Portugal linha do tua
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Apertem bem os ténis e iniciemos então a
caminhada a partir da estação do Tua, em direcção a montante.
Eis a beleza do primeiro túnel, uma obra d’arte,
escavado na escarpa granítica e repara também neste penhasco.
Ponte rodoviária sobre o rio Tua, junto à foz no rio Douro, vendo-se em frente a linha de caminho de
ferro e a entrada do mesmo túnel.
O serpentear do rio entre as montanhas, sendo visível a “fita” da linha, acompanhando os
seus contornos.
Apeadeiro de Tralhariz, visto do outro lado do rio, entre paisagem de sobreiros, espécie
que abunda ao longo do rio.
A beleza da linha suspensa na escarpa, à passagem duma composição do Metro de
Mirandela, vendo-se a abertura do túnel de Tralhariz, no lado direito.
Não passa despercebida a simetria da abóbada do túnel, bem visível em contraste de dentro
para fora.
Do lado direito, a estação de Santa Luzia e do lado esquerdo, em frente, a aldeia de Amieiro,
concelho de Alijó.
Bonita paisagem envolvente, sendo visíveis no plano mais próximo marcas do flagelo dos
incêndios de verão.
A beleza selvagem do rio e um pequeno trecho da linha que se molda aos seus contornos, por entre a
exuberante vegetação.
Trecho rectilíneo da linha, algures entre Brunheda e Codeçais, pouco frequente
neste percurso, indiciando a aproximação de terreno mais plano.
Estação de Codeçais. O autor tomou aqui o combóio, muitas vezes, depois de percorrer cerca de quatro quilómetros por caminhos
sinuosos, vindo de Folgares, passando pelas aldeias de Pereiros e Codeçais.
Ponte da Cabreira, sob a qual passa uma ribeira, afluente do rio Tua, que passa em Freixiel, Vila Flor,
freguesia da naturalidade do autor.
Estação de Abreiro, que servia a freguesia de Freixiel-Vila Flor, onde tantas vezes o autor também tomou o transporte.
Foi a partir desta estação que muita gente de Freixiel, e não só, partiu neste velhinho comboio, rumo a novos horizontes.
Perspectiva a partir da ponte rodoviária de Abreiro, em direcção a montante. A seta indica o que resta de uma ponte que ali existiu antes da actual.
Chegámos ao destino. Como podem ver o terreno já é plano, em direcção a
Mirandela.
Estação de Ribeirinha.
Em jeito de conclusão, ao longo do percurso, como devem ter notado, não obstante toda a beleza do desfiladeiro, é bem visível o estado de abandono deste importante património, quer no que se refere à linha, quer quanto às instalações das estações.
Estações essas que outrora foram palco de tantas emoções:
As lágrimas de tristeza dos que partiam, muitas
vezes para nunca mais regressarem e,
ao invés, as lágrimas de alegria para os que tinham a sorte de voltar.
Até aos anos 70 do século passado, ainda me lembro bem, a linha estava cuidada, as instalações, no contexto da época, eram um luxo, tal era o seu estado de conservação, e eram utilizadas pelos funcionários da CP, quer como espaço de trabalho, quer como residências.
Os espaços envolventes das
estações estavam caprichosamente ajardinadas, onde dava gosto estar
enquanto se aguardava a chegado do
combóio.
Para cúmulo, para grande tristeza de muitos, em que eu estou incluído, vai
aqui ser construída uma barragem, neste
trecho de rio visível, depois do
túnel, cuja albufeira vai
submergir a linha.
Assim, as imagens que vos proporcionei, dentro em breve, passarão a ser recordações deste tesouro submerso.
Se estiver ao vosso alcance fazer
alguma coisa para o evitar… Passando
as imagens para os vossos contactos,
por exemplo, como forma de
sensibilizar a opinião pública,
tantas vezes importante para
pressionar a classe política a desistir
das suas desastrosas
decisões, como esta.