Porque a Diretividade Mínima em Processos de Ensino Não ... · Polson, & Atwood, 1981; Sweller &...

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1 EDUCATIONAL PSYCHOLOGIST, 41(2), 75–86 Copyright © 2006, Lawrence Erlbaum Associates, Inc. Tradução: Eurico Sadao Kusaka, 2008 Revisão: Wagner G. A. Destro, 2015 Porque a Diretividade Mínima em Processos de Ensino Não Funciona: Uma Análise do Fracasso do Ensino Construtivista Baseado em Descoberta, Problemas, Experiência e Investigação Paul A. Kirschner Educational Technology Expertise Center Open University of the Netherlands Research Centre Learning in Interaction Utrecht University, The Netherlands John Sweller School of Education University of New South Wales Richard E. Clark Rossier School of Education University of Southern California

Transcript of Porque a Diretividade Mínima em Processos de Ensino Não ... · Polson, & Atwood, 1981; Sweller &...

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EDUCATIONAL PSYCHOLOGIST, 41(2), 75–86

Copyright © 2006, Lawrence Erlbaum Associates, Inc.

Tradução: Eurico Sadao Kusaka, 2008

Revisão: Wagner G. A. Destro, 2015

Porque a Diretividade Mínima em Processos de

Ensino Não Funciona: Uma Análise do Fracasso do

Ensino Construtivista Baseado em Descoberta,

Problemas, Experiência e Investigação

Paul A. Kirschner

Educational Technology Expertise Center

Open University of the Netherlands

Research Centre Learning in Interaction

Utrecht University, The Netherlands

John Sweller

School of Education

University of New South Wales

Richard E. Clark

Rossier School of Education

University of Southern California

2

A evidência para a superioridade do ensino diretivo é fornecida no

contexto de nosso conhecimento da arquitetura cognitiva humana, das

diferenças entre alunos experientes e novatos, e da carga cognitiva.

Embora as abordagens instrucionais não diretivas ou pouco diretivas

sejam muito populares e intuitivamente chamativas, existe a crença de

que essas abordagens ignoram tanto as estruturas que constituem a

arquitetura cognitiva humana quanto as evidências de estudos

empíricos realizados ao longo da última metade do século 20, que

indicam, consistentemente, que o ensino não diretivo é uma abordagem

menos eficaz e menos eficiente do que as abordagens instrucionais que

colocam forte ênfase na orientação do processo de aprendizagem do

aluno. A vantagem da diretividade começa a diminuir apenas quando os

aprendizes têm conhecimento prévio suficientemente grande para

prover uma orientação “interna”. Desenvolvimentos recentes em

pesquisa instrucional e modelos de desenho instrucional que dão

suporte à orientação durante o ensino são descritos resumidamente.

Discussões sobre o impacto da

diretividade instrucional durante o

ensino vêm acontecendo desde, pelo

menos, a última metade do século

passado (Craig, 1956; Ausubel,

1964; Shulman & Keisler, 1966;

Mayer, 2004). De um lado estão

aqueles que defendem a hipótese de

que as pessoas aprendem melhor

em um ambiente não diretivo ou

pouco diretivo, que, geralmente, é

definido como aquele em que os

alunos, em vez de serem

apresentados às informações

essenciais, devem descobrir ou

construir as informações essenciais

por si próprios (ex.: Bruner, 1961;

Papert, 1980; Steffe & Gale, 1995).

Do outro lado estão aqueles

que sugerem que os aprendizes

novatos (N.R.: alunos dos primeiros

anos de um curso) devem receber

orientação instrucional direta nos

conceitos e procedimentos

requeridos por uma disciplina em

particular, e não devem ser

abandonados para que descubram

esses procedimentos por si próprios

(ex.: Cronbach & Snow, 1977; Klahr

& Nigam, 2004; Mayer, 2004;

Shulman & Keisler, 1966; Sweller,

2003). A orientação instrucional

direta é definida como o

fornecimento de informações que

expliquem totalmente os conceitos e

procedimentos que se exige que os

alunos aprendam, bem como o apoio

às estratégias de aprendizagem que

são compatíveis com a arquitetura

cognitiva humana. A aprendizagem,

por sua vez, é definida como uma

mudança na memória de longo

prazo.

A abordagem não diretiva tem

3

sido chamada de vários nomes,

incluindo: (1) aprendizagem por

descoberta (Bruner, 1961; Anthony,

1973); (2) aprendizagem baseada

em problemas (Barrows & Tamblyn,

1980; Schmidt, 1983); (3)

aprendizagem com base em

investigação (inquiry learning)

(Papert, 1980; Rutherford, 1964);

(4) aprendizagem pela experiência

(Boud, Keogh, & Walker, 1985; Kolb

& Fry, 1975) e, (5) aprendizagem

construtivista (Jonassen, 1991;

Steffe & Gale, 1995). Exemplos de

aplicações dessas abordagens com

nomes diferentes, mas

pedagogicamente equivalentes,

incluem o ensino de ciências no qual

os alunos são colocados em

contextos de aprendizagem e devem

descobrir os princípios fundamentais

e bem conhecidos da ciência por

meio da modelagem das atividades

investigativas de pesquisadores

profissionais (Van Joolingen, de

Jong, Lazonder, Savelsbergh, &

Manlove, in press). De forma

semelhante, alunos de medicina em

cursos que adotam o ensino com

base em problemas (PBL) devem

descobrir soluções médicas para

problemas comuns dos pacientes

usando técnicas de solução de

problemas (Schmidt, 1998, 2000).

Parece haver dois

pressupostos principais em que se

baseiam os programas instrucionais

não diretivos. Primeiro, eles

desafiam os alunos a solucionar

problemas “autênticos” ou a

adquirir conhecimentos complexos

em ambientes ricos em informação

com base no pressuposto de que

fazer com que os aprendizes

construam suas próprias soluções

leva a uma experiência de

aprendizagem mais efetiva.

Segundo, eles parecem supor que o

melhor meio de adquirir

conhecimento é por meio da

experiência baseada nos

procedimentos da disciplina (isto é,

vendo o conteúdo pedagógico da

experiência de aprendizagem como

sendo idêntico aos métodos e

processos ou epistemologia da

disciplina que está sendo estudada;

Kirschner, 1992). A não

diretividade (ou pouca diretividade)

é fornecida na forma de processo –

ou informações importantes para a

tarefa que ficam disponíveis se os

aprendizes escolherem usá-las. Os

defensores desta abordagem

lembram que a diretividade, que

faz parte ou vem embutida nas

estratégias de aprendizagem,

interfere com os processos naturais

pelos quais os aprendizes buscam

as suas experiências e

aprendizagens anteriores, que são

únicas, para construir

conhecimento novo e localizado

que permitirá atingir seus

objetivos.

4

Segundo Wickens (1992; in

Bernstein, Penner, Clarke-Stewart,

Roy & Wickens, 2003), por

exemplo,

muita diretividade pode produzir

desempenho muito bom durante a prática,

mas diretividade demais pode prejudicar o

desempenho posterior. Instruir os alunos

sobre as respostas corretas em

matemática, por exemplo, pode prejudicar

sua habilidade posterior em buscar

respostas corretas na memória, por conta

própria (p.221)

Esse argumento

construtivista tem atraído um

número significativo de seguidores.

O objetivo deste artigo é

sugerir que, com base em nosso

conhecimento atual da arquitetura

cognitiva humana, o ensino pouco

diretivo é, provavelmente, ineficaz.

O último meio século de pesquisa

empírica nessa área tem fornecido

evidências devastadoras e

inequívocas de que a não

diretividade durante o ensino é

significativamente menos eficaz e

eficiente do que a orientação

especificamente planejada para

apoiar o processamento cognitivo

necessário à aprendizagem.

AS CONSEQUÊNCIAS DA

ARQUITETURA COGNITIVA

HUMANA PARA A NÃO

DIRETIVIDADE DURANTE O

ENSINO

É provável que qualquer

procedimento instrucional que

ignore a arquitetura cognitiva

humana não seja efetivo. O ensino

não diretivo parece evoluir sem

considerar as características da

memória de trabalho, da memória

de longo prazo ou das intrincadas

relações entre elas. O resultado é

uma série de recomendações que a

maioria dos educadores acha quase

impossível implementar – e muitos

educadores experientes estão

receosos de implementar – porque

elas requerem que os aprendizes

se envolvam em atividades

cognitivas que são altamente

improváveis de resultar em

aprendizagem efetiva. Como

consequência, os professores mais

efetivos podem ignorar as

recomendações ou, no máximo,

concordar da boca para fora com

elas (ex., Aulls, 2002).

Nesta seção vamos discutir

algumas das características da

arquitetura cognitiva humana e as

suas implicações instrucionais.

O termo “arquitetura

cognitiva humana” refere-se à

maneira pela qual nossas

estruturas cognitivas estão

organizadas. A maioria dos

pesquisadores que trabalha com a

arquitetura cognitiva humana usa o

modelo de memória sensorial de

Atkinson e Shiffrin (1968) como

5

base. A memória sensorial não é

relevante para a presente

discussão e, portanto, não mais

será considerada. As relações entre

as memórias de trabalho e de

longo prazo, em conjunto com os

processos cognitivos que

sustentam a aprendizagem, têm

uma importância crítica para a

nossa discussão.

Nossa compreensão do papel

da memória de longo prazo na

cognição humana foi ampliada

dramaticamente nas últimas

décadas. Ela não mais é vista como

um repositório passivo de

fragmentos de informação distintos

e isolados que nos permite repetir o

que aprendemos. Nem é vista

apenas como um componente da

arquitetura cognitiva humana que

tem influência somente periférica

em processos cognitivos complexos,

tais como pensar e resolver

problemas. Em vez disso, a

memória de longo prazo agora é

vista como a estrutura central e

dominante da cognição humana.

Tudo o que vemos, ouvimos e

pensamos depende e é influenciado,

fundamentalmente, pela nossa

memória de longo prazo.

O trabalho de De Groot (1965)

sobre a expertise no jogo de xadrez,

seguido pelo de Chase e Simon

(1973), serviram como principais

influências para a nova conceituação

do papel da memória de longo

prazo. A descoberta de que

jogadores de xadrez experientes são

mais capazes que os jogadores

novatos de reproduzir configurações

do tabuleiro vistas rapidamente,

com base em jogos reais, mas que

não diferem ao se reproduzir

configurações aleatórias de

tabuleiros, foram replicadas em

muitas outras áreas (ex., Egan &

Schwartz, 1979; Jeffries, Turner,

Polson, & Atwood, 1981; Sweller &

Cooper, 1985). Esses resultados

sugerem que solucionadores

experientes de problemas devem

sua habilidade ao fato de tirar

proveito da extensa experiência

guardada em suas memórias de

longo prazo e ao fato de selecionar e

aplicar rapidamente os melhores

procedimentos para solucionar

problemas.

O fato de poder usar essas

diferenças para explicar a habilidade

de solução de problemas enfatiza a

importância da memória de longo

prazo para a cognição. Temos

muitas habilidades em determinada

área porque nossa memória de

longo prazo contém grandes

quantidades de informação

referentes a essa área. Essa

informação nos permite reconhecer

rapidamente as características de

uma situação e nos indica, muitas

vezes de modo inconsciente, o que

6

fazer e quando fazer. Sem nosso

grande estoque de informação na

memória de longo prazo, seríamos

incapazes de muitas coisas, desde

atos simples como atravessar a rua

(a informação na memória de longo

prazo nos diz como evitar o tráfico

em alta velocidade, uma habilidade

que outros animais são incapazes de

guardar em suas memórias de longo

prazo) até atividades complexas

como jogar xadrez ou resolver

problemas matemáticos. Assim,

nossa memória de longo prazo

incorpora uma base massiva de

conhecimentos que é fundamental

para todas as atividades baseadas

na cognição.

Quais são as consequências

instrucionais da memória de longo

prazo?

Em um primeiro, e mais

básico, momento, a arquitetura da

memória de longo prazo fornece a

principal justificativa para o ensino.

A intenção de todo processo de

ensino é alterar a memória de

longo prazo. Se nada mudou na

memória de longo prazo, nada foi

aprendido. Qualquer recomendação

didática que não especifique ou não

consiga especificar o que mudou na

memória de longo prazo, ou que

não aumenta a eficiência com que

informações relevantes são

armazenadas na (ou recuperadas

da) memória de longo prazo, tem

grande chance de não ser efetiva.

Características e Funções da

Memória de Trabalho

A memória de trabalho é a

estrutura cognitiva na qual o

processamento consciente ocorre.

Estamos conscientes apenas da

informação que está sendo

processada neste momento na

memória de trabalho e somos mais

ou menos inconscientes da

quantidade bem maior de

informação estocada na memória de

longo prazo.

A memória de trabalho tem

duas características bem

conhecidas: quando está

processando novas informações, ela

é bastante limitada na sua duração e

capacidade. Sabemos, pelo menos

desde Peterson e Peterson (1959),

que quase toda informação

armazenada na memória de

trabalho, e não utilizada, se perde

em 30 segundos; e sabemos, pelo

menos desde Miller (1956), que a

capacidade da memória de trabalho

é limitada a apenas um pequeno

número de elementos. Esse número

é de aproximadamente 7, segundo

Miller, mas pode ser tão baixo

quanto 4, mais ou menos 1 (ver

Cowan, 2001). Além disso, quando

estiver processando, ao invés de

simplesmente armazenando

7

informação, é razoável conjecturar

que o número de itens a ser

processado pode ser de apenas 2 ou

3, dependendo da natureza do

processamento exigido.

As interações entre a memória

de trabalho e a de longo prazo

podem mesmo ser mais importantes

que as limitações de processamento

(Sweller, 2003; 2004). As limitações

da memória de trabalho somente se

aplicam a informações novas, ainda

por serem aprendidas, que não

foram armazenadas na memória de

longo prazo. Informação nova, tal

como novas combinações de

números ou letras, apenas pode ser

armazenada por períodos breves e

com severas limitações na

quantidade com que tais

informações podem ser trabalhadas.

Em contraste, quando se trabalha

com informações previamente

aprendidas e armazenadas na

memória de longo prazo, essas

limitações desaparecem. Os limites

temporais da memória de trabalho

tornam-se irrelevantes no sentido de

que a informação pode ser trazida

de volta da memória de longo prazo

para a memória de trabalho por

períodos indefinidos de tempo. De

modo semelhante, não existem

limites conhecidos para a

quantidade de informação que pode

ser trazida para a memória de

trabalho vinda da memória de longo

prazo. De fato, as características

diferentes da memória de trabalho,

quando está processando material

familiar, ao invés de não familiar,

induziram Ericsson e Kintsch (1995)

a propor uma estrutura separada da

memória de trabalho de longo prazo

para lidar com a informação bem

aprendida e automatizada.

Qualquer teoria instrucional

que ignore os limites da memória

de trabalho ao lidar com novas

informações, ou ignore o

desaparecimento dessas limitações

ao lidar com informações familiares,

tem pouca chance de ser efetiva.

Os modelos que defendem a não

diretividade (ou pouca diretividade)

durante o ensino agem como se a

memória de trabalho não existisse,

ou, admitindo que exista, como se

ela não tivesse limitações

importantes ao lidar com novas

informações, que é a principal fonte

de interesse dos procedimentos de

ensino construtivistas. Sabemos

que a solução de problemas, um

item fundamental para um

procedimento didático que adota a

pouca diretividade, chamado

“ensino como investigação”

(inquiry-based instruction), coloca

um grande peso na memória de

trabalho (Sweller, 1988). O ônus de

explicar como tal procedimento

evita os limites bem conhecidos da

memória de trabalho ao lidar com

8

novas informações poderia ficar,

com certeza, para aqueles que

apóiam o ensino como investigação.

Implicações da Arquitetura

Cognitiva Humana para o Modelo

de Ensino Construtivista

As estruturas da memória e

suas relações têm implicações

diretas para o desenho instrucional

(p.ex., Sweller, 1999; Sweller, van

Merrienboer & Paas, 1998). O ensino

como investigação exige que o aluno

procure as informações relevantes

para o problema. Todas as

pesquisas baseadas em problemas

fazem pesadas exigências à

memória de trabalho. Além disso,

essa carga para a memória de

trabalho não contribui para o

acúmulo de conhecimento na

memória de longo prazo, porque,

enquanto a memória de trabalho

estiver sendo usada para buscar

soluções para os problemas, ela não

estará disponível e não poderá ser

usada para aprender. De fato, é

possível pesquisar por extensos

períodos de tempo com alterações

mínimas na memória de longo prazo

(ver Sweller, Mawer, & Howe,

1982). O objetivo do ensino

raramente é, simplesmente, buscar

ou descobrir informações. O objetivo

é dar aos alunos orientações

específicas sobre como manipular

informações cognitivamente, de

maneira que sejam consistentes

com um objetivo de aprendizagem,

e armazenar o resultado na

memória de longo prazo.

As consequências de querer

que alunos novatos busquem

soluções para problemas usando

uma memória de trabalho

limitada, ou os mecanismos pelos

quais o ensino não diretivo ou

pouco diretivo poderia facilitar

mudanças na memória de longo

prazo, parecem ser rotineiramente

ignoradas. O resultado é um

conjunto de abordagens

instrucionais semelhantes, mas

com nomes diferentes, que exigem

pouca diretividade, e que estão

desconectadas do muito que já

sabemos sobre cognição humana.

A recomendação da não

diretividade ou pouca diretividade

era compreensível quando Bruner

(1961) propôs a “aprendizagem

por descoberta” como uma

ferramenta instrucional, porque as

estruturas e relações que

constituem a arquitetura cognitiva

humana ainda não tinham sido

mapeadas. Agora, estamos em um

mundo bastante diferente, porque

sabemos muito mais sobre as

estruturas, funções e

características das memórias de

trabalho e de longo prazo, as

relações entre elas, e suas

consequências para a

9

aprendizagem e solução de

problemas. Essa nova

compreensão tem sido a base para

pesquisas e desenvolvimentos

sistemáticos de teorias da

aprendizagem que refletem nossa

compreensão atual da arquitetura

cognitiva (ex., Anderson, 1996;

Glaser, 1987). Esse trabalho deve

ser fundamental para o desenho

de um processo de ensino

orientado e efetivo.

Naturalmente, considerações

teóricas de que o ensino não

diretivo tem efetividade mínima é

de pouca valia sem a evidência

empírica. Assim, a seguir,

trabalhos empíricos comparando

os modelos de ensino diretivo e

não diretivo serão discutidos

depois de uma análise dos

argumentos atuais em prol do

ensino não diretivo.

AS ORIGENS DO

CONSTRUTIVISMO E A

VISÃO ATUAL DO ENSINO

NÃO DIRETIVO

Dada a incompatibilidade

existente entre o ensino com

diretividade mínima e o nosso

conhecimento da arquitetura

cognitiva humana, qual tem sido a

justificativa para essas

abordagens?

A versão mais recente do

ensino não diretivo vem do

construtivismo (ex., Steffe & Gale,

1995), e parece ter sido derivada

de observações de que o

conhecimento é construído pelos

aprendizes e, assim: (a) eles

precisam ter a oportunidade de

construir, sendo apresentados aos

objetivos e a um mínimo de

informações, e (b) a aprendizagem

é idiossincrática e, portanto,

formatos ou estratégias comuns de

aprendizagem não são efetivos. A

visão construtivista da

aprendizagem é correta, mas as

consequências instrucionais

sugeridas pelos construtivistas não

acontecem necessariamente.

A maioria dos alunos de todas

as idades sabe como construir o

conhecimento quando recebe as

informações adequadas e quando

não há evidências de que fornecer

informações parciais, em vez da

totalidade de informações, aumenta

mais a habilidade para construir

uma representação. Atualmente,

justamente o contrário parece ser,

na maioria dos casos, a verdade. Os

alunos precisam construir uma

representação ou esquema mental,

independentemente de receberem

informações completas ou parciais.

Informações completas resultarão

em uma representação mais

acurada, que é, também, mais

facilmente adquirida. O

10

construtivismo baseia-se, portanto,

em uma observação que, embora

seja descritivamente correta, não

leva a uma teoria instrucional que

possa ser adotada ou a técnicas

pedagógicas efetivas (Clark & Estes,

1998; 1999; Estes & Clark, 1999;

Kirschner, Strijbos, & Martens,

2004). No entanto, muitos

educadores, pesquisadores,

designers instrucionais e criadores

de materiais educacionais parecem

ter abraçado o ensino não diretivo e

têm tentado implementá-lo.

Outra consequência das

tentativas de implementar a teoria

construtivista é uma mudança de

ênfase, abandonando-se o ensino

de uma disciplina como um corpo

de conhecimentos em prol de uma

ênfase exclusiva na aprendizagem

por meio da vivência de processos

e procedimentos (Handelsman et.

al., 2004; Hodson, 1988). Essa

mudança de enfoque vem

acompanhada de um pressuposto,

assumido por muitos educadores

proeminentes, de que o

conhecimento pode ser mais bem

adquirido, ou somente adquirido,

por meio da experiência baseada,

primariamente, nos procedimentos

da disciplina. Esse enfoque leva a

um comprometimento dos

educadores com trabalhos

eminentemente práticos ou de

projeto, leva à rejeição do ensino

baseado em fatos, leis, princípios e

teorias que constituem o conteúdo

de uma disciplina, e ao uso de

métodos de ensino baseados na

descoberta e na investigação.

A inclusão de uma ênfase

mais vigorosa na aplicação prática

da pesquisa e nas habilidades de

solução de problemas parece

bastante positiva. Contudo, pode

ser um erro fundamental supor que

o conteúdo pedagógico da

experiência de aprendizagem é

idêntico aos métodos e processos

(i.e., à epistemologia) da disciplina

em estudo e um engano supor que

o ensino deva focar,

exclusivamente, em métodos e

processos.

Shulman (1986, Shulman &

Hutchings, 1999) contribuiu para

compreendermos a razão pela qual

abordagens não diretivas falham em

sua visão da integração entre

conteúdo e habilidade pedagógica.

Ele definiu conhecimento do

conteúdo como “... a quantidade e

organização do conhecimento em si

na mente do professor” (Shulman,

1986, p.9); e conhecimento do

conteúdo pedagógico como

conhecimento, “... que vai além do

conhecimento do assunto em si para

a dimensão do conhecimento do

assunto para ensinar” (p.9).

Posteriormente, ele definiu

conhecimento curricular como “...a

11

farmacopeia de onde o professor

extrai aquelas ferramentas de

ensino para apresentar ou

exemplificar um conteúdo em

particular...” (p.10). Kirschner

(1991, 1992) também argumentou

que o modo como um especialista

trabalha em seu domínio

(epistemologia) não é equivalente

ao modo pelo qual se aprende nessa

área (pedagogia). Uma linha de

raciocínio semelhante é seguida por

Dehoney (1995), ao defender que os

modelos mentais e estratégias de

quem é especialista foram

desenvolvidos por meio do lento

processo de acumular experiência

nas suas áreas de domínio.

Apesar dessa distinção clara

entre aprender uma disciplina e

praticar a disciplina, muitos e

educadores parecem confundir o

ensino de uma disciplina como

pesquisa (i.e., uma ênfase curricular

nos processos de pesquisa dentro da

ciência) com o ensino da disciplina

por meio da pesquisa (i.e., usando o

processo de pesquisa da disciplina

como uma pedagogia para a

aprendizagem). A base dessa

confusão pode estar naquilo que

Hurd (1969) chamou de “raciocínio

do cientista”, que sustenta que um

curso de ciências

deve ser uma imagem refletida de

uma disciplina da ciência, considerando

tanto sua estrutura conceitual como seus

padrões de investigação. As teorias e

métodos da ciência moderna devem ser

refletidos em sala de aula. Ao ensinar

ciências, as operações em sala de aula

devem estar em harmonia com seus

processos investigatórios e que dão suporte

às estruturas conceituais, intuitivas e

teóricas de seu conhecimento (p.16).

Esse raciocínio supõe

que o alcance de certas atitudes, o

aumento do interesse em ciências, a

aquisição de habilidades de laboratório, a

aprendizagem de conhecimentos científicos

e a compreensão da natureza da ciência

devem todos ser abordados por meio da

metodologia da ciência, que é, em geral,

vista em termos indutivos. (Hodson, 1988,

p.22).

A principal falácia desse

raciocínio é que ele não distingue

entre os comportamentos e métodos

de um pesquisador, que é um

especialista praticando a profissão, e

aqueles alunos novos na disciplina,

que são, assim, essencialmente

iniciantes.

Segundo Kyle (1980), a

investigação científica é uma

habilidade sistemática e

investigativa que incorpora

capacidades de pensamento

irrefreáveis, após a pessoa ter

adquirido conhecimentos críticos

amplos sobre um assunto em

particular, por meio de processos de

ensino formais. Não pode ser

igualada com métodos investigativos

do ensino de ciências, técnicas de

ensino autoinstrucionais e/ou

técnicas de ensino abertas.

12

Educadores que confundem os dois

são responsáveis pelo uso

inadequado da pesquisa como um

paradigma no qual uma estratégia

instrucional deva se basear.

Finalmente, Novak (1988), ao

notar que os principais esforços

para melhorar a educação científica

nas escolas secundárias, nas

décadas de 1950 e 1960, não

atingiram as expectativas, chega

até a dizer que o principal

obstáculo encontrado no caminho

da “melhora revolucionária da

educação científica... foi a

epistemologia obsoleta que estava

por trás da ênfase na ciência

orientada para a ‘investigação”

(inquiry oriented science) (p.79-

80).

PESQUISA COMPARANDO O

ENSINO DIRETIVO E NÃO

DIRETIVO

Nenhum dos argumentos e

teorizações acima seria importante

se houvesse um corpo claro de

pesquisa usando experimentos

controlados, indicando que o ensino

não diretivo ou minimamente

diretivo é mais efetivo que o ensino

diretivo. De fato, como se poderia

esperar com base em nosso

conhecimento da cognição humana e

das diferenças entre aprender e

praticar uma disciplina, o contrário é

que é verdadeiro. Experimentos

controlados indicam, quase que de

modo uniforme, que, ao se lidar com

informação nova, deve-se mostrar

aos aprendizes, explicitamente, o

que fazer e como fazer.

Inúmeras revisões de estudos

empíricos estabeleceram uma base

sólida, baseada em pesquisa, contra

o uso do ensino não diretivo.

Embora uma revisão extensa desses

estudos esteja fora do escopo deste

artigo, recentemente Mayer (2004),

revisou evidências a partir de

estudos conduzidos entre 1950 e

1980, comparando a “aprendizagem

puramente por descoberta”, definida

como ensino não diretivo baseado

em problemas, com formas diretivas

de ensino. Ele sugere que, a cada

década, desde meados dos anos

1950, quando estudos empíricos

forneciam evidências sólidas de que

a então popular abordagem não

diretiva não funcionava, uma

abordagem semelhante surgia com

um nome diferente, com o ciclo se

repetindo. Cada novo grupo de

advogados das abordagens não

diretivas parecia não conhecer as

(ou não se interessar pelas)

evidências anteriores de que

abordagens não diretivas não

tinham sido validadas. Esse padrão

produziu a aprendizagem por

descoberta, que deu lugar à

aprendizagem pela experiência, que

13

deu lugar à aprendizagem baseada

em problemas e em investigação,

que agora dá lugar às técnicas

instrucionais construtivistas. Mayer

concluiu que o “... debate sobre

descoberta tem sido repetido muitas

vezes na educação, mas, a cada

vez, as evidências têm favorecido a

abordagem diretiva na

aprendizagem” (2004, p.18).

Pesquisas Atuais que Dão

Suporte à Orientação Direta

Devido ao fato de os alunos,

em uma abordagem construtivista,

aprenderem muito pouco, a maioria

dos professores que tenta

implementar o ensino construtivista

em sala de aula acaba oferecendo

uma orientação considerável aos

alunos. Esta é uma interpretação

razoável, por exemplo, dos estudos

de caso qualitativos conduzidos por

Aulls (2002), que observou um

determinado número de professores

enquanto implementavam atividades

construtivistas em suas salas de

aula. Ele descreve a “estrutura” que

os professores mais efetivos

introduziram quando os alunos não

conseguiam fazer progressos na

aprendizagem em um ambiente de

descoberta. Ele relatou que o

professor cujos alunos atingiram

todos os objetivos de aprendizagem

gastava uma grande parte do tempo

em interações instrucionais com os

alunos

(...) ensinando conteúdo e,

simultaneamente, estruturando

procedimentos relevantes (...) pelos

seguintes meios: (a) modelando os

procedimentos para identificar e verificar

informações importantes... (b) mostrando

aos alunos como reduzir essas informações

a paráfrases... (c) fazendo os alunos usar

bilhetes para construir colaborações e

rotinas, e (d) promovendo diálogos

colaborativos sobre problemas” (533).

Evidências mais fortes de

estudos experimentais bem

planejados e controlados também

dão suporte à orientação

instrucional direta (ex., ver Moreno,

2004; Tuovinen & Sweller, 1999).

Além disso, Hardiman, Pollatsek e

Weil (1986) e Brown e Campione

(1994) notaram que, quando os

alunos aprendem ciências em

classes com métodos puramente de

descoberta e feedback mínimo, eles,

frequentemente, ficam perdidos,

frustrados, e sua confusão pode

levar a concepções erradas. Outros

(ex., Carlson, Lundy, & Schneider,

1992; Schauble, 1990) descobriram

que, como os inícios problemáticos

são comuns em tais situações de

aprendizagem, as descobertas não

orientadas são, na maioria das

vezes, ineficientes. Moreno (2004)

concluiu que há um corpo crescente

de pesquisa mostrando que os

alunos aprendem de maneira mais

duradoura a partir de aprendizagens

fortemente guiadas do que por meio

14

da descoberta. Conclusões

semelhantes foram relatadas por

Chall (2000), McKeough, Lupart e

Marini (1995), Schauble (1990) e

Singley & Anderson (1989). Klahr e

Nigam (2004), em um estudo muito

importante, não apenas testaram se

os alunos de ciências aprendiam

mais por meio da descoberta ou do

ensino diretivo, mas, também, se a

qualidade da aprendizagem era

diferente, uma vez que ela tivesse

ocorrido. Especificamente, eles

testaram se os alunos que

aprenderam por meio da descoberta

eram mais capazes de transferir sua

aprendizagem para novos contextos.

Os resultados não deixam dúvidas.

O ensino diretivo fortemente

orientado, incluindo exemplos,

resultou em muito mais

aprendizagem do que a descoberta.

Os relativamente poucos alunos que

aprenderam por meio da descoberta

não mostraram sinais de qualidade

superior em sua aprendizagem.

Carga Cognitiva. Sweller e outros

(Mayer, 2001; Paas, Renkl, & Seller,

2003; Sweller, 1999; 2004; Winn,

2003) alertaram que, apesar das

alegadas vantagens dos ambientes

não diretivos em ajudar os alunos a

extrair significado dos materiais de

aprendizagem, a teoria da carga

cognitiva sugere que a exploração

livre de um ambiente altamente

complexo pode gerar uma carga

pesada de trabalho para a memória

que é prejudicial à aprendizagem.

Esta consideração é particularmente

importante no caso de alunos

novatos, que não possuem os

esquemas apropriados para integrar

a nova informação ao seu

conhecimento anterior. Tuovinen e

Sweller (1999) mostraram que a

prática da exploração (uma técnica

de descoberta) causa uma carga

cognitiva muito maior e leva a uma

aprendizagem mais pobre do que

práticas de exemplos prontos. Os

alunos mais capazes de aprender

não sofrem um efeito negativo e se

beneficiam igualmente de ambos os

tipos de tratamento. Mayer (2001)

descreveu uma série extensa de

experimentos em ensino multimídia

que ele e seus colegas projetaram

com base na teoria da carga

cognitiva de Sweller (1988, 1999) e

outras fontes teóricas de base

cognitiva. Ele relata que em todos

os estudos o ensino diretivo não

apenas produz uma lembrança mais

imediata dos fatos do que as

abordagens não diretivas, mas,

também, mais transferências de

longo prazo e mais habilidades de

solução de problemas.

Exemplos prontos (worked

examples). Um exemplo pronto

constitui uma síntese do ensino

15

fortemente dirigido, enquanto

descobrir a solução de um

problema em um ambiente rico de

informações constitui, de modo

semelhante, uma síntese da

aprendizagem por descoberta

minimamente orientada. O efeito

do exemplo pronto, com base na

teoria da carga cognitiva, ocorre

quando os alunos submetidos a

testes de solução de problemas

têm um desempenho pior em

testes subsequentes do que os

alunos que estudam os exemplos

prontos equivalentes. Assim, o

efeito do exemplo pronto, que tem

sido replicado inúmeras vezes,

fornece uma das evidências mais

fortes para a superioridade do

ensino diretamente orientado. O

fato de que o efeito se baseia em

experimentos controlados aumenta

a sua importância.

O efeito do exemplo pronto foi

demonstrado primeiro por Sweller e

Cooper (1985) e Cooper e Sweller

(1987), quando descobriram que

alunos de álgebra aprendiam mais

estudando exemplos prontos do que

resolvendo os problemas

equivalentes. Desde essas primeiras

demonstrações do efeito, ele tem

sido replicado em várias ocasiões,

usando uma grande variedade de

aprendizes estudando uma

variedade igualmente grande de

materiais (Carrol, 1994; Miller,

Lehman & Koedinger, 1999; Paas,

1992; Paas & van Merrienboer,

1994; Pillay, 1994; Quilici & Mayer,

1996; Trafton & Reiser, 1993). Para

alunos iniciantes, estudar exemplos

prontos parece ser, invariavelmente,

superior a descobrir ou construir

uma solução para um problema.

Por que o efeito do exemplo

pronto ocorre?

Ele pode ser explicado pela

teoria da carga cognitiva, que está

baseada na arquitetura cognitiva

humana, já discutida aqui.

Solucionar problemas exige a busca

da solução, e essa busca deve

ocorrer usando nossa memória de

trabalho limitada. A busca pela

solução é um modo ineficiente de

alterar a memória de longo prazo,

porque a função dessa busca é

encontrar a solução do problema, e

não alterar a memória de longo

prazo. De fato, a busca pela solução

de um problema pode funcionar

perfeitamente sem qualquer tipo de

aprendizagem (Sweller, 1988).

Assim, a busca pela solução de um

problema sobrecarrega a já limitada

memória de trabalho e exige que os

seus recursos sejam usados para

atividades que não estão

relacionadas à aprendizagem. Como

consequência, os alunos podem se

engajar em atividades de solução de

problemas por períodos longos e

aprender quase nada (Sweller,

16

Mawer, & Howe, 1982).

Em contraste, estudar um

exemplo pronto reduz a carga de

memória de trabalho porque a

busca é reduzida ou eliminada e

direciona a atenção (i.e., direciona

os recursos da memória de

trabalho) para aprender as relações

essenciais entre os movimentos

envolvidos na solução do problema.

Os alunos aprendem a reconhecer

quais movimentos são necessários

para problemas específicos, que é a

base para a aquisição de esquemas

de solução de problemas (Chi,

Glaser, & Rees, 1982). Quando

comparado com alunos que

resolveram problemas, em vez de

estudar exemplos prontos, a

consequência é o efeito do exemplo

pronto.

Há condições sob as quais o

efeito do exemplo pronto pode não

ser obtido. Primeiramente, ele pode

não ser obtido quando os exemplos

prontos são, eles próprios,

estruturados de um modo que

impõe uma carga cognitiva pesada.

Em outras palavras, é bem possível

estruturar exemplos prontos de um

modo que impõe uma carga

cognitiva tão pesada como tentar

aprender a solução de um problema

por descoberta (Tarmizi & Sweller,

1988; Ward & Sweller, 1990). Em

segundo lugar, o efeito do exemplo

pronto primeiro desaparece, e,

então, muda, na medida em que o

conhecimento do aluno aumenta. A

solução de problemas somente se

torna relativamente efetiva quando

os alunos estão suficientemente

experientes, de modo que estudar

um exemplo pronto é, para eles,

uma atividade redundante que

aumenta a carga da memória de

trabalho, quando comparado ao

processo de gerar uma solução

conhecida (Kalyuga, Chandler,

Tuovinen, & Sweller, 2001).

Esse fenômeno é um exemplo

do efeito chamado reversão do

conhecimento (expertise reversal

effect) (Kalyuga, Ayres, Chandler, &

Sweller, 2003). Ele enfatiza a

importância de prover os alunos

novatos em um assunto com

orientação ampla, para evitar buscas

improdutivas de solução de

problemas, porque eles não têm

conhecimento suficiente armazenado

na memória de longo prazo. Essa

orientação pode ser relaxada apenas

com o aumento do conhecimento,

na medida em que o conhecimento

acumulado na memória de longo

prazo puder assumir o lugar da

orientação externa.

Fichas de Processo (process

worksheets). Outra maneira de

orientar o ensino consiste no uso

de fichas de processo (Van

Merriënboer, 1997). Tais fichas

17

fornecem uma descrição das fases

que devem ser seguidas para

solucionar o problema, bem como

dicas ou regras básicas que

ajudam a completar cada fase com

sucesso. Os alunos podem

consultar as fichas enquanto estão

trabalhando nas tarefas de

aprendizagem e podem usá-las

para registrar resultados

intermediários do processo de

solução do problema.

Nadolski, Kirschner, e van

Merriënboer (a ser publicado), por

exemplo, estudaram os efeitos das

fichas de processo em estudantes de

Direito e descobriram que a

disponibilidade de fichas de processo

tinha efeitos positivos no

desempenho de tarefas de

aprendizagem, indicados pela maior

coerência e pelo conteúdo mais

acurado do caso legal em estudo;

alunos que recebiam orientação por

meio de fichas de processo

superaram alunos que tinham que

descobrir os procedimentos

apropriados por si mesmos.

PESQUISA EM VÁRIOS

AMBIENTES SOBRE

MODELOS EDUCACIONAIS

QUE FAVORECEM A

ORIENTAÇÃO MÍNIMA DURANTE O ENSINO

Tendo discutido tanto a

arquitetura humana responsável

pela aprendizagem como as

pesquisas atuais que dão suporte

ao ensino direto por meio da

orientação, esta seção discutirá

alguns dos modelos educacionais

alternativos que adotam a

orientação mínima como uma

abordagem ao ensino e à

aprendizagem.

Aprendizagem Vivencial no

Trabalho

Kolb (1971) e Kolb e Fry

(1975) argumentaram que o

processo de aprendizagem muitas

vezes começa com a pessoa

realizando uma ação particular e,

depois, vendo ou descobrindo o

efeito da ação na situação dada. O

segundo passo seria compreender

esses efeitos naquele exemplo, de

modo que, se a mesma ação

acontecer nas mesmas

circunstâncias, seria possível

antecipar o que se seguiria à ação.

Usando esse padrão, o terceiro

passo seria compreender o princípio

geral no qual esse exemplo se

encaixa. Eles também sugeriram

alguns estilos de aprendizagem que

poderiam influenciar o modo pelo

qual os alunos tiram vantagem de

situações vivenciadas.

Tentativas de validar a

aprendizagem a partir da vivência e

de estilos de aprendizagem (Kolb

18

1971, 1984, 1999) parecem não ter

sido completamente bem-

sucedidas. Iliff (1994), por

exemplo, relatou, em uma meta-

análise de 101 estudos

quantitativos de LSI (“Leaning Style

Inventory” ou Inventário de Estilos

de Aprendizagem) colhidos de 275

dissertações e 624 artigos, que

eram estudos qualitativos, teóricos

e quantitativos de ELT e do

Inventário de Estilos de

Aprendizagem de Kolb (Kolb,

Botatzis, & Mainemelis, 1999,

p.20), correlações classificadas

como baixas (<.5) e magnitudes de

efeito que foram de fracas (.2) a

médias (.5). Ele concluiu que a

magnitude dessas estatísticas não é

suficiente para satisfazer os

padrões de validade preditiva que

sustentem o uso das medidas ou os

métodos vivenciais para

treinamento no trabalho. De modo

semelhante, Ruble e Stout (1993),

citando inúmeros estudos realizados

entre 1980 a 1991, concluíram que

o Inventário de Estilos de

Aprendizagem de Kolb (KLSI –

1976) tem baixa confiabilidade

entre teste e reteste, que há pouca

ou nenhuma correlação entre os

fatores que poderiam ser

correlacionados com a classificação

de estilos de aprendizagem, e que

não há uma aceitação geral de sua

utilidade, particularmente para fins

de pesquisa.

Roblyer (1996) e Perkins

(1991) examinaram evidências para

a pedagogia minimamente

conduzida no design instrucional e

nos estudos de tecnologia

instrucional. Ambos os

pesquisadores concluíram que a

evidência disponível não dá suporte

ao uso da orientação mínima e

ambos sugerem que é necessária

alguma forma de orientação mais

forte, tanto para a aprendizagem

como para a transferência efetiva.

Diferenças Individuais na

Aprendizagem a Partir do

Ensino

As abordagens construtivistas

estão baseadas, em parte, na

preocupação de que diferenças

individuais atenuam o impacto do

ensino. Essa preocupação tem sido

compartilhada por um grande

volume de estudos sobre a

Interação para Tratamento de

Aptidões (ATI – Aptitude-Treatment

Interaction), que examina se os

efeitos de diferentes métodos

instrucionais são influenciados

pelas aptidões e traços dos alunos

(ex., Cronbach & Snow, 1977;

Snow, Corno, & Jackson, 1996;

Kyllonen & Lajoie, 2003). Grande

parte desses trabalhos fornece um

antecedente claro ao efeito da

reversão de conhecimento,

19

discutido anteriormente, segundo o

qual métodos instrucionais que são

efetivos para novatos se tornam

menos efetivos à medida em que o

conhecimento aumenta.

A revisão das pesquisas de

ATI, efetuada por Cronbach e Snow

(1977), envolveu a descrição de

algumas replicações de interações

ordinais e não ordinais entre vários

métodos instrucionais e aptidões.

Uma das descobertas da ATI mais

comuns, segundo Kyllonen e Lajoie

(2003) foi “... que tratamentos

fortes beneficiam aprendizes

menos hábeis e tratamentos fracos

beneficiam aprendizes mais

hábeis...” (p.82). Esta conclusão

antecipou o agora reconhecido

efeito da “estrutura”.

Nos métodos instrucionais

descritos por Cronbach e Snow

(1977) tratamentos fortes

implicavam em apresentações

instrucionais altamente

estruturadas nas quais era

fornecida uma organização

explícita da informação e do

suporte à aprendizagem. Os

tratamentos fracos eram

relativamente não estruturados e,

assim, forneciam muito menos

suporte à aprendizagem. As

medidas de aptidão usadas na

pesquisa revisada por Cronbach e

Snow foram várias, mas,

geralmente, envolviam alguma

medida específica de

conhecimento do assunto e

medidas de habilidades

cristalizadas e fluídas.

Snow e Lohman (1984)

incentivaram pesquisas que

tentassem compreender os

processos cognitivos demandados

por objetivos de aprendizagem

específicos. Eles argumentavam

ter uma preocupação em

descrever os processos cognitivos

exigidos para aprender classes

específicas de tarefas, como esses

processos se refletiam nas

aptidões dos alunos e como

características dos tratamentos

instrucionais poderiam compensar

alunos com aptidões relevantes

mais baixas, por meio do

fornecimento dos processos

cognitivos necessários que os

ajudassem a alcançar os objetivos

de aprendizagem e a

transferência.

Sabendo menos após o Ensino

Um conjunto relacionado de

descobertas no paradigma de

pesquisa da ATI foi descrito por

Clark (1989). Ele reviu

aproximadamente 70 estudos de ATI

e descreveu alguns experimentos

nos quais alunos com baixa aptidão,

que escolheram ou foram

encaminhados a tratamentos

20

instrucionais não diretivos fracos,

receberam notas significativamente

mais baixas nos pós-testes do que

nos pré-testes. Ele argumentou que

a falha em prover suporte forte à

aprendizagem para os alunos menos

experientes ou menos capazes pode,

de fato, produzir uma perda

mensurável de aprendizagem. Os

níveis educacionais representados

nos estudos revistos variaram de

turmas do ensino médio a

universitários e a ambientes de

trabalho, e incluíram vários tipos de

problemas e tarefas.

Ainda mais desesperadora é a

evidência apresentada por Clark

(1982): quando se pedia aos alunos

para selecionar entre abordagens

mais ou menos diretivas da mesma

disciplina, os menos hábeis que

escolhiam as abordagens menos

diretivas tendiam a gostar da

experiência, apesar de aprender

menos. Alunos com aptidão mais

alta que escolhiam abordagens

altamente estruturadas tendiam a

gostar delas, mas alcançavam um

nível mais baixo do que com versões

menos estruturadas, e não sofriam

por saber menos depois do que

antes do ensino. Clark lançou a

hipótese de que os componentes

mais efetivos dos tratamentos

ajudam menos os alunos

experientes, porque fornecem

estratégias de aprendizagem

específicas para a tarefa, embutidas

nas apresentações instrucionais.

Essas estratégias exigem esforços

explícitos dos alunos, guiados pela

atenção, e assim tendem a não

agradar, apesar de serem úteis à

aprendizagem. Os aprendizes mais

hábeis, sugeriu ele, já adquiriram

estratégias de aprendizagem

implícitas, específicas da tarefa, que

são mais efetivas para eles do que

aquelas embutidas nas versões

estruturadas da disciplina. Clark

aponta evidências que sugerem que

os alunos mais hábeis que escolhem

as versões mais diretivas fazem isso

porque acreditam que alcançarão a

aprendizagem requerida com

mínimo esforço. Estudos descritos

por Woltz (2003) são exemplos

recentes e positivos de pesquisas da

ATI que examinam o processamento

cognitivo requerido pelas tarefas de

aprendizagem. Ele fornece

evidências de que o mesmo aluno

pode se beneficiar de tratamentos

mais fortes e mais fracos,

dependendo do tipo de resultado de

aprendizagem e transferência

desejados.

Evidência Empírica Sobre a

Aprendizagem de Ciências com

Base no Ensino Não Diretivo

O trabalho de Klahr e Nigam

(2004), discutido anteriormente,

demonstrou, sem ambiguidades, as

21

vantagens do ensino diretivo em

ciências. Há riqueza de evidências.

Uma série de revisões efetuadas

pela U.S. National Academy of

Sciences apresentou, recentemente,

os resultados de experimentos que

fornecem evidências das

consequências negativas do ensino

não diretivo de ciências para todos

os níveis de idade e para uma

variedade de conteúdos de ciências

e matemática. McCray, de Haan, e

Schuck (2003) revisaram estudos e

experiências práticas na educação

de estudantes de graduação em

engenharia, tecnologia, ciências e

matemática. Gollub, Berthanthal,

Labov e Curtis (2003) revisaram

estudos e experiências no ensino de

ciências e matemática em colégios.

Kipatrick, Swafford e Findell (2001)

relataram estudos e fizeram

sugestões para o ensino de

matemática nos níveis fundamental

e médio. Cada uma dessas e de

outras publicações feitas pela U.S.

National Academy of Sciences

documentam amplamente a falta de

evidência que dê suporte às

abordagens não diretivas e os

benefícios do ensino mais

fortemente orientado. A maioria

fornece um conjunto de princípios

instrucionais baseados em pesquisas

sólidas para os educadores. Esses

relatos foram produzidos, em parte,

por causa da situação lamentável do

ensino de ciências e matemática nos

Estados Unidos. Finalmente, de

acordo com as descobertas da ATI e

com o efeito da mudança pela

especialização, Roblyer, Edwards e

Havriluk (1997) relataram que

professores descobriram que a

aprendizagem por descoberta é

bem-sucedida apenas quando os

alunos têm os pré-requisitos de

conhecimento e passaram por

algumas experiências estruturadas

anteriores.

Pesquisas em Aprendizagem

Baseada em Problemas Médicos

De modo geral, a falta de

clareza sobre a diferença entre

aprender uma disciplina e pesquisar

na disciplina, junto com a

prioridade dada à observação sem

interferência, na melhor tradição

indutivista-empiricista, levou muitos

educadores a defender um método

baseado em problemas como a

solução para ensinar uma disciplina

(Allen, Barker, & Ramsden, 1986;

Anthony, 1973; Barrows &

Tamblyn, 1980; Obioma, 1986). A

aprendizagem baseada em

problemas não apenas parece

combinar, por exemplo, com as

ideias da filosofia da ciência, mas

também se ajusta bem às visões

progressivas centradas no aluno,

enfatizando a experiência direta e a

pesquisa individual. Cawthron e

Rowell (1978) afirmaram que isso

22

tudo parecia se encaixar. A lógica

do conhecimento e a psicologia do

conhecimento se juntaram sob o

conceito genérico de “descoberta”.

Por que, perguntam eles, os

educadores buscariam olhar para

além da explicação tradicional,

indutivista-empiricista, do

processo?

Numa tentativa de salvar os

alunos de medicina das palestras e

das provas baseadas na

memorização, aproximadamente 60

escolas de medicina da América do

Norte adotaram a Aprendizagem

Baseada em Problemas (PBL) nas

duas décadas passadas. Essa

variante do ensino construtivista não

diretivo, introduzida pela McMaster

University School of Medicine, em

1969, pede para os estudantes de

medicina trabalharem em grupos

para diagnosticar e sugerir o

tratamento para sintomas comuns

dos pacientes. Os grupos de alunos

de PBL são supervisionados por um

membro clínico da faculdade, que é

orientado para não resolver os

problemas para os alunos, mas, em

vez disso, oferecer alternativas e

sugerir fontes de informação.

A melhor pesquisa conhecida

das comparações da PBL com o

ensino convencional das escolas

médicas foi conduzida por

Albanese e Mitchell (1993). Sua

meta-análise da literatura em

língua inglesa sobre a efetividade

da PBL produziu inúmeras

descobertas negativas sobre seus

impactos, incluindo escores mais

baixos nos exames básicos sobre

ciências, nenhuma diferença nas

seleções para residência e mais

horas de estudo por dia. Eles

relataram que, enquanto os alunos

de PBL recebem melhores escores

por seu desempenho clínico, eles

também pedem significativamente

mais testes desnecessários, a um

custo muito mais alto por

paciente, com menos benefícios.

Havia uma indicação, nessa

revisão, de que os escores mais

altos nas avaliações em prática

clínica tinham sido devidos ao fato

de os alunos da PBL serem

requisitados a passar mais tempo

em ambientes clínicos.

Berkson (1993) também

revisou boa parte da literatura em

PBL e chegou, na maior parte, às

mesmas conclusões que Albanase e

Mitchell (1993). Ela reviu estudos

onde a habilidade de solucionar

problemas de alunos de PBL era

comparada com alunos treinados da

forma convencional e não encontrou

suporte para qualquer diferença.

Assim, não conseguiu replicar as

vantagens clínicas encontradas por

Albanese e Mitchell em seu estudo.

Colliver (2000) revisou estudos

existentes comparando a efetividade

23

da aprendizagem baseada em

problemas (PBL) em medicina com o

currículo convencional das escolas

médicas. Ele concluiu que os

estudos de PBL não mostram

diferenças significativas no

desempenho dos alunos de

medicina, tanto em testes

padronizados quanto em testes

preparados pelo instrutor, durante

os primeiros dois anos do curso de

medicina.

As constantes descobertas de

que a PBL não é mais efetiva, mas é

mais cara que o ensino tradicional,

em revisões de pesquisas, também

tem sido importante para os

educadores da área médica.

Naturalmente, alguns defensores da

PBL têm consciência das suas

limitações. Hmelo-Silver (2004)

questionou fortemente a validade

geral da PBL. Segundo ela,

Certos aspectos do modelo PBL

poderiam ser ajustados para o nível de

desenvolvimento dos aprendizes (...)

poderia haver lugar para o ensino diretivo

em bases “just-in-time”. Em outras

palavras, uma aula expositiva dada no

momento exato em que os alunos estão

enfrentando um problema e têm

necessidade de conhecimentos específicos

poderia ser benéfica (p.260). Algumas

técnicas como facilitação de procedimentos,

cooperação com script (scripted

cooperation) e diários estruturados podem

ser ferramentas úteis para mover a PBL

para outros ambientes” (p.261).

Dois componentes principais da

PBL são o ensino de estratégias de

solução de problemas na forma do

método hipotético-dedutivo de

raciocínio (Barrows & Tamblyn,

1980) e o ensino de conteúdo básico

no contexto de um caso ou exemplo

específico. Os proponentes desse

modelo argumentam que a

educação centrada em problemas é

superior à educação convencional.

Os alunos aos quais se ensinam

habilidades de solução de

problemas, particularmente por

meio do método hipotético-dedutivo

aprendem de modo mais

significativo. A suposição é que, uma

vez que os alunos são expostos a

problemas desde o início, eles têm

mais oportunidades de praticar

essas habilidades, e também que,

por aplicarem explicitamente o

método hipotético-dedutivo,

aprendem a analisar problemas e

buscar por explicações, melhorando

sua compreensão de problemas

clínicos (Norman & Schmidt, 1992).

Patel e seus colegas argumentam

que o método hipotético-dedutivo

pode não ser o modo mais eficiente

de solucionar problemas clínicos

(Groen & Patel, 1985; Patel, Arocha,

& Kaufman, 1994).

Na área médica, Patel, Groen e

Norman (1993) mostraram que,

como o conhecimento básico de

ciências é contextualizado, ensinar

conceitos de ciência básica dentro

24

de um contexto clínico pode ter a

desvantagem de ser difícil separar

esse conhecimento do

conhecimento clínico específico

associado a cada paciente em

particular. Apesar de os alunos de

PBL produzirem explicações mais

elaboradas, as explicações são

menos coerentes e há mais erros.

Se os alunos tiverem dificuldade em

separar o conhecimento biomédico

que aprenderam dos casos clínicos

particulares associados a esses

conhecimentos, então não é de

surpreender que, frente a

problemas diferentes, apliquem

conhecimentos biomédicos

irrelevantes ao novo problema.

E isso parece persistir após o

treinamento médico. Em um

estudo sobre o efeito do

treinamento em PBL na graduação

– em oposição a um currículo

convencional – quanto ao

desempenho de residentes na

organização de conhecimentos

clínicos e biomédicos e quanto ao

uso de estratégias de raciocínio,

Patel et al. (1995) descobriram

que aqueles treinados em PBL

mantêm o padrão de raciocínio

dirigido para trás (backward-

directed reasoning pattern), mas

não parecem adquirir o raciocínio

dirigido para frente (forward-

directed reasoning pattern), que é

uma marca da especialização.

Essa descoberta significa que

alguma coisa na PBL pode

atrapalhar o desenvolvimento do

padrão de raciocínio para frente.

Os especialistas usam padrões

de reconhecimento baseados em

esquemas para determinar a causa

da doença de um paciente.

Segundo Elstein (1994), a

organização do conhecimento e a

aquisição de esquemas são mais

importantes para o

desenvolvimento da especialização

do que o uso de métodos

particulares de solução de

problemas. A esse respeito,

pesquisas cognitivas têm mostrado

que, para chegar à especialização

em um assunto, os alunos

precisam adquirir os esquemas

necessários que lhes permitam

interpretar a informação de modo

significativo e eficiente, e

identificar a estrutura do

problema. Os esquemas

conseguem isso orientando a

seleção de informações relevantes

e descartando as irrelevantes.

Patel e outros (1995)

concluíram que os resultados

negativos

podem ser explicados pelo efeito de

divisão dos recursos de atenção e a alta

carga de memória de trabalho na aquisição

de esquemas durante a solução dos

problemas. Para resolver problemas

clínicos, os aprendizes devem atentar para

a hipótese diagnóstica atual, os dados

25

referentes ao problema apresentado, e

qualquer hipótese intermediária entre o

diagnóstico e os dados do paciente (p.ex.,

um processo fisiopatológico subjacente aos

sinais e sintomas). Se considerarmos que

mais de uma hipótese foi gerada, os

recursos cognitivos necessários para manter

essa informação na memória de trabalho

devem ser tal que poucos recursos

cognitivos serão liberados para adquirir o

esquema do problema. Apesar de os

problemas poderem ser resolvidos com

sucesso usando o método hipotético-

dedutivo, a escassez de recursos de

atenção e de memória podem resultar em

dificuldade dos alunos para aprender os

esquemas do problema de uma maneira

adequada. É possível formular a hipótese de

que uma das razões para o fracasso dos

alunos de PBLC em adquirir um estilo de

raciocínio direcionado para frente, como foi

mostrado neste estudo, pode ser o uso de

estratégias de solução de problemas, tais

como o método hipotético-dedutivo, como

uma estratégia de aprendizagem.

Isto está completamente

alinhado com a nossa consideração

de que a epistemologia de uma

disciplina não pode ser confundida

com a pedagogia para ensiná-la ou

aprendê-la. A prática de uma

profissão não é o mesmo que

aprender a praticar a profissão.

CONCLUSÕES

Após meio século de defesa

do ensino não diretivo, parece que

não há um corpo de pesquisa que

dê suporte a essa técnica. Ao

mesmo tempo em que não há

qualquer evidência baseada em

estudos controlados, estes dão

suporte, quase que de modo

uniforme, à forte orientação

instrucional direta, ao invés da

orientação mínima baseada no

construtivismo, no ensino de

alunos novatos e intermediários.

Mesmo para alunos com

conhecimento anterior

considerável, constata-se que uma

orientação forte durante a

aprendizagem, na maioria das

vezes, é tão efetiva quanto as

abordagens não diretivas. O ensino

não diretivo é, normalmente, não

apenas menos eficaz como há

evidências de que ele pode ter

resultados negativos quando os

alunos adquirem os conceitos

errados ou conhecimentos

incompletos e/ou desorganizados.

Embora as razões para a

popularidade de uma abordagem

fracassada não sejam claras, as

origens do apoio ao ensino não

diretivo para a educação científica e

médica podem ser encontradas nos

currículos de ciências pós-Sputnik,

tais como a BSCS (Biological

Sciences Curriculum Study), CHEM

Study (Chemical Education Material

Stydyk), e PSSC (Physical Science

Study Committee). Nessa época, os

educadores que ensinavam uma

disciplina como um corpo de

conhecimentos mudaram para o

26

pressuposto de que o conhecimento

pode ser melhor aprendido (ou

somente aprendido) por meio da

experiência, que está baseada

somente nos procedimentos da

disciplina. Esse ponto de vista

parece ter conduzido à prática ou a

projetos de trabalho não diretivos e

à rejeição do ensino baseado em

fatos, leis, princípios e teorias que

constituem os conteúdos de uma

disciplina. A ênfase na aplicação

prática do que está sendo aprendido

parece muito positiva. Contudo,

pode ser um erro supor que o

conteúdo pedagógico da experiência

de aprender seja idêntico aos

métodos e processos (i.e., a

epistemologia) da disciplina que está

sendo estudada, e um engano supor

que o ensino deva focar

exclusivamente na aplicação. É

lamentável que as visões

construtivistas atuais tenham se

tornaram ideológicas e,

frequentemente,

epistemologicamente opostas à

apresentação e explicação do

conhecimento. Como resultado, é

fácil compartilhar do embaraço de

Handelsman e outros (2004) que, ao

discutir a educação científica,

perguntaram: “(...) por que

cientistas proeminentes, que exigem

provas rigorosas para as afirmações

científicas em suas pesquisas,

continuam a usar e, na realidade,

defender, métodos de ensino que

não são os mais efetivos, baseados

apenas na intuição?” (p.521).

E é também fácil concordar

com a recomendação de Mayer

(2004) de que nós “(...) devemos

mudar os esforços para uma

reforma educacional do confuso e

improdutivo mundo da ideologia –

que, algumas vezes, se esconde sob

as várias bandeiras do

construtivismo – para o mundo

arguto e produtivo das pesquisas

baseadas nas teorias sobre como as

pessoas aprendem” (p.18).

Correspondence should be

addressed to Paul A. Kirschner,

Research Centre Learning in

Interaction, Utrecht University,

The Netherlands, P.O. Box

80140, 3508TC, Utrecht, The

Netherlands. E-mail:

[email protected]

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