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    Carto-Postal,

    Arte e Magia

    Jos Carlos Daltozo

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    Daltozo, Jos Carlos

    Carto-Postal, Arte e MagiaGrca Cipola, Presidente Pruden-te (SP), 2006

    204 pginas, ilustrado

    1 - Cartes-Postais2 - Cartolia3 - Artes Grcas4- Histria

    Endereo do Autor:JOS CARLOS DALTOZOCaixa Postal 11719500-000 - Martinpolis - SPTelefone 18 - 3275-1168

    E-mail: [email protected]

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    Para minha neta Gabriela

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    "Livro a preservao de fatos de qualquer natureza, atravsda comunicao grca impressa, independente de cor, for-mato ou assunto."

    Antonio Celso Collaro

    "Todo livro histrico uma misturas de datas, conceitos, fatose nomes, pesquisados em documentos e em outros livros eexpostos de outra maneira. Terminada a impresso, o livronovo vai para a estante, at que novo escritor o tire de l, coma nalidade de extrair dele uma idia, um fato, uma data, umnome que, mesclados a outros elementos extrados de outroslivros, lhe daro um novo livro." Pitigrilli

    "Melhor que a palavra, convence a imagem." Bastos Tigre

    "Um pas se faz com homens e livros." Monteiro Lobato

    "O livro traz a vantagem de a gente poder estar s e ao mesmotempo acompanhado." Mrio Quintana

    " grandssimo o risco que se assume ao imprimir um livro,sendo impossvel de toda impossibilidade comp-lo tal quesatisfaa e contente a quantos o lerem." Cervantes

    "Nenhum livro to ruim que, sob algum aspecto, no tenhautilidade".

    Plnio, o Velho

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    Sumrio

    Introduo.........................................................11Histrico do Postal............................................13Histrico da fotograa e osmaiores fotgrafos de postais...........................25Temas colecionveis.........................................33Motivaes para colecionar postais..................51Como se tornar um colecionador......................59O mximo postal...............................................63Curiosidades sobre postais...............................67

    O carto-postal nos livros................................83Museus de postais............................................99Exposies de postais no Brasil.....................103Clubes de colecionadores...............................123Editoras de Postais (antigas e atuais).............131Invenes anteriores ou contemporneasdo postal (papel, tinta, impresso, telgrafo,telefone, cinema etc).......................................141Depoimentos dos colecionadores....................145

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    Introduo

    Este livro o resultado de um sonho acalentado h muitotempo. Resultado, tambm, da coleta durante quinze anos,de centenas de recortes de jornais e revistas sobre cartolia,folhetos sobre exposies, alm de livros que utilizaram opostal antigo como iconograa. O livro "Carto-Postal, Arte e Magia" traa um panoramageral do que foi a cartolia nos seus primrdios e como ela

    hoje, 137 anos aps o surgimento do postal na ustria em1.869. Alm do aspecto histrico do carto-postal no Brasil e nomundo, o livro aborda a criao da fotograa e as invenescontemporneas desses maravilhosos retngulos ilustrados,que tiveram papel decisivo para ampliar a comunicao entreas pessoas em todo o mundo. O livro traz ainda os fotgrafosantigos mais famosos, as motivaes para colecionar postais,como iniciar uma coleo, os temas mais comuns ontem ehoje, curiosidades, exposies realizadas, as editoras antigase atuais, reunies e clubes de colecionadores... enm, umpainel geral da Cartolia. Uma idia inovadora, no entanto, foi a abertura daspginas nais para depoimentos de colecionadores de pos-tais. Cada depoimento propicia ao leitor uma viso ampla e

    diferente do que colecionar. Mostra que ns, colecionadores,no somos meros guardadores de fotograas antigas e atuaisde cidades e pases, somos tambm um pouco historiadores,gegrafos, estudiosos dos usos e costumes de povos e pases,da arquitetura mundial, dos meios de transporte, das pros-ses, enm, da grande aventura do ser humano sobre a faceda terra.

    Jos Carlos Daltozo

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    Histrico do Carto-Postal

    A visualizao de imagens, de incrvel facilidade e po-pularidade atualmente, seja na Internet ou em livros, revistase jornais, bem como na televiso ou fotografadas pelo prpriointeressado, era acontecimento raro em meados do sculo 19.Poucas pessoas tinham acesso s fotograas.

    O Correio, naquela poca, tambm era dispendioso edemorado, utilizando o navio, o trem, o cavalo e a dilignciacomo meios de transporte de cartas e encomendas. O custoalto da remessa de correspondncias foi um dos motivos quezeram com que o austraco Emmanuel Hermann, professorde economia poltica da Academia Militar de Viena, sugerisseao Correio a criao de um meio de comunicao mais fcil,barato e rpido, enviado a descoberto, ideal para mensagens

    curtas, mas que custasse a metade do valor de uma carta con-vencional. Essa sugesto ocorreu em 29 de janeiro de 1.869,num artigo de jornal, alegando que as pessoas ansiavam porum meio mais simples e menos dispendioso de se comunica-rem. A sugesto de Emmanuel Hermann foi aceita e no dia 01de outubro de 1869 surgiu o pioneiro Correspondenz-Karte.Era uma simples cartolina no tamanho 8,5 cm por 12 cm,contendo na frente apenas o selo do Imprio Austro-Hngaroimpresso no canto superior direito e espao para a menodo destinatrio. No verso, local para mensagens curtas. Essadata, 01.10.1869, considerada historicamente como o incioda cartolia.

    Antes do professor austraco, outras pessoas j haviamsugerido a confeco de uma espcie de carto-postal, mas

    nenhuma delas foi adotada ocialmente. Em 1861, por exem-plo, foi patenteado um postal card em Filadla, nos EstadosUnidos, por J.P.Carlton, inexistindo registros de qualquer

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    exemplar editado ou circulado. Sabe-se que ele vendeu a idiapara H.Lipman, tendo este iniciado a edio de postais coma marca "Lipman's Post Card". Em 1865, quatro anos antesda aprovao pelo Correio Austraco, tambm houve uma

    sugesto de criao de algo semelhante, pelo Dr. Heinrichvon Stephan, diretor geral do Correio da Confederao Ale-m do Norte. Ele alegou que o Correio autorizava a remessade mensagens abertas e que era necessrio ocializ-las. Apretenso cou s na inteno, no seguiu avante. Tambmpodemos considerar como antepassado do postal o Carto deNatal idealizado por Henry Cole, em Londres, no ano de 1843.Impresso em litograa e colorido mo, mostrava o desenho

    de uma famlia vitoriana abastada deleitando-se com a ceia deNatal. Outro precursor do postal foi a carte-de-visite, patente-ada em 1854, fazendo com que o retrato fotogrco casseacessvel a uma gama enorme de pessoas. As fotos eramcoladas num carto em formato aproximado de 6 por 10 cm egeralmente mostravam s o rosto ou meio corpo de uma nicapessoa, posada em estdio. Distribuidas nos eventos sociaisou enviadas dentro de envelopes, popularizou a arte fotogr-ca. Houve uma troca muito grande desses cartes, oferecidoscomo prova de amor e amizade. Semelhante a ele, mas comoutra nalidade, o cabinet size foi posterior. Tinha dimensesmaiores, de 10,6 por 18 cm e tambm tornou-se moda, emboraj mostrasse paisagens ou fotos posadas de famlias inteiras.

    Mas nada suplantou o sucesso da criao do corres-

    pondenz-kartepelo Correio Austraco, devido ao baixo valorda tarifa, provocando sua imediata difuso em outros paseseuropeus. Em 1870, o postal foi adotado ocialmente pelosCorreios da Alemanha, Inglaterra, Sua e Luxemburgo. Em1871 foi autorizado a circular na Holanda, Blgica, Dinamarcae Canad. A Frana adotou tal sistema de correspondncia em1873, mesmo ano em que foi adotado pelos Estados Unidos,Chile, Srvia, Romenia e Espanha. No ano seguinte foi a vez

    da Itlia. O Japo adotou-o em 1875, mesmo ano que a UnioPostal Universal autorizou a sua circulao em todos os pasesmembros, xando tarifa nica para todos. Portugal adotou o

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    Reproduo do convite da I Expocart, realizada em Sorocaba no ano de 1999, umaparceria da UNICAP e o Clube Philatelico Sorocabano. O convite mostra os primeiroscartes-postais da histria (1869 na ustria e 1880 no Brasil). Chamados de inteirospostais, a frente era destinada exclusivamente para o endereo do destinatrio eno verso, em branco, era escrita a mensagem.

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    postal em 1876 e a Argentina em 1878. Faltava ao postal, para populariz-lo ainda mais, umacoisa importantssima: a imagem. Aos poucos, logo nos primei-ros anos de sua existncia, de simples cartolina s com o selo

    do porte impresso, ele foi ganhando gravuras e, alguns anosdepois, a fotograa. Esse foi o passo decisivo para difund-lodenitivamente, em todo o mundo. As pessoas estavam vidaspara ter em mos as fotos de monumentos famosos, de cidadesinteressantes, dos fatos histricos, das personalidades, dosreis, rainhas e governantes, dos artistas e suas obras, enm,tudo que era possvel registrar pelas lentes das mquinas fo-togrcas.

    O livro Histria do Bilhete-Postal, de Martin Willou-gghby, editado em Portugal em 1993, informa que na Exposi-o Universal de Nuremberg, Alemanha, em 1882, j apareceuum carto-postal ocial e comemorativo do evento, exibindouma pequena vinheta ao lado do endereo. Na ExposioUniversal de Paris em 1889, os postais com desenhos daTorre Eiffel novinha em folha, zeram grande sucesso. Em1893 apareceram os primeiros postais ilustrados produzidoscomercialmente nos Estados Unidos. Foram publicadas dezvistas cromolitogrcas para comemorar a Exposio MundialColumbiana, realizada em Chicago. Nos primeiros anos da dcada de 1890 surgiram naEuropa os primeiros postais que traziam pequenos desenhose paisagens. Acontecimentos histricos, exposies e visitasde reis e rainhas passaram gradualmente a ser comemorados

    nos cartes-postais, ampliando sua popularidade como difusorde imagens do cotidiano. Foi quando apareceram os primeirosGruss aus... na Alemanha. Gruss aus signica Saudaesde..., seguido do nome da cidade, aplicado sobre o desenho damesma. Para os turistas esse tipo de postal signicou uma re-cordao barata e decorativa, que ele podia comprar vontadee levar para casa, mostrando aos que no viajaram as belezasque ele viu e visitou. Os demais paises europeus passaram a

    editar postais desse tipo, cada um na sua lngua, como "Sou-venir de..." em francs, "Ricordi di..." em italiano. Inicialmenteeram impressos em uma nica cor, mas logo aderiram cro-

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    molitograa, processo no qual se podia aplicar muitas coresdiferentes, transformando-os em postais multicoloridos. Essabeleza do postal foi tambm uma das responsveis para queeles fossem guardados em lbuns e colecionados. Os "Gruss

    aus" so os precursores dos atuais postais tursticos. de senotar que, durante muitas dcadas, os postais editados em todoo mundo deixaram de mencionar o nome da cidade na frente,junto com a foto, mas essa mania voltou recomeou h uns dezanos, com todo vigor. Atualmente, mesmo no Brasil, uma boaquantidade de postais tursticos trazem o nome das cidadesimpressas sobre as fotos, identicando o local fotografado. Em 1902 a Inglaterra mudou o formato bsico do pos-

    tal, logo adotado por outros pases e que vigora at hoje. Noincio o postal tinha o local para o endereo e selo na frente,cando o verso, que era em branco, para a mensagem. Coma introduo das imagens - inicialmente gravuras e depois fo-tos - estas foram tomando gradativamente a frente do postal,o endereo do destinatrio passou para o verso, pegando todoo espao disponvel. Por isso as pessoas escreviam em letrasminsculas as mensagens do lado da foto. S alguns anosdepois que formataram o verso do postal, deixando metade direita para meno do destinatrio e a metade esquerdapara as mensagens. Algo to simples, na tica de hoje, foi umavano considervel naquela poca. Mesmo assim, muitoseditores demoraram alguns anos para aderir ao novo formato.S em 1906 o verso dividido foi aceito pelos pases membrosda Unio Postal Universal.

    Na primeira dcada do sculo 20 o pblico podia com-prar trs tipos de postais: fotogrco real, fotogrco impressoe postal artstico desenhado. O fotogrco real aquele quea foto revelada diretamente no papel fotogrco, cujo versoimita um postal. Enquanto o postal fotogrco real tinha pe-quenas tiragens, s vezes at um nico exemplar, o impressoera feito em grcas e geralmente com grandes tiragens.

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    O carto-postal no Brasil

    O Brasil, to gil na adoo do selo postal em 1843,apenas trs anos aps lanado na Inglaterra em 1840, no

    procedeu da mesma maneira com o carto-postal. Nosso pass o adotou onze anos depois de sua criao na ustria, quan-do ele j era um sucesso consagrado na Europa. O decreto7695, de 28 de abril de 1880, criou o bilhete postal, precursordo carto-postal. Na exposio de motivos que o Ministro Buarque deMacedo encaminhou ao Imperador D.Pedro II, visando obterautorizao para a confecco e circulao de postais no Bra-

    sil, mencionou "Segundo Vossa Majestade Imperial se dignarver, a primeira de tais alteraes a que estabelece o uso dosbilhetes postais geralmente admitidos nos outros Estados eainda em Frana, onde alis houve durante algum tempo certarepugnncia ou hesitao em os receber. Os bilhetes postaisso de intuitiva utilidade para a correpondncia e, longe derestringir o nmero de cartas, como poder parecer, verica-seo contrrio, que um de seus efeitos aument-lo".

    A impresso dos primeiros bilhetes postais era exclusi-vidade do Correio do Imprio Brasileiro, com o porte constantenas armas imperiais estampadas no alto. Havia trs classes.Uma, de cor vermelha, para a correspondncia urbana, pre-o de vinte ris. Outra, cor azul, para a correspondncia nointerior das Provncias do Imprio Brasileiro, preo de 50 ris(metade do porte de uma carta simples). O terceiro porte, cor

    laranja, para a correspondncia internacional, custando 80 ris.Havia possibilidade do remetente pagar o porte de remessa eresposta, nesse caso custava o dobro do valor dos trs portescitados anteriormente. A aceitao do postal no Brasil foi muito grande,. Apenasquatro anos de sua criao, tendo como exemplo o Rio de Ja-neiro, sua circulao em 1884 quase ultrapassou o nmero decartas comuns. Foram 282.248 cartas particulares e 212.662

    bilhetes postais (conf. Elysio Belchior, na introduo do livro"O Rio de Ontem no Carto-Postal 1900-1930").

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    Outra data importante para a cartolia brasileira foi 14de novembro de 1899, quando o Governo Republicano, atra-vs da Lei 640, autorizou a produo de bilhetes-postais pelaindstria grca particular.

    Alguns anos antes, no entanto, j circulavam postaisbrasileiros feitos em editoras particulares, mas impressos noExterior. Entre eles, os da srie Sd Amrika, editada em Ham-burgo, na Alemanha, mostrando vistas de Recife, Salvador,Par e Rio de Janeiro. O mais antigo postal conhecido, entre os produzidos noBrasil, do Estabelecimento Grco V. Steidel, de So Paulo,mostrando o edifcio do Tesouro de So Paulo. Esse exemplar,

    circulado com a data de 24.11.1898, pertence coleo docartolista Elysio de Oliveira Belchior, do Rio de Janeiro. Foiproduzido por uma grca particular um ano antes da autori-zao ocial do governo federal. Os mais antigos postais produzidos por editores estabe-lecidos no Rio de Janeiro, ento capital federal, so do fotgrafoMarc Ferrez, circulados em dezembro de 1900. Outro editor foiLen de Rennes, com a empresa L. de Rennes & Cia, encon-trado em postal circulado em 1901. Importantes editores dessapoca foram S.Gradim & Cia, Casa Guimares & Ferdinando,Wagner & Cia. A partir de 1902 entra em ao A. Ribeiro, quevai deixar uma grandiosa srie de postais mostrando os maisvariados aspectos da cidade do Rio de Janeiro e arredores. No ano de 1909, quando a populao brasileira giravaao redor de vinte milhes de habitantes, circulou pelo Correio

    a impressionante soma de quinze milhes de cartes-postais.

    Os seis perodos do carto-postal

    Segundo publicaes francesas, o carto-postal temseis perodos. So eles: A pr-histria, com os cartes chineses de saudaes,cuja origem se perde na poeira dos sculos, bem como ascartes de vouex e os billets de visite que antecederam a

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    criao do postal. Os precursores, iniciados em 1869, com a criaodo postal em Viena at os postais editados para a ExposioUniversal de Paris, em 1889.

    Os antigos, de 1889 a 1900, perodo em que o postalfoi recebendo aperfeioamentos, gravuras e fotograas, muitasdelas coloridas, pelo processo da cromolitograa.

    A idade de ouro da cartolia,de 1900 a 1918. Ou seja,at o nal da Primeira Guerra Mundial. No Brasil, considera-sea idade de ouro os postais produzidos at 1930. Foi a pocaurea, toda famlia com alguma posse tinha um lbum de pos-tais em casa, que mostrava orgulhosamente aos parentes e

    s visitas. Nessa poca no circulavam s postais com vistasde cidades, mas tambm de prosses, eventos, catstrofes,tudo que podia saciar a sede de imagem da populao. Inte-ressante lembrar que nessa poca as revistas e jornais noeram ilustrados com fotos, no havia outro meio da populaoter conhecimento de como era uma determinada cidade, comohavia ocorrido tal fator climtico ou ecolgico, a no ser pelopostal ilustrado.

    A hibernao,de 1918 a 1960, quando os cartes-pos-tais continuaram sendo lanados, mostrando locais tursticos,mas a nsia do colecionismo diminuiu consideravelmente. Opostal tambm sofreu com as agruras da Europa antes e du-rante a II Guerra Mundial. O renascimento, de 1960 para c, quando o postal anti-go voltou a ser valorizado pelo que representa como documento

    de uma poca. Tambm ocorreu o vertiginoso progresso daindstria grca, os novos postais foram se tornando cada vezmais bonitos e coloridos, o turismo foi ampliado com o avanoda aviao comercial e as facilidades dos vos internacionais.

    Mais pessoas circulando pelo mundo signica milhesde cartes-postais sendo adquiridos anualmente. S a Franarecebe por ano cerca de 60 milhes de visitantes. Se cada tu-rista comprar, pelo menos, um postal mostrando a Torre Eiffel,

    sero milhes de exemplares rodando pelo mundo.

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    Exemplo de postal do tipo "Grus aus..." (Lembranas de...), neste caso Berlin, capitalda Alemanha. Datado de 1898, a fotograa utilizava o centro do postal, deixandopouco espao para a mensagem, que tinha de ser registrada em letras diminutas.Veja abaixo o verso deste postal.

    Verso do postal "Grus aus Berlin" reproduzido acima, mostrando que este espaoera destinado exclusivamente meno do nome e endereo do destinatrio.Recebeu tambm carimbo do correio da cidade de destino (Posen), o que eracomum na poca.

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    Postal mostrando a Avenue des Champs Elyses, em Paris, a bela capital francesa,na segunda dcada do sculo 20. transporte de pessoas e mercadorias. Outracaracterstica que deve ser notada que, nessa poca, a fotograa j ocupavatotalmente a frente do postal e o verso era dividido, com metade do espao paraa mensagem (vide abaixo).

    Verso de um postal datado de 15 de Maio de 1914, enviado de Paris para o Brasil,mostrando que j existia diviso, metade esquerda para a mensagem e metade direita para o nome e endereo do destinatrio. Muitos editores, no entanto,demoraram para utilizar essa novidade, existem muitos postais dessa poca queainda no tinham o verso dividido.

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    Boulevard dos Italianos, em Paris. Postal das primeiras dcadas do sculo 20,mostrando uma frentica movimentao de carros, carruagens, bondes e nibus,observados por guardas de trnsito.

    Cena de rua em Londres, com o edcio central do Correio em primeiro plano, direita. Foto das primeiras dcadas do sculo 20. Duas curiosidades a observar: esquerda, nibus primitivo de dois andares, tpicamente londrino, com o andarsuperior descoberto e os homens que atravessam a rua trajando terno e chapu,como era moda na poca.

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    Boulevards Anspach e do Norte, em Bruxelas, a capital belga. Postal do princpio dosculo vinte, notando-se os bondes no centro da foto, o principal meio de transporteda populao para o trabalho e o lazer.

    Bondes trafegando na Praa Potsdam, em Berlin, em postal da primeira dcadado sculo 20. As cenas de rua das capitais europias so abundantes nos postaisdessa poca.

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    Histrico da Fotograa

    e os maiores fotgrafos de postais

    O ser humano sempre teve a preocupao de xar asimagens do mundo ao seu redor. Quando ainda morava nascavernas, ele desenhava nas paredes imagens de animais,plantas e pessoas do seu habitat. o que chamamos hoje de

    arte rupestre. Mais tarde surgiram os desenhos em papiros noEgito, as esculturas gregas, as pinturas sacras, os grandes re-tratistas da Idade Mdia, evoluindo para a gravura, a fotograa,o cinema e a televiso.

    O carto-postal, concebido para ser apenas um meio decomunicao escrita, enviado em aberto e com menor tarifapostal, em poucos anos de vida passou a ser um grande difu-sor de imagens. Inicialmente mostrava desenhos e gravuras,

    depois a fotograa, quando ele nalmente atingiu toda suaplenitude como meio de comunicao de massas e difusor decolecionamentos. Nos cartes-postais no h s belas fotos industriali-zadas, h tambm histria, geograa, turismo, modo de vida,meios de transporte, usos e costumes, arquitetura e urbanismo,curiosidades sobre povos e pases. Outro importante detalhe

    que, nos primrdios do uso da fotograa nos postais, esteseram produzidos mais por fotgrafos autnomos do que porestabelecimentos grcos. O grande feito do carto-postal,portanto, foi a popularizao da fotograa. Sendo reproduzidaem grande quantidade, todo mundo podia adquirir vistas dediferentes cidades e seus locais tursticos, enviando-as aosparentes e amigos.

    A fotograa foi inventada por Joseph Niepce em 1827,

    que conseguiu xar a imagem com uma cmera rstica, obten-do a primeira foto conhecida da histria. Em1829 Niepce fez

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    sociedade com Jacques Louis Daguerre, que tambm haviafeito experincias com alguns mtodos fotogrcos. Niepcefaleceu em 1833 e Daguerre apresentou ao pblico o seu da-guerretipo em 1839, utilizando uma folha de cobre revestida

    de prata, tratada com vapor de iodo para ser sensvel luz.Alm de Daguerre, tambm o ingls Talbot patenteou nessemesmo ano seu invento, o caltipo, criando o primeiro proces-so negativo-positivo do mundo. A popularizao da fotograaocorreu em 1888, quando o norte-americano George Eastmancriou uma mquiina fotogrca simplicada, denominada Ko-dak, usando um rolo de papel exivel sensvel luz. Um anodepois o rolo de lme em papel foi substitudo pelo celulide,

    popularizando ainda mais a fotograa, sistema que vigora athoje, embora esteja perdendo terreno para as fotos capturadasem mquinas digitais. O pesquisador Boris Kossoy, no livro "Realidades e Fic-es na Trama Fotogrca", dedica um captulo ao carto-pos-tal. Diz ele que "O advento do carto-postal, coincidentementeao surgimento das revistas ilustradas entre outras formas dedifuso impressa da imagem pictria e, em especial da foto-grca, representou uma verdadeira revoluo na histria dacultura. (...) Um mundo porttil, fartamente ilustrado, passvelde ser colecionado, constitudo de uma sucesso inndvel detemas vem nalmente saciar o imaginrio popular." O carto-postal, portanto, signicou a popularizao dafotograa. Antes dele, a fotograa s era acessvel aos muitoricos, nos famosos retratos de famlia. Ou nos carte-de-visite,

    que eram parecidos com os atuais cartes de visitas, apenastinha como caracterstica principal a foto da pessoa. . Pietro Maria Bardi, o grande mentor do MASP, no livro"Em torno da fotograa no Brasil", reconhece a importnciadessa iconograa nos postais. Diz ele que "a penetrao dafotograa nas famlias se deve ao carto-postal que, de todasas maneiras, fez e ainda faz parte do cotidiano. O carto--postal teve na divulgao do conhecimento do mundo uma

    funo absolutamente preponderante. Desde seus primeirosaparecimentos at sua ainda presente atualidade, as imagens

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    de vistas de cidades, paisagens e at obras de arte, semprerepresentaram e representam uma documentao informativa".

    No Brasil h inmeros fotgrafos que tambm foram edi-tores de seus prprios cartes-postais. importante conhecer

    os trs mais famosos do incio do sculo 20. Guilherme Gaensly - o fotgrafo responsvel pelosmais conhecidos aspectos da capital paulista mostrados empostais. Suio, nascido em 1843, radicou-se inicialmenteem Salvador, onde iniciou suas atividades como fotgrafo.Transferiu-se para So Paulo nos primeiros anos da dcada de1890, exercendo a prosso at meados da dcada de 1910.

    Em sua vida na capital baiana, mesmo antes da criao

    do postal no Brasil, Gaensly j anunciava ter produzido a maiorcoleo de vistas da Bahia, cujas fotos eram destinadas a pes-soas de alto poder aquisitivo, os nicos que tinham recursospara adquir-las. Associou-se a Rodolpho Lindemann e ampliousuas atividades. Percebendo o surto de crescimento da capitalpaulista, abriu lial em So Paulo. Alguns meses depois deixoua empresa de Salvador aos cuidados do scio e veio tomarconta da lial paulista. Era a Gaensly & Lindemann, situada naRua 15 de Novembro, 28. Mas a sociedade no sobreviveu eGaensly cou sozinho com a empresa paulista e Lindemanncom a empresa baiana.

    Sua nova empresa passou a se chamar PhotograaGuilherme Gaensly e anunciava ter grande coleo de vistasde So Paulo. Fotografou por empreita para o Governo doEstado e para a Light, acompanhou a construo de grandes

    obras virias, novos edifcios e implantao de linhas de bon-des. At mesmo o Porto de Santos e o interior paulista foramobjetos de suas lentes, com as vistas de navios, carregadorese fazendas de caf. Nem todas as suas fotos eram destinadasa se transformarem em cartes-postais, algumas eram apenasdocumentao para quem o contratava. H muitos postais desua autoria que sobreviveram e atualmente esto nas mosde colecionadores e museus. Marc Ferrez -considerado o fotgrafo do Rio de Janei-ro por excelncia, embora tenha fotografado temas dos mais

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    variados, nas viagens que fez do Paran Bahia. Iniciou seuaprendizado na Casa Leuzinger em 1861. Era, como a maioriados seus contemporneos, um retratista, mas logo destacou--se pelas vistas panormicas que imortalizou com sua cmera.

    Tinha tal apreo pela prosso que viajou a Paris para enco-mendar lentes e cmeras especiais.Produziu milhares de fotos do Rio de Janeiro, nas ltimas

    dcadas do sculo 19, acompanhando a evoluo da cidadeque se modernizava a cada ano. Um dos seus maiores feitos,por exemplo, foi fotografar a construo da Avenida Central(atual Avenida Rio Branco). Tambm fotografou So Paulo,Campinas, Santos, Petrpolis, Terespolis, Nova Friburgo,

    Pernambuco e Bahia. Com a nalidade de aperfeioar constan-temente sua arte, mudou-se para Paris, de onde retornou em1923, vindo a falecer nesse mesmo ano na cidade que tantoamou e fotografou.

    Augusto Malta- o sucessor de Marc Ferrez em termosde amplido e sucesso das fotos que fez do Rio de Janeiro.Nascido em Alagoas, mudou para o Rio de Janeiro em 1888,residindo na capital federal at 1943 e em Niteroi at seu fale-cimento, em 1957. O prefeito Pereira Passos contratou-o em1903 para documentar as obras que transformaram o Rio decidade colonial portuguesa em metrplole de ares franceses.Tinha como funo registrar todas as obras e construes queestavam acontecendo na cidade do Rio de Janeiro, embora nodescuidasse do aspecto histrico, fotografando solenidades,inauguraes e os mais diversos eventos.

    Foi o cronista fotogrco de sua poca. Tirou fotos depessoas nas ruas, operrios, vendedores, cenas do cotidiano,carnavais, circos, casamentos, manifestaes musicais e fol-clricas. Cedia cpias de seus trabalhos a quem solicitasse,para livros e publicaes, ociais ou no. Como autnomo,tambm fotografou para a Light carioca, tendo produzido umacervo de vistas urbanas que alguns estimam em mais de30.000 imagens. Uma parte dessas imagens se tornaram

    cartes-postais, com a denominao de Edio Malta. Foium dos scios-fundadores da Sociedade Cartophila EmanuelHermann, em 1904.

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    Postal datado de 28.10.1902, com foto de Guilherme Gaensly, mostrando umrecanto do centro velho de So Paulo. Exemplares idnticos so rotineiramentereproduzidos em diversos livros histricos sobre a capital paulista.

    Um exemplar do fotgrafo Marc Ferrez, vendo-se o Largo da Carioca, no Rio de

    Janeiro, na primeira dcada do sculo 20. Notvel a foto de dois tipos de bondesque circulavam naquele Largo, o primeiro ( direita) puxado por animais e o outro,ao fundo, eltrico e possuindo trs vages interligados.

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    Postal da famosa casa editora A. Ribeiro, mostrando a Avenida Rio Branco, no Riode Janeiro. Este um exemplar circulado, com data de 1920.

    Editado pela Papelaria e Typographia Botelho, revela o edifcio da Biblioteca Nacionaldo Rio de Janeiro em primeiro plano, direita. Uma caracterstica interessante que est datado, 05 de fevereiro de 1911 e o selo colado na frente do postal. Eraum modismo da poca.

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    Postal sem identicao da editora e no circulado. Mostra um aspecto do Valedo Anhangaba em So Paulo, provvel dcada de 1920, com os estudantes doLyceu Corao de Jesus em la indiana. Ao fundo nota-se as duas torres do Co-lgio So Bento. Ainda no existia o Edifcio Martinelli, que ca atrs desse prdiono centro da foto.

    Uma vista dos anos 1940, mostrando a lateral do Largo de So Francisco, em SoPaulo. A famosa faculdade de direito no aparece na foto, ela ca direita. Curio-so observar os dois garotos vendendo jornais, um segurando o pacote e o outroapregoando as manchetes.

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    Circulado em 1913, enviado de Santos para a cidade de Amiens, na Frana, mostraum trecho da antiga Rua So Joo, hoje Avenida So Joo. Atualmente nesse localesto o Edifcio Martinelli e os prdios do Banespa e Banco do Brasil.

    Outro postal A. Ribeiro, um dos editores que mais produziram postais do Rio deJaneiro nas primeiras dcadas do sculo 20. Neste caso, faz parte de uma sriemostrando a Exposio Nacional de 1908, ocorrida na ento capital federal.

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    Temas colecionveis

    Agricultura, amor, artistas, aviao, belas artes, bondes,cartograa, catstrofes, cidades, cincia, cinema, comrcio,cmicos, costumes, danas, edifcios, erticos, espetculos,esportes, exposies, fantasias, fauna, feiras, ferrovias, festas,ora, folclore, guerras, histria, imprensa, ndios, indstria, jus-tia, lazer, literatura, mercados, militarismo, monumentos, na-tureza, navios, nibus, personalidades, pesca, poltica, portos,prosses, publicidade, religio, teatro, veculos, vendedoresambulantes... a lista gigantesca. Tudo que h sobre a faceda Terra (e at embaixo, como os minerais e o petrleo) pode

    ser tema de colecionismo. O que faz uma pessoa colecionars determinado tema assunto muito complexo. Talvez umaboa recordao da infncia ou algo ligado sua prosso, podeser tambm interesse meramente intelectual ou econmico,busca de conhecimentos de uma determina rea cultural, entreoutros.

    Segundo Antnio Giacomelli, colecionador do tema na-vios, em seu discurso de posse como presidente da ACARJ, em

    1998, "a Cartolia no Brasil alcanou um estgio prossional,reconhecida mundialmente. (...) Aos editores atuais, recomen-damos que no s focalizem os aspectos topogrcos (vistasde cidades, praias e montanhas), mas tambm os aspectoshumanos, o folclore, os meios de transporte, os polticos, paraassim registrarmos o nosso momento. (...) Em sntese, a mis-so da cartolia brasileira no s resgatar a memria, mas

    tambm deixar memria." Nas pginas seguintes esto, em ordem alfabtica, ostemas considerados mais comuns.

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    Agricultura

    A agricultura a segunda mais antiga atividade do ser

    humano na face da Terra, depois da caa. Os postais, em seusprimrdios, tambm acompanharam essa atividade. Em 1903,o ingls Raphael Tuck foi o pioneiro a produzir uma srie depostais no tema Inglaterra Rural, inicialmente com cenascampestres pintadas por famosos artistas, depois com fotos.Outros editores de vrios pases zeram o mesmo: vinhatei-ros na Frana e Itlia, plantaes de azeitonas em Portugal eEspanha, lavouras de linho, trigo e aveia na Europa Central,

    mereceram ser eternizadas em postais. Nesse tema tambm podem ser colecionados postaisdas atividades correlatas, como as colheitas, as agro-indstrias,os tratores e demais implementos, as feiras agrcolas e asresidncias dos lavradores. No Brasil, so famosas as sriesproduzidas por Gaensly mostrando antigas fazendas de caf,com seus terreiros e tulhas, transportes de sacas de caf emcarroas e carros de boi, alm do embarque da produo noporto de Santos, para exportao.

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    O amor e o romantismo, to bem representados noslmes, romances, poesias e na msica popular, no poderiamdeixar de estar condignamente representados na Cartolia.Talvez nem tanto nos dias atuais, quando os postais somais voltados para o turismo, mas at 1940 eram produzidosmilhares de postais denominados "romnticos", vendidos emqualquer papelaria ou armazm.

    Esses postais mostravam casais de namorados, maridoe mulher com ou sem lhos, ou apenas crianas brincando comanimais e objetos. Eram em sua maioria fotos preto e branco,mas alguns fotgrafos arriscavam coloriz-los mo, com tintaaquarela. Foram sucesso de vendas durante dcadas, comtiragens sempre crescentes.

    Amor

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    Cartes-postais so grandes divulgadores da aviao

    desde os seus primrdios. Eles mostraram os xitos na dirigi-bilidade dos bales e do vo do "mais pesado que o ar", desdeas conquistas de Santos Dumont at os modernos Boeings eAirbus da atualidade. Sem esquecer as vitrias da conquistaespacial dos russos e norte-americanos. Todos esses grandesfeitos da inventividade humana foram registrados nos cartes--postais.

    Empresas areas e respectivos avies, fbricas e equi-

    pamentos, aeroportos e campos de pouso, avies civis depequeno porte e avies militares, todos se enquadram dentrodesse tema. At mesmo bales, dirigveis, helicpteros, asasdelta, foguetes, cpsulas espaciais, planadores, zeppelins,hidroavies e outros meios de locomoo pelo ar. Podem ain-da ser includos os aeroclubes, os vos de demonstrao, oparaquedismo, entre outros temas correlatos.

    Aviao

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    Este o tema mais comum, ontem e hoje, na cartolia.

    Se antes, em fotos preto e branco, os postais j mostravamvistas de ruas, avenidas e praas, hoje esses aspectos tambmso constantes nas edies de postais modernos e coloridos.Podemos armar que cerca de 40% dos postais que circulamno mundo trazem fotos de cidades. H colecionadores que sgostam de vistas areas, outros s igrejas, outros praas emonumentos urbanos, outros ainda, prdios histricos.

    A maioria, no entanto, coleciona o tema genricamente.O interessante, nesse caso, comparar um postal de 1910 comum atual do mesmo local, vericando a urbanizao ocorrida.Um postal mostrando o areal quase deserto de Copacabanano incio do sculo 20 com um atual, vai mostrar incrveis dife-renas. Ou da Avenida Paulista, da Praia de Boa Viagem, doBalnerio Cambori, s para citar alguns exemplos.

    Cidades

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    O tema Esportes pode ser amplo ou restrito, dependendo

    da preferncia de cada colecionador. H os que colecionampostais de todos os esportes, em terra, mar e ar. Outros se atmunicamente aos postais de Estdios de Futebol, participam declubes especcos que, no caso do Brasil, representando pelaSocope. H os que colecionam Ginsios de Esportes, outross competies na gua (natao, canoagem, vela etc). Umacoleo diferente, por exemplo, seria sobre as Copas do Mundode Futebol ou os Jogos Olmpicos, mostrando as cidades sede

    das competies, os estdios, as equipes participantes. Eram comuns, tempos atrs, postais mostrando rostosde jogadores e tcnicos ou times de futebol em formaoclssica no gramado. Hoje no so produzidos postais dessetipo, provavelmente por exigncia de pagamento de direitosde imagem.

    Esportes

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    Fauna

    A fauna assunto muito amplo no colecionismo, poisengloba todas as espcies existentes na face da Terra. Algunscolecionadores preferem fazer coleo s de uma espcie, porexemplo, os mamferos. Outros particularizam ainda mais, smamferos europeus. Tambm podem ser colecionados postaisde insetos, rpteis, animais aquticos e martimos, pssaros,

    peixes etc.Podem ser includos nesse tema os animias existentesnos parques nacionais, nas reservas da biosfera, nas reas depreservao ambiental. Ou incluir os zoolgicos, os animaisde estimao (cachorros, gatos, papagaios), os animais do-msticos (galinha, coelho, porco, cavalo, boi). Existem postaisdesenhados ou pinturas, com belas gravuras de animais, quetambm entram nesse tema.

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    Um tema que possui fervorosos adeptos. Postaismostrando locomotivas estacionadas nas estaes ou emmovimento, as empresas ferrovirias, as composies, as es-taes, os armazns ferrovirios, as ocinas de consertos delocomotivas, at mesmo as indstrias que produzem vagese locomotivas. Os accionados costumam tambm colecionar

    tudo que se move sobre trilhos, sejam os bondes nas grandescidades ou funiculares como o de Monte Serrat em Santos ouda Ilha de Capri, na Itlia.

    Postais com imagens de locomotivas antigas, as cha-madas Maria Fumaa, so desejados por colecionadoresdesse tema. No Brasil h a SBPF - Sociedade Brasileira dePreservao Ferroviria, que restaura antigas locomotivas ecoloca-as em movimento em determinados roteiros tursticos.

    Ferrovias

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    Flora

    A exemplo da fauna, a ora tambm um tema muitovasto, tanto na cartolia como na latelia. Os que preferiremcolecionar toda a sua amplitude, encontraro muitos postais,das mais diferentes pocas e pases. Mas os que quiserem seespecializar s numa determinada espcie, pode no encontr--los com tanta facilidade. H os que colecionam s postaisde rosas, enquanto outros querem s orqudeas, outros matas

    virgens ou rvores raras.Podem se enquadrar como ora os postais de parques

    nacionais e, indo mais alm, reas de preservao ambiental ematas virgens. Incluem-se ainda os postais de frutos, sementese gros, lavouras e rvores oridas. H muitas pinturas e gra-vuras que, pela beleza e colorido, se enquadram perfeitamentenesse tema.

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    As guerras esto presentes na histria da humanidadeem todos os tempos, por mais que se fale em paz. Agora mes-mo h guerras e guerrilhas em vrios pases. Na cartolia, otema foi muito explorado na poca de ouro, quando as revistasquase no tinham ilustraes e a televiso sequer era sonhada.No incio do sculo 20, os postais de guerras eram vendidosjunto com os romnticos e os que mostravam cidades, artistas,fauna, ora, danas etc. S da I Guerra Mundial existem cente-

    nas de exemplares mostrando cidades arrasadas, trincheiras,militares marchando, carros de combate e ambulncias.

    Cenas de batalhas tambm so comuns nesse tema,assim como pinturas de batalhas anteriores era da fotograa,a exemplo das vitrias e derrotas de Napoleo Bonaparte. Hojeesse tipo de postal est quase desaparecido, as editoras pro-duzem poucos exemplares mostrando academias de formaode soldados e alguns avies de guerra em vo de treinamento.

    Guerras

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    Navios

    Tema muito amplo, pois o transporte sobre as guas foio primeiro utilizado pelo ser humano. H colecionadores quepreferem exclusivamente navios, de todos os tipos e tamanhos,ancorados ou em alto mar. Mas h outros que colecionamtudo que se move sobre as guas, seja em rios, lagos, marese oceanos. Desde rsticas canoas indgenas at os grandestransatlnticos que transportam mais de 4.000 passageiros e

    tripulantes.Tambm podem ser colecionveis os barcos de civi-lizaes desaparecidas, os veleiros, os antigos vapores, asjangadas, os saveiros e os navios mercantes. Postais das ins-talaes porturias, dos armazns de produtos alfandegadose dos trabalhadores da estiva, tambm se enquadram nessetema. H ainda postais que mostram aspectos internos dosnavios e dos transatlnticos.

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    Entre as personalidades podem ser includos os reis,rainhas, imperadores, polticos, artistas de teatro e cinema, m-sicos, escritores, entre outros. Nos anos dourados da Cartolia(1900-1930) eram muito comuns os cartes-postais mostrandoautoridades, no s os rostos em close como tambm visitandocidades ou participando de festividades.

    Os postais de artistas de cinema, principalmente de

    Hollywood, alm de artistas de teatro e msica clssica ou po-pular, tambm foram abundantes at os anos 1950. Curioso que, com o advento da televiso, quando os postais de artistasdeveriam ser mais numerosos, ocorreu o inverso, tornaram--se raros. Talvez sejam problemas de direitos de imagem, queinviabilizam os editores produzirem esse tipo de postal naatualidade. O postal acima mostra o poltico ingls Winston Churchille seu famoso charuto.

    Personalidades

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    Praias

    Eis um tema que todos apreciam e muitos colecionam.Tambm para quem faz coleo de tema geral, eles estopresentes aos milhares, mostrando praias de todo o mundo. OBrasil, com seu extenso litoral, tem muitos postais retratandosuas belas e diferentes praias, do Oiapoque ao Chu. Algumascom extensos coqueirais e belas casas de veraneio, outrasdesertas. Praias com centenas de edifcios (a exemplo de Co-

    pacabana, Ipanema, Santos e Guaruj), praias com arrecifes,praias de areias brancas ou amarelas, enm, de todos os tipose para todos os gostos.

    O colecionador pode tambm incluir nesse tema os ho-tis beira-mar, os pescadores, as embarcaes, os veranistase seus trajes que, conforme o costume das diferentes pocas,tem muito ou pouco pano. O fascinante comparar uma praiaque era deserta h cinquenta anos e hoje uma oresta de

    edifcios, com trnsito congestionado no vero.

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    Religies

    Na cartolia h muitos adeptos do tema Religies, nos das mais conhecidas como o Cristianismo, o Islamismo e oBudismo, mas tambm as pequenas seitas e congregaes.Para os apreciadores desse tema podem ser colecionadosno apenas os postais mostrando templos e igrejas, em vis-

    tas externas ou internas, mas as irmandades, os costumes,as esttuas, os relicrios, os ritos, as tradies, as escolasreligiosas.

    As grandes catedrais, as pequenas capelas, as sina-gogas, as mesquitas, os templos budistas, as festas religio-sas dos mais variados credos, as procisses, as liturgias, asvestimentas, as peas seculares mantidas em museus, tudoest bastante retratado em postais. Pinturas de arte sacra e

    esculturas tambm se enquadram no tema.

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    Dentro do tema "Costumes de Povos e Pases", este postal da Ilha da Madeira(Portugal), mostrando um carro de bois utilizado para transporte de turistas, umexemplar signicativo.

    Cena de rua tambm um tema muito apreciado. Vendedores ambulantes, cos-

    tumes, artesos, feiras ao ar livre, tudo pode se enquadrar nesse tema. O postalacima do Cairo, capital egpcia, datado de 25.04.1911. Note-se o selo aposto nolado da fotograa, costume da poca.

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    Uma bela vista da Praa da S, em So Paulo, postal datado de 01.01.1939. Trata--se de um postal fotogrco, pois no consta editor no verso. O interessante da foto,uma vista obtida da escadaria da igreja, tendo a praa coalhada de calhambequesestacionados.

    Um exemplar ideal para quem coleciona o tema nibus. Um postal fotogrco, dapoca que a Via Anchieta, que liga a capital paulista ao litoral, s tinha uma pista,inaugurada em 1947.

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    Exemplar postado em Anturpia no ano de 1928, mostrando um trecho desse portobelga, com barcos de pesca e um navio ancorados. O selo est colado na frentedo postal.

    Postal da Ilha da Madeira que, embora j tendo diviso no verso para a mensagem,como no coube o que o remetente queria escrever, continuou no lado da fotograa.Um exemplar curioso, mostrando dois aspectos interessantes: esquerda, o vago

    atrelado a uma pequena locomotiva e, direita, um carro de madeira descendo aladeira, empurrado por dois homens, veculo tpico no transporte de turistas at hoje.

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    Representando o erotismo suave, este postal datado de 22.12.1904, mostra umajovem mulher coberta por um vu, deitada num bosque. No verso h selo brasileiro ecarimbo do correio de So Paulo, um exemplo tpico de postal que era adquirido emabundncia nas papelarias da poca e enviado aos namorados, amigos e parentes.

    Exemplar editado pelo Muse de L'Arme de Paris, mostra um avio dos primrdiosda aviao militar francesa.

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    Motivaes para colecionar postais

    Uns colecionam postais por causa das belas fotos eilustraes, outros com nalidades sociolgicas, pesquisandocomo seus semelhantes se correspondem mundo afora. Ou-tros, ainda, pelo simples prazer de guardar vises de lugares

    que visitou ou pretende visitar, ou por causa do prazer deguardar algo bonito e interessante. No importa o motivo, ocolecionismo est na moda. Ainda mais agora, com os postaisde publicidades grtis espalhados em displays nas capitais egrandes cidades brasileiras, uma moda que existe h muitosanos na Europa e Estados Unidos.

    A jornalista Renata Lima descreve o colecionador

    como "um ser inquieto, caador de um tesouro perdido, umpesquisador por natureza. Em qualquer parte do mundo, oscolecionadores adotam atitudes iguais: so capazes de gran-des faanhas para adquirir uma nova pea, a prxima de suacoleo". Ela menciona tambm que "Colecionar manter a his-tria viva. O limite entre guardar e colecionar tnue e difereapenas na forma que os itens so guardados e mantidos". Diz

    ela que antigamente os muselogos viam os colecionadorescomo destruidores da histria, mas essa viso mudou, hoje osv como preservador de objetos que zeram parte da histriada humanidade. Se no existissem colecionadores de postais, muitasimagens do nal do sculo 19 e incio do sculo 20, quandoele comeou a mostrar fotos de cidades, paisagens, costumes,pessoas e monumentos, estariam perdidas para sempre. A cartolia foi denida por Antnio Miranda como ocolecionamento de cartes-postais, que hoje pode ser conside-

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    rada uma arte, pretende ser uma cincia, mas deve continuarsendo uma fonte de prazer e entretenimento cultural. Na Frana, os irmos Neudin, em seu conhecido Cat-logo editado em 1982, acrescentam o aspecto psicolgico da

    cartolia e a denem como a paixo pelo carto-postal, paixoesta que se encontra implcita em qualquer forma de colecio-nismo no direcionada para o investimento ou a especulao.A paixo por si s, levaria apenas simples acumulao doobjeto colecionado. O colecionismo vale dizer a Cartolia deve ultrapassar o prazer da posse, que nela se esgotaria, seno motivasse a busca do sentido de tudo quanto coletado.Colecionar cartes-postais estim-los, sem dvida, mas

    tambm situ-lo no seu momento histrico, compreend-los, preserv-los como memria dos tempos e dos homens, privilegiar seu contedo cultural, assumir um compromissotcito com o futuro." Samuel Gorberg, do Rio de Janeiro, d sua opiniosobre o colecionismo em site na Internet: "A sensao deprazer derivada da posse e do colecionismo, contribui para asatisfao do indivduo e para a qualidade de vida como umtodo. Com a evoluo das civilizaes, itens colecionveis taiscomo objetos de arte, livros e moedas deram origem a belascolees, tendo algumas sido preservadas. Mas este prazerera reservado a uma minoria, a elite abastada. A inveno dalitograa por Aloys Senefelder em 1798 e a disseminao desteprocesso na segunda metade do sculo XIX tornaram possvela produo de belas e baratas artes grcas.

    Em 1 de outubro de 1870, quando o carto-postal co-meou a ser vendido na Inglaterra, um carto ilustrado compropaganda para a Royal Polytechnic de Londres foi editado,obtendo a honra de ter sido o primeiro carto-postal de publi-cidade no mundo. Vislumbrando o mercado de colecionismoque se desenvolvia em torno do carto-postal, magazines deParis, como o Aux Deux Magots e Bon March, promoverama partir de 1878 marketing promocional com estampas, hoje

    raras." Visto em retrospectiva, o carto-postal conrma sua

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    importncia, muito alm da saudade. Fazia parte do cotidianodas pessoas, concebidos como peas artsticas e reproduzidospor artistas grcos com auxlio de tcnicas aprimoradas deimpresso. Na poca era um meio de comunicao eciente,

    que permitia a troca de mensagens breves, acrescidas de umaimagem. Em artigo publicado no Boletim SBC n 8, de julho/de-zembro 1989, baseado em artigo publicado no jornal Folha deSo Paulo em 1987, foi feita uma associao do colecionismocom a psicanlise. No livro "As Origens da Psicanlise", umacoletnea de artigos de Sigmund Freud publicada no Brasil, opsicanalista menciona que todo colecionador um substituto

    de Dom Juan, relacionando o ato de colecionar objetos com aquesto sexual. Para Freud, o colecionador estaria sublimandona busca e acmulo de objetos um vazio que outras pessoasresolveriam de outra forma, por exemplo, comendo muito, ex-plica o psicanalista paulista Renato Mezan. O ato de colecionarrevelaria, na interpretao freudiana, uma curiosidade sexualinconsciente. O colecionador reproduziria, na procura do objetocolecionado, os sentimentos de vontade, paixo e sacrifcio queteriam norteado sua curiosidade sexual na infncia, arma opsicanalista. Para alm de Freud, Mezan encontra novos signi-cados para a mania, uma forma socialmente valorizada depreenchimento do tempo e do vazio, alm de defesa contraa depresso. "Toda coleo de certa maneira busca o ltimoobjeto, que foge sempre, nunca chega. Temos a, ento, uma

    fantasia em plenitude; ou, em outro sentido, a constatao daimpossibilidade de satisfao de todos os desejos pelo ser hu-mano, diz. Como o objeto colecionado retirado de circulaoe protegido do p e do tempo, o ato de colecionar ainda seriauma proteo imaginria contra a morte.

    uma forma de lidar com a angstia da morte. O co-lecionador morre, mas a coleo, ao contrrio, continua e seamplia, opina Mezan. O psicanalista ressalva, no entanto, que

    as srias e profundas reexes da psicanlise no devem ator-mentar os adeptos da mania, anal em nada desaconselhvel.

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    Colecionem sem culpa, recomenda. Em outro artigo da Folha de So Paulo, de 03.08.1986,psiclogos relatam que "mais que simples lazer ou passa-tempo, o hobby exerce papel semelhante terapia, uma vez

    que possibilita auto-conhecimento, prazer e equilbrio. (...) Naverdade, o hobby uma maneira de a pessoa se descobrir emsua integridade, ao mesmo tempo que complementa uma reade interesse que a atividade prossional no preenche." A colecionadora carioca Yolanda Roberto, uma dasfundadoras da Associao de Cartolia do Rio de Janeiro, aorealizar a exposio "Os Anos Dourados do Carto-Postal"em 1988, no Rio de Janeiro, escreveu que "Os anos dourados

    do carto-postal evocam o apogeu de uma poca em que oseu colecionamento, apaixonante hobby, tornou-se a ocupa-o predileta de milhes de pessoas, no mundo inteiro. E foi,certamente, o maior veculo de comunicao interpessoal,nas primeiras dcadas do sculo 20. (...) Os inventos, a stirapoltica, os transportes ferrovirios e martimos, a aviao, amoda, as artes, a religio, o amor, os pequenos ofcios... todoo cotidiano do incio do sculo 20 foi xado nestes pequenosretngulos, quer em ilustraes, quer fotogracamente. (...)Hoje a Cartolia ocupa o segundo lugar na Europa e nos Es-tados Unidos, como forma de colecionismo, atrs apenas daFilatelia". No prefcio do livreto dessa exposio, Antonio Mirandadiz que "Yolanda Roberto uma accionada ao colecionismodos cartes-postais. A trajetria dela como colecionadora e

    como expositora revelam a natureza e o aprofundamento desua dedicao. Como marchand de obras de arte e apaixona-da pelas peas impressas sobre papel - livros raros, cromos,rtulos, gravuras etc - ela logo percebeu a singularidade e ariqueza dos cartes-postais". Na dcada de 1980 ela fundoua empresa Yolanda Roberto Marketing e Projetos CulturaisLtda, responsvel por vrias exposies de cartes-postais emdiversas capitais brasileiras, com patrocnios de empresas de

    grande porte como a Brahma, Souza Cruz, Varig e Citibank. Monsenhor Jamil Nassif Abib, outro grande colecionador

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    de postais antigos, no site da ACARJ na Internet menciona que"na multiplicidade dos temas, os cartes-postais vo repre-sentando o raro, o trivial, o pitoresco, o folclrico, o bizarro, arespeito de tudo e, com isso, abrem portas e desaam o tempo

    e a imaginao dos colecionadores. O carto-postal o reexoda realidade, a vitrine do imaginrio, a resposta ao desejo decontato ou de conservar o trao de uma lembrana. Ele tem afora de abolir distncias e restituir identidades (quase) perdi-das." O mesmo Monsenhor Jamil, numa entrevista RdioEducadora de Piracicaba, ao ser perguntado porque o ser humano coleciona objetos os mais variados, disse que "Outro dia,

    lendo um artigo encontrei uma colocao que me pareceu origi-nal e muito procedente. Dizia que o colecionador algum quetenta colocar ordem no caos da disperso. Porque as coisasse fazem e se dispersam, depois comeamos a reuni-las parasistematizar. Uma coleo nada mais do que sistematizar oque est disperso. Colocar novamente em ordem e trabalharessa ordem com conotaes de natureza puramente subjeti-vas. Em geral os colecionadores so detalhistas. E se atem apequenos detalhes informativos ou constitutivos que a maioriadas pessoas normalmente no percebem." No Boletim da Sociedade Brasileira de Cartolia n6,de 1988, as palavras de Elysio Belchior fazem uma denitivacolocao das motivaes de colecionar postais. Diz ele que"A extrema variedade das ilustraes dos postais, tornou-osverdadeiros documentos dos quais podem valer-se historia-

    dores, antroplogos, artistas, para conhecimento dos tempospretritos. (...) Quando se percebe que os postais conservaminstantes de trajetrias humanas, quando se reexiona sobrea riqueza de formas e sugestes que neles se condensa eirradia, compreende-se que proporcionam uma viso huma-nstica do Mundo em que vivemos, pois cada imagem traduzum ato de escolha, demonstra preferncia, privilegia aspectoda vida dentro de perspectivas sociais vigentes, ensaia uma

    interpretao da realidade". Resumindo: a motivao e a febre de colecionar postais

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    Postal russo, postado na Alemanha em 21.10.1896, mostrando o incio do uso dafotograa entre os editores europeus.

    no incio do sculo 20, devido as belas fotos e ilustraes queos mesmos apresentavam, no encontradas em outros meiosde comunicao da poca, podem ser comparadas atualfebre da Internet, com seus sites de empresas, de busca, de

    relacionamentos, de conversao on-line, arquivos de fotosdigitais etc. O postal antigo (at 1930) tem seu valor, devido aodesejo do colecionador em possuir imagens raras, mas opostal moderno, que tambm ser antigo um dia, merece serpreservado como testemunho de nossa poca. O verdadeiro colecionador de postais, antigos ou atuais, um eterno garimpeiro. Os latelistas e numismatas tm mais

    facilidade, pois a emisso dos selos e do dinheiro controlada,sabem quando saem novas emisses. Com os postais issono acontece. Alm das grandes editoras brasileiras atuais,h centenas de pequenas grcas produzindo postais s paraas cidades onde esto localizadas. Como no h um controleocial, basta ter uma boa foto, mandar fazer um fotolito, levar grca para imprimir e est pronto mais um postal.

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    A famosa Regent Street em Londres, neste postal do incio do sculo vinte. Almda beleza da foto, neste tipo de postal podemos observar as pessoas caminhando,os veculos existentes na poca, a profuso de toldos na frente das lojas, os postesde iluminao no centro da foto, entre outros aspectos.

    Postal francs de 1914, mostrando uma cena interessante no porto de Boulogne--sur-Mer. As carroas transportando mercadorias e os veleiros ancorados chamama ateno do colecionador.

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    Postal fotogrco da Wessel, mostrando uma paisagem tpica do Rio de Janeiro,a enseada de Botafogo. O observador atento nota a inexistncia de edifcios naorla, o Cristo Redentor em construo no alto do Corcovado e um hidroavio, quepode ter sido fotografado em separado e aposto na hora da impresso do postal.

    Exemplar editado pela Casa Garaux, traz a inscrio Brazil n 1 e a informao quese trata das Secretarias da Fazenda, Agricultura e Justia. Edcios localizados nalateral do Ptio do Colgio que, at 1932, foi a sede do Governo de So Paulo.

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    Como se tornar um

    colecionador de postais

    O colecionador iniciante deve, em primeiro lugar, denirse quer fazer uma coleo geral, especializada ou temtica.Em uma coleo geral cabem todos os tipos de postais,sejam geogrcos, publicitrios, artsticos etc. As coleesespecializadasso aquelas elaboradas exclusivamente compostais de determinadas pocas ou de apenas uma editora.Por exemplo, todos os postais brasileiros editados de 1880 a1930 ou s postais editados por Guilherme Gaensly ou, ainda,apenas postais da capital paulista de todos os editores e todasas pocas. As colees temticas, por sua vez, so as que reunem

    postais dos temas que o colecionador tem mais anidade.Pode ser um nico tema, por exemplo ferrovias, englobandolocomotivas, composies, estaes e pontes ferrovirias. Ou-tros podem optar por navios ou avies, com seus sub-temasportos e aeroportos, canoas e barcos, dirigveis e aeroplanos.Ou estdios de futebol, ora, fauna, templos religiosos e mui-tos outros. Poder, tambm, optar por um tema mais amplo,por exemplo, "meios de transporte", dentro do qual abrigar

    postais que mostrem desde antigas carruagens e carroas, dasrsticas canoas indgenas aos grandes navios, os barcos depesca, jangadas e saveiros, trens a vapor e eltricos, bondes,metr, carros e nibus, enm, todos os tipos de veculos que oser humano construiu para se locomover ao longo dos sculos. O primeiro passo de um colecionador geralmente ganhar alguns exemplares de familiares ou adquirir os postais venda em sua prpria cidade ou nas cidades tursticas quevisitar. Com o passar dos anos, vai ampliando o acervo efetu-ando trocas de postais repetidos com outros colecionadores,

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    tornando-se scio de algum clube de colecionadores.O arquivamento em local seguro poder ser feito, en-

    quanto a coleo pequena, em caixas de madeira ou de sa-patos, com altura e largura sucientes para os postais carem

    bem acomodados. Com a ampliao do acervo, poder usarlbuns de 200 fotos (tipo envelope) ou mesmo arquivos de aode 7 gavetas, estes mais adequados quando a coleo passardos vinte mil exemplares, quantidade aproximada que cabe emcada arquivo. Importante manter os postais em local seco earejado. O arquivamento poder ser por pas/estado/cidade/editora/numerao, tornando fcil a localizao de um exemplarquando necessrio. Muitos colecionadores esto catalogando

    em computador, o que facilita sobremaneira a busca.

    Atributos necessrios ao colecionador principiante: Perseveranapara conseguir novos postais. Estar aten-to aos lanamentos das editoras e cidades tursticas. Comoo postal no tem um rgo scalizador, qualquer grca dequalquer cidade pode produz-los. Pacincia para ampliar constantemente a coleo massem fazer grandes despesas que comprometam o oramentofamiliar. Dedicaoao hobby, usando algumas de suas horasde lazer e de convvio com a famlia, mas nunca deixando-osde lado. Lembrar que a famlia tem que ser uma aliada, nuncauma concorrente. Despreendimentona troca de peas com outros cole-

    cionadores. Responder todas as cartas que receber, mesmoas que no for possvel atender de momento o desejado pelocorrespondente. Camaradagempara orientar os novos amigos e cole-cionadores. Solicitar postais a prefeituras e rgos de turismo,principalmente de cidades muito visitadas. A maioria delasproduzem postais para divulgao e distribuem gratuitamente.

    Entrar em contato com editoras, para adquirir os lanamentosa um preo mais vantajoso.

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    Divulgara coleo entre os parentes e amigos, alm deseu crculo prossional. Podem advir da excelentes doaes. Realizarexposies em colgios, shoppings, agnciasdos correios e clubes... quanto mais divulgar sua coleo,

    maior a chance de obter doaes e manter contato com outroscolecionadores.Enm, o colecionador tem que ser obstinado mas no

    obsessivo. Ampliar a coleo com obstinao, mas procurarsempre caminhar conforme os recursos nanceiros que dispe,no pretender obter peas de forma obsessiva e que coloqueem risco sua vida econmica e familiar. O cartolista Pedro Mattoso, de Braslia, proferiu uma

    palestra em 1998, no Encontro de Colecionadores de Cam-pinas, com o ttulo de "tica e Colecionismo", onde abordouuma srie de ensinamentos para todos os colecionadores. Oimportante, disse ele, ter tica em tudo que fazemos na vida,inclusive no nosso hobby. Mencionou que, no colecionismo, "essencial pautar a conduta por atitudes claras e respeitadas.Isso se aplica no s ao colecionador mas a todos os demaiscomponentes da pirmide, sejam eles negociantes, intermedi-rios, dirigentes de clubes ou de empresas, qualquer um queparticipe - direta ou indiretamente - da aventura de colecionar". Finalizou Mattoso que, "se tudo pudesse ser resumidonuma s palavra, ela seria lealdade."

    O intercmbio de postais Numa troca de cartes-postais deve existir algumas

    regras bsicas, como as abaixo enumeradas:a) No enviar cartes-postais estragados;b) No enviar de qualidade inferior aos que recebeu (a no serque o remetente mencione que pode faz-lo);c) No enviar quantidade menor que a recebida;d) avisar os correspondentes nos casos de interrupes tem-porrias (viagens, tratamento de sade etc) ou denitivas (terdeixado de colecionar postais);

    e) responder a toda proposta de intercmbio recebida, mesmoque no queira participar da mesma.

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    Rio de Janeiro visto do alto, quando havia apenas sobrados e casas trreas enenhuma construo no bairro da Urca (sop do Po de Acar). So os detalhesfacilmente observados neste postal datado de 22 de dezembro de 1907.

    A Casa Garaux fez boas edies de postais de So Paulo, no incio do sculo vinte.Este exemplar mostra a Rua 15 de Novembro direita e um bonde transitando poruma rua lateral, esquerda.

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    O mximo postal

    A juno do carto-postal com o selo e o carimbo doCorreio, formando um nico conjunto temtico, o que cha-mamos de mximo postal. Ou seja, a mxima concordncia do

    tema mostrado na foto ou gravura do postal, com a ilustraodo selo e o carimbo do Correio do local retratado.Exemplicando: um selo mostrando uma jangada em

    Fortaleza, colado na frente de um postal mostrando tambmuma jangada na praia ou em alto mar cearense, com o carimbode primeiro dia de circulao em Fortaleza, formam o trduo domximo postal.

    Os Correios de alguns pases costumam editar postais

    com fotos e desenhos iguais aos selos lanados, mas os ma-ximalistas clssicos no os apreciam muito. Eles preferemlocalizar postais comerciais (vendidos em bancas de jornais oulivrarias) que tenham grande semelhana ou anidade temticacom a ilustrao do selo, mas no sejam exatamente iguais.Essa procura pela ilustrao de um postal que mais se aproximado desenho do selo o que d grande prazer ao verdadeiro

    maximalista. Um mximo postal feito por um colecionadordicilmente vai ser igual ao mximo realizado por outro. O mximo postal foi criado por um colecionador de nomeLecestre que, em agosto de 1932, publicou artigo no primeironmero da revista "Le Libre change", anunciando que tinhapreparado uma "Carte-Maximum", termo que foi traduzido paraPostal Mximo. Logo surgiram, em outros pases, o MaximumCard, a Tarjeta Maximum, o Maximum Karte, o Ilustrate Maxi-

    mum, com as mesmas caractersticas do pioneiro francs, ouseja, uma pea latlica que apresenta a mximo de concor-dncia entre trs elementos: o carto-postal, o selo e o carimbo

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    do correio.A Federao Internacional de Filatelia deniu que a

    "Maximalia constitui um dos ramos da latelia, tendo por ob-jetivo o colecionamento de selos postais: a) colocados sobre

    cartes-postais ilustrados que respondam a certos critrios deconcordncia; b) obliterados, tambm, sob certas condiesde concordncia." Raymundo Galvo de Queiroz, no livro "Mximo Postal,esse desconhecido", deniu que "A Maximalia um dos ra-mos da latelia na qual o postal, o selo e o carimbo guardamentre si o mximo de concordncias possveis, de tempo, lugare de motivo. Preparar um Mximo postal , assim, procurar

    o postal concordante com o selo, no que tange ao motivo e,depois, efetuar a obliterao se possvel com uma ilustraotambm concordante. Caso contrrio, que concorde com otempo de lanamento do selo e com a localidade relacionadacom o motivo do selo. uma harmonia que deve existir entreo motivo do postal e do selo e, eventualmente, tambm docarimbo ilustrado".

    Mximo postal portugus de 1995, sobre os 100 anos do automvel naquele pas.Perfeita combinao do postal, selo e carimbo comemorativo.

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    Mximo postal histrico, comemorativo da Inaugurao de Braslia, em 21 de Abrilde 1960. Perfeita adequao entre o postal, selo e carimbo.

    Mximo postal comemorativo dos 400 anos de fundao de Salvador, em 1949. Oselo e a foto so do presidente norte-americano Franklin Roosevelt e o carimbo deuma exposio latlica ocorrida na capital baiana.

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    Boa a relao entre o postal, o selo e o carimbo neste mximo postal francs de1954, mostrando a cidade de Lourdes, uma dos grandes locais de peregrinaocatlica do mundo.

    Mximo postal paraguaio, mostrando a canhoneira Paraguay, da Armada Nacional,tambm mostrada no selo. O carimbo de 1937, mencionando Correio Areo, comum dirigvel e um avio dentro do crculo. H avies tambm no selo.

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    Curiosidades sobre postais

    O que um carto-postal?A Enciclopdia Brasileira

    Mrito, editada em 1970, informa que um "Carto selado,geralmente com uma fotograa numa das faces e espao para

    escrita na outra, que se envia pelo correio sem necessidade deenvelope. Tambm se diz carta-postal, bilhete postal e postal.O Dicionrio Aurlio, edio de 1975, informa que um "car-to que tem numa das faces uma ilustrao, cando a outrareservada correspondncia. Tambm se diz simplesmentepostal." No Dicionrio Houaiss, a denio "carto que temuma fotograa ou desenho em uma das faces, cando a outrareservada correspondncia. Geralmente remetido sem

    envelope." A palavra "carto-postal", por ser composta, temhfem. Plural: cartes-postais.

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    Na exposio de postais "Imagens Antigas do Japo -Cartes-Postais 1890/1930", da Fundao Japo, em S.Paulo,

    a denio que o "Carto-postal uma forma de correspon-dncia escrita, ainda que de forma reduzida a poucas frasesou frmulas suscintas de saudao, compatveis com o forma-to. Os postais desta mostra so coloridos mo, com aquarela.No Japo, a reproduo de fotos em cores s teve incio nadcada de 1930. Fotgrafos europeus foram para o Japo, nonal do sculo 19, e introduziram a tcnica da fotograa. A ex-posio mostra o contraponto entre os postais pintados mo

    com os grandes arteses japoneses dos atelis de gravura.Cores so aplicadas s fotos, atravs de aquarela. s vezes nafoto inteira, outra vezes apenas num pequeno detalhe de uma

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    roupa, um animal, uma lanterna em uma casa, por exemplo.O pioneiro livro O que cartolia, de Antonio Miranda,

    muito citado em bibliograas de livros de arte que utilizamo carto-postal como iconograa. Foi editado em 1985 pela

    Editora Thesaurus, de Braslia. Tem 72 pginas, sendo 48 detextos e as 24 nais com reprodues de postais dos maisvariados temas.

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    Veneza, na Itlia, foi palco no dia 12 de agosto de1899 de uma das primeiras exposies de cartes-postais

    realizadas em todo o mundo. O evento ocupou quatro salasdo Palazzo della Zecca (Casa da Moeda). Estavam expostoscartes-postais apresentados por colecionadores, produtoresartsticos, impressores, negociantes, lbuns para coleo etc.As colees privadas foram apresentadas nos respectivos l-buns, destacando-se a da Srta. Antonini, com cerca de 9.000postais e do Sr. Besso, com 6.000 exemplares. (Carta MensalACARJ n 14, Maro de 1989)

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    Uma editora de cartes-postais paulistana teve proble-mas, recentemente, com herdeirosde - teste depois dos her-deiros um escultor famoso, por ter produzido postais mostrandouma escultura localizada num parque pblico de So Paulo. Os

    herdeiros querem receber direitos autorais sobre reproduesda obra. Entre marchas e contramarchas da justia, a questoainda no est totalmente resolvida. Em sua defesa, a editoraalegou o Artigo 48 da Lei 9610, de 19.02.1998, que trata dosDireitos Autorais: "As obras situadas permanentemente emlogradouros pblicos podem ser representadas livremente,por meio de pinturas, desenhos, fotograas e procedimentosaudiovisuais". Essa notcia foi publicada no jornal Folha de

    So Paulo, em 19.09.2004, mencionando ainda os pretensosdireitos de herdeiros sobre imagens smbolos, como o CristoRedentor do Rio de Janeiro e o Monumento s Bandeiras,

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    em So Paulo. Os herdeiros alegam que podem fotografar vontade, mas sem nalidades comerciais. uma pendnciainteressante, mas seu desfecho pode inviabilizar a confecode cartes-postais e tambm lmagens de comerciais de

    televiso e outras manifestaes artsticas com tais imagenssmbolos das cidades.

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    Os postais tambm podem conter erros ao denominarruas, avenidas, obras de arte etc. Augusto Areal, colecionadorde Braslia, detectou vrias incoerncias em apenas uma obra,

    a famosa escultura Os Guerreiros, de Bruno Giorgi, que cana Praa dos Trs Poderes, na capital federal. Num postal daEdicard, n 04, chamada de Os Guerrilheiros. Seria errode digitao ou ignorncia? pergunta ele. Menciona aindaque "esta escultura chamada de tudo quanto nome empostais: Os Guerreiros, Os Guerrilheiros, Os Candangos,Monumento aos Candangos, Monumento ao Candango(no singular), e at de 2 Candangos encontrei 6 nomesdiferentes ao todo!."

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    No tema praias, tambm muito comum contererros dos editores de postais, mas erros calculados. Muitaspraias situadas at 100 km. da capital de um estado nordestino,

    no verso geralmente no consta o municpio correto em queela est localizada e sim o nome mais conhecido, da capitaldo Estado, a exemplo de Fortaleza, Macei, Natal etc. Os edi-tores alegam que se mencionarem o nome correto, os turistas- principalmente estrangeiros - no compram, s querem levarpara casa postais que tenham o nome da capital do estado.Tomando como exemplo apenas o Rio Grande do Norte, hpostais das praias de Genipab, Puna, Pirangi e Pipa com a

    meno que esto localizadas em Natal, quando na verdadecam respectivamente nos municpios de Extremoz, Rio doFogo, Parnamirim e Tiba do Sul.

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    Anumerao de cartes-postais outra grande "bri-ga" entre os colecionadores e os editores de postais. Para oscolecionadores, que geralmente fazem o arquivamento pelanumerao constante no verso do postal, obedecendo a se-

    qncia cidade-editora-numerao, um complicador. Se umaeditora produzir meia dzia de modelos de uma determinadacidade, numerando-os de 01 a 06, ao receber nova encomen-da de mais dez postais alguns anos depois, o correto serianumer-los seqencialmente de 07 a 16. Mas como quem estencomendando esses novos postais um novo distribuidor,eles numeram de 01 a 10. o motivo da existncia de vriospostais da mesma editora, com mesma numerao embora

    com fotos diferentes. Para exemplicar, escolhendo uma ci-dade aleatriamente, Bonito-MS, tenho na minha coleo, sda editora Brascard, quatro postais n 01, cinco n 02, quatron 03, quatro n 04 etc.

    Algumas editoras, por sua vez, adotam nmero se-quencial para todas as edies, no importando a cidade ouestado. Outras, no entanto, mencionam um nmero de sriepara cada cidade e, separados por hfem, a numerao dopostal. Por exemplo, a capital paulista recebeu o nmero 500na classicao da Edicard, h o 500-01, 500-02 e assim pordiante.

    Outras utilizam letras para classicar os postais es-peciais, como o caso da extinta Mercator, que usava o E nafrente do nmero quando era postal feito sob encomenda. Oua Ambrosiana, com as letras P e R na frente da numerao,

    a ParanCart com suas sries GT e K, dos anos 60. A Mercator era especialista em produzir postais comfotos diferentes e mesma numerao, s vezes acrescentan-do o zero na frente do nmero ou mesmo mencionando umaletra posterior numerao. Tambm fazia reedies de umadeterminada foto e atribua nmero diferente. S de So Paulo(capital), tenho dessa editora: dois nmero 01, um nmero 1,um nmero 01-A, cinco nmeros 02, um nmero 2, um nmero

    02-A e um nmero 2-A. Cada um com foto diferente do outro. OCEP - Cdigo de Endereamento Postalfoi criadoem 1975, devido a grande urbanizao e crescimento das

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    cidades brasileiras. Tornou-se imperativo distinguir cidades eruas de nomes idnticos ou semelhantes, alm de facilitar aseparao de correspondncias nos Centros de Distribuio.Inicialmente o CEP tinha 5 algarismos e s as capitais e grandes

    cidades tinham nmeros diferenciados para as suas ruas. Em1992 o Correio Brasileiro fez nova reforma no CEP, ampliando-opara 8 algarismos e criando CEP tambm para ruas de cidadesde porte mdio. Essas duas datas so importantes para veri-cao da poca da confeco dos postais, uma vez que elesno possuem data de produo. Se no tiver os quadrinhosdo CEP no verso, anterior a 1975. Se tiver s 5 quadrinhos,so de 1975 a 1991. Se j tiver 8 quadrinhos para o CEP no

    verso, so de 1992 at os dias atuais.

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    Cartes-postais usados e circulados- Carto usado considerado aquele que foi escrito no verso mas enviadodentro de um envelope. Circulado o que efetivamente circuloupelo Correio, em aberto, recebendo o carimbo da cidade deremessa sobre o selo. H colecionadores que s colecionampostais circulados, outros s novos. A maioria, no entanto,coleciona postais de todos os tipos, para eles o importanteno postal a fotograa e no o verso do mesmo. Os puristasdizem que o postal novo, sem nada escrito no verso, no umverdadeiro postal, pois no cumpriu sua nalidade bsica, que ser enviado para alguma pessoa. Essa discusso antiga

    e acontece tambm na Filatelia, onde alguns s colecionamselos usados, outros s novos, outros novos e usados.

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    Conservao do carto-postal - O biblioteconomistaMilton Nocetti Menendez, colecionador de postais e um dosfundadores da Sociedade Brasileira de Cartolia, escreveu no

    Boletim n 2 sobre a conservao dos postais.Diz ele que h trs tipos de agentes potenciais de des-

    truio do carto-postal:

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    1) Agentes fsicos - umidade, temperatura inadequada, lumi-nosidade. A umidade propicia a formao de fungos, deixan-do manchas amarelas. Altas temperaturas e luz do sol diretatambm provoca arqueamentos e perda da cor.

    2) Agentes biolgicos - fungos, insetos e roedores.3) Agentes qumicos - papel com muita acidez utilizado paraa confeco do postal e tambm grau de acidez nas tintasutilizadas na impresso.

    Sobre os dois primeiros fatores h maneiras do co-lecionador controlar, mas o terceiro algo que foge de suacapacidade, pois depende totalmente das editoras de postais.

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    Postais Wessel- No era um editor de postais, apenasum fabricante de papel fotogrco que tinha uma caractersticaespecial: identicao do fabricante e imitao do verso deum carto-postal (linhas para meno do destinatrio e qua-drinho do selo). Circulou muito nas dcadas de 1940 e 1950.Inicialmente os colecionadores clssicos desdenharam essetipo de postal, mas depois passaram a colecion-los e hojeso coqueluche. O motivo que mostram imagens raras, queno existem em postais comerciais de outras editoras. Fotostiradas por amadores e prossionais, reproduzidas uma nicavez no papel fotogrco Wessel com essa imitao do versode um postal, geralmente no existe igual em nenhuma outracoleo.

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    Postais sanfonados - Existem dois tipos de "sanfo-nas" de postais. Uma delas tem, no verso das fotos, todas ascaractersticas de carto-postal, podem ser guardados semdesmembrar ou podem ser recortados e guardados um a um.O outro tipo apresenta fotos dos dois lados, geralmente foram

    produzidos pela Mercator e Paran-Cart nos anos 1960 e 1970,com o ttulo de "Lembrana de... ". Alguns colecionadoresapreciam esse tipo de postal-sanfona.

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    Antigas revistas de Cartolia

    Brasil Philatlico- editada em Cachoeira-RS, em 1903,idealizada pelo Dr. Benjamin C. Camozato, com o mote de ser

    "uma revista universal, dedicada a colecionadores de selos ecartes-postais". Talvez seja a primeira revista brasileira sobrecartes-postais, embora no existam exemplares conhecidos,apenas citao em um postal impresso para divulgao damesma. Tambm h meno sobre ela no nmero 2 de "ACartophilia", mencionada abaixo, alm de uma revista argentinada poca. A Cartophilia - rgo divulgador da Sociedade Car-

    tophila Internacional Emmanuel Hermann, entidade instaladaem 15.06.1904, no Rio de Janeiro. So conhecidos apenas osexemplares nmeros 1 e 2, existentes no acervo da ACARJ.Dentre os scios constam nomes conhecidos, como o editorAugusto Malta, o poeta Olavo Bilac, entre outros. Anurio Cartlo Sud-Americano 1905- editado porA.Pellicer, em Buenos Aires. H menes, nesse anurio, sobrea existncia de trs revistas sobre postais editadas no Brasil:uma no Rio Grande do Sul, "A Cartophilia" no Rio de Janeiroe a "Revista Cartophila", em Piracicaba-SP

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    RPC -Reconhecido pelo Correio- Essa inscrio, queconsta na maioria dos cartes-postais brasileiros da atualida-

    de, signica que ele est no formato padronizado segundo aABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas, de 10,5 por15 cm. Segundo o Correio, s esse tamanho poderia circulara descoberto, os demais formatos teriam que ser enviadosdentro de envelopes. Mas na verdade tal norma nunca foi se-guida risca e postais de todos os formatos e tamanhos soenviados atualmente. A data de adoo do RPC foi o ano de1976, quando da criao da ECT. um dado interessante para

    o colecionador ter uma idia da confeco dos postais.Postalsem RPC, portanto, anterior a 1976.

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    Estilo Mucha- O estilo de Alfons Mucha pode ser asntese de um perodo extraordinrio das artes plsticas e dacultura da humanidade, a chamada Belle Epoque. Ele viveude 1860 a 1939, era tcheco de nascimento, mas conquistou

    seu pblico em Paris quando, no incio de 1895, desenhouum exuberante cartaz para a clebre atriz Sarah Bernhardt. Apartir da seus desenhos no estilo Art Nouveau viraram moda,juntamente com suas cenograas para o teatro e seus dese-nhos de jias. considerado o mais clebre dos ilustradoresde cartes-postais do m do sculo 19 e incio do 20. Taispostais so disputados por colecionadores de artes grcas ecartolistas em geral.

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    Waverley Circus" o nome do postal mais caro domundo. Trata-se de um carto de propaganda assinado pelogrande mestre da Belle Epoque, Alfons Mucha, editado em1898. A revista norte-americana "Postcards: The Ofcial PriceGuide informou que so conhecidos apenas 5 exemplaresdessa verdadeira obra de arte e o ltimo preo pago por umoriginal em bom estado de conservao foi de treze mil e qui-nhentos dlares. (Boletim ACARJ 57)

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    O preo de um postal antigo depende das circunstncias

    e da histria em torno do mesmo. Por exemplo, um postal semuso mostrando o navio Titanicsendo construdo ou iniciandoa viagem inaugural, tem um bom preo no mercado, por voltade 50 dlares. Mas se for um postal escrito durante a viageme postado no Correio numa das paradas aps ele sair de Sou-thampton, alguns dias antes do clebre naufrgio, esse postalraro vai ter o seu valor multiplicado. O mesmo acontece com postais mostrando o dirigvel

    Zeppelin, embora estes tenham sido editados em grande n-mero na poca de suas viagens transatlnticas. Muitas vezes

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    o postal tem valor maior devido os selos e carimbos constantesno verso, nesse caso interessa tambm aos latelistas.

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    O "Carto-Postal" em vrios idiomas:Bilhete postal - PortugusBrefkort - SuecoBrevkort - DinamarqusBriefkaart - HolandsBrjefspjald - IslandsCarta Postala - Romeno

    Carte Postale - FrancsDopisna Karta - Servo-croataDopisnice - TchecoKart Postal - TurcoKarta Korespondencyjna - PolonsKarten Bost - BretoKarteposte - AlbansKartoepos - IndonsioKorrespondenz Kart - AlemoLeveleza-Lap - HngaroPocztowka - PolonsPost Card - InglsPostkaart - FlamengoPostikortti - FinlandsPostkarte - Alemo

    Tarjeta Postal - Espanhol(Fonte: Boletim SBC n 07 - 1989)

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    Levantamento de postais editados - No existe um le-vantamento ocial - e nem seria possvel faz-lo - relacionandotodos os postais editados no Brasil at hoje. Um dos motivos

    que qualquer grca, de qualquer cidade, pode produzirpostais. Mas a Sociedade Brasileira de Cartolia mencionou,

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    no Boletim n 8, em 1989, uma estimativa de quantos postaisforam lanados no pas. Mera suposio, baseado na contagemdos inmeros associados. Por exemplo, s no Rio foram impressos aproximada-

    mente 5.000 vistas diferentes, de 1897 a 1930. Em Braslia, nosseus 30 primeiros anos de vida (1960-1990) foram catalogadosmais de 2.200 diferentes modelos de postais. Vamos aos nmeros do pas inteiro: Postais impressos at 1930............. 40.000 Impressos entre 1931-1959.............. 20.000 Impressos entre 1960-1987.............. 50.000

    Total de 110.000 postais diferentes.

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    Postais aos milhes - Em 1900 foram vendidos 52milhes de cartes-postais na Frana. Dez anos depois, em1910, o total vendido naquele pas chegou a 123 milhes. Essesnmeros grandiosos provam que, no incio do sculo 20, ospostais eram o grande difusor de imagens de todos os tipos epara todos os gostos e bolsos.

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    Otamanho padro dos postais, atualmente, de 10,5por 15 cm. Mas j foi menor, de 8,5 x 12 cm em seus primrdios,passando depois para o tamanho 9 X 14 cm, que perdurou

    muitas dcadas. No entanto, nos ltimos quinze anos, surgiua moda dos postais gigantes, comeou na Europa e se alastroupor outros pases. Hoje temos postais nos tamanhos 15 X 21cm, 12 X 20cm, 10 X 22cm, 12 X 17cm e at 11 X 27cm. Sobelssimos, as fotos cam bem mais visveis, mas so de difcilarquivamento para quem usa lbuns ou arquivos de ao de 7gavetas. Outra curiosidade so os formatos e materiais que so

    confeccionados alguns desses postais, os quais poderamosdenominar como "exticos" ou "bizarros". A jornalista e co-

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    lecionadora Ismnia Dantas, do Rio de Janeiro, armou que"na Belle-poque tudo e todos foram pretexto para se fazer eenviar um carto-postal... A diversidade de tcnicas e recursos espantosa. H cartes de madeira, metal, tecido, em alto e

    baixo relevo, celulide, com aplicaes de cabelo, palha, tas,rendas, bordados, purpurina, vidrilhos, contas e lantejoulas." O autor deste livro tem alguns postais na coleo feitosem madeira, cortia, couro, papiro, em formato de bolacha dechopp, at tridimensionais. H alguns postais que possuem um mini-envelope co-lado na parte central, onde saem vrias mini-fotos. Tenho trsem formato de trevo, outros com a parte superior recortada,

    obedecendo o alinhamento do principal elemento da foto (umatorre de igreja, por exemplo). Enm, a imaginao dos editores frtil, mas nem sempre obtm o sucesso desejado.

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    Formatos de cartes-postais

    Clssico ou Antigo - Usado no m do sculo 19 at adcada de 1940, impressos no formato padro 9 X 14 cm. NoBrasil foi usado at o incio dos anos 60. Nos Estados Unidoseram comuns at a dcada de 1990, tornando-os conhecidospor "formato americano", apesar de sua origem europia. Moderno ou Italiano - O postal de tamanho 10 X 14cm, embora tambm seja antigo, popularizou-se a partir da

    dcada de 1950 na Europa, especialmente na Itlia. Hoje oformato mais usual o 10,5 X 15 cm. Geralmente com vernizprotetor e editado em cores, o tamanho mais utilizado emtodo o mundo. Muitos editores passaram a produzi-los commargens e tambm com nome das cidades impresso junto foto. Vanguarda ou Bizarro - Nas dimenses de 12 X 16cm, uma tendncia em voga na Europa e Estados Unidos.

    Mas nessa classicao entram tambm os postais exticos,redondos, gigantes, articulados, minsculos, recortados.

    (Livro: O que cartolia)

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    Joo Gerodetti (colecionador) e Carlos Cornejo(jornalista)publicaram cinco livros de arte patrocinados porgrandes empresas brasileiras. So os trs volumes "Lembran-as de So Paulo" - a capital, o litoral e o interior paulista em

    cartes-postais. O quarto livro dedicado s capitais brasileirase o quinto as ferrovias do Brasil. Cada livro ilustrado comcerca de 500 cartes-postais antigos, tornando-os verdadeirosdepositrios de imagens raras e desejadas por pesquisado-res e historiadores. Ambos so citados em livros histricose didticos, tornando-se referncia. Por exemplo, nos livros"So Paulo, uma longa histria" e "So Paulo, uma viagem notempo", editados pelo CIEE em 2004 e 2005, h reprodues

    de vrios postais extrados dos livros da dupla.

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    Quando mencionamos que um carto-postal espe-cialmente bonito, damos grande importncia fotograa ou gravura, mas geralmente nos esquecemos de observar comofoi realizada a impresso do mesmo. E ela importantssima,pois o que d qualidade e visibilidade ao postal. Um postal malimpresso