Portefolio ASMA Corpo Do Trabalho (1)

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6 Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto Doenças Doenças Respiratórias Respiratórias ASMA ASMA Projecto realizado de 08 de Dezembro a 21 de Dezembro de 2008 por: Ana Cristina Costa Oliveira Alves nº10080412 Ana Filipa Ferreira Barros nº10080076 Ana Patrícia de Castro Vieira Vicente nº10080392 Cláudia Raquel Ferreira Silva nº10080199 Fisioterapia em condições cardio-respiratórias – Asma Grupo3

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Doenças RespiratóriasDoenças Respiratórias

ASMAASMA

Projecto realizado de 08 de Dezembro a 21 de Dezembro de 2008 por:

Ana Cristina Costa Oliveira Alves nº10080412

Ana Filipa Ferreira Barros nº10080076

Ana Patrícia de Castro Vieira Vicente nº10080392

Cláudia Raquel Ferreira Silva nº10080199

Irene Fernandes Pinto nº10080238

Joana Santos Pinto Morais nº10070497

Rafael Furlan Gonçalves nº10080001

Sónia Marlene Morais Silva nº10080467

Virginie Macedo Bento nº10080446

Tutor: Terapeuta Hélder Campos

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Indice

Conteúdo

Índice.................................................................................................................................3

Introdução..........................................................................................................................4

Doenças Crónicas..............................................................................................................4

Asma .................................................................................................................................5

Tipos e fases da asma........................................................................................................7

Anatomia do Aparelho Respiratório..................................................................................8

Fisiologia do Aparelho Respiratório................................................................................17

Alteração do Sistema Respitório.....................................................................................18

Diagnostico da Asma.......................................................................................................25

Avaliação da Asma..........................................................................................................26

Tratamento da Asma........................................................................................................27

Exercicios........................................................................................................................28

Fisiopatologias da AIE....................................................................................................31

Manifestações Clinicas da AIE........................................................................................31

Qualidade de Vida dos Asmaticos...................................................................................33

Factores de Risco.............................................................................................................34

Prevalência/ Incidencia da asma......................................................................................36

Evolução da Asma a nivel nacional e internacional........................................................38

Conclusão........................................................................................................................39

Anexos.............................................................................................................................40

Actas …………………………………………………………………………………….72

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Introdução

No âmbito do primeiro problema do segundo módulo referente ao tema da Fisioterapia em

condições cardio-respiratórias, foi-nos sugerido que abordássemos e explorássemos como tema, a

asma.

Este tema surgiu apenas como um pequeno impulsionador para outras grandes temáticas envolvidas

no nosso sistema cardio-respiratório, como sendo aspectos anatómicos e fisiológicos, estes sim os

focos principais a abordar e a conhecer ao longo do problema.

Para a realização deste projecto final foi fundamental a participação de nove elementos, que

individualmente abordaram aspectos diversos relacionados com a temática central, aspectos como a

epidemiologia da doença ou ainda factores promotores de qualidade de vida para doentes com

asma, e com os sub-temas envolventes, estruturas e funções do aparelho respiratório. Consideramos

importante referir a participação do orientador do grupo para este problema, o terapeuta Hélder

Campos.

Doença Crónica

As doenças crónicas caracterizam-se por patologias de evolução prolongada e permanente para as

quais não existe cura, afectando não só a saúde mas também a funcionalidade do doente.

Existem vários tipos de doenças crónicas como as neurológicas, onde se inclui a epilepsia, as

metabólicas, como a diabetes, as respiratórias, como a asma, as hematológicas e ainda algumas

doenças cardíacas, renais, bem como algumas doenças infecto-contagiosas.

Particularmente, a asma enquanto doença crónica, caracteriza-se por uma inflamação dos brônquios

e resulta no estreitamento destes, que pode ocorrer em várias circunstâncias. Apresenta como

sintomas a dificuldade em respirar, tosse, sensação de opressão do tórax e ainda cansaço, e tal como

na maioria das doenças crónicas são possíveis detectar alguns comportamentos de risco, como a

exposição a níveis de poluição elevados, bem como a variações bruscas de temperatura, infecções

virais e ainda o fumo do tabaco, como veremos mais adiante.

Por sua vez, as doenças agudas caracterizam-se por patologias de curso acelerado, terminando com

convalescença ou morte num período de tempo de três a seis meses. São exemplos de doenças

agudas a gripe, infecções gastrointestinais, pneumonia e meningite.

- Chronic diseases. Disponível em http://www.who.int/topics/chronic_diseases/en/ (Consultado em 10 de

Dezembro de 2008);

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- Acute illness. Disponível em http://www.classicalhomeopathy.com/index2_sub4a.html (Consultado em 10

de Dezembro de 2008).

Asma

A asma é uma doença crónica obstrutiva e inflamatória das vias aéreas, vias que transportam o ar

até aos alvéolos pulmonares, e que pode afectar indivíduos de diferentes faixas etárias.

Esta doença caracteriza-se por fortes e exageradas contracções e estreitamento das vias aéreas que

resultam na sua obstrução generalizada, mas variável e reversível de forma espontânea ou através

de tratamento.

A asma pode ser provocada por diversos factores de base genética ou ambiental, para os quais os

indivíduos afectados se encontram mais predispostos, desencadeando assim respostas exacerbadas

do sistema imunitário que se traduzem nos sintomas típicos desta doença como a dispneia, pieira,

tosse e aperto torácico.

Essas respostas consistem na libertação de certos mediadores inflamatórios como factores

quimiotáticos e histamina por exemplo, que são responsáveis por certas alterações como:

Vasodilatação;

Permeabilidade vascular com saída de plasma para o espaço intersticial e entrada de

células inflamatórias causando edema;

Broncoconstrição: estreitamento dos brônquios com hipersecreção de muco,

dificultando as trocas gasosas e circulação do ar;

Alterações na musculatura que envolve as vias aéreas provocando hipertrofia e

hiperplasia muscular;

Quimiotaxia

A broncoconstrição ou estreitamento brônquico, impede uma boa circulação do ar e trocas gasosas

em condições normais, uma vez que aumenta o fluxo sanguíneo brônquico com a vasodilatação e a

permeabilidade vascular e aumentam também as secreções de muco e afluência de células aos

brônquios.

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Devido a esta obstrução, os alvéolos pulmonares são mal ventilados, pelo que diminui, assim, a

capacidade de renovação do ar alveolar.

Assim, como o processo de circulação do ar se torna mais lento, gera-se um aprisionamento do

mesmo dentro dos pulmões, a hiperinsuflação, que provoca a dilatação dos músculos respiratórios,

comprometendo a sua mecânica (diafragma e músculos intercostais são obrigados a alterar a sua

função), pois passam a despender cada vez mais energia e a diminuir o seu rendimento. Este

aumento no gasto de energia gera a fadiga muscular.

A necessidade de repor os valores normais de oxigénio nos pulmões exige um aumento do trabalho

dos músculos respiratórios e do trabalho ventilatório, aumentando assim a frequência da respiração,

num processo designado de hiperventilação.

A hipoxemia, que se caracteriza pela concentração anormal de oxigénio no sangue, está presente em

indivíduos que possuem asma e é uma consequência dos fenómenos explicitados anteriormente,

nomeadamente a hiperventilação e hiperinsuflação.

Estas alterações estruturais do aparelho respiratório designam-se por remodelamento.

Sintomas

A asma caracteriza-se essencialmente por quatro sintomas:

Dispneia: falta de ar; dificuldade ou desconforto em respirar;

Pieira: dificuldade em respirar; respiração acompanhada por um som atípico;

Tosse, predominantemente nocturna;

Aperto torácico frequente.

Causas

A asma é uma doença que não se manifesta diariamente nos indivíduos que a possuem, mas sim

periodicamente através de ataques que podem evoluir com o decorrer do tempo.

Assim, existem várias causas que podem desencadear essas crises asmáticas, como por exemplo:

Alergénios: ácaros, pólens (principalmente na Primavera), pêlos de animais, fungos,

fumo de tabaco, etc.

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Alguns fármacos (ácido acetilsalicílico e beta-bloqueantes);

Poluição;

Stress emocional;

Exercício físico;

Alterações de temperatura do ar;

Produtos químicos inaláveis.

“Asma, o que é isso?” Disponível em: http://www.hoops.pt/saude/asma.htm (Consultado em 9 de Dezembro

de 2008)

Ministério da Saúde; “Aprenda a evitar crises de asma e saiba como pode controlar a doença”

http://www.min-saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/doencas/doencas+respiratorias/asma.htm

(Consultado em 9 de Dezembro de 2008)

TEIXEIRA, Profª. Drª Luzimar; “O que é a asma?” http://www.cdof.com.br/asma8.htm (Consultado em 10

de Dezembro de 2008)

Tipos e fases da asma

A asma apresenta diversas configurações e por isso mesmo, têm sido desenvolvidas várias

tentativas para se criar uma classificação específica para a asma. Nesta tentativa, têm sido tomadas

em consideração os seus diferentes fenótipos: atopia/não atopia, factores desencadeantes, a

gravidade e o controlo da doença, as respostas à terapia e a responsibidade brônquica (exercício, ar

frio, ect.). Contudo, nenhuma classificação foi, até ao momento, totalmente aceite. Assim sendo,

para reconhecer a asma é preciso aprender a conhecer e distinguir as diferentes formas pelas quais

ela se manifesta. Pode ser classificada como intrínseca ou extrínseca:

A asma extrínseca pode ser de origem atópica ou não atópica, contudo, deve-se, maioritariamente,

a uma reacção de hipersensibilidade a um alergénio específico e passível de ser isolado e

identificado. Este tipo de asma caracteriza-se, sobretudo, por uma predisposição

genética/hereditária e história de atopia, bem como de sensibilidade específica para alergénios

ambientais (infecções, exercício, medicamentos, aditivos, factores ocupacionais, aspectos

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emocionais). Como características a asma extrínseca apresenta dispneia, ortopnéia e sibilos. A tosse

é, no início, seca e, posteriormente com expectoração branca e viscosa. O tórax apresenta-se hiper-

insuflado e torna-se necessário o uso de musculatura acessória. Apresenta também roncos

evidenciáveis em todo o tórax.

A asma intrínseca, também denominada de cripotogenética, é uma doença obstrutiva não atópica

mais ou menos contínua e está usualmente associada a infecções recorrentes e resultantes de

diversos fenómenos tais como poluição, condições climáticas, alergias, animais domésticos, mofos

ou bolores, fumo de tabaco, hormonas (na grávida, pílulas anticoncepcionais), irritantes, etc.

Aparece comummente associada à bronquite crónica. As características clínicas são similares às da

asma extrínseca, mas os sibilos e a dispneia tendem a ser contínuos e piorar de manhã, a tosse

produz catarro mucóide, ocorrem infecções respiratórias frequentes e alterações enfisematosas.

A asma pode também ser classificada quanto à sua gravidade (análise da frequência e intensidade

dos sintomas, isto é, pode ser apresentada segundo as suas várias fases: Asma Fraca ou Leve ; Asma

Moderada ou Média; Asma Forte ou Grave

Comissão de Coordenação do Programa da Asma, Programa Nacional do Controlo da Asma (2001).

Asma Prevenção e Controlo/Programas Nacionais de Saúde, Revista de Pneumologia vol 4;

Anatomia do Aparelho Respiratório

O termo respiração baseia-se em três termos que se interligam: ventilação; troca gasosa, que ocorre

entre o ar e o sangue nos pulmões – respiração externa - e entre o sangue e os outros tecidos do

organismo – respiração interna; e utilização do oxigénio pelos tecidos na respiração celular da qual

resulta libertação de energia.

Estruturas Básicas do Sistema Respiratório:

As principais estruturas e vias do sistema respiratório são: cavidade nasal, faringe e laringe que

constituem o sistema respiratório superior ou extratorácico e traqueia, brônquios, bronquíolos,

alvéolos pulmonares e pulmões, que constituem o sistema respiratório inferior ou intratorácico.

Em geral a função respiratória pressupõe o sistema condutor constituído por todas as cavidades e

estruturas que transportam gases para e dos alvéolos pulmonares. E a parte respiratória que ocorre

nos alvéolos pulmonares e consiste na troca gasosa entre o ar e a corrente sanguínea.

Nariz:

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A parte externa do nariz denomina-se nariz externo, é revestido por pele e suportado pelos ossos

nasais sendo a sua constituição óssea e cartilagínea; e a parte interna é a cavidade nasal cujo

vestíbulo está revestido por epitélio estratificado. As faces laterais do nariz possuem uma saliência

semilunar e denominam-se asas nasais.

O ar entra no tracto respiratório através de duas aberturas denominadas narinas; flui pelas cavidades

nasais direita e esquerda, que estão revestidas por muco e cílios e são divididas pelo septo nasal,

cada uma das cavidades é denominada fossa nasal. Os pêlos que se encontram no interior das

narinas filtram grandes partículas de poeira que, caso contrário, poderiam ser inaladas. É nas

cavidades nasais que o ar se torna condicionado, ou seja, é filtrado, humedecido e aquecido.

Posteriormente às narinas existem outros orifícios as coanas que fazem a comunicação da cavidade

nasal com a faringe.

Na parede lateral da cavidade nasal existem as conchas nasais ou cornetos que se dividem em

superior, média e inferior; entre cada uma destas estruturas existem aberturas de drenagem, através

das quais o muco dos seios paranasais é drenado, estes seios compreendem os seios maxilares,

frontal, etmoidal e esfenoidal. Estes seios são responsáveis pela diminuição do peso da caixa

craniana, para além de lhe fornecerem força estrutural.

O esqueleto ósseo do nariz é constituído pelo osso frontal, ossos nasais e maxilares.

Faringe:

A faringe encontra-se na frente da coluna vertebral e mantém estreitas ligações com quatro órgãos:

as fossas nasais, a cavidade bucal, a laringe e o esófago. As paredes da faringe são compostas por

músculo, sendo, a parte interna, o lúmen, revestido por uma membrana mucosa, na qual existe uma

série de acumulações de células pertencentes ao sistema imunitário - os folículos linfóides. Tendo

como base a sua função e localização a faringe é sub dividida em três regiões: nasofaringe,

orofaringe e laringofaringe.

- A nasofaringe ou rinofaringe é a região superior e mais larga do órgão e estende-se desde a base

do crânio até à parte posterior do palato mole. Ligada pela face anterior às fossas nasais constitui

uma passagem dirigida para baixo estabelecendo a ligação directa com a faringe média ou

orofaringe. Na nasofaringe existem estruturas específicas: a amígdala faríngea e uns pequenos

canais provenientes do ouvido médio, as trompas de Eustáquio; na parede posterior da cavidade

nasal encontram-se as amígdalas tubárias, que são formas linfóides que cercam as cavidades nasal e

bucal.

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- A orofaringe ou faringe média encontra-se directamente ligada à cavidade bucal pela sua parte

superior. A base da língua constitui a parede anterior da faringe média. Nas paredes da orofaringe

encontram-se as amígdalas palatinas ou tonsilas, que são formas linfóides.

- A faringe inferior ou laringofaringe está ligada pela frente à laringe e na parte inferior ao esófago.

Laringe:

A laringe tem duas funções, a principal é impedir a entrada dos alimentos e fluidos para a traqueia

e, consequentemente, para os pulmões, permitindo a passagem do ar; a segunda função está

relacionada com a produção de sons. É constituído por cinco cartilagens articuladas entre si fixas,

por vários músculos e ligamentos.

Na parte superior da laringe encontra-se a epiglote que é uma lâmina cartilagínea móvel que na sua

posição erecta, permite a passagem do ar, enquanto no momento da deglutição executa um

movimento de basculação, cobrindo a via aérea. Inferiormente, encontra-se a cartilagem tiroideia, a

cartilagem cricóide, e, lateralmente, as cartilagens aritnóides, onde estão inseridas as cordas vocais.

O interior da laringe está revestido por uma membrana mucosa; a meio do órgão existem duas

cavidades denominadas ventrículos de Morgagni constituídos por pregas; as pregas superiores são

lâminas fibrosas, as bandas ventriculares que produzem muco; e as inferiores são cordas vocais.

Traqueia:

A traqueia situa-se ventralmente ao esófago. Inicia-se após a laringe e desce pela parte mediana do

pescoço no entanto na sua parte inferior desvia-se ligeiramente para a direita, terminando no peito,

onde penetra no mediastino superior, dividindo-se para formar os brônquios principais, direito e

esquerdo. O ponto de bifurcação denomina-se carina e está situado à esquerda do plano mediano,

sendo a sua porção superior mais membranácea do que cartilagínea.

Esta é uma estrutura muito rígida formada por cerca de quinze a vinte anéis resistentes com forma

de ferradura, de cartilagem hialina.

A parte posterior é membranosa e não está revestida pelas cartilagens sendo basicamente

constituída por tecido conjuntivo e muscular, o que confere à traqueia flexibilidade, uma vez que os

espaços da parede que separam os anéis cartilagíneos são, fundamentalmente, constituídos por

tecido conjuntivo rico em fibras elásticas.

Além disso, o diâmetro do canal varia tendo em conta o estado de contracção ou relaxamento dos

músculos das paredes, controlados de forma involuntária e inconsciente pelo sistema nervoso

autónomo, adaptando a passagem do ar a cada situação.

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Ventralmente, a traqueia é revestida por mucosa, formada por um epitélio constituído por células

ciliadas e células caliciformes produtoras de muco.

Brônquios:

Cada brônquio principal estende-se da carina da traqueia ao hilo do pulmão correspondente, estes

são canais que se ramificam repetidas vezes, de modo a que o seu calibre diminua, para se

converterem em inúmeros e finos canais inseridos no seio do tecido pulmonar e que constituem a

árvore brônquica.

Cada brônquio principal é revestido por anéis cartilagíneos que mantém o lúmen desobstruído à

medida que os brônquios penetram os pulmões.

O brônquio principal direito compreende: uma porção superior, da qual emergem os brônquios

segmentares do lobo superior e uma porção inferior de onde surgem os brônquios segmentares dos

lobos médio e inferior. O brônquio principal esquerdo divide-se em dois brônquios lobares, um para

o lobo superior e um para o lobo inferior.

O brônquio principal direito apresenta cerca de 2,5 centímetros de comprimento, é mais curto, largo

e encontra-se numa posição mais vertical relativamente ao esquerdo; este facto faz com que os

corpos estranhos que passam pela traqueia atinjam este canal. O brônquio principal esquerdo tem

cerca de 5 centímetros de comprimento e localiza-se posteriormente ao esófago.

Os brônquios principais ramificam-se em canais mais finos, os bronquíolos, revestidos por uma fina

camada cartilagínea e musculosa que lhes confere a capacidade de dilatar e contrair. Os bronquíolos

estreitam designando-se bronquíolos terminais sendo aqui que termina a fase condutora do sistema

respiratório, seguidamente existe os bronquíolos respiratórios que terminam em alvéolos

pulmonares, onde se realizam as trocas gasosas ao nível dos pulmões.

Alvéolos Pulmonares:

Os alvéolos pulmonares são evaginações que se encontram nos sacos alveolares, ductos alveolares e

bronquíolos e desenvolvem-se até aos 8 anos de vida existindo cerca de 300 milhões. Um conjunto

de alvéolos pulmonares origina os sacos alveolares. É através destas estruturas que ocorre a troca

gasosa ao nível dos pulmões; o vasto número de alvéolos origina uma grande superfície de contacto

para que ocorram as trocas gasosas, além disso a parede destas estruturas é constituída por uma

única camada de células tal como a parede dos vasos capilares que existem em elevado número

nestas zonas, envolvendo os alvéolos pulmonares. Os alvéolos pulmonares são revestidos por três

tipos de células: pneumócitos tipo I ou células alveolares escamosas, pneumócitos tipo II ou células

alveolares granulares (macrófagos) que secretam e armazenam substâncias surfactantes (esta

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substância mantém abertos os alvéolos pulmonares e facilitam a hematose), e os pneumócitos tipo

III, células que existem por todo o pulmão e que se relacionam com a actividade nervosa.

Pulmões:

Os pulmões ocupam a maior parte da cavidade torácica e estão em comunicação directa com o meio

externo, através das vias aéreas. Estes são órgãos moles, esponjosos e elásticos.

Cada pulmão estende-se desde o diafragma até a um ponto acima das clavículas e estão rodeados

pelas costelas.

Cada pulmão tem quatro tipos de superfícies de contacto com a caixa torácica: o ápice, a base, as

faces e as bordas; e o hilo que é a superfície interna dos pulmões.

Apesar de serem idênticos os pulmões diferem entre si em certas particularidades. O pulmão

esquerdo é mais pequeno do que o direito e apresenta a impressão cardíaca no mediastino produzida

pelo coração e pelo pericárdio.

O pulmão direito é mais pesado do que o esquerdo; é mais curto devido ao facto de a cúpula direita

do diafragma ser mais alta e é mais largo visto que o coração se encontra mais dirigido para o lado

esquerdo.

O pulmão esquerdo está dividido em dois lobos: o inferior e o superior; por uma fissura oblíqua.

Enquanto o pulmão direito se encontra dividido em três lobos: superior, médio e inferior; por uma

fissura oblíqua e uma fissura horizontal. Cada lobo dos pulmões está dividido em lóbulos que

contêm os alvéolos pulmonares e que correspondem a específicos segmentos bronquiais. O pulmão

direito contém dez segmentos e o pulmão esquerdo oito segmentos bronquiais.

O ápice é uma estrutura arredondada que está voltada cranialmente e que se encontra ao nível da

primeira costela, posteriormente ao músculo esternocleidomastóideo, cerca de dois ou três

centímetros acima do nível do terceiro médio da clavícula.

A base do pulmão apresenta uma forma côncava, apoiando-se sobre a face superior do diafragma. A

concavidade da base do pulmão direito é mais profunda que a do esquerdo (devido à presença do

fígado).

A face costal é convexa e adapta-se à parte da parede torácica formada pelo esterno, pelas costelas e

pelas cartilagens costais. Esta face une-se à medial, nas bordas anterior e posterior, e à face

diafragmática, na borda inferior.

A face medial é constituída pelas porções vertebral e mediastinal; a primeira está aplicada aos lados

dos corpos das vértebras; a segunda relaciona-se com a porções média, posterior e superior do

mediastino.

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A face diafragmática é côncava e corresponde à cúpula do diafragma. Esta face do pulmão direito é

mais côncava do que a do esquerdo devido à posição mais elevada da cúpula do diafragma.

A borda anterior corresponde à borda anterior da pleura.

A borda inferior separa a face diafragmática das faces costal e medial.

A borda posterior projecta-se na superfície posterior da cavidade torácica.

 

Pleura:

A pleura é uma fina camada membranosa, serosa, lubrificada e delicada formada por dois folhetos:

a pleura visceral que envolve os pulmões e a pleura parietal que recobre internamente a parede

torácica até à face superior do diafragma. Entre a pleura visceral e a pleura parietal existe a

cavidade pleural que contém um líquido lubrificante, o líquido pleural. A função do líquido seroso

que é segregado pela pleura é a lubrificação e facilitação dos movimentos dos pulmões durante a

mecânica da ventilação pulmonar, visto que as pleuras deslizam suavemente uma sobre a outra

durante este mecanismo. A pleura tem a função de compartimentar os pulmões, protegê-los e

lubrificá-los.

A função respiratória constitui uma actividade vital para o ser humano, desta forma existem

estruturas que protegem e suportam os órgãos que interferem nesta actividade. Estas estruturas

constituem a cavidade torácica que está dividida em três espaços principais: mediastino e espaços

laterais. Esta estrutura está envolvida por músculos, tecido celular subcutâneo, etc. constituindo-se a

parede torácica. Esta parede permite: a protecção dos órgãos internos torácicos e abdominais;

resistência às pressões internas negativas geradas pela retracção elástica; proporcionar pontos de

fixação aos membros superiores e sustentar o peso e proporcionar a fixação muscular. O esqueleto

do tórax é formado por várias estruturas.

Esterno:

O esterno é um osso plano, ímpar e mediano que faz parte da parede anterior da cavidade torácica.

Pode ser dividido em três segmentos: o segmento superior designado de manúbrio ou punho, o

segmento médio chamado corpo e o segmento inferior, o apêndice xifoideu. O punho e o corpo do

esterno condicionam um ângulo saliente para diante designado ângulo de Louis.

O manúbrio é a parte mais larga e espessa do esterno.

A apófise xifóide é a parte menor e mais variável, é fina e alongada.

A sua face anterior relaciona-se com os tegumentos e encontra-se por cima do apêndice xifóideu, a

fosseta supraxifoideia. Nesta face observa-se, também, a crista manubrio-esternal, que separa o

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manúbrio do corpo do esterno e a crista xifo-esternal que separa o corpo do esterno da apófise

xifoideia.

Os bordos laterais têm a forma de S itálico e tem várias chanfraduras: articulares, são sete e

articulam-se com as cartilagens costais, e não articulares que são seis e correspondem aos espaços

intercostais.

Costelas:

Existem 12 costelas em cada lado do corpo; são ossos alongados e achatados, que se curvam

anterior e inferiormente, partindo das vértebras torácicas e que ajudam a proteger as vísceras

torácicas.

As primeiras sete costelas e, por vezes, a oitava, estão ligadas ao esterno pelas suas próprias

cartilagens costais e são designadas de costelas verdadeiras ou esternais; a oitava, a nona e a décima

são designadas de costelas falsas ou aderentes e ligam-se pelas cartilagens costais da costela que se

encontra imediatamente acima; a décima primeira e a décima segunda são as costelas flutuantes e

apresentam cartilagens rudimentares, não se interligam e terminam na musculatura superior.

Morfologicamente as costelas podem ser típicas ou atípicas.

As primeiras são as que se aproximam da costela esquemática, as atípicas aparecem profundamente

alteradas na sua forma.

As costelas aderem-se à coluna vertebral formando o ângulo costo-vertebral.

Apresentam um ângulo posterior e ângulo inferior, descrevendo uma curva de concavidade interna;

exibem ainda duas curvaturas, uma de enroscamento e outra de torsão. Cada costela é constituída

pelo corpo e duas extremidades.

O corpo da costela possui uma face externa, convexa que se relaciona com os tegumentos e uma

face interna, côncava, relacionada com a pleura parietal. Dos dois bordos, o inferior apresenta a

goteira costal onde se encontram a veia, a artéria e o nervo intercostais.

Na extremidade posterior da costela encontra-se a cabeça que é cuneiforme e formada por duas

facetas articulares que se ligam com semifacetas existentes no corpo das vértebras e que estão

separadas por uma crista. Existe também nesta zona, o tubérculo que possui uma faceta articular lisa

e que se relaciona com uma faceta existente na apófise transversa das vértebras, situando-se na

junção do colo e do corpo. O colo é a porção da costela que se encontra entre a cabeça e o

tubérculo. Na extremidade anterior a costela apresenta uma faceta elíptica que se articula com a

cartilagem costal.

Cartilagens Costais:

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As cartilagens costais são vinte e quatro e estão colocadas lado a lado no esterno, sendo compostas

por cartilagem hialina, podendo tornar-se ossificadas a partir da quarta.

Cada cartilagem costal apresenta: dois bordos e duas extremidades. A face anterior é convexa e a

face posterior côncava; a extremidade externa liga-se à extremidade anterior das costelas;

relativamente à extremidade interna inserem-se tendo em conta o tipo de costela que ligam

(verdadeira, falsa ou flutuante).

Espaços Intercostais:

Entre as costelas existem os espaços, que são preenchidos pelos músculos intercostais que podem

ser externos ou internos.

Os externos encontram-se ligados a nível superior ao lábio externo da goteira costal da costela

suprajacente e, a nível inferior, ao lábio externo do bordo superior da costela infrajacente;

possuindo os nervos correspondentes; estes músculos são prolongados até ao esterno pela

membrana intercostal externa e a sua acção faz-se sentir ao nível da elevação das costelas durante a

inspiração.

Os internos estão ligados como os externos, visto que se encontram por dentro destes, estes

músculos prolongam-se até às vértebras pela membrana intercostal interna e a sua acção faz-se

sentir na depressão das costelas durante a expiração.

A caixa torácica limita a cavidade torácica que se divide em três espaços principais: o mediastino, a

parte central que inclui todas as vísceras excepto os pulmões que se encontram nos espaços laterais.

A parede torácica é constituída pela caixa torácica, pelos músculos acoplados a esta e por estruturas

adjacentes. Esta parede é rígida e tem como funções: proteger os órgãos internos, resistir ás

pressões internas negativas geradas pela retracção elástica, proporcionar pontos de fixação aos

membros superiores, sustentando o peso e permitindo a fixação de muitos músculos.

A parede torácica possui várias articulações como: intervertebral, costovertebral e

costotransversária, costocondral, intercondral, esternocostal, esternoclavicular, manubrioesternal e

xifoesternal tendo em conta as estruturas que se interligam.

Diafragma:

O diafragma é o músculo mais importante da respiração. É achatado, separando a cavidade torácica

da cavidade abdominal e é constituído por uma porção central aponevrótica, o centro frenético e a

porção periférica é muscular.

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A primeira porção constitui o centro frenético que tem forma de trevo e ocupa a parte central do

diafragma.

A porção muscular é constituída por fibras musculares que se inserem na parede torácica. Existem

três grupos destas fibras: os feixes esternais que se estendem do folíolo à base da apófise xifóide, os

feixes costais que se estendem dos folíolos laterais à face interna das seis últimas costelas e os

feixes lombares que se destacam da porção posterior do centro frenético. Ao nível da coluna

vertebral, os feixes musculares posteriores do diafragma condensam-se nos pilares principais. O

diafragma é atravessado por algumas estruturas formando-se, a este nível, os orifícios do diafragma

como: orifício esofágico, orifício aórtico, orifício da veia cava inferior e os orifícios dos pilares.

Mediastino:

O mediastino é o compartimento central da caixa torácica, coberto de cada lado pela pleura

mediastinal; estende-se desde a abertura superior do tórax até ao diafragma e do esterno e das

cartilagens costais até aos corpos vertebrais torácicos. Esta é uma estrutura muito flexível e móvel

sendo constituída por vísceras ocas, preenchidas com líquido ou ar, e que são unidas por um tecido

conjuntivo frouxo e gordura; assim sendo, o mediastino adapta-se ao movimento e às alterações de

volume e pressão da caixa torácica.

O tecido que constitui o mediastino torna-se mais fibroso e rígido com o avanço da idade, e as

estruturas mediastinais, consequentemente, menos móveis.

 

Outros Músculos:

Existem ainda outros músculos que intervêm na função respiratória, tais como o

esternocleidomastóideo e escalenos. No entanto, estes últimos fixam a primeira e a segunda costela

apenas em caso de patologia.

O grande peitoral, situado na parte anterior do tórax e da axila, é extensor no final da flexão do

úmero; pequeno peitoral que fixa a omoplata contra a caixa torácica, serreado anterior que mantém

a omoplata estabilizada e actua na protracção da escápula e subclávio que fixa a primeira costela.

 

GARDNER, Ernest; GRAY, Donald J.; O'RAHILLY, Ronald.. 4ª Edição  (1975): Estudo Regional do Corpo

Humano. (Parte 4 e Parte 8)

VAN DE GRAAFF, Kente M..6ª Edição (2001): Human Anatomy

MOORE, K. L.; DALLEY, A.F.;  LIPPINCOTT, Williams & Wilkins. 4ª Edição (1999): Clinically Oriented

Anatomy

SOBOTTA, J. ; BECHER, H.: Atlas de Anatomia Humana

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Page 16: Portefolio ASMA Corpo Do Trabalho (1)

6

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NETTER Frank H.: Atlas de Anatomia Humana

 

Fisiologia

As funções básicas do sistema respiratório são: a oxigenação do sangue, de modo a que as células

tenham acesso à matéria-prima necessária à produção de energia biológica – ATP, realizando o seu

metabolismo; remoção de dióxido de carbono resultante do mesmo metabolismo; produção de som;

auxilio na compressão abdominal durante a micção, defecação e durante o parto; função de

protecção.

Para que o processo se realize, sem complicações existem determinados requisitos:

-o ar deve encontrar-se suficientemente aquecido, humedecido e limpo das partículas do ar quando

se efectua a troca; a membrana é fina e tem a característica da permeabilidade selectiva, para além

de estar constantemente húmida para que o oxigénio e dióxido de carbono se dissolvam; o sistema

tem uma extensa rede de capilares e possui um mecanismo de ventilação eficaz que permite a

constante renovação do are funciona automaticamente através de mecanismos de monitorização e

feedback.

A função respiratória inicia-se com a entrada do ar nas vias aéreas superiores; assim o ar entra pelo

nariz e pela boca sendo filtrado pelos cílios e mucosas, humedecido e aquecido – sendo este um

mecanismo de defesa do organismo.

Este processo pressupõe a existência de um outro, a ventilação que é um mecanismo através do

qual o ar se movimenta para fora e para dentro dos pulmões, isto requer a existência de um

gradiente de pressão entre o meio externo e os alvéolos. Os princípios fisicos do fluxo de ar nas vias

respiratórias e nos vasos sanguíneos mantém a seguinte relação F = (P1-P2) / R. F é o a fluxo de ar

medido em milímetros por minuto, P1 é a pressão no ponto P1, P2 é a pressão no ponto P2 e R a

resistência ao fluxo do ar. Quando a pressão de P1 é maior do que em P2 o ar move-se de P1 para

P2.

Durante a inspiração gera-se um gradiente de pressão positiva entre o exterior e os alvéolos, desta

forma a pressão atmosférica é superior à pressão alveolar e o ar entra para a traqueia e brônquios em

direcção aos alvéolos; durante a expiração a pressão alveolar é superior à pressão atmosférica, desta

forma o ar flui para o meio externo.

A pressão obedece à lei geral dos gases P = (nRT) / V, em que P é a pressão, n é o número de moles

por grama de gás, R é a constante do gás, T é a temperatura absoluta e V é o volume. Esta lei

mostra que a pressão do ar é inversamente proporcional ao volume, à medida que o volume

aumenta, a pressão diminui e vice-versa.

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Existem três convenções para exprimir as pressões: a pressão atmosférica (PA) que corresponde à

pressão fora do corpo à qual é atribuído o valor zero; as pequenas pressões na respiração fisiologica

são normalmente expressas em centímetros de H2O e que as restantes pressões são avaliadas em

relação à pressão atmosférica.

O movimento do ar para os pulmões é resultado de modificações do volume torácico; estas

alterações produzem modificações na pressão alveolar:

1. No final da expiração a pressão atmosférica e alveolar são iguais, não existindo movimento do ar;

2. Quando se inicia a inspiração, a contracção dos músculos inspiratórios aumenta o volume

torácico causando a expansão dos pulmões e o aumento do volume dos alvéolos. Este aumento

causa uma diminuição na pressão alveolar para valores inferiores da pressão atmosférica e o ar flui

para os pulmões;

3. No final da inspiração, o tórax pára de se expandir cessando a expansão alveolar até que a

pressão alveolar iguala a pressão atmosférica.

Existem alguns processos que modificam o volume alveolar: a retracção pulmonar e a pressão

pleural. A primeira tende a colapsar os alvéolos devido à retracção elástica provocada pelas fibras

elásticas nas paredes dos alvéolos e à tensão superficial da película de fluido que reveste os

alvéolos.

Os pneumócitos tipo II existentes no epitélio alveolar produzem o surfactante que é uma camada

existente na superfície do alvéolo, reduzindo a tensão superficial e reduzindo drasticamente a

tendência dos pulmões para colapsar.

A pressão intrapleural (Ppl) é a pressão existente na cavidade pleural. Quando a pressão intrapleural

é menor do que a pressão alveolar, os alvéolos tendem a expandir-se. A pressão intrapleural é

inferior à pressão alveolar devido a um “efeito de sucção” exercido pela retracção elástica dos

pulmões. Assim, à medida que os pulmões se retraem as pleuras parietal e visceral tendem a

separar-se, diminuído a pressão na cavidade pleural. Quando a pressão intrapleural é inferior à

pressão alveolar, os alvéolos expandem-se. No entanto, esta expansão é contrariada pela retracção

dos pulmões. Se a pressão intrapleural for suficientemente baixa, contraria a retracção elástica dos

pulmões e os alvéolos expandem-se, se isto não acontecer, os alvéolos colapsam.

No final de uma expiração normal, a pressão pleural é menor do que a pressão atmosférica e a

pressão alveolar igual. Assim, a pressão alveolar baixa ficando menor do que a pressão atmosférica

e o ar flui para os pulmões. À medida que o ar entra a pressão alveolar aumenta igualando a pressão

atmosférica, no final da inspiração.

A diminuição da pressão pleural causa a expansão dos pulmões; aumentando a tendência destes

para se retraírem, gerando-se um maior efeito de sucção e uma diminuição da pressão intrapleural.

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O ar atravessa a faringe, depois a laringe chegando à traqueia; esta estrutura possui uma bifurcação

que origina os brônquios, que conduzem o ar até aos pulmões.

Compliance pulmonar é a medida correspondente ao volume que os pulmões e o tórax aumentam,

pela modificação de cada unidade de pressão alveolar; expressa-se em litros por centímetro de água.

Assim, quanto maior for a compliance, maior é a facilidade com que uma alteração na pressão

provoca a expansão dos pulmões e do tórax.

A espirometria é o processo através do qual se medem os volumes do ar que se movem, de e para o

aparelho respiratório.

Existem quatro volumes pulmonares de referência:

Volume corrente – volume de ar inspirado ou expirado em repouso;

Volume de reserva inspiratória – volume máximo de ar inspirado numa manobra forçada;

Volume de reserva expiratória – volume máximo de ar expirado numa manobra forçada;

Volume residual – volume de ar que permanece nas vias aéreas, após uma expiração forçada.

As capacidades pulmonares são a soma de dois ou mais volumes:

Capacidade inspiratória – soma do volume corrente e do volume de reserva inspiratória;

Capacidade residual funcional – soma do volume de reserva expiratória com o volume residual;

Capacidade vital – soma do volume de reserva expiratória com o volume corrente e o volume de

reserva inspiratória;

Capacidade pulmonar total – soma dos volumes de reserva inspiratória e expiratória com os

volumes corrente e residual.

O sexo, a idade e a condição física são factores que influenciam as variações dos volumes e

capacidades respiratórias, de um indivíduo para o outro.

Outras medidas importantes são: a ventilação total e a ventilação alveolar. A primeira corresponde á

quantidade total de ar que flui pelo aparelho respiratório por minuto (volume corrente multiplicado

pela frequência respiratória). Assim, frequência respiratória é o número de ciclos respiratórios por

minuto. Muito do ar inspirado preenche o espaço morto (locais onde não ocorrem trocas gasosas)

antes de atingir os alvéolos, não estando disponível para a hematose. Assim, o volume de ar

disponível por minuto constitui a ventilação alveolar VA.

A entrada do ar nos pulmões pressupõe o controlo da respiração; o centro respiratório, situado na

parte inferior do cérebro, controla subconscientemente a respiração. Assim, o cérebro, a nível do

bolbo raquidiano e pequenos órgãos sensoriais situados nas artérias aorta e carótida detectam as

anomalias na concentração de oxigénio e dióxido de carbono no organismo. Desta forma, e dado

que os pulmões não possuem músculos internos, o esforço respiratório é realizado pelo diafragma e,

em menor escala, pelos músculos intercostais.

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O ritmo da ventilação é controlado por neurónios bulbares que estimulam os músculos da

respiração. Recrutando as fibras musculares e aumentando a frequência da sua estimulação,

provocando contracções musculares mais fortes; a amplitude dos movimentos respiratórios aumenta

e a respiração é mais profunda.

O centro respiratório bulbar é constituído por dois grupos respiratórios ventrais e dois grupos

respiratórios dorsais. Cada grupo respiratório dorsal é formado por um conjunto de neurónios que

estão mais activos durante a inspiração, permanecendo alguns activos durante a expiração; estes

grupos são responsáveis pela estimulação da contracção do diafragma.

Cada grupo respiratório ventral é formado por neurónios que estão activos durante a inspiração e a

expiração; estimulando, principalmente, os músculos intercostais internos e externos e os

abdominais.

A inspiração inicia-se quando a combinação de todas as aferências provenientes dos receptores que

avaliam os gases do sangue, a temperatura sanguínea e os movimentos dos músculos e das

articulações para além dos estímulos das regiões que interferem no controlo voluntário dos

movimentos respiratórios e das emoções; estas estruturas geram potenciais de acção nos neurónios

que estimulam os músculos respiratórios. Após o inicio da inspiração, o número de neurónios

activados é progressivamente maior, estimulando-se a contracção dos músculos, o que se prolonga

durante cerca de 2 segundos. No final da inspiração os primeiros neurónios estimulam outros

neurónios no centro respiratório bulbar que promovem o relaxamento dos músculos respiratórios

causando a expiração durante cerca de 3 segundos.

É possível aumentar ou diminuir, voluntariamente, a frequência e a amplitude dos movimentos

respiratórios, através do córtex cerebral.

Existem, ainda, quimiorreceptores que são neurónios especializados em responder a alterações

químicas, estando envolvidos na regulação da ventilação. Os quimiorreceptores centrais localizam-

se na área quimiossensitiva do bulbo raquidiano, ligando-se ao centro respiratório. Os

quimiorreceptores periféricos localizam-se nos corpos carotídeos e aórtico.

O diafragma move-se para baixo contraindo-se e dilatando a cavidade torácica, reduzindo a pressão

no peito. O ar flui rapidamente para o interior das vias aéreas, igualando-se à pressão atmosférica;

ocorrendo a inspiração.

Quando atinge os brônquios o ar segue pelos bronquíolos até aos alvéolos pulmonares. Estas

estruturas estão vastamente vascularizadas sendo aqui que se dá a hematose pulmonar.

É a este nível que entra no processo respiratório o sistema cardiovascular. Este sistema é constituído

pelo coração e vasos sanguíneos. O coração é o órgão propulsor do sangue constituído por duas

aurículas e dois ventrículos. Relativamente aos vasos sanguíneos existem as artérias, as veias e os

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capilares sanguíneos. As artérias têm uma parede espessa e elástica enquanto as veias têm a parede

flácida e menos espessa. A parede dos vasos sanguíneos é constituída por uma única camada de

células. A função do coração é gerar pressão, que condicione o fluxo sanguíneo através dos vasos.

Os movimentos rítmicos de contracção e relaxamento do coração denominam-se, respectivamente,

sístole e diástole e provocam diferenças de pressão responsáveis pela circulação sanguínea.

No ser humano existe circulação dupla: circulação pulmonar ou pequena circulação e a circulação

sistémica ou grande circulação.

Durante a circulação pulmonar o sangue venoso (rico em dióxido de carbono) proveniente de todas

as partes do corpo entra no ventrículo direito transportado pelas veias cavas inferior e superior, aqui

ocorre sístole ventricular e o sangue passa para a aurícula direita, através da válvula tricúspide;

nesta cavidade ocorre sístole auricular e o sangue é impulsionado para os pulmões, circulando pelas

artérias pulmonares que se ramificam originando capilares que envolvem os alvéolos pulmonares.

É ao nível dos capilares e alvéolos que ocorrem as trocas gasosas nos pulmões. Nos alvéolos

pulmonares encontra-se ar rico em oxigénio e com uma baixa concentração de dióxido de carbono

enquanto nos capilares sanguíneos circula sangue rico em dióxido de carbono e com baixa

concentração de oxigénio; ou seja, na difusão gasosa, o factor que determina a direcção e a

intensidade da difusão é a pressão parcial de cada um dos gases presentes. Como a concentração de

oxigénio é superior nos alvéolos pulmonares do que nos capilares sanguíneos, o oxigénio difunde-se

dos alvéolos para o interior dos capilares sanguíneos. No caso do dióxido de carbono, a pressão

parcial deste gás á maior no sangue do que nos alvéolos, dando-se uma difusão em sentido

contrário.

A difusão dos gases através da membrana respiratória é influenciada por determinados factores:

espessura da membrana, cujo aumento diminui a facilidade de difusão; coeficiente de difusão desse

gás na membrana, que mede a facilidade com que o gás se difunde; superfície funcional na

membrana e o gradiente de pressão parcial do gás entre os dois lados da membrana.

Em condições de ventilação e fluxo sanguíneo (perfusão) normais, a difusão do oxigénio e de

dióxido de carbono, através da membrana respiratória, é eficaz. A relação entre a ventilação e a

perfusão pode ser afectada de duas formas: quando a ventilação excede a capacidade sanguínea para

captar o oxigénio e quando a ventilação é insuficiente para garantir o fornecimento de oxigénio

necessário à oxigenação do sangue venoso.

A curva de dissociação da oxi-hemoglobina representa a percentagem de hemoglobina saturada com

oxigénio para cada valor de PO2 sanguínea. Existem determinados factores que influenciam a força

com que o oxigénio se liga á hemoglobina: o pH, a PCO2 e a Temperatura.

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À medida que o pH sanguíneo baixa, a quantidade de oxigénio ligado à hemoglobina também baixa.

Isto deve-se ao aumento do número de iões de hidrogénio que se combinam à hemoglobina

alterando a sua estrutura. Contrariamente, um aumento do pH provoca um aumento da afinidade da

hemoglobina para se ligar com o oxigénio.

O aumento da PCO2 sanguínea diminui a afinidade da hemoglobina com o oxigénio devido ao

efeito do dióxido de carbono no pH.

A elevação da temperatura diminui a afinidade da hemoglobina com o oxigénio; assim, o aumento

da temperatura resultante do metabolismo aumenta a quantidade de oxigénio libertado para os

tecidos.

O sangue é oxigenado e passa a designar-se sangue arterial; os capilares começam a fundir-se dando

origem a veias pulmonares que conduzem o sangue ao ventrículo esquerdo do coração. Aqui, ocorre

a sístole ventricular e o sangue passa pela válvula bicúspide ou mitral para a aurícula esquerda onde

ocorre a sístole auricular e o sangue circula pela artéria aorta para todo o organismo onde ocorrerá a

hematose celular, um processo cujo mecanismo é idêntico ao da hematose que ocorre a nível

pulmonar; o dióxido de carbono resultante do metabolismo celular difunde-se para o líquido

intersticial e depois para dentro dos capilares, passando o oxigénio, da mesma forma, para o interior

das células.

Enquanto ocorre a circulação sistémica o diafragma relaxa e sobe, e a cavidade torácica contrai-se,

elevando a pressão do ar. Desta forma, o ar rico em dióxido de carbono é expelido para fora dos

pulmões, ocorrendo a expiração.

O reflexo de Hering - Breuer regula a amplitude da inspiração e previne a hiper-insuflação dos

pulmões. Este reflexo depende de receptores de distensão localizados nas paredes dos brônquios e

bronquíolos. Os impulsos nervosos têm um efeito inibidor no centro inspiratório, provocando a

expiração. O ritmo da ventilação é alterado pelo exercício e também pela activação de receptores

tácteis, térmicos e da dor.

GUYTON, A.C. 6ª Edição: Fisiologia Humana.

WIDMAIER, Raff & Strang. MCGRAW HILL. 10ª Edição (2006): Vander’s Human Physiology: The

Mechanisms of Body Function.

SILVERTHORN 2ª Edição (2003): Fisiologia Humana - Uma Abordagem Integrada.

Alteração do sistema respiratório

Funcionamento do aparelho respiratório em condições normais:

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O processo de respiração que corresponde à ventilação pulmonar ocorre em dois momentos: a

inspiração e a expiração. Este processo é responsável pela troca de ar entre a atmosfera e os

alvéolos.

Nestes momentos, os músculos envolvidos sofrem certas alterações devido, principalmente, a três

características fundamentais:

Contraem ritmicamente e intermitentemente durante toda a sua longevidade;

O seu controlo faz-se voluntária ou involuntariamente;

Trabalham contra cargas resistentes elásticas (parede torácica e pulmões) e das vias

respiratórias, e não contra as forças gravitacionais encontradas pela maioria dos outros

músculos esqueléticos.

A inspiração é um processo activo que depende da contracção muscular, que é controlada pelo

sistema nervoso central. As principais alterações relacionadas com a inspiração ocorrem ao nível do

diafragma, intercostais externos, escalenos, dentados posteriores superiores e quadrados dos

lombos.

Quadro 1 – Acção dos músculos inspiratórios

 É importante realçar que o diafragma é responsável por 70% do volume inspirado e que o seu

deslocamento é de aproximadamente 1 cm, a não ser que a inspiração seja forçada, situação na qual

pode ir até aos 10 cm.

A elevação das costelas pelos intercostais externos referenciada no quadro, força o esterno,

aumentando o diâmetro do tórax. Ao aumentar o diâmetro do tórax, aumenta consequentemente o

volume dos pulmões. Este facto faz com que diminua a pressão intrapulmonar e aumente a pressão

transpulmonar, permitindo assim a entrada do ar para os alvéolos.

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A expiração por sua vez é um processo passivo, pois vai armazenando energia elástica à medida que

o diafragma e os músculos intercostais externos relaxam. Os principais músculos envolvidos na

expiração são os intercostais internos, os transversos do tórax, os dentados posteriores inferiores e

os rectos abdominais.

Quadro 2 – Acção dos músculos expiratórios

Estes músculos, ao contraírem-se, empurram a parede abdominal para dentro, forçando o diafragma

a subir e as costelas a descerem. Estes movimentos voltam a aumentar a pressão intrapulmonar e o

ar é forçado a sair.

Funções do sistema respiratório num indivíduo asmático:

Num indivíduo asmático, as principais dificuldades na respiração encontram-se ao nível da

resistência ao fluxo de ar. Devido à obstrução generalizada das vias aéreas, a circulação de ar

efectua-se com maior dificuldade, diminuindo assim a ventilação pulmonar.

A asma é então considerada como uma doença obstrutiva, devido principalmente à

broncoconstrição, ou seja, à obstrução dos brônquios. Esta obstrução resulta de uma hipersecreção

de muco e broncospasmos que diminuem o calibre dos brônquios aumentando assim a resistência à

passagem de ar.

Também o edema pulmonar provocado pela presença de fluidos no espaço intersticial vai contribuir

para que a ventilação pulmonar não seja tão eficaz, pois diminui a compliance pulmonar.

Alterações ao nível do mecanismo muco-ciliar, podem também afectar a ventilação pulmonar, visto

que a eliminação de excreções e outros conteúdos prejudiciais ao indivíduo não é tão eficiente.

Como é do conhecimento geral, na inspiração ocorre a dilatação das vias aéreas facilitando a

passagem de ar, enquanto que na expiração ocorre a sua contracção. Daí ser fácil perceber que, um

indivíduo asmático apresenta maiores dificuldades em expirar uma vez que, como já apresenta as

suas vias aéreas obstruídas, estas ao contraírem vão diminuir ainda mais o seu calibre, criando uma

maior resistência à passagem do ar.

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Monteiro, Pedro. Fisiologia Respiratória (2008) in Moodle

Seeley, R., Stephens, T. e Tate, P., (2005). Anatomia & Fisiologia (6ª Ed) (M. Leal, M. Durão & M.

Abecasis, Trad.). Loures: Lusociência. (Obra original publicada em 2003).

Diagnostico da asma

O diagnóstico do fisioterapeuta resulta de dois tipos de exames complementares: um exame

subjectivo e um exame objectivo.

O exame subjectivo é feito através da anamnese sendo essa uma entrevista que fornece informações

sobre o paciente (dados demográficos, motivo, história clínica, antecedentes pessoais, antecedentes

familiares) e permite determinar certos sintomas e sinais (tosse, dispneia, aperto no peito, pieira).

Nesse sentido, existe uma lista de perguntas que devem ser feitas pelo terapeuta.

O exame objectivo ocorre através dum exame físico:  a inspecção, a palpação, os sinais vitais, a

percussão e a auscultação são elementos de diagnóstico que permitem detectar anomalias como

taquipneia, tiragem intercostal, hiperinsuflação, taquicardia, pulso paradoxal, etc. O terapeuta

também pode utilizar provas de função respiratória como a espirometria que permite detectar um

índice de Tiffenau (Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo/Capacidade Vital Forçada)

abaixo de 90% do valor previsto no caso da asma; o teste de broncoprovocação (mede a diminuição

do VEF1) ou o exercício (com a medida do VEF1 antes e após um exercício). No exame objectivo,

o terapeuta também pode detectar a obstrução graças a marcadores de inflamação: o óxido nítrico

exalado (a produção de NO aumenta) e a expectoração (aumento dos eosinofilos). Além disso,

ainda tem disponíveis testes alérgicos cutâneos, radiografia do tórax e electrocardiográficos.

Dr Pierre d’Almeida Telles Filho. Asma Brônquica. Disponível em

http://www.asmabronquica.com.br/medical/diagnostico.html. Acesso em 9 de Dezembro de 2008.

Gustavo Alcoforado Franco Lima. Asma: diagnóstico e diagnóstico diferencial em adultos. Disponível em

http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?LangType=1046&menu_id=561&id=543. Acesso 9 de

Dezembro de 2008.  

Projeto Diretrizes. Associação médica brasileira e conselho federal de medicina. Diagnostico e Tratamento

da Asma Brônquica. Disponível em www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/016.pdf. Acesso em 9 de

Dezembro de 2008.

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Aeocrine. Melhorar o Diagnóstico e o Tratamento da Asma através da Medição da Feno. Disponível em

http://www.teprel.com/files/catalogos/pneumologia/AEROCRINE%20FeNO%20PT.pdf. Acesso em 10 de

Dezembro de 2008.

ESTSP – Módulo cardio-respiratoria I - Sessões laboratoriais e Sessões de Recurso – Dezembro 2008

Avaliação da asma

O Manual de Boas Praticas na Asma redigido pela Comissão de Coordenação do Programa

Nacional de Controlo da Asma no pedido da Direcção Geral da Saúde apresente critérios de

avaliação da asma. Com efeito, segundo os seus sintomas o doente pode ter a sua asma classificada

em 4 degraus: Intermitente; Persistente Ligeira; Persistente Moderada ou Persistente Grave.

Também é possível avaliar a gravidade da crise segundo a intensidade dos sintomas sendo assim

possível classificar a crise de ligeira, moderada, grave ou sujeita a uma paragem respiratória

iminente. Além disso, segundo a evolução dos sintomas durante o tratamento também é possível

determinar um tratamento mais adequado. Finalmente, também existe um questionário (Pediatric

Asthma Quality of Life Questionnaire) que avalia a qualidade de vida em asmáticos.

M. L. Silva, J.F. De Oliveira; J.P.M. Da Silva. Aspectos práticos do seguimento do doente com asma.

Disponível em : http://www.apmcg.pt/files/54/documentos/20080303151946718826.pdf. Acesso em 13 de

Dezembro de 2008.

Direcção Geral da Saúde. Comissão de Coordenação do Programa Nacional de Controlo da Asma. O Manual

de Boas Praticas na Asma.

O tratamento na asma

Numa perspectiva geral, no que diz respeito ao tratamento farmacológico, os medicamentos usados

para tratar a asma podem ser divididos em três grupos: os medicamentos de alívio rápido, os

profilácticos (preventivos) e de emergência.

Os medicamentos de alívio rápido são usados para acalmar a obstrução das vias aéreas e diminuir a

resistência ao fluxo de ar, facilitando assim a inspiração e a expiração. Assim sendo, falamos dos

inaladores e dentro destes existem três tipos de dispositivos: os inaladores de pressão (em anexo) –

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muitas vezes aliados a câmaras expansoras (em anexo) –, os inaladores de pó seco (em anexo) e os

nebulizadores.

No que toca à prescrição destes dispositivos deve-se ter em conta a preferência, as características e

a adaptação do doente.

Existem também outras técnicas aliadas ao tratamento da asma com o objectivo de prevenir crises.

São elas as técnicas instrumentais e não instrumentais e o fisioterapeuta representa um papel

importante neste campo, na medida em que ensina e aplica correctamente estas técnicas. Estas

técnicas são aplicadas de acordo com a via aérea mais afectada, assim sendo, e dentro das técnicas

não instrumentais, para tratar as vias aéreas inferiores periféricas aplica-se a técnica EDIC

(exercício a débito inspiratório controlado), para as vias aéreas inferiores distais a técnica ELTGOL

ou ELPr, para as vias aéreas inferiores proximais a tosse ou huffing e por fim nas vias aéreas

superiores aplicam-se inspirações e expirações forçadas.

Quanto às técnicas instrumentais, nas vias aéreas inferiores periféricas aplica-se a inspirometria

incitativa, nas vias aéreas inferiores distais aplica-se o Flutter, o TheraPEP, o RC-Cornet, o

Acapella ou o IPV/Percussionaire, nas vias aéreas inferiores proximais aplica-se a drenagem

postural, a vibração, a percussão, o Cough-Assist ou a aspiração. Já nas vias aéreas superiores

aplica-se o soro fisiológico, o RC-Cornet, a vibração ou a aspiração.

Como referido anteriormente, os doentes asmáticos podem apresentar fadiga dos músculos

respiratórios e um consequente aumento da dispneia e, posto isto, existe um treino específico para

aumentar a força destes músculos, de modo a contribuir para uma melhoria da qualidade de vida

dos doentes respiratórios. Os programas de treino para os músculos inspiratórios mais utilizados

são: treino inspiratório resistido, o treino normocápnio hiperpneico e o treino tipo “Threshold

loading”.  

Freitas, M. (2002). Asma brônquica na prática clínica. Lisboa: Lidel

Filipe, L.M. e Delgado, L. (2001). Alergias e desporto - sindromas alérgicos induzidos pelo exercício.

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Dean, E. e Frownfelter, D. (2004). Fisioterapia cardiopulmonar (3a Ed.). Rio de Janeiro: Revinter

O’sullivan, S. e Schmitz, T. (2004). Fisioterapia: Avaliação e tratamento (F.A. Lopes & L. B. Ribeiro,

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Seeley, R., Stephens, T. e Tate, P., (2005). Anatomia & Fisiologia (6ª Ed) (M. Leal, M. Durão & M.

Abecasis, Trad.). Loures: Lusociência. (Obra original publicada em 2003).

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Jornal do centro de saúde. Exercício controlado: Os asmáticos devem praticar exercício? Recuperado em 10

Dezembro, 2008, de http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/action/2/cnt_id/1456/

Exercicio

No passado era comum pensar-se que um asmático não deveria praticar exercício físico, hoje sabe-

se que, cumprindo um plano adequado de controlo da asma feito pelo médico, o doente com asma

pode e deve participar. Tudo vai depender da intensidade do esforço e das condições em que este é

realizado, deixando o exercício físico de ser um indutor de asma para se transformar num bom

tratamento que melhora a qualidade de vida.

Vantagens de praticar exercício físico regularmente:

1 – Melhora a musculatura respiratória, a respiração torna-se mais eficaz e profunda.

2 – Durante o exercício dá-se a libertação de adrenalina que dilata os brônquios e aumenta a

quantidade de ar nos pulmões, produzindo uma certa broncodilatação.

3 – Aumenta a quantidade de glóbulos vermelhos presentes no sangue.

4– Estimula o sistema imunitário, diminuindo o risco de sofrer infecções e reacções alérgicas.

5– Aumenta a tolerância ao esforço e permite melhorar o rendimento físico, ajudando a controlar as

crises de asma.

6 – Diminui a necessidade de medicação.

7– Melhora a condição física em geral, e torna o sujeito mentalmente mais forte

Mais de metade das pessoas com asma podem ter sintomas durante ou após um exercício, contudo,

muitas pessoas com alergias, mesmo que não tenham habitualmente asma, podem ter sintomas de

asma quando fazem exercício.

O exercício físico envolve o sistema respiratório, cardiovascular e músculo-esquelético, logo  a 

pratica regular, provoca o aumento da resistência cárdio-respiratória, o que lhe vai permitir

ultrapassar diversas dificuldades diárias com mais tranquilidade, e, fornece-lhe, reservas para

enfrentar as crises de asma.

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No entanto, em atletas envolvidos em programas de treino intenso e de competição, a existência de

asma e/ou rinite vão impor limitações importantes à resposta respiratória durante o exercício, com

implicações no rendimento desportivo.

Uma orientação adequada trás uma série de benefícios, e é um conselho pedido frequentemente aos

médicos, pois melhora a mecânica respiratória, permite a correcção e alterações posturais, melhora

a condição física geral e previne outras complicações pulmonares. Se o asmático já é atleta

desportivo, a pratica de exercício, deverá ser encorajada e adequadamente controlada, pelo medico,

podendo participar ao mesmo nível de um não asmático. Se o doente asmático quiser iniciar a sua

vida desportiva, este deverá ser encorajado, mas a orientação terapêutica é a prática de desportos

mais compatíveis, que proporcionam exercícios aeróbios e dinâmicos, de modo a que a

hiperventilação e os músculos respiratórios, sejam treinados.

Qualquer exercício que se realize a uma intensidade moderada (60 a 75% da frequência cardíaca

máxima), com uma ligeira humidade e em condições que permitam aquecer o ar se este estiver frio,

são benéficos para o ser humano. O ar quente e húmido, funciona como condição ambiental de

redução dos ataques de asma durante a prática de exercício físico.

A natação é uma actividade física preferencial para se aconselhar ao asmático, porque, além de

resultar como o menor desencadeador da crise entre todas as actividades desportivas, em muitos

casos têm condições de reduzir o broncoespasmo.

A ginástica e outros desportos intermitentes - que alternam períodos curtos de exercício, com

intervalos - bem como desportos colectivos e o ténis, pois não só melhoram a condição física, como

também ajudam a recuperar a autoconfiança.

Pelo contrário, os desportos de longa distância, sem paragens, como corrida, passadeira, ciclismo e

desportos de Inverno são exercícios que forçam os pulmões à realização de um trabalho pesado e

contínuo, pois ao fazer-se esforço intenso, o indivíduo tende a respirar pela boca e o ar não pode ser

previamente aquecido nem humedecido pelo nariz, o que favorece o encerrar dos brônquios,

podendo induzir a uma crise de asma. No entanto, este género de actividades provoca a libertação

de adrenalina, que dilata os brônquios e aumenta o volume de ar nos pulmões.

As variáveis tipo, intensidade e duração do esforço, bem como as condições ambientais,

determinam o aparecimento e a gravidade da resposta obstrutiva. Onde a orientação clinica, evita a

broncoconstrição induzida pelo exercício (BIE). Contudo, outros cuidados devem ser tomados, para

um bom diagnóstico clínico:

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 a) inspiração nasal

 b) Medida do "peak flow” no início da actividade;

c) Explicar a importância e o objectivo de cada exercício desenvolvido em cada sessão;

  d) Incentivar a realizar em casa para que se torne um hábito de vida.

Asma induzida pelo exercício (AIE) descreve o aumento transitório da resistência das vias aéreas

após um exercício vigoroso, o que pode ocorrer na maioria dos pacientes com asma. É reconhecida

como importante factor limitante da actividade física.

Os aspectos clínicos da AIE são habitualmente característicos, sendo uma situação clínica na qual a

actividade física intensa desencadeia obstrução brônquica, aguda e transitória, em pessoas com

hiper actividade brônquica (HRB). Pacientes sensíveis a esse estímulo podem tipicamente

completar um exercício sem dificuldade. Quando param, contudo, desenvolvem por tempo limitado

constrição torácica, pieira, dispneia e tosse.

Para que a crise se produza, torna-se necessário que a ventilação atinja 60% ou mais da ventilação

máxima, e que o esforço se mantenha por seis a oito minutos, de onde se conclui que a intensidade

da AIE é função do volume de ar ventilado e da diminuição da temperatura e humidade no ar

inalado.

Fisiopatologia da AIE

Durante o exercício, o paciente está relativamente protegido, pelo aumento do drive de

catecolaminas que ocorre durante o esforço e também pela redução do tónus brônquico. Esta curta

protecção cessa logo que termina o esforço e quando se inicia o broncoespasmo.

Uma das características da AIE é a refractariedade que ocorre por algum tempo, a uma subsequente

provocação após o ataque inicial. Esta refractariedade é decorrente de uma lenta liberação de

prostaglandinas broncodilatadoras durante o esforço, cuja acção persiste por 30 a 60 minutos.

A gravidade da AIE depende do grau de hiper-responsividade brônquica como um todo e

consequentemente de factores que possam alterá-la, o exercício por si só, ao contrário da asma

desencadeada por alergénios, não aumenta a responsividade brônquica.

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À medida que a ventilação aumenta durante o esforço, ocorre também o aumento da resistência

inspiratória, passando a respiração a ser oral, fazendo com que as vias aéreas intratorácicas

aqueçam e humidifiquem o ar inspirado.

Manifestações Clínicas de AIE

As manifestações clínicas de AIE são semelhantes às outras formas de asma aguda (tosse, pieira e

dispneia) diferindo apenas, por estas acontecerem após um esforço e a sua duração ser geralmente

mais curta. Num adolescente ou num adulto que pratique regularmente desporto, apresentará

apenas, uma intolerância ao exercício, traduzida em cansaço, fadiga, perda de rendimento

desportivo, sensação de opressão torácica, sensação de “garganta seca” ou mesmo cefaleias e

epigastralgias.

O principal conselho terapêutico é reconhecer precocemente e não desvalorizar, pois esta doença

crónica é caracterizada por uma queda de 10% a 15% no fluxo expiratório máximo após exercícios. 

Os indivíduos asmáticos, necessitam de uma estratégia preventiva, que se caracteriza pela utilização

de fármacos. Um exercício curto, de 30 segundos ou 1-2 minutos, repetidos a curtos espaços de

tempo, tende e impedir o aparecimento da asma pós-exercício. O principal objectivo para

tratamento da AIE é a sua prevenção. Para tal, é fundamental conseguir o melhor controlo

terapêutico da doença.

Se durante o exercício físico o asmático entrar em AIE, eis algumas atitudes que podem ajuda-lo:

1. Diminuir o ritmo da actividade.

2. Estimular a respiração diafragmática.

3. Mantê-lo sentado e reclinado para frente ou recostado para trás.

4. Utilizar a medicação broncodilatadora.

5. Utilizar a respiração auxiliada (técnica de auxílio na expiração com o objectivo de

mantê-la ventilada), o que não substitui a administração do broncodilatador ou do socorro

médico.

Asma e o Exercício físico - http://www.sumarios.org/pdfs/595_2836.pdf consultado em 15.12.08

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Kisner C, Colby LA. Exercícios terapêuticos, fundamentos e técnicas. São Paulo, Editora Manole; 1992:617-

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Actividade física e asma - http://www.monografias.com/trabajos28/asma/asma.shtml#resum – consultado a

15.12.08

Broncoespasmo induzido - http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-

37132004000200005&lng=en&nrm=iso&tlng=pt consultado em 13.12.08

O desporto pode prejudicar a asma http://inspira.med.up.pt/index.php consultado em 13.12.08

actividade física e asma - http://www.seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/viewArticle/2007 -

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Asma - http://www.min-saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/doencas/doencas+respiratorias/

asma.htm - consultado em 10.12.08

Pode o desporto reduzir a inflamação da asma? -http://www.paraquenaolhefalteoar.com/articles.php?id=47 -

consultado em 15-12-08

Asma em Portugal - http://gaia.org.pt/pipermail/gaia-geral/2004-January/001776.html - consultado

em10.12.06

incidência da asma nas diferentes faixas etárias, as várias fases e os vários tipos de asma -

http://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=211 – consultado em 10.12.08

Qualidade de Vida dos Asmáticos

A asma afecta todas as faixas etárias sendo uma das principais causas de faltas à escola, de idas aos

serviços de urgências, de internamentos, falta ao trabalho, tornando-se, portanto, um problema de

saúde pública.

Há alguns anos atrás, não havia a percepção de como a asma podia afectar a vida pessoal, social e

profissional de um indivíduo. Então, formou-se a Associação Portuguesa de Asmáticos (APA) que

sensibilizou a população para esta doença, para que as pessoas compreendessem melhor e

ajudassem os asmáticos.

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Algumas medidas eficazes para a melhoria da qualidade de vida dos asmáticos foram a proibição do

tabaco em recintos públicos fechados; o exercício físico planeado; a prática de uma alimentação

Saudável; etc.

Os asmáticos têm actividades profissionais consideradas de risco como a de padeiro, moleiro,

agricultor, avicultor, pescador e cozinheiro.

Perante uma crise de asma pode-se notar alguns dos factores psicológicos seguintes como a

preocupação; a ansiedade; o stress; a hiperreactividade autonómica, ou seja, o stress aumenta a

resposta vegetativa; a disposição pânico-medo, este factor depende do grau de ansiedade de cada

indivíduo; e a alexitimia, que é a dificuldade em assimilar emoções com tendência para expressão

somática/corporal, ou seja, a pessoa exterioriza os sintomas psicológicos em físicos. (Sessão de

Recurso de CSH - Psicólogo João Barreto – 12.12.2008)

Assim, é muito importante que um doente asmático saiba como é a sua doença, as causas e como

actuar numa situação de crise, para que se sinta bem psicologicamente, a fim de possuir boas

condições físicas, sentindo-se, assim, funcionalmente competente e socialmente integrado.

FILHO, Dr.Pierre d’Almeida Telles“Asma Brônquica, qualidade de vida na asma” Disponível em:

http://www.asmabronquica.com.br/medical/tratamento_asma_qualidade_de_vida.htm (Consultado em 9 de

Dezembro de 2008);

MELLO, Dra. Yara Arruda M.F.; NERY, Dr. Tito César; “Asma & Qualidade de Vida” Disponível em:

http://www.artsbrasil.org.br/fase2/materia.asp?p=126 (Consultado em 10 de Dezembro de 2008);

“Empregados asmáticos ganham qualidade de vida” Disponível em:

http://www.paraquenaolhefalteoar.com/articles.php?id=20 (Consultado em 9 de Dezembro de 2008);

“Associação Portuguesa de Asmáticos, História” Disponível em: http://www.apa.org.pt/index.php?

com_apa=1&option=com_content&task=view&id=40&Itemid=104 (Consultado em 11 de Dezembro de

2008);

SIA/HSJ “Exercício na Asma” Disponível em: http://inspira.med.up.pt/index.php (Consultado em 9 de

Dezembro de 2008);

Sessão de Recurso de CSH. Dia 12 de Dezembro de 2008. Psicólogo João Barreto

“A asma pode ser controlada!”. Disponível em:

http://www.paraquenaolhefalteoar.com/articles.php?id=25. (Consultado em 9 de Dezembro de 2008);

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“Asma ocupacional: quando o trabalho é uma ameaça”. Disponível em

http://www.paraquenaolhefalteoar.com/articles.php?id=67 . (Consultado em 10 de Dezembro de 2008);

“ O que provoca as crises de asma?”. Disponível em http://www.sppneumologia.pt/textos/?imc=51n76n .

( Consultado a 11 de Dezembro de 2008).

Factores de risco

Para que se desencadeie uma crise asmática é necessário que um, senão os dois, dos mecanismos

seguintes se manifestem. Por um lado, é necessário que exista um desequilíbrio na regulação da

musculatura brônquica, que determina uma diminuição do calibre das vias aéreas inferiores

(broncoconstrição). Por outro lado, a crise asmática pode surgir em consequência de uma reacção

alérgica, proveniente de uma exposição a determinados estímulos ou substâncias (alergénios) e que

provocam uma resposta anómala do sistema imunitário, provocando uma contracção espasmódica

da musculatura brônquica e produzindo uma congestão da mucosa e um aumento das secreções.

Etiologia - As manifestações clínicas da asma podem aparecer devido a factores específicos e a

influências inesperadas. O que está na base da hiperactividade brônquica não se conhece na sua

totalidade, no entanto existem vários factores que podem ser apontados como os responsáveis pela

etiologia da asma.

Hereditariedade/História Familiar: Os factores genéticos apresentam um papel importante na

expressão da asma. O risco de desenvolver asma na infância está relacionado a história familiar de

doença alérgica. Se um dos pais sofre de asma, o risco de a criança desenvolver asma é de 25%. Se

ambos os pais são asmáticos esta taxa pode alcançar 50%. Além disso, estudos com os gémeos,

encontraram taxas de concordância para asma que variam de 4,8 a 33% para gémeos dizigóticos e

de 12 a 89% para gémeos monozigóticos.

Relação entre Atopia e Asma: A asma é quase sempre acompanhada de hiperreactividade

brônquica.

Factor endócrino: A disfunção de certos órgãos endócrinos influencia o curso clínico da asma.

Exercícios: A falta de ar durante a realização de exercício físico é também frequente em indivíduos

que sofrem de asma, em especial as crianças e adolescentes, podem apresentar crises após

exercícios físicos, como a corrida e o futebol, necessitando de medicação específica.

Factores Emocionais: Embora não sejam causa directa da asma, esta inter-relaciona-se

intimamente com os aspectos emocionais do doente, os factores emocionais como a excitação,

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desgosto e stress têm sido muito implicados no desencadeamento e agravamento das crises

asmáticas.

Factores ocupacionais: A asma pode advir de substâncias inaladas em ambiente de trabalho, com

ou sem mecanismo alérgico associado.

Factores Ambientais: Esta categoria engloba vários factores importantes e que podem ser

determinantes para o desenvolvimento e/ou agravamento de um quadro clínico de asma:

Infecções do tracto respiratório (constipações, sinusites,etc);

Exposição ao fumo de tabaco e outros irritantes;

Factores/alterações climáticas;

Poluição (os efeitos da poluição são devidos a irritantes como óxido de nitrogénio, de

enxofre e azoto entre outros);

Alergénios inaláveis (pólen, pó, fungos, pelos de animais, insectos, penas, ácaros,

produtos químicos, etc.);

Aditivos;

Medicamentos.

Almeida Mário Morais, Gaspar Ângela, Romeira Ana Margarida, Vau Teresa Almeida, Braga Carlos Neto,

Sampaio Graça, Pires Graça, Prates Sara, Pinto José Rosado (2004). Factores de risco para asma activa em

idade escolar: estudo prospectivo com 8 anos de duração. Revista Portuguesa de Inunoalergologia 2004 XII:

20-40;

Silvia Elaine Cardozo Macedo, Ana Maria Baptista Menezes, Marli Knorst, Juvenal Soares Dias-da-Costa,

Denise Petrucci Gigante, Maria Teresa Anselmo Olinto,Edgar Fiss, Risk factors for asthma in adults in

Pelotas, Rio Grande do Sul State, Brazil. Cad. Saúde Pública Apr. 2007, vol.23 no.4, Rio de Janeiro ;

Prevalência/Incidência da asma

Epidemiologia

Não se conhece ainda e com verdadeiro rigor a origem da asma. Os estudos epidemiológicos

observados nesta área têm-se revelado extremamente importantes, nomeadamente no que se refere à

identificação dos factores associados à variação natural de sintomas, à incidência dos riscos, à

evolução de determinada doença e têm como objectivo antecipar o conhecimento dos mecanismos

fisiológicos no sentido de melhor perceber a etiologia e o tratamento desta doença. Desta forma,

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estes estudos podem levar à prevenção e à redução da mortalidade, pois permitem descrever a

história natural da doença, caracterizar os determinantes ambientais do seu desenvolvimento e

intensificação e fornecer evidências acerca da importância dos factores genéticos.

A asma é então uma doença multifactorial de alta prevalência com recorrência frequente e que

ocorre em indivíduos de ambos os sexos, em todas as faixas etárias e independentemente da área

geográfica.

A sua prevalência tem aumentado significativamente nos últimos 30 anos, tanto em crianças como

em adultos. Na verdade, e embora nos últimos dez anos a prevalência da asma tenha sofrido uma

leve redução, em algumas áreas, a sua prevalência tem aumentado em algumas populações e

permanece alta em países em desenvolvimento.

A prevalência da asma no mundo varia entre 0,7% e 18,4% na população, havendo variação deste

índice.

Na Europa (Alemanha, Inglaterra, França, Dinamarca e Países Escandinavos), entre as décadas de

50 a 70, tanto aumentou a prevalência de asma como a mortalidade.

Em Portugal, estima-se que mais de 600 mil pessoas sofram desta doença.

Segundo o GINA - Global Initiative for Asthma - existem actualmente, a nível mundial, cerca de

300 milhões de indivíduos com problemas de asma.

No início da década de 90 iniciaram-se dois importantes estudos epidemiológicos internacionais

utilizando uma padronização para a definição da asma (população com a mesma faixa etária e uma

metodologia estandardizada em todos os países envolvidos):

- ECRHS (European Community Respiratory Health Survey)

- ISAAC (International Study of Asthma and Allergy in Childhood)

Estes estudos permitiram a elaboração de um mapa mundial da prevalência de asma e outras

doenças alérgicas e facilitam a comparação entre países e no interior de um mesmo país.

Incidência

Segundo um estudo do ISAAC, realizado em 56 países, existe uma variabilidade de asma activa de

1,6% a 36,8%. Em Portugal, em 2002, 11,8% dos portugueses com 13/14 anos sofriam de asma. Os

factores etiológicos e de agravamento da asma terão tendência, num futuro próximo, a serem cada

vez mais prejudiciais. Os alergénios em maior número e mais agressivos, o aumento da população

dentro e fora dos edifícios, a subida dos níveis de ozono, as infecções causadas por vírus cada vez

mais agressivos, etc são exemplos de factores que podem contribuir para a tendência do

agravamento da incidência e prevalência da asma.

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Todavia, é necessário também evidenciar a importância dos avanços ao nível da acuidade de

diagnóstico e da cada vez maior exigência de qualidade de vida e consciência da população

relativamente à doença que também conduzem a uma maior procura dos cuidados de saúde desta

especialidade e, consequentemente, o aumento do número de casos diagnosticados.

Associação dos cuidados de saúde. Asma – Conheça os Factores de Risco. Disponível em

http://www.ptacs.pt/page.aspx?idCat=1646. Acesso em 19 de dezembro de 2008.

Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica. Análise epidemiológica das doenças alergicas.

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dezembro de 2008.

Plácido José Luís (2004). A Asma a Nível Nacional e Mundial: perspectivas actuais e tendências

de evolução. Revista Portuguesa de Clínica Geral, 20:583-7.

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Rejane R D Casagrande; Antonio C Pastorino; Renata G L Souza; Cláudio Leone; Dirceu Solé; Cristina M A

Jacob. Prevalência de asma e fatores de risco em escolares da cidade de São Paulo. Disponivel em :

http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000300018&lng=&nrm=iso.

Acesso em 20 de Dezembro de 2008.

Evolução da Asma a nível nacional e Internacional

Em Portugal a prevalência de asma infantil está a aumentar, no geral e em destaque nas regiões

metropolitanas de Lisboa e do Porto.

Dois factores podem incidir para que alguém desenvolva asma: uma predisposição genética para a

doença e/ou um ambiente favorável para que ela se manifeste.

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E é do lado ambiental que provavelmente está a explicação para o aumento dos casos desta doença

um fenómeno que se tem observado a nível global nas últimas três décadas.

Segundo vários estudos, prevê-se para o ano de 2025 um acréscimo de 100 milhões de asmáticos

em todo o mundo, tendo estes estudos evidenciado um aumento da prevalência da asma de 20 a

50% nos países desenvolvidos em cada década e a nível económico mundial, estima-se que os

gastos associados com esta doença sejam superiores aos custos da SIDA e da Tuberculose em

conjunto.

Os médicos estão convencidos de que o problema da asma e de outras doenças alérgicas tem muito

a ver com o que se passa no interior das habitações. O interior de uma casa pode ser um repositório

de inimigos invisíveis para uma criança alérgica: ácaros, fungos, poeiras e gases poluentes podem

estimular reacções. Para os doentes, a ordem número um de prevenção é evitar estar em contacto

com as substâncias às quais reage as alergias conhecidas. Os animais de companhia podem também

ser problemáticos para determinadas pessoas.

Já os casos de predisposição genética também têm vindo a aumentar. Isso, porque, graças aos

avanços na medicina, os doentes com asma conseguem ter uma vida cada vez mais normal, e com

isso a taxa de mortalidade devido a esta doença é muito mais baixa em relação a três décadas atrás.

Devido a este facto, os indivíduos portadores desta doença conseguem fazer com os genes

encarregue desta patologia seja transmitido para gerações vindouras.

Jornal Publico 2004-01-18

Disponível em : medicosdeportugal.saude.sapo.pt

Conclusão

A abordagem a questões sobre problemas respiratórios exige um conhecimento prévio acerca do

funcionamento e estruturas inerentes ao aparelho respiratório.

O estudo sobre a asma dá-nos uma projecção sobre um dos possíveis mal funcionamentos do

aparelho respiratório, focando nas estruturas que o constituem e nas consequências de uma

anomalia nessa estrutura devido a doença. Por esse motivo, é importante referir aspectos

anatómicos e fisiológicos que constitui o sistema respiratório.

A asma brônquica é caracterizada pela obstrução das vias aéreas. As crises podem ser originadas

por dois factores, extrínsecos, devido a hipersensibilidade a alergénios quando inalados e com isso

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há uma resposta exagerada do sistema imunológico; ou intrínsecos, relacionados por factores

psicológicos.

Constata-se que a asma atinge pessoas em todos os países, acomete pessoas de ambos os sexos e

em todas as faixas etárias. É de realçar, em termos económicos, que para o tratamento dessa

doença, os governos têm vindo a despender uma significativa verba que constituem os cofres

públicos.

É importante o diagnóstico da doença e a avaliação do estado em que ela encontra-se, para uma

optimização do seu tratamento. Foi mostrado que a asma, apesar de ser uma patologia que

condiciona o quotidiano do seu portador, este pode ter uma qualidade de vida muito perto do

normal, pois a doença pode ser controlada através de inúmeros tratamentos. Já foi comprovado

através de vários estudos, que a prática de exercícios físicos por pessoas asmáticas, promove uma

série de vantagens para o controlo da doença e para o bem-estar do doente, pois ajuda a aperfeiçoar

as capacidades cardio-respiratórias, de destacar com isso, o ganho de resistência e força a nível

físico, e o aumento da auto-estima a nível psicológico. Contudo, a prática de exercícios por pessoas

asmáticas devem ser acompanhada sempre por um profissional de saúde, este encarrega-se de

prescrever o melhor tratamento e o acompanhamento do caso.

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