POR TRÁS DO TRANSE

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POR TRÁS DO TRANSE BEHIND THE TRANCE Beatriz Mariza, Jennyfer Fiorilo, Luana Wouters, Nadine Campos e Vinícius Prado¹ Orientadora Professora Mestre Regina Golden Barbosa RESUMO Esse artigo tem como finalidade referenciar uma coleção composta por seis looks, unissex e com propósitos sustentáveis. As peças atendem a um público-alvo próprio, colhido a partir de pesquisas de campo previamente metodizadas e executadas. A versatilidade é característica marcante desse público e está atrelada à adaptabilidade das peças, ajustáveis às silhuetas masculina e feminina. O presente projeto aprofunda-se no elo sincrético entre jesuítas e indígenas, emergente da colonização brasileira, que culmina na formação do povo caboclo e suas crenças religiosas únicas. O culto ao Santo Daime, aqui aprofundado é, também, fruto dessa miscigenação. Todas essas religiões têm como característica comum a busca por um estado psíquico alterado, que serve de impulso para o desenvolvimento do conceito de criação Por Trás Do Transe. Palavras-Chave: Design de Moda, Cultura Brasileira, Caboclo, Santo Daime, Transe, Sustentabilidade, Unissex. ABSTRACT This article has the goal to reference a collection composed of six unisex looks with sustainable purposes. The pieces attend to their own target audience, gathered from previously arranged and attained researches. Versatility is a major feature of this audience and it’s coupled up with the adaptability of the pieces, adjustable to the male and female silhouettes. The present project deepens in the syncretic link between the Jesuits and the natives, emergent from the brazilian colonization, which culminates the formation of the Caboclo people and their unique religious beliefs. The cult to Saint Daime, here deepened is too a product of such miscegenation. All of those religions have as a common characteristic the search of an altered psychic state, that suits as an impulse toward the development of the concept of the creation Behind The Trance. Keywords: Fashion Design, Brazilian Culture, Caboclo, Santo Daime, Trance, Sustentability, Unisex. ¹ Alunos do quarto semestre do curso de graduação Design de Moda, da Universidade Anhembi Morumbi. Endereços eletrônicos: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected].

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Esse artigo tem como finalidade referenciar uma coleção composta por seis looks, unissex e com propósitos sustentáveis. As peças atendem a um público-alvo próprio, colhido a partir de pesquisas de campo previamente metodizadas e executadas. A versatilidade é característica marcante desse público e está atrelada à adaptabilidade das peças, ajustáveis às silhuetas masculina e feminina. O presente projeto aprofunda-se no elo sincrético entre jesuítas e indígenas, emergente da colonização brasileira, que culmina na formação do povo caboclo e suas crenças religiosas únicas. O culto ao Santo Daime, aqui aprofundado é, também, fruto dessa miscigenação. Todas essas religiões têm como característica comum a busca por um estado psíquico alterado, que serve de impulso para o desenvolvimento do conceito de criação Por Trás Do Transe.Obs.: O vídeo a que se refere a separata citada no Estudo de Formas pode ser contemplado ao clicar no link http://youtu.be/-RL8IHVs_zI.Obs2.: Me perdoem pela fonte exorbitante, no arquivo original é Arial (tentei repostar algumas vezes e não resolveu). Aconselho que faça o download para ler com maior exatidão.

Transcript of POR TRÁS DO TRANSE

POR TRÁS DO TRANSE

BEHIND THE TRANCE

Beatriz Mariza, Jennyfer Fiorilo, Luana Wouters, Nadine Campos e Vinícius Prado¹ Orientadora Professora Mestre Regina Golden Barbosa

RESUMO

Esse artigo tem como finalidade referenciar uma coleção composta por seis looks, unissex e com propósitos sustentáveis. As peças atendem a um público-alvo próprio, colhido a partir de pesquisas de campo previamente metodizadas e executadas. A versatilidade é característica marcante desse público e está atrelada à adaptabilidade das peças, ajustáveis às silhuetas masculina e feminina. O presente projeto aprofunda-se no elo sincrético entre jesuítas e indígenas, emergente da colonização brasileira, que culmina na formação do povo caboclo e suas crenças religiosas únicas. O culto ao Santo Daime, aqui aprofundado é, também, fruto dessa miscigenação. Todas essas religiões têm como característica comum a busca por um estado psíquico alterado, que serve de impulso para o desenvolvimento do conceito de criação Por Trás Do Transe.

Palavras-Chave: Design de Moda, Cultura Brasileira, Caboclo, Santo Daime, Transe, Sustentabilidade, Unissex.

ABSTRACT

This article has the goal to reference a collection composed of six unisex looks with sustainable purposes. The pieces attend to their own target audience, gathered from previously arranged and attained researches. Versatility is a major feature of this audience and it’s coupled up with the adaptability of the pieces, adjustable to the male and female silhouettes. The present project deepens in the syncretic link between the Jesuits and the natives, emergent from the brazilian colonization, which culminates the formation of the Caboclo people and their unique religious beliefs. The cult to Saint Daime, here deepened is too a product of such miscegenation. All of those religions have as a common characteristic the search of an altered psychic state, that suits as an impulse toward the development of the concept of the creation Behind The Trance.

Keywords: Fashion Design, Brazilian Culture, Caboclo, Santo Daime, Trance, Sustentability, Unisex.

¹ Alunos do quarto semestre do curso de graduação Design de Moda, da Universidade Anhembi Morumbi. Endereços eletrônicos: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected].

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Introdução

O ponto inicial para a elaboração deste projeto foi a abordagem do Design de

Moda e a Cultura Brasileira atrelados ao tema do artigo. Tomou-se como referência

principal, para adentrar à cultura brasileira, a obra O Povo Brasileiro, de Darcy

Ribeiro e, assim, situar o leitor aos propósitos do trabalho. A formação do povo

Caboclo, tal como a de suas religiões, tem a colonização brasileira como marco

zero. A incorporação do catolicismo às religiões indígenas culminou em uma ampla

riqueza ritualística em torno da natureza deificada, como o culto ao Santo Daime. O

artigo aborda a relação entre essas religiões, que apresentam uma busca por um

estado elevado que se conjuga além do corpóreo. Assim, o conceito de criação Por

Trás do Transe apresenta um paralelo atemporal que transcende o ponto de vista

religioso. A pesquisa tem a intenção de implicar inquietações, tornando o que seria

talhada como conclusão, apenas o estalo introdutório a uma perspectiva própria.

Com base no conceito de criação, desenvolvemos uma coleção unissex composta

por seis looks (com as respectivas fichas técnicas), um ensaio fotográfico e uma

edição gráfica em forma de livreto, que comporta os processos em torno no

desenvolvimento das peças.

1. Design de Moda e Cultura Brasileira

Uma das mais conhecidas definições de cultura foi articulada pelo antropólogo

britânico Edward Burnett Tylor, no século XIX. Segundo ele (apud Silva e Silva,

2006), a cultura é tudo que o homem emprega socialmente como habilidade, sendo

um modo de adaptação ao meio. Logo, cultura é um conjunto em que o homem

intersecciona-se entre realizações materiais e aspectos imateriais. Isso é observado

em tradições repetidas geracionalmente, que reúnem o homem em idealismos e

feitos. A figura 1 sintetiza essa descrição:

Figura 1: O Conjunto Cultura. (Fonte: os autores)

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Moreira [s.d.], ainda seguindo o pensamento de Tylor, afirma que para toda e

qualquer pesquisa de âmbito antropológico devemos analisar agentes primordiais

que compõe a cultura, como arte, moral, costumes, mitos, comidas, roupas, entre

outros. A moda é um espelho do cotidiano de onde está inscrita, assegura Moura

(2008). Por meio dessas afirmações, podemos convir que, a partir de uma

linguagem própria, a moda reflete e dissemina essas referências sociais. Portanto, a

moda comunica a carga cultural de um indivíduo, funcionando como forma de

compor e expressar o estilo de vida dentro de sua cultura.

Figura 2: Painel que retrata a Moda como representante de estilo de vida.

(Fontes: http://www.iplay.com.br/, http://upload.wikimedia.org,http://3.bp.blogspot.com/, http://cdn4.lbstatic.nu)

Ribeiro (1995) aponta que o povo brasileiro se diferencia do português a partir

de características provindas da imigração, que introduziu no Brasil, principalmente,

italianos, árabes e japoneses, de matrizes indígenas e africanas, da reunião de

paisagens humanas em condições ambientais diferentes e de diferentes formas de

produção. A fusão de matrizes raciais ímpares, com diferentes tradições culturais

agora entrelaçadas, deu origem a uma nação com um povo novo, em um novo

modelo estrutural societário.

A confluência de tantas e tão variadas matrizes formadoras poderia ter resultado numa sociedade multiétnica, dilacerada pela oposição de componentes diferenciados e imiscíveis. Ocorreu justamente o contrário, uma vez que, apesar de sobreviverem na fisionomia somática e no espírito dos brasileiros os signos de sua múltipla ancestralidade, não se diferenciaram em antagônicas minorias raciais, culturais ou regionais, vinculadas a lealdades étnicas próprias e disputantes de autonomia frente à nação. (RIBEIRO, 1995, p. 19)

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Figura 3: Obra “Operários”, de Tarsila do Amaral, que ilustra a diversidade do povo brasileiro. (Fonte: http://galeriadefotos.universia.com.br)

Dentro dessa nova identidade brasileira, considera Ribeiro (1995), emergem

novos grupos, como: os sertanejos, cultivadores de gados no nordeste; os caboclos,

da Amazônia e seus seringais; os crioulos, dos engenhos de açúcar no nordeste; os

caipiras, das minerações e plantações de café; os sulinos, do pastoreio, e

compostos por alemães, italianos, e seus descendentes; entre outras

miscigenações.

2. Caboclo

Dentre as classificações relatadas, a pesquisa será aprofundada no povo

caboclo. Foi no século XVII, segundo Rezende (2006) após terem notícias de

incursões inglesas e holandesas na região do rio Amazonas, que a Coroa

Portuguesa enviou um regimento para expulsá-los e posteriormente colonizar e

firmar-se em Belém. Desde o início da colonização houve intensos conflitos entre

colonos e indígenas, tendo como resultado a tomada das tribos e a escravização da

maioria. Ribeiro (1995) conta que aldeias inteiras eram escravizadas e quase todos

os que fugiam eram mortos no processo de busca.

Rezende (2006) articula que desde a fundação de Belém, as missões jesuítas,

carmelitas e franciscanas foram presentes, catequizando e aculturando a população

indígena. Vê-se a preferência dos nativos pelo caminho oferecido pelos

missionários, já que, mesmo tendo que seguir um modo de vida contrário ao que

viviam, sua segunda opção seria a de serem escravizados.

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Para os índios condenados a uma escravidão ainda mais dura em mãos dos colonizadores, o regime das missões, se não representava uma amenidade, era todavia, mais suportável. Permitia-lhes sobreviver, por vezes conservar certa vida familiar, quando suas mulheres não eram cobiçadas por algum português ou mestiço [...]. (RIBEIRO, 1995, p. 310)

Figura 4: A presença do índio, desentendido, na primeira missa de São Paulo de Piratininga.

(Fonte: http:// cdcc.usp.br)

Os caboclos herdaram dos índios a tradição tribal e a capacidade de

subsistência através do roçado de culturas tropicais, dentre outras adaptações

extremamente necessárias para a permanência na mata. “Nenhum colonizador

sobreviveria na mata amazônica sem esses índios que eram seus olhos, suas mãos

e seus pés.” (RIBEIRO, 1995, p. 313) O caboclo, esclarecem Brondizio e Siqueira

(1992), também descende dos nordestinos de origem africana, porém, essa

miscigenação ocorreu de maneira intensiva por volta do século XIX, quando foram

levados para trabalhar nas lavouras de algodão, arroz e cacau.

Deste modo, ao lado da vida tribal que fenecia em todo o vale, alçava-se uma sociedade nova de mestiços que constituiria uma variante cultural diferenciada da sociedade brasileira: a dos caboclos da Amazônia. (RIBEIRO, 1995, p. 314)

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Figuras 5, 6 e 7: O contato entre o caboclo e a floresta. (Fonte: http://montorilaraujo.blogspot.com.br e http://terranauas.blogspot.com.br)

Desta miscigenação étnica e cultural, apesar de impactante e impositiva quanto

às crenças católicas, surgem novos ramos religiosos, aponta Silva (2007), repletos

de concepções vindas do antepassado ameríndio. Esta fusão foi de extremo valor

para a formação do caboclo em sua cultura e sociedade.

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3. Religiosidade cabocla: O Culto do Santo Daime

3.1 Contextualização da Religiosidade Cabocla

As missões jesuíticas visavam converter os índios à fé católica dos

colonizadores, explica Gonçalves (1994). Mesmo com a insistência portuguesa, as

tradições e crenças religiosas dos índios não foram totalmente abandonadas. O

modo encontrado pelos nativos brasileiros de persistirem com o venerar a seus

deuses foi através de uma associação com os santos católicos. Assim, ao rezar para

um santo, suas preces eram, na verdade, enviadas a seu deus aborígene. Hoje,

observam-se algumas religiões ao longo do Brasil, de caráter popular, resultantes

dessa fusão associativa chamada “sincretismo religioso”.

Figuras 8 e 9: O sincretismo religioso fruto da fusão entre portugueses e indígenas.

(Fonte: http://tumblr.com e http://flickr.com)

É constatado, ainda segundo Gonçalves (1994), que o cenário indígena

original, isto é, antes das intervenções dos Jesuítas, tem seu ponto central ancorado

no culto à natureza deificada. O pajé e o feiticeiro (ou xamã) eram aqueles com

acesso ao mundo dos mortos e dos espíritos das florestas; eles exerciam papeis de

curandeiros, exorcistas e conjuradores. A ingestão de alimentos e bebidas

fermentadas, bem como a defumação, eram comuns durante os rituais. No

cerimonial do pajé usavam-se instrumentos mágicos e adornos revestidos com

penas de aves. No final da cerimônia, em algumas tribos se praticava a antropofagia

– com o âmbito sagrado de apossar-se da valentia e coragem do inimigo, come-se a

carne deste.

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O caboclo da Amazônia, em geral, é católico, porém, cheio de crenças trazidas

de seus ancestrais indígenas. Silva (2007) conta que a partir da reunião dessas

religiões que surgiram mitos e cultos diversos, como Panema, Pajelança, Umbanda,

Santo Daime (que será o assunto aprofundado adiante), entre outros. Essas crenças

utilizam de elementos materiais, como o fumo e o chá de ayahuasca, para atingir um

estado de transe.

3.2 O Culto ao Santo Daime

Silva (2007) relata que, Mestre Irineu, como é chamado, após a primeira

experiência com o chá de ayahuasca, diz ter visto uma mulher que teria uma missão

para ele. A mesma pediu para que Mestre Irineu passasse oito dias na mata

ingerindo o chá, pois então seria orientado. Assim, surgia o Santo Daime.

Mestre Irineu rebatizou o chá ayahuasca de daime, significando a invocação espiritual que deveria ser feito ao comungar a bebida, dai-me amor, dai-me luz. (GREGANICH apud Silva, p. 55, 2007)

Composta de hinos que declamam o evangelho e canções que evocam

elementos da natureza, nasce uma religião brasileira da Amazônia (A ORIGEM,

s.d.). Definida como uma doutrina cristã espírita, o Santo Daime tem como tradição

congregar elementos como a ingestão do chá sacramental da floresta amazônica e

orações, cantos, danças, meditações e incorporações.

O chá de ayahuasca, composto pelo cipó Banisteriopsis caapi (“Cipó-marini”) e a

folha Psychotria viridis (“Chacrona”), é tradicionalmente usado em vários países da

América Latina e, ainda, em pelo menos setenta tribos indígenas da Amazônia,

elucida Carneiro (2002). A utilização desse chá faz com que surjam alguns

movimentos religiosos, todavia este artigo analisará especificamente o Santo Daime.

Unindo a tradição indígena a sua formação católica e a influências da cultura africana, o seringueiro maranhense Raimundo Irineu Serra fundou o Santo Daime nos anos 30, a partir de visões que teve com a bebida. (NATIONAL, s.d.)

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Figuras 10 e 11: Ilustrações das duas plantas componentes do chá de Ayahuasca, Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis, respectivamente.

(Fontes: http://erowid.org e http://ecognose.blogspot.com.br)

O conjunto de princípios que compõem a religião daimista, recebidos

mediunicamente do Astral, é expressado por meio dos hinos cantados em seus

rituais (A DOUTRINA, s.d.).

Segundo Bittencourt, Duarte, Gianordoli e Urbim (2010), os rituais da religião são

denominados trabalhos e chegam a quinze tipos diferentes. Esses rituais acontecem

no salão das igrejas, localizados sempre na zona rural das cidades. Nos trabalhos,

os homens ficam separados das mulheres, formando um hexágono em volta de uma

mesa. O culto tem início às vinte e uma horas –orações marcam esse momento –,

após vinte minutos é consumido o chá de ayahuasca e então os hinos são entoados.

Na sala está presente o padrinho que comanda a cerimonia juntamente com seu

ajudante, que ampara os daimistas. Às vinte e três horas se dá o momento de

introspecção, onde a música cessa e as pessoas podem buscar cura e clareza –

nesse momento acontecem as alucinações. É retomada a entoação dos hinos e, por

fim, chega o momento do bailado. Os daimistas fazem passos simples e repetitivos,

simultaneamente cantam e dançam por horas, até que passe o efeito do chá.

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Figuras 12, 13 e 14: A Arte Visionária, de Pablo Amaringo sob efeito da Ayahuasca.

(Fontes: http://shamanism.wordpress.com)

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Observando as tradições do Santo Daime, nota-se que os frequentadores

buscam, no transe, explicações não encontradas em um estado psíquico normal. O

conceito de criação visa elucidar o nível alterado proporcionado pelo consumo do

chá de ayahuasca.

Painel Semântico

Abaixo, imagem do Painel Semântico que referencia o projeto:

Figura 15: Painel semântico.

(Fonte: os autores) 4. Por Trás do Transe

Meditação, rezas, entoação de mantras, ou mesmo ações ou sentimentos sem

elos religiosos, podem levar o homem a vibrar em uma frequência alterada. A

repetição, seja de pensamento e/ou ato – sagrado para quem o pratica –, gera a

partir de um conjunto de sensações ou forças uma entrega psíquica. Assim acontece

a mudança das vibrações de modo extremo, logo, a chegada a um estado de transe.

Esse transe pode ser comparado à hipnose, ao sonho lúcido, à regressão espiritual

e, por consequência, incorporado a cultos.

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A frequência com que as partículas vibram é percebida através dos sentidos –

sons, cores, toques, gostos – e transmitem sensações diferentes conforme o grau de

vibração. A alteração de uma frequência (invisível) rege o estado físico (visível e

palpável). O transe é atingido em extremos níveis de vibração.

A partir dos elementos fornecidos pelo estudo sobre o transe, compomos a

prosa poética apresentada a seguir, com a formatação deslocada do restante do

artigo. Optamos por um texto na primeira pessoa, que descreve, com base em

depoimentos, as sensações e as frequências no momento de transe.

Eu, procurando por resposta que não encontraria facilmente, achei maneiras de conectar-me a níveis desconhecidos. Como em uma montanha-russa, deparei-me com a sensação de tropeçar na morte ou retornar ao útero de minha mãe – não havia como distinguir. O som estridente era capaz de quebrar tudo o que eu era ou conhecia e, enfim, cheguei. O calor entornou o meu ser e senti ouro em minha alma, junto com forte presença em meu peito. Logo em seguida pensei ter morrido. Tirei o véu que cobria a visão e me vi onde tudo começou, onde tudo era novamente um. O tempo é linear e torna-se insignificante nesse estado. Nessa outra frequência, tudo – eu – se desintegra, e na última camada encontram-se todas as moléculas e substâncias desconhecidas ao ser. Eu me descobri na prisão inconsequente da vida, e não sabia se o que me prendia era cada partícula vibrante ou o impulso que faz vibrar. A sensação era como cair de grande altura, mas não me chocar com nada, só pousar em tudo. A essência humana me conecta a níveis desconhecidos e aceito o convite: afundo-me em mim mesmo. A morte não me chamou, mas a segui porque sou parte dela assim como sou parte da vida – as duas acontecem ao nosso ser. Eu estava, então, em uma realidade dimensional que era nem cá nem lá: só era, e eu também sou. Seria o tempo um regente? Porque sou parte de um coral em que o cantar ouço permeando a pele. Não pela pele, mas através da pele. De repente, a música vibra como fina camada dentro de mim e confunde-se comigo. Encaro o que está dentro do esqueleto por baixo do sangue. Lá não vejo – apenas percebo – e sinto oscilarem ondas em frequências etéreas e contínuas.

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5. Os Consumidores de Ideias: um público crescente

O público-alvo deste projeto é formado por pessoas independentes

financeiramente, que moram com o(a) parceiro(a). Eles buscam por uma

alimentação balanceada no dia a dia, apesar de declararem não se alimentar tão

bem quanto deveriam, caso da entrevistada Gabriela Soutello. Frequentam parques

arborizados com os amigos ou sozinhos, o entrevistado Felipe Azevêdo afirma andar

de bicicleta pelo Parque Ibirapuera. Cinemas e restaurantes estão na lista de

“opções de lazer” desse público. Durante a noite, vão com os amigos para barzinhos

nas imediações da Avenida Paulista: “Consolação, Bela Cintra e Augusta”, segundo

Felipe. Os entrevistados Felipe Azevêdo e Gabriela Soutello procuram ocupar as

horas de lazer também com shows que acontecem gratuitamente, ou de baixo custo,

pela cidade de São Paulo. Além de ter como companhia os amigos, a família é

igualmente prioridade para eles.

Três características são fundamentais ao adquirir um artigo em moda: conforto,

versatilidade e durabilidade. Felipe Azevêdo declara que quando vai comprar

roupas, vai focado no que quer; e apesar de não se importar com marcas não

costuma comprar roupas no Torra Torra. Gabriela, ainda, indigna-se com os altos

preços cobrados por algumas roupas: “acho um absurdo pagar supercaro em uma

roupa básica que tem marca” e completa “dá pra ser feliz gastando pouco”. A

entrevistada Vanessa Pereira reforça sobre a constatação do fator “durabilidade”

como primordial: “escolho sempre pela qualidade, procuro ver se gosto da roupa e

ver se tem tecido bom que durará bastante tempo”. O objetivo é, segundo Felipe,

“uma roupa que não seja assim tão cara, mas que não se acabe na primeira

lavagem” e que “agrade visualmente”, completa Gabriela. Em uma média mensal,

não gastam mais de quatrocentos e cinquenta reais com roupas. Para eles a opinião

de amigos e/ou familiares é importante no ato da compra de roupas, tal como ter

acesso às informações sobre os produtos consumidos. Felipe constata que “a

vestimenta pode vir a caracterizar um grupo, como ela pode também ser a

característica” e Gabriela declara: “busco sempre uma roupa que mostre o que eu

sou”.

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Mobilizam-se com questões socioambientais. Felipe declara que apesar de não

frequentar manifestações, se preocupa com o que acontece a seu redor e diz:

Eu tento sempre estar atento no que está acontecendo pela cidade, como abaixo assinados (...), entrar em grupos de discussões e coisas assim. Não ficar nesse ativismo virtual que a maioria das pessoas fica hoje em dia – é até um pouco chato, diga-se de passagem. (Entrevista com Felipe de Azevêdo)

Figuras 16 e 17: os entrevistados Felipe Azevêdo e Gabriela Soutello.

(Fonte: os autores)

Este projeto comporta um público-alvo informado quanto à sustentabilidade,

buscando práticas ambiental e socialmente sustentáveis no cotidiano – como

procurar no rótulo dos produtos que consomem por indicadores de preocupações

com o meio ambiente. Em algum momento da semana, mesmo com veículo próprio,

trocam o transporte particular por público; “ando de ônibus durante a semana, mas

tenho carro”, relata Vanessa. Felipe ainda declara que tem como passatempo andar

pela cidade, segundo ele andar “não é uma coisa sistemática (...) e de repente,

quando eu vejo, já andei cinco quilômetros” e Gabriela completa “o ideal seria as

pessoas sentirem a cidade, e elas só sentem andando”. Assim, sabemos que o

público-alvo do presente projeto gosta de apreciar o cenário urbano.

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Figura 18: Painel que reúne imagens do Público-Alvo do projeto.

(Fontes: os autores e os sites http://soshopaholic.com.br, http://allaboutt. wordpress.com, http:// classicacompimenta.com.br, http://manequim.abril.com.br e http://numinapersonalshopper.com)

O público-alvo encontrado está em ascensão no Brasil. Segundo Ventura

(2010), nos próximos vinte anos, “as empresas irão se defrontar com mudanças no

perfil de consumo de seus potenciais clientes” (p. 01). Essas mudanças são fruto de

um consumo saudável, que valoriza a qualidade de vida; de um consumo

responsável, já que o consumidor está cada vez mais conscientizado quanto a

acontecimentos sociais e ambientais – Ventura (2010) destaca que “um terço dos

consumidores considera a responsabilidade socioambiental das empresas na hora

de escolher de quem vai comprar.” (p. 03); entre outras constatações.

Não é necessário esperarmos vinte anos para saber que hoje, segundo Gomes

(2009), o consumidor que busca por produtos orgânicos está mais exigente e atento

aos rótulos. O consumo desses aumenta 30% a cada ano, constata Ventura (2010).

O consumidor será cada vez mais participativo, relata Ventura (2010), já que

“desejará obter cada vez mais informações sobre os produtos oferecidos” (p. 03).

Uma das premissas fundamentais do moderno campo do comportamento do consumidor é de que as pessoas frequentemente compram produtos não pelo que eles fazem, e sim, pelo que significam. (SOLOMON apud GOMES, 2009, p. 06)

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Segundo matéria do Portal HSM (2011), é possível ainda afirmar que o

consumidor se preocupa hoje em dia com questões ambientais, como madeira

certificada e embalagens recicláveis, por exemplo. Outro fato é que o brasileiro

passou a fazer mais pelo meio ambiente, como economizar água e investir em

opções alternativas de energia. Mais um ponto que contribui para aumentar o

interesse do consumidor, de acordo com o Portal HSM (2011), são os projetos de

conscientização realizados pelas empresas “Na Tetra Pak, por exemplo, chegamos

a 5 bilhões de embalagens com certificação CFC, além dos programas de

reciclagem” e a percepção dos clientes dessas empresas para tal.

6. Elementos Formais Projetuais

A partir do conceito Por Trás do Transe optamos por peças fabricadas em

tecidos orgânicos, sobras de peças confeccionadas pela fábrica Ranuccy, localizada

na região de Interlagos, e com detalhes pensados a partir de resíduos têxteis

conseguidos na região do Bom Retiro.

Um dos maiores diferenciais trazidos à tona pelo projeto foi o modo de pensar

um público-alvo unissex. Cinco características cardeais, da escolha de tecidos e

aviamentos à modelagem, regem por completo a presença desse público na

coleção: conforto, versatilidade, organicidade, durabilidade e simplicidade. Os

elementos formais projetuais justificam a confecção de seis looks, com três

confeccionados.

6.1 Estudo de Formas

A separata A comporta uma materialização do conceito de criação traduzida em

estudo de formas através de vídeo, que propõe um modo subjetivo de observar o

transe. Os círculos coloridos iniciados no centro da tela crescem gradativamente

enquanto sobrepõem-se uns aos outros, com as oscilações de uma cor chocando-se

a outra. A proposta dentro disso é que a música influencie o crescimento e mudança

de cor – e que sejam estimuladas as percepções através de ondas visuais e

audíveis concomitantemente. Assim são atreladas as vibrações emanadas por

ambas, formando frequências de ondas diferentes e estimulando a ideia de um

transe ao espectador que tenta concentrar-se no vídeo.

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Figuras 19, 20 e 21: Capturas de tela do vídeo. (Fonte: os autores)

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Ao notar as repetições ao longo do vídeo, o espectador tende a não conseguir

focar em apenas um fator (cor, som, movimento, tamanho, sobreposição). Isso

ocorre de modo inconsciente, já que os fatores citados são dependentes uns dos

outros, um provoca e instiga o outro. O movimento repetitivo fica inserido no

inconsciente de quem assiste. Assim, ao findar do vídeo, será vista a “mandala” que

surge girando, mesmo que, na realidade, se encontra estagnada.

Figura 22: Mandala que fecha o vídeo, com a sequência de cores dos Chakras. (Fonte: http://artofwarstudios.deviantart.com)

As percepções sobre o vídeo são próprias e únicas, já que a ideia de transe é

individual, subjetiva. Portanto, é vivenciada uma experiência em que as diferentes

vibrações regem o estado físico; o plano impalpável sobrepõe-se ao palpável.

Este estudo de formas foi desenvolvido a partir da sensação transmitida através

de vibrações, em que destaca-se a repetição, o movimento ascendente e as formas

onduladas.

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6.2 Cartela de Materiais

A cartela de materiais foi desenvolvida a partir da preferência do público-alvo por

fibras naturais. Assim, os tecidos predominantes nas peças são compostos

totalmente por algodão e os detalhes são feitos a partir de resíduos têxteis. O tecido

de maior gramatura foi destinado à confecção das bermudas e calças, enquanto os

tecidos mais leves e fluídos foram usados na produção das túnicas e batas. Os

retalhos, compostos em sua maioria por poliéster, foram artesanalmente

manipulados para constituir os botões e a superfície têxtil. A aplicação dos resíduos

foi, além de destinada aos detalhes, utilizada para a constituição inteira da superfície

do colete. Tais detalhes conversam com o conceito de criação ao provocarem

sensações visuais que remetam às ondas vibratórias.

Figuras 23 e 24: Amostra dos detalhes feitos a partir de resíduos têxteis.

(Fonte: os autores)

6.3 Cartela de Cores

A escolha da cartela de cores da coleção foi feita a partir da observação do

painel semântico. Nele, prevalecem, na mesma medida, tons de azuis e roxos e, em

menor predominância, amarelos e laranjas – portanto, usados em detalhes. Assim,

optamos por tingir algumas peças com as seguintes cores:

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Figura 25: Cartela de cores e seus respectivos códigos colhidos da Pantone Têxtil. (Fonte: os autores)

A transparência, presente no tecido de menor gramatura, é um modo de

representar o invisível através de sensações, como abordadas no conceito de

criação.

6.4 Estudo de Silhuetas

Propomos a possibilidade de ajustes nas peças, para que compreendam ambos

os sexos, visando um produto que oferece maior durabilidade. Os desenhos a seguir

retratam a adaptabilidade em diferentes gêneros:

Figura 26: Estudo de silhuetas e adaptações necessárias nas peças.

(Fonte: os autores)

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Quando, em algumas peças, são abertos os pregueados, expõem-se os

detalhes compostos de resíduos têxteis e a silhueta da peça se adapta. Isso remete

ao conceito de criação, já que, metaforicamente, deixa visto algo que é, em primeiro

momento, oculto. Segundo o conceito, a própria busca pelo transe rege uma

percepção escondida e intangível.

6.5 Croquis Definitivos

- 22 -

- 23 -

- 24 -

Figuras 27, 28, 29 e 30: Croquis da coleção. (Fonte: os autores)

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7. Coleção com Indicação de Ação Sustentável

A proposta social que rodeia o projeto pode ser objetivada em conjunto ao

projeto Mãos que Tecem. Trata-se de um meio para geração de rendas e é uma

iniciativa da SOBEI (Sociedade Beneficente Equilíbrio de Interlagos). A iniciativa

consiste em ensinar à comunidade da região técnicas artesanais empregadas ao

setor têxtil: crochê, tricô, tear, patchwork, etc. Um diferencial é que a entidade abre

espaço para que pessoas de fora ensinem suas próprias técnicas. As aulas

acontecem às terças e quintas-feiras e duram o dia todo. O curso é grátis e os

materiais são fornecidos pela própria instituição, sabendo que os produtos

fabricados serão vendidos e revertidos em novos materiais. Por tratar-se de uma

ONG (Organização Não Governamental), precisamos fazer a captação remunerada

dos alunos e agregar maior produtividade à confecção dos detalhes do projeto Por

Trás do Transe.

Figuras 31 e 32: Algumas peças feitas com resíduos têxteis pelos integrantes do projeto Mãos que

Tecem da SOBEI. (Fonte: http://www.sobei.org.br)

- 26 -

Conclusão

A moda tem a capacidade de integrar culturalmente um indivíduo, expressando

pontos de vista com uma forma própria de linguagem. O processo para o

desenvolvimento de uma coleção em moda permite que, em busca de referências,

visitemos diferentes áreas. Dessa forma, o artigo é o meio com o qual transmitimos a

vivência e os questionamentos difundidos ao longo da pesquisa. Portanto, cada vez

mais, potencializamos nossa capacidade de filtragem de informações realmente

indispensáveis para o melhor entendimento por parte do leitor.

Conforme demonstrado ao longo do projeto, é possível fazer uma coleção

versátil sem rotular o corpo ao qual as peças são destinadas. Para atingir o público-

alvo específico, foi priorizada a ideia por trás da roupa, e não o gênero que a

vestiria. Essa característica dá ainda mais ênfase ao propósito sustentável que

rodeia o projeto, já que reduz as possibilidades de desperdício.

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- 28 -

Figura 2 –

http://midia.iplay.com.br/Imagens/Fotos/007731.jpg,

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f7/RussianRainbowGathering_4Aug2005.jpg/400px-RussianRainbowGathering_4Aug2005.jpg,

http://cdn4.lbstatic.nu/files/looks/medium/2012/11/23/2667568_image.jpg?1353709715,

http://3.bp.blogspot.com/-hGkY0dKhbBk/T-IB2sEeClI/AAAAAAAAAJE/bdH6DO9c_s0/s320/untitled.bmp

Figura 3 – http://galeriadefotos.universia.com.br/uploads/2012_05_21_23_54_570.jpg

Figura 4 – http:// cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_23/sampa.html

Figuras 5, 6 e 7 –

http://montorilaraujo.blogspot.com.br/2011/07/o-caboclo-governador-janary-gentil.html

http://terranauas.blogspot.com.br/2012/08/caboclo-do-pe-rachado.html

Figuras 8 e 9 –

http://r-e-z-a-v-e-l-a.tumblr.com/post/25067377568/hoje-13-de-junho-de-2012-foram-realizados-os

http://flickr.com/photos/carlessolis/1434583774/in/faves-sensaos

Figuras 10 e 11 –

http:// erowid.org/plants/banisteriopsis/images/archive/banisteriopsis_caapi2.jpg

http://ecognose.blogspot.com.br/2012/04/etnobotanica-da-ayahuasca-indigena.html

Figuras 12, 13 e 14 –

http://shamanism.files.wordpress.com/2012/12/atun_supay_lancha-1.jpg,

http://shamanism.files.wordpress.com/2012/12/pagoda_dorada-rgb-correct.jpg,

http://shamanism.files.wordpress.com/2012/12/pagoda_dorada-rgb-correct.jpg

Figura 18 –

http://soshopaholic.com.br/wp-content/uploads/2013/04/IMG_6856-2.jpg,

http://allaboutt.files.wordpress.com/2008/09/14.jpg?w=584,

http:// classicacompimenta.com.br/wp-content/uploads/2012/11/POST-L1.png,

http://manequim.abril.com.br/blogs/com-que-roupa/files/2011/12/CONFORTOok.jpg

http://numinapersonalshopper.com/blog/wp-content/uploads/2012/05/boho2.png

Figura 22 –

http://artofwarstudios.deviantart.com/art/Fibonacci-and-Chakra-test-326896279

Figuras 31 e 32 –

http://www.sobei.org.br/userfiles/image/projetomaosquetecem/C%C3%B3pia%20de%20Foto.jpg,

http://www.sobei.org.br/userfiles/image/projetomaosquetecem/Foto1-2.jpg