Portugal frente à crise do euro

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PORTUGAL FRENTE À CRISE DO EURO Artigo da autoria do escritor João Ferreira 31 de dezembro de 2011 Há mil debates sobre a crise européia e a crise do euro. Para debelar esta crise que também o atinge, Portugal, elaborou um rigoroso plano de reajuste supervisionado por uma Troika formada pela Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu. Nesse plano estão incluídas rigorosas medidas que controlam as contas do Estado. Nesse controle há medidas financeiras e fiscais rigorosas que atingem a educação, a saúde, as contas públicas, as empresas estatais e outras. Portugal, tal como a Itália, a Irlanda e a Grécia está contido, inseguro, em recesso. O PIB está no negativo e o ano 2012 vai ser um ano de recessão. Isto aflige os portugueses. O Governo tem uma missão muito árdua. A aposta está em saber se o tempo de reajuste fiscal e financeiro vai gerar finalmente uma infra-estrutura estatal e uma disciplina capazes de levar o país a um patamar de crescimento após o ano de 2013. Os portugueses, estão sentindo na pele todos os efeitos da crise. Há portugueses e portugueses. Tem cidadãos que torcem a favor da superação da crise. Esses tentam centrar sua esperança desejando ao país saúde, estabilidade financeira e energia positiva. Outros acham que o ano deverá trazer também coisas boas. Neste início do ano 2012 há notícias de aumentos nas portagens rodoviárias. Mas também há notícia de que os remédios passam a ficar mais baratos em contraste com o aumento das taxas moderadoras a pagar nos centros de saúde e hospitais. Por outro lado, o incremento da energia eólica é uma realidade de ponta na Europa e a nível mundial. E há avanços em outros setores. Além de grande presença de investimento português no Brasil, Polônia, Espanha, Holanda e Angola, há 20 empresas portuguesas instaladas atualmente na China fazendo grandes negócios. O mercado de vinho, e de azeite têm significativa exportação. Por todos os motivos seria interessante que repórteres independentes fizessem uma pesquisa sobre aquilo que faz Portugal dependente de sua crise financeira e aquilo que está para além da crise financeira. Neste panorama, é justo fazer um destaque especial para a indústria portuguesa de calçados. Esta indústria coloca Portugal no ranking mundial como oitavo país exportador do mundo. Saiu neste ano de 2011 um livro especial que mostra bem o nível e a organização portuguesa na indústria de calçados. Trata-se de “Produção Lean” um Guia do Empresário editado pelo Centro Tecnológico do Calçado de Portugal. O autor do texto é o Consultor e Formador Engenheiro Industrial Miguel Montenegro de Araújo. Trata-se de um jovem de 34 anos formado pela

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PORTUGAL FRENTE À CRISE DO EURO

Artigo da autoria do escritor João Ferreira

31 de dezembro de 2011

Há mil debates sobre a crise européia e a crise do euro. Para debelar estacrise que também o atinge, Portugal, elaborou um rigoroso plano dereajuste supervisionado por uma Troika formada pela Comissão Europeia,FMI e Banco Central Europeu. Nesse plano estão incluídas rigorosasmedidas que controlam as contas do Estado. Nesse controle há medidasfinanceiras e fiscais rigorosas que atingem a educação, a saúde, as contaspúblicas, as empresas estatais e outras. Portugal, tal como a Itália, aIrlanda e a Grécia está contido, inseguro, em recesso. O PIB está nonegativo e o ano 2012 vai ser um ano de recessão. Isto aflige osportugueses. O Governo tem uma missão muito árdua. A aposta está emsaber se o tempo de reajuste fiscal e financeiro vai gerar finalmente umainfra-estrutura estatal e uma disciplina capazes de levar o país a umpatamar de crescimento após o ano de 2013. Os portugueses, estãosentindo na pele todos os efeitos da crise. Há portugueses e portugueses.Tem cidadãos que torcem a favor da superação da crise. Esses tentamcentrar sua esperança desejando ao país saúde, estabilidade financeira eenergia positiva. Outros acham que o ano deverá trazer também coisasboas. Neste início do ano 2012 há notícias de aumentos nas portagensrodoviárias. Mas também há notícia de que os remédios passam a ficar maisbaratos em contraste com o aumento das taxas moderadoras a pagar noscentros de saúde e hospitais. Por outro lado, o incremento da energia eólicaé uma realidade de ponta na Europa e a nível mundial. E há avanços emoutros setores. Além de grande presença de investimento português noBrasil, Polônia, Espanha, Holanda e Angola, há 20 empresas portuguesasinstaladas atualmente na China fazendo grandes negócios. O mercado devinho, e de azeite têm significativa exportação. Por todos os motivos seriainteressante que repórteres independentes fizessem uma pesquisa sobreaquilo que faz Portugal dependente de sua crise financeira e aquilo que estápara além da crise financeira. Neste panorama, é justo fazer um destaqueespecial para a indústria portuguesa de calçados. Esta indústria colocaPortugal no ranking mundial como oitavo país exportador do mundo.Saiu neste ano de 2011 um livro especial que mostra bem o nível e aorganização portuguesa na indústria de calçados. Trata-se de “ProduçãoLean” – um Guia do Empresário editado pelo Centro Tecnológico do Calçadode Portugal.

O autor do texto é o Consultor e Formador Engenheiro Industrial MiguelMontenegro de Araújo. Trata-se de um jovem de 34 anos formado pela

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Seu livro constade uma introdução e de vários minicapítulos que tentam apresentar amatéria de uma maneira simultaneamente tecnológica, administrativa edidática. A primeira questão é: como implementar Lean nas empresas? Asegunda é sobre os conceitos de valor e desperdício no Lean. A terceirasobre o mapeamento da cadeia de valor(VSM). A quarta sobre asferramentas do Lean. A quinta sobre as equipas Lean(pessoas). A sextatrata da implementação do Lean nas empresas. A sétima e última sobre oLean e sua aplicação ao setor do calçado. O livro finaliza com conclusões ebibliografia.O objetivo da obra é apresentar aos empresários do calçado em Portugalum conjunto de boas práticas industriais que motivem as organizações abuscar a aplicação de vários princípios rumo à melhoria contínua dosprodutos. É este o sentido desdobrado do Lean – de melhoria contínua. Paraatingir este grau e este estado de melhoria contínua, o industrial terá deatender cinco princípios. Primeiro: é necessário que as empresas consigamdefinir de que forma podem adicionar valor aos produtos. Segundo: há quedefinir a cadeia de valor, que é a forma de conquistar e atrelar o cliente aoproduto. Terceiro: otimizar os fluxos. Quarto: implementar o sistema “pull”.“Pull” significa puxar, ou seja, produzir apenas quando os clientesencomendam os produtos ou serviços. Quinto: busca de melhoria contínuanos produtos. Associada ao processo de gestão e de qualidade de produçãoestá o auto-controle da execução do produto.

Entre várias coisas, o livrinho escrito pelo engenheiro Miguel de Araújopretende passar para os empresários do calçado a aplicação do “lean” nosetor que é de muita qualidade em Portugal. Dar destaque ao livro"Produção Lean" é dar destaque ao esforço silencioso que em Portugal sefaz também para vencer a crise.

João Ferreira