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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ GILIAN FERNANDA DIAS ERZINGER EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA DE MÉDIA FREQUÊNCIA NA REDUÇÃO DA GORDURA DA PAREDE ABDOMINAL EM MULHERES CURITIBA 2008

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

GILIAN FERNANDA DIAS ERZINGER

EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA DE MÉDIA FREQUÊNCIA

NA REDUÇÃO DA GORDURA DA PAREDE ABDOMINAL

EM MULHERES

CURITIBA

2008

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GILIAN FERNANDA DIAS ERZINGER

EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA DE MÉDIA FREQUÊNCIA

NA REDUÇÃO DA GORDURA DA PAREDE ABDOMINAL

EM MULHERES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Tecnologia em Saúde como requisito parcial para obtenção do Grau Mestre em Tecnologia em Saúde. Orientador: Prof. Dr. João Eduardo Nicoluzzi Co-orientador: Prof. Dr. Percy Nohama

CURITIBA

2008

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Agradecimentos

Segundo Ailton Carlos, “os obstáculos são provações a serem vencidas, e

superá-las é meu destino, minha determinação nunca enfraqueceu e de tudo,

sempre, algo aprendi e ensinei. Mas, a compreensão só se adquire em sua

plenitude, quando no silêncio de nossa existência, no buscar das explicações

encontramos Deus”, e a Ele agradeço por me dar força e perseverança todos os

dias.

Agradeço também ao meu marido Fabiano que sempre está ao meu lado, nas

horas de alegria e principalmente me amparando nas horas de tristeza e que muito

me auxiliou nesse projeto.

Ao meu filho postiço Iury por me ajudar com seu leva e traz.

À minha família que ainda é meu equilíbrio, apesar da distância e de não vê-

los com a freqüência que gostaria, são extremamente importantes em minha vida.

Ao meu Professor Percy Nohama pelas inúmeras orientações e auxílios,

minha gratidão, sem ele esse projeto não seria concluído.

Ao Professor João Eduardo Nicoluzzi.

E a todas pacientes envolvidas nesse estudo pela participação.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. vii

LISTA DE QUADROS E TABELAS............................................................................ ix

RESUMO.................................................................................................................... xi

ABSTRACT ............................................................................................................... xii

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ..................................................................................13

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ...........................................................13

1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................15

1.2.1 Objetivo geral...............................................................................................15

1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................15

CAPÍTULO 2 - REVISÃO DE LITERATURA .............................................................17

2.1 TECIDO ADIPOSO.........................................................................................17

2.2 AVALIAÇÃO DO TECIDO ADIPOSO .............................................................22

2.3 CONTRAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO .............................................26

2.4 POTENCIAL DE REPOUSO ..........................................................................34

2.5 O COMPORTAMENTO DA CÉLULA FRENTE AO ESTÍMULO ELÉTRICO..35

2.6 FORÇA MUSCULAR......................................................................................37

2.7 FATORES QUE INFLUENCIAM O AUMENTO DA FORÇA NO TREINAMENTO .............................................................................................38

2.8 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA ...........................................................................40

2.9 ESTIMULAÇÃO DE MÉDIA FREQÜÊNCIA ...................................................44

2.10 A ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA E O AUMENTO DE FORÇA MUSCULAR......46

2.11 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA E A REDUÇÃO DE GORDURA.........................53

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA................................................................................57

3.1 GRUPO EXPERIMENTAL..............................................................................57

3.2 COLETA DE DADOS......................................................................................58

3.3 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA.................................................................58

3.4 AVALIAÇÃO ECOGRÁFICA...........................................................................60

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3.5 APLICAÇÃO DO PROTOCOLO DE ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA ................. 63

3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................................ 64

CAPÍTULO 4 - RESULTADOS ................................................................................. 67

4.1 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ........................................................ 67

4.2 VARIAÇÃO QUANTITATIVA DA TELA SUBCUTÂNEA DO ABDOME ......... 67

4.3 VARIAÇÃO QUANTITATIVA DO DIÂMETRO DO MÚSCULO RETO ABDOMINAL.................................................................................................. 68

4.4 VARIAÇÃO QUANTITATIVA DAS DOBRAS CUTÂNEAS............................. 68

4.5 VARIAÇÃO QUANTITATIVA DA PERIMETRIA............................................. 69

4.6 VARIAÇÃO QUANTITATIVA DOS EFEITOS DA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS SOBRE A DIFERENÇA DE RESULTADOS ENTRE ANTES E DEPOIS DAS APLICAÇÕES...................................................................... 70

CAPÍTULO 5 - DISCUSSÃO..................................................................................... 73

5.1 SOBRE A METODOLOGIA ........................................................................... 73

5.2 SOBRE A METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO ................................................ 76

5.3 SOBRE OS RESULTADOS ........................................................................... 77

5.4 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ............................................. 82

CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES................................................................................. 83

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 85

APÊNDICE 1 - COMPARAÇÕES DE RESULTADOS ANTES DAS APLICAÇÕES COM RESULTADOS DEPOIS DAS APLICAÇÕES .. 93

APÊNDICE 2– TERMO DE CONSENTIMENTO ...................................................... 99

APÊNDICE 3 – AVALIAÇÃO .................................................................................. 101

APÊNDICE 4 – APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA ............................................... 105

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Lâmina exemplificando o tecido adiposo ..................................................18

Figura 2 - Representação ilustrativa da obesidade tipo andróide..............................20

Figura 3 - Exemplo de aparelho de ultra – sonografia empregado na

determinação de adiposidade. ..................................................................23

Figura 4 - Estrutura da fibra muscular mostrando sarcolema....................................27

Figura 5 - Organização estrutural do músculo esquelético do músculo inteiro ao

nível molecular. .........................................................................................28

Figura 6 - Estrutura do sarcômero com as linhas de deslizamento...........................29

Figura 7 - Seqüência dos acontecimentos da contração muscular. ..........................30

Figura 8 - Relação entre intensidade e duração de um estímulo exigido, para a

geração de um potencial de ação numa fibra nervosa motora..................36

Figura 9 - Diagrama do sistema para combinar designações de corrente

descritivas na nomeação de formas de onda de corrente alternada ou

pulsada......................................................................................................42

Figura 10 - Designações “tradicionais” de correntes elétricas selecionadas

usadas historicamente na prática clínica. Cada gráfico mostra

mudanças na amplitude de corrente ao longo do tempo..........................42

Figura 11 - Forma de onda da “corrente russa” utilizada na estimulação elétrica

neuromuscular...........................................................................................44

Figura 12 -Avaliação da plicometria na região axilar média realizada antes e após as

10 sessões de estimulação elétrica...........................................................59

Figura 13 - Avaliação da plicometria na região supra-ilíaca realizada antes e após as

10 sessões de estimulação elétrica...........................................................60

Figura 14 - Avaliação da plicometria na região abdominal realizada antes e após as

10 sessões de estimulação elétrica.........................................................60

Figura 15 - Aparelho de ecografia utilizado para avaliação antes e após as 10

sessões de estimulação elétrica..............................................................61

Figura 16 - Exame de ecografia de uma participante do estudo; demonstrando a

análise do tecido adiposo na região supra-umbilical no lado direito e

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infra-umbilical no lado esquerdo, antes da aplicação da estimulação

elétrica. As flechas mostram os locais demarcados pelo avaliador

como sendo o início e fim da tela subcutânea, sendo 26 mm de

gordura na região supra-umbilical e 22 mm na região infra-umbilical..... 61

Figura 17 - Exame de ecografia de uma participante do estudo exemplificando a

avaliação do músculo reto abdominal em contração no lado direito e

em repouso no lado esquerdo, na região supra e infra umbilical, sendo

8,9 mm o diâmetro do músculo em contração na região supra-umbilical

e 9,8 mm o diâmetro do músculo relaxado na mesma região e 9,0 mm

o diâmetro muscular em contração na região infra-umbilical e 9,8 mm

com o músculo relaxado. ........................................................................ 62

Figura 18 - Aparelho Kinesis utilizado para estimulação elétrica durante a

aplicação do protocolo experimental...................................................... 64

Figura 19 - Posicionamento dos eletrodos no músculo reto abdominal.................... 64

Figura 20 - Posicionamento dos eletrodos sobre o músculo reto abdominal e

sobre os músculos oblíquos................................................................... 64

Figura 21 - Gráfico da média ± desvio padrão da tela subcutânea do abdome nas

regiões supra e infra-umbilical comparando antes e depois da

estimulação elétrica. ............................................................................... 67

Figura 22 - Gráfico da média do diâmetro do músculo reto abdominal sem

contração ± desvio padrão nas regiões supra e infra-umbilical

comparando antes e depois da estimulação elétrica. ............................. 68

Figura 23 - Gráfico da média das dobras cutâneas ± desvio padrão nas regiões

axilar, supra-ilíaca e abdominal antes e depois da estimulação

elétrica. ................................................................................................... 69

Figura 24 - Gráfico da média das medidas de circunferência ± desvio padrão

nas regiões da cintura, abdominal e infra-abdominal antes e depois

da estimulação elétrica. .......................................................................... 70

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 - Avaliação estatística das variáveis analisadas.......................................71

Tabela 1 - Resultados descritivos da variável tela subcutânea na região supra-

umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o

percentual de redução após as aplicações. ............................................94

Tabela 2 - Resultados descritivos da variável tela subcutânea na região infra-

umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o

percentual de redução após as aplicações. ............................................94

Tabela 3 - Resultados descritivos da variável diâmetro do músculo reto abdominal

sem contração na região supra-umbilical e a diferença entre antes e

depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações. ..95

Tabela 4 - Resultados descritivos da variável diâmetro do músculo reto abdominal

sem contração na região infra-umbilical e a diferença entre antes e

depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações. ..95

Tabela 5 - Resultados descritivos da variável perímetro da cintura e a diferença

entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após

as aplicações...........................................................................................96

Tabela 6 - Resultados descritivos da variável perímetro abdominal e a diferença

entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após

as aplicações...........................................................................................96

Tabela 7 - Resultados descritivos da variável perímetro infra-abdominal e a

diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de

redução após as aplicações. ...................................................................96

Tabela 8 - Resultados descritivos da variável plicometria axilar média e a

diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de

redução após as aplicações. ...................................................................97

Tabela 9 - Resultados descritivos da variável plicometria supra-ilíaca e a

diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de

redução após as aplicações. ...................................................................97

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Tabela 10 - Resultados descritivos da variável plicometria abdominal e a diferença

entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após

as aplicações. ......................................................................................... 97

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RESUMO

A falta de atividade física e a má alimentação da população estão levando à obesidade, principalmente à obesidade central, que é extremamente preocupante, pois a obesidade é um importante fator de risco para diabetes melito, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças cardiovasculares, colecistopatia, gota e aterosclerose, Desse modo, torna-se importante reduzir a obesidade, assim como a circunferência abdominal. A terapia dermato-funcional utiliza recursos eletrotermofototerápicos que melhoram a estética corporal e podem contribuir na redução da obesidade. Devido às alterações que ocorrem no músculo com a estimulação elétrica, aumenta-se a síntese proteica e o metabolismo, podendo vir a reduzir os adipócitos, sendo necessário comprovar a eficiência da estimulação elétrica para essa redução e, conseqüentemente, da obesidade central. Sendo assim, objetiva-se com este trabalho avaliar quantitativamente os efeitos da estimulação elétrica de média freqüência sobre a secção transversal do músculo reto abdominal, observando as alterações no índice de gordura abdominal em mulheres. Vários estudos comprovaram que a estimulação elétrica é eficiente para complementar o treinamento físico e para hipertrofiar a musculatura. Foram estudadas 16 mulheres, com idade entre 20 e 35 anos, submetidas a 10 sessões de estimulação elétrica, realizadas 3 vezes por semana, em dias alternados, com freqüência de pulsos de 2500Hz, modulados em 50Hz, 10s de tempo estímulo, 3s de repouso, 2s para a subida e 2s para descida. A estatística foi realizada com o teste T de Student e não-paramétrico de Mann-Whitney.Os resultados foram avaliados por meio da ecografia do músculo reto abdominal, da plicometria e perimetria abdominal. Na ecografia, avaliou-se o diâmetro do músculo reto abdominal e espessura da camada adiposa na região supra e infra umbilical. Os resultados indicam que houve uma redução na gordura abdominal na região supra-umbilical de 1,51 mm (p= 0,0152) e na região infra-umbilical de 1,58 mm (p= 0,078), mas não ocorreu aumento na secção transversal do músculo. A redução da plicometria na região supra-ilíaca foi de 2 mm (p= 0,0376) e no abdômen de 1,9 mm (p= 0,0044). A circunferência avaliada 3 cm abaixo da cicatriz umbilical também apresentou uma redução significativa de 1,22 cm (p= 0,0072). Dessa forma, é possível afirmar que a estimulação elétrica de média freqüência é uma forma eficiente de reduzir a gordura abdominal.

Palavras-chaves: estimulação elétrica neuromuscular, gordura abdominal, plicometria, ultra-sonografia.

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ABSTRACT

The lack of physical activities and bad eating habits are leading the population to obesity, especially to central obesity, which is extremely concerning since it’s a major risk factor for diabetes mellitus, arterial hypertension, hiperlipidaemia, cardiovascular diseases, colecistopathy, gouty arthritis, atherosclerosis. For these aspects, it becomes important to reduce obesity as well as abdominal circumference. Dermo-functional therapy uses electrothermophototherapy methods that improve body appearance and can contribute to reduce obesity. Due to changes that occur with electric stimulation in the muscle, protein synthesis and the metabolism increase, making the reduction of lipids possible, becoming necessary to prove the efficiency of the electric stimulation for this specific reduction, and, consequently, for the reduction of central obesity. The purpose of this research is the investigation of the effects produced by electrical stimulation of medium frequency on the transversal section of the recto abdominal muscle, observing the alterations in the index of abdominal fat in women. Many researches prove that electric stimulation is an efficient complement for physical training and for muscle hypertrophy. Sixteen women (20-35 years) underwent a 10-session experimental protocol of electric stimulation, 3 times per week, every other day, with a frequency of 2500 Hz, modulated at 50Hz, with 10 seconds of stimulation, 3 for resting, 2 for elevation and other 2 seconds for decline. The statistics were performed with the Student T test and the Mann-Whitney non-parametrical test. The analyzed abdominal parameters were measured by ultrasonography, plycometry and perimetry. With the ultrasonography, the recto abdominal muscle and the fat layer thickness of the supra and infra umbilical region were analyzed. The results indicated that there was a reduction of abdominal fat from the supra umbilical region in 1,51 mm (p=0,0152), and of 1,58 mm (p= 0,078) in the infra umbilical region, but no signs of increase were noticed in the transversal section of the muscle. The reduction achieved by plycometry was about 2 mm (p=0,0376) of fat in the supra iliac region and of 1,9mm (p=0,0044) in the abdomen. The measured circumference 3cm below the umbilical scar also presented a significant reduction of 1,22cm (p=0,0072). By these results, it is possible to affirm that the electrical stimulation of medium frequency could be an efficient form of fat reduction in the abdominal wall. Key-words: neuromuscular electrical stimulation, abdominal fat, plicometry, ultrasonography.

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CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Caracterização do Problema

Envelhecer é um processo natural, ocorre desde que nascemos e fica mais

evidente após a terceira idade. A qualidade do envelhecimento está relacionada

diretamente com a qualidade de vida à qual o organismo foi submetido (GUIRRO e

GUIRRO, 2004), e uma má qualidade de vida pode ter como conseqüência um

aumento de peso e da quantidade de gordura corporal, levando à obesidade e ao

aumento das medidas de circunferência (GUIRRO e GUIRRO, 2004; GRILLO e

SIMÕES, 2003).

A obesidade, além de ser um dos maiores problemas de saúde pública

compromete a qualidade de vida e a longevidade (PASETTI et al., 2006 ; ANJOS e

MENDONÇA, 2006).

De acordo com RADOMINSKI et al. (2000); HIROOKA et al. (2005) e

REZENDE et al., (2006), a obesidade é uma doença crônica e importante fator de

risco para diabetes melito, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças

cardiovasculares, colecistopatia. Desde 1956, Jean Vague, da Universidade de

Marselha, associou a obesidade tipo andróide à maior incidência de diabetes melito,

gota e aterosclerose (RADOMINSKI et al., 2000), assim como estudos atuais

confirmam esses achados iniciais (HIROOKA et al., 2005). Desse modo, é de

extrema importância que a circunferência abdominal seja a menor possível para

reduzir os riscos à saúde.

Segundo Lacourt e Marini (2006), o processo de envelhecimento é

acompanhado por diversas alterações que causam danos aos diferentes sistemas

do organismo; dentre as principais alterações, está o decréscimo da função

muscular.

A estimulação elétrica neuromuscular vem sendo aplicada desde a década de

70 como suplemento no treinamento de atletas (ENOKA, 1994) e tem sido

freqüentemente utilizada em programas de treinamento de força de indivíduos

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saudáveis, pois as pesquisas indicam que aumenta e melhora a força isométrica

(MILLER e THÉPAUT-MATHIEU, 1993; SIVINI e LUCENA, 1999; BRASILEIRO e

VILLAR, 2000; MAFFIULETTI et al., 2002).

Os programas de fortalecimento muscular são procedimentos importantes e

muito utilizados nas clínicas de fisioterapia. Esses procedimentos são utilizados para

restabelecer as funções normais de músculos que apresentam força diminuída. Além

da reabilitação muscular, existem outros motivos para se produzir uma hipertrofia

muscular, tais como: fator estético, melhora no rendimento de atletas por meio do

aumento da força (EVANGELISTA, et al., 2003), e também para os indivíduos que

não podem praticar uma atividade física: pacientes renais crônicos, paraplégicos,

hemiplégicos, além da hipertrofia muscular abdominal poder auxiliar na correção da

hiperlordose lombar.

A Fisioterapia Dermato-Funcional (FDF) atua com os recursos

eletrotermofototerápicos para melhorar a estética corporal e facial do ser humano,

visando: fortalecer a musculatura facial e corporal, indiretamente reduzir o tamanho

das células adiposas, melhorar a circulação veno-linfática e atuar no remodelamento

do colágeno (cicatrização) (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

Os exercícios de fortalecimento para o sistema muscular têm um papel

essencial na reabilitação e no esporte, mas exigem-se métodos e exercícios que em

pouco tempo de treinamento proporcionem bons resultados (MENDONÇA et al.,

1998).

A eletroestimulação tem sido utilizada desde o século XVIII como ferramenta

da reabilitação (DUCHATEAU e HAINAUT, 1988) e da mesma forma a mesma vem

sendo aplicada em indivíduos saudáveis/atletas para o treinamento de força, a FDF

passou a utilizá-la para flacidez muscular e cada vez mais vêm sendo observados

bons resultados na estética corporal e facial (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

Um dos objetivos de um tratamento de FDF é a redução da circunferência

abdominal e essa pode ser alcançada por meio de programas de baixa intensidade

(FOSS e KETEYIAN, 2000), atividade física (GRILLO e SIMÕES, 2003) e com

eletroestimulação, por ocorrer aumento da secção transversal do músculo e da

síntese protéica (GUIRRO e GUIRRO, 2004), além de alterações no metabolismo

muscular (ETGEN; FARRAR e IVY, 1993).

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Apesar de alguns estudos (KOTS e CHWILON, 1971; LAUGHMAN; YOUDAS

e GARRET, 1983; DELITTO e ROBINSON, 1989; KOMI, 1992, ENOKA, 1994) terem

comprovado a eficiência da eletroestimulação como uma metodologia complementar

ao treinamento físico, torna-se imprescindível a realização de estudos para verificar

a sua eficiência na FDF, visto que não se encontrou trabalhos descritos na literatura

que empreguem métodos indiretos de avaliação, como a ultra-sonografia, apenas

validando seus resultados por meio da cirtometria e plicometria, além de utilizar um

número pequeno de voluntários.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

A pesquisa proposta nesta dissertação consiste em avaliar quantitativamente

os efeitos da estimulação elétrica de média freqüência sobre a secção transversal do

músculo reto abdominal, verificando as alterações na gordura abdominal em

mulheres.

1.2.2 Objetivos específicos

Especificamente, pretende-se:

1) propor um protocolo de eletroestimulação aplicável à redução de gordura;

2) aplicar o protocolo estimulatório visando produzir alterações de massa muscular

abdominal;

3) avaliar a espessura da tela subcutânea do abdome e a secção transversal do

músculo reto abdominal empregando ultrasonografia, pré e pós-aplicação do

protocolo experimental;

4) avaliar estatisticamente as variações dos parâmetros medidos.

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CAPÍTULO 2

2 REVISÃO DE LITERATURA

Sabe-se que células agrupadas que são similares quanto à estrutura, função

e origem embrionária, e que são unidas por quantidades variadas de material

intercelular, são chamadas de tecidos. Apesar da complexidade do organismo

humano, há apenas quatro tipos básicos de tecidos: o epitelial, o conjuntivo, o

muscular e o nervoso. Devido à especificidade deste trabalho, faz-se necessário que

determinados temas tenham um melhor enfoque, por essa razão será abordado

apenas o tecido adiposo, sua forma de avaliação e a contração muscular com a

estimulação elétrica.

2.1 Tecido adiposo

De acordo com Junqueira e Carneiro (1999) e Curi et al. (2002), o tecido

adiposo é um tecido de preenchimento e sustentação que apresenta células

adaptadas para armazenar gordura, sendo um tipo especial de tecido conjuntivo em

que se observa predominância de células adiposas (adipócitos).

Borges (2006) relata que existem dois tipos de tecido adiposo, sendo

classificados em tecido adiposo amarelo (ou unilocular) e tecido adiposo pardo (ou

multilocular). O tecido multilocular em um adulto com peso ideal, constitui cerca de

20% do peso corporal, sendo os 80% restante constituintes de massa magra.

Os adipócitos (figura 1) são células que derivam do folículo mesodérmico do

embrião. Estas células são volumosas, com núcleo achatado e marcado na periferia

por um vacúolo lipídico que ocupa a maior parte da célula (PARIENTI, 1995). Os

adipócitos têm uma função metabólica intensa: lipogênica (estocagem dos ácidos

graxos sob forma de triglicerídeos) e lipolítica (liberação de ácidos graxos). Essas

células mesenquimatosas são denominadas lipoblastos, e originam os fibroblastos,

os quais logo acumulam gordura em seu citoplasma (JUNQUEIRA e CARNEIRO,

1999).

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Figura 1 – Lâmina exemplificando o tecido adiposo

Fonte: OLIVER et al., 2006.

O tecido adiposo é encontrado sob a pele, entre os músculos, e nos espaços

entre os diversos órgãos. O citoplasma das células gordurosas, por vezes, chega a

conter até 95% da gordura neutra. Essas células armazenam a gordura até que seja

necessária para o provimento de energia em outra região do corpo (HALL e

GUYTON, 2002).

Essas células podem ser encontradas isoladas ou em pequenos grupos no

tecido conjuntivo comum. No entanto, a maioria delas agrupa-se no tecido adiposo

espalhado pelo corpo. A distribuição é diferente em cada indivíduo, principalmente

quando se refere ao sexo, devido aos contornos diferentes existentes entre o corpo

da mulher e do homem (GUIRRO e GUIRRO, 2004). Em pessoas de peso

considerado ideal, o tecido adiposo corresponde a 20 a 25% do peso corporal na

mulher e 15 a 25% no homem (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1999).

Entre as funções do tecido adiposo está a de reservatório energético para as

funções do organismo: isolante térmico e termorregulação, além de: proteção contra

choques mecânicos e preenchimento (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1999). Para

Sampaio e Rivitti, (2001), o tecido adiposo ainda facilita a mobilidade da pele em

relação às estruturas que estão abaixo dela.

Young e Heat (2001) descrevem que o tecido gorduroso é um reservatório

temporário de substrato para os processos que necessitam de energia em quase

todos os tecidos e Lehninger, Nelson e Cox (2002), relatam ser o maior depósito de

energia armazenada na forma de triglicerídeos, apesar do músculo esquelético e das

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células hepáticas também serem reservatório energéticos, mas na forma de

glicogênio. A gordura armazenada no interior dos adipócitos provém da gordura das

dietas, a qual circula pelo organismo por meio da corrente sanguínea, dos

triglicerídeos sintetizados no fígado ou a partir da glicose no interior dos adipócitos

(YOUNG e HEAT, 2001; LEHNINGER, NELSON e COX, 2002).

A mobilização da gordura está sob o controle nervoso e hormonal que leva à

liberação de ácidos graxos e glicerol, os quais passam para o sangue. A

noradrenalina liberada nas terminações pós-ganglionares dos nervos simpáticos do

tecido adiposo é particularmente importante a este respeito, quando o organismo

está sujeito a atividades físicas intensas, jejum prolongado ou frio (GUIRRO e

GUIRRO, 1996).

Ao longo dos anos, pesquisas vêm demonstrando que o aumento de peso por

si só é menos relevante do que a distribuição do tecido adiposo corporal na

determinação das alterações metabólicas. Entretanto, a obesidade é uma doença

crônica e importante fator de risco para diabetes melito, hipertensão arterial,

dislipidemia, doenças cardiovasculares, colecistopatia, cujas doenças associadas à

obesidade podem ter efeitos diretos e indiretos sobre a morbidade e mortalidade nas

mais diversas populações (RADOMINSKI et al., 2000; HIROOKA et al., 2005). Curi

et al. (2002); Minocci et al. (2005) e Olinto et al. (2006), relatam que existem

evidências de que o tecido adiposo desempenha um papel importante na resposta

imunitária, regulação do apetite e doenças vasculares.

Em 1956, o Professor Jean Vague, da Universidade de Marselha, na França,

associou a obesidade tipo andróide (figura 2) (deposição de tecido adiposo em

região de tronco) à maior incidência de diabetes melito, gota e aterosclerose. Mais

de 30 anos após, estudos clínicos e epidemiológicos, utilizando medidas

antropométricas como a Relação Cintura-Quadril (RCQ), vieram a confirmar os

achados iniciais de Vague (RADOMINSKI et al., 2000; HIROOKA et al., 2005).

Os adipócitos, ou células gordurosas, aumentam em número (hiperplasia) até

o início da adolescência, aumentam também de tamanho (hipertrofia) durante toda a

vida, pois os adipócitos servem de reservatório de energia. A falta de exercício e a

alimentação inadequada, com excesso de gordura e alto teor calórico, podem

estimular o adipócito. Assim sendo, a obesidade constitui uma combinação do

número de adipócitos e de seu conteúdo lipídico e as pessoas obesas possuem um

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número maior de células adiposas, as quais contêm um volume de lipídios maior que

as pessoas magras (GUIRRO e GUIRRO, 2004; EVANGELISTA et al., 2003).

Figura 2 - Representação ilustrativa da obesidade tipo andróide.

Fonte: COSTA, 2000.

A quantidade de energia liberada pelo catabolismo dos alimentos no corpo é

a mesma que é liberada quando a comida é processada fora do corpo. A energia

liberada pelos processos catabólicos no corpo é usada para a manutenção das

funções corporais, a digestão e a metabolização dos alimentos, a termorregulação e

a atividade física. A quantidade de energia liberada por unidade de tempo é a

intensidade metabólica (GANONG, 1998).

Quando se analisa a manifestação energética de um organismo vivo,

observa-se que podem ser resumidas em quatro tipos principais e básicos:

a) energia mecânica, ou seja, a energia que é liberada na execução de um

fenômeno físico de natureza mecânica, como um movimento, uma postura, a

movimentação ciliar ou flagelar, ou o deslocamento de um leucócito. Desse

modo, a fibra muscular ou equivalente seria a executora fundamental deste

tipo de atividade;

b) energia química, pela qual o organismo forma ou sintetiza corpos químicos,

seja com fins estruturais ou na formação de secreções, internas ou externas;

c) energia elétrica, processo pelo qual a energia que se libera, expressa-se

como potenciais gerados, isto é, como potencial de repouso, potencial de

ação, potencial gerador pós-sináptico, etc;

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d) energia térmica, quando é liberada em forma de calor, que pode ser

dissipado ou estocado, determinando a temperatura corporal (DOUGLAS,

2000).

Segundo Galbo et al. (1976), a insulina produz um aumento na captação

celular de glicose, resultando em redução de seus níveis sanguíneos. Além dessa

função, a insulina inibe também a liberação de glucagon pelo fígado e a liberação de

ácidos graxos pelo tecido adiposo. Por sua vez, o glucagon produz efeitos

exatamente opostos; mobilização de glicose a partir do fígado por meio da

glicogênese e mobilização dos ácidos graxos a partir dos adipócitos. Durante o

exercício físico, no qual tanto a glicose quanto os ácidos graxos são necessários

como combustíveis metabólicos, foi mostrado que o glucagon aumenta e a insulina

diminui.

Quando o corpo tem uma boa reserva de carboidratos, este será o

combustível preferencial, o que é extremamente importante nas atividades intensas,

uma vez que nessa situação apenas o carboidrato pode ser oxidado rapidamente e

suprir a energia que o músculo pede. A gordura estocada é desidratada e produz

mais energia do que o carboidrato. Essa é a maneira ideal de estocar energia, visto

que ocupa pouco espaço e produz mais energia por unidade de massa. O exercício

aumenta a concentração plasmática de epinefrina e de outros hormônios, ativando

betarreceptores dos adipócitos e estimulando a lípase, que quebra o triglicerídeo em

3 AGL e 1 glicerol. Em descanso, 70% dos AGL liberados na lipólise são ligados

novamente ao glicerol e formam novos triglicerídeos nos adipócitos. Durante o

exercício moderado, esse processo diminui, ao mesmo tempo em que a lipólise

aumenta, elevando assim o nível sanguíneo de AGL (JOHNSON; BERG e LATIN,

1984). Uma vez no plasma, os AGL ligam-se à albumina; a quantidade de AGL no

sangue diminui à medida que a intensidade do exercício aumenta (GALBO et al.,

1976; MCARDLE; KATCH e KATCH, 1998).

Dependendo do estado de nutrição, treinamento do indivíduo e duração da

atividade física, de 30% a 80% da energia para o trabalho biológico deriva das

moléculas adiposas intra e extracelulares, 1 mol de gordura é capaz de produzir 142

ATP (MCARDLE e KATCH, 1985 apud EVANGELISTA et al., 2003).

Quando dois níveis de exercícios diferentes são realizados, um a 25% e outro

a 65% do VO2 máximo, a 25% gasta mais gordura, mas a 65% gasta maior

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quantidade de gordura estocada (JOHNSON; BERG e LATIN, 1984; MCARDLE;

KATCH e KATCH, 1998). Quando existe pouco O2 devido à intensidade do

exercício, a energia precisa vir da glicose, já que a gordura não pode ser

metabolizada sem O2. Os hormônios liberados de AGL (epinefrina, glicocorticóides)

permanecem ativos 2 ou 3 h após o exercício. A epinefrina impede que o nível

insulínico suba muito em resposta à glicemia sanguínea.

Para saber quando um indivíduo altera o VO2, avalia-se o metabolismo basal.

Um indivíduo está em condições basais ao estar em repouso físico e psíquico

completo, deitado de costas e tratando de eliminar conflitos da natureza psíquica

(afastar pensamentos causadores de tensão); deve estar em jejum absoluto de 8h e

num ambiente de neutralidade térmica. Considera-se como neutralidade térmica,

uma temperatura ambiental (nem fria nem quente), isto é, que não seja

suficientemente baixa para produzir calafrios nem suficientemente alta para produzir

sudorese (DOUGLAS, 2000).

Estando em condições basais, o indivíduo não realiza trabalho, isto é, não

libera energia, de modo que toda a energia liberada ocorre sob forma de calor.

Estabelece-se, assim um estado de equilíbrio basal entre o fluxo de entrada de

energia, representado pela degradação dos reservatórios, e o fluxo de saída,

representado somente pela liberação de energia sob forma de calor (DOUGLAS,

2000).

2.2 Avaliação do tecido adiposo

Para determinar a composição corpórea, pode-se utilizar tanto procedimentos

classificados como diretos quanto indiretos e duplamente indiretos. Direto é o

método no qual há separação dos diversos componentes corporais, por meio da

dissecação de cadáveres. Os métodos indiretos podem ser divididos em físicos ou

químicos, sendo que, em ambos, alguns dos métodos envolvem procedimentos

laboratoriais de alto custo e difícil acesso.

Pode-se considerar como métodos indiretos a relação peso-altura, medição

das dobras cutâneas, mensuração das circunferências, pesagem subaquática,

determinação da impedância elétrica, ultra-sonografia do tecido adiposo, tomografia

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computadorizada, ressonância magnética e diluição de isótopos. (GUIRRO e

GUIRRO, 2004; HIROOKA et al., 2005).

Recentemente, o desenvolvimento dessas técnicas mais sofisticadas para a

avaliação de gordura corporal tornou evidente que a morbidade, a mortalidade, bem

como as alterações metabólicas nos obesos, estão mais relacionadas com a

quantidade de tecido adiposo visceral do que com a gordura corporal total. Entre

esses métodos, a tomografia computadorizada é considerada o método de

referência para a avaliação de gordura intra-abdominal; entretanto, é um método

dispendioso, que submete os pacientes à radiação ionizante e pouco disponível; já a

ressonância magnética é muito mais cara que os outros métodos (RADOMINSKI et

al., 2000; HIROOKA et al., 2005).

Assim, os estudos realizados por Armellini et al. (1990); Radominski et al.

(2000) comprovaram, da mesma forma que Hirooka et al. (2005), o uso do ultra-som

(Figura 3) como um método proveitoso e exato na determinação da adiposidade

intra-abdominal e com bons resultados quando comparado à tomografia

computadorizada (MINOCCI et al., 2005).

Figura 3 – Exemplo de aparelho de ultra – sonografia empregado na determinação de adiposidade.

A ultra-sonografia (US) foi a primeira modalidade de exames por imagem

disponível para avaliação das doenças musculares. A xerorradiografia e a radiografia

de baixa tensão não têm resolução suficiente para mostrar lesão muscular. Nem

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mesmo a tomografia computadorizada (TC) consegue definir suficientemente a

estrutura do músculo para detectar os tipos mais comuns de patologias que afetam o

tecido muscular (HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).

Por meio da ultra-sonografia, ondas mecânicas são transmitidas através dos

tecidos e seus ecos são recebidos e analisados. Existem no mercado equipamentos

leves e portáteis, que permitem medir a distância entre pele-gordura e gordura-

músculo, posteriormente refletidas a partir dessa interface, sendo que o tempo de

transmissão de ida e volta do receptor é transformado num escore relacionado à

distância.

A disponibilidade, a facilidade do exame e o baixo custo da ultra-sonografia,

em comparação com a ressonância nuclear magnética (RNM), tornam práticos os

exames de segmentos de lesões em processo de cicatrização. Os exames ultra -

sonográficos seriados permitem avaliar com precisão a velocidade e o estágio do

processo de cura, diminuindo significativamente a probabilidade de recorrência da

lesão (SERNIK e CERRI, 1999).

A análise de lesões da parede abdominal atingiu importante avanço na

qualidade das imagens após a introdução de transdutores de alta resolução (5-7 e

10MHz). Anormalidades clinicamente palpáveis podem ser bem caracterizadas no

que se refere à consistência, extensão e profundidade (CERRI e ROCHA, 1993).

Os transdutores de varredura linear longa são os mais recomendados para o

exame dos músculos. A maioria dos exames pode ser realizada usando-se um

transdutor com varredura linear longa com 7,5 MHz, que proporcionará uma

resolução excelente. Pacientes obesos podem necessitar de um transdutor de 5

MHz para melhorar a penetração. Além do transdutor de varredura linear longo, é

essencial um aparelho de ultra-sonografia que tenha a capacidade de exibir duas

imagens lado a lado. Esta capacidade permite ao examinador oferecer uma imagem

composta por duas imagens mostrando um segmento mais longo de músculo

(HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).

Outras técnicas surgiram recentemente: a ultra-sonografia tridimensional (3-

D) e o estudo por imagem com CDV expandido. A aquisição de dados na ultra-

sonografia tridimensional não é muito diferente da RNM 3-D ou da TC 3-D; várias

imagens são armazenadas na memória e reconstruídas com um só volume. Um dos

métodos usa imagens de uma única varredura com o transdutor. O outro método usa

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um transdutor composto que contém um arranjo curvo de cristais piezelétricos. O

arranjo de cristais pode realizar uma varredura dentro desse arranjo, que engloba os

elementos. Esse transdutor é posicionado sobre a área de interesse e não pode ser

movido até que o movimento de translação do arranjo esteja completo. O

aprimoramento dos equipamentos ultra-sonográficos digitais mais recentes oferece

reconstruções volumétricas rápidas em 3-D, quase que em tempo real

(HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).

Um avanço técnico recente é o estudo do volume ultra-sonográfico por

imagem. Esta técnica permite o estudo por imagem tridimensional em tempo real

com o equipamento no modo de regulagem chamado B convencional. Uma lente de

borracha de silicone cilíndrica é aplicada a um transdutor linear ou curvo. As lentes

retiram o foco do feixe e examinam um volume maior de tecido com as ondas de

ultra-som. O estudo por imagem tridimensional é obtido quando a estrutura reflete

toda a energia incidente. A necessidade de reflexão total é uma limitação importante

desta técnica. A reflexão total é obtida quando se examina a estrutura posicionando

o cabeçote do equipamento em ângulos inclinados, como a face de um bebê no

útero (HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).

Atualmente, o estudo por imagem com CDV expandido é o melhor método de

exibir a anatomia musculotendinosa usando a ultra-sonografia. Cada vez mais, esta

técnica está ganhando popularidade. As imagens são mais facilmente interpretáveis

(HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).

A técnica da lógica nebulosa é aplicada ao estudo por imagem CDV

expandido, permitindo a detectação e a correção de movimentos teciduais de

pequena escala, como a pulsação arterial, a contração muscular, os batimentos

cardíacos e os movimentos respiratórios. O movimento da sonda para fora do plano

é pouco importante com esta técnica. O estudo por imagem CDV expandido permite

ao operador rastrear ao longo do comprimento de uma estrutura sem estar confinado

a um único plano. Esta técnica aplica-se mais a estruturas localizadas nos membros.

Um grande número de estruturas musculotendinosas e feixes neuromusculares

cruzam os planos anatômicos convencionais. Um outro benefício oferecido por esta

técnica é a precisão das medidas de longa distância (HOLSBEECK e INTROCASO,

2002).

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Um meio de transmissão sem impedância pode ser necessário para os

exames dos músculos. Isto permite uma visualização ideal da fáscia superficial e da

junção musculotendinosa. Os defeitos da fáscia, as hérnias musculares e as

lacerações musculares superficiais serão perdidas se o meio de transmissão com

impedância zero não for utilizado (HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).

2.3 Contração do músculo esquelético

Nos últimos 25 anos, reuniu-se muito conhecimento acerca da contração

muscular. A informação sobre as alterações estruturais que ocorrem quando uma

célula muscular em repouso é contraída ativamente foi obtida graças ao uso do

microscópio eletrônico. Portanto, é imperativo compreender com detalhes a estrutura

do músculo. Torna-se mais fácil, assim, entender a teoria de como o músculo se

contrai (GOMES, 2002).

O músculo esquelético é formado por milhares de fibras contráteis individuais

mantidas juntas por uma bainha de tecidos conjuntivos. A porção de tecido

conjuntivo que cobre cada fibra ou célula muscular é denominada endomísio.

Imediatamente por dentro e presa ao endomísio existe a membrana da célula

muscular, ou sarcolema. O interior da célula muscular é formado por um

protoplasma especializado, denominado sarcoplasma. As células musculares estão

agrupadas e formam feixes musculares, os fascículos. Esses feixes, que contêm

números variáveis de fibras musculares, são mantidos juntos, por sua vez, por um

tecido conjuntivo que recebe a designação de perimísio. Envolvendo todo o

músculo, existe ainda outro componente do tecido conjuntivo, denominado epimísio

(FOX; BOWERS e FOSS, 1991).

Todos os músculos esqueléticos são compostos por numerosas fibras, com

diâmetros variando entre 10 e 80 µm. Cada uma dessas fibras é formada por

diversas subunidades (HALL e GUYTON, 2002).

O sarcolema (figura 4), que é a membrana celular da fibra muscular, é

formado por uma membrana celular, chamada membrana plasmática, e por

revestimento externo, composto de fina camada de material polissacarídeo,

contendo numerosas fibrilas finas de colágeno. Na extremidade da fibra muscular,

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esse revestimento superficial do sarcolema funde-se com uma fibra tendinosa e

essas fibras tendinosas se unem, formando feixes, até comporem um tendão

muscular que se insere no osso (HALL e GUYTON, 2002).

Figura 4 – Estrutura da fibra muscular mostrando sarcolema.

Fonte: RUAS, 2005.

O elemento contrátil da célula consiste nas miofibrilas. A estrutura e função

destas fibrilas foram estudadas e descritas por A. F. Huxley e H. E. Huxley e

colaboradores. Em cada fibra muscular (ou célula) existem muitas miofibrilas com

espessura de 1 a 3 µm cada, dispostas paralelamente entre si. As miofibrilas são

alinhadas no interior do sarcolema de tal maneira que pontos com a mesma

densidade ficam ao mesmo nível, dando a aparência de discos cruzando toda a

espessura de fibra muscular (figura 5) (ASTRAND e RODAHL, 1980).

Cada miofibrila contém lado a lado, cerca de 1.500 filamentos de miosina e

3.000 filamentos de actina, que são grandes moléculas poliméricas, responsáveis

pela contração muscular. Os filamentos de actina e miosina entrelaçam-se, o que faz

com que as miofibrilas apresentem faixas alternadas escuras e claras. As faixas

claras só contêm filamentos de actina e são chamadas de faixas I, por serem

isotrópicas à luz polarizada. As faixas escuras contêm os filamentos de miosina além

das extremidades dos filamentos de actina e são chamadas de faixas A por serem

anisotrópicas à luz polarizada. As pequenas projeções laterais dos filamentos de

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miosina são chamadas de pontes cruzadas, que sobressaem da superfície dos

filamentos de miosina, por toda sua extensão, exceto na sua parte mais central. A

interação entre essas pontes cruzadas e os filamentos de actina é que produz a

contração (HALL e GUYTON, 2002).

Figura 5 - Organização estrutural do músculo esquelético do músculo inteiro ao nível molecular.

Fonte: ROBINSON E SNYDER-MACKLER, 2001.

As extremidades dos filamentos de actina estão presas ao disco Z, e a partir

deste disco, os filamentos se estendem, nas duas direções, para se interdigitarem

com os filamentos de miosina. O disco Z, que é formado por proteínas filamentosas

diferentes das dos filamentos de actina e de miosina, passa de miofibrila a miofibrila,

fixando-as entre si, ao longo de toda espessura da fibra muscular (HALL e GUYTON,

2002).

A região de uma miofibrila situada entre duas linhas Z consecutivas é

chamada de sarcômero (Figura 6). Quando a fibra nervosa está em seu

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comprimento normal de repouso, completamente estirada, o sarcômero tem

extensão de cerca de 2 µm. Nesse comprimento, os filamentos de actina

sobrepõem-se totalmente aos filamentos de miosina e começam a se sobrepor uns

aos outros (HALL e GUYTON, 2002).

Figura 6 - Estrutura do sarcômero com as linhas de deslizamento.

Fonte: ZILLI, 2003.

As miofibrilas no interior da fibra muscular ficam suspensas em uma matriz

chamada de sarcoplasma, formado pelos constituintes intracelulares usuais. O

líquido do sarcoplasma contém grandes quantidades de potássio, de magnésio, de

fosfato e de enzimas protéicas. Também está presente um número imenso de

mitocôndrias que ficam entre e paralelas às miofibrilas. Essa situação é indicativa de

grande necessidade de miofibrilas em contração de quantidade elevada de trifosfato

de adenosina (ATP), formado nas mitocôndrias. Igualmente existe no sarcoplasma

um extenso retículo endoplasmático chamado, na fibra muscular, de retículo

sarcoplasmático. Esse retículo apresenta organização e é indispensável para o

controle da contração muscular (HALL e GUYTON, 2002).

O desencadeamento e decurso da contração muscular ocorre segundo

etapas (Figura 7):

1. um potencial de ação percorre um axônio motor até as fibras musculares;

2. em cada terminação muscular, há secreção de pequena quantidade da

substância neurotransmissora, chamada acetilcolina;

3. a acetilcolina atua sobre área localizada da membrana da fibra muscular,

provocando a abertura de numerosos canais protéicos acetilcolina;

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4. a abertura desses canais acetilcolina permite o influxo de grande

quantidade de íons sódio para o interior da membrana da fibra muscular,

no ponto da terminação nervosa. Isso produz um potencial de ação na

fibra muscular;

5. o potencial de ação propaga-se ao longo da membrana da fibra muscular;

6. o potencial de ação despolariza a membrana da fibra muscular e também

propaga-se profundamente no interior dessa fibra muscular esquelética.

Aí, faz com que o retículo sarcoplasmático libere, para as miofibrilas,

grande quantidade de íons cálcio, que estavam armazenados em seu

interior;

7. os íons cálcio geram forças atrativas entre os filamentos de actina e

miosina, fazendo com que deslizem um em direção ao outro, o que

constitui o processo contrátil.

Figura 7 - Seqüência dos acontecimentos da contração muscular.

Fonte: MATTHEWS, 2000.

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Após uma fração de segundo, os íons cálcio são bombeados de volta para o

retículo sarcoplasmático, onde permanecem armazenados até que ocorra novo

potencial de ação muscular; termina a contração muscular (HALL e GUYTON, 2002).

Os músculos esqueléticos são inervados por grandes fibras nervosas

mielinizadas, que têm origem nos motoneurônios dos cornos anteriores da medula

espinhal. A terminação nervosa forma com a fibra muscular uma junção

neuromuscular ou placa terminal, sendo que esta ocupa apenas uma pequena

fração do total da superfície muscular, normalmente próxima ao centro da fibra

(ASTRAND e RODAHL, 1980; BERGMAN, 1989; MCARDLE; KATCH e KATCH,

1998; MACHADO, 2000).

Os músculos são irrigados ricamente por vasos sangüíneos; as artérias e

veias penetram no músculo juntamente com os tecidos conjuntivos e se orientam

paralelamente a cada fibra muscular, ramificam-se repetidamente em numerosos

capilares e vênulas, formando extensas redes dentro e ao redor do endomísio.

Dessa forma, cada fibra passa a receber um bom suprimento de sangue recém-

oxigenado proveniente do sistema arterial.

A quantidade de sangue que o músculo esquelético precisa depende,

evidentemente, de seu estado de atividade. Durante o exercício máximo, os

músculos podem necessitar de até 100 vezes mais sangue do que quando estão em

repouso. Além do grande número de capilares que irrigam cada fibra muscular,

existem outras maneiras que permitem atender essa demanda de fluxo sangüíneo.

Por exemplo, a alternância entre contração e relaxamento do músculo ativo causa

compressão periódica dos vasos sangüíneos. Essa ação de bomba acelera o

sangue para o coração, fazendo aumentar assim a quantidade de sangue arterial

que pode retornar aos músculos (FOX; BOWERS e FOSS, 1991).

Os nervos destinados a um músculo contêm fibras tanto motoras (eferentes)

quanto sensitivas (aferentes) e penetram habitualmente no músculo juntamente com

os vasos sangüíneos. Ramificam-se repetidamente por meio do arcabouço de

tecidos conjuntivos do músculo, alcançando, assim, todas as fibras musculares

(MCARDLE; KATCH e KATCH, 1998).

Os nervos motores que, quando estimulados causam contração do músculo,

originam-se no sistema nervoso central (medula espinhal e cérebro). O ponto em

que um nervo motor termina sobre uma fibra muscular é conhecido como junção

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mioneural ou neuromuscular ou como placa motora terminal. Os nervos motores

constituem cerca de 60% dos nervos que penetram no músculo. Os nervos

sensoriais (sensitivos), que perfazem os 40% restantes, conduzem informações

acerca da dor e da orientação das áreas corporais dos órgãos sensoriais musculares

para o sistema nervoso central (FOX; BOWERS e FOSS, 1991).

O axônio do motoneurônio ramifica-se, indo inervar fibras musculares que se

alastram por todo o músculo, compondo a unidade motora.

Todas as unidades motoras dos músculos esqueléticos funcionam da mesma

maneira já descrita; entretanto, são constituídas por fibras de um tipo específico ou

por uma subdivisão de um determinado tipo de fibra com o mesmo perfil metabólico

(FOX; BOWERS e FOSS, 1991; MCARDLE; KATCH e KATCH, 1998).

A maioria dos músculos esqueléticos é constituída por três tipos básicos de

fibras musculares: SO (Slow Oxydative), FOG (Fast-Oxydative-Glycolitic) e FG (Fast-

Glycolitic) (ARIANO; ARMSTRONG e EDGERTON, 1973). Essa distribuição parece

ser influenciada pela inervação motora (PETTE e VRBOVA, 1985). A composição da

fibra muscular varia de indivíduo para indivíduo, o corpo humano apresenta

musculatura com composição em que existem fibras musculares mistas (fibras

brancas e vermelhas) (JOHNSON et al., 1973).

As fibras musculares lentas, que também são chamadas de tipo I, ou fibras

vermelhas, são de contração lenta, pois são altamente vasculares, predominam nos

músculos posturais e são mais resistentes à fadiga. As fibras musculares rápidas,

que também são chamadas de tipo II ou fibras brancas, são de contração rápida e

de menor vascularização (FOX; BOWERS e FOSS, 1991; HOOGLAND, 1993).

As fibras do tipo IIa possuem diâmetro de 28 mm, elevado potencial oxidativo

e glicolítico, são resistentes à fadiga, e realizam produção de força relativamente

alta; já as fibras do tipo IIb têm diâmetro de 46 mm, grande capacidade glicolítica,

têm alta produção de força, mas são sensíveis à fadiga (FOX; BOWERS e FOSS,

1991; HOOGLAND, 1993). As fibras do tipo IIc são intermediárias entre IIa e IIb,

pouco diferenciadas e representam cerca de 1% do total das fibras (SALGADO,

1999; GRAZIOTTI et al., 2001), mas não serão comentadas neste estudo.

As fibras vermelhas são assim denominadas devido à coloração que

apresentam, a qual, por sua vez, deve-se à presença de grande quantidade de

mioglobina e, conseqüentemente, aporte sanguíneo. Pode-se dizer que a

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vascularização desse tipo de fibra é alta e isto vai influenciar no tipo de função que

realiza. As células musculares desse tipo de fibra contêm uma grande quantidade de

mitocôndrias que se dispõem na periferia das fibras, especialmente junto aos

numerosos capilares que apresentam. Essa característica confere-lhe uma alta

atividade ATPásica (HOOGLAND, 1993).

As fibras brancas, por sua vez, apresentam essa coloração devido ao

reduzido aporte sanguíneo que recebem. A quantidade de capilares é pequena, o

que também vai ter papel fundamental para a sua função. As quantidades de

mitocôndrias também são pequenas neste tipo de fibras musculares. Dessa forma,

apresentam atividade ATPásica menor (HOOGLAND, 1993).

A inervação das fibras vermelhas é realizada por neurônios com axônios mais

delgados (2α), que apresentam velocidade de condução entre 50 e 80 m/s

(MOUNTCASTLE, 1978). As unidades motoras que compõem essa inervação são

unidades grandes e que são ativadas primeiramente pelo estímulo neuromuscular. A

velocidade de condução dessas fibras é máxima em 17 m/s (HOOGLAND, 1993);

sua freqüência de tetanização é de 20 a 30 Hz (JOHNSON et al., 1973).

A inervação das fibras brancas é feita por neurônios cujo axônio é mais

espesso (1α), e que apresentam, portanto, alta velocidade de condução, entre 80 e

110 m/s (MOUNTCASTLE, 1978). As unidades motoras são pequenas, ou seja, são

mais específicas e permitem uma precisão maior; a velocidade de contração dessas

fibras, por conseqüência, é maior que nas fibras vermelhas, tendo seu valor próximo

a 42 m/s (HOOGLAND, 1993) e a freqüência de tetanização dessas fibras se situa

entre 50 e 150 Hz (JOHNSON et al., 1973).

As fibras de contração lenta (CL) possuem capacidade aeróbica relativamente

grande e capacidade anaeróbica relativamente pequena em comparação com as

fibras de contração rápida (CR). O tempo de contração das fibras de CR mantém

paralelismo com os altos níveis de atividade ATPase nas fibras de CR e os tempos

lentos com os baixos níveis de atividade das fibras de CL. O tempo de contração das

fibras de CR (até a tensão máxima) é cerca de duas vezes mais curto que o tempo

das fibras lentas; 0,05 s contra 0,10 s, sendo que os tempos de relaxamento (retorno

à metade da tensão máxima) também são proporcionalmente menores (FOX;

BOWERS e FOSS, 1991).

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A produção de força sob ES repetitiva, que seria semelhante a uma descarga

de impulsos durante o movimento voluntário, é muito maior para as fibras de CR,

visto que estas conseguem somar as ondas e tetanizar mais rapidamente

(DELAMARE, 1998).

Os motoneurônios menores possuem um limiar de excitação mais baixo, o

que significa que as unidades motoras formadas por fibras de CL serão recrutadas

primeiro. Esse conceito foi atribuído a Henneman como o princípio dimensional do

recrutamento das unidades motoras. As unidades motoras de CL são usadas

durante os exercícios de baixa intensidade e as unidades motoras CRa são

recrutadas para os exercícios de intensidade mais alta ou mais prolongados. As

fibras CRb são recrutadas para a produção de força máxima, ou quando as

condições das outras fibras exibem fadiga (ROBINSON e SNYDER-MACKLER,

2001).

A velocidade de condução dos nervos motores está relacionada à velocidade

com que os impulsos percorrem os axônios dos nervos motores. As velocidades

mais lentas das fibras CL são compatíveis com a utilização para manter a postura e

realizar os movimentos mais lentos e menos intensos, nos quais a velocidade não é

crítica. Por outro lado, as altas velocidades das fibras CRa e CRb são compatíveis

com as contrações musculares mais rápidas e intensas, em que a velocidade e

potencial são importantes para o desempenho (ROBINSON e SNYDER-MACKLER,

2001).

2.4 Potencial de repouso

Medições efetuadas utilizando-se microeletrodos para detectar os potenciais

existentes entre os meios intra e extracelulares indicam que existe uma diferença de

potencial em torno de - 70 mV; embora admitam-se pequenas variações para mais

ou menos, dependendo do tecido observado (HALL e GUYTON, 2002).

Uma célula em boas condições e sem sofrer influências externas é capaz de

manter inalterado o potencial de membrana. A diferença de potencial existente entre

o interior e o exterior da célula é determinada pelas diferentes concentrações iônicas

presentes nos dois meios e apresenta uma eletronegatividade do meio intracelular

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em relação ao meio extracelular. A célula apresenta uma maior concentração de

íons K+ no meio intracelular e, por isso mesmo, a tendência destes é migrar para o

meio extracelular, no entanto, a diferença de potencial da membrana impede que

isto ocorra. As células oferecem uma maior permeabilidade aos íons K+ do que aos

íons Na+.

É muito importante notar que em uma célula em repouso há um escoamento

constante de íons K+ para fora dela e de íons Na+ para o seu interior. Se não houver

um equilíbrio nas concentrações iônicas entre os meios intra e extracelulares e

fazendo transporte ativo às custas de gasto energético, o transporte passivo tenderia

em conseqüência a desaparecer a diferença de potencial, tão necessária para a

elaboração dos fenômenos elétricos celulares. A chamada bomba de sódio e

potássio trabalha contra o gradiente de concentração, ou seja, coloca o Na+ para

fora da célula e o K+ para dentro (FOX, BOWERS e FOSS, 1991).

2.5 O comportamento da célula frente ao estímulo elétrico

Em repouso, a célula apresenta uma polaridade positiva do meio extracelular

em relação ao meio intracelular. Logo que é desenvolvido um potencial de ação,

haverá uma diferente distribuição de cargas elétricas ao longo da membrana,

despolarizando-a, isto é, naquele local ela passa a apresentar uma polaridade

negativa fora da célula e positiva dentro da célula. À medida que o potencial vai se

propagando ao longo do axônio, a região imediatamente anterior vai se

repolarizando (às custas da bomba de Na+ e K+), colocando a célula nas mesmas

condições de repouso em que se encontrava anteriormente.

Todo o processo de despolarização e repolarização leva um certo tempo para

ocorrer e se um novo estímulo for aplicado à célula antes que ela tenha tempo

suficiente de concluir as trocas iônicas necessárias para atingir a mesma diferença

de potencial, a resposta não será plena, ou seja, ocorrerá o Período Refratário

Relativo. Dependendo da freqüência dos estímulos, pode não ocorrer qualquer

resposta, o que determina o Período Refratário Absoluto. Neste caso, os estímulos

são aplicados numa seqüência tão rápida que a célula não tem tempo de concluir as

trocas iônicas para a repolarização (KITCHEN e BAZIN, 1998).

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Para estimular um nervo, o estímulo tem que atingir intensidade e duração

suficiente, para que a membrana nervosa seja despolarizada, o que é conhecido

como limiar de excitação (Figura 8). Os potenciais de ação podem ser iniciados nos

nervos periféricos pela aplicação de estímulos elétricos apropriados.

Duração em ms na horizontal e Intensidade em mA na vertical

Figura 8 - Relação entre intensidade e duração de um estímulo exigido, para a geração de um potencial de ação numa fibra nervosa motora.

Fonte: KITCHEN E BAZIN, 1998.

Se o estímulo for aplicado lentamente, a velocidade de despolarização será

muito baixa, ocorrendo um fluxo contínuo de íons numa direção e não é gerado um

potencial de ação (KITCHEN e BAZIN, 1998).

Muitos nervos motores e sensitivos periféricos são mielinizados – a mielina é

um material isolante formado por células de Schwann, podendo haver até 320

membranas dispostas em série, entre a membrana plasmática de uma fibra nervosa

e o líquido extracelular. Esta bainha de membrana é interrompida a intervalos

regulares pelos nodos de Ranvier que estão dispostos de tal forma que, quanto

maior o diâmetro da fibra nervosa, maiores as distâncias internodais; sendo assim,

as fibras nervosas mielinizadas têm a capacidade de disparar em freqüências mais

elevadas e por períodos mais prolongados, em comparação com as outras fibras

nervosas (KITCHEN e BAZIN, 1998).

Os nervos de maior diâmetro conduzem impulsos com maior rapidez e

apresentam um limiar de excitação mais baixo. As fibras mais calibrosas também

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geram sinais mais intensos, sua resposta excitomotriz permanece menos tempo e

apresenta períodos refratários mais breves (KITCHEN e BAZIN, 1998).

Células pertencentes a determinados tipos de tecidos apresentam particulares

velocidades de propagação do estímulo. Quando há estimulação de um complexo

neuromuscular, na verdade está sendo estimulado um grande número de fibras

musculares que, por sua vez, são inervadas por neurônios rápidos (LUCENA, 1990).

Quando um músculo se contrai por efeito da corrente elétrica, as mudanças

que ocorrem no músculo são similares às que ocorrem na contração voluntária, há

um aumento do metabolismo, com um aumento da demanda de oxigênio, aumento

da liberação de catabólitos, provocando uma dilatação das arteríolas e capilares,

aumentando consideravelmente o fluxo sangüíneo no músculo (CURRIER; e MANN,

1983).

Para se conseguir uma estimulação elétrica muscular efetiva, podem-se

utilizar estimuladores alimentados por energia da rede elétrica domiciliar ou bateria.

Geralmente, as unidades de estimuladores portáteis têm saída máxima de energia

mais baixa que os alimentados a partir da rede elétrica. Por essa razão, os

estimuladores portáteis podem não ter capacidade suficiente para ativar ao máximo

os grandes grupos musculares (ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001).

2.6 Força muscular

Precisar uma definição de força que compreenda ao mesmo tempo seus

aspectos físicos e psíquicos, apresenta consideráveis dificuldades, já que os meios

de força, trabalho muscular e contração muscular são extremamente complexos e

dependem de múltiplos fatores. No entanto, a definição de força, segundo

VERKJOSHANSKI (1996), considerada como ideal, estabelece que força é a

qualidade física que permite ao músculo ou um grupo de músculos produzir uma

tensão e vencer uma resistência na ação de empurrar, tracionar ou elevar.

A força pode se apresentar sob diferentes regimes, conhecidos como, estático

e dinâmico. O regime estático manifesta-se como força isométrica, ou seja, não

existe movimento articular, podendo ser subdividida em máxima e submáxima. No

regime dinâmico, o músculo encurta-se promovendo a diminuição do ventre

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muscular, subdividindo-se em: força pura, força de explosão e de resistência

(GOMES, 2002).

Os testes de força estão entre as medidas mais práticas e objetivas para

avaliar a aptidão física; por isso, eles têm sido usados com sucesso há várias

décadas (MATHEWS, 1988), podendo a força ser medida de diversas formas:

utilização de pesos (massa), dinamômetros, tensiômetros (estático), aparelhos

isocinéticos e transdutores e registradores de força.

Quando se aumenta a força, aumenta-se a velocidade de contração,

resultando na seguinte correlação miofisiológica: durante o processo de contração,

os elementos contráteis estabelecem entre si ligações que lhes permitem deslizar

uns nos outros e encurtar o músculo. Quanto maior for o número de ligações por

unidade de tempo - o que é uma das condições de uma contração rápida, maior é a

força muscular desenvolvida. Por outro lado, a velocidade de contração, segundo

KARL (1972), depende também do reatar e desatar em rápida alternância das

ligações; portanto, do seu assincronismo. Determinando pelo treinamento um

aumento da seção transversal do músculo (por inserção de fibras contráteis), pode-

se, graças ao número aumentado das ligações assíncronas, aumentar a velocidade

de contração (WEINECK, 1989).

Estabelecer a carga de treinamento ideal, ou em “termos rigorosos”, para

Verkjoshansky (1990) é difícil, mas os trabalhos mais destacados sobre a carga de

treinamento nos últimos anos, incluem os realizados por Verkjoshansky, Platonov,

Grosser e Zint, Weineck e Bompa e consoante esses autores, alguns fatores

(descritos na sequência) influenciaram o ganho de força (LA ROSA, 2001).

2.7 Fatores que influenciam o aumento da força no treinamento

A relação entre a intensidade e o volume de exercícios é o mais importante.

No treinamento de força, a obtenção da força limite, o mais rapidamente possível,

está mais na intensidade (força da contração muscular) do que no volume

(quantidade) (LA ROSA, 2001; GOMES 2002).

Por ocasião de um treinamento isométrico (HEINECK, 1986), pode-se

constatar que um único estímulo eleva a força inicial de 1% a 4%, conforme o grupo

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muscular; e tal elevação está distribuída como se segue: 56% no mesmo dia, 39%

no dia seguinte, mas somente 6% no sétimo dia. Então, Weineck (1989) conclui que

mais da metade (56%) do ganho de força de um treinamento é obtido no mesmo dia

em que é executado. Para aproveitar esse efeito favorável, é necessário buscar um

treinamento cotidiano para visar um ganho de força mais intenso.

Nem todos os métodos de treinamento de força têm o mesmo efeito sobre o

seu aumento. A força-limite individual é conseguida mais rapidamente de acordo

com a seguinte ordem: no começo, a eletroestimulação seguida da combinação de

treinamento isométrico e dinâmico depois, pelo treinamento isométrico; e o dinâmico

encerra o trabalho (WEINECK, 1989).

Segundo Adam-Werchoshanskij (1974), existe uma relação na ordem de

execução dos exercícios e esta ordem modifica o resultado do treinamento e a

qualidade da força obtida. Um exercício com halteres que exijam grande esforço

muscular por longo período e exercícios subseqüentes de salto têm, nessa ordem,

um efeito maior sobre a força rápida do que na ordem inversa.

No desenvolvimento da força máxima de contração, o comprimento do

músculo é determinante. O ponto ideal situa-se entre 90% e 110% do comprimento

do músculo em repouso, de acordo com Halselbach (1975).

Na escolha dos meios de treinamento, é necessário escolher a angulação,

que representa a posição inicial de um movimento esportivo (por exemplo, a posição

de partida da corrida de velocidade ao comando de Pronto) ou, então, que apresenta

a transferência máxima para outras angulações (WEINECK, 1989).

Shaver (1970) coloca que no treinamento do braço esquerdo, por exemplo, o

efeito de contralateralidade acarreta também uma elevação da força do braço direito.

Admitem-se que as fibras da medula espinhal prolongada, não só cruzam para o

outro lado - cerca de 10% - como também influenciam diretamente os músculos do

mesmo lado.

O efeito de treinamento e aumento da performance são determinados pela

idade, sexo, constituição física, alimentação e estação do ano consoante Hettinge

(1966).

De acordo com Kulzer e Mahmud (1991), os grupos femininos submetidos a

regimes de treinamento com eletroestimulação apresentam maior alteração

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proporcional da força que os grupos masculinos, devido aos níveis baixos de força

inicial das mulheres.

2.8 Estimulação Elétrica

A estimulação elétrica consiste no emprego da corrente elétrica como forma

excitomotriz, sendo corrente elétrica um fluxo de elétrons produzido quando há uma

diferença de potencial entre os extremos de um condutor (LUCENA, 1990).

Estudos em épocas remotas já descreviam o uso da corrente elétrica com

finalidades terapêuticas, gregos e romanos utilizavam esse recurso, na maioria das

vezes de forma empírica, para aliviar cefaléias e dores articulares (BRASILEIRO e

VILLAR, 2000).

Em meados do século XVIII, o uso da eletricidade no tratamento das doenças

ganhou popularidade e os estudos atuais ampliaram o uso da estimulação elétrica

funcional e atualmente vem sendo utilizada com êxito na reabilitação após períodos

de imobilização ou inatividade (BRASILEIRO e VILLAR, 1999; PIAZZI,

UGRINOWITSCH e TRICOLI, 2005).

Experimentos indicam que o uso exclusivo da eletroterapia é capaz de

aumentar a força muscular de forma semelhante ou mesmo superior ao aumento

proporcionado pelo exercício físico, sendo assim, a estimulação elétrica é um

método suplementar de treinamento de força máxima muito útil, além de aumentar

também a força voluntária, a velocidade do movimento e a resistência muscular. Mas

para entender a estimulação elétrica, precisa-se entender como os músculos são

eletricamente estimulados (BRASILEIRO e VILLAR, 2000; GRILLO e SIMÕES,

2003).

A eletricidade gerada internamente no ser humano serve para controlar e

operar nervos, músculos e órgãos. Essencialmente, todas as funções e atividades

do corpo envolvem de alguma forma a eletricidade. A eletricidade produz seus

efeitos fisiológicos através de dois mecanismos básicos: os fenômenos de campo e

o movimento de cargas (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

Do ponto de vista da eletroterapia, “o organismo humano pode ser entendido

como formado por numerosos sistemas eletrolíticos, separados por membranas

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semipermeáveis; cada célula forma um condutor eletrolítico”. Se a estas células e

tecidos do organismo aplicar-se um potencial elétrico, provoca-se uma dissociação

iônica, isto é, “um fenômeno mediante o qual as moléculas se dividem em seus

diferentes componentes químicos, pelo fato de que cada um deles tem uma carga

elétrica distinta” (GUIRRO e GUIRRO, 1996); para isso, existem duas condições

essenciais para que se produza uma corrente elétrica: (1) uma diferença de

potencial, (2) uma via condutora para a corrente elétrica circular (LUCENA, 1990).

Nos circuitos eletrônicos tem-se elementos resistivos com a finalidade de

estabelecer um controle de intensidade de corrente. Dessa forma, pode-se mantê-la

dentro de níveis previamente estabelecidos. A série de oposições representadas

pela resistência, reatância capacitiva e reatância indutiva encontradas nos circuitos

eletrônicos é chamada de impedância (Z).

Quando são desejados efeitos profundos (sobre músculos ou órgãos

internos), deve-se utilizar correntes ou radiações de maior freqüência. Quanto maior

a freqüência da corrente, mais facilmente ela circula através da pele com menor

perda de energia (ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001).

As correntes elétricas usadas na eletroterapia clínica podem ser divididas em

três tipos: corrente contínua, alternada e pulsada (Figura 9). A corrente contínua tem

um fluxo unidirecional contínuo ou ininterrupto de cargas elétricas. A corrente

alternada possui um fluxo bidirecional contínuo e a corrente pulsada ou interrompida

é definida como o fluxo uni ou bidirecional de cargas elétricas que periodicamente

são interrompidas por um período de tempo finito (figura 9) (ROBINSON e SNYDER-

MACKLER, 2001).

Além dessa divisão, as correntes diferenciam-se pela forma de onda (Figura

10), cujas características principais são a amplitude, a freqüência e a fase de

representação visual. As correntes podem sofrer alterações seqüenciais,

intermitentes ou variáveis em natureza e são referidas como modulação. As

modulações podem ocorrer em amplitude, duração e modulação de tempo da

corrente, a qual é chamada de trem de pulso.

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Figura 9 - Diagrama do sistema para combinar designações de corrente descritivas na nomeação de formas de onda de corrente alternada ou pulsada.

Fonte: ROBINSON E SNYDER-MACKLER, 2001.

Figura 10 - Designações “tradicionais” de correntes elétricas selecionadas usadas historicamente na prática clínica. Cada gráfico mostra mudanças

na amplitude de corrente ao longo do tempo.

Fonte: ROBINSON E SNYDER-MACKLER, 2001.

Dessa forma, a estimulação elétrica pode ser aplicada com uma variedade de

protocolos. Os parâmetros podem ser: freqüência do estímulo, forma de onda,

intensidade do estímulo, tamanho do eletrodo, tipo do eletrodo, número de sessões,

e freqüência semanal.

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Para estimular eletricamente um indivíduo, precisa-se de intensidade de

corrente diferentes, dependendo da composição corporal: para estimular um

indivíduo magro, a intensidade é menor, em relação a um mais obeso. Para o

indivíduo com a pele bem hidratada, a intensidade da corrente necessária para

estimulá-lo também é inferior àquela necessária para a pele desidratada, ou seja, a

pele hidratada oferece menor resistência (LUCENA, 1990).

A forma de onda influencia no conforto associado à estimulação elétrica, pois

estímulos bifásicos com pulsos retangulares são conhecidos por preferencialmente

ativarem grandes unidades motoras e serem mais confortáveis (KITCHEN e BAZIN,

1998), porém Delitto e Rose (1996) informaram não haver diferenças significativas

entre as ondas senóides, retangulares e triangulares. Entretanto, Laufer et al. (2001)

realizaram um estudo com estimulação elétrica muscular no quadríceps femoral para

avaliar 3 (três) diferentes tipos de onda: monofásica retangular, bifásica retangular e

polifásica e observaram que as ondas monofásica e bifásica retangular geraram

contrações maiores que a polifásica e também ocasionaram menor fadiga.

Quanto aos eletrodos, os que possuem grande área são necessários para a

estimulação de músculos maiores e grupos musculares, ou para que funcionem

como terminais dispersivos (ENOKA, 1994; KITCHEN e BAZIN, 1998).

A disseminação da corrente elétrica sobre a superfície dos eletrodos pode ser

irregular, ou seja, frequentemente a intensidade é maior no ponto onde a corrente

penetra no eletrodo, e quanto maior o eletrodo, mais baixa a intensidade da corrente

por unidade de área (KITCHEN e BAZIN, 1998).

Lyons et al. (2004), realizaram um estudo com 12 indivíduos para avaliar o

conforto da estimulação elétrica utilizando eletrodos de tamanhos diferentes, um de

19,63 cm2 e outro de 38,48 cm2 e os autores observaram que os eletrodos de 19,63

cm2 eram mais confortáveis comparados aos maiores.

Os eletrodos, ou podem ser posicionados sobre os músculos, sobre o ponto

motor com apenas um eletrodo, ou com uma técnica bipolar, onde os eletrodos

podem ser aplicados em ambos os lados do ventre muscular (KITCHEN e BAZIN,

1998).

A força da contração muscular é determinada pela amplitude, freqüência,

duração e forma de onda e muitos pesquisadores já examinaram os modos pelos

quais estes parâmetros podem ser combinados para produzir uma contração

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muscular efetiva, embora não tenha sido mostrada uma combinação de parâmetros

que seja mais efetiva (KITCHEN e BAZIN, 1998).

2.9 Estimulação de média freqüência

Em fisioterapia, a faixa de freqüências compreendidas entre 1000 e 4000 Hz é

denominada média freqüência e descreve a estimulação elétrica utilizada para o

treinamento de força, ressaltando que os bons resultados de fortalecimento muscular

tem ocorrido tanto para a baixa quanto para a média freqüência (PARADA, 1995;

GUIRRO e GUIRRO, 2004).

No fim dos anos 70, depois de uma rápida proliferação de unidades de TENS

para controle da dor, o interesse na eletroterapia cresceu pelos registros de

pesquisa na União Soviética, nos quais verificou-se que a ativação elétrica regular

do músculo era mais efetiva que o exercício no fortalecimento do músculo

esquelético em atletas de elite, resultando em melhorias no desenvolvimento e no

projeto de uma classe de estimuladores elétricos para estimulação elétrica

(ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001).

A corrente originalmente usada pelos pesquisadores soviéticos era uma

corrente alternada simétrica, senoidal, de 2500Hz, modulada em bursts a cada

10ms, para fornecer 50 trens de pulsos por segundo. Esse tipo de estímulo foi

comercialmente nominado de “estimulação russa” (Figura 11) (ROBINSON e

SNYDER-MACKLER, 2001; GRILLO e SIMÕES, 2003).

Figura 11 – Forma de onda da “corrente russa” utilizada na estimulação elétrica neuromuscular.

Fonte: ROBINSON E SNYDER-MACKLER, 2001.

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A “estimulação russa” surgiu como uma variação da corrente alternada de

média freqüência interrompida e tem base na descoberta da cientista Janda, que

observou o comportamento clínico da musculatura, observando 2 tipos de fibras

(DELAMARE, 1998). Atualmente, os aparelhos de estimulação elétrica

neuromuscular utilizam uma variedade de formas de onda, todavia, até hoje,

nenhuma forma de onda única foi considerada superior para todas as aplicações de

estimulação elétrica, em todas as populações de pacientes (ROBINSON e SNYDER-

MACKLER, 2001).

A estimulação russa, devido a sua característica de média freqüência, tem

efeito de profundidade, ou seja, capaz de atingir estruturas teciduais profundas, pois

quanto maior a freqüência, menor é a impedância tecidual. Outra característica é

que sua média freqüência está fixada em 2500 Hz, em cuja freqüência ocorre a

despolarização máxima do nervo motor (ADEL, 1993; ROBINSON e SNYDER-

MACKLER, 2001).

Entretanto, a freqüência máxima de despolarização depende do período

refratário absoluto, sendo que a sua duração depende da velocidade de condução

da fibra nervosa (GUIRRO e GUIRRO, 1996).

De acordo com Miwa e Nogueira (2000), a estimulação de média freqüência

trabalha com uma corrente de 2.500Hz, sendo capaz de atingir estruturas

musculares profundas tendo freqüências de repetição de pulso maiores do que

1kHz. Nesta freqüência, cada fase de corrente não pode estimular um impulso

nervoso, já que os pulsos que se sucedem caem no período refratário. Os métodos

usuais para permitir a repolarização da membrana nervosa são: a modulação de

amplitude ou interrupção (Russa) (LOW e REED, 1997).

Como já citado, a estimulação russa difere de outras correntes de média

freqüência, por ser seletiva; isto se deve à possibilidade de modular em baixa

freqüência, ativando as unidades motoras fásicas ou tônicas, dependendo da

freqüência utilizada.

As unidades motoras tônicas são compostas por fibras musculares

vermelhas, ricas em capilares e resistentes à fadiga, sendo filogeneticamente

antigas. Sua inervação é realizada por meio do motoneurônio 2α, cuja velocidade de

contração é lenta. Sua freqüência tetânica fica entre 20 e 30 Hz.

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Ao contrário, as unidades motoras fásicas são constituídas por fibras brancas,

pobres em capilares e não resistentes à fadiga, sendo filogeneticamente jovens. O

motoneurônio 1α, tem velocidade de condução alta e inerva essas unidades

motoras. Para ativá-las, é necessária uma freqüência compreendida entre 50 e

150Hz. (DELAMARE, 1998).

2.10 A estimulação elétrica e o aumento de força muscular

A estimulação elétrica neuromuscular tem sido utilizada desde o século XVIII

como ferramenta da reabilitação (DUCHATEAU e HAINAUT, 1988), mas somente na

década de 70 foi aplicada em atletas como suplemento do treinamento convencional

(ENOKA, 1994).

Apesar de muito antiga, a técnica de estimulação elétrica retomou interesse

científico a partir da Olimpíada de Montreal (1976), em que os atletas russos foram

vistos em preparação física sob uso dela. Dois anos mais tarde, KOTS, o treinador

da equipe russa, voltou ao Canadá para apresentar aos pesquisadores ocidentais as

técnicas que utilizava em seus estudos (KRAMER et al., 1984).

O treinamento era feito com uma corrente de freqüência "similar à freqüência

de descarga dos potenciais de ação dos músculos de um indivíduo normal, cerca de

60Hz”, com uma intensidade suficiente para produzir uma contração máxima. Os

eletrodos transcutâneos eram colocados na região do trígono femoral objetivando a

estimulação do nervo femoral, e na região distal do músculo quadríceps femoral.

KOTS afirmava obter, entre outros resultados positivos, um aumento de 40% na

força muscular (KRAMER et al., 1984). Kots e Chwilon (1971) publicaram um dos

primeiros estudos com a utilização de estimulação elétrica e observaram ganhos de

força de até 56,1% (d.p. ± 5,9%) após 19 sessões de treinamento.

Desde então, inúmeros trabalhos foram realizados sobre essa técnica,

concordando ou refutando os resultados do trabalho de KOTS, levando em

consideração as muitas variáveis que um experimento dessa natureza pode ter:

freqüência e intensidade da corrente, tamanho e técnica da colocação de eletrodos,

número de repetições, tempo de tratamento, músculo estimulado entre outros

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47

(ARAÚJO; AMADIO e FURLANI, 1993), procurando por meio desses parâmetros

conforto durante a estimulação (BAKER; BOWMAN e MCNEAL, 1988).

Embora os protocolos experimentais de Kots não fossem documentados e

seus resultados nunca puderam ser reproduzidos no ocidente, seus relatos

contribuíram para que os pesquisadores do mundo todo reconhecessem o potencial

dessa técnica e ampliassem os estudos em relação à estimulação elétrica e o

fortalecimento muscular (EVANGELISTA et al., 2003).

O uso da estimulação elétrica requer alguma vantagem sobre a ativação

voluntária do músculo, uma vez que a estimulação elétrica pode fazer uma

contração mais intensa do músculo que é estimulado a induzir o aumento da força

muscular. Por isso, nos últimos anos, a estimulação elétrica tem sido

freqüentemente utilizada em programas de treinamento de força de atletas

saudáveis (MILLER e THÉPAUT-MATHIEU, 1993; MARTIN et al., 1994). Muitas

pesquisas indicam que a estimulação elétrica pode melhorar significativamente a

força isométrica (KOTS e CHWILON, 1971; LAUGHMAN; YOUDAS e GARRET,

1983; DUCHATEAU e HAINAUT, 1988; DELITTO e ROBINSON, 1989), sendo este

método, em alguns casos, mais eficiente que o treinamento com contrações

voluntárias (HENNING e LOMO, 1987; WILLOUGHBY e SIMPSON, 1996).

No início de uma atividade física são utilizadas cargas mais baixas de

treinamento, sendo recrutadas primeiramente fibras do tipo I (KOMI, 1992; PIAZZI;

UGRINOWITSCH; TRICOLI, 2005) para evitar o estresse na articulação e, dessa

forma, as fibras do tipo IIb são recrutadas somente quando houver a necessidade de

um esforço suplementar. Já a estimulação elétrica, estimula primeiro os nervos

motores de grande calibre do tipo IIb, para produzir a ação das fibras musculares do

tipo II, antes das fibras do tipo I (SINACORE et al., 1990; DELITTO; SNYDER-

MACKLER, 1990; HOOGLAND, 1993; ENOKA, 1994; PIAZZI, UGRINOWITSCH;

TRICOLI, 2005).

Quando as fibras do tipo II contraem primeiro, o vigor da contração aumenta,

tendo em vista que as fibras do tipo IIb são capazes de produzir mais força

(STARKEY, 2001), gerando uma contração mais efetiva que a contração voluntária

máxima (SELKOWITZ, 1989; DELITTO e ROBINSON, 1989; HOOGLAND, 1993).

A estimulação das fibras do tipo II antes das fibras do tipo I, provavelmente

ocorre porque durante a aplicação da estimulação elétrica com intensidade elevada,

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um número maior de unidades motoras é recrutada (DUCHATEAU; HAINAUT,

1988), entretanto, não ocorre realmente um recrutamento preferencial das unidades

motoras rápidas; mas sim um recrutamento simultâneo das unidades motoras, mas

devido à maior velocidade de condução do impulso nervoso ao longo do axônio nas

fibras rápidas, elas contraem precocemente (ENOKA, 1994).

Como a estimulação elétrica de músculos treinados que não eram

voluntariamente ativados antes são voluntariamente ativados após a estimulação

ainda não é claro (KOMI, 1992). Duas linhas têm sido propostas: (1) os fatores

neurais limitam a força durante a contração voluntária máxima; (2) a estimulação

elétrica pode provocar uma contração mais intensa no músculo que é estimulado,

induzindo o aumento da força muscular (DELITTO e SNYDER-MACKLER, 1990;

PIAZZI, UGRINOWITSCH e TRICOLI, 2005).

Indivíduos são incapazes de ativar maximamente o músculo, e com a

estimulação elétrica pode trazer à tona a diferença entre a força máxima de

contração voluntária (FMCV) e o máximo de capacidade do músculo. Duas linhas de

experiências evidenciam a incapacidade de humanos de exercer o máximo de força

do músculo com contração voluntária:

(1) insuficiência neural - a força exercida durante a FMCV pode ser

aumentada com estímulos elétricos isolados e com trens de pulsos

(McDONAGH et al., 1983; DAVIES et al., 1985). Isso significa que a

direção neural é insuficiente para exercer a força máxima que o

músculo pode exercer;

(2) a FMCV pode ser suplementada na manipulação de um retorno

aferente. Por exemplo: a estimulação elétrica do quadríceps femoral da

perna esquerda exerceu uma forte sensação cutânea na perna direita e

a força da mesma aumentou 40%. Outro estudo mostrou que a

estimulação da perna direita causou 11% de aumento na FMCV da

perna esquerda (LAUGHMAN; YOUDAS e GARRET, 1983).

Baseando-se em mensurações externas, percebem-se duas técnicas que

produzem alteração na força muscular; porém, o mecanismo para produzir tal efeito

parece ser diferente em cada técnica. Dellito e Snyder-Mackler (1990) apresentam

duas teorias para explicar esse aumento de força com estimulação elétrica: a

primeira explica o aumento via mecanismo similar ao envolvido no exercício

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voluntário, pela presença de uma carga funcional aumentada; e a segunda teoria

seria que a estimulação elétrica atinge e treina o tipo II de fibra muscular mais

efetivamente que o exercício voluntário.

A eficácia da estimulação elétrica para o treinamento de força é baseada no

conceito que fibras rápidas são mais difíceis de ativar com os efeitos da FMCV e são

preferencialmente ativadas com a estimulação elétrica (DELITTO; SNYDER-

MACKLER, 1990).

É bem conhecido que com a FMCV, as unidades motoras são recrutadas em

uma ordem precisa (HENNEMAN et al., 1965). Existe uma considerável evidência

sugerindo que a diferença no tamanho dos motoneurônios é a base fisiológica para

esse recrutamento em ordem. As unidades motoras que inervam para os menores

motoneurônios são constituídas por fibras lentas, as quais são poucas em número e

pequenas em diâmetro. Contrariamente, grandes motoneurônios inervam grandes

unidades motoras contendo fibras musculares rápidas.

Esse arranjo garante que, para sustentar exercícios de baixa resistência,

pequenas unidades motoras resistentes à fadiga são preferencialmente recrutadas

(KOMI, 1992; PIAZZI; UGRINOWITSCH e TRICOLI, 2005). Por outro lado, a

seqüência de ativação das unidades motoras nas ações musculares excêntricas não

parece seguir o princípio do tamanho, ou seja, ocorre primeiro a ativação das

unidades motoras rápidas com baixa ativação das unidades motoras lentas

(HOOGLAND, 1993; NARDONE e SCHIEPPATI, 1988; NARDONE et al., 1989).

Diversos estudos recentes têm concluído que a estimulação elétrica

preferencialmente ativa grandes unidades motoras de fibras rápidas ocorrendo o

inverso do recrutamento em ordem normal. Essa ativação, segundo Enoka (1994);

Delitto e Snyder-Mackler (1990); Sinacore et al., (1990) pode ser facilitada por

aferentes cutâneos que inibem motoneurônios de unidades motoras lentas e excita

motoneurônios de unidades motoras rápidas (GARNETT e STEPHENS, 1981).

Contudo, foi observado o padrão de recrutamento preferencial das unidades motoras

rápidas mesmo após a estimulação direta do nervo motor; constatou-se, então, que

os motoneurônios mais próximos ao campo elétrico foram preferencialmente

ativados em relação aqueles mais distantes (FEIEREISEN, et al., 1997).

Sinacore et al. (1990) e Martin et al. (1994) têm sugerido que a estimulação

elétrica causa preferencialmente depredação de glicogênio em fibras rápidas tipo IIa.

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50

Além disso, sugere-se que esse tipo de fibra seja estimulada baseada na

observação que o tipo IIa de fibra mostrava qualitativamente menor mancha de

glicogênio posteriormente (KOMI, 1992).

Sinacore et al. (1990) publicaram um estudo preliminar que confirma essa

segunda teoria. Eles conduziram um estudo de caso com o propósito de determinar

a ordem de ativação das fibras musculares esqueléticas como resultado da

estimulação elétrica. O sujeito foi estimulado eletricamente a 80% do torque

isométrico voluntário máximo com biópsias pré e pós-estimulação e análise por meio

de um método de depleção do glicogênio. Dessa forma, eles evidenciaram

estimulação seletiva das fibras do tipo II.

Essa técnica produz aumento na força (independente de comparar com

outras técnicas de fortalecimento muscular), mas esse aumento tem sido

comprovado por meio de mensurações da força externa de um determinado

movimento, e para se conhecer o resultado de um fortalecimento mais seletivo de

um músculo, seria necessário mensurar forças internas do músculo, e não apenas o

produto externo da força.

A disposição superficial das fibras musculares IIa e IIb no músculo poderia

explicar a ativação preferencial durante a passagem de corrente devido a uma maior

proximidade física do campo elétrico (LEXELL et al., 1983). Entretanto, durante a

estimulação elétrica a ação da corrente estimula principalmente os neurônios

motores, sendo as fibras musculares ativadas indiretamente (ENOKA, 1994).

Hoogland (1993) confirma que com a estimulação elétrica consegue-se ativar

30% a 40% a mais das unidades motoras que nos exercícios comuns ou nos

treinamentos convencionais, pois ocorre a modulação do nervo motor alfa e não a

despolarização do neurônio como no movimento ativo, tendo assim características

de despolarização artificial, tornando possível ativar todas as unidades motoras

simultaneamente.

Um protocolo bastante utilizado para o aumento da força é o de KOTS, o qual

é realizado com 10 repetições, com freqüência de 2500 Hz modulada com bursts de

50 Hz, totalizando de 15 a 25 sessões de treinamento. A contração deve ser

produzida durante 10s de estimulação e o repouso deve ser mantido por 50s. A

intensidade do estímulo é a máxima tolerável. O aumento de força é de 0,6% a 3,6%

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por sessão. Isso é comparado ao ganho de força que pode ser observado em outras

modalidades de treinamento (DUCHATEAU e HAINAUT, 1988).

Walmsley, Letts e Vooys (1984) desenvolveram um estudo comparando a

capacidade de gerar torque de quatro estimuladores diferentes: grupo 1 (corrente

alternada de 2500Hz interrompida com bursts de 50Hz); grupo 2 (corrente alternada

modulada de 4000 Hz interrompida com bursts de 75Hz); grupo 3 (corrente com

pulsos bifásicos assimétricos de 400 µs liberada a 50 Hz); grupo 4 (corrente com

pulsos monofásicos de 200 µs liberados a 50 Hz). Os torques eletricamente eliciados

no músculo quadríceps femoral foram de 87% do torque isométrico voluntário

máximo para o grupo 1, 46% para o grupo 2, 84% para o grupo 3, e 68% para o

grupo 4. A sobreposição da contração voluntária sobre a estimulação elétrica

aumentou os níveis de torque para todos os estimuladores; todavia, não excedeu ao

torque isométrico voluntário máximo.

Domenico e Strauss (1986) testaram a capacidade de gerar torque de vários

estimuladores no quadríceps femoral de mulheres sadias. A contração média

evocada variou de 47% a 74% do torque isométrico voluntário máximo; uma

correlação interclasses demonstrou uma relação direta entre a duração dos pulsos e

capacidade de gerar torque.

Nunes et al. (2003) realizaram um estudo comparando estimuladores de 50

Hz e outro de 2500 Hz modulado em 50 Hz, colocados sobre os músculos

extensores da perna e o resultado foi o aumento significativo em ambos os grupos,

porém a variação foi maior no grupo da média freqüência (44,6%) quando

comparado ao de baixa freqüência (40,5%). Pires e Grosso (2002) analisaram

também dois protocolos comparando estimuladores de baixa e média freqüência,

mas sobre os músculos flexores do punho para comparar a fadiga muscular e

concluíram que a corrente de média freqüência mostrou-se mais vantajosa do que a

de baixa freqüência, pois causou menor fadiga muscular.

Laughman, Youdas e Garrett (1983) treinaram o quadríceps femoral de dois

grupos de sujeitos, um grupo com exercícios isométricos e outro grupo com

estimulação elétrica. Ambos exibiram similar aumento de força (18% e 22%,

respectivamente) depois de 5 semanas de treinamento. A intensidade de

treinamento era de 78% para as contrações isométricas e 33% para a estimulação

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elétrica do máximo possível. Esse efeito permite a atividade de grandes unidades

motoras (tipo II) com a estimulação elétrica.

Delitto e Robinson (1989) escreveram sobre as técnicas e aplicações da

estimulação elétrica e fazem uma revisão bibliográfica sobre o assunto:

(1) usualmente, existe um aumento de força no grupo estimulado

eletricamente comparado ao grupo controle não exercitado;

(2) usualmente, não existe diferença entre o grupo da estimulação e o

grupo de exercícios voluntários com regime similar. De qualquer modo,

cada grupo teve aumento significativo na força muscular comparado ao

controle não exercitado;

(3) não existe, usualmente, um benefício adicional da estimulação elétrica e

exercício voluntário simultaneamente, sobre ambos isolados;

(4) as contrações eletricamente eliciadas no músculo quadríceps femoral

possibilitam variações de 80 a 90% do torque isométrico voluntário

máximo e não são possíveis contrações maiores que 100% do torque

isométrico voluntário máximo.

Evidências que a estimulação elétrica não ativa fibras rápidas foram

apresentadas por Knaflitz, Merletti e Deluca (1990). O recrutamento de unidades

motoras em ordem era acessado pela medida de velocidade de condução que

contraía o músculo com uma freqüência diferente conforme o nível de FMCV e/ou

estimulação elétrica. Com o aumento da velocidade de condução, tinha-se um

aumento médio da freqüência, aumentando os efeitos de duração da força

voluntária, indicando o recrutamento progressivo de fibras mais calibrosas e com alta

velocidade de condução.

Percebe-se, então, que não ocorre o inverso do recrutamento normal. As

fibras maiores podem ter sido recrutadas primeiro, porque grandes axônios motores

não necessariamente têm grandes ramificações e/ou porque as ramificações

motoras deles não permitem ser orientadas no campo elétrico da corrente para

favorecer a ativação (KNAFLITZ; MERLETTI e DELUCA, 1990).

A evidência não é tão clara com relação à estimulação elétrica ativar mais

fibras rápidas. No entanto, elas parecem ser preferencialmente recrutadas durante a

ação voluntária excêntrica (ROMANO e SCHIEPPATI, 1987; NARDONE e

SCHIEPPATI, 1988). Dudley et al. (1990) acharam 40% de força a mais na

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contração excêntrica do que na contração concêntrica. Mas Westing et al. (1988)

afirmam que a contração excêntrica só é mais forte em indivíduos não treinados.

Enquanto, afinal, as duas respostas não são especialmente atrativas, o

esqueleto muscular é composto principalmente por fibras lentas com uma alta

capacidade aeróbica (atletas) e o uso da estimulação elétrica para esse fim

(treinamento aeróbico) tem recebido pequena atenção, 3 h por dia de 5 - 10Hz,

também tem sido demonstrado para aumentar a resistência à fadiga no músculo

tibial anterior de indivíduos femininos não treinados (KOMI, 1992). Assim, a

estimulação elétrica pode ser levada em consideração como um treinamento de

força e potência (KOMI, 1992).

A comparação da troca periférica ocorrida durante o treinamento submáximo

da estimulação elétrica e da contração voluntária máxima sugere que a estimulação

é menos eficiente, mas complementa o treinamento voluntário porque o número de

unidades é diferente nos dois procedimentos (DUCHATEAU e HAINAUT, 1988).

2.11 Estimulação elétrica e a redução de gordura

Segundo Galbo et al. (1976), os profissionais de saúde e os professores de

educação física deveriam considerar que:

(1) a prevenção da obesidade resulta em maior sucesso que o tratamento,

particularmente durante a pré-adolescência;

(2) o exercício mantém baixo o percentual de gordura corporal e pode reduzir

o ritmo de acúmulo das células adiposas;

(3) se uma determinada ingestão alimentar não permite uma redução

ponderal, neste caso, a atividade física terá de ser aumentada para

produzir um equilíbrio energético negativo;

(4) devem ser escolhidas atividades que exigem um dispêndio de energia a

longo prazo, dentro das capacidades físicas e habilidades do indivíduo;

(5) os hábitos de vida são desenvolvidos precocemente.

Atualmente, há vários motivos que impelem a procura da atividade física, um

deles é a obtenção da saúde, porém, outros motivos também são importantes, como

a estética e a beleza. A busca pelo corpo ideal é incessante, principalmente, pelas

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mulheres que apresentam tecido adiposo em maior proporção que os homens

(GRILLO e SIMÕES, 2003).

A estética entra como fator motivacional à prática da atividade física, com

uma relação transcendental com o belo, o bom e o verdadeiro, colocando o homem

dentro de uma perspectiva metafísica. Pelo jogo da estética, o homem chega à

realização suprema e o esporte pode ser o caminho para modelar, esteticamente, o

corpo e a mente (TUBINO, 1996).

Segundo Novaes (1998), a cobiçada “beleza do corpo” ou a aparência física

não está sendo analisada, simplesmente, como expressão da vaidade pessoal, mas

como um fenômeno presente consciente ou inconsciente na vida das pessoas. A

aparência estética atua no comportamento e na decisão de valores.

Além disso, obesos podem ter dificuldades em participar de programas de

condicionamento físico para redução da gordura corporal, por diversos motivos,

como rejeição da própria aparência, estresse térmico e cansaço excessivo

(PASETTI et al., 2006) e muitas vezes as pessoas buscam o método mais fácil para

ficar em forma e alcançar uma hipertrofia muscular para melhorar a estética corporal,

o que poderia ser conseguido com a estimulação elétrica (GRILLO e SIMÕES, 2003;

EVANGELISTA et al., 2003), pois de acordo com Weineck (1999) e Astrand e

Rodahl (1980) quando ocorre o aumento da secção do músculo, aumenta também a

troca dos subprodutos do O2 e o metabolismo; promovendo uma redução do tecido

adiposo (GUIRRO e GUIRRO, 2004).

Currier e Mann (1983) mostram que a corrente elétrica pode realmente

aumentar o fluxo sanguíneo em 20% após 1 min da aplicação e perdurar 5 min após.

Devido ao aumento da corrente sanguínea, Andrews, Harrelson e Wilk (2000)

descrevem o aumento de combustão de oxigênio, dióxido de carbono, ácido lático e

outros produtos metabólicos, bem como aumento da temperatura. Brasileiro e Villar

(2000) relatam em outro estudo realizado com 19 indivíduos durante 4 semanas, o

esgotamento do glicogênio, a formação de lactato e atividade de diversas enzimas

comparáveis com as que ocorrem no exercício voluntário.

Segundo Foss e Keteyian (2000), com o exercício poder-se-ia conseguir uma

redução significativa na obesidade, com o uso de programas de baixa intensidade

capazes de desenvolver a “aptidão metabólica” de uma maneira menos extenuante,

mais segura, mais interessante que os programas tradicionais de treinamento

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aeróbico de endurance. De acordo com Barstow (1996), a estimulação elétrica

também aumentaria o gasto energético, devido às alterações na taxa metabólica

basal e diária, manutenção e ganho da massa muscular e às alterações na

distribuição e quantidade de gordura corporal depositada.

Na obesidade andróide, segundo Ciporkin (1992), os triglicerídeos são mais

sensíveis aos estímulos lipolíticos, mediados pelos receptores beta-adrenérgicos,

dessa forma o fígado fica sobrecarregado de ácidos graxos livres aumentando o

metabolismo da insulina, por isso aumenta o risco para doenças cardíacas e

diabetes mellitus tipo 2.

Duas enzimas lipolíticas principais, a lípase sensível a hormônio (LSH) e a

lipoproteína lípase (LPL) atuam respectivamente no interior do adipócito e nas

lipoproteínas ricas em triglicérides. A ação do LSH causa a liberação do glicerol e

ácidos graxos na circulação sistêmica. A LPL atua liberando glicerol e ácido graxo na

circulação, principalmente pela ação sobre as lipoproteínas de densidade muito

baixa (VLDL). O ácido graxo é captado pelo tecido adiposo produzindo triglicérides.

Os ácidos graxos livres são captados pelo músculo e fígado para serem oxidados,

ou seja, para obtenção de energia, ou parcialmente oxidados para formarem

triglicérides novamente.

A estimulação elétrica pode reduzir o perímetro abdominal e

consequentemente reduzir o glicerol circulante. A estimulação elétrica no abdômen

aumenta a circulação sanguínea no local aplicado (SILVA, 1999), o que poderia

facilitar a passagem do glicerol liberado no tecido adiposo para o sangue e sua

posterior eliminação renal.

A estimulação elétrica está relacionada ao aumento na geração de adenosina

trifosfato (ATP) pela célula (CHENG, 1982), o que sugere que parte do glicerol

produzido pela lipólise, estimulada pela estimulação elétrica, possa ser utilizado na

produção de glicose e esta consumida na produção de energia.

Evangelista et al. (2003) realizaram um estudo para comparar o uso da

eletroestimulação em mulheres associada com atividade física visando a melhora da

performance muscular e redução do perímetro abdominal em 15 voluntárias,

divididas em três grupos. O grupo A utilizava apenas estimulação elétrica com

freqüência de 2500 Hz, modulada em 30 Hz, com 13 s de contração e 13 s de

repouso durante 20 min e intensidade confortável para a voluntária; o grupo B

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utilizava apenas estimulação elétrica com os mesmos parâmetros e foi acrescentado

exercícios aeróbicos, sempre orientados pelo mesmo professor; o grupo C realizava

apenas os exercícios aeróbicos. Todo o treinamento foi executado três vezes por

semana durante seis semanas. Antes e após o tratamento as voluntárias foram

submetidas a uma avaliação da perimetria abdominal, dobras cutâneas tricipital,

supra-ilíaca, abdominal, coxa e peitoral. Na análise dos dados a maior redução da

perimetria e plicometria foi no grupo B, mas os resultados obtidos no grupo A em

relação ao grupo C mostraram que o uso da estimulação elétrica foi mais eficiente

na diminuição do percentual de gordura que a realização de exercícios aeróbicos.

Segundo Hoogland (1988) os objetivos da teoria da eficácia da estimulação

elétrica no tratamento da musculatura abdominal incluem manter a qualidade e

quantidade do tecido muscular, recuperar a tensão muscular e aumentar ou manter

a força muscular, aumentando o fluxo sanguíneo no músculo.

Apesar dos estudos descritos mostrarem a possibilidade de redução de

gordura pelo aumento do gasto calórico, aumento do fluxo sanguíneo, etc com o uso

da estimulação elétrica, Porcari et al. (2002) realizaram um estudo com 27

indivíduos, 16 realizaram estimulação elétrica e 11 eram do grupo controle, sendo

aplicada a estimulação elétrica 3 (três) vezes por semana, bilateralmente nos

músculos bíceps femoral, quadríceps, bíceps e tríceps do braço e abdominal reto e

oblíquos e avaliaram as alterações de peso, percentual de gordura (dobras

cutâneas), perimetria, a força isométrica e isocinética dos músculos estimulados e

fotos para avaliar a aparência antes e após as 8 semanas de treinamento e os

autores não tiveram nenhum resultado significativo nos parâmetros avaliados.

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CAPÍTULO 3

3 METODOLOGIA

O estudo caracterizou-se como uma pesquisa experimental, sendo aprovada

pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná,

sob o número 0001785/08 (apêndice 4).

A coleta de dados e o treinamento forma realizados na Clínica Exline1, e no

Centro de Diagnóstico e Imaginologia2 (CDI), na cidade de Curitiba.

3.1 Grupo experimental

Foram considerados como elementos pertencentes à população deste estudo

(critérios de inclusão):

- mulheres saudáveis,

- faixa etária entre 20 e 39 anos,

- praticantes ou não de atividade física,

- sem restrição alimentar,

- usuárias ou não de anticoncepcionais orais,

- percentual de gordura entre 23 e 30,8%.

Foram excluídos da pesquisa:

- homens,

- faixa etária menor que 20 anos ou maior que 39 anos,

- mulheres que estivessem realizando qualquer tipo de dieta ou restrição

alimentar,

- usuárias de qualquer medicamento, exceto anticoncepcional oral,

- percentual de gordura menor que 23% ou maior que 30,8% de gordura.

A delimitação dessa população foi determinada buscando-se um padrão de

referência e uma homogeneidade no grupo.

1 Rua Padre Anchieta, 1846, sl 03, Curitiba – PR 2 Rua Itupava, 1701, Curitiba - PR

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A amostra selecionada foi constituída, inicialmente, por 28 mulheres. Durante

o estudo houve a perda do acompanhamento de 12 voluntárias, por motivos

diversos, tais como: abandono do tratamento, não adesão efetiva às três sessões

semanais ou falta à avaliação final. Efetivamente, ao final do estudo, restaram 16

voluntárias, com idade média de ± 25,7 anos e com uma média de percentual de

gordura de ± 25,6%, residentes na cidade de Curitiba ou próximo.

Dentre as 16 voluntárias, 9 eram praticantes de atividade física e 7 não

praticavam, enquanto 11 eram usuárias de anticoncepcionais orais e 5 não

utilizavam. Doze (12) eram nulíparas e das 4 que já tinham filhos todos haviam sido

submetidas ao parto do tipo cesárea.

As praticantes de atividade física realizavam atividade 3 vezes por semana

durante 1 hora e 30 minutos, sendo 30 minutos de exercícios aeróbicos (esteira) e 1

hora de exercícios localizados com pesos.

3.2 Coleta de Dados

A coleta de dados e o treinamento foram realizados no período de março

2004 a março de 2006, na Clínica Exline, e no Centro de Diagnóstico e Imaginologia

(CDI), na cidade de Curitiba.

Após sucinta explicação dos objetivos, procedimentos, importância do estudo

e após assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido (apêndice 2), as

mulheres foram submetidas à avaliação (apêndice 3), a qual incluía: anamnese,

avaliação antropométrica, perimetria e a ecografia músculo-tendínea do músculo

reto abdominal. Após esta primeira avaliação, as mulheres foram encaminhadas

para serem submetidas ao protocolo de estimulação elétrica.

3.3 Avaliação Antropométrica

A avaliação do percentual de gordura foi realizada por meio de plicometria

com o Compasso Cescorf® Científico. As dobras avaliadas foram bicipital, tricipital,

subescapular, axilar média (figura 12), supra-ilíaca (figura 13), abdominal (figura 14),

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59

da coxa e panturrilha, conforme mostrado por BORBA (1996) e GUIRRO e GUIRRO

(2004).

Para determinar o percentual de gordura, utilizou-se o protocolo do programa

de avaliação física Fitness® (BORBA, 1996). Registrou-se também o peso das

voluntárias e a perimetria, na qual foram medidas as circunferências da cintura,

abdome e infra-abdominal.

As medidas da plicometria e perimetria foram realizadas antes de iniciar o

estudo e após o término das 10 sessões de estimulação elétrica. O intervalo de

tempo entre a avaliação e o início das sessões e entre o fim do tratamento e a

reavaliação foi de 3 a 5 dias, conforme a possibilidade de horário das voluntárias.

As 8 dobras cutâneas avaliadas foram coletadas para ser possível a

determinação do percentual de gordura corporal e também para uma comparação

entre o início e final das sessões, para verificar se ocorreu alguma alteração em

outros locais além da região abdominal.

A circunferência da cintura foi avaliada na menor região do tórax, a

circunferência do abdome foi verificada sobre a cicatriz umbilical e a infra-abdominal

4 cm abaixo da cicatriz umbilical.

Para acompanhar a evolução dos grupos, foi realizada além da avaliação

antropométrica a ecografia músculo tendínea.

Figura 12 – Avaliação da plicometria na região axilar média realizada antes e após as 10 sessões de estimulação elétrica.

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60

Figura 13 – Avaliação da plicometria na região supra-ilíaca realizada antes e após as 10 sessões de estimulação elétrica.

Figura 14 – Avaliação da plicometria na região abdominal realizada antes e após as 10 sessões de estimulação elétrica.

3.4 Avaliação Ecográfica

As medidas de espessura da tela subcutânea do abdome e da secção

transversal do músculo reto abdominal foram obtidas com o indivíduo em decúbito

dorsal, com equipamento de US da marca AI 5.200 Dornier Med Tech (figura 15) e

transdutor linear de 2-4 MHz, sendo realizadas pelo mesmo médico avaliador antes

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e após as sessões de estimulação elétrica. A resolução espacial do equipamento é

de 0,05 mm.

Figura 15 - Aparelho de ecografia utilizado para avaliação antes e após as 10 sessões de estimulação elétrica.

Considerou-se espessura subcutânea supra-umbilical (S.U.) como sendo a

medida entre pele e lâmina anterior da bainha do músculo reto abdominal na região

5 cm acima da cicatriz umbilical e espessura infra-umbilical (I.U.) como sendo a

medida entre pele e face externa do músculo reto abdominal na região 5 cm abaixo

da cicatriz umbilical (figura 16).

Figura 16 – Exame de ecografia de uma participante do estudo; demonstrando a análise do tecido adiposo na região supra-umbilical no lado direito

e infra-umbilical no lado esquerdo, antes da aplicação da estimulação elétrica. As flechas mostram os locais demarcados pelo avaliador como sendo o início e fim da tela subcutânea,

sendo 26 mm de gordura na região supra-umbilical e 22 mm na região infra-umbilical.

26 mm 22 mm

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Além da espessura do tecido adiposo subcutâneo do abdome, avaliou-se a

medida da secção transversal do músculo reto abdominal relaxado e contraído

(figura 17), ambas as medidas expressas em milímetros.

Figura 17 – Exame de ecografia de uma participante do estudo exemplificando a avaliação do músculo reto abdominal em contração no lado direito e em repouso no lado esquerdo, na

região supra e infra umbilical, sendo 8,9 mm o diâmetro do músculo em contração na região supra-umbilical e 9,8 mm o diâmetro do músculo relaxado na mesma região e 9,0 mm o

diâmetro muscular em contração na região infra-umbilical e 9,8 mm com o músculo relaxado.

A avaliação da extensão da tela subcutânea foi realizada sobre a linha alba e

o diâmetro do músculo reto abdominal foi examinado 4 cm ao lado direito da linha

xifo-umbilical, tanto na região S.U quanto I.U..

A leitura foi realizada pelo médico examinador visualizando as imagens

diretamente da tela do monitor, marcando o início e fim da camada adiposa e da

8,9 mm

9,8 mm

9,0 mm

9,8 mm

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extensão do diâmetro muscular, sendo essas imagens congeladas na tela e

anexadas ao laudo do exame. Essa delimitação está exemplificada nas figuras 16 e

17, como mostram as flechas das figuras.

O primeiro teste foi efetuado antes de iniciar o protocolo experimental e o

último, ao final das 10 sessões de estimulação elétrica.

3.5 Aplicação do Protocolo de Estimulação Elétrica

Para a estimulação elétrica, foi utilizado o aparelho Kinesis (Corrente Russa)

produzido por KW® (figura 18), o qual produz uma corrente de média frequência

entre 2000 e 4000 Hz e tem padrões estimulatórios ajustáveis. O aparelho foi

escolhido por ter sido analisado no Laboratório de Engenharia de Reabilitação da

Pontifícia Universidade Católica do Paraná e estava de acordo com as normas

internacionais (IEC 601 -2 -10 e ANSI/AAMI NS4); além disso, Sivini e Lucena

(1990) realizaram um estudo com esse equipamento e obtiveram resultados

satisfatórios.

Apesar de o aparelho ter diferentes possibilidades de estimulação, foi utilizada

uma freqüência de 2500 Hz (considerada média freqüência) modulada em 50 Hz,

com 10 s de período ativo e 3 s de tempo de repouso, 2 s de tempo de subida e 2 s

de tempo de descida visando produzir a contração muscular, durante 10 min, três

vezes por semana, em um total de dez sessões, sempre intercalando os dias de

aplicação.

A região onde seriam posicionados os eletrodos foi preparada realizando

assepsia com álcool 70%, para remoção de resíduos que pudessem estar sobre a

pele e, então, foram colocados 8 eletrodos de silicone de tamanho 8x5 cm, sendo 4

sobre a região do reto abdominal (figura 19) e 4 sobre a região dos músculos

oblíquos (figura 20).

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Figura 18 - Aparelho Kinesis utilizado para estimulação elétrica durante a aplicação do protocolo experimental.

Apesar de normalmente serem utilizados eletrodos de 5x5 cm, Enoka (1994)

relata que os eletrodos que possuem grande área conduzem a corrente mais

rapidamente por meio do músculo e permite que se tenha baixa impedância.

Figura 19 - Posicionamento dos eletrodos no músculo reto abdominal.

Figura 20 - Posicionamento dos eletrodos sobre o músculo reto abdominal e sobre os

músculos oblíquos.

3.6 Análise Estatística

Para a comparação entre os valores de antes e depois da estimulação elétrica

foi aplicado o teste T de Student, para amostras pareadas, comparando se ocorreu

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uma redução da tela subcutânea após as sessões de estimulação ou não e se

ocorreu um aumento da secção transversal do músculo ou não após aplicação do

protocolo experimental.

Para verificar se houve diferença ou não nos resultados obtidos entre os

praticantes e os não praticantes de atividade física, aplicou-se o teste não-

paramétrico de Mann-Whitney. Foram considerados significativos os resultados com

p<0,05.

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CAPÍTULO 4

4 RESULTADOS

4.1 Características da População

A população analisada é de 16 voluntárias, com idade média de 25,7 anos e

média de percentual de gordura de 25,6%. Entre as participantes 9 eram praticantes

de atividade física e 7 não praticantes, ao mesmo tempo que 11 eram usuárias de

anticoncepcionais orais e 5 não utilizavam. Doze (12) eram nulíparas e das 4 que já

tinham filhos, todas haviam realizado cesárea no parto.

4.2 Variação Quantitativa da Tela Subcutânea do Abdome

A média da espessura da tela subcutânea do abdome nas regiões supra e

infra-umbilical antes e depois das sessões de estimulação elétrica apresentou

redução (figura 21). A média da redução da região supra-umbilical foi de 1,51 (±

2,20) mm e da região infra-umbilical foi de 1,58 (± 3,33) mm. Apesar da redução ter

sido maior na região infra-umbilical (p=0,078), apenas na região supra-umbilical foi

estatisticamente significativa, com p= 0,0152.

Antes

Depois

GORDURA SUPRA E INFRA UMBILICAL

Gordura umbilical (mm)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

30

Supra Infra

p=0,015 p=0,078

Figura 21 - Gráfico da média ± desvio padrão da tela subcutânea do abdome nas regiões supra e infra-umbilical comparando antes e depois da estimulação elétrica.

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4.3 Variação Quantitativa do Diâmetro do Músculo Reto Abdominal

Com relação ao diâmetro do músculo reto abdominal sem contração nas

regiões supra e infra-umbilical (figura 22), não se observa aumento na porção supra-

umbilical após a estimulação elétrica, ou seja a média dos resultados antes e depois

da estimulação foi a mesma. Já o aumento na secção transversal do músculo reto

abdominal na região infra-umbilical foi de 0,13 (± 1,45) mm, porém essa diferença

não foi estatisticamente significativa.

O diâmetro do músculo reto abdominal em contração não consta nos

resultados, pois o avaliador deixou de avaliar as pacientes na ultrasonografia após

as sessões de estimulação elétrica, sendo assim, não existem resultados após o

tratamento.

Antes

Depois

DIÂMETRO SUPRA E INFRA UMBILICAL

Diâmetro (mm)

0

2

4

6

8

10

12

14

Supra Infra

p=1 p=0,722

Figura 22 - Gráfico da média do diâmetro do músculo reto abdominal sem contração ± desvio padrão nas regiões supra e infra-umbilical comparando

antes e depois da estimulação elétrica.

4.4 Variação Quantitativa das Dobras Cutâneas

A diferença na média da dobra cutânea axilar antes e depois da aplicação foi

de 0,77 mm com p= 0,057 e desvio padrão de ± 0,42 mm (figura 23).

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A região supra-ilíaca apresentou também um resultado favorável, com uma

média de redução de 2 mm (± 1,49 mm) (p = 0,0376) (figura 23).

Assim como nas outras regiões, a prega cutânea abdominal apresentou uma

redução de, neste caso, 1,9 mm ± 0,84 mm e p = 0,0044 (figura 23).

Antes

Depois

PLICOMETRIA AXILAR, SUPRA-ILÍACA E ABDOMINAL

Plico

metria (m

m)

0

6

12

18

24

30

36

Axilar Supra-ilíaca Abdominal

p=0,057 p=0,038 p=0,004

Figura 23 - Gráfico da média das dobras cutâneas ± desvio padrão nas regiões axilar, supra-ilíaca e abdominal antes e depois da estimulação elétrica.

As outras dobras cutâneas avaliadas não constam nos resultados, pois não

tiveram nenhuma alteração nas medidas após as sessões de estimulação elétrica,

as mesmas foram acrescentadas na avaliação apenas para um controle da

distribuição da gordura corporal e para a realização do cálculo do percentual de

gordura para a voluntária ser incluída ou não na pesquisa.

4.5 Variação Quantitativa da Perimetria

Por inspeção do gráfico da perimetria, constata-se uma redução de 0,33 cm ±

2,17 cm no perímetro da cintura (figura 24), o que não indica significância estatística.

Na região abdominal também ocorreu uma redução no perímetro de 0,78

(±1,78) cm e o p = 0,0994 (figura 24), e o perímetro infra-abdominal apresentou uma

redução de 1,22 (± 1,57) cm com p=0,0072.

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Antes

Depois

PERÍMETRO DAS REGIÕES DA

CINTURA, ABDOMINAL E INFRA-ABDOMINAL

Perímetro (cm)

62

66

70

74

78

82

86

90

94

Cintura Abdominal Infra-abdominal

p=0,558

p=0,099

p=0,007

Figura 24 - Gráfico da média das medidas de circunferência ± desvio padrão nas regiões da cintura, abdominal e infra-abdominal antes e depois da estimulação elétrica.

4.6 Variação Quantitativa dos Efeitos da Prática de Exercícios Sobre a

Diferença de Resultados Entre Antes e Depois das Aplicações

Para cada uma das variáveis abaixo relacionadas (quadro 1), testou-se a

hipótese nula de que os resultados das diferenças entre antes e depois das

aplicações são iguais para pacientes que praticam exercícios e para pacientes que

não praticam (Quadro 1). A hipótese alternativa foi de resultados diferentes. Quando

comparado voluntárias que praticavam exercícios com voluntárias que não

praticavam, a única variável que foi diferente entre os resultados pré e pós

estimulação elétrica, foi na dobra cutânea axilar (p= 0,0043), para as outras variáveis

não houve diferença entre as voluntárias que praticavam e as que não praticavam

atividade física

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Quadro 1 - Avaliação estatística das variáveis analisadas.

Variável Exercícios N Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão Valor de p*

Tela subcutânea SU

Sim 9 -4,70 4,70 1,30 1,21 2,85

Não 7 0,70 3,30 1,70 1,89 0,97

0,6065

Tela subcutânea IU Sim 9 -5,00 7,30 2,00 1,26 4,05

Não 7 -2,00 4,80 2,10 1,99 2,35 0,8371

Diâmetro SU sem contração

Sim 9 -0,50 2,50 0,00 0,32 0,92

Não 7 -1,80 1,00 -0,30 -0,41 0,91

0,2105

Diâmetro IU sem contração

Sim 9 -1,00 3,80 0,00 0,24 1,47

Não 7 -3,10 1,00 0,00 -0,61 1,37

0,6065

Perímetro cintura Sim 9 -3,50 3,00 0,50 0,36 1,89

Não 7 -5,00 3,00 0,00 0,29 2,64 0,8371

Perímetro abdômen

Sim 9 -2,50 3,50 1,00 0,56 1,70

Não 7 -2,00 4,00 1,00 1,07 1,97

0,5360

Perímetro infra Sim 9 0,00 4,50 1,00 1,33 1,44

Não 7 -1,00 4,00 1,00 1,07 1,84 0,5360

Dobra cutânea axilar média

Sim 6 -0,80 0,30 0,10 0,00 0,41

Não 6 0,30 1,00 0,45 0,52 0,25

0,0043

Dobra cutânea supra-ilíaca

Sim 6 -0,50 4,40 0,60 1,17 1,74

Não 6 0,00 3,50 0,35 0,87 1,34

0,6991

Dobra cutânea abdominal

Sim 6 -0,80 1,00 0,40 0,30 0,62

Não 6 0,50 2,00 1,55 1,43 0,63

0,0152

(*) Teste não-paramétrico de Mann-Whitney

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CAPÍTULO 5

5 DISCUSSÃO

5.1 Sobre a Metodologia

Os indivíduos foram selecionados independente de praticarem atividade física

ou não, porque conforme Brasileiro e Villar (2000), um músculo não treinado pode

ganhar mais força com o uso da estimulação elétrica do que um músculo pré-

treinado, e o propósito da pesquisa era demonstrar os efeitos da estimulação elétrica

não somente nos músculos não treinados em que é possível, com maior facilidade

aumentar a secção transversal do músculo, mas também nos músculos já treinados

e, conseqüentemente, mais desenvolvidos.

A corrente de média freqüência foi escolhida para estimular o músculo reto

abdominal dos indivíduos participantes desse estudo por apresentar menor

desconforto aos voluntários, proporcionando a utilização de uma intensidade maior

de corrente e, conseqüentemente, melhor resposta muscular (SIVINI e LUCENA,

1999).

Além disso, para Martin et al. (1994), os maiores torques durante as

contrações eletricamente induzidas são gerados com freqüência de estímulo

superiores a 50Hz, sendo observados por Edwards et al. (1977) torques superiores a

60% da contração voluntária máxima utilizando-se freqüência de 50Hz. Ao utilizar a

freqüência de 10Hz, o torque obtido foi de 30% a 40% daquele observado quando se

utilizou 50Hz, mas com o uso da estimulação elétrica com uma freqüência de

2200Hz (SELKOWITZ, 1989) e 2500Hz modulada em 75Hz (DELITTO e

ROBINSON, 1989) a força da contração muscular foi superior à força da contração

isométrica voluntária máxima.

Por isso, entre as correntes de média freqüência, optou-se pela freqüência de

2500 Hz, pois além dos estudos citados, Adel (1993) e Delamare (1998), relatam

que a despolarização do nervo motor ocorre nessa freqüência. Kots e Chwilon

(1971), que desenvolveram os primeiros trabalhos de estimulação elétrica para

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hipertrofia muscular utilizaram, 2500 Hz modulado em 50 Hz e obtiveram excelentes

resultados.

Com base nesses resultados outros pesquisadores, assim como neste

estudo, utilizaram a freqüência de 2500 Hz (CURRIER e MANN, 1983; WILLIAMS,

MORRISSEY e BREWSTER, 1986; MILLER e THÉPAUT-MATHIEU, 1993;

ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001; EVANGELISTA et al., 2003; DIAS;

POSSAMAI e SANTOS, 2005) e obtiveram resultados para o aumento da força

muscular.

Todavia, vários autores (BAKER; BOWMAN e MCNEAL, 1988; BRASILEIRO

e VILLAR, 2000) relatam a diversidade de parâmetros utilizados nos protocolos

aplicados para estimulação elétrica.

Evangelista et al. (2003) utilizaram uma corrente de 2500 Hz modulada em 30

Hz, enquanto Currier e Mann (1983); Williams, Morrissey e Brewster (1986); Miller e

Thépaut-Mathieu (1993) utilizaram 2500 Hz modulada em 50 Hz, com resultados

para o aumento da massa muscular. Dessa forma, foi opção neste estudo, então,

utilizar essa modulação de 50Hz na freqüência de 2500Hz, pois, conforme Johnson

et al. (1973), a freqüência tetânica das fibras do tipo I ocorre em torno de 20 a 30 Hz

e das fibras tipo II, entre 50 e 150 Hz.

Apesar de modulação específica para cada tipo de fibra, SINACORE et al.

(1990) e KOMI (1992) demonstraram a evidência da estimulação elétrica

preferencialmente ativar fibras do tipo II; por isso, é mais vantajoso estimular a

musculatura com uma freqüência de 50 Hz.

Para a estimulação, definiu-se um período de 3s de repouso, já que segundo

Kitchen e Bazin (1998), todo o processo de despolarização e repolarização leva um

certo tempo para ocorrer e se um novo estímulo for aplicado à célula, antes que ela

tenha intervalo suficiente de concluir as trocas iônicas necessárias para atingir a

diferença de potencial, não se irá obter uma resposta em toda a sua plenitude e

dependendo da freqüência dos estímulos, poder-se-á não obter qualquer resposta.

Entretanto, todo período de polarização e repolarização demora no máximo

0,10s. Além disso, Selkowitz et al. (1985) observaram que paralelamente à

hipertrofia muscular, ocorre uma maior atividade de enzimas mitocondriais em todas

as fibras musculares, sobretudo nas fibras do tipo II, provavelmente devido à escolha

de 10s de recuperação, pois quando o tempo de repouso é menor, não se propicia

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uma recuperação completa dos fosfatos intramusculares, estimulando, assim, a

adaptação de enzimas do metabolismo aeróbio, gerando um maior gasto calórico,

como pretendido no estudo para redução da espessura do tecido adiposo.

Como tempo de subida e descida foram escolhidos para o estudo 2s de

subida e 2s de descida, uma vez que se o estímulo for aplicado com muita lentidão

(elevação lenta), a despolarização será muito baixa, ocorrendo um fluxo contínuo de

íons em uma única direção, não sendo gerado o potencial de ação (KITCHEN e

BAZIN, 1998). O tempo total de estimulação foi de 10 s, visto que Weineck (1989)

descreve que para provocar aumento de força muscular é preciso trabalhar o

músculo entre 60% a 70% do seu máximo durante pelo menos 6s.

Uma vez que Currier e Mann (1983); Williams, Morrissey e Brewster (1986);

Dias, Possamai e Santos (2005) realizaram estudos com 10 sessões e

apresentaram resultados favoráveis para o aumento da força muscular, optou-se

pelo mesmo número de sessões, já Maffiuletti et al. (2002) realizaram um estudo

para aumentar a amplitude do salto vertical com 10 sessões de estimulação elétrica

e após, continuaram a aplicação, completando 20 sessões de estimulação, não

obtendo diferença significativa de aumento.

As sessões foram realizadas 3 vezes por semana baseando-se em Heineck

(1986), o qual coloca que um único estímulo eleva a força inicial de 1% a 4%

dependendo do grupo muscular trabalhado, sendo 56% desse aumento de força no

primeiro dia e 39% no dia seguinte, mas eleva somente 6% no sétimo dia; por isso,

deve-se fazer um treinamento em dias intercalados, uma vez que no dia posterior ao

treinamento ainda se tem um bom ganho de força.

Para a eletroestimulação, foram utilizados eletrodos de 8x5cm, apesar do

equipamento escolhido para esta pesquisa possuir eletrodos de 5x5cm, pois os

eletrodos que possuem grande área de contato, segundo Enoka (1994), conduzem a

corrente mais facilmente por meio do músculo e permitem que se obtenha baixa

impedância.

No treinamento de força tradicional, a intensidade é determinante para o

ganho de força (CAMPOS et al., 2002) e conforme La Rosa (2001) e Gomes (2002),

o ganho de força o mais rápido possível é determinado mais pela intensidade que

pelo volume (quantidade) de treinamento. Snyder-Mackler et al. (1994) e Currier e

Mann (1983) relatam que se deve encorajar o paciente a mais alta intensidade

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tolerável, uma vez que existe uma relação linear entre a força ganha e a intensidade

da contração estimulada, por isso neste estudo, a intensidade ajustada foi a tolerada

pela voluntária, estimulando-a sempre a tolerar uma maior intensidade.

De acordo com Enoka (1994), quanto maior a amplitude da corrente, maior a

área de atuação do campo elétrico e, conseqüentemente, maior será a área ativada,

ou seja, um número maior de unidades motoras será recrutado.

Miller e Thápaut-Mathieu (1993) realizaram um estudo com 16 indivíduos, os

quais foram submetidos a 15 sessões de estimulação elétrica com 25 contrações por

sessão e consoante a elevação do torque voluntário, os indivíduos foram divididos

em três grupos: grupo I, que obteve ganhos inferiores a 10%; grupo II, com ganhos

variando entre 10% e 20% e grupo III, com torque acima de 20%. O grupo III foi o

que conseguiu maior elevação na intensidade da corrente ao longo das sessões,

mostrando que o ganho de força está intimamente relacionado à intensidade do

estímulo elétrico.

A posição do indivíduo escolhida para a realização da estimulação elétrica foi

a decúbito dorsal, com as pernas estendidas, pois Halselbach (1975), descreve que

para o desenvolvimento da força máxima de um músculo, o seu comprimento é

determinante. O ponto ideal situa-se entre 90 e 110% do comprimento do músculo

em repouso, diferente do estudo realizado por Camargo et al. (2002) sobre a melhor

posição para realizar exercícios abdominais, o qual concluiu ser o movimento

realizado com as pernas fletidas em 45º, visto que quando se realiza o movimento

do exercício abdominal com as pernas estendidas é inevitável que ocorra movimento

dos músculos flexores do quadril; porém, com a estimulação elétrica é possível isolar

o movimento do músculo.

5.2 Sobre a Metodologia de Avaliação

A ultra-sonografia utilizada para avaliação antes e após as sessões de

estimulação elétrica foi escolhida porque Holsbeeck e Introcaso (2002) colocam que

a mesma consegue definir suficientemente a estrutura do músculo, oferecendo

precisão nas medidas e, dessa forma, a parede abdominal muscular pode ser

estudada rotineiramente em detalhes.

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Consoante com Armellini et al. (1990), Radominski et al. (2000), Hirooka et al.

(2005), a ultra-sonografia é um método tão exato quanto a tomografia

computadorizada e a ressonância magnética para avaliar o tecido adiposo visceral e

o tecido muscular, sem submeter os pacientes à radiação ionizante, além de ter

baixo custo. O coeficiente de variação no estudo de Radominski et al. (2000) foi de

2,6%, o que mostra a exatidão do método.

Além disso, a ultra-sonografia fez-se necessária uma vez que, Porcari et al.

(2002) realizaram um estudo com um estimulador para verificar a redução do

percentual de gordura dos participantes e os mesmos foram avaliados somente

através da perimetria e plicometria e não obtiveram resultados satisfatoriamente

significativos para redução da circunferência e nem da gordura nas 10 (dez) regiões

avaliadas, sendo necessário um método de avaliação mais preciso.

No entanto, a ultra-sonografia avaliou a espessura do tecido adiposo intra-

abdominal, mas a diminuição da espessura observada com a ultra-sonografia não

significa que ocorreu uma redução realmente, pois poderia ter ocorrido uma

redistribuição do tecido adiposo, como ocorre na reeducação postural global (RPG)

(GUEDES, 2003; ROSS e JANSSEN, 1999). Por isso, utilizou-se também a avaliação

por meio das medidas de perimetria e do compasso de dobras cutâneas, para

verificar se outras regiões do corpo não sofreram aumento das medidas.

5.3 Sobre os Resultados

Conforme os resultados obtidos no estudo, observou-se um aumento da

secção transversal do músculo reato abdominal na região infra-umbilical de 0,13mm

e nenhum aumento na região supra-umbilical. Entretanto, nenhuma das diferenças é

significativa confrontando com a literatura (ETGEN; FARRAR e IVY, 1993; ENOKA,

1994; WEINECK, 1999; GUIRRO e GUIRRO, 2004), na qual descreve-se que a

estimulação elétrica aumenta a secção transversal do músculo gerando também

aumento da força muscular.

A estimulação elétrica, segundo Hoogland (1993); Andrews, Harrelson e Wilk

(2000), tem 30% a 40% mais eficácia no aumento da força muscular do que a

contração muscular voluntária realizada no exercício físico. Kots e Chwilon (1971)

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publicaram um dos primeiros estudos sobre a utilização da eletroestimulação e

observaram ganhos de força de até 56,1% ± 5,9% após 19 sessões de treinamento.

A razão para a estimulação elétrica ser mais eficaz acontece devido à

diferença nos padrões de recrutamento e de acionamento das fibras musculares

entre a estimulação e as contrações musculares voluntárias (HOOGLAND, 1993).

No início de uma atividade física são utilizadas cargas mais baixas de

treinamento, sendo recrutadas primeiramente fibras do tipo I (KOMI, 1992; PIAZZI;

UGRINOWITSCH e TRICOLI, 2005) para evitar o estresse excessivo na articulação

e, dessa forma, as fibras do tipo IIb são recrutadas somente quando houver a

necessidade de um esforço suplementar. Já a estimulação elétrica, excita primeiro

os nervos motores de grande calibre, estimulando as fibras do tipo IIb, para produzir

a ação das fibras musculares do tipo II, antes das fibras do tipo I (SINACORE et al.,

1990; DELITTO e SNYDER-MACKLER, 1990; HOOGLAND, 1993; ENOKA, 1994;

PIAZZI, UGRINOWITSCH e TRICOLI, 2005).

Quando as fibras do tipo II contraem primeiro, o vigor da contração aumenta,

tendo em vista que as fibras do tipo IIb são capazes de produzir mais força

(STARKEY, 1999), gerando uma contração mais efetiva que a contração voluntária

máxima (SELKOWITZ et al., 1989; DELITTO e ROBINSON, 1989; HOOGLAND,

1993).

A estimulação das fibras do tipo II antes das fibras do tipo I, provavelmente

ocorre porque durante a aplicação da estimulação elétrica com intensidade elevada,

um número maior de unidades motoras é recrutada (DUCHATEAU e HAINAUT,

1988). Entretanto, não ocorre realmente um recrutamento preferencial das unidades

motoras rápidas; mas sim um recrutamento simultâneo de todas as unidades

motoras, mas devido à maior velocidade de condução do impulso nervoso ao longo

do axônio nas fibras rápidas, elas contraem precocemente (ENOKA, 1994).

Apesar da estimulação elétrica produzir uma contração efetiva dos músculos

e outros estudos terem obtido bons resultados no aumento da secção transversal do

músculo (ETGEN; FARRAR e IVY, 1993; ENOKA, 1994; WEINECK, 1999; GUIRRO

e GUIRRO, 2004), como já citado, não foram encontrados resultados no aumento do

diâmetro muscular neste estudo.

Segundo um estudo realizado por Delitto e Robinson (1989), um motivo para

não ocorrência do aumento da secção transversal do músculo, após um período de

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treinamento com estimulação elétrica, seria a queda no percentual de fibras do tipo I

e elevação no percentual de fibras do tipo II, pois quando analisado o valor médio da

área da secção transversal de cada tipo de fibra, os pesquisadores observaram um

aumento de 13% nas fibras do tipo I e redução de 25% a 33% nas fibras do tipo IIa e

IIb, respectivamente, após o uso da estimulação elétrica. A elevação da força

muscular e do percentual das fibras do tipo II, com a concomitante redução na área

da secção transversal, pode ser explicada por uma possível conversão de fibras do

tipo I em fibras do tipo II, e o mesmo ocorre após o exercício voluntário.

Então, o que acontece é um aumento da secção transversal das fibras do tipo

I, as quais são menores, não se observando então na ultra-sonografia o aumento da

secção do músculo, para verificar esse aumento individual de cada tipo de fibra seria

necessário avaliá-las individualmente.

De acordo com Weineck (1999) e Astrand e Rodahl (1980), quando ocorre o

aumento da secção do músculo, aumenta também a troca dos subprodutos do O2 e

o metabolismo; promovendo uma redução do tecido adiposo (GUIRRO e GUIRRO,

2004).

Entretanto, neste estudo, percebeu-se que apesar de não ter ocorrido o

aumento da secção transversal do músculo, houve uma redução na espessura do

tecido adiposo, tanto na região supra-umbilical quanto na região infra-umbilical,

segundo Evangelista et al. (2003); Cabric e Appell (1987) e HORTOBAGYL et al.

(1999) relatam que o aumento da força pode ocorrer por mecanismos neurais e não

pelo aumento da secção transversal do músculo.

Para comprovar isso, Cabric e Appell (1987) realizaram um estudo durante 21

dias no músculo tríceps sural de apenas um membro; o protocolo utilizado consistia

de: (1) grupo I estimulado com 50Hz e (2) grupo II estimulado 2000Hz; ambos com

intensidade variando entre 40 e 45mA. O aumento do grupo I após os 21 dias foi de

50,3% e do grupo II de 58%. Esses resultados mostram uma melhora da força

acentuada para o tempo de treinamento, o que sugere um grande grau de

adaptações neurais; para reforçar esta hipótese, foi observado um ganho de força

no membro contralateral, o qual não foi estimulado, de 39,7% para o grupo I e 32,2%

para o grupo II.

Um estudo realizado comparando a estimulação elétrica com a contração

voluntária máxima no músculo quadríceps femoral de um membro, mostrou elevação

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dos níveis de força isométrica e excêntrica no membro não estimulado, sendo que o

grupo que usou eletroestimulação teve maior ganho de força do que o grupo que

realizou apenas contrações voluntárias máximas (HORTOBAGYI et al. 1999),

indicando o aumento da força por mecanismos neurais.

A redução da gordura na região supra-umbilical de 1,51 mm foi significativa e

isto provavelmente ocorreu, não devido ao aumento da secção transversal, mas sim

porque quando um músculo se contrai por efeito da corrente elétrica, as mudanças

que ocorrem no músculo são similares às que ocorrem na contração voluntária. Há

um aumento do metabolismo, aumentando a atividade contrátil muscular induzida;

elevação da população do transportador de insulina tipo 4 (GLUT 4) na membrana

das fibras, elevando a captação da glicose, com aumento da demanda de O2;

aumento da liberação de catabólitos, o que provoca uma dilatação das arteríolas e

capilares, aumentando consideravelmente o fluxo sanguíneo no músculo (ETGEN,

FARRAR e IVY, 1993).

Douglas (2000) relata que para ocorrer uma redução da gordura é necessário

existir uma demanda energética, a qual, pode ser resumida de 4 maneiras: (1)

energia mecânica, ou seja, a energia liberada na execução de um fenômeno físico

de natureza mecânica, como um movimento, uma postura; (2) energia química; (3)

energia elétrica, na qual a energia liberada expressa-se como potenciais gerados,

isto é, como potencial de repouso, potencial de ação, potencial pós-sináptico; (4)

energia térmica.

Segundo Guirro e Guirro (2004), a mobilização da gordura está sob o controle

nervoso e hormonal que leva à liberação de ácidos graxos e glicerol, os quais

passam para o sangue. A noradrenalina liberada nas terminações pós-ganglionares

dos nervos simpáticos do tecido adiposo é particularmente importante neste

processo, quando o organismo está sujeito às atividades físicas intensas, ao jejum

prolongado ou ao frio.

Dessa forma, para Guirro e Guirro (2004) a redução da gordura da parede

abdominal ocorre devido ao aumento da síntese protéica, além de provocar um

aumento do glicogênio, fosfato de creatina, trifosfato de adenosina, difosfato de

adenosina, creatina e enzimas do ciclo de Krebs nos músculos. Hoogland (1993) e

Petty (1980) já relataram os efeitos das correntes elétricas sobre o aumento da força

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e potência muscular do reto abdominal, justificando ser conseqüência deste

aumento a redução do tecido adiposo.

Evangelista et al. (2003) realizaram um estudo com 15 voluntários e dividiram-

os em 3 grupos: o primeiro realizava apenas eletroestimulação, o segundo fazia

estimulação elétrica e exercícios aeróbicos e o terceiro apenas exercícios aeróbicos.

O grupo que realizou exercícios aeróbicos e eletroestimulação apresentou melhores

resultados quanto à diminuição da perimetria abdominal e da redução do percentual

de gordura, todavia os resultados obtidos no grupo que era submetido somente à

estimulação elétrica houve melhores resultados na redução do percentual de

gordura que o grupo que realizava apenas exercícios aeróbicos.

De igual modo, neste estudo observou-se uma redução na perimetria da

cintura de 0,33 cm e do perímetro abdominal de 0,78 cm, ambos sem significância

estatística; porém, a região localizada 2cm abaixo da cicatriz umbilical atingiu uma

redução de 1,22 cm, com p= 0,0072.

Essa redução pode ter ocorrido porque o custo da ATP anaeróbica é maior

para os exercícios eletricamente induzidos do que para os exercícios voluntários,

segundo MAFFIULETTI et al. (2002).

Além disso, a estimulação elétrica tem outras vantagens em relação ao

exercício localizado, visto que a articulação pode ser estabilizada e o trabalho de

força pode ser realizado isoladamente (ANDREWS; HARRELSON e WILK, 2000).

O uso da estimulação elétrica na região abdominal pode ser utilizado como

complemento do treinamento convencional, pois o reforço muscular realizado pela

estimulação evita um processo de desgaste biomecânico que pode incorrer em

prejuízos anátomo-funcionais, levando em consideração que os exercícios

abdominais comprometem os discos intervertebrais quando realizados de forma

inadequada (KAPANDJI, 2000). Somado a isso, os músculos abdominais são

importantes na manutenção de uma boa postura e de lordose lombar normal, sendo

possível o uso da estimulação elétrica como recurso terapêutico auxiliando no

tratamento e prevenção de patologias da coluna lombar que acometem grande parte

da população em geral (ESTADELLA; OLIVEIRA e CASTRO, 2004).

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5.4 Sugestões Para Futuros Trabalhos

Visando a complementação do estudo realizado e sua ampliação, sugere-se

para futuros estudos:

(1) realizar a pesquisa com voluntárias de idade superior a deste estudo, ou com

voluntários com atrofia muscular, como: paraplégicos, hemiplégicos, renais

crônicos, para verificar o aumento da secção transversal do músculo, pois

segundo Brasileiro e Villar (2000) ocorre um maior aumento na musculatura,

quanto mais atrofiada a mesma estiver;

(2) realizar um estudo com pacientes com maior percentual de gordura, apesar de

Lucena (1990) relatar uma maior dificuldade na passagem da corrente, mas

segundo Guirro e Guirro (2004), quanto maior o número de células adiposas,

maior é a redução no tamanho das mesmas;

(3) realizar estudo associado com exames de sangue, pois é sugerido por

Radominski et al. (2000) que a ultrasonografia tem correlações significativas

com níveis de triglicerídeos. Dessa forma, a estimulação elétrica, que reduz

gordura intra abdominal, poderia reduzir triglicerídeos;

(4) realizar estudos com voluntários masculinos, para verificar se os mesmos

seguem a mesma tendência do grupo feminino estudado, uma vez que

Brasileiro e Villar (2000) relatam que as mulheres podem aumentar a força

muscular mais facilmente que os homens, porque têm normalmente menor

massa muscular e mais fraca também;

(5) para os resultados tornarem-se mais expressivos na região infra-umbilical e no

aumento da secção transversal do músculo, visando também diminuir o desvio

padrão, há necessidade de se ampliar o universo amostral e/ou pesquisar os

efeitos de outras combinações de valores dos parâmetros estimulatórios como,

por exemplo: alterar o tempo, o repouso ou o intervalo de estímulo e/ou a

modulação de freqüência;

(6) realizar acompanhamento de longo prazo após o término da pesquisa para

verificar a persistência da redução de gordura proporcionada pela estimulação

elétrica.

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CAPÍTULO 6

6 CONCLUSÕES

O objetivo principal deste estudo experimental era avaliar quantitativamente,

em mulheres saudáveis, os efeitos da estimulação elétrica de média freqüência

sobre a secção transversal do músculo reto abdominal e uma conseqüente redução

de gordura.

Com a realização da pesquisa, foi possível inferir que:

1) o protocolo proposto de estimulação elétrica é aplicável à redução de

gordura;

2) a aplicação do protocolo proposto não produziu aumento da massa

muscular, ou seja, não aumentou a secção transversal do músculo reto

abdominal nas regiões avaliadas, conforme avaliação realizada por meio de

ultra-sonografia;

3) a estimulação elétrica de média freqüência, com os parâmetros

utilizados, promoveu uma redução significativa da gordura na região supra-

umbilical, segundo os resultados demonstrados pelas imagens ultra-sônicas;

4) nas regiões supra-ilíaca e abdominal ocorreu redução de gordura,

constatada por meio da plicometria;

5) com o emprego da cirtometria, constatou-se também redução da

medida da circunferência abaixo do abdômen;

6) a ultra-sonografia permite a medida da secção transversal do músculo

e da camada adiposa tendo em vista a resolução espacial (0,1 mm) dos

equipamentos disponíveis.

Por fim, considera-se que a estimulação elétrica de média freqüência mostra-

se um método promissor para redução da gordura abdominal, necessitando,

entretanto, de um maior número de estudos com avaliação de diferentes parâmetros

estimulatórios assim como outros métodos de avaliação, que mensurem, além das

medidas antropométricas, parâmetros metabólicos como colesterol e triglicerídeos.

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7

8

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APÊNDICE 1- COMPARAÇÕES DE RESULTADOS ANTES DAS

APLICAÇÕES COM RESULTADOS DEPOIS DAS APLICAÇÕES

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Para cada uma das variáveis do estudo, testou-se a hipótese nula de que os

resultados antes do tratamento são iguais aos resultados após o tratamento, versus

a hipótese alternativa de resultados diferentes.

Nas tabelas nominadas na sequência são apresentados resultados descritivos

das variáveis antes e depois das aplicações, as diferenças entre antes e depois das

aplicações e os percentuais de redução após as aplicações. A tabela 1 mostra esses

resultados para a variável tela subcutânea supra-umbilical, a tabela 2 os resultados

da variável tela subcutânea na região infra-umbilical. A tabela 3 mostra os resultados

do diâmetro muscular do reto abdominal na região supra-umbilical, com o músculo

sem contração e a tabela 4 os resultados do diâmetro do mesmo músculo na região

infra-umbilical sem contração, sempre os resultados expressos em milímetros.

Tabela 1 - Resultados descritivos da variável tela subcutânea na região supra-umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.

Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

Tela SU antes 16 12,50 28,20 20,15 21,41 4,71

Tela SU depois 16 11,30 29,70 18,50 19,90 5,84

Tela SU (diferença antes - depois) 16 -4,70 4,70 1,60 1,51 2,20

Tela SU (redução %) 16 -18,80 29,38 8,50 8,08 11,27

O resultado do teste indicou a rejeição da hipótese nula no nível de

significância de 5% (p=0,0152).

Tabela 2 - Resultados descritivos da variável tela subcutânea na região infra-umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.

Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

Tela IU antes 16 12,80 27,00 20,75 20,46 3,99

Tela IU depois 16 10,20 26,00 19,00 18,89 4,51

Tela IU (diferença antes - depois) 16 -5,00 7,30 2,05 1,58 3,33

Tela IU (redução %) 16 -35,71 41,71 10,72 7,00 18,31

O resultado do teste indicou a não rejeição da hipótese nula no nível de

significância de 5% (p=0,0782).

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Tabela 3 - Resultados descritivos da variável diâmetro do músculo reto abdominal sem contração na região supra-umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.

Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

Diâmetro SU sem contração antes 16 6,00 13,00 10,30 9,83 2,05

Diâmetro SU sem contração depois 16 6,30 12,20 10,25 9,83 1,69

Diâmetro SU sem contração (diferença antes - depois)

16 -1,80 2,50 0,00 0,00 0,96

Diâmetro SU sem contração (redução %) 16 -19,57 22,12 0,00 -1,13 9,54

O resultado do teste indicou a não rejeição da hipótese nula no nível de

significância de 5% (p=1).

Tabela 4 - Resultados descritivos da variável diâmetro do músculo reto abdominal sem contração na região infra-umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.

Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

Diâmetro IU sem contração antes 16 7,50 13,80 10,00 10,06 2,00

Diâmetro IU sem contração depois 16 8,00 13,80 9,85 10,19 1,58

Diâmetro IU sem contração (diferença antes - depois)

16 -3,10 3,80 0,00 -0,13 1,45

Diâmetro IU sem contração (redução %)

16 -39,24 29,46 0,00 -3,06 14,72

O resultado do teste indicou a não rejeição da hipótese nula no nível de

significância de 5% (p=0,7225).

Nas tabelas seguintes são apresentados resultados descritivos das variáveis

antes e depois das aplicações, as diferenças entre antes e depois das aplicações e

os percentuais de redução após as aplicações. A tabela 5 mostra esses resultados

para a variável perimetria da cintura, a tabela 6 os resultados da perimetria

abdominal e a tabela 7 do perímetro infra-abdominal, esses resultados expressos em

centímetros.

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Tabela 5 - Resultados descritivos da variável perímetro da cintura e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.

Variável n Mínimo

Máximo

Mediana

Média

Desvio padrão

Perímetro cintura antes 16 66,00 92,00 70,50 71,56 5,95

Perímetro cintura depois 16 67,00 89,00 70,50 71,24 5,28

Perímetro cintura (diferença antes - depois)

16 -5,00 3,00 0,25 0,33 2,17

Perímetro cintura (redução %) 16 -7,58 4,23 0,34 0,36 3,09

O resultado do teste indicou a não rejeição da hipótese nula no nível de

significância de 5% (p=0,5576).

Tabela 6 - Resultados descritivos da variável perímetro abdominal e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.

Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

Perímetro abdominal antes 16 74,00 94,00 80,00 81,28 4,43

Perímetro abdominal depois 16 71,50 94,00 79,50 80,50 4,77

Perímetro abdominal (diferença antes - depois)

16 -2,50 4,00 1,00 0,78 1,78

Perímetro abdominal (redução %) 16 -3,07 4,82 1,20 0,96 2,21

O resultado do teste indicou a não rejeição da hipótese nula no nível de

significância de 5% (p=0,0994).

Tabela 7 - Resultados descritivos da variável perímetro infra-abdominal e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.

Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

Perímetro infra antes 16 81,00 100,00 85,25 86,22 4,65

Perímetro infra depois 16 80,00 96,00 84,50 85,00 4,08

Perímetro infra (diferença antes - depois) 16 -1,00 4,50 1,00 1,22 1,57

Perímetro infra (redução %) 16 -1,23 5,33 1,16 1,37 1,78

O resultado do teste indicou a rejeição da hipótese nula no nível de

significância de 5% (p=0,0072).

Nas tabelas abaixo são apresentados resultados descritivos das variáveis

plicometria axilar média (tabela 8), plicometria supra-ilíaca (tabela 9) e plicometria

abdominal (tabela 10) antes e depois das aplicações, as diferenças entre antes e

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depois das aplicações e os percentuais de redução após as aplicações, os

resultados são expressos em milímetros.

Tabela 8 - Resultados descritivos da variável plicometria axilar média e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.

Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

Plicometria axilar média antes 12 8,20 32,00 10,60 12,85 6,61

Plicometria axilar média depois 12 8,00 31,00 10,40 12,59 6,37

Plicometria axilar média (diferença antes - depois)

12 -0,80 1,00 0,30 0,26 0,42

Plicometria axilar média (redução %) 12 -7,14 4,76 3,09 1,83 3,12

O resultado do teste indicou a rejeição da hipótese nula no nível de

significância de 5% (p=0,0570).

Tabela 9 - Resultados descritivos da variável plicometria supra-ilíaca e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.

Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

Plicometria supra ilíaca média antes 12 8,20 29,00 13,75 15,57 5,77

Plicometria supra ilíaca média depois 12 7,30 25,50 13,00 14,55 5,45

Plicometria supra ilíaca média (diferença antes - depois)

12 -0,50 4,40 0,50 1,02 1,49

Plicometria supra ilíaca média (redução %)

12 -4,35 37,61 3,41 6,42 10,79

O resultado do teste indicou a rejeição da hipótese nula no nível de

significância de 5% (p=0,0376).

Tabela 10 - Resultados descritivos da variável plicometria abdominal e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.

Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

Plicometria abdominal média antes 12 15,50 37,00 20,10 22,84 7,08

Plicometria abdominal média depois 12 14,50 35,00 20,00 21,98 6,73

Plicometria abdominal média (diferença antes - depois)

12 -0,80 2,00 0,85 0,87 0,84

Plicometria abdominal média (redução %) 12 -4,17 10,86 4,27 3,74 3,69

O resultado do teste indicou a rejeição da hipótese nula no nível de

significância de 5% (p=0,0044).

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APÊNDICE 2– TERMO DE CONSENTIMENTO

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TERMO DE COMPROMISSO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu ......................................................................................................,

RG ......................................., abaixo qualificado, DECLARO para fins de participação

em pesquisa, na condição de pessoa em que será aplicada a pesquisa, que fui

devidamente esclarecido do Projeto de Pesquisa intitulado: Efeitos da Estimulação

de Média Freqüência na Redução da Gordura da Musculatura do Reto Abdominal,

desenvolvido pela fisioterapeuta Gilian Fernanda Dias, na qual pretende-se

comparar a quantidade de gordura existente na musculatura abdominal e o aumento

da secção transversal do músculo reto abdominal antes e depois do tratamento de

eletroestimulação de média freqüência.

A estimulação elétrica é gerada por um aparelho fisioterápico de

corrente de média freqüência, e aplicada por meio de gel não iônico de contato,

colocado sobre eletrodos de silicone e dispostos em pontos específicos da

musculatura abdominal. Os benefícios podem ser redução da gordura abdominal,

aumento da secção transversal do músculo reto abdominal, satisfação pessoal pela

redução de medidas, os mesmos benefícios podem ser alcançados através de

exercícios de fortalecimento muscular. Os riscos do tratamento são mínimos,

podendo ocorrer: dor muscular, fadiga muscular.

Haverá acompanhamento durante as sessões, e o paciente tem a

liberdade de a qualquer momento solicitar o afastamento da pesquisa, ou recusar-se

a participar do estudo sem prejuízo algum. As informações obtidas do paciente serão

usadas estritamente para a pesquisa e não serão divulgadas para outra finalidade. O

paciente tem assegurado o direito à privacidade e a confidencialidade dos dados da

pesquisa, tendo emprego estritamente científico e divulgado apenas à comunidade

científica.

DECLARO, outrossim, que após convenientemente esclarecido pelo

pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto voluntariamente

participar desta pesquisa.

Nome:

Data:

Local:

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APÊNDICE 3 – AVALIAÇÃO

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Avaliação :

Identificação do Paciente :

Nome

Idade: Data de nascimento :

Profissão: E-mail:

Endereço: Bairro: CEP:

Cidade: UF:

Telefone: Celular:

Comercial:

História Pregressa:

• Sistema Cardiovascular: Arritmia Cardíaca ( ) Trombose ( ) Hipertensão ( )

Hipotensão ( ) Marcapasso ( )

• Alergias: Produtos Tópicos :

Algum Cosmético :

História de Vida :

Tabagista ? ( ) Não ( ) Sim .Quantos cigarros por dia , e há quanto tempo ?

Pratica exercícios físicos ? ( ) Não ( ) Sim .Que tipo de exercício, com que

freqüência e há quanto tempo ?

Como é sua alimentação ?

Café da manhã :

Almoço:

Lanche:

Jantar:

( ) Vegetariana ( ) Dieta Balanceada ( ) Toma inibidor de apetite

( )Come gorduras e doces com moderação

( ) Come gorduras exageradamente

( ) Substitui as refeições por lanches rápidos

Percentual de Gordura:

Bíceps :

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Tríceps :

Subescapular:

Axilar Média :

Supra Ilíaca:

Abdominal:

Coxa:

Panturrilha:

Perimetria:

Bíceps:

Busto:

Cintura:

Abdominal:

Barriga:

Quadril:

Coxa:

Coxa 7 cm:

Perna:

Peso:

Altura:

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APÊNDICE 4 – APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA

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