Português - Teoria e Prática 6
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NGUAP
ORTUG
UESA
GESTAR IIPROGRAMA GESTODA APRENDIZAGEM ESCOLAR
LNGUA
PORTUGUESA
LEITURA
E
P
ROCESSOS
DE
ESCRITA
II
TP6
GESTARII
Ministrioda Educao
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Presidncia da Repblica
Ministrio da Educao
Secretaria Executiva
Secretaria de Educao Bsica
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PROGRAMA GESTO DA
APRENDIZAGEM ESCOLAR
GESTAR II
FORMAO CONTINUADA DE PROFESSORES DOSANOS/SRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
LNGUA PORTUGUESA
CADERNO DE TEORIA E PRTICA 6
LEITURA E PROCESSOS DE ESCRITA II
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Prog ra m a G e st o da Ap re nd iza g e m Esc ola r - G e sta r I I
G uia s e M a nu a is
A uto re sElc ie ne d e O l ive ira Diniz Ba rb osaEspecializao em Lngua PortuguesaUniversidade Salgado de Oliveira/UNIVERSO
Lc ia He le na C a va sin Za b otto PulinoDoutora em FilosofiaUniversidade Estadual de Campinas/UNICAMPProfessora Adjunta - Instituto de PsicologiaUniversidade de Braslia/UnB
Pa o la M a luc e l i LinsMestre em LingsticaUniversidade Federal de Pernambuco/UFPE
Ilu stra e s
Fra nc isc o R g is e Ta tia na Rivo ire
Dire toria d e Poltic a s d e Fo rm a o , M a te ria is D id tic o s e d e
Te c no log ia s p a ra a Ed uc a o B sic a
C o o rde na o G e ra l d e Fo rm a o d e Pro fe ssore s
Lng ua Portug ue sa
O rg a niz a d oraSilvia n e Bo na c c o rsi Ba rb a to
A uto re sC t ia Re g i n a Bra g a M a rt in s - A A A 4 , A A A 5 e A A A 6M e st re e m Ed u ca oUniversidade de Braslia/UnB
Le i la Te re sinha Sim e s Re nsi - TP5, A A A1 e A A A2Mestre em Teoria LiterriaUniversidade Estadual de Campinas/UNICAMP
M a r ia An tonie ta A ntune s C unh a - TP1, TP2, TP4, TP6e A A A 3Doutora em Letras - Lngua PortuguesaProfessora Adjunta Aposentada -Lngua Portuguesa - Fac ulda de de LetrasUniversidad e Fed eral de Minas Ge rais/ UFMG
M a r ia Luiza M on te iro Sa le s C oroa - TP3, TP5 e TP6Doutora em LingsticaUniversidade Estadual de Campinas/UNICAMPProfessora Adjunta - Lingstica - Instituto de Letras
Universidade de Braslia/UnB
Silvia ne Bon a c c o rsi Ba rb a to - TP4 e TP6Doutora em PsicologiaProfessora Adjunta - Instituto de PsicologiaUniversidade de Braslia/UnB
Da do s Inte rna c iona is d e C a ta log a o na Public a o (C IP)C e ntro d e Inform a o e Bib liote c a e m Ed uc a o (C IBEC )
Prog ra m a G e st o d a Ap re nd iza ge m Esc ola r - G e sta r II. Lngua Portug ue sa : C a de rno de Te oria ePr tic a 6 - TP6: le itura e p roc e ssos d e e sc rita II. Bra slia : M inist rio d a Educ a o, Se c re ta ria d eEduc a o B sic a , 20 08 .224 p.: i l .
1. Prog ra m a G e st o da A pre nd iza g e m Esc ola r. 2. Lngu a Portug ue sa . 3. Form a o d e Profe ssore s.I. Bra sil. M inist rio d a Educ a o . Se c re ta ria d e Educ a o B sic a .
C DU 371.13
DISTRIBUIOSEB - Secretaria de Educao Bsica
Esplanada dos Ministrios, Bloco L, 5o Andar, Sala 500CEP: 70047-900 - Braslia-DF - Brasil
ESTA PUBLICA O NO PODE SER VENDIDA. DISTRIBUIO GRATUITA.QUALQUER PARTE DESTA OBRA PODE SER REPRODUZIDA DESDE Q UE CITADA A FONTE.Tod os os direitos reservad os ao Ministrio d a Educ a o - MEC.
A exatid o da s informa es e o s conce itos e o pinies emitidos so de exclusiva responsab ilidade do autor.
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BRASLIA2008
MINISTRIO DA EDUCAOSECRETARIA DE EDUCAO BSICA
PROGRAMA GESTO DA
APRENDIZAGEM ESCOLAR
GESTAR II
FORMAO CONTINUADA DE PROFESSORES DOSANOS/SRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
LNGUA PORTUGUESA
CADERNO DE TEORIA E PRTICA 6
LEITURA E PROCESSOS DE ESCRITA II
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Apresentao.......................................................................................................... 7
PARTE IApresentao das unidades....................................................................................11
Unidade 21: Argumentao e linguagem...................................................................13Seo 1: A construo da argumentao...................................................................15Seo 2: A tese e seus argumentos............................................................................25Seo 3: Qualidade da argumentao.......................................................................41
Leituras sugeridas................................................................................................... 57Bibliografia....................................................................................................58
Ampliando nossas referncias.................................................................................. 59Correo das atividades.......................................................................................... 65
Unidade 22: Produo textual: planejamento e escrita.................................................73Seo 1: O planejamento........................................................................................ 75Seo 2: O planejamento: estratgias........................................................................93Seo 3: A escrita................................................................................................102
Leituras sugeridas................................................................................................. 111
Bibliografia...................................................................................................112Correo das atividades........................................................................................ 115
Unidade 23: O processo de produo textual: reviso e edio............................119Seo 1: A Reviso..............................................................................................120Seo 2: A reviso e edio...................................................................................135Seo 3: Estratgias de reviso e edio...................................................................143
Leituras sugeridas ................................................................................................ 153Bibliografia................................................................................................. 154Ampliando nossas referncias................................................................................155Correo das atividades........................................................................................ 161
Unidade 24: Literatura para adolescentes.................................................................165Seo 1: Adolescentes, leitura e professores..............................................................167Seo 2: A qualidade literria primordial no livro para adolescentes?.........................181Seo 3: Existem boas formas de explorar a literatura na escola?..................................192
Leituras sugeridas...............................................................................................203
Bibliografia................................................................................................. 204Correo das atividades........................................................................................ 207
Sumrio
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PARTE II
Lio de casa 1.................................................................................................... 213Lio de casa 2.................................................................................................... 215
PARTE III
Oficina 11...........................................................................................................219Oficina 12...........................................................................................................222
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Bem-vindos continuidade dos estudos de Lngua Portuguesa no Mdulo 2 do Gestar.
Esperamos que voc continue refletindo conosco para a construo do
conhecimento e de uma nova prtica de ensino.
No mdulo 2, temos outros trs cadernos de teoria e prtica em que tratamos do
estudo dos pontos centrais para o trabalho de 5a a 8a sries, dando continuidade
elaborao dos conceitos e prticas que so fundamentais para elaborao do seu fazer
pedaggico.
O TP 4 trata dos processos de leitura e escrita, iniciando com um texto sobre
leitura, escrita e cultura e seguindo, nas unidades 14 e 15, com a discusso sobre
processos de leitura. Para finalizar o caderno, discutimos a unidade 16, que relacionar
as crenas e os fazeres na produo textual.
No TP 5, so desenvolvidas unidades cujos temas so: estilstica, coeso, coerncias
e as relaes lgicas nos textos.
No TP 6, na unidade 21, temos a continuidade do trabalho com gneros com oestudo da argumentao. Nas unidades 22 e 23, retomamos a produo textual, tratando
das fases de planejamento, escrita, reviso e edio e, na unidade 24, propomos tpicos
sobre literatura para adolescentes.
Gostaramos aqui de percorrer estas unidades com voc, articulando-as com as
reflexes que j tivemos a oportunidade de fazer no Mdulo 1. Esperamos que este
estudo possa continuar contribuindo para o desenvolvimento de sua reflexo e para o
desenvolvimento e transposio didtica junto aos seus alunos.
GESTAR II
Lngua Portuguesa
Apresentao
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Unidade 21 Unidade 22
Unidade 23 Unidade 24
PARTE I
TEORIA E PRTICA 6
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Caro Professor, cara Professora,
Neste ltimo caderno de Teoria e Prtica, vamos desenvolver uma discusso sobre aargumentatividade na linguagem e continuar a refletir sobre as prticas de escrita e leitura.
Assim, a unidade 21 focaliza a argumentatividade que, em sentido mais restrito,
corresponde a uma organizao textual que tem por finalidade especfica convencer oupersuadir o interlocutor a respeito de alguma idia ou comportamento. Focalizaremos adiversidade de argumentos que podem ser utilizados para demonstrar uma idia e, porfim, mostraremos defeitos mais freqentes na organizao de textos argumentativos esuas solues.
Nas unidades 22 e 23, continuaremos a praticar a escrita de textos percorrendo asetapas da produo textual, refletindo sobre estratgias utilizadas no planejamento, escrita,reviso e edio textual.
E, por fim, na unidade 24, a ltima do GESTAR II, vamos retomar e sistematizar
atividades e discusses que estiveram presentes durante todo o curso, ainda que notenhamos explicitado o assunto: a literatura para adolescentes, refletindo sobre comoavaliar o envolvimento do professor com o que os adolescentes lem, as tendnciasprincipais na produo de uma literatura para adolescentes, os critrios de seleo e odesenvolvimento de atividades capazes de despertar o aluno para o prazer e o valor daliteratura.
Esperamos que este ltimo TP contribua para a concluso de mais uma etapa desua formao continuada e que o Gestar II, como um todo, possa ter criado oportunidadespara a sua reflexo como educador(a) e proporcionado uma base sobre a qual vocconstruir novos saberes e fazeres.
GESTAR II
Lngua Portuguesa - TP6
Apresentao das unidades
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Unidade 21
Argumentao e linguagemMaria Luiza Monteiro Sales Coroa
Iniciandonossa conversa
Caro Professor, cara Professora,
Tudo que temos visto sobre lngua e linguagem nos mostra como nossa prpriaexistncia de seres humanos moldada pela nossa capacidade de agir pela linguagem.
Distinguimo-nos de outras espcies animais porque somos capazes de nos constituirhumanos pelo exerccio da faculdade da linguagem. Assim, cada cultura organizahistoricamente seus cdigos de comunicao, seja na formao de seu vocabulrio eestruturao sinttica e semntica, seja na adequao dos textos s situaes scio-comunicativas. Pela linguagem organizamos o saber, a vida. Pela linguagem agimossobre nossos pares e sobre o mundo. Por isso, todos os seres humanos so, ao mesmotempo, origem e produto da linguagem, origem e produto da histria que nos leva aconstruir formas de comunicao e de atuao especficas.
Visto nessa perspectiva, todo uso da linguagem argumentativo, pois estabeleceuma interao com o outro, uma relao de fazer social. E toda linguagem , assim, umprocesso sempre em movimento.
Tambm nosso tema transversal, corpo e sade, tem natureza processual, pois falarde sade/doena falar do desenvolvimento humano; falar de transformaes inerentes vida. Ao longo da vida, vivemos condies de sade ou doena, condies querefletem as capacidades de cada pessoa defender a vida1.
Os mecanismos intrincados que determinam as condies de vida das pessoas esuas vivncias em sade e doena podem ser tanto fsicos e biolgicos quanto sociais eculturais. Por isso, falar de sade e de corpo tambm falar de compromissos e valoressociais; falar de nossa insero no mundo e de comunicao, na abrangncia maior
dos sentidos, entre eles, a variedade de linguagens verbais e visuais.
Se, por um lado, a concepo de sade que permeia as relaes humanas nodeve ser compreendida de maneira abstrata e isolada, por outro, tambm marcamosnossa presena no mundo, e na vida de outras pessoas, pelo concreto exerccio dalinguagem porque somos seres historicamente situados.
Mesmo que a linguagem e as lnguas em geral comportem definies e classificaestericas e abstratas, cada atividade de linguagem em que nos engajamos tem propsitose finalidades.
Se assim considerarmos, toda vez que nos comunicamos buscamos fazer algo,impressionar o outro, buscar reaes, convenc-lo. Esse um uso argumentativo da
1 Esta concepo de sade encontrada nos temas transversais dos Parmetros Curriculares Nacionais.
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Definindo nossoponto de chegada
linguagem, em seu sentido mais amplo. Somos seres argumentativos porque objetivamosalgo com o uso da linguagem.
Mas podemos distinguir essa argumentatividade mais ampla, inerente a todamanifestao lingstica, de uma argumentatividade mais restrita, que caracteriza
especificamente os textos que tm por objetivo explcito convencer. desta segunda quetrataremos mais detalhadamente nesta unidade: da construo de textos, verbais e visuais,que buscam uma reao do interlocutor ou modificao no seu modo de ver o mundo.
Esperamos que as atividades aqui propostas possam contribuir para odesenvolvimento de suas prticas pedaggicas e que as idias dos textos trazidos paraanlise possam integrar suas atividades didtico-pedaggicas voltadas para o tematransversal, corpo e sade.
Assim, a primeira seo focaliza a argumentatividade como caracterstica inerenteda linguagem. Em sentido mais restrito, essa argumentatividade corresponde a umaorganizao textual que tem por finalidade especfica convencer ou persuadir o interlocutora respeito de alguma idia ou comportamento.
Na segunda seo, o foco recair sobre a diversidade de argumentos que podemser utilizados para demonstrar uma idia. Ou seja, vamos identificar e aplicar algumasestratgias argumentativas que visam influenciar o interlocutor do texto argumentativo.
Por fim, a sade de um texto argumentativo ser o objeto da terceira seo, naqual se tratar da qualidade da argumentao, procurando mostrar alguns dos defeitosmais freqentes na organizao de textos argumentativos e suas solues.
As atividades aqui propostas pretendem contribuir para a compreenso do fenmenoda linguagem, na sua dimenso argumentativa, e para a sistematizao de recursoslingsticos que tecem um texto explicitamente argumentativo. Assim, temos como objetivos:
1- identificar marcas de argumentatividade na organizao dos textos;
2- identificar e analisar diferentes tipos de argumentos que sustentam umaargumentao textual;
3- reconhecer a qualidade da argumentao textual.
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Seo 1
A construo da argumentao
Identificar marcas de argumentatividade na organizao dos textos.
Objetivoda seo
Nossas reflexes sobre a linguagem se apiam na concepo de que usamos aslnguas (e a linguagem) no apenas para retratar o mundo ou dizer algo sobre as coisas,mas principalmente para atuar, agir sobre o mundo e as coisas; para produzir resultadosa partir de nossas aes lingsticas.
Vamos pensar um pouco sobre algumas das finalidades com que fazemos uso dalinguagem.
1. Vamos focalizar, primeiramente, a palavra presente.
a) Que significado(s) ela assume no texto?
(propaganda presente)
Atividade 1
Observe o seguinte texto publicitrio no seu conjunto de linguagem verbal e visual.
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A construo da argumentao
Seo1
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b) Qual desses significados est mais ligado ao texto visual? Por qu?
c) Qual desses significados est mais ligado ao produto anunciado? Por qu?
d) Como pode o leitor interpretar esse jogo de sentidos, essas vrias possibilidades designificao de uma palavra?
2. Por que nenhuma das duas linguagens (verbal e visual) dispensvel no texto?
3. Qual o objetivo principal desse texto?
J vimos na unidade sobre tipos textuais, a propsito do tipo argumentativo,que, ao considerarmos a linguagem como uma forma de trabalho cultural, estamosconsiderando que toda manifestao lingstica tambm basicamente argumentativa.
Ou seja: sempre que utilizamos a linguagem, estaremos implicitamente alterando ou querendo alterar as crenas dos interlocutores, implicitamente querendo convenc-los de nossas idias.
Lembrete
Sabemos que qualquer texto publicitrio tem por objetivo maior vender um produtoou uma idia, mas todo ato de comunicao lingstica tem tambm esse objetivo, emmaior ou menor grau s nem sempre to explcito. Todas as vezes em que nosengajamos no processo comunicativo, temos a inteno consciente, ou no; explcita,ou no de produzir alguma alterao, no conhecimento ou no comportamento denossos ouvintes/leitores.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
Os cdigos chamados lnguas so compostos por signos lingsticos, que, emum sentido mais geral, so elementos de natureza lingstica usados para designaroutros elementos de natureza no lingstica. Assim, o signo lingstico resultado darelao indissocivel entre significante (lingstico, imagem acstica) e significado(conceito, idia).
Lembrete
Ao fazer uso dessa capacidade de convencimento da linguagem, no utilizamossignificados apenas lingsticos, como vimos na atividade 1: qualquer outro recursocomunicativo interage com os signos de lngua portuguesa para atingir o propsito denossa comunicao. Na comunicao oral, por exemplo, os gestos tambm colaborampara a construo dos sentidos do texto.
A maneira de integrar os sinais de diferentes linguagens para atingir as finalidadesargumentativas varia de situao para situao, de interlocutor para interlocutor. Nosdilogos face-a-face, por exemplo, os recursos utilizados para convencer o interlocutorso mais explcitos. Observe como os sinais corporais funcionam de maneira diferentenos dois textos de anedotas abaixo.
Atividade 2
Experimente retirar a parte visual das duas tirinhas e levar em considerao apenaso dilogo verbal.
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20/226TP6 - Leitura e Processos de Escrita II - Parte I
A construo da argumentao
Seo1
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1) Qual das tirinhas continuaria permitindo compreender completamente a mensagem? Porqu?
2) Que informao ficaria perdida para o leitor se a segunda tirinha no mostrasse sinaisvisuais que retratam a situao de comunicao?
3) Como est construda a situao de humor na primeira tirinha?
4) E na segunda?
Todo ato de linguagem objetiva produzir efeitos de sentido, que podem serconcretizados em aes ou em mudana/reforo de opinies. Mas nem sempre fazemosisso conscientemente, ou fazemos disso o objetivo maior da nossa interao verbal.Mesmo que a linguagem sempre cumpra determinados propsitos argumentativos,nem sempre disso temos conscincia.
Importante
Como podemos observar, nos exemplos das duas atividades acima, a linguagem
utilizada no apenas para descrever, espelhar coisas da realidade que nos cerca, maspara atuar sobre essa realidade. No primeiro caso, o texto publicitrio procura convencero leitor a executar uma determinada ao; no segundo podemos identificar dois nveis depropsitos diferentes. Com relao a ns, leitores das tirinhas, o objetivo divertir, ironizarcertas situaes; com respeito aos personagens, o objetivo de obter informaes, opinies.
Quando esse aspecto argumentativo da linguagem explicitamente colocado em
um texto, dizemos que se trata de um texto argumentativo. Ou seja, embora todamanifestao lingstica procure, de certa maneira, agir sobre o mundo ou sobre osinterlocutores, somente quando a inteno explcita de um texto convencer quechamamos um texto de argumentativo.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
Indo salade aula
Aqui focalizamos a argumentao de uma maneira sistematizada; mas, no dia-a-
dia, todos ns somos seres argumentativos. Sabemos reconhecer o esforo dos nossosinterlocutores para nos convencer a crer em alguma idia ou fazer alguma coisa... Usamos,tambm, todos os nossos conhecimentos de mundo e de linguagem para agir sobre ooutro; para convenc-lo a se comportar como desejamos...
Sempre que possvel, faa a ligao entre a sistematizao dos conceitos aquiestudados e as prticas de linguagem que ocorrem em sala de aula. Situaes concretasde comunicao, em que os alunos apelam para formas no lingsticas de construirsentidos, como fazendo caretas, gestos, por exemplo, servem muito bem de materiallingstico que concretiza os conceitos de que estamos tratando.
Vamos observar como se organiza um texto explicitamente argumentativo.
Leia o texto abaixo, procurando caracterizar o tipo de leitor ao qual ele se destina.
Treinar em regies com nveis elevados de poluio atmosfrica pode afetar o
rendimento. Estudos cientficos indicam que isso provoca uma diminuio importante doaproveitamento e da performance. Em geral, a queda na capacidade de sustentar oesforo mais prolongado ocorre acompanhada de problemas respiratrios como tosse,dor ao inspirar e decrscimo da capacidade pulmonar. Uma boa opo treinar o maiscedo possvel, pela manh, quando a qualidade do ar nas cidades melhor.
ISTO, 21/1/2004
Atividade 3
1. Que caractersticas voc pode imaginar no leitor-destinatrio desse texto o que elefaz, onde vive, etc.?
2. De que idia o texto pretende convencer o leitor?
3. Por que o leitor (que treina) deve seguir a recomendao do texto?
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22/226TP6 - Leitura e Processos de Escrita II - Parte I
A construo da argumentao
Seo1
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5. Que reao voc acha que teria um leitor, que leu o texto, ao sentir dor ou tossirquando est treinando?
Chamamos de estratgias ou recursos argumentativos variedade de formas deconvencimento utilizadas.
No texto argumentativo, mais especificamente, chamamos essas estratgias deargumentos. Todos os argumentos de um texto devem conduzir a um nico objetivo,
ou a objetivos integrados e compatveis entre si.
Importante
Atividade 4
Observe como o autor do seguinte texto coloca sua opinio e suas recomendaes.
4. Por que voc acha que o autor do texto mencionou Estudos cientficos?
Como podemos perceber nessa atividade, em um texto argumentativo, as formas deconvencimento podem ser muito variadas vo desde a utilizao de estudos cientficosat o apelo s sensaes fsicas do leitor...
Os recursos argumentativos podem ser sutilmente encadeados, como no texto daatividade 3, mas podem tambm ser mais diretivos e vir em forma de ordens explcitas aoleitor/destinatrio, como veremos na prxima atividade.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
1. De que idia o texto pretende convencer o leitor?
4. Que comportamentos se esperam de um leitor convencido das idias do texto?
2. Como o texto procura fazer isso?
3. Como esto organizadas, em termos de estruturas lingsticas, de tempos verbais, asrecomendaes?
Esse texto busca convencer o leitor acerca de uma idia principal:
Cuidados com a alimentao contribuem para que o processo de envelhecimentotranscorra sem sustos.
A essa idia chamamos tese do texto argumentativo. Para convencer sobre a validadeda tese, o texto utiliza vrias recomendaes em forma de ordens ou instrues; essasrecomendaes, que fornecem a comprovao da tese, constituem os argumentos dotexto.
A tese constitui a idia principal para a qual um texto pretende a adeso doleitor/ouvinte: o objetivo de convencimento do leitor/ouvinte.
Os argumentos so os motivos, as razes utilizadas para convencer o leitor davalidade da tese.
Importante
Agora, compare o texto da atividade 4 com o seguinte, da atividade 5. Voc vai verque as maneiras de organizar os argumentos para comprovar a tese so diferentes.
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24/226TP6 - Leitura e Processos de Escrita II - Parte I
A construo da argumentao
Seo1
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Atividade 5
Leia outro texto argumentativo a respeito do mesmo assunto.
Em busca da longevidade
Enquanto e quanto mais a cincia aprimora suas pesquisas para desenvolver osegredo da imortalidade, no podemos descurar hoje das medidas necessrias aperseguir as que nos conduzem a uma vida longa e saudvel.
A natureza concedeu a cada um de ns um conjunto de mecanismos que permitenos proteger e nos renovarmos constantemente, resistindo a todas as agresses, mesmoaquelas que no podemos evitar.
A velhice no pode ser catalogada como uma doena, nem pode se apresentarcomo um perodo de sofrimento e desiluso.
Se conduzirmos nossa existncia atravs de um programa disciplinado no querefere alimentao, a exerccios, ao estilo de vida, podemos chegar longevidade comsade e vitalidade.
claro que a expectativa de vida no a mesma nos pases em que a taxa demortalidade infantil elevada, a assistncia mdica precria, a fome e a desnutrioevidentes e a condio scio-econmica inconsciente.
Cumpre destacar aqui a diferena entre longevidade mxima e expectativa de vida.Aquela um fenmeno ligado espcie, e esta, uma condio decorrente dos avanosda medicina, da higiene e das possibilidades econmicas de cada um.
O nosso destino depende do binmio gentico-ambiental: se ns pudermos identificaros indivduos geneticamente vulnerveis e submet-los a uma preveno rigorosa, erradicao dos fatores ambientais, possivelmente, em um futuro menos longnquo quepossamos pensar, a uma correo de fatores genticos, os conduziramos a umenvelhecimento saudvel.
Dr. Ernesto Silva, AMBr revista, julho/2003. (com adaptaes)
1. Qual a tese desse texto?
2. Que argumentos so usados para comprovar a validade dessa tese?
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Argumentao e linguagem
Unidade21
3. Que contribuies a cincia pode dar para conduzir a um envelhecimento saudvel?
4. Compare os textos da atividade 4 e da atividade 5: como esto organizados osargumentos em cada um?
Os recursos acionados em um texto explicitamente argumentativo podem variar
muito, tanto na relao dos argumentos que sustentam a tese, quanto no apelo quefazem ao interlocutor: a eficcia no convencimento depende da escolha adequada daorganizao textual.
Organize grupos de discusso sobre um assunto de interesse de seus alunos.
Cada grupo deve definir qual ser a tese a ser defendida.
De cada grupo deve sair uma ou mais sugestes de argumentos que comprovemessa tese.
Um quadro semelhante ao da atividade 4 deve ser organizado, esquematizandoa argumentao do texto.
A partir do quadro, cada aluno deve dar sua prpria redao ao tema.
Damos como sugesto o quadro abaixo.
Avanandona prtica
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26/226TP6 - Leitura e Processos de Escrita II - Parte I
A construo da argumentao
Seo1
24
Resumindo
Na concepo de linguagem adotada nestes mdulos a linguagem como umaforma de trabalho cultural , consideramos que toda manifestao lingstica tambmbasicamente argumentativa. Ou seja: sempre que utilizamos a linguagem, estamosimplicitamente alterando ou querendo alterar as crenas dos interlocutores, estamosimplicitamente querendo convenc-los de nossas idias. Isso porque todo ato delinguagem objetiva produzir efeitos de sentido, que podem ser concretizados emaes ou em mudana/reforo de opinies. Mas nem sempre fazemos issoconscientemente, ou fazemos disso o objetivo maior da nossa interao verbal.
Quando temos conscincia de que nosso objetivo maior ao produzir um texto fazer o leitor/ouvinte crer em alguma de nossas idias, classificamos esse texto como
argumentativo. Nesse texto, a idia principal para a qual buscamos a adeso do leitor/ouvinte, o objetivo de convencimento do leitor/ouvinte, constitui a tese. Cada motivoou razo que damos para comprovar a tese chamado de argumento.
Dependendo da situao de comunicao, das finalidades do ato de linguagem,as maneiras de organizar a tese e os argumentos podem variar.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
A tese e seus argumentos
Identificar e analisar os diferentes tipos de argumentos que sustentam umaargumentao textual.
Objetivoda seo
J vimos que nenhum texto produzido sem uma finalidade comunicativa, quetodo texto tem por trs de si um autor que procura convencer o leitor/ouvinte acerca dealguma idia. Essa idia constitui a tese de um texto argumentativo, como j vimos na
seo anterior.Vamos agora voltar nossas atenes para os diferentes recursos diferentes argumentos
de que um autor se vale para comprovar essa tese ao organizar uma argumentao.
Seo 2
Atividade 6
1. De acordo com o texto, no que Hagar acredita?
Observe como a conversa entre Hagar e Helga se organiza em torno das crenas deHagar.
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A tese e seus argumentos
Seo2
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2. Por que isso surpreendente?
3. Especialmente nos trs ltimos quadrinhos, como Helga reage s dvidas de Hagar?
4. Que forma de raciocnio lgico sustenta a relao: Hagar como uma criana?
5. Que ttulo voc poderia propor para a historinha?
As crenas de Hagar refletem um conhecimento de senso comum: crianas acreditamem Papai Noel, crianas ficam excitadas com a proximidade do Natal.
Para os leitores dos quadrinhos, esse dilogo mostra certas qualidades de Hagar
que no precisam ser explicitadas, mas que esto claras na forma de apresentao dotexto: os sentimentos semelhantes aos de uma criana. Os leitores precisam apenasreconhecer no dilogo entre Hagar e Helga esse conhecimento do senso comum paraaderir ao ponto de vista do texto, para acatar sua argumentao.
As proposies matemticas so outro bom exemplo dessa forma de argumentar:no necessrio provar que 2 mais 2 igual a 4; que o todo maior que as partes, etc.
Argumentos baseados no senso comum, ou no consenso, so verdades aceitasculturalmente, sem necessidade de comprovao.
Importante
Essa forma de argumentar pode se basear tambm em experincias pessoais, comomostra o texto da prxima atividade, desde que essas experincias sejam reconhecidaspelos interlocutores.
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Argumentao e linguagem
Unidade
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Atividade 7
1. Que tese pode ser identificada nesse texto?
Vamos analisar como se constri a argumentao da seguinte curiosidade, retirada
do Coquetel Grande Tit, no 180.
A velocidade do crebro
Quando uma pessoa queima o dedo, a dor um sinal que o tato envia ao crebro.
Este, por sua vez, transmite outro sinal aos msculos, que reagem afastando a mo do
fogo. A velocidade de circulao dessas mensagens surpreende: elas viajam a 385 km/h,
mais rpido que um carro de Frmula 1.
2. Por que a velocidade das mensagens transmitidas ao crebro facilmente aceita pelos
leitores?
3. Que argumentos so utilizados para mostrar a validade da tese do texto?
4. Faa uma relao entre o ttulo do texto e a identificao da tese.
Por dependerem muito da aceitao e do reconhecimento dos interlocutores,
argumentos de senso comum, ou baseados em experincias conhecidas, so, geralmente,
usados em conjunto com outros tipos de argumentos que podem refor-los, torn-los
menos questionveis.
Uma dessas maneiras de comprovar idias recorrer a dados, pesquisas e estatsticas,
como veremos a seguir.
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A tese e seus argumentos
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Argumentos baseados em provas concretas recorrem a cifras, estatsticas, fatos
histricos; do argumentao uma sensao maior de confiabilidade, de veracidade.Por isso, so muito empregados em textos acadmicos e cientficos ou em qualquersituao em que se pretende fazer o interlocutor acreditar com mais facilidade .
Importante
Atividade 8
1. Que tese voc identifica nesse texto?
2. Como o texto comprova essa tese?
3. Se voc, como leitor, quisesse contestar essa tese, que argumento contrrio voc teriaque apresentar para que fosse aceito como vlido?
4. Que relao voc estabelece entre o ttulo e a tese do texto?
Como voc pode ver nas duas atividades anteriores, o ttulo pode servir de timoindicador para a compreenso das finalidades do texto. Por isso, muitas vezes, conduzimosnosso olhar de leitor a partir do que antecipamos pela leitura do ttulo.
Por outro lado, ao elaborar um texto, mesmo que no seja necessrio dar-lhe umttulo, ter em mente uma idia de que ttulo lhe cabe pode funcionar como um fiocondutor da argumentao.
Observe como se d uma das formas mais comuns de argumentao em textos de
jornais e revistas.
O poder dos amigos
Uma pesquisa realizada na Sucia comprovou que bons amigos fazem mesmo bemao corao. O estudo acompanhou a evoluo do estado de sade de 741 homens por15 anos e concluiu que aqueles que mantinham timas amizades apresentaram muitomenos chances de desenvolver doenas cardacas do que aqueles que no contavamcom o ombro amigo de algum.
ISTO, 3/3/2004.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
Atividade 9
Vamos ler apenas o incio de um texto que recorre a essa estratgia argumentativa(fragmento adaptado do jornal Correio Braziliense, de 1/2/2004).
A retirada de um tumor significa mudana de hbito na vida da famlia doeconomista P.V.S. H trs meses ele foi surpreendido pela descoberta de um cncerde pele. Levei meu filho em consulta ao dermatologista e aproveitei para mostrar aomdico umas manchas no corpo.
Em novembro, P. passou por uma cirurgia para a retirada da leso e ensina:Nunca imaginei que os anos de praia em Santos poderiam me trazer problemas desade. Hoje s fao caminhadas com filtro solar FPS 60.
Os especialistas alertam que a proteo deve ser iniciada ainda na infncia. Emconsultrios e clnicas, eles confirmam que a doena atinge cada vez mais jovens.
1. Para que assunto o texto quer chamar a ateno do leitor?
2. De que idia o texto pretende convencer o leitor?
A organizao desses dados mais objetivos cifras, estatsticas, dados histricos pode variar muito no texto, dependendo das intenes do autor e do conhecimento queele tem do interlocutor.
Uma forma muito comum de organizar a argumentao com base em provas
concretas usar um caso singular para comprovar teses mais gerais.
3. Apesar de comear contando a histria de uma pessoa, como se percebe que oobjetivo do texto no focado sobre um caso individual?
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A tese e seus argumentos
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J vimos que fbulas so histrias construdas com finalidades moralizantes, emque os personagens so animais com comportamentos humanos; o objetivo a mostrar que o bom exemplo a ser seguido o da natureza.
Lembrete
Exemplos de argumentao assim desenvolvida so muito comuns em textos comobjetivos moralizantes, como fbulas e parbolas.
Atividade 10
Vamos analisar como se pretende demonstrar a tese (a lio) desta fbula deEsopo.
O leo e o ratinho
Alguns ratinhos brincavam de esconder. O menor deles saiu correndo em busca deum esconderijo onde ningum o encontrasse. Viu algumas rochas e ficou muito alegrepor encontrar tambm uma caverna. S muito tarde percebeu que a rocha era um leodormindo e que a caverna era a boca aberta do leo.
O felino ficou muito bravo por ter sido acordado e disse que iria castigar tantoatrevimento. O ratinho pediu desculpas.
Prometo que isso no vai acontecer nunca mais.
O leo perdoou o ratinho. Alguns dias depois, acordou novamente com os guinchose as correrias. Pensou: Vou dar uma lio nesses ratinhos e se os pais deles no gostarem,
morrero tambm.Acontece que os caadores esperavam por ele h vrios dias. Quando ele passou
debaixo de uma rvore, jogaram a rede e o prenderam. Ele fez de tudo para sair, mas foi
4. Como o exemplo do economista se integra argumentao do texto?
5. Que importncia tem, para a argumentao, os depoimentos do paciente?
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Argumentao e linguagem
Unidade21
impossvel. Os caadores deixaram o leo na rede e foram avisar seus companheiros. Oleo lutou muito tempo e seus rugidos estremeceram a floresta. Depois, cansado, ficoutriste. Sabia que os homens iriam mat-lo ou ento o levariam para algum zoolgico bemlonge.
Passado algum tempo, o leo ouviu uma voz junto de seu ouvido. Era o ratinho. Leo, vim tirar voc dessa armadilha.
No acreditou. Como um animal to insignificante poderia ajud-lo?
Chame algum maior e mais forte. Voc nunca conseguir me tirar daqui rugiuo leo.
Sou pequeno, mas tenho os dentes afiados disse o ratinho.
O ratinho roeu ento as malhas da rede, uma por uma. Algum tempo depois, oburaco ficou grande e o leo pde escapar. Quando os caadores voltaram, a rede
estava vazia.
Moral: Algumas vezes, o fraco pode ajudar o forte.
www.ilove.com.br
Biografia
O autor dessa fbula Esopo, o primeiro autor de fbulas de que se temnotcia. Foi contador de histrias na Grcia antiga, onde nasceu escravo em 620
a.C. Acreditava que riso e sabedoria podiam andar juntos. Embora hoje sejamreconhecidas como de sua autoria mais de setecentas fbulas, acredita-se que sejam,de fato, suas apenas as duzentas que compunham a primeira coleo, organizadaem 320 a.C., por Demtrius de Phalerum.
1. Que tese em forma de ensinamento o texto pretende demonstrar? Como ela explicitada?
2. Para que serve toda a narrativa envolvendo as experincias do ratinho e do leo?
3. Dos detalhes das experincias entre o leo e o ratinho, quais so imprescindveis e
no podem ser modificados? Por qu?
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A tese e seus argumentos
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Atividade 11
Observe as caractersticas argumentativas dos trs pargrafos do texto a seguir.
4. De que outros exemplos de argumentao semelhante voc se lembra? Escreva seutexto e diga por que a argumentao semelhante.
Nos textos das atividades 9 e 10, no so as histrias ou casos narrados o objetivoprincipal da argumentao. Tais casos singulares servem de apoio, como estratgiasargumentativas, para o desenvolvimento da tese, que vem a generalizar um conhecimento.
Chama-se de argumentao por exemplo a essa estratgia de dar um exemplo,ou contar um caso especfico, para, em seguida, generalizar e extrair uma conclusogeral.
Importante
Argumentos baseados em provas concretas tambm podem fazer o movimentocontrrio no texto: partir da generalizao para se aplicar a um caso singular. o queveremos na prxima atividade.
Os melhores amigos do homem
Uma experincia pequena, mas com resultados animadores est empolgandopesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidadede So Paulo. O trabalho, coordenado pelo Prof. Marcelo Ribeiro, consiste em usaranimais para ajudar crianas deficientes mentais para melhorar o desempenho escolar.As crianas cuidam de cabras, coelhos, peixes, etc. Durante as atividades, aprendemconceitos e desenvolvem habilidades de maneira fcil e divertida. Alm da evoluo noaprendizado, os pequenos ganham um sentimento que muitos nem sequer haviamexperimentado: auto-estima.
Essa pequena sensao enche de alegria o corao do menino Leonardo Neves, 11anos, cada vez que ele monta o cavalo Pantanal. Tetraplgico de nascena (faltou oxigniodurante o parto), Leonardo hoje capaz de feitos que, tempos atrs, eram inimaginveis.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
1. Qual a tese desse texto?
2. Que contribuio do as informaes do primeiro pargrafo para a comprovao da tese?
Na verdade, o uso de animais no tratamento de vrias doenas tem sido um recursocada vez mais utilizado. Vrias pesquisas demonstram que os bichos tm um fabulosopoder teraputico. Eles so remdios vivos, afirma a veterinria Hannelore Fuchs, umadas principais especialistas no assunto do Pas. De acordo com pesquisas do cientistaDennis Turner, professor da Universidade de Duke (Estados Unidos), por exemplo, o
contato com animais ajuda a reduzir a presso sangnea, a diminuir os nveis de colesterole de estresse.
Fragmento adaptado de ISTO, 11/2/2004.
3. Como o segundo pargrafo contribui para a comprovao da tese?
4. Destaque do terceiro pargrafo dois argumentos a favor da tese do texto.
(a)
(b)
A citao de provas concretas um recurso argumentativo que se ope sgeneralizaes e s opinies pessoais: uma forma objetiva de contrabalanar argumentossubjetivos. Por isso, esses argumentos costumam dar ao texto uma aparncia de exatidoe veracidade: de objetividade.
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A tese e seus argumentos
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Atividade 12
Vamos observar no que se apia a argumentao do seguinte texto, retirado deSuperinteressante, agosto de 2003.
1. Qual a tese do texto?
Indo salade aula
Textos de outras disciplinas escolares, como Geografia, Histria, Matemtica, etc.,
costumam se apoiar em argumentaes de vrios tipos. Conduza o olhar de seus alunospara esses textos, mostrando que o ambiente escolar est repleto de textos que visamprovar-lhes teses a propsito de variados temas.
Esse passeio por textos de outras disciplinas ilustra bem o poder da argumentaoda linguagem j que so textos com os quais os alunos tm, normalmente, que lidar e voc poder se valer deles tambm nas aulas de Lngua Portuguesa.
O texto da atividade 11 um exemplo da maneira mais comum de organizar aargumentao de um texto: apresentando argumentos de variados tipos. Alm dageneralizao que aparece aplicada a um caso singular, o fragmento conclui com umaoutra maneira de demonstrar uma tese: citando a opinio de alguma autoridade noassunto.
O argumento de autoridade recorre a fontes de informao renomadas, como
autores, livros, revistas especializadas, para demonstrar a veracidade da tese. Este um dos tipos de argumentos mais encontrados em livros didticos ou em textoscientficos.
Importante
A partir de agora vai ser difcil dizer que uma pessoa no vale nada. Um levantamentoda revista americana Wired mostrou que qualquer um poderia ganhar at 45 milhes dedlares se retirasse as partes teis do corpo e as vendesse para transplantes. claro que,depois, no teria como aproveitar o dinheiro. Muitos dos rgos retirveis so vitais.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
2. A que autoridade recorre o texto para argumentar pela tese?
3. Como, na prtica, o texto mostra o absurdo da tese?
4. Por que a pesquisa contribui para sustentar a tese, apesar da lgica do raciocnio finaldo texto?
5. Estabelea a relao de condio em que o argumento final do texto se baseia:
6. Que ttulo voc daria ao texto para orientar o leitor para a argumentao final?
Essa forma de construir um argumento, estabelecendo relaes lgicas, apelandopara o raciocnio, costuma conferir ao texto consistncia argumentativa, pois, peloraciocnio, difcil ao leitor contestar as provas. Mas, por outro lado, importante que oraciocnio proposto esteja correto, para no provocar o efeito oposto: o de incluir noprprio texto a falsidade da argumentao.
Indo salade aula
Temas como o desse texto, a venda de rgos e a generalizao dos transplantes,prestam-se ao desenvolvimento de muitas atividades de linguagem que exploram aargumentatividade da linguagem, pois so polmicos e provocam acaloradas discusses.
O exerccio da argumentao em debates, jogos em grupo e defesas de pontos devista constitui um poderoso caminho de amadurecimento do aspecto argumentativo dalinguagem de seus alunos. Explore essa capacidade sempre que as situaes reais de salade aula lhe derem oportunidade.
interessante observar que os argumentos por raciocnio lgico no dependem dacomprovao dos raciocnios em sua relao com a realidade extratextual. Mais importanteque a correspondncia entre o que se diz e os fatos o exerccio mental que essesargumentos provocam (e neles se bastam).
Se
Ento
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A tese e seus argumentos
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Algumas das relaes lgicas mais utilizadas na construo de textos por raciocniolgico j foram estudadas na unidade 20, como Relaes Lgicas no Texto. L vimostambm que chamamos de proposio a cada uma das idias que compem umraciocnio lgico.
Lembrete
Por darem a sensao de eficcia na argumentao, raciocnios lgicos so muito
usados para concluir textos argumentativos, como podemos ver nos seguintes exemplos.
Atividade 13
Vamos reescrever, em forma explcita de raciocnios lgicos, os argumentos doseguinte texto retirado de uma seo de consultas do leitor da revista ISTO (3/3/2004).
Argumentos por raciocnio lgico como diz o nome so argumentos que
resultam de relaes lgicas. Os mais comuns so os de causa e conseqncia e osde condio.
Importante
Se um argumento por raciocnio lgico no estiver, de fato, bem estruturadologicamente, basta uma s evidncia de sua inadequao para que toda a argumentaocaia por terra. Se dizemos, por exemplo, que todos os polticos mentem, basta algummostrar que existe um poltico que no mente e toda a argumentao se torna falsa.
Calvcie
Tenho 20 anos e j estou sofrendo com queda de cabelo. Como controlar oproblema?
V. G. por e-mail
A calvcie geralmente um problema de causa hereditria. Existem fatores quepodem agravar ou antecipar a queda dos cabelos, como utilizao de drogas, m higienedo couro cabeludo, uso exagerado de bons, etc. A melhor forma de se prevenir manter os cabelos sempre limpos, mesmo que para isso seja necessrio lavar a cabeamais de uma vez ao dia. Outro conselho no usar substncias que possam agredir os
fios, como tinturas. Procure um mdico para acompanhar seu caso. Se for necessrio, ha alternativa do microtransplante capilar.
Miguel Sorrentino, cirurgio plstico.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
1. Destaque, ao menos, trs exemplos de relao de causa e conseqncia no texto.
(a)
(b)
(c)
(d)
2. Destaque, ao menos, trs relaes de condio no texto.
(a)
(b)
(c)
3. Reescreva o texto em forma de recomendaes ou instrues ao leitor.
A argumentao desse texto objetiva dar respostas convincentes ao problemacolocado. Para isso, a autoridade (cirurgio plstico) que organiza a argumentao fazuso de vrios tipos de argumentos.
Isso uma constante nos textos argumentativos. Para demonstrar uma tese, o autorlana mo dos argumentos que julga mais pertinentes e inquestionveis para reforar asidias de que pretende convencer o leitor/ouvinte. Desse modo, busca-se variedade naargumentao.
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A tese e seus argumentos
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Atividade 14
Vamos analisar como os argumentos do seguinte texto so solidrios na demonstrao
da tese.
Como nos tornamos diferentes?
Ao contrrio dos chipanzs e demais primatas, o homem no possui cabelo portodo o corpo. A adaptao provavelmente surgiu por volta de 1,6 milho de anos atrspara esfriar o corpo de alguns dos nossos primeiros ancestrais, que comeavam a setornar mais ativos e fazer longas caminhadas. Uma mudana levou a outra: clulas queproduziam melanina, antes restritas a algumas partes descobertas, se espalharam portoda a epiderme. Alm de tornar a pele escura, a melanina absorve os raios ultravioletasdo Sol e faz com que percam energia.
Enquanto os humanos modernos estavam restritos frica, a melanina funcionavabem para todos. Cerca de 100 mil anos atrs, os homens modernos chegaram sia. Del se espalharam pela Oceania, depois para a Europa e, h pelo menos 15 mil anos, Amrica. Nas regies menos ensolaradas, a pele negra comeou a bloquear demais osraios ultravioletas. A tendncia ento foi que populaes que migraram para regiesmenos ensolaradas desenvolvessem pele mais clara para aumentar a absoro de raiosultravioletas.
As adaptaes ao clima afetam primordialmente caractersticas superficiais. A interfaceentre o interior e o exterior tem papel fundamental na troca de calor de dentro para fora,
e vice-versa, afirma o geneticista italiano Luigi L. Cavalli-Sforza, um dos pioneiros noestudo de gentica de populaes, em seu livro Genes, Povos e Lnguas.
Superinteressante, abril de 2003. (com adaptaes)
1. Que tese o texto procura demonstrar?
2. Que tipos de argumentos o texto utiliza para convencer o leitor? Destaque-os.
(a)
(b)
(c)
(d)
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Argumentao e linguagem
Unidade21
Como j vimos, um texto publicitrio argumentativo por excelncia porque
visa, pela prpria funo, agir sobre a vontade, as crenas e os comportamentos doleitor.
Utilize um ou vrios textos publicitrios para motivar a atividade de escrita.Damos abaixo uma sugesto.
(1) Divida a classe em grupos de no mais de seis alunos para que todospossam efetivamente participar.
(2) Oriente a interpretao do texto publicitrio: a quem ele se destina? Doque pretende convencer? Como faz isso?
(3) Pea-lhes que escrevam um texto argumentativo que tenha os mesmosobjetivos do texto publicitrio.
(4) Se necessrio, faa com cada grupo um roteiro dos argumentos relevantes.
Avanandona prtica
No estamos considerando, nestas atividades, a distino que alguns autores fazementre persuadir e convencer. Para esses autores, o ato de convencer se dirige razo; oato de persuadir se dirige emoo. No primeiro caso, usam-se argumentos lgicos eprovas objetivas. No segundo, basta que os argumentos sejam plausveis e atinjam avontade, os sentimentos do leitor.
O importante que, na construo do texto argumentativo, todos os argumentos
conduzam ao mesmo objetivo e produzam os efeitos desejados no interlocutor.
3. Que argumento(s) voc considerou mais forte(s) para convencer o leitor nessaargumentao? Por qu?
4. Se voc no concordar com a argumentao do texto, que argumento voc poderiausar para contest-la?
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A tese e seus argumentos
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Resumindo
Consideramos, nesta seo, as diferentes formas que os argumentos podemassumir para comprovar uma tese, sem distinguir entre o ato de convencer (dirigido razo) e o ato de persuadir (dirigido emoo). O importante que, na construodo texto argumentativo, todos os argumentos conduzam ao mesmo objetivo e produzamos efeitos desejados no interlocutor.
Incentive-os a usar a maior variedade possvel de argumentos, como provas concretas,citao de autores, raciocnio lgico, etc.
Os recursos argumentos de que um autor se vale para comprovar sua teseapresentam variadas maneiras de se construir:
(a) Argumentos baseados no senso comum, ou no consenso, so verdades aceitasculturalmente, sem necessidade de comprovao.
(b) Argumentos baseados em provas concretas trazem para o texto informaes queresultam de pesquisa, estatstica e similares.
(c) A argumentao por ilustrao mostra uma situao genrica e apresenta, como
comprovao, uma singularizao dessa situao.(d) A argumentao por exemplo usa, inicialmente, um exemplo ou um caso
especfico, para, em seguida, generalizar e extrair uma concluso geral.
(e) O argumento de autoridade recorre a fontes de informao renomadas, comoautores, livros, revistas especializadas, para demonstrar a veracidade da tese.
(f) Argumentos por raciocnio lgico como diz o nome so argumentos queresultam de relaes lgicas. Os mais comuns so os de causa e conseqncia e os decondio.
Para atingir a opinio ou o comportamento do interlocutor, o autor lana mo dosargumentos que julga mais pertinentes e inquestionveis para reforar as idias de quepretende convenc-lo, apresentando a variedade de argumentos de que dispe paracomprovar sua tese.
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Seo 3
Qualidade da argumentao
Reconhecer a qualidade da argumentao textual.
Objetivoda seo
Ao mobilizar argumentos para sustentar uma tese, o autor depende de seus pontosde vista, de seu conhecimento sobre o assunto e daquilo que julga mais eficaz paraatingir o raciocnio e a vontade de seu interlocutor. Com tantos fatores em jogo, uma
argumentao pode no ser bem-sucedida.
A cada argumento bem construdo, que vimos na seo anterior, pode corresponderum argumento mal construdo; o que resulta em defeitos de argumentao.
Vamos ver alguns dos casos mais comuns de prejuzo argumentao.
Atividade 15
Observe como esto prximas negao e afirmao a respeito de clonagem notexto abaixo (transcrito da revista VEJA, de 18 de fevereiro de 2004).
Agora para valer
A criao do clone humano foi noticiada pelo menos trs vezes nos ltimos doisanos. Todos alarmes falsos feitos por pessoas de credibilidade duvidosa. Desta vez paravaler. Na semana passada, pesquisadores da Universidade Nacional de Seul, na Coriado Sul, comunicaram ter conseguido desenvolver, pela primeira vez, as chamadas clulas-
tronco embrionrias a partir de um embrio humano clonado.
1. De que idia o texto pretende convencer o leitor?
2. Que efeito na argumentao tem a informao dos alarmes falsos?
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Qualidade da argumentao
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3. Que tipos de argumentos so usados para comprovar a tese?
4. Por que, nesse texto, afirmar e negar a produo de um clone humano no prejudicaa argumentao?
Indo salade aula
Mais uma vez, um tema polmico como o do texto anterior pode ser usado paraatividades didtico-pedaggicas que explorem argumentos a favor e contrrios ao assunto.
Os textos jornalsticos so exemplo vivo e palpitante de como se podem tomarposies diferentes na argumentao (segundo a linha editorial e a ideologia do jornal ourevista); por isso a anlise de notcias provocativas, como as da atividade anterior, podeservir de timo material didtico.
difcil falar em defeitos de argumentao em sentido muito genrico, porque umdefeito de argumentao est sempre relacionado s finalidades do texto. Por isso, aorganizao dos sentidos globais do texto precisa ser levada em considerao.Contradies em um texto podem servir de argumentos positivos em outro. Vejamos umexemplo.
Atividade 16
Este poema do mais famoso poeta portugus do sculo XX, Fernando Pessoa.
Para ser grande
Para ser grande, s inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
S todo em cada coisa. Pe quanto s
No mnimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
1. O que recomenda o poeta ao leitor?
2. Como possvel ser inteiro em cada coisa?
3. Como funciona o exemplo da lua para confirmar a argumentao?
4. Como pode ser explicitada, em termos de uma relao lgica (condio; causa eefeito), a tese do poema?
BiografiaFernando Antonio Nogueira de Seabra Pessoa (1888-1935) nasceu em Portugal,
mas passou a infncia na frica do Sul. conhecido por ter criado diferentesheternimos (personagens) para assumirem a autoria dos diferentes estilos de seusensaios e poemas.
Como podemos perceber, at mesmo a linguagem potica presta-se argumentao.Os vrios argumentos utilizados pelo poeta conduzem a um mesmo objetivo. Essa a
qualidade da argumentao. Quando os objetivos so insuficientes, ou incoerentes entresi, para deixar claro ao interlocutor de que idia (opinio, sentimento) o texto objetivaconvencer, temos uma argumentao inadequada ou defeituosa.
Importante
Uma argumentao considerada inadequada ou defeituosa quando no dcondies para que os objetivos sejam atingidos. H vrias razes para isso acontecer:
podem ser razes ligadas incompreenso, ou no-aceitao, do interlocutor; podemser razes ligadas ao desenvolvimento do texto, ou mesmo razes relacionadas no-correspondncia entre os argumentos e o mundo real.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
A partir da anlise dessa anedota, podemos tirar algumas concluses a respeito daqualidade da argumentao. A primeira, como j dissemos, que a argumentao deveser compreendida na totalidade do texto. Outra que diferenas no ponto de vista noresultam, necessariamente, em argumentao defeituosa.
Indo salade aula
Temos tratado da argumentao do texto escrito, mas importante lembrar que aqualidade da argumentao tambm caracteriza o texto oral. Quando participamos dedisputas de opinies e de reivindicaes, estamos diante de usos argumentativos dalinguagem na sua mais pura natureza.
Atividades que desenvolvem o uso argumentativo da linguagem oral soimprescindveis na educao lingstica de nossos alunos.
Nunca demais lembrar que a argumentao uma qualidade do texto, mas develevar sempre em considerao a interlocuo, o papel dos interlocutores no exerccio dalinguagem. Por isso, aquilo que o autor pensa a respeito do interlocutor passa a serimportante na organizao da argumentao.
Atividade 18
Observe como a reao do interlocutor provocada por uma pergunta no seguintetexto publicitrio.
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Qualidade da argumentao
Seo3
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Atividade 19
Nessa propaganda, a linguagem verbal e a visual se complementam para convencero leitor da relevncia do produto anunciado.
Agora compare com uma variao desse mesmo texto (sem lata de lixo).
1. Que finalidade tem o texto visual e verbal?
2. Que significado tem a lata de lixo no texto?
3. A que concluso o texto conduz?
1. Se voc no tivesse a informao visual da propaganda anteriormente, que possibilidadesvoc teria de respostas pergunta do texto?
2. Como poderia o leitor se convencer da importncia do produto anunciado?
O texto de propaganda analisado deixa explcita uma pergunta que visa atingir aopinio do leitor. Mesmo que no seja explicitada, existe sempre uma relao de perguntae resposta implicada numa argumentao, como nos mostraram as atividades 18 e 19:uma interao entre as crenas dos interlocutores.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
Escolha uma das opes de ARGUMENTO e outra de CONCLUSO abaixo para
dar continuidade argumentao do texto (adaptado de www.cienciahoje.uol.com.br(29/10/2003).
Atividade 20
A dor dele est doendo em mim
Filsofos da conscincia gostam de argumentar que impossvel conhecer emprimeira mo o que outra pessoa sente. Cada um conhece seus sentimentos, claro. Maspara saber o que se passa na cabea dos outros, o nico jeito seria esperar para ouviruma verso em palavras.
S faltou explicarem isso ao crebro. A simples possibilidade de dor alheia, muito
antes de ser confirmada pelas palavras de quem sofre, j suficiente para disparar nocrebro uma srie de reaes que tm tudo para ser a base fisiolgica da empatia: acapacidade de se colocar no lugar dos outros e sentir o que eles esto sentindo.
ARGUMENTO
(a) Um estudo do Instituto de Neurologia do University College de Londres, Inglaterra,publicado na revista Science, mostra o que acontecia no crebro de 16 mulheres deitadasem um aparelho de ressonncia magntica funcional enquanto seus maridos, sentadosao lado, recebiam um choque eltrico doloroso nas costas da mo.
(b) Pesquisas realizadas em animais e seres humanos indicam que as clulas docrebro so desenvolvidas a partir de clulas-tronco capazes de regenerar rgos comtecidos lesionados ou destrudos.
(c) Pesquisadores coletaram 242 vulos de dezesseis mulheres, esvaziaram seuncleo e introduziram no lugar o material gentico de uma clula adulta retirada da pelede seu marido; depois simularam o efeito do choque eltrico e registraram as reaes emcomputador.
CONCLUSO
(a) Os resultados mostraram que a tcnica funciona na maioria dos casos, masquando os resmungos comeam a ser mais insistentes, os pacientes no alteram arepresentao de seu estado emocional diante do sofrimento alheio.
(b) A descoberta apia diretamente uma teoria que prope que observar ou mesmoimaginar uma pessoa em um certo estado emocional ativa automaticamente a representaodaquele estado no crebro do observador.
(c ) Se os estudos forem continuados, mostram que a capacidade de transfernciade clulas cerebrais traz como conseqncia o desenvolvimento da empatia, a capacidadede cada um conhecer seus prprios sentimentos.
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Qualidade da argumentao
Seo3
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1. Justifique suas escolhas (por que as opes rejeitadas no so adequadas, etc.).
Enfim, encontramos na escolha dos argumentos vrios nveis de adequao e vriosnveis de inadequao quanto demonstrao da tese pretendida. Assim, at aparentesconflitos de opinio podem compor uma argumentao coerente, desde que
adequadamente articulados.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
Atividade 21
Analise o seguinte fragmento adaptado da carta de um leitor a uma revista de
circulao nacional, para identificar alguns problemas de argumentao.
impressionante ver a imprensa abrir espao para aquilo que considero um exemplode despreparo do brasileiro para conviver com suas prprias limitaes.
Ao contrrio do que muitos pensam, nem sempre a histria tem sido solidria comas dificuldades deste povo hospitaleiro, alegre, esperanoso. Por isso, todos os brasileirostm no carnaval e na msica popular seu maior orgulho.
Portanto, necessrio que os sonhos e os desejos de todos os brasileiros sejam
objeto de mais respeito: lutamos por isso!
1. De que problema (ou desrespeito) especfico trata o texto?
2. De que limitaes se trata?
3. Quem so os muitos que pensam assim?
4. Que caractersticas so atribudas ao brasileiro? So verdadeiras?
5. Que relao h entre carnaval e msica popular e o desrespeito da imprensa?
6. Como o texto marca sua concluso? As idias conclusivas tm suporte nos argumentos
anteriores?
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Qualidade da argumentao
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Importante
Como um texto argumentativo tem por objetivo convencer o interlocutor, umgrave defeito de argumentao deixar vaga, ou extremamente genrica, a idia quese pretende demonstrar. Quanto menor for a chance de o interlocutor contra-argumentar,mais argumentativamente poderoso estar o texto.
O exemplo da atividade anterior, modificado para tornar mais visveis os defeitos deargumentao, apresenta os seguintes problemas:
(a) genrico e vago demais para conduzir o leitor identificao do objetivo,da tese que pretende defender;
(b) caracteriza o brasileiro por meio de chaves e clichs, que no se aplicam atodos;
(c) faz afirmaes sobre todos os brasileiros que correspondem apenas a alguns;
(d) marca como argumentos lgicos usando Por isso, Portanto relaes entreidias que no so evidentes.
(e) as informaes (argumentos) dos dois primeiros pargrafos no levam concluso do terceiro.
Importante
A primeira condio para uma boa argumentao a clareza do objetivo (datese a comprovar); a segunda a solidariedade entre os argumentos: todos devemconduzir para o mesmo objetivo e este objetivo deve ficar claro para o leitor/ouvinte.
Atividade 22
Considerando que o motivo da carta da atividade anterior foi uma reportagemsobre a cor dos brasileiros, na qual se encontravam depoimentos sobre preconceitosraciais, proponha uma reelaborao do texto, inserindo informaes para corrigir osdefeitos de argumentao apontados acima.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
Outros textos foram adaptados para serem analisados quanto qualidade deargumentao. Vejamos nas prximas atividades.
Atividade 23
Que defeitos devem ser sanados na argumentao do seguinte texto, adaptado darevista VEJA, de 25 de fevereiro de 2004?
O tratamento das doenas crnicas exige uma dedicao muito grande dos doentes.Seus hbitos de vida tm de ser regrados. Alm disso, grande parte dos pacientes tem detomar remdio diariamente, vrias vezes por dia em horrios certos. Um dos principais
trunfos dos programas de monitoramento o vnculo que se cria entre os doentes e osmonitores.
Um dos doentes tratados pelo sistema foi o jardineiro Pricles Souza, que est serecuperando de uma cirurgia no joelho, mas no pode ir para casa porque faz fisioterapiaintensiva. O Hospital Nacional de Sade desenvolveu a tcnica para aplicar em idosossedentrios e outros pases j tm procurado adotar os mesmos procedimentos.
1. De acordo com os tipos de argumentao vistos na seo anterior, como pode serclassificado o argumento do segundo pargrafo?
2. Que relao h entre doenas crnicas, do primeiro pargrafo, com cirurgia nojoelho e fisioterapia intensiva, no segundo?
3. Por que a argumentao do texto est mal construda?
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Qualidade da argumentao
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4. Experimente substituir o segundo pargrafo pelo seguinte e justifique por que aargumentao se torna consistente:
Vtima de uma cardiopatia, a dona de casa Celeste Lopes, de 72 anos, s comeoua cumprir as orientaes alimentares depois que passou a receber a visita de uma enfermeira
enviada pelo plano de sade. S de medir a minha presso, ela percebe se desrespeiteia dieta, diz Celeste. Como no quero que a enfermeira se chateie comigo, tento nolhe desobedecer.
Atividade 24
Analise a argumentao do texto adaptado da revista ISTO, de 25/2/2004.
Durante muito tempo coexistiram duas interpretaes para a relao entre sade eexerccios. Alguns imaginavam que pessoas geneticamente privilegiadas seriam maispropensas atividade fsica por apresentarem boa sade.
Estudos atuais sugerem que as duas hipteses esto associadas.
1. Que problema de argumentao voc identifica nesse texto?
2. Como se pode chegar a perceber esse defeito?
Experimente acrescentar o argumento abaixo ao final do primeiro pargrafo:
Outros acreditavam que a malhao poderia ser um dos estmulos ambientaisresponsveis pela ausncia de doenas.
3. Justifique por que assim se chega a uma boa argumentao.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
Atividade 25
Analise a argumentao do texto a seguir, que foi adaptado da revista ISTO, de10/12/2003.
Armadilhas da beleza
O desejo de ficar com o corpinho em forma para o vero arrasta uma enormequantidade de pessoas s clnicas de medicina esttica. A vontade de tirar aquelepneuzinho ou amenizar a celulite tamanha que a maioria das pessoas se esquece deperguntar os riscos e as contra-indicaes dos tratamentos. Um dos mais procuradosnesta poca do ano e tambm um dos mais perigosos o bronzeamento artificial. Omtodo j foi inclusive condenado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia por ser umdos responsveis pelo envelhecimento precoce e pelo aparecimento do cncer de pele.
Pessoas com qualquer tipo de pele podem sofrer as conseqncias. Mas os que soclaros, que tm casos de cncer de pele na famlia ou que apresentam leses comchances de se tornar um tumor so mais suscetveis.
Assim cuidar da pele por bronzeamento artificial tem atrado cada vez mais genteinteressada em adquirir um tom de pele que vrios dias de praia lhe proporcionam, sema necessidade de se deslocar de seu local de trabalho. a moderna tecnologia a servioda cincia e da beleza do ser humano.
1. De que tese o texto pretende convencer o leitor?
2. Que argumentos sustentam essa tese?
3. Que relao o terceiro pargrafo tem com os demais na construo da argumentao?
4. Reescreva o terceiro pargrafo, corrigindo o defeito de argumentao.
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Qualidade da argumentao
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Quando atribumos a qualquer manifestao lingstica uma certa dose deargumentatividade, estamos tambm admitindo que usamos a linguagem no s pararepresentar um estado de coisas no mundo, mas sobretudo para realizar uma intenode agir sobre o interlocutor e sobre o mundo.
Por isso, importante no s o que dizemos, mas tambm como dizemos, para quea argumentao seja bem-sucedida.
Importante
Argumentar firmar uma posio diante de um problema; significa umcompromisso com a informao e o conhecimento. No possvel construir umaboa argumentao com argumentos fracos, falsos ou incoerentes. O encadeamentode idias na textualidade apresenta qualidade quando apresentamos o que queremosfazer crer aos outros por meio de uma sistematizao pertinente ao assunto e acessvelaos interlocutores.
De acordo com a faixa etria e os interesses de seus alunos, defina uma idia a
ser defendida como tese na elaborao de textos argumentativos. Damos comosugestes:
Sade qualidade de vida
Quando valorizamos a sade, valorizamos as pessoas
Cuidar da sade uma forma de amor
Sade e meio ambiente
Avanandona prtica
Escolhemos, na seo dedicada ao tema transversal Sade, nos ParmetrosCurriculares Nacionais, trs trechos sobre sade para servir de suporte a discusses sobreo tema em sala de aula:
A palavra de origem latina salute salvao, conservao da vida vemassumindo significados muito diversos, pois a concepo de sade que permeia asrelaes humanas no pode ser compreendida de maneira abstrata ou isolada. Osvalores, recursos, estilos de vida que contextualizam e compem a situao de sadede pessoas e grupos em diferentes pocas e formaes sociais se expressam por meiode seus recursos para a valorizao da vida, de seus sistemas de cura, assim como das
polticas pblicas que revelam as prioridades estabelecidas. (p.249)
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Argumentao e linguagem
Unidade21
nos espaos coletivos que se produz a condio de sade da comunidade e,em grande parte, de cada um de seus componentes. Nas relaes sociais se afirma aconcepo hegemnica de sade e, portanto, nesse campo que se pode avanarno entendimento da sade como valor, na luta pela vida e pela qualidade de vida.
(p.279)
Se sade no apenas ausncia de doena, quais so as outras caractersticasque nos permitem concluir que um indivduo no doente seja saudvel de fato? Comuma razovel facilidade, compreende-se o que uma pessoa doente tomando comoreferncia o ponto de vista biolgico; no entanto, essa mesma pessoa pode estarperfeitamente bem integrada a seu grupo de relaes e inserida nos processos deproduo, sendo, do ponto de vista social, uma pessoa considerada saudvel, adespeito de seu reconhecido comprometimento fsico. (p.249)
Divida a classe em grupos e d a cada um a tarefa de coletar mais informaes defontes variadas acerca da idia escolhida. Alguns dos textos usados como atividadesnesta unidade podem servir de informaes adicionais.
Debates sobre o ttulo podem servir de estratgia para a negociao da delimitaodo tema e dos objetivos propostos.
Em sala de aula, cada grupo deve escolher o gnero e/ou veculo que utilizar paraconvencer os interlocutores a respeito da validade e importncia de sua tese, como, por
exemplo, texto publicitrio, esquetes teatrais, texto opinativo, discurso pblico, anedota,cartaz instrucional, etc.
A idia a ser defendida pelos argumentos pode ser comum classe, ou variar degrupo para grupo, dependendo de cada realidade escolar.
importante a orientao do(a) professor(a) na construo dos argumentos, bemcomo a avaliao dos colegas quanto ao poder de convencimento de cada texto produzido.
Resumindo
Uma boa argumentao depende, primeiramente, da clareza do objetivo (datese a comprovar); e depois, da solidariedade entre os argumentos: todos devemconduzir para o mesmo objetivo.
Como argumentar firmar uma posio diante de um problema, um compromissocom a informao e o conhecimento, no possvel construir uma boa argumentaocom argumentos fracos, falsos ou incoerentes.
Ao mobilizar argumentos para sustentar uma tese, ao apresentar que idia pretende
fazer crer aos outros, o autor depende de seus pontos de vista, de seu conhecimentosobre o assunto e dos argumentos que julga mais eficazes para atingir o raciocnio e avontade de seu interlocutor. Com tantos fatores em jogo, uma argumentao pode
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Qualidade da argumentao
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no ser bem-sucedida. Assim, a cada argumento bem construdo pode corresponderum argumento mal construdo; o que resulta em defeitos de argumentao.
difcil falar em defeitos de argumentao em sentido muito genrico, porqueum defeito de argumentao est sempre relacionado s finalidades do texto. Porisso, a organizao dos sentidos globais do texto precisa ser levada em considerao.Contradies em um texto podem servir de argumentos positivos em outro.
Uma argumentao considerada inadequada ou defeituosa quando no dcondies para que os objetivos sejam atingidos. H vrias razes para isso acontecer:podem ser razes ligadas incompreenso, ou no-aceitao, do interlocutor; podemser razes ligadas ao desenvolvimento do texto, ou mesmo razes relacionadas no-correspondncia entre os argumentos e o mundo real.
Em suma, encontramos, na escolha dos argumentos, vrios nveis de adequaoe vrios nveis de inadequao quanto demonstrao da tese pretendida: os sentidos
globais do texto e o objetivo da argumentao que definem sua qualidade.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
Leituras sugeridas
CITELLI, A. O texto argumentativo. So Paulo: Scipione, 1994.
O livro, de menos de 80 pginas, tem o propsito de mostrar que a linguagemcumpre certos objetivos e realiza determinadas intenes; por isso, discute alguns dosmecanismos estruturadores do texto argumentativo, como o ponto de vista, a coeso e acoerncia, o dilogo textual e outros mecanismos argumentativos.
KOCH, I. G. V. Argumentao e Linguagem, So Paulo: Cortez, 1987.
um livro que apresenta verses reelaboradas de apresentaes em congressosnuma poca em que pouco se falava sobre o tema no Brasil. Considera o ato de
argumentar como o ato lingstico fundamental; por isso, fornece bases tericas para aaplicao analise da argumentatividade no discurso.
PLATO SAVIOLI, F. & FIORIN, J. L. Lies de texto: leitura e redao. So Paulo: tica,1996.
Organizado como um manual de leitura e redao, apresenta cada unidade (lio)composta por: 1. exposio terica, 2. texto comentado, 3. exerccios, 4. proposta deredao. Uma das 25 lies trata da questo da argumentao, de onde foi retirado o
texto para a seo Ampliando nossas referncias, a seguir.
____________ Para entender o texto leitura e redao. So Paulo: tica, 1995.
O livro se apresenta como resultado de estudos e da prtica de vrios anos de salade aula e foi escrito para arriscar uma resposta concreta ao desafio de ensinar o alunoa interpretar e a produzir textos. Dedica 5 de suas 44 lies questo da argumentaoe de seus defeitos, com textos comentados e exerccios.
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Bibliografia
CITELLI, A. O texto argumentativo. So Paulo: Scipione, 1994.
DUCROT, O. Princpios de Semntica Lingstica (dizer e no dizer). So Paulo: Cultrix,
1979.__________ O dizer e o dito. Campinas: Pontes, 1987.
FIORIN, J. L. As astcias da enunciao. So Paulo: tica, 1996.
GUIMARES, E. Os limites do sentido. Campinas: Pontes, 1995.
ILARI, R. Introduo Semntica. So Paulo; Contexto, 2001.
KOCH, I. G. V. Argumentao e Linguagem, So Paulo: Cortez, 1987.
__________ Desvendando os segredos do texto. So Paulo: Cortez, 2002.
MOURA, H. M. M. Significao e contexto. Florianpolis: Insular, 1999.
PLATO SAVIOLI, F. & FIORIN, J. L. Lies de texto: leitura e redao. So Paulo: tica,1996.
__________ Para entender o texto leitura e redao. So Paulo: tica, 1995.
VAN DIJK, T. Cognio, Discurso e Interao. So Paulo, Contexto, 1992.
VAN DIJK, T. & KINTSCH, W. Strategies of discourse comprehension. New York: AcademicPress, 1983.
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Argumentao e linguagem
Unidade21
Ampliando nossas referncias
Argumentao
Normalmente, pensa-se que comunicar transmitir informaes. A teoria da
comunicao diz que, para haver um ato comunicativo, preciso que seis fatoresintervenham: o emissor (aquele que produz a mensagem), o receptor (aquele a quem amensagem transmitida), a mensagem (elemento material, por exemplo, um conjunto desons que veicula um conjunto de informaes), o cdigo (sistema lingstico, por exemplo,uma lngua, ou seja, conjunto de regras que permite produzir uma mensagem), o canal(conjunto de meios sensoriais ou materiais pelos quais a mensagem transmitida, porexemplo, o canal auditivo, o telefone) e o referente (situao a que a mensagem remete).No entanto, simplifica ela excessivamente o ato de comunicao, pois concebe o emissore o receptor pura e simplesmente como plos neutros que devem produzir, receber ecompreender a mensagem. [...]
As coisas so mais complicadas no ato comunicativo. H uma diferena bem marcadaentre comunicao recebida e comunicao assumida. Como comunicar agir sobre ooutro, quando se comunica no se visa somente a que o receptor receba e compreendaa mensagem, mas tambm a que a aceite, ou seja, a que creia nela e a que faa o quenela se prope. Comunicar no , pois, somente um fazer saber, mas tambm um fazercrer e um fazer fazer. A aceitao depende de uma srie de fatores: emoes, sentimentos,valores, ideologia, viso de mundo, convices polticas etc. A persuaso ento o atode levar o outro a aceitar o que est sendo dito, pois s quando ele o fizer a comunicaoser eficaz.
Em geral, pensa-se que argumentar extrair concluses lgicas de premissas colocadasanteriormente, como no silogismo, forma de raciocnio em que de duas proposiesiniciais se extrai uma concluso necessria:
Todo homem mortal.
Pedro homem.
Logo, Pedro mortal.
No entanto, podemos convencer uma pessoa de alguma coisa com raciocnios queno so logicamente demonstrveis, mas que so plausveis. Quando a publicidade do
Banco do Brasil diz que ele serve o cliente h mais de cem anos, o raciocnio implcito que, se ele to antigo, deve prestar bons servios. Essa concluso a que a publicidadeencaminha no necessariamente verdadeira, mas possivelmente correta. Por isso,argumenta-se no s com aquilo que necessariamente certo, mas tambm com o que possvel, provvel, plausvel.
Argumento aqui ser ento usado em sentido lato. Observemos a origem do termo:vem do latim argumentum, que tem tema argu, cujo sentido primeiro fazer brilhar,iluminar. o mesmo tema que aparece nas palavras argnteo, argcia, arguto etc. Pelasua origem, podemos dizer que argumento tudo aquilo que faz brilhar, cintilar umaidia. Assim, chamamos argumento a todo procedimento lingstico que visa persuadir, a
fazer o receptor aceitar o que lhe foi comunicado, a lev-lo a crer no que foi dito e afazer o que foi proposto.
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Nesse sentido, todos textos so argumentativos, porque todos so, de certa maneira,persuasivos. Alguns se apresentam explicitamente como discursos persuasivos, como apublicidade, outros se colocam como discursos de busca e comunicao do conhecimento,como o cientfico. Aqueles usam mais a argumentao em sentido lato; estes esto maiscomprometidos com raciocnios lgicos em sentido estrito. Seja a argumentao
considerada em sentido mais amplo ou mais restrito, o que certo que, quando bemfeita, d consistncia ao texto, produzindo sensao de realidade ou impresso de verdade.Achamos que o texto est falando de coisas reais ou verdadeiras. Acreditamos nele.
So inmeros os recursos lingsticos usados com a finalidade de convencer.Trataremos de alguns tipos de argumento.
1. Argumento de autoridade
a citao de autores renomados, autoridades num certo domnio do saber, numarea da atividade humana, para corroborar uma tese, um ponto de vista. O uso decitaes, de um lado, cria a imagem de que o falante conhece bem o assunto que estdiscutindo, porque j leu o que sobre ele pensaram outros autores; de outro, torna osautores citados fiadores da veracidade de um dado ponto de vista. [...]
Se verdade que o argumento de autoridade tem fora, preciso levar em contaque tem efeito contrrio a utilizao de citaes descosturadas, sem relao com o tema,erradas, feitas pela metade, mal compreendidas.
2. Argumento baseado no consenso
As matemticas trabalham com axiomas, que so proposies evidentes por simesmas e, portanto, indemonstrveis: o todo maior do que a parte; duas quantidadesiguais a uma terceira so iguais entre si, etc. Outras cincias trabalham tambm commximas e proposies aceitas como verdadeiras numa certa poca, e que, portanto,prescindem de demonstrao, a menos que o objetivo de um texto seja demonstr-las.[...]
No se deve, no entanto, confundir argumento baseado no consenso com lugares-comuns carentes de base cientfica, de validade discutvel. preciso muito cuidado paradistinguir o que uma idia que no mais necessita de demonstrao e a enunciao depreconceitos do tipo: o brasileiro indolente, a Aids um castigo de Deus, s o amor
constri.
3. Argumentos baseados em provas concretas
As opinies pessoais expressam apreciaes, pontos de vista, julgamentos,que exprimem aprovao ou desaprovao. [...] No se pode fazer generalizaes semapoio em dados consistentes, fidedignos, suficientes, adequados, pertinentes. As provasconcretas podem ser cifras e estatsticas, dados histricos, fatos da experincia cotidianaetc. Esse tipo de argumento, quando bem feito, cria a sensao de que o texto trata decoisas verdadeiras e no apresenta opinies gratuitas. [...]
No caso de argumentos por provas concretas, podem-se muitas vezes usarcasos singulares para comprovar teses verdadeiras. Tem-se a argumentao por ilustrao,quando se enuncia um fato geral e, em seguida, narra-se um caso concreto para comprov-
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Argumentao e linguagem
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la; na argumentao pelo exemplo, parte-se de um exemplo concreto e da se extrai umaconcluso geral. [...]
4. Argumentos com base no raciocnio lgico
[...] O que chamamos aqui argumentos com base em raciocnio lgico diz respeito
s prprias relaes entre proposies e no adequao entre proposies e provas.[...] Um dos defeitos na argumentao com base no raciocnio lgico fugir do tema.[...] Cabe lembrar enfaticamente que esse procedimento um defeito de argumentaoapenas do ponto de vista lgico. Da perspectiva da persuaso em sentido amplo, podeser eficaz, pois pode convencer os ouvintes, levando-os a relacionar aquilo que no temrelao necessria. Outro problema a tautologia (erro lgico que consiste emaparentemente demonstrar uma tese, repetindo-a com palavras diferentes), que ocorrequando se d, como causa de um fato, o prprio fato exposto em outras palavras.Apresenta-se, nesse caso, a prpria afirmao como causa dela mesma, toma-se comodemonstrado o que preciso demonstrar. Outro problema tomar como causa, explicao,
razo de ser de um fato o que, na verdade, no causa dele. Uma causa alguma coisaque ocasiona outra. Por isso, preciso que haja uma relao necessria entre ela e seuefeito. Freqentemente, usa-se como causa de um fato algo que veio antes. Ora, o queveio depois no necessariamente efeito do que aconteceu antes.[...]
Para tornar um texto convincente, pouco adiantam manifestaes de sinceridadedo autor ou declaraes de certeza expressas por construes como tenho certeza, estouseguro, creio sinceramente, afirmo com toda convico, claro, obvio, evidente.Num texto, no se prometem sinceridade e convico. Constri-se o texto de forma queele parea sincero e verdadeiro. A argumentao exatamente a explorao de recursoscom vistas a fazer o texto parecer verdadeiro, para levar o leitor a crer.
Adaptado de Plato Savioli, F. & Fiorin, J. L. Lies de texto: leitura e redao. So Paulo: tica, 1996.(p.283-293)
Questes
1. Que complexidade os autores consideram envolvida na comunicao?
2. Que relao pode ser estabelecida entre argumentar, raciocinar e convencer (persuadir)