portugues 6
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1. PA-2006-1P-1
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
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A VISITA À MADRINHA
Agora, agora mesmo quase à beirinha do sono da noite, dou comigo a colocar uma
cassete especial no vídeo da minha vida e a preparar-me para assistir a certas coisas
que me aconteceram por volta dos meus 5 anos de idade!
(...) Um dia, por alturas da Páscoa desse ano, a nossa mãe olhou para mim e para
as minhas duas irmãs, mais novas do que eu e, apontando apenas para mim, anunciou
em voz solene: «Amanhã vamos todos fazer uma visita à tua Madrinha!»
(...) A minha Madrinha era nossa tia-avó. Pequenina e delicada, não parecia muito
preparada para viver neste mundo. Digo isto porque andava muito devagarinho, como
se tivesse medo de pisar o chão e de ele se queixar. E passava por entre os móveis e
as cadeiras, e de porta em porta, com muita cerimónia, assim como que a pedir licença
para passar. E o seu cabelo era só caracolinhos muito brancos à roda da cabeça. A
Madrinha morava no Porto, junto da Rua Sá da Bandeira, numa moradia muito bonita.
Quando no dia seguinte lá chegámos, a mãe e o pai, e nós três muito bem arranjadas,
de luvas e chapéu, com os ouvidos cheios de «Não façam isto, não façam aquilo»...
«Portem-se bem»... «Não batam os pés»... «Não mexam em nada»..., já sabíamos que
a Madrinha estava à nossa espera, pois esta visita anual era sempre anunciada com a
devida antecedência. Tocámos à campainha, alguém veio abrir a porta e pegar nos
nossos casacos e chapéus e luvas, que não vi onde penduraram. À nossa frente, num
vasto chão imaculadamente branco, uma passadeira de veludo vermelho parecia não
ter fim. Lá muito ao fundo, numa sala cheia de quadros e de esculturas, e de muitos,
muitos livros, estavam a Madrinha e o Padrinho, de braços abertos. O Padrinho, o
nosso tio-avô Alberto Villares, «era um sábio» - dizia sempre o meu pai, «e que até era
um cientista ilustre, tinha um Observatório de Astronomia no telhado da casa, onde
estudava os mistérios do céu, e que do Observatório de Paris estavam sempre a pedir
a opinião dele»..., e por tudo isto, embora ele fosse sempre muito delicado e muito
simpático para nós, eu tinha imenso medo de dizer os meus costumados disparates ao
pé dele.
Ora, neste dia, ele quis saber se eu já sabia ler, e eu, sem querer, disse que sim,
mas a verdade é que ainda não sabia. Então, ele foi buscar um livrinho com desenhos.
Em cada página havia um lindo e colorido desenho muito grande, que tinha por baixo,
escrita, o que eu já percebia que era uma palavra. E foi assim: numa página vi uma
grande maçã e... apontando com um dedo a palavra que estava debaixo, fingi que, a
muito custo, lia a palavra MAÇÃ. Na página a seguir, vi um pato e fingi que lia, a custo,
a palavra que estava por baixo: PATO.
Como a vida me estava a correr bem, fiquei mais calma. Até que apareceu uma
página com um desenho que era mesmo mesmo uma grande mão. Sem hesitar nem
um bocadinho, apontei para a palavra em baixo e, muito lampeira, quase gritei: MÃO!
Foi uma risota. Os meus pais e os padrinhos riam com gosto, e eu sem perceber
porquê! Até que a minha mãe, devagarinho e docemente, me disse: - «Não, filha, o que
aqui está escrito não é MÃO. O que está escrito é LUVA». Fiquei tão envergonhada que
nunca mais me esqueci daquele momento. A seguir, já nem o lanche me soube a nada,
nem o bolo de chocolate, nem os docinhos, nem as torradinhas com manteiga, nem os
rebuçados de tantas cores. E foi nesse momento que resolvi que tinha de aprender a
ler de verdade. Mesmo que ninguém tivesse paciência para me ensinar, havia de
aprender a ler sozinha! E assim foi. Sozinha e às escondidas, aprendi a ler à minha
moda, pouco tempo depois, já nos campos de um Ribatejo com extremas para o
Alentejo, em terras da minha mãe, onde passámos a viver. Só aos 9 anos fui pela
primeira vez para um Colégio, em Lisboa. E nessa altura já eu era tu cá-tu lá com todas
as historinhas que apanhava à mão e com toda a experiência boa que uma Natureza
campestre e sábia tinha posto à minha disposição.
Maria Alberta Menéres, Contos da Cidade das Pontes, Porto, Editorial Âmbar, 2001
Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.
Com a frase «... dou comigo a colocar uma cassete especial no vídeo da minha vida...» (linhas 1 e 2),a narradora pretende dizer-nos que
1.1 antes de dormir, foi ver, no vídeo, um filme sobre a sua vida.
1.2 antes de adormecer, recordou acontecimentos do seu passado.
1.3 antes de se deitar, viu uma cassete sobre o seu quinto aniversário.
1.4 quando adormeceu, sonhou com factos vividos aos cinco anos.
2. PA-2006-1P-10
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
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Agora, agora mesmo quase à beirinha do sono da noite, dou comigo a colocar uma
cassete especial no vídeo da minha vida e a preparar-me para assistir a certas coisas
que me aconteceram por volta dos meus 5 anos de idade!
(...) Um dia, por alturas da Páscoa desse ano, a nossa mãe olhou para mim e para
as minhas duas irmãs, mais novas do que eu e, apontando apenas para mim, anunciou
em voz solene: «Amanhã vamos todos fazer uma visita à tua Madrinha!»
(...) A minha Madrinha era nossa tia-avó. Pequenina e delicada, não parecia muito
preparada para viver neste mundo. Digo isto porque andava muito devagarinho, como
se tivesse medo de pisar o chão e de ele se queixar. E passava por entre os móveis e
as cadeiras, e de porta em porta, com muita cerimónia, assim como que a pedir licença
para passar. E o seu cabelo era só caracolinhos muito brancos à roda da cabeça. A
Madrinha morava no Porto, junto da Rua Sá da Bandeira, numa moradia muito bonita.
Quando no dia seguinte lá chegámos, a mãe e o pai, e nós três muito bem arranjadas,
de luvas e chapéu, com os ouvidos cheios de «Não façam isto, não façam aquilo»...
«Portem-se bem»... «Não batam os pés»... «Não mexam em nada»..., já sabíamos que
a Madrinha estava à nossa espera, pois esta visita anual era sempre anunciada com a
devida antecedência. Tocámos à campainha, alguém veio abrir a porta e pegar nos
nossos casacos e chapéus e luvas, que não vi onde penduraram. À nossa frente, num
vasto chão imaculadamente branco, uma passadeira de veludo vermelho parecia não
ter fim. Lá muito ao fundo, numa sala cheia de quadros e de esculturas, e de muitos,
muitos livros, estavam a Madrinha e o Padrinho, de braços abertos. O Padrinho, o
nosso tio-avô Alberto Villares, «era um sábio» - dizia sempre o meu pai, «e que até era
um cientista ilustre, tinha um Observatório de Astronomia no telhado da casa, onde
estudava os mistérios do céu, e que do Observatório de Paris estavam sempre a pedir
a opinião dele»..., e por tudo isto, embora ele fosse sempre muito delicado e muito
simpático para nós, eu tinha imenso medo de dizer os meus costumados disparates ao
pé dele.
Ora, neste dia, ele quis saber se eu já sabia ler, e eu, sem querer, disse que sim,
mas a verdade é que ainda não sabia. Então, ele foi buscar um livrinho com desenhos.
Em cada página havia um lindo e colorido desenho muito grande, que tinha por baixo,
escrita, o que eu já percebia que era uma palavra. E foi assim: numa página vi uma
grande maçã e... apontando com um dedo a palavra que estava debaixo, fingi que, a
muito custo, lia a palavra MAÇÃ. Na página a seguir, vi um pato e fingi que lia, a custo,
a palavra que estava por baixo: PATO.
Como a vida me estava a correr bem, fiquei mais calma. Até que apareceu uma
página com um desenho que era mesmo mesmo uma grande mão. Sem hesitar nem
um bocadinho, apontei para a palavra em baixo e, muito lampeira, quase gritei: MÃO!
Foi uma risota. Os meus pais e os padrinhos riam com gosto, e eu sem perceber
porquê! Até que a minha mãe, devagarinho e docemente, me disse: - «Não, filha, o que
aqui está escrito não é MÃO. O que está escrito é LUVA». Fiquei tão envergonhada que
nunca mais me esqueci daquele momento. A seguir, já nem o lanche me soube a nada,
nem o bolo de chocolate, nem os docinhos, nem as torradinhas com manteiga, nem os
rebuçados de tantas cores. E foi nesse momento que resolvi que tinha de aprender a
ler de verdade. Mesmo que ninguém tivesse paciência para me ensinar, havia de
aprender a ler sozinha! E assim foi. Sozinha e às escondidas, aprendi a ler à minha
moda, pouco tempo depois, já nos campos de um Ribatejo com extremas para o
Alentejo, em terras da minha mãe, onde passámos a viver. Só aos 9 anos fui pela
primeira vez para um Colégio, em Lisboa. E nessa altura já eu era tu cá-tu lá com todas
as historinhas que apanhava à mão e com toda a experiência boa que uma Natureza
campestre e sábia tinha posto à minha disposição.
Maria Alberta Menéres, Contos da Cidade das Pontes, Porto, Editorial Âmbar, 2001
Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.
Depois do que lhe aconteceu, a menina tomou a decisão de
2.1 para a próxima fingir melhor.
2.2
nunca mais visitar os padrinhos.
2.3 aprender a ler nem que fosse sozinha.
2.4 pedir à mãe que a ensinasse a ler.
3. PA-2006-1P-11
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê e observa com atenção o seguinte Roteiro Turístico sobre a zona da cidade do Porto, onde viviamos padrinhos da menina.
Caminhemos até à Praça D. João I. Esta praça, de forma quadrangular, foi construída já nos nossosdias. Nela se destacam dois belos edifícios: o Palácio Atlântico e o Teatro Rivoli.
Atravessando a Praça D. João I, temos em frente o Palácio Atlântico, que faz esquina com a Rua Sáda Bandeira. Começando a subir esta rua, encontramos, à direita, o famoso Mercado do Bolhão, omais típico dos mercados portuenses. Logo depois, se virarmos à direita para a Rua FernandesTomás, chegamos à Rua de Santa Catarina, paralela à Rua Sá da Bandeira e uma das artériascomerciais mais conhecidas da Cidade Invicta.
3.1
Baseando-te nas informações do texto e observando atentamente o mapa, faz a sua legenda. Pararesponderes à questão, escreve Palácio Atlântico, Teatro Rivoli, Mercado do Bolhão, Rua Fernandes
Tomás e Rua de Santa Catarina, à frente da letra (A, B, C, D e E) que corresponde à respectivalocalização.
Legenda do mapa
A - __________________________________________________
B - __________________________________________________
C - __________________________________________________
D - __________________________________________________
4. PA-2006-1P-12-13
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê, agora, os textos A e B sobre a autora do texto «A Visita à Madrinha».
TEXTO A
Maria Alberta MENÉRES
Natural de Vila Nova de Gaia, onde nasceu a 25/8/1930, Maria Alberta Rovisco
Garcia Menéres licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras
de Lisboa. Poetisa, escritora e professora, foi ainda funcionária da RTP. Estreou-se na
poesia com o livro Intervalo, publicado em 1952. Colaborou em várias publicações de
que salientamos: «Jornal do Fundão», «Diário de Notícias», «Cadernos do Meio-Dia»,
«Távola Redonda». Maria AIberta Menéres é uma das mais destacadas figuras da
literatura infantil portuguesa, à qual tem dedicado muito do seu saber e talento. A sua
obra é vasta neste domínio e atravessada por histórias originais, recolha tradicional,
versão de obras clássicas, teatro infantil e poesia para crianças.
TEXTO B
Obras de Maria Alberta Menéres
Literatura Infantil: Conversas com Versos, 1968; Figuras Figuronas, 1969; O Poeta
Faz-se aos Dez Anos, 1973; Lengalenga do Vento, 1976; Hoje Há Palhaços, 1976 (com
António Torrado); A Pedra Azul da Imaginação, 1977; Semana Sim, Semana Sim, 1978;
A Água que Bebemos, 1981; O Ouriço Cacheiro Espreitou Três Vezes, 1981; Dez Dedos
Dez Segredos, 1985; O Retrato em Escadinha, 1985; Histórias de Tempo Vai Tempo
Vem, 1988; À Beira do Lago dos Encantos, 1988; Ulisses, 1989 (adaptação); No
Coração do Trevo, 1992; Uma Palmada na Testa, 1993; Pêra Perinha, 1993; A Gaveta
das Histórias, 1995; Sigam a Borboleta, 1996; O Cão Pastor, 2001.
António Garcia Barreto, Dicionário de Literatura Infantil Portuguesa,
Porto, Campo das Letras Editores, 2002 (adaptado)
4.1
Preenche o quadro com dados sobre Maria Alberta Menéres, retirando a informação necessária dostextos que acabaste de ler.
Nome completo ____________________________________
______________________________________
Naturalidade
____________________________________
Idade
____________________________________
Licenciatura
____________________________________
Duas publicações
em que colaborou
____________________________________
____________________________________
Duas actividades
profissionais que
desenvolveu
____________________________________
____________________________________
Obras publicadas
em 1993
______________________________________
______________________________________
4.2
Completa as seguintes frases com uma das alternativas:
nota autobiográfica / nota biográfica / nota bibliográfica
O texto A é uma __________________________________, porque relata, na terceira pessoa,
alguns aspectos fundamentais da vida desta autora.
O texto B refere as obras destinadas a crianças que a autora publicou. Dizemos, por isso, que
se trata de uma _________________________________.
5. PA-2006-1P-14
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
Maria Alberta Menéres contactou cedo com o mundo da leitura e da escrita e as histórias fizeramsempre parte da sua vida. É ela quem nos conta esse facto.
Lê o que está escrito no rectângulo, adaptado da obra De que São Feitos os Sonhos.
quando era criança de vez em quando dizia para os meus pais amanhã faz
de conta que estou doente quero canja e que me contem histórias todo o
dia
5.1
Reescreve o que acabaste de ler, usando correctamente os recursos adequados
(parágrafo, pontuação, letra maiúscula/minúscula).
6. PA-2006-1P-15
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
No mesmo livro (De que São Feitos os Sonhos), Maria Alberta Menéres continua a partilhar connoscorecordações da sua infância.
Quando, naquele dia de Dezembro, percebi que estava com gripe, fiquei
toda contente! Ia poder ficar muito quietinha a sentir as horas a passar
muito devagar ao longo de todo o dia e ia poder olhar calmamente, da
janela do meu quarto, para o tecto e para as folhas verdes da velha árvore.
6.1
Classifica as palavras sublinhadas, indicadas na coluna da esquerda, assinalando com X, na colunacorrespondente, a classe gramatical a que pertencem.
Nomes Adjectivos Verbos Determinantes Preposições Advérbios
de
Dezembro
percebi
gripe
a
as
devagar
ia
meu
verdes
velha
7. PA-2006-1P-16
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
Lê o seguinte parágrafo.
A escritora conta aos seus leitores momentos da sua vida.
Estes momentos servem frequentemente de inspiração para as
histórias que a escritora escreve e publica. Ela conta aos seus leitores
factos que viveu na sua infância, reinventando esses factos.
7.1
Reescreve-o, substituindo por pronomes os grupos de palavras sublinhados, ou eliminando-os, quandofor possível, evitando repetições inúteis.
8. PA-2006-1P-17
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
8.1
Resolve o crucigrama com as formas verbais que te são pedidas, a partir dos seguintes verbosretirados do texto.
1. V
2. E
3. R
4. B
5. O
6. S
1 - Verbo contar - Pretérito Imperfeito do Indicativo, 3.ª pessoa do plural.
2 - Verbo inventar - Pretérito Perfeito do Indicativo, 2.ª pessoa do singular.
3 - Verbo escrever - Futuro do Indicativo, 1.ª pessoa do singular.
4 - Verbo publicar - Pretérito Perfeito do Indicativo, 1.ª pessoa do singular.
5 - Verbo viver - Presente do Indicativo, 1.ª pessoa do plural.
6 - Verbo servir - Presente do Conjuntivo, 3.ª pessoa do singular.
9. PA-2006-1P-18
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
9.1
Preenche o quadro, indicando o tipo e a forma das frases.
Frase Tipo Forma
Adorei ler este livro!
Ainda não o leste?
O livro é muito engraçado.
Lê-o, por favor!
10. PA-2006-1P-19
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
10.1
Faz a análise sintáctica da seguinte frase.
Nos seus livros, a escritora conta aos leitores episódios divertidos.
Funções sintácticas Constituintes da frase
_____________________________
________________________________
- ______________________________
________________________________
_____________________________
________________________________
- ______________________________
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- ______________________________
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- ______________________________
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- ______________________________
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11. PA-2006-1P-2
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
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A VISITA À MADRINHA
Agora, agora mesmo quase à beirinha do sono da noite, dou comigo a colocar uma
cassete especial no vídeo da minha vida e a preparar-me para assistir a certas coisas
que me aconteceram por volta dos meus 5 anos de idade!
(...) Um dia, por alturas da Páscoa desse ano, a nossa mãe olhou para mim e para
as minhas duas irmãs, mais novas do que eu e, apontando apenas para mim, anunciou
em voz solene: «Amanhã vamos todos fazer uma visita à tua Madrinha!»
(...) A minha Madrinha era nossa tia-avó. Pequenina e delicada, não parecia muito
preparada para viver neste mundo. Digo isto porque andava muito devagarinho, como
se tivesse medo de pisar o chão e de ele se queixar. E passava por entre os móveis e
as cadeiras, e de porta em porta, com muita cerimónia, assim como que a pedir licença
para passar. E o seu cabelo era só caracolinhos muito brancos à roda da cabeça. A
Madrinha morava no Porto, junto da Rua Sá da Bandeira, numa moradia muito bonita.
Quando no dia seguinte lá chegámos, a mãe e o pai, e nós três muito bem arranjadas,
de luvas e chapéu, com os ouvidos cheios de «Não façam isto, não façam aquilo»...
«Portem-se bem»... «Não batam os pés»... «Não mexam em nada»..., já sabíamos que
a Madrinha estava à nossa espera, pois esta visita anual era sempre anunciada com a
devida antecedência. Tocámos à campainha, alguém veio abrir a porta e pegar nos
nossos casacos e chapéus e luvas, que não vi onde penduraram. À nossa frente, num
vasto chão imaculadamente branco, uma passadeira de veludo vermelho parecia não
ter fim. Lá muito ao fundo, numa sala cheia de quadros e de esculturas, e de muitos,
muitos livros, estavam a Madrinha e o Padrinho, de braços abertos. O Padrinho, o
nosso tio-avô Alberto Villares, «era um sábio» - dizia sempre o meu pai, «e que até era
um cientista ilustre, tinha um Observatório de Astronomia no telhado da casa, onde
estudava os mistérios do céu, e que do Observatório de Paris estavam sempre a pedir
a opinião dele»..., e por tudo isto, embora ele fosse sempre muito delicado e muito
simpático para nós, eu tinha imenso medo de dizer os meus costumados disparates ao
pé dele.
Ora, neste dia, ele quis saber se eu já sabia ler, e eu, sem querer, disse que sim,
mas a verdade é que ainda não sabia. Então, ele foi buscar um livrinho com desenhos.
Em cada página havia um lindo e colorido desenho muito grande, que tinha por baixo,
escrita, o que eu já percebia que era uma palavra. E foi assim: numa página vi uma
grande maçã e... apontando com um dedo a palavra que estava debaixo, fingi que, a
muito custo, lia a palavra MAÇÃ. Na página a seguir, vi um pato e fingi que lia, a custo,
a palavra que estava por baixo: PATO.
Como a vida me estava a correr bem, fiquei mais calma. Até que apareceu uma
página com um desenho que era mesmo mesmo uma grande mão. Sem hesitar nem
um bocadinho, apontei para a palavra em baixo e, muito lampeira, quase gritei: MÃO!
Foi uma risota. Os meus pais e os padrinhos riam com gosto, e eu sem perceber
porquê! Até que a minha mãe, devagarinho e docemente, me disse: - «Não, filha, o que
aqui está escrito não é MÃO. O que está escrito é LUVA». Fiquei tão envergonhada que
nunca mais me esqueci daquele momento. A seguir, já nem o lanche me soube a nada,
nem o bolo de chocolate, nem os docinhos, nem as torradinhas com manteiga, nem os
rebuçados de tantas cores. E foi nesse momento que resolvi que tinha de aprender a
ler de verdade. Mesmo que ninguém tivesse paciência para me ensinar, havia de
aprender a ler sozinha! E assim foi. Sozinha e às escondidas, aprendi a ler à minha
moda, pouco tempo depois, já nos campos de um Ribatejo com extremas para o
Alentejo, em terras da minha mãe, onde passámos a viver. Só aos 9 anos fui pela
primeira vez para um Colégio, em Lisboa. E nessa altura já eu era tu cá-tu lá com todas
as historinhas que apanhava à mão e com toda a experiência boa que uma Natureza
campestre e sábia tinha posto à minha disposição.
Maria Alberta Menéres, Contos da Cidade das Pontes, Porto, Editorial Âmbar, 2001
Lê a seguinte frase (linhas 4 a 6).
«Um dia, por alturas da Páscoa desse ano, a nossa mãe (...) anunciou em voz solene...»
Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.
O tom solene da voz da mãe significava que ela
11.1 ia dizer uma coisa importante.
11.2 estava aborrecida com as filhas.
11.3 queria ser imediatamente obedecida.
11.4 estava cansada de repetir o mesmo.
12. PA-2006-1P-3.1
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
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A VISITA À MADRINHA
Agora, agora mesmo quase à beirinha do sono da noite, dou comigo a colocar uma
cassete especial no vídeo da minha vida e a preparar-me para assistir a certas coisas
que me aconteceram por volta dos meus 5 anos de idade!
(...) Um dia, por alturas da Páscoa desse ano, a nossa mãe olhou para mim e para
as minhas duas irmãs, mais novas do que eu e, apontando apenas para mim, anunciou
em voz solene: «Amanhã vamos todos fazer uma visita à tua Madrinha!»
(...) A minha Madrinha era nossa tia-avó. Pequenina e delicada, não parecia muito
preparada para viver neste mundo. Digo isto porque andava muito devagarinho, como
se tivesse medo de pisar o chão e de ele se queixar. E passava por entre os móveis e
as cadeiras, e de porta em porta, com muita cerimónia, assim como que a pedir licença
para passar. E o seu cabelo era só caracolinhos muito brancos à roda da cabeça. A
Madrinha morava no Porto, junto da Rua Sá da Bandeira, numa moradia muito bonita.
Quando no dia seguinte lá chegámos, a mãe e o pai, e nós três muito bem arranjadas,
de luvas e chapéu, com os ouvidos cheios de «Não façam isto, não façam aquilo»...
«Portem-se bem»... «Não batam os pés»... «Não mexam em nada»..., já sabíamos que
a Madrinha estava à nossa espera, pois esta visita anual era sempre anunciada com a
devida antecedência. Tocámos à campainha, alguém veio abrir a porta e pegar nos
nossos casacos e chapéus e luvas, que não vi onde penduraram. À nossa frente, num
vasto chão imaculadamente branco, uma passadeira de veludo vermelho parecia não
ter fim. Lá muito ao fundo, numa sala cheia de quadros e de esculturas, e de muitos,
muitos livros, estavam a Madrinha e o Padrinho, de braços abertos. O Padrinho, o
nosso tio-avô Alberto Villares, «era um sábio» - dizia sempre o meu pai, «e que até era
um cientista ilustre, tinha um Observatório de Astronomia no telhado da casa, onde
estudava os mistérios do céu, e que do Observatório de Paris estavam sempre a pedir
a opinião dele»..., e por tudo isto, embora ele fosse sempre muito delicado e muito
simpático para nós, eu tinha imenso medo de dizer os meus costumados disparates ao
pé dele.
Ora, neste dia, ele quis saber se eu já sabia ler, e eu, sem querer, disse que sim,
mas a verdade é que ainda não sabia. Então, ele foi buscar um livrinho com desenhos.
Em cada página havia um lindo e colorido desenho muito grande, que tinha por baixo,
escrita, o que eu já percebia que era uma palavra. E foi assim: numa página vi uma
grande maçã e... apontando com um dedo a palavra que estava debaixo, fingi que, a
muito custo, lia a palavra MAÇÃ. Na página a seguir, vi um pato e fingi que lia, a custo,
a palavra que estava por baixo: PATO.
Como a vida me estava a correr bem, fiquei mais calma. Até que apareceu uma
página com um desenho que era mesmo mesmo uma grande mão. Sem hesitar nem
um bocadinho, apontei para a palavra em baixo e, muito lampeira, quase gritei: MÃO!
Foi uma risota. Os meus pais e os padrinhos riam com gosto, e eu sem perceber
porquê! Até que a minha mãe, devagarinho e docemente, me disse: - «Não, filha, o que
aqui está escrito não é MÃO. O que está escrito é LUVA». Fiquei tão envergonhada que
nunca mais me esqueci daquele momento. A seguir, já nem o lanche me soube a nada,
nem o bolo de chocolate, nem os docinhos, nem as torradinhas com manteiga, nem os
rebuçados de tantas cores. E foi nesse momento que resolvi que tinha de aprender a
ler de verdade. Mesmo que ninguém tivesse paciência para me ensinar, havia de
aprender a ler sozinha! E assim foi. Sozinha e às escondidas, aprendi a ler à minha
moda, pouco tempo depois, já nos campos de um Ribatejo com extremas para o
Alentejo, em terras da minha mãe, onde passámos a viver. Só aos 9 anos fui pela
primeira vez para um Colégio, em Lisboa. E nessa altura já eu era tu cá-tu lá com todas
as historinhas que apanhava à mão e com toda a experiência boa que uma Natureza
campestre e sábia tinha posto à minha disposição.
Maria Alberta Menéres, Contos da Cidade das Pontes, Porto, Editorial Âmbar, 2001
12.1
Relê a frase (linha 6).
«Amanhã vamos todos fazer uma visita à tua Madrinha!»
Neste contexto, a palavra «todos» refere os elementos de uma família constituída por cinco pessoas.
Transcreve do texto a frase ou a expressão que comprova esta afirmação.
13. PA-2006-1P-4-6
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
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Agora, agora mesmo quase à beirinha do sono da noite, dou comigo a colocar uma
cassete especial no vídeo da minha vida e a preparar-me para assistir a certas coisas
que me aconteceram por volta dos meus 5 anos de idade!
(...) Um dia, por alturas da Páscoa desse ano, a nossa mãe olhou para mim e para
as minhas duas irmãs, mais novas do que eu e, apontando apenas para mim, anunciou
em voz solene: «Amanhã vamos todos fazer uma visita à tua Madrinha!»
(...) A minha Madrinha era nossa tia-avó. Pequenina e delicada, não parecia muito
preparada para viver neste mundo. Digo isto porque andava muito devagarinho, como
se tivesse medo de pisar o chão e de ele se queixar. E passava por entre os móveis e
as cadeiras, e de porta em porta, com muita cerimónia, assim como que a pedir licença
para passar. E o seu cabelo era só caracolinhos muito brancos à roda da cabeça. A
Madrinha morava no Porto, junto da Rua Sá da Bandeira, numa moradia muito bonita.
Quando no dia seguinte lá chegámos, a mãe e o pai, e nós três muito bem arranjadas,
de luvas e chapéu, com os ouvidos cheios de «Não façam isto, não façam aquilo»...
«Portem-se bem»... «Não batam os pés»... «Não mexam em nada»..., já sabíamos que
a Madrinha estava à nossa espera, pois esta visita anual era sempre anunciada com a
devida antecedência. Tocámos à campainha, alguém veio abrir a porta e pegar nos
nossos casacos e chapéus e luvas, que não vi onde penduraram. À nossa frente, num
vasto chão imaculadamente branco, uma passadeira de veludo vermelho parecia não
ter fim. Lá muito ao fundo, numa sala cheia de quadros e de esculturas, e de muitos,
muitos livros, estavam a Madrinha e o Padrinho, de braços abertos. O Padrinho, o
nosso tio-avô Alberto Villares, «era um sábio» - dizia sempre o meu pai, «e que até era
um cientista ilustre, tinha um Observatório de Astronomia no telhado da casa, onde
estudava os mistérios do céu, e que do Observatório de Paris estavam sempre a pedir
a opinião dele»..., e por tudo isto, embora ele fosse sempre muito delicado e muito
simpático para nós, eu tinha imenso medo de dizer os meus costumados disparates ao
pé dele.
Ora, neste dia, ele quis saber se eu já sabia ler, e eu, sem querer, disse que sim,
mas a verdade é que ainda não sabia. Então, ele foi buscar um livrinho com desenhos.
Em cada página havia um lindo e colorido desenho muito grande, que tinha por baixo,
escrita, o que eu já percebia que era uma palavra. E foi assim: numa página vi uma
grande maçã e... apontando com um dedo a palavra que estava debaixo, fingi que, a
muito custo, lia a palavra MAÇÃ. Na página a seguir, vi um pato e fingi que lia, a custo,
a palavra que estava por baixo: PATO.
Como a vida me estava a correr bem, fiquei mais calma. Até que apareceu uma
página com um desenho que era mesmo mesmo uma grande mão. Sem hesitar nem
um bocadinho, apontei para a palavra em baixo e, muito lampeira, quase gritei: MÃO!
Foi uma risota. Os meus pais e os padrinhos riam com gosto, e eu sem perceber
porquê! Até que a minha mãe, devagarinho e docemente, me disse: - «Não, filha, o que
aqui está escrito não é MÃO. O que está escrito é LUVA». Fiquei tão envergonhada que
nunca mais me esqueci daquele momento. A seguir, já nem o lanche me soube a nada,
nem o bolo de chocolate, nem os docinhos, nem as torradinhas com manteiga, nem os
rebuçados de tantas cores. E foi nesse momento que resolvi que tinha de aprender a
ler de verdade. Mesmo que ninguém tivesse paciência para me ensinar, havia de
aprender a ler sozinha! E assim foi. Sozinha e às escondidas, aprendi a ler à minha
moda, pouco tempo depois, já nos campos de um Ribatejo com extremas para o
Alentejo, em terras da minha mãe, onde passámos a viver. Só aos 9 anos fui pela
primeira vez para um Colégio, em Lisboa. E nessa altura já eu era tu cá-tu lá com todas
as historinhas que apanhava à mão e com toda a experiência boa que uma Natureza
campestre e sábia tinha posto à minha disposição.
Maria Alberta Menéres, Contos da Cidade das Pontes, Porto, Editorial Âmbar, 2001
13.1
Os pais prepararam com cuidado a visita a casa dos padrinhos.
Por que razão as meninas iam tão bem vestidas e os pais lhes faziam tantas recomendações?
13.2
Lê com atenção a seguinte frase (linhas 13 e 14).
«Quando no dia seguinte lá chegámos (...) com os ouvidos cheios...»
Na tabela A estão listadas quatro expressões em que entra a palavra «ouvidos».
Relaciona cada uma delas com o significado correspondente, escrevendo 1, 2, 3 e 4 nas hipótesesadequadas da tabela B.
A
1 ter os ouvidos cheios...
2 fazer ouvidos de mercador...
3 ser todo ouvidos...
4 entrar por um ouvido e sair pelo outro...
B
ouvir com muita atenção...
não ouvir absolutamente nada...
esquecer logo o que se ouve...
fingir que não se ouve...
ouvir com dificuldade...
estar farto de ouvir o mesmo...
13.3
Relê o terceiro parágrafo do texto (linhas 7 a 27).
Assinala com X as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F), de acordo com o sentido do texto.
Afirmações V F
Os padrinhos residiam no Porto.
A rua onde moravam chamava-se Sá da Bandeira.
A Madrinha veio abrir a porta.
As meninas arrumaram os casacos e as luvas.
O vermelho da passadeira contrastava com o branco do chão.
A sala onde entraram só tinha livros e esculturas.
Os padrinhos receberam-nos de forma carinhosa.
13.4
No terceiro parágrafo, a narradora faz a descrição dos padrinhos.
Escreve, à frente de cada característica, uma palavra, uma expressão ou uma frase, retirada do texto,que confirme que:
- a Madrinha era uma pessoa
idosa ____________________________________________________
frágil ____________________________________________________
- o Padrinho era uma pessoa
culta _____________________________________________________
amável ___________________________________________________
14. PA-2006-1P-3.2
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
1
5
10
15
20
Agora, agora mesmo quase à beirinha do sono da noite, dou comigo a colocar uma
cassete especial no vídeo da minha vida e a preparar-me para assistir a certas coisas
que me aconteceram por volta dos meus 5 anos de idade!
(...) Um dia, por alturas da Páscoa desse ano, a nossa mãe olhou para mim e para
as minhas duas irmãs, mais novas do que eu e, apontando apenas para mim, anunciou
em voz solene: «Amanhã vamos todos fazer uma visita à tua Madrinha!»
(...) A minha Madrinha era nossa tia-avó. Pequenina e delicada, não parecia muito
preparada para viver neste mundo. Digo isto porque andava muito devagarinho, como
se tivesse medo de pisar o chão e de ele se queixar. E passava por entre os móveis e
as cadeiras, e de porta em porta, com muita cerimónia, assim como que a pedir licença
para passar. E o seu cabelo era só caracolinhos muito brancos à roda da cabeça. A
Madrinha morava no Porto, junto da Rua Sá da Bandeira, numa moradia muito bonita.
Quando no dia seguinte lá chegámos, a mãe e o pai, e nós três muito bem arranjadas,
de luvas e chapéu, com os ouvidos cheios de «Não façam isto, não façam aquilo»...
«Portem-se bem»... «Não batam os pés»... «Não mexam em nada»..., já sabíamos que
a Madrinha estava à nossa espera, pois esta visita anual era sempre anunciada com a
devida antecedência. Tocámos à campainha, alguém veio abrir a porta e pegar nos
nossos casacos e chapéus e luvas, que não vi onde penduraram. À nossa frente, num
vasto chão imaculadamente branco, uma passadeira de veludo vermelho parecia não
ter fim. Lá muito ao fundo, numa sala cheia de quadros e de esculturas, e de muitos,
muitos livros, estavam a Madrinha e o Padrinho, de braços abertos. O Padrinho, o
nosso tio-avô Alberto Villares, «era um sábio» - dizia sempre o meu pai, «e que até era
um cientista ilustre, tinha um Observatório de Astronomia no telhado da casa, onde
estudava os mistérios do céu, e que do Observatório de Paris estavam sempre a pedir
a opinião dele»..., e por tudo isto, embora ele fosse sempre muito delicado e muito
simpático para nós, eu tinha imenso medo de dizer os meus costumados disparates ao
pé dele.
Ora, neste dia, ele quis saber se eu já sabia ler, e eu, sem querer, disse que sim,
mas a verdade é que ainda não sabia. Então, ele foi buscar um livrinho com desenhos.
Em cada página havia um lindo e colorido desenho muito grande, que tinha por baixo,
escrita, o que eu já percebia que era uma palavra. E foi assim: numa página vi uma
grande maçã e... apontando com um dedo a palavra que estava debaixo, fingi que, a
muito custo, lia a palavra MAÇÃ. Na página a seguir, vi um pato e fingi que lia, a custo,
a palavra que estava por baixo: PATO.
Como a vida me estava a correr bem, fiquei mais calma. Até que apareceu uma
página com um desenho que era mesmo mesmo uma grande mão. Sem hesitar nem
um bocadinho, apontei para a palavra em baixo e, muito lampeira, quase gritei: MÃO!
Foi uma risota. Os meus pais e os padrinhos riam com gosto, e eu sem perceber
porquê! Até que a minha mãe, devagarinho e docemente, me disse: - «Não, filha, o que
aqui está escrito não é MÃO. O que está escrito é LUVA». Fiquei tão envergonhada que
nunca mais me esqueci daquele momento. A seguir, já nem o lanche me soube a nada,
nem o bolo de chocolate, nem os docinhos, nem as torradinhas com manteiga, nem os
rebuçados de tantas cores. E foi nesse momento que resolvi que tinha de aprender a
ler de verdade. Mesmo que ninguém tivesse paciência para me ensinar, havia de
aprender a ler sozinha! E assim foi. Sozinha e às escondidas, aprendi a ler à minha
moda, pouco tempo depois, já nos campos de um Ribatejo com extremas para o
Alentejo, em terras da minha mãe, onde passámos a viver. Só aos 9 anos fui pela
primeira vez para um Colégio, em Lisboa. E nessa altura já eu era tu cá-tu lá com todas
as historinhas que apanhava à mão e com toda a experiência boa que uma Natureza
campestre e sábia tinha posto à minha disposição.
Maria Alberta Menéres, Contos da Cidade das Pontes, Porto, Editorial Âmbar, 2001
Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.
As visitas a casa da Madrinha aconteciam
14.1 uma vez por semana.
14.2
15. PA-2006-1P-7
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
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20
Agora, agora mesmo quase à beirinha do sono da noite, dou comigo a colocar uma
cassete especial no vídeo da minha vida e a preparar-me para assistir a certas coisas
que me aconteceram por volta dos meus 5 anos de idade!
(...) Um dia, por alturas da Páscoa desse ano, a nossa mãe olhou para mim e para
as minhas duas irmãs, mais novas do que eu e, apontando apenas para mim, anunciou
em voz solene: «Amanhã vamos todos fazer uma visita à tua Madrinha!»
(...) A minha Madrinha era nossa tia-avó. Pequenina e delicada, não parecia muito
preparada para viver neste mundo. Digo isto porque andava muito devagarinho, como
se tivesse medo de pisar o chão e de ele se queixar. E passava por entre os móveis e
as cadeiras, e de porta em porta, com muita cerimónia, assim como que a pedir licença
para passar. E o seu cabelo era só caracolinhos muito brancos à roda da cabeça. A
Madrinha morava no Porto, junto da Rua Sá da Bandeira, numa moradia muito bonita.
Quando no dia seguinte lá chegámos, a mãe e o pai, e nós três muito bem arranjadas,
de luvas e chapéu, com os ouvidos cheios de «Não façam isto, não façam aquilo»...
«Portem-se bem»... «Não batam os pés»... «Não mexam em nada»..., já sabíamos que
a Madrinha estava à nossa espera, pois esta visita anual era sempre anunciada com a
devida antecedência. Tocámos à campainha, alguém veio abrir a porta e pegar nos
nossos casacos e chapéus e luvas, que não vi onde penduraram. À nossa frente, num
vasto chão imaculadamente branco, uma passadeira de veludo vermelho parecia não
ter fim. Lá muito ao fundo, numa sala cheia de quadros e de esculturas, e de muitos,
muitos livros, estavam a Madrinha e o Padrinho, de braços abertos. O Padrinho, o
nosso tio-avô Alberto Villares, «era um sábio» - dizia sempre o meu pai, «e que até era
um cientista ilustre, tinha um Observatório de Astronomia no telhado da casa, onde
estudava os mistérios do céu, e que do Observatório de Paris estavam sempre a pedir
a opinião dele»..., e por tudo isto, embora ele fosse sempre muito delicado e muito
simpático para nós, eu tinha imenso medo de dizer os meus costumados disparates ao
pé dele.
Ora, neste dia, ele quis saber se eu já sabia ler, e eu, sem querer, disse que sim,
mas a verdade é que ainda não sabia. Então, ele foi buscar um livrinho com desenhos.
Em cada página havia um lindo e colorido desenho muito grande, que tinha por baixo,
escrita, o que eu já percebia que era uma palavra. E foi assim: numa página vi uma
grande maçã e... apontando com um dedo a palavra que estava debaixo, fingi que, a
muito custo, lia a palavra MAÇÃ. Na página a seguir, vi um pato e fingi que lia, a custo,
a palavra que estava por baixo: PATO.
Como a vida me estava a correr bem, fiquei mais calma. Até que apareceu uma
página com um desenho que era mesmo mesmo uma grande mão. Sem hesitar nem
um bocadinho, apontei para a palavra em baixo e, muito lampeira, quase gritei: MÃO!
Foi uma risota. Os meus pais e os padrinhos riam com gosto, e eu sem perceber
porquê! Até que a minha mãe, devagarinho e docemente, me disse: - «Não, filha, o que
aqui está escrito não é MÃO. O que está escrito é LUVA». Fiquei tão envergonhada que
nunca mais me esqueci daquele momento. A seguir, já nem o lanche me soube a nada,
nem o bolo de chocolate, nem os docinhos, nem as torradinhas com manteiga, nem os
rebuçados de tantas cores. E foi nesse momento que resolvi que tinha de aprender a
ler de verdade. Mesmo que ninguém tivesse paciência para me ensinar, havia de
aprender a ler sozinha! E assim foi. Sozinha e às escondidas, aprendi a ler à minha
moda, pouco tempo depois, já nos campos de um Ribatejo com extremas para o
Alentejo, em terras da minha mãe, onde passámos a viver. Só aos 9 anos fui pela
primeira vez para um Colégio, em Lisboa. E nessa altura já eu era tu cá-tu lá com todas
as historinhas que apanhava à mão e com toda a experiência boa que uma Natureza
campestre e sábia tinha posto à minha disposição.
Maria Alberta Menéres, Contos da Cidade das Pontes, Porto, Editorial Âmbar, 2001
Lê novamente a seguinte passagem do texto (linhas 28 e 29).
«Ora, neste dia, ele quis saber se eu já sabia ler, e eu, sem querer, disse que sim, mas a verdade éque ainda não sabia.»
Por que razão deu a menina essa resposta?
Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.
15.1 Pensou que as irmãs fariam troça dela.
15.2 Teve medo de que a mãe lhe ralhasse.
15.3 Já era habitual a menina mentir.
15.4 Quis fazer boa figura perante os padrinhos.
16. PA-2006-1P-8-9
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
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Agora, agora mesmo quase à beirinha do sono da noite, dou comigo a colocar uma
cassete especial no vídeo da minha vida e a preparar-me para assistir a certas coisas
que me aconteceram por volta dos meus 5 anos de idade!
(...) Um dia, por alturas da Páscoa desse ano, a nossa mãe olhou para mim e para
as minhas duas irmãs, mais novas do que eu e, apontando apenas para mim, anunciou
em voz solene: «Amanhã vamos todos fazer uma visita à tua Madrinha!»
(...) A minha Madrinha era nossa tia-avó. Pequenina e delicada, não parecia muito
preparada para viver neste mundo. Digo isto porque andava muito devagarinho, como
se tivesse medo de pisar o chão e de ele se queixar. E passava por entre os móveis e
as cadeiras, e de porta em porta, com muita cerimónia, assim como que a pedir licença
para passar. E o seu cabelo era só caracolinhos muito brancos à roda da cabeça. A
Madrinha morava no Porto, junto da Rua Sá da Bandeira, numa moradia muito bonita.
Quando no dia seguinte lá chegámos, a mãe e o pai, e nós três muito bem arranjadas,
de luvas e chapéu, com os ouvidos cheios de «Não façam isto, não façam aquilo»...
«Portem-se bem»... «Não batam os pés»... «Não mexam em nada»..., já sabíamos que
a Madrinha estava à nossa espera, pois esta visita anual era sempre anunciada com a
devida antecedência. Tocámos à campainha, alguém veio abrir a porta e pegar nos
nossos casacos e chapéus e luvas, que não vi onde penduraram. À nossa frente, num
vasto chão imaculadamente branco, uma passadeira de veludo vermelho parecia não
ter fim. Lá muito ao fundo, numa sala cheia de quadros e de esculturas, e de muitos,
muitos livros, estavam a Madrinha e o Padrinho, de braços abertos. O Padrinho, o
nosso tio-avô Alberto Villares, «era um sábio» - dizia sempre o meu pai, «e que até era
um cientista ilustre, tinha um Observatório de Astronomia no telhado da casa, onde
estudava os mistérios do céu, e que do Observatório de Paris estavam sempre a pedir
a opinião dele»..., e por tudo isto, embora ele fosse sempre muito delicado e muito
simpático para nós, eu tinha imenso medo de dizer os meus costumados disparates ao
pé dele.
Ora, neste dia, ele quis saber se eu já sabia ler, e eu, sem querer, disse que sim,
mas a verdade é que ainda não sabia. Então, ele foi buscar um livrinho com desenhos.
Em cada página havia um lindo e colorido desenho muito grande, que tinha por baixo,
escrita, o que eu já percebia que era uma palavra. E foi assim: numa página vi uma
grande maçã e... apontando com um dedo a palavra que estava debaixo, fingi que, a
muito custo, lia a palavra MAÇÃ. Na página a seguir, vi um pato e fingi que lia, a custo,
a palavra que estava por baixo: PATO.
Como a vida me estava a correr bem, fiquei mais calma. Até que apareceu uma
página com um desenho que era mesmo mesmo uma grande mão. Sem hesitar nem
um bocadinho, apontei para a palavra em baixo e, muito lampeira, quase gritei: MÃO!
Foi uma risota. Os meus pais e os padrinhos riam com gosto, e eu sem perceber
porquê! Até que a minha mãe, devagarinho e docemente, me disse: - «Não, filha, o que
aqui está escrito não é MÃO. O que está escrito é LUVA». Fiquei tão envergonhada que
nunca mais me esqueci daquele momento. A seguir, já nem o lanche me soube a nada,
nem o bolo de chocolate, nem os docinhos, nem as torradinhas com manteiga, nem os
rebuçados de tantas cores. E foi nesse momento que resolvi que tinha de aprender a
ler de verdade. Mesmo que ninguém tivesse paciência para me ensinar, havia de
aprender a ler sozinha! E assim foi. Sozinha e às escondidas, aprendi a ler à minha
moda, pouco tempo depois, já nos campos de um Ribatejo com extremas para o
Alentejo, em terras da minha mãe, onde passámos a viver. Só aos 9 anos fui pela
primeira vez para um Colégio, em Lisboa. E nessa altura já eu era tu cá-tu lá com todas
as historinhas que apanhava à mão e com toda a experiência boa que uma Natureza
campestre e sábia tinha posto à minha disposição.
Maria Alberta Menéres, Contos da Cidade das Pontes, Porto, Editorial Âmbar, 2001
16.1
Apesar dos esforços da menina, rapidamente os pais e os padrinhos perceberam que ela estava afingir.
Explica como foi que eles perceberam.
16.2
Enquanto esteve em casa dos padrinhos, a menina foi tomando várias atitudes e experimentando
diferentes emoções e sentimentos.
Associa cada um dos momentos da história (tabela A) às atitudes, emoções e sentimentos que, na tuaopinião, lhe correspondem.
Para resolveres a questão, escreve 1, 2, 3 e 4 nas hipóteses correspondentes da tabela B.
A
1
«... eu tinha imenso medo de dizer os meus
costumados disparates...» (linha 26)
2
«Sem hesitar nem um bocadinho (...) quase
gritei...» (linhas 36 e 37)
3
«Os meus pais e os padrinhos riam com
gosto, e eu sem perceber porquê!» (linhas 38
e 39)
4
«... nunca mais me esqueci daquele momento.
A seguir, já nem o lanche me soube a nada...»
(linha 41)
B
Nervosismo e irritação
Humilhação e vergonha
Arrogância e vaidade
Entusiamo e confiança
Surpresa e incompreensão
Calma e indiferença
Insegurança e receio
17. PA-2006-2P
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Expressão Escrita
Vais escrever dois textos.
Antes de começares a escrever, toma atenção às seguintes instruções:
redige os dois textos que te são propostos, respeitando o que te é pedido;respeita o número de linhas indicado (25 linhas);faz um rascunho de cada texto, na folha própria (frente e verso);podes usar lápis e borracha;revê, com cuidado, o que escreveste nos rascunhos e corrige o que achares que deve sercorrigido;copia cada um dos textos para o lugar próprio da folha de prova, em letra bem legível, a caneta oua esferográfica, de tinta azul ou preta;se te enganares, risca e escreve de novo;não uses corrector nem «esferográfica-lápis».
17.1
1.º Texto:Dedicatória.
Imagina que gostaste tanto do texto «A Visita à Madrinha» que resolveste comprar um livro escrito porMaria Alberta Menéres, para ofereceres ao teu melhor amigo ou amiga.
Escreve, nos espaços abaixo, o nome desse amigo ou dessa amiga, as palavras que gostarias de lhededicar e as razões de teres escolhido um livro para lhe ofereceres.
Assina apenas com o teu primeiro nome.
O livro que ofereceste tem por título «A Chave Verde ou os Meus Irmãos».
Escreve uma história, de 20 a 25 linhas, que tenha como elemento fundamental uma chave verde eque comece assim:
Era uma vez um rei de um reino muito distante.
Um dia, ao amanhecer, descobriu, preocupado, que a pequena chave verde que guardara na gavetada cómoda tinha desaparecido.
18. PA-2007-1P-1
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
1
5
10
15
50
A CAIXINHA DE MÚSICA
Catarina não gostava da cara que tinha. Achava-se feia, com o seu nariz arrebitado,
a boca grande e os olhos muito pequeninos.
Na escola, as crianças não queriam brincar com ela. Preferiam outras companhias.
Corriam pelo pátio, muito alegres, fazendo jogos em que Catarina nunca conseguia
entrar.
Quando a campainha tocava, no fim das aulas, pegava na pasta de cabedal
castanho, punha-a às costas e ia sem pressa para casa, colada às paredes, com medo
das sombras, dos gracejos dos rapazes mais crescidos. Com medo de tudo que
pudesse tornar ainda mais triste a sua vida.
«Tens mesmo cara de bolacha.» - dissera-lhe, dias antes, uma rapariga da sua
turma.
Ficou muito magoada com aquelas palavras que lhe acertaram em cheio, como uma
pedrada, em pleno coração.
E lá andava ela com os seus olhos pequeninos e tristes, com os pés para o lado, a
ver se descobria alguém que conseguisse gostar dela, nem que fosse só um bocadinho.
No caminho para casa encontrava todos os dias o homem do realejo1.
Era muito velho e estava sempre a sorrir. Trazia, poisado no ombro, um grande
papagaio de muitas cores que passava o tempo todo a dormitar.
Quase ninguém reparava no velho que tocava cantigas muito antigas, à esquina de
duas ruas sem sol. Era um homem solitário2.
Quando fez anos, Catarina levou-lhe uma fatia de bolo de aniversário, com cerejas
cristalizadas e algumas velas em cima. O velho ficou muito comovido, guardou o bolo
dentro de um saco branco e foi-se embora, para ela não ver a sua cara enrugada cheia
de lágrimas.
Um dia, quando saiu da escola, foi procurar o seu amigo. Deixou que ele lhe
agarrasse na mão e ouviu-o dizer numa voz muito sumida:
«Vim hoje aqui com muito sacrifício só para te dizer adeus. Vou partir para muito
longe, mas gostava de te deixar uma recordação minha». Meteu a mão no bolso do
sobretudo e tirou uma pequena caixa de música.
«Esta caixinha é muito, muito velha. Nem se sabe ao certo a sua idade. Sempre que
a abrires e tiveres um desejo ele há-de realizar-se imediatamente».
Catarina ficou muito contente a olhar para a caixa e quando quis agradecer ao amigo
já não o encontrou.
Catarina levou para casa a caixinha de música e escondeu-a com muito cuidado
para ninguém a descobrir. O desejo não demorou a surgir: queria deixar de ser feia.
Pôs-se à frente do espelho, abriu a caixa e pensou no seu desejo com quanta força
tinha. Da caixinha saía uma música muito bonita. Catarina olhou para o espelho cheia
de receio de que o sonho não se tivesse tornado realidade. Mas não. Ninguém iria
acreditar quando a visse com a sua nova cara, o ar alegre e bem disposto.
A sua vida modificou-se completamente. Passou a ter amigos. Já ninguém falava da
sua cara, da sua maneira esquisita de andar.
Um dia perdeu a caixinha de música. Ao fim de uns dias, a magia começou a
desaparecer lentamente. A boca alargou, os olhos voltaram a ficar muito pequenos.
Sentiu de novo uma grande tristeza e apeteceu-lhe fugir para muito longe ou nunca
mais sair de casa.
Ao fim de algum tempo, acabou por se decidir: começou a sair à rua, a ir à escola.
E, com grande surpresa sua, os companheiros de escola, os amigos falavam-lhe
como se nada tivesse acontecido, como se a sua cara não tivesse voltado ao que era
dantes.
A tristeza desapareceu e Catarina percebeu que o importante não é a cara que as
pessoas têm mas a forma como são na vida, no mundo, como sabem ser solidárias3
com os outros.
José Jorge Letria, Histórias quase Fantásticas,
Cacém, Edições Ró, 1981 (adaptado)
1 realejo - instrumento musical mecânico movido a manivela, como o que se pode observar na figuraao lado.
2 solitário, -a, adj. 1 - que está sem companhia, só; 2 - que vive na solidão, que se afasta daconvivência com os outros.
3 solidário, -a, adj. 1 - que é capaz de estabelecer com alguém relações de ajuda mútua, deentreajuda; 2 - que revela disponibilidade para apoiar, defender ou consolar alguém em circunstânciasde necessidade.
Uma história começa quase sempre pela apresentação de uma situação inicial, a que se seguem o desenvolvimentoe o desfecho ou conclusão. Das frases dadas, assinala com X a que não faz parte da situação inicial desta história.
18.1 Catarina não gostava da cara que tinha.
18.2 Achava a sua vida muito triste.
18.3 Ia todos os dias sozinha para casa.
18.4 A sua vida modificou-se completamente.
18.5 Tinha medo de tudo, até das sombras.
18.6 Queria descobrir alguém que gostasse dela.
19. PA-2007-1P-13
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
1
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50
A CAIXINHA DE MÚSICA
Catarina não gostava da cara que tinha. Achava-se feia, com o seu nariz arrebitado,
a boca grande e os olhos muito pequeninos.
Na escola, as crianças não queriam brincar com ela. Preferiam outras companhias.
Corriam pelo pátio, muito alegres, fazendo jogos em que Catarina nunca conseguia
entrar.
Quando a campainha tocava, no fim das aulas, pegava na pasta de cabedal
castanho, punha-a às costas e ia sem pressa para casa, colada às paredes, com medo
das sombras, dos gracejos dos rapazes mais crescidos. Com medo de tudo que
pudesse tornar ainda mais triste a sua vida.
«Tens mesmo cara de bolacha.» - dissera-lhe, dias antes, uma rapariga da sua
turma.
Ficou muito magoada com aquelas palavras que lhe acertaram em cheio, como uma
pedrada, em pleno coração.
E lá andava ela com os seus olhos pequeninos e tristes, com os pés para o lado, a
ver se descobria alguém que conseguisse gostar dela, nem que fosse só um bocadinho.
No caminho para casa encontrava todos os dias o homem do realejo1.
Era muito velho e estava sempre a sorrir. Trazia, poisado no ombro, um grande
papagaio de muitas cores que passava o tempo todo a dormitar.
Quase ninguém reparava no velho que tocava cantigas muito antigas, à esquina de
duas ruas sem sol. Era um homem solitário2.
Quando fez anos, Catarina levou-lhe uma fatia de bolo de aniversário, com cerejas
cristalizadas e algumas velas em cima. O velho ficou muito comovido, guardou o bolo
dentro de um saco branco e foi-se embora, para ela não ver a sua cara enrugada cheia
de lágrimas.
Um dia, quando saiu da escola, foi procurar o seu amigo. Deixou que ele lhe
agarrasse na mão e ouviu-o dizer numa voz muito sumida:
«Vim hoje aqui com muito sacrifício só para te dizer adeus. Vou partir para muito
longe, mas gostava de te deixar uma recordação minha». Meteu a mão no bolso do
sobretudo e tirou uma pequena caixa de música.
«Esta caixinha é muito, muito velha. Nem se sabe ao certo a sua idade. Sempre que
a abrires e tiveres um desejo ele há-de realizar-se imediatamente».
Catarina ficou muito contente a olhar para a caixa e quando quis agradecer ao amigo
já não o encontrou.
Catarina levou para casa a caixinha de música e escondeu-a com muito cuidado
para ninguém a descobrir. O desejo não demorou a surgir: queria deixar de ser feia.
Pôs-se à frente do espelho, abriu a caixa e pensou no seu desejo com quanta força
tinha. Da caixinha saía uma música muito bonita. Catarina olhou para o espelho cheia
de receio de que o sonho não se tivesse tornado realidade. Mas não. Ninguém iria
acreditar quando a visse com a sua nova cara, o ar alegre e bem disposto.
A sua vida modificou-se completamente. Passou a ter amigos. Já ninguém falava da
sua cara, da sua maneira esquisita de andar.
Um dia perdeu a caixinha de música. Ao fim de uns dias, a magia começou a
desaparecer lentamente. A boca alargou, os olhos voltaram a ficar muito pequenos.
Sentiu de novo uma grande tristeza e apeteceu-lhe fugir para muito longe ou nunca
mais sair de casa.
Ao fim de algum tempo, acabou por se decidir: começou a sair à rua, a ir à escola.
E, com grande surpresa sua, os companheiros de escola, os amigos falavam-lhe
como se nada tivesse acontecido, como se a sua cara não tivesse voltado ao que era
dantes.
A tristeza desapareceu e Catarina percebeu que o importante não é a cara que as
pessoas têm mas a forma como são na vida, no mundo, como sabem ser solidárias3
com os outros.
José Jorge Letria, Histórias quase Fantásticas,
Cacém, Edições Ró, 1981 (adaptado)
1 realejo - instrumento musical mecânico movido a manivela, como o que se pode observar na figuraao lado.
2 solitário, -a, adj. 1 - que está sem companhia, só; 2 - que vive na solidão, que se afasta daconvivência com os outros.
3 solidário, -a, adj. 1 - que é capaz de estabelecer com alguém relações de ajuda mútua, deentreajuda; 2 - que revela disponibilidade para apoiar, defender ou consolar alguém em circunstânciasde necessidade.
Completa a frase, assinalando com X a opção correcta.
No entanto, Catarina acabou por se aperceber de que os seus novos amigos continuaram a tratá-la domesmo modo, porque o importante é ser
19.1 belo.
19.2 solidário.
19.3 corajoso.
19.4 calmo.
20. PA-2007-1P-14
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
A receita de um bolo indica as quantidades, os ingredientes e o modo de o fazer.
Imagina que Catarina vai fazer um bolo de aniversário.
Lê a receita do bolo com atenção.
Bolo de cerejas Bolo de cerejas
Batem-se duas gemas
de ovos com
duzentos e cinquenta
gramas de açúcar e
cinquenta gramas de
manteiga. Depois de
Lista de ingredientes
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
tudo muito bem batido, juntam-se
doze colheres de sopa de leite,
duzentos e setenta e cinco gramas de
farinha e uma colher de sopa de
fermento. Continua-se a bater a
massa e, por fim, juntam-se-lhe duas
claras batidas em castelo.
Coze-se em forma lisa ou em
tabuleiro alto. Logo que sai do forno,
cobre-se com xarope de cerejas q.b.
Laura Santos, O Mestre Cozinheiro, Lisboa,
Editorial Lavores, s/d.
(texto adaptado)
20.1
Preenche a coluna ao lado do texto apenas com os ingredientes da receita.
20.2
Na massa do bolo não entram cerejas. Explica, então, por que razão a receita se chama Bolo deCerejas.
21. PA-2007-1P-14.3
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
A receita de um bolo indica as quantidades, os ingredientes e o modo de o fazer.
Imagina que Catarina vai fazer um bolo de aniversário.
Lê a receita do bolo com atenção.
Bolo de cerejas Bolo de cerejas
Batem-se duas gemas
de ovos com
duzentos e cinquenta
gramas de açúcar e
cinquenta gramas de
manteiga. Depois de
Lista de ingredientes
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
tudo muito bem batido, juntam-se
doze colheres de sopa de leite,
duzentos e setenta e cinco gramas de
farinha e uma colher de sopa de
fermento. Continua-se a bater a
massa e, por fim, juntam-se-lhe duas
claras batidas em castelo.
Coze-se em forma lisa ou em
tabuleiro alto. Logo que sai do forno,
cobre-se com xarope de cerejas q.b.
Laura Santos, O Mestre Cozinheiro, Lisboa,
Editorial Lavores, s/d.
(texto adaptado)
Relê com atenção o último parágrafo do texto da receita e assinala com X a opção correcta.
As iniciais q.b. significam:
21.1 quase branco.
21.2 quatro bocados.
22. PA-2007-1P-15
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
Lê o texto com muita atenção.
1
5
10
15
50
A CAIXINHA DE MÚSICA
Catarina não gostava da cara que tinha. Achava-se feia, com o seu nariz arrebitado,
a boca grande e os olhos muito pequeninos.
Na escola, as crianças não queriam brincar com ela. Preferiam outras companhias.
Corriam pelo pátio, muito alegres, fazendo jogos em que Catarina nunca conseguia
entrar.
Quando a campainha tocava, no fim das aulas, pegava na pasta de cabedal
castanho, punha-a às costas e ia sem pressa para casa, colada às paredes, com medo
das sombras, dos gracejos dos rapazes mais crescidos. Com medo de tudo que
pudesse tornar ainda mais triste a sua vida.
«Tens mesmo cara de bolacha.» - dissera-lhe, dias antes, uma rapariga da sua
turma.
Ficou muito magoada com aquelas palavras que lhe acertaram em cheio, como uma
pedrada, em pleno coração.
E lá andava ela com os seus olhos pequeninos e tristes, com os pés para o lado, a
ver se descobria alguém que conseguisse gostar dela, nem que fosse só um bocadinho.
No caminho para casa encontrava todos os dias o homem do realejo1.
Era muito velho e estava sempre a sorrir. Trazia, poisado no ombro, um grande
papagaio de muitas cores que passava o tempo todo a dormitar.
Quase ninguém reparava no velho que tocava cantigas muito antigas, à esquina de
duas ruas sem sol. Era um homem solitário2.
Quando fez anos, Catarina levou-lhe uma fatia de bolo de aniversário, com cerejas
cristalizadas e algumas velas em cima. O velho ficou muito comovido, guardou o bolo
dentro de um saco branco e foi-se embora, para ela não ver a sua cara enrugada cheia
de lágrimas.
Um dia, quando saiu da escola, foi procurar o seu amigo. Deixou que ele lhe
agarrasse na mão e ouviu-o dizer numa voz muito sumida:
«Vim hoje aqui com muito sacrifício só para te dizer adeus. Vou partir para muito
longe, mas gostava de te deixar uma recordação minha». Meteu a mão no bolso do
sobretudo e tirou uma pequena caixa de música.
«Esta caixinha é muito, muito velha. Nem se sabe ao certo a sua idade. Sempre que
a abrires e tiveres um desejo ele há-de realizar-se imediatamente».
Catarina ficou muito contente a olhar para a caixa e quando quis agradecer ao amigo
já não o encontrou.
Catarina levou para casa a caixinha de música e escondeu-a com muito cuidado
para ninguém a descobrir. O desejo não demorou a surgir: queria deixar de ser feia.
Pôs-se à frente do espelho, abriu a caixa e pensou no seu desejo com quanta força
tinha. Da caixinha saía uma música muito bonita. Catarina olhou para o espelho cheia
de receio de que o sonho não se tivesse tornado realidade. Mas não. Ninguém iria
acreditar quando a visse com a sua nova cara, o ar alegre e bem disposto.
A sua vida modificou-se completamente. Passou a ter amigos. Já ninguém falava da
sua cara, da sua maneira esquisita de andar.
Um dia perdeu a caixinha de música. Ao fim de uns dias, a magia começou a
desaparecer lentamente. A boca alargou, os olhos voltaram a ficar muito pequenos.
Sentiu de novo uma grande tristeza e apeteceu-lhe fugir para muito longe ou nunca
mais sair de casa.
Ao fim de algum tempo, acabou por se decidir: começou a sair à rua, a ir à escola.
E, com grande surpresa sua, os companheiros de escola, os amigos falavam-lhe
como se nada tivesse acontecido, como se a sua cara não tivesse voltado ao que era
dantes.
A tristeza desapareceu e Catarina percebeu que o importante não é a cara que as
pessoas têm mas a forma como são na vida, no mundo, como sabem ser solidárias3
com os outros.
José Jorge Letria, Histórias quase Fantásticas,
Cacém, Edições Ró, 1981 (adaptado)
1 realejo - instrumento musical mecânico movido a manivela, como o que se pode observar na figuraao lado.
2 solitário, -a, adj. 1 - que está sem companhia, só; 2 - que vive na solidão, que se afasta daconvivência com os outros.
3 solidário, -a, adj. 1 - que é capaz de estabelecer com alguém relações de ajuda mútua, deentreajuda; 2 - que revela disponibilidade para apoiar, defender ou consolar alguém em circunstânciasde necessidade.
22.1
Catarina ouviu o velho do realejo dizer com voz sumida: «Vim hoje aqui com muito sacrifício só para tedizer adeus.» (linha 27)
Transpõe esta frase do discurso directo para o discurso indirecto, procedendo às alteraçõesnecessárias.
O velho do realejo disse que ________________________________________________________
23. PA-2007-1P-16
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
Repara na frase «Abriu a linda caixa e pensou no seu desejo, com uma enorme vontade de que ele serealizasse».
23.1
Segue o exemplo e inscreve no respectivo rectângulo a palavra que pertence à classe ou à subclasseindicada.
Um nome comum concreto
Um nome comum abstracto
caixa
Um determinante artigo definido
Um determinante artigo indefinido
Um adjectivo
Uma conjugação
24. PA-2007-1P-17
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
Lê as frases seguintes:
A. Catarina levou-lhe uma fatia de bolo de aniversário.
B. Ela agradeceu ao amigo.
C. A tristeza desapareceu.
24.1
Escolhe as palavras ou expressões que, nas frases A, B e C, correspondem a funções indicadas noquadro. Transcreve-as para o respectivo lugar.
Sujeito
Predicado
Núcleo
(verbo)
Complemento
directo
Complemento
indirecto
Frase
A
25. PA-2007-1P-18
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
25.1
Segue o exemplo e completa a tabela seguinte, tendo em conta que cada adjectivo e cada verbo têmde pertencer à mesma família do nome.
Nomes Adjectivos Verbos
sonho sonhador sonhar
mágoa
simpatia
coragem
velhice
medo
26. PA-2007-1P-19
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
Repara na frase:
«Meteu a mão no bolso do sobretudo e tirou uma pequena caixa de música.» (linhas 28-29)
Nesta frase, a palavra «sobretudo» é um nome comum. Significa casaco comprido e largo que se usano Inverno sobre as outras peças de vestuário, como protecção contra o frio.
26.1
Constrói uma frase em que utilizes a palavra «sobretudo» como advérbio, significando acima de tudo,principalmente.
27. PA-2007-1P-2-5-6
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
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A CAIXINHA DE MÚSICA
Catarina não gostava da cara que tinha. Achava-se feia, com o seu nariz arrebitado,
a boca grande e os olhos muito pequeninos.
Na escola, as crianças não queriam brincar com ela. Preferiam outras companhias.
Corriam pelo pátio, muito alegres, fazendo jogos em que Catarina nunca conseguia
entrar.
Quando a campainha tocava, no fim das aulas, pegava na pasta de cabedal
castanho, punha-a às costas e ia sem pressa para casa, colada às paredes, com medo
das sombras, dos gracejos dos rapazes mais crescidos. Com medo de tudo que
pudesse tornar ainda mais triste a sua vida.
«Tens mesmo cara de bolacha.» - dissera-lhe, dias antes, uma rapariga da sua
turma.
Ficou muito magoada com aquelas palavras que lhe acertaram em cheio, como uma
pedrada, em pleno coração.
E lá andava ela com os seus olhos pequeninos e tristes, com os pés para o lado, a
ver se descobria alguém que conseguisse gostar dela, nem que fosse só um bocadinho.
No caminho para casa encontrava todos os dias o homem do realejo1.
Era muito velho e estava sempre a sorrir. Trazia, poisado no ombro, um grande
papagaio de muitas cores que passava o tempo todo a dormitar.
Quase ninguém reparava no velho que tocava cantigas muito antigas, à esquina de
duas ruas sem sol. Era um homem solitário2.
Quando fez anos, Catarina levou-lhe uma fatia de bolo de aniversário, com cerejas
cristalizadas e algumas velas em cima. O velho ficou muito comovido, guardou o bolo
dentro de um saco branco e foi-se embora, para ela não ver a sua cara enrugada cheia
de lágrimas.
Um dia, quando saiu da escola, foi procurar o seu amigo. Deixou que ele lhe
agarrasse na mão e ouviu-o dizer numa voz muito sumida:
«Vim hoje aqui com muito sacrifício só para te dizer adeus. Vou partir para muito
longe, mas gostava de te deixar uma recordação minha». Meteu a mão no bolso do
sobretudo e tirou uma pequena caixa de música.
«Esta caixinha é muito, muito velha. Nem se sabe ao certo a sua idade. Sempre que
a abrires e tiveres um desejo ele há-de realizar-se imediatamente».
Catarina ficou muito contente a olhar para a caixa e quando quis agradecer ao amigo
já não o encontrou.
Catarina levou para casa a caixinha de música e escondeu-a com muito cuidado
para ninguém a descobrir. O desejo não demorou a surgir: queria deixar de ser feia.
Pôs-se à frente do espelho, abriu a caixa e pensou no seu desejo com quanta força
tinha. Da caixinha saía uma música muito bonita. Catarina olhou para o espelho cheia
de receio de que o sonho não se tivesse tornado realidade. Mas não. Ninguém iria
acreditar quando a visse com a sua nova cara, o ar alegre e bem disposto.
A sua vida modificou-se completamente. Passou a ter amigos. Já ninguém falava da
sua cara, da sua maneira esquisita de andar.
Um dia perdeu a caixinha de música. Ao fim de uns dias, a magia começou a
desaparecer lentamente. A boca alargou, os olhos voltaram a ficar muito pequenos.
Sentiu de novo uma grande tristeza e apeteceu-lhe fugir para muito longe ou nunca
mais sair de casa.
Ao fim de algum tempo, acabou por se decidir: começou a sair à rua, a ir à escola.
E, com grande surpresa sua, os companheiros de escola, os amigos falavam-lhe
como se nada tivesse acontecido, como se a sua cara não tivesse voltado ao que era
dantes.
A tristeza desapareceu e Catarina percebeu que o importante não é a cara que as
pessoas têm mas a forma como são na vida, no mundo, como sabem ser solidárias3
com os outros.
José Jorge Letria, Histórias quase Fantásticas,
Cacém, Edições Ró, 1981 (adaptado)
1 realejo - instrumento musical mecânico movido a manivela, como o que se pode observar na figuraao lado.
2 solitário, -a, adj. 1 - que está sem companhia, só; 2 - que vive na solidão, que se afasta daconvivência com os outros.
3 solidário, -a, adj. 1 - que é capaz de estabelecer com alguém relações de ajuda mútua, deentreajuda; 2 - que revela disponibilidade para apoiar, defender ou consolar alguém em circunstânciasde necessidade.
27.1
Catarina é a personagem principal desta história.
Completa o quadro seguinte, indicando as características de Catarina, antes da sua primeiratransformação.
Catarina
Características
físicas
boca ___________________
olhos __________________
nariz ___________________
pés_____________________
Características
psicológicas
________________________
________________________
27.2
Assinala com X as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F), de acordo com o sentido do texto.
Afirmações V F
Na escola, ao princípio, ninguém ligava à Catarina.
Os seus colegas andavam sempre tristes.
O tocador de realejo era velho e sorridente.
O velho do realejo tornou-se amigo de Catarina.
Catarina foi simpática com ele.
Havia sempre muita gente à volta do tocador.
O tocador de realejo tinha um pombo.
27.3
Onde é que Catarina costumava encontrar o velho tocador de realejo?
28. PA-2007-1P-3
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
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A CAIXINHA DE MÚSICA
Catarina não gostava da cara que tinha. Achava-se feia, com o seu nariz arrebitado,
a boca grande e os olhos muito pequeninos.
Na escola, as crianças não queriam brincar com ela. Preferiam outras companhias.
Corriam pelo pátio, muito alegres, fazendo jogos em que Catarina nunca conseguia
entrar.
Quando a campainha tocava, no fim das aulas, pegava na pasta de cabedal
castanho, punha-a às costas e ia sem pressa para casa, colada às paredes, com medo
das sombras, dos gracejos dos rapazes mais crescidos. Com medo de tudo que
pudesse tornar ainda mais triste a sua vida.
«Tens mesmo cara de bolacha.» - dissera-lhe, dias antes, uma rapariga da sua
turma.
Ficou muito magoada com aquelas palavras que lhe acertaram em cheio, como uma
pedrada, em pleno coração.
E lá andava ela com os seus olhos pequeninos e tristes, com os pés para o lado, a
ver se descobria alguém que conseguisse gostar dela, nem que fosse só um bocadinho.
No caminho para casa encontrava todos os dias o homem do realejo1.
Era muito velho e estava sempre a sorrir. Trazia, poisado no ombro, um grande
papagaio de muitas cores que passava o tempo todo a dormitar.
Quase ninguém reparava no velho que tocava cantigas muito antigas, à esquina de
duas ruas sem sol. Era um homem solitário2.
Quando fez anos, Catarina levou-lhe uma fatia de bolo de aniversário, com cerejas
cristalizadas e algumas velas em cima. O velho ficou muito comovido, guardou o bolo
dentro de um saco branco e foi-se embora, para ela não ver a sua cara enrugada cheia
de lágrimas.
Um dia, quando saiu da escola, foi procurar o seu amigo. Deixou que ele lhe
agarrasse na mão e ouviu-o dizer numa voz muito sumida:
«Vim hoje aqui com muito sacrifício só para te dizer adeus. Vou partir para muito
longe, mas gostava de te deixar uma recordação minha». Meteu a mão no bolso do
sobretudo e tirou uma pequena caixa de música.
«Esta caixinha é muito, muito velha. Nem se sabe ao certo a sua idade. Sempre que
a abrires e tiveres um desejo ele há-de realizar-se imediatamente».
Catarina ficou muito contente a olhar para a caixa e quando quis agradecer ao amigo
já não o encontrou.
Catarina levou para casa a caixinha de música e escondeu-a com muito cuidado
para ninguém a descobrir. O desejo não demorou a surgir: queria deixar de ser feia.
Pôs-se à frente do espelho, abriu a caixa e pensou no seu desejo com quanta força
tinha. Da caixinha saía uma música muito bonita. Catarina olhou para o espelho cheia
de receio de que o sonho não se tivesse tornado realidade. Mas não. Ninguém iria
acreditar quando a visse com a sua nova cara, o ar alegre e bem disposto.
A sua vida modificou-se completamente. Passou a ter amigos. Já ninguém falava da
sua cara, da sua maneira esquisita de andar.
Um dia perdeu a caixinha de música. Ao fim de uns dias, a magia começou a
desaparecer lentamente. A boca alargou, os olhos voltaram a ficar muito pequenos.
Sentiu de novo uma grande tristeza e apeteceu-lhe fugir para muito longe ou nunca
mais sair de casa.
Ao fim de algum tempo, acabou por se decidir: começou a sair à rua, a ir à escola.
E, com grande surpresa sua, os companheiros de escola, os amigos falavam-lhe
como se nada tivesse acontecido, como se a sua cara não tivesse voltado ao que era
dantes.
A tristeza desapareceu e Catarina percebeu que o importante não é a cara que as
pessoas têm mas a forma como são na vida, no mundo, como sabem ser solidárias3
com os outros.
José Jorge Letria, Histórias quase Fantásticas,
Cacém, Edições Ró, 1981 (adaptado)
1 realejo - instrumento musical mecânico movido a manivela, como o que se pode observar na figuraao lado.
2 solitário, -a, adj. 1 - que está sem companhia, só; 2 - que vive na solidão, que se afasta daconvivência com os outros.
3 solidário, -a, adj. 1 - que é capaz de estabelecer com alguém relações de ajuda mútua, deentreajuda; 2 - que revela disponibilidade para apoiar, defender ou consolar alguém em circunstânciasde necessidade.
Assinala com X a expressão equivalente a «cara de bolacha».
«Tens mesmo cara de bolacha.» (linha 10)
28.1 cara de pau.
28.2 cara de poucos amigos.
28.3 cara de lua cheia.
28.4 cara de caso.
29. PA-2008-1P-1
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
O texto A é um anúncio publicado num jornal diário por um criador de cães.
Lê o texto.
TEXTO A
Vendo cachorro épagneul-breton puro, nascido a 07MAR07, branco e castanho. Linha francesa.Excelente para caça ou companhia. Entregue com vacinas e desparasitações actualizadas.
Contactar Canil Municipal de Évora.
Qual a intenção de quem colocou o anúncio? Assinala com X a resposta correcta.
29.1 Apresentar-se como criador de cães de raça.
29.2 Conseguir comprador para um cachorro.
29.3 Elogiar as qualidades do cachorro.
29.4 Divulgar o trabalho do Canil Municipal de Évora.
30. PA-2007-1P-7
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
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A CAIXINHA DE MÚSICA
Catarina não gostava da cara que tinha. Achava-se feia, com o seu nariz arrebitado,
a boca grande e os olhos muito pequeninos.
Na escola, as crianças não queriam brincar com ela. Preferiam outras companhias.
Corriam pelo pátio, muito alegres, fazendo jogos em que Catarina nunca conseguia
entrar.
Quando a campainha tocava, no fim das aulas, pegava na pasta de cabedal
castanho, punha-a às costas e ia sem pressa para casa, colada às paredes, com medo
das sombras, dos gracejos dos rapazes mais crescidos. Com medo de tudo que
pudesse tornar ainda mais triste a sua vida.
«Tens mesmo cara de bolacha.» - dissera-lhe, dias antes, uma rapariga da sua
turma.
Ficou muito magoada com aquelas palavras que lhe acertaram em cheio, como uma
pedrada, em pleno coração.
E lá andava ela com os seus olhos pequeninos e tristes, com os pés para o lado, a
ver se descobria alguém que conseguisse gostar dela, nem que fosse só um bocadinho.
No caminho para casa encontrava todos os dias o homem do realejo1.
Era muito velho e estava sempre a sorrir. Trazia, poisado no ombro, um grande
papagaio de muitas cores que passava o tempo todo a dormitar.
Quase ninguém reparava no velho que tocava cantigas muito antigas, à esquina de
duas ruas sem sol. Era um homem solitário2.
Quando fez anos, Catarina levou-lhe uma fatia de bolo de aniversário, com cerejas
cristalizadas e algumas velas em cima. O velho ficou muito comovido, guardou o bolo
dentro de um saco branco e foi-se embora, para ela não ver a sua cara enrugada cheia
de lágrimas.
Um dia, quando saiu da escola, foi procurar o seu amigo. Deixou que ele lhe
agarrasse na mão e ouviu-o dizer numa voz muito sumida:
«Vim hoje aqui com muito sacrifício só para te dizer adeus. Vou partir para muito
longe, mas gostava de te deixar uma recordação minha». Meteu a mão no bolso do
sobretudo e tirou uma pequena caixa de música.
«Esta caixinha é muito, muito velha. Nem se sabe ao certo a sua idade. Sempre que
a abrires e tiveres um desejo ele há-de realizar-se imediatamente».
Catarina ficou muito contente a olhar para a caixa e quando quis agradecer ao amigo
já não o encontrou.
Catarina levou para casa a caixinha de música e escondeu-a com muito cuidado
para ninguém a descobrir. O desejo não demorou a surgir: queria deixar de ser feia.
Pôs-se à frente do espelho, abriu a caixa e pensou no seu desejo com quanta força
tinha. Da caixinha saía uma música muito bonita. Catarina olhou para o espelho cheia
de receio de que o sonho não se tivesse tornado realidade. Mas não. Ninguém iria
acreditar quando a visse com a sua nova cara, o ar alegre e bem disposto.
A sua vida modificou-se completamente. Passou a ter amigos. Já ninguém falava da
sua cara, da sua maneira esquisita de andar.
Um dia perdeu a caixinha de música. Ao fim de uns dias, a magia começou a
desaparecer lentamente. A boca alargou, os olhos voltaram a ficar muito pequenos.
Sentiu de novo uma grande tristeza e apeteceu-lhe fugir para muito longe ou nunca
mais sair de casa.
Ao fim de algum tempo, acabou por se decidir: começou a sair à rua, a ir à escola.
E, com grande surpresa sua, os companheiros de escola, os amigos falavam-lhe
como se nada tivesse acontecido, como se a sua cara não tivesse voltado ao que era
dantes.
A tristeza desapareceu e Catarina percebeu que o importante não é a cara que as
pessoas têm mas a forma como são na vida, no mundo, como sabem ser solidárias3
com os outros.
José Jorge Letria, Histórias quase Fantásticas,
Cacém, Edições Ró, 1981 (adaptado)
1 realejo - instrumento musical mecânico movido a manivela, como o que se pode observar na figuraao lado.
2 solitário, -a, adj. 1 - que está sem companhia, só; 2 - que vive na solidão, que se afasta daconvivência com os outros.
3 solidário, -a, adj. 1 - que é capaz de estabelecer com alguém relações de ajuda mútua, deentreajuda; 2 - que revela disponibilidade para apoiar, defender ou consolar alguém em circunstânciasde necessidade.
Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.
Catarina tornou-se amiga do velho músico, porque ele
30.1 também era um solitário.
30.2 tocava músicas antigas.
30.3 já tinha muita idade.
30.4 falava baixinho.
31. PA-2007-1P-8-12
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
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A CAIXINHA DE MÚSICA
Catarina não gostava da cara que tinha. Achava-se feia, com o seu nariz arrebitado,
a boca grande e os olhos muito pequeninos.
Na escola, as crianças não queriam brincar com ela. Preferiam outras companhias.
Corriam pelo pátio, muito alegres, fazendo jogos em que Catarina nunca conseguia
entrar.
Quando a campainha tocava, no fim das aulas, pegava na pasta de cabedal
castanho, punha-a às costas e ia sem pressa para casa, colada às paredes, com medo
das sombras, dos gracejos dos rapazes mais crescidos. Com medo de tudo que
pudesse tornar ainda mais triste a sua vida.
«Tens mesmo cara de bolacha.» - dissera-lhe, dias antes, uma rapariga da sua
turma.
Ficou muito magoada com aquelas palavras que lhe acertaram em cheio, como uma
pedrada, em pleno coração.
E lá andava ela com os seus olhos pequeninos e tristes, com os pés para o lado, a
ver se descobria alguém que conseguisse gostar dela, nem que fosse só um bocadinho.
No caminho para casa encontrava todos os dias o homem do realejo1.
Era muito velho e estava sempre a sorrir. Trazia, poisado no ombro, um grande
papagaio de muitas cores que passava o tempo todo a dormitar.
Quase ninguém reparava no velho que tocava cantigas muito antigas, à esquina de
duas ruas sem sol. Era um homem solitário2.
Quando fez anos, Catarina levou-lhe uma fatia de bolo de aniversário, com cerejas
cristalizadas e algumas velas em cima. O velho ficou muito comovido, guardou o bolo
dentro de um saco branco e foi-se embora, para ela não ver a sua cara enrugada cheia
de lágrimas.
Um dia, quando saiu da escola, foi procurar o seu amigo. Deixou que ele lhe
agarrasse na mão e ouviu-o dizer numa voz muito sumida:
«Vim hoje aqui com muito sacrifício só para te dizer adeus. Vou partir para muito
longe, mas gostava de te deixar uma recordação minha». Meteu a mão no bolso do
sobretudo e tirou uma pequena caixa de música.
«Esta caixinha é muito, muito velha. Nem se sabe ao certo a sua idade. Sempre que
a abrires e tiveres um desejo ele há-de realizar-se imediatamente».
Catarina ficou muito contente a olhar para a caixa e quando quis agradecer ao amigo
já não o encontrou.
Catarina levou para casa a caixinha de música e escondeu-a com muito cuidado
para ninguém a descobrir. O desejo não demorou a surgir: queria deixar de ser feia.
Pôs-se à frente do espelho, abriu a caixa e pensou no seu desejo com quanta força
tinha. Da caixinha saía uma música muito bonita. Catarina olhou para o espelho cheia
de receio de que o sonho não se tivesse tornado realidade. Mas não. Ninguém iria
acreditar quando a visse com a sua nova cara, o ar alegre e bem disposto.
A sua vida modificou-se completamente. Passou a ter amigos. Já ninguém falava da
sua cara, da sua maneira esquisita de andar.
Um dia perdeu a caixinha de música. Ao fim de uns dias, a magia começou a
desaparecer lentamente. A boca alargou, os olhos voltaram a ficar muito pequenos.
Sentiu de novo uma grande tristeza e apeteceu-lhe fugir para muito longe ou nunca
mais sair de casa.
Ao fim de algum tempo, acabou por se decidir: começou a sair à rua, a ir à escola.
E, com grande surpresa sua, os companheiros de escola, os amigos falavam-lhe
como se nada tivesse acontecido, como se a sua cara não tivesse voltado ao que era
dantes.
A tristeza desapareceu e Catarina percebeu que o importante não é a cara que as
pessoas têm mas a forma como são na vida, no mundo, como sabem ser solidárias3
com os outros.
José Jorge Letria, Histórias quase Fantásticas,
Cacém, Edições Ró, 1981 (adaptado)
1 realejo - instrumento musical mecânico movido a manivela, como o que se pode observar na figuraao lado.
2 solitário, -a, adj. 1 - que está sem companhia, só; 2 - que vive na solidão, que se afasta daconvivência com os outros.
3 solidário, -a, adj. 1 - que é capaz de estabelecer com alguém relações de ajuda mútua, deentreajuda; 2 - que revela disponibilidade para apoiar, defender ou consolar alguém em circunstânciasde necessidade.
31.1
Nesta como em muitas histórias - A Lâmpada de Aladino, por exemplo - o leitor encontra situações quesão impossíveis no mundo real. Tal como nos contos maravilhosos, em que intervêm objectosmágicos, nesta história há também um objecto que tem, supostamente, poderes especiais.
Identifica e descreve:
esse objecto «mágico»:____________________________________________________
o poder desse objecto «mágico»:____________________________________________
31.2
Repara na frase:
«Ninguém iria acreditar quando a visse com a sua nova cara, o ar alegre e bem disposto.» (linhas 38-39)
Indica duas consequências positivas desta transformação de Catarina.
_____________________________________
_____________________________________
31.3
Ordena as seguintes frases de 1 a 10, de acordo com a sequência da história.
Repara que a primeira frase da sequência já está assinalada.
Um dia, o velho deu uma caixa de música à Catarina.
No caminho para casa, ia com medo de tudo.
A partir desse momento, na escola, todos começaram a brincar com ela.
Na escola, ninguém queria brincar com a Catarina.
1
Catarina pediu um desejo à caixa de música.
Ela levou uma fatia de bolo ao seu amigo.
Encontrou um velho que tocava músicas antigas num realejo.
Catarina descobriu que não era preciso ser bonita para que gostassem dela.
O velho sentiu-se muito comovido com a oferta da Catarina.
Catarina perdeu a caixa de música.
31.4
Indica tudo o que Catarina sentiu quando a «magia» da caixa começou a desaparecer.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
32. PA-2007-1P-9
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
1
5
10
15
50
A CAIXINHA DE MÚSICA
Catarina não gostava da cara que tinha. Achava-se feia, com o seu nariz arrebitado,
a boca grande e os olhos muito pequeninos.
Na escola, as crianças não queriam brincar com ela. Preferiam outras companhias.
Corriam pelo pátio, muito alegres, fazendo jogos em que Catarina nunca conseguia
entrar.
Quando a campainha tocava, no fim das aulas, pegava na pasta de cabedal
castanho, punha-a às costas e ia sem pressa para casa, colada às paredes, com medo
das sombras, dos gracejos dos rapazes mais crescidos. Com medo de tudo que
pudesse tornar ainda mais triste a sua vida.
«Tens mesmo cara de bolacha.» - dissera-lhe, dias antes, uma rapariga da sua
turma.
Ficou muito magoada com aquelas palavras que lhe acertaram em cheio, como uma
pedrada, em pleno coração.
E lá andava ela com os seus olhos pequeninos e tristes, com os pés para o lado, a
ver se descobria alguém que conseguisse gostar dela, nem que fosse só um bocadinho.
No caminho para casa encontrava todos os dias o homem do realejo1.
Era muito velho e estava sempre a sorrir. Trazia, poisado no ombro, um grande
papagaio de muitas cores que passava o tempo todo a dormitar.
Quase ninguém reparava no velho que tocava cantigas muito antigas, à esquina de
duas ruas sem sol. Era um homem solitário2.
Quando fez anos, Catarina levou-lhe uma fatia de bolo de aniversário, com cerejas
cristalizadas e algumas velas em cima. O velho ficou muito comovido, guardou o bolo
dentro de um saco branco e foi-se embora, para ela não ver a sua cara enrugada cheia
de lágrimas.
Um dia, quando saiu da escola, foi procurar o seu amigo. Deixou que ele lhe
agarrasse na mão e ouviu-o dizer numa voz muito sumida:
«Vim hoje aqui com muito sacrifício só para te dizer adeus. Vou partir para muito
longe, mas gostava de te deixar uma recordação minha». Meteu a mão no bolso do
sobretudo e tirou uma pequena caixa de música.
«Esta caixinha é muito, muito velha. Nem se sabe ao certo a sua idade. Sempre que
a abrires e tiveres um desejo ele há-de realizar-se imediatamente».
Catarina ficou muito contente a olhar para a caixa e quando quis agradecer ao amigo
já não o encontrou.
Catarina levou para casa a caixinha de música e escondeu-a com muito cuidado
para ninguém a descobrir. O desejo não demorou a surgir: queria deixar de ser feia.
Pôs-se à frente do espelho, abriu a caixa e pensou no seu desejo com quanta força
tinha. Da caixinha saía uma música muito bonita. Catarina olhou para o espelho cheia
de receio de que o sonho não se tivesse tornado realidade. Mas não. Ninguém iria
acreditar quando a visse com a sua nova cara, o ar alegre e bem disposto.
A sua vida modificou-se completamente. Passou a ter amigos. Já ninguém falava da
sua cara, da sua maneira esquisita de andar.
Um dia perdeu a caixinha de música. Ao fim de uns dias, a magia começou a
desaparecer lentamente. A boca alargou, os olhos voltaram a ficar muito pequenos.
Sentiu de novo uma grande tristeza e apeteceu-lhe fugir para muito longe ou nunca
mais sair de casa.
Ao fim de algum tempo, acabou por se decidir: começou a sair à rua, a ir à escola.
E, com grande surpresa sua, os companheiros de escola, os amigos falavam-lhe
como se nada tivesse acontecido, como se a sua cara não tivesse voltado ao que era
dantes.
A tristeza desapareceu e Catarina percebeu que o importante não é a cara que as
pessoas têm mas a forma como são na vida, no mundo, como sabem ser solidárias3
com os outros.
José Jorge Letria, Histórias quase Fantásticas,
Cacém, Edições Ró, 1981 (adaptado)
1 realejo - instrumento musical mecânico movido a manivela, como o que se pode observar na figuraao lado.
2 solitário, -a, adj. 1 - que está sem companhia, só; 2 - que vive na solidão, que se afasta daconvivência com os outros.
3 solidário, -a, adj. 1 - que é capaz de estabelecer com alguém relações de ajuda mútua, deentreajuda; 2 - que revela disponibilidade para apoiar, defender ou consolar alguém em circunstânciasde necessidade.
Relê a passagem «Catarina olhou para o espelho cheia de receio de que o sonho não se tivessetornado realidade. Mas não.» (linhas 37-38)
Assinala com X a frase que exprime por completo o sentido que se pode retirar do texto.
32.1 Mas não gostou do que viu.
32.2 Mas não, o seu sonho concretizou-se.
32.3 Mas não quis fiar-se em magias.
32.4 Mas não, tudo continuou como antes.
33. PA-2007-2P
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Expressão Escrita
Como já antes te foi dito, vais agora escrever dois textos.
Antes de começares a escrever, toma atenção às seguintes instruções:
redige os dois textos que te são propostos, respeitando o que te é pedido;no segundo texto, respeita o número de linhas indicado (25 linhas);faz um rascunho de cada texto, na folha própria (frente e verso);podes usar lápis e borracha nos rascunhos;revê, com cuidado, o que escreveste nos rascunhos e corrige o que achares que deve sercorrigido;copia cada um dos textos para o lugar próprio da folha de prova, em letra bem legível, a caneta oua esferográfica de tinta azul ou preta;se te enganares, risca e escreve de novo;não uses corrector nem «esferográfica-lápis».
33.1
1.º Texto: Convite
Imagina que Catarina resolveu festejar o seu aniversário com os amigos.
Redige o convite que ela lhes irá enviar para a sua festa de aniversário.
O convite deverá conter:
formas de tratamento, de saudação e de despedida que se usam entre amigos;palavras ou expressões que apresentem a festa como um acontecimento muito divertido;palavras ou expressões próprias para convencer os amigos a irem à festa;indicação precisa do dia, da hora e do local da festa.
33.2
2.º Texto: Narrativa
Um dia, o velho do realejo e Catarina voltaram a encontrar-se. Narra esse encontro, referindo quandoe onde se encontraram. Inclui no teu texto o diálogo entre ambos.
Escreve um texto de 20 a 25 linhas.
34. PA-2007-1P-4
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
Lê o texto com muita atenção.
1
5
10
15
50
A CAIXINHA DE MÚSICA
Catarina não gostava da cara que tinha. Achava-se feia, com o seu nariz arrebitado,
a boca grande e os olhos muito pequeninos.
Na escola, as crianças não queriam brincar com ela. Preferiam outras companhias.
Corriam pelo pátio, muito alegres, fazendo jogos em que Catarina nunca conseguia
entrar.
Quando a campainha tocava, no fim das aulas, pegava na pasta de cabedal
castanho, punha-a às costas e ia sem pressa para casa, colada às paredes, com medo
das sombras, dos gracejos dos rapazes mais crescidos. Com medo de tudo que
pudesse tornar ainda mais triste a sua vida.
«Tens mesmo cara de bolacha.» - dissera-lhe, dias antes, uma rapariga da sua
turma.
Ficou muito magoada com aquelas palavras que lhe acertaram em cheio, como uma
pedrada, em pleno coração.
E lá andava ela com os seus olhos pequeninos e tristes, com os pés para o lado, a
ver se descobria alguém que conseguisse gostar dela, nem que fosse só um bocadinho.
No caminho para casa encontrava todos os dias o homem do realejo1.
Era muito velho e estava sempre a sorrir. Trazia, poisado no ombro, um grande
papagaio de muitas cores que passava o tempo todo a dormitar.
Quase ninguém reparava no velho que tocava cantigas muito antigas, à esquina de
duas ruas sem sol. Era um homem solitário2.
Quando fez anos, Catarina levou-lhe uma fatia de bolo de aniversário, com cerejas
cristalizadas e algumas velas em cima. O velho ficou muito comovido, guardou o bolo
dentro de um saco branco e foi-se embora, para ela não ver a sua cara enrugada cheia
de lágrimas.
Um dia, quando saiu da escola, foi procurar o seu amigo. Deixou que ele lhe
agarrasse na mão e ouviu-o dizer numa voz muito sumida:
«Vim hoje aqui com muito sacrifício só para te dizer adeus. Vou partir para muito
longe, mas gostava de te deixar uma recordação minha». Meteu a mão no bolso do
sobretudo e tirou uma pequena caixa de música.
«Esta caixinha é muito, muito velha. Nem se sabe ao certo a sua idade. Sempre que
a abrires e tiveres um desejo ele há-de realizar-se imediatamente».
Catarina ficou muito contente a olhar para a caixa e quando quis agradecer ao amigo
já não o encontrou.
Catarina levou para casa a caixinha de música e escondeu-a com muito cuidado
para ninguém a descobrir. O desejo não demorou a surgir: queria deixar de ser feia.
Pôs-se à frente do espelho, abriu a caixa e pensou no seu desejo com quanta força
tinha. Da caixinha saía uma música muito bonita. Catarina olhou para o espelho cheia
de receio de que o sonho não se tivesse tornado realidade. Mas não. Ninguém iria
acreditar quando a visse com a sua nova cara, o ar alegre e bem disposto.
A sua vida modificou-se completamente. Passou a ter amigos. Já ninguém falava da
sua cara, da sua maneira esquisita de andar.
Um dia perdeu a caixinha de música. Ao fim de uns dias, a magia começou a
desaparecer lentamente. A boca alargou, os olhos voltaram a ficar muito pequenos.
Sentiu de novo uma grande tristeza e apeteceu-lhe fugir para muito longe ou nunca
mais sair de casa.
Ao fim de algum tempo, acabou por se decidir: começou a sair à rua, a ir à escola.
E, com grande surpresa sua, os companheiros de escola, os amigos falavam-lhe
como se nada tivesse acontecido, como se a sua cara não tivesse voltado ao que era
dantes.
A tristeza desapareceu e Catarina percebeu que o importante não é a cara que as
pessoas têm mas a forma como são na vida, no mundo, como sabem ser solidárias3
com os outros.
José Jorge Letria, Histórias quase Fantásticas,
Cacém, Edições Ró, 1981 (adaptado)
1 realejo - instrumento musical mecânico movido a manivela, como o que se pode observar na figuraao lado.
2 solitário, -a, adj. 1 - que está sem companhia, só; 2 - que vive na solidão, que se afasta daconvivência com os outros.
3 solidário, -a, adj. 1 - que é capaz de estabelecer com alguém relações de ajuda mútua, deentreajuda; 2 - que revela disponibilidade para apoiar, defender ou consolar alguém em circunstânciasde necessidade.
Assinala com X a opção correcta, de acordo com o sentido do texto.
De início, Catarina isolava-se dos colegas, porque
34.1 gostava de estar sozinha na escola.
34.2 era convencida e muito antipática.
34.3 queria ser sempre bem comportada.
34.4 tinha medo de que gozassem com ela.
35. PA-2008-1P-11A
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Expressão Escrita
O texto D é um poema que o autor dedica a Kurika, depois da morte do cão.
Lê o texto.
TEXTO D
Cão como nós
Como nós eras altivo
fiel mas como nós
desobediente.
Gostavas de estar connosco a sós
mas não cativo
e sempre presente-ausente
como nós.
Cão que não querias
ser cão
e não lambias
a mão
e não respondias à voz.
Cão
Como nós.
Manuel Alegre, Cão Como Nós, Lisboa,
Publicações Dom Quixote, 2002
35.1
Num pequeno texto, de 3 a 5 linhas, explica por que razão o autor deu o título «Cão como nós» aopoema.
36. PA-2008-1P-12
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
Vendo cachorro épagneul-breton puro, nascido a07MAR07, branco e castanho.Linha francesa. Excelente para caça ou companhia. Entregue com vacinas edesparasitações actualizadas.
Contactar Canil Municipal de Évora.
No anúncio que leste, a palavra épagneul-breton aparece num tipo de letra diferente, em itálico.
Assinala com X a opção que completa correctamente a frase.
A palavra aparece em itálico para
36.1 não ser confundida com o nome do cachorro.
36.2 chamar a atenção dos leitores do texto.
36.3 impressionar quem gosta de exibir cães de raça.
36.4 indicar que a palavra não é portuguesa.
37. PA-2008-1P-13
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
Em Português, o processo de derivação de palavras é predominantemente realizado por sufixação.
Segue o exemplo e escreve, na coluna do meio, o sufixo utilizado para a formação das palavraslistadas na coluna da direita.
37.1
sufixo
cão -(z)inho cãozinho
linha linhagem
município municipal
criar criador
França francês
vacinar vacinação
nascer nascimento
38. PA-2008-1P-14
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
Repara na frase:
Há actualmente no Cantinho quase quinhentos cães e sessenta gatos, todos meiguinhos, calmíssimose muito felizes.
38.1
A partir da frase, preenche cada espaço do quadro com uma palavra pertencente à classe ousubclasse nele indicada.
CLASSES E SUBCLASSES DE PALAVRAS
Nome
próprio
Nome
comum
Pronome
indefinido
Numeral
cardinal
Adjectivo Verbo Advérbio
39. PA-2008-1P-15
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
39.1
Repara na frase:
Os cães rafeiros são mais sensíveis e inteligentes do que os cães de raça.
Reescreve a frase, transformando-a de modo a estabeleceres uma comparação de igualdade.
40. PA-2008-1P-17-18
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
De acordo com o sentido do episódio do Kurika, escolhe o elemento adequado para ligares, porcoordenação, as frases simples da coluna A com as da coluna B e construíres frases complexas.
Segue o exemplo.
40.1
porém ou portanto mas nem
A B
Eu fui pescar e o cão ficou comigo
O cão estava só atarantado
..........
tinha mesmo perdido o sentido?
O cão não estava na praia
..........
estava em qualquer dos restaurantes.
Dois dias depois, o cão estava de volta
..........
vinha amuado.
40.2
que se porque quando como
A B
O cão foi à casa de Verão
onde
não encontrou ninguém.
Ainda não tínhamos encontrado o cão
..........
a noite caiu.
O cão afastou-se de mim
..........
41. PA-2008-1P-16
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
Lê os vários significados da palavra cenário, tal como aparecem num dicionário.
Cenário n.m.
1. Conjunto de elementos com que o artista desenha a representação figurada do lugar onde sepassa a acção e que compõem uma cena teatral, de filme ou de outro espaço de representação.
2. Local onde decorre ou pode decorrer um facto ou uma actividade.
3. O que se avista de um determinado ponto, PAISAGEM, PANORAMA.
4. Conjunto de aspectos que caracterizam uma situação, CENA.
41.1
Nas frases abaixo, a palavra cenário é usada com significados diferentes. Escolhe o mais adequado acada frase e escreve o seu número no espaço correspondente.
Segue o exemplo.
........ Deve ter sido para ele um cenário de pesadelo.
...1... Os cenários dos filmes de Harry Potter foram desenhados por uma equipa de artistas, lideradapor Stuart Craig.
........ Do alto da Serra da Estrela, avista-se um belíssimo cenário.
........ A Ilha de S. Miguel, nos Açores, foi cenário da telenovela «Ilha dos Amores».
42. PA-2008-1P-19
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
42.1
Observa a frase: Kurika era altivo e fiel e desobediente e caprichoso e livre.
Reescreve essa frase, substituindo três vezes o «e» pelo sinal de pontuação adequado.
43. PA-2008-1P-2
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
O texto A é um anúncio publicado num jornal diário por um criador de cães.
Lê o texto.
TEXTO A
Vendo cachorro épagneul-breton puro, nascido a 07MAR07, branco e castanho. Linha francesa.Excelente para caça ou companhia. Entregue com vacinas e desparasitações actualizadas.
Contactar Canil Municipal de Évora.
43.1
Completa o quadro com os dados relativos ao cachorro fornecidos pelo texto do anúncio.
Segue o exemplo.
Data do nascimento
(por extenso)
Raça Linhagem francesa Cores do pêlo
Duas funções para que
está bem preparado
44. PA-2008-1P-20
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Conhecimento Explícito da Língua
Lê as frases seguintes:
A. O nosso cão era um cão caprichoso.
B. Este cão era um cão muito especial.
C. Parecia diferente dos outros cães.
D. Ele foi um cão igual a nós.
44.1
Escolhe as palavras ou expressões que, nas frases A, B, C e D, correspondem às funções sintácticasindicadas. Transcreve-as para o respectivo lugar do quadro.
Segue o exemplo.
Sujeito Predicado
Frase exemplo Kurika
era um épagneul-breton puro.
Frase A Frase B Frase C Frase D
45. PA-2008-1P-3
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
O texto A é um anúncio publicado num jornal diário por um criador de cães.
Lê o texto.
TEXTO A
Vendo cachorro épagneul-breton puro, nascido a 07MAR07, branco e castanho. Linha francesa.Excelente para caça ou companhia. Entregue com vacinas e desparasitações actualizadas.
Contactar Canil Municipal de Évora.
45.1
Indica os dois cuidados de saúde que o criador afirma já ter prestado ao cão.
46. PA-2008-1P-4
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
O texto B, retirado de uma página da internet, foi escrito por alguém que se
preocupa com o que acontece aos animais abandonados.
Lê o texto.
TEXTO B
No Cantinho dos Animais Abandonados
de Viseu entram, em média, cerca de trinta
cães por mês, dos quais muitos são dados
para adopção, ao ritmo de duzentos e
cinquenta por ano. Há actualmente no
Cantinho quase quinhentos cães e
sessenta gatos, todos meiguinhos,
calmíssimos e muito felizes.
As férias são o primeiro motivo para
abandono de animais, o que, nesta região,
poderia facilmente ser evitado, uma vez
que o Cantinho se dispõe a aceitar todos
os animais cujos donos queiram ir de
férias.
O segundo motivo é o facto de, quando
a dona de um cão ou de um gato fica
grávida, ela ser influenciada por avisos
pouco esclarecidos e sem fundamento, por
parte de terceiras pessoas, sobre a
possibilidade de o seu animal lhe transmitir
doenças que afectem o bebé. Na realidade,
basta ter os animais desparasitados
e vacinados para o evitar.
O terceiro motivo de abandono resulta
de alguns caçadores se utilizarem dos
cães na época da caça e, depois, os
abandonarem, para não terem de os levar
para os apartamentos onde vivem.
A vaidade é outro motivo de abandono.
Muitas pessoas, assim que podem
comprar um cão de raça, desfazem-se do
pobre rafeiro que as acompanhou até
então, para se poderem exibir junto de
amigos e de conhecidos, esquecendo,
porém, que o rafeiro é um cão muito
sensível e inteligente e que, por isso, sofre
muito ao ser abandonado.
http://www.alexandraguerra.com/cantinho/
(adaptado)
46.1
De acordo com o que é dito no texto, classifica cada uma das afirmações seguintes como verdadeira (V) ou falsa (F), escrevendo V ou F junto de cada uma delas.
O Cantinho dos Animais Abandonados é uma associação situada em Lisboa.
Há animais para adopção no Cantinho dos Animais Abandonados.
Os animais recolhidos nesta instituição estão calmos, mas infelizes.
As férias são um dos principais motivos para o abandono dos animais.
Se os donos de um animal têm de se ausentar podem deixá-lo no Cantinho.
Os cães vacinados e desparasitados são um perigo para a saúde dos bebés.
Após a época de caça, alguns cães são deixados ao abandono por caçadores.
Os cães rafeiros reagem bem quando são abandonados.
47. PA-2008-1P-5
Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
O texto B, retirado de uma página da internet, foi escrito por alguém que se
preocupa com o que acontece aos animais abandonados.
Lê o texto.
TEXTO B
No Cantinho dos Animais Abandonados
de Viseu entram, em média, cerca de trinta
cães por mês, dos quais muitos são dados
para adopção, ao ritmo de duzentos e
cinquenta por ano. Há actualmente no
Cantinho quase quinhentos cães e
sessenta gatos, todos meiguinhos,
calmíssimos e muito felizes.
As férias são o primeiro motivo para
abandono de animais, o que, nesta região,
poderia facilmente ser evitado, uma vez
que o Cantinho se dispõe a aceitar todos
os animais cujos donos queiram ir de
férias.
O segundo motivo é o facto de, quando
a dona de um cão ou de um gato fica
grávida, ela ser influenciada por avisos
pouco esclarecidos e sem fundamento, por
parte de terceiras pessoas, sobre a
possibilidade de o seu animal lhe transmitir
doenças que afectem o bebé. Na realidade,
basta ter os animais desparasitados
e vacinados para o evitar.
O terceiro motivo de abandono resulta
de alguns caçadores se utilizarem dos
cães na época da caça e, depois, os
abandonarem, para não terem de os levar
para os apartamentos onde vivem.
A vaidade é outro motivo de abandono.
Muitas pessoas, assim que podem
comprar um cão de raça, desfazem-se do
pobre rafeiro que as acompanhou até
então, para se poderem exibir junto de
amigos e de conhecidos, esquecendo,
porém, que o rafeiro é um cão muito
sensível e inteligente e que, por isso, sofre
muito ao ser abandonado.
http://www.alexandraguerra.com/cantinho/
(adaptado)
Três das quatro afirmações seguintes representam factos e só uma refere a opinião
de quem escreveu o texto.
Assinala com X a afirmação que refere uma opinião.
47.1 Os gatos, no Cantinho dos Animais Abandonados, estão em minoria.
47.2 O Cantinho tem capacidade para várias centenas de animais.
47.3 Os animais recolhidos no Cantinho parecem ser calmos e meigos.
47.4 O Cantinho deu, este ano, duzentos e cinquenta animais para adopção.
48. PA-2008-1P-6Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
O texto B, retirado de uma página da internet, foi escrito por alguém quese
preocupa com o que acontece aos animais abandonados.
Lê o texto.
TEXTO B
No Cantinho dos Animais Abandonados
de Viseu entram, em média, cerca de trinta
cães por mês, dos quais muitos são dados
para adopção, ao ritmo de duzentos e
cinquenta por ano. Há actualmente no
Cantinho quase quinhentos cães e
sessenta gatos, todos meiguinhos,
calmíssimos e muito felizes.
As férias são o primeiro motivo para
abandono de animais, o que, nesta região,
poderia facilmente ser evitado, uma vez
que o Cantinho se dispõe a aceitar todos
os animais cujos donos queiram ir de
férias.
O segundo motivo é o facto de, quando
a dona de um cão ou de um gato fica
grávida, ela ser influenciada por avisos
pouco esclarecidos e sem fundamento, por
parte de terceiras pessoas, sobre a
possibilidade de o seu animal lhe transmitir
doenças que afectem o bebé. Na realidade,
basta ter os animais desparasitados
e vacinados para o evitar.
O terceiro motivo de abandono resulta
de alguns caçadores se utilizarem dos
cães na época da caça e, depois, os
abandonarem, para não terem de os levar
para os apartamentos onde vivem.
A vaidade é outro motivo de abandono.
Muitas pessoas, assim que podem
comprar um cão de raça, desfazem-se do
pobre rafeiro que as acompanhou até
então, para se poderem exibir junto de
amigos e de conhecidos, esquecendo,
porém, que o rafeiro é um cão muito
sensível e inteligente e que, por isso, sofre
muito ao ser abandonado.
http://www.alexandraguerra.com/cantinho/
(adaptado)
49. PA-2008-1P-7Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
O texto C é um excerto de um livro que narra vários episódios da vida deuma família que tinha um cão chamado Kurika.
Lê o texto. Consulta as entradas do dicionário para compreenderes o
significado de palavras ou expressões que te sejam menos familiares.
TEXTO C
O cão sabia o sentido, o seu sentido. E nunca se perdia.
Ou por outra. Houve uma vez. Há sempre uma vez. Ainda hoje não é claroo que aconteceu.
Tínhamos ido à praia no fim do Inverno. Eu fui pescar, o resto da famíliafoi dar uma volta pelas redondezas. O cão ficou comigo, mas já se sabe queele desprezava a pesca. Deve ter ido à casa que alugamos no Verão e nãoencontrou ninguém. Procurou no local das barracas e não viu barracas nemfamília.
A G.N.R. disse depois que quem o levou o tinha encontrado na estrada, deum lado para o outro, a ladrar, desorientado. Talvez estivesse, mas não
perdido. Deve ter sido para ele um cenário de pesadelo: a casa fechada, aausência das barracas no sítio onde normalmente elas estão. Como é quequeriam que o cão ficasse? Poder-se-á perguntar por que não voltou para juntode mim. Além de não gostar de pesca é possível que, nesse dia, ele tivesse, por
momentos, perdido o sentido. Ou a tramontana1, chame-se-lhe o que se quiser.Admito que sim. Quem o levou sabia de cães, como veio a confirmar-se. E dasduas uma: ou ficou impressionado com a atarantação de um épagneul-breton
L.O.P.2 (via-se à vista desarmada a alta linhagem do cão) julgando que tinha
sido abandonado ou, partindo embora desse pressuposto3, meteu-o dentro docarro para ver o que a coisa dava. Pelo sim pelo não avisou a G.N.R.
O certo é que o pânico se instalou em toda a família, a começar por mim,
confesso, quando já depois de a noite cair não se vislumbrava4 rasto do cão.Procurou-se por toda a parte, fomos a várias casas onde em diferentes Verõestínhamos estado, corremos os restaurantes, perguntámos aos amigos. Algumaspessoas tinham-no visto na praia. Outras perto da Cabana do Pescador, orestaurante que fica junto à praia. Mas acharam normal. Pensaram: Fulanosestão cá.
A G.N.R. foi extraordinariamente diligente. Em pouco mais de uma hora jásabia onde estava o cão. A rapidez foi facilitada pelo facto de quem levou ocão ter comunicado ao posto mais próximo que tinha «encontrado perdido»um cão com aquelas características.
Dois dias depois o cão estava de volta. Veio amuado, não ligava a ninguém.
- O cão está zangado, não fala connosco, comentou um dos meus filhos.
Era verdade. Durante uns dias o cão não falou. Digo bem: não falou. A falaé muito complicada. Está antes da palavra, como a poesia. E aquele cãofalava. Falava com os seus vários modos de silêncio, falava com os olhos,falava, até, com o rabo, falava com o andar, com as inclinações de cabeça,com o levantar ou baixar as orelhas. Daquela vez calou-se por completo. Nãofalou com nenhum dos seus sinais. Nem sequer com o seu silêncio.
Manuel Alegre, Cão Como Nós, Lisboa,
Publicações Dom Quixote, 2002 (adaptado)
1 perder a tramontana Perder o rumo ou o tino, DESNORTEAR-SE.
2 L.O.P. Sigla de Livro de Origens Português, onde se faz o registogenealógico para a identificação dos animais de raça pura existentes emPortugal.
3 pressuposto n.m. Aquilo que se pressupõe, SUPOSIÇÃO.
4 vislumbrar (conjug. -ar, p.p. vislumbrado) v. Ver de forma pouco clara, acusto, ENTREVER, LOBRIGAR
49.1
Numera as afirmações seguintes, de acordo com a ordem dos acontecimentosnarrados.
Segue o exemplo.
A família foi dar um passeio, enquanto o narrador pescava.
1
Kurika foi recolhido e levado num carro.
O cão voltou amuado, não ligava a ninguém.
Viram-no a ladrar, desorientado, na estrada.
Em pouco tempo a G.N.R. localizou o épagneul-breton.
O automobilista que o levou avisou a G.N.R.
Como Kurika não gostava nada de pesca, afastou-se do dono.
Dois dias depois, o cão foi devolvido à família do narrador.
50. PA-2008-1P-8Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
O texto C é um excerto de um livro que narra vários episódios da vida deuma família que tinha um cão chamado Kurika.
Lê o texto. Consulta as entradas do dicionário para compreenderes o
significado de palavras ou expressões que te sejam menos familiares.
TEXTO C
O cão sabia o sentido, o seu sentido. E nunca se perdia.
Ou por outra. Houve uma vez. Há sempre uma vez. Ainda hoje não é claroo que aconteceu.
Tínhamos ido à praia no fim do Inverno. Eu fui pescar, o resto da famíliafoi dar uma volta pelas redondezas. O cão ficou comigo, mas já se sabe queele desprezava a pesca. Deve ter ido à casa que alugamos no Verão e nãoencontrou ninguém. Procurou no local das barracas e não viu barracas nemfamília.
A G.N.R. disse depois que quem o levou o tinha encontrado na estrada, deum lado para o outro, a ladrar, desorientado. Talvez estivesse, mas nãoperdido. Deve ter sido para ele um cenário de pesadelo: a casa fechada, a
ausência das barracas no sítio onde normalmente elas estão. Como é quequeriam que o cão ficasse? Poder-se-á perguntar por que não voltou para juntode mim. Além de não gostar de pesca é possível que, nesse dia, ele tivesse, por
momentos, perdido o sentido. Ou a tramontana1, chame-se-lhe o que se quiser.Admito que sim. Quem o levou sabia de cães, como veio a confirmar-se. E dasduas uma: ou ficou impressionado com a atarantação de um épagneul-breton
L.O.P.2 (via-se à vista desarmada a alta linhagem do cão) julgando que tinha
sido abandonado ou, partindo embora desse pressuposto3, meteu-o dentro docarro para ver o que a coisa dava. Pelo sim pelo não avisou a G.N.R.
O certo é que o pânico se instalou em toda a família, a começar por mim,
confesso, quando já depois de a noite cair não se vislumbrava4 rasto do cão.Procurou-se por toda a parte, fomos a várias casas onde em diferentes Verõestínhamos estado, corremos os restaurantes, perguntámos aos amigos. Algumaspessoas tinham-no visto na praia. Outras perto da Cabana do Pescador, orestaurante que fica junto à praia. Mas acharam normal. Pensaram: Fulanosestão cá.
A G.N.R. foi extraordinariamente diligente. Em pouco mais de uma hora jásabia onde estava o cão. A rapidez foi facilitada pelo facto de quem levou ocão ter comunicado ao posto mais próximo que tinha «encontrado perdido»um cão com aquelas características.
Dois dias depois o cão estava de volta. Veio amuado, não ligava a ninguém.
- O cão está zangado, não fala connosco, comentou um dos meus filhos.
Era verdade. Durante uns dias o cão não falou. Digo bem: não falou. A falaé muito complicada. Está antes da palavra, como a poesia. E aquele cãofalava. Falava com os seus vários modos de silêncio, falava com os olhos,falava, até, com o rabo, falava com o andar, com as inclinações de cabeça,com o levantar ou baixar as orelhas. Daquela vez calou-se por completo. Nãofalou com nenhum dos seus sinais. Nem sequer com o seu silêncio.
Manuel Alegre, Cão Como Nós, Lisboa,
Publicações Dom Quixote, 2002 (adaptado)
1 perder a tramontana Perder o rumo ou o tino, DESNORTEAR-SE.
2 L.O.P. Sigla de Livro de Origens Português, onde se faz o registogenealógico para a identificação dos animais de raça pura existentes emPortugal.
3 pressuposto n.m. Aquilo que se pressupõe, SUPOSIÇÃO.
4 vislumbrar (conjug. -ar, p.p. vislumbrado) v. Ver de forma pouco clara, acusto, ENTREVER, LOBRIGAR
50.1
A G.N.R. disse depois que quem levou o cão o tinha encontrado na estrada, aandar de um lado para o outro, a ladrar, desorientado.
Assinala com X as duas razões apresentadas pelo narrador para explicar adesorientação do cão.
A casa de Verão fechada
51. PA-2008-1P-9-10Disciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Leitura
O texto C é um excerto de um livro que narra vários episódios da vida deuma família que tinha um cão chamado Kurika.
Lê o texto. Consulta as entradas do dicionário para compreenderes o
significado de palavras ou expressões que te sejam menos familiares.
TEXTO C
O cão sabia o sentido, o seu sentido. E nunca se perdia.
Ou por outra. Houve uma vez. Há sempre uma vez. Ainda hoje não é claroo que aconteceu.
Tínhamos ido à praia no fim do Inverno. Eu fui pescar, o resto da famíliafoi dar uma volta pelas redondezas. O cão ficou comigo, mas já se sabe queele desprezava a pesca. Deve ter ido à casa que alugamos no Verão e nãoencontrou ninguém. Procurou no local das barracas e não viu barracas nemfamília.
A G.N.R. disse depois que quem o levou o tinha encontrado na estrada, de
um lado para o outro, a ladrar, desorientado. Talvez estivesse, mas nãoperdido. Deve ter sido para ele um cenário de pesadelo: a casa fechada, aausência das barracas no sítio onde normalmente elas estão. Como é quequeriam que o cão ficasse? Poder-se-á perguntar por que não voltou para juntode mim. Além de não gostar de pesca é possível que, nesse dia, ele tivesse, por
momentos, perdido o sentido. Ou a tramontana1, chame-se-lhe o que se quiser.Admito que sim. Quem o levou sabia de cães, como veio a confirmar-se. E dasduas uma: ou ficou impressionado com a atarantação de um épagneul-breton
L.O.P.2 (via-se à vista desarmada a alta linhagem do cão) julgando que tinha
sido abandonado ou, partindo embora desse pressuposto3, meteu-o dentro docarro para ver o que a coisa dava. Pelo sim pelo não avisou a G.N.R.
O certo é que o pânico se instalou em toda a família, a começar por mim,
confesso, quando já depois de a noite cair não se vislumbrava4 rasto do cão.Procurou-se por toda a parte, fomos a várias casas onde em diferentes Verõestínhamos estado, corremos os restaurantes, perguntámos aos amigos. Algumaspessoas tinham-no visto na praia. Outras perto da Cabana do Pescador, orestaurante que fica junto à praia. Mas acharam normal. Pensaram: Fulanosestão cá.
A G.N.R. foi extraordinariamente diligente. Em pouco mais de uma hora jásabia onde estava o cão. A rapidez foi facilitada pelo facto de quem levou ocão ter comunicado ao posto mais próximo que tinha «encontrado perdido»um cão com aquelas características.
Dois dias depois o cão estava de volta. Veio amuado, não ligava a ninguém.
- O cão está zangado, não fala connosco, comentou um dos meus filhos.
Era verdade. Durante uns dias o cão não falou. Digo bem: não falou. A falaé muito complicada. Está antes da palavra, como a poesia. E aquele cãofalava. Falava com os seus vários modos de silêncio, falava com os olhos,falava, até, com o rabo, falava com o andar, com as inclinações de cabeça,com o levantar ou baixar as orelhas. Daquela vez calou-se por completo. Nãofalou com nenhum dos seus sinais. Nem sequer com o seu silêncio.
Manuel Alegre, Cão Como Nós, Lisboa,
Publicações Dom Quixote, 2002 (adaptado)
1 perder a tramontana Perder o rumo ou o tino, DESNORTEAR-SE.
2 L.O.P. Sigla de Livro de Origens Português, onde se faz o registogenealógico para a identificação dos animais de raça pura existentes emPortugal.
3 pressuposto n.m. Aquilo que se pressupõe, SUPOSIÇÃO.
4 vislumbrar (conjug. -ar, p.p. vislumbrado) v. Ver de forma pouco clara, acusto, ENTREVER, LOBRIGAR
51.1
O relato dos acontecimentos deixa-nos perceber os sentimentos do dono e dafamília para com o cão.
Transcreve do texto a frase que melhor traduz o estado de espírito de todos osmembros da família quando o cão desapareceu.
51.2
Que comportamento adoptou o cão, nos dias seguintes ao episódio relatado,para
mostrar que estava «zangado»?
Transcreve do último parágrafo do texto quatro das frases que descrevem esse
comportamento.
1________________________________________________________________
2________________________________________________________________
3________________________________________________________________
4________________________________________________________________
52. PA-2008-2PDisciplina Língua Portuguesa (2º Ciclo)Autor Provas de Aferição de Língua Portuguesa (GAVE)Capacidades Expressão Escrita
Vais escrever um texto de 25 linhas.
Conta uma aventura, real ou imaginária, em que tu e o teu animal deestimação sejam os protagonistas, isto é, as personagens principais.
Ao fazeres, na folha de rascunho, o plano do teu texto, não te esqueças de queés o narrador e, ao mesmo tempo, protagonista da história. Não deixes de...
a) indicar quando se deu o episódio que vais contar;
b) descrever, com algum pormenor, o local onde a aventura decorreu;
c) apresentar o teu animal de estimação como a outra personagem principal:como é, o que habitualmente faz, que relação há entre ti e ele...;
d) contar o que aconteceu, o que cada um fez e com que intenção; comoacabou a aventura;
e) organizar a descrição dos diferentes acontecimentos que constituem a«aventura», de maneira a obter uma sequência narrativa bem construída, comprincípio, meio e fim.
Antes de começares a escrever, toma atenção às seguintes instruções:
escreve o texto que te foi pedido;
faz um rascunho do teu texto, a lápis, na folha própria;preenche um mínimo de 20 linhas;dá um título ao texto;revê com cuidado o que escreveste no rascunho e corrige o que acharesque deve ser corrigido;copia o texto para a folha da prova, em letra bem legível, a tinta azul oupreta;se, por acaso, te enganares, risca e escreve de novo. Não uses corrector.
52.1
(título) ________________________________________