Portugues-resumos Maias-livro Inteiro-Ana Filipa Cardoso (1)

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Resumos de “Os Maias” Os Maias são uma narrativa novelesca (intriga)que narra a história de uma familia que se estende ao longo do século XIX: 1ªGeração – Afonso da Maia ,a geração que vive lutas liberais( miguelistas e liberais); 2ª Geração – Pedro da Maia ,a geração romântica que é de certa maneira atormentada pelo movimento cultural do Romantismo; 3ª Geração – Carlos da Maia, a geração que vive o período da regeneração. Capitulo I (1ª parte da Obra – Começa neste capitulo) A história começa no Outono de 1875.Em 1858 monsenhor Buccarini, visitou o Ramalhete com intenção de o comprar,mas acabou por desistir da ideia,pois a renda era muito alta para a casa que era.Afonso da Maia decidiu vir habitar o Ramalhete,que estava desabitado e servia apenas para guardar as mobilias do palacete de Benfica que tinha sido comprado por um brasileiro.Também se vendeu a outra propriedade,a Tojeira. Depois da Regeneração,os Maias foram para a sua Quinta de Santa Olávia. Os Maias eram : Familia antiga da beira; Pouco numerosa; Agora estava reduzida a apenas dois varões : Afonso da Maia,um velho quase antepassado(patriarca da familia) e seu neto Carlos da Maia,que estudava medicina em Coimbra. Afonso da Maia,decidiu vir para Lisboa,e habitar o Ramalhete, pois seu neto,era um rapaz de gostos e de luxos e que depois de formado não queria viver nos penhascos do Douro.Então,Afonso decidiu remodelar o Ramalhete. Vilaça(administrador dos Maias) escreveu uma carta para Afonso,dizendo todos os incovenientes que aquela casa tinha, entre os quais: Necessitava de tantas obras e de tantas despesas; Faltava um jardim; E segundo uma lenda,as paredes do Ramalhete eram sempre fatais aos Maias.

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Resumos de “Os Maias”

Os Maias são uma narrativa novelesca (intriga)que narra a história de uma familia que se estende ao longo do século XIX: 1ªGeração – Afonso da Maia,a geração que vive lutas liberais( miguelistas e liberais); 2ª Geração – Pedro da Maia,a geração romântica que é de certa maneira atormentada pelo movimento cultural do Romantismo; 3ª Geração – Carlos da Maia, a geração que vive o período da regeneração.

Capitulo I

(1ª parte da Obra – Começa neste capitulo)

A história começa no Outono de 1875.Em 1858 monsenhor Buccarini, visitou o Ramalhete com intenção de o comprar,mas acabou por desistir da ideia,pois a renda era muito alta para a casa que era.Afonso da Maia decidiu vir habitar o Ramalhete,que estava desabitado e servia apenas para guardar as mobilias do palacete de Benfica que tinha sido comprado por um brasileiro.Também se vendeu a outra propriedade,a Tojeira. Depois da Regeneração,os Maias foram para a sua Quinta de Santa Olávia.

Os Maias eram :

Familia antiga da beira; Pouco numerosa;

Agora estava reduzida a apenas dois varões : Afonso da Maia,um velho quase antepassado(patriarca da familia) e seu neto Carlos da Maia,que estudava medicina em Coimbra.

Afonso da Maia,decidiu vir para Lisboa,e habitar o Ramalhete, pois seu neto,era um rapaz de gostos e de luxos e que depois de formado não queria viver nos penhascos do Douro.Então,Afonso decidiu remodelar o Ramalhete.

Vilaça(administrador dos Maias) escreveu uma carta para Afonso,dizendo todos os incovenientes que aquela casa tinha, entre os quais:

Necessitava de tantas obras e de tantas despesas; Faltava um jardim; E segundo uma lenda,as paredes do Ramalhete eram sempre fatais aos

Maias.

Mas Afonso,riu-se da carta e mandou reconstituir o Ramalhete, e as obras começaram logo sob a vigia de Esteves. Pouco tempo depois,apareceu Carlos com um decorador inglês,e que acabou por ser ele a reconstituir/decorar a casa.

Ao fim de um ano,do antigo Ramalhete só restava a fachada tristonha que Afonso não quis q fosse alterada,pois fazia parte da fisionomia da casa.

O ramalhete era constituido por:

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Um pátio que estava resplandescente, com pavimento quadrilhado de mármores brancos e vermelhos,com plantas e bancos feudais que tinham vindo de Espanha.

Na antecâmara,havia divãs cobertos de tapetes persas,largos pratos mouriscos com reflexos metalicos de cobre,com uma figura de uma rapariga friorenta.

Da antecâmara dava para um amplo corredor,ornado com as peças ricas de Benfica,jarrões da India e antigos quadros devotos.As melhores salas do Ramalhete,abriam para o corredor.

No salão nobre,que era raro ser usado,era todo em tons de musgo,onde havia o retrato da sogra de Afonso.

Um sala mais pequena,ao lado do salão,era onde se fazia música. Tinha um ar velho com moveis enramalhetados de ouro,com tapeçarias.

Defronte da sala,era o bilhar,forrado com couro moderno. Ao lado do bilhar,era o “fumoir”, a sala mais cómoda do Ramalhete.Era

alegrado pelas cores de velhas faianças e aconchegado pelo quente e sombrio dos estofos escarlates.

Ao fundo do corredor ficava o escritório de Afonso,revestido de damascos vermelhos. Tinha uma mesa de pau-preto,estantes baixas.

Ao lado do fogão,havia um espaço para Afonso, com um biombo e uma cadeira de braços.

No corredor do segundo andar,estavam os quartos de Afonso . Os quartos de Carlos,eram dispostos em diferentes angulos da casa: eram

três gabinetes a seguir,sem portas unidos pelo mesmo tapete. O terraço comunicava com três portas envidraçadas com o escritório.

O que desconsolou Afonso foi a vista do terraço, que antigamente dava para ver o mar. Agora,com as construções que foram feitas,só ve via uma estreita tira de água.

Afonso era um pouco baixo,maciço,de ombros quadrados e fortes e com a sua face larga de nariz aquilino,tinha uma pele corada,quase vermelha, o cabelo branco cortado à escovinha e a barba de neve aguda e longa.Amava os seus livros,o aconchego da sua poltrona,o seu whist ao canto do fogão.Agora já velho,as genorisidades do seu coração iam sendo cada vez mais largas e profundas.Deu parte dos seus rendimentos a caridades e cada vez amava mais o podre e o fraco. Em Santa Olávia, as crianças corriam para ele.Tinha um fiel companheiro, que era um gato pesado e branco com malhas louras. Chamava-se “Bonifácio” quando nasceu; quando chegou à idade da caça e do amor era o “D.Bonifácio de Calatrava”; e agora dorminhoco e obeso, é o “Reverendo Bonifácio”.

Outrora,Afonso tinha sido um apoiante do Liberalismo ao contrário de seu pai que era Absolutista. Por esta razão,Afonso foi expulso de casa e o seu pai limitou-se a oferecer-lhe a Quinta da Santa Olávia (por influência da mãe).

Pouco tempo depois,voltou a casa dos pais,em Benfica, e pediu dinheiro ao pai para ir para Inglaterra. O pai deixou-o e ele ficou por lá alguns anos,tendo sido obrigado a regressar,pois seu pai tinha falecido.

Foi então que conheceu D.Maria Eduarda Runa,que era morena e um pouco adoentada.Casaram-se e tiveram um filho,Pedro.

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A viver em Benfica,certa noite, a policia invadiu a sua casa à procura de papeis e armas escondidas,acabando por nada encontrar. Daí a semanas,Afonso parte com a sua mulher e filho, para Inglaterra(exilio).

Aí viveu,com grandes luxos. Meses depois sua mãe morreu,e a tia Fanny foi viver com eles.

Eram todos felizes,mas porém a sua mulher, tinha fraca saúde e era uma católica devota,tinha saudades do sol de Lisboa e não se conseguiu habituar ao Protestantismo. Odiando tudo o que era inglês, não deixou que Pedro fosse estudar para um colégio protestante,mesmo depois de Afonso lhe mostrar que se tratava de um colégio católico.

Foi então que M.ª Eduarda,mandou vir de Lisboa o Padre Vasques, que lhe dava uma educação demasiado tradicional e centrada da Religião. Afonso por vezes revoltava-se e levava o filho a passar,constatando que este,de tal modo habituado à protecção da mãe e das criadas,até tinha medo das árvores,do vento e das sombras. Visto que a mulher estava a adoecer,Afonso por mais que lhe custasse,não se atrevia na contrariar a sua amada mulher.

Com a morte da tia Fanny,M.ª Eduarda ficou ainda mais triste, o que obrigou Afonso a ter de voltar para Benfica.

M.ª Eduarda ía ficando cada vez mais doente,acabando mesmo por falecer, o que causou um enorme desgosto em Pedro,que era muito chegado à sua mãe.

Pedro começou a beber para esquecer a morte de sua mãe,mas como isso não fazia parte da sua educação, durou pouco tempo essa sua vida boémia.Ao fim de um ano,voltaram de novo os dias melancólicos ou sob uma árvore todo estirado de bruços.

Afonso da Maia preferia vê-lo bebado,exausto do que com o ar de velho a ir para a campa de sua mãe.

Um dia,estava ele no Marrare,viu parar uma caleche azul onde vinha um velho baixote de barba muito grisalha talhado por baixo do queixo – Manuel Monforte.

Atrás desse homem,vem uma linda jovem loira de olhos azuis com um perfil grave de estátua. – Maria Monforte.

Pedro apaixonou-se perdidamente,mas como não a conhecia pediu informações ao seu amigo Alencar. Alencar começou por lhe dizer que Manuel Monforte era dos Açores e que tinha morto uma pessoa o que o obrigou a fugir a bordo de um brigue americano. Quando toda a Lisboa soube do sucedido,começaram a apelida-los de “negreiros”.

A familia Monforte acabou por se mudar para Arroios,e Pedro e Maria acabaram por começar a namorar.

Afonso desconfiava,mas de nada sabia,até que um dia que um dos seus amigos lhe contara que tinha visto Pedro e Maria passeando de cavalo,e contaram-lhe também da facada nos Açores de Manuel Monforte. Afonso pensava que ela era amante de

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Pedro,e por isso nem se importou. Mas Vilaça acabou por lhe dizer,que ela era solteira e que não era amante de Pedro mas sim,namorda.

No verão, Pedro partiu para Sintra,onde os Monfortes tinham alugado uma casa.Dias depois,Vilaça contou a Afonso que Pedro havia visitá-lo para pedir informações sobre as suas propriedades,sobre o meio de levantar dinheiro. Afonso desdramatizou,dizendo que ele poderia só querer dar um presente à sua amada.

Certo dia,Pedro visita seu pai e disse-lhe que vinha pedir licença para casar com Maria. Afonso,não acentiu dizendo que era filha de um assassino e que este o queria fazer corar de vergonha. Pedro acabou por sair de casa dizendo ao pai para este ter a certeza que se ia casar com Maria. Dois dias depois,Maria e Pedro casaram-se às escondidas e partiram para Itália,deixando Afonso sozinho e desgostoso com a atitude do seu filho.Daí por diante, o nome de Pedro não foi pronunciado durante muitos anos naquela casa.

Capitulo II

Pedro e Maria mudaram-se para Itália.Mas Maria suspirava por Paris,e daí a pouco tempo, mudaram-se para lá,até Maria aparecer grávida. Nessa altura resolveram voltar para Lisboa,mas antes de o fazerem,Pedro escreveu a seu pai,Afonso da Maia,anunciando o seu regresso ao Ramalhete e o nascimento do seu primeiro neto,com esperança que Afonso o perdoasse e os recebesse como familia.Contudo quando chegaram a Lisboa,Afonso tinha partido dois dias antes para Sta. Olávia,o que fez com que Pedro ficasse desfeito,o que provocou entre o pai e o filho uma grande separação.

Quando nasceu sua filha,Maria Eduarda, Pedro não comunicou a Afonso tal ocorrencia pois estava magoado com a atitude de Afonso.Para comemorar o primeiro aniversário de Maria Eduarda,realizou-se um baile na casa de Arroios,que agora era habitada por eles.Pedro começou a ficar farto de tanto luxo e de festa.

Em Arroios não se falava de Afonso da Maia,mas por vezes Pedro perguntava a Vilaça se o seu pai ia bem,a que este respondia “está optimo,e tinha imensos hospedes : Sequeira,André da Ega,D.Diogo Coutinho…”.

Maria acabou por ter outro filho,e Pedro considera a hipotese de comunicar tal facto ao seu pai,como maneira de se reconciliar com este e resolve ir a Sta Olávia apresentar os seus dois filhos.Pedro quis dar ao pequeno o nome de Afonso,mas Maria não consentiu e deu-lhe o nome de Carlos Eduardo por ser um principe do livro que ela andava a ler.Contudo essa visita foi adiada pois Pedro durante uma caçada com os amigos,feriu acidentalmente um principe italiano,Tancredo.Por isso,Tancredo ficou instalado em casa de Pedro da Maia o tempo suficiente para Maria e este se apaixonarem sem que ninguém desse conta. Certo dia,Pedro descobre que ambos fugiram e que levaram eles a sua filha,Maria Eduarda.

Pedro decide procurar consolo junto do seu pai,que o acolheu bem como ao seu neto,Carlos, na sua casa de Benfica para onde se tinha mudado recentemente.Ao inicio Afonso pensara que Maria tivera morrido,até que Pedro lhe contou o que se tinha sucedido.Nesse mesmo dia,ao anoitecer,Pedro suicida-se no seu quarto e Afonso decide fechar a casa de Benfica e voltar com o seu neto para a quinta de Sta. Olávia.

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A morte de Pedro matou espiritualmente Afonso da Maia,e o que o mantia vivo era somente seu neto,Carlos Eduardo.

Capitulo III

Vilaça visita o procurador dos Maias em Sta Olávia,para grande alegria de Carlos.

A educação de Carlos é muito liberal,com um professor inglês – Sr. Brown- que dá primazia ao exercicio fisico e a regras duras que Afonso impõe ao neto. A educação de Carlos é totalmente diferente da educação “tipica de Portugal”.

Vilaça não concorda com este tipo de educação,pois acha que não é assim que se deve educar um “fidalgo português”.

O padre Custódio também partilhava da mesma opinião que Vilaça,achando horroros que naquela um tão lindo moço,herdeiro de uma casa tão grande,com responsabilidades,não soubesse a sua doutrina.

-As silveirinhas :

D,Ana Silveira – era a solteira e mais velha de todas as Silveirinhas.

D. Eugénia – uma viuva,pachorrenta e agradavel senhora.Tinha dois filhos : Teresinha e Eusébiozinho.

Terezinha – primeira namorada de Carlos.

Eusébiozinho – oposto de Carlos,um rapaz muito frágil,timido,medroso e estudioso.

Delgado – docil e fiel amigo,durante cinco anos ponderou casar com D.Eugénia,acabando por nunca se decidir.

D.Ana detestava ver a sua sobrinha a brincar com Carlos,pois ele era um rapaz sem qualquer doutrinha e muito bruto,que acaba sempre por a magoar.

D.Ana, na tentativa de mostrar que Eusebiozinho era mais esperto que Carlos,obrigou-o a recitar uns versos de um certo poema que este aprendera.

Certo dia,como Carlos não gostava de Eusebiozinho,quando este se preparava para desfilar na procissão vestido de anjo,Carlos corta-lhe o “vestido” em ripas e estraga-lhe as asas de anjo,deixando Afonso fora de si.

Vilaça comunica a Afonso noticias de Maria de Monforte que Alencar lhe tivera contado aquando a sua estadia em Paris.

Afonso queria muito retirar a filha a Maria,pagando mesmo a policias secretas de Paris,de Londres,de Madrid.

Na carta que Vilaça tivera pedido a Alencar para escrever,lá dizia que Maria de Monforte tinha mudado o seu nome para Madame de l’Estorade,que esta tinha vivido 3 anos na Austria com Tancredo e que mais tarde se mudaram para o Monaco,onde Tancredo foi morto,tal como o Papá Monforte.Passado uns tempos,vem habitar para Paris onde conhece Mr. De l’Estorade,que a abandona. Ela pobre,formosa,excessiva e doida acaba por se tornar numa prostituta.

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Passado uns tempos,Afonso recebe uma carta de Vilaça com a morada de Monforte e acrescentou também que este de novo com Alencar que lhe contou que quando estava em Paris,foi a casa de Maria e avistou um lindo quadro a que Maria lhe disse que era a sua filha que tinha morrido em Londres.

Dois dias depois,Vilaça morre.

(o Administrador passa a ser o filho de Vilaça, Manuel Vilaça)

Alguns anos depois,Carlos faz o exame triunfal de candidatura à universidade.

A EDUCAÇÃO

Confronto entre a educação tradicional e inglesa

Tradicional Inglesa

Ensino da Cartilha

O latim : língua morta

A religião

Valorização da memória

Conhecimentos teóricos

Educação muito retrógada

Saúde débil,pois não faziam desporto

Influência feminina (beatas)

Ensino da ginástica

O inglês : língua viva

Saber viver a vida

Corpo são

Contacto com a natureza

Rigor,método e ordem

Desvalorização da educação religiosa

Brincadeiras

Consequencias imediatas dessa educação

Eusebiozinho Carlos

Bacherelato em Direito

Desembargador

Isolamento,inveja,cobardia

Decadência física e moral

Formatura em Medicina

Médico

Abertura,convivência

Estatuto priveligiado no espaço social em que se move

Elegância e destreza

Consequências posteriores

Eusebiozinho Carlos

Falhanço Educação deficiente para o meio

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Corrupção

Prostituição

social em que se move

Diletantismo

Romântico

Imoralidade( incesto)

DEFENSORES DA EDUCAÇÃO TRADICIONAL

Vilaça

Abade Custóido

Irmãs Silveira

Padre Vasques

Mª Eduarda Runa

OPONENTES (DEFENSORES DA EDUCAÇÃO INGLESA)

Afonso da Maia

Mr. Brown

Capitulo IV

Carlos descobre a sua vocação para Medicina e matriculou-se na Universidade de Coimbra. Para que nada o perturbe, Afonso oferece-lhe uma casa em Celas – Paços de Cela. A vida que Carlos leva em Paços de Cela é tudo menos calma. Este exerce um tipo de vida quase boémico,sempre rodeado de amigos com ideia filosóficas e liberais.É muito amigo de João da Ega,que estudava direito e era sobrinho de André da Ega,amigo de infância de Afonso.

Pela altura da formatura de Carlos,da-se uma grande festa na sua casa de Celas, e parte pouco depois numa viagem pela Europa.

Finda essa viagem,Afonso espera-o no Ramalhete,onde se iriam instalar, pois Carlos iria montar o seu consultório e laboratório em Lisboa,que foram montados num andar do Rossio e num armazém,ao pé do Largo das Necessidades,respectivamente.(fim da analepse).

Carlos recebeu com muita alegria o seu grande amigo Ega,que tinha chegado da Foz,e este anuncia-lhe que vai publicar o seu livro “Memórias de um Átomo”. Este livro falava da história da vida de um atomo que viveu desde o inicio da Terra até aos tempos de hoje.

Ega conta-lhe que estava apaixonado por Madame Cohen ( Raquel Cohen),uma judia,mulher do directo do Banco Nacional,de quem Ega não gostava nada.

Carlos conta-lhe quem andava pelo Ramalhete :

D.Diogo ; Sequeira; Steinbroken (ministro da Finlândia); Taveira(empregado) ;

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Cruges (maestro,pianista); Marquês Souselas; Silveirinha,que tinha enviuvado na Madeira; E não haviam mulheres,somente a viscondessa.

Ega fala-lhe de Craft,um rapaz extraordinário chegado da Suécia.

Capitulo V

No escritorio de Afonso,no Ramalhete,inicia-se uma festa que contava com a presença de D.Diogo,do general Sequeira,do Cruges,do Eusébio e do conde Steinbroken.Eusébio pertencia ao Centro Progressista tal como Vilaça.

O negocio da clinica de Carlos começava a ter alguma popularidade,devido ao sucesso do caso de Marcelina.

Já fazia algum tempo que ninguém via Ega,quando Carlos o vê em S.Bento,onde Carlos desvenda o mistério do seu desaparecimento : estava apaixonado por Raquel Cohen,que era infelizmente casada. Era adorada por Taveira e odiada por Cruges.Entretanto Ega mostra-lhe um pedaço do seu livro,em que a personagem feminina,no entender de Carlos,era Raquel. Carlos achou esta pequena amostra “ardente”.Durante o resto da conversa,Ega propõe a Carlos conhecer a familia Gouvarinho,que o desejavam conhecer,principalmente a condessa.Carlos acaba por aceitar.

Após o encontro com estes amigos de Ega durante uma ópera,Carlos não parava de pensar na Condessa Gouvarinho,que por sua vez se mostrou interessada em Carlos,estava apaixonado!

Capitulo VI

Carlos tenciona fazer uma visita a Ega de surpresa,na Vila Balizar, mas tem muitas dificuldades em encontrar e quando finalmente chega ao local, não estava ninguém em casa para o receber.Ao encontrar Ega, dias mais tarde, este mostra-se indignado com o sucedido e combinam a visita à sua casa,Vila Balzac.Carlos foi muito bem recebido, com o pagem à porta, muito champanhe e Ega mostra-lhe a sua casa. Muito exuberante e decorada tal qual o temperamento do proprietário Ega convida-se para jantar com Carlos e quando se prepara para sair, falam sobre a Gouvarinho e sobre o súbito desinteresse de Carlos pela senhora, após uma grande atracção. Esta atitude de Carlos para com as mulheres, era frequente e os dois conversam sobre o assunto.Ega organiza um jantar no Hotel Central em honra de Cohen.

Neste jantar, desfilam as principais figuras proporcionando a Carlos um primeiro contacto com o meio social lisboeta. Este jantar, pretende homenagear o banqueiro J. Cohen; apresentar a visão crítica de alguns problemas; e proporcionar a Carlos a visão de Maria Eduarda.

Discute-se, neste jantar, a Literatura e a crítica literária, em que Tomás de Alencar, opositor do realismo/naturalismo, revela incoerência condenando no presente, o que cantara no passado. Refugia-se na moral por não ter mais argumentos. Acha o realismo/naturalismo imoral. É um desfasado do seu tempo, defende a crítica literária de natureza académica. Este opõe-se a João da Ega,

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defensor da escola realista/naturalista. Ega exagera e defende o cientificismo na literatura. Não distingue ciência e literatura.

Nesta discussão entram também, Carlos e Craft, recusando simultaneamente o ultra-romantismo de Alencar e o exagero de Ega. Craft defende a arte como idealização do que de melhor há na natureza, defende a arte pela arte. O narrador concorda com ambos.

As finanças são também um tema debatido neste jantar. O país tem necessidade dos empréstimos ao estrangeiro. Cohen demonstra o seu calculismo cínico quando, ao ter responsabilidades pelo seu cargo, afirma que o país vai direitinho para a banca rota.

Outro tema também focado é a história e a política, cujos intervenientes são Ega e Alencar. O primeiro, aplaude as afirmações de Cohen, defende uma catástrofe nacional como forma de acordar o país. Afirma que a raça portuguesa é a mais covarde e miserável da Europa. Aplaude a instalação da república e a invasão espanhola. Alencar, por sua vez, teme a invasão espanhola e defende o romantismo político, esquecendo o adormecimento geral do país.

Cohen afirma que Ega é um exagerado e que nas camadas políticas ainda há gente séria. Dâmaso diz que se acontece-se a invasão espanhola fugiria para Paris.

Deste jantar sobressai a falta de personalidade de Ega e Alencar, que mudam de opinião quando Cohen quer (saliente-se que Ega era amante da sua esposa), e de Dâmaso, que foge de tudo. Sobressai, também, a falta de cultura e civismo (Ega e Alencar quase chegam a vias de facto), que domina as classes mais destacadas, excepto Carlos e Craft

EPISODIO DO JANTAR NO HOTEL CENTRAL

Neste jantar, Ega pretende homenagear Cohen, o marido de Raquel, a quem Ega estava apaixonado e com a qual mantinha uma relação. Em roda da mesa surgiram assuntos do foro literário e politico que permitem ter uma noção da situação de Portugal.

Literário: Alencar defende o Ultra-Romantismo enquanto que Ega o Realismo/Naturalismo (mostra uma sociedade dominada por valores tradicionais, que se opõe a uma nova geração, a geração de 70 representada por Ega). Este defende exageradamente a inserção da ciência na literatura.

Político: Ega crítica a decadência do país e afirma desejar a bancarrota e a invasão espanhola.

A maneira de ser português revelada, através das visões de Carlos (começa por pensar, a propósito da mouraria, que "esse mundo de fadistas, de faias" merecia um estudo, um romance) e de Craft, que fica impassível perante a feroz discussão entre Alencar e Ega (a propósito de um verso "o homem da ideia nova", o paladino do Realismo), discussão que quase termina em agressão física, reconhecendo que "a torpeza do Alencar sobre a irmã do outro fazia parte dos costumes de crítica em Portugal", até porque sabia que "a reconciliação não tardaria, ardente e com abraços".

Provocando Sousa Neto, Ega percebe que este nada sabe do socialismo e não é capaz de um diálogo consequente

TEMAS TRATADOS

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A literatura e a crítica literária

 

 

Finanças

 

A bancarrota é um dos assuntos polémicos, que critica de forma irónica o país

(pág.165,166). Identificámos como principais interveniente e que geram uma

maior desordem (neste assunto), João da Ega e Cohen.

 

História política

 

 

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Segundo Ega, uma invasão seria a solução para a bancarrota e deste modo

Portugal sairia revolucionado.

ASPECTOS CRITICADOS

Naturalismo/Realismo

 

Tomás de Alencar fora o principal e mais contínuo crítico deste tema. Vejamos

algumas dessas críticas:

designa o realismo/naturalismo por: “literatura «latrinária»”;

“excremento”; “pústula, pus”;

culpabiliza o naturalismo de publicar “rudes análises” que se

apoderam “da Igreja, da Burocracia, da Finança, de todas as coisas

santas dissecando-as brutalmente e mostrando-lhes a lesão”(pág.

162), e deste modo destrói a velhice de românticos com ele;

acusa o naturalismo de ser uma ameaça ao pudor social (pág.163);

critica os verso de Craveiro e acusa-o de plágio, pois “numa simples

estrofe dois erros de gramática, um verso errado, e uma imagem

roubada de Baudelaire!”(pág.172/174).

Carlos da Maia considera que “o mais intolerável no realismo era os seus grandes

ares científicos” (pág.164) e Ega apesar de defender o realismo concordava com

esta crítica;

Craft desaprova o realismo, pelo facto de estatelar a realidade feia das coisas

num livro;

Finanças

Este assunto espelha a crise financeira que o país passava nesta época (séc.XII).

Eça descreve-o de forma irónica através de Cohen, o representante das Finanças

ao afirmar que os “empréstimos em Portugal constituíam uma das fontes de

receita, tão regular, tão indispensável, tão sabida como o imposto”, aliás era

«cobrar o imposto» e «fazer o empréstimo» a única ocupação dos ministérios

(pág.165).    

Desta forma concordavam que assim o país iria “alegremente e lindamente para

a bancarrota”. No entanto, Ega não aceitara baixar os braços e logo dera a

solução revolucionária para o problema de finanças que o país atravessava – a

invasão espanhola!

História Politica

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Dada a sugestão perfeita para a bancarrota, Ega delira com a ideia e pretende

“varrer a monarquia” e o “crasso pessoal do constitucionalismo”.

A invasão espanhola leva Ega a criticar a raça portuguesa, afirma que esta é a

mais covarde e miserável da Europa, “Lisboa é Portugal! Fora de Lisboa não há

nada.” (pág.170) todos iriam fugir quando se encontrassem perante um soldado

espanhol (pág. 169). A sociedade tinha receio de perder a independência, mas só

uma sociedade tão estúpida como a do Primeiro de Dezembro pensaria que a

invasão traria esta consequência.

Ega é a principal personagem que satiriza a história política, e isso pode ser

confirmado ao longo das conversas em que Ega discute este tema.

Capitulo VII

Depois do almoço, Afonso e Craft jogam uma partida de xadrez. Carlos tem poucos doentes e vai trabalhando no seu livro. Dâmaso à semelhança de Craft, torna-se íntimo da casa dos Maias, seguindo Carlos para todo o lado e procurando imitá-lo. Ega anda ocupado com a organização de um baile de mascaras na casa dos Cohen. Carlos, na companhia de Steinbroken em direcção ao Aterro, vê, pela segunda vez, Maria Eduarda acompanhada do marido. Carlos desloca-se várias vezes, durante a semana, ao Aterro na esperança de ver novamente Maria Eduarda. A condessa Gouvarinho, com a desculpa que a filha se encontrava doente, procura Carlos no consultório. Ao serão no Ramalhete, joga-se dominó, ouve-se música e conversa-se. Carlos convida Gruges a ir a Sintra no dia seguinte, pois tomara conhecimento, por intermédio de Taveira, que Maria Eduarda aí se encontrava na companhia de seu marido e de Dâmaso.

Capitulo VIII

Neste capítulo, Carlos da Maia e o seu bom amigo, o maestro Cruges, vão de visita a Sintra. A ideia é de Carlos que arrasta o seu amigo nessa viagem. Cruges, que já não visitava Sintra desde os 9 anos, acaba por ficar rendido à ideia e prepara-se para desfrutar do passeio. Esta viagem tem o propósito escondido por Carlos, de procurar um encontro fortuito com Maria Eduarda, que ele julgava em Sintra. Após algumas horas de viagem de break, chegam a Sintra e logo se vão instalar no Hotel Nunes, por sugestão de Carlos, que temeu que ao instalarem-se no Lawrence’s Hotel, se cruzassem de imediato com Maria Eduarda, perdendo o seu encontro aquele efeito de casualidade que ele lhe procurava empregar. Aí encontram o amigo Eusebiozinho, acompanhado por um amigo, Palma “Cavalão”, e duas senhoras espanholas, acompanhantes de ambos(prostitutas). Após um pequeno episódio cómico, em que uma das espanholas se enfureceu, Carlos e Cruges, partem num pequeno passeio pedestre para visitar Seteais. Pelo caminho encontram outro amigo, Alencar, o poeta, vindo justamente de Seteais, mas que fez questão de os acompanhar lá, fazendo aquele caminho pela segunda vez nesse dia. Chegados a Seteais, Cruges, que não conhecia o local, ficou desapontado quando verificou o estado de abandono em que se encontrava a construção. Depressa Alencar o fez pensar doutro modo, ao apontar-lhe os pequenos pormenores do local e a beleza da vista. De volta ao casario, passaram pelo Lawrence e foram ver, por

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breves instantes, o Paço e o seu Palácio, após o que voltaram ao e se sentaram a tomar um cognac. Carlos já informado sobre o destino de Maria Eduarda, que havia deixado Sintra na véspera, depressa quis voltar para Lisboa. Resolveram jantar no Lawrence, para evitarem o amigo Eusebiozinho e sua trupe. No entanto, como tiveram de ir ao Nunes para pagar a conta, lá acabaram por encontrar o amigo de quem depressa se despediram. De volta ao Lawrence, onde Alencar os esperava para o jantar especial de bacalhau, preparado pelo próprio, mercê de especial favor da cozinheira, iniciaram-se no belo repasto, que só acabou já passava das oito. Depois do jantar lá se sentaram no break de volta a Lisboa, dando boleia a Alencar que também estava de partida. Já há muito haviam passado São Pedro, quando Cruges se lembrou de repente da promessa que havia feita a sua mãe, e agora ficava por cumprir: esquecera-se das queijadas!

Capitulo IX

Já no Ramalhete, no final da semana, Carlos recebe uma carta a convidá-lo a jantar no Sábado seguinte nos Gouvarinhos; entretanto, chega Ega, preocupado em arranjar uma espada conveniente para o fato que leva nessa noite ao baile dos Cohen. Dâmaso também aparece de repente, pedindo a Carlos para ver um doente “daquela gente brasileira”, i.e., os Castro Gomes. É a menina, visto que os pais haviam partido essa manhã para Queluz. Chega ao Hotel, mas a pequena, chamada Rosicler, não teve mais que um mal-estar passageiro. Carlos dá uma receita a Miss Sara, a governanta.

10 horas da noite: ao preparar-se para o baile, aparece o Mefistófeles Ega a Carlos, dizendo que o Cohen o expulsara (ao que parece, descobrira as cartas de Raquel e Ega). Vão a casa do Craft pedir conselho sobre o “provável” duelo. Ceiam.

No dia seguinte, nada acontece, excepto a vinda da criada de Raquel Cohen, anunciando que ela tinha sido espancada pelo seu marido e que partiam para Inglaterra. Ega dorme nessa noite no Ramalhete. 

Na semana seguinte, só se ouve falar do Ega e do mau-carácter que ele é. “Todos caem-lhe em cima” (p.289). Ega decide então partir para Celorico devido a esses comentários sobre o seu caso com a Cohen.Carlos vai progressivamente ficando íntimo dos Gouvarinhos. Visita a Gouvarinho e dá-lhe um tremendo beijo (p.297), mesmo antes da chegada do conde Gouvarinho.

Capitulo X

Passam-se 3 semanas. Carlos sai de um coupé, onde acabara de estar com a Gouvarinho. Nota-se que já estava farto dessas 3 semanas e que se quer ver livre da Gouvarinho. Encontra o marquês pela rua, constipado. Fugazmente, vê Rosicler acenando de um coupé adiante do Grémio.

No fim de ver passar o coupé, Carlos e o marquês dirigem-se ao Ramalhete; Maia,

pelo caminho, vai traçando um plano para se encontrar com Maria Eduarda.

Chegando ao Ramalhete juntam-se todos.

Durante o jantar Carlos vai contar o seu plano para conhecer Castro Gomes a

Dâmaso: este levá-los-ia até aos Olivais para lhe mostrar a colecção de Craft e em

seguida jantariam no Ramalhete.

Depois do sarau no Ramalhete, chega o dia das corridas. Carlos vai ao hipódromo

na esperança de ver Maria Eduarda, mas fica desiludido pois ela não aparece.

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É Domingo, um dia quente com o céu azul, no Hipódromo Carlos fala com a sua

velha amiga D.Maria da Cunha e conhece Clifford, que era o dono do cavalo que

tinha mais expectativas de ganhar e foi por causa dele que as corridas foram

antecipadas.

Entretanto, a Gouvarinho diz a Carlos que seu pai faz anos e ela tem de ir ao

Norte. Combina então com ele para se encontrarem na estação e seguirem juntos

no comboio ate Santarém onde passariam a noite juntos; depois, ela seguiria até

ao Porto e ele regressava a Lisboa. Carlos hesita.

Carlos, para animar as corridas, decide apostar e, surpreendentemente, acaba por

ganhar muito dinheiro.

Entretanto, Carlos vai falar com Dâmaso. Este conta-lhe que Castro Gomes partiu

para o Brasil e que Maria Eduarda está num apartamento no prédio do Cruges.

Em seguida, Carlos arranja a desculpa de querer falar com Cruges para ver Maria

Eduarda. Mas, quando chega, ao prédio, felizmente, a criada diz que Cruges não

está; Carlos acaba também por não ver Maria Eduarda.

Já no Ramalhete,Carlos recebe uma carta de Maria Eduarda a pedir-lhe para

consultar “uma pessoa de familia”.

QUESTÕES SOCIAIS RETRATADAS

Os objectivos deste episódio são: o contacto de Carlos com a alta sociedade

lisboeta, incluindo o Rei; uma visão panorâmica desta sociedade sobre o olhar

critico de Carlos; tentativa frustrada de igualar Lisboa ás demais capitais

europeias; denunciar o cosmopolitismo postiço da sociedade.

A visão caricatural é dada pelo espaço do Hipódromo: parecendo um arraial; as

pessoas não sabiam ocupar os seus lugares e as senhoras traziam vestidos de

missa. O buffett tinha um aspecto nojento. As corridas terminaram grotescamente

e a primeira corrida terminou mesmo numa cena de pancadaria.

Ressaltamos deste episódio o fracasso dos objectivos das corridas, o atraso da

sociedade lisboeta e a sua falta de civismo.

É uma sátira ao desejo de imitar o que se faz no estrangeiro, por um esforço de cosmopolitismo, e ao provincianismo do acontecimento. As corridas de cavalos permitem apreciar de forma irónica e caricatural uma sociedade que vive de aparências.

O comportamento da assistência feminina é naturalmente caricaturado. A conformidade do vestuário à ocasião parece não ser a melhor e acaba por traduzir a falta de gosto e, sobretudo, o ridículo de uma situação que se pretende requintada sem o ser.

As corridas servem, para Eça, criticar a mentalidade e o comportamento da alta burguesia:

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O aborrecimento, motivado pelo facto das pessoas não revelarem qualquer interesse pelo evento.

A desordem, originada pelo jóquei que montava o cavalo "Júpiter" e que insultava Mendonça, o juiz das corridas, pois considerava ter perdido injustamente em detrimento do Pinheiro, que montara o Escocês e que obtivera a vitória por ser íntimo de Mendonça. Tomava-se partido, havia insultos, até que Vargas resolveu com um encontrão para os lados desafiar o jóquei – foi, então, que se ouviu uma série de expressões como "Morra" e "Ordem", se viram chapéus pelo ar, se ouviam baques surdos de murros.

Capitulo XI

Carlos vai visitar a Castro Gomes, i.e., Maria Eduarda. É a governanta, Miss Sara, que está doente.). Examina Miss Sara.Falando com Maria Eduarda, descobre que é portuguesa, não brasileira. “Até amanhã!” é agora no que Carlos só pensa; um recado da Gouvarinho indispõe-no. Começa a “odiá-la”. Por sorte, o Gouvarinho decidiu à última da hora ir com a mulher para o Porto, o que convém muito a Carlos, assim como a morte de um tio de Dâmaso em Penafiel, deixando-lhes os “entraves” fora de Lisboa.

Nas semanas seguintes, Carlos vai-se familiarizando com Maria Eduarda, graças à doença de Miss Sara. Falam ambos das suas vidas e dos seus conhecidos. Dâmaso volta de Penafiel; visita Maria Eduarda que o acha “insuportável” e que conhece o seu tio Guimarães.“Niniche”, aninhada no colo de Carlos, rosna e ladra quando Dâmaso tenta lhe fazer festas. “Desconfianças” de Dâmaso,que fica amuado e vai pedir explicações a Carlos sobre a sua estadia em casa de Maria Eduarda. Sabe-se que, por coincidência, os Cohens voltaram de Inglaterra e que Ega está para chegar de Celorico.

Capitulo XII (2ª parte da obra começa aqui)

Ega regressa a Lisboa, instala-se no Ramalhete e confidencia a Carlos que a Condessa de Gouvarinho, fala constantemente, irresistivelmente e imoderadamente dele e conta-lhe que o casal os convidou para jantar na segunda-feira. Na segunada-feira seguinte Carlos e Ega, dirigem-se a casa dos Gouvarinho, Ega aproveita para lhe perguntar sobre o seu romance com a brasileira, e diz a Carlos que soube do romance através de Dâmaso. Carlos conta-lhe a verdade sobre o romance, embora não se abrindo em relação aos seus sentimentos pela rapariga.

Entretanto, durante o jantar a própria Gouvarinho toca no assunto do romance de

Carlos com a brasileira deixando Carlos com a sensação que já todos sabem do

romance; a Condessa fica “amuada” com Carlos e dá toda a atenção a Ega; o

Conde denuncia a sua ignorância e falta de memória; Sousa Neto, acossado por

Ega, revela-se ignorante. Já reconciliada com Carlos, a Condessa simula um

exame médico rápido ao filho e marca um encontro amoroso com ele.

Na tarde seguinte, em visita a Maria Eduarda, Carlos declara-lhe o seu amor, que

é correspondido, e ambos beijam-se pela primeira vez. Mediante  o desejo de

Maria Eduarda de viver num lugar mais recatado, longe da coscuvilhice dos

vizinhos, e com espaço livre para Rosa brincar, Carlos compra a Quinta dos Olivais

a Craft, Afonso aprova o investimento, desconhecendo, contudo, o verdadeiro

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motivo do mesmo. Carlos conta a Ega o seu romance com Maria Eduarda e a sua

intenção de fugir com ela; Ega pensa para ele próprio que esta mulher seria para

sempre, o seu irreparável destino.

TEMAS ABORDADOS

Literatura, crítica literária, finanças, atraso intelectual do País, educação,

decadência do jornalismo português e corrupção do jornalismo, gosto

convencional, provincianismo snob e falta de espírito crítico da sociedade lisboeta.

Ambiente marcado pela futilidade e ociosidade da alta burguesia e aristocracia

lisboeta; apresenta uma visão crítica relativamente à mediocridade, ignorância e

superficialidade da elite social lisboeta, em geral, e à incapacidade da classe

política dirigente, em particular. Onde se sobressai Ega, com a sua veia mordaz e

impiedosa.

A educação das mulheres em que Ega diz que ‘’A mulher só devia ter duas

prendas: cozinhar bem e amar bem.’’ Ao dizer isto está a desprezar as

capacidades das mulheres;

O atraso intelectual e a falta de cultura dos indivíduos que são detentores

de cargos que os inserem na esfera social do poder, e consequentemente

do país;

O deslumbramentos pelo estrangeiro.

O espaço social permite através das falas, observar a gradação dos valores sociais, o atraso intelectual do país, a mediocridade mental de algumas figuras da alta burguesia e da aristocracia.

Desfilam perante Carlos as principais figuras e problemas da vida política, social e cultural da alta sociedade lisboeta: a crítica literária, a literatura, a história de Portugal, as finanças nacionais, etc. Todos estes problemas denunciam uma fragilidade moral dessa sociedade que pretendia apresentar-se como civilizada.

No jantar podemos apreciar duas concepções opostas sobre a educação das mulheres: salienta-se o facto de ser conveniente que "uma senhora seja prendada, ainda que as suas capacidades não devam permitir que ela saiba discutir, com um homem, assuntos de carácter intelectual" (Ega, provocador, defende que "a mulher devia ter duas prendas: cozinhar bem e amar bem").

A falta de cultura dos indivíduos que são detentores de cargos que os inserem na esfera social do poder – Sousa Neto (oficial superior de um cargo de uma grande repartição do Estado, da Instituição Pública), desconhece Proudhon, começando por responder a Ega que, provocante, lhe pergunta a sua opinião sobre o socialista, que não se recorda textualmente, depois "que Proudhon era um autor de muito nomeada", e finalmente, perante a insistência de Ega, sintetiza a sua ignorância, afirmando que não sabia que "esse filósofo tivesse escrito sobre assuntos escabrosos", como o amor, acrescentando que era seu hábito aceitar "opiniões alheias, pelo que dispensava as discussões". Posteriormente, perguntará a Carlos se existe literatura em Inglaterra.

O deslumbramento pelo estrangeiro – Sousa Neto manifesta a sua curiosidade em relação aos países estrangeiros, interrogando Carlos, o que revela o aprisionamento cultural de Sousa Neto, confinado ás terras portuguesas.

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Capitulo XIII

Ega informa Carlos de que Dâmaso anda a difamá-lo e a Maria Eduarda também. Carlos faz os preparativos para a mudança de Maria Eduarda para os Olivais.

Encontra Alencar, que refere a crescente antipatia de Dâmaso por Carlos.Entretanto aparece Ega e cumprimentam-se. Do outro lado da rua, aparecem o Gouvarinho, o Cohen e Dâmaso. Carlos atravessa a rua e ameaça Dâmaso.

Dias depois,Maria Eduarda visita a sua nova casa nos Olivais,a quem dão o nome de “Toca”.Têm a sua 1ª relação sexual,e consequentemente cometem o incesto involuntariamente.

Comemora-se o aniversário de Afonso da Maia no Ramalhete.O marquês informa Ega de que Dâmaso estava a “namorar” a Cohen. Aparece Baptista a informar de que está uma senhora dentro de uma carruagem que quer falar com Carlos. Era a Gouvarinho. Ela tenta uma "rapidinha" mas, ao se lembrar da imagem de Maria Eduarda, Carlos recua. Discutem,fazendo com que Carlos saisse,e mais tarde terminando tudo.

Capitulo XIV

O avô parte para Sta. Olávia. Maria Eduarda instala-se nos Olivais. Ega parte para Sintra por alguns dias. Carlos, só, vai passear depois do jantar. Encontra Taveira no Grémio, que o adverte contra Dâmaso. Taveira arrasta-o até o Price, mas Carlos pouco se demora. Ao sair, encontra Alencar e o Guimarães, tio do Dâmaso.

Sabe-se que Carlos e Maria Eduarda pretendem fugir até Outubro para Itália, mas Carlos pensa no desgosto que dará ao avô. A sua felicidade, por fim, supera o avô nos seus raciocínios. Descreve-se as idas de Carlos aos Olivais: os encontros com Maria Eduarda e as relações que tinham no quiosque japonês

Isto não é o suficiente: eles querem passar as noites também. Carlos descobre uma outra casa perto da dos Olivais, que servirá para esperar pelos encontros nocturnos dele e de Maria Eduarda. Numa dessas noites, descobre Miss Sara a fazer sexo no jardim da casa com o que lhe parece ser um jornaleiro. Sente vontade de contar tudo a Maria Eduarda mas, à medida que pensa no caso, compara-o com a furtividade do seu. Decide não dizer nada.

Chega Setembro. Craft, regressado de Sta. Olávia para o Hotel Central, diz a Carlos que pareceu-lhe estar o avô desgostoso por Carlos não ter aparecido por lá. Carlos diz a Maria Eduarda que vai visitar o avô. Ela pede-lhe para visitar o Ramalhete, antes. Combinam isso para o dia em que Carlos partirá para Sta. Olávia. Maria Eduarda visita o Ramalhete mas, misteriosamente, desanima-se; Carlos "conforta-a".Maria Eduarda refere que às vezes Carlos faz-lhe lembrar a sua mãe,diz-lhe que a mãe era da ilha da Madeira que casara com um austríaco e que tinha tido uma irmãzinha, que morrera em pequena.

Chega Ega. Traz novas de Sintra. Carlos parte para Sta. Olávia. Regressa uma semana depois. Fala a Ega do plano de "amolecer" o avô quanto à relação com Maria Eduarda. Susto! Castro Gomes anuncia-se! Mostra uma carta anónima que lhe haviam mandado para o Brasil, dizendo que a sua mulher tinha um amante, Carlos. Revela não ser marido de Maria Eduarda, que lhe retirava o uso do seu nome, deixando-a apenas como Madame Mac Gren, seu verdadeiro nome. A Carlos

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"cai o queixo". Ruminando pensamentos, entre escrever uma carta de despedida ou não, Carlos decide confrontar Maria Eduarda nos Olivais. Ao entrar, sabe por Melanie, a criada, que o Castro Gomes já lá tinha estado. Maria Eduarda, em chôro, pede perdão a Carlos de não lho ter contado; conta a verdadeira história da sua vida. Depois de uma grande cena de chôro, Carlos pede-a em casamento.

Capitulo XV

Na manhã seguinte, perguntam a Rosa se quer o Carlos como "papá". Aceita.

Maria Eduarda conta toda a sua vida. Dias depois, ao ir visitar Maria Eduarda com

Carlos, Ega diz-lhe pelo caminho que seria melhor esperar que o avô morresse

para então se casar. Carlos acalenta a ideia. Jantam nos Olivais e Ega, rodeado

deste ambiente, diz querer casar e louva tudo o que até aí era contra.

Aos poucos, os amigos de Carlos (o Cruges, o Ega, o marquês), vão frequentando

esses jantares de amizade dados nos Olivais. Meados de Outubro: estava Afonso

com ideias de vir de Sta. Olávia (e Carlos de sair dos Olivais), pois o Inverno

aproximava-se. Recebe, através do Ega, um n.º da Corneta do Diabo, que o

difama em calão "num caso que tem com uma gaja brasileira". Carlos primeiro

pensa em matar a quem escreveu mas, reflectindo na verdade dos escritos, pensa

se não será melhor não casar com Maria Eduarda. Volta ao 1º pensamento, em

matar. Descobre, pelo editor do artigo, o Palma, que tinham sido o Dâmaso e o

Eusébiozinho que lho tinham encomendado. Ega e Carlos vão até o Grémio;

encontram o Gouvarinho e Steinbroken. Finalmente, aparece Cruges, a quem

pedem que faça de padrinho num duelo de Carlos. Sabe-se, a meio disto, que o

Governo caíra, pelo Teles da Gama.

Cruges e Ega vão a casa do Dâmaso. Este faz uma cena ao saber do desafio, mas

acaba por escrever uma retractação. Ega escreve-lhe a retractação e ele copia-a.

Ega entrega-a, ao sair, a Carlos. Satisfeito, Carlos devolve-lha, para usar como lhe

aprouver. No dia seguinte, Ega remói a ideia de fazer conhecer a carta do

Dâmaso. Chega uma carta anunciando que Afonso voltava ao Ramalhete. Carlos

retorna ao Ramalhete e Maria Eduarda à R. de São Francisco. No dia seguinte,

chega Afonso à estação de Sta. Apolónia. Ao almoço, Carlos e Ega falam do

projecto de uma revista. Ega vai ao Ginásio. Vê a Cohen e o Dâmaso. Sai do

Ginásio; dirige-se à redacção d'A Tarde e pede ao Neves para publicar a carta do

Dâmaso. Há um ligeiro rumor nos dias seguintes, mas tudo acalma. Dâmaso "vai

de férias" a Itália.

VIDA E EDUCAÇÃO DE MARIA EDUARDA

No início do capítulo Carlos e Maria falam sobre a eventualidade de irem para Isola

Bela para um “ninho romântico” e, quando Carlos lhe pergunta quando gostaria

de partir, Maria chama e pergunta a Rosa se ela gostaria que Carlos passasse a

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ser daí em diante como o “pai”. Rosa fica muito contente e vai brincar para o

jardim. Obtendo o consentimento da pequena, Maria confessa a Carlos que tem

muito que lhe dizer e começa a contar-lhe a história da sua vida, no que toca a

Maria com o objectivo de não cometer o mesmo erro e, no que toca a Carlos, para

a conhecer e amá-la assim inteiramente.

A história da vida de Maria Eduarda resume-se então (segundo ela) aos seguintes

pontos:

Nascera em Viena, mas como não se lembrava nada da sua infância,

apenas recordava algumas imagens (largos passeios de árvores, militares

vestidos de branco, as histórias do avô, etc.);

Não sabia nada do pai, a não ser que era um nobre de grande beleza;

Tivera uma irmã de nome Heloísa que morreu com dois anos;

A sua mãe, já mais tarde, não tolerava que lhe perguntassem coisas do

passado.

Foi a Inglaterra, mas nãos e lembra de quase nada;

Posteriormente viveu em Paris tendo memórias mais nítidas desta altura: o

seu avô tinha falecido e a sua mãe estava de luto; lembra-se ainda da sua

aia, que era italiana e que a levava todas as manhãs brincar aos campos

elísios. Durante a noite lembrava-se de ver a mãe decotada e um homem

loiro que lhe costumava trazer bonecas num quarto muito decorado.

Entretanto a sua mãe meteu-a num convento perto de Tours (para grande

tristeza de ambas): durante os primeiros meses as visitas da mãe eram

regulares (que lhe trazia muito presentes) mas, com o passar do tempo as

visitas foram se tornando menos regulares e, depois de ficar um ano sem a

ver, Maria lembra-se da sua mãe ter voltado um dia coberta de luto a

chorar abraçada a ela.

Na visita que se seguiu a mãe vinha mais contente e muito melhor de

saúde e, passado algum tempo (para sua grande infelicidade) voltou para

Paris na companhia de uma fidalga pobre que a fora buscar ao convento.

A casa da mãe nessa altura era uma casa de jogo (“de um luxo sério e

fino”) e foi aí que conheceu Mr. Trevernnes, um homem perigoso pela sua

sedução pessoal e por uma desoladora falta de honra e de senso até que,

num dia à noite, devido a uma desgraça se mudaram para outra casa.

Foi nessa casa que a sua mãe conheceu Mac Gren, um gentleman irlandês

muito novo que se enamorou pela sua mãe logo com “o ardor, a efusão, o

ímpeto de um irlandês”. Entretanto Mr. Trevernes começou a fazer

exigências maiores à mãe de Maria exigindo-lhe pagamentos e começou a

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olhar para Maria Eduarda dum modo que a assustava, até que, num dia

fugiram para um hotel porque tinha havido uma penhora.

Nessa altura a mãe de Maria e a própria Maria viviam receosas e

assustadas com a possibilidade de aparecer Mr. Trevernnes, mas quem

veio foi Mac Gren que as levou para Fontainebleau onde viveram um ano

“quieto e fácil”.

Entretanto a mãe de Maria rompera com Mr. Trevernnes e passou a adorar

Mac Gren do qual teve uma filha: Rosa.

Depois quando rebentou a guerra Mac Gren alistou-se no exército e

semanas depois a mãe de Maria soube que ele tinha sido morto. A morte

de Mac Gren fora o início de uma vida muito carenciada pela parte de

Maria, de Rosa e da mãe de Maria que começou a apresentar uma doença

no coração o que, posteriormente, a matou.

Entretanto conheceu Castro Gomes e passou a ser sua companheira não

suportando a sofrimento em que Rosicler vivia, agora sem o apoio da sua

mãe.

É sabido que Maria Eduarda nunca tinha amado realmente ninguém e, por

isso, o seu corpo “permaneceu sempre frio, frio como mármore”.

EPISÓDIO DA CORNETA DO DIABO/JORNAL “A TARDE”

Critica-se, neste episódio, a decadência do jornalismo português, pois os jornalistas deixavam-se corromper, motivados por interesse económicos (é o caso de Palma Cavalão, do Jornal A Corneta do Diabo) ou evidenciam uma parcialidade comprometedora, originada por motivos políticos (é o caso de Neves, director do Jornal A Tarde).

A Corneta do Diabo: Carlos dirige-se, com Ega, a este jornal, que publicara uma carta, escrita por Dâmaso Salcede, insultando e expondo, em termos degradantes, a sua relação amorosa com Maria Eduarda. Palma Cavalão revela o nome do autor da carta e mostra aos dois amigos o original, escrito pela letra de Dâmaso Salcede, a troco de "cem mil réis"

A Tarde : Neves, o director do jornal, acede a publicar a carta em que Dâmaso Salcede se confessa embriagado ao redigir a carta insultuosa, mencionando a relação de Carlos e de Maria Eduarda, por concluir que, afinal, não se tratava do seu amigo político Dâmaso Guedes, o que o teria levado a rejeitar a publicação.

Capitulo XVI

Antes do sarau da Trindade, Ega ouve com Carlos e Maria, uma parte de "Ofélia" ao piano, na casa desta. Carlos e Maria "enrolam" Ega para fazerem o seu próprio sarau, ali mesmo. Mas lembram-se do Cruges, e Carlos e Ega acabam por ir ao sarau da Trindade. Ouvem o discurso de Rufino. Entretanto, no botequim, dá-se um conversa entre o Guimarães e Ega, a propósito da carta do sobrinho. Ega volta ao sarau, ouve Cruges e sai quando o Prata sobe ao estrado. Carlos vê o Eusébiozinho saindo. Vai atrás dele e dá-lhe uns "abanões" e um pontapé. Voltam ao sarau, onde Alencar já ia declamar. Alencar arrebata a sala com o seu poema, "Democracia". Ega fica desacompanhado; Carlos, disseram-lhe, já havia saído. O Gouvarinho sai furibundo por causa do poema do Alencar. À saída, de caminho para o Chiado, Ega é parado por Guimarães, que lhe diz ter um cofre da mãe de

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Carlos para entregar à família. No meio da conversa, descobre inconscientemente uma verdade terrível a Ega: Carlos tem uma irmã; é a Maria Eduarda!

Guimarães conta a Ega tudo o que sabe sobre M.ª Monforte, inclusive a mentira que ela dissera a Maria Eduarda sobre a sua origem de pai austríaco. Enquanto Guimarães vai buscar o cofre nessa mesma noite, Ega fica a atormentar-se com os seus pensamentos. Chega ao Ramalhete e deita-se, sempre pensando no incesto como ideia fixa.

EPISÓDIO DO SARAU DO TEATRO DA TRINDADE

Evidencia-se o gosto dos portugueses, dominados por valores caducos, enraizados num sentimentalismo educacional e social ultrapassados. Total ausência de espírito crítico e analítico da alta burguesia e da aristocracia nacionais e a sua falta de cultura.

Rufino, o orador “sublime”, que pregava a “caridade” e o “progresso”, representa a orientação mental daqueles que o ouviam: a sua retórica vazia e impregnada de artificialismos barrocos e ultra-românticos traduz a sensibilidade literária da época, o seu enaltecimento á nação e à família.

Cruges, que tocou Beethoven, representa aqueles que, em Portugal, se distinguiam pelo verdadeiro amor à arte e que, tocando a Sonata patética, surgiu como alvo de risos mal disfarçados, depois de a marquesa dizer que se tratava da Sonata Pateta, o que o tornaria o fiasco da noite.

Alencar declamou “A Democracia”, depois de “um maganão gordo” lamentar que nós Portugueses, não aproveitássemos “herança dos nossos avós”, revelando um patriotismo convincente. O poeta aliava, agora, poesia, e política, numa encenação exuberante, que traduzia a sua emoção pelo facto de ter ouvido “uma voz saída do fundo dos séculos” e que o levava a querer a República, essa ”aurora” (e os aplausos foram numerosos) que viria com Deus.

Capitulo XVII

Ega não tem coragem de contar a Carlos. Sai, à procura de Vilaça. Come no Café Tavares e volta à R. da Prata. "Despeja" tudo ao Vilaça. Incumbe-o de contar tudo a Carlos. Abrem a caixa de M.ª Monforte. Encontram um documento provando que Maria Eduarda é filha de Pedro da Maia. Susto! Carlos está em baixo à procura do Vilaça! Ega e Vilaça, atarantados, mandam dizer que não está. Combinam que Vilaça irá ao Ramalhete, às 9 da noite. Mas Carlos não o atende e adia para o dia seguinte, às 11 horas. Ao saber disso, Ega sai para cear no Augusto com o Taveira e duas espanholas. Toma uma carraspana. Acorda ao lado de Cármen Filósofa, uma das espanholas, às 9 da manhã. Chega atrasado ao Ramalhete, às 12 h. Carlos e Vilaça já estavam "lá dentro". Carlos, insensatamente, não acredita no que lhe contam. Mostra ao avô os papéis da Monforte. Mas Afonso não os refuta, dando a Carlos uma insegurança de que tudo pode ser verdade. Afonso, no corredor, diz a Ega que sabe que "essa mulher" é a amante de Carlos. No jantar dessa noite, estão todos "murchos". No final do jantar, Carlos escapuliu-se: ia à Rua de São Francisco. Passa pela casa, desce até o Grémio, toma um conhaque e volta à casa de Maria Eduarda; entra. Tenta inventar uma história, mas ela, no quarto, já deitada, puxa-o para si e… Carlos não "resiste",cometendo o incesto voluntariamente. Na festa de anos do marquês, no dia seguinte, Carlos está muito alegre. Ega desconfia. Ega acaba descobrindo que Carlos continua indo "visitar" Maria Eduarda. Na 3ª feira evita Carlos; só aparece no Ramalhete às 9 da noite para se arranjar para o aniversário de Charlie, o filho do Gouvarinho. Afonso da Maia sabe que Carlos continua a encontrar-se com Maria Eduarda. Ega decide partir; pensa melhor: desfaz a mala. Baptista diz-lhe que Carlos parte amanhã para Sta. Olávia. Carlos debate-se com

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os seus pensamentos: o desejo e a culpa simultâneo;ao vir de Maria Eduarda, às 4 da manhã, encontra o avô e o seu silêncio acusador, como um fantasma.

Já era dia, quando dizem a Carlos que o avô estava desmaiado no jardim; estava morto (suponho ser trombose, visto que tinha um fio de sangue aos cantos da boca). Carlos culpa-se a si mesmo dessa morte, pois achava que era pelo avô saber tudo que havia morrido. Vilaça toma as providências. Ega escreve um bilhete a informar Maria Eduarda do facto. Reunião dos amigos da família; recordam Afonso. O enterro é no dia seguinte, à uma hora. Carlos, depois do enterro, pede a Ega para falar com Maria Eduarda, contar-lhe tudo e dizer-lhe que parta para Paris, levando 500 libras. Quanto a Carlos, vai para Sta. Olávia, esperar a trasladação do avô; depois, viajará para espairecer. Convida o Ega para tal. Carlos parte. Ega deixa, atabalhoadamente, a revelação a Maria Eduarda e diz-lhe que ela deve partir já para Paris. Encontra-se com ela na estação de Sta. Apolónia, no dia seguinte. Segue no mesmo comboio até o Entroncamento. E nunca mais a vê.

Capitulo XVIII

Passam-se semanas. Sai na "Gazeta Ilustrada" a notícia da partida de Carlos e Ega numa longa viagem. Ano e meio depois (1879), regressa Ega, trazendo a ideia de escrever um livro, "Jornadas da Ásia"; Carlos ficara em Paris. (1886) Carlos passa o Natal em Sevilha; de lá, escreve a Ega que vai voltar a Portugal. Chega nesse ano a Sta. Olávia. (Jan. 1887) Carlos chega a Lisboa e almoça no Hotel Bragança com Ega, que está ficando careca; a mãe deste já morrera. Carlos pergunta pela Gouvarinho. Aparece o Alencar. Aparece o Cruges. Reminiscências desses últimos anos. Ega e Carlos vão visitar o Ramalhete. Antes, descem o Chiado. Encontram o Dâmaso perto da Livraria Bertrand. Aos poucos, Carlos toma consciência do novo Portugal que existe agora, anos passados. Passagem de Charlie (insinuação de que ele é maricas, p.705). Passagem do Eusébiozinho. Às 4 h, tomam uma tipóia para o Ramalhete. Dentro, nota-se que a maior parte das decorações (tapetes, faianças, estátuas) já tinham ou estavam a ser despachadas para Paris, onde Carlos vivia agora. Também no Ramalhete estavam os móveis trazidos da Toca. Sabe-se que Maria Eduarda ia casar. Saem do Ramalhete, descem a Rampa de Santos. Carlos olha para o relógio: 6.15! Está atrasado para o encontro com os amigos no Bragança. Desata a correr, junto com Ega, pela rampa de Santos e Aterro abaixo, atrás de um transporte.

EPISÓDIO DO PASSEIO FINAL DE CARLOS E EGA

Este episódio é o epílogo do romance. 10 anos depois, e quando Carlos visita Lisboa, vindo de Paris. Este passeio é simbólico, por isso, os espaços percorridos são espaços históricos e ideológicos, estes podem agrupar-se em três conjuntos.

No primeiro domina a estátua de Camões que, triste, representa o Portugal heróico, glorioso mas perdido, e desperta um sentimento de nostalgia. A estátua está envolvida numa atmosfera de estagnação, tal como o país.

No segundo conjunto, dominam aspectos ligados ao Portugal absolutista. É a zona antiga da cidade, os bairros antigos representam a época anterior ao Liberalismo, o tempo absolutista, recusado por Carlos por causa da sua intolerância e do seu clericalismo, que levam a que toda a sua descrição seja depreciativa.

No terceiro conjunto, domina o presente, o tempo da Regeneração, como é o caso do Chiado e dos Restauradores, símbolos de uma tentativa falhada de reconstrução do país, e a prová-lo está o ambiente de decadência e amolecimento que cerca o obelisco.

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O Ramalhete integra-se neste conjunto, também ele atingido pela destruição e pelo abandono. Pode funcionar como sinédoque da cidade e do país.

Este último capítulo apresenta os últimos retoques na imagem betuma da

sociedade portuguesa, contrastando com a beleza e autenticidade da terra. O mal

de Portugal foi não ter sido genuíno, adoptando tudo o que era estrangeiro.

Familia Maia

Afonso da Maia + Maria Eduarda Runa

Pedro da Maia + Maria Monforte

Carlos Eduardo Maria Eduarda

Estrutura da Intriga Central

1 – INTRODUÇÃO E PREPARAÇÃO DA ACÇÃO(CAPITULO 1) Ramalhete no Outono de 1875 Instalação dos Maias Grande analepse

Juventude de Afonso e exílio em Inglaterra; Acção secundária : vida de Pedro(infância,juventude, relação e

casamento com Maria de Monforte, suícidio) Carlos (infância – cap. III; juventude e estadia em Coimbra – cap.

IV; longa viagem pela Europa – cap. IV, época de formação)

(Neste momento da intriga, o ritmo é rápido – cerca de 53 anos,desde o ano de 1822 até ao outono de 1875)

2 – ACÇÃO PRINCIPAL (CAP II- CAP XVII) Carlos vê Maria Eduarda no Hotel Central; Carlos visita Rosa a pedido de Miss Sara; Carlos conhece Maria Eduarda na casa desta; Declaração de Carlos a Maria Eduarda; Consumação do incesto inconsciente; Encontro de Maria Eduarda com Guimarães; Revelações de Guimarães a Ega; Revelações de Ega a Carlos; Revelações de Carlos a Afonso; Insistência no incesto,mas agora consciente; Encontro de Carlos com Afonso;

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Morte de Afonso da Maia por apoplexia; Revelações de Ega a Maria Eduarda; Partida de Maria Eduarda.

Esta segunda parte estende-se ao longo de 14 meses – Outono de 1875 até aos fins de 1876. A morte de Afonso ocorre no Inverno (Cap. XVII) – principio de 1877; “Semanas depois (...)” – Partida de Carlos e Ega para a sua viagem à volta do Mundo.

3 – EPILOGO (CAP XVIII) Viagem de Carlos e Ega ( de 1877 a Março de1878); Carlos em Sevilha(“Nos fins de 1886 (...)) Reencontro de Carlos e Ega (“..em Janeiro de 1887 os dois amigos,enfim juntos...”)

Estes 10 anos são contados em cerca de duas páginas, e o famoso passeio final – momento simbólico e de reflexão – ocupa o capitulo XVIII.

Personagens

DA INTRIGA: Carlos da Maia

Devido à centralidade que a personagem ocupa na obra, poder-se-á denominar de

protagonista. É rico, bem educado, culto, de gostos requintados, encarna, em

oposição à figura de Pedro da Maia, seu pai, o resultado de uma educação à

inglesa. De facto, é um gentleman, não teme o esforço físico, é corajoso e frontal.

Incapaz de uma canalhice, é generoso e amigo do seu amigo. Contudo, revela-se

diletante, ou seja, incapaz de se fixar num projecto sério. Os seus princípios morais

toleram a sordidez do incesto, cuja ideia só rejeita por via de repulsa física.

Eça terá querido personificar em Carlos o ideal da sua juventude, a que fez a “

Questão Coimbrã ” e as “Conferências de Casino”, acabando no grupo dos vencidos

da vida, de que Carlos é um bom exemplo.

Pedro da Maia

Personagem que reflecte uma grande instabilidade emocional, fruto da

hereditariedade e que a educação não corrigiu. Alia a valentia física à cobardia

moral, facto confirmado com a reacção do suicídio face à fuga da mulher.

Afonso da Maia

É a personagem mais valorizada por Eça, e a mais simpática do romance, não se

lhe conhecendo defeitos. É um homem de carácter, culto e requintado nos gostos.

Em oposição ao pai, Caetano da Maia, partilha das suas ideias liberais, ama o

progresso, fruto de um esforço sério e não uma utopia romântica. É generoso com

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os amigos e os necessitados, não abdicando dos seus sérios princípios morais. É um

modelo de autodomínio em todas as circunstâncias; é o sonho de Portugal

impossível por falta de homens capazes.

Maria Eduarda

Desta personagem, Eça ressalta-lhe a sua enorme dignidade, ao não querer, por

exemplo, gastar o dinheiro de Castro Gomes, depois de ligada a Carlos. O seu

carácter não surge muito estudado pelo autor, contudo, o que transparece é algo de

bom, que cativa o leitor pela sua bondade, ternura, cultura, gosto requintado e

dignidade com que assume a situação trágica que atinge.

Maria Monforte

Mulher sensual, inútil, egoísta, excessiva, leitora de novelas que apelam ao mundo

da paixão e fantasia. Revela-se leviana e amoral, e é nela que radicam todas as

desgraças da família Maia.

João da Ega

É bom boémio, êxcentrico, exagerado, todo dependente de Carlos. Anarquista, sem

Deus e sem moral, o seu discurso destruidor espelha a intenção de Eça em atingir

as intituições e valores da época. É revelador de um grande sentido de lealdade

para com os amigos, não tolerando uma canalhice. Tal como Carlos, sofre do

diletantismo, daí a sua incapacidade em empreender seriamente uma profissão. É o

confidente, o intermediário e, no momento crucial, o informador de Maria Eduarda.

Encarna a figura de defensor dos valores da escola realista, por oposição à

romântica, contudo, na prática, revela-se um romântico por ter sido um falhado na

vida. Até ao capítulo XVI, é personagem plana, caricaturial, pois intervém

essencialmente em episódios que retratam a sociedade da época. A partir desse

capítulo, começa a ganhar densidade psicológica, passando a desempenhar um

papel fulcral na intriga principal. De notar a passagem da focalização omnisciente

do narrador para a focalização interna através desta personagem, nas cenas mais

dramáticas da intriga.

DA CRÔNICA DE COSTUMES Eusébiozinho Personagem que tipifica o modelo opsto ao de Carlos, e que dá num adulto

“molengão e tristonho” que procura, para se distrair, a sordidez dos bordéis. É

uma figura insignificante, vítima da educação romântica, que acaba por casar

com uma mulher que é a sua antítese.

Craft

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Personagem de pouca relevância na acção, mas que surge como o modelo do

que deve ser o homem, aspecto que Eça evidencia quando o apresenta como o

“gentleman de boa raça inglesa, cultivado e forte, de maneiras graves, de

hábitos rijos, sentindo finalmente, pensando com exactidão”.

Steinbroken – Ministro Finlândes,Diplomata e defende a Inglaterra Cruges – artista talentoso Conde Gouvarinho – pertencia ao centro congressista e não tinha cultura

histórica Condessa de Gouvarinho – burguesa adultera, requintada e frustrada Dâmaso – Mesquinho,falso,grosseiro e vaidoso. Representa aqueles que

querem parecer uma coisa que não são Alencar – Poeta ultra romântico Jacob Cohen – Director do banco central,homem influente e judeu Raquel Cohen – Leviana,provocante e adultera Palma “Cavalão” – Director da “Corneta do Diabo” e homem materialista Vilaça - Procurador da família Maia Neve s – Director do Jornal “ A tarde”. Deputado e admirador do conde de

Gouvarinho(lambe botas) Sousa Neto – Professor e arrogante Guimarães – Amigo de Mª Eduarda, e detentor de toda a verdade Taveira – Empregado do tribunal de contas

PERSONAGENS PLANAS E PERSONAGENS TIPO

As personagens da crónica dos costumes são, de um modo geral, personagens

planas, personagens tipo que representam grupos, classes sociais ou mentalidades,

movimentando-se em determinados ambientes.

Eusebiozinho

Representa a educação retrógada portuguesa.

Tomás de Alencar

O poeta, representa o Ultra-Romantismo.

Conde de Gouvarinho

Ministro e par do Reino, representa o poder político (incompetente)

Condessa de Gouvarinho

Mulher sensual, provocante, adúltera, com traços de romantismo; personifica a

degradação moral da aristocracia lisboeta. É uma das amantes de Carlos.

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Sousa Neto

Amigo do conde de Guvarinho, é oficial superior do ministério da Instrução pública.

É o símbolo da mediocridade intelectual e cultural da administração.

Palma “Cavalão”

Director do jornal “Corneta do Diabo”, o jornalismo corrupto. Surge sarcasticamente

focado por Carlos e Ega e, em Sintra, faz-se acompanhar de Eusebiozinho e duas

espanholas.

Dâmaso Salcede

“chique a valer”, é representante do novo-riquismo e a súmula dos vícios de Lisboa

da segunda metade do séc.XIX.

Steinbroken

Ministro da Filândia, grande conhecedor de vinhos e uma autoridade no “whist”.

Cohen

O banqueiro de duvidosa competência representa as altas finanças.

Raquel Cohen

É uma mulher provocante, divinamente bela, leviana e adúltera.

Craft

Formação britânica.

Espaço

Espaço Físico – exterior

São vários os espaços físicos que prepassam nesta obra. Assim, apresentam-se

esquematicamente aqueles que se consideram mais significativos:

Santa Olávia – o sossego da aldeia, nas ma rgens do Douro, onde decorre a

educação de Carlos.

Coimbra – espaço cultural, de boémia e de amores românticos; local dos

estudos de Carlos e das suas primeiras aventuras românticas (Carlos e

Hermengarda).

Lisboa – local onde se centra a vida social de Carlos, dando-se especial

relevo ao seu dandismo e diletantismo.

Page 28: Portugues-resumos Maias-livro Inteiro-Ana Filipa Cardoso (1)

Além destes, outros surgem reportados às deslocações de Carlos, tais como Sintra,

Paris e Londres. Os espaços estrangeiros aparecem como recurso para resolver

conflitos, ora de âmbito político (exílio de Afonso), ora familiar (deslocação para

Itália e Paris de Pedro e Maria Monforte, devido aos desentendimentos com Afonso

da Maia), ora sócio familiar (após o incesto, Maria Eduarda é aconselhada a ir a

Paris, local onde Carlos da Maia decide instalar-se definitivamente).

Espaço Físico – Interior

Os espaços físicos interiores também são vários, destacando-se o Ramalhete, a Vila

Balzac, o consultório de Carlos, a Toca, entre outros. Pela sua decoração, estes

espaços reflectem o carácter dos seus habitantes e frequentadores, o que, segundo

a estética realista-naturalista, são o prolongamento das personagens.

Espaço Social

A crónica de costumes remete para este tipo de espaço. Reflecte a dicotomia entre

o ser e o parecer das personagens-tipo que se apresentam nestes ambientes. Estas

pertencem à alta burguesia, à elite portuguesa, que vivia ociosamente sem precisar

de trabalhar para sobreviver. A intenção satírica do autor manifesta-se, sem dúvida,

na descrição destes espaços assim como nas situações lá vividas.

Espaço psicológico

Este tipo de espaço representa as emoções, a afectividade, o íntimo das

personagens. É traduzido sob a forma de sonhos, reflexões e visões, portanto está

ligado ao mundo interior e não ao mundo objectivo. Assume maior importância nos

momentos próximos do desenlace, pois as inquietações, os conflitos psicológicos

intensificam-se, ao nível da intriga, mais concretamente com as personagens Ega e

Carlos.

Tempo

O tempo da história é aquele que pode ser contabilizado cronologicamente, é

aquele que é vivido pelas personagens, desdobrando-se em dias, meses e anos.

A acção de “Os Maias” decorre, sensivelmente, entre 1820 e 1887. Entre 1820 e

1822, evidencia-se o absolutismo intolerante de Caetano da Maia, a juventude de

Afonso (período de lutas liberais). Segue-se o período romântico da Regeneração,

correspondendo à paixão e posterior suicídio de Pedro da Maia. O grande destaque

vai para a geração de Carlos a partir do Outono de 1875, altura em que neto e avô

se deslocam para o Ramalhete até 1877. Dez anos após, em 1887, dá-se o

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reencontro de Carlos e Ega após a viagem pelo estrangeiro. A evolução temporal

denuncia-se, por exemplo, através de marcas de envelhecimento ocorridas em

Afonso da Maia e até no seu gato Bonifácio.

Tempo histórico

Reporta-se aos factos inerentes à história nacional ou universal que, neste caso

concreto, se relaciona com a Regeneração.

Tempo psicológico

Este é o tempo que reflecte a parte subjectiva, na medida em que é aquele que é

filtrado pelas vivências subjectivas das personagens. A título de exemplo, sugere-se

o arrastamento e monotonia das horas que Carlos passava no consultório ("um

longo minuto"; "passadas as longas

horas"), assim como, no último capítulo, quando Carlos diz: "É curioso! Só vivi dois

anos nesta casa, e é nela que me parece estar metida a minha vida inteira".

Tempo do discurso

Este tipo de tempo reporta-se ao modo como o narrador o trata. Assim, por

exemplo, o tempo anterior a 1875 (referências ao passado da família), dado sob a

forma de analepse, ocupa um número de páginas bastante inferior àquele que

decorre entre o Outono de 1875 e o início de 1877 (desde a instalação dos Maias no

Ramalhete até à partida de Carlos para Santa Olávia, após a morte de Afonso). A

acção que se reporta a estes dois anos é descrita num ritmo deliberadamente lento,

tendo em conta que a intenção do autor é a de alternar episódios da comédia de

costumes da vida lisboeta com elementos da intriga, de modo a sugerir o ritmo do

quotidiano. Esta desproporção entre os longos anos da vida dos Maias (tempo da

história) e as poucas páginas que os cobrem (tempo do discurso) designam-se de

anisocronias. Estas aparecem sob a forma de resumos ou elipses, isto é, os

acontecimentos são comprimidos como acontece com a juventude de Afonso, ou

são suprimidos períodos da história, as elipses, como deixam entender expressões

como: "outros anos tranquilos passaram sobre Santa Olávia".

Por outro lado, o narrador parece preocupar-se em tentar conceder ao tempo do

discurso uma duração semelhante à do tempo da história (isocronia), servindo-se,

por exemplo, da cena dialogada, através do discurso directo, do discurso indirecto

livre, e de pormenorizadas descrições, tal como sucede nos episódios da crónica de

costumes.

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O romance começa com a referência temporal "Outono de 1875", contudo, segue-

se uma longa analepse até 1820 de modo a explicar percursos agitados da família e

tornar claro o aparecimento da personagem Carlos, em 1875. Nesta analepse, o

narrador pouco se ocupa da personagem Maria Eduarda, pois é no capítulo XV,

também em forma de analepse, através da focalização interna nesta personagem,

que é conhecido o seu passado, a sua educação e atribulações pessoais. Na mesma

linha surge a carta de Maria Monforte encontrada no cofre trazido por Guimarães.

Focalização

Nos Maias detectam-se dois tipos de focalização:

A focalização omnisciente

O narrador é um ser fictício e priviligiado. Assume uma posição de superioridade, de

“distância” relativamente à história. Revela um conhecimento absoluto, quer dos

acontecimentos, quer das motivações. É capaz de penetrar no íntimo das

personagens, revelando os seus pensamentos e as suas emoções, o seu passado e

mesmo o seu futuro. É normalmente objectivo:

A reconstrução do Ramalhete;

A figura de Afonso da Maia;

Os estudos de Carlos, em Coimbra;

O retrato de Ega;

O retrato de Eusebiozinho;

O retrato de Dâmaso.

A focalização interna

Este tipo de focalização distingue-se da focalização externa porque, o narrador

adopta o ponto de vista da personagem, narrando os acontecimentos tal como eles

foram vistos por essa personagem. O narrador vê, sente e julga como a

personagem cuja visão optou. É um narrador normalmente subjectivo.

Vilaça perspectiva: - a educação de Carlos;

- a educação de Eusebiozinho.

Carlos perspectiva: - Maria Eduarda, à entrada do Hotel Central e na rua.

- a cidade de Lisboa e a sua sociedade, dez anos após o

desenlace.

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- os episódios da crónica de costumes, à excepção do

jornal “A Tarde” e do “Sarau da Trindade”.

- a sua própria consciência em momentos já indicados

no espaço psicológico.

Caracteristicas da prosa queirosiana

Apesar de reunir, não só pelo conteúdo, qualidades estrondosamente abanatórias

para um romance, “Os Maias” é também rico em variedade e eficiência linguística.

Várias são as faculdades do autor no campo da expressividade e na recursividade

da escrita..

O adjectivo

Adjectivação dupla

“ os seus dois olhos redondos e agoirentos.”

Os adjectivos nem sempre vêm seguidos.

“Os seus lindos dentes miudinhos alvejaram a sombra do véu.”

A adjectivação pode ser tripla ou ainda com mais adjectivos.

“Dâmaso era interminável, torrencial, inundante a falar das suas conquistas.

Adjectivos com a mesma terminação criando, por vezes, um efeito cómico e

depreciativo.

“A viscondessa (…), uma carcaça esgalgada, caiada, reborada, gasta por todos

os homens”

O advérbio

Adverbiação dupla

“insensivelmente, irreversivelmente, Carlos achou-se (…)”.

Adverbiação tripla

“insensivelmente, irresistivelmente, fatalmente, marchando (…)”.

O advérbio ligado à ironia

“o Eusebiozinho foi então preciosamente colocado ao lado da titi”.

Efeito de superlativação

“e devia ser deliciosamente bem feita (…)”.

O verbo

Neologismos

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“gouvarinhar”; “cervejando”.

Recorrência de verbos derivados de adjectivos de cor

“negrejava, no brilho do sol, um magote apertado de gente”

Emprego do gerúndio

“(…) Portugal (…) e decente, estudando, pensando, fazendo civilização como

outrora.”

Discurso Indirecto Livre

Então Ega protestou com vermência. Como convinha a ninguém? Ora essa! Era

justamente o que convinha a todos! Á bancarrota seguia-se uma revolução,

evidentemente. (…)”

Figuras de estilo

Aliteração

“um moço loiro, lento, lânguido, que se curvava em silêncio diante dela.”

Hipálege

“O poeta tirou o chapéu, passou os dedos pelos anéis fofos da grenha

inspirada…”

Ironia

“-É possível- respondeu o inteligente Silveira.”

Sinestesia

“…e, muito alto no ar, passava o claro repique de um sino.”

As linguagens

Familiar

“ O Baptista, familiarmente Tista”.

Infantil

“Teresinha, inha, inha”.

Popular

“deu-lhe goto”;”Melanie era uma gaja”.

Neologismos

“gouvarinhar”; “arvejar”.

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ASPECTOS RELEVANTES DA PROSA QUEIROSIANA

Discurso indirecto livre: evita o abuso excessivo dos verbos introdutores do diálogo, contribui para o tom oralizante, e confunde o leitor, propositadamente, para tornar as críticas feitas pelas personagens mais convincentes e persuasivas; criticas essas que são bem mais do que isso: são comentários do próprio Eça; Ironia; Hipálages, metáforas, onomatopeias, sinestesias, gradações, personificações, repetições, comparações; Adjectivação; Diminutivo; Neologismos, estrangeirismos; Nome (“um cansaço, uma inércia...” – nome abstracto, com vários significados); Verbo (“ele rosnou...”) – preferência pela fórmula gerúndio+conjugação perifrástica para dar uma ideia de continuidade e muitas vezes, de arrastamento, no sentido de aborrecido; Advérbios de modo.