Por que ler Paulo Coelho? (Marcus Deminco)

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NÃO precisa procurar muito pela internet para encontrarmos as mais variadas críticas ao prodigioso escritor Paulo Coelho. Mas, será que o autor mais lido no Brasil, um dos 10 escritores vivos mais lidos no mundo, com mais de 70 prêmios, traduzido em 76 línguas e lido em 160 países é mesmo um grande apedeuta como asseveram alguns desconhecidos eruditos rancorosos? Logo quando terminei meu primeiro livro, embevecido pelas letras e com intento de escrever ficção, resolvi estupidamente desnorteado estudar mais literatura. Enquanto os pseudos-letradosKafkanianos e Flaubertianos afirmavam que Paulo Coelho era apenas um néscio charlatão, eu forjava ser um elitista que nunca serei e lia Madame Bovary, o Processo e a Metamorfose. Contudo, eu queria mesmo era que eles me deixassem ler o mago. E assim, ao passo em que alguns promitentes escritores (que nunca foram senão promessas) emprestavam-me Dante, Shakespeare, Dostoyevsky, Balzac

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NÃO precisa procurar muito pela internet para encontrarmos as mais

variadas críticas ao prodigioso escritor Paulo Coelho. Mas, será que o autor

mais lido no Brasil, um dos 10 escritores vivos mais lidos no mundo, com

mais de 70 prêmios, traduzido em 76 línguas e lido em 160 países é mesmo

um grande apedeuta como asseveram alguns desconhecidos eruditos

rancorosos?

Logo quando terminei meu primeiro livro, embevecido pelas letras e com

intento de escrever ficção, resolvi – estupidamente desnorteado – estudar mais

literatura. Enquanto os “pseudos-letrados” Kafkanianos e Flaubertianos

afirmavam que Paulo Coelho era apenas um néscio charlatão, eu forjava ser

um elitista que nunca serei e lia Madame Bovary, o Processo e a

Metamorfose. Contudo, eu queria mesmo era que eles me deixassem ler o

mago.

E assim, ao passo em que alguns promitentes escritores (que nunca foram

senão promessas) emprestavam-me Dante, Shakespeare, Dostoyevsky, Balzac

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e Cervantes, eu começava a questionar minha cegueira “auto-alienante”: como

seria possível dos 100 títulos mais vendidos no Brasil na década de 90, 48

pertencerem aos autores nacionais sendo 20 deles apenas do burro mago?

Depois, quando os menos xenofóbicos disfarçados de eruditos patrióticos

diziam que literatura de verdade era Machado de Assis e Guimarães Rosa, eu

já não queria mais saber se foi Dom Casmurro ou Memórias Póstumas de

Brás Cubas que tornou Machado de Assis o especialista na literatura em

primeira pessoa, nem se a primeira “elipse” em Grande Sertão: Veredas, seria

ou não gramatical. Eu estava completamente apaixonado por Veronika decide

morrer.

De repente, comecei a enxergar adiante dos muros de limitação dos sábios

tolos que me rodeavam: quanto mais eu ficava aprisionado as regras, normas,

estilos e técnicas literárias menos eu conseguia escrever. Sabia o que era

quebra de paralelismo semântico, Eufemismo, Onomatopeia, Prosopopeia,

Perífrase, Epístrofe, Hipérbato, Pleonasmo De Reforço, Estilístico Ou

Semântico etc. Enfim! Quase todas essas besteiras que os idiotas versados

acham que são suficientes para ser genial.

No entanto, foi quando uma docente posada disse com jeito de troça que as

obras de Paulo Coelho eram escritas para jovens carentes depressivos que

acreditam em duendes e pensam em suicídio, que eu retruquei na mesma

hora: NÃO QUERO MAIS FAZER LITERATURA, QUERO FAZER

PAULO COELHO! Pois diferentemente de Virgínia Woolf, Paulo Coelho não

escreve só com os dedos, nem com a pessoa inteira; ele escreve com a alma

sem subserviência gramatical!

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Mas, sabem o que seria pior do que 1 (UM) fracassado autor iracundo

escrevendo um livro enredado apenas para externar sua incapacidade

contida? 2 (DOIS) autores frustrados com esse mesmo propósito. O estafeta

sem recado, DIOGO MAINARDI sem desfrutar da verve que nutri os grandes

autores, escreveu o monotemático livro, LULA É MINHA

ANTA (sua Magnum Opus); reunindo suas crônicas enfadonhas e repetitivas

sobre o homem que ele queria ser. E seguindo o mesmo caminho irregressível

da mediocridade, o ilustríssimo desconhecido, Janilto Andrade escreveu o

impopular Best-Seller POR QUE NÃO LER PAULO COELHO; onde ele

define o mago como um excitante vulgar procurando qualificar-se como arte

sofisticada. Inobstante como vociferou John Steinbeck:

“De todos os animais da criação, o homem é o único que bebe sem ter

sede, come sem ter fome e fala sem ter nada que dizer”.

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