Portugues revisão colégio

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1 ROTEIRO DE ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS ENSINO MÉDIO Professora: Ângela Carvalho Disciplina: Português Série: 2ª Nome: ________________________________________________________ Série: _____ nº ______ 1. a) Livros trabalhados no primeiro semestre Tristão e Isolda, obra que se originou em fragmentos de dois romances em verso escritos na segunda metade do século XII em francês. O primeiro, narrado por um autor chamado Béroul entre 1160 e1190, apresenta-se com linguagem mais popular e é mais violento; o outro romance foi escrito por Tomás da Inglaterra em cerca de 1170. Depois, entre 1230 e 1240 a lenda de Tristão e Isolda foi adaptada para linguagem em prosa a partir das versões desses dois autores. O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues. Obra teatral contemporânea, do gênero dramático, escrita a pedido de Fernanda Montenegro em 1960, que teria sido inspirada na morte de um repórter do jornal O Globo, Pereira Rego, atropelado por um ônibus. b) Leituras realizadas no primeiro semestre “A causa secreta”, de Machado de Assis. A promiscuidade com as fontes segundo O beijo no asfalto”. Apud. A imprensa e o dever da liberdade, de Eugênio Bucci. 2. Atividades a serem realizadas nesta recuperação a) Lista de exercícios sobre o livro Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antonio de Almeida (Item 7 deste roteiro). b) Trabalho de análise literária da obra Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antonio de Almeida, cujo tema é Ruptura social”.

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ROTEIRO DE ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS

ENSINO MÉDIO

Professora: Ângela Carvalho Disciplina: Português Série: 2ª

Nome: ________________________________________________________

Série: _____ nº ______

1. a) Livros trabalhados no primeiro semestre

Tristão e Isolda, obra que se originou em fragmentos de dois romances em verso

escritos na segunda metade do século XII em francês. O primeiro, narrado por um

autor chamado Béroul entre 1160 e1190, apresenta-se com linguagem mais popular e

é mais violento; o outro romance foi escrito por Tomás da Inglaterra em cerca de 1170.

Depois, entre 1230 e 1240 a lenda de Tristão e Isolda foi adaptada para linguagem em

prosa a partir das versões desses dois autores.

O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues. Obra teatral contemporânea, do gênero

dramático, escrita a pedido de Fernanda Montenegro em 1960, que teria sido inspirada

na morte de um repórter do jornal O Globo, Pereira Rego, atropelado por um ônibus.

b) Leituras realizadas no primeiro semestre

“A causa secreta”, de Machado de Assis.

“A promiscuidade com as fontes segundo O beijo no asfalto”. Apud. A imprensa e o

dever da liberdade, de Eugênio Bucci.

2. Atividades a serem realizadas nesta recuperação

a) Lista de exercícios sobre o livro Memórias de um Sargento de Milícias, de

Manuel Antonio de Almeida (Item 7 deste roteiro).

b) Trabalho de análise literária da obra Memórias de um Sargento de Milícias,

de Manuel Antonio de Almeida, cujo tema é “Ruptura social”.

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3. Procedimentos para a realização das atividades de recuperação

A primeira etapa é a facção de testes e questões dissertativas (Item 7 deste

roteiro), que favorecem a facção do trabalho de “Análise Literária” e antecipam a

avaliação sobre o livro Memórias de um Sargento de Milícias.

A segunda etapa é a composição de uma ficha detalhada da obra. Esta ficha deve

conter: 1. Dados bibliográficos: título, autor (com datas de nascimento e morte), data

de publicação, local de publicação; 2. Dados narrativos: gênero literário, enredo,

personagens, período e local em que se passa a história; 3. Dados analíticos: o que o

autor ou o narrador pretendem ao contar a história (divertir, informar, prevenir,

doutrinar, entre outras possibilidades), quais os significados menos óbvios, isto é,

como a história pode ser interpretada. Tendo clareza da natureza particular da obra,

de suas características, proceda à escrita da ficha para o livro. Você deve

primeiramente reler e organizar aquilo que já descobriu.

A terceira etapa de seu trabalho deve ser uma argumentação sobre o livro que

responda à questão:

O tema ―Ruptura social‖ aparece no livro Memórias de um Sargento de

Milícias? Por quê?

4. Habilidades e conceitos enfocados no trabalho a ser entregue

É decisivo para o trabalho que você tenha feito uma boa leitura do livro. Isso quer

dizer, uma leitura atenta, desconfiada, que relacione o enredo às questões do período

histórico a que pertence, que procure compreender a intersecção entre a produção

letrada e a sociedade que a produz e consome. Assim, é necessário sintetizar,

organizar e comparar dados. Quanto aos conceitos, procure lembrar-se do modo como

procuramos compreender a produção cultural, enfim a literatura marca “temas”

significativos e mudanças de mentalidade histórica em relação, principalmente, ao

período medieval, previamente estudado.

5. Material a ser utilizado para a realização das atividades de recuperação

Leituras do 1º semestre (Item 1 deste roteiro); anotações de sala de aula; as provas

corrigidas; as introduções e outros tipos de materiais de apoio à leitura porventura

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encontrados nas edições lidas; outras fontes de pesquisa voluntariamente

descobertas.

6. Como utilizar o material para fazer a argumentação (terceira etapa das

atividades)

a) Sua argumentação deverá:

Ter um título adequado ao conteúdo nele desenvolvido, que complete e

antecipe o sentido global do texto.

Apresentar um argumento central claramente identificável, porque faz defesa

de seu ponto de vista sobre o tema proposto.

Apresentar dois ou mais argumentos claros e consistentes, logicamente

vinculados ao argumento central, que não sejam meramente opinativos, porque

devem ser sustentados por raciocínios lógicos, informações ou exemplos.

Utilizar adequadamente a língua escrita para argumentar.

Usar o quadro das matérias estudadas no primeiro semestre que segue

como ANEXO para orientar seus estudos.

7. Exercícios que antecipam da avaliação de literatura (primeira etapa das

atividades)

1. (FUVEST) Indique a alternativa que se refere corretamente ao protagonista de

Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida:

a) Nele, como também em personagens menores, há o contínuo e divertido esforço de

driblar o acaso das condições adversas e a avidez de gozar os intervalos da boa sorte.

b) Este herói de folhetim se dá a conhecer, sobretudo nos diálogos, nos quais revela

ao mesmo tempo a malícia aprendida nas ruas e o idealismo romântico que busca

ocultar.

c) A personalidade assumida de sátiro é a máscara de seu fundo lírico, genuinamente

puro, a ilustrar a tese da "bondade natural", adotada pelo autor.

d) Enquanto cínico, calcula friamente o carreirismo matrimonial; mas o sujeito moral

sempre emerge, condenado o próprio cinismo ao inferno da culpa, do remorso e da

expiação.

e) Ele é uma espécie de barro vital, ainda amorfo, a que o prazer e o medo vão

mostrando os caminhos a seguir, até sua transformação final em símbolo sublimado.

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2. (UFRS-RS) Leia o texto abaixo, extraído do romance: Memórias de um Sargento de

Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.

“Desta vez porém Luizinha e Leonardo, não é dizer que vieram de braço, como este

último tinha querido quando foram para o Campo, foram mais adiante do que isso,

vieram de mãos dadas muito familiar e ingenuamente. E ingenuamente não sabemos

se poderá aplicar com razão ao Leonardo.‖

Considere as afirmações abaixo sobre o comentário feito em relação à palavra

ingenuamente na última frase do texto:

I. O narrador aponta para a ingenuidade da personagem frente à vida e às

experiências desconhecidas do primeiro amor.

II. O narrador, por saber quem é Leonardo, põe em dúvida o caráter da personagem e

as suas intenções.

III. O narrador acentua o tom irônico que caracteriza o romance.

Quais estão corretas?

a) Apenas I

b) Apenas II

c) Apenas III

d) Apenas II e III

e) I, II e III

3. (FUVEST) Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¹ em

Lisboa, sua pátria; aborrecera-se, porém do negócio, e viera ao Brasil. aqui chegando,

não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado,

o que exercia - como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo

navio, não sei fazer o quê, certa Maria de hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa,

saloia² rechonchuda e bonitona. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse

tempo de sua mocidade mal apessoado, e, sobretudo era maganão³. Ao sair do Tejo,

estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído

junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A

Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e

deu-lhe também em ar de disfarce um tremando beliscão nas costas da mão

esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o

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resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e

beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte

estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos

anos. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias)

Glossário:

1algibebe: mascate, vendedor ambulante.

2 saloia: aldeã das imediações de Lisboa.

3maganão: brincalhão, jovial, divertido.

Neste excerto, o modo pelo qual é relatado o início do relacionamento entre Leonardo

e Maria:

a) manifesta os sentimentos antilusitanos do autor, que enfatiza a grosseria dos

portugueses em oposição ao refinamento dos brasileiros.

b) revela os preconceitos sociais do autor, que retrata de maneira cômica as classes

populares, mas de maneiras respeitosa a aristocracia e o clero.

c) reduz as relações amorosas a seus aspetos sexuais e fisiológicos, conforme os

ditames do Naturalismo.

d) opõe-se ao tratamento idealizante e sentimental das relações amorosas, dominante

do Romantismo.

e) evidencia a brutalidade das relações inter-raciais, própria do contexto colonial

escravista.

4. (FUVEST) Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¹ em

Lisboa, sua pátria; aborrecera-se, porém do negócio, e viera ao Brasil. aqui chegando,

não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado,

o que exercia - como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo

navio, não sei fazer o quê, certa Maria de hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa,

saloia² rechonchuda e bonitona. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse

tempo de sua mocidade mal apessoado, e, sobretudo era maganão³. Ao sair do Tejo,

estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído

junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A

Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e

deu-lhe também em ar de disfarce um tremando beliscão nas costas da mão

esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o

resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e

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beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte

estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos

anos. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias)

Glossário:

1algibebe: mascate, vendedor ambulante.

2saloia: aldeã das imediações de Lisboa.

3maganão: brincalhão, jovial, divertido.

No excerto, o narrador incorpora elementos da linguagem usada pela maioria das

personagens da obra, como se verifica em:

a) aborrecera-se, porém do negócio.

b) do que o vemos empossado.

c) rechonchuda e bonitona.

d) envergonhada do gracejo.

e) amantes tão extremosos.

5. (UNESP) Os leitores estarão lembrados do que o compadre dissera quando estava

a fazer castelos no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo ofício

que exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja explicação prometemos dar. Vamos

agora cumprir a promessa.

Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por seus parentes, por seu

nascimento, nada saberia responder, porque nada sabia a respeito. Tudo de que se

recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. Quando chegara à idade de dar

acordo da vida achou-se em casa de um barbeiro que dele cuidava, porém que nunca

lhe disse se era ou não seu pai ou seu parente, nem tampouco o motivo por que

tratava da sua pessoa. Também nunca isso lhe dera cuidado, nem lhe veio a

curiosidade de indagá-lo.

Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre também a ler e a escrever.

Enquanto foi aprendiz passou em casa do seu mestre, em falta de outro nome, uma

vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por outro com a do filho, por outro

com a do agregado, e que afinal não era senão vida de enjeitado, que o leitor sem

dúvida já adivinhou que ele o era. A troco disso dava-lhe o mestre sustento e morada,

e pagava-se do que por ele tinha já feito.

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_____________________

(*) fâmulo: empregado, criado

(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias)

Neste excerto, mostra-se que o compadre provinha de uma situação de família

irregular e ambígua. No contexto do livro, as situações desse tipo:

a) caracterizam os costumes dos brasileiros, por oposição aos dos imigrantes

portugueses.

b) são apresentadas como conseqüência da intensa mestiçagem racial, própria da

colonização.

c) contrastam com os rígidos padrões morais dominantes no Rio de Janeiro

oitocentista.

d) ocorrem com frequência no grupo social mais amplamente representado.

e) começam a ser corrigidas pela doutrina e pelos exemplos do clero católico.

6. (UNESP) Os leitores estarão lembrados do que o compadre dissera quando estava

a fazer castelos no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo ofício

que exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja explicação prometemos dar. Vamos

agora cumprir a promessa.

Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por seus parentes, por seu

nascimento, nada saberia responder, porque nada sabia a respeito. Tudo de que se

recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. Quando chegara à idade de dar

acordo da vida achou-se em casa de um barbeiro que dele cuidava, porém que nunca

lhe disse se era ou não seu pai ou seu parente, nem tampouco o motivo por que

tratava da sua pessoa. Também nunca isso lhe dera cuidado, nem lhe veio a

curiosidade de indagá-lo.

Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre também a ler e a escrever.

Enquanto foi aprendiz passou em casa do seu mestre, em falta de outro nome, uma

vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por outro com a do filho, por outro

com a do agregado, e que afinal não era senão vida de enjeitado, que o leitor sem

dúvida já adivinhou que ele o era. A troco disso dava-lhe o mestre sustento e morada,

e pagava-se do que por ele tinha já feito.

_____________________

(*) fâmulo: empregado, criado

(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias)

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A condição social de agregado, referida no excerto, caracteriza também a situação de:

a) Juliana, na casa de Jorge e Luísa (O primo Basílio).

b) D. Plácida, na casa de Quincas Borba (Memórias póstumas de Brás Cubas).

c) Leonardo (filho), na casa de Tomás da Sé (Memórias de um Sargento de Milícias).

d) Joana, na casa de Jorge e Luísa (O primo Basílio).

e) José Manuel, na casa de D. Maria (Memórias de um Sargento de Milícias).

7. (PUC) Das alternativas abaixo, indique a que contraria as características mais

significativas do romance: Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio

de Almeida:

a) Romance de costumes que descreve a vida da coletividade urbana do Rio de

Janeiro, na época de D. João VI.

b) Narrativa de malandragem, já que Leonardo, personagem principal, encarna o tipo

do malandro amoral que vive o presente, sem qualquer preocupação com o futuro.

c) Livro que se liga aos romances de aventura, marcado por intenção crítica contra a

hipocrisia, a venalidade, a injustiça e a corrupção social.

d) Obra considerada de transição para um novo estilo de época, ou seja, o

Realismo/Naturalismo.

e) Romance histórico que pretende narrar fatos de tonalidade heroica da vida

brasileira, como os vividos pelo Major Vidigal, ambientados no tempo do rei.

8. (FUVEST) O enterro saiu acompanhado pela gente da amizade: os escravos da

casa fizeram uma algazarra tremenda. A vizinhança pôs-se toda à janela, e tudo foi

analisado, desde as argolas e galões do caixão, até o número e qualidade dos

convidados; e sobre cada um dos pontos apareceram três ou quatro opiniões diversas.

(Manuel Antônio de Almeida – Memórias de um Sargento de Milícias)

O trecho acima exemplifica uma das características fundamentais do romance que é:

a) o retrato fiel dos usos e costumes do Rio de Janeiro no segundo reinado.

b) o caráter mórbido dos personagens sempre envolvidos com a morte.

c) sentimentalismo comum aos romances escritos durante o Romantismo.

d) o destino comum do personagem picaresco: o seu encontro com a morte.

e) a descrição de fatos relacionados à cultura e ao comportamento popular.

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9. (FUVEST) Assinale a alternativa em que aparece fragmento que se refere ao

protagonista de Memórias de um Sargento de Milícias.

a) "Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se, porém do negócio e

viera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o

emprego de que o vemos empossado.”

b) "Era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo que dizia respeito a esse ramo de

administração: era o juiz que julgava e distribuía a pena.”

c) "Quando passou de menino a rapaz, e chegou a saber barbear e sangrar

sofrivelmente, foi obrigado a manter-se à sua custa.”

d) "Era este um homem todo em proporções infinitesimais, baixinho, magrinho, de

carinha estreita e chupada, excessivamente calvo, tinha pretensões de latinista.”

e) "Digamos unicamente que durante todo este tempo o menino não desmentiu aquilo

que anunciara desde que nasceu: atormentava a vizinhança.”

10. (UNIBAN) Sobre Memórias de um Sargento de Milícias, só não se pode afirmar

que:

a) A obra tem como protagonista um anti-herói de características picarescas, o que

afasta o livro dos padrões de idealização românticos.

b) À parte a dimensão fantasiosa de que se revestem as peripécias de Leonardo, o

livro pode ser considerado realista devido à análise crítica dos costumes da corte.

c) O final do protagonista é bem sucedido, visto que ele se curva ao universo da

ordem e das regras sociais.

d) O livro não apresenta perspectiva moralista, pois o “herói malandro“ não é

castigado, mas premiado, e o narrador não emite juízos de valor sobre o que narra.

e) A ausência de polarização maniqueísta entre o que é considerado correto ou

incorreto, moral ou imoral, pode ser verificada na caracterização dos personagens, em

que redomina o humor sobre a idealização.

11. (UNIBAN) Leia a seguinte afirmação crítica a respeito de Memórias de um

Sargento de Milícias:

―Diversamente de todos os romances brasileiros do século XIX, mesmo os que

formam a pequena minoria dos romances cômicos, as Memórias de um Sargento de

Milícias criam um universo que parece liberto do peso do erro e do pecado.‖

Assinale a alternativa que não apresenta um fato relacionado ao universo mencionado

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na afirmação acima:

a) Luisinha prometera casamento a Leonardo, o que não a impede de trair o juramento

sem remorsos, casando-se com José Manuel.

b) A comadre forja uma calúnia para afastar do caminho José Manuel, antagonista de

Leonardo, visando à felicidade do afilhado.

c) O mestre-de-reza vale-se de sua intimidade junto à casa de D. Maria para reverter a

maledicência criada para denegrir José Manuel.

d) O patrimônio do compadre, que viria a servir de amparo ao afilhado abandonado,

origina-se de um juramento rompido desonestamente.

e) Leonardo Pataca expulsa de casa o próprio filho, para depois dar-lhe abrigo,

afastando-o da vida desregrada.

12. (CEFET-PR) Em relação à obra Memórias de um Sargento de Milícias, marque a

alternativa correta:

a) O tempo dos acontecimentos que envolvem Leonardo Pataca e seu filho, Leonardo,

é o mesmo em que o narrador escreve o romance.

b) A linguagem do romance é bem romântica, idealizando muito e sempre os fatos que

se revelam sob um prisma enaltecedor.

c) A instituição familiar, especialmente, a família composta por Leonardo Pataca, Maria

e o herói da narrativa é, sobretudo burguesa, ordeira e sólida.

d) A Igreja, sobretudo a Católica, passa por um processo de idealização, emergindo

como instituição inabalável, piedosa e principalmente voltada para a vida espiritual.

e) O cotidiano fluminense, simultaneamente devoto e profano, revela-se a partir de

uma linguagem prosaica em que as festas religiosas são pintadas em parte como

folias carnavalescas.

13. (FUVEST) Leia o trecho transcrito de Memórias de um Sargento de Milícias, de

Manuel Antônio de Almeida para responder ao teste.

"Enquanto a comadre dispunha seu plano de ataque contra José Manuel, Leonardo

ardia em ciúmes, em raiva, e nada havia que o consolasse em seu desespero, nem

mesmo as promessas de bom resultado que lhe faziam o padrinho e a madrinha. O

pobre rapaz via sempre diante de si a detestável figura de seu rival a desconcertar-lhe

todos os planos, a desvanecer-lhe todas as esperanças. Nas horas de sossego

entregava-se às vezes à construção imaginária de magníficos castelos, castelos de

nuvens, é verdade, porém que lhe pareciam por instantes os mais sólidos do mundo;

de repente surdia-lhe de um canto o terrível José Manuel com as bochechas inchadas;

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e soprando sobre a construção, a arrasava num volver d'olhos."

Assinale a alternativa incorreta a respeito do trecho transcrito:

a) A cena pode ser considerada como mais um dos exemplos de mobilização que

Leonardo provoca em seus protetores, os quais se dedicam continuamente a resolver

os problemas do herói.

b) Diferentemente de outras passagens, Leonardo comporta-se como um herói

romântico que se desestabiliza emocionalmente ao pensar no seu rival.

c) Os sonhos fantasiosos e apaixonados de Leonardo indicam o caráter complexo do

herói, pois, ainda que seja malandro, conserva a sensibilidade romântica, quando se

trata da disputa pela mulher amada.

d) O humor presente no trecho advém sobretudo do comportamento sentimental

exagerado de Leonardo em contraste com o tom de deboche do narrador.

e) O temor por José Manuel manifesta-se inclusive por meio dos sonhos de Leonardo

que, por estar apaixonado, revela-se frágil, vulnerável.

14. (FUVEST) A participação do narrador em Memórias de um sargento de milícias, de

Manuel Antonio de Almeida, constitui um dos aspectos mais arrojados da composição

da obra, especialmente porque antecipa tendências somente valorizadas muito mais

tarde, pelos modernistas, em 1922.

Leia o trecho a seguir que confirma esse caráter inovador.

"Já se vê que esta vida era trabalhosa e demandava sérios cuidados; porém a

comadre dispunha de uma grande soma de atividade; e, apesar de gastar muito tempo

nos deveres do ofício e na igreja, sempre lhe sobrara algum para empregar em outras

coisas. Como dissemos, ela havia tomado a peito a causa dos maiores de Leonardo

com Luisinha, e jurar pôr José Manuel, o novo candidato, fora da chapa." (capítulo

XXV)

A postura inovadora do narrador expressa-se no trecho transcrito por meio da:

a) inclusão do leitor na narrativa.

b) oscilação do foco narrativo.

c) adoção de linguagem coloquial.

d) ironia e crítica indisfarçável.

e) expressão de julgamentos de valor.

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15. (POLI) Leiamos um trecho da obra Memórias de um Sargento de Milícias:

As vozes dos meninos, juntas ao canto dos passarinhos, faziam uma algazarra de

doer os ouvidos; o mestre, acostumado àquilo, escutava impassível, com uma enorme

palmatória na mão, e o menor erro que algum dos discípulos cometia não lhe

escapava no meio de todo o barulho; fazia parar o canto, chamava o infeliz, emendava

cantando o erro cometido, e cascava-lhe pelo menos seis puxados bolos. Era o

regente da orquestra ensinando a marcar o compasso. O compadre expôs, no meio do

ruído, o objeto de sua visita, e apresentou o pequeno ao mestre.

(...)

Na segunda-feira voltou o menino armado com a sua competente pasta a tiracolo, a

sua lousa de escrever e o seu tinteiro de chifre; o padrinho o acompanhou até a porta.

Logo nesse dia portou-se de tal maneira que o mestre não se pôde dispensar de lhe

dar quatro bolos, o que lhe fez perder toda a folia com que entrara: declarou desde

esse instante guerra viva à escola. Ao meio-dia veio o padrinho buscá-lo, e a primeira

notícia que ele lhe deu foi que não voltaria no dia seguinte, nem mesmo aquela tarde.

- Mas você não sabe que é preciso aprender?...

- Mas não é preciso apanhar... - Pois você já apanhou?... - Não foi nada, não, senhor;

foi porque entornei o tinteiro na calça de um menino que estava ao pé de mim; o

mestre ralhou comigo, e eu comecei a rir muito... (Manuel Antônio de Almeida,

Memórias de um Sargento de Milícias. São Paulo: Ateliê, 2000.)

A respeito da leitura do trecho acima e de seu conhecimento da obra, assinale a

CORRETA:

a) A obra concentra-se em narrar as aventuras infantis de Leonardinho na escola.

b) Como apontou Antonio Candido (crítico literário), nessa obra, o universo da ordem,

que nessa passagem pode estar representado pela rigidez dos castigos do professor,

mistura-se ao universo da desordem, nesse parágrafo simbolizado tanto pelo canto

dos meninos em algazarra com o dos pássaros, quanto pela presença de Leonardo na

escola.

c) A obra apresenta uma crítica à família que se omitem em relação à educação dos

filhos e deixa essa tarefa para a escola.

d) Na resposta de Leonardo (filho) ao padrinho: Não foi nada, não, senhor; foi porque

entornei o tinteiro na calça de um menino que estava ao pé de mim; o mestre ralhou

comigo, e eu comecei a rir muito... Nota-se o respeito que ele terá pelas instituições

em toda a obra.

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e) Essa obra é representativa dos romances românticos brasileiros, uma vez que

apresenta um herói religioso, honrado e moralmente impecável.

16. (FUVEST) Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando à missa, viu entrar a

dama, que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plácida. Viu-a outros dias,

durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender

os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa

conjunção de luxúrias vadias brotou Dona Plácida. É de crer que Dona Plácida não

falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias:

"— Aqui estou. Para que me chamastes?" E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe

responderiam: "— Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na

costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo

e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo

desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na

costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos,

num momento de simpatia‖. (Machado de Assis - Memórias póstumas de Brás Cubas)

Tal como narradas neste trecho, as circunstâncias que levam ao nascimento de Dona

Plácida apresentam semelhança maior com as que conduzem ao nascimento da

personagem:

a) Leonardo (filho), de Memórias de um Sargento de Milícias.

b) Juliana, de O primo Basílio.

c) Macunaíma, de Macunaíma.

d) Augusto Matraga, de Sagarana.

e) Olímpico, de A hora da estrela.

17. (ESPM) No início do livro Memórias de um Sargento de Milícias, o narrador refere-

se à honra e à respeitabilidade dos meirinhos (oficiais de justiça), negando-as

posteriormente com fatos e atitudes que marcam a personagem de Leonardo Pataca,

o que denuncia, mais do que ideias contraditórias, um posicionamento claramente

irônico. Isso não ocorre no trecho:

a) ―Espiar a vida alheia (…) era naquele tempo coisa tão comum e enraizada nos

costumes que, ainda hoje, (…) restam grandes vestígios desse belo hábito.‖;

b) ―Ao outro dia sabia-se por toda a vizinhança que a moça do Leonardo tinha fugido

para Portugal com o capitão de um navio que partira na véspera de noite.

— Ah! disse o compadre com um sorriso maligno, ao saber da notícia, foram saudades

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da terra!…‖;

c) ―— Honra!… honra de meirinho… ora!

O vulcão de despeito que as lágrimas da Maria tinham apagado um pouco, borbotou

de novo com este insulto, que não ofendia só um homem, porém uma classe inteira!‖;

d) ―O compadre, que se interpusera, levou alguns por descuido; afastou-se, pois a

distância conveniente, murmurando despeitado por ver frustrados seus esforços de

conciliador:

— Honra de meirinho é como fidelidade de saloia.‖;

e) ―— Ó compadre, disse, você perdeu o juízo?...

— Não foi o juízo, disse o Leonardo em tom dramático, foi a honra!…‖.

18. (PUC-SP) Era a sobrinha de Dona Maria já muito desenvolvida, porém que, tendo

perdido as graças de menina, ainda não tinha adquirido a beleza de moça: era alta,

magra, pálida; andava com o queixo enterrado no peito, trazia as pálpebras sempre

baixas, e olhava a furto; tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava-lhe

apenas até o pescoço, e como andava mal penteada e trazia a cabeça sempre baixa,

uma grande porção lhe caía sobre a testa e olhos, como uma viseira.

O trecho acima é do romance: Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel

Antônio de Almeida. Dele pode afirmar-se que:

a) confirma o padrão romântico da descrição da personagem feminina, representada

nesta obra por Luisinha.

b) exemplifica a afirmação de que o referido romance estava em descompasso com os

padrões e o tom do Romantismo.

c) não fere o estilo romântico de descrever e narrar, pois se justifica por seu caráter de

transição da estética romântica para a realista.

d) justifica, dentro do Romantismo, a caracterização sempre idealizada do perfil

feminino de suas personagens.

e) insere-se na estética romântica, apesar das características negativas da

personagem, que fazem dela legítima representante da dialética da malandragem.

19. (PUC-SP) Memórias de um Sargento de Milícias é um romance escrito por Manuel

Antônio de Almeida. Considerando-o como um todo, indique a alternativa que NÃO

confirma suas características romanescas:

a) É um romance folhetim, já que saiu em fascículos no suplemento “A Pacotilha”, do

jornal Correio Mercantil, que o publicava semanalmente entre 1852 e 1853.

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b) Utiliza a língua falada sem reservas e com toda a dignidade e naturalidade, o que

confere à obra um caráter espontâneo e despretensioso.

c) Enquadra-se fundamente na estética realista, opondo-se ao ideário romântico,

particularmente no que concerne à construção da personagem feminina e ao destaque

dado às camadas mais populares da sociedade.

d) Reveste-se de comicidade, na linha do pitoresco, e desenvolve sátira saborosa aos

costumes da época que atinge todas as camadas sociais.

e) Põe em prática a afirmação de que através do riso pode-se falar das coisas sérias

da vida e instaurar a correção dos costumes.

20. (PUC-SP) Em Memórias de um Sargento de Milícias, considerado como um todo,

há uma forte caracterização dos tipos populares entre os quais se destaca a figura de

Leonardo filho. Indique a alternativa que contêm dados que caracterizam essa

personagem:

a) Narrador das peripécias relatadas em forma de memórias, conforme vem sugerido

no título do livro, torna-se exemplo de ascensão das camadas sociais menos

privilegiadas.

b) Anti-herói, malandro e oportunista, espécie de pícaro pela bastardia e ausência de

uma linha ética de conduta.

c) Herói de um romance sem culpa, representa as camadas populares privilegiadas

dentro do mundo da ordem.

d) Representante típico da fina flor da malandragem, ajeita-se na vida, porque

protegido do Vidigal, permanece imune às sanções sociais e em momento algum é

recolhido à cadeia.

e) Herói às avessas que incorpora a exclusão social, porque, não tendo recebido

amparo de nenhuma espécie, não alcança a patente das milícias e se priva de

qualquer tipo de herança.

21. (EFOA) A respeito de Memórias de um Sargento de Milícias, assinale a afirmativa

INCORRETA:

a) A narrativa opõe-se ao modelo do romance romântico, sobretudo pela figura de seu

protagonista, um herói-malandro que não pertence à “classe dominante”.

b) A obra é considerada um romance de costumes por descrever, com fidelidade, os

hábitos, as cenas e os lugares pitorescos do Rio de Janeiro da época de D. João VI.

c) Luisinha, o eterno amor de Leonardo Filho, possui dotes físicos, morais e culturais

que a identificam como uma autêntica heroína romântica.

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d) Manoel Antônio de Almeida satiriza neste livro a sociedade carioca dos tempos

joaninos, sem, contudo, utilizar um vocabulário baixo e de expressões censuráveis.

e) A significativa presença de personagens populares, e pertencentes às classes

intermediárias da sociedade, transforma a obra de Manoel Antônio de Almeida em

precursora da estética realista.

22. (UEL) O trecho transcrito abaixo pertence à obra Raízes do Brasil, de Sérgio

Buarque de Holanda, escrito em 1936, e se constitui em uma análise histórico-

sociológica da organização da sociedade brasileira. ―À frouxidão da estrutura social, à

falta de hierarquia organizada devem-se alguns dos episódios mais singulares da

história das nações hispânicas, incluindo-se nelas Portugal e Brasil. Os elementos

anárquicos sempre frutificaram aqui facilmente, com a cumplicidade ou a indolência

displicente das instituições e costumes.‖ (HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do

Brasil. 8. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975. p. 5.)

Com base nas afirmações de Holanda, assinale a alternativa que estabelece a melhor

correspondência com o romance: Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel

Antônio de Almeida, escrito em 1853.

a) Escrito no momento em que movimentos em prol da República cresciam no Brasil, o

romance faz uma crítica à estrutura social monárquica e desorganizada e vê no regime

republicano um modelo ideal a ser adotado no país.

b) Juntamente com a obra As minas de prata, de José de Alencar, também um autor

romântico, o romance de Manuel Antônio de Almeida pode ser considerado um

romance histórico, na medida em que faz um traçado da história do Brasil imperial,

cuja desorganização social mostrava-se um reflexo da incapacidade político-

administrativa da época.

c) Embora escrito durante o Romantismo, marcado pelas idealizações e pela visão

eufórica da pátria, o romance de Manuel Antônio de Almeida apresenta um retrato fiel

da elite dirigente brasileira do século XIX, cuja falta de estratégia na administração

pública levava à anarquia social e de valores, aspecto que o romance retrata com

clareza na descrição das festas e no comportamento imoral das personagens.

d) Sendo uma obra de engajamento social, o romance critica a sociedade

escravocrata brasileira do século XIX, ao mostrar o autoritarismo e a crueldade da

personagem D. Maria no tratamento rigoroso que dispensava às suas escravas.

e) Ao narrar as peripécias do jovem Leonardo, o romance apresenta, com olhar crítico

e bem humorado, os costumes da sociedade brasileira da época de D. João VI,

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marcada por uma certa lassidão de valores, o que permitia às personagens transitar

pelo universo da ordem e da desordem, de acordo com as conveniências, o que reflete

a falta de estruturação social do Brasil no século XIX.

23. (UERJ) ―Vidinha era uma rapariga que tinha tanto de bonita como de movediça e

leve: um soprozinho, por brando que fosse, a fazia voar, outro de igual natureza a

fazia revoar, e voava e revoava na direção de quantos sopros por ela passassem; isto

quer dizer, em linguagem chã e despida dos trejeitos da retórica, que ela era uma

formidável namoradeira, como hoje se diz, para não dizer lambeta, como se dizia

naquele tempo. Portanto não foram de modo algum mal recebidas as primeiras finezas

do Leonardo, que desta vez se tornou muito mais desembaraçado, quer porque já o

negócio com Luisinha o tivesse desasnado, quer porque agora fosse a paixão mais

forte, embora esta última hipótese vá de encontro à opinião dos ultra- românticos, que

põem todos os bofes pela boca, pelo tal – primeiro amor: – no exemplo que nos dá o

Leonardo aprendem o quanto ele tem de duradouro. Se um dos primos de Vidinha,

que dissemos ser o atendido naquela ocasião, teve motivo para levantar-se contra o

Leonardo como seu rival, o outro primo, que dissemos ser o desatendido, teve

dobrada razão para isso, porque além do irmão apresentava-se o Leonardo como

segundo concorrente, e o furor de quem se defende contra dois é, ou deve ser sem

dúvida, muito maior do que o de quem se defende contra um. Declarou-se portanto,

desde que começaram a aparecer os sintomas do que quer que fosse entre Vidinha e

o nosso hóspede, guerra de dois contra um, ou de um contra dois. A princípio foi ela

surda e muda; era guerra de olhares, de gestos, de desfeitas, de más caras, de maus

modos de uns para com os outros; depois, seguindo o adiantamento do Leonardo,

passou a ditérios, a chascos, a remoques. Um dia finalmente desandou em

descompostura cerrada, em ameaças do tamanho da torre de babel, e foi causa disto

ter um dos primos pilhado o feliz Leonardo em flagrante gozo de uma primícia

amorosa, um abraço que no quintal trocava ele com Vidinha.

– Aí está, minha tia, dissera enfurecido o rapaz dirigindo-se à mãe de Vidinha; aí está

o lucro que se tira de meter-se para dentro de casa um par de pernas que não

pertence à família...

– Onde é, onde é que está pegando fogo? Disse a velha em tom de escárnio, supondo

ser alguma asneira do rapaz, que era em tudo muito exagerado.

– Fogo, replicou este; se ali pegar fogo não haverá água que o apague... e olhe o que

lhe digo, se não está pegando fogo... ―Está-se ajuntando lenha para isso.‖.

(Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um Sargento de Milícias. São Paulo,

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Melhoramentos, 1964. pp. 158-9)

Vocabulário:

ditérios, chascos, remoques = zombarias.

primícia = iniciação.

O narrador desse texto vê na inconstância amorosa a refutação do seguinte mito

romântico:

a) Amor com amor se paga.

b) Amor eterno enquanto dura.

c) Amor primeiro, amor verdadeiro.

d) Amor derradeiro, amor verdadeiro.

Perguntas dissertativas

1. (UNICAMP 1992) Manuel Antônio deseja contar de que maneira se vivia no Rio

popularesco de D. João VI; as famílias mal organizadas, os vadios, as procissões, as

festas e as danças, a polícia; o mecanismo dos empenhos, influências, compadrios,

punições que determinavam certa forma de consciência e se manifestavam por certos

tipos de comportamento (…). O livro aparece, pois, como sequência de situações.

(Antônio Cândido, ”Dialética da Malandragem” Formação da Literatura Brasileira).

Podemos entender a “sequência de situações” a que se refere Antônio Cândido como

uma série de pequenos relatos no interior de MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE

MILÍCIAS, de Manuel Antônio de Almeida.

a) Quem dá unidade, na obra, a essa sequência de relatos aparentemente soltos?

b) Cite um desses relatos e mostre como ele se articula com a linha mestra do

romance.

2. (FUVEST 2004) Considere o seguinte fragmento do antepenúltimo capítulo de

“Memórias de um Sargento de Milícias”, no qual se narra a visita que D. Maria, Maria

Regalada e a comadre fizeram ao Major Vidigal, para interceder por Leonardo (filho):

O major recebeu-as de rodaque de chita e tamancos, não tendo a princípio suposto o

quilate da visita; apenas porém reconheceu as três, correu apressado à camarinha

vizinha, e envergou o mais depressa que pôde a farda: como o tempo urgia, e era uma

incivilidade deixar sós as senhoras, não completou o uniforme, e voltou de novo à sala

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de farda, calças de enfiar, tamancos, e um lenço de Alcobaça sobre o ombro, segundo

seu uso. A comadre, ao vê-lo assim, apesar da aflição em que se achava, mal pôde

conter uma risada que lhe veio aos lábios.

a) Considerando o fragmento no contexto da obra, interprete o contraste que se

verifica entre as peças do vestuário com que o major voltou à sala para conversar com

as visitas.

b)Qual a relação entre o referido vestuário do major e a sua decisão de favorecer

Leonardo (filho), fazendo concessões quanto à aplicação da lei?

ANEXO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM O que você precisa saber/fazer para atingir os objetivos

Ler profundamente as obras clássicas

literárias por sua importância no

estabelecimento de rumos que foram

tomados como referência positiva ou

negativa depois. Rumos que caminham,

se cruzam, se chocam ou se anulam,

desembocando na literatura

contemporânea.

Tomar a literatura como um objeto de

estudos, como um conjunto de

conhecimentos e de estudos que

relacionam obras e contexto histórico.

Reconhecer diversos planos de sentido no

texto literário; identificar significados

implícitos e os conceitos presentes na

enunciação literária.

Identificar os recursos expressivos e o

enredo da prosa.

Refletir sobre a forma e o conteúdo da linguagem literária.

Conhecer a comunicação e construção de um texto literário.

Reconhecer o fio condutor de diferentes linguagens e relacioná-

lo ao contexto histórico de sua produção.

Conhecer a linguagem da ficção e as figuras de estilo: metáfora;

metonímia; sinédoque; hipérbole; alusão; pleonasmo; antítese;

paradoxo e ironia.

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Saber pesquisar e obter informações para

dar consistência ao texto argumentativo

sem plagiar ou copiar trechos de textos de

outros autores.

Saber anotar a fala do professor, durante

as aulas.

Selecionar dados e informações vinculadas à temática do texto a

ser produzido.

Organizar graficamente as informações de modo a compor um

documento de estudos.

Conhecer a estrutura de um texto argumentativo.