Portugueses emigram para Angola

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42 O MUNDO Domingo, 14 de novembro de 2010 O GLOBO . O GLOBO O MUNDO PÁGINA 42 - Edição: 14/11/2010 - Impresso: 13/11/2010 — 00: 11 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO A ROTA INVERSA DA FORTUNA Fuga do Eldorado Crise econômica leva cada vez mais europeus a emigrarem em busca de uma vida melhor Priscila Guilayn Correspondente MADRI. María Plaza acabou, otimista, seus cinco anos de faculdade de Farmácia. Conseguiu um estágio não remune- rado. Trabalhava cinco horas por dia, sonhan- do ser contratada e pas- sar a ganhar cerca de mil euros. Era impossí- vel pensar em sair da casa dos pais, mas, pelo menos, era o primeiro passo para começar a construir sua trajetória profissional. O currículo de María, no entanto, parou por aí: atrás do balcão de uma farmácia durante seis meses. Com a crise econômica, a farmácia despediu em- pregados e o sonho de María não se realizou. Desempregada há mais de um ano, começou a cogitar o que nunca an- tes havia passado por sua cabeça: tentar uma vida fora da Espanha. María não está sozi- nha. Os espanhóis volta- ram a emigrar. Nos últi- mos dois anos, 156 mil foram registrados no Censo Eleitores de Resi- dentes no Estrangeiro. — Uma amiga minha de faculdade, que há um ano trabalha num labora- tório em Bruxelas, abriu meus olhos para as ofertas de trabalho no exte- rior. Estou disposta a aceitar um tra- balho, desde que seja na minha área. Não me importa compartilhar aparta- mento. Basta ganhar o suficiente para não precisar pedir que meus pais me enviem dinheiro — conta María, que está no processo de seleção de uma empresa farmacêutica na Argentina. María tem 24 anos. Está numa fase crítica porque, em plena crise econô- mica, não tem como se destacar em uma maré de 4.574.700 desemprega- dos (cerca de 20% da população ati- va). Não tem experiência profissional. Nesse sentido, tampouco está sozinha: a taxa de desemprego entre jovens de 16 a 29 anos era de 29%, segundo as últimas estatísticas (janeiro) do Obser- vatório Jovem de Emprego do Conse- lho da Juventude da Espanha. — Os jovens que querem trabalhar com energia renovável, telecomunica- ções ou investigação de alto nível tec- nológico, por exemplo, estão saindo daqui — explica o professor de Recur- sos Humanos Sandalio Gómez, da prestigiosa escola de negócios Iese. — Esta perda de talento é muito preocu- pante, porque os países estão compe- tindo por formação, preparação e ino- vação. O que faremos no futuro? Estas pessoas podem voltar ou não. Os pais de María temem justamen- te que a filha decida ficar na Argen- tina. Se conseguir a vaga, ela pensa em voltar dentro de um ano. Mas são apenas planos. O panorama econômi- co espanhol não deverá melhorar, se- gundo os economistas, nos próximos dois anos. Enquanto isso, sobe o nú- mero de desempregados: em outu- bro, mais 68.213 passaram a engros- sas as estatísticas. Para completar, uma estada curta não é o que se es- pera do aspirante a emigrante. As em- presas não querem investir em gente que busca uma experiência fugaz. — Há três anos, para conseguir dois candidatos, eu tinha que oferecer mui- tos benefícios. Agora, tenho cinco candidatos sem ofere- cer nada — conta Marta López Tappero, coordenadora do pro- grama de mobilidade internacional da em- presa de recursos hu- manos Adecco, pre- sente em 70 países. Antes, para traba- lhar na América Lati- na, a empresa oferecia carro, viagens anuais para visitar a família, apartamento, além de um excelente salário. Agora não oferece na- da, e o salário pode ser o mesmo que ga- nharia ficando por aqui — entre G1.500 e G2.500. Os atuais emigran- tes espanhóis são jo- vens qualificados de 25 a 35 anos, das áreas de engenharia, arqui- tetura, informática e investigação, ou exe- cutivos, geralmente de marketing e do setor comercial, que prefe- rem partir, segundo al- guns estudos recen- tes, para a França, Rei- no Unido, Alemanha e EUA. Por outro lado, vem aumentando sig- nificativamente (tripli- cou nos últimos dois anos) o número de es- panhóis que foram tra- balhar nos países es- candinavos. O vizinho ibérico, Portu- gal, também tem importado muitos profissionais espanhóis. — Esta conjuntura econômica atual acabou agregando um valor im- portante ao espanhol, que não é cos- mopolita — conta Marta López. — A crise, embora negativa, tem dado es- te resultado positivo: mudança de mentalidade. Quando os espanhóis vão morar fora e voltam, percebem o pulo qualitativo que deram com es- sas experiências internacionais. De ímã para milhares e milhares de pessoas que anualmente enfrentam perigosas travessias ma- rítimas ou cruzam clandestinamente suas fron- teiras em busca de uma vida melhor, a Europa viu o quadro se inverter nos últimos anos. Num fenômeno que se apresenta forte sobretudo nos países atingidos mais duramente pela crise eco- nômica, o continente está agora exportando seus cidadãos — eles também à procura de um futuro que, em casa, já não se afigura tão promis- sor. Espanha, Portugal, Itália e Grécia — entre outros — vêm sentindo os efeitos dessa emigra- ção moderna, que priva tais países de uma par- cela de sua juventude mais bem-preparada. Eles vão para outros países da Europa, mas também para a África e a América Latina, numa verdadei- ra fuga de cérebros, que tomam, muitas vezes, o caminho inverso dos imigrantes mais pobres. ESPANHA Cosmopolitas por força das circunstâncias AFP/1-2-2009 JOVENS PROTESTAM contra o desemprego em Sevilha: falta de expectativas foi uma das principais razões que levaram 156 mil espanhóis a emigrarem em 2 anos PORTUGAL Três décadas após saída às pressas, de volta às colônias de ultramar Simone Cunha Especial para O GLOBO LISBOA. Antes do Ano Novo, a eco- nomista portuguesa Susana Gonçal- ves, de 36 anos, parte para a segunda temporada de trabalho em Angola, após seis meses de férias em Lisboa. — O mercado português é muito pequeno, pouco atrativo, vejo mais oportunidade lá fora — diz ela, que trabalhou um ano e meio no país africano e, antes, na Espanha. Cerca de 100 mil portugueses — ou 1% da população — emigraram em 2007 e 2008, segundo estudo do eco- nomista Álvaro Santos Pereira, da Uni- versidade Simon Frasier, no Canadá. De 1998 a 2008, foram 700 mil. Outras nações europeias ainda são o princi- pal destino, mas Angola vem logo a se- guir. O país é o quarto que mais rece- beu portugueses por ano entre 2001 e 2008, em média 10 mil, segundo o “Portugal: Atlas das Migrações Inter- nacionais”, lançado quinta-feira em Lisboa. Quase 24 mil portugueses en- traram nessa ex-colônia lusa em 2009, aponta o Observatório da Emigração. As quantias enviadas para casa por emigrantes que estão nos cinco países africanos de língua portuguesa (Ango- la, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe — de on- de os portugueses saíram às pressas na década de 1970) quadruplicaram de 2005 para 2009, segundo o Banco de Portugal). Entre eles, Angola é a principal origem . No ano passado, as remessas de lá somaram G103 mi- lhões. Da Alemanha, foram quase G120 milhões — um valor 27% abaixo do re- gistrado em 2005; do Reino Unido caí- ram 36% no mesmo período. A onda de emigração atual é ante- rior à crise internacional, tem raiz nas dificuldades internas do país — há cinco anos o desemprego está acima de 7%, e o crescimento, abaixo de 2,5%. A integração europeia, que libe- rou o acesso ao mercado de trabalho aos países do bloco, estimulou a saída para outros Estados-membros. Com a crise, há sinais de queda no trânsito europeu, mas o coordenador do Atlas e do Observatório da Migração, Rui Pena Pires, diz que ainda é cedo para saber das consequências no fluxo emigratório para Angola. — É provável que haja cada vez mais ida a países onde a economia está bem, como os Estados Unidos, Brasil e Angola — afirma Santos Pe- reira, da Simon Fraser. Angola cresceu 13,2% em 2008 e, após um impacto forte da queda nos preços do petróleo no ano pas- sado, está retomando o fôlego. O fluxo atual é comparado em di- mensão ao das décadas de 1960 e 1970, quando 1,3 milhão de portugue- ses emigraram. Boa parte, então, eram trabalhadores pouco qualificados em busca de uma vida melhor ou fugindo da convocação para lutar nas guerras coloniais. Hoje há maior proporção de imigrantes com melhor formação em busca de melhores salários. Terceiro lugar na fuga de cérebros na Europa Portugal é o terceiro país europeu com maior fuga de cérebros: atrás da Irlanda e da Eslováquia. Só no ano 2000, 13% dos portugueses com ensi- no superior saíram do país. Na década de 1990, enquanto a emigração cres- ceu 10% em geral, a de qualificados quase dobrou. França, Luxemburgo, Suíça e Espanha recebem a maioria de trabalhadores pouco qualificados. Há oito meses em Luanda, capital angolana, o vendedor de seguros Pe- dro Luiz Gomes, de 38 anos, encon- trou vizinhos de Lisboa e um amigo de infância. Um salário três vezes maior e a experiência no exterior o atraíram. — Em Portugal, alguém com curso superior é mais um entre muitos. Em Angola somos úteis e valorizados. De lá, Gomes diz que só sai para continuar no estrangeiro. — Vou ficar em Angola uns anos, depois gostaria de ir para o Brasil. Portugal está mal, e não me vejo vol- tando para trabalhar em casa: não faz sentido trabalhar para não crescer. SUSANA E Pedro Luiz: dois dos mais de 100 mil portugueses que foram buscar um futuro no exterior Álbum de família Álbum de família

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O M U N D ODomingo, 14 de novembro de 2010O GLOBO

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O GLOBO ● O MUNDO ● PÁGINA 42 - Edição: 14/11/2010 - Impresso: 13/11/2010 — 00: 11 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

A ROTA INVERSA DA FORTUNA

Fuga do EldoradoCrise econômica leva cada vez mais europeus a emigrarem em busca de uma vida melhor

Priscila Guilayn

Correspondente

● MADRI. María Plazaacabou, otimista, seuscinco anos de faculdadede Farmácia. Conseguiuum estágio não remune-rado. Trabalhava cincohoras por dia, sonhan-do ser contratada e pas-sar a ganhar cerca demil euros. Era impossí-vel pensar em sair dacasa dos pais, mas, pelomenos, era o primeiropasso para começar aconstruir sua trajetóriaprofissional. O currículode María, no entanto,parou por aí: atrás dobalcão de uma farmáciadurante seis meses.Com a crise econômica,a farmácia despediu em-pregados e o sonho deMaría não se realizou.Desempregada há maisde um ano, começou acogitar o que nunca an-tes havia passado porsua cabeça: tentar umavida fora da Espanha.

María não está sozi-nha. Os espanhóis volta-ram a emigrar. Nos últi-mos dois anos, 156 milforam registrados noCenso Eleitores de Resi-dentes no Estrangeiro.

— Uma amiga minhade faculdade, que há umano trabalha num labora-tório em Bruxelas, abriu meus olhospara as ofertas de trabalho no exte-rior. Estou disposta a aceitar um tra-balho, desde que seja na minha área.Não me importa compartilhar aparta-mento. Basta ganhar o suficiente paranão precisar pedir que meus pais meenviem dinheiro — conta María, queestá no processo de seleção de umaempresa farmacêutica na Argentina.

María tem 24 anos. Está numa fasecrítica porque, em plena crise econô-mica, não tem como se destacar em

uma maré de 4.574.700 desemprega-dos (cerca de 20% da população ati-va). Não tem experiência profissional.Nesse sentido, tampouco está sozinha:a taxa de desemprego entre jovens de16 a 29 anos era de 29%, segundo asúltimas estatísticas (janeiro) do Obser-vatório Jovem de Emprego do Conse-lho da Juventude da Espanha.

— Os jovens que querem trabalharcom energia renovável, telecomunica-ções ou investigação de alto nível tec-nológico, por exemplo, estão saindo

daqui — explica o professor de Recur-sos Humanos Sandalio Gómez, daprestigiosa escola de negócios Iese. —Esta perda de talento é muito preocu-pante, porque os países estão compe-tindo por formação, preparação e ino-vação. O que faremos no futuro? Estaspessoas podem voltar ou não.

Os pais de María temem justamen-te que a filha decida ficar na Argen-tina. Se conseguir a vaga, ela pensaem voltar dentro de um ano. Mas sãoapenas planos. O panorama econômi-

co espanhol não deverá melhorar, se-gundo os economistas, nos próximosdois anos. Enquanto isso, sobe o nú-mero de desempregados: em outu-bro, mais 68.213 passaram a engros-sas as estatísticas. Para completar,uma estada curta não é o que se es-pera do aspirante a emigrante. As em-presas não querem investir em genteque busca uma experiência fugaz.

— Há três anos, para conseguir doiscandidatos, eu tinha que oferecer mui-tos benefícios. Agora, tenho cinco

candidatos sem ofere-cer nada — contaMarta López Tappero,coordenadora do pro-grama de mobilidadeinternacional da em-presa de recursos hu-manos Adecco, pre-sente em 70 países.

Antes, para traba-lhar na América Lati-na, a empresa ofereciacarro, viagens anuaispara visitar a família,apartamento, além deum excelente salário.Agora não oferece na-da, e o salário podeser o mesmo que ga-nharia ficando poraqui — entre G1.500 eG2.500.

Os atuais emigran-tes espanhóis são jo-vens qualificados de25 a 35 anos, das áreasde engenharia, arqui-tetura, informática einvestigação, ou exe-cutivos, geralmente demarketing e do setorcomercial, que prefe-rem partir, segundo al-guns estudos recen-tes, para a França, Rei-no Unido, Alemanha eEUA. Por outro lado,vem aumentando sig-nificativamente (tripli-cou nos últimos doisanos) o número de es-panhóis que foram tra-balhar nos países es-

candinavos. O vizinho ibérico, Portu-gal, também tem importado muitosprofissionais espanhóis.

— Esta conjuntura econômicaatual acabou agregando um valor im-portante ao espanhol, que não é cos-mopolita — conta Marta López. — Acrise, embora negativa, tem dado es-te resultado positivo: mudança dementalidade. Quando os espanhóisvão morar fora e voltam, percebem opulo qualitativo que deram com es-sas experiências internacionais.

De ímã para milhares e milhares de pessoas queanualmente enfrentam perigosas travessias ma-rítimas ou cruzam clandestinamente suas fron-teiras em busca de uma vida melhor, a Europaviu o quadro se inverter nos últimos anos. Numfenômeno que se apresenta forte sobretudo nos

países atingidos mais duramente pela crise eco-nômica, o continente está agora exportandoseus cidadãos — eles também à procura de umfuturo que, em casa, já não se afigura tão promis-sor. Espanha, Portugal, Itália e Grécia — entreoutros — vêm sentindo os efeitos dessa emigra-

ção moderna, que priva tais países de uma par-cela de sua juventude mais bem-preparada. Elesvão para outros países da Europa, mas tambémpara a África e a América Latina, numa verdadei-ra fuga de cérebros, que tomam, muitas vezes, ocaminho inverso dos imigrantes mais pobres.

ESPANHA

Cosmopolitas por força das circunstânciasAFP/1-2-2009

JOVENS PROTESTAM contra o desemprego em Sevilha: falta de expectativas foi uma das principais razões que levaram 156 mil espanhóis a emigrarem em 2 anos

PORTUGAL

Três décadas após saída às pressas,de volta às colônias de ultramar

Simone Cunha

Especial para O GLOBO

● LISBOA. Antes do Ano Novo, a eco-nomista portuguesa Susana Gonçal-ves, de 36 anos, parte para a segundatemporada de trabalho em Angola,após seis meses de férias em Lisboa.

— O mercado português é muitopequeno, pouco atrativo, vejo maisoportunidade lá fora — diz ela, quetrabalhou um ano e meio no paísafricano e, antes, na Espanha.

Cerca de 100 mil portugueses — ou1% da população — emigraram em2007 e 2008, segundo estudo do eco-nomista Álvaro Santos Pereira, da Uni-versidade Simon Frasier, no Canadá.De 1998 a 2008, foram 700 mil. Outrasnações europeias ainda são o princi-pal destino, mas Angola vem logo a se-guir. O país é o quarto que mais rece-beu portugueses por ano entre 2001 e2008, em média 10 mil, segundo o“Portugal: Atlas das Migrações Inter-nacionais”, lançado quinta-feira emLisboa. Quase 24 mil portugueses en-traram nessa ex-colônia lusa em 2009,aponta o Observatório da Emigração.

As quantias enviadas para casa poremigrantes que estão nos cinco paísesafricanos de língua portuguesa (Ango-la, Moçambique, Cabo Verde, GuinéBissau e São Tomé e Príncipe — de on-

de os portugueses saíram às pressasna década de 1970) quadruplicaramde 2005 para 2009, segundo o Bancode Portugal). Entre eles, Angola é aprincipal origem . No ano passado, asremessas de lá somaram G103 mi-lhões. Da Alemanha, foram quase G120milhões — um valor 27% abaixo do re-gistrado em 2005; do Reino Unido caí-ram 36% no mesmo período.

A onda de emigração atual é ante-

rior à crise internacional, tem raiz nasdificuldades internas do país — hácinco anos o desemprego está acimade 7%, e o crescimento, abaixo de2,5%. A integração europeia, que libe-rou o acesso ao mercado de trabalhoaos países do bloco, estimulou a saídapara outros Estados-membros. Com acrise, há sinais de queda no trânsitoeuropeu, mas o coordenador do Atlase do Observatório da Migração, Rui

Pena Pires, diz que ainda é cedo parasaber das consequências no fluxoemigratório para Angola.

— É provável que haja cada vezmais ida a países onde a economiaestá bem, como os Estados Unidos,Brasil e Angola — afirma Santos Pe-reira, da Simon Fraser.

Angola cresceu 13,2% em 2008 e,após um impacto forte da quedanos preços do petróleo no ano pas-

sado, está retomando o fôlego.O fluxo atual é comparado em di-

mensão ao das décadas de 1960 e1970, quando 1,3 milhão de portugue-ses emigraram. Boa parte, então, eramtrabalhadores pouco qualificados embusca de uma vida melhor ou fugindoda convocação para lutar nas guerrascoloniais. Hoje há maior proporção deimigrantes com melhor formação embusca de melhores salários.

Terceiro lugar na fuga decérebros na Europa

Portugal é o terceiro país europeucom maior fuga de cérebros: atrás daIrlanda e da Eslováquia. Só no ano2000, 13% dos portugueses com ensi-no superior saíram do país. Na décadade 1990, enquanto a emigração cres-ceu 10% em geral, a de qualificadosquase dobrou. França, Luxemburgo,Suíça e Espanha recebem a maioria detrabalhadores pouco qualificados.

Há oito meses em Luanda, capitalangolana, o vendedor de seguros Pe-dro Luiz Gomes, de 38 anos, encon-trou vizinhos de Lisboa e um amigo deinfância. Um salário três vezes maior ea experiência no exterior o atraíram.

— Em Portugal, alguém com cursosuperior é mais um entre muitos. EmAngola somos úteis e valorizados.

De lá, Gomes diz que só sai paracontinuar no estrangeiro.

— Vou ficar em Angola uns anos,depois gostaria de ir para o Brasil.Portugal está mal, e não me vejo vol-tando para trabalhar em casa: não fazsentido trabalhar para não crescer. ■

SUSANA E Pedro Luiz: dois dos mais de 100 mil

portugueses que foram buscar um futuro no exterior

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