pós guerra em guerra, bruno nobru

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bruno nobru (2008-2009)

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ingênuo o que tenta me julgarcomo algo definido e estáticotão simplista e patéticoparecido consigo mesmo,está muito claro que somos diferentese que eu não sou vocêescritos entre 2008 e início de 2009, por bruno nobru

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bruno nobru (2008-2009)

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1 ano, 2 anos, a vida vai passando e os cães latem a integridade se desintegra, negligencia a noção de si os caminhos vão - não-lineares

as escolhas decidem seguir ou não elas podem se associar ou não desprivo a baboseira da unidade voando por multiplos espaços

o tempo de construir também destrói eu e você o fazemos o tempo todo e podemos desfazê-los também

quem blá mais vai atrás e o ser humano anda cada vez mais cansado dele mesmo

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todos gostam de mentiras ela conforta e anestesia a vida

o corpo, como um todo, é influenciável e ele influi no funcionamento dele próprio

não é pensando que falamos o que queremos mas

sacando o que queremos que fazemos o que sentimos

sem moral porque a moral é inimiga

de meu eu autêntico

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teatro: a encenação da vida cotidiana

muitos estão encenando, diariamente, o tempo todo, como num filme

tal como atores representam, sem receber nada em troca

- só por representar, escravos da aparência e do hábito

a preocupação não esta em ser, mas em parecer ser

numa necessidade de afirmar alguma existência, seja ela qual for

e quem não consegue ser o que é, faz teatro pra tentar ser o que não é

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de repente o tempo foi lenteando a chuva foi descansando o chão o frio, o cansaço e o sono

as imagens chamando a mente senti vontade em tê-las para recordar - a satisfação da contemplação - e sentir outros ares...

o corpo está pesado a mente embaralhada e cheia sentindo vontade de esvaziar tudo de uma só vez, que nem chuva forte

mas pinga fraco e é mais fácil tomar um café ou desviar o pensamento pq bolso furado não para em pé

a parada de processos e o homo-sapiens se fez assim

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não há caminhos programados para a vida cada um se constrói e acontece no dia-a-dia

somos afetados e afetamos os meios e pessoas que transitamos

as questões são.. o quanto se afeta ou se deixa ser afetado? quais são os sentidos e significados criados?

por onde o desejo passa?

cada um de nós somos vários há o que nos aproxima de mais próximo e de mais distante e já não somos somente nós mesmos, mas fomos alterados,

esticados, aspirados, corroídos, multiplicados, ...

tudo isso é vida, energia e expansões a doença é o aprisionamento, a parada de processos

aos poucos vamos apreendendo a selecionar o que convém ao nosso corpo e o que não convém

o que com ele se compõe, o que tende a decompô-lo o que aumenta sua força de existir, o que a diminui o que aumenta sua potência de agir, o que a diminui

vamos nos compondo e arteando

só que nos enganamos também pois nosso corpo por vezes muda sem mesmo nos avisar e toda nossa paixão aumenta nossa potência em agir

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ainda vai levar um longo tempo pra se perceber que a gente não é algo pronto, mas que estamos num constante movimento do fluir da vida

ingênuo o que tenta me julgar como algo definido e estático, tão simplista e parecido com si mesmo...

está muito claro que eu somos diferentes, e que eu não sou você

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o que difere os seres humanos dos animais é o telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor.

o que difere os seres humanos de outros seres humanos é o dinheiro que proporcionou - além do acúmulo de alguns e da miséria de outros a liberdade para consumir e ser consumido -

deus está morto: isto não é uma ficção, é essa a real que se esforçam pra esconder dos seres humanos, mas caminha ao nosso lado

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o que alguns cientistas falam e escrevem afetam as nossas maneiras de sentir, perceber, pensar e de como se inserir no mundo

mas, não é com o olho nem com o cérebro deles que acontece a nossa vida

já tá mais que na hora de nos separar dos ditos eruditos, de todos os parâmetros esquematizados e formulados, de todas as hipóteses e de toda a autoridade que herdamos ceder a ciência pra não viver a nossa vida

e perceber que a minha vida é minha e quem escolhe julga, decide ou adora seja o que for sou eu e quem eu aceitar

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minha raiz é meu passado - minha história

meus galhos são meus caminhos - que estou percorrendo

e minhas folhas são lançadas por onde passo..

nas palavras que falo, nos riscos que escrevo, nos sons que emito,

e até no grito que não gritei

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professores tentam ensinar geralmente o que eles não fazem

ou o que não sabem fazer só sabem falar..

eles não tem tempo pra fazer o que falam pois trabalham dando aulas

e falando do que e como deve ser sem mesmo ter experiência do que é

os trechos vão indo caminhando com a vida

agora não terminou nunca está pronto

(sempre em processo)

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dias diasdias

noitestempo

vida nada

muito

brancos dias azuis

noites passam tempo

casa nada

muito

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resta-me a dor

de me dar o que mereço

num dado ardor de ver a

face que me rói

o resto do meu rosto

a cor do ar que vem

colorindo o ido no voltar

no ato de poupar a falta

e violar o excesso

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a escrita é uma expansão do indivíduo do que é dele mesmo

não há limites para expandir e interiorizar

o tempo não se gasta, se vive

o título fica depois do texto só depois da vivência que a descreve não há como compactar algo que não foi

ou do contrário permanece imerso na idéia do que não há

.do texto.

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tem momentos que o melhor é não falar nem ouvir nada

meus temperamentos mudam tanto quanto o clima tanto quanto o vinho que por vezes nem sei

o ônibus ta andando me carrega eu parado cansado, sono e gosto de remédio olhando, olhando quieto, profundo

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quando não se cria sentidos pra vida vivemos sentidos dos outros e da mídia

vivendo com motivos de sentidos e etapas de caminhos

uma coisa é o que acreditamos outra são os papeis que interpretamos

como somos vistos e reconhecidos é diferente do que somos

não importa para qual lado jogar mas o que se faz consigo mesmo

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as coisas vão se fazer fazendo.. em conexões entre pessoas e objetos e conexões entre eu comigo mesmo

todos os modos de subjetividade são lícitos

cada um é um planeta com espaços, territórios, expansões voando sobre paisagens num pluriverso acontecendo entre uma e outra vivência

a torrente faz rizoma com a vida e nós fazemos rizoma com os pares com os mares e o mundo por mais imundo que este pareça ser

raízes, galhos e travessias, o que acontece entre o nascimento e a morte cada um com seu tempo de vida e de pausa

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pós guerra em guerra (bruno nobru) trechos escritos entre o meio do ano de 2008 até o começo de 2009, em pouso alegre, mg, por mim mesmo, a vida que levo, as coisas que vejo, os ares que sinto, e até pelo grito que não gritei...

é livre a reprodução total ou parcial (copie, misture, transforme, crie)

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interprete-os como quiser e saiba que a tua interpretação é tua

pode não ter nada a ver comigo

arte é risco