

escolhido pela maioria das autoras. Verificamos também que os quatro trabalhos foram

realizados somente por mulheres, sendo três deles artigos, e uma dissertação. As

palavras-chave que se sobressaíram nas pesquisas foram: Dança; Idoso;

Envelhecimento; Terapia – nessa ordem. A única dissertação, “A intervenção da Dança

em mulheres pós-tratamento de câncer de mama e suas relações com qualidade de

vida”, está vinculada à uma instituição de ensino Particular em Porto Alegre, em

seguida artigos das regiões de Passo Fundo (RS) e São Paulo.

Verificamos ainda que em relação ao ano da pesquisa, estas foram elaboradas

nos anos 2006, 2012, 2014 e 2015. É na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) no

12.435, de 2011, que encontramos que um dos objetivos da assistência social está

vinculado à proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à

prevenção de incidência de riscos, especialmente a proteção à família, à infância, à

adolescência e à velhice.

Page 43: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

43

Esse olhar de proteção para a velhice, assim como para qualquer outra fase da

vida, pode ter agido como propulsor para as pesquisas nos anos seguintes.

Compreendemos que a arte da dança como recurso terapêutico no auxílio ao tratamento

de câncer de mama, doença de Parkinson e depressão não se limita a ser um exercício,

um divertimento ou jogo, é tratada como uma coisa séria, repetindo Paul Valéry.

VI. COREOGRAFIA: A DANÇA COMO INSTRUMENTO DE MENSURAÇÃO

grande maioria das produções encontradas nesta coreografia utiliza a dança

como aferidor de corpos, mais especificamente da capacidade funcional,

como um instrumento de medida onde são determinados valores que se

relacionam com os ganhos, na maioria das vezes, físicos, trazendo-nos a

ideia de que o corpo tal qual como máquinas, acabam desgastando-se com o uso.

Segue a relação de trabalhos identificados nessa coreografia:

1. Dança: uma interação entre o corpo e a alma dos idosos

2. Dança de salão, funções executivas e memória em idosos

institucionalizados

3. Efeitos do exercício nos parâmetros do andar de

idosas.

4. Influência do exercício físico sobre indicadores

antropométricos e pulmonares em idosas

5. Atividade física e desempenho em tarefas de funções executivas em idosos

saudáveis: dados preliminares

6. Efeito na Dança de Salão no Perfil Lipídico de IDOSAS hipertensas

Cadastrada na Unidade de Saúde da Família da Bela Vista, Vitória de

Santo Antão–PE.

7. Ansiedade e parâmetros funcionais respiratórios

de idosos praticantes de dança

8. Impacto das danças de salão na pressão arterial, aptidão física e qualidade

de vida de idosas hipertensas.

9. Influência da dança na força muscular de membros inferiores de idosos

10. Dança e aderência à atividade física de idosos na cidade de Piracicaba - SP

11. Efeito de três modalidades de atividade física na capacidade funcional de

idosos

12. Centro Cultural Cartola: um estudo sobre envelhecimento e migração com

alunos de dança de Salão

13. Efeitos de um programa de danças de salão sobre o equilíbrio, função

A

Page 44: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

44

muscular, controle postural e funcionalidade associados ao risco de quedas

em idosas

14. Capacidade funcional submáxima e força muscular respiratória entre idosas

praticantes de hidroginástica e dança: um estudo comparativo

15. Efetividade da fisioterapia associada à dança em idosos saudáveis: ensaio

clínico aleatório

16. Influência de um programa sistematizado de danças circulares em aspectos

psiconeuroimunológicos de idosos cuidadores de indivíduos com doença

de Alzheimer

17. Prática regular de dança: relação com qualidade de vida, autoimagem,

autoestima e sintomas depressivos em mulheres pós-menopáusicas de um

grupo de convivência

18. Baile de Idosos: Relação entre o nível de atividade física e marcadores de

risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares

19. O beneficio da dança sênior em relação ao equilíbrio e as atividades de

vida diária no idoso

20. Estudo Controlado da força muscular e equilíbrio de idosas participantes da

ala das baianas de escola de samba

Após termos elencado as 20 pesquisas alocadas na coreografia da dança como

instrumento de mensuração, observamos que a ciência da motricidade esteve presente

em cinco delas, sendo a área de conhecimento que mais coreografou. Em seguida, com

quatro coreografias cada uma, foi a vez das disciplinas Educação Física e Fisioterapia.

Dança, envelhecimento e exercício, nessa ordem, foram as palavras chaves mais usadas.

Observamos um número equilibrado entre Teses (6), Dissertações (7) e Artigos (7).

Equilíbrio que não ocorreu no método de pesquisa, pois entre as 20 pesquisas, 13 são

quantitativas, cinco qualitativas, e duas quantitativas e qualitativas. O mesmo ocorreu

entre o sexo dos pesquisadores, foram 11 pesquisas realizadas por mulheres, cinco por

homens e mulheres e apenas quatro pesquisadores homens. Essa diferença também é

encontrada na prática da dança que até hoje sofre preconceitos do sexo masculino.

Talvez, por esse motivo que a dança de salão seja a modalidade mais pesquisada, por

ser ela inclusiva na questão de sexo e na sociabilização, proporcionando prazer e

diversão a seus praticantes.

São Paulo e Paraná foram os Estados com o maior número de produções

acadêmicas: São Paulo, com sete, e Paraná com seis. Os anos de 2011 e 2014

apresentaram um número maior de publicações, totalizando oito pesquisas, seguidos de

2010 e 2013, com um total de seis pesquisas. As instituições públicas foram as que mais

fomentaram as pesquisas usando a dança como instrumento de mensuração, totalizando

Page 45: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

45

11 produções, enquanto as privadas foram responsáveis pela produção de apenas duas

pesquisas.

Na linha da dança como instrumento de mensuração, a dissertação intitulada

“Dança: uma interação entre o corpo e a alma dos idosos”, de Monica de Avila Todaro

(2001), teve como objetivo avaliar os efeitos de um programa de dança a partir do

pressuposto de que a qualidade de vida na velhice interessa a todos os profissionais que

acreditam que essa fase da vida pode ser favorecida por oportunidades educacionais e

sociais. A pesquisa considerou a dança como atividade física e de expressão, sobre o

estado funcional e o bem-estar físico, psicológico e social de idosos sedentários.

O estudo contou com a participação de 40 sujeitos institucionalizados, com

idade entre 60 e 89 anos, sendo 14 homens e 26 mulheres, que viviam no Asilo São

Vicente de Paula, localizado na cidade de Atibaia, SP. 100% dos sujeitos eram

funcionalmente independentes em Atividades da Vida Diária3 (AVD) e Atividades

Instrumentais da Vida Diária4 (AIVD), e não praticavam atividade física com

regularidade. O delineamento da pesquisa envolveu pré-teste e pós-teste para os grupos

experimental e controle, e tratamento para o grupo experimental (quatro meses, com

duas sessões semanais de 60 minutos cada). A coleta de dados foi feita com o auxílio de

oito instrumentos, a saber: um questionário sócio-demográfico, escala de satisfação

global com a vida, uma escala de satisfação referenciada a domínios, uma escala de

ânimo, uma escala de sociabilidade, e testes de equilíbrio, flexibilidade e agilidade. As

análises descritivas e não paramétricas dos dados revelaram que a adesão ao Programa

de Dança para Idosos foi de 100%, com a presença de benefícios físicos, psicológicos e

sociais relatados ao nível de significância de 5%, quando a comparação foi feita entre os

grupos e entre os dois momentos.

A autora concluiu que a aderência ao Programa de Dança para Idosos foi plena e

que a dança produziu benefícios físicos, psicológicos e sociais nos idosos sedentários,

melhorando sua qualidade de vida.

3 As AVDs são aquelas consideradas rotineiras, como alimentação, vestir e despir, banho e higiene pessoal. Vale

lembrar que com o envelhecimento, as dificuldades para executar tarefas rotineiras e manter um comportamento

social aceitável podem ser frequentes. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ape/v19n1/a07v19n1.pdf>. Acesso

em: 25 set. 2016. 4 As AIVD são as habilidades do idoso para administrar o ambiente em que vive e inclui as seguintes ac ões: preparar refeic ões, fazer tarefas domésticas, lavar roupas, manusear dinheiro, usar o telefone, tomar medicac ões, fazer compras e utilizar os meios de transporte. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ape/v19n1/a07v19n1.pdf>.

Acesso em: 25 set. 2016.

Page 46: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

46

Na dissertação intitulada “Dança de salão, funções executivas e memória em

idosos institucionalizados”, Antônio Carlos de Quadros Junior (2008) afirma que o

envelhecimento provoca declínios físico e/ou cognitivo. Assinala ainda que algumas

consequências da institucionalização de pessoas idosas parecem influenciar

negativamente suas esferas física e cognitiva, geralmente já prejudicadas. No entanto,

aponta que o exercício aeróbio pode beneficiar ambas as esferas. A pesquisa foi dividida

em Estudo #1 (transversal) e Estudo #2 (longitudinal).

O estudo teve como principal objetivo realizar o perfil de nível de atividade

física, independência funcional básica, funções executivas, memória e estado cognitivo

geral de idosos moradores de instituições de longa permanência para idosos de Rio

Claro (SP), e analisar possíveis efeitos de um programa de Dança de Salão nestas

variáveis.

Como resultado, a pesquisa concluiu que os idosos institucionalizados

apresentam perfis preocupantes, sugerindo programas de intervenção, não somente

física, mas também cognitiva. Ainda assinala que a dança de salão é efetiva como

tratamento não farmacológico, beneficiando a cognição e a funcionalidade dos mesmos.

A tese “Efeitos do exercício nos parâmetros do andar de idosas” de Jozilme

Medeiros Gonzaga (2010) teve como objetivo estudar o padrão que o andar sofre com a

idade devido a alguns fatores inerentes ao envelhecimento como diminuição da

mobilidade, do equilíbrio e da capacidade funcional.

O exercício físico se apresenta como uma alternativa capaz de reduzir esses

efeitos e, consequentemente, produzir mudanças nos parâmetros do andar e na

capacidade funcional, repercutindo em melhora na mobilidade e na independência

funcional. As características do exercício, como tipo, frequência e intensidade, que

podem melhor favorecer estas mudanças ainda não estão claramente definidas.

Assim, o trabalho foi desenvolvido em dois estudos, com os seguintes objetivos:

Estudo 1) comparar os efeitos de diferentes tipos de exercício nos parâmetros

cinemáticos do andar de idosas, considerando as características antropométricas, a

capacidade funcional e o nível de atividade física; e 2) avaliar os parâmetros do andar

de idosas sedentárias antes e após o envolvimento em um programa de exercícios

generalizados, considerando também as características antropométricas, a capacidade

funcional e o nível de atividade física, conforme o Estudo 1.

Page 47: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

47

Participaram do Estudo 1, 56 idosas que foram agrupadas de acordo com o

envolvimento, a mais de 6 meses, em: dança, musculação, hidroginástica, caminhada e

um grupo de idosas inativas, sem envolvimento em exercício físico por pelo menos 02

meses. Participaram do Estudo 2, 32 mulheres acima de 60 anos, sedentárias, recrutadas

em grupos de terceira idade, sendo que 17 delas atenderam aos critérios de inclusão.

Para o Estudo 2, foi desenvolvido um Programa de Exercícios Generalizados

(PEG) durante 4 meses, incluindo atividades de aquecimento, alongamento, dança,

musculação e atividades recreativas, com ênfase nos componentes da capacidade

funcional (resistência aeróbia, força muscular, coordenação motora, flexibilidade e

equilíbrio corporal). Para os dois estudos, foram mensurados o nível de atividade física

(Questionário de Baecke), a capacidade funcional (Bateria da AAHPERD) e os

parâmetros cinemáticos do andar (comprimento da passada e do passo, duração e

velocidade da passada, cadência e duração das fases de suporte simples, balanço e duplo

suporte).

Os resultados do Estudo 1 revelaram que o nível de atividade física do grupo

controle foi diferente dos demais grupos que praticam atividades físicas. Em relação à

capacidade funcional, apenas o componente força apresentou diferenças entre os grupos,

indicando que o grupo controle difere do grupo musculação. Quanto às variáveis do

andar, o grupo controle foi estatisticamente diferente apenas do grupo dança, tanto no

comprimento do passo como no comprimento da passada.

Os resultados do Estudo 2 mostraram que o PEG foi efetivo na redução da dobra

cutânea tricipital, no aumento do nível de atividade física geral, na melhora de todos os

componentes da capacidade funcional e dos parâmetros temporais do andar (duração e

velocidade da passada, cadência, duração do suporte simples e duplo da passada). Em

ambos os estudos, houve um forte relacionamento entre as variáveis temporais e

espaciais do andar e as variáveis demográficas e estruturais. Esses resultados permitiram

concluir que o exercício generalizado, com controle da intensidade e frequência, foi

mais efetivo em promover mudanças positivas no padrão de andar do que a prática de

apenas um tipo de exercício.

A autora da tese “Influência do exercício físico sobre indicadores

antropométricos e pulmonares em idosas”, Sandra Emília Benício Barros (2010) escreve

que o envelhecimento promove mudanças nos diversos sistemas, especialmente

musculoesquelético e cardiopulmonar. Descreve ainda que exercícios físicos regulares

Page 48: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

48

melhoram o condicionamento cardiorrespiratório, modificam as dimensões corporais e

neuromusculares, amenizando o impacto do envelhecimento na capacidade funcional.

Com o objetivo de analisar os efeitos do exercício físico sobre indicadores

pulmonares e antropométricos em idosas, dois estudos foram realizados pela autora. O

Estudo 1 observou os efeitos da especificidade do exercício sobre indicadores

antropométricos e pulmonares em idosas. 40 mulheres acima de 60 anos compuseram

quatro grupos (Sedentárias, Hidroginástica, Musculação e Dança). O Estudo 2 verificou

os efeitos de um Programa de Exercícios Generalizados (PEG) em indicadores

antropométricos e pulmonares em mulheres sedentárias entre 60 a 78 anos. Participaram

do estudo 32 mulheres, que compuseram dois grupos: Controle e Intervenção. Para

ambos os estudos, foram analisadas as variáveis antropométricas (Índice de Massa

Corpórea, circunferência muscular do braço e panturrilha, dobra cutânea tricipital e

relação cintura / quadril); nível de atividade física e função pulmonar.

No Estudo 2, as participantes foram reavaliadas após 4 meses de intervenção. No

Estudo 1, para o nível de atividade física, houve diferenças quanto à especificidade do

exercício (p ≤ 0,001) entre Sedentárias e demais grupos, assim como entre

Hidroginástica e dois grupos (Dança e Musculação). Na mobilidade torácica axilar,

houve diferenças entre o grupo Musculação e dois grupos (Sedentárias e Dança) (p≤

0,05). As diferenças também aconteceram para mobilidade torácica xifóide entre

Musculação e os demais grupos (p ≤ 0,05). Quanto a CVF e VEF1, ocorreram

diferenças respectivamente, entre sedentárias e praticantes de Hidroginástica (p=0,013 e

p=0,015) e Musculação (p=0,027 e p=0,034). Para o Estudo 2, ocorreu interação

significativa entre momento e grupo para as variáveis circunferência do braço, atividade

de lazer, FEF25-75%, pressão expiratória máxima e pressões expiratória e inspiratória

máxima endurance.

No Estudo 1, a análise de regressão múltipla mostrou que a dobra cutânea do

tríceps e a relação cintura / quadril explicaram variáveis pulmonares. No Estudo 2,

variáveis pulmonares foram explicadas pela dobra cutânea do tríceps (pré e pós

intervenção), Índice de Massa Corpórea, circunferência muscular do braço e panturrilha

(pós intervenção). A musculação e a hidroginástica parecem ser atividades físicas que

mais favorecem a função pulmonar de idosas. A prática regular de Musculação

influenciou a mobilidade torácica axilar e xifóide. Idosas praticantes de Hidroginástica e

Musculação apresentaram melhor desempenho para CVF. O PEG influenciou a

Page 49: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

49

circunferência do braço, o FEF25-75% e o desempenho nas pressões respiratórias

máximas.

A amostra do estudo foi suscetível aos benefícios do PEG para alguns

indicadores antropométricos e pulmonares. O PEG parece favorecer especialmente os

músculos respiratórios por meio da força e endurance, confirmando o papel do exercício

físico, especialmente o generalizado, em amenizar o impacto do envelhecimento na

capacidade funcional.

No artigo intitulado como “Atividade física e desempenho em tarefas de funções

executivas em idosos saudáveis: dados preliminares” dos autores Andreza Giuliane

Guimarães Moreira; Leandro Fernandes Malloy-Diniz; Daniel Fuentes; Humberto

Correa; Guilherme Menezes Lage, esses escrevem que a atividade física parece exercer

um efeito positivo sobre vários processos cognitivos em idosos. Entretanto, pouco se

sabe sobre o impacto da atividade física sequencial, como a dança, sobre as funções

executivas dos idosos.

Os autores tiveram como avaliar a relação entre o tipo de atividade física

praticada e o desempenho em tarefas de funções executivas em idosos. Participaram do

estudo 35 idosos entre 60 e 69 anos de idade. O grupo controle (GC) foi composto por

idosos sedentários; o grupo ativos (GA) foi composto por idosos praticantes de

atividade física; o grupo dança (GD) foi composto por idosos praticantes de atividade

física idêntica ao GA acrescido da prática de dança sênior. Após uma triagem inicial,

todos os participantes foram submetidos a testes de funções executivas. Os resultados

preliminares encontrados sugerem uma especificidade da atividade física sobre o

desempenho de determinadas funções executivas. A perspectiva é de que com uma

maior amostra esses achados sejam mantidos.

Seguindo na mesma linha da dança como instrumento de mensuração, temos a

dissertação intitulada “Efeito na dança de salão no perfil lipídico de idosas hipertensas

cadastradas na Unidade de Saúde da Família da Bela Vista, Vitória de Santo Antão–

PE”, de Osinez Barbosa de Oliveira (2011). Segundo o autor, a dislipidemia é um

quadro clínico caracterizado por concentrações elevadas de lipoproteínas no sangue e

configuram um importante fator de risco às doenças cardiovasculares. A adoção de

comportamentos saudáveis é uma abordagem de redução da dislipidemia e,

consequentemente, de proteção cardiovascular.

Page 50: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

50

O estudo usou a dança de salão para observar o seu efeito no perfil lipídico de 21

idosas portadoras de hipertensão arterial sistêmica, usuárias do serviço público de saúde

no município de Vitória de Santo Antão. A metodologia utilizada foi do tipo descritiva e

longitudinal com abordagem quantitativa. Inicialmente foi testada a normalidade dos

dados através do teste de Kolmogorov Smirnov, seguido de uma análise descritiva por

meio de média e desvio padrão, valores mínimos e máximos. Posteriormente, foi

aplicado uma correlação de Pearson e comparação Anova entre as variáveis estudadas.

As análises foram realizadas no Programa SPSS versão 18.0. O nível de

significância utilizado na decisão dos testes estatísticos foi de 5,0%. A idade das idosas

variou de 60 a 85 anos com média de 68,14 ± 6,91 anos. Os resultados mostraram que

os triglicerídeos reduziram-se aos valores desejáveis. O nível de satisfação das idosas

que participaram das atividades de grupo foi bastante elevado, desse modo melhorando

sua compreensão de si mesmas, das suas relações e do meio em que vivem.

O artigo “Ansiedade e parâmetros funcionais respiratórios de idosos praticantes

de dança” das autoras Adriana Coutinho de Azevedo Guimarães; Aline Pedrini; Darlan

Laurício Matte; Fernanda Guidarini Monte; Silvia Rosane Parcias (2011) trabalhou a

ansiedade como um diagnóstico comum encontrado em idosos e que se associa

comumente a anormalidades respiratórias. Ligado ao envelhecimento encontra-se

também o sedentarismo, o qual é um importante fator de risco para diversas patologias.

Partindo da premissa que a prática de atividade física regular melhora a ansiedade e a

condição cardiorrespiratória, os pesquisadores verificaram que, entre os tipos de

atividades físicas, a dança destaca-se como uma boa opção para os idosos. O artigo

descreve os parâmetros respiratórios de idosas praticantes de dança quando comparadas

com idosas sedentárias e a influência da prática regular de dança sobre a ansiedade.

Foram avaliadas 18 idosas, divididas em dois grupos: praticantes de dança

(grupo G1) e sedentárias (grupo G2). Nos grupos G1 e G2, foram aplicados o inventário

de ansiedade traço-estado IDATE, a cirtometria, a espirometria e a manovacuometria,

além de ser utilizado o questionário de Baecke modificado para idosos, apenas para o

grupo G2, a fim de garantir o sedentarismo dos participantes. Foi realizada a estatística

descritiva para sintetizar os dados.

As participantes do grupo G1 apresentaram valores superiores em relação à

ansiedade-estado e à pressão expiratória máxima. A cirtometria em nível basal foi maior

nas participantes do grupo G1, enquanto em nível xifoide foi maior nas idosas do grupo

Page 51: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

51

G2. Todas as participantes obtiveram valores de espirometria dentro da normalidade,

sem diferenças entre os grupos. Os pesquisadores observaram nas idosas que praticam

dança de forma regular menor nível de ansiedade-traço, valores adequados de pressão

expiratória máxima e maior valor na cirtometria em nível basal.

O “Impacto das danças de salão na pressão arterial, aptidão física e qualidade de

vida de idosas hipertensas”, dissertação de Flavio Campos de Morais (2011), apresenta

o acréscimo da população de idosos, e observa o significativo aumento na incidência de

várias doenças que comprometem a qualidade de vida e autonomia desse segmento da

população. Dentre as doenças crônico-degenerativas a hipertensão arterial sistêmica é

apontada como um dos fatores de risco mais significativo para o desenvolvimento de

doenças do aparelho cardiovascular, atingindo cerca de 65% de pessoas acima de 60

anos.

Em contrapartida, o autor aponta que mudanças no estilo de vida, incluindo

programas de exercício físico regular, assumem um papel de destaque na relação saúde-

doença, diminuindo a incidência e prevenindo várias doenças decorrentes do processo

de envelhecimento. Segundo o autor da pesquisa, o exercício físico apresenta vários

benefícios para as pessoas idosas, como: diminuição dos níveis pressóricos, melhora da

capacidade aeróbica, da flexibilidade, do equilíbrio e da força muscular. No entanto,

assinala que o tipo de atividade tem que ser prazerosa para haver uma maior adesão ao

programa de exercícios. Por isso o autor esclarece que estudos deixam evidente a

importância das danças de salão como forma de terapia, auxiliando o bem estar mental,

emocional, no equilíbrio, e na força muscular, repercutindo positivamente na qualidade

de vida dos mais velhos.

O estudo contou com a participação de 29 idosas, com idade média de 68,03 ±

6,15 anos, cadastradas no Programa Saúde da Família do Bairro da Bela Vista, zona

urbana, da cidade de Vitória de Santo Antão, no qual foi verificado o efeito das danças

de salão sobre a pressão arterial, assim como a associação do resultado de testes de

aptidão física (senior fitness test) com a percepção da qualidade de vida das

participantes. Para cálculo estatístico foi realizada uma análise descritiva, aplicou-se o

teste t de student pareado, correlação de spearman‟s e análise de regressão linear

múltipla. A normalidade dos dados foi testada por meio do teste kolmogorov-Smirnov,

e o nível de significância adotado foi de p < 0,05.

Page 52: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

52

De acordo com o autor, todas as análises foram realizadas no statistical package

for the social Science. Os resultados da pesquisa demonstraram efeito hipotensor agudo

da pressão sistólica (p= 0, 0003) e pressão diastólica (p= 0, 0442) e efeito hipotensor

crônico da pressão sistólica basal (p=0, 002). Foi verificada uma melhora no

desempenho no teste de caminhada de 6 minutos, após 17 semanas de aulas de dança de

salão (p= 0, 0060). O autor descreve que as idosas apresentaram bons escores de

qualidade de vida para todos os domínios (psicológico, social, físico e ambiental) e o

domínio ambiental teve maior influência no domínio global de qualidade de vida das

participantes (cho = 0, 63).

“Influência da dança na força muscular de membros inferiores de idosos”, artigo

de Silva, Bisognin, Ogliari, Comparin (2011), resultado de estudo que avaliou a

influência da dança na força muscular de membros inferiores de idosos. A pesquisa, de

caráter quali-quantitativo, contou com 10 sujeitos idosos de ambos os sexos, que

praticaram aulas de dança de salão durante 12 semanas. A avaliação, realizada antes e

após esse período, foi composta por questionário com dados pessoais e anamnese, teste

de levantar e sentar em 30 segundos e entrevista semi-estruturada com pergunta

norteadora em relação à percepção de força muscular.

A pesquisa utilizou como análise quantitativa o teste estatístico T Pareado, com

nível de significância de p<0,05%. Na análise qualitativa, foram utilizados

direcionamentos propostos por Minayo (1994). A força muscular mensurada através do

teste de sentar e levantar em 30 segundos, demonstra que 4 participantes tiveram

diminuição e 6 tiveram aumento no número de movimentos completos executados no

teste, mas não houve diferença significativa estatisticamente entre os valores antes e

após a intervenção (P=0,1934). O discurso dos participantes demonstrou, porém, que

houve melhora perceptiva do idoso quanto à força muscular e também da mobilidade,

jovialidade e autoestima.

Os autores sugerem que o efeito da dança, praticada na frequência utilizada no

estudo, causa maior efeito no bem-estar e na esfera psicossocial do indivíduo do que na

força muscular mensurável. Concluíram que a atividade lúdica em fisioterapia, realizada

através de exercícios em grupo, traz benefícios; porém, não deve ser uma atividade

isolada, mas sim associada a um treino específico para ganho de força muscular voltado

às necessidades de idosos.

Page 53: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

53

Outro estudo que também focou a aderência resultou na dissertação “Dança e

aderência à atividade física de idosos na cidade de Piracicaba – SP”, autoria de Lia

Carla Gordon Leme (2012). A autora explica que na cidade, a dança é uma das

atividades mais procuradas pelos idosos. No entanto, ela assinala que estudos sobre esta

população e dança referem-se apenas a experiências na terceira idade e não ao longo da

vida. Por isso sua investigação teve como objetivo verificar se a prática da dança ao

longo da vida contribui para a aderência à atividade física na velhice e se esta prática

contribui para a melhoria da qualidade de vida e de condições de saúde. A autora ainda

visou averiguar como os idosos da cidade aprenderam a dançar e como eles se sentem

dançando.

A pesquisa contou com a participação de 55 pessoas com mais de 60 anos de

idade, frequentadores da Associação dos Grupos de Terceira Idade de Piracicaba

(AGTIP), e moradores e frequentadores do Lar dos Velhinhos de Piracicaba, no Estado

de São Paulo. Os idosos foram divididos em quatros grupos, independentemente da

instituição de procedência, sendo: G1 (que dançavam, há no mínimo 39 anos

consecutivos, e atualmente realizavam esta atividade por duas ou mais vezes na

semana); G2 (idosos que dançavam, há no mínimo 39 anos consecutivos, e realizavam

esta atividade menos de duas vezes na semana); G3 (idosos que realizavam outro

exercício físico atualmente, por duas ou mais vezes na semana) e; G4 (idosos que

realizavam outro exercício físico, menos de duas vezes por semana ou não realizavam

exercício físico sistemático).

Para verificação do nível de aderência à atividade física a autora aplicou o

Questionário Internacional de Atividades Físicas (IPAQ), versão curta. Fez também um

questionário sobre a prática de atividade física, questões que foram inseridas dentro da

Ficha de Saúde. A qualidade de vida foi verificada com o uso do questionário de

qualidade de vida – WHOQOL-BREF. Ela também analisou as variáveis: escolaridade,

tabagismo, etilismo e frequência de visitas ao médico através da ficha de saúde.

A autora realizou também entrevistas semi-estruturadas, com perguntas abertas

sobre a dança na história de vida das pessoas dos grupos G1 e G2. Os dados dos

questionários foram apresentados através da estatística descritiva. Para análise

estatística foram aplicados o Teste de Kruskal Wallis, teste de Dunn, teste de Qui-

quadrado, teste de Correlação Linear de Spearman.

Page 54: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

54

De acordo com a autora, os resultados do estudo se somam a outros achados na

literatura nos quais foi estabelecida a correlação entre o nível de atividade física e a

qualidade de vida de idosos. Segundo ela, em todos os grupos, ocorreu relação entre os

aspectos físicos e sociais referente à qualidade de vida percebida, sendo que o aspecto

mais prejudicado da qualidade de vida foi o do meio ambiente.

Leme explica que os grupos que praticam exercício físico duas ou mais vezes

por semana foram classificados como sendo os mais ativos se comparados aos outros

dois grupos, o que era esperado. Segundo ela, os idosos dançantes apresentaram um

nível de atividade física similar aos de idosos que praticavam outros tipos de exercício

físico. Ela conclui que a dança contribui para a aderência ao exercício físico ao longo da

vida e que auxilia na manutenção desta prática na velhice.

Leme verificou que entre os principais motivos que levaram os idosos a

aderirem à dança estão os sentimentos positivos produzidos, o que contribui para que

continuem a dançar. Outro motivo importante para a aderência é que as pessoas têm

uma visão do baile e da dança como um evento social, e isto as incentiva a buscarem os

locais onde possam participar de eventos de dança; e não como um exercício físico.

Analisar e comparar os efeitos de três modalidades de atividade física: atividade

física geral, dança e musculação, na capacidade funcional de idosos foi o objetivo do

artigo “Efeitos de três modalidades de atividade física na capacidade funcional de

idosos”, dos autores Deisy Terumi Ueno; Sebastião Gobbi; Camila Vieira Ligo

Teixeira; Émerson Sebastião; Alexandre Konig Garcia Prado; José Luiz Riani Costa;

Lilian Teresa Bucken Gobbi (2012). A amostra foi composta por 94 idosos com idade

média de 64,06 ± 7,38 anos, que participavam do PROFIT. Para a avaliação foi utilizada

a bateria de testes da AAHPERD, da qual se obtém os níveis de flexibilidade,

coordenação, agilidade e equilíbrio dinâmico, resistência de força e resistência aeróbia

geral, antes e após quatro meses de intervenção.

Os resultados apontaram de uma maneira geral uma manutenção nos níveis dos

componentes da capacidade funcional. Os participantes do grupo atividade física geral

obtiveram melhora dos resultados nos componentes: resistência de força, agilidade e

equilíbrio dinâmico. Os autores concluíam que a prática de atividade física regular e

sistematizada, independentemente da modalidade, pode ter influência positiva no

desempenho funcional de idosos, podendo preservar sua independência e autonomia.

Page 55: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

55

Outra dissertação, intitulada “Centro Cultural Cartola: um estudo sobre

envelhecimento e migração com alunos de dança de Salão”, de Marcia Fraga Sampaio

(2013), organizada a partir de dois eixos temáticos: envelhecimento e migração foi

realizada tendo por base a teoria de cunho social que a fundamenta e a elaboração das

entrevistas com alunos da aula de dança de salão do Centro Cultural Cartola, localizado

no Complexo da Mangueira, na cidade do Rio de Janeiro.

Essa pesquisa teve como objetivo primordial verificar como o grupo se beneficia

dos recursos oferecidos pela instituição através das oficinas de dança de salão no

processo de construção do envelhecimento. A primeira observação foi constatar que

havia, ao lado da motivação do prazer proporcionado pela dança, um estímulo quanto à

preservação da saúde. Paralelamente, na hora da elaboração do perfil dos

frequentadores, foi observado que expressivo percentual do grupo era de migrantes,

fator que veio a integrar os dados. Como metodologia a autora privilegiou a pesquisa

participativa, cujo principal recurso foi a pesquisa de campo, com coleta de dados e

análise das entrevistas realizadas.

Outra investigação na mesma linha da dança como instrumento de mensuração,

é a tese de doutorado intitulada “Efeitos de um programa de danças de salão sobre o

equilíbrio, função muscular, controle postural e funcionalidade associados ao risco de

quedas em idosas”, de autoria de Christina Paramustchak Cruz Cepeda (2013). A

pesquisa assinala logo de início que o envelhecimento está associado ao declínio

gradativo das funções dos sistemas muscular, sensorial e nervoso. Assinala que

alterações no sistema neuromuscular geralmente são expressas pela redução da massa e

força muscular, que associados a alterações dos sistemas de controle postural podem

interferir na estabilidade postural e na capacidade em realizar atividades funcionais que

são essenciais para a independência, qualidade de vida e bem estar do idoso.

Aponta que a prática de exercício regular têm sido uma das estratégias para

minimizar os declínios físicos que acompanham o envelhecimento. Nesse sentido, o

estudo teve como objetivo analisar a influência de um programa de danças de salão de

intensidade baixa / moderada sobre a arquitetura muscular, função muscular, controle

postural (estático e dinâmico) e funcionalidade em idosas com diferentes níveis iniciais

de força (maior e menor desempenho muscular).

A pesquisa contou com a participação de 47 mulheres com idade entre 60 e 75

anos, sendo que 15 delas desistiram de participar do programa de danças de salão e

Page 56: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

56

foram alocadas para o grupo controle (GC). Para a composição dos grupos

experimentais (n=32), as participantes foram classificadas pelo pico de força dos

músculos extensores dos membros inferiores (extensores do quadril, joelho e

plantiflexores) através do algoritmo de Cluster k-Means, e formados o grupo de maior

desempenho muscular (GMAD, n=15) e grupo de menor desempenho muscular

(GMED, n=17). As participantes tiveram a arquitetura muscular dos membros inferiores

(comprimento do fascículo, ângulo de penação e espessura - ultrassonografia), função

muscular dos membros inferiores (pico de torque, taxa de desenvolvimento de torque

em CVIM, ativação voluntária máxima – CAR), equilíbrio (estático e dinâmico – teste

do passo) e funcionalidade (desempenho em testes funcionais e um associado a uma

dupla tarefa) analisadas antes (pré) e após o programa de intervenção (pós).

O período de intervenção compreendeu 8 semanas, 3 sessões semanais com

duração de 60 minutos cada aula. O programa foi composto pelos passos básicos do

Bolero (100 BPM), Forró (120 BPM), Valsa (60 BPM) e música Sertaneja (128 BPM).

As aulas foram padronizadas, sendo que cada um dos ritmos foi ministrado durante duas

semanas. Após o período de intervenção, os resultados mostraram importantes

alterações na arquitetura muscular, aumentos na força e na taxa de desenvolvimento de

torque, redução da falha de ativação voluntária máxima (CAR), melhorias no equilíbrio

estático, no tempo do teste do passo, no desempenho de todos os testes funcionais e no

de dupla tarefa nos dois grupos experimentais (GMAD e GMED).

O artigo “Capacidade funcional submáxima e força muscular respiratória entre

idosas praticantes de hidroginástica e dança: um estudo comparativo”, de Isabella

Martins de Albuquerque; Alessandra Emmanouilidis; Talita Ortolan; Dannuey Machado

Cardoso, Ricardo Gass; Renan Trevisan Jost; Dulciane Nunes Paiva (2013) relata que o

exercício físico é uma estratégia eficaz para prevenir e retardar as perdas funcionais do

envelhecimento, mas há poucos estudos indicando qual a melhor modalidade para

incrementar o status funcional do idoso. O objetivo desse estudo foi comparar a força

muscular respiratória (FMR) e a capacidade funcional submáxima de idosas praticantes

de hidroginástica e dança.

Os autores adotaram como método para esse estudo a avaliação transversal com

idosas do sexo feminino (n=46), praticantes de hidroginástica (Grupo Hidroginástica –

GH; n=23) e dança (Grupo Dança – GD; n=23). Para medida da prática de atividade

física, foi utilizado o International Physical Activit Questionnarie (IPAQ-versão curta);

Page 57: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

57

a FMR foi avaliada por meio da pressão inspiratória máxima (PImax) e da pressão

expiratória máxima (PEmax), e a medida da capacidade funcional submáxima, realizada

pelo Teste da Caminhada dos Seis Minutos (TC6m).

As idosas participantes do estudo praticantes de dança evidenciaram maior força

muscular inspiratória e capacidade funcional submáxima, possivelmente devido ao

maior nível de atividade física e também pelo fato de a dança ser uma modalidade

essencialmente aeróbia.

“Efetividade da fisioterapia associada à dança em idosos saudáveis: ensaio

clínico aleatório” dos autores Natália Mariano Barboza; Eduardo Nascimento Floriano;

Bruna Luísa Motter; Flávia Cristina da Silva; Suhaila Mahmoud Smaili Santos (2014),

trata-se de um artigo que relata a efetividade da fisioterapia associada à dança em idosos

saudáveis nos desfechos “equilíbrio”, “flexibilidade” e “agilidade”.

Foi utilizado como método o ensaio clínico aleatório, no qual a amostra foi

composta por 22 indivíduos e posteriormente aleatorizada em dois grupos: controle

(GC; 7M/4H; idade= 74,1±7,3; n=11) e intervenção (GI; 9M/2H; idade= 75,7±7,8;

n=11). Os grupos foram submetidos às seguintes avaliações realizadas no período pré e

pós-intervenção: avaliação do equilíbrio pela Escala de Berg, agilidade pelo Timed Up

and Go test e flexibilidade pelo Banco de Wells (janela aberta e fechada).

Os idosos foram submetidos a um programa de intervenção fisioterapêutica

associada à dançaterapia composto por 16 terapias com duração de 60 minutos e

frequência de duas vezes semanais. A intervenção seguiu um protocolo de evolução

baseado na complexidade dos exercícios e teve como principais objetivos estimular

equilíbrio, independência funcional e alongamento muscular. A análise estatística foi

realizada pelo programa SPSS 15.0. Foram utilizados os testes de Mann-Whitney para a

comparação dos grupos e Wilcoxon para comparar os momentos pré e pós-intervenção,

com significância estatística de 5%.

Como conclusão os autores apresentam que o grupo intervenção apresentou

melhora do equilíbrio (p=0,04), flexibilidade (p=0,01) e agilidade (p=0,03) em relação

ao grupo controle. O grupo controle apresentou melhora nos níveis de flexibilidade

(p=0,01). Sendo assim, o programa proposto se mostrou efetivo para melhora do

equilíbrio, flexibilidade e agilidade nos indivíduos submetidos à intervenção.

Page 58: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

58

A tese intitulada “Influência de um programa sistematizado de danças circulares

em aspectos psiconeuroimunológicos de idosos cuidadores de indivíduos com doença

de Alzheimer”, de Danilla Icassatti Corazza (2014), teve como objetivo principal

analisar a influência de um programa sistematizado de danças circulares em aspectos

psiconeuroimunológicos de idosos cuidadores de indivíduos com doença de Alzheimer.

Entre os objetivos específicos perseguidos pela autora estava o de analisar os efeitos de

um programa sistematizado de danças circulares em aspectos psiconeuroimunológicos

de idosos cuidadores de indivíduos com doença de Alzheimer.

Com este estudo a autora observou que o programa sistematizado de danças

circulares em aspectos psiconeuroimunológicos de idosos cuidadores de indivíduos com

doença de Alzheimer teve influência positiva nos níveis de sobrecarga do cuidador e de

estresse, diminuição dos níveis de glicemia, maior magnitude da diminuição dos níveis

de cortisol e razão cortisol/DHEAS, melhor precisão na percepção de tempo e melhoras

de componentes da capacidade funcional. A conclusão do estudo assinala que o

programa sistematizado de danças circulares foi capaz de promover influências

benéficas em aspectos psiconeuroimunológicos de idosos cuidadores de indivíduos com

doença de Alzheimer.

A tese “Prática regular de dança: relação com qualidade de vida, autoimagem,

autoestima e sintomas depressivos em mulheres pós-menopáusicas de um grupo de

convivência de Zilda Maria Coelho Montenegro (2014), avalia a relação entre a prática

regular da dança, qualidade de vida, autoimagem e autoestima em mulheres pós-

menopáusicas e sintomas depressivos em idosas. A tese teve como metodologia ensaio

clínico de abordagem quanti qualitativa, realizado com uma amostra de mulheres pós-

menopáusicas de um grupo de convivência na cidade de Bayeux, PB, Brasil. O estudo

foi realizado em três etapas, a saber: a) avaliação inicial, b) três meses de intervenção

com aulas de dança e c) uma avaliação final.

Foram aplicados os instrumentos: WHOQOL-bref, Questionário de Autoimagem

e autoestima de Stobäus, Escala de Depressão Geriátrica Yesavage, ficha informativa

incluindo dados socioeconômicos e de saúde e um questionário com questões abertas.

Para comparar médias entre os momentos avaliados, foi utilizado o teste t-Student

pareado. Na avaliação de proporções foi utilizado o teste de McNemar. Foi adotado

ainda o nível de significância de 5% (p=0,05) e as análises foram realizadas no

Page 59: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

59

programa SPSS versão 18.0. A análise qualitativa foi feita através da técnica de Análise

de Conteúdo, proposta por Bardin.

Neste estudo, participaram 38 mulheres com média de idade de 62,7 ± 7,2 anos,

com predomínio de mulheres casadas, a maioria com ensino fundamental incompleto e

renda, em mediana, de um salário mínimo. Dessas, 73,7% relataram problemas de saúde

sendo a maioria com doenças cardiovasculares. A maioria dos sujeitos acredita que a

dança significa saúde, está satisfeita com o próprio corpo, e apontou que a dança

proporciona bem estar.

Quanto ao domínio social do WHOQOL-bref (p=0,033), houve melhora

significativa. A autoimagem e autoestima, que já eram positivas no início do estudo não

sofreram alteração significativa. O nível de escolaridade se associou significativamente

à adesão à dança. Os sujeitos que mais aumentaram sua AIAE foram os que mais

reduziram os sintomas depressivos (p=0,050). Houve associação positiva

estatisticamente significativa entre as variações do escore geral de QV do WHOQOL-

bref com as variações do escore de AIAE (p=0,043).

Os resultados da pesquisa indicaram que as doenças cardiovasculares são as que

mais atingem as pessoas; que a dança é vista como uma atividade que favorece a saúde

e que proporciona alegria, satisfação e bem estar. Se praticada regularmente, a dança

pode melhorar a qualidade de vida de mulheres pós-menopáusicas, em especial no que

diz respeito ao domínio social. Embora a dança não se mostre eficaz na redução da

sintomatologia depressiva, ela pode favorecer o surgimento de emoções positivas, como

alegria, ânimo, jovialidade e liberdade.

A tese “Bailes de idosos: relação entre o nível de atividade física e marcadores

de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares”, da autora Fernanda

Christina de Souza Guidarini (2014), relata que as doenças cardiovasculares são causa

de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo. Estratégias para a prevenção das DC

são necessárias no sentido de minimizar a possibilidade de eventos cardiovasculares e

gastos em saúde pelo poder público. Neste panorama, torna-se essencial a busca por

atividades físicas (AF) no intuito de resgatá-las ao contexto da prevenção.

Os bailes proporcionam atividade física de lazer e são bastante frequentados por

idosos. Na região de Florianópolis existe uma ampla e regular oferta de bailes (sete dias

por semana) com longa duração (de 3 a 5 horas). Entretanto, esse local de prática de

Page 60: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

60

dança é pouco estudado em pesquisas sobre prevenção de saúde. Assim, a autora

realizou um estudo com objetivo geral de verificar a associação entre a dança praticada

em bailes e o risco de desenvolver doenças cardiovasculares em idosos. Os bailes

elegíveis foram aqueles realizados de forma regular, no período vespertino, nos Centros

Comunitários da Região de Florianópolis. Nestes bailes foram investigados volume e

intensidade da dança praticada por idosas denominadas grupo baile (GB). Um grupo

controle (GC) foi formado por idosas que não frequentavam o baile, mas participavam

de bingos nos mesmos centros comunitários dos bailes. Todas as idosas preencheram o

questionário de caracterização e utilizaram o acelerômetro sete dias durante 10

horas/dia, para mensurar o nível de atividade física semanal.

Foi concluído que as atividades físicas apresentaram associações inversas com

os marcadores de risco cardiovasculares quando realizadas de forma igual ou maior do

que a intensidade leve alta, ou seja, quando classificadas a partir da intensidade

moderada por meio do ponto de corte. Em relação ao volume foi observada a associação

inversa somente com os 150min/semana de AFLMV. Sobre a atividade física realizada

nos bailes, concluiu-se que esta parece contribuir para uma vida mais

ativa e saudável no envelhecimento, tendo este estudo demonstrado volume e

intensidade adequados na A.F dos bailes para proporcionar benefícios à saúde das

idosas.

Também se conclui que as idosas do grupo baile apresentaram menores valores

nos fatores de risco para doenças cardiovasculares quando comparadas as idosas do

grupo controle. A associação inversa entre as intensidades da AF realizada nos bailes

com os valores de NPT sinalizou a necessidade de novas pesquisas para esclarecer

questões de causa e efeito entre essas variáveis.

O artigo “O benefício da dança sênior em relação ao equilíbrio e às atividades de

vida diárias no idoso” das autoras Aline Felipe Gomes da Silva; Andréa Marques Berbel

(2015) relata que com a chegada da velhice, ocorrem mudanças que determinam uma

progressiva perda da capacidade de adaptação do indivíduo, resultando em dificuldades

para manter o equilíbrio ao realizar suas atividades de vida diárias, dificultando a

convivência na sociedade. A dança, por sua vez, proporciona a melhora da capacidade

funcional e dos benefícios psicológicos.

O objetivo das autoras foi avaliar o benefício da dança sênior em relação ao

equilíbrio e às atividades de vida diárias no idoso. Em relação ao método, participaram

Page 61: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

61

do grupo de dança sênior 19 idosos entre 60 a 85 anos, que responderam as escalas de

equilíbrio de Berg e de atividades de vida diárias de Lawton. A dança sênior foi

aplicada duas vezes por semana, durante três meses e, ao final desse período, foram

refeitas as duas escalas citadas. As autoras verificaram que a prática de dança sênior

trouxe melhora do equilíbrio e das atividades de vida diárias.

A dissertação intitulada “Estudo controlado da força muscular e equilíbrio de

idosas participantes da ala das baianas de escola de samba”, de Marcos Mauricio Serra

(2015), relata que a dança possibilita a aquisição de habilidades e auxilia na melhora da

capacidade motora, permitindo movimentos mais complexos. O objetivo do trabalho foi

analisar o equilíbrio postural e a força muscular de mulheres idosas que participam de

desfiles no carnaval.

Para a realização do estudo foram recrutadas 110 mulheres, com média de idade

de 67,4 (5,9) anos, divididas em dois grupos. Um grupo de idosas participantes dos

desfiles de carnaval na “Ala das Baianas” (GrBaianas) e um grupo controle que não

realiza tal atividade (Gr-Controle). Foram avaliadas as características

sociodemográficas; clínicas; atividade física; psicocognitivas; equilíbrio postural

dinâmico; força muscular de flexores e extensores de joelho utilizando o dinamômetro

isocinético; força de preensão palmar e avaliação do equilíbrio postural por meio de

uma plataforma de força nas seguintes condições: olhos abertos e olhos fechados. Nas

condições sociodemográficas os grupos foram diferentes no item socioeconômico. De

acordo com o autor não houve diferenças significantes na avaliação psicocognitiva, no

número de quedas, no equilíbrio dinâmico e no equilíbrio postural com olhos abertos e

força muscular de flexores e extensores de joelho. O grupo Baianas apresentou força de

preensão palmar superior ao controle em ambos os membros, houve diferença

significante em todas as variáveis do equilíbrio postural com os olhos fechados.

As condições sociodemográficas, clínicas, funcionais e psicocognitivas e força

de flexores e extensores de joelho não demonstraram diferenças entre os grupos. As

coreografias das dançarinas de samba demonstraram influência no equilíbrio postural

com os olhos fechados, com menores oscilações no sentido anteroposterior e médio-

lateral e maiores amplitudes de deslocamento, velocidade e área de deslocamento nos

dois

sentidos. As baianas apresentaram maior força de preensão palmar que o controle.

Page 62: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

62

Na relação saúde-doença, a dança ganha destaque

Verificamos que dança ganha papel de destaque na relação saúde-doença como

uma estratégia não farmacológica para minimizar o declínio físico e cognitivo

decorrente dos efeitos do processo de envelhecimento, assim como para a melhora

funcional e a prevenção de doenças relacionadas ao sistema cardiorrespiratório e

pressão arterial.

Os pesquisadores foram unânimes quanto a satisfação na prevenção de doenças e

também nos quadros clínicos apresentados nas pesquisas. Essa melhora segue

concomitante aos benefícios biopsicossociais onde há relatos de uma diferença positiva

na qualidade de vida dos praticantes, que adquirem maior consciência corporal,

compreensão de si mesmos e do meio, proporcionando bem estar e prazer durante e

após a prática.

Page 63: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

63

VII. COREOGRAFIA: A DANÇA COMO RECURSO ETNOGRÁFICO

Dança como Recurso Etnográfico é apresentada aqui por meio de produções

que focam a dança como possibilidade de exercício de cidadania, autonomia

e empoderamento. Entendemos a etnografia como o estudo da cultura dos

povos, a ciência das etnias, inerente a aspectos antropológicos culturais que

estudam os processos de sociabilização.

As pesquisas alocadas nesta coreografia são:

1. Motivos e Sentidos da Dança da Terceira Idade na Cidade de Presidente

Prudente-SP

2. Biodança como processo de renovação existencial do idoso: análise

etnográfica

3. Autoconceito do idoso e biodança: Uma Relação Possível

4. Baila Comigo: os velhos que dançam na Praça de Poços de Caldas

5. Corpo, maturidade e envelhecimento. O feminino e a emergência de outra

estética através da dança

6. Atividade física, Educativa e de Dança: Um estudo dos valores pessoais

dos consumidores idosos

7. Influência da dança no aspecto biopsicossocial do idoso

8. Problematizando articulações entre gênero, sexualidade e

envelhecimento: Um estudo com mulheres frequentadoras de bailes na

cidade de Fortaleza

Foram analisadas cinco dissertações utilizando a dança como recurso

etnográfico, uma tese e dois artigos, totalizando oito produções científicas em que sete

delas tiveram presente o método qualitativo. As pesquisas datam de 2002 a 2015 e as

palavras chaves encontradas com maior frequência foram idosos e dança, nessa ordem.

As instituições públicas, mais uma vez foram palco da maior quantidade de

investigações e as mulheres as responsáveis pela produção de sete pesquisas e apenas

uma foi realizada em conjunto por homem e mulher.

Entre as áreas de conhecimento que coreografaram a dança como recurso

etnográfico destacamos a Gerontologia (3), Psicologia (2), Artes Cênicas (1),

Enfermagem (1) e Administração (1). Observamos que apesar de poucas pesquisas, há

A

Page 64: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

64

uma diversidade na área de formação das pesquisadoras em que a dança e o

envelhecimento estão presentes como outra forma de ação, mais humana, mais

autônoma e mais empoderada.

A tese de doutorado intitulada “Motivos e sentidos da dança da terceira idade na

Cidade de Presidente Prudente - SP”, de Arminda Maria Maluf (2002), centrou-se na

busca dos motivos que levam os idosos da cidade, especificamente os bailes do Clube

da Terceira Idade Dona Dalila, a terem a dança de salão como atividade de lazer

preferida. A pesquisadora parte do pressuposto que programas de lazer para a terceira

idade evidenciam a preocupação com a qualidade de vida e bem estar do idoso, chama a

atenção para a necessidade de informações a respeito do processo de envelhecimento e

de lazer da pessoa idosa para a sociedade.

O depoimento de 100 idosos, frequentadores e organizadores dos bailes, assinala

a preferência pela dança, que se dá pela emoção do contato físico e social que ela

proporciona. A autora ressalta que a dança permite a integração, a encenação da fantasia

e a manifestação do desejo de liberdade, reconhecida pelo senso comum sob a

denominação de desejo de prazer. Segundo ela, a prática da dança de salão (bailes), em

programas de lazer do idoso, reintegra o mesmo à sociedade, que se socializa com

outras pessoas, integrando-se em associações e grupos de convivência. Possibilita,

ainda, a discussão de seus problemas em conjunto, e a organizarem-se para lutar por

seus direitos e por melhores condições de vida.

A autora assinala ainda que as características do processo de envelhecimento, os

estereótipos sociais, a construção contínua da identidade, a necessidade de motivação

para uma autoimagem positiva, a importância dos programas de lazer, e,

principalmente, a dança de salão, são pontos abordados na revisão da literatura realizada

e presentes nos resultados dos depoimentos dos sujeitos.

Seguindo na mesma linha da dança como recurso etnográfico, a tese intitulada

“Biodança como processo de renovação existencial do idoso: análise etnográfica”, de

Bárbara Pereira D‟Alencar (2005), busca principalmente, compreender o significado da

Biodança para oito idosos entre os 15 que compõem o grupo de Biodança do SESC de

Fortaleza, Ceará.

O método de investigação caracterizou-se como uma etnografia com a

observação participante registrada em diário de campo, associada às entrevistas. O

Page 65: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

65

trabalho de campo teve a duração de um ano e nove meses, com frequência semanal no

ambiente do grupo de convivência que utilizava o sistema Biodança, que tem como

referencial imediato à vida.

A autora convoca Rolando Toro, criador da Biodança, que explica que esta é

como um sistema de integração e desenvolvimento humano, orientado para o estudo e a

expressão das potencialidades humanas induzidas pela música, pela dança, por

exercícios de comunicação em grupo e vivências integradoras. Foi utilizada a análise de

narrativa com base em Paul Ricœur. De acordo com a autora, nas entrevistas, os

significados da Biodança que emergiram do processo de análise e interpretação firmam

a reconstrução do cotidiano dos idosos e a melhora de suas condições de saúde, com o

aumento do ímpeto vital e a vontade de viver; ajuda aos idosos a sentirem-se inseridos

no mundo, em sintonia com a natureza, propicia vivências com autonomia e desperta

projetos existenciais.

D‟Alencar conclui que a Biodança é uma estratégia que fortalece o

enfrentamento das dificuldades e, como tal, estimula a liberdade, amplia o círculo de

relacionamentos, promovendo a acolhida e a solidariedade, incentiva a mudança de

atitudes e comportamentos diante da vida. Nesse sentido, a autora assinala que a

Biodança promove a renovação existencial dos idosos. A pesquisadora relata a

contribuição da Biodança como uma estratégia capaz de promover o cuidado solidário,

passível de ser utilizada e convalidada no processo de cuidado humano, objetivando a

promoção da saúde dos idosos. Nesse sentido ela realça a importância desta estratégia

para a enfermagem trabalhar com o envelhecer saudável.

A Biodança também foi tema da dissertação de Noeme Cristina Alvares de

Carvalho (2006), intitulada “Autoconceito do idoso e biodança: uma relação possível”,

que teve como objetivo investigar de que forma a prática da Biodança pode influenciar

o autoconceito do idoso. Carvalho fez uma pesquisa de campo, na qual realizou

entrevistas semi-estruturadas centradas em questões relacionadas com o envelhecimento

e o autoconceito / Biodança. O método de pesquisa foi o fenomenológico, e a

metodologia teve uma abordagem qualitativa.

Dado o caráter pioneiro do tema da pesquisa, considerou-se que seus resultados

podem contribuir tanto para a área acadêmica, servindo de base para a elaboração de

novas investigações relacionadas ao tema autoconceito/Biodança, como para o trabalho

com idosos, haja vista ter estendido a esses nova perspectiva de recuperação de perdas.

Page 66: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

66

A autora assinala que sob esse prisma, a Biodança vivenciada pelos participantes pode

ter contribuído para o resgate de sentimentos, emoções e expressões corporais

relacionados a si próprios, inibidos e/ou reprimidos por circunstâncias diversas,

inclusive decorrentes da presente época. Dá como exemplo: mudança negativa na

representatividade dos idosos em relação às famílias, perdas afetivas, biológicas e

sociais e, principalmente, a redução de espaço no mundo, no qual eles podiam se

expressar com maior liberdade, com menos cobranças ou preconceitos.

“Baila Comigo: os velhos que dançam na Praça de Poços de Caldas”, de Terêsa

Cristina Alvisi (2007), tema de dissertação que se concentrou na reconstrução histórica

e na procura pela aproximação dos sentimentos e atitudes de indivíduos em processo de

envelhecimento, que utilizam a Praça Pedro Sanches de Poços de Caldas (MG) como

espaço para a dança.

A pesquisa, de múltiplas abordagens, partiu da categorização de significados

universais para significados singulares: a formação das cidades e das praças ao longo da

história da humanidade, do Brasil e da cidade de Poços de Caldas. Além de categorizar

a velhice do conceito universal e no modo singular como cada indivíduo envelhece.

Projetado como estudo qualitativo, a pesquisa de Alvisi utilizou como recursos

metodológicos relatos orais e a observação participante. Alvisi escolheu como

participantes de sua investigação indivíduos que frequentam com assiduidade e se

destacam nos bailes realizados na Praça de Poços de Caldas, sendo dois homens e duas

mulheres, colhendo depoimentos dos mesmos.

A autora apresenta em seu trabalho como as praças se tornaram locais de

apropriação e convivência de pessoas velhas; singularizou a história da formação e da

criação de espaços significativos da cidade de Poços de Caldas; e abordou conceitos de

identidade, subjetividade, tempo e espaço, envelhecer na cidade contemporânea, lazer e

envelhecimento e o corpo que envelhece que se movimenta e que dança. No capítulo

nomeado “Baila Comigo”, Alvisi analisou os velhos que dançam na praça. Como num

baile, o estudo de Alvisi está repleto de movimentos, impressões e interpretações.

“Corpo, maturidade e envelhecimento. O feminino e a emergência de outra

estética através da dança”, de Marcela dos Santos Lima (2009), realizada na Bahia,

baseou-se na análise histórica, social, fenomenológica, visando refletir a imposição de

uma estética tradicional que se incide sobre a cena artística e limita a duração da

carreira da artista da dança. A autora teve como foco de estudo o corpo feminino, tendo

Page 67: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

67

em vista o espaço que vem sendo requisitado por intérpretes criadoras com mais de 40

anos e a verificação de uma produção artística consistente de personalidades da dança

contemporânea no Brasil. A metodologia utilizada no estudo de Lima envolveu os

procedimentos de pesquisa teórica, bibliográfica e videográfica, além de entrevistas.

Lima, ao escrever que “em uma sociedade como a nossa, que acredita que a

dança é o espaço da apresentação de corpos jovens e virtuosos, ou seja, que

correspondem a um padrão corporal “ideal” reforçado pela cultura midiática”, busca

“pensar a possibilidade de uma estética que permita a visibilidade e valorização do

corpo maduro em cena” (2009, p.99).

O estudo de Lima reflete sobre as reais possibilidades e perspectivas

profissionais para a bailarina com mais de 40 anos se perpetuar em seu fazer artístico

fora dos padrões estabelecidos e seus estereótipos. Segundo a autora, a bailarina precisa

continuar produzindo, criando, dançando, assim como todo artista. Diz que esse é o seu

trabalho, sua escolha que, “durante toda a sua trajetória, lhe deu uma percepção do

mundo e de si mesma” (p.130). Fato que é demonstrado em vídeo a partir de registros

de trabalhos realizados por algumas intérpretes veteranas brasileiras. Para a autora, um

“outro corpo” na dança, isto é, um corpo maduro, “é uma outra forma de ação no mundo

e assim o próprio universo da dança se amplia” (p.134).

O artigo intitulado “Atividade física, educativa e de dança: um estudo dos

valores pessoais dos consumidores idosos”, de Luciana Torre Souza Kelly (2011),

apresenta como objetivo principal identificar os valores pessoais dos consumidores

idosos dos serviços de atividades física, educativa e de dança, sob o aspecto

motivacional hedônico e utilitário. A autora adotou o modelo de cadeia meios-fim de

Gutman (1982), o qual sugere que a pesquisa deve utilizar uma abordagem qualitativa

através da entrevista em profundidade no levantamento dos dados e da análise de

conteúdo. Uma fase da metodologia é quantitativa, decorrente da tabulação das

consequências e valores em tabelas, visando construir os mapas hierárquicos, os quais

se constituem em diagramas de frequência. Kelly registra que por meio dos resultados

indicados nos mapas hierárquicos de valor foi observado que os valores e benefícios

associados à participação em cada atividade são tanto de interesse individual quanto

coletivo, e tanto de natureza hedônica quanto utilitária.

A autora constatou através dos resultados, a identificação de valores

convergentes e divergentes apontando o perfil heterogêneo do consumidor idoso

Page 68: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

68

indicando que a cultura, as vivências, as experiências e as realidades atuais corroboram

para a manifestação de um valor pessoal característico na sua vida. E nas situações de

compra e utilização de serviços, apresentam como meta a aquisição de novas amizades e

a experimentação de momentos variados (com novidades) na vida diária.

Seguindo na mesma linha da dança como recurso etnográfico, o artigo

“Influência da dança no aspecto biopsicossocial do idoso” de Gleice Branco Silva e

Marcelo de Almeida Buriti (2012) tem como proposta fornecer dados que possam

contribuir significativamente durante o processo de envelhecimento, acompanhando a

influência da dança nos seus aspectos biopsicossociais. O objetivo principal dos autores

foi avaliar a percepção subjetiva da qualidade de vida de idosos, de ambos os gêneros, e

a influência de um programa de dança.

A participação dos idosos em sessões de aulas de dança apresentou melhora nos

escores do WHOQOL-Old nas facetas “Intimidade”, “Morte e Morrer”, “Participação

Social”, “Atividades Passadas, Presentes e Futuras”, “Autonomia” e “Funcionamento

do Sensório” entre o pré e pós-intervenção em ambos os sexos.

Karoline Sampaio Nunes Barroso (2015) em sua dissertação “Problematizando

articulações entre gênero, sexualidade e envelhecimento: um estudo com mulheres

frequentadoras de bailes na cidade de Fortaleza” analisou elementos da produção

discursiva sobre envelhecimento e implicações de gênero e sexualidade a partir de

representações sociais da velhice utilizando o espaço dos bailes de dança.

Ela justificativa sua pesquisa ao encontrar respaldo nas difusas representações e

práticas sociais que tutelam os sujeitos idosos, marcando-os como sujeitos incapazes,

assexuados, frágeis e decadentes. Outros elementos importantes nesta contextualização,

segundo ela, referem-se ao crescente aumento da expectativa de vida da população

brasileira, juntamente com o avanço da medicina estética, à maior acessibilidade aos

cuidados em saúde e às tecnologias voltadas ao desempenho sexual. Para a autora, esses

avanços têm ensejado que as pessoas mantenham boas condições físicas e cognitivas

por maior tempo.

Os resultados apresentados foram produzidos a partir de aproximações com as

abordagens etnográficas e interlocuções com mulheres idosas participantes dos bailes

dançantes na modalidade “por contrato” ou “ficha” (que pagam pelos serviços de

homens dançarinos). Os espaços acionados na pesquisa foram clubes tradicionais na

Page 69: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

69

cidade de Fortaleza – CE – que promovem semanalmente as modalidades de bailes

supracitados. Os dados da pesquisa foram tratados a partir da Análise de Discurso –

inspirada nas teorizações foucaultianas.

Segundo ela, as mulheres idosas ocupam estes espaços de sociabilidades

dançantes com liberdade e autonomia, sem medo, sem olhares regulatórios da

sociedade, locais com possibilidade de vivenciar o prazer e a felicidade e que

proporcionará oportunidades de desfrutar novas emoções. Os resultados produzidos

possibilitaram produção de categorias que apresentam evidências da articulação do

processo de envelhecimento entre gênero e sexualidade como elementos importantes na

construção da velhice e na produção dos modos de vida e experiências sociais e

culturais das mulheres idosas.

Entrando nos territórios das velhices

Essa coreografia mostra, enfim, a entrada da dança nos territórios da velhice,

como principal campo de trabalho, dando-se por meio do contato mais profundo e

prolongado dos pesquisadores com o envelhecer dos participantes na tentativa de

compreender a complexidade do longeviver. Assim como o etnógrafo, os autores destas

pesquisas foram instrumentos ao se enveredarem pela dança a fim de explorar o

envelhecimento humano.

São eles que nos dizem que as modalidades de dança de salão com foco nos

“Bailes” e na Biodança foram as mais frequentes, apresentando-nos como uma proposta

de um envelhecer saudável, capaz de promover um cuidado solidário passível de ser

utilizado e convalidado no processo de cuidado do envelhecer humano.

A dança como recurso etnográfico prioriza a reintegração social, a autoimagem

positiva sem o estereótipo que se faz do velho doente e limitado, preocupa-se com o

resgate da expressão corporal do homem, muitas vezes inibida pela condição física atual

ou social. Manifesta o desejo de liberdade por meio da emoção do contato físico e

social. Propicia a discussão em conjunto de problemas inerentes ao grupo, ao indivíduo,

à sociedade. Ajuda o idoso no enfrentamento às dificuldades e à mudança de

comportamento diante da vida.

Page 70: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

70

REVERENCIA FINAL

pós os adágios e allegros do envelhecimento na dança, concluímos que tanto

o artigo que nos serviu como inspiração5 para esta investigação, quanto os

resultados obtidos a partir desta pesquisa, nos levam a afirmar que a dança

vem sendo trabalhada como agente transformador necessário para melhora

da qualidade de vida durante o envelhecer.

Ela restaura e mantém a autonomia inerente ao ser que muitas vezes é esquecida

devido às limitações físicas e sociais, proporcionando benefícios biopsicossociais para a

pessoa que envelhece.

Verificamos que a dança como recurso terapêutico pode ser uma alternativa

positiva no auxílio ao tratamento de algumas patologias, como também na melhora das

capacidades e habilidades funcionais de idosos saudáveis.

Observamos ganhos que transpuseram a esfera dos benefícios físicos e das

melhoras nos quadros patológicos, uma vez que contribuíram - através do conhecimento

e da valorização do corpo -, com significativas mudanças que favoreceram a autoestima,

a socialização e a percepção de qualidade de vida dos participantes.

A dança como instrumento de mensuração, também ganha destaque na relação

saúde-doença, pois é usada como uma estratégia não farmacológica para minimizar o

declínio físico e cognitivo decorrente dos efeitos do processo de envelhecimento, assim

como para a melhora funcional e a prevenção de doenças relacionadas ao sistema

cardiorrespiratório e pressão arterial.

As pesquisas levantadas mostraram unanimidade quanto à satisfação na

prevenção de doenças e também nos quadros clínicos.

Essa melhora segue concomitante aos benefícios biopsicossociais onde há

relatos de uma diferença positiva na qualidade de vida dos praticantes, que adquirem

maior consciência corporal, compreensão de si mesmos e do meio, proporcionando bem

estar e prazer durante e após a prática.

5 Envelhecimento e dança: análise da produção científica na biblioteca virtual de saúde. Rev. bras. geriatra.

gerontologia. vol.16 no.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 2013. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v16n1/a19v16n1.pdf> . Acesso em: 25 set. 2016.

A

Page 71: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

71

A dança como recurso etnográfico mostra, enfim, a entrada da dança nos

territórios da velhice, como principal campo de trabalho, dando-se por meio do contato

mais profundo e prolongado dos pesquisadores com o envelhecer dos participantes na

tentativa de compreender a complexidade do longeviver. Aqui a dança é apresentada

como uma proposta de um envelhecer saudável, capaz de promover um cuidado

solidário passível de ser utilizado e convalidado no processo de cuidado do envelhecer

humano.

A dança como recurso etnográfico prioriza a reintegração social, a autoimagem

positiva sem o estereótipo que se faz do velho doente e limitado, preocupa-se com o

resgate da expressão corporal do homem, muitas vezes inibida pela condição física atual

ou social. Manifesta o desejo de liberdade por meio da emoção do contato físico e

social. Propicia a discussão em conjunto de problemas inerentes ao grupo, ao indivíduo,

à sociedade. Ajuda o idoso no enfrentamento às dificuldades e à mudança de

comportamento diante da vida.

Concluímos que a prática da dança como recurso terapêutico e instrumento de

mensuração, contribui para o resgate da autonomia da pessoa mais velha, uma vez que

há consenso entre os pesquisadores – maioria na área da saúde – sobre seu papel

significativo nos ganhos biopsicossociais que transpõem a esfera dos benefícios físicos

e das melhoras nos quadros patológicos. Mas ao priorizar a dança como reintegração

social, preocupando-se com o resgate da expressão corporal e com a subjetividade do

sujeito que envelhece, a dança como recurso etnográfico potencializou sua contribuição

no resgate do empoderamento.

Analisando os benefícios da dança, observamos que os mesmos se distanciam de

qualquer outra atividade de interação social fazendo com que a experiência vivida no

corpo de quem dança seja única, possibilitando releituras e descobertas que

transformam e libertam, devolvendo ao sujeito a “propriedade de si”, que durante o

envelhecer é paulatinamente esquecida devido as limitações biológicas, psicológicas ou

sociais, limitações que carimbam o corpo velho como um corpo doente, que se prepara

para a morte. Corpo fora dos padrões, impostos tanto pelo universo da dança como pela

cultura social que valoriza o corpo como protagonista da vida limitando assim a própria

arte praticada no envelhecer.

Page 72: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

72

Por esta contraposição entre o “ser” do velho e o “corpo” do velho é que

precisamos de profissionais que coreografem a velhice com o que ela abriga de mais

especial, “a vida”.

Fazendo do envelhecimento na dança, outra forma de ação, mais humana, mais

autônoma, mais empoderada, mais próxima do real. Dando ao corpo, o papel de

coadjuvante e não mais de protagonista na dança e na arte da vida.

Ao eleger a “vida do velho” como protagonista, o “corpo do velho” passa a ser

apenas o cenário que abriga a dança e que por meio da sua prática, revela a beleza, e a

sensibilidade do ser velho e não do estar velho com essa ou aquela limitação. E assim a

dança usa a arte para interferir na vida não apenas de quem dança como também no

olhar de quem prestigia - independente das limitações que este corpo abriga – toda

beleza da dança no envelhecer. Contudo, entre as pesquisas levantadas, não

encontramos nenhuma que tenha desenvolvido uma metodologia para a dança como

instrumento artístico direcionada para o publico que envelhece e escolhe esta arte

como um desejo de nova aprendizagem na velhice.

Quem sabe esta pesquisa não inspire outras que foquem no “método”?

Assim o espetáculo “o envelhecimento na dança”, fecha as cortinas desejando

um “Feliz Corpo Velho” à todos bailarinos e bailarinas que escolhem a dança como um

caminho para sentir a vida e sua existência no mundo possibilitando a continuidade de

um olhar artístico e por que não profissional para a dança no envelhecer?

Esperamos com esse estudo contribuir para futuros espetáculos no cenário do

envelhecimento, onde a dança seja utilizada como uma linguagem metodológica que

liberta, transforma, viabiliza e valoriza o corpo maduro, ampliando reciprocamente o

universo da dança e do envelhecer.

Page 73: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

73

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

ALBUQUERQUE, I.M., E, A., ORTOLAN, T., CARDOSO, D.M., GASS, R., JOST,

R.T., PAIVAS, D.N. Capacidade funcional submáxima e força muscular

respiratória entre idosas praticantes de hidroginástica e dança: um estudo

comparativo. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2013; 16(2):327-336.

Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1809-

98232013000200012&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 25 set. 2016.

ALVISI, T.C. (2007) Baila Comigo: Os velhos que dançam na praça de Poços de

Caldas. Dissertação Mestrado. Programa de Pós-Graduação “Stricto Sensu” em

Gerontologia da Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. Disponível em: < https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/12504>. Acesso em: 25 set. 2016.

AMARAL, P.C., BIZERRA, A., GAMA, E.F., MIRANDA M.L.J. (2014). Efeitos

funcionais da prática de dança em idosos. Revista Brasileira de Fisiologia do

Exercício - Volume 13 Número 1. Disponível em: <

http://pt.slideshare.net/profpauloamaral/artigo-6-fisiologia-do-exercicio-v13n1-paulo-

costa-amaral>. Acesso em: 25 set. 2016.

BARBOZA, N.M., FLORIANO, E.N., MONTER, B.L., SILVA, F.C., SANTOS,

S.M.S. Efetividade da fisioterapia associada à dança em idosos saudáveis: ensaio

clínico aleatório. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2014; 17(1):87-98.

Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v17n1/1809-9823-rbgg-17-01-

00087.pdf> . Acesso em: 25 set. 2016.

BARROS, S.E.B. (2010) Influência do exercício físico sobre indicadores

antropométricos e pulmonares em idosas. Dissertação Mestrado. Programa de Pós-

Graduação Ciências da Motricidade. Área de concentração em Biodinâmica da

Motricidade Humana. Universidade Estadual Paulista em Rio Claro, São Paulo.

Disponível em: < http://repositorio.unesp.br/handle/11449/100412>. Acesso em: 25 set.

2016.

BARROSO, K. S. N. (2015). Problematizando articulações entre gênero,

sexualidade e envelhecimento: um estudo com mulheres frequentadoras de bailes

na cidade de fortaleza. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em

Psicologia, Universidade de Fortaleza, Fortaleza. Disponível em: <

http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UFOR_db9ec32e56d23ce6d42e1715ecfcc284> .

Acesso em: 25 set. 2016.

BRASIL. Estatuto do Idoso. Brasília, 2003. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso em: 25 set.

2016.

BANCO DE TESES DA COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO PESSOAL

DE NÍVEL SUPERIOR. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br/> . Acesso

em: 14 mar. 2016.

BIBLIOTECA DIGITAL BRASILEIRA DE TESES E DISSERTAÇÕES. Disponível

em: <http://bdtd.ibict.br/ > . Acesso em: 14 mar.2016.

Page 74: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

74

BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Disponível em:<http://brasil.bvs.br/>. Acesso

em 14 mar.2016.

BIBLIOTECA DIGITAL VÉRSILA. Disponível em: <http://versila.com/>.Acesso em

24 mar.2016.

CARVALHO, N.C.A (2006) Autoconceito do idoso e biodança: Uma relação

possível. Dissertação Mestrado. Programa de Pós-Graduação “Stricto Sensu” em

Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, Brasília. Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd112/autoconceito-do-idoso-e-biodanca.htm>. Acesso

em: 25 set. 2016.

CASSIANO. J.G. et al (2009) Dança sênior: um recurso na intervenção terapêutico-

ocupacional junto a idosos hígidos. RBCEH, Passo Fundo, v. 6, n. 2, p. 204-212,

maio/ago. Disponível em: <http://seer.upf.br/index.php/rbceh/article/view/174>. Acesso

em: 25 set. 2016.

CEPEDA, C.P.C. (2013) Efeitos de um programa de danças de salão sobre o

equilíbrio, função muscular, controle postural e funcionalidade associados ao risco

de quedas em idosas. Tese de Doutorado em Educação Física do Programa de Pós-

Graduação em Educação Física, do Setor de Ciências Biológicas da Universidade

Federal do Paraná. Disponível em: <http://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/32095>.

Acesso em: 25 set. 2016.

CORAZZA, D.I. (2014). Influência de um programa sistematizado de danças

circulares em aspectos psiconeuroimunológicos de idosos cuidadores de indivíduos

com doença de alzheimer. Tese de Doutorado. Instituto de Biociências do Campus de

Rio Claro, Programa de Ciências da Motricidade. Universidade Estadual Paulista, São

Paulo. Disponível em: <http://www.bv.fapesp.br/pt/publicacao/102945/influencia-de-

um-programa-sistematizado-de-dancas-circulares/>. Acesso em: 25 set. 2016.

CORTÊ, B; MERCADANTE, E.F.; GOMES, M.R. Velhices reflexões

contemporâneas. São Paulo: SESC: PUC, 2006.

DANTAS, M. Pensando o Corpo e o Movimento. Rio de Janeiro: Shape, 2005.

DUNCAN, I. Minha Vida. Tradução: Gastão Cruls. 6 ed.- Rio de Janeiro, 1949.

D‟ALENCAR, B.P. (2005) Biodança como processo de renovação existencial do

idoso: Analise etnográfica. Tese Doutorado. Escola de Enfermagem de São Paulo. E

escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/83/83131/tde-12122005-100114/pt-br.php>.

Acesso em: 25 set. 2016.

FERIANCIC, M. M. Envelhecimento e sexualidade. Rev. Kairós, v. 6, n. 2, p. 133-

146, 2003.

Page 75: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

75

FERREIRA, F. R. (2012). A intervenção da dança em mulheres pós-tratamento de

câncer de mama e sua relação com a qualidade de vida. Dissertação de Mestrado,

Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica da Pontifícia Universidade

Católica do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul. Disponível em: < http://repositorio.pucrs.br/dspace/handle/10923/3718>. Acesso em: 25 set. 2016.

GONZAGA, J. M. (2010) Efeitos do exercício nos parâmetros do andar de idosas.

Dissertação Mestrado. Programa de Pós-Graduação Ciências da Motricidade. Área de

concentração em Biodinâmica da Motricidade Humana. Universidade Estadual Paulista

em Rio Claro, São Paulo. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922011000300003>.

Acesso em: 25 set. 2016.

GOOGLE ACADÊMICO. Disponível em:<https://scholar.google.com.br/> .Acesso em:

24 mar.2016.

GUIDARINI, F.C.S.(2014) Bailes de idosos: relação entre o nível de atividade física

e marcadores de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Tese de

Doutorado do Programa de Pós- Graduação em Educação Física da Universidade

Federal de Santa Catarina. Disponível em: <

https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/132958>. Acesso em: 25 set. 2016.

GUIMARÃES, A.C.A. et al (2011) Ansiedade e parâmetros funcionais respiratórios

de idosos praticantes de dança. Revista Fisioter Mov. 2011 out/dez;24(4):683-8.

Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/fm/v24n4/12.pdf>. Acesso em: 25 set. 2016.

HAAS, J.G. Anatomia da Dança. Tradução: Paulo Laino Cândido. São Paulo Barueri,

2011.

HOYER, B.P.B.; TEODORO, V.J.R.; BORGES, S.DE M. (2015, janeiro-março). A

influência da dança do ventre nos sintomas depressivos em idosas da comunidade. Revista Kairós Gerontologia, 18(1), pp. 277-288. ISSN 1516-2567. ISSNe 2176-901X.

São Paulo (SP), Brasil: FACHS/NEPE/PEPGG/PUC-SP. Disponível em: <

http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/viewFile/25622/18267>. Acesso em: 25

set. 2016.

JUNIOR. A.C.Q. (2008) Dança de Salão, Funções Executivas e memoria em idosos

institucionalizados. Dissertação Mestrado. Programa de Pós-Graduação Ciências da

Motricidade. Área de concentração em Biodinâmica da Motricidade Humana.

Universidade Estadual Paulista em Rio Claro, São Paulo. Disponível em: < http://www.acervodigital.unesp.br/handle/unesp/170500>. Acesso em: 25 set. 2016.

KELLY, L.T.S. (2011) Atividades Física, Educativa e de dança: Um estudo dos

valores pessoais dos consumidores idosos. Dissertação Mestrado. Programa de Pós-

Graduação em Administração. Universidade Estácio de Sá – UNESA. REMark -

Revista Brasileira de Marketing, São Paulo, v. 10, n. 3, p. 24-45.Disponível em: < http://www.revistabrasileiramarketing.org/ojs2.2.4/index.php/remark/article/view/2251

>. Acesso em: 25 set. 2016.

Page 76: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

76

LEVY, Y.; ELLIS, T.J. A system approach to conduct an effective literature review

in support of information systems research. Informing Science Journal, v.9, p.181-

212, 2006. Disponível em: < http://inform.nu/Articles/Vol9/V9p181-212Levy99.pdf>.

Acesso em: 25 set. 2016.

LEME. L.C.G.(2012). Dança e aderência à atividade física de idosos na cidade de

Piracicaba – SP. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós Graduação Stricto Sensu ,

em Educação Física, na área de concentração Movimento Humano e saúde, Faculdade

de Ciências da Saúde da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP. Disponível

em: <https://www.unimep.br/phpg/bibdig/aluno/visualiza.php?cod=866>. Acesso em:

25 set. 2016.

LIMA. M.S., (2009) Corpo, maturidade e envelhecimento. o feminino e a

emergência de outra estética através da dança. Dissertação Mestrado. Programa de

Pós-Graduação em Artes Cênicas, Escola de Teatro, Universidade Federal da Bahia,

Bahia. Disponível em: < https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/9628>. Acesso em: 25

set. 2016.

LOPES, R.G.C. Velhices reflexões contemporâneas. São Paulo: SESC: PUC, 2006.

MALUF. A.M. (2002) Motivos e sentidos da dança da terceira idade na cidade de

presidente prudente – SP. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em

Psicologia, área de concentração: Psicologia e Sociedade. Faculdade de Ciências e

Letras do Campus de Assis, Universidade Estadual Paulista. São Paulo. Disponível em:

<http://acervodigital.unesp.br/handle/unesp/178954?locale=pt_BR>. Acesso em: 25 set.

2016.

MENDES, G.M. A Dança. São Paulo: Ática, 1985.

MONTENEGRO, Z.M.C. (2014). Prática regular de dança: relação com qualidade

de vida, autoimagem, autoestima e sintomas depressivos em mulheres pós-

menopáusicas de um grupo de convivência. Tese de Doutorado do DINTER PPG-

Geronbio/ETS-UFPB programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica da

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Disponível em: <

http://repositorio.pucrs.br/dspace/handle/10923/6907>. Acesso em: 25 set. 2016.

MOREIRA, A.G.G. et al (2009) Atividade fisica e desempenho em tarefas de

funcoes executivas em idosos saudaveis: dados preliminares. Revista de Psiquiatria

Clínica, v.37, n.3, p.109-112, 2010. Disponível em:

<http://producao.usp.br/handle/BDPI/10454>. Acesso em: 25 set. 2016.

MOREIS, F.C. (2011) Impacto das danças de salão na pressão arterial, aptidão

física e qualidade de vida de idosas hipertensas. Dissertação Mestrado. Programa de

Pós-Graduação em Saúde Humana e Meio Ambiente. Universidade Federal de

Pernambuco. Disponível em: <http://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/9149>.

Acesso em: 25 set. 2016.

OLIVEIRA. O.B., (2011) Efeito da dança de salão no perfil lipídico de idosas

hipertensas cadastradas na unidade básica de saúde da família de Bela Vista,

Vitoria de Santo Antão- PE 2010. Dissertação Mestrado. Programa de Pós-Graduação

Page 77: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

77

em Saúde Humana e Meio Ambiente. Universidade Federal de Pernambuco. Disponível

em: < http://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/9246>. Acesso em: 25 set. 2016.

QUARESMA,M. L. Questões do envelhecimento na sociedade contemporânea.

Revista Kairós Gerontologia. v.11, n.2, São Paulo, 2008. Disponível em:

<revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/download/2391/1484>. Acesso em: 25 set.

2016.

QUARESMA, M. L. Gerontologia e Gerontologia Social: contributos para a análise

de um percurso. Revista Kairós Gerontologia. v.9, n.1. São Paulo, 2006. Disponível

em: <http://pt.slideshare.net/sandersantiago52/gerontologia-kairosv9-n1-14155775>.

Acesso em: 25 set. 2016.

QUEIROZ, Z.P.V.; RUIZ, C.R.; FERREIRA, V.M. Reflexões sobre o envelhecimento

humano e o futuro: questões de ética, comunicação e educação. In Revista Kairós

Gerontologia. v.12 ,n.1, São Paulo, 2009. Disponível em:

<http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/2778>. Acesso em: 25 set. 2016.

ROBATTO, L. A dança como via privilegiada de educação. Salvador: Editora, 2012

SANTOS, S.S.C. ENVELHECIMENTO: Visão Filosófica da Antiguidade Oriental e

Ocidental. Revista RENE. v. 2, n. 1. Fortaleza, 2001. Disponível em:

<http://www.miniweb.com.br/cantinho/3_idade/artigos/PDF/visao_filosofica.pdf>.

Acesso em: 25 set. 2016.

SAMPAIO, M. F. (2013) Centro Cultural Cartola. Um estudo sobre envelhecimento

e migração com alunos de dança de salão. Mestrado. Instituto de Psicologia.

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Disponível em:

<http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UERJ_2273a81771aea0965ccc76588f3de386>.

Acesso em: 25 set. 2016.

SANTOS, M.C.O. Significados de velhice na cultura afro-brasileira. Anais VI fórum

nacional de coordenadores de projetos da terceira idade, Ilhéus, BA, 1999.

SERRA, M. M. (2015) Estudo controlado da força muscular e equilíbrio de idosas

participantes da ala das baianas de escola de samba. Dissertação de mestrado,

Programa de Pós-Graduação em Ciências, São Paulo. Disponível em:

<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5140/tde-08122015-101223/pt-br.php>.

Acesso em: 25 set. 2016.

SILVA, A. F. G.; BERBEL, A.M.(2015). O benefício da dança sênior em relação ao

equilíbrio e às atividades de vida diárias no idoso. Artigo para o Curso de

Fisioterapia da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), São Paulo. Disponível em:

<https://www.portalnepas.org.br/abcshs/article/view/698>. Acesso em: 25 set. 2016.

SILVA, G. B.; BURITI. M.A.(2012) Influência da dança no aspecto biopsicossocial

do idoso. Revista Kairós Gerontologia, 15(2). São Paulo (SP), Brasil, março, 177-192.

Page 78: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO … Silva de...Ao filho querido Cauan, razão de novos sentidos e novas buscas para minha existência . Aos filhos do meu Coração:

78

Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/13114>. Acesso

em: 25 set. 2016.

SILVA, J. R. et al (2011) Influência da dança na força muscular de membros

inferiores de idosos. Revista Kairós Gerontologia 14(1), São Paulo, 163-179.

Disponível em: < http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/6934>. Acesso

em: 25 set. 2016.

SHAW, J. A schema approach to the formal literature review in engineering theses.

System. v.23, n.3, p.325-335, 1995. Disponível em:

<https://www.researchgate.net/publication/222175454_A_schema_approach_to_the_for

mal_literature_review_in_engineering_theses>. Acesso em: 25 set. 2016.

TODARO, M.A. (2001). Dança: Uma Interação Entre O Corpo E A Alma Dos

Idosos. Dissertação de Mestrado em Gerontologia. Campinas: Programa de Pós

Graduação da Faculdade de Educação da UNICAMP, São Paulo. Disponível em:

<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000239238>. Acesso

em: 25 set. 2016.

UENO, D. T. et al. (2012) Efeitos de três modalidades de atividade física na

capacidade funcional do idoso. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.26, n.2,

p.273-81, abr./jun. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-

55092012000200010>. Acesso em: 25 set. 2016.

VERDERI,E. O corpo não tem idade: educação física gerontológica. Jundiaí, SP: Ed.

Fontoura, 2004.

WALSHAM, G. Doing interpretive research. European Journal of Information

Systems, v.15, pp.320-330, 2006. Disponível em:

<https://pdfs.semanticscholar.org/f15a/30cdec24c742d530f4c4ed03830ff124a97d.pdf>.

Acesso em: 25 set. 2016.

WEBSTER, J.; WATSON, J.T. Analyzing the past to prepare for the future: writing a

literature review. MIS Quarterly & The Society for Information Management, v.26, n.2,

pp.13-23, 2002. Disponível em: < https://web.njit.edu/~egan/Writing_A_Literature_Review.pdf>. Acesso em:

25 set. 2016.

ZIMERMAN,G. I. Velhice: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre, RS: Artmed,

2000.