PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ GILIAN ... · Figura 13 - Avaliação da plicometria...
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
GILIAN FERNANDA DIAS ERZINGER
EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA DE MÉDIA FREQUÊNCIA
NA REDUÇÃO DA GORDURA DA PAREDE ABDOMINAL
EM MULHERES
CURITIBA
2008
GILIAN FERNANDA DIAS ERZINGER
EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA DE MÉDIA FREQUÊNCIA
NA REDUÇÃO DA GORDURA DA PAREDE ABDOMINAL
EM MULHERES
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Tecnologia em Saúde como requisito parcial para obtenção do Grau Mestre em Tecnologia em Saúde. Orientador: Prof. Dr. João Eduardo Nicoluzzi Co-orientador: Prof. Dr. Percy Nohama
CURITIBA
2008
Agradecimentos
Segundo Ailton Carlos, “os obstáculos são provações a serem vencidas, e
superá-las é meu destino, minha determinação nunca enfraqueceu e de tudo,
sempre, algo aprendi e ensinei. Mas, a compreensão só se adquire em sua
plenitude, quando no silêncio de nossa existência, no buscar das explicações
encontramos Deus”, e a Ele agradeço por me dar força e perseverança todos os
dias.
Agradeço também ao meu marido Fabiano que sempre está ao meu lado, nas
horas de alegria e principalmente me amparando nas horas de tristeza e que muito
me auxiliou nesse projeto.
Ao meu filho postiço Iury por me ajudar com seu leva e traz.
À minha família que ainda é meu equilíbrio, apesar da distância e de não vê-
los com a freqüência que gostaria, são extremamente importantes em minha vida.
Ao meu Professor Percy Nohama pelas inúmeras orientações e auxílios,
minha gratidão, sem ele esse projeto não seria concluído.
Ao Professor João Eduardo Nicoluzzi.
E a todas pacientes envolvidas nesse estudo pela participação.
iv
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. vii
LISTA DE QUADROS E TABELAS............................................................................ ix
RESUMO.................................................................................................................... xi
ABSTRACT ............................................................................................................... xii
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ..................................................................................13
1.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ...........................................................13
1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................15
1.2.1 Objetivo geral...............................................................................................15
1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................15
CAPÍTULO 2 - REVISÃO DE LITERATURA .............................................................17
2.1 TECIDO ADIPOSO.........................................................................................17
2.2 AVALIAÇÃO DO TECIDO ADIPOSO .............................................................22
2.3 CONTRAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO .............................................26
2.4 POTENCIAL DE REPOUSO ..........................................................................34
2.5 O COMPORTAMENTO DA CÉLULA FRENTE AO ESTÍMULO ELÉTRICO..35
2.6 FORÇA MUSCULAR......................................................................................37
2.7 FATORES QUE INFLUENCIAM O AUMENTO DA FORÇA NO TREINAMENTO .............................................................................................38
2.8 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA ...........................................................................40
2.9 ESTIMULAÇÃO DE MÉDIA FREQÜÊNCIA ...................................................44
2.10 A ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA E O AUMENTO DE FORÇA MUSCULAR......46
2.11 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA E A REDUÇÃO DE GORDURA.........................53
CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA................................................................................57
3.1 GRUPO EXPERIMENTAL..............................................................................57
3.2 COLETA DE DADOS......................................................................................58
3.3 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA.................................................................58
3.4 AVALIAÇÃO ECOGRÁFICA...........................................................................60
vi
3.5 APLICAÇÃO DO PROTOCOLO DE ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA ................. 63
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................................ 64
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS ................................................................................. 67
4.1 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ........................................................ 67
4.2 VARIAÇÃO QUANTITATIVA DA TELA SUBCUTÂNEA DO ABDOME ......... 67
4.3 VARIAÇÃO QUANTITATIVA DO DIÂMETRO DO MÚSCULO RETO ABDOMINAL.................................................................................................. 68
4.4 VARIAÇÃO QUANTITATIVA DAS DOBRAS CUTÂNEAS............................. 68
4.5 VARIAÇÃO QUANTITATIVA DA PERIMETRIA............................................. 69
4.6 VARIAÇÃO QUANTITATIVA DOS EFEITOS DA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS SOBRE A DIFERENÇA DE RESULTADOS ENTRE ANTES E DEPOIS DAS APLICAÇÕES...................................................................... 70
CAPÍTULO 5 - DISCUSSÃO..................................................................................... 73
5.1 SOBRE A METODOLOGIA ........................................................................... 73
5.2 SOBRE A METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO ................................................ 76
5.3 SOBRE OS RESULTADOS ........................................................................... 77
5.4 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ............................................. 82
CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES................................................................................. 83
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 85
APÊNDICE 1 - COMPARAÇÕES DE RESULTADOS ANTES DAS APLICAÇÕES COM RESULTADOS DEPOIS DAS APLICAÇÕES .. 93
APÊNDICE 2– TERMO DE CONSENTIMENTO ...................................................... 99
APÊNDICE 3 – AVALIAÇÃO .................................................................................. 101
APÊNDICE 4 – APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA ............................................... 105
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Lâmina exemplificando o tecido adiposo ..................................................18
Figura 2 - Representação ilustrativa da obesidade tipo andróide..............................20
Figura 3 - Exemplo de aparelho de ultra – sonografia empregado na
determinação de adiposidade. ..................................................................23
Figura 4 - Estrutura da fibra muscular mostrando sarcolema....................................27
Figura 5 - Organização estrutural do músculo esquelético do músculo inteiro ao
nível molecular. .........................................................................................28
Figura 6 - Estrutura do sarcômero com as linhas de deslizamento...........................29
Figura 7 - Seqüência dos acontecimentos da contração muscular. ..........................30
Figura 8 - Relação entre intensidade e duração de um estímulo exigido, para a
geração de um potencial de ação numa fibra nervosa motora..................36
Figura 9 - Diagrama do sistema para combinar designações de corrente
descritivas na nomeação de formas de onda de corrente alternada ou
pulsada......................................................................................................42
Figura 10 - Designações “tradicionais” de correntes elétricas selecionadas
usadas historicamente na prática clínica. Cada gráfico mostra
mudanças na amplitude de corrente ao longo do tempo..........................42
Figura 11 - Forma de onda da “corrente russa” utilizada na estimulação elétrica
neuromuscular...........................................................................................44
Figura 12 -Avaliação da plicometria na região axilar média realizada antes e após as
10 sessões de estimulação elétrica...........................................................59
Figura 13 - Avaliação da plicometria na região supra-ilíaca realizada antes e após as
10 sessões de estimulação elétrica...........................................................60
Figura 14 - Avaliação da plicometria na região abdominal realizada antes e após as
10 sessões de estimulação elétrica.........................................................60
Figura 15 - Aparelho de ecografia utilizado para avaliação antes e após as 10
sessões de estimulação elétrica..............................................................61
Figura 16 - Exame de ecografia de uma participante do estudo; demonstrando a
análise do tecido adiposo na região supra-umbilical no lado direito e
viii
infra-umbilical no lado esquerdo, antes da aplicação da estimulação
elétrica. As flechas mostram os locais demarcados pelo avaliador
como sendo o início e fim da tela subcutânea, sendo 26 mm de
gordura na região supra-umbilical e 22 mm na região infra-umbilical..... 61
Figura 17 - Exame de ecografia de uma participante do estudo exemplificando a
avaliação do músculo reto abdominal em contração no lado direito e
em repouso no lado esquerdo, na região supra e infra umbilical, sendo
8,9 mm o diâmetro do músculo em contração na região supra-umbilical
e 9,8 mm o diâmetro do músculo relaxado na mesma região e 9,0 mm
o diâmetro muscular em contração na região infra-umbilical e 9,8 mm
com o músculo relaxado. ........................................................................ 62
Figura 18 - Aparelho Kinesis utilizado para estimulação elétrica durante a
aplicação do protocolo experimental...................................................... 64
Figura 19 - Posicionamento dos eletrodos no músculo reto abdominal.................... 64
Figura 20 - Posicionamento dos eletrodos sobre o músculo reto abdominal e
sobre os músculos oblíquos................................................................... 64
Figura 21 - Gráfico da média ± desvio padrão da tela subcutânea do abdome nas
regiões supra e infra-umbilical comparando antes e depois da
estimulação elétrica. ............................................................................... 67
Figura 22 - Gráfico da média do diâmetro do músculo reto abdominal sem
contração ± desvio padrão nas regiões supra e infra-umbilical
comparando antes e depois da estimulação elétrica. ............................. 68
Figura 23 - Gráfico da média das dobras cutâneas ± desvio padrão nas regiões
axilar, supra-ilíaca e abdominal antes e depois da estimulação
elétrica. ................................................................................................... 69
Figura 24 - Gráfico da média das medidas de circunferência ± desvio padrão
nas regiões da cintura, abdominal e infra-abdominal antes e depois
da estimulação elétrica. .......................................................................... 70
ix
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1 - Avaliação estatística das variáveis analisadas.......................................71
Tabela 1 - Resultados descritivos da variável tela subcutânea na região supra-
umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o
percentual de redução após as aplicações. ............................................94
Tabela 2 - Resultados descritivos da variável tela subcutânea na região infra-
umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o
percentual de redução após as aplicações. ............................................94
Tabela 3 - Resultados descritivos da variável diâmetro do músculo reto abdominal
sem contração na região supra-umbilical e a diferença entre antes e
depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações. ..95
Tabela 4 - Resultados descritivos da variável diâmetro do músculo reto abdominal
sem contração na região infra-umbilical e a diferença entre antes e
depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações. ..95
Tabela 5 - Resultados descritivos da variável perímetro da cintura e a diferença
entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após
as aplicações...........................................................................................96
Tabela 6 - Resultados descritivos da variável perímetro abdominal e a diferença
entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após
as aplicações...........................................................................................96
Tabela 7 - Resultados descritivos da variável perímetro infra-abdominal e a
diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de
redução após as aplicações. ...................................................................96
Tabela 8 - Resultados descritivos da variável plicometria axilar média e a
diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de
redução após as aplicações. ...................................................................97
Tabela 9 - Resultados descritivos da variável plicometria supra-ilíaca e a
diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de
redução após as aplicações. ...................................................................97
x
Tabela 10 - Resultados descritivos da variável plicometria abdominal e a diferença
entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após
as aplicações. ......................................................................................... 97
xi
RESUMO
A falta de atividade física e a má alimentação da população estão levando à obesidade, principalmente à obesidade central, que é extremamente preocupante, pois a obesidade é um importante fator de risco para diabetes melito, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças cardiovasculares, colecistopatia, gota e aterosclerose, Desse modo, torna-se importante reduzir a obesidade, assim como a circunferência abdominal. A terapia dermato-funcional utiliza recursos eletrotermofototerápicos que melhoram a estética corporal e podem contribuir na redução da obesidade. Devido às alterações que ocorrem no músculo com a estimulação elétrica, aumenta-se a síntese proteica e o metabolismo, podendo vir a reduzir os adipócitos, sendo necessário comprovar a eficiência da estimulação elétrica para essa redução e, conseqüentemente, da obesidade central. Sendo assim, objetiva-se com este trabalho avaliar quantitativamente os efeitos da estimulação elétrica de média freqüência sobre a secção transversal do músculo reto abdominal, observando as alterações no índice de gordura abdominal em mulheres. Vários estudos comprovaram que a estimulação elétrica é eficiente para complementar o treinamento físico e para hipertrofiar a musculatura. Foram estudadas 16 mulheres, com idade entre 20 e 35 anos, submetidas a 10 sessões de estimulação elétrica, realizadas 3 vezes por semana, em dias alternados, com freqüência de pulsos de 2500Hz, modulados em 50Hz, 10s de tempo estímulo, 3s de repouso, 2s para a subida e 2s para descida. A estatística foi realizada com o teste T de Student e não-paramétrico de Mann-Whitney.Os resultados foram avaliados por meio da ecografia do músculo reto abdominal, da plicometria e perimetria abdominal. Na ecografia, avaliou-se o diâmetro do músculo reto abdominal e espessura da camada adiposa na região supra e infra umbilical. Os resultados indicam que houve uma redução na gordura abdominal na região supra-umbilical de 1,51 mm (p= 0,0152) e na região infra-umbilical de 1,58 mm (p= 0,078), mas não ocorreu aumento na secção transversal do músculo. A redução da plicometria na região supra-ilíaca foi de 2 mm (p= 0,0376) e no abdômen de 1,9 mm (p= 0,0044). A circunferência avaliada 3 cm abaixo da cicatriz umbilical também apresentou uma redução significativa de 1,22 cm (p= 0,0072). Dessa forma, é possível afirmar que a estimulação elétrica de média freqüência é uma forma eficiente de reduzir a gordura abdominal.
Palavras-chaves: estimulação elétrica neuromuscular, gordura abdominal, plicometria, ultra-sonografia.
xii
ABSTRACT
The lack of physical activities and bad eating habits are leading the population to obesity, especially to central obesity, which is extremely concerning since it’s a major risk factor for diabetes mellitus, arterial hypertension, hiperlipidaemia, cardiovascular diseases, colecistopathy, gouty arthritis, atherosclerosis. For these aspects, it becomes important to reduce obesity as well as abdominal circumference. Dermo-functional therapy uses electrothermophototherapy methods that improve body appearance and can contribute to reduce obesity. Due to changes that occur with electric stimulation in the muscle, protein synthesis and the metabolism increase, making the reduction of lipids possible, becoming necessary to prove the efficiency of the electric stimulation for this specific reduction, and, consequently, for the reduction of central obesity. The purpose of this research is the investigation of the effects produced by electrical stimulation of medium frequency on the transversal section of the recto abdominal muscle, observing the alterations in the index of abdominal fat in women. Many researches prove that electric stimulation is an efficient complement for physical training and for muscle hypertrophy. Sixteen women (20-35 years) underwent a 10-session experimental protocol of electric stimulation, 3 times per week, every other day, with a frequency of 2500 Hz, modulated at 50Hz, with 10 seconds of stimulation, 3 for resting, 2 for elevation and other 2 seconds for decline. The statistics were performed with the Student T test and the Mann-Whitney non-parametrical test. The analyzed abdominal parameters were measured by ultrasonography, plycometry and perimetry. With the ultrasonography, the recto abdominal muscle and the fat layer thickness of the supra and infra umbilical region were analyzed. The results indicated that there was a reduction of abdominal fat from the supra umbilical region in 1,51 mm (p=0,0152), and of 1,58 mm (p= 0,078) in the infra umbilical region, but no signs of increase were noticed in the transversal section of the muscle. The reduction achieved by plycometry was about 2 mm (p=0,0376) of fat in the supra iliac region and of 1,9mm (p=0,0044) in the abdomen. The measured circumference 3cm below the umbilical scar also presented a significant reduction of 1,22cm (p=0,0072). By these results, it is possible to affirm that the electrical stimulation of medium frequency could be an efficient form of fat reduction in the abdominal wall. Key-words: neuromuscular electrical stimulation, abdominal fat, plicometry, ultrasonography.
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Caracterização do Problema
Envelhecer é um processo natural, ocorre desde que nascemos e fica mais
evidente após a terceira idade. A qualidade do envelhecimento está relacionada
diretamente com a qualidade de vida à qual o organismo foi submetido (GUIRRO e
GUIRRO, 2004), e uma má qualidade de vida pode ter como conseqüência um
aumento de peso e da quantidade de gordura corporal, levando à obesidade e ao
aumento das medidas de circunferência (GUIRRO e GUIRRO, 2004; GRILLO e
SIMÕES, 2003).
A obesidade, além de ser um dos maiores problemas de saúde pública
compromete a qualidade de vida e a longevidade (PASETTI et al., 2006 ; ANJOS e
MENDONÇA, 2006).
De acordo com RADOMINSKI et al. (2000); HIROOKA et al. (2005) e
REZENDE et al., (2006), a obesidade é uma doença crônica e importante fator de
risco para diabetes melito, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças
cardiovasculares, colecistopatia. Desde 1956, Jean Vague, da Universidade de
Marselha, associou a obesidade tipo andróide à maior incidência de diabetes melito,
gota e aterosclerose (RADOMINSKI et al., 2000), assim como estudos atuais
confirmam esses achados iniciais (HIROOKA et al., 2005). Desse modo, é de
extrema importância que a circunferência abdominal seja a menor possível para
reduzir os riscos à saúde.
Segundo Lacourt e Marini (2006), o processo de envelhecimento é
acompanhado por diversas alterações que causam danos aos diferentes sistemas
do organismo; dentre as principais alterações, está o decréscimo da função
muscular.
A estimulação elétrica neuromuscular vem sendo aplicada desde a década de
70 como suplemento no treinamento de atletas (ENOKA, 1994) e tem sido
freqüentemente utilizada em programas de treinamento de força de indivíduos
14
saudáveis, pois as pesquisas indicam que aumenta e melhora a força isométrica
(MILLER e THÉPAUT-MATHIEU, 1993; SIVINI e LUCENA, 1999; BRASILEIRO e
VILLAR, 2000; MAFFIULETTI et al., 2002).
Os programas de fortalecimento muscular são procedimentos importantes e
muito utilizados nas clínicas de fisioterapia. Esses procedimentos são utilizados para
restabelecer as funções normais de músculos que apresentam força diminuída. Além
da reabilitação muscular, existem outros motivos para se produzir uma hipertrofia
muscular, tais como: fator estético, melhora no rendimento de atletas por meio do
aumento da força (EVANGELISTA, et al., 2003), e também para os indivíduos que
não podem praticar uma atividade física: pacientes renais crônicos, paraplégicos,
hemiplégicos, além da hipertrofia muscular abdominal poder auxiliar na correção da
hiperlordose lombar.
A Fisioterapia Dermato-Funcional (FDF) atua com os recursos
eletrotermofototerápicos para melhorar a estética corporal e facial do ser humano,
visando: fortalecer a musculatura facial e corporal, indiretamente reduzir o tamanho
das células adiposas, melhorar a circulação veno-linfática e atuar no remodelamento
do colágeno (cicatrização) (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
Os exercícios de fortalecimento para o sistema muscular têm um papel
essencial na reabilitação e no esporte, mas exigem-se métodos e exercícios que em
pouco tempo de treinamento proporcionem bons resultados (MENDONÇA et al.,
1998).
A eletroestimulação tem sido utilizada desde o século XVIII como ferramenta
da reabilitação (DUCHATEAU e HAINAUT, 1988) e da mesma forma a mesma vem
sendo aplicada em indivíduos saudáveis/atletas para o treinamento de força, a FDF
passou a utilizá-la para flacidez muscular e cada vez mais vêm sendo observados
bons resultados na estética corporal e facial (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
Um dos objetivos de um tratamento de FDF é a redução da circunferência
abdominal e essa pode ser alcançada por meio de programas de baixa intensidade
(FOSS e KETEYIAN, 2000), atividade física (GRILLO e SIMÕES, 2003) e com
eletroestimulação, por ocorrer aumento da secção transversal do músculo e da
síntese protéica (GUIRRO e GUIRRO, 2004), além de alterações no metabolismo
muscular (ETGEN; FARRAR e IVY, 1993).
15
Apesar de alguns estudos (KOTS e CHWILON, 1971; LAUGHMAN; YOUDAS
e GARRET, 1983; DELITTO e ROBINSON, 1989; KOMI, 1992, ENOKA, 1994) terem
comprovado a eficiência da eletroestimulação como uma metodologia complementar
ao treinamento físico, torna-se imprescindível a realização de estudos para verificar
a sua eficiência na FDF, visto que não se encontrou trabalhos descritos na literatura
que empreguem métodos indiretos de avaliação, como a ultra-sonografia, apenas
validando seus resultados por meio da cirtometria e plicometria, além de utilizar um
número pequeno de voluntários.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
A pesquisa proposta nesta dissertação consiste em avaliar quantitativamente
os efeitos da estimulação elétrica de média freqüência sobre a secção transversal do
músculo reto abdominal, verificando as alterações na gordura abdominal em
mulheres.
1.2.2 Objetivos específicos
Especificamente, pretende-se:
1) propor um protocolo de eletroestimulação aplicável à redução de gordura;
2) aplicar o protocolo estimulatório visando produzir alterações de massa muscular
abdominal;
3) avaliar a espessura da tela subcutânea do abdome e a secção transversal do
músculo reto abdominal empregando ultrasonografia, pré e pós-aplicação do
protocolo experimental;
4) avaliar estatisticamente as variações dos parâmetros medidos.
16
CAPÍTULO 2
2 REVISÃO DE LITERATURA
Sabe-se que células agrupadas que são similares quanto à estrutura, função
e origem embrionária, e que são unidas por quantidades variadas de material
intercelular, são chamadas de tecidos. Apesar da complexidade do organismo
humano, há apenas quatro tipos básicos de tecidos: o epitelial, o conjuntivo, o
muscular e o nervoso. Devido à especificidade deste trabalho, faz-se necessário que
determinados temas tenham um melhor enfoque, por essa razão será abordado
apenas o tecido adiposo, sua forma de avaliação e a contração muscular com a
estimulação elétrica.
2.1 Tecido adiposo
De acordo com Junqueira e Carneiro (1999) e Curi et al. (2002), o tecido
adiposo é um tecido de preenchimento e sustentação que apresenta células
adaptadas para armazenar gordura, sendo um tipo especial de tecido conjuntivo em
que se observa predominância de células adiposas (adipócitos).
Borges (2006) relata que existem dois tipos de tecido adiposo, sendo
classificados em tecido adiposo amarelo (ou unilocular) e tecido adiposo pardo (ou
multilocular). O tecido multilocular em um adulto com peso ideal, constitui cerca de
20% do peso corporal, sendo os 80% restante constituintes de massa magra.
Os adipócitos (figura 1) são células que derivam do folículo mesodérmico do
embrião. Estas células são volumosas, com núcleo achatado e marcado na periferia
por um vacúolo lipídico que ocupa a maior parte da célula (PARIENTI, 1995). Os
adipócitos têm uma função metabólica intensa: lipogênica (estocagem dos ácidos
graxos sob forma de triglicerídeos) e lipolítica (liberação de ácidos graxos). Essas
células mesenquimatosas são denominadas lipoblastos, e originam os fibroblastos,
os quais logo acumulam gordura em seu citoplasma (JUNQUEIRA e CARNEIRO,
1999).
18
Figura 1 – Lâmina exemplificando o tecido adiposo
Fonte: OLIVER et al., 2006.
O tecido adiposo é encontrado sob a pele, entre os músculos, e nos espaços
entre os diversos órgãos. O citoplasma das células gordurosas, por vezes, chega a
conter até 95% da gordura neutra. Essas células armazenam a gordura até que seja
necessária para o provimento de energia em outra região do corpo (HALL e
GUYTON, 2002).
Essas células podem ser encontradas isoladas ou em pequenos grupos no
tecido conjuntivo comum. No entanto, a maioria delas agrupa-se no tecido adiposo
espalhado pelo corpo. A distribuição é diferente em cada indivíduo, principalmente
quando se refere ao sexo, devido aos contornos diferentes existentes entre o corpo
da mulher e do homem (GUIRRO e GUIRRO, 2004). Em pessoas de peso
considerado ideal, o tecido adiposo corresponde a 20 a 25% do peso corporal na
mulher e 15 a 25% no homem (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1999).
Entre as funções do tecido adiposo está a de reservatório energético para as
funções do organismo: isolante térmico e termorregulação, além de: proteção contra
choques mecânicos e preenchimento (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1999). Para
Sampaio e Rivitti, (2001), o tecido adiposo ainda facilita a mobilidade da pele em
relação às estruturas que estão abaixo dela.
Young e Heat (2001) descrevem que o tecido gorduroso é um reservatório
temporário de substrato para os processos que necessitam de energia em quase
todos os tecidos e Lehninger, Nelson e Cox (2002), relatam ser o maior depósito de
energia armazenada na forma de triglicerídeos, apesar do músculo esquelético e das
19
células hepáticas também serem reservatório energéticos, mas na forma de
glicogênio. A gordura armazenada no interior dos adipócitos provém da gordura das
dietas, a qual circula pelo organismo por meio da corrente sanguínea, dos
triglicerídeos sintetizados no fígado ou a partir da glicose no interior dos adipócitos
(YOUNG e HEAT, 2001; LEHNINGER, NELSON e COX, 2002).
A mobilização da gordura está sob o controle nervoso e hormonal que leva à
liberação de ácidos graxos e glicerol, os quais passam para o sangue. A
noradrenalina liberada nas terminações pós-ganglionares dos nervos simpáticos do
tecido adiposo é particularmente importante a este respeito, quando o organismo
está sujeito a atividades físicas intensas, jejum prolongado ou frio (GUIRRO e
GUIRRO, 1996).
Ao longo dos anos, pesquisas vêm demonstrando que o aumento de peso por
si só é menos relevante do que a distribuição do tecido adiposo corporal na
determinação das alterações metabólicas. Entretanto, a obesidade é uma doença
crônica e importante fator de risco para diabetes melito, hipertensão arterial,
dislipidemia, doenças cardiovasculares, colecistopatia, cujas doenças associadas à
obesidade podem ter efeitos diretos e indiretos sobre a morbidade e mortalidade nas
mais diversas populações (RADOMINSKI et al., 2000; HIROOKA et al., 2005). Curi
et al. (2002); Minocci et al. (2005) e Olinto et al. (2006), relatam que existem
evidências de que o tecido adiposo desempenha um papel importante na resposta
imunitária, regulação do apetite e doenças vasculares.
Em 1956, o Professor Jean Vague, da Universidade de Marselha, na França,
associou a obesidade tipo andróide (figura 2) (deposição de tecido adiposo em
região de tronco) à maior incidência de diabetes melito, gota e aterosclerose. Mais
de 30 anos após, estudos clínicos e epidemiológicos, utilizando medidas
antropométricas como a Relação Cintura-Quadril (RCQ), vieram a confirmar os
achados iniciais de Vague (RADOMINSKI et al., 2000; HIROOKA et al., 2005).
Os adipócitos, ou células gordurosas, aumentam em número (hiperplasia) até
o início da adolescência, aumentam também de tamanho (hipertrofia) durante toda a
vida, pois os adipócitos servem de reservatório de energia. A falta de exercício e a
alimentação inadequada, com excesso de gordura e alto teor calórico, podem
estimular o adipócito. Assim sendo, a obesidade constitui uma combinação do
número de adipócitos e de seu conteúdo lipídico e as pessoas obesas possuem um
20
número maior de células adiposas, as quais contêm um volume de lipídios maior que
as pessoas magras (GUIRRO e GUIRRO, 2004; EVANGELISTA et al., 2003).
Figura 2 - Representação ilustrativa da obesidade tipo andróide.
Fonte: COSTA, 2000.
A quantidade de energia liberada pelo catabolismo dos alimentos no corpo é
a mesma que é liberada quando a comida é processada fora do corpo. A energia
liberada pelos processos catabólicos no corpo é usada para a manutenção das
funções corporais, a digestão e a metabolização dos alimentos, a termorregulação e
a atividade física. A quantidade de energia liberada por unidade de tempo é a
intensidade metabólica (GANONG, 1998).
Quando se analisa a manifestação energética de um organismo vivo,
observa-se que podem ser resumidas em quatro tipos principais e básicos:
a) energia mecânica, ou seja, a energia que é liberada na execução de um
fenômeno físico de natureza mecânica, como um movimento, uma postura, a
movimentação ciliar ou flagelar, ou o deslocamento de um leucócito. Desse
modo, a fibra muscular ou equivalente seria a executora fundamental deste
tipo de atividade;
b) energia química, pela qual o organismo forma ou sintetiza corpos químicos,
seja com fins estruturais ou na formação de secreções, internas ou externas;
c) energia elétrica, processo pelo qual a energia que se libera, expressa-se
como potenciais gerados, isto é, como potencial de repouso, potencial de
ação, potencial gerador pós-sináptico, etc;
21
d) energia térmica, quando é liberada em forma de calor, que pode ser
dissipado ou estocado, determinando a temperatura corporal (DOUGLAS,
2000).
Segundo Galbo et al. (1976), a insulina produz um aumento na captação
celular de glicose, resultando em redução de seus níveis sanguíneos. Além dessa
função, a insulina inibe também a liberação de glucagon pelo fígado e a liberação de
ácidos graxos pelo tecido adiposo. Por sua vez, o glucagon produz efeitos
exatamente opostos; mobilização de glicose a partir do fígado por meio da
glicogênese e mobilização dos ácidos graxos a partir dos adipócitos. Durante o
exercício físico, no qual tanto a glicose quanto os ácidos graxos são necessários
como combustíveis metabólicos, foi mostrado que o glucagon aumenta e a insulina
diminui.
Quando o corpo tem uma boa reserva de carboidratos, este será o
combustível preferencial, o que é extremamente importante nas atividades intensas,
uma vez que nessa situação apenas o carboidrato pode ser oxidado rapidamente e
suprir a energia que o músculo pede. A gordura estocada é desidratada e produz
mais energia do que o carboidrato. Essa é a maneira ideal de estocar energia, visto
que ocupa pouco espaço e produz mais energia por unidade de massa. O exercício
aumenta a concentração plasmática de epinefrina e de outros hormônios, ativando
betarreceptores dos adipócitos e estimulando a lípase, que quebra o triglicerídeo em
3 AGL e 1 glicerol. Em descanso, 70% dos AGL liberados na lipólise são ligados
novamente ao glicerol e formam novos triglicerídeos nos adipócitos. Durante o
exercício moderado, esse processo diminui, ao mesmo tempo em que a lipólise
aumenta, elevando assim o nível sanguíneo de AGL (JOHNSON; BERG e LATIN,
1984). Uma vez no plasma, os AGL ligam-se à albumina; a quantidade de AGL no
sangue diminui à medida que a intensidade do exercício aumenta (GALBO et al.,
1976; MCARDLE; KATCH e KATCH, 1998).
Dependendo do estado de nutrição, treinamento do indivíduo e duração da
atividade física, de 30% a 80% da energia para o trabalho biológico deriva das
moléculas adiposas intra e extracelulares, 1 mol de gordura é capaz de produzir 142
ATP (MCARDLE e KATCH, 1985 apud EVANGELISTA et al., 2003).
Quando dois níveis de exercícios diferentes são realizados, um a 25% e outro
a 65% do VO2 máximo, a 25% gasta mais gordura, mas a 65% gasta maior
22
quantidade de gordura estocada (JOHNSON; BERG e LATIN, 1984; MCARDLE;
KATCH e KATCH, 1998). Quando existe pouco O2 devido à intensidade do
exercício, a energia precisa vir da glicose, já que a gordura não pode ser
metabolizada sem O2. Os hormônios liberados de AGL (epinefrina, glicocorticóides)
permanecem ativos 2 ou 3 h após o exercício. A epinefrina impede que o nível
insulínico suba muito em resposta à glicemia sanguínea.
Para saber quando um indivíduo altera o VO2, avalia-se o metabolismo basal.
Um indivíduo está em condições basais ao estar em repouso físico e psíquico
completo, deitado de costas e tratando de eliminar conflitos da natureza psíquica
(afastar pensamentos causadores de tensão); deve estar em jejum absoluto de 8h e
num ambiente de neutralidade térmica. Considera-se como neutralidade térmica,
uma temperatura ambiental (nem fria nem quente), isto é, que não seja
suficientemente baixa para produzir calafrios nem suficientemente alta para produzir
sudorese (DOUGLAS, 2000).
Estando em condições basais, o indivíduo não realiza trabalho, isto é, não
libera energia, de modo que toda a energia liberada ocorre sob forma de calor.
Estabelece-se, assim um estado de equilíbrio basal entre o fluxo de entrada de
energia, representado pela degradação dos reservatórios, e o fluxo de saída,
representado somente pela liberação de energia sob forma de calor (DOUGLAS,
2000).
2.2 Avaliação do tecido adiposo
Para determinar a composição corpórea, pode-se utilizar tanto procedimentos
classificados como diretos quanto indiretos e duplamente indiretos. Direto é o
método no qual há separação dos diversos componentes corporais, por meio da
dissecação de cadáveres. Os métodos indiretos podem ser divididos em físicos ou
químicos, sendo que, em ambos, alguns dos métodos envolvem procedimentos
laboratoriais de alto custo e difícil acesso.
Pode-se considerar como métodos indiretos a relação peso-altura, medição
das dobras cutâneas, mensuração das circunferências, pesagem subaquática,
determinação da impedância elétrica, ultra-sonografia do tecido adiposo, tomografia
23
computadorizada, ressonância magnética e diluição de isótopos. (GUIRRO e
GUIRRO, 2004; HIROOKA et al., 2005).
Recentemente, o desenvolvimento dessas técnicas mais sofisticadas para a
avaliação de gordura corporal tornou evidente que a morbidade, a mortalidade, bem
como as alterações metabólicas nos obesos, estão mais relacionadas com a
quantidade de tecido adiposo visceral do que com a gordura corporal total. Entre
esses métodos, a tomografia computadorizada é considerada o método de
referência para a avaliação de gordura intra-abdominal; entretanto, é um método
dispendioso, que submete os pacientes à radiação ionizante e pouco disponível; já a
ressonância magnética é muito mais cara que os outros métodos (RADOMINSKI et
al., 2000; HIROOKA et al., 2005).
Assim, os estudos realizados por Armellini et al. (1990); Radominski et al.
(2000) comprovaram, da mesma forma que Hirooka et al. (2005), o uso do ultra-som
(Figura 3) como um método proveitoso e exato na determinação da adiposidade
intra-abdominal e com bons resultados quando comparado à tomografia
computadorizada (MINOCCI et al., 2005).
Figura 3 – Exemplo de aparelho de ultra – sonografia empregado na determinação de adiposidade.
A ultra-sonografia (US) foi a primeira modalidade de exames por imagem
disponível para avaliação das doenças musculares. A xerorradiografia e a radiografia
de baixa tensão não têm resolução suficiente para mostrar lesão muscular. Nem
24
mesmo a tomografia computadorizada (TC) consegue definir suficientemente a
estrutura do músculo para detectar os tipos mais comuns de patologias que afetam o
tecido muscular (HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).
Por meio da ultra-sonografia, ondas mecânicas são transmitidas através dos
tecidos e seus ecos são recebidos e analisados. Existem no mercado equipamentos
leves e portáteis, que permitem medir a distância entre pele-gordura e gordura-
músculo, posteriormente refletidas a partir dessa interface, sendo que o tempo de
transmissão de ida e volta do receptor é transformado num escore relacionado à
distância.
A disponibilidade, a facilidade do exame e o baixo custo da ultra-sonografia,
em comparação com a ressonância nuclear magnética (RNM), tornam práticos os
exames de segmentos de lesões em processo de cicatrização. Os exames ultra -
sonográficos seriados permitem avaliar com precisão a velocidade e o estágio do
processo de cura, diminuindo significativamente a probabilidade de recorrência da
lesão (SERNIK e CERRI, 1999).
A análise de lesões da parede abdominal atingiu importante avanço na
qualidade das imagens após a introdução de transdutores de alta resolução (5-7 e
10MHz). Anormalidades clinicamente palpáveis podem ser bem caracterizadas no
que se refere à consistência, extensão e profundidade (CERRI e ROCHA, 1993).
Os transdutores de varredura linear longa são os mais recomendados para o
exame dos músculos. A maioria dos exames pode ser realizada usando-se um
transdutor com varredura linear longa com 7,5 MHz, que proporcionará uma
resolução excelente. Pacientes obesos podem necessitar de um transdutor de 5
MHz para melhorar a penetração. Além do transdutor de varredura linear longo, é
essencial um aparelho de ultra-sonografia que tenha a capacidade de exibir duas
imagens lado a lado. Esta capacidade permite ao examinador oferecer uma imagem
composta por duas imagens mostrando um segmento mais longo de músculo
(HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).
Outras técnicas surgiram recentemente: a ultra-sonografia tridimensional (3-
D) e o estudo por imagem com CDV expandido. A aquisição de dados na ultra-
sonografia tridimensional não é muito diferente da RNM 3-D ou da TC 3-D; várias
imagens são armazenadas na memória e reconstruídas com um só volume. Um dos
métodos usa imagens de uma única varredura com o transdutor. O outro método usa
25
um transdutor composto que contém um arranjo curvo de cristais piezelétricos. O
arranjo de cristais pode realizar uma varredura dentro desse arranjo, que engloba os
elementos. Esse transdutor é posicionado sobre a área de interesse e não pode ser
movido até que o movimento de translação do arranjo esteja completo. O
aprimoramento dos equipamentos ultra-sonográficos digitais mais recentes oferece
reconstruções volumétricas rápidas em 3-D, quase que em tempo real
(HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).
Um avanço técnico recente é o estudo do volume ultra-sonográfico por
imagem. Esta técnica permite o estudo por imagem tridimensional em tempo real
com o equipamento no modo de regulagem chamado B convencional. Uma lente de
borracha de silicone cilíndrica é aplicada a um transdutor linear ou curvo. As lentes
retiram o foco do feixe e examinam um volume maior de tecido com as ondas de
ultra-som. O estudo por imagem tridimensional é obtido quando a estrutura reflete
toda a energia incidente. A necessidade de reflexão total é uma limitação importante
desta técnica. A reflexão total é obtida quando se examina a estrutura posicionando
o cabeçote do equipamento em ângulos inclinados, como a face de um bebê no
útero (HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).
Atualmente, o estudo por imagem com CDV expandido é o melhor método de
exibir a anatomia musculotendinosa usando a ultra-sonografia. Cada vez mais, esta
técnica está ganhando popularidade. As imagens são mais facilmente interpretáveis
(HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).
A técnica da lógica nebulosa é aplicada ao estudo por imagem CDV
expandido, permitindo a detectação e a correção de movimentos teciduais de
pequena escala, como a pulsação arterial, a contração muscular, os batimentos
cardíacos e os movimentos respiratórios. O movimento da sonda para fora do plano
é pouco importante com esta técnica. O estudo por imagem CDV expandido permite
ao operador rastrear ao longo do comprimento de uma estrutura sem estar confinado
a um único plano. Esta técnica aplica-se mais a estruturas localizadas nos membros.
Um grande número de estruturas musculotendinosas e feixes neuromusculares
cruzam os planos anatômicos convencionais. Um outro benefício oferecido por esta
técnica é a precisão das medidas de longa distância (HOLSBEECK e INTROCASO,
2002).
26
Um meio de transmissão sem impedância pode ser necessário para os
exames dos músculos. Isto permite uma visualização ideal da fáscia superficial e da
junção musculotendinosa. Os defeitos da fáscia, as hérnias musculares e as
lacerações musculares superficiais serão perdidas se o meio de transmissão com
impedância zero não for utilizado (HOLSBEECK e INTROCASO, 2002).
2.3 Contração do músculo esquelético
Nos últimos 25 anos, reuniu-se muito conhecimento acerca da contração
muscular. A informação sobre as alterações estruturais que ocorrem quando uma
célula muscular em repouso é contraída ativamente foi obtida graças ao uso do
microscópio eletrônico. Portanto, é imperativo compreender com detalhes a estrutura
do músculo. Torna-se mais fácil, assim, entender a teoria de como o músculo se
contrai (GOMES, 2002).
O músculo esquelético é formado por milhares de fibras contráteis individuais
mantidas juntas por uma bainha de tecidos conjuntivos. A porção de tecido
conjuntivo que cobre cada fibra ou célula muscular é denominada endomísio.
Imediatamente por dentro e presa ao endomísio existe a membrana da célula
muscular, ou sarcolema. O interior da célula muscular é formado por um
protoplasma especializado, denominado sarcoplasma. As células musculares estão
agrupadas e formam feixes musculares, os fascículos. Esses feixes, que contêm
números variáveis de fibras musculares, são mantidos juntos, por sua vez, por um
tecido conjuntivo que recebe a designação de perimísio. Envolvendo todo o
músculo, existe ainda outro componente do tecido conjuntivo, denominado epimísio
(FOX; BOWERS e FOSS, 1991).
Todos os músculos esqueléticos são compostos por numerosas fibras, com
diâmetros variando entre 10 e 80 µm. Cada uma dessas fibras é formada por
diversas subunidades (HALL e GUYTON, 2002).
O sarcolema (figura 4), que é a membrana celular da fibra muscular, é
formado por uma membrana celular, chamada membrana plasmática, e por
revestimento externo, composto de fina camada de material polissacarídeo,
contendo numerosas fibrilas finas de colágeno. Na extremidade da fibra muscular,
27
esse revestimento superficial do sarcolema funde-se com uma fibra tendinosa e
essas fibras tendinosas se unem, formando feixes, até comporem um tendão
muscular que se insere no osso (HALL e GUYTON, 2002).
Figura 4 – Estrutura da fibra muscular mostrando sarcolema.
Fonte: RUAS, 2005.
O elemento contrátil da célula consiste nas miofibrilas. A estrutura e função
destas fibrilas foram estudadas e descritas por A. F. Huxley e H. E. Huxley e
colaboradores. Em cada fibra muscular (ou célula) existem muitas miofibrilas com
espessura de 1 a 3 µm cada, dispostas paralelamente entre si. As miofibrilas são
alinhadas no interior do sarcolema de tal maneira que pontos com a mesma
densidade ficam ao mesmo nível, dando a aparência de discos cruzando toda a
espessura de fibra muscular (figura 5) (ASTRAND e RODAHL, 1980).
Cada miofibrila contém lado a lado, cerca de 1.500 filamentos de miosina e
3.000 filamentos de actina, que são grandes moléculas poliméricas, responsáveis
pela contração muscular. Os filamentos de actina e miosina entrelaçam-se, o que faz
com que as miofibrilas apresentem faixas alternadas escuras e claras. As faixas
claras só contêm filamentos de actina e são chamadas de faixas I, por serem
isotrópicas à luz polarizada. As faixas escuras contêm os filamentos de miosina além
das extremidades dos filamentos de actina e são chamadas de faixas A por serem
anisotrópicas à luz polarizada. As pequenas projeções laterais dos filamentos de
28
miosina são chamadas de pontes cruzadas, que sobressaem da superfície dos
filamentos de miosina, por toda sua extensão, exceto na sua parte mais central. A
interação entre essas pontes cruzadas e os filamentos de actina é que produz a
contração (HALL e GUYTON, 2002).
Figura 5 - Organização estrutural do músculo esquelético do músculo inteiro ao nível molecular.
Fonte: ROBINSON E SNYDER-MACKLER, 2001.
As extremidades dos filamentos de actina estão presas ao disco Z, e a partir
deste disco, os filamentos se estendem, nas duas direções, para se interdigitarem
com os filamentos de miosina. O disco Z, que é formado por proteínas filamentosas
diferentes das dos filamentos de actina e de miosina, passa de miofibrila a miofibrila,
fixando-as entre si, ao longo de toda espessura da fibra muscular (HALL e GUYTON,
2002).
A região de uma miofibrila situada entre duas linhas Z consecutivas é
chamada de sarcômero (Figura 6). Quando a fibra nervosa está em seu
29
comprimento normal de repouso, completamente estirada, o sarcômero tem
extensão de cerca de 2 µm. Nesse comprimento, os filamentos de actina
sobrepõem-se totalmente aos filamentos de miosina e começam a se sobrepor uns
aos outros (HALL e GUYTON, 2002).
Figura 6 - Estrutura do sarcômero com as linhas de deslizamento.
Fonte: ZILLI, 2003.
As miofibrilas no interior da fibra muscular ficam suspensas em uma matriz
chamada de sarcoplasma, formado pelos constituintes intracelulares usuais. O
líquido do sarcoplasma contém grandes quantidades de potássio, de magnésio, de
fosfato e de enzimas protéicas. Também está presente um número imenso de
mitocôndrias que ficam entre e paralelas às miofibrilas. Essa situação é indicativa de
grande necessidade de miofibrilas em contração de quantidade elevada de trifosfato
de adenosina (ATP), formado nas mitocôndrias. Igualmente existe no sarcoplasma
um extenso retículo endoplasmático chamado, na fibra muscular, de retículo
sarcoplasmático. Esse retículo apresenta organização e é indispensável para o
controle da contração muscular (HALL e GUYTON, 2002).
O desencadeamento e decurso da contração muscular ocorre segundo
etapas (Figura 7):
1. um potencial de ação percorre um axônio motor até as fibras musculares;
2. em cada terminação muscular, há secreção de pequena quantidade da
substância neurotransmissora, chamada acetilcolina;
3. a acetilcolina atua sobre área localizada da membrana da fibra muscular,
provocando a abertura de numerosos canais protéicos acetilcolina;
30
4. a abertura desses canais acetilcolina permite o influxo de grande
quantidade de íons sódio para o interior da membrana da fibra muscular,
no ponto da terminação nervosa. Isso produz um potencial de ação na
fibra muscular;
5. o potencial de ação propaga-se ao longo da membrana da fibra muscular;
6. o potencial de ação despolariza a membrana da fibra muscular e também
propaga-se profundamente no interior dessa fibra muscular esquelética.
Aí, faz com que o retículo sarcoplasmático libere, para as miofibrilas,
grande quantidade de íons cálcio, que estavam armazenados em seu
interior;
7. os íons cálcio geram forças atrativas entre os filamentos de actina e
miosina, fazendo com que deslizem um em direção ao outro, o que
constitui o processo contrátil.
Figura 7 - Seqüência dos acontecimentos da contração muscular.
Fonte: MATTHEWS, 2000.
31
Após uma fração de segundo, os íons cálcio são bombeados de volta para o
retículo sarcoplasmático, onde permanecem armazenados até que ocorra novo
potencial de ação muscular; termina a contração muscular (HALL e GUYTON, 2002).
Os músculos esqueléticos são inervados por grandes fibras nervosas
mielinizadas, que têm origem nos motoneurônios dos cornos anteriores da medula
espinhal. A terminação nervosa forma com a fibra muscular uma junção
neuromuscular ou placa terminal, sendo que esta ocupa apenas uma pequena
fração do total da superfície muscular, normalmente próxima ao centro da fibra
(ASTRAND e RODAHL, 1980; BERGMAN, 1989; MCARDLE; KATCH e KATCH,
1998; MACHADO, 2000).
Os músculos são irrigados ricamente por vasos sangüíneos; as artérias e
veias penetram no músculo juntamente com os tecidos conjuntivos e se orientam
paralelamente a cada fibra muscular, ramificam-se repetidamente em numerosos
capilares e vênulas, formando extensas redes dentro e ao redor do endomísio.
Dessa forma, cada fibra passa a receber um bom suprimento de sangue recém-
oxigenado proveniente do sistema arterial.
A quantidade de sangue que o músculo esquelético precisa depende,
evidentemente, de seu estado de atividade. Durante o exercício máximo, os
músculos podem necessitar de até 100 vezes mais sangue do que quando estão em
repouso. Além do grande número de capilares que irrigam cada fibra muscular,
existem outras maneiras que permitem atender essa demanda de fluxo sangüíneo.
Por exemplo, a alternância entre contração e relaxamento do músculo ativo causa
compressão periódica dos vasos sangüíneos. Essa ação de bomba acelera o
sangue para o coração, fazendo aumentar assim a quantidade de sangue arterial
que pode retornar aos músculos (FOX; BOWERS e FOSS, 1991).
Os nervos destinados a um músculo contêm fibras tanto motoras (eferentes)
quanto sensitivas (aferentes) e penetram habitualmente no músculo juntamente com
os vasos sangüíneos. Ramificam-se repetidamente por meio do arcabouço de
tecidos conjuntivos do músculo, alcançando, assim, todas as fibras musculares
(MCARDLE; KATCH e KATCH, 1998).
Os nervos motores que, quando estimulados causam contração do músculo,
originam-se no sistema nervoso central (medula espinhal e cérebro). O ponto em
que um nervo motor termina sobre uma fibra muscular é conhecido como junção
32
mioneural ou neuromuscular ou como placa motora terminal. Os nervos motores
constituem cerca de 60% dos nervos que penetram no músculo. Os nervos
sensoriais (sensitivos), que perfazem os 40% restantes, conduzem informações
acerca da dor e da orientação das áreas corporais dos órgãos sensoriais musculares
para o sistema nervoso central (FOX; BOWERS e FOSS, 1991).
O axônio do motoneurônio ramifica-se, indo inervar fibras musculares que se
alastram por todo o músculo, compondo a unidade motora.
Todas as unidades motoras dos músculos esqueléticos funcionam da mesma
maneira já descrita; entretanto, são constituídas por fibras de um tipo específico ou
por uma subdivisão de um determinado tipo de fibra com o mesmo perfil metabólico
(FOX; BOWERS e FOSS, 1991; MCARDLE; KATCH e KATCH, 1998).
A maioria dos músculos esqueléticos é constituída por três tipos básicos de
fibras musculares: SO (Slow Oxydative), FOG (Fast-Oxydative-Glycolitic) e FG (Fast-
Glycolitic) (ARIANO; ARMSTRONG e EDGERTON, 1973). Essa distribuição parece
ser influenciada pela inervação motora (PETTE e VRBOVA, 1985). A composição da
fibra muscular varia de indivíduo para indivíduo, o corpo humano apresenta
musculatura com composição em que existem fibras musculares mistas (fibras
brancas e vermelhas) (JOHNSON et al., 1973).
As fibras musculares lentas, que também são chamadas de tipo I, ou fibras
vermelhas, são de contração lenta, pois são altamente vasculares, predominam nos
músculos posturais e são mais resistentes à fadiga. As fibras musculares rápidas,
que também são chamadas de tipo II ou fibras brancas, são de contração rápida e
de menor vascularização (FOX; BOWERS e FOSS, 1991; HOOGLAND, 1993).
As fibras do tipo IIa possuem diâmetro de 28 mm, elevado potencial oxidativo
e glicolítico, são resistentes à fadiga, e realizam produção de força relativamente
alta; já as fibras do tipo IIb têm diâmetro de 46 mm, grande capacidade glicolítica,
têm alta produção de força, mas são sensíveis à fadiga (FOX; BOWERS e FOSS,
1991; HOOGLAND, 1993). As fibras do tipo IIc são intermediárias entre IIa e IIb,
pouco diferenciadas e representam cerca de 1% do total das fibras (SALGADO,
1999; GRAZIOTTI et al., 2001), mas não serão comentadas neste estudo.
As fibras vermelhas são assim denominadas devido à coloração que
apresentam, a qual, por sua vez, deve-se à presença de grande quantidade de
mioglobina e, conseqüentemente, aporte sanguíneo. Pode-se dizer que a
33
vascularização desse tipo de fibra é alta e isto vai influenciar no tipo de função que
realiza. As células musculares desse tipo de fibra contêm uma grande quantidade de
mitocôndrias que se dispõem na periferia das fibras, especialmente junto aos
numerosos capilares que apresentam. Essa característica confere-lhe uma alta
atividade ATPásica (HOOGLAND, 1993).
As fibras brancas, por sua vez, apresentam essa coloração devido ao
reduzido aporte sanguíneo que recebem. A quantidade de capilares é pequena, o
que também vai ter papel fundamental para a sua função. As quantidades de
mitocôndrias também são pequenas neste tipo de fibras musculares. Dessa forma,
apresentam atividade ATPásica menor (HOOGLAND, 1993).
A inervação das fibras vermelhas é realizada por neurônios com axônios mais
delgados (2α), que apresentam velocidade de condução entre 50 e 80 m/s
(MOUNTCASTLE, 1978). As unidades motoras que compõem essa inervação são
unidades grandes e que são ativadas primeiramente pelo estímulo neuromuscular. A
velocidade de condução dessas fibras é máxima em 17 m/s (HOOGLAND, 1993);
sua freqüência de tetanização é de 20 a 30 Hz (JOHNSON et al., 1973).
A inervação das fibras brancas é feita por neurônios cujo axônio é mais
espesso (1α), e que apresentam, portanto, alta velocidade de condução, entre 80 e
110 m/s (MOUNTCASTLE, 1978). As unidades motoras são pequenas, ou seja, são
mais específicas e permitem uma precisão maior; a velocidade de contração dessas
fibras, por conseqüência, é maior que nas fibras vermelhas, tendo seu valor próximo
a 42 m/s (HOOGLAND, 1993) e a freqüência de tetanização dessas fibras se situa
entre 50 e 150 Hz (JOHNSON et al., 1973).
As fibras de contração lenta (CL) possuem capacidade aeróbica relativamente
grande e capacidade anaeróbica relativamente pequena em comparação com as
fibras de contração rápida (CR). O tempo de contração das fibras de CR mantém
paralelismo com os altos níveis de atividade ATPase nas fibras de CR e os tempos
lentos com os baixos níveis de atividade das fibras de CL. O tempo de contração das
fibras de CR (até a tensão máxima) é cerca de duas vezes mais curto que o tempo
das fibras lentas; 0,05 s contra 0,10 s, sendo que os tempos de relaxamento (retorno
à metade da tensão máxima) também são proporcionalmente menores (FOX;
BOWERS e FOSS, 1991).
34
A produção de força sob ES repetitiva, que seria semelhante a uma descarga
de impulsos durante o movimento voluntário, é muito maior para as fibras de CR,
visto que estas conseguem somar as ondas e tetanizar mais rapidamente
(DELAMARE, 1998).
Os motoneurônios menores possuem um limiar de excitação mais baixo, o
que significa que as unidades motoras formadas por fibras de CL serão recrutadas
primeiro. Esse conceito foi atribuído a Henneman como o princípio dimensional do
recrutamento das unidades motoras. As unidades motoras de CL são usadas
durante os exercícios de baixa intensidade e as unidades motoras CRa são
recrutadas para os exercícios de intensidade mais alta ou mais prolongados. As
fibras CRb são recrutadas para a produção de força máxima, ou quando as
condições das outras fibras exibem fadiga (ROBINSON e SNYDER-MACKLER,
2001).
A velocidade de condução dos nervos motores está relacionada à velocidade
com que os impulsos percorrem os axônios dos nervos motores. As velocidades
mais lentas das fibras CL são compatíveis com a utilização para manter a postura e
realizar os movimentos mais lentos e menos intensos, nos quais a velocidade não é
crítica. Por outro lado, as altas velocidades das fibras CRa e CRb são compatíveis
com as contrações musculares mais rápidas e intensas, em que a velocidade e
potencial são importantes para o desempenho (ROBINSON e SNYDER-MACKLER,
2001).
2.4 Potencial de repouso
Medições efetuadas utilizando-se microeletrodos para detectar os potenciais
existentes entre os meios intra e extracelulares indicam que existe uma diferença de
potencial em torno de - 70 mV; embora admitam-se pequenas variações para mais
ou menos, dependendo do tecido observado (HALL e GUYTON, 2002).
Uma célula em boas condições e sem sofrer influências externas é capaz de
manter inalterado o potencial de membrana. A diferença de potencial existente entre
o interior e o exterior da célula é determinada pelas diferentes concentrações iônicas
presentes nos dois meios e apresenta uma eletronegatividade do meio intracelular
35
em relação ao meio extracelular. A célula apresenta uma maior concentração de
íons K+ no meio intracelular e, por isso mesmo, a tendência destes é migrar para o
meio extracelular, no entanto, a diferença de potencial da membrana impede que
isto ocorra. As células oferecem uma maior permeabilidade aos íons K+ do que aos
íons Na+.
É muito importante notar que em uma célula em repouso há um escoamento
constante de íons K+ para fora dela e de íons Na+ para o seu interior. Se não houver
um equilíbrio nas concentrações iônicas entre os meios intra e extracelulares e
fazendo transporte ativo às custas de gasto energético, o transporte passivo tenderia
em conseqüência a desaparecer a diferença de potencial, tão necessária para a
elaboração dos fenômenos elétricos celulares. A chamada bomba de sódio e
potássio trabalha contra o gradiente de concentração, ou seja, coloca o Na+ para
fora da célula e o K+ para dentro (FOX, BOWERS e FOSS, 1991).
2.5 O comportamento da célula frente ao estímulo elétrico
Em repouso, a célula apresenta uma polaridade positiva do meio extracelular
em relação ao meio intracelular. Logo que é desenvolvido um potencial de ação,
haverá uma diferente distribuição de cargas elétricas ao longo da membrana,
despolarizando-a, isto é, naquele local ela passa a apresentar uma polaridade
negativa fora da célula e positiva dentro da célula. À medida que o potencial vai se
propagando ao longo do axônio, a região imediatamente anterior vai se
repolarizando (às custas da bomba de Na+ e K+), colocando a célula nas mesmas
condições de repouso em que se encontrava anteriormente.
Todo o processo de despolarização e repolarização leva um certo tempo para
ocorrer e se um novo estímulo for aplicado à célula antes que ela tenha tempo
suficiente de concluir as trocas iônicas necessárias para atingir a mesma diferença
de potencial, a resposta não será plena, ou seja, ocorrerá o Período Refratário
Relativo. Dependendo da freqüência dos estímulos, pode não ocorrer qualquer
resposta, o que determina o Período Refratário Absoluto. Neste caso, os estímulos
são aplicados numa seqüência tão rápida que a célula não tem tempo de concluir as
trocas iônicas para a repolarização (KITCHEN e BAZIN, 1998).
36
Para estimular um nervo, o estímulo tem que atingir intensidade e duração
suficiente, para que a membrana nervosa seja despolarizada, o que é conhecido
como limiar de excitação (Figura 8). Os potenciais de ação podem ser iniciados nos
nervos periféricos pela aplicação de estímulos elétricos apropriados.
Duração em ms na horizontal e Intensidade em mA na vertical
Figura 8 - Relação entre intensidade e duração de um estímulo exigido, para a geração de um potencial de ação numa fibra nervosa motora.
Fonte: KITCHEN E BAZIN, 1998.
Se o estímulo for aplicado lentamente, a velocidade de despolarização será
muito baixa, ocorrendo um fluxo contínuo de íons numa direção e não é gerado um
potencial de ação (KITCHEN e BAZIN, 1998).
Muitos nervos motores e sensitivos periféricos são mielinizados – a mielina é
um material isolante formado por células de Schwann, podendo haver até 320
membranas dispostas em série, entre a membrana plasmática de uma fibra nervosa
e o líquido extracelular. Esta bainha de membrana é interrompida a intervalos
regulares pelos nodos de Ranvier que estão dispostos de tal forma que, quanto
maior o diâmetro da fibra nervosa, maiores as distâncias internodais; sendo assim,
as fibras nervosas mielinizadas têm a capacidade de disparar em freqüências mais
elevadas e por períodos mais prolongados, em comparação com as outras fibras
nervosas (KITCHEN e BAZIN, 1998).
Os nervos de maior diâmetro conduzem impulsos com maior rapidez e
apresentam um limiar de excitação mais baixo. As fibras mais calibrosas também
37
geram sinais mais intensos, sua resposta excitomotriz permanece menos tempo e
apresenta períodos refratários mais breves (KITCHEN e BAZIN, 1998).
Células pertencentes a determinados tipos de tecidos apresentam particulares
velocidades de propagação do estímulo. Quando há estimulação de um complexo
neuromuscular, na verdade está sendo estimulado um grande número de fibras
musculares que, por sua vez, são inervadas por neurônios rápidos (LUCENA, 1990).
Quando um músculo se contrai por efeito da corrente elétrica, as mudanças
que ocorrem no músculo são similares às que ocorrem na contração voluntária, há
um aumento do metabolismo, com um aumento da demanda de oxigênio, aumento
da liberação de catabólitos, provocando uma dilatação das arteríolas e capilares,
aumentando consideravelmente o fluxo sangüíneo no músculo (CURRIER; e MANN,
1983).
Para se conseguir uma estimulação elétrica muscular efetiva, podem-se
utilizar estimuladores alimentados por energia da rede elétrica domiciliar ou bateria.
Geralmente, as unidades de estimuladores portáteis têm saída máxima de energia
mais baixa que os alimentados a partir da rede elétrica. Por essa razão, os
estimuladores portáteis podem não ter capacidade suficiente para ativar ao máximo
os grandes grupos musculares (ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001).
2.6 Força muscular
Precisar uma definição de força que compreenda ao mesmo tempo seus
aspectos físicos e psíquicos, apresenta consideráveis dificuldades, já que os meios
de força, trabalho muscular e contração muscular são extremamente complexos e
dependem de múltiplos fatores. No entanto, a definição de força, segundo
VERKJOSHANSKI (1996), considerada como ideal, estabelece que força é a
qualidade física que permite ao músculo ou um grupo de músculos produzir uma
tensão e vencer uma resistência na ação de empurrar, tracionar ou elevar.
A força pode se apresentar sob diferentes regimes, conhecidos como, estático
e dinâmico. O regime estático manifesta-se como força isométrica, ou seja, não
existe movimento articular, podendo ser subdividida em máxima e submáxima. No
regime dinâmico, o músculo encurta-se promovendo a diminuição do ventre
38
muscular, subdividindo-se em: força pura, força de explosão e de resistência
(GOMES, 2002).
Os testes de força estão entre as medidas mais práticas e objetivas para
avaliar a aptidão física; por isso, eles têm sido usados com sucesso há várias
décadas (MATHEWS, 1988), podendo a força ser medida de diversas formas:
utilização de pesos (massa), dinamômetros, tensiômetros (estático), aparelhos
isocinéticos e transdutores e registradores de força.
Quando se aumenta a força, aumenta-se a velocidade de contração,
resultando na seguinte correlação miofisiológica: durante o processo de contração,
os elementos contráteis estabelecem entre si ligações que lhes permitem deslizar
uns nos outros e encurtar o músculo. Quanto maior for o número de ligações por
unidade de tempo - o que é uma das condições de uma contração rápida, maior é a
força muscular desenvolvida. Por outro lado, a velocidade de contração, segundo
KARL (1972), depende também do reatar e desatar em rápida alternância das
ligações; portanto, do seu assincronismo. Determinando pelo treinamento um
aumento da seção transversal do músculo (por inserção de fibras contráteis), pode-
se, graças ao número aumentado das ligações assíncronas, aumentar a velocidade
de contração (WEINECK, 1989).
Estabelecer a carga de treinamento ideal, ou em “termos rigorosos”, para
Verkjoshansky (1990) é difícil, mas os trabalhos mais destacados sobre a carga de
treinamento nos últimos anos, incluem os realizados por Verkjoshansky, Platonov,
Grosser e Zint, Weineck e Bompa e consoante esses autores, alguns fatores
(descritos na sequência) influenciaram o ganho de força (LA ROSA, 2001).
2.7 Fatores que influenciam o aumento da força no treinamento
A relação entre a intensidade e o volume de exercícios é o mais importante.
No treinamento de força, a obtenção da força limite, o mais rapidamente possível,
está mais na intensidade (força da contração muscular) do que no volume
(quantidade) (LA ROSA, 2001; GOMES 2002).
Por ocasião de um treinamento isométrico (HEINECK, 1986), pode-se
constatar que um único estímulo eleva a força inicial de 1% a 4%, conforme o grupo
39
muscular; e tal elevação está distribuída como se segue: 56% no mesmo dia, 39%
no dia seguinte, mas somente 6% no sétimo dia. Então, Weineck (1989) conclui que
mais da metade (56%) do ganho de força de um treinamento é obtido no mesmo dia
em que é executado. Para aproveitar esse efeito favorável, é necessário buscar um
treinamento cotidiano para visar um ganho de força mais intenso.
Nem todos os métodos de treinamento de força têm o mesmo efeito sobre o
seu aumento. A força-limite individual é conseguida mais rapidamente de acordo
com a seguinte ordem: no começo, a eletroestimulação seguida da combinação de
treinamento isométrico e dinâmico depois, pelo treinamento isométrico; e o dinâmico
encerra o trabalho (WEINECK, 1989).
Segundo Adam-Werchoshanskij (1974), existe uma relação na ordem de
execução dos exercícios e esta ordem modifica o resultado do treinamento e a
qualidade da força obtida. Um exercício com halteres que exijam grande esforço
muscular por longo período e exercícios subseqüentes de salto têm, nessa ordem,
um efeito maior sobre a força rápida do que na ordem inversa.
No desenvolvimento da força máxima de contração, o comprimento do
músculo é determinante. O ponto ideal situa-se entre 90% e 110% do comprimento
do músculo em repouso, de acordo com Halselbach (1975).
Na escolha dos meios de treinamento, é necessário escolher a angulação,
que representa a posição inicial de um movimento esportivo (por exemplo, a posição
de partida da corrida de velocidade ao comando de Pronto) ou, então, que apresenta
a transferência máxima para outras angulações (WEINECK, 1989).
Shaver (1970) coloca que no treinamento do braço esquerdo, por exemplo, o
efeito de contralateralidade acarreta também uma elevação da força do braço direito.
Admitem-se que as fibras da medula espinhal prolongada, não só cruzam para o
outro lado - cerca de 10% - como também influenciam diretamente os músculos do
mesmo lado.
O efeito de treinamento e aumento da performance são determinados pela
idade, sexo, constituição física, alimentação e estação do ano consoante Hettinge
(1966).
De acordo com Kulzer e Mahmud (1991), os grupos femininos submetidos a
regimes de treinamento com eletroestimulação apresentam maior alteração
40
proporcional da força que os grupos masculinos, devido aos níveis baixos de força
inicial das mulheres.
2.8 Estimulação Elétrica
A estimulação elétrica consiste no emprego da corrente elétrica como forma
excitomotriz, sendo corrente elétrica um fluxo de elétrons produzido quando há uma
diferença de potencial entre os extremos de um condutor (LUCENA, 1990).
Estudos em épocas remotas já descreviam o uso da corrente elétrica com
finalidades terapêuticas, gregos e romanos utilizavam esse recurso, na maioria das
vezes de forma empírica, para aliviar cefaléias e dores articulares (BRASILEIRO e
VILLAR, 2000).
Em meados do século XVIII, o uso da eletricidade no tratamento das doenças
ganhou popularidade e os estudos atuais ampliaram o uso da estimulação elétrica
funcional e atualmente vem sendo utilizada com êxito na reabilitação após períodos
de imobilização ou inatividade (BRASILEIRO e VILLAR, 1999; PIAZZI,
UGRINOWITSCH e TRICOLI, 2005).
Experimentos indicam que o uso exclusivo da eletroterapia é capaz de
aumentar a força muscular de forma semelhante ou mesmo superior ao aumento
proporcionado pelo exercício físico, sendo assim, a estimulação elétrica é um
método suplementar de treinamento de força máxima muito útil, além de aumentar
também a força voluntária, a velocidade do movimento e a resistência muscular. Mas
para entender a estimulação elétrica, precisa-se entender como os músculos são
eletricamente estimulados (BRASILEIRO e VILLAR, 2000; GRILLO e SIMÕES,
2003).
A eletricidade gerada internamente no ser humano serve para controlar e
operar nervos, músculos e órgãos. Essencialmente, todas as funções e atividades
do corpo envolvem de alguma forma a eletricidade. A eletricidade produz seus
efeitos fisiológicos através de dois mecanismos básicos: os fenômenos de campo e
o movimento de cargas (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
Do ponto de vista da eletroterapia, “o organismo humano pode ser entendido
como formado por numerosos sistemas eletrolíticos, separados por membranas
41
semipermeáveis; cada célula forma um condutor eletrolítico”. Se a estas células e
tecidos do organismo aplicar-se um potencial elétrico, provoca-se uma dissociação
iônica, isto é, “um fenômeno mediante o qual as moléculas se dividem em seus
diferentes componentes químicos, pelo fato de que cada um deles tem uma carga
elétrica distinta” (GUIRRO e GUIRRO, 1996); para isso, existem duas condições
essenciais para que se produza uma corrente elétrica: (1) uma diferença de
potencial, (2) uma via condutora para a corrente elétrica circular (LUCENA, 1990).
Nos circuitos eletrônicos tem-se elementos resistivos com a finalidade de
estabelecer um controle de intensidade de corrente. Dessa forma, pode-se mantê-la
dentro de níveis previamente estabelecidos. A série de oposições representadas
pela resistência, reatância capacitiva e reatância indutiva encontradas nos circuitos
eletrônicos é chamada de impedância (Z).
Quando são desejados efeitos profundos (sobre músculos ou órgãos
internos), deve-se utilizar correntes ou radiações de maior freqüência. Quanto maior
a freqüência da corrente, mais facilmente ela circula através da pele com menor
perda de energia (ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001).
As correntes elétricas usadas na eletroterapia clínica podem ser divididas em
três tipos: corrente contínua, alternada e pulsada (Figura 9). A corrente contínua tem
um fluxo unidirecional contínuo ou ininterrupto de cargas elétricas. A corrente
alternada possui um fluxo bidirecional contínuo e a corrente pulsada ou interrompida
é definida como o fluxo uni ou bidirecional de cargas elétricas que periodicamente
são interrompidas por um período de tempo finito (figura 9) (ROBINSON e SNYDER-
MACKLER, 2001).
Além dessa divisão, as correntes diferenciam-se pela forma de onda (Figura
10), cujas características principais são a amplitude, a freqüência e a fase de
representação visual. As correntes podem sofrer alterações seqüenciais,
intermitentes ou variáveis em natureza e são referidas como modulação. As
modulações podem ocorrer em amplitude, duração e modulação de tempo da
corrente, a qual é chamada de trem de pulso.
42
Figura 9 - Diagrama do sistema para combinar designações de corrente descritivas na nomeação de formas de onda de corrente alternada ou pulsada.
Fonte: ROBINSON E SNYDER-MACKLER, 2001.
Figura 10 - Designações “tradicionais” de correntes elétricas selecionadas usadas historicamente na prática clínica. Cada gráfico mostra mudanças
na amplitude de corrente ao longo do tempo.
Fonte: ROBINSON E SNYDER-MACKLER, 2001.
Dessa forma, a estimulação elétrica pode ser aplicada com uma variedade de
protocolos. Os parâmetros podem ser: freqüência do estímulo, forma de onda,
intensidade do estímulo, tamanho do eletrodo, tipo do eletrodo, número de sessões,
e freqüência semanal.
43
Para estimular eletricamente um indivíduo, precisa-se de intensidade de
corrente diferentes, dependendo da composição corporal: para estimular um
indivíduo magro, a intensidade é menor, em relação a um mais obeso. Para o
indivíduo com a pele bem hidratada, a intensidade da corrente necessária para
estimulá-lo também é inferior àquela necessária para a pele desidratada, ou seja, a
pele hidratada oferece menor resistência (LUCENA, 1990).
A forma de onda influencia no conforto associado à estimulação elétrica, pois
estímulos bifásicos com pulsos retangulares são conhecidos por preferencialmente
ativarem grandes unidades motoras e serem mais confortáveis (KITCHEN e BAZIN,
1998), porém Delitto e Rose (1996) informaram não haver diferenças significativas
entre as ondas senóides, retangulares e triangulares. Entretanto, Laufer et al. (2001)
realizaram um estudo com estimulação elétrica muscular no quadríceps femoral para
avaliar 3 (três) diferentes tipos de onda: monofásica retangular, bifásica retangular e
polifásica e observaram que as ondas monofásica e bifásica retangular geraram
contrações maiores que a polifásica e também ocasionaram menor fadiga.
Quanto aos eletrodos, os que possuem grande área são necessários para a
estimulação de músculos maiores e grupos musculares, ou para que funcionem
como terminais dispersivos (ENOKA, 1994; KITCHEN e BAZIN, 1998).
A disseminação da corrente elétrica sobre a superfície dos eletrodos pode ser
irregular, ou seja, frequentemente a intensidade é maior no ponto onde a corrente
penetra no eletrodo, e quanto maior o eletrodo, mais baixa a intensidade da corrente
por unidade de área (KITCHEN e BAZIN, 1998).
Lyons et al. (2004), realizaram um estudo com 12 indivíduos para avaliar o
conforto da estimulação elétrica utilizando eletrodos de tamanhos diferentes, um de
19,63 cm2 e outro de 38,48 cm2 e os autores observaram que os eletrodos de 19,63
cm2 eram mais confortáveis comparados aos maiores.
Os eletrodos, ou podem ser posicionados sobre os músculos, sobre o ponto
motor com apenas um eletrodo, ou com uma técnica bipolar, onde os eletrodos
podem ser aplicados em ambos os lados do ventre muscular (KITCHEN e BAZIN,
1998).
A força da contração muscular é determinada pela amplitude, freqüência,
duração e forma de onda e muitos pesquisadores já examinaram os modos pelos
quais estes parâmetros podem ser combinados para produzir uma contração
44
muscular efetiva, embora não tenha sido mostrada uma combinação de parâmetros
que seja mais efetiva (KITCHEN e BAZIN, 1998).
2.9 Estimulação de média freqüência
Em fisioterapia, a faixa de freqüências compreendidas entre 1000 e 4000 Hz é
denominada média freqüência e descreve a estimulação elétrica utilizada para o
treinamento de força, ressaltando que os bons resultados de fortalecimento muscular
tem ocorrido tanto para a baixa quanto para a média freqüência (PARADA, 1995;
GUIRRO e GUIRRO, 2004).
No fim dos anos 70, depois de uma rápida proliferação de unidades de TENS
para controle da dor, o interesse na eletroterapia cresceu pelos registros de
pesquisa na União Soviética, nos quais verificou-se que a ativação elétrica regular
do músculo era mais efetiva que o exercício no fortalecimento do músculo
esquelético em atletas de elite, resultando em melhorias no desenvolvimento e no
projeto de uma classe de estimuladores elétricos para estimulação elétrica
(ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001).
A corrente originalmente usada pelos pesquisadores soviéticos era uma
corrente alternada simétrica, senoidal, de 2500Hz, modulada em bursts a cada
10ms, para fornecer 50 trens de pulsos por segundo. Esse tipo de estímulo foi
comercialmente nominado de “estimulação russa” (Figura 11) (ROBINSON e
SNYDER-MACKLER, 2001; GRILLO e SIMÕES, 2003).
Figura 11 – Forma de onda da “corrente russa” utilizada na estimulação elétrica neuromuscular.
Fonte: ROBINSON E SNYDER-MACKLER, 2001.
45
A “estimulação russa” surgiu como uma variação da corrente alternada de
média freqüência interrompida e tem base na descoberta da cientista Janda, que
observou o comportamento clínico da musculatura, observando 2 tipos de fibras
(DELAMARE, 1998). Atualmente, os aparelhos de estimulação elétrica
neuromuscular utilizam uma variedade de formas de onda, todavia, até hoje,
nenhuma forma de onda única foi considerada superior para todas as aplicações de
estimulação elétrica, em todas as populações de pacientes (ROBINSON e SNYDER-
MACKLER, 2001).
A estimulação russa, devido a sua característica de média freqüência, tem
efeito de profundidade, ou seja, capaz de atingir estruturas teciduais profundas, pois
quanto maior a freqüência, menor é a impedância tecidual. Outra característica é
que sua média freqüência está fixada em 2500 Hz, em cuja freqüência ocorre a
despolarização máxima do nervo motor (ADEL, 1993; ROBINSON e SNYDER-
MACKLER, 2001).
Entretanto, a freqüência máxima de despolarização depende do período
refratário absoluto, sendo que a sua duração depende da velocidade de condução
da fibra nervosa (GUIRRO e GUIRRO, 1996).
De acordo com Miwa e Nogueira (2000), a estimulação de média freqüência
trabalha com uma corrente de 2.500Hz, sendo capaz de atingir estruturas
musculares profundas tendo freqüências de repetição de pulso maiores do que
1kHz. Nesta freqüência, cada fase de corrente não pode estimular um impulso
nervoso, já que os pulsos que se sucedem caem no período refratário. Os métodos
usuais para permitir a repolarização da membrana nervosa são: a modulação de
amplitude ou interrupção (Russa) (LOW e REED, 1997).
Como já citado, a estimulação russa difere de outras correntes de média
freqüência, por ser seletiva; isto se deve à possibilidade de modular em baixa
freqüência, ativando as unidades motoras fásicas ou tônicas, dependendo da
freqüência utilizada.
As unidades motoras tônicas são compostas por fibras musculares
vermelhas, ricas em capilares e resistentes à fadiga, sendo filogeneticamente
antigas. Sua inervação é realizada por meio do motoneurônio 2α, cuja velocidade de
contração é lenta. Sua freqüência tetânica fica entre 20 e 30 Hz.
46
Ao contrário, as unidades motoras fásicas são constituídas por fibras brancas,
pobres em capilares e não resistentes à fadiga, sendo filogeneticamente jovens. O
motoneurônio 1α, tem velocidade de condução alta e inerva essas unidades
motoras. Para ativá-las, é necessária uma freqüência compreendida entre 50 e
150Hz. (DELAMARE, 1998).
2.10 A estimulação elétrica e o aumento de força muscular
A estimulação elétrica neuromuscular tem sido utilizada desde o século XVIII
como ferramenta da reabilitação (DUCHATEAU e HAINAUT, 1988), mas somente na
década de 70 foi aplicada em atletas como suplemento do treinamento convencional
(ENOKA, 1994).
Apesar de muito antiga, a técnica de estimulação elétrica retomou interesse
científico a partir da Olimpíada de Montreal (1976), em que os atletas russos foram
vistos em preparação física sob uso dela. Dois anos mais tarde, KOTS, o treinador
da equipe russa, voltou ao Canadá para apresentar aos pesquisadores ocidentais as
técnicas que utilizava em seus estudos (KRAMER et al., 1984).
O treinamento era feito com uma corrente de freqüência "similar à freqüência
de descarga dos potenciais de ação dos músculos de um indivíduo normal, cerca de
60Hz”, com uma intensidade suficiente para produzir uma contração máxima. Os
eletrodos transcutâneos eram colocados na região do trígono femoral objetivando a
estimulação do nervo femoral, e na região distal do músculo quadríceps femoral.
KOTS afirmava obter, entre outros resultados positivos, um aumento de 40% na
força muscular (KRAMER et al., 1984). Kots e Chwilon (1971) publicaram um dos
primeiros estudos com a utilização de estimulação elétrica e observaram ganhos de
força de até 56,1% (d.p. ± 5,9%) após 19 sessões de treinamento.
Desde então, inúmeros trabalhos foram realizados sobre essa técnica,
concordando ou refutando os resultados do trabalho de KOTS, levando em
consideração as muitas variáveis que um experimento dessa natureza pode ter:
freqüência e intensidade da corrente, tamanho e técnica da colocação de eletrodos,
número de repetições, tempo de tratamento, músculo estimulado entre outros
47
(ARAÚJO; AMADIO e FURLANI, 1993), procurando por meio desses parâmetros
conforto durante a estimulação (BAKER; BOWMAN e MCNEAL, 1988).
Embora os protocolos experimentais de Kots não fossem documentados e
seus resultados nunca puderam ser reproduzidos no ocidente, seus relatos
contribuíram para que os pesquisadores do mundo todo reconhecessem o potencial
dessa técnica e ampliassem os estudos em relação à estimulação elétrica e o
fortalecimento muscular (EVANGELISTA et al., 2003).
O uso da estimulação elétrica requer alguma vantagem sobre a ativação
voluntária do músculo, uma vez que a estimulação elétrica pode fazer uma
contração mais intensa do músculo que é estimulado a induzir o aumento da força
muscular. Por isso, nos últimos anos, a estimulação elétrica tem sido
freqüentemente utilizada em programas de treinamento de força de atletas
saudáveis (MILLER e THÉPAUT-MATHIEU, 1993; MARTIN et al., 1994). Muitas
pesquisas indicam que a estimulação elétrica pode melhorar significativamente a
força isométrica (KOTS e CHWILON, 1971; LAUGHMAN; YOUDAS e GARRET,
1983; DUCHATEAU e HAINAUT, 1988; DELITTO e ROBINSON, 1989), sendo este
método, em alguns casos, mais eficiente que o treinamento com contrações
voluntárias (HENNING e LOMO, 1987; WILLOUGHBY e SIMPSON, 1996).
No início de uma atividade física são utilizadas cargas mais baixas de
treinamento, sendo recrutadas primeiramente fibras do tipo I (KOMI, 1992; PIAZZI;
UGRINOWITSCH; TRICOLI, 2005) para evitar o estresse na articulação e, dessa
forma, as fibras do tipo IIb são recrutadas somente quando houver a necessidade de
um esforço suplementar. Já a estimulação elétrica, estimula primeiro os nervos
motores de grande calibre do tipo IIb, para produzir a ação das fibras musculares do
tipo II, antes das fibras do tipo I (SINACORE et al., 1990; DELITTO; SNYDER-
MACKLER, 1990; HOOGLAND, 1993; ENOKA, 1994; PIAZZI, UGRINOWITSCH;
TRICOLI, 2005).
Quando as fibras do tipo II contraem primeiro, o vigor da contração aumenta,
tendo em vista que as fibras do tipo IIb são capazes de produzir mais força
(STARKEY, 2001), gerando uma contração mais efetiva que a contração voluntária
máxima (SELKOWITZ, 1989; DELITTO e ROBINSON, 1989; HOOGLAND, 1993).
A estimulação das fibras do tipo II antes das fibras do tipo I, provavelmente
ocorre porque durante a aplicação da estimulação elétrica com intensidade elevada,
48
um número maior de unidades motoras é recrutada (DUCHATEAU; HAINAUT,
1988), entretanto, não ocorre realmente um recrutamento preferencial das unidades
motoras rápidas; mas sim um recrutamento simultâneo das unidades motoras, mas
devido à maior velocidade de condução do impulso nervoso ao longo do axônio nas
fibras rápidas, elas contraem precocemente (ENOKA, 1994).
Como a estimulação elétrica de músculos treinados que não eram
voluntariamente ativados antes são voluntariamente ativados após a estimulação
ainda não é claro (KOMI, 1992). Duas linhas têm sido propostas: (1) os fatores
neurais limitam a força durante a contração voluntária máxima; (2) a estimulação
elétrica pode provocar uma contração mais intensa no músculo que é estimulado,
induzindo o aumento da força muscular (DELITTO e SNYDER-MACKLER, 1990;
PIAZZI, UGRINOWITSCH e TRICOLI, 2005).
Indivíduos são incapazes de ativar maximamente o músculo, e com a
estimulação elétrica pode trazer à tona a diferença entre a força máxima de
contração voluntária (FMCV) e o máximo de capacidade do músculo. Duas linhas de
experiências evidenciam a incapacidade de humanos de exercer o máximo de força
do músculo com contração voluntária:
(1) insuficiência neural - a força exercida durante a FMCV pode ser
aumentada com estímulos elétricos isolados e com trens de pulsos
(McDONAGH et al., 1983; DAVIES et al., 1985). Isso significa que a
direção neural é insuficiente para exercer a força máxima que o
músculo pode exercer;
(2) a FMCV pode ser suplementada na manipulação de um retorno
aferente. Por exemplo: a estimulação elétrica do quadríceps femoral da
perna esquerda exerceu uma forte sensação cutânea na perna direita e
a força da mesma aumentou 40%. Outro estudo mostrou que a
estimulação da perna direita causou 11% de aumento na FMCV da
perna esquerda (LAUGHMAN; YOUDAS e GARRET, 1983).
Baseando-se em mensurações externas, percebem-se duas técnicas que
produzem alteração na força muscular; porém, o mecanismo para produzir tal efeito
parece ser diferente em cada técnica. Dellito e Snyder-Mackler (1990) apresentam
duas teorias para explicar esse aumento de força com estimulação elétrica: a
primeira explica o aumento via mecanismo similar ao envolvido no exercício
49
voluntário, pela presença de uma carga funcional aumentada; e a segunda teoria
seria que a estimulação elétrica atinge e treina o tipo II de fibra muscular mais
efetivamente que o exercício voluntário.
A eficácia da estimulação elétrica para o treinamento de força é baseada no
conceito que fibras rápidas são mais difíceis de ativar com os efeitos da FMCV e são
preferencialmente ativadas com a estimulação elétrica (DELITTO; SNYDER-
MACKLER, 1990).
É bem conhecido que com a FMCV, as unidades motoras são recrutadas em
uma ordem precisa (HENNEMAN et al., 1965). Existe uma considerável evidência
sugerindo que a diferença no tamanho dos motoneurônios é a base fisiológica para
esse recrutamento em ordem. As unidades motoras que inervam para os menores
motoneurônios são constituídas por fibras lentas, as quais são poucas em número e
pequenas em diâmetro. Contrariamente, grandes motoneurônios inervam grandes
unidades motoras contendo fibras musculares rápidas.
Esse arranjo garante que, para sustentar exercícios de baixa resistência,
pequenas unidades motoras resistentes à fadiga são preferencialmente recrutadas
(KOMI, 1992; PIAZZI; UGRINOWITSCH e TRICOLI, 2005). Por outro lado, a
seqüência de ativação das unidades motoras nas ações musculares excêntricas não
parece seguir o princípio do tamanho, ou seja, ocorre primeiro a ativação das
unidades motoras rápidas com baixa ativação das unidades motoras lentas
(HOOGLAND, 1993; NARDONE e SCHIEPPATI, 1988; NARDONE et al., 1989).
Diversos estudos recentes têm concluído que a estimulação elétrica
preferencialmente ativa grandes unidades motoras de fibras rápidas ocorrendo o
inverso do recrutamento em ordem normal. Essa ativação, segundo Enoka (1994);
Delitto e Snyder-Mackler (1990); Sinacore et al., (1990) pode ser facilitada por
aferentes cutâneos que inibem motoneurônios de unidades motoras lentas e excita
motoneurônios de unidades motoras rápidas (GARNETT e STEPHENS, 1981).
Contudo, foi observado o padrão de recrutamento preferencial das unidades motoras
rápidas mesmo após a estimulação direta do nervo motor; constatou-se, então, que
os motoneurônios mais próximos ao campo elétrico foram preferencialmente
ativados em relação aqueles mais distantes (FEIEREISEN, et al., 1997).
Sinacore et al. (1990) e Martin et al. (1994) têm sugerido que a estimulação
elétrica causa preferencialmente depredação de glicogênio em fibras rápidas tipo IIa.
50
Além disso, sugere-se que esse tipo de fibra seja estimulada baseada na
observação que o tipo IIa de fibra mostrava qualitativamente menor mancha de
glicogênio posteriormente (KOMI, 1992).
Sinacore et al. (1990) publicaram um estudo preliminar que confirma essa
segunda teoria. Eles conduziram um estudo de caso com o propósito de determinar
a ordem de ativação das fibras musculares esqueléticas como resultado da
estimulação elétrica. O sujeito foi estimulado eletricamente a 80% do torque
isométrico voluntário máximo com biópsias pré e pós-estimulação e análise por meio
de um método de depleção do glicogênio. Dessa forma, eles evidenciaram
estimulação seletiva das fibras do tipo II.
Essa técnica produz aumento na força (independente de comparar com
outras técnicas de fortalecimento muscular), mas esse aumento tem sido
comprovado por meio de mensurações da força externa de um determinado
movimento, e para se conhecer o resultado de um fortalecimento mais seletivo de
um músculo, seria necessário mensurar forças internas do músculo, e não apenas o
produto externo da força.
A disposição superficial das fibras musculares IIa e IIb no músculo poderia
explicar a ativação preferencial durante a passagem de corrente devido a uma maior
proximidade física do campo elétrico (LEXELL et al., 1983). Entretanto, durante a
estimulação elétrica a ação da corrente estimula principalmente os neurônios
motores, sendo as fibras musculares ativadas indiretamente (ENOKA, 1994).
Hoogland (1993) confirma que com a estimulação elétrica consegue-se ativar
30% a 40% a mais das unidades motoras que nos exercícios comuns ou nos
treinamentos convencionais, pois ocorre a modulação do nervo motor alfa e não a
despolarização do neurônio como no movimento ativo, tendo assim características
de despolarização artificial, tornando possível ativar todas as unidades motoras
simultaneamente.
Um protocolo bastante utilizado para o aumento da força é o de KOTS, o qual
é realizado com 10 repetições, com freqüência de 2500 Hz modulada com bursts de
50 Hz, totalizando de 15 a 25 sessões de treinamento. A contração deve ser
produzida durante 10s de estimulação e o repouso deve ser mantido por 50s. A
intensidade do estímulo é a máxima tolerável. O aumento de força é de 0,6% a 3,6%
51
por sessão. Isso é comparado ao ganho de força que pode ser observado em outras
modalidades de treinamento (DUCHATEAU e HAINAUT, 1988).
Walmsley, Letts e Vooys (1984) desenvolveram um estudo comparando a
capacidade de gerar torque de quatro estimuladores diferentes: grupo 1 (corrente
alternada de 2500Hz interrompida com bursts de 50Hz); grupo 2 (corrente alternada
modulada de 4000 Hz interrompida com bursts de 75Hz); grupo 3 (corrente com
pulsos bifásicos assimétricos de 400 µs liberada a 50 Hz); grupo 4 (corrente com
pulsos monofásicos de 200 µs liberados a 50 Hz). Os torques eletricamente eliciados
no músculo quadríceps femoral foram de 87% do torque isométrico voluntário
máximo para o grupo 1, 46% para o grupo 2, 84% para o grupo 3, e 68% para o
grupo 4. A sobreposição da contração voluntária sobre a estimulação elétrica
aumentou os níveis de torque para todos os estimuladores; todavia, não excedeu ao
torque isométrico voluntário máximo.
Domenico e Strauss (1986) testaram a capacidade de gerar torque de vários
estimuladores no quadríceps femoral de mulheres sadias. A contração média
evocada variou de 47% a 74% do torque isométrico voluntário máximo; uma
correlação interclasses demonstrou uma relação direta entre a duração dos pulsos e
capacidade de gerar torque.
Nunes et al. (2003) realizaram um estudo comparando estimuladores de 50
Hz e outro de 2500 Hz modulado em 50 Hz, colocados sobre os músculos
extensores da perna e o resultado foi o aumento significativo em ambos os grupos,
porém a variação foi maior no grupo da média freqüência (44,6%) quando
comparado ao de baixa freqüência (40,5%). Pires e Grosso (2002) analisaram
também dois protocolos comparando estimuladores de baixa e média freqüência,
mas sobre os músculos flexores do punho para comparar a fadiga muscular e
concluíram que a corrente de média freqüência mostrou-se mais vantajosa do que a
de baixa freqüência, pois causou menor fadiga muscular.
Laughman, Youdas e Garrett (1983) treinaram o quadríceps femoral de dois
grupos de sujeitos, um grupo com exercícios isométricos e outro grupo com
estimulação elétrica. Ambos exibiram similar aumento de força (18% e 22%,
respectivamente) depois de 5 semanas de treinamento. A intensidade de
treinamento era de 78% para as contrações isométricas e 33% para a estimulação
52
elétrica do máximo possível. Esse efeito permite a atividade de grandes unidades
motoras (tipo II) com a estimulação elétrica.
Delitto e Robinson (1989) escreveram sobre as técnicas e aplicações da
estimulação elétrica e fazem uma revisão bibliográfica sobre o assunto:
(1) usualmente, existe um aumento de força no grupo estimulado
eletricamente comparado ao grupo controle não exercitado;
(2) usualmente, não existe diferença entre o grupo da estimulação e o
grupo de exercícios voluntários com regime similar. De qualquer modo,
cada grupo teve aumento significativo na força muscular comparado ao
controle não exercitado;
(3) não existe, usualmente, um benefício adicional da estimulação elétrica e
exercício voluntário simultaneamente, sobre ambos isolados;
(4) as contrações eletricamente eliciadas no músculo quadríceps femoral
possibilitam variações de 80 a 90% do torque isométrico voluntário
máximo e não são possíveis contrações maiores que 100% do torque
isométrico voluntário máximo.
Evidências que a estimulação elétrica não ativa fibras rápidas foram
apresentadas por Knaflitz, Merletti e Deluca (1990). O recrutamento de unidades
motoras em ordem era acessado pela medida de velocidade de condução que
contraía o músculo com uma freqüência diferente conforme o nível de FMCV e/ou
estimulação elétrica. Com o aumento da velocidade de condução, tinha-se um
aumento médio da freqüência, aumentando os efeitos de duração da força
voluntária, indicando o recrutamento progressivo de fibras mais calibrosas e com alta
velocidade de condução.
Percebe-se, então, que não ocorre o inverso do recrutamento normal. As
fibras maiores podem ter sido recrutadas primeiro, porque grandes axônios motores
não necessariamente têm grandes ramificações e/ou porque as ramificações
motoras deles não permitem ser orientadas no campo elétrico da corrente para
favorecer a ativação (KNAFLITZ; MERLETTI e DELUCA, 1990).
A evidência não é tão clara com relação à estimulação elétrica ativar mais
fibras rápidas. No entanto, elas parecem ser preferencialmente recrutadas durante a
ação voluntária excêntrica (ROMANO e SCHIEPPATI, 1987; NARDONE e
SCHIEPPATI, 1988). Dudley et al. (1990) acharam 40% de força a mais na
53
contração excêntrica do que na contração concêntrica. Mas Westing et al. (1988)
afirmam que a contração excêntrica só é mais forte em indivíduos não treinados.
Enquanto, afinal, as duas respostas não são especialmente atrativas, o
esqueleto muscular é composto principalmente por fibras lentas com uma alta
capacidade aeróbica (atletas) e o uso da estimulação elétrica para esse fim
(treinamento aeróbico) tem recebido pequena atenção, 3 h por dia de 5 - 10Hz,
também tem sido demonstrado para aumentar a resistência à fadiga no músculo
tibial anterior de indivíduos femininos não treinados (KOMI, 1992). Assim, a
estimulação elétrica pode ser levada em consideração como um treinamento de
força e potência (KOMI, 1992).
A comparação da troca periférica ocorrida durante o treinamento submáximo
da estimulação elétrica e da contração voluntária máxima sugere que a estimulação
é menos eficiente, mas complementa o treinamento voluntário porque o número de
unidades é diferente nos dois procedimentos (DUCHATEAU e HAINAUT, 1988).
2.11 Estimulação elétrica e a redução de gordura
Segundo Galbo et al. (1976), os profissionais de saúde e os professores de
educação física deveriam considerar que:
(1) a prevenção da obesidade resulta em maior sucesso que o tratamento,
particularmente durante a pré-adolescência;
(2) o exercício mantém baixo o percentual de gordura corporal e pode reduzir
o ritmo de acúmulo das células adiposas;
(3) se uma determinada ingestão alimentar não permite uma redução
ponderal, neste caso, a atividade física terá de ser aumentada para
produzir um equilíbrio energético negativo;
(4) devem ser escolhidas atividades que exigem um dispêndio de energia a
longo prazo, dentro das capacidades físicas e habilidades do indivíduo;
(5) os hábitos de vida são desenvolvidos precocemente.
Atualmente, há vários motivos que impelem a procura da atividade física, um
deles é a obtenção da saúde, porém, outros motivos também são importantes, como
a estética e a beleza. A busca pelo corpo ideal é incessante, principalmente, pelas
54
mulheres que apresentam tecido adiposo em maior proporção que os homens
(GRILLO e SIMÕES, 2003).
A estética entra como fator motivacional à prática da atividade física, com
uma relação transcendental com o belo, o bom e o verdadeiro, colocando o homem
dentro de uma perspectiva metafísica. Pelo jogo da estética, o homem chega à
realização suprema e o esporte pode ser o caminho para modelar, esteticamente, o
corpo e a mente (TUBINO, 1996).
Segundo Novaes (1998), a cobiçada “beleza do corpo” ou a aparência física
não está sendo analisada, simplesmente, como expressão da vaidade pessoal, mas
como um fenômeno presente consciente ou inconsciente na vida das pessoas. A
aparência estética atua no comportamento e na decisão de valores.
Além disso, obesos podem ter dificuldades em participar de programas de
condicionamento físico para redução da gordura corporal, por diversos motivos,
como rejeição da própria aparência, estresse térmico e cansaço excessivo
(PASETTI et al., 2006) e muitas vezes as pessoas buscam o método mais fácil para
ficar em forma e alcançar uma hipertrofia muscular para melhorar a estética corporal,
o que poderia ser conseguido com a estimulação elétrica (GRILLO e SIMÕES, 2003;
EVANGELISTA et al., 2003), pois de acordo com Weineck (1999) e Astrand e
Rodahl (1980) quando ocorre o aumento da secção do músculo, aumenta também a
troca dos subprodutos do O2 e o metabolismo; promovendo uma redução do tecido
adiposo (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
Currier e Mann (1983) mostram que a corrente elétrica pode realmente
aumentar o fluxo sanguíneo em 20% após 1 min da aplicação e perdurar 5 min após.
Devido ao aumento da corrente sanguínea, Andrews, Harrelson e Wilk (2000)
descrevem o aumento de combustão de oxigênio, dióxido de carbono, ácido lático e
outros produtos metabólicos, bem como aumento da temperatura. Brasileiro e Villar
(2000) relatam em outro estudo realizado com 19 indivíduos durante 4 semanas, o
esgotamento do glicogênio, a formação de lactato e atividade de diversas enzimas
comparáveis com as que ocorrem no exercício voluntário.
Segundo Foss e Keteyian (2000), com o exercício poder-se-ia conseguir uma
redução significativa na obesidade, com o uso de programas de baixa intensidade
capazes de desenvolver a “aptidão metabólica” de uma maneira menos extenuante,
mais segura, mais interessante que os programas tradicionais de treinamento
55
aeróbico de endurance. De acordo com Barstow (1996), a estimulação elétrica
também aumentaria o gasto energético, devido às alterações na taxa metabólica
basal e diária, manutenção e ganho da massa muscular e às alterações na
distribuição e quantidade de gordura corporal depositada.
Na obesidade andróide, segundo Ciporkin (1992), os triglicerídeos são mais
sensíveis aos estímulos lipolíticos, mediados pelos receptores beta-adrenérgicos,
dessa forma o fígado fica sobrecarregado de ácidos graxos livres aumentando o
metabolismo da insulina, por isso aumenta o risco para doenças cardíacas e
diabetes mellitus tipo 2.
Duas enzimas lipolíticas principais, a lípase sensível a hormônio (LSH) e a
lipoproteína lípase (LPL) atuam respectivamente no interior do adipócito e nas
lipoproteínas ricas em triglicérides. A ação do LSH causa a liberação do glicerol e
ácidos graxos na circulação sistêmica. A LPL atua liberando glicerol e ácido graxo na
circulação, principalmente pela ação sobre as lipoproteínas de densidade muito
baixa (VLDL). O ácido graxo é captado pelo tecido adiposo produzindo triglicérides.
Os ácidos graxos livres são captados pelo músculo e fígado para serem oxidados,
ou seja, para obtenção de energia, ou parcialmente oxidados para formarem
triglicérides novamente.
A estimulação elétrica pode reduzir o perímetro abdominal e
consequentemente reduzir o glicerol circulante. A estimulação elétrica no abdômen
aumenta a circulação sanguínea no local aplicado (SILVA, 1999), o que poderia
facilitar a passagem do glicerol liberado no tecido adiposo para o sangue e sua
posterior eliminação renal.
A estimulação elétrica está relacionada ao aumento na geração de adenosina
trifosfato (ATP) pela célula (CHENG, 1982), o que sugere que parte do glicerol
produzido pela lipólise, estimulada pela estimulação elétrica, possa ser utilizado na
produção de glicose e esta consumida na produção de energia.
Evangelista et al. (2003) realizaram um estudo para comparar o uso da
eletroestimulação em mulheres associada com atividade física visando a melhora da
performance muscular e redução do perímetro abdominal em 15 voluntárias,
divididas em três grupos. O grupo A utilizava apenas estimulação elétrica com
freqüência de 2500 Hz, modulada em 30 Hz, com 13 s de contração e 13 s de
repouso durante 20 min e intensidade confortável para a voluntária; o grupo B
56
utilizava apenas estimulação elétrica com os mesmos parâmetros e foi acrescentado
exercícios aeróbicos, sempre orientados pelo mesmo professor; o grupo C realizava
apenas os exercícios aeróbicos. Todo o treinamento foi executado três vezes por
semana durante seis semanas. Antes e após o tratamento as voluntárias foram
submetidas a uma avaliação da perimetria abdominal, dobras cutâneas tricipital,
supra-ilíaca, abdominal, coxa e peitoral. Na análise dos dados a maior redução da
perimetria e plicometria foi no grupo B, mas os resultados obtidos no grupo A em
relação ao grupo C mostraram que o uso da estimulação elétrica foi mais eficiente
na diminuição do percentual de gordura que a realização de exercícios aeróbicos.
Segundo Hoogland (1988) os objetivos da teoria da eficácia da estimulação
elétrica no tratamento da musculatura abdominal incluem manter a qualidade e
quantidade do tecido muscular, recuperar a tensão muscular e aumentar ou manter
a força muscular, aumentando o fluxo sanguíneo no músculo.
Apesar dos estudos descritos mostrarem a possibilidade de redução de
gordura pelo aumento do gasto calórico, aumento do fluxo sanguíneo, etc com o uso
da estimulação elétrica, Porcari et al. (2002) realizaram um estudo com 27
indivíduos, 16 realizaram estimulação elétrica e 11 eram do grupo controle, sendo
aplicada a estimulação elétrica 3 (três) vezes por semana, bilateralmente nos
músculos bíceps femoral, quadríceps, bíceps e tríceps do braço e abdominal reto e
oblíquos e avaliaram as alterações de peso, percentual de gordura (dobras
cutâneas), perimetria, a força isométrica e isocinética dos músculos estimulados e
fotos para avaliar a aparência antes e após as 8 semanas de treinamento e os
autores não tiveram nenhum resultado significativo nos parâmetros avaliados.
57
CAPÍTULO 3
3 METODOLOGIA
O estudo caracterizou-se como uma pesquisa experimental, sendo aprovada
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
sob o número 0001785/08 (apêndice 4).
A coleta de dados e o treinamento forma realizados na Clínica Exline1, e no
Centro de Diagnóstico e Imaginologia2 (CDI), na cidade de Curitiba.
3.1 Grupo experimental
Foram considerados como elementos pertencentes à população deste estudo
(critérios de inclusão):
- mulheres saudáveis,
- faixa etária entre 20 e 39 anos,
- praticantes ou não de atividade física,
- sem restrição alimentar,
- usuárias ou não de anticoncepcionais orais,
- percentual de gordura entre 23 e 30,8%.
Foram excluídos da pesquisa:
- homens,
- faixa etária menor que 20 anos ou maior que 39 anos,
- mulheres que estivessem realizando qualquer tipo de dieta ou restrição
alimentar,
- usuárias de qualquer medicamento, exceto anticoncepcional oral,
- percentual de gordura menor que 23% ou maior que 30,8% de gordura.
A delimitação dessa população foi determinada buscando-se um padrão de
referência e uma homogeneidade no grupo.
1 Rua Padre Anchieta, 1846, sl 03, Curitiba – PR 2 Rua Itupava, 1701, Curitiba - PR
58
A amostra selecionada foi constituída, inicialmente, por 28 mulheres. Durante
o estudo houve a perda do acompanhamento de 12 voluntárias, por motivos
diversos, tais como: abandono do tratamento, não adesão efetiva às três sessões
semanais ou falta à avaliação final. Efetivamente, ao final do estudo, restaram 16
voluntárias, com idade média de ± 25,7 anos e com uma média de percentual de
gordura de ± 25,6%, residentes na cidade de Curitiba ou próximo.
Dentre as 16 voluntárias, 9 eram praticantes de atividade física e 7 não
praticavam, enquanto 11 eram usuárias de anticoncepcionais orais e 5 não
utilizavam. Doze (12) eram nulíparas e das 4 que já tinham filhos todos haviam sido
submetidas ao parto do tipo cesárea.
As praticantes de atividade física realizavam atividade 3 vezes por semana
durante 1 hora e 30 minutos, sendo 30 minutos de exercícios aeróbicos (esteira) e 1
hora de exercícios localizados com pesos.
3.2 Coleta de Dados
A coleta de dados e o treinamento foram realizados no período de março
2004 a março de 2006, na Clínica Exline, e no Centro de Diagnóstico e Imaginologia
(CDI), na cidade de Curitiba.
Após sucinta explicação dos objetivos, procedimentos, importância do estudo
e após assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido (apêndice 2), as
mulheres foram submetidas à avaliação (apêndice 3), a qual incluía: anamnese,
avaliação antropométrica, perimetria e a ecografia músculo-tendínea do músculo
reto abdominal. Após esta primeira avaliação, as mulheres foram encaminhadas
para serem submetidas ao protocolo de estimulação elétrica.
3.3 Avaliação Antropométrica
A avaliação do percentual de gordura foi realizada por meio de plicometria
com o Compasso Cescorf® Científico. As dobras avaliadas foram bicipital, tricipital,
subescapular, axilar média (figura 12), supra-ilíaca (figura 13), abdominal (figura 14),
59
da coxa e panturrilha, conforme mostrado por BORBA (1996) e GUIRRO e GUIRRO
(2004).
Para determinar o percentual de gordura, utilizou-se o protocolo do programa
de avaliação física Fitness® (BORBA, 1996). Registrou-se também o peso das
voluntárias e a perimetria, na qual foram medidas as circunferências da cintura,
abdome e infra-abdominal.
As medidas da plicometria e perimetria foram realizadas antes de iniciar o
estudo e após o término das 10 sessões de estimulação elétrica. O intervalo de
tempo entre a avaliação e o início das sessões e entre o fim do tratamento e a
reavaliação foi de 3 a 5 dias, conforme a possibilidade de horário das voluntárias.
As 8 dobras cutâneas avaliadas foram coletadas para ser possível a
determinação do percentual de gordura corporal e também para uma comparação
entre o início e final das sessões, para verificar se ocorreu alguma alteração em
outros locais além da região abdominal.
A circunferência da cintura foi avaliada na menor região do tórax, a
circunferência do abdome foi verificada sobre a cicatriz umbilical e a infra-abdominal
4 cm abaixo da cicatriz umbilical.
Para acompanhar a evolução dos grupos, foi realizada além da avaliação
antropométrica a ecografia músculo tendínea.
Figura 12 – Avaliação da plicometria na região axilar média realizada antes e após as 10 sessões de estimulação elétrica.
60
Figura 13 – Avaliação da plicometria na região supra-ilíaca realizada antes e após as 10 sessões de estimulação elétrica.
Figura 14 – Avaliação da plicometria na região abdominal realizada antes e após as 10 sessões de estimulação elétrica.
3.4 Avaliação Ecográfica
As medidas de espessura da tela subcutânea do abdome e da secção
transversal do músculo reto abdominal foram obtidas com o indivíduo em decúbito
dorsal, com equipamento de US da marca AI 5.200 Dornier Med Tech (figura 15) e
transdutor linear de 2-4 MHz, sendo realizadas pelo mesmo médico avaliador antes
61
e após as sessões de estimulação elétrica. A resolução espacial do equipamento é
de 0,05 mm.
Figura 15 - Aparelho de ecografia utilizado para avaliação antes e após as 10 sessões de estimulação elétrica.
Considerou-se espessura subcutânea supra-umbilical (S.U.) como sendo a
medida entre pele e lâmina anterior da bainha do músculo reto abdominal na região
5 cm acima da cicatriz umbilical e espessura infra-umbilical (I.U.) como sendo a
medida entre pele e face externa do músculo reto abdominal na região 5 cm abaixo
da cicatriz umbilical (figura 16).
Figura 16 – Exame de ecografia de uma participante do estudo; demonstrando a análise do tecido adiposo na região supra-umbilical no lado direito
e infra-umbilical no lado esquerdo, antes da aplicação da estimulação elétrica. As flechas mostram os locais demarcados pelo avaliador como sendo o início e fim da tela subcutânea,
sendo 26 mm de gordura na região supra-umbilical e 22 mm na região infra-umbilical.
26 mm 22 mm
62
Além da espessura do tecido adiposo subcutâneo do abdome, avaliou-se a
medida da secção transversal do músculo reto abdominal relaxado e contraído
(figura 17), ambas as medidas expressas em milímetros.
Figura 17 – Exame de ecografia de uma participante do estudo exemplificando a avaliação do músculo reto abdominal em contração no lado direito e em repouso no lado esquerdo, na
região supra e infra umbilical, sendo 8,9 mm o diâmetro do músculo em contração na região supra-umbilical e 9,8 mm o diâmetro do músculo relaxado na mesma região e 9,0 mm o
diâmetro muscular em contração na região infra-umbilical e 9,8 mm com o músculo relaxado.
A avaliação da extensão da tela subcutânea foi realizada sobre a linha alba e
o diâmetro do músculo reto abdominal foi examinado 4 cm ao lado direito da linha
xifo-umbilical, tanto na região S.U quanto I.U..
A leitura foi realizada pelo médico examinador visualizando as imagens
diretamente da tela do monitor, marcando o início e fim da camada adiposa e da
8,9 mm
9,8 mm
9,0 mm
9,8 mm
63
extensão do diâmetro muscular, sendo essas imagens congeladas na tela e
anexadas ao laudo do exame. Essa delimitação está exemplificada nas figuras 16 e
17, como mostram as flechas das figuras.
O primeiro teste foi efetuado antes de iniciar o protocolo experimental e o
último, ao final das 10 sessões de estimulação elétrica.
3.5 Aplicação do Protocolo de Estimulação Elétrica
Para a estimulação elétrica, foi utilizado o aparelho Kinesis (Corrente Russa)
produzido por KW® (figura 18), o qual produz uma corrente de média frequência
entre 2000 e 4000 Hz e tem padrões estimulatórios ajustáveis. O aparelho foi
escolhido por ter sido analisado no Laboratório de Engenharia de Reabilitação da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná e estava de acordo com as normas
internacionais (IEC 601 -2 -10 e ANSI/AAMI NS4); além disso, Sivini e Lucena
(1990) realizaram um estudo com esse equipamento e obtiveram resultados
satisfatórios.
Apesar de o aparelho ter diferentes possibilidades de estimulação, foi utilizada
uma freqüência de 2500 Hz (considerada média freqüência) modulada em 50 Hz,
com 10 s de período ativo e 3 s de tempo de repouso, 2 s de tempo de subida e 2 s
de tempo de descida visando produzir a contração muscular, durante 10 min, três
vezes por semana, em um total de dez sessões, sempre intercalando os dias de
aplicação.
A região onde seriam posicionados os eletrodos foi preparada realizando
assepsia com álcool 70%, para remoção de resíduos que pudessem estar sobre a
pele e, então, foram colocados 8 eletrodos de silicone de tamanho 8x5 cm, sendo 4
sobre a região do reto abdominal (figura 19) e 4 sobre a região dos músculos
oblíquos (figura 20).
64
Figura 18 - Aparelho Kinesis utilizado para estimulação elétrica durante a aplicação do protocolo experimental.
Apesar de normalmente serem utilizados eletrodos de 5x5 cm, Enoka (1994)
relata que os eletrodos que possuem grande área conduzem a corrente mais
rapidamente por meio do músculo e permite que se tenha baixa impedância.
Figura 19 - Posicionamento dos eletrodos no músculo reto abdominal.
Figura 20 - Posicionamento dos eletrodos sobre o músculo reto abdominal e sobre os
músculos oblíquos.
3.6 Análise Estatística
Para a comparação entre os valores de antes e depois da estimulação elétrica
foi aplicado o teste T de Student, para amostras pareadas, comparando se ocorreu
65
uma redução da tela subcutânea após as sessões de estimulação ou não e se
ocorreu um aumento da secção transversal do músculo ou não após aplicação do
protocolo experimental.
Para verificar se houve diferença ou não nos resultados obtidos entre os
praticantes e os não praticantes de atividade física, aplicou-se o teste não-
paramétrico de Mann-Whitney. Foram considerados significativos os resultados com
p<0,05.
66
CAPÍTULO 4
4 RESULTADOS
4.1 Características da População
A população analisada é de 16 voluntárias, com idade média de 25,7 anos e
média de percentual de gordura de 25,6%. Entre as participantes 9 eram praticantes
de atividade física e 7 não praticantes, ao mesmo tempo que 11 eram usuárias de
anticoncepcionais orais e 5 não utilizavam. Doze (12) eram nulíparas e das 4 que já
tinham filhos, todas haviam realizado cesárea no parto.
4.2 Variação Quantitativa da Tela Subcutânea do Abdome
A média da espessura da tela subcutânea do abdome nas regiões supra e
infra-umbilical antes e depois das sessões de estimulação elétrica apresentou
redução (figura 21). A média da redução da região supra-umbilical foi de 1,51 (±
2,20) mm e da região infra-umbilical foi de 1,58 (± 3,33) mm. Apesar da redução ter
sido maior na região infra-umbilical (p=0,078), apenas na região supra-umbilical foi
estatisticamente significativa, com p= 0,0152.
Antes
Depois
GORDURA SUPRA E INFRA UMBILICAL
Gordura umbilical (mm)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Supra Infra
p=0,015 p=0,078
Figura 21 - Gráfico da média ± desvio padrão da tela subcutânea do abdome nas regiões supra e infra-umbilical comparando antes e depois da estimulação elétrica.
68
4.3 Variação Quantitativa do Diâmetro do Músculo Reto Abdominal
Com relação ao diâmetro do músculo reto abdominal sem contração nas
regiões supra e infra-umbilical (figura 22), não se observa aumento na porção supra-
umbilical após a estimulação elétrica, ou seja a média dos resultados antes e depois
da estimulação foi a mesma. Já o aumento na secção transversal do músculo reto
abdominal na região infra-umbilical foi de 0,13 (± 1,45) mm, porém essa diferença
não foi estatisticamente significativa.
O diâmetro do músculo reto abdominal em contração não consta nos
resultados, pois o avaliador deixou de avaliar as pacientes na ultrasonografia após
as sessões de estimulação elétrica, sendo assim, não existem resultados após o
tratamento.
Antes
Depois
DIÂMETRO SUPRA E INFRA UMBILICAL
Diâmetro (mm)
0
2
4
6
8
10
12
14
Supra Infra
p=1 p=0,722
Figura 22 - Gráfico da média do diâmetro do músculo reto abdominal sem contração ± desvio padrão nas regiões supra e infra-umbilical comparando
antes e depois da estimulação elétrica.
4.4 Variação Quantitativa das Dobras Cutâneas
A diferença na média da dobra cutânea axilar antes e depois da aplicação foi
de 0,77 mm com p= 0,057 e desvio padrão de ± 0,42 mm (figura 23).
69
A região supra-ilíaca apresentou também um resultado favorável, com uma
média de redução de 2 mm (± 1,49 mm) (p = 0,0376) (figura 23).
Assim como nas outras regiões, a prega cutânea abdominal apresentou uma
redução de, neste caso, 1,9 mm ± 0,84 mm e p = 0,0044 (figura 23).
Antes
Depois
PLICOMETRIA AXILAR, SUPRA-ILÍACA E ABDOMINAL
Plico
metria (m
m)
0
6
12
18
24
30
36
Axilar Supra-ilíaca Abdominal
p=0,057 p=0,038 p=0,004
Figura 23 - Gráfico da média das dobras cutâneas ± desvio padrão nas regiões axilar, supra-ilíaca e abdominal antes e depois da estimulação elétrica.
As outras dobras cutâneas avaliadas não constam nos resultados, pois não
tiveram nenhuma alteração nas medidas após as sessões de estimulação elétrica,
as mesmas foram acrescentadas na avaliação apenas para um controle da
distribuição da gordura corporal e para a realização do cálculo do percentual de
gordura para a voluntária ser incluída ou não na pesquisa.
4.5 Variação Quantitativa da Perimetria
Por inspeção do gráfico da perimetria, constata-se uma redução de 0,33 cm ±
2,17 cm no perímetro da cintura (figura 24), o que não indica significância estatística.
Na região abdominal também ocorreu uma redução no perímetro de 0,78
(±1,78) cm e o p = 0,0994 (figura 24), e o perímetro infra-abdominal apresentou uma
redução de 1,22 (± 1,57) cm com p=0,0072.
70
Antes
Depois
PERÍMETRO DAS REGIÕES DA
CINTURA, ABDOMINAL E INFRA-ABDOMINAL
Perímetro (cm)
62
66
70
74
78
82
86
90
94
Cintura Abdominal Infra-abdominal
p=0,558
p=0,099
p=0,007
Figura 24 - Gráfico da média das medidas de circunferência ± desvio padrão nas regiões da cintura, abdominal e infra-abdominal antes e depois da estimulação elétrica.
4.6 Variação Quantitativa dos Efeitos da Prática de Exercícios Sobre a
Diferença de Resultados Entre Antes e Depois das Aplicações
Para cada uma das variáveis abaixo relacionadas (quadro 1), testou-se a
hipótese nula de que os resultados das diferenças entre antes e depois das
aplicações são iguais para pacientes que praticam exercícios e para pacientes que
não praticam (Quadro 1). A hipótese alternativa foi de resultados diferentes. Quando
comparado voluntárias que praticavam exercícios com voluntárias que não
praticavam, a única variável que foi diferente entre os resultados pré e pós
estimulação elétrica, foi na dobra cutânea axilar (p= 0,0043), para as outras variáveis
não houve diferença entre as voluntárias que praticavam e as que não praticavam
atividade física
71
Quadro 1 - Avaliação estatística das variáveis analisadas.
Variável Exercícios N Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão Valor de p*
Tela subcutânea SU
Sim 9 -4,70 4,70 1,30 1,21 2,85
Não 7 0,70 3,30 1,70 1,89 0,97
0,6065
Tela subcutânea IU Sim 9 -5,00 7,30 2,00 1,26 4,05
Não 7 -2,00 4,80 2,10 1,99 2,35 0,8371
Diâmetro SU sem contração
Sim 9 -0,50 2,50 0,00 0,32 0,92
Não 7 -1,80 1,00 -0,30 -0,41 0,91
0,2105
Diâmetro IU sem contração
Sim 9 -1,00 3,80 0,00 0,24 1,47
Não 7 -3,10 1,00 0,00 -0,61 1,37
0,6065
Perímetro cintura Sim 9 -3,50 3,00 0,50 0,36 1,89
Não 7 -5,00 3,00 0,00 0,29 2,64 0,8371
Perímetro abdômen
Sim 9 -2,50 3,50 1,00 0,56 1,70
Não 7 -2,00 4,00 1,00 1,07 1,97
0,5360
Perímetro infra Sim 9 0,00 4,50 1,00 1,33 1,44
Não 7 -1,00 4,00 1,00 1,07 1,84 0,5360
Dobra cutânea axilar média
Sim 6 -0,80 0,30 0,10 0,00 0,41
Não 6 0,30 1,00 0,45 0,52 0,25
0,0043
Dobra cutânea supra-ilíaca
Sim 6 -0,50 4,40 0,60 1,17 1,74
Não 6 0,00 3,50 0,35 0,87 1,34
0,6991
Dobra cutânea abdominal
Sim 6 -0,80 1,00 0,40 0,30 0,62
Não 6 0,50 2,00 1,55 1,43 0,63
0,0152
(*) Teste não-paramétrico de Mann-Whitney
72
CAPÍTULO 5
5 DISCUSSÃO
5.1 Sobre a Metodologia
Os indivíduos foram selecionados independente de praticarem atividade física
ou não, porque conforme Brasileiro e Villar (2000), um músculo não treinado pode
ganhar mais força com o uso da estimulação elétrica do que um músculo pré-
treinado, e o propósito da pesquisa era demonstrar os efeitos da estimulação elétrica
não somente nos músculos não treinados em que é possível, com maior facilidade
aumentar a secção transversal do músculo, mas também nos músculos já treinados
e, conseqüentemente, mais desenvolvidos.
A corrente de média freqüência foi escolhida para estimular o músculo reto
abdominal dos indivíduos participantes desse estudo por apresentar menor
desconforto aos voluntários, proporcionando a utilização de uma intensidade maior
de corrente e, conseqüentemente, melhor resposta muscular (SIVINI e LUCENA,
1999).
Além disso, para Martin et al. (1994), os maiores torques durante as
contrações eletricamente induzidas são gerados com freqüência de estímulo
superiores a 50Hz, sendo observados por Edwards et al. (1977) torques superiores a
60% da contração voluntária máxima utilizando-se freqüência de 50Hz. Ao utilizar a
freqüência de 10Hz, o torque obtido foi de 30% a 40% daquele observado quando se
utilizou 50Hz, mas com o uso da estimulação elétrica com uma freqüência de
2200Hz (SELKOWITZ, 1989) e 2500Hz modulada em 75Hz (DELITTO e
ROBINSON, 1989) a força da contração muscular foi superior à força da contração
isométrica voluntária máxima.
Por isso, entre as correntes de média freqüência, optou-se pela freqüência de
2500 Hz, pois além dos estudos citados, Adel (1993) e Delamare (1998), relatam
que a despolarização do nervo motor ocorre nessa freqüência. Kots e Chwilon
(1971), que desenvolveram os primeiros trabalhos de estimulação elétrica para
74
hipertrofia muscular utilizaram, 2500 Hz modulado em 50 Hz e obtiveram excelentes
resultados.
Com base nesses resultados outros pesquisadores, assim como neste
estudo, utilizaram a freqüência de 2500 Hz (CURRIER e MANN, 1983; WILLIAMS,
MORRISSEY e BREWSTER, 1986; MILLER e THÉPAUT-MATHIEU, 1993;
ROBINSON e SNYDER-MACKLER, 2001; EVANGELISTA et al., 2003; DIAS;
POSSAMAI e SANTOS, 2005) e obtiveram resultados para o aumento da força
muscular.
Todavia, vários autores (BAKER; BOWMAN e MCNEAL, 1988; BRASILEIRO
e VILLAR, 2000) relatam a diversidade de parâmetros utilizados nos protocolos
aplicados para estimulação elétrica.
Evangelista et al. (2003) utilizaram uma corrente de 2500 Hz modulada em 30
Hz, enquanto Currier e Mann (1983); Williams, Morrissey e Brewster (1986); Miller e
Thépaut-Mathieu (1993) utilizaram 2500 Hz modulada em 50 Hz, com resultados
para o aumento da massa muscular. Dessa forma, foi opção neste estudo, então,
utilizar essa modulação de 50Hz na freqüência de 2500Hz, pois, conforme Johnson
et al. (1973), a freqüência tetânica das fibras do tipo I ocorre em torno de 20 a 30 Hz
e das fibras tipo II, entre 50 e 150 Hz.
Apesar de modulação específica para cada tipo de fibra, SINACORE et al.
(1990) e KOMI (1992) demonstraram a evidência da estimulação elétrica
preferencialmente ativar fibras do tipo II; por isso, é mais vantajoso estimular a
musculatura com uma freqüência de 50 Hz.
Para a estimulação, definiu-se um período de 3s de repouso, já que segundo
Kitchen e Bazin (1998), todo o processo de despolarização e repolarização leva um
certo tempo para ocorrer e se um novo estímulo for aplicado à célula, antes que ela
tenha intervalo suficiente de concluir as trocas iônicas necessárias para atingir a
diferença de potencial, não se irá obter uma resposta em toda a sua plenitude e
dependendo da freqüência dos estímulos, poder-se-á não obter qualquer resposta.
Entretanto, todo período de polarização e repolarização demora no máximo
0,10s. Além disso, Selkowitz et al. (1985) observaram que paralelamente à
hipertrofia muscular, ocorre uma maior atividade de enzimas mitocondriais em todas
as fibras musculares, sobretudo nas fibras do tipo II, provavelmente devido à escolha
de 10s de recuperação, pois quando o tempo de repouso é menor, não se propicia
75
uma recuperação completa dos fosfatos intramusculares, estimulando, assim, a
adaptação de enzimas do metabolismo aeróbio, gerando um maior gasto calórico,
como pretendido no estudo para redução da espessura do tecido adiposo.
Como tempo de subida e descida foram escolhidos para o estudo 2s de
subida e 2s de descida, uma vez que se o estímulo for aplicado com muita lentidão
(elevação lenta), a despolarização será muito baixa, ocorrendo um fluxo contínuo de
íons em uma única direção, não sendo gerado o potencial de ação (KITCHEN e
BAZIN, 1998). O tempo total de estimulação foi de 10 s, visto que Weineck (1989)
descreve que para provocar aumento de força muscular é preciso trabalhar o
músculo entre 60% a 70% do seu máximo durante pelo menos 6s.
Uma vez que Currier e Mann (1983); Williams, Morrissey e Brewster (1986);
Dias, Possamai e Santos (2005) realizaram estudos com 10 sessões e
apresentaram resultados favoráveis para o aumento da força muscular, optou-se
pelo mesmo número de sessões, já Maffiuletti et al. (2002) realizaram um estudo
para aumentar a amplitude do salto vertical com 10 sessões de estimulação elétrica
e após, continuaram a aplicação, completando 20 sessões de estimulação, não
obtendo diferença significativa de aumento.
As sessões foram realizadas 3 vezes por semana baseando-se em Heineck
(1986), o qual coloca que um único estímulo eleva a força inicial de 1% a 4%
dependendo do grupo muscular trabalhado, sendo 56% desse aumento de força no
primeiro dia e 39% no dia seguinte, mas eleva somente 6% no sétimo dia; por isso,
deve-se fazer um treinamento em dias intercalados, uma vez que no dia posterior ao
treinamento ainda se tem um bom ganho de força.
Para a eletroestimulação, foram utilizados eletrodos de 8x5cm, apesar do
equipamento escolhido para esta pesquisa possuir eletrodos de 5x5cm, pois os
eletrodos que possuem grande área de contato, segundo Enoka (1994), conduzem a
corrente mais facilmente por meio do músculo e permitem que se obtenha baixa
impedância.
No treinamento de força tradicional, a intensidade é determinante para o
ganho de força (CAMPOS et al., 2002) e conforme La Rosa (2001) e Gomes (2002),
o ganho de força o mais rápido possível é determinado mais pela intensidade que
pelo volume (quantidade) de treinamento. Snyder-Mackler et al. (1994) e Currier e
Mann (1983) relatam que se deve encorajar o paciente a mais alta intensidade
76
tolerável, uma vez que existe uma relação linear entre a força ganha e a intensidade
da contração estimulada, por isso neste estudo, a intensidade ajustada foi a tolerada
pela voluntária, estimulando-a sempre a tolerar uma maior intensidade.
De acordo com Enoka (1994), quanto maior a amplitude da corrente, maior a
área de atuação do campo elétrico e, conseqüentemente, maior será a área ativada,
ou seja, um número maior de unidades motoras será recrutado.
Miller e Thápaut-Mathieu (1993) realizaram um estudo com 16 indivíduos, os
quais foram submetidos a 15 sessões de estimulação elétrica com 25 contrações por
sessão e consoante a elevação do torque voluntário, os indivíduos foram divididos
em três grupos: grupo I, que obteve ganhos inferiores a 10%; grupo II, com ganhos
variando entre 10% e 20% e grupo III, com torque acima de 20%. O grupo III foi o
que conseguiu maior elevação na intensidade da corrente ao longo das sessões,
mostrando que o ganho de força está intimamente relacionado à intensidade do
estímulo elétrico.
A posição do indivíduo escolhida para a realização da estimulação elétrica foi
a decúbito dorsal, com as pernas estendidas, pois Halselbach (1975), descreve que
para o desenvolvimento da força máxima de um músculo, o seu comprimento é
determinante. O ponto ideal situa-se entre 90 e 110% do comprimento do músculo
em repouso, diferente do estudo realizado por Camargo et al. (2002) sobre a melhor
posição para realizar exercícios abdominais, o qual concluiu ser o movimento
realizado com as pernas fletidas em 45º, visto que quando se realiza o movimento
do exercício abdominal com as pernas estendidas é inevitável que ocorra movimento
dos músculos flexores do quadril; porém, com a estimulação elétrica é possível isolar
o movimento do músculo.
5.2 Sobre a Metodologia de Avaliação
A ultra-sonografia utilizada para avaliação antes e após as sessões de
estimulação elétrica foi escolhida porque Holsbeeck e Introcaso (2002) colocam que
a mesma consegue definir suficientemente a estrutura do músculo, oferecendo
precisão nas medidas e, dessa forma, a parede abdominal muscular pode ser
estudada rotineiramente em detalhes.
77
Consoante com Armellini et al. (1990), Radominski et al. (2000), Hirooka et al.
(2005), a ultra-sonografia é um método tão exato quanto a tomografia
computadorizada e a ressonância magnética para avaliar o tecido adiposo visceral e
o tecido muscular, sem submeter os pacientes à radiação ionizante, além de ter
baixo custo. O coeficiente de variação no estudo de Radominski et al. (2000) foi de
2,6%, o que mostra a exatidão do método.
Além disso, a ultra-sonografia fez-se necessária uma vez que, Porcari et al.
(2002) realizaram um estudo com um estimulador para verificar a redução do
percentual de gordura dos participantes e os mesmos foram avaliados somente
através da perimetria e plicometria e não obtiveram resultados satisfatoriamente
significativos para redução da circunferência e nem da gordura nas 10 (dez) regiões
avaliadas, sendo necessário um método de avaliação mais preciso.
No entanto, a ultra-sonografia avaliou a espessura do tecido adiposo intra-
abdominal, mas a diminuição da espessura observada com a ultra-sonografia não
significa que ocorreu uma redução realmente, pois poderia ter ocorrido uma
redistribuição do tecido adiposo, como ocorre na reeducação postural global (RPG)
(GUEDES, 2003; ROSS e JANSSEN, 1999). Por isso, utilizou-se também a avaliação
por meio das medidas de perimetria e do compasso de dobras cutâneas, para
verificar se outras regiões do corpo não sofreram aumento das medidas.
5.3 Sobre os Resultados
Conforme os resultados obtidos no estudo, observou-se um aumento da
secção transversal do músculo reato abdominal na região infra-umbilical de 0,13mm
e nenhum aumento na região supra-umbilical. Entretanto, nenhuma das diferenças é
significativa confrontando com a literatura (ETGEN; FARRAR e IVY, 1993; ENOKA,
1994; WEINECK, 1999; GUIRRO e GUIRRO, 2004), na qual descreve-se que a
estimulação elétrica aumenta a secção transversal do músculo gerando também
aumento da força muscular.
A estimulação elétrica, segundo Hoogland (1993); Andrews, Harrelson e Wilk
(2000), tem 30% a 40% mais eficácia no aumento da força muscular do que a
contração muscular voluntária realizada no exercício físico. Kots e Chwilon (1971)
78
publicaram um dos primeiros estudos sobre a utilização da eletroestimulação e
observaram ganhos de força de até 56,1% ± 5,9% após 19 sessões de treinamento.
A razão para a estimulação elétrica ser mais eficaz acontece devido à
diferença nos padrões de recrutamento e de acionamento das fibras musculares
entre a estimulação e as contrações musculares voluntárias (HOOGLAND, 1993).
No início de uma atividade física são utilizadas cargas mais baixas de
treinamento, sendo recrutadas primeiramente fibras do tipo I (KOMI, 1992; PIAZZI;
UGRINOWITSCH e TRICOLI, 2005) para evitar o estresse excessivo na articulação
e, dessa forma, as fibras do tipo IIb são recrutadas somente quando houver a
necessidade de um esforço suplementar. Já a estimulação elétrica, excita primeiro
os nervos motores de grande calibre, estimulando as fibras do tipo IIb, para produzir
a ação das fibras musculares do tipo II, antes das fibras do tipo I (SINACORE et al.,
1990; DELITTO e SNYDER-MACKLER, 1990; HOOGLAND, 1993; ENOKA, 1994;
PIAZZI, UGRINOWITSCH e TRICOLI, 2005).
Quando as fibras do tipo II contraem primeiro, o vigor da contração aumenta,
tendo em vista que as fibras do tipo IIb são capazes de produzir mais força
(STARKEY, 1999), gerando uma contração mais efetiva que a contração voluntária
máxima (SELKOWITZ et al., 1989; DELITTO e ROBINSON, 1989; HOOGLAND,
1993).
A estimulação das fibras do tipo II antes das fibras do tipo I, provavelmente
ocorre porque durante a aplicação da estimulação elétrica com intensidade elevada,
um número maior de unidades motoras é recrutada (DUCHATEAU e HAINAUT,
1988). Entretanto, não ocorre realmente um recrutamento preferencial das unidades
motoras rápidas; mas sim um recrutamento simultâneo de todas as unidades
motoras, mas devido à maior velocidade de condução do impulso nervoso ao longo
do axônio nas fibras rápidas, elas contraem precocemente (ENOKA, 1994).
Apesar da estimulação elétrica produzir uma contração efetiva dos músculos
e outros estudos terem obtido bons resultados no aumento da secção transversal do
músculo (ETGEN; FARRAR e IVY, 1993; ENOKA, 1994; WEINECK, 1999; GUIRRO
e GUIRRO, 2004), como já citado, não foram encontrados resultados no aumento do
diâmetro muscular neste estudo.
Segundo um estudo realizado por Delitto e Robinson (1989), um motivo para
não ocorrência do aumento da secção transversal do músculo, após um período de
79
treinamento com estimulação elétrica, seria a queda no percentual de fibras do tipo I
e elevação no percentual de fibras do tipo II, pois quando analisado o valor médio da
área da secção transversal de cada tipo de fibra, os pesquisadores observaram um
aumento de 13% nas fibras do tipo I e redução de 25% a 33% nas fibras do tipo IIa e
IIb, respectivamente, após o uso da estimulação elétrica. A elevação da força
muscular e do percentual das fibras do tipo II, com a concomitante redução na área
da secção transversal, pode ser explicada por uma possível conversão de fibras do
tipo I em fibras do tipo II, e o mesmo ocorre após o exercício voluntário.
Então, o que acontece é um aumento da secção transversal das fibras do tipo
I, as quais são menores, não se observando então na ultra-sonografia o aumento da
secção do músculo, para verificar esse aumento individual de cada tipo de fibra seria
necessário avaliá-las individualmente.
De acordo com Weineck (1999) e Astrand e Rodahl (1980), quando ocorre o
aumento da secção do músculo, aumenta também a troca dos subprodutos do O2 e
o metabolismo; promovendo uma redução do tecido adiposo (GUIRRO e GUIRRO,
2004).
Entretanto, neste estudo, percebeu-se que apesar de não ter ocorrido o
aumento da secção transversal do músculo, houve uma redução na espessura do
tecido adiposo, tanto na região supra-umbilical quanto na região infra-umbilical,
segundo Evangelista et al. (2003); Cabric e Appell (1987) e HORTOBAGYL et al.
(1999) relatam que o aumento da força pode ocorrer por mecanismos neurais e não
pelo aumento da secção transversal do músculo.
Para comprovar isso, Cabric e Appell (1987) realizaram um estudo durante 21
dias no músculo tríceps sural de apenas um membro; o protocolo utilizado consistia
de: (1) grupo I estimulado com 50Hz e (2) grupo II estimulado 2000Hz; ambos com
intensidade variando entre 40 e 45mA. O aumento do grupo I após os 21 dias foi de
50,3% e do grupo II de 58%. Esses resultados mostram uma melhora da força
acentuada para o tempo de treinamento, o que sugere um grande grau de
adaptações neurais; para reforçar esta hipótese, foi observado um ganho de força
no membro contralateral, o qual não foi estimulado, de 39,7% para o grupo I e 32,2%
para o grupo II.
Um estudo realizado comparando a estimulação elétrica com a contração
voluntária máxima no músculo quadríceps femoral de um membro, mostrou elevação
80
dos níveis de força isométrica e excêntrica no membro não estimulado, sendo que o
grupo que usou eletroestimulação teve maior ganho de força do que o grupo que
realizou apenas contrações voluntárias máximas (HORTOBAGYI et al. 1999),
indicando o aumento da força por mecanismos neurais.
A redução da gordura na região supra-umbilical de 1,51 mm foi significativa e
isto provavelmente ocorreu, não devido ao aumento da secção transversal, mas sim
porque quando um músculo se contrai por efeito da corrente elétrica, as mudanças
que ocorrem no músculo são similares às que ocorrem na contração voluntária. Há
um aumento do metabolismo, aumentando a atividade contrátil muscular induzida;
elevação da população do transportador de insulina tipo 4 (GLUT 4) na membrana
das fibras, elevando a captação da glicose, com aumento da demanda de O2;
aumento da liberação de catabólitos, o que provoca uma dilatação das arteríolas e
capilares, aumentando consideravelmente o fluxo sanguíneo no músculo (ETGEN,
FARRAR e IVY, 1993).
Douglas (2000) relata que para ocorrer uma redução da gordura é necessário
existir uma demanda energética, a qual, pode ser resumida de 4 maneiras: (1)
energia mecânica, ou seja, a energia liberada na execução de um fenômeno físico
de natureza mecânica, como um movimento, uma postura; (2) energia química; (3)
energia elétrica, na qual a energia liberada expressa-se como potenciais gerados,
isto é, como potencial de repouso, potencial de ação, potencial pós-sináptico; (4)
energia térmica.
Segundo Guirro e Guirro (2004), a mobilização da gordura está sob o controle
nervoso e hormonal que leva à liberação de ácidos graxos e glicerol, os quais
passam para o sangue. A noradrenalina liberada nas terminações pós-ganglionares
dos nervos simpáticos do tecido adiposo é particularmente importante neste
processo, quando o organismo está sujeito às atividades físicas intensas, ao jejum
prolongado ou ao frio.
Dessa forma, para Guirro e Guirro (2004) a redução da gordura da parede
abdominal ocorre devido ao aumento da síntese protéica, além de provocar um
aumento do glicogênio, fosfato de creatina, trifosfato de adenosina, difosfato de
adenosina, creatina e enzimas do ciclo de Krebs nos músculos. Hoogland (1993) e
Petty (1980) já relataram os efeitos das correntes elétricas sobre o aumento da força
81
e potência muscular do reto abdominal, justificando ser conseqüência deste
aumento a redução do tecido adiposo.
Evangelista et al. (2003) realizaram um estudo com 15 voluntários e dividiram-
os em 3 grupos: o primeiro realizava apenas eletroestimulação, o segundo fazia
estimulação elétrica e exercícios aeróbicos e o terceiro apenas exercícios aeróbicos.
O grupo que realizou exercícios aeróbicos e eletroestimulação apresentou melhores
resultados quanto à diminuição da perimetria abdominal e da redução do percentual
de gordura, todavia os resultados obtidos no grupo que era submetido somente à
estimulação elétrica houve melhores resultados na redução do percentual de
gordura que o grupo que realizava apenas exercícios aeróbicos.
De igual modo, neste estudo observou-se uma redução na perimetria da
cintura de 0,33 cm e do perímetro abdominal de 0,78 cm, ambos sem significância
estatística; porém, a região localizada 2cm abaixo da cicatriz umbilical atingiu uma
redução de 1,22 cm, com p= 0,0072.
Essa redução pode ter ocorrido porque o custo da ATP anaeróbica é maior
para os exercícios eletricamente induzidos do que para os exercícios voluntários,
segundo MAFFIULETTI et al. (2002).
Além disso, a estimulação elétrica tem outras vantagens em relação ao
exercício localizado, visto que a articulação pode ser estabilizada e o trabalho de
força pode ser realizado isoladamente (ANDREWS; HARRELSON e WILK, 2000).
O uso da estimulação elétrica na região abdominal pode ser utilizado como
complemento do treinamento convencional, pois o reforço muscular realizado pela
estimulação evita um processo de desgaste biomecânico que pode incorrer em
prejuízos anátomo-funcionais, levando em consideração que os exercícios
abdominais comprometem os discos intervertebrais quando realizados de forma
inadequada (KAPANDJI, 2000). Somado a isso, os músculos abdominais são
importantes na manutenção de uma boa postura e de lordose lombar normal, sendo
possível o uso da estimulação elétrica como recurso terapêutico auxiliando no
tratamento e prevenção de patologias da coluna lombar que acometem grande parte
da população em geral (ESTADELLA; OLIVEIRA e CASTRO, 2004).
82
5.4 Sugestões Para Futuros Trabalhos
Visando a complementação do estudo realizado e sua ampliação, sugere-se
para futuros estudos:
(1) realizar a pesquisa com voluntárias de idade superior a deste estudo, ou com
voluntários com atrofia muscular, como: paraplégicos, hemiplégicos, renais
crônicos, para verificar o aumento da secção transversal do músculo, pois
segundo Brasileiro e Villar (2000) ocorre um maior aumento na musculatura,
quanto mais atrofiada a mesma estiver;
(2) realizar um estudo com pacientes com maior percentual de gordura, apesar de
Lucena (1990) relatar uma maior dificuldade na passagem da corrente, mas
segundo Guirro e Guirro (2004), quanto maior o número de células adiposas,
maior é a redução no tamanho das mesmas;
(3) realizar estudo associado com exames de sangue, pois é sugerido por
Radominski et al. (2000) que a ultrasonografia tem correlações significativas
com níveis de triglicerídeos. Dessa forma, a estimulação elétrica, que reduz
gordura intra abdominal, poderia reduzir triglicerídeos;
(4) realizar estudos com voluntários masculinos, para verificar se os mesmos
seguem a mesma tendência do grupo feminino estudado, uma vez que
Brasileiro e Villar (2000) relatam que as mulheres podem aumentar a força
muscular mais facilmente que os homens, porque têm normalmente menor
massa muscular e mais fraca também;
(5) para os resultados tornarem-se mais expressivos na região infra-umbilical e no
aumento da secção transversal do músculo, visando também diminuir o desvio
padrão, há necessidade de se ampliar o universo amostral e/ou pesquisar os
efeitos de outras combinações de valores dos parâmetros estimulatórios como,
por exemplo: alterar o tempo, o repouso ou o intervalo de estímulo e/ou a
modulação de freqüência;
(6) realizar acompanhamento de longo prazo após o término da pesquisa para
verificar a persistência da redução de gordura proporcionada pela estimulação
elétrica.
CAPÍTULO 6
6 CONCLUSÕES
O objetivo principal deste estudo experimental era avaliar quantitativamente,
em mulheres saudáveis, os efeitos da estimulação elétrica de média freqüência
sobre a secção transversal do músculo reto abdominal e uma conseqüente redução
de gordura.
Com a realização da pesquisa, foi possível inferir que:
1) o protocolo proposto de estimulação elétrica é aplicável à redução de
gordura;
2) a aplicação do protocolo proposto não produziu aumento da massa
muscular, ou seja, não aumentou a secção transversal do músculo reto
abdominal nas regiões avaliadas, conforme avaliação realizada por meio de
ultra-sonografia;
3) a estimulação elétrica de média freqüência, com os parâmetros
utilizados, promoveu uma redução significativa da gordura na região supra-
umbilical, segundo os resultados demonstrados pelas imagens ultra-sônicas;
4) nas regiões supra-ilíaca e abdominal ocorreu redução de gordura,
constatada por meio da plicometria;
5) com o emprego da cirtometria, constatou-se também redução da
medida da circunferência abaixo do abdômen;
6) a ultra-sonografia permite a medida da secção transversal do músculo
e da camada adiposa tendo em vista a resolução espacial (0,1 mm) dos
equipamentos disponíveis.
Por fim, considera-se que a estimulação elétrica de média freqüência mostra-
se um método promissor para redução da gordura abdominal, necessitando,
entretanto, de um maior número de estudos com avaliação de diferentes parâmetros
estimulatórios assim como outros métodos de avaliação, que mensurem, além das
medidas antropométricas, parâmetros metabólicos como colesterol e triglicerídeos.
84
REFERÊNCIAS
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ANDREWS, R.; HARRELSON, G. L.; WILK, K. E. Reabilitação física das lesões. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
ANỄZ, C. Antropometria na Ergonomia. Curitiba: Ergon jun., 2000.
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ARMELLINI, F. et al. The contribution of sonography to the measurement of intra-abdominal fat. Journal Clinical Ultrasound, v. 18, n. 7, p. 563-567, 1990.
ASTRAND, P. O.; RODAHL, K.. Tratado de Fisiologia do Exercício. 2. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.
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7
8
APÊNDICE 1- COMPARAÇÕES DE RESULTADOS ANTES DAS
APLICAÇÕES COM RESULTADOS DEPOIS DAS APLICAÇÕES
94
Para cada uma das variáveis do estudo, testou-se a hipótese nula de que os
resultados antes do tratamento são iguais aos resultados após o tratamento, versus
a hipótese alternativa de resultados diferentes.
Nas tabelas nominadas na sequência são apresentados resultados descritivos
das variáveis antes e depois das aplicações, as diferenças entre antes e depois das
aplicações e os percentuais de redução após as aplicações. A tabela 1 mostra esses
resultados para a variável tela subcutânea supra-umbilical, a tabela 2 os resultados
da variável tela subcutânea na região infra-umbilical. A tabela 3 mostra os resultados
do diâmetro muscular do reto abdominal na região supra-umbilical, com o músculo
sem contração e a tabela 4 os resultados do diâmetro do mesmo músculo na região
infra-umbilical sem contração, sempre os resultados expressos em milímetros.
Tabela 1 - Resultados descritivos da variável tela subcutânea na região supra-umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.
Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Tela SU antes 16 12,50 28,20 20,15 21,41 4,71
Tela SU depois 16 11,30 29,70 18,50 19,90 5,84
Tela SU (diferença antes - depois) 16 -4,70 4,70 1,60 1,51 2,20
Tela SU (redução %) 16 -18,80 29,38 8,50 8,08 11,27
O resultado do teste indicou a rejeição da hipótese nula no nível de
significância de 5% (p=0,0152).
Tabela 2 - Resultados descritivos da variável tela subcutânea na região infra-umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.
Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Tela IU antes 16 12,80 27,00 20,75 20,46 3,99
Tela IU depois 16 10,20 26,00 19,00 18,89 4,51
Tela IU (diferença antes - depois) 16 -5,00 7,30 2,05 1,58 3,33
Tela IU (redução %) 16 -35,71 41,71 10,72 7,00 18,31
O resultado do teste indicou a não rejeição da hipótese nula no nível de
significância de 5% (p=0,0782).
95
Tabela 3 - Resultados descritivos da variável diâmetro do músculo reto abdominal sem contração na região supra-umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.
Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Diâmetro SU sem contração antes 16 6,00 13,00 10,30 9,83 2,05
Diâmetro SU sem contração depois 16 6,30 12,20 10,25 9,83 1,69
Diâmetro SU sem contração (diferença antes - depois)
16 -1,80 2,50 0,00 0,00 0,96
Diâmetro SU sem contração (redução %) 16 -19,57 22,12 0,00 -1,13 9,54
O resultado do teste indicou a não rejeição da hipótese nula no nível de
significância de 5% (p=1).
Tabela 4 - Resultados descritivos da variável diâmetro do músculo reto abdominal sem contração na região infra-umbilical e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.
Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Diâmetro IU sem contração antes 16 7,50 13,80 10,00 10,06 2,00
Diâmetro IU sem contração depois 16 8,00 13,80 9,85 10,19 1,58
Diâmetro IU sem contração (diferença antes - depois)
16 -3,10 3,80 0,00 -0,13 1,45
Diâmetro IU sem contração (redução %)
16 -39,24 29,46 0,00 -3,06 14,72
O resultado do teste indicou a não rejeição da hipótese nula no nível de
significância de 5% (p=0,7225).
Nas tabelas seguintes são apresentados resultados descritivos das variáveis
antes e depois das aplicações, as diferenças entre antes e depois das aplicações e
os percentuais de redução após as aplicações. A tabela 5 mostra esses resultados
para a variável perimetria da cintura, a tabela 6 os resultados da perimetria
abdominal e a tabela 7 do perímetro infra-abdominal, esses resultados expressos em
centímetros.
96
Tabela 5 - Resultados descritivos da variável perímetro da cintura e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.
Variável n Mínimo
Máximo
Mediana
Média
Desvio padrão
Perímetro cintura antes 16 66,00 92,00 70,50 71,56 5,95
Perímetro cintura depois 16 67,00 89,00 70,50 71,24 5,28
Perímetro cintura (diferença antes - depois)
16 -5,00 3,00 0,25 0,33 2,17
Perímetro cintura (redução %) 16 -7,58 4,23 0,34 0,36 3,09
O resultado do teste indicou a não rejeição da hipótese nula no nível de
significância de 5% (p=0,5576).
Tabela 6 - Resultados descritivos da variável perímetro abdominal e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.
Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Perímetro abdominal antes 16 74,00 94,00 80,00 81,28 4,43
Perímetro abdominal depois 16 71,50 94,00 79,50 80,50 4,77
Perímetro abdominal (diferença antes - depois)
16 -2,50 4,00 1,00 0,78 1,78
Perímetro abdominal (redução %) 16 -3,07 4,82 1,20 0,96 2,21
O resultado do teste indicou a não rejeição da hipótese nula no nível de
significância de 5% (p=0,0994).
Tabela 7 - Resultados descritivos da variável perímetro infra-abdominal e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.
Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Perímetro infra antes 16 81,00 100,00 85,25 86,22 4,65
Perímetro infra depois 16 80,00 96,00 84,50 85,00 4,08
Perímetro infra (diferença antes - depois) 16 -1,00 4,50 1,00 1,22 1,57
Perímetro infra (redução %) 16 -1,23 5,33 1,16 1,37 1,78
O resultado do teste indicou a rejeição da hipótese nula no nível de
significância de 5% (p=0,0072).
Nas tabelas abaixo são apresentados resultados descritivos das variáveis
plicometria axilar média (tabela 8), plicometria supra-ilíaca (tabela 9) e plicometria
abdominal (tabela 10) antes e depois das aplicações, as diferenças entre antes e
97
depois das aplicações e os percentuais de redução após as aplicações, os
resultados são expressos em milímetros.
Tabela 8 - Resultados descritivos da variável plicometria axilar média e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.
Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Plicometria axilar média antes 12 8,20 32,00 10,60 12,85 6,61
Plicometria axilar média depois 12 8,00 31,00 10,40 12,59 6,37
Plicometria axilar média (diferença antes - depois)
12 -0,80 1,00 0,30 0,26 0,42
Plicometria axilar média (redução %) 12 -7,14 4,76 3,09 1,83 3,12
O resultado do teste indicou a rejeição da hipótese nula no nível de
significância de 5% (p=0,0570).
Tabela 9 - Resultados descritivos da variável plicometria supra-ilíaca e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.
Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Plicometria supra ilíaca média antes 12 8,20 29,00 13,75 15,57 5,77
Plicometria supra ilíaca média depois 12 7,30 25,50 13,00 14,55 5,45
Plicometria supra ilíaca média (diferença antes - depois)
12 -0,50 4,40 0,50 1,02 1,49
Plicometria supra ilíaca média (redução %)
12 -4,35 37,61 3,41 6,42 10,79
O resultado do teste indicou a rejeição da hipótese nula no nível de
significância de 5% (p=0,0376).
Tabela 10 - Resultados descritivos da variável plicometria abdominal e a diferença entre antes e depois das aplicações e o percentual de redução após as aplicações.
Variável n Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão
Plicometria abdominal média antes 12 15,50 37,00 20,10 22,84 7,08
Plicometria abdominal média depois 12 14,50 35,00 20,00 21,98 6,73
Plicometria abdominal média (diferença antes - depois)
12 -0,80 2,00 0,85 0,87 0,84
Plicometria abdominal média (redução %) 12 -4,17 10,86 4,27 3,74 3,69
O resultado do teste indicou a rejeição da hipótese nula no nível de
significância de 5% (p=0,0044).
98
APÊNDICE 2– TERMO DE CONSENTIMENTO
100
TERMO DE COMPROMISSO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu ......................................................................................................,
RG ......................................., abaixo qualificado, DECLARO para fins de participação
em pesquisa, na condição de pessoa em que será aplicada a pesquisa, que fui
devidamente esclarecido do Projeto de Pesquisa intitulado: Efeitos da Estimulação
de Média Freqüência na Redução da Gordura da Musculatura do Reto Abdominal,
desenvolvido pela fisioterapeuta Gilian Fernanda Dias, na qual pretende-se
comparar a quantidade de gordura existente na musculatura abdominal e o aumento
da secção transversal do músculo reto abdominal antes e depois do tratamento de
eletroestimulação de média freqüência.
A estimulação elétrica é gerada por um aparelho fisioterápico de
corrente de média freqüência, e aplicada por meio de gel não iônico de contato,
colocado sobre eletrodos de silicone e dispostos em pontos específicos da
musculatura abdominal. Os benefícios podem ser redução da gordura abdominal,
aumento da secção transversal do músculo reto abdominal, satisfação pessoal pela
redução de medidas, os mesmos benefícios podem ser alcançados através de
exercícios de fortalecimento muscular. Os riscos do tratamento são mínimos,
podendo ocorrer: dor muscular, fadiga muscular.
Haverá acompanhamento durante as sessões, e o paciente tem a
liberdade de a qualquer momento solicitar o afastamento da pesquisa, ou recusar-se
a participar do estudo sem prejuízo algum. As informações obtidas do paciente serão
usadas estritamente para a pesquisa e não serão divulgadas para outra finalidade. O
paciente tem assegurado o direito à privacidade e a confidencialidade dos dados da
pesquisa, tendo emprego estritamente científico e divulgado apenas à comunidade
científica.
DECLARO, outrossim, que após convenientemente esclarecido pelo
pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto voluntariamente
participar desta pesquisa.
Nome:
Data:
Local:
APÊNDICE 3 – AVALIAÇÃO
102
Avaliação :
Identificação do Paciente :
Nome
Idade: Data de nascimento :
Profissão: E-mail:
Endereço: Bairro: CEP:
Cidade: UF:
Telefone: Celular:
Comercial:
História Pregressa:
• Sistema Cardiovascular: Arritmia Cardíaca ( ) Trombose ( ) Hipertensão ( )
Hipotensão ( ) Marcapasso ( )
• Alergias: Produtos Tópicos :
Algum Cosmético :
História de Vida :
Tabagista ? ( ) Não ( ) Sim .Quantos cigarros por dia , e há quanto tempo ?
Pratica exercícios físicos ? ( ) Não ( ) Sim .Que tipo de exercício, com que
freqüência e há quanto tempo ?
Como é sua alimentação ?
Café da manhã :
Almoço:
Lanche:
Jantar:
( ) Vegetariana ( ) Dieta Balanceada ( ) Toma inibidor de apetite
( )Come gorduras e doces com moderação
( ) Come gorduras exageradamente
( ) Substitui as refeições por lanches rápidos
Percentual de Gordura:
Bíceps :
103
Tríceps :
Subescapular:
Axilar Média :
Supra Ilíaca:
Abdominal:
Coxa:
Panturrilha:
Perimetria:
Bíceps:
Busto:
Cintura:
Abdominal:
Barriga:
Quadril:
Coxa:
Coxa 7 cm:
Perna:
Peso:
Altura:
104
9
APÊNDICE 4 – APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA
106