Portela Magazine nº 13

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magin� Distribuição gratuita Março 2014 Periodicidade Trimestral 13 # Revista da Associação dos Moradores da Portela «A fusão das freguesias de Moscavide e Portela é reversível» Euric� Brilhant� Dia�, port�-voz naciona� d� Partid� SocialistP rtela

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Edição nº 13 da Revista bimestral da Associação de Moradores da Portela.

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magazin�Distribuição gratuitaMarço 2014 Periodicidade Trimestral

13#

Revista da Associação dos Moradores da Portela

«A fusão das freguesias de Moscavide e Portela é reversível»

Euric� Brilhant� Dia�, port�-voz naciona� d� Partid� Socialist�

P rtela

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magazin�Distribuição gratuitaMarço 2014 Periodicidade Trimestral

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Revista da Associação dos Moradores da Portela

«A fusão das freguesias de Moscavide e Portela é reversível»

Euric� Brilhant� Dia�, port�-voz naciona� d� Partid� Socialist�

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MENSAGEM DA PRESIDENTE

Carl� Marque�Presidente da Associação dos Moradores da Portela

Caros leitores:

NÃO HÁ ASSOCIAÇÕES SEM ASSOCIADOSEsta é uma verdade de La Palice… mas ser só associado não basta… para a vida de uma associação, importa a participação e o envolvimento dos seus associados. Irei mais longe: não há associações sem a participação e o empenho dos seus associados. Associar define-se como a «a acção de unir, ligar ou agregar com uma fi-nalidade partilhada», ou seja significa «juntar» para obter um maior e me-lhor efeito, considerando que o valor acrescido do colectivo se repercute em vantagens individuais para todos os membros de uma associação.Ser associado é poder participar na vida associativa através de iniciati-vas de diversa índole e poder bene-ficiar de vantagens em diversos pro-dutos e/ou serviços. A Associação dos Moradores da Por-tela (AMP), fundada em 22 de Maio de 1975, é uma associação que pro-move e realiza iniciativas de ordem social, cultural e desportiva, contri-buindo para a mais ampla solidarieda-de, o bem-estar dos habitantes e para o engrandecimento da Portela. Tendo como população alvo não ape-nas os actuais ou antigos residentes da Portela, mas também todos aqueles que por um motivo ou outro mante-nham interesses ou afinidades com a comunidade portelense, a AMP de-senvolve uma pluralidade de activi-dades de cariz desportivo, tais como Futsal, Ténis, Dança Jazz, Acrobática, Dança Clássica, Karaté e as diversas modalidades do nosso Ginásio Portela Wellness, mas também de índole cul-tural social na sua Universidade Sé-nior; e no Centro de Actividades para Jovens, não esquecendo como é obvio esta nossa revista que é já considera-da «dentro e fora de portas» como um marco de excelência e para a qual rei-

tero o convite à sua leitura periódica. Todos os anos, a AMP realiza um con-junto de eventos integrados nas activi-dades municipais regulares e entre os quais destacamos o FAMP – Festival da Associação dos Moradores da Por-tela, os Torneios de Futsal e de Ténis, diversas palestras, espectáculos e ou-tras iniciativas de índole cultural. O nosso objectivo permanente é diversi-ficar e alargar as actividades que dispo-nibilizamos aos nossos associados e à população em geral, de modo que cada vez mais nos aproximemos da popula-ção e possamos satisfazer todos.Temos por missão cooperar com as entidades públicas locais, nomeada-mente com a Junta da Freguesia e a Câmara Municipal em tudo o que possa valorizar o núcleo residencial da Portela, e que tenha por fim o de-senvolvimento e progresso locais.A AMP é uma entidade sem fins lucra-tivos, com mais de 38 anos de história, o que lhe confere credibilidade e des-taque na sociedade civil, tanto na ver-tente desportiva, como nas vertentes social e cultural, existe para dar suporte aos seus membros, defendendo os seus interesses e proporcionando serviços de qualidade e benefícios exclusivos aos seus cerca de 7000 associados. É um facto que, durante a sua já longa existência, a AMP tem vindo, gradu-almente, a assumir posições de gran-de importância para a vida de toda a população portelense, com forte inci-dência nas áreas do equipamento des-portivo, das zonas verdes, da acção social, da cultura e do desporto. Como tal, podemos dizer que, no contexto local, a nossa Associação é uma das instituições que contribuem decisiva-mente para a melhoria da qualidade de vida na freguesia, fomentando a união, as relações sociais e o bem-estar dos nossos associados.Bem hajam todos os que contribuíram e que continuam a contribuir para o de-senvolvimento da nossa Associação.

Vantagen� d� ser associad�Os nossos associados, além de integrarem uma Associação dinâmica e representativa na comunidade, podem beneficiar de um conjunto de vantagens em que se incluem, entre outras, a prática de actividades desportivas e culturais variadas, a utilização dos nossos campos de ténis, futebol, e das nossas salas para a realização de festas e eventos e ainda usufruírem de descontos na aquisição de bens e serviços em várias lojas e empresas com as quais a AMP celebra protocolos.Solicite o seu novo Cartão da AMP junto da nossa secretaria.

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MENSAGEM DA PRESIDENTE

Carl� Marque�Presidente da Associação dos Moradores da Portela

Caros leitores:

NÃO HÁ ASSOCIAÇÕES SEM ASSOCIADOSEsta é uma verdade de La Palice… mas ser só associado não basta… para a vida de uma associação, importa a participação e o envolvimento dos seus associados. Irei mais longe: não há associações sem a participação e o empenho dos seus associados. Associar define-se como a «a acção de unir, ligar ou agregar com uma fi-nalidade partilhada», ou seja significa «juntar» para obter um maior e me-lhor efeito, considerando que o valor acrescido do colectivo se repercute em vantagens individuais para todos os membros de uma associação.Ser associado é poder participar na vida associativa através de iniciati-vas de diversa índole e poder bene-ficiar de vantagens em diversos pro-dutos e/ou serviços. A Associação dos Moradores da Por-tela (AMP), fundada em 22 de Maio de 1975, é uma associação que pro-move e realiza iniciativas de ordem social, cultural e desportiva, contri-buindo para a mais ampla solidarieda-de, o bem-estar dos habitantes e para o engrandecimento da Portela. Tendo como população alvo não ape-nas os actuais ou antigos residentes da Portela, mas também todos aqueles que por um motivo ou outro mante-nham interesses ou afinidades com a comunidade portelense, a AMP de-senvolve uma pluralidade de activi-dades de cariz desportivo, tais como Futsal, Ténis, Dança Jazz, Acrobática, Dança Clássica, Karaté e as diversas modalidades do nosso Ginásio Portela Wellness, mas também de índole cul-tural social na sua Universidade Sé-nior; e no Centro de Actividades para Jovens, não esquecendo como é obvio esta nossa revista que é já considera-da «dentro e fora de portas» como um marco de excelência e para a qual rei-

tero o convite à sua leitura periódica. Todos os anos, a AMP realiza um con-junto de eventos integrados nas activi-dades municipais regulares e entre os quais destacamos o FAMP – Festival da Associação dos Moradores da Por-tela, os Torneios de Futsal e de Ténis, diversas palestras, espectáculos e ou-tras iniciativas de índole cultural. O nosso objectivo permanente é diversi-ficar e alargar as actividades que dispo-nibilizamos aos nossos associados e à população em geral, de modo que cada vez mais nos aproximemos da popula-ção e possamos satisfazer todos.Temos por missão cooperar com as entidades públicas locais, nomeada-mente com a Junta da Freguesia e a Câmara Municipal em tudo o que possa valorizar o núcleo residencial da Portela, e que tenha por fim o de-senvolvimento e progresso locais.A AMP é uma entidade sem fins lucra-tivos, com mais de 38 anos de história, o que lhe confere credibilidade e des-taque na sociedade civil, tanto na ver-tente desportiva, como nas vertentes social e cultural, existe para dar suporte aos seus membros, defendendo os seus interesses e proporcionando serviços de qualidade e benefícios exclusivos aos seus cerca de 7000 associados. É um facto que, durante a sua já longa existência, a AMP tem vindo, gradu-almente, a assumir posições de gran-de importância para a vida de toda a população portelense, com forte inci-dência nas áreas do equipamento des-portivo, das zonas verdes, da acção social, da cultura e do desporto. Como tal, podemos dizer que, no contexto local, a nossa Associação é uma das instituições que contribuem decisiva-mente para a melhoria da qualidade de vida na freguesia, fomentando a união, as relações sociais e o bem-estar dos nossos associados.Bem hajam todos os que contribuíram e que continuam a contribuir para o de-senvolvimento da nossa Associação.

Vantagen� d� ser associad�Os nossos associados, além de integrarem uma Associação dinâmica e representativa na comunidade, podem beneficiar de um conjunto de vantagens em que se incluem, entre outras, a prática de actividades desportivas e culturais variadas, a utilização dos nossos campos de ténis, futebol, e das nossas salas para a realização de festas e eventos e ainda usufruírem de descontos na aquisição de bens e serviços em várias lojas e empresas com as quais a AMP celebra protocolos.Solicite o seu novo Cartão da AMP junto da nossa secretaria.

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CAP. IDenominação e Fins

ART - 1ºA “Associação dos Moradores da Portela” é uma as-sociação cívica e cultural sem fins lucrativos, cuja sede se situa no Parque Desportivo da Urbanização da Portela, Freguesia da Portela, Concelho de Loures.[…]

CAP. IIDos Associados

ART - 4º1 - Podem ser associados todos os indivíduos que se-jam residentes na Urbanização da Portela ou que nela hajam residido e ainda os que, de alguma forma, man-tenham interesses ou afinidades com a comunidade.[…]

CAP. IVDireito dos Associados

ART - 9º1 - Os direitos dos associados são:(a) Frequentar as instalações da Associação;(b) Apresentar propostas, votar e ser eleito em Assem-bleia-Geral;(c) Examinar os livros e contas da Associação, dentro do prazo de oito dias antes da data marcada para a re-alização da Assembleia-Geral destinada à aprovação do Relatório e Conta;(d) Requerer a dispensa temporária do pagamento das suas quotas quando se ausente do País por espaço su-perior a seis meses e em caso de força maior;(e) Requerer ao Presidente da Mesa da Assembleia-Geral a convocação extraordinária da mesma, nos ter-mos da parte final do Artº 26º[…]

ART - 10º1 - Os associados só poderão eleger e ser eleitos para qualquer cargo dos Órgãos Sociais, após cento e oi-tenta dias sobre a data da admissão.2 - Os associados só poderão ser eleitos para a presi-dência dos Órgãos Sociais após dois anos sobre a data de admissão.

ART - 11ºSó os associados que não devam mais de três quotas mensais poderão beneficiar das regalias estabelecidas nos presentes Estatutos.

CAP. VDeveres dos Associados

ART - 12ºOs deveres dos associados são:(a) Desempenhar gratuitamente e com a maior dedi-cação, os cargos estatutários para que forem eleitos, salvo escusa por motivo justificado;(b) Cumprir as disposições destes Estatutos, delibera-ções da Assembleia-Geral e decisões da Direcção;(c) Solicitar por escrito a sua demissão quando não queiram continuar associados e participar sempre qualquer mudança de residência;(d) Pagar pontualmente as suas quotas.

Apareçam, participem, colaborem e desfrutem da Vossa Associação!

Carla MarquesPresidente de Direcção

Estatut�

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Portela Magazine – Revista Trimestral – Proprietário Associação dos Moradores da Portela – Director Manuel Monteiro – Redacção Eva Falcão, Filipa Assunção, Leonor Noronha – Colaboradores Armando Jorge Domingues, Bonifácio Silva, Carla Marques, Diogo Coelho, Fernando Caetano, Hugo Rosa, Humberto Tomaz, José Alberto Braga, Miguel Esteves Pinto, Miguel Matias, Patrícia Guerreiro Nunes, Pedro Saraiva, Rui Rego – Sede de Redacção Associação dos Moradores da Portela, Urbanização da Portela, Parque Des-portivo da AMP, Apartado 548, 2686-601 Portela LRS – Telefone 219 435 114 – Site www.amportela.pt – E-mail [email protected] – Email Comercial [email protected] – Di-recção Comercial: António Rodrigues – Grafismo ITW-Ideas That Work, Lda. – Impressão Novagrafica do Cartaxo, Lda – Tiragem 6500 exemplares – Depósito Legal n.o 336956/11 – ISSN N.o 2182-9551

Fich� Técnic�

Nunca nenhum primeiro-ministro men-tiu (não há outra palavra) como Pe-dro Passos Coelho, não fazendo o que

prometera e, pior do que isso, fazendo o que jurara que não faria. Comecemos por recordar que o PEC IV teve os votos contra dos partidos que nos go-vernam por ser demasiado restritivo numa altura em que o presidente da República vociferava que tinha de haver limites para a austeridade e que o País precisava de um «sobressalto cívico». Recordemos as palavras de Passos Coelho de então, porque hoje tudo passa depressa e tudo se esquece depressa e uma semana é tempo mais do que suficiente para digerir o nojo, expurgá-lo e abraçar imediatamen-te o folclore do «acontecimento» seguinte, o episódio menor, a polémica frívola, uma tragédia humana escalpelizada até à morbi-dez. (Se pudesse divisar o mundo hodierno, Marx reformularia a sua máxima: «O entre-tenimento é o ópio do povo.») A instantaneidade dos comentadores de futebol, desprovidos de qualquer memória ou coerência, que ora exaltam ora deni-grem treinadores e jogadores consoante a onda e o calor do momento, é a mesma que encontramos nos comentadores po-líticos e económicos da nossa praça, que embarcaram servilmente na absurda euforia servida pelo Governo, cautelosamente pre-

parando as eleições que «coincidem» com a dita «saída» da tróica. Com esta ditadura de agenda de casos instantâneos, intensos e fugazes a cair a toda a hora, de excita-ção cacofónica dos media pelas décimas ou centésimas de um indicador que o cidadão comum não entende nem sente, os ditos ór-gãos de comunicação social não mobilizam, antes dispersam, a atenção para os grandes debates nacionais, como: Qual foi até agora o resultado da política deste Governo? Recordemos, pois, as palavras de Pedro Passos Coelho. «O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeri-dade não pode incidir sempre no aumen-to de impostos e no corte de rendimento»; «Nós calculámos e estimámos e eu posso garantir-vos: Não será necessário em Por-tugal cortar mais salários nem despedir gente para poder cumprir um programa de saneamento financeiro»; «No momento em que se comemora o dia do Trabalhador [2011], não posso deixar de pensar em todos os Portugueses que querem trabalhar e não têm emprego. E infelizmente, por causa da irresponsabilidade de quem nos governou, esse número atinge proporções extraordina-riamente alarmantes: estamos actualmente no patamar das 700.000 pessoas sem tra-balho e, nos jovens, a taxa de desempre-go já é superior a 21%! […] Não podemos manter este rumo. Precisamos e vamos MUDAR! [Maiúsculas de Pedro Passos Co-elho]»; «Todos aqueles que produziram os seus descontos e que têm hoje direito às

suas pensões deverão mantê-las no futuro, sob pena de o Estado se apropriar daquilo que não é seu».No princípio de 2012, Passos Coelho garantia na Assembleia da República que 2012 seria o ano da «viragem económica». Em 14 de Agosto de 2012, na festa do Pontal, procla-mava eufórico que «2013 será um ano de inversão na situação da actividade econó-mica em Portugal». Na sua mensagem de Natal em 2013, Passos Coelho referiu que criara 120 mil empregos, que o INE indicava serem 22 mil (na sua maioria, sub-empre-go, isto é, trabalho precário, em part-time e abaixo dos 310 euros mensais), omitindo que só no primeiro trimestre do ano tinham sido destruídos 100 mil empregos.O mesmo homem que se gabava de o seu partido ter um programa que «está muito além do memorando da tróica» é o homem que superintende o Governo que, falhadas estrondosamente todas as previsões sobre todos os dados da economia e das finanças (incluindo as «metas» do défice, «sucessi-vamente alteradas», isto é continuamente falhadas e mudadas ppara que o desastre pareça menor) de Portugal, veio escudar-se no «memorando da tróica mal desenhado». Não deve espantar. Já antes ouvíramos o então ministro das Finanças no parlamento justificar a queda do investimento com a chuva. Já antes escutáramos a lição pa-ternal do primeiro-ministro na sua primeira entrevista televisiva: o não cumprimento das metas do défice de 2012 sucedeu porque «a poupança cresceu ao longo deste ano a uma dimensão que não esperávamos», porque os Portugueses, além de «piegas» e pouco «empreendedores», «por receio ou precaução» não gastaram o que deviam. Quotidianizou-se a mentira, a manipulação, a torção dos dados estatísticos. Empurram-se 6,64 mil milhões de euros de dívida para 2017 e 2018 e o Governo, com a cumpli-cidade dos media, é aplaudido. As medidas «transitórias» e «excepcionais» tornam-se definitivas e aceitamos. Destroem-se 500

Manue� Monteir�

Adormecid�

CRÓNICA DO DIRECTOR

[email protected]

«Ver aquilo que temos diante do nariz requer uma luta constante.»George Orwell

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Portela Magazine – Revista Trimestral – Proprietário Associação dos Moradores da Portela – Director Manuel Monteiro – Redacção Eva Falcão, Filipa Assunção, Leonor Noronha – Colaboradores Armando Jorge Domingues, Bonifácio Silva, Carla Marques, Diogo Coelho, Fernando Caetano, Hugo Rosa, Humberto Tomaz, José Alberto Braga, Miguel Esteves Pinto, Miguel Matias, Patrícia Guerreiro Nunes, Pedro Saraiva, Rui Rego – Sede de Redacção Associação dos Moradores da Portela, Urbanização da Portela, Parque Des-portivo da AMP, Apartado 548, 2686-601 Portela LRS – Telefone 219 435 114 – Site www.amportela.pt – E-mail [email protected] – Email Comercial [email protected] – Di-recção Comercial: António Rodrigues – Grafismo ITW-Ideas That Work, Lda. – Impressão Novagrafica do Cartaxo, Lda – Tiragem 6500 exemplares – Depósito Legal n.o 336956/11 – ISSN N.o 2182-9551

Fich� Técnic�

Nunca nenhum primeiro-ministro men-tiu (não há outra palavra) como Pe-dro Passos Coelho, não fazendo o que

prometera e, pior do que isso, fazendo o que jurara que não faria. Comecemos por recordar que o PEC IV teve os votos contra dos partidos que nos go-vernam por ser demasiado restritivo numa altura em que o presidente da República vociferava que tinha de haver limites para a austeridade e que o País precisava de um «sobressalto cívico». Recordemos as palavras de Passos Coelho de então, porque hoje tudo passa depressa e tudo se esquece depressa e uma semana é tempo mais do que suficiente para digerir o nojo, expurgá-lo e abraçar imediatamen-te o folclore do «acontecimento» seguinte, o episódio menor, a polémica frívola, uma tragédia humana escalpelizada até à morbi-dez. (Se pudesse divisar o mundo hodierno, Marx reformularia a sua máxima: «O entre-tenimento é o ópio do povo.») A instantaneidade dos comentadores de futebol, desprovidos de qualquer memória ou coerência, que ora exaltam ora deni-grem treinadores e jogadores consoante a onda e o calor do momento, é a mesma que encontramos nos comentadores po-líticos e económicos da nossa praça, que embarcaram servilmente na absurda euforia servida pelo Governo, cautelosamente pre-

parando as eleições que «coincidem» com a dita «saída» da tróica. Com esta ditadura de agenda de casos instantâneos, intensos e fugazes a cair a toda a hora, de excita-ção cacofónica dos media pelas décimas ou centésimas de um indicador que o cidadão comum não entende nem sente, os ditos ór-gãos de comunicação social não mobilizam, antes dispersam, a atenção para os grandes debates nacionais, como: Qual foi até agora o resultado da política deste Governo? Recordemos, pois, as palavras de Pedro Passos Coelho. «O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeri-dade não pode incidir sempre no aumen-to de impostos e no corte de rendimento»; «Nós calculámos e estimámos e eu posso garantir-vos: Não será necessário em Por-tugal cortar mais salários nem despedir gente para poder cumprir um programa de saneamento financeiro»; «No momento em que se comemora o dia do Trabalhador [2011], não posso deixar de pensar em todos os Portugueses que querem trabalhar e não têm emprego. E infelizmente, por causa da irresponsabilidade de quem nos governou, esse número atinge proporções extraordina-riamente alarmantes: estamos actualmente no patamar das 700.000 pessoas sem tra-balho e, nos jovens, a taxa de desempre-go já é superior a 21%! […] Não podemos manter este rumo. Precisamos e vamos MUDAR! [Maiúsculas de Pedro Passos Co-elho]»; «Todos aqueles que produziram os seus descontos e que têm hoje direito às

suas pensões deverão mantê-las no futuro, sob pena de o Estado se apropriar daquilo que não é seu».No princípio de 2012, Passos Coelho garantia na Assembleia da República que 2012 seria o ano da «viragem económica». Em 14 de Agosto de 2012, na festa do Pontal, procla-mava eufórico que «2013 será um ano de inversão na situação da actividade econó-mica em Portugal». Na sua mensagem de Natal em 2013, Passos Coelho referiu que criara 120 mil empregos, que o INE indicava serem 22 mil (na sua maioria, sub-empre-go, isto é, trabalho precário, em part-time e abaixo dos 310 euros mensais), omitindo que só no primeiro trimestre do ano tinham sido destruídos 100 mil empregos.O mesmo homem que se gabava de o seu partido ter um programa que «está muito além do memorando da tróica» é o homem que superintende o Governo que, falhadas estrondosamente todas as previsões sobre todos os dados da economia e das finanças (incluindo as «metas» do défice, «sucessi-vamente alteradas», isto é continuamente falhadas e mudadas ppara que o desastre pareça menor) de Portugal, veio escudar-se no «memorando da tróica mal desenhado». Não deve espantar. Já antes ouvíramos o então ministro das Finanças no parlamento justificar a queda do investimento com a chuva. Já antes escutáramos a lição pa-ternal do primeiro-ministro na sua primeira entrevista televisiva: o não cumprimento das metas do défice de 2012 sucedeu porque «a poupança cresceu ao longo deste ano a uma dimensão que não esperávamos», porque os Portugueses, além de «piegas» e pouco «empreendedores», «por receio ou precaução» não gastaram o que deviam. Quotidianizou-se a mentira, a manipulação, a torção dos dados estatísticos. Empurram-se 6,64 mil milhões de euros de dívida para 2017 e 2018 e o Governo, com a cumpli-cidade dos media, é aplaudido. As medidas «transitórias» e «excepcionais» tornam-se definitivas e aceitamos. Destroem-se 500

Manue� Monteir�

Adormecid�

CRÓNICA DO DIRECTOR

[email protected]

«Ver aquilo que temos diante do nariz requer uma luta constante.»George Orwell

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indignadas, bem menos do que um milésimo) da atenção a esta sordidez moral que ditou um primeiro-ministro da que devotaram à campanha de ódio contra Blatter. E assim gastamos o nosso patriotismo… Para elidir tudo isto, para obliterar a re-tracção do produto do Governo de Passos (-6,3%), a venda a pataco de todos os acti-vos do País, o aumento imparável da dívida, o aumento do desemprego e a deterioração das condições de vida dos desemprega-dos, o crescimento do número de suicídios (que nas prisões quadruplicaram), de de-pressões, de sem-abrigo, a delapidação do Sistema Nacional de Saúde que vai matando passivamente portugueses, o agravamento da severidade da pobreza, nomeadamente entre os idosos (que morrem mais como revelam as estatísticas), o recrudescimen-to das crianças com fome, a facilitação e a arbitrariedade dos despedimentos e a redução da indemnização dos mesmos, o decréscimo dos custos unitários do traba-lho, medida após medida sempre do lado do trabalhador; sobre tudo isto, o Governo aparece literalmente sorridente a reclamar louros da retracção do desemprego e de um – pasme-se – «milagre económico». Só em 2012, saíram de Portugal 120 mil pessoas, o que nos obriga a recuar até 1966, excedendo o actual movimento emigratório o auge dos anos 60. Com a agravante de enviarmos mão-de-obra bastante qualifica-da, isto é, de estarmos a gastar dinheiro e recursos a qualificar jovens de que outros países beneficiarão. «Isto significa que os desempregados portugueses foram arran-jar emprego lá fora. Então vamos festejar isto?», interrogou-se o economista Silva Lo-pes perante o entusiasmo do Governo.A presidir a toda esta miséria ética, econó-mica e social, que ninguém sabe por quan-to tempo durará, está Cavaco Silva, procu-rando, como sempre na sua vida política, que nenhum pingo do lodaçal resvale para si, enquanto o País é devastado material e moralmente. Gaspar bateu com a por-ta, reconhecendo a política errada, Portas, rejeitando igualmente esta política, bateu com a porta, trocando dias depois a sua «irrevogável» consciência por mais poder (e como neste País tudo se esquece, festejou sobreexcitado a «vitória» nas autárquicas e emergiu como verdadeiro estadista insufla-do no congresso do seu partido). Cavaco é o último bastião deste Governo, que não conhece outros verbos além de «mentir», «reduzir» e «vender», sem qualquer vestígio de estratégia em qualquer ministério. Por mais que me esforce, não consigo perceber o contorcionismo mental de quem o põe constantemente nos «altos» do semanário Expresso.

mil postos de trabalho e festeja-se a pseu-dodescida do desemprego. A ocultação dos dados do desemprego é feita com «forma-ções» inúteis e humilhantes para licencia-dos e desempregados de longa duração apenas para saírem das estatísticas – ve-nha aprender alemão que certamente irá ser tradutor da União Europeia com umas aulinhas, venha aprender a fazer um cur-rículo aos 50 anos porque com currículos bem forjados há trabalho para todos, o de-semprego em Portugal só aumenta porque as pessoas não têm jeito para fazer currí-culos e não há nenhum preconceito de ida-de no recrutamento. O assunto não é para graças. O tratamento dos Portugueses como seres intelectualmente diminuídos é norma neste Governo (seja o relógio de Portas, o automóvel topo de gama para o superlativo consumidor chicho-esperto) sem paralelo com qualquer outro se tivermos um átomo de honestidade intelectual. E é por isso que não devemos confundir esta gente com o PSD (António Capucho foi claro e as suas declarações seriam objecto de estudo num país que não perdeu totalmente o respeito a si próprio), que tem nos seus quadros os seus críticos mais lúcidos e acutilan-tes (como Ferreira Leite ou Pacheco Pereira que afirmou sem levantar escândalo que se trata de uma fracção do PSD financiada por meios obscuros) da época moralmente re-pulsiva em que vivemos. Convém não criti-car muito, são eles que põem e dispõem de lugares, Rangel lá teve o seu lugar por não criticar muito, Santana agradeceu em palco ao amigo Pedro o emprego que lhe dera.Mesmo no próprio PSD, a sua votação des-ceu de 51 748 para cerca de 15 524 votos, o que se descontarmos a sua clique, os habituais fanáticos de partido-clube-de--futebol, os arregimentados, os que estão sempre com o Poder e os que espreitam com olhinhos ambiciosos prebendas e lu-gares, deixa apenas o seu próprio voto.João Montenegro, assessor de Passos, omi-tiu doze anos de trabalho no BPN no seu currículo, como o omitiram Franquelim Al-ves e Rui Machete (alvo de um inquérito do Ministério Público). A ministra das Finanças, aquela que Portas nunca aceitaria, aquela que não consegue poupar por ter três filhos pequenos mas que aprova «cortes» acima dos 600 euros na função pública, a sinistra Maria Luísa Albuquerque foi contrariada nas suas declarações por cinco personalidades relacionadas com o processo dos swaps, incluindo o próprio Vítor Gaspar. A lista de mentiras, de escamoteamentos, de privatizações nebulosas de sectores estratégicos e lucrativos por tuta-e-meia (outro juramento de Passos que valeu zero), a utilização da novilíngua para esconder

profundos dramas humanos não tem pre-cedente em extensão e em grau. De ora em diante, nada nos surpreenderá nem indig-nará de forma duradoura. O lastro de nojo que estes senhores deixam e continuarão a deixar na credibilidade da «classe política» e no espoletar de populismos antidemo-cráticos é enorme (vejam-se as sondagens sobre quantos portugueses preferem viver em democracia). Vítor Gaspar, que disse ao Parlamento não ter sido «eleito coisíssima nenhuma» e cujo rea-parecimento em livro voltou a conferir-lhe a aura de «génio das finanças» obliterando a memória colectiva de que ele não acertou de forma recordista em Portugal, nem de longe, uma previsão; pois que este desastre doméstico é catapultado para director do Departamento de Assuntos Orçamentais do FMI. O «Álvaro» sai do Governo e vai para a OCDE ser o segundo economista mais pode-roso. José Luís Arnaut, o insuspeito homem das privatizações, que passou os últimos dias de 2012 com Relvas (Alto-Comissário da Casa Olímpica da Língua Portuguesa!) e Dias Loureiro num dos mais luxuosos hotéis do Rio de Janeiro, em que o preço médio por dormida é de 800 euros, essa cinzenta figura é hoje uma estrela cintilante na fami-gerada Goldman Sachs. Por que currículo? Por que notáveis feitos?O grau de abjecção é tanto, que já nem murmuramos quando o inadjectivável Rel-vas, braço-direito de Passos antes e de-pois de ser primeiro-ministro, volta no congresso do PSD para ser entronizado líder do Conselho Nacional do partido; já não nos recordamos do «partido dos contribuintes e dos pensionistas», «do cisma grisalho» e da «linha vermelha» que «não podia deixar pas-sar» de Paulo Portas, o prestidigitador-mor que nunca por nunca seria político, que era anticavaquista profundo e que era contra a União Europeia, lembremo-nos. Soubemos recentemente que a eleição dentro do PSD que afastou Paulo Rangel e Ferreira Leite e que conduziria Passos Coe-lho a primeiro-ministro teve por trás ratos de esgoto que criaram (em troco de quê?) perfis falsos nas redes sociais, calúnias inventadas contra os seus dois adversá-rios, desdobrando-se em identidades para aparecerem nos fóruns televisivos e aba-terem figuras públicas. Um autoproclamado «consultor de comunicação» afirmou que passou uma noite com o telemóvel e três computadores procurando que Passos der-rotasse Rangel. A imprensa não fez grande caso, como não fez da Tecnoforma ou da vida profissional (?) de Passos Coelho fora da esfera política. A comunicação social e as redes sociais não dedicaram um milési-mo (em número de visualizações, de vozes

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Sem piratear o título [editorial da edição anterior], mas a virtude que ele possui impulsionou-me a as-sumir como parte do eu cidadão. Aceito pela positiva a aprendizagem para ensinar quem ensina aprenden-do. A outra parte da «virtude» é a dialéctica usada não obstante nada ousada, neste criacionismo à Leo-nardo Coimbra. Apresentar coisas novas ou melhores («coisas» por falta de termo específico), não fo-ram objectivadas na positiva ou no sistema, mas somente numa mística evolucionista da técnica. Temos de ultrapassar a análise quotidiana (lin-guagem, metáforas) com os olhos do passado mas essencialmente com a mentalidade de (o) passado e seus medos. «O nervo da questão é que antes se sabia que se vivia em ditadura, antes sabia-se que havia censura e hoje pensa-se que não há, pensa-se que a informação é livre, pensa-se que temos acesso à reali-dade à distância de um clique. A au-to-ilusão do conhecimento é feroz, a auto-ilusão do “Vi na net” como mecanismo de certificação de ve-racidade cresceu.» Esta atitude não deixa aparecer os medos, as vanta-gens desta época. E porquê? Porque os Homens desta época não têm o Poder (acesso, ganhos, antiguida-de, o não querer, afirmação) de usar os órgãos de comunicação antigos e por isso usam os modernos, mas os «antigos» donos querem-nos ao modo do seu único modo ou via de Poder. As negativas (ditadura, cen-sura, desníveis) sempre existiram e existirão, mas a essência é mini-mizá-las e espaçá-las – não é fácil nem pouco – e começa-se por não usá-las nas construções ideológi-cas. Estamos atentos, os «novos», que muitas foram vivificadas por

via eleitoral e de propaganda cen-tralizadora ou de uma só via. Temos que criar alternativas distintas edifi-cadas em vivências e olhos postos em credíveis novidades que não se-jam o mal que com «naturalidade» surge na sociedade e nem começar do zero (erro do primogénito). A linguagem e a técnica actualmente ainda possuem esta capacidade de manter esses «negócios» afastados, mas até quando? Já há caminhos e caminhantes nessas vias de net, de conhecimentos, de jogos, de rees-truturações, do globo electrónico quase nação (com elites e não eli-tes) e não só a exclusividade deste caminho. Há muito realizado, o que outrora nem se sonhava e que hoje não se pode viver sem isso, ao pon-to de não haver sociedade sem estas tecnologias e com vivas pessoas e não com pessoas que vegetam com medos. Não é confronto de gerações mas ampliação da qualidade de vida e da relação interpessoal e do passar testemunhos. A evolução não dá o destino completamente, porém não se pode adiar ou desprezar. «Novos» precisam dos «velhos» para modi-ficar o Poder e não o manter com outra forma e mais brutal do «velho Poder» e os «velhos» é que têm que exponenciar as direcções das quali-dades dos novos mais que as suas. A dialéctica construtiva das oposições acaba por construir um «Admirá-

vel Mundo Novo» no mesmo local do «Velho do Restelo» com novas personagens, mentalidades e corpos (humanos e sociais e…). A sagaci-dade tem idade ou é eterna, sempre aos olhos do Homem?O paradigma da «globalização» não é ter todos conectados (Pessoa, Heidegger, António Damásio, Eusé-bio…), mas ser cada um globo com responsabilidade. Global no mesmo ser com as especificidades de cada um e não à ditadura do homogéneo estereotipado. «Da lentidão Como Virtude» predispõe uma formação na informação se mantiver uma susten-tabilidade que espoletou. O arquétipo desta eléctrica-sociedade ou micro-política está em marchar na lenti-dão da velocidade da luz, na ener-gia atómica, na produção agrícola mecanizada, na mesmíssima forma de reprodução humana conjugadas com a dialéctica da fome no bair-ro onde inclui pessoas com ensino «superior». (Ver imagem em cima.) A cidade tem criado complementari-dade ao campo e ao oceano acrescen-tando mais-valias reais que permitem ao Homem socializar essas virtudes e responsabilidades como um credível paradigma social «novo» na Europa do globo. Os partidos sem continuar a alicerçar-se em confrontos estéreis nem os cidadãos (essencial) a fugi-rem da política.

David Castro

D� lentidã� Com� Virtud� II

ESPAÇO DOS LEITORES

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Sem piratear o título [editorial da edição anterior], mas a virtude que ele possui impulsionou-me a as-sumir como parte do eu cidadão. Aceito pela positiva a aprendizagem para ensinar quem ensina aprenden-do. A outra parte da «virtude» é a dialéctica usada não obstante nada ousada, neste criacionismo à Leo-nardo Coimbra. Apresentar coisas novas ou melhores («coisas» por falta de termo específico), não fo-ram objectivadas na positiva ou no sistema, mas somente numa mística evolucionista da técnica. Temos de ultrapassar a análise quotidiana (lin-guagem, metáforas) com os olhos do passado mas essencialmente com a mentalidade de (o) passado e seus medos. «O nervo da questão é que antes se sabia que se vivia em ditadura, antes sabia-se que havia censura e hoje pensa-se que não há, pensa-se que a informação é livre, pensa-se que temos acesso à reali-dade à distância de um clique. A au-to-ilusão do conhecimento é feroz, a auto-ilusão do “Vi na net” como mecanismo de certificação de ve-racidade cresceu.» Esta atitude não deixa aparecer os medos, as vanta-gens desta época. E porquê? Porque os Homens desta época não têm o Poder (acesso, ganhos, antiguida-de, o não querer, afirmação) de usar os órgãos de comunicação antigos e por isso usam os modernos, mas os «antigos» donos querem-nos ao modo do seu único modo ou via de Poder. As negativas (ditadura, cen-sura, desníveis) sempre existiram e existirão, mas a essência é mini-mizá-las e espaçá-las – não é fácil nem pouco – e começa-se por não usá-las nas construções ideológi-cas. Estamos atentos, os «novos», que muitas foram vivificadas por

via eleitoral e de propaganda cen-tralizadora ou de uma só via. Temos que criar alternativas distintas edifi-cadas em vivências e olhos postos em credíveis novidades que não se-jam o mal que com «naturalidade» surge na sociedade e nem começar do zero (erro do primogénito). A linguagem e a técnica actualmente ainda possuem esta capacidade de manter esses «negócios» afastados, mas até quando? Já há caminhos e caminhantes nessas vias de net, de conhecimentos, de jogos, de rees-truturações, do globo electrónico quase nação (com elites e não eli-tes) e não só a exclusividade deste caminho. Há muito realizado, o que outrora nem se sonhava e que hoje não se pode viver sem isso, ao pon-to de não haver sociedade sem estas tecnologias e com vivas pessoas e não com pessoas que vegetam com medos. Não é confronto de gerações mas ampliação da qualidade de vida e da relação interpessoal e do passar testemunhos. A evolução não dá o destino completamente, porém não se pode adiar ou desprezar. «Novos» precisam dos «velhos» para modi-ficar o Poder e não o manter com outra forma e mais brutal do «velho Poder» e os «velhos» é que têm que exponenciar as direcções das quali-dades dos novos mais que as suas. A dialéctica construtiva das oposições acaba por construir um «Admirá-

vel Mundo Novo» no mesmo local do «Velho do Restelo» com novas personagens, mentalidades e corpos (humanos e sociais e…). A sagaci-dade tem idade ou é eterna, sempre aos olhos do Homem?O paradigma da «globalização» não é ter todos conectados (Pessoa, Heidegger, António Damásio, Eusé-bio…), mas ser cada um globo com responsabilidade. Global no mesmo ser com as especificidades de cada um e não à ditadura do homogéneo estereotipado. «Da lentidão Como Virtude» predispõe uma formação na informação se mantiver uma susten-tabilidade que espoletou. O arquétipo desta eléctrica-sociedade ou micro-política está em marchar na lenti-dão da velocidade da luz, na ener-gia atómica, na produção agrícola mecanizada, na mesmíssima forma de reprodução humana conjugadas com a dialéctica da fome no bair-ro onde inclui pessoas com ensino «superior». (Ver imagem em cima.) A cidade tem criado complementari-dade ao campo e ao oceano acrescen-tando mais-valias reais que permitem ao Homem socializar essas virtudes e responsabilidades como um credível paradigma social «novo» na Europa do globo. Os partidos sem continuar a alicerçar-se em confrontos estéreis nem os cidadãos (essencial) a fugi-rem da política.

David Castro

D� lentidã� Com� Virtud� II

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Se quiser escrever para a Portela Magazine, envie a sua carta, em suporte digital, para [email protected] ou, em suporte físico, para a sede da Associação dos Moradores da Portela. Consulte a nossa página em

http://issuu.com/filipassuncao/docs. Vamos disponibilizando conteúdos que não encontra na revista.

Beir� Alt� – er� Invern� O fraco sol não desfizera a névoa.Era demasiado o frio Havia sincelo nas courelasE a neve não vinha Podadas estavam as cepas das videiras velhas.Nas terras ermas eram elasUma solidão de mãosQue clamavam à morte do dia. Presente o ventoCortava com seu fioE eu tossia. Era meninoBem me lembroPorque no inverno adoecia

João Esteves Pinto

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A maioria dos Portugueses não tem co-nhecimento do que é que o Partido So-cialista (PS) pensa das grandes ques-

tões, como as privatizações ou a renegociação da dívida.Nos últimos dois anos e meio, o PS tem tido posições muito claras. Posso admitir que nem sempre o conjunto dos cidadãos tenha conhe-cimento das propostas do PS, porque temos muito ruído nos órgãos de comunicação e nem sempre a mensagem passa clara. No que diz respeito às privatizações, o Memorando tinha um objectivo quantitativo pré-definido de 5 mil milhões de euros com as receitas das priva-tizações. Esse objectivo foi largamente ultra-passado logo no princípio, em particular com o caso da EDP e com o caso da REN. Depois de o objectivo quantitativo ser cumprido e sendo que Portugal estava a vender património públi-co em condições muito desfavoráveis porque o mercado era muito desfavorável, apresentámos as nossas maiores reservas e já definimos uma clara oposição à alienação das Águas de Por-tugal – o PS é frontalmente contra. Nos CTT, continuamos com imensas reservas, porque eram quase um último bastião da soberania em grande parte do território nacional, em que as escolas fecharam, os centros de saúde fecha-ram, em que as juntas fecharam ou tiveram um enquadramento diferente, e os CTT prestavam um serviço único, especialmente às pessoas mais idosas do interior. Quanto à questão da dí-vida, o PS sempre foi contra o perdão da dívida.

O que tem dito é que é possível mais prazo e que é preciso renegociar taxas de juros de oito mil milhões de euros todos os anos. O País não tem capacidade para isso, isso só será feito à custa de imensos sacrifícios na saúde, na edu-cação e noutros serviços públicos.Numa altura de crise económica e social, 49 mil pessoas perderam o acesso ao Rendimen-to Social de Inserção (RSI) em 2013, tendo o valor médio por agregado familiar do RSI descido 3,83 euros. Apenas 44% dos desem-pregados recebem o subsídio de desemprego.

O Complemento Solidário para Idosos (CSI) também não escapou aos «cortes», que conti-nuam inscritos no Orçamento de 2014. Efeitos colaterais inevitáveis do dito «ajustamento» ou o fervilhar de um caldeirão social perigoso? Qual é a posição do PS? Há dois anos consecutivos, o PS, nomeadamente na discussão do Orçamento do Estado, defende a extensão do subsídio de desemprego, porque é para muitas famílias o ultimo limiar antes da ausência de qualquer rendimento. Todos sabe-mos que há uma percentagem de portugueses

Manue� Monteir�

«O qu� estav� estipulad� n� Memorand� er� qu� � PIB

decrescess� dez veze� men�»

ENTREVISTA

[email protected]

Eurico Brilhante Dias vive na Portela com a família, onde faz compras e onde os filhos estudam. É membro do Secretariado Nacional do Partido Socialista

e definido na imprensa como «o principal conselheiro económico» de António José Seguro. É ainda professor no ISCTE-IUL.

Foto

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A maioria dos Portugueses não tem co-nhecimento do que é que o Partido So-cialista (PS) pensa das grandes ques-

tões, como as privatizações ou a renegociação da dívida.Nos últimos dois anos e meio, o PS tem tido posições muito claras. Posso admitir que nem sempre o conjunto dos cidadãos tenha conhe-cimento das propostas do PS, porque temos muito ruído nos órgãos de comunicação e nem sempre a mensagem passa clara. No que diz respeito às privatizações, o Memorando tinha um objectivo quantitativo pré-definido de 5 mil milhões de euros com as receitas das priva-tizações. Esse objectivo foi largamente ultra-passado logo no princípio, em particular com o caso da EDP e com o caso da REN. Depois de o objectivo quantitativo ser cumprido e sendo que Portugal estava a vender património públi-co em condições muito desfavoráveis porque o mercado era muito desfavorável, apresentámos as nossas maiores reservas e já definimos uma clara oposição à alienação das Águas de Por-tugal – o PS é frontalmente contra. Nos CTT, continuamos com imensas reservas, porque eram quase um último bastião da soberania em grande parte do território nacional, em que as escolas fecharam, os centros de saúde fecha-ram, em que as juntas fecharam ou tiveram um enquadramento diferente, e os CTT prestavam um serviço único, especialmente às pessoas mais idosas do interior. Quanto à questão da dí-vida, o PS sempre foi contra o perdão da dívida.

O que tem dito é que é possível mais prazo e que é preciso renegociar taxas de juros de oito mil milhões de euros todos os anos. O País não tem capacidade para isso, isso só será feito à custa de imensos sacrifícios na saúde, na edu-cação e noutros serviços públicos.Numa altura de crise económica e social, 49 mil pessoas perderam o acesso ao Rendimen-to Social de Inserção (RSI) em 2013, tendo o valor médio por agregado familiar do RSI descido 3,83 euros. Apenas 44% dos desem-pregados recebem o subsídio de desemprego.

O Complemento Solidário para Idosos (CSI) também não escapou aos «cortes», que conti-nuam inscritos no Orçamento de 2014. Efeitos colaterais inevitáveis do dito «ajustamento» ou o fervilhar de um caldeirão social perigoso? Qual é a posição do PS? Há dois anos consecutivos, o PS, nomeadamente na discussão do Orçamento do Estado, defende a extensão do subsídio de desemprego, porque é para muitas famílias o ultimo limiar antes da ausência de qualquer rendimento. Todos sabe-mos que há uma percentagem de portugueses

Manue� Monteir�

«O qu� estav� estipulad� n� Memorand� er� qu� � PIB

decrescess� dez veze� men�»

ENTREVISTA

[email protected]

Eurico Brilhante Dias vive na Portela com a família, onde faz compras e onde os filhos estudam. É membro do Secretariado Nacional do Partido Socialista

e definido na imprensa como «o principal conselheiro económico» de António José Seguro. É ainda professor no ISCTE-IUL.

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que está há muito tempo fora do mercado de trabalho. O período médio de permanência no desemprego tem vindo a alongar-se e aquilo que nós achámos que era mais eficaz era que pudesse ser um amortecedor social, esten-dendo essa almofada numa altura em que a economia está a reproduzir desemprego. Quer o RSI quer o CSI são dois instrumentos de política que têm adstritos um elemento necessário que é o de ter uma condição de recursos necessá-ria. Temos insistido com o Governo nisto. Mais importante do que aumentar muitas prestações sociais não contributivas é complementar com instrumentos de política social a quem precise. O CDS diz que o Memorando ia congelar as pensões mais baixas. A meia verdade é pior do que uma mentira. Não, aquilo que estava era que pensões de regimes não contributivos, que não resultam de descontos, iam ser congela-das, mantendo-se em simultâneo o CSI, o RSI. Há um estudo publicado pelo Instituto Superior de Economia e Gestão que está publicado que diz 70% das pensões sociais mínimas não são auferidas por pobres. São gente que tem direito a essa pensão, mas tem outros rendimentos, prediais, urbanos ou rurais. Quando se ataca o subsídio de desemprego, o RSI, o CSI, estamos a atacar os mais pobres dos mais pobres. O maior aumento que foi feito não chega a 27 cêntimos por dia. Faz sentido aumentar a pen-são a quem não precisa para cortar a quem recebe o subsídio de desemprego, o RSI, o CSI a quem mais precisa? Isso é uma injustiça social profunda. Essa «condição de recursos necessária» deve-ria ser aplicada na lei da rendas?A lei das rendas está no Memorando. Há as rendas posteriores a 1990, mas temos rendas muito antigas e, para uma população extre-mamente envelhecida que tinha rendas muito baixas, devia ter sido aplicado um critério se-melhante, que era o critério da condição social. É que temos o aumento das rendas, o corte das pensões, o aumento da electricidade...Como analisa os festejos do Governo com a alegada descida do desemprego?Há quatro factores. Primeiro dado. O número de Portugueses que deixou de procurar emprego, há aproximadamente 300 mil que deixaram de se inscrever, esses não constam. Segundo, 200 mil emigrantes. Terceiro, a endogeneização de fundos comunitários que dão aos números do desemprego menos realidade. Em 2013, o Go-verno tomou uma decisão que é concentrar os recursos do IEFP para formação profissional não em desempregados que não recebem subsídio de desemprego, mas em desempregados que recebem subsídio de desemprego. Quando os desempregados passam pela formação, eles saem do processo e deixa-se de pagar inte-gralmente o subsídio de desemprego e deixam de fazer parte da população inactiva enquanto estão a fazer formação. Parte do subsídio de desemprego é paga pelos fundos comunitários.

Houve no ano passado 300 a 500 milhões de euros de endogeneização de fundos comu-nitários. A formação, os estágios. Quarto, o tipo de contratação. O País tem quase hoje um milhão de por-tugueses que de forma não voluntária trabalha menos de dez horas por semanas, o que duplicou só no ano passado. Estamos a falar de gente que tem 3 ou 4 horas de trabalho. Gente que ganha 200 euros, que sabe quando entra, mas não sabe quando sai. O que estava estipulado no Memorando era que o PIB de-crescesse dez vezes menos. À esquerda e em largos sectores da popula-ção, há quem diga que não há diferenças de fundo entre PS e PSD. Em matéria laboral, há diferenças de fundo?Uma das principais clivagens entre o PS e o PSD de Pedro Passos Coelho é a revisão cons-titucional e a possibilidade de tornar o des-pedimento livre, o que tornaria o trabalhador refém do empregador. Nós não pactuaremos com uma situação de despedimento livre e o que o Tribunal Constitucional considerou foi que os critérios para despedimento individual eram de tal forma arbitrários, que poderiam conduzir ao despedimento arbitrário. A direita defende a descida do IRC como for-ma de promover o investimento, sem o qual não há crescimento nem emprego. A esquer-da critica que os trabalhadores, reformados e pensionistas continuem a ser os sacrificados do costume e que a primeira folga seja logo para o capital. Tem defendido que a descida do IRC deve ser articulada com políticas pú-blicas e que não se traduz per ser em cres-cimento e emprego. Afirmou inclusivamente que a diminuição da taxa geral do imposto «é uma verdadeira renda que será transferida para as grandes empresas» que «em conta-bilidade nacional vale mais de 200 milhões de euros».Eu preferiria sempre uma perspectiva de be-nefício fiscal a uma descida generalizada da

taxa, mas a quem cria emprego ou exporta-ções. As grandes empresas têm hoje taxas

efectivas de imposto muito baixas e isso é penalizante para as PME que não têm

acesso ao planeamento fiscal e que criam emprego, que inovam, que exportam. Dar a um negó-cio que destrói emprego, que não exporta, que vive de ren-das que são pagas por todos nós no mesmo ano em que o

País corta pensões e salários não é justo.

Uma das declarações mais estrondosas dos últimos tempos foi proferida por António Lobo Xavier na Quadratura do Círculo ao afir-mar que «o PSD e o CDS-PP forçaram a en-trada da troika em Portugal». Vinda de quem vem, seria salutar que convocasse debates na televisão e nos jornais…Isso era evidente. A política é feita de ima-gens e de expressões lexicais como «Vamos recuperar a nossa soberania». Na altura do PEC IV, tínhamos um Governo minoritário, que precisava do apoio de outros forças políticas para fazer passar um conjunto de medidas de austeridade que tinham sido negociadas em Bruxelas, que tinham tido o consentimento da Comissão e até em particular da chan-celer Merkel. A situação em que se colocava o País era saber se tinha instituições sólidas para ter a aprovação desse PEC IV e, portanto, seríamos vorazmente comidos nos mercados como fomos. Depois, nós tivemos o Governo mais colaborador da Europa, que mais con-victamente acreditava naquela receita. Santana Castilho escreveu no Público: «Passos Coelho enganou os portugueses quando disse que não subiria os impostos, que não reduzi-ria as deduções fiscais em sede de IRS, que achava criminosa a política de privatizações só para arranjar dinheiro, que não contariam com ele para atacar a classe média em nome de problemas externos, que era uma “grande lata”, por parte do PS, acusá-lo de querer li-beralizar os despedimentos, que não reduziria a comparticipação do Estado nos medicamen-

«Tivemos o Governo mais

colaborador da Europa, que mais convictamente

acreditava naquela receita»

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ENTREVISTA

tos, que não subiria o IVA e que falar de cortar o subsídio de Natal era um disparate. Passos Coelho enganou os portugueses quando, ima-gine-se, acusou o PS de atacar os alicerces do Estado social, censurou a transferência do fundo de pensões da PT para o Estado, acusou o Governo anterior de iniquidade porque pena-lizava os funcionários públicos e os tratava “à bruta”, responsabilizou as políticas socialistas pelo aumento do desemprego e das falências, recusou pôr os reformados a pagar o défice público ou garantiu que o país não necessitava de mais austeridade. Tudo retirado de declara-ções públicas de Passos Coelho, sustentadas documentalmente. Tudo exactamente ao con-trário do que executou, logo que conquistou o poder.» Concorda com que pontos?São todos factos.Se o retrato do País é tão mau para o PS, se afirma haver tantas promessas incumpridas, como é que, num país caracterizado pelo rota-tivismo entre o PS e o PSD, o PS não consegue, em várias sondagens, distanciar-se do PSD e do CDS juntos?O PS é hoje o maior partido socialista euro-peu. Nenhum partido socialista europeu tem tanta percentagem nas sondagens como nós. Convém recordar que nunca os Portugueses estiveram disponíveis para a austeridade como em 2011. Em 15 de Setembro de 2011, o PS passou para a frente nas sondagens com a proposta da TSU. O PS vai ser Governo e An-tónio José Seguro vai ser primeiro-ministro. Temos de ter um programa verdadeiro. O rotativismo entre o centro-direita e o centro-esquerda está a acabar com a extrema-direita na França, na Holanda, com a Aurora Dourada na Grécia. Preferimos construir uma relação de confiança com os Portugueses. Nós não podemos ser o partido do «diz que não», te-mos a imensa responsabilidade de ter um Go-verno eleito que não pode não cumprir o que promete. Este partido, que tem entre 36,5 a 38, 5% nas sondagens, se o primeiro-ministro não cumpre o que promete e for acusado de aldrabão no meio da rua cai abruptamente. Nós elegemos 150 câmaras nas autárquicas. Uma das questões centrais numa democracia madura é saber quem são os detentores dos órgãos sociais. Nós temos tido um conjun-to de chumbos na Assembleia da República a esse respeito. Há muita gente interessada num conjunto de interesses que quer que este Governo continue, mas tenho a convicção de

que os Portugueses vão ser capazes de re-conhecer que nós fomos capazes de fazer um acordo no IRC, quando preferíamos fazer também no IRS e no IVA, que fomos capazes de, por exemplo, propor a taxação das PPP que foi aproveitada pelo Governo. Na cacofonia entre os comentadores, nos canais noticiosos, reproduz-se um certo léxico de administrati-vice democrática. Como vê a Portela e como viu a recente der-rota eleitoral do PS na freguesia?A Portela tem uma população envelhecida. Há um conjunto de serviços de saúde, o apoio do-miciliário, muita gente que com as suas pen-sões ajuda os filhos e os netos. A verdadeira política pública na Portela deve estar centrada nesta gente. É um espaço urbano organiza-do que precisa de dar apoio aos mais frágeis, à população nomeadamente mais velha que precisa de ter esse apoio de forma discreta e próxima, mais no dia-a-dia do que em grandes eventos. Os recursos devem estar orientados para as pessoas. O que se pede à junta de freguesia é proximidade às pessoas. Aquilo que a paróquia faz, a AMP, as escolas é lidar com problemas muito concretos que não tínhamos há 20 anos. O Daniel Lima, com uma popula-ção mais idosa, num bairro mais antigo, tinha uma experiência que poderia ter sido útil.Manuela Dias, presidente da Junta de Mosca-vide e Portela, afirmou que uma das razões para a derrota do PS em Moscavide e Portela foi a de que o PS aceitava como reversível a fusão das freguesias.A ideia de que é reversível, peço desculpa, mas em democracia tudo é reversível pela vontade do povo. Há direitos que não são re-

versíveis. As decisões administrativas são reversíveis. No dia em que o PS tiver politi-camente condições para reapreciar a lei de fusão de freguesias, irá fazê-lo. É uma má lei, feita de cima para baixo, ao arrepio da vonta-de dos fregueses, é uma péssima herança do ministro Relvas que achava que podia fazer uma reforma do Terreiro do Paço para o País. Eu e António José Seguro percorremos o País e esse é um compromisso. Há serviços de proximidade que se perdem. Nós temos uma freguesia no Alentejo que é maior do que a ilha da Madeira. Como é que se pode pedir a alguém que tem competências de freguesia que o faça com proximidade? O Governo diz que se pouparam 6 milhões de euros, só os quadros do Miró valiam 7 vezes mais. Nós nem sequer testámos o potencial de parti-lha entre as freguesias. Quer queira, quer não queira o PSD, O CDS-PP, a Manuela Dias, essa questão será reposta. Podemos ser acusados de não fazer muitas propostas, mas aquelas que nós fazemos vamos cumprir. Na Portela, em Moscavide, à semelhança do País, perpassa a ideia de que os socialistas são gastadores.Quem já fez cortes de 2 subsídios, de pen-sões, de salários, quem diminuiu a escola pú-blica, quem faz com que uma pessoa venha de Chaves até Lisboa em estado grave, isso não é uma poupança, é um corte nas pesso-as. As pensões que estão a ser cortadas são pensões de regime contributivo. Na Alemanha, são património, é o mesmo que ir lá à sua casa e cortar-lhe o quarto ou chegar ao pé da sua carteira e tirar-lhe notas. São propriedade. Nós retirámos ilegitimamente às pessoas.

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ENTREVISTA

tos, que não subiria o IVA e que falar de cortar o subsídio de Natal era um disparate. Passos Coelho enganou os portugueses quando, ima-gine-se, acusou o PS de atacar os alicerces do Estado social, censurou a transferência do fundo de pensões da PT para o Estado, acusou o Governo anterior de iniquidade porque pena-lizava os funcionários públicos e os tratava “à bruta”, responsabilizou as políticas socialistas pelo aumento do desemprego e das falências, recusou pôr os reformados a pagar o défice público ou garantiu que o país não necessitava de mais austeridade. Tudo retirado de declara-ções públicas de Passos Coelho, sustentadas documentalmente. Tudo exactamente ao con-trário do que executou, logo que conquistou o poder.» Concorda com que pontos?São todos factos.Se o retrato do País é tão mau para o PS, se afirma haver tantas promessas incumpridas, como é que, num país caracterizado pelo rota-tivismo entre o PS e o PSD, o PS não consegue, em várias sondagens, distanciar-se do PSD e do CDS juntos?O PS é hoje o maior partido socialista euro-peu. Nenhum partido socialista europeu tem tanta percentagem nas sondagens como nós. Convém recordar que nunca os Portugueses estiveram disponíveis para a austeridade como em 2011. Em 15 de Setembro de 2011, o PS passou para a frente nas sondagens com a proposta da TSU. O PS vai ser Governo e An-tónio José Seguro vai ser primeiro-ministro. Temos de ter um programa verdadeiro. O rotativismo entre o centro-direita e o centro-esquerda está a acabar com a extrema-direita na França, na Holanda, com a Aurora Dourada na Grécia. Preferimos construir uma relação de confiança com os Portugueses. Nós não podemos ser o partido do «diz que não», te-mos a imensa responsabilidade de ter um Go-verno eleito que não pode não cumprir o que promete. Este partido, que tem entre 36,5 a 38, 5% nas sondagens, se o primeiro-ministro não cumpre o que promete e for acusado de aldrabão no meio da rua cai abruptamente. Nós elegemos 150 câmaras nas autárquicas. Uma das questões centrais numa democracia madura é saber quem são os detentores dos órgãos sociais. Nós temos tido um conjun-to de chumbos na Assembleia da República a esse respeito. Há muita gente interessada num conjunto de interesses que quer que este Governo continue, mas tenho a convicção de

que os Portugueses vão ser capazes de re-conhecer que nós fomos capazes de fazer um acordo no IRC, quando preferíamos fazer também no IRS e no IVA, que fomos capazes de, por exemplo, propor a taxação das PPP que foi aproveitada pelo Governo. Na cacofonia entre os comentadores, nos canais noticiosos, reproduz-se um certo léxico de administrati-vice democrática. Como vê a Portela e como viu a recente der-rota eleitoral do PS na freguesia?A Portela tem uma população envelhecida. Há um conjunto de serviços de saúde, o apoio do-miciliário, muita gente que com as suas pen-sões ajuda os filhos e os netos. A verdadeira política pública na Portela deve estar centrada nesta gente. É um espaço urbano organiza-do que precisa de dar apoio aos mais frágeis, à população nomeadamente mais velha que precisa de ter esse apoio de forma discreta e próxima, mais no dia-a-dia do que em grandes eventos. Os recursos devem estar orientados para as pessoas. O que se pede à junta de freguesia é proximidade às pessoas. Aquilo que a paróquia faz, a AMP, as escolas é lidar com problemas muito concretos que não tínhamos há 20 anos. O Daniel Lima, com uma popula-ção mais idosa, num bairro mais antigo, tinha uma experiência que poderia ter sido útil.Manuela Dias, presidente da Junta de Mosca-vide e Portela, afirmou que uma das razões para a derrota do PS em Moscavide e Portela foi a de que o PS aceitava como reversível a fusão das freguesias.A ideia de que é reversível, peço desculpa, mas em democracia tudo é reversível pela vontade do povo. Há direitos que não são re-

versíveis. As decisões administrativas são reversíveis. No dia em que o PS tiver politi-camente condições para reapreciar a lei de fusão de freguesias, irá fazê-lo. É uma má lei, feita de cima para baixo, ao arrepio da vonta-de dos fregueses, é uma péssima herança do ministro Relvas que achava que podia fazer uma reforma do Terreiro do Paço para o País. Eu e António José Seguro percorremos o País e esse é um compromisso. Há serviços de proximidade que se perdem. Nós temos uma freguesia no Alentejo que é maior do que a ilha da Madeira. Como é que se pode pedir a alguém que tem competências de freguesia que o faça com proximidade? O Governo diz que se pouparam 6 milhões de euros, só os quadros do Miró valiam 7 vezes mais. Nós nem sequer testámos o potencial de parti-lha entre as freguesias. Quer queira, quer não queira o PSD, O CDS-PP, a Manuela Dias, essa questão será reposta. Podemos ser acusados de não fazer muitas propostas, mas aquelas que nós fazemos vamos cumprir. Na Portela, em Moscavide, à semelhança do País, perpassa a ideia de que os socialistas são gastadores.Quem já fez cortes de 2 subsídios, de pen-sões, de salários, quem diminuiu a escola pú-blica, quem faz com que uma pessoa venha de Chaves até Lisboa em estado grave, isso não é uma poupança, é um corte nas pesso-as. As pensões que estão a ser cortadas são pensões de regime contributivo. Na Alemanha, são património, é o mesmo que ir lá à sua casa e cortar-lhe o quarto ou chegar ao pé da sua carteira e tirar-lhe notas. São propriedade. Nós retirámos ilegitimamente às pessoas.

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Nos finais da década de 1950, na sequência do processo de independência das colónias euro-peias em África, surgiu a necessidade de pre-parar tropas fortes capazes de combater. Foram criadas algumas iniciativas, mas cedo se per-cebeu que a instrução era insuficiente, existindo a necessidade de criar uma estrutura sólida com uma boa preparação técnica e psicológica. A ideia da criação de grupos especiais era um imperativo cada vez mais presente, sendo que a primeira experiência foi feita em Noqui, uma região militar em Angola.João Vieira Pereira foi para Moçambique com 10 anos de idade, fez o serviço militar logo com 21 anos e passou à disponibilidade. Pertencia a um batalhão de tropas caçadores tendo sido colocado nessa região no extremo norte de Angola. Era oficial sapador e fazia parte da companhia de comandos e serviços, trabalhando como engenheiro da infantaria. Colocava minas, armadilhas, construía estradas e pontes. Inespe-radamente, recebeu a visita de um jornalista ita-liano chamado Dante Vacchi, acompanhado por uma repórter fotográfica. Conhecedor das guerras da Indochina e Argélia, o jornalista dedicou-se a observar as tropas e a identificar quais as suas deficiências. Os seus conhecimentos, a par do interesse do Comandante do Batalhão de Caça-dores, Coronel Almeida Nave, deram origem à formação de alguns grupos de combate cons-tituídos por soldados voluntários, com técnicas cada vez mais aperfeiçoadas. «Nesta altura, tive uma licença militar de um mês e aproveitei para ir passar férias a Moçambique para ir ter com os meus pais. Quando voltei para Noqui, o Comando do Batalhão recebeu uma ordem de serviço para que eu me apresentasse no quartel-general. Fui para Luanda e disseram-me que queriam for-mar um grupo de combate chamado Comandos, orientado por Dante Vacchi. Na altura, alertaram-me que ele só ia se eu também fosse», conta. Apesar de não ser obrigado a tomar essa decisão, Vieira Pereira aceitou o convite e preparou tudo para ir para o campo de instrução de comandos no norte de Angola, em Zemba, uma zona que ainda não tinha sido ocupada.

Com pouco mais de 22 anos, apresentava-se como instrutor. No entanto, teria de montar as barracas e tudo o que fosse necessário para o aquartelamento, já que a zona estava repleta de mato, onde nunca ninguém tinha chegado: «Mon-tei tudo. Estavam lá uns rapazes muito jeitosos que ajudaram na carpintaria e a montar as coi-sas. Entretanto foram chegando mais grupos de combate, cada um com o seu comando, prepa-rados para dar e receber instrução. Ali ficámos durante cerca de 3 meses até cada um ir para as suas unidades. Eu voltei para a minha, com o meu grupo de combate, e mais tarde fui en-viado para o segundo campo de Comandos que foi feito, na Quibala Norte». Já com a designação de «Comandos», este novo campo formou mais 6 grupos que receberam instrução militar: «Tive lá colegas de instrução e instruendos que depois seguiram com grupos de combate para Moçam-bique e outros sítios, mas quando alcancei os 2 ou 3 anos de comissão, assim que me deram a licença voltei para Moçambique, para a minha vida civil. Estive lá quase 3 anos, ou 30 meses. Durante esse tempo, estive sempre em contacto com a minha família, desde o primeiro dia. Voltar a casa foi óptimo», diz. Quando regressou a Portugal com a sua família, a Portela não foi o primeiro destino escolhido. Mas,

Filip� Assunçã�

Joã� Vieir� Pereir� fo� reconhecid� com� � primeir� Comand� e� Portuga�

«Um� guerr� nunc� deix� saudade�, ma� muita� recordaçõe�»

assim que soube que uns amigos idealiza-vam a construção de uma casa na zona, mostrou-se interessado e tratou de tudo para se mudar para a freguesia, com a sua mulher e os dois filhos pequenos. Apesar de gostar muito de morar na zona, con-fessa que também passa grande parte do seu tempo no Algarve: «Praticamente só estou aqui para matar saudades dos filhos e dos netos», sorri. Passados todos estes anos, Vieira Pereira ainda recebe alguns telefone-mas de sargentos para marcar almoços de batalhão, organizados para reviver os velhos tempos e rever os antigos companheiros com quem passou momentos marcantes. «Andei na guerra, passei por situações difí-ceis e muito esforço físico. Tanto podíamos andar um dia inteiro na mata, como 3 ou 4 dias. Lembro-me de ir a pé até uma das po-voações mais próximas que ficava a cerca de 30 km, sempre em corta-mato e em con-

tacto permanente com a guerrilha. Uma guerra nunca deixa saudades, mas muitas recordações», relembra. João Vieira Pereira recorda ainda que o distintivo dos Comandos que ainda hoje existe (apenas com ligeiras diferenças) foi desenhado por si em conjunto com o capitão Marquilhas durante o tempo em que estiveram em Luanda. Acabou por se afastar completamente, sem nun-ca se ter inscrito na Associação de Comandos. No entanto, quando Dante Vacchi distribuiu os cartões dos comandos, o cartão de primeiro co-mando pertencia-lhe. Mais recentemente foi feita uma nova atribuição de postos em que já não aparece por se ter afastado. São estas as memórias de tempo de guerra de alguém que esteve em Angola em 1962, contri-buiu para o surgimento e desenvolvimento dos Comandos, ficando para a história como sendo o n.° 1. «Houve situações difíceis. Eu fui, vim, levei os meus soldados bons todos sãos, sem uma única beliscadura. Não me ficou lá nenhum e orgulho-me muito disso. Havia medo, sim. Toda a gente o tem, mas o que é preciso é vencer o medo com sangue frio e raciocínio rápido para resolver as situações», diz orgulhoso enquanto mostra uma fotografia sua em Noqui, presente no livro ANGOLA 1961–1963, de Dante Vacchi e Anne Gauzes sobre a Guerra Colonial contada em fotografias.

FIGURAS DA PORTELA

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Como nasceram os Punk-Sinatra?Os PunkSinatra nascem

do fim de uma banda do nosso baixista João Pinto: os Speed Cristal. O convite, feito ao João Pedro Almendra para ser vocalis-ta num novo projecto dos mem-bros da extinta banda, marca o início de carreira dos PunkSina-tra.As diferentes formações da banda influenciaram o som que fazem?Claro que sim! Todos os que pas-saram por cada formação ajuda-ram a formar o som característi-co que se associa à nossa banda.Como chegaram a este nome?O nome surgiu meio por brinca-

deira. Na altura, brincava-se com nomes como PunkSinatra, Dread Astaire e, às portas da primeira apresentação ao vivo, PunkSina-tra foi o escolhido. O nome aca-ba por espelhar bem o som que a banda tem, pois abarcamos vá-rios estilos diferentes.Quais as principais influências da vossa música?A maior influência é, claramente, o rock e os seus demais deriva-dos (punk, metal…), mas também outros estilos como reggae/ska, funk... Todos nós ouvimos vários estilos de música e isso reflecte--se no som que fazemos.Existem desde 2003, mas só agora surge o primeiro CD, O Monstro Acordou. Quais foram as principais dificuldades que encontraram e qual a sensação

de terem finalmente atingido este objectivo?A sensação de ter, finalmente, um disco nosso nas mãos e nas lojas é muito boa! Já existimos há muito tempo e foi um cami-nho longo e duro até chegarmos a esta edição feita pela nossa editora Ethereal Sound Works. A banda passou por várias mu-danças de formação, o que, alia-do à falta de meios e de apoios às bandas nacionais, contribuiu para que só em 2013 o Monstro saísse para a rua.Onde foi gravado o disco?O disco foi gravado aqui bem per-to da Portela, no JAP Estúdios em Moscavide (abraço, Zé Tó!!!) com produção de António Côrte-Real (UHF).Este disco conta com a parti-

Leonor Noronh�

«A sensaçã� d� ter, finalment�, u� disc� noss� na� mã� � na� loja� � muit� bo�!»

ENTREVISTA

Acabam de lançar o primeiro CD O Monstro Acordou, mas a banda existe desde 2003. Na

bateria e na voz, há um portelense de gema. Luís

Lobão (segundo a contar da esquerda) vive na Portela desde que nasceu e falou com a Portela Magazine sobre os PunkSinatra.

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Como nasceram os Punk-Sinatra?Os PunkSinatra nascem

do fim de uma banda do nosso baixista João Pinto: os Speed Cristal. O convite, feito ao João Pedro Almendra para ser vocalis-ta num novo projecto dos mem-bros da extinta banda, marca o início de carreira dos PunkSina-tra.As diferentes formações da banda influenciaram o som que fazem?Claro que sim! Todos os que pas-saram por cada formação ajuda-ram a formar o som característi-co que se associa à nossa banda.Como chegaram a este nome?O nome surgiu meio por brinca-

deira. Na altura, brincava-se com nomes como PunkSinatra, Dread Astaire e, às portas da primeira apresentação ao vivo, PunkSina-tra foi o escolhido. O nome aca-ba por espelhar bem o som que a banda tem, pois abarcamos vá-rios estilos diferentes.Quais as principais influências da vossa música?A maior influência é, claramente, o rock e os seus demais deriva-dos (punk, metal…), mas também outros estilos como reggae/ska, funk... Todos nós ouvimos vários estilos de música e isso reflecte--se no som que fazemos.Existem desde 2003, mas só agora surge o primeiro CD, O Monstro Acordou. Quais foram as principais dificuldades que encontraram e qual a sensação

de terem finalmente atingido este objectivo?A sensação de ter, finalmente, um disco nosso nas mãos e nas lojas é muito boa! Já existimos há muito tempo e foi um cami-nho longo e duro até chegarmos a esta edição feita pela nossa editora Ethereal Sound Works. A banda passou por várias mu-danças de formação, o que, alia-do à falta de meios e de apoios às bandas nacionais, contribuiu para que só em 2013 o Monstro saísse para a rua.Onde foi gravado o disco?O disco foi gravado aqui bem per-to da Portela, no JAP Estúdios em Moscavide (abraço, Zé Tó!!!) com produção de António Côrte-Real (UHF).Este disco conta com a parti-

Leonor Noronh�

«A sensaçã� d� ter, finalment�, u� disc� noss� na� mã� � na� loja� � muit� bo�!»

ENTREVISTA

Acabam de lançar o primeiro CD O Monstro Acordou, mas a banda existe desde 2003. Na

bateria e na voz, há um portelense de gema. Luís

Lobão (segundo a contar da esquerda) vive na Portela desde que nasceu e falou com a Portela Magazine sobre os PunkSinatra.

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cipação do Zé Pedro (Xutos & Pontapés), João Ribas (Tara Perdida), João Morais (Gazua), HOMENS DA LUTA, António Côrte-Real e Nuno Oliveira (UHF). Como surgiu esta ideia?A ideia dos convidados surgiu da nossa vontade de colaborar com artistas da nossa praça. A interação com outros músicos é saudável e deve acontecer, com frequência, em estúdio bem como em espectá-culos ao vivo.Como foi trabalhar com estes músicos e artistas?Foi muito enriquecedor e gratifi-cante, cada um deu o melhor de si e ficámos muito agradados com cada participação. Todos adicio-naram algo às nossas músicas.Essa experiência foi uma mais- -valia para a banda? Porquê?A troca de experiências só faz crescer os músicos e as bandas e, num mercado como o nosso, essas interações fazem ainda mais sen-tido. Aprendemos bastante com cada um, pois são todos artistas que já fazem parte da história da música nacional.Apresentaram o vosso disco num concerto no MusicBox, em Lisboa. Qual o balanço que fa-zem desse espetáculo?Correu muito bem, tivemos uma boa casa, mesmo sendo numa quinta-feira à noite. Com muita pena nossa, não conseguimos ter todos os convidados em palco, mas foi uma bela festa de apresen-tação, sem dúvida!Como está a ser feita a promo-ção do vosso disco?Já estivemos na RTP e na Sic Ra-

dical, bem como na Super FM e Antena 3 e estamos em contactos para mais presenças quer na rádio quer na televisão. Na Internet, a divulgação é feita através da nossa página oficial de Facebook onde lançamos os nossos videoclips, fotografias, músicas e todo o ma-terial relativo à banda. Também marcamos presença em alguns blogues da especialidade.Têm concertos agendados?Temos vários em vista, mas care-cem de confirmação. De momen-to, temos uma data confirma-da, dia 16 de Maio no In-fected Records Fest, organi-zado pela In-fected Records que terá lugar no Stairway Club em Cas-cais. Fiquem atentos ao nos-so facebook, pois mais con-certos vão ser confirmados!O que pensam do panora-ma actual da música portu-guesa no nos-so País?As bandas têm muita vontade de fazer mú-sica e de se mostrar, como se constata pelo cada vez

maior número de concertos (fala-mos da região de Lisboa, porque é a que conhecemos melhor) apesar de existirem poucos locais para o fazer assim como poucos incenti-vos.Os apoios aos músicos e bandas nacionais são insuficientes?Achamos que se continua a valo-rizar mais o que vem de fora em vez de se apostar com mais força na música portuguesa e no rock português que tem imensa quali-dade.

João Pedro Almendra (Voz)João Pinto (Baixo)Luís Lobão (Bateria /Voz)David Nolasco (Guitarra)Guilherme Santos (Guitarra / Voz / Percussão)Página FB: https://www.facebook.com/punksinatra.rockPágina Youtube: http://www.youtube.com/user/PunkSinatrarock

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Vai somatizar.E somatiza: A grande ruptura acontece nessa rua desgarrada em que o corpo ca-minha como quem marcha. Sem qualquer aviso, a rugosidade de uma parede diz-lhe que está in-defeso perante a morte e todos os trabalhos que a precedem. E assim, de súbito, o corpo perde afectos e deveres, rachado ao meio por um golpe de asa negra.O seu primeiro impulso é procurar o nome da rua. Mas o medo infil-trou-se no sangue sem piedade. E a cabeça sempre foi frágil.Há um crime imemorial que ainda não foi lavado e o teu corpo é cha-mado a depor. Todos têm de pres-tar contas. É por isso que todos os meses as mulheres sangram.O corpo não possui mais um eixo ao abrigo da suspeita. Todos os seus movimentos toscos para re-cuperar o equilíbrio são vãos. A verticalidade tornou-se numa im-possibilidade. A paisagem urbana surge desfigurada. Os edifícios são de papel cartonado e nunca te ti-nhas apercebido disso. Nos rostos que te cruzam, não decifras mais qualquer vestígio da comunida-de humana. A humanidade é uma ideia putrefacta que o teu olfacto ignorou nos decénios de aprendi-zagem. Venderam-te tantas ideias sem corpo e agora tudo vacila. Pa-reces um navio em alto-mar, fusti-gado pela tempestade.Estás sozinho. Metes as mãos nos bolsos em busca de conforto – não esqueces jamais os hábitos que te impuseram aos membros. Mas tens os órgãos estilhaçados e a car-ne traumatizada pelo pensamento que te acidentou. Um vulto de plu-mas que assombra os bastidores da mente. Insinua-se e foge. Deixa um

fantasia em extinção e as aves não migram mais. Morrem de mágoa, esfaceladas contra o asfalto.Apanhas um táxi em desespero e agradeces numa oração silenciosa a oferta de transporte que a civi-lização oferece. Embora a casa também tenha sido contagiada. Navegas noite afora sobre o pensa-mento que te come a calma. Esses olhos não encontram mais descan-so. O teu corpo não funciona. É um corpo-detrito, os nervos em franja, com uma consciência absurda das próprias mãos – vês nelas uma brancura que impõe a vigília.Estado de alerta máximo.Mesmo assim, não estás pronto para desistir da civilização. Por tão pouco, um mero ataque de nervos, dizes. Precisas só de recuperar a fé no real. Por isso vais ao médico. Senhor doutor, queira ter a bonda-de de me dizer quantos comprimi-dos são necessários para matar o pensamento e recuperar o corpo?Ao doutor dói-lhe a cabeça. Há dias em que não acredita na psi-cologia humana. Hoje é um deles. Está sem paciência e na sua frente tem um paciente. Depois de ouvir as palavras do corpo, não sabe o que dizer. Sente pela primeira vez a falta de um deus qualquer. Ao invés, opta por aconselhar alguma medicação. Ansiolíticos. Antide-pressivos. E hipnóticos em SOS, para o caso de o real insistir nas suas visitas.A mão escreve veloz uma receita, como quem acelera dali para fora. Para fora do contexto doutor-pa-ciente em que ambos se atrasam num compasso sem esperança. Entrega a receita e num aperto de mão asséptico, diz

As melhoras. Como quem diz, Até amanhã e esta guerra não fui eu que a criei.

Corp�-�-corp�CULTURA

Patríci� Guerreir� Nune�leiturasdemadamebovary.blogspot.com rasto de pássaros embalsamados.

O sabor a ferrugem na boca fendi-da. Roldanas de aço roendo os ma-xilares, numa pressão metálica que ameaça triturar o corpo a partir do queixo. Anos a confiar neste peda-ço de carne e agora ele desconjun-ta-se e vai tudo abaixo.Tudo abaixo. Os outros continuam de rosto empoleirado nos corpos. Não estão ameaçados pela disjun-ção. Talvez chorar, pedir ajuda… Oh, mas teriam que se usar as pa-lavras e o horror alagou também a linguagem. Cerra antes os dentes e contraria a saliva. Não se quer enlouquecer e, no entanto, esta é a

única certeza, o vazio que aparece de repente numa rua qualquer, abre a boca numa careta carnavalesca para te pregar um susto e zás! Fos-te engolido.Estás sozinho, náufrago no real provisório. Estado de alerta máxi-mo. Medo do real ser evacuado e não se ter para onde ir.Porque não temos já para onde ir. Nem sequer se sabe o nome ver-dadeiro desta rua onde o real nos aconteceu. Sim, fugir. Mas para onde? Casa é a palavra mais vã que resta. Tanta arquitectura para não haver abrigo algum. O céu foi tomado de assalto pelos aviões e meteorologistas. O mundo é uma

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Vai somatizar.E somatiza: A grande ruptura acontece nessa rua desgarrada em que o corpo ca-minha como quem marcha. Sem qualquer aviso, a rugosidade de uma parede diz-lhe que está in-defeso perante a morte e todos os trabalhos que a precedem. E assim, de súbito, o corpo perde afectos e deveres, rachado ao meio por um golpe de asa negra.O seu primeiro impulso é procurar o nome da rua. Mas o medo infil-trou-se no sangue sem piedade. E a cabeça sempre foi frágil.Há um crime imemorial que ainda não foi lavado e o teu corpo é cha-mado a depor. Todos têm de pres-tar contas. É por isso que todos os meses as mulheres sangram.O corpo não possui mais um eixo ao abrigo da suspeita. Todos os seus movimentos toscos para re-cuperar o equilíbrio são vãos. A verticalidade tornou-se numa im-possibilidade. A paisagem urbana surge desfigurada. Os edifícios são de papel cartonado e nunca te ti-nhas apercebido disso. Nos rostos que te cruzam, não decifras mais qualquer vestígio da comunida-de humana. A humanidade é uma ideia putrefacta que o teu olfacto ignorou nos decénios de aprendi-zagem. Venderam-te tantas ideias sem corpo e agora tudo vacila. Pa-reces um navio em alto-mar, fusti-gado pela tempestade.Estás sozinho. Metes as mãos nos bolsos em busca de conforto – não esqueces jamais os hábitos que te impuseram aos membros. Mas tens os órgãos estilhaçados e a car-ne traumatizada pelo pensamento que te acidentou. Um vulto de plu-mas que assombra os bastidores da mente. Insinua-se e foge. Deixa um

fantasia em extinção e as aves não migram mais. Morrem de mágoa, esfaceladas contra o asfalto.Apanhas um táxi em desespero e agradeces numa oração silenciosa a oferta de transporte que a civi-lização oferece. Embora a casa também tenha sido contagiada. Navegas noite afora sobre o pensa-mento que te come a calma. Esses olhos não encontram mais descan-so. O teu corpo não funciona. É um corpo-detrito, os nervos em franja, com uma consciência absurda das próprias mãos – vês nelas uma brancura que impõe a vigília.Estado de alerta máximo.Mesmo assim, não estás pronto para desistir da civilização. Por tão pouco, um mero ataque de nervos, dizes. Precisas só de recuperar a fé no real. Por isso vais ao médico. Senhor doutor, queira ter a bonda-de de me dizer quantos comprimi-dos são necessários para matar o pensamento e recuperar o corpo?Ao doutor dói-lhe a cabeça. Há dias em que não acredita na psi-cologia humana. Hoje é um deles. Está sem paciência e na sua frente tem um paciente. Depois de ouvir as palavras do corpo, não sabe o que dizer. Sente pela primeira vez a falta de um deus qualquer. Ao invés, opta por aconselhar alguma medicação. Ansiolíticos. Antide-pressivos. E hipnóticos em SOS, para o caso de o real insistir nas suas visitas.A mão escreve veloz uma receita, como quem acelera dali para fora. Para fora do contexto doutor-pa-ciente em que ambos se atrasam num compasso sem esperança. Entrega a receita e num aperto de mão asséptico, diz

As melhoras. Como quem diz, Até amanhã e esta guerra não fui eu que a criei.

Corp�-�-corp�CULTURA

Patríci� Guerreir� Nune�leiturasdemadamebovary.blogspot.com rasto de pássaros embalsamados.

O sabor a ferrugem na boca fendi-da. Roldanas de aço roendo os ma-xilares, numa pressão metálica que ameaça triturar o corpo a partir do queixo. Anos a confiar neste peda-ço de carne e agora ele desconjun-ta-se e vai tudo abaixo.Tudo abaixo. Os outros continuam de rosto empoleirado nos corpos. Não estão ameaçados pela disjun-ção. Talvez chorar, pedir ajuda… Oh, mas teriam que se usar as pa-lavras e o horror alagou também a linguagem. Cerra antes os dentes e contraria a saliva. Não se quer enlouquecer e, no entanto, esta é a

única certeza, o vazio que aparece de repente numa rua qualquer, abre a boca numa careta carnavalesca para te pregar um susto e zás! Fos-te engolido.Estás sozinho, náufrago no real provisório. Estado de alerta máxi-mo. Medo do real ser evacuado e não se ter para onde ir.Porque não temos já para onde ir. Nem sequer se sabe o nome ver-dadeiro desta rua onde o real nos aconteceu. Sim, fugir. Mas para onde? Casa é a palavra mais vã que resta. Tanta arquitectura para não haver abrigo algum. O céu foi tomado de assalto pelos aviões e meteorologistas. O mundo é uma

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A Cruz Vermelha Portugue-sa já tem uma delegação na Portela. Encontra-se

provisoriamente em instalações cedidas pela Junta de Freguesia de Moscavide e Portela e tem como grande objectivo apoiar os públicos mais vulneráveis. Para já, os res-ponsáveis precisam de braços que os ajudem e por isso têm as portas abertas a novos voluntários.A delegação da Cruz Vermelha Por-tuguesa do bairro da Portela exis-te por deliberação desde Junho de 2013 e pretende abranger as po-pulações da Portela, de Moscavi-de, de Sacavém e do Prior Velho. Encontra-se sediada em instalações cedidas pela junta de freguesia e o objectivo da sua criação passa por apoiar todos os públicos vulnerá-veis e cumprir, assim, o objectivo da instituição: «Estar onde estão as pessoas.» A instituição terá identi-ficado uma série de estruturas so-ciais, serviços e programas de apoio necessários considerando, assim, a sua intervenção uma mais-valia no apoio a todos os públicos vulnerá-veis.A jovem delegação conta com uma equipa de voluntários ainda dimi-nuta e convida, por isso, todos aqueles que tenham disponibilida-de e vontade de ajudar os outros a juntarem-se ao grupo. Quem não tem assim tanto tempo disponível pode, ainda, colaborar com o pro-jecto inscrevendo-se como mem-bro benemérito ou então, como membro contribuinte, ficando a pagar uma quota mínima mensal de 1,00 €.

Ev� Falcã�

Portel� j� te� delegaçã� d� Cr�z Vermelh� Portugues�

PORTELA

públicos-alvos encontram-se no Agrupamento de Escolas de Por-tela e Moscavide, mais concreta-mente nas escolas EB 2, 3 Gaspar Correia e Secundária da Portela. Mais tarde, avançarão com este mesmo projecto para o Agrupa-mento de Escolas de Sacavém.Desde o dia 13 de Janeiro de 2014 que a Delegação da Cruz Verme-lha Portuguesa da Portela funcio-na entre as 10h00 e as 13h00 e as 14h30 e as 17h30.

A delegação esteve, entretanto, presente, nos passados meses de Novembro e Dezembro na luta contra a fome da Missão Sorriso recolhendo alimentos que distri-buiu posteriormente por 150 fa-mílias e instituições carenciadas referenciadas pelas autarquias nas áreas geográficas da sua in-fluência. A curto prazo tem como objectivo a distribuição de brin-quedos a crianças desfavoreci-das.A c t u a l m e n t e está a dinami-zar o projecto «Copos quem Decide és Tu» dirigido à po-pulação escolar com idade entre os 14 e os 18 e cujo objectivo passa pela pre-venção do con-sumo excessivo do álcool. Os

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ACONTECEU NA AMP

A AcroPortela participou no 3.º Torneio de Desenvolvimento

de Ginástica Acrobática, realizado no dia 25 de Janeiro, no Catujal, com um total de 21 atletas e onde alcançámos excelentes classifica-ções, das quais destacamos o 1.º lu-gar em pares masculinos nível 1 e o 3.º lugar em pares mistos nível 1.De referir ainda que a prestação dos restantes atletas foi notável, tendo obtido as seguintes classificações: ● 10.º lugar em pares femininos

nível 1; ● 10.º, 11.º e 26.º lugares em gru-

No dia 8 de Fevereiro, a classe de Dança Jazz da AMP abri-

lhantou o Gym for Life Nacional, que se realizou neste ano no Bom-barral e onde as nossas atletas con-quistaram a medalha de bronze.Mais uma prova da excelência desta classe e da sua professora Manuela Bastos, Muitos Parabéns!

Dojo Associação dos Morado-res da Portela esteve presen-

te no VI Campeonato Nacional de Karaté-Do, em que fomos os mais bem classificados, tendo conquista-do 9 medalhas.Parabéns aos atletas e ao nosso mestre Carlos Fernandes Shihan, Renshi 6.º Dan.

Portel� Solidári�Dando corpo ao protocolo de

cooperação celebrado com a Câmara Municipal de Loures, a AMP realizou durantes os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro uma campanha de recolha de pro-dutos de higiene pessoal e de bens essenciais, destinados a abastecer as Lojas Solidárias de Loures.A AMP colaborou ainda na divul-gação e na angariação de voluntá-rios para a acção da Câmara Muni-cipal de Loures de recolha de bens nas superfícies comerciais do mu-nicípio, que se realizou nos dias 22 e 23 de fevereiro, a qual teve por objetivo repor os stocks das quatro Lojas Solidárias de Loures, insta-ladas nas freguesias de Camarate, Moscavide, Sacavém e São João da Talha, através das quais são apoia-das cerca de 600 famílias carentes de bens de primeira necessidade.Agradecemos a todos os nossos associados que contribuíram e participaram nestas iniciativas.

pos femininos nível 1, num conjun-to de 28 exibições; ● 15.º lugar em grupo feminino

nível 2, num conjunto de 23 exi-bições

● 18.º lugar em grupo feminino nível 3, num conjunto de 29 exi-bições.

No dia 9 de Fevereiro, participámos pela primeira vez no Campeonato Distrital de Ginástica Acrobática, realizado em Vialonga, com um Grupo Feminino/Iniciados (combi-nados), e, num conjunto de 38 exi-bições, ficámos em 28.º lugar.

Acrobátic� – Acr�Portel�

Danç� Jazz Karat�

Estão de Parabéns os nossos atletas e a treinadora Cátia Gomes.

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ACONTECEU NA AMP

A AcroPortela participou no 3.º Torneio de Desenvolvimento

de Ginástica Acrobática, realizado no dia 25 de Janeiro, no Catujal, com um total de 21 atletas e onde alcançámos excelentes classifica-ções, das quais destacamos o 1.º lu-gar em pares masculinos nível 1 e o 3.º lugar em pares mistos nível 1.De referir ainda que a prestação dos restantes atletas foi notável, tendo obtido as seguintes classificações: ● 10.º lugar em pares femininos

nível 1; ● 10.º, 11.º e 26.º lugares em gru-

No dia 8 de Fevereiro, a classe de Dança Jazz da AMP abri-

lhantou o Gym for Life Nacional, que se realizou neste ano no Bom-barral e onde as nossas atletas con-quistaram a medalha de bronze.Mais uma prova da excelência desta classe e da sua professora Manuela Bastos, Muitos Parabéns!

Dojo Associação dos Morado-res da Portela esteve presen-

te no VI Campeonato Nacional de Karaté-Do, em que fomos os mais bem classificados, tendo conquista-do 9 medalhas.Parabéns aos atletas e ao nosso mestre Carlos Fernandes Shihan, Renshi 6.º Dan.

Portel� Solidári�Dando corpo ao protocolo de

cooperação celebrado com a Câmara Municipal de Loures, a AMP realizou durantes os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro uma campanha de recolha de pro-dutos de higiene pessoal e de bens essenciais, destinados a abastecer as Lojas Solidárias de Loures.A AMP colaborou ainda na divul-gação e na angariação de voluntá-rios para a acção da Câmara Muni-cipal de Loures de recolha de bens nas superfícies comerciais do mu-nicípio, que se realizou nos dias 22 e 23 de fevereiro, a qual teve por objetivo repor os stocks das quatro Lojas Solidárias de Loures, insta-ladas nas freguesias de Camarate, Moscavide, Sacavém e São João da Talha, através das quais são apoia-das cerca de 600 famílias carentes de bens de primeira necessidade.Agradecemos a todos os nossos associados que contribuíram e participaram nestas iniciativas.

pos femininos nível 1, num conjun-to de 28 exibições; ● 15.º lugar em grupo feminino

nível 2, num conjunto de 23 exi-bições

● 18.º lugar em grupo feminino nível 3, num conjunto de 29 exi-bições.

No dia 9 de Fevereiro, participámos pela primeira vez no Campeonato Distrital de Ginástica Acrobática, realizado em Vialonga, com um Grupo Feminino/Iniciados (combi-nados), e, num conjunto de 38 exi-bições, ficámos em 28.º lugar.

Acrobátic� – Acr�Portel�

Danç� Jazz Karat�

Estão de Parabéns os nossos atletas e a treinadora Cátia Gomes.

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O 6.º Aniversário do PW foi celebrado com uma semana

repleta de actividades. Foram rea-lizadas várias palestras: Nutrição infanto-juvenil, Corrida – alimen-tação, hidratação e preparação fí-sica, prós e contras; e workshops: Shiatsu e os alongamentos, Pila-tes/barra de chão, Quizomba, en-tre outros. Realizámos ainda uma MEGA AULA DE GINÁSTICA, interativa e multimédia, utilizando as últimas tecnologias de som e de imagem.As celebrações culminaram no PW LOVE BOAT, um cruzeiro no TEJO, com sunset party e jan-tar, um mega evento com cerca de 150 pessoas, a bordo do navio SAO PAULUS.PARABÉNS PW – Obrigada a toda a equipa técnica pelo trabalho desenvolvido ao longo destes ma-ravilhosos 6 anos de existência.Obrigada a todos os nossos utentes pela confiança e por nos darem a enorme honra de nos acompanha-rem nesta aventura.

No âmbito das celebrações do Aniversário PW, procedemos ainda ao Lançamento do PW SPA & CLINIC: – Spa: massagens, tratamentos de

rosto e corpo;– Clínica de estética – fotodepila-

ção, cavitação/redução da gor-dura e celulite, radiofrequência/ rejuvenescimento e refirmação e pressoterapia.

– Clínica – acupuntura, osteopatia, podologia, nutrição e fisioterapia.

Visita�/Passei� d� noss� Sábi� No passado mês de Ja-

neiro, os alunos da dis-ciplina Fórum Sociedade, Actualidade e Cultura foram ver a exposição temporária de uma coleção de 60 obras do Museu do Prado, patente no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. No mês de Março, os nossos Sábios realizaram visitas ao Aqueduto das Águas Livres; ao Lisboa Story Center (mu-seu interactivo sobre a his-tória de Lisboa) no Terreiro do Passo e no Arco da Rua Augusta e foram ainda ao Conventinho em Loures.

Nova� disciplina�Nos primeiros meses de

2014, a nossa Univer-sidade Portela Sábios foi enriquecida com duas novas disciplinas – O Poder do Di-álogo e O Baú dos Contos, esta última orientada pela escritora Isabel Fraga e nas suas palavras funciona da se-guinte forma: «Em cada aula, será lido um conto de um au-tor português ou estrangei-ro. A leitura será partilhada. Seguir-se-á uma conversa informal sobre o conto cujo autor apenas no final será re-velado.»

4.º Cicl� d� Palestra� A Universidade Sénior Portela Sá-

bios foi palco de mais uma confe-rência no âmbito do projecto Ciclo de Conferências Portela Sábios, denomi-nada Atreva-se a ser Feliz – O coach Rui Miguel Germano foi o orador con-vidado que muito abrilhantou a nossa tarde.

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ACONTECEU NA AMP

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Por ocasião da comemoração do Dia da Internet Segura, a AMP

associou-se à Microsoft e no dia 12 de Fevereiro realizou uma palestra, direccionada para os nossos Jovens e para os Sábios, na qual os peri-

Comemoraçã� d� Di� d� Interne� Segur�

A Vid� Entr� Maré� – D� Estuári� d� Tej� à Cost� Atlântic�

gos e benefícios da Internet foram abordados. O Engenheiro Ricardo Henriques explicou a uma plateia, diversificada, interessada e muito participativa quais as melhores for-mas de utilizar esta ferramenta tão

útil evitando os perigos e as expo-sições desnecessárias, abordando as boas práticas na utilização do correio eletrónico, das redes sociais e jogos online. Discutiu-se ainda a questão do cyberbullying.

O responsável por este trabalho de Investigação – Professor

Manuel Lima, da Universidade Sé-nior do Seixal, veio ao Portela Sá-bios, no dia 19 de Fevereiro dar-nos a conhecer as 150 formas de vida que podemos encontrar no Estuário do Tejo e na Costa Atlântica vizi-nha, assim como a ecologia destes ecossistemas.

No início do ano, demos início no Portela Jovem à implementação de um novo projeto pedagógico –

As Aventuras do Crescer, através do qual pretendemos desenvolver um conjunto de competências pessoais que contem-plem os planos comportamental, o cog-nitivo e o emocional dos nossos jovens. Procurar-se-á fortalecer competências e capacidades pessoais de autoconhe-cimento, assim como competências so-ciais, no âmbito da comunicação, de re-lação de respeito e de partilha solidária.O Projecto Pedagógico do Portela Jo-vem procura ir ao encontro do jovem, da descoberta de si próprio, através de si e da sua relação com os outros. As actividades visam o alargamento do conhecimento e a partilha de vivências nas áreas pessoal e social, em ambos os eixos de intervenção – Escolaridade e Lazer.Estamos ainda a desenvolver semanal-mente um programa de competências pessoais e sociais com a utilização de jogos e dinâmicas de grupo.Desenvolvimento Projecto – Viajar nas

letras – com a preocupação de auxiliar os nossos jovens e contribuir para o seu aproveitamento escolar, o Portela Jovem propõe-se dar continuidade ao trabalho já iniciado no ano lectivo transacto pela professora Manuel Rego com alguns dos nossos jovens, mas agora de uma forma mais sistemática e abrangente. Este é um espaço de frequência gratuita, aberto a todos os jovens que frequentam o Por-tela Jovem e que se destina à melhoria de aquisição de conhecimentos no do-mínio da Língua Portuguesa.Durante as Férias de Natal, os jovens descansaram das actividades lectivas e aproveitaram a pausa para se divertirem no Portela Jovem com o desenvolvimento de actividades relacionadas com a época festiva e a visita a locais específicos da época, como por exemplo, aldeia Natal. Também fomos à Kidzania e realizámos ateliês de artes e jogos tradicionais.

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ACONTECEU NA AMP

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Por ocasião da comemoração do Dia da Internet Segura, a AMP

associou-se à Microsoft e no dia 12 de Fevereiro realizou uma palestra, direccionada para os nossos Jovens e para os Sábios, na qual os peri-

Comemoraçã� d� Di� d� Interne� Segur�

A Vid� Entr� Maré� – D� Estuári� d� Tej� à Cost� Atlântic�

gos e benefícios da Internet foram abordados. O Engenheiro Ricardo Henriques explicou a uma plateia, diversificada, interessada e muito participativa quais as melhores for-mas de utilizar esta ferramenta tão

útil evitando os perigos e as expo-sições desnecessárias, abordando as boas práticas na utilização do correio eletrónico, das redes sociais e jogos online. Discutiu-se ainda a questão do cyberbullying.

O responsável por este trabalho de Investigação – Professor

Manuel Lima, da Universidade Sé-nior do Seixal, veio ao Portela Sá-bios, no dia 19 de Fevereiro dar-nos a conhecer as 150 formas de vida que podemos encontrar no Estuário do Tejo e na Costa Atlântica vizi-nha, assim como a ecologia destes ecossistemas.

No início do ano, demos início no Portela Jovem à implementação de um novo projeto pedagógico –

As Aventuras do Crescer, através do qual pretendemos desenvolver um conjunto de competências pessoais que contem-plem os planos comportamental, o cog-nitivo e o emocional dos nossos jovens. Procurar-se-á fortalecer competências e capacidades pessoais de autoconhe-cimento, assim como competências so-ciais, no âmbito da comunicação, de re-lação de respeito e de partilha solidária.O Projecto Pedagógico do Portela Jo-vem procura ir ao encontro do jovem, da descoberta de si próprio, através de si e da sua relação com os outros. As actividades visam o alargamento do conhecimento e a partilha de vivências nas áreas pessoal e social, em ambos os eixos de intervenção – Escolaridade e Lazer.Estamos ainda a desenvolver semanal-mente um programa de competências pessoais e sociais com a utilização de jogos e dinâmicas de grupo.Desenvolvimento Projecto – Viajar nas

letras – com a preocupação de auxiliar os nossos jovens e contribuir para o seu aproveitamento escolar, o Portela Jovem propõe-se dar continuidade ao trabalho já iniciado no ano lectivo transacto pela professora Manuel Rego com alguns dos nossos jovens, mas agora de uma forma mais sistemática e abrangente. Este é um espaço de frequência gratuita, aberto a todos os jovens que frequentam o Por-tela Jovem e que se destina à melhoria de aquisição de conhecimentos no do-mínio da Língua Portuguesa.Durante as Férias de Natal, os jovens descansaram das actividades lectivas e aproveitaram a pausa para se divertirem no Portela Jovem com o desenvolvimento de actividades relacionadas com a época festiva e a visita a locais específicos da época, como por exemplo, aldeia Natal. Também fomos à Kidzania e realizámos ateliês de artes e jogos tradicionais.

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VAI ACONTECER NA AMP

Façam-se amigos do Portela Sábios

e do Portela Jovem e da Portela Magazine

através do facebook

Espetácul� d� Danç� No dia 10 de Maio, a AMP vai

mais uma vez apresentar um espetáculo de dança, cor e música, no auditório do Cinema da Encar-nação. Esta será a 4.ª edição deste espetáculo de palco, e que irá con-tar com as atuações das prestigia-das classes de Dança Jazz, Dança Clássica e Acrobática da nossa as-sociação, assim como de outros ar-tistas convidados. Será sem dúvida uma mostragem de qualidade que esperamos seja do agrado de todos.

Acrobátic� – Danç� JazzPróximas exibições já agendadas dos nossos atletas da AcroPortela e Dança Jazz :– 4 de Maio – Torneio Particular

Acromix Cup, no Catujal;– 16 Maio – Louresgym no Paz e

Amizade - C. M. Loures;– 1 Junho – 4.º Torneio Desenvol-

vimento de Ginástica Acrobática, no Catujal;

– 6, 7 e 8 Junho – Participação no PortugalGym, na Maia;

– 12 a 18 de Julho – Participação no Eurogym 2014, na Suécia, com 17 alunas;

Iremos ainda participar no Tor-neio dos Centros de Formação da Câmara Municipal de Loures, em data a anunciar.Apoiem os nossos atletas

FAMP 2014O Festival Anual da AMP –

FAMP2014 vai acontecer no dia 31 de Maio, como habitual-mente, no Pavilhão da Escola Se-cundária. Contará com a exibição dos nossos atletas da Dança Jazz, Acrobática, Dança Clássica, Karaté e Futsal e Ténis e ainda de alguns atletas de clubes convidados.

As Férias de Páscoa estão a chegar – e o PJovem tem já o plano de actividades a desen-volver com os nossos jovens durante esta pausa lectiva e muitas são as novidades, visi-tas e divertimentos que estão programadas… Venha saber mais…As inscrições estão já abertas e destinam-se a todos os jovens, quer os que estão connosco du-rante todo o ano no nosso Cen-tro de Atividades para Jovens, quer para jovens que apenas se juntam a nós nos períodos de férias escolares.– Para mais informações, contactar a secretaria da AMP – telef. 219 435 114 ou 918 552 954, ou através de e-mail: [email protected] ou [email protected]

Alguma� da� próxima� visita�/passei� j� programada� par� � noss� Sábi�:– 19 de março e 9 de abril– visita ao Museu Nacional de Arte Antiga;– 26 de março e 8 de Abril – visita à Assembleia da República e assistência

ao plenário;– 26 de maio – vamos ao teatro - Teatro Nacional D. Maria II.“ Mas certamente vai acontecer mais no seu Portela Sábios e na sua AMP – fique atento ao nosso placard e ao Facebook do Por-tela Sábios e da AMP”

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Atecnologia traz muitas vantagens, mas também alguns problemas. Nem tudo são rosas e até as rosas têm espinhos.

A tecnologia é tão viciante, que não pára de evoluir e de surpreender a ponto de nos cau-sar distúrbios psicológicos.Nomofobia – Fobia ou sensação de angústia provocada pela impossibilidade de comunicar ou ser contactado por estar privado do te-lemóvel. Os sintomas causados pela nomo-fobia são tremor, suor excessivo, falta de ar, vertigem, náuseas, taquicardia, dor de cabeça e, em casos mais extremos, depressão e até mesmo síndrome do pânico. Qualquer pessoa está sujeita a esse tipo de fobia, porém, o alvo mais comum são os jovens que já nasceram no mundo tecnológico.Termo oriundo do inglês «No mobile phone phobia», esta doença foi identificada em 2008, através de um estudo realizado a 1000 pesso-as no Reino Unido em que 66% apresentavam este problema. Mais tarde, na Universidade de Maryland (EUA), fez-se uma nova experiência, desta vez 1000 jovens entre os 17 e 23 anos foram privados dos telemóveis, computadores e tudo o mais relacionado com tecnologia, durante 24 horas. O resultado subiu para 79% de jovens que alegaram sentirem um enorme desconforto e de angústia ao ficarem 24 horas sem acesso à Internet, redes sociais, televisão e telemóveis. Outros chegaram a sentir co-michão e uma sensação parecida com a de dependentes de drogas que lutam contra o ví-cio. Aos poucos, a nomofobia faz com que as pessoas se isolem dos relacionamentos fa-miliares e sociais, optando por ficar no mundo virtual.Esta dependência é crescente e, apesar de ser socialmente aceite, é igualmente nociva pois altera o comportamento das pessoas. Acredi-to que o uso excessivo das chamadas novas tecnologias torna as pessoas mais agressivas, impacientes, impulsivas e esquecidas.Vivemos numa sociedade em que grande par-te da população, se não estiver ligada, pode desenvolver formas de ansiedade ou nervo-sismo. Segundo o escritor francês Phil Marso, que escreveu um livro inteiro utilizando ape-nas SMS, e passo a citar, «o uso constante dos smartphones e redes sociais gera uma grande vontade de estar sempre inteirado sobre tudo o que está acontecendo. O utilizador acaba

ficando nervoso e impaciente, podendo de-senvolver problemas cardíacos».Não estaremos a inventar se dissermos que o vício da tecnologia interfere com o quotidiano e a aprendizagem dos nossos jovens, todos eles pertencem à geração on-line e, mais cedo do que podemos imaginar, acedem mais rapida-mente a qualquer tipo de informação como se nascessem já formatados para as tecnologias, é como se ao cortar o cordão umbilical eles ligassem o wireless.Contra isso, nada podemos fazer, pois não te-mos nem a formação nem a experiência ne-cessárias para os poder educar. A própria liber-dade de acesso a informação não nos permite restringir certos conteúdos.O imediatismo da Internet, a eficiência dos smart-phones, dos portáteis, dos tablets, das centenas de canais já vulgarizados nas nossas habitações e, principalmente, o anonimato nas redes sociais e salas de chat tornaram-se ferramentas peri-gosamente poderosas para a comunicação e até mesmos para os relacionamentos.

Mas muitos de nós ajudamos para que isso aconteça. Poderemos até questionar se será mesmo imprescindível ficar ligado 24 horas por dia. Enquanto alguns ficam angustiados quando não podem ser alcançados, nem que seja por SMS, outros actualizam incontáveis vezes, diariamente, o Facebook, Hi5, Instagram, My Space, Flickr ou Twitter, qualquer que seja a hora ou o lugar onde estejam. E é assim que a exposição à tecnologia pode estar lentamente remodelando as nossas mentes. É importan-te utilizar a tecnologia de forma saudável, é fundamental manter um limite. Afinal, nós é que devemos deter o total controlo sobre a nossa vida e nunca um determinado site ou aplicativo.Permitam que faça aqui uma ressalva, Nomo-fobia é apenas o medo de ficar sem tele-móvel, apenas misturei as novas tecnologias porque longe vai o tempo em que o nosso telemóvel servia para fazer chamadas. Hoje em dia, é um aparelho que, por acaso, tam-bém faz chamadas.

Bonifáci� Peter d� Silv�

TECNOLOGIA

J� paro� par� pensar s� � nomofóbic�?

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Atecnologia traz muitas vantagens, mas também alguns problemas. Nem tudo são rosas e até as rosas têm espinhos.

A tecnologia é tão viciante, que não pára de evoluir e de surpreender a ponto de nos cau-sar distúrbios psicológicos.Nomofobia – Fobia ou sensação de angústia provocada pela impossibilidade de comunicar ou ser contactado por estar privado do te-lemóvel. Os sintomas causados pela nomo-fobia são tremor, suor excessivo, falta de ar, vertigem, náuseas, taquicardia, dor de cabeça e, em casos mais extremos, depressão e até mesmo síndrome do pânico. Qualquer pessoa está sujeita a esse tipo de fobia, porém, o alvo mais comum são os jovens que já nasceram no mundo tecnológico.Termo oriundo do inglês «No mobile phone phobia», esta doença foi identificada em 2008, através de um estudo realizado a 1000 pesso-as no Reino Unido em que 66% apresentavam este problema. Mais tarde, na Universidade de Maryland (EUA), fez-se uma nova experiência, desta vez 1000 jovens entre os 17 e 23 anos foram privados dos telemóveis, computadores e tudo o mais relacionado com tecnologia, durante 24 horas. O resultado subiu para 79% de jovens que alegaram sentirem um enorme desconforto e de angústia ao ficarem 24 horas sem acesso à Internet, redes sociais, televisão e telemóveis. Outros chegaram a sentir co-michão e uma sensação parecida com a de dependentes de drogas que lutam contra o ví-cio. Aos poucos, a nomofobia faz com que as pessoas se isolem dos relacionamentos fa-miliares e sociais, optando por ficar no mundo virtual.Esta dependência é crescente e, apesar de ser socialmente aceite, é igualmente nociva pois altera o comportamento das pessoas. Acredi-to que o uso excessivo das chamadas novas tecnologias torna as pessoas mais agressivas, impacientes, impulsivas e esquecidas.Vivemos numa sociedade em que grande par-te da população, se não estiver ligada, pode desenvolver formas de ansiedade ou nervo-sismo. Segundo o escritor francês Phil Marso, que escreveu um livro inteiro utilizando ape-nas SMS, e passo a citar, «o uso constante dos smartphones e redes sociais gera uma grande vontade de estar sempre inteirado sobre tudo o que está acontecendo. O utilizador acaba

ficando nervoso e impaciente, podendo de-senvolver problemas cardíacos».Não estaremos a inventar se dissermos que o vício da tecnologia interfere com o quotidiano e a aprendizagem dos nossos jovens, todos eles pertencem à geração on-line e, mais cedo do que podemos imaginar, acedem mais rapida-mente a qualquer tipo de informação como se nascessem já formatados para as tecnologias, é como se ao cortar o cordão umbilical eles ligassem o wireless.Contra isso, nada podemos fazer, pois não te-mos nem a formação nem a experiência ne-cessárias para os poder educar. A própria liber-dade de acesso a informação não nos permite restringir certos conteúdos.O imediatismo da Internet, a eficiência dos smart-phones, dos portáteis, dos tablets, das centenas de canais já vulgarizados nas nossas habitações e, principalmente, o anonimato nas redes sociais e salas de chat tornaram-se ferramentas peri-gosamente poderosas para a comunicação e até mesmos para os relacionamentos.

Mas muitos de nós ajudamos para que isso aconteça. Poderemos até questionar se será mesmo imprescindível ficar ligado 24 horas por dia. Enquanto alguns ficam angustiados quando não podem ser alcançados, nem que seja por SMS, outros actualizam incontáveis vezes, diariamente, o Facebook, Hi5, Instagram, My Space, Flickr ou Twitter, qualquer que seja a hora ou o lugar onde estejam. E é assim que a exposição à tecnologia pode estar lentamente remodelando as nossas mentes. É importan-te utilizar a tecnologia de forma saudável, é fundamental manter um limite. Afinal, nós é que devemos deter o total controlo sobre a nossa vida e nunca um determinado site ou aplicativo.Permitam que faça aqui uma ressalva, Nomo-fobia é apenas o medo de ficar sem tele-móvel, apenas misturei as novas tecnologias porque longe vai o tempo em que o nosso telemóvel servia para fazer chamadas. Hoje em dia, é um aparelho que, por acaso, tam-bém faz chamadas.

Bonifáci� Peter d� Silv�

TECNOLOGIA

J� paro� par� pensar s� � nomofóbic�?

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Caros consócios:Começo, a partir de hoje, na qualidade de director da nossa Associação, com muita

honra e orgulho a escrever algumas linhas na nossa revista. Faço-o, confesso, de coração, na tentativa de vos transmitir o amor que sinto pelo nosso Bairro e pela nossa Associação. Quando em 2011 aceitei o convite que me foi dirigido pela nossa Presidente para integrar os órgãos sociais da Associação de Moradores da Portela, fi-lo porque acredito nas pessoas que compõem os nossos órgãos sociais e nos pro-jectos que desenvolveram e querem desenvolver para que o nosso Bairro seja considerado, como é, um dos melhores de Lisboa quanto a espaços de lazer e de convívio.Mas, acima de tudo, aceitei o convite formulado porque senti que chegou a hora de retribuir a esta casa, dentro é claro das minhas possibili-dades, tudo o que ela me deu, porque esta casa, noutros tempos, deu-me muito, em particular no âmbito desportivo em que pratiquei Ténis e Futsal. Nessa altura, quando as nossas equipas jogavam em casa, fosse no Ténis fosse no Futsal, tínha-mos as bancadas cheias de adeptos que, de forma entusiasta, apoiavam as nossas equipas. Hoje, com muito mais sócios do que tínhamos nesse tempo é confrangedor ver as bancadas vazias em momentos importantes do nosso Desporto.Dizem-me que os tempos são outros, e eu acre-dito que são, que os mais jovens preferem jogar jogos de computador e brincar no facebook, e que os mais crescidos não têm tempo para ver os nossos jogos. Outros há que me dizem que a «desertificação» de público das nossas bancadas, pelo menos no que ao Futsal diz respeito (visto que o Ténis, por exemplo continua a jogar no nosso parque des-portivo), deve-se ao facto de as nossas equipas jogarem na escola «arco-íris» e não no nosso parque desportivo.Eu, da minha parte, quero acreditar que a ex-plicação é muito mais simples, e deve-se ao desconhecimento dos nossos sócios, quer re-lativamente aos eventos desportivos que vamos realizando, quer das classificações obtidas, facto imputável à Direcção da AMP e a mim particu-larmente. Por isso, aproveito esta primeira crónica para vos dar a conhecer as competições em que partici-pamos e aquilo que temos vindo a conseguir. No que ao Futsal diz respeito, participamos em

todos os escalões da modalidade com 6 equi-pas, Seniores, Juniores, Juvenis, Iniciados, Infan-tis e Benjamins.A nossa equipa Sénior, à data em que escrevo esta crónica, ocupa o terceiro lugar da Segunda Divisão nacional, Série B e luta pela subida à pri-meira divisão nacional (apenas sobe o primeiro classificado).Na Taça de Portugal, está nos oitavos de final da prova recebendo no fim-de-semana de 22/23 de Fevereiro o Fundão, equipa que eliminou o Sporting da prova. Nos escalões de formação estamos, à excepção dos Infantis, no equivalente à primeira divisão, intitulada 1.ª divisão de honra da Associação de Futebol de Lisboa, e ocupamos as seguintes po-sições: Os Juniores estão num perigoso 10.o lugar em luta pela manutenção, por culpa da alteração dos regulamentos, aprovada em Assembleia – Geral extraordinária da Associação de Futebol de Lis-boa, no passado dia 31 de Janeiro de 2014. Os Juvenis estão num fantástico 3.o lugar, logo atrás de Sporting e Benfica.Os Iniciados estão também a fazer uma exce-lente época, e ocupam a 5.ª Posição da tabela classificativa.Os Infantis (único escalão que milita no equiva-lente à «segunda divisão») ocupam também um honroso 5.o Lugar.E, por fim, os Benjamins ocupam, também um meritório 5.o lugar.No que ao Ténis diz respeito, temos em com-petição 5 equipas nos vários escalões, a saber: Seniores, duas equipas na categoria de (+35), uma equipa na categoria de (+45) e uma equipa na categoria de (+60 anos). A participação das nossas equipas nos respec-tivos campeonatos foi fantástica, destacando-se aqui o título de campeões nacionais na categoria

Ru� Reg�

O sucess� desportiv� d� AMP

de (+60 anos), o terceiro lugar no nacional da segunda divisão obtido pela nossa equipa de (+ 45) e a chegada às meias-finais regionais da nossa equipa A na categoria de (+35). Na Ginástica Acrobática, modalidade em que so-mos federados desde 2010, e estamos portanto ainda a dar os primeiros passos, participamos já de forma meritória em alguns torneios re-levantes como por exemplo o Portugalgym e o Louresgym. O mesmo sucedendo na Dança Jazz, modalidade em que a AMP é convidada para participar em vários saraus sempre com grande brilhantismo. Trabalhamos com aproximadamente 250 atletas de todas as idades, a quem proporcionamos a prática desportiva, inserida num modelo que dá primazia à vertente humana não descurando a vertente competitiva, porque só em competição é que se consegue transmitir valores importan-tes, como sejam a luta por objectivos, saber lidar com a frustração das derrotas e valorizar o es-forço que é necessário para atingir o sucesso. Tudo o que temos atingido devemos aos nossos treinadores, a alguns pais dos nossos atletas e, claro está, à dedicação destes últimos, que con-seguem, com os poucos meios que têm à dispo-sição, atingir os brilhantes resultados referidos.Mas não estamos satisfeitos, queremos fazer mais, e sobretudo fazer melhor, mas para isso precisamos do envolvimento de todos os nossos sócios, precisamos de ter as bancadas cheias para que os nossos atletas sintam o apoio que merecem, precisamos de que os sócios parti-cipem nas tomadas de decisão, precisamos de que nos critiquem e de que nos tragam suges-tões para melhorarmos, pois só assim seremos mais fortes. Podem consultar as nossas actividades na nossa página de facebook ou no nosso site.Contamos convosco!

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Quando há 4 temporadas me convidaram para fazer parte do corpo clínico da Fe-deração Portuguesa de Futebol, a minha

resposta foi clara: Sim, mas quero trabalhar com a equipa de Futsal. Foi-me pedido para aguardar a minha oportunidade e assim aconteceu. Depois de 3 temporadas a contactar com praticamente todos os escalões de formação do futebol desde os Sub-15 até aos Sub-21, chegara a oportunidade desejada. É que para qualquer portelense o futsal compete directamente com o futebol na paixão pelo desporto. Vimos a modalidade nascer, cres-cemos com os melhores e é inegável que a AMP (Associação dos Moradores da Portela) faz parte da história da modalidade. Depois de vários estágios de preparação, eis que estávamos na recta final rumo ao EURO a disputar no final de Janeiro, início de Fevereiro. O senti-mento vivido ao longo de toda a preparação era de que «Está na hora de esta selecção ganhar alguma coisa». É que nas últimas grandes com-petições ficou a frustração ao cair na final no Euro 2010 e nos quartos-de final do último mundial em 2012, num jogo inesquecível frente à Itália com derrota por 3-4 depois de estarmos a ganhar por 3-0 ao intervalo.Esta geração conta com jogadores que marca-ram definitivamente a modalidade no nosso País: os pioneiros no profissionalismo, os primeiros a emigrar, os campeões europeus pelo Benfica, o «melhor do mundo», etc. Muito se tem esperado deste grupo nas grandes competições, pelo que tal como as expectativas dos amantes da moda-lidade, o próprio grupo estava sedento de trazer algo consigo.Neste meio privilegiado que são as selecções na-cionais, são impressionantes as condições de tra-balho que são proporcionadas ao grupo. Desde o técnico de equipamentos, ao assessor de impren-sa, passando pelo técnico de audiovisuais, todos sabem as suas funções, e a todos é exigido que as façam com competência. Não basta qualidade técnica e táctica dentro da quadra, os detalhes em

torno do jogo também podem fazer a diferença no momento da decisão. Para nós, o Europeu havia começado há 1 ano.O quartel-general para a preparação final da grande competição foi em Rio-Maior, cidade do desporto. Munida de um Centro de Estágios muito bem equipado e com as melhores condições de trabalho, esta cidade continua a ser a principal re-ferência no acolhimento das Selecções Nacionais, enquanto a tão desejada «Casa das Selecções» não passa de um projecto, decisivo no futuro das Selecções.Nesses 10 dias que antecederam a estreia, foram trabalhados até à exaustão os aspectos técnico--tácticos, físicos e motivacionais que fazem parte do jogo. O modelo de jogo e os seus princípios já estavam enraizados nos atletas, não fosse esta uma equipa tão experiente e o grupo tão consis-tente ao longo dos anos.O teste final realizou-se num jornada dupla ante a Turquia, equipa de 3.a linha, com atributos muito semelhantes ao primeiro oponente a valer, a Ho-landa. O primeiro jogo disputado no Entroncamen-to ficou 8-3, ao passo que no 2.o em Rio Maior, a diferença entre as 2 equipas manteve-se, expres-sa num resultado final de 6-1. Este bom ensaio marcava o fim da primeira semana de estágio, e com ele chegava o primeiro momento de tensão

para o grupo. Ao jeito Big Brother, um dos atletas teria de abandonar o estágio, pois o grupo final para a competição era de 14 atletas. Para o Se-leccionador Jorge Braz ficava esta difícil e ingrata decisão, mas não muito diferente da anteriormente tomada aquando da divulgação dos 15, pois já aí ficaram de fora atletas com ambições na Selec-ção. Ficou de fora Paulinho, ala do Sporting, mas o que verdadeiramente importava eram os restantes 14. Estava formado o grupo final, aquele que tinha de justificar dentro da quadra a confiança em si depositada.Rumo a Antuérpia, 2.a maior cidade da Bélgica, esperavam-nos temperaturas sempre a rondar os 4oC. Que bom que esta modalidade se prati-ca em recintos fechados! A cidade conhecida no passado pelo seu porto, de localização nevrálgica nas transacções económicas mercantis, é hoje conhecida como a cidade dos diamantes, por aí serem negociados 80% dos diamantes brutos ao nível mundial. O pontapé de saída da competição chegou e com ele as primeiras surpresas aconteceram. A he-xacampeã Espanha começava com um empate 3-3 ante a Croácia, assim como a sempre favorita Itália perdia com a Eslovénia por 2-3. O futsal está cada vez mais competitivo e nivelado.Na estreia frente à Holanda, perante 3700 espec-

Rodrig� Moreir�

Portuga� Um� narrativ�

d� suor � d� sucess�

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Quando há 4 temporadas me convidaram para fazer parte do corpo clínico da Fe-deração Portuguesa de Futebol, a minha

resposta foi clara: Sim, mas quero trabalhar com a equipa de Futsal. Foi-me pedido para aguardar a minha oportunidade e assim aconteceu. Depois de 3 temporadas a contactar com praticamente todos os escalões de formação do futebol desde os Sub-15 até aos Sub-21, chegara a oportunidade desejada. É que para qualquer portelense o futsal compete directamente com o futebol na paixão pelo desporto. Vimos a modalidade nascer, cres-cemos com os melhores e é inegável que a AMP (Associação dos Moradores da Portela) faz parte da história da modalidade. Depois de vários estágios de preparação, eis que estávamos na recta final rumo ao EURO a disputar no final de Janeiro, início de Fevereiro. O senti-mento vivido ao longo de toda a preparação era de que «Está na hora de esta selecção ganhar alguma coisa». É que nas últimas grandes com-petições ficou a frustração ao cair na final no Euro 2010 e nos quartos-de final do último mundial em 2012, num jogo inesquecível frente à Itália com derrota por 3-4 depois de estarmos a ganhar por 3-0 ao intervalo.Esta geração conta com jogadores que marca-ram definitivamente a modalidade no nosso País: os pioneiros no profissionalismo, os primeiros a emigrar, os campeões europeus pelo Benfica, o «melhor do mundo», etc. Muito se tem esperado deste grupo nas grandes competições, pelo que tal como as expectativas dos amantes da moda-lidade, o próprio grupo estava sedento de trazer algo consigo.Neste meio privilegiado que são as selecções na-cionais, são impressionantes as condições de tra-balho que são proporcionadas ao grupo. Desde o técnico de equipamentos, ao assessor de impren-sa, passando pelo técnico de audiovisuais, todos sabem as suas funções, e a todos é exigido que as façam com competência. Não basta qualidade técnica e táctica dentro da quadra, os detalhes em

torno do jogo também podem fazer a diferença no momento da decisão. Para nós, o Europeu havia começado há 1 ano.O quartel-general para a preparação final da grande competição foi em Rio-Maior, cidade do desporto. Munida de um Centro de Estágios muito bem equipado e com as melhores condições de trabalho, esta cidade continua a ser a principal re-ferência no acolhimento das Selecções Nacionais, enquanto a tão desejada «Casa das Selecções» não passa de um projecto, decisivo no futuro das Selecções.Nesses 10 dias que antecederam a estreia, foram trabalhados até à exaustão os aspectos técnico--tácticos, físicos e motivacionais que fazem parte do jogo. O modelo de jogo e os seus princípios já estavam enraizados nos atletas, não fosse esta uma equipa tão experiente e o grupo tão consis-tente ao longo dos anos.O teste final realizou-se num jornada dupla ante a Turquia, equipa de 3.a linha, com atributos muito semelhantes ao primeiro oponente a valer, a Ho-landa. O primeiro jogo disputado no Entroncamen-to ficou 8-3, ao passo que no 2.o em Rio Maior, a diferença entre as 2 equipas manteve-se, expres-sa num resultado final de 6-1. Este bom ensaio marcava o fim da primeira semana de estágio, e com ele chegava o primeiro momento de tensão

para o grupo. Ao jeito Big Brother, um dos atletas teria de abandonar o estágio, pois o grupo final para a competição era de 14 atletas. Para o Se-leccionador Jorge Braz ficava esta difícil e ingrata decisão, mas não muito diferente da anteriormente tomada aquando da divulgação dos 15, pois já aí ficaram de fora atletas com ambições na Selec-ção. Ficou de fora Paulinho, ala do Sporting, mas o que verdadeiramente importava eram os restantes 14. Estava formado o grupo final, aquele que tinha de justificar dentro da quadra a confiança em si depositada.Rumo a Antuérpia, 2.a maior cidade da Bélgica, esperavam-nos temperaturas sempre a rondar os 4oC. Que bom que esta modalidade se prati-ca em recintos fechados! A cidade conhecida no passado pelo seu porto, de localização nevrálgica nas transacções económicas mercantis, é hoje conhecida como a cidade dos diamantes, por aí serem negociados 80% dos diamantes brutos ao nível mundial. O pontapé de saída da competição chegou e com ele as primeiras surpresas aconteceram. A he-xacampeã Espanha começava com um empate 3-3 ante a Croácia, assim como a sempre favorita Itália perdia com a Eslovénia por 2-3. O futsal está cada vez mais competitivo e nivelado.Na estreia frente à Holanda, perante 3700 espec-

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tadores, viveu-se pela primeira vez um ambiente de festa neste europeu. Se, por um lado, a Holan-da, que pela proximidade geográfica conseguiu ter grande parte do público em seu favor, as várias centenas de portugueses presentes abrilhantaram de tal forma o espectáculo, que no final toda a gente dizia que tínhamos jogado em casa. Tinha de ser com Portugal!! Este jogo, apontado inter-namente como o mais importante na estratégia adoptada, correu-nos de feição e acabou com uns esclarecedores 5-0, melhor resultado de sempre em fases finais de campeonatos da Europa. Ainda assim, só quem não viu o jogo é que se pode enganar com o resultado, pois Portugal teve de suar muito para levar de vencida a Holanda, para a qual o jogo se tratava de uma final pois já havia perdido com a Rússia por 1-7. No final 5-0 e uma baixa: Joel. Alguma apreensão com a sua recu-peração, pois como se sabe Joel faz a diferença no momento da decisão. A cidade começava a interiorizar o espírito do tor-neio. Em torno da nossa Selecção, começaram a surgir os adeptos fiéis ao futsal. Alguns viajaram de Portugal, mas os que mais marcaram a co-mitiva foram 7 ou 8 jovens, filhos de emigrantes portugueses que nos acompanharam em todas as deslocações. À nossa chegada a qualquer treino, lá estavam eles trajados a rigor com as cores da nossa selecção, entoavam o hino nacional e chegavam mesmo a chorar com a atenção que os atletas lhes dispensavam. À saída dos treinos e dos jogos, a festa repetia-se. A equipa retribuía.O segundo jogo foi o primeiro grande teste às nos-sas aspirações. A Rússia, vice-campeã europeia, fortíssima. Ao rigor táctico dos russos, juntam-se a capacidade de desequilíbrio que 5 brasileiros naturalizados conferem a esta Rússia. Eram can-didatos ao título. Portugal ia jogar para ganhar, pois só assim se garantia o primeiro lugar. Depois de uma primeira parte jogada com muitas cautelas defensivas de ambas as partes com 0-0 ao in-tervalo, os golos surgiram para as 2 equipas, com alternância electrizante e incerteza no marcador até ao fim. O 4-4 final acabou por ser justo e apurar Portugal no 2.o lugar do grupo. Ficou na retina de todos os que viram o encontro as exibi-ções dos capitães Arnaldo e Gonçalo Alves, que com 34 e 36 anos respectivamente justificaram o porquê de tanta influência neste grupo de traba-lho. Mas o que também não esqueceremos foi o 4.o golo da Rússia apontado por Éder Lima, numa execução perfeita de pontapé de bicicleta como jamais havia visto. Próximo adversário: a Ucrânia. A Ucrânia chegava a estes quartos-de-final sem golos sofridos na fase de grupos, contudo com apenas 1 golo marcado. Dava para adivinhar que os ucranianos iriam manter o seu jogo assente no rigor táctico, e sempre à espera do erro do adversário. Nesta fase, o torneio passou a ser dis-putado na Arena SportPaleis, pavilhão fantástico para acolher grandes espectáculos. Perante cerca de 4500 espectadores, em que mais uma vez as cores nacionais chamavam o protagonismo, Por-

tugal conseguiu assumir a liderança no marcador, o que se revelou decisivo no desenrolar do encon-tro. Uma vitória por 2-1 com 2 golos de Cardinal, a surpresa de Jorge Braz no dia da convocatória, e que fez levantar um burburinho em torno das suas escolhas. Para mim, um gostinho especial. Quando no passado dia 27 de Agosto Cardinal veio do Porto a Lisboa de propósito para ser ope-rado, já estava lesionado havia 5 meses e acabava de perder uma proposta irrecusável para jogar na melhor Liga, a espanhola. Apesar da extensão da lesão no tornozelo, fiquei satisfeito com a inter-venção, e nesse mesmo dia passámos a contar juntos os dias que faltavam para o Euro. A ele dizia-lhe: primeiro vais começar a treinar, depois jogas, depois marcas e por fim voltas a decidir jogos. Aí estava ele a derrubar mais uma barreira. Apesar de ainda não estar totalmente recuperado, dizimou todos os prazos que lhe fomos estabele-cendo e desta forma tornou-se numa mais-valia clara para a equipa. Aposta ganha!Atletas e staff em sintonia, cada mais confiantes e mais do que nunca unidos e focados em torno dos objectivos traçados. Em várias circunstân-cias, e nas palavras daqueles que já conheceram várias realidades, este foi apontado como sendo um excelente grupo, em que a amizade e o bem comum se sobrepuseram às vaidades individuais. A chegada do vice-presidente da FPF Humberto Coelho, para acompanhar a competição a partir dos quartos-de-final, serviu de estímulo e tornou evidente o quanto a FPF aposta na modalidade.Para as meias-finais estavam apuradas as 4 pri-meiras classificadas do ranking: Espanha, Itália,

Rússia e Portugal. O objectivo estava consegui-do, chegar às meias-finais, ficar nos 4 primei-ros. Agora, tudo podia acontecer. Quem chega às meias quer mais. Pela frente a Itália, com quem as contas a ajustar se vão acumulando ao longo dos anos.Até aqui esta estória tinha tudo para ser perfeita. Só faltava o final feliz com que todos sonhavam. Mas não.Perante mais de 8000 espectadores, o jogo com a Itália começou mal. Portugal entrou a perder sofrendo o 0-1 logo no 1.o minuto. De pouco vale no futsal. Mas Portugal tinha aqui de justificar a ambição manifestada ao longo desta caminhada. Numa restante 1ª parte bastante rigorosa e com os habituais momentos de excelência, Portugal deu a volta e chegou ao intervalo a vencer com justiça por 2-1. Mas de pouco vale no futsal! Este é um dos encantos do jogo. Quem está por baixo pode rapidamente inverter o resultado. Há jogo até ao fim. E foi isso que aconteceu. Uma Itália cínica de um lado, um Portugal perdulário na finalização e com deslizes fatais na defesa. Mais uma vez, esta Itália levava de vencida a Selecção de todos nós. O 3-4 final podia ter sido um 4-3, não chocava ninguém. Mas não. Acabava o sonho desta gera-ção.Na derrota, todos somos testados, sobretudo a este nível de exigência. Lidar com a derrota não é fácil, mas mais uma vez veio ao de cima a qualidade do grupo. O trabalho realizado não foi posto em causa. Queríamos ganhar, e tudo foi feito nesse sentido. Se não ganhámos, foi porque não fomos os melhores. Afinal, do outro lado também estava uma equipa cheia de valor e ambições legítimas. As mesmas com que 2 dias depois venceu a final frente à Rússia, a qual eliminara a superfavorita Espanha. Itália «abrasileirada» (8 brasileiros em 14 atletas!!) justa campeã.No jogo dos terceiros e quartos, Portugal encontrou a Espanha. Derrota por 4-8, num jogo sem história. Não obstante o desejo de trazer uma medalha e chegar ao pódio, o clima em volta destes jogos de consolação é claramente dissonante daquele que se viveu até ali. Acaba por ser um jogo que clara-mente não faz sentido, e por esse mesmo motivo não figura na grande maioria das competições a eliminar. Ficam 2 derrotas a finalizar uma partici-pação fantástica e altamente positiva. Acabar nos 4 primeiros foi o cumprir dos objectivos. Quem joga para ganhar quer mais, daí o sentimento ge-neralizado de que «Podia ter sido melhor»…

- 36 Anos. - Natural da

Portela.- Licenciado em

Medicina.- Especialista

em Ortopedia e Traumatologia.

- Pós-graduação em Medicina Desportiva e Avaliação do Dano Corporal.

- Trabalha no Hospital de Curry Cabral, Hospital da Luz e Andrea Policlínica.

- Médico da Federação Portuguesa de Futebol.

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