Portuguese Architecture Yearbook 2010

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09 10portugalEduardo Souto Moura lvaro Siza Vieira Camilo Rebelo + Tiago Pimentel Miguel Arruda Carrilho da Graa Paratelier Pedro Maurcio Borges Risco Carlos Castanheira & Clara Bastai AtelierMOB ComA Spaceworkers Santiago Baptista + Tiago Arajo Nuno Piedade Alexandre Appleton e Domingos

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09 10portugalEduardo Souto Moura lvaro Siza Vieira Camilo Rebelo + Tiago Pimentel Miguel Arruda Carrilho da Graa Paratelier Pedro Maurcio Borges Risco Carlos Castanheira & Clara Bastai AtelierMOB ComA Spaceworkers Santiago Baptista + Tiago Arajo Nuno Piedade Alexandre Appleton e Domingos

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editorialRicardo Batista

O mundo enfrenta uma crise social global emergente provocada pelo desemprego generalizado, o elevado preo dos alimentos e combustveis e outros efeitos da recesso econmica de 2008-2009, com efeitos na vida quotidiana de cada um e nos grandes pilares de suporte das economias. As medidas de austeridade tomadas por alguns pases excessivamente endividados, como a Grcia ou a Espanha, ameaam o emprego no sector pblico e a despesa social como tornam a retoma mais incerta e mais frgil, l-se num documento apresentado recentemente pelas Naes Unidas. O relatrio frisa que este problema no diz apenas respeito s economias mais desenvolvidas, uma vez que muitos pases em desenvolvimento, nomeadamente os que beneficiam de programas do FMI, tambm sofrem presses para reduzir a despesa pblica e adoptar medidas de austeridade. Perante esta evidncia, que todos temos vindo a sentir de algum modo, de que modo que a arquitectura se posiciona, tendo em conta que neste contexto de recesso grave, o mercado da construo, que a principal fonte de trabalho da arquitectura, um dos mais afectados? Souto de Moura, aquando da entrega do Prmio Pritzker de 2011 que o torna o segundo arquitecto portugus a vencer a mais alta distino na arquitectura, depois de lvaro Siza Vieira ter vencido o galardo em 1992 sublinhou que o tempo do estrelato na arquitectura acabou. Este prmio se mo deram a mim no por ser excepcional, eu prefiro pensar que sou normal. Eu adivinho que com a crise econmica os arquitectos excepcionais no vo ter nenhum futuro, disse. O que no deixa de ser preocupante. que bem vistas as coisas, Portugal est repleto de arquitectos excepcionais. Melhor dizendo: h excepcionais arquitectos portugueses, que por fora das circunstncias so obrigados a sair. H um certo prestgio das escolas e dos arquitectos portugueses. Um pas com dez milhes de habitantes ter dois prmios Pritzker no muito comum, acrescentou Souto Moura. H quem defenda que os arquitectos tm tanto de vtimas como de responsveis por boa parte do que se vive hoje em dia. Segundo o director do Instituto Holands de Arquitectura, Ole Bouman, a arquitectura tem a sua parte de responsabilidade pela concepo de edifcios sem qualquer base sustentvel, seja do ponto de vista da rentabilidade social, do consumo de energia ou mesmo de gesto e isso fez questo de explicar no livro Architecture of Consequence. Ironia das ironias, parece que os mesmos arquitectos que Bouman aponta como responsveis so tambm os mesmos que podem encontrar solues, num trajecto que as escolas, que as correntes arquitectnicas devem percorrer em conjunto. Tendo em conta o pensamento apresentado por Souto de Moura, ou no possvel conciliar o resqucio de estrelato com o que efectivamente as populaes e as sociedades necessitam? ou no importante que a criatividade imponente que marca muitas das obras mundiais d lugar, sobretudo, a uma resposta imponente aos desafios que so colocados? Em que medida que as Universidades podem contribuir para esta inverso de paradigma, tendo em conta que o tempo das vacas gordas h muito que se foram e que esto para durar ou pelo menos para alertar e abrir os horizontes dos futuros profissionais para o contexto macro em que esto inseridos? Em suma, conseguiremos continuar a ser bons se percebermos onde estamos metidos e se tivermos a possibilidade de responder, com critrio e tambm com conscincia social, aos desafios que a sociedade actual nos prope. O Yearbook 09/10 um exemplo extraordinrio dos trabalhos que tm sido desenvolvidos em Portugal, por arquitectos portugueses que, todos eles, so estrelas sua maneira!

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ndiceOBSERVAR. Portugal Visto de Fora . Carlos Eduardo Comas PROJECTAR. Organizar Espao e Tempo . Balthazar Aroso CONSTRUIR. A Leste do Paraso . Pedro Campos Costa COMUNICAR. Uma Prtica No Silenciosa . Margarida Ventosa 027 029 030 031

Museu Paula Rego . Eduardo Souto Moura Museu de Arquitectura Fundao Insel Hombroich . lvaro Siza Vieira Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Ca . Camilo Rebelo + Tiago Pimentel Praa D. Diogo de Menezes . Miguel Arruda Ponte Pedonal sobre a Ribeira da Carpinteira . Carrilho da Graa Pavilho no Aventura Parque . Paratelier Capela em Netos . Pedro Maurcio Borges Hotel Altis Belm . Risco Adega Casa da Torre . Carlos Castanheira & Clara Bastai Caf+Estrutura de Sombreamento . AtelierMOB Pousada da Juventude de Penhas da Sade . ComA 07CMM. Spaceworkers Casa em Carnide . Santiago Baptista + Tiago Arajo Casa em Vale de Santarm . Nuno Piedade Alexandre Tree House System . Appleton e Domingos

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opinio

OBSERVAR. Portugal Visto de Fora . Carlos Eduardo Comas PROJECTAR. Organizar Espao e Tempo . Balthazar Aroso CONSTRUIR. A Leste do Paraso . Pedro Campos Costa COMUNICAR. Uma Prtica No Silenciosa . Margarida Ventosa

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OBSERVAR Portugal Visto de ForaCarlos Eduardo Comas

Navegar preciso, repete Caetano Veloso aps Fernando Pessoa, Petrarca, Plutarco e Pompeu- e a assertiva vale, mesmo que seja por mares muito dantes navegados, como os que unem o Brasil a Portugal. Sculo passado, comeo dos anos 30, Lucio Costa demonstra a falta de autenticidade do neo-colonial em contraste com a herana lusa lhana e plana que inclui a igreja de um barroco desataviado, o casario cho de "sade plstica perfeita" e at mesmo algum torneio canhestro da lavra de mestre de obra portuga no Rio de Janeiro republicano e ecltico. De tudo isso se alimenta uma arquitetura moderna brasileira de base carioca que culmina com a experincia de Braslia. Curiosamente, sua diversidade de formas, cores e texturas se contrape s superfcies brancas que predominam tanto no neocolonial quanto no Estilo Internacional dos anos 20. O brutalismo paulista que a substitui como vanguarda mais restritivo nas suas paletas- e muito menos preocupado com a conexo ultramarina. Contudo, Braslia contestada e brutalismo esgotado entre os 70 e os 80, a obra de lvaro Siza impressiona uma nova gerao de arquitetos brasileiros. Atrao no nmero que L'Architecture d'Aujourd'hui devota a Portugal e em exposio posterior no Rio e em So Paulo, a obra de Siza no influencia a realizao prtica, afetada adversamente por crise na economia. Municia porm a discusso acadmica consciente das disfunes que acompanham a hegemonia da arquitetura moderna no ps-guerra. Por isso mesmo, discusso desconfiada de maniquesmos e empenhada numa reviso que valoriza obras ao invs de manifestos- enquanto redescobre que o prprio Lucio Costa defendia j, em palavra e ato, uma arquitetura moderna inclusiva, atenta geografia e histria. A obra de Siza aparece ento como uma alternativa realista tanto ao fundamentalismo atemporal do Aldo Rossi figurativo ou do Tadao Ando abstrato quanto ao historicismo de James Stirling, "culturalizador", ou de Peter Eisenman, "progressivista". Contraponto europeu primeira fase de Robert Venturi, a obra de Siza alia a planeza do Estilo Internacional e uma materialidade estrita a uma estratificao de superfcies que responde, recordando Adolf Loos, a demandas de programa e situao. A definio de objetos expressivos se combina com a revalorizao da cidade de ruas quase corredor e quarteires quase fechados que se poderia chamar de figurativa, em contraposio cidade funcional da Carta de Atenas que Braslia acata criando controvrsia. Exemplar quer seja reforma pontual ou expanso urbana, a obra de Siza se destaca do entorno e com ele se confunde. Tipologicamente informada e formativa, inova e continua, reforando ou estabelecendo o contexto. E embora no se mostre amiga de colunas, nem enfatize a linha curva, referenda (ao menos em esprito) muitos dos achados de Lucio Costa, Oscar Niemeyer e companhia. No atrapalha enfim que, entre um e outro equipamento urbano de porte pequeno, a habitao prevalea, e a de baixo custo. O edifcio de apartamentos em Caxinas, o bairro da Malagueira em vora e o conjunto de Schilderswijk-West em Haia enriquecem a gramtica da disciplina demonstrando domnio pleno do ofcio. De oramento mais folgado, a Casa Beires aposta no facetamento da caixilharia corrida tradicional que nosso Costa tanto prezava. Intensa e excepcionalmente amarela, no desagradaria Luis Barragn. A obra de Siza se multiplica e diversifica nos 90 sem perder a conciso, a preciso e a leveza. Inclui museus, bibliotecas, faculdades, igrejas, fbrica, estao de metr, a reconstruo do Chiado e o Pavilho de Portugal na Expo 98 em Lisboa. Faz escola de maneira inteligente. No tolhe o aparecimento de talentos com luz prpria, como Eduardo Souto de Moura e Joo Luis Carrilho da Graa, parceiros na Expo, ou, j adentrado o novo sculo, os irmos Francisco e Manuel Aires Mateus. Outras afinidades vem tona, com Mies van der Rohe, Louis Kahn, a arte minimalista norte-americana. A arquitetura floresce visivelmente em Portugal, preocupado com a requalificao de suas cidades e a preservao imaginativa de seu patrimnio. bem de raiz e item de exportao, cuja sofisticao se aprecia em revistas, bienais e encontros. A admirao da antiga colnia cresce. Portugal tem arquitetura comparvel em quantidade e qualidade do estado de So Paulo, a locomotiva do Brasil maior quatro vezes em populao e duas e meia em superfcie.

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OBSERVAR Portugal Visto de ForaCarlos Eduardo Comas

Paradoxo ou extravagncia, no raro que o enfado aparea no meio do triunfo, ainda mais que a demanda por novidade e o entrechoque de geraes distintas afetam igualmente a arquitetura na cultura capitalista tardia. O recato e o requinte tambm cansam. A familiaridade gera indiferena. Um ciclo parece estar por encerrar-se na dcada que passa, e dois indcios precedem a recesso atual, ambos envolvendo exportao e importao. Um a musculosidade da obra-prima que Siza completa no Brasil, o museu da Fundao Iber Camargo em Porto Alegre. O outro o atrevimento "pop" das aluses e citaes da controversa Casa da Msica de Rem Kolhaas no Porto, com azulejo e tudo, em veia parecida ao Ministrio da Educao e Pampulha brasileiros. Como este anurio e os anteriores corroboram, h no ar uma gana de diversidade de formas, cores, materiais e texturas que se sobrepe ao gosto pela caiao em branco e pela pedra vista. Para Lucio Costa, as formas em arquitetura mudam como cenrios para atos distintos de uma pea de teatro ou, de modo mais profundo, para assinalar pea nova que se estria. Tudo indica que da primeira situao que aqui se trata. Se tal bom ou mau, depende. "Mudar necessrio" est entre os sentidos que "navegar preciso" pode ter. No pode-se viver sem a mudana aportada pelo movimento, sob pena de reduzir o viver ao existir vegetativo. Posto que a mudana no s inevitvel mas indispensvel, no h porque no relaxar e gozar. Mas "navegar preciso" tambm implica que a navegao cincia exata, ao contrrio da vida- e nesse sentido a arquitetura se parece mais vida mltipla, complexa e contraditria que navegao. No h frmula para a excelncia em arquitetura. A uniformidade pode levar monotonia, a diversidade ao caos. Sem dvida, ainda cedo para juzo mais abrangente do novo ciclo da arquitetura portuguesa a esboar-se. Contudo, h material suficiente para um estudo caso a caso, e muito a louvar ento, quando mais no seja a revalorizao da aventura.

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PROJECTAR Organizar Espao e TempoBalthazar Aroso

Considero que na Natureza que surge efectivamente a Arquitectura com o propsito de corresponder aos sentidos do Homem, e este desenvolve por necessidades fsicas e psquicas o conceito de ideia, sendo certo que se suporta na observao e nos materiais da natureza para produzir o objecto atravs da inteligncia. Esta lgica de ser capaz de mudar, evoluir e prever as consequncias que advm do acto de criar e a necessidade de confirmar a tangibilidade do que somos, do que fazemos e do que queremos a Arte de Projectar. O Homem com a sua prpria referncia sente o desejo de captar o meio que o envolve mediante as reas do conhecimento que delimitam as formas e espaos que ocupa atravs das dimenses com que se relaciona, servindo ele prprio de unidade de medida. Ao projectar ele procura em si mesmo respostas para os seus valores, as suas necessidades culturais, sociais e individuais com o propsito de viabilizar as propores dos espaos. O espao e o tempo fazem parte integrante do homem e do desenvolvimento da arte de Projectar. Desde a Antiguidade que a regra ou norma representa um fenmeno, um sistema ou objecto com o propsito de explanar um sentido, uma ordem atravs duma referncia estvel que advm de padres convencionais das dimenses do corpo humano designado por Cnone. A arte de projectar foi acumulando ao longo do tempo conhecimentos e saberes como a teoria da proporo, a srie de Fibonacci, a perspectiva, as relaes csmicas, mitolgicas e cientficas. Outros campos das cincias se juntam arte de projectar. Fsicos, astrnomos e agrimensores implantam a medida definida por conveno nas dimenses da terra, o Metro. Esta unidade, em simultneo com outras disciplinas como a antropometria e ergonomia, provoca um mpeto na arte de projectar ao terminar com a atitude de relacionar o mundo com as dimenses do homem de forma intuitiva e directa, permitindo-lhe assim novas formas de ver e de pensar, como o conforto, a produtividade e a optimizao funcional do espao, uma nova conscincia. Projectar organizar espao e tempo mimeticamente ligado fruio humana, ser sensvel sua prpria dimenso. Movimenta-se, evolui e torna-se destruidor da sua prpria criao e dos seus valores. O Homem aprende a projectar o que no necessita, o que despiciendo, o que desconfortvel

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http://www.balthazar-aroso.com

(...) se a Natureza tivesse sido confortvel, a Humanidade nunca teria inventado a arquitectura, e eu prefiro uma casa a uma vida ao ar livre. Numa casa, todos nos sentimos nas dimenses certas. Tudo se subordina a ns, modelado para nosso uso e deleite. Oscar Wilde, O Declnio da Mentira

CONSTRUIR A Leste do Paraso1Jardim de den - Paul Rubens e Jan Brueghel 1617 museu del prado

Pedro Campos Costa

http://www.camposcosta.com

Quando introduzimos a palavra paraso num navegador da internet, encontramos vrios tipos de imagens, essencialmente praias de guas maravilhosamente transparentes, palmeiras e deslumbrantes paisagens naturais, as primeiras casas, uma delas estilo palhota numa paliada beira mar, aparecem na primeira pgina, no entanto temos que procurar nas pginas sucessivas para encontrarmos as primeiras paisagens com agriculturas e s na final da pgina 10 que encontramos a primeira imagem de uma cidade, So Paulo, uma vista area paraso- Av 23 de Junho. Curiosamente se a pesquisa for feita em ingls com a palavra Paradise, a primeira vista de uma zona urbana na pgina 12 e a vista da baia urbanizada do Funchal na Madeira. Na representao do Paraso Bblico e ao longo de vrias correntes artsticas, no se encontra uma imagem em que aparea algo construdo pelo homem. Nos jardins de Eden, Ado e Eva esto nus, perante uma natureza mais ou menos detalhada, mais ou menos exuberante, mais figurativa com animais ou sem eles mas sempre sem casas, sem abrigos, sem agricultura, sem cidades. Homem e natureza retratados numa simbiose perfeita, onde utopicamente o homem retratado como parte integrante da natureza, numa imagem tpica de outras espcies animais. Estas imagens bblicas seculares e inspiradoras, representam um lugar imaginado sem o pecado original, como se o pecado fosse a nossa prpria existncia, pois o homem como espcie dominadora sempre construi o seu habitat. um estranho sentimento de culpa pela nossa vida na terra de uma longa, constante e extensiva construo do nosso habitat , construo de conforto, proteco e aumento da qualidade de vida que deixa marcas, sinais e artefactos. Construo essa, que nos permite a adaptao ao meio ambiente, e que invariavelmente, tudo o que o homem faz artificial e o que produz artefacto, onde um campo lavrado no mais nem menos parte da natureza que uma rua asfaltada2. (Simon 1981). Esta construo artificial que o nosso habitat, trouxe vrios custos e problemticas a poluio do ar e da gua, a desflorestao massiva, uma consequentemente uma escassez de recursos e um crescimento da populao exponencial que obriga a especular sobre a sustentabilidade do nosso estilo de vida e relao com a natureza. Esta delapidao paradoxalmente tambm perda de habitat, no tanto na ideia que a natureza faz parte do nosso habitat, mas na ideia de habitat como mediador entre o natural e o artificial, na procura de um equilbrio paradisaco que responda permanncia, escassez e manuteno da vida humana na terra. Construir hoje mais do nunca na histria do homem, a construo de uma soluo para solucionar esse equilbrio do habitat humano e a natureza. As imagens do Paraso, simbolizavam a fuga, a impossibilidade, o sonho, a frustrao da realizao de um sonho impossvel na terra, sendo por isso s possvel nos cus, no entanto se pensarmos que no existe distino entre artificial e natural, que as nossas cidades so pura termo-dimnica, que tudo energia3, tudo massa, talvez fosse ento possvel imaginar o mundo de outra forma. Um mundo onde a diviso entre homem e natureza no existisse e por isso no existesse pecado, libertados do peso de culpa poderiam construir as nossas cidades e as nossas arquitecturas, tendo uma nova relao espiritual com o mundo, sem pre conceitos aritemticos que vamos acabar amanha. Esta possibilidade de ver o mundo sem limites entre o natural e artificial, no sei bem a que filme de fico nos levaria, inevitavelmente a uma pesquisa no goolge que nos mostra-se as nossas melhores habitats, as nossas melhores cidades. Depois serviria para um guio em que fosse possvel construir o nosso paraso terreno, onde homem e natureza fossem um s, porque realmente o so.1 A leste do paraso romance de 1952 , onde se encontram muitos paralelismos entre a estria bblica de Caim e Abel, explora temas como a culpa, a liberdade, a grandeza e a capacidade de auto destruio. John Ernst Steinbeck, 1902-1968 , Prmio Nobel em 1962 2 Simon A. Herbert (1981) As cincias do artificial Armnio Amada - Editor 3 Galiano, Luis Fernandes (2000) Fire and memory , on architecture and energy - Massachusetts Institute of Technology

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COMUNICAR Uma Prtica No SilenciosaMargarida Ventosa

No h dvida que na dimenso meditica actual, e em tempos de conjuntura desfavorvel, as diferentes prticas criativas espelham uma atitude diferente perante a interiorizao de uma cultura de comunicao. Comunicar, com todas as suas validades e armadilhas, nunca foi to importante como agora. E porque as circunstncias assim o ditam, e porque "o meio a mensagem"1 , sem dvida, urgente ter um esprito experimental, crtico e participativo, para l da mera aceitao ou rejeio da informao que nos chega. Mesmo a arquitectura, no escapa a este fenmeno. Cada vez mais palco de novas lgicas de comunicao. Se para Beatriz Colomina a arquitectura s moderna com seu envolvimento com os meios de comunicao 2, podemos assim afirmar que a arquitectura s contempornea se for um meio de comunicao? Se assim for, podemos ento entender que a arquitectura tambm se produz em publicaes, happenings, na Web (nomeadamente nas redes sociais com o facebook, o orkut, o twitter e o linkedin, nos video sharing como o Youtube e na blogosfera), em iPad App ou em QR Codes. preciso no entanto entender que este ponto de vista no se trata de uma ruptura com a prtica cannica da arquitectura, mas antes uma profunda e transversal mudana de hbitos e uma tomada de conscincia sobre outras potencialidades que a prtica oferece, e que precisa de ser entendida, acima de tudo, como emergncia de um novo paradigma de desenvolvimento. Esta conscincia foi desde cedo entendida por Le Corbusier. O grande comunicador do sec. XX que tirou partido de todos os meios de comunicao que tinha ao seu alcance para comunicar a sua viso arquitectnica e se auto promover na esfera pblica: dos jornais aos livros, passando pelas conferncias, exposies, rdio e cinema, Le Corbusier foi o primeiro arquitecto a entender os meios de comunicao de massa e a redefinir literalmente o modo como acedemos e experimentamos a arquitectura. Decorridas mais de quatro dcadas, resiste ainda a comunidade arquitectnica interiorizao de uma prtica de natureza meditica? Somos conscientes que entender e aceitar este novo paradigma, dentro e fora das nossas fronteiras, no gera consenso: se para alguns, os meios de comunicao esto associados a uma superficialidade nociva e ilusria, para outros, so entendidos como parte integrante do seu trabalho. So prticas de natureza meditica como a dos ateliers BIG - Bjarke Ingels Group, Fantastic Norway, Space Group, Feld2, JDS Julien de Smedt Architects ou MOOV, que utilizao ferramentas que sempre entendemos como pertencentes Comunicao e ao Marketing, que interiorizam com optimismo e criatividade este novo paradigma. Basta entrarmos nas suas main pages para vermos como operam num contexto global e como compreendem o poder do consumo meditico. Seja em formato de publicaes teasers como o Yes Is More: An Archicomic on Architectural Evolution de Bjarke Ingels ou a Agenda de Julien de Smedt, ou em projectos de guerrilha como a stira espacial Swars-Architecture Strikes Back do atelier Moov ou a Fantastic Caravan do atelier Fantastic Norway evidente que estas prticas sabem tirar o mximo partido dos meios de comunicao que tm ao seu alcance para comunicarem e venderem as suas ideias, e tornarem a experincia com a sua arquitectura muito mais interessante. evidente que os mecanismos de promoo da arquitectura contempornea mudaram e que so, em parte, estas prticas de natureza meditica que esto a redefinir o modo como acedemos e experimentamos a arquitectura. Apesar das opinies divergentes, hoje consensual, que a forma como olhamos para a arquitectura mudou. E no h duvida que s possvel falar sobre arquitectura se compreendermos que para comunicar com o pblico, seja ele especializado ou leigo, fundamental fazer algo que seja passvel de captar a sua ateno. A comunicao deve ser incorporada pela prtica arquitectnica contempornea, e esta, seguramente, pode contribuir para a sua afirmao.1. Marshall McLuhan, in The Medium is the Massage: An Inventory of Effects, produzido por Jerome Agel, New York: Bantam Books, 1967. 2. Privacy and Publicity: Modern Architecture as Mass Media, Beatriz Colomina, the MIT Press, 1996

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http://www.thecommunicationoffice.com/

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projectos

Museu Paula Rego . Eduardo Souto Moura Museu de Arquitectura Fundao Insel Hombroich . lvaro Siza Vieira Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Ca . Camilo Rebelo + Tiago Pimentel Praa D. Diogo de Menezes . Miguel Arruda Ponte Pedonal sobre a Ribeira da Carpinteira . Carrilho da Graa Pavilho no Aventura Parque . Paratelier Capela em Netos . Pedro Maurcio Borges Hotel Altis Belm . Risco Adega Casa da Torre . Carlos Castanheira & Clara Bastai Caf+Estrutura de Sombreamento . AtelierMOB Pousada da Juventude de Penhas da Sade . ComA 07CMM. Spaceworkers Casa em Carnide . Santiago Baptista + Tiago Arajo Casa em Vale de Santarm . Nuno Piedade Alexandre Tree House System . Appleton e Domingos

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museu Paula Rego

Autor: Eduardo Souto de Moura Datas do Projecto : 2005 Datas da Construo : 2008 Morada : Avenida da Repblica , Cascais Cliente : Cmara Municipal de Cascais Coordenadores de Projecto : Srgio Koch, Ricardo Prata Colaboradores : Bernardo Monteiro, Diogo Guimares, Junko Imamura, Kirstin Schtzel, Manuel Vasconcelos, Maria Lus Barros, Pedro G. Oliveira, Rita Alves, Sofia Torres Pereira, Susana Monteiro Eng. Estruturas : AFAconsult Eng Hidrulicas : AFAconsult Eng. Electricidade : RS Raul Serafim e associados Eng.Inst.Mecnicas : PQF - Paulo Queirs de Faria rea de Construo : 2650 m2

Fotografia : Leonardo Finotti

Tive a sorte de poder escolher o terreno, o que aumentou a minha responsabilidade depois da pintora Paula Rego me ter escolhido como projectista. O terreno era um bosque murado com um vazio no meio, uns antigos courts de tnis de um clube, que tinham desaparecido com a Revoluo dos Cravos. Com o levantamento das rvores, e sobretudo das copas, desenvolvi um conjunto de volumes com alturas diferentes, para responder pluralidade do programa. A disposio das caixas funciona como um positivo mineral, do negativo que sobra do permetro das copas. Este jogo de Yang e de Yin entre artefacto e natureza, contribuiu para decidir o material exterior, beto vermelho, cor oposta ao verde do bosque, que entretanto foi diminudo por profilaxia botnica. Para que o edifcio no fosse um somatrio neutro de caixas, estabeleci uma hierarquia, introduzindo duas grandes pirmides (lanternins) no eixo da entrada, que so a livraria e o caf, onde no nos foi indiferente a cozinha de Alcobaa e algumas casas do Arq Raul Lino, e algumas gravuras do Boull. Foi nossa preocupao que cada sala de exposies tivesse sempre uma abertura para o exterior, para o jardim. que nunca demais contrapor a realidade abstracta e totalmente artificial da arte contempornea, com a realidade quotidiana e dura que nos rodeia.

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Eduardo Souto de Moura

036 planta de implantao

plantas do piso trreo e cave

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038 corte 1 e corte 2

perfis pelo terreno

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Fundao Insel Hombroich

Fotografia : fg + sg - fotografia de arquitectura

Antes de ser projecto para um museu, foi projecto para instituto de biofsica (1995). Ideias e oportunidades foram alterando durante treze anos o Programa inicial. O terreno havia sido adquirido, aps a desmobilizao de um antigo campo militar, para a construo de equipamento cultural constitudo por pavilhes da autoria de diferentes arquitectos. Um acesso natural conduz entrada principal. A entrada do Museu revela de imediato a inteno do projecto: todas as divises esto orientadas em torno de um ptio central, enquadrando a vista sobre a paisagem e o distante perfil de Dusseldorf. Destacado do corpo principal e apoiado por um muro que o prolonga encontra-se o volume dedicado coleco de fotografia. As paredes exteriores esto revestidas com o mesmo tijolo irregular dos primeiros edifcios da Fundao, recuperado de casas antigas. Madeira de carvalho sustenta a cobertura e reveste o pavimento. O edifcio destina-se a museu de arquitectura para a coleco da Fundao Insel Hombroich.

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museu de arquitectura

Arquitectura e arranjos exteriores Autor : lvaro Siza Vieira, Rudolf Finsterwalder Projectos Tcnicos Estruturas : Horst Kappauf Empreiteiro : Vrios Cliente : Stiftung Insel Hombroich Localizao : Raketenstation, Hombroich, Neuss, Alemanha

lvaro Siza Vieira

042 planta

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044 cortes

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Fotografia : Camilo Rebelo. Tiago Pimentel.

Para construir o museu de arte e arqueologia do Vale do Ca cruzmos diversos factores: topografia, acessibilidades e programa. A fuso destes aspectos foi fundamental para a definio do conceito - conceber um museu enquanto instalao na paisagem. A topografia revelou-se determinante nas opes, que devido sua condio acentuada dificultava a relao entre a porta do museu e o respectivo interior. Assim, uma vez que a chegada acontece no ponto mais alto do mesmo, foi construda uma plataforma, terreiro, espao de miradouro, de escala vasta criando deste modo um palco mltiplo cujo cenrio a esmagadora paisagem dos montes e vales. Este o momento de chegada e simultaneamente de contemplao, de lazer, de estacionar, de circulao pedonal livre e orientadaao mesmo tempo o espao onde se inicia a entrada do museu. A estratgia do corpo, na sua relao com a topografia, natural, ou seja a plataforma assume como nvel a cota de chegada, enquanto a condio do terreno verte naturalmente ao longo do edifcio, destapando-o na totalidade no extremo. No ponto mais alto do terreno, este corpo triangular est entalado entre dois vales (Vale de Jos Esteves e o Vale do Forno), estando a terceira frente virada ao encontro dos rios Douro e Ca. Procurando a continuidade cromtica da paisagem, optmos por uma expresso produzida por beto com inertes e pigmento de xisto (matria abundante no local), resultando numa massa hbrida com textura (obtida por moldes feitos sobre as rochas locais).

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museu de arte e arqueologia

Camilo Rebelo + Tiago Pimentel

Localizao : Vila Nova de Foz Ca, Portugal Cliente : Ministrio da Cultura | IGESPAR Instituto de Gesto do Patrimnio Arquitectnico e Arqueolgico rea Bruta Total : 8.121,31 m2 rea til Total : 6.243,28 m2 Estimativa oramental : 11.569.142,98e Consrcio de Projecto : Pedro Tiago Pimentel, Camilo Rebelo, G.O.P - Gabinete de Organizao e Projectos, Lda. Arquitectura : Camilo Rebelo, Pedro Tiago Pimentel - Sandra Filipe Barbosa Colaboradores : Bruno Guimares, Cludio Reis, Marcelo Correia, Cristina Chicau Especialidades : G.O.P - Gabinete de Organizao e Projectos, Lda. Jorge Nunes da Silva Fundaes e Estruturas; Infra-estruturas de acesso : Jorge Nunes da Silva, Ana Silva, lvaro Raimundo Electricidade; Segurana e Telecomunicaes : Alexandre Martins Infra-estruturas Mecnicas AVAC : Raul Bessa Infra-estruturas Hidrulicas : Raquel Fernandes Acstica : Maria Rosa S Ribeiro Paisagismo : Manuel Melo, Maria Joo Trigo

do Vale do Ca

048 planta 01 planta 02

planta 00

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050 alcado sul corte longitudinal alcado este e alcado norte

cortes transversais

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Fotografia : fg + sg - fotografia de arquitectura

O Projecto de Arranjos de Superfcie do Parque de Estacionamento da Praa D. Diogo de Menezes em Cascais, compreende o tratamento da laje de cobertura e dos volumes salientes dos acessos verticais ao seu interior. Foram conceptualmente consideradas duas questes partida: a. A necessidade da valorizao da leitura ptrica da muralha da fortaleza, no perodo diurno e nocturno. b. O facto de Cascais, sob o ponto de vista Urbanstico, no dispor de grandes espaos exteriores com vocao explcita de Praa. A resposta a estas duas questes implicou a opo por um material de revestimento (beto branco) para a superfcie da praa que, pela sua homogeneidade e ausncia de colorao, pudesse pr em destaque a verdade construtiva das muralhas, disponibilizando ao nvel da sua superfcie um espao suficientemente amplo e tambm ele neutro, a fim de poder albergar todo o tipo de eventos. As diferenas altimtricas entre o incio do Parque junto ao Largo da Assuno e o seu final junto Casa da St Maria, obrigaram a uma movimentao de planos que por um lado desconstroem a superfcie-praa e por outro, respondendo s acessibilidades necessrias, disponibilizam dois espaos-percurso. Conscientes de que a luz constitui hoje, um elemento decisrio ao nvel da composio arquitectnica, nomeadamente quando se tratam de edifcios ou construes de insero urbana relevante, houve um especial cuidado com o tratamento lumnico quer da superfcie da muralha, quer da superfcie da praa, quer ainda das caixas de acesso verticais que assumem coloraes diferenciadas. Sempre com o intuito de valorizar a referida superfcie e de no perturbar a superfcie da praa, optou-se por se recusar a colocao de candeeiros, substitudos por um desenho lumnico superfcie que procura recuperar a imagem dos traados dos mapas quinhentistas de navegao. Procurando sempre atingir a mxima polivalncia de utilizao, o pavimento da praa est infra-estruturado de forma a poder responder em termos de redes de energia e gua a um conjunto amplo de utilizaes que lhe confiram a abrangncia de usos pretendida.

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Praa D. Diogo de Menezes

Designao : Arranjos de Superfcie do Parque de Estacionamento da Praa D. Diogo De Menezes Arquitectura e Arranjos Exteriores : Miguel Arruda Arquitectos Associados, Lda. Coordenao : Pedro Pereira Arq., Pedro Nogueira Arq. Acessoria Tcnica : Secil Outo, Eng. ngela Nunes. Miguel Arruda Arquitectos Associados Lda. Promotor : Marcascais - Soc. Concessionria da Marina de Cascais, S.A., Dir. Tcnica Eng. Quintino Nogueira Construtor : Mota-Engil - Engenharia, Tcnico Responsvel Eng. Ricardo Maarico Equipamentos Elctricos : Phillips Portuguesa, S.A.

Miguel Arruda

054 plano geral

seces fortaleza

055

056 detalhe de seco

detalhe de seco

057

O projecto, que prev trs pontes pedonais nos vales da Goldra e da Carpinteira, tem como objectivo a criao de ligaes mais directas entre o centro histrico da Covilh e os bairros residenciais perifricos, situados para l dos vales. A estrutura do territrio no qual surge a Covilh marcou profundamente a evoluo desta regio, em que durante muito tempo proliferou a indstria dos lanifcios. Desta tradio, hoje praticamente desaparecida, permanecem os terreiros em granito utilizados para o tratamento da l e os muros de conteno das encostas, que desenham de uma forma caracterstica uma paisagem dominada pelo macio da Serra da Estrela, que se expande, no lado oposto, em direco ao vale da Cova da Beira. A ponte da Carpinteira foi pensada como elemento leve, que estabelece uma forte relao com a profundidade e a largura do vale da Carpinteira, permitindo um outro modo de reconhecer a estrutura do territrio. O tabuleiro constitudo por uma estrutura em ao, que permitiu reduzir as seces estruturais acentuando a sua esbeltez e simplicidade. Um signo na paisagem evidente e intemporal. A estrutura da ponte prev dois pilares centrais em ao com seco rectangular e dois pilares laterais, cilndricos, revestidos com uma espiral de pedra. Estes quatro apoios suportam o tabuleiro metlico revestido internamente em madeira. Este elemento horizontal e os dois pilares centrais em ao configuram um . Os dois pilares exteriores revestidos a pedra, com o passar do tempo, sero envoltos por vegetao e visualmente absorvidos pelas encostas do vale. Roberta Albiero

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Fotografia : Leonardo Finotti

ribeira da Carpinteira

ponte pedonal sobre a

Carrilho da Graa

Projecto : Joo Lus Carrilho da Graa, arquitecto + AFA, Consult, Lda. (Eng. Antnio Ado da Fonseca, e Eng. Carlos Quinaz). Colaboradores : Pedro Abreu Pereira, Joo Rosado Baptista, Porfirio Pontes, Yutaka Shiki, arquitectos; Nuno Pinto, desenhador; Vanda Neto, Paulo Barreto, maquetistas; Fundaes e Estrutura : AFA, Consultores de Engenharia, Lda. - Engenheiro Carlos Quinaz e Engenheiro Renato Bastos; Inatalaes Elctricas : Engenheiro Ruben Sobral; Arquitectura Paisagista : ARPAS Arquitecto Lus Cabral, Lucile Dubroca. Cliente : PolisCovilh, S.A.

060 corte/seco

planta

061

062 planta, alados e cortes da amarrao norte

063

Aventura Parque

Arquitectura : PARATELIER, Leonardo Paiella e Monica Ravazzolo Estruturas : Ado da Fonseca, Pedro Morujo Construtor : Toscca Cliente : Cmara Municipal de Almada rea til : 85.80m2 rea Bruta : 121.80m2 rea do Terreno : 2ha Materiais Principais : Madeira (OSB, MDF) Estrutura : Madeira, Beto Localizao : Parque Aventura, Charneca da Caparica, Portugal Preo : 145.000 e

Pavilho no parque Explicao: o que vemos o que somos, por isso aquilo que escrevo a memoria da minha visita ao parque, durante a primavera, com o pavilho ainda em construo. Ali, prxima e distante. gigante e minscula, sozinha e acompanhada, dentro e fora, como Alice no pais das maravilhas. Onde? - na forma. s flexvel, esticas. abres e recolhes. fecha-me. vejo-te. afasta-te e aproxima-te. esquece-me. regressas. E' possvel espreitar, esconder, ficar. estou dentro de ti. um parque macio e denso. desejo intenso de atravessar. correr. brincar. amar. voar. caminhar. partir. jogos no crepsculo. muros que separam. caminhos que (des)ligam. impenetrvel bosque ou pura clareira. (onde) o contrasto matria em memoria. tranquilidade. luz suave. tempo suspenso. sombra que desenha o real. movimento e ausente. leve. o sonho abate-se (pessoas e paisagem). o desejo no se quebra nem acaba. espera. no fazer. sentimos a presena um do outro. a distancia um golpe de asa. sinais. neste lugar s tu que (me) acordas. todos os dias pela manh. para sempre. Fernanda Fragateiro

064

Fotografia : Leonardo Finotti

pavilho no

Paratelier

066 mapa geral

067

068 planta elevao

detalhe construtivo

069

Localizao : Lugar de Netos, Ferreira-a-Nova, Figueira da Foz Orago : Nosso Senhor da Misericrdia Promotor : Cmara Municipal da Figueira da Foz e Junta de Freguesia de Ferreira-a-Nova Arquitectura : Pedro Maurcio Borges Colaborao : Filipe Ferreira, Rita Curica, Tiago Hespanha, Vitor Canas Estabilidade : ARA - Alves Rodrigues & Associado, Lda (Eng. Fernando Rodrigues) Electricidade : Cmara Municipal da Figueira da Foz Construtor : Andrade & Teles, Lda.

Fotografia : fg + sg - fotografia de arquitectura

As capelas antigas tinham no sagrado a razo da sua implantao, isto , o solo em que se fundavam seria de uma natureza singular, fosse pela topografia do stio, dominando e protegendo uma paisagem, fosse porque ali seria o lugar de contacto ou revelao do divino. O terreno onde se erguer a Capela de Netos no tem nenhuma particularidade distintiva, a no ser a profana visibilidade da estrada [...]. Ser esta visibilidade o tema da Capela: o sentido da implantao dado pela extrema proximidade a quem passa de carro. Um nicho aberto no topo da Capela que confronta quem vem de noroeste abrigar a imagem do orago, que ser simultaneamente visvel do interior como retbulo do altar. Para a estrada, a imagem funcionar como uma alminha, marcando a deslocao automvel com a presena do religioso. Vista a partir da nave, a imagem parecer flutuar no exterior, uma vez que o nicho ter as paredes chanfradas de modo a que no seja perceptvel a espessura das paredes. [...] A Capela ter [...] um revestimento monomassa com inertes em calcrio semelhante pedra de An. Este material aproximar a forma piramidal da Capela intemporalidade da construo em pedra, invocando ainda, com a cor, a cantaria dos monumentos da regio e, com a textura, a areia do cho da Gndara.

070

capela em Netos

Pedro Maurcio Borges

072

localizao

073

074

perspectiva interior, corte longitudinal e planta

075

Fotografia : fg + sg - fotografia de arquitectura

O Hotel Altis Belm situa-se na frente ribeirinha da Lisboa entre a Doca do Bom Sucesso e o Museu de Arte Popular. um hotel de 5 estrelas com 50 quartos e instalaes de apoio actividade nutica. A implantao perpendicular ao Tejo valoriza as vistas da cidade para o rio assim com a percepo do eixo ribeirinho Torre de Belm - Padro dos Descobrimentos. O projecto tem como objectivos: estabelecer uma relao de escala apropriada com a doca, criando uma espcie de praa aqutica; estabelecer uma relao formal com o edifcio do Museu de Arte Popular, atravs da caracterizao volumtrica da fachada nascente; abrir, formal e funcionalmente, o hotel para o passeio ribeirinho, atravs de um piso trreo totalmente permevel e acessvel ao pblico, com um programa de lojas, restaurante, cafetaria e bar, com grandes zonas exteriores de esplanada.

076

hotel Altis Belm

Arquitectura : Risco (Manuel Salgado, Joao Almeida e Toms Salgado) Colaboradores : Joo Almeida, Cristina Picoto, Catarina Pires e GianLuca Bono. Arquitectura de interiores : FSSMGN (Fernando Sanchez Salvador e Margarida Grcio Nunes) Colaboradores : Ana Tsukagoshi, Claire Campens, Eliana Candeias Alves, Miguel Ribeiro Carvalho, Nelson Magro, Sofia Torres Pereira Promotor : APL Cliente : Altis, SA Projecto grfico : RMAC Design Arquitectura paisagista : NPK Engenharias : STA; LMSA; Dimensionar; Enpesin; Certiprojecto Localizao : Doca do Bom Sucesso, Belm, Lisboa rea : 9 086,4 m2 Custo : 12 000 000 e

Risco

078 piso 1 piso 0

piso 2

079

080 corte b corte a

corte c

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adega Casa da Torre

Cliente : Manuel Sousa Lopes Local : Louro - Vila Nova de Famalico - Portugal Proj. Arquitectura : Carlos Castanheira & Clara Bastai, Arqtos Lda. Colaborao : Orlando Sousa Proj. Engenharia : Paulo Fidalgo, Eng. Civil. HDP Gabinete Projectos. Engenharia Civil, Lda. Construo/ Carpintaria : Carpicunha Madeira Ld Revestimentos e Funelarias : ASA, Antonio Sousa Alves Lda.

Uma adega j no o que era. Ainda conheci adegas onde as teias de aranha e o p eram sinal de tempo e do tempo. O tempo era tambm, quase sempre, o sinal de qualidade, pois o vinho que se preservava ao longo do tempo, no tempo, era do bom e ficava melhor ainda depois de ali ficar estacionado uns anos. As adegas esto em transformao e j no h lugar para o p nem para as teias de aranha. Autnticos laboratrios, regem-se por rgidas regras de laborao e de higiene. Obedecem a uma cincia apurada de dosagem, regulao de temperatura, acelerada ou lenta, mais ou menos qumica. Em alguns casos, uma adega um espao de verdadeira alquimia. A Adega Casa da Torre j existia, pois na propriedade j se fazia bom vinho. A vontade de produzir mais, melhor e de acordo com as novas regras, obrigou a repens-la e obrigatoriamente a aument-la. A localizao e a orientao so excelentes. Encastrada no terreno tem o lado a sul protegido da insolao e das altas temperaturas. O poente tambm. O norte uma parede alta e espessa de granito. A nascente est o acesso e o espao de acolhimento. A ampliao limitou-se a acrescentar o necessrio, respeitando o existente. A transformao comeou na cobertura: de vrias e complexas estruturas e planos, criou-se uma estrutura de duas guas. O vo transversal de 18 metros obrigou introduo de pilares centrais, indesejados e indesejveis, e, por isso, reduzidos ao mnimo. A estrutura de madeira lamelar simples, apesar das quatro escoras que se abrem a partir de um pilar, ajudando as vigas de cobertura. Cabos de ao estabilizam as grandes foras horizontais produzidas pela estrutura e materiais de cobertura. No interior, os materiais foram escolhidos obedecendo a critrios de higiene, durabilidade e manuteno. Os pipos e dornas deram lugar a cubas de ao inox, alinhadas a rigor, de ventre abundante, umas cheias, outras prontas a receber o precioso nctar. Sobre o tanque de pedras de granito exterior, o volume do pequeno escritrio est fora e dentro procurando a relao dos dois espaos. O acesso faz-se por uma escada tambm de madeira. Um passadio elevado permite a circulao, ligando cotas do terreno exterior, a poente, e o piso do escritrio. A cobertura projecta-se sobre o lajeado da entrada, cobrindo acessos, sanitrios e o pipo que laboratrio. A luz, quanto baste, coada por um ripado de madeira. L dentro o vinho mantm-se e matura-se, depois da azfama da vindima, do pisar, da fermentao e de todo o saber inerente ao processo. Os trabalhos na adega obrigaram a repensar a envolvente exterior. Transplantaram-se rvores, mudaram-se pedras e fizeram-se tanques como no antigamente, lajeados ciclpicos. Aproveitaram-se guas perdidas e controlaram-se. Uma adega j no o que era. Est melhor, assim como o vinho. Fresca como o vinho. O verde.

082

Fotografia : fg + sg - fotografia de arquitectura

Carlos Castanheira & Clara Bastai

084 planta do piso de escritrios

planta do piso de acesso

085

086 cortes

alados

087

Promotor : Cmara Municipal de Loures Coordenao do Plano : CMLoures [Obra] Alfaro Martins [Projecto] Ana Lcia Abreu Arquitectura : ateliermob arquitectura, design e urbanismo lda. Obra : Tiago Mota Saraiva, Nuno Carvalho, Andreia Salavessa, Raquel Capelo com Carolina Condeo, Nuno Ferreira e Vera Joo [Projecto] Tiago Mota Saraiva, Nuno Carvalho, Joo Ribeiro, Joo Ferro com Snia Oliveira. Especialidades : Pereira Pinto, Estabilidade; Grade Ribeiro, guas e Esgotos; Campos Carvalho, Iluminao, Telecomunicaes e Segurana. Construo : Abrantina Grupo Lena Fiscalizao : TPF Planege

caf+estrutura de Sombreamento

Fotografia : Joo Morgado

A fundao do lugar remonta ao tempo dos Romanos mas foi com o crescimento de importncia da indstria, associada cermica, que a vila de Sacavm se consolidou. Contudo, a sua proximidade de Lisboa, a dissipao da indstria e consequente deslocalizao do trabalho e o aumento exponencial de populao transformoua em cidade retirando-lhe referencias urbanas. No final da dcada de 90, a Cmara Municipal de Loures, iniciou um ambicioso plano de requalificao de Sacavm a partir de vrios centros, sendo que um dos quais, seria o eixo virio principal, a Av. do Estado da ndia. A nossa tarefa seria desenvolver os projectos de trs intervenes nos espaos entre edifcios, anteriormente sem desenho e desqualificados. A partir da compreenso das principais dinmicas urbanas, do plano ao local, e ainda que os trs espaos contivessem diferentes programas, entendeu-se necessrio introduzir uma linguagem comum, como se os trs elementos fizessem parte da mesma famlia. As diferentes intervenes deveriam servir como elementos referenciadores, evitando ser mais um elemento na turbulncia do contexto urbano pr-existente. Desta forma procurou-se desenhar as trs intervenes a partir do lema: nada de novo debaixo do sol. O processo de desenho comeou pela ideia de se interpretar a cobertura, o quinto alado, como o elemento referenciador e determinante na ideia de familiaridade. As superfcies facetadas adaptar-se-iam s diferentes topografias reforando a identidade comum. O edifcio da cafetaria e o da tabacaria (no construdo) so semelhantes. Implantados no topo de um espao pblico desenhado entre edifcios, estes dois edifcios esto no centro de dois acessos verticais rua a tardoz, de cota mais elevada. Tendo em conta que parte do edifcio estaria enterrado e de modo a no utilizar qualquer instrumento de ventilao forada e/ou ar condicionado, optou-se por destacar o edifcio do muro de suporte, criando-se um pequeno espao vazio a Norte para ventilao cruzada e iluminao natural difusa. A entrada de luz a norte, enfatizada pela aplicao de um revestimento cermico colorido, cujas matizes se vo alterando ao longo do dia e do perodo do ano. A terceira interveno uma estrutura de sombreamento implantada no ponto alto da praa pedonal que se encontra sobre um parque de estacionamento enterrado. Neste caso, os trs planos facetados da cobertura so estruturados por cinco paredes e desmaterializados a partir de uma malha de perfuraes. Num contexto de identidades pouco claras, a imagem icnica da grande superfcie perfurada acrescenta uma identidade ao local. O beto aparente e o seu envelhecimento, remetem para um passado recente em que as fachadas dos edifcios contguos ainda no tinha sido pintados. Para o ateliermob, este projecto assume especial relevncia por ser a primeira obra pblica construda.

088

AtelierMOB

090 cortes

planta do caf

091

092 alado principal e plantas

093

de Penhas da Sade

pousada da juventude

Designao do Projecto : Edifcio Complementar Pousada de Juventude de Penhas da Sade, Concurso Localizao : Penhas da Sade, Covilh, Portugal Arquitectura : ComA, Architecture and Design. Paulo Street. Hugo Guerreiro Colaborao : Andr Antunes. Bruno Marcelino Especialidades : Estabilidade, guas e Esgotos. Jorge Martins Simes; Instalaes de Electrotecnia e ITED. Joo Serra Duarte; Trmica. Pretago, Lda. rea Implantao : 407.00m2 rea Construo : 694.10m2 Construtora : Antnio Asceno Coelho & Filhos, S.A. Cliente : Movijovem Mobilidade Juvenil, CIPRL

Localizado na paisagem privilegiada das Penhas da Sade, na Covilh, o novo edifcio complementar pousada da juventude da Movijovem, com 694.10 m2, vinte quartos e uma sala de convvio, vem responder s necessidades do visitante jovem mais exigente. Apoiado em dois princpios fundamentais o cumprimento do programa e a relao com o edifcio da pousada existente e com a arquitectura local - o projecto adopta uma localizao estratgica: prximo o suficiente para se relacionar com o edifcio principal e, distante o suficiente, para se assumir como edifcio independente, formal e plasticamente trabalhado enquanto interpretao contempornea da paisagem arquitectnica local. A localizao proposta assume um carcter fundamental na leitura e visibilidade do edifcio principal passando o novo volume a funcionar como primeiro convite aos utentes alterando a imagem da pousada existente. Pretende-se contudo que no seja retirado o carcter de edifcio principal nem as vistas que deste se tem. Num registo low cost, este novo edifcio de dois pisos, que se apoia sobre uma plataforma, em parte, promontrio exterior privado, retira o melhor partido da luz natural, do conforto dos materiais locais e das vistas, oferecendo um espao que vai mais alm do conceito tradicional de pousada da juventude.

094

Fotografia : Nelson Garrido

ComA

096 planta piso 1 planta piso 0

planta piso cobertura

097

098 corte construtivo

099

Cdigo : 07CMM Projecto : Habitao (Recuperao) rea : 180 m2 Valor de Obra : 130 000.00 e Cliente : Marta Massada e Joo Silva Autoria : spaceworkers Equipa : Arquitectos Coordenadores. Henrique Marques - Arq.to. Rui Dinis - Arq.to Arquitectos Colaboradores. Arq. Jos Carlos, Arq. Vasco Giesta, Arq Daniel Neto, Arq. Srgio Rocha, Arq. Rui Rodrigues. Engenharias : Prtico - Engenharia, Lda

100

Fotografia : fg + sg - fotografia de arquitectura

Intervir numa habitao tpica do tecido urbano da cidade do Porto desde logo motivo suficiente para que o tema da memria percorra o nosso pensamento e comece ela prpria a delinear-se como programa, uma "ferramenta" capaz de funcionar como um elemento moderador entre o "velho" e o "novo". Este projecto tenta recriar os espaos da habitao (elemento por si s contentor e gerador de memrias), preservando a identidade do objecto arquitectnico existente, mas com um toque mais cosmopolita e contemporneo, procurando a simbiose entre duas linguagens cronologicamente distantes, de forma a criar um objecto arquitectnico actualizado pertencente ao universo sensorial deste local da cidade do Porto.

07CMM

SPaceworkers

102

planta de localizao

103

104 corte seco 3

seco 4 e seco 5

105

Arquitectura : Lus Santiago Baptista, Tiago Leite de Arajo Cliente : Eng. Helena Antunes Estrutura : Eng. Pedro Gonalves guas e Esgotos/AVAC : PRPC Engenheiros, Eng. Pedro Romano, Eng. Paulo Cardoso Electricidade : Eng. Antnio Trindade Construtor : Tetrapod. Manuel Velhas, Miguel Pires, Arq. Ruben Martins (director de obra) Texto : Lus Santiago Baptista, Tiago Leite de Arajo

Fotografia : fg + sg - fotografia de arquitectura

A casa boxes resulta da reabilitao de uma casa trrea, com amplo logradouro contguo, situada no Largo de Carnide em Lisboa. Ponderou-se inicialmente uma abordagem mais prxima da recuperao do existente. Mas a condio devoluta e degradada do imvel e a diviso espacial preexistente corredor longitudinal central, com reas pblicas para o Largo, a norte, e reas privadas e de servio para o logradouro, a sul exigiram uma perspectiva mais interventiva. Invertendo-se a anterior lgica dos espaos internos, reformulouse todo o interior, potenciando a relao da casa com o jardim e com a melhor exposio. O projecto prope a subtraco de um ptio na construo existente e a adio de um pavilho envidraado no logradouro, com cobertura visitvel, permitindo uma organizao mais estendida e fluida das reas pblicas da casa. No s se conseguiu uma boa iluminao natural e amplitude espacial na casa existente, como se potenciou uma relao aberta e transparente entre a nova sala de estar e o jardim. A organizao funcional realizou-se atravs da colocao de caixas matricas, com o programa privado, fazendo do espao pblico o negativo da sua disposio no espao. Se, por um lado, se procurou uma dinmica e flexibilidade do espao, atravs da explorao de elementos mveis, por outro, anularam-se os espaos de transio entre reas privadas e pblicas reduzidas ao plano das portas, ocultas nos volumes , acentuando-se as mudanas bruscas de ambiente atravs dos materiais e a utilizao da cor (reminiscncia do que vimos em O cozinheiro, o ladro, sua mulher e o amante de Peter Greenway).

106

casa em Carnide

Santiago Baptista + Tiago Arajo

108 esquemas

planta

109

110 alado rua machado a carnide alado largo de carnide

cortes

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casa em Vale de Santarm

Obra : Habitao unifamiliar Localizao : Vale de Santarm Arquitecto : Nuno Piedade Alexandre Colaboradora : Dina Gomes Empreiteiro : Tiago e Cordeiro, Lda.

A tomada de um lugar deve ser um acto consciencioso e responsvel, devendo por isso ser cuidada, uma vez que a mesma s far sentido se possibilitar uma melhoria resolvendo ao mesmo tempo alguma necessidade. Esta necessidade neste caso a criao de uma habitao prpria, exprimindo uma metodologia projectual de encontro ao lugar. O primeiro passo ser a interpretao do sinais presentes, de um sitio de caractersticas ambientais e morfolgicas irrepetveis. O segundo passo a adoptao de um conceito adequado que organize as premissas do lugar com um programa de habitao. O terceiro passo o desenrolar de um conceito do inicio ao fim no abdicando da funo e deixando o elemento esttico como uma consequncia. Foras naturais de tenso, elementos artificiais presentes, a encosta suave, a pr-existncia e memria do lugar, foram os factores principais na adopo do conceito. Conceito que vive da forma da videira, dos regos de cultivo, da expresso, forma e do seu sentido contnuo. A casa tenta criar um impacto positivo na sua expresso exterior e interior, tentando subdividir-se em vrios volumes unidos por uma circulao dinmica e movimentada, enfatizando as tenses existentes e a orientao da suave encosta. Levanta os volumes do solo e altera as alturas dos mesmos, deixando uma leveza e uma construo de forma retorcida no sentido horizontal e vertical. Para um programa racional, uma casa racional, para uma sociedade parca economicamente, uma casa parca nos seus custos, para uma esttica contempornea descomplexada, uma casa descomplexada.

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Fotografia : fg + sg - fotografia de arquitectura

Nuno Piedade Alexandre

114 implantao

planta

115

116 cortes

alados

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Tree House System

Nome do projecto : Treehouse Riga Uso, funo : Habitao Tipo de interveno : Casa/Construo Pr-fabricada Localizao do projecto : Varivel Ficha tcnica do projecto. Projectistas, por especialidades. arquitectura : Appleton e Domingos Arquitectos, lda. estabilidade : Jular madeiras guas e esgotos : Jular madeiras electricidade : Jular madeiras Proprietrio : Instituio. Jular madeiras Construtor : Jular madeiras Caractersticas dimensionais. rea de construo : 46,19 m2 rea de ptio : 20, 47 m2

Baseada no sistema TreeHouse, foi desenvolvida uma nova tipologia domstica muito compacta e flexvel com apenas dois mdulos que visa dar resposta procura de habitaes de rea reduzida para uso particular ou em hotelaria. Em apenas dois mdulos com cerca de 20m2 cada, concentram-se uma sala com cozinha incorporada e dois pequenos quartos um de casal e outro de crianas/convidados partilhando uma casa de banho. Uma parede de correr em madeira de btula permite um grande versatilidade criando duas casas diferentes uma de dia e outra de noite - consoante a sua posio. De dia a porta posiciona-se permitindo que a sala se estenda para o quarto de crianas/convidados. De noite a porta encerra o quarto de crianas/convidados garantindo a privacidade e permitindo o acesso independente dos dois quartos casa de banho. Dois pequenos ptios, um vedado e o outro aberto, permitem a extenso da casa para o exterior. A sua localizao em pontos opostos mas com ligao sala permite que, independentemente do local de implantao, haja sempre dois ptios de caractersticas diversas. A pequena dimenso da casa levou a que se utilizassem vos envidraados relativamente grandes que permitem uma ampla viso para o exterior dilatando os espaos interiores. Contrariamente s outras tipologias da TreeHouse, esta casa no tem a capacidade evolutiva, apresentandose como um projecto fechado mas altamente eficaz em termos de aproveitamento de rea. Outras diferenas em relao a verses anteriores relacionam-se com o aspecto da casa de madeira pintada e com a caixilharia usada tambm de madeira pintada. Na escolha dos materiais e das solues construtivas procurou-se usar solues confortveis, amigas do ambiente, com custos controlados. A eficincia do desenho da tipologia, associada escolha dos materiais, permitiu a construo de uma casa que se pretende ter um elevado desempenho e de baixo custo.

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Fotografia : fg + sg - fotografia de arquitectura

Appleton e Domingos

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treehouse tipologias

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desenhos

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yearbook

09 10

ficha tcnica

yearbook

09 10

ficha tcnica

edio . 3 edio Propriedade . Workmedia Comunicao, S.A. R. General Firmino Miguel, n 3, Torre 2, Piso 3 1600-100 Lisboa Tel.: 210 410 300 | Fax: 210 410 305 [email protected] | www.workmedia.pt Conselho de Administrao . Pedro Corra Mendes, Hlia Milheiro Editor . BR351 Arquitectura e Cultura Carlos Pedro Sant'Ana [email protected] Conceito Grfico . UNIT Unidade Criativa Marisa Leiria [email protected] Francisco Pires [email protected] Director Editorial . Ricardo Batista [email protected] Directora Comercial . Margarida Magalhes [email protected] Gestora de Assinaturas . Carlota Simes [email protected] Paginao . Paula Dias [email protected] Colaboraram nesta edio . OBSERVAR. Portugal Visto de Fora . Carlos Eduardo Comas [email protected] PROJECTAR. Organizar Espao e Tempo . Balthazar Aroso [email protected] CONSTRUIR. A Leste do Paraso . Pedro Campos Costa [email protected] COMUNICAR. Uma Prtica No Silenciosa . Margarida Ventosa [email protected] Fotografia . FG+SG Fernando Guerra Joo Morgado Leonardo Finotti Nelson Garrido Impresso . Peres Soctip - Indstria Grfica, S.A. Estrada Nacional 10, Km 108,3 | Porto Alto 2135-114 Samora Correia tel.: 263 009 900 Capa . FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA Valor de capa . e 20.00 Registo ERC n . 125 4 37 Depsito Legal . 277980/08 Tiragem mdia . 7500 exemplares

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