POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

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Olhão prepara exportação de polvo vivo para o Japão > 3 Alcoutim vê revisão da REN aprovada ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO > 6 D.R. ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR 1,60 PUB Director Henrique Dias Freire • Ano XXVIII • Edição 1155 • Quinzenário à sexta-feira • 15 de Janeiro de 2016 • Preço 1,40 RICARDO CLARO > A autarquia da capital algarvia está atenta e já fez notar à Infra-estruturas de Portugal a demora na con- clusão das obras relativas aos acessos da Variante Norte a Faro. O nó de São Brás de Alportel deverá ser o último acesso a ser concluído na variante, enquanto as obras dentro da cidade seguem a ritmo normal no âmbito do Faro Requalifica p. 4 Rogério Bacalhau quer Variante a Faro terminada D.R. Pescas: DECO apoia devedores aIgarvios CRÉDITO > 5 D.R. São Brás dá exemplo na mobilidade EM FOCO 2 OLHÃO PREPARA EXPORTAÇÃO DE POLVO VIVO PARA O JAPÃO 3 ROGÉRIO BACALHAU QUER ACESSOS À VARIANTE A FARO TERMINADOS 4 DECO ALGARVE APOIA CONSUMIDORES COM DIFICULDADES FINANCEIRAS 5 ALGARVE QUER ATRAIR MAIS TURISTAS ATRAVÉS DO CICLISMO 7 CLASSIFICADOS 8 OPINIÃO 11 RTA quer reforçar turismo de duas rodas > 7 TURISMO D.R. > 5 > 2

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Olhão prepara exportação de polvo vivo para o Japão > 3

Alcoutim vê revisão da REN aprovada

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

> 6

d.r.

ÀS SEXTAS EMCONJUNTO COM OPÚBLICO POR €1,60

PUB

Director Henrique Dias Freire • Ano XXVIII • Edição 1155 • Quinzenário à sexta-feira • 15 de Janeiro de 2016 • Preço € 1,40

ricardo claro

> A autarquia da capital algarvia está atenta e já fez notar à Infra-estruturas de Portugal a demora na con-clusão das obras relativas aos acessos da Variante Norte a Faro. O nó de São Brás de Alportel deverá ser o último acesso a ser concluído na variante, enquanto as obras dentro da cidade seguem a ritmo normal no âmbito do Faro Requalifica p. 4

Rogério Bacalhau quer Variante a Faro terminada

d.r.

Pescas:

DECO apoia devedores aIgarvios

CRÉDITO

> 5

d.r.

São Brás dá exemplo na mobilidade

EM FOCO 2 OLHÃO PREPARA EXPORTAÇÃO DE POLVO VIVO PARA O JAPÃO 3 ROGÉRIO BACALHAU QUER ACESSOS À VARIANTE A FARO TERMINADOS 4

DECO ALGARVE APOIA CONSUMIDORES COM DIFICULDADES FINANCEIRAS 5 ALGARVE QUER ATRAIR MAIS TURISTAS ATRAVÉS DO CICLISMO 7 CLASSIFICADOS 8 OPINIÃO 11

RTA quer reforçar turismo de duas rodas

> 7

TURISMOd.r.

> 5

> 2

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em foco

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São Brás dá exemplo na área da mobilidade para peõesAutarquia tem mais de uma década de trabalho e promete continuar esforço em prol da inclusão

Ricardo [email protected]

SÃO MAIS DE CINCO QUILÓME-TROS de passeios acessíveis, que foram na quarta-feira da passada semana inaugurados na vila e que transformam São Brás de Alportel num exemplo de políticas urbanísticas no que toca à acessibilidade e mobilida-de para pessoas com dificulda-des locomotoras e outras.

A inauguração oficial contou com a presença da secretária de Estado para a Inclusão de Pesso-as com Deficiência, Sofia Antu-nes, além do autarca local Vítor Guerreiro e do presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), Jorge Botelho.

Depois de percorrerem algu-mas centenas de metros pelos passeios intervencionados, a placa alusiva à inauguração foi descerrada pelo autarca local e pela membro do Governo em plena avenida principal de São Brás de Alportel.

COMO FUNCIONAM OS PAS-SEIOS ACESSÍVEIS Pelo cami-nho os convidados puderam percorrer os passeios que con-tam já com uma pista de cerca de 1,5 metros de largura em piso betuminoso (similar ao das estradas) de cor vermelha que, ladeada pela típica calçada portuguesa, confere aos peões um elevado nível de conforto ao mesmo tempo que permi-te a circulação sem obstáculos aos utilizadores de cadeiras de rodas e outros meios técnicos de auxílio à locomoção, bem como, aos carrinhos de bebé.

As faixas acessíveis podem também ser utilizadas por ci-clistas e crianças que se façam deslocar em brinquedos com rodas.

No percurso foi ainda pos-sível atravessar as ruas através das novas passadeiras sobrele-vadas que permitem aos peões

atravessar as estradas sem terem qualquer desnível, cabendo aos carros cumprir o desnível das faixas de rodagem automóvel.

SISTEMA DE PADRÕES DE RELE-VO NA APROXIMAÇÃO ÀS PAS-SADEIRAS CRIADO PARA FACILI-TAR A ACESSIBILIDADE A CEGOS E AMBLÍOPES As passadeiras apresentam ainda relevos nas zonas de aproximação em forma de ‘T’ destinados aos invisuais e amblíopes. Assim, ao circularem num passeio os portadores de deficiências visuais podem detec-tar no piso um relevo transversal em forma de riscas longitudinais que indica a existência de uma passadeira perpendicular ao sen-tido da marcha.

Ao virarem-se estes peões de-param-se então, na borda dos passeios, com um piso de circun-ferências em relevo que antecipa a passadeira propriamente dita, assim permitindo uma identifi-cação e aproximação à passadei-ra em condições de segurança.

A rede de passeios acessíveis integra toda a Circular Norte (2.700 metros), a ligação entre o Parque Desportivo e a Circu-lar Norte a partir da rotunda do Campo Sousa Uva (48 metros), um troço na Avenida da Liberda-de (180 metros), a ligação entre o Parque Desportivo e a Avenida da Liberdade (511 metros), e ain-da o novo percurso da Entrada Nascente com a ligação à Circu-lar Norte (10.423 metros).

UM ESFORÇO DE 11 ANOS EM SÃO BRÁS A Câmara de São Brás já é uma verdadeira vetera-na das obras a favor da acessibi-lidade e mobilidade e da inclu-são de pessoas com deficiências e dificuldades motoras.

“São 11 anos, desde 2004”, lembrou a secretária de Estado na sua intervenção inicial, e o trabalho tem sido progressivo, incluindo intervenções no teci-do urbano – além da rede aces-

sível agora inaugurada – bem como em edifícios sob tutela da câmara, como as escolas e o cine-teatro, entre outros.

Destaque também para a criação ao longo dos anos de condições de mobilidade op-timizadas no maior evento do concelho, a Feira da Serra, crian-do um perímetro integralmente acessível a todos nesta iniciativa que junta, ano após ano, milha-res de pessoas no Verão.

“UM TRABALHO PARA CONTI-NUAR”, DIZ VÍTOR GUERREIRO

Para o autarca Vítor Guerrei-ro, em declarações ao POSTAL, “o trabalho agora inaugurado em termos de acessibilidades é uma demonstração de que a autarquia mantém e reforça a aposta na inclusão de todos os munícipes”.

Aos jornalistas o presidente da câmara sublinhou que “a in-clusão não se faz só no que toca a barreiras arquitectónicas, faz--se também no trabalho de sen-sibilização e de inclusão social das pessoas afectadas por defi-ciências e dificuldades da mais

variada ordem”.“Este é um trabalho para

continuar”, referiu, “quer pela sua importância para a popu-lação local, quer pelo seu relevo na captação de turismo no ni-cho do denominado ‘turismo acessível’”, num processo que “também é de conciliação com os condutores que têm agora passadeiras sobrelevadas para transpor e que reduzem a ve-locidade, quer com os que defendem – e bem – a calçada portuguesa e aos quais temos de fazer compreender que esta não é inconciliável com os per-cursos acessíveis, mas antes, que a calçada deve conviver com a facilitação da mobilida-de”, concluiu.

SECRETÁRIA DE ESTADO SOFIA ANTUNES MARCOU PRESENÇA PELA PRIMEIRA VEZ NO ALGARVE DESDE A TOMADA DE POSSE A secretária de Estado sublinha o combate às dificuldades de um processo que “conhece bem”.

Sofia Antunes aproveitou o seu discurso para salientar que “São Brás de Alportel pode e deve ser neste caso um exem-plo para a região e para o país, em particular para os autarcas”.

O processo de criação de fa-cilidades na acessibilidade “é complexo e cheio de dificulda-des”, afirmou, esclarecendo que “acompanhei de perto em ante-riores funções a implementação destas políticas urbanísticas na prática e sei as dificuldades por que passamos no caminho” para “um ajuste da realidade às necessidades das pessoas”.

A responsável do Governo sublinha que a necessidade de maior acessibilidade não existe só para quem tem de-ficiências, mas para todos os que em qualquer momento da sua vida têm mobilidade condicionada por um moti-vo temporário, para os pais com carrinhos de bebé e para os idosos, que são cada vez mais uma fatia maior da população.

“Quando nos apercebemos das vantagens práticas destes projectos, tomamos cons-ciência da sua importância para todas as pessoas, para a melhoria da qualidade de vida geral e para a economia, nomeadamente ao nível do turismo que é hoje cada vez mais uma realidade que tem nichos de mercado que care-cem de respostas adequadas dos espaços urbanos às neces-sidades de locomoção acessí-vel”, concluiu Sofia Antunes.

Já Jorge Botelho, presi-dente da AMAL, sublinhou “a necessidade de mudarmos as nossas cidades para adaptá--las ao futuro e às necessida-des reais dos cidadãos”.

“O conceito de criação de pistas acessíveis corresponde à elevação do patamar de ci-dadania” e é de destacar a for-te cobertura da comunicação social a esta iniciativa em São Brás, criando condições para uma maior sensibilização geral para estas questões”, referiu o também autarca de Tavira.

fotos: d.r.

Ô A secretária de Estado e o presidente da Câmara de São Brás na cerimónia de inauguração

fotos: ricardo claro

Ô Passadeiras permitem aos peões circular sem obstáculos

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15 de Janeiro de 2016 | 3

região

Olhão prepara exportação de polvo vivo para o JapãoProjecto Transpolvo conta com o apoio de diversas entidadesA EXPORTAÇÃO DE POLVO VIVO de Portugal para o Japão e ou-tros países do extremo orien-te deve tornar-se realidade a curto prazo, anunciou recen-temente a Câmara de Olhão, cidade que lidera a investiga-ção científica nesta área.

O projecto Transpolvo está em fase final de ensaio na Es-tação Piloto de Piscicultura de Olhão, a maior estação piloto de piscicultura em Portugal, e resulta do interesse por parte do Japão e outros países orien-tais em importar polvo vivo para consumo.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) re-alizou diversas simulações de transporte de polvo vivo a altas densidades (superiores a 100 quilogramas/metro cúbico) e a baixas temperaturas (menos de 10º C) com uma duração de 48 horas, “com resultados sa-tisfatórios que permitem que este transporte possa vir a ser realizado”, segundo um comu-nicado da Câmara de Olhão.

A iniciativa teve como prin-

cipal objectivo identificar as condições de transporte de “polvo vivo a altas densida-des e por longos períodos de tempo”.

Uma fonte do município de Olhão explicou à Lusa que a validação final desta fase expe-rimental, sobre a possibilida-de de transporte de polvo vivo, será seguida de uma outra em que caberá aos agentes econó-micos iniciarem o comércio desse molusco marinho.

O promotor do projecto

Transpolvo é o IPMA, finan-ciado pelo Programa Opera-cional Pesca (PROMAR), com o apoio do Grupo de Acção Costeira (GAC) Sotavento do Algarve, sediado no Municí-pio de Olhão.

O projecto conta ainda com o apoio da Docapesca, do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, da organização sem fins lucrati-vos Armalgarve Polvo e asso-ciações de armadores e pesca-dores de polvo.

Ô Olhão possui a maior estação piloto de piscicultura do país

d.r.

Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 FaroTelef.: 289 820 850 ¦ Fax: 289 878 342

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Câmara Municipal de TaviraEdital nº. 69/2015

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 29 de dezembro de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 252/2015/CM, referente a 15ª e 16ª. Alterações ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano - Ano 2015;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 253/2015/CM, referente a Anulação parcial do apoio atribuído á Cáritas Diocesana de Beja - Proposta n.º 44/2015/CM;

3. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 254/2015/CM, referente a 2.ª Adenda ao protocolo de cooperação para a animação da zona de intervenção da Estratégia de desenvolvimento para o “Interior do Algarve Central” - Associação In Loco;

4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 255/2015/CM, referente ao Protocolo de colaboração entre o Mu-nicípio de Tavira e o Sporting Clube de Portugal;

5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 256/2015/CM, referente a Renovação do Protocolo de Colaboração celebrado com a APAV - Associação de Portuguesa de Apoio à Vítima no ano de 2015;

6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 257/2015/CM, referente a Atribuição de apoios no âmbito do XXXI Festival de Charolas Cidade de Tavira - 3 de janeiro de 2016 - Cineteatro António Pinheiro;

7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 258/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Fundação Irene Rolo - «Almoço solidário de Natal»;

8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 259/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação ALDEIA;

9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 260/2015/CM, referente a Atribuição de apoios ao abrigo do RMAAD - Associação de Andebol do Algarve e Clube Recreativo Desportivo Santaluziense;

10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 261/2015/CM, referente a Anulação de auxílios económicos para livros escolares;

11. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 262/2015/CM, referente ao Contrato de concessão de uso privativo do domínio público de posto de abastecimento de combustíveis, sito na Horta do Carmo, em Tavira - Pedido de transmissão da posição contratual - decisão definitiva;

12. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 263/2015/CM, referente a Processos em Execução Fiscal - prescrição dos anos 2005 e 2006;

13. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 264/2015/CM, referente a Rescisão por mútuo acordo - Carlos Alberto Pires Rodrigues;

14. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 265/2015/CM, referente ao Parecer prévio vinculativo para cele-bração de contrato de aquisição de serviços de fotografia;

15. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 266/2015/CM, referente ao Projeto de Regulamento Municipal de Ocupação do Espaço Público e Publicidade de Tavira;

16. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 267/2015/CM, referente ao Parecer prévio vinculativo para cele-bração de contrato de aquisição de serviços na área de Terapia da Fala;

17. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 268/2015/CM, referente a Receção definitiva das infraestruturas - Alvará n.º 3/2008 - Alfeu Campos Construções Lda. (Cabanas - Tavira);

18. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 269/2015/CM, referente ao Reconhecimento de interesse público municipal - Legalização de exploração pecuária sito na Malhada do Peres - Maria José Pereira Gonçalves;

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afi-xados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 29 de dezembro do ano 2015

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)

QUINTA DO SOBRAL

Castro Marim recebe Grandiosa Festa do AcordeãoA MITO ALGARVIO - Associação de Acordeonistas do Algarve promove, no próximo dia 31, em Castro Marim, a Grandiosa Festa do Acordeão, inserida nas comemorações do seu quarto aniversário.

A festa terá início pelas 13 horas com um almoço de gala, seguindo-se, duas horas mais tarde, o Festival Internacional de Acordeão com a presença de prestigiados acordeonistas, como Celina da Piedade, Mito

Algarvio Ensemble (João Frade, Nelson Conceição, João Filipe Guerreiro, Emanuel Marçal, Paulo Machado), Tino Costa, Mi-chel Sapateado, Fábio Guerreiro, Luís Gama, Hernani Cerqueira e Gonçalo Guerreiro.

RENOVAÇÃO DE CONTRATOS

Câmara de Alcoutim reforça competências das juntas de freguesiaA CÂMARA DE ALCOUTIM reno-vou os contratos Interadminis-trativos que estipulam a Dele-gação de Competências para as Juntas de Freguesia.

A autarquia vai transferir para as quatro juntas uma verba num montante superior a 105 mil euros.

Estão contempladas delega-ções de competências para ges-tão e manutenção de espaços verdes, limpeza das vias e espa-ços públicos, tendo como objec-tivo o melhor desenvolvimento das suas competências e funções.

“Os contratos celebrados são um reforço à colaboração já exis-

tente entre a Câmara e as Juntas”, afirma o presidente Osvaldo dos Santos Gonçalves, “constituindo a formalização de uma prática contínua e a consciencialização de que a maior proximidade das juntas às populações permite in-tervenções e respostas mais rápi-das e eficazes”.

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região

4 | 15 de Janeiro de 2016

Rogério Bacalhau quer acessos à Variante a Faro terminadosAutarquia insiste com Infra-estruturas de Portugal para conclusão das obras e avançano programa Faro Requalifica

ricardo claro

Ô Rogério Bacalhau está a acompanhar de perto as obras que decorrem na capital algarvia

Ricardo [email protected]

O PRESIDENTE DA CÂMARA DE FARO quer que “as obras de conclusão da Variante a Faro sejam concluídas no mais curto espaço de tempo possível”.

A afirmação foi feita ao POS-TAL por Rogério Bacalhau, que sublinha que “ainda na passada semana contactou a Infra-estru-turas de Portugal”, responsável pela obra, “no sentido de refor-çar a necessidade de conclusão dos trabalhos que estão a gerar constrangimentos de tráfego nos acessos à cidade”.

“Contactámos a Infra-estru-turas de Portugal por termos detectado que as obras têm es-tado praticamente paradas”, entretanto, “já esta semana no-támos que os trabalhos volta-ram a decorrer”, diz o autarca, que não deixa de referir “que a conclusão das obras já se exige face ao tempo decorrido desde a abertura do troço principal da variante”.

Segundo o presidente da au-tarquia, “a questão tem vários as-pectos”. No acesso a Pechão Ro-gério Bacalhau reconhece que “existiam problemas de maior complexidade que atrasaram os trabalhos, mas que estão agora ultrapassados”, enquanto que no acesso à Rotunda da Avenida Ci-dade Hayward, “os trabalhos já

deviam estar em conclusão”.Mais complicado será o nó da

Estrada de São Brás (EN 2) que o autarca diz estar ainda numa fase inicial de trabalhos e que “será decerto o que será conclu-ído mais tarde”.

Sem se comprometer com prazos, o que o autarca reforça é que “a autarquia está a acom-panhar de perto a situação e a fazer a pressão possível junto da entidade competente para a con-clusão global da obra”.

Recorde-se que a Variante a

Faro abriu ao trânsito o troço principal da via em meados de Agosto.

OBRAS DO FARO REQUALIFICA A TODO O GÁS Sem problemas nem atrasos estão a decorrer as obras do programa Faro Requalifica em várias ruas da cidade.

Em jeito de balanço o pre-sidente da câmara refere que a Estrada de São Brás - que já está aberta ao trânsito - “deverá ficar concluída na próxima se-

mana, com a pintura da sinali-zação horizontal que só poderá ser feita depois de algum tempo de consolidação do pavimento”.

Na Rua José de Matos os tra-balhos “deverão ficar concluí-dos até ao fim do mês”, sendo que a abertura ao trânsito será antecipada face a esta previsão no troço até ao cruzamento com a Avenida Júlio F. de Al-meida Carrapato.

Quanto à Rua da Alfândega, o autarca afirma que “a conclu-são está por dias, com o enter-

ramento dos contentores de resíduos a decorrer na passada quarta-feira”.

A entrar em obras nas pró-ximas semanas estarão os ar-ruamentos de Estoi e a ligação Falfosa / Santa Bárbara de Nexe, assim como os primeiros traba-lhos de semaforização da Ave-nida Calouste Gulbenkian, bem como, o termo da ligação da Rua Jornal o Algarve à rua das Amendoeiras na Penha. Segue--se também em breve a obra no acesso à Conceição de Faro pela Estrada da Penha na entrada da-quela localidade.

AVENIDA CIDADE HAY WARD NÃO VAI SER REQUALIFICADA DE IMEDIATO Quanto à Aveni-da Cidade Hayward, entre a rotunda do Hospital e a Ro-tunda de saída para Olhão, o presidente da Câmara de Faro considera a obra “uma neces-sidade prioritária”, mas refere que a obra não avançará para já por duas razões: “primeiro porque intervir naquela artéria fundamental sem a conclusão dos trabalhos de acesso à Va-riante a Faro seria prejudicial ao trânsito” e depois porque “a intervenção será profunda e com um custo a rondar os 200 mil euros, pelo que tenta-remos que a obra avance ain-da este ano, mas não no curto prazo”.

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CINE-TEATRO LOULETANO

César Matoso é convidado especial ‘Dos Sabores da Cultura’

O CINE-TEATRO LOULETANO rei-nicia a sua rubrica “Dos Sabo-res da Cultura”, no próximo dia 21, pelas 21 horas, com o fadista César Matoso. O artista louletano irá dinamizar, com vários convi-dados especiais, uma tertúlia intimista acompanhada de di-versos momentos musicais em torno do seu percurso artístico.

César Matoso é um jovem fa-dista, de 24 anos, natural da fre-guesia de Alte. Após ter passado por outros estilos musicais e ter estudado Artes do Espectáculo na variante de Teatro, iniciou--se no fado em 2007 mas foi em 2010 que se estreou em Loulé com o seu primeiro projecto profissional: “Os fados do fado”. Dois anos depois lançou o seu primeiro álbum Fado Primeiro. Ao longo dos últimos anos tem participado em diferentes pro-jectos musicais, bem como em programas de televisão, e já re-presentou o fado e até mesmo o folclore em vários países. Neste momento faz parte do elenco de várias casas de fado no Algarve e em Lisboa.

A sessão tem uma duração aproximada de 90 minutos e tem entrada gratuita.

Ô O fadista César Matoso

d.r.

Aprovada revisão da REN Alcoutim pág. 6

Page 5: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

região

15 de Janeiro de 2016 | 5

DECO Algarve apoia consumidores com dificuldades financeirasAssociação tem a funcionar um Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado

SEGUNDO DADOS recolhidos no ano que findou, verifica-se um aumento elevado da fragi-lidade financeira das famílias algarvias.

De facto, registam-se actu-almente “mais de uma cen-tena de sem-abrigo e aproxi-madamente cinco mil pessoas com carências económicas na região, o que revela uma de-terioração da situação face a 2014”, revela a DECO Algarve em comunicado de imprensa enviado à nossa redacção.

A maior parte desta popula-ção é constituída por pessoas em idade activa e actualmen-te desempregadas. Conforme salienta aquela associação, “o aumento, bastante elevado e repentino, da população sé-nior que evidencia carências económicas, principalmente devido ao apoio prestado aos seus filhos, em muitos casos desempregados ou sobre-en-dividados, a quem oferecem apoio financeiro, habitação ou mesmo a responsabiliza-

ção pelo pagamento de dívi-das, enquanto fiadores”.

De acordo com o panora-ma nacional, o fenómeno do endividamento das famílias revela-se transversal e inde-pendentemente de níveis de rendimentos ou habilitações literárias, verificando-se inclu-

sivamente o aumento do nú-mero de famílias em situação económica fragilizada que anteriormente integravam a classe média ou a classe mé-dia alta da sociedade.

Desta forma, e no senti-do de evitar consequências financeiras desastrosas, os consumidores algarvios en-dividados ou em risco de en-dividamento podem recor-

rer ao Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS) da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO), na sua delegação do Algarve, sita na Rua Dr. Coelho de Carvalho, n.º 1 C, em Faro.

“O apoio prestado pelo GAS é direccionado às pessoas em situação de dificuldade finan-ceira que se encontrem inca-

pacitados de fazer face às suas dívidas devido a situações de carácter involuntário, tais como, desemprego, cortes salariais ou quebra de rendi-mentos, doença prolongada ou acidente e alteração do agregado familiar”, informa a DECO.

Este apoio destina-se “ape-nas a pessoas singulares (consumidores e suas famí-lias), com manifesta impos-sibilidade de fazer face ao conjunto das suas dívidas não profissionais. As dívi-das não profissionais podem ser definidas como as que resultam dos compromissos financeiros assumidos jun-to das entidades de crédito (bancos ou entidades finan-ceiras) ou de outros credores (fornecedores de electricida-de, gás, água, telecomunica-ções, etc.)”, acrescenta.

O apoio prestado pelo GAS procura assegurar a preven-ção do sobreendividamento, a reabilitação da situação socioeconómica do sobre--endividado e a orientação económica do consumidor.

Ô Actualmente verifica-se um aumento do número de famílias em situação económica fragilizada

d.r.

Algarve quer atrair mais turismo através do ciclismo pág. 7

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EDITALComunicação aos titulares do direito de preferência

A NOTIFICAR:

Norte e Poente: Paul Mayer Shaw;

Nascente: José Eduardo Correia e Manuel Marta;

Nos termos dos Artigos 416, n.ºs 1 e 2 e 1380º, do Código Civil, faço saber que correm éditos para comunicação da intenção de venda aos titulares do direito de preferência, para que estes o exerçam, querendo.

ANTÓNIO PEDRO VIEGAS, casado, natural de Marrocos, com residência ha-bitual no Chemin du Hameau de la Clappe, 83300 em Draguignan - França, declara:

Que, com exclusão de outrem, é dono e legítimo possuidor do prédio Misto que se discrimina:

- Prédio misto composto por Terra de semear com árvores e vinha e edifício de cave, rés-do-chão e 1º. andar e 2 anexos sito na freguesia União das fre-guesias de Luz de Tavira e Santo Estevão, concelho de Tavira com a área de (s.c: 169 m2; s.d: 2 083 m2), a confrontar a Norte e Poente: Paul Mayer Shaw; Nascente: José Eduardo Correia e Manuel Marta, inscrito na matriz sob o artigo numero 1275 NATUREZA: Rústica e MATRIZ nº: 1658 NATUREZA: Urbana, com o valor patrimonial de 96.032.90€, prédio este que pretende vender pelo valor de 165.000€;

A venda do referido prédio realizar-se–á pelo valor global de 165.000€, cuja escritura de compra e venda terá lugar no Notário em Tavira.

Mais faz saber, que devem os titulares do direito de preferência exercer o seu direito no prazo de oito dias, sob pena de caducidade, nos termos do artº 416 n.º 2 do Código Civil.

Tavira, 15 de Janeiro de 2016

(POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)

MUNICIPIO DE TAVIRAEDITAL Nº 3 /2016

Jorge Manuel do Nascimento BotelhoPresidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 12 de janeiro de 2016, foram tomadas as seguintes deliberações:

1- Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 1/2016/CM, referente a 1ª Alteração às Grandes Opções do Plano e ao Orçamento de 2016;

2- Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 2/2016/CM, referente a Atribuição de apoios ao abrigo do RMAAD - Clube Ciclismo Tavira e Clube Náutico Tavira;

3- Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 3/2016/CM, referente a Alteração de titular - Loja n.º 19 (talho) no Mercado Municipal de Tavira.

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 12 de janeiro do ano 2016

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)

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REPARAÇÃO

Caíque Bom Sucesso volta ao cais de Olhão na Primavera

O CAÍQUE BOM SUCESSO, com mais de 15 anos de existência ao serviço da cultura olha-nense, está actualmente em doca seca para reparação e manutenção de todo o casco e velame.

As melhorias ascendem a um investimento de 35 mil eu-ros pelo Município de Olhão, que aposta na recuperação do seu património histórico.

No início da Primavera, o Caíque deverá estar de volta ao seu cais de amarração, jun-to aos Mercados de Olhão, já totalmente renovado.

O Caíque Bom Sucesso é uma réplica do barco que foi ao Brasil dar, em primeira mão, a boa nova ao Príncipe Regente da revolta dos olha-nenses contra as invasões francesas.

O caíque foi um dos barcos mais utilizados pelos olha-nenses na pesca do alto desde que, no século XVIII, Olhão se tornou um dos mais impor-tantes portos do Algarve e do País. Utilizado também para transporte de mercadorias, caracterizava-se por ser resis-tente, veloz e de fácil manobra.

O caíque de pesca Bom Su-cesso faz parte de um passa-do glorioso que muito honra Olhão. Quando, após a pri-meira invasão napoleónica, a corte portuguesa se refugiou no Brasil, foi em Olhão que eclodiu, em Junho de 1808, a insurreição contra os intrusos.

Com a intenção de perpe-tuar a história de Olhão, bem como a memória das gentes marítimas, a Câmara de Olhão mandou construir esta répli-ca do Caíque Bom Sucesso, a qual se destina a promover ac-ções culturais e lúdicas através de visitas e de passeios, à vela ou a motor, em águas da Ria Formosa e ao longo da costa oceânica.

Ô Investimento de 35 mil euros

Page 6: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

6 | 15 de Janeiro de 2016

Aprovada revisão da REN AlcoutimOrdenamento do território com versão vantajosa para o concelho

Ô Osvaldo Gonçalves, presidente de Câmara de Alcoutim

A RESERVA ECOLÓGICA NACIO-NAL (REN) foi instituída pelo Decreto-Lei n.º 321/83, de 5 de Julho, com o objectivo de proteger os recursos natu-rais, especialmente a água e o solo, de salvaguardar pro-cessos indispensáveis a uma boa gestão do território e de favorecer a conservação da natureza e a biodiversidade, componentes essenciais do suporte biofísico do nosso país. As características da abrangência da REN e a re-alidade do concelho, leva-ram a Câmara de Alcoutim a iniciar em Abril de 2013 o processo de elaboração de uma proposta de revisão da REN, a ser apresentada à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, e que foi aprovada em Novem-bro de 2015, aguardando a respectiva publicação.

“No decurso deste inten-so processo foram consulta-das as entidades relevantes da Administração Central

do Estado como a Direcção Geral do Território, a Comis-são Nacional da REN (agora incluída na Comissão Na-cional do Território), CCDR Algarve, e outras, tendo a proposta sido finalmente aprovada pela Comissão Na-cional da REN e CCDR do Al-

garve”, explica a autarquia alcouteneja.

“A REN agora aprovada traduz uma clara redução das áreas do concelho abran-gidas por este regime, ainda que estejam em causa regras e metodologias diferentes que resultaram das altera-

ções legislativas, não sendo pois possível uma compara-ção directa e simples entre a anterior REN e a agora apro-vada”, acrescenta.

A Câmara de Alcoutim ob-teve assim “a melhoria da delimitação da REN” e ga-rante “a aplicação das boas práticas de ordenamento do território no seu território”.

O Município utiliza todos os instrumentos de Gestão Territorial, como o “PDM de Alcoutim e o PROT Algarve que estabelecem as opções de ordenamento do terri-tório e de urbanismo que melhor servem o desen-volvimento do concelho”, garantindo “a execução de obras de forma adequada a usos urbanos e à edificação, em prol do desenvolvimen-to de projectos inovadores e estruturantes para o sector do Turismo, para a Econo-mia e para o crescimento sustentado do concelho de Alcoutim”.

região

d.r.

Cartório Notarial em TaviraNotário

Bruno Torres Marcos

Extrato de Escritura de Justificação

CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Nota-riado que, por escritura pública de Justificação outorgada em 22 de Dezembro de 2015, exarada a folhas 22 e seguintes do Livro n. a Silva, n.º 17-A:

Maria Lucília Pires Gago Guiomar, viúva, natural da freguesia de Santo Estêvão, concelho de Tavira, residente na Rua 1.º de Maio, n.º 53, 8800-166 Santa Catarina da Fonte do Bispo, declara que é dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem, dos seguintes imóveis, sitos em Torre, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, não descritos na Conservatória do Registo Predial: I) prédio rústico composto por terra de cultura com vinha, figueiras e oliveiras, com a área de 4620 m2, que confronta de norte e nascente com ribeiro, de sul com Maria Gago Sequeira e de poente com Júlio Henrique Espadinha Barradas, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1517, com o valor patrimonial tributário de 720,98 €, igual ao atribuído; e II) prédio rústico composto por terra de cultura com vinha, figueiras e oliveiras, com a área de 4710 m2, que confronta de norte com Luisa Gago Sequeira, de sul com Francisco Viegas Pires, de nascente com ribeiro e de poente com Júlio Henrique Espadinha Barra-das, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1516, com o valor patrimonial tributário de 720,98 €, igual ao atribuído.

- Que o prédio identificado em I), com a indicada composição e área, veio à sua posse, por doação meramente verbal nunca reduzida a escritura em meados do ano de 1986, em data que não sabe precisar, feita por Luísa Gago de Sequeira, solteira, maior, resi-dente em Santa Catarina da Fonte do Bispo e o prédio identificado em II), com a indicada composição e área, veio à sua posse, por doação meramente verbal nunca reduzida a escritura em meados do ano de 1986, em data que não sabe precisar, feita por Maria Gago de Sequeira, atualmente falecida, solteira, maior, residente que foi em Santa Ca-tarina da Fonte do Bispo.

- Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem vio-lência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencida de ser a única titular do direito de propriedade sobre os prédios atrás identificados, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aqueles prédios – semeando a terra, tratando das culturas, colhendo os respetivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores, e deles retirando os respetivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas característi-cas de tal posse, adquiriu os referidos prédios por USUCAPIÃO.

O Notário,

Bruno Filipe Torres Marcos

Ato registado sob o n.º 2/3027

(POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)

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Comarca de FaroTavira - Inst. Local - Sec. Comp. Gen. - J1

Palácio da Justiça - Rua Dr. Silvestre Falcão, 10 - 8800-412 Tavira

Telef: 281 320 970 Fax: 281 093 519 Mail: [email protected]

ANÚNCIOProcesso: 369/15.2T8TVRInterdição / InabilitaçãoReferência: 99779126Data: 04-01-2016O Mmº. Juiz de Direito Dr. Rogério da Silva e Sousa, de Tavira – Inst. Local – Sec. Comp. Gen. – J1 – Comarca de Faro:

Faz saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é reque-rido Fernando Ascensão Vargues, com residência em domicílio: Sítio da Arroteia de Baixo, C.P. 504-E, 8800-102 Luz de Tavira, para efeito de ser decretada a sua interdição por incapacidade de reger a sua pessoa e os seus bens.

O Juiz de Direito,

Dr. Rogério da Silva e Sousa

O Oficial de Justiça

Noélia Guerreiro

(POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)

NÚCLEO MUSEOLÓGICO ISLÂMICO

Conferência sobre Mértola e o Guadiana em Tavira

O NÚCLEO MUSEOLÓGICO IS-LÂMICO (Museu Municipal de Tavira) recebe no próximo dia 30, pelas 11 horas, uma confe-rência no âmbito da exposição “No extremo do al-Ândalus: Mér-tola e o Guadiana”, sob a orien-tação de Susana Gómez Martí-nez (Campo Arqueológico de Mértola).

Constituída por peças iné-ditas do espólio do Museu de Mértola, a presente exposição visa mostrar a profunda relação histórica desta vila do Alentejo com o rio que sempre lhe deu significado.

O rio Guadiana foi o factor determinante do assentamento de Mértola, desde a pré-história até aos nossos dias, devido às ex-cepcionais condições estratégi-cas defensivas e de navegação (70 quilómetros entre o Algarve e Mértola).

De acordo com investigações arqueológicas, constata-se a existência, desde a Idade do Fer-

ro, de um povoado fortificado no promontório rochoso, como testemunham, até aos nossos dias, as muralhas da cidade.

Vestígios de todas as épocas foram encontrados e podem ser admirados, nomeadamente, cerâmicas finas gregas, ânforas púnicas, mármores imperiais, mosaicos de influência bizanti-na, vidros islâmicos de técnicas orientais e azulejos sevilhanos quinhentistas.

A conferência, destinada a um número máximo de 30 par-ticipantes, dirige-se ao público em geral. A inscrição é gratuita e obrigatória.

Ô Mértola é uma vila alentejana

d.r.

GALARDÃO REFORÇA LAÇOS ENTRE PORTUGAL E ESPANHA

MED nomeado para os Iberian Festival AwardsO FESTIVAL MED DE LOULÉ está nomeado para mais um galardão na área da música: os Iberian Festival Awards. Depois das nomeações para o Portugal Festival Music Awards 2015, nas categorias de Melhor Festival de Média Dimensão e Melhor Festival Urbano, o MED irá concorrer de novo ao lado dos grandes festivais do país e, agora, também, de Espanha, na categoria de “Best Medium Sized Festival”.

A par desta votação do pú-blico, e de acordo com a aná-lise do júri, o festival algar-vio foi considerado também nas categorias “Best Touristic Promotion” e “Best Cultural Programme”.

A primeira edição dos Ibe-rian Festival Awards terá lugar no dia 3 de Março, no auditó-rio da FIL, em Lisboa, integra-do no Talkfest – International

Music Festivals Forum, ini-ciativa que tem por objecti-vos promover a discussão em torno dos festivais de música, bem como o intercâmbio e a partilha de experiências en-tre os promotores e agentes, desenvolvendo novas ideias, projectos e tendências na in-dústria dos festivais de música europeus.

Os Iberian Festival Awards pretendem premiar e reconhe-cer todos aqueles que contri-buíram para o sucesso destes eventos ao nível da organiza-ção mas também da produção, logística, activação de marcas, entre outras áreas. Por outro lado, é um dos objectivos deste galardão reforçar os laços en-tre os dois países e optimizar o intercâmbio entre os festivais realizados em solo ibérico.

A votação estará disponí-vel até 9 de Fevereiro, no site

www.talkfest.eu em https://www.surveymonkey.com/r/WG95YWQ .

Posteriormente, serão co-nhecidos os dez finalistas das

respectivas categorias, bem como as escolhas do júri. Os vencedores serão anunciados no dia 3 de Março, na Gala do evento.

Page 7: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

15 de Janeiro de 2016 | 7

região

Algarve quer atrair mais turistas através do ciclismoEntidades regionais e nacionais criam condições para cativar praticantes da modalidade

A REGIÃO DE TURISMO DO AL-GARVE e a Federação Portu-guesa de Ciclismo (FPC) que-rem atrair para a zona mais turistas que pratiquem ciclis-mo de lazer, mas também cativar as equipas de ciclistas profissionais para a realização de estágios.

As duas entidades apre-sentaram na semana passada em Faro um conjunto de 42 propostas de percursos para ciclismo de estrada, com qua-tro níveis de dificuldade, que integram passagens em pon-tos de interesse histórico e aliam a prática de ciclismo à beleza natural e à gastronomia e aos vinhos típicos da região algarvia.

O presidente da Região de Turismo, Desidério Silva, as-sumiu que é necessário criar mais condições para este tipo de turistas no Algarve, onde

ainda existe, por parte dos ho-téis, “alguma dificuldade em enquadrar os ciclistas”, nome-adamente por não terem local para as bicicletas ou por não permitirem que os hóspedes as guardem no quarto.

O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Del-mino Pereira, acredita que o Algarve tem características únicas no país para a prática de ciclismo e condições téc-nicas para cativar as equipas profissionais para ali realiza-rem os seus estágios, o que já acontece com muita frequên-cia no sul de Espanha.

FEDERAÇÃO DE CICLISMO TEM CERCA DE 16 MIL FILIADOS Se-gundo o responsável, a fede-ração tem actualmente cerca de 16 mil filiados, 75% dos quais praticam ciclismo de la-zer, actividade em expansão e

cujos praticantes são sobretu-do homens, da classe média e média alta, com idades entre os 30 e 50 anos.

O vice-presidente da fede-ração, Sandro Araújo, subli-nhou que o mercado do ci-clismo amador e de lazer vai continuar a crescer, pois vão existir “ciclistas com mais ida-de que querem continuar a pedalar”, em parte devido ao aparecimento das bicicletas eléctricas.

Segundo Sandro Araújo, o ciclismo é uma boa alterna-tiva ao atletismo, pois é uma actividade com menor impac-to e mais adequada a idades mais avançadas, tendo igual-mente a vantagem de ser uma actividade que gera receitas e não é poluente.

Marco Fernandes, coor-denador da delegação do Algarve da federação, expli-

cou que as propostas de per-cursos apresentadas foram desenhadas tendo em conta a segurança dos ciclistas, a beleza natural dos locais e o facto de integrarem pontos de interesse.

“São 42 percursos com va-riados tipos de dificuldade, para diferentes tipos de turis-tas”, afirmou, acrescentando que os percursos, todos cir-culares, vão desde o nível 1, cuja distância não excede os 70 quilómetros, até ao nível 4, que já são percursos com distâncias superiores a 150 quilómetros.

Cada um dos 16 conce-lhos algarvios tem pelo me-nos um percurso de nível 1 e foram definidas três zonas de percursos: nas zonas Este (Sotavento), Central e Oeste (Barlavento) do Algarve.

Lusa Ô Presidente do Turismo do Algarve aposta no ciclismo de lazer

d.r.

ASSOCIAÇÕES DO CONCELHO VÃO PODER UTILIZAR 28 EDIFÍCIOS

Câmara de Loulé cede escolas primárias desactivadasA CÂMARA DE LOULÉ vai for-malizar os protocolos de ce-dência a associações de esco-las primárias desactivadas a instituições ou associações com fins de interesse público, disse à Lusa o presidente da autarquia algarvia.

“Estamos a falar de 28 escolas do interior que, por força da de-sertificação no interior do con-celho e do envelhecimento de-mográfico, não têm utilização”, observou o autarca Vítor Aleixo, acrescentando que a opção de cedência é uma forma de garan-tir a preservação do património.

O assunto foi levado a Assem-bleia Municipal em Dezembro, órgão que aprovou a desafec-tação do domínio público mu-nicipal das 28 escolas para o domínio privado indisponível. Dezassete já tinham sido cedidas anteriormente, embora não esti-vessem de acordo com o actual quadro legal.

“A Câmara tem vindo ao lon-go dos anos a ceder estas escolas a associações que prosseguem

fins de interesse público, mas não havia aqui um protocolo de cedência que estivesse em conformidade com a alteração legislativa” de 2007 do regime jurídico do património imobi-liário público, contou o autarca.

PRESERVAÇÃO E DESPESAS SE-RÃO SUPORTADAS PELAS EN-TIDADES A par da questão da preservação patrimonial e da adequação jurídica das cedên-

cias dos edifícios, Vítor Aleixo adiantou que as despesas de água e de energia passam a ser suportadas pelas entidades às quais são cedidas as escolas, fi-cando a garantia de que, caso a autarquia necessite dos edifícios, poderá reverter o seu uso.

A freguesia de Alte tem no seu território dez escolas desactiva-das, enquanto na freguesia do Ameixial, vizinha do concelho alentejano de Almodôvar, há três.

Tanto no território da União de Freguesias de Querença/Tôr/Benafim como na freguesia de Boliqueime encontram-se duas escolas desactivadas disponíveis para outras utilizações, enquan-to em Salir existem três.

Maioritariamente localizada em zona urbana, a freguesia S. Clemente assistiu ao longo dos anos ao encerramento de três es-colas localizadas nas suas fron-teiras de ligação com o interior, à semelhança da freguesia de S. Sebastião, onde foi encerrada a escola de Vale Telheiro.

As freguesias de Almancil e Quarteira, localizadas no litoral, também contam com três esco-las desactivadas.

“Vamos celebrar protocolos com todas as associações que já ocupam esses edifícios ou que se proponham a usá-los, temos am-bas as situações”, referiu o autar-ca, acrescentando que as escolas foram cedidas a associações des-portivas, culturais ou que visam o apoio social, entre outros.

Lusa

Ô Vítor Aleixo vai celebrar protocolos de cedência com as associações

d.r.

JOGO ENTRE LUSITANO E OLHANENSE ASSINALOU EVENTO

Moncarapachense inaugura relvado sintéticoO NOVO RELVADO SINTÉTICO do Lusitano Ginásio Clube Moncarapachense foi inaugura-do no passado domingo.

Na inauguração realizou-se um jogo amigável entre a equi-pa da casa e o Sporting Clube Olhanense.

O novo campo de relvado sintético é uma requalificação do anterior pelado, e é fruto de uma colaboração entre o clube, a Câmara de Olhão, a União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta, empresas locais, que colaboraram logisticamente, e um particular, que cedeu uma faixa de terreno, para onde se expandiu o recinto do Mocara-pachense.

O contributo da autarquia surge no âmbito de um proto-colo celebrado com o clube, na ordem dos 250 mil euros. Este acordo prevê que sejam cedidos a outros clubes do concelho, em particular da freguesia, 50% da taxa de ocupação do novo Cam-

po da Torrinha.Na ocasião, o presidente da

câmara olhanense, António Mi-guel Pina, felicitou o Lusitano Ginásio Clube Moncarapachen-se pela nova “casa” e aproveitou para sublinhar “o investimento contínuo que a Autarquia tem feito na área do Desporto, e que se torna patente, uma vez mais, na atribuição desta verba ao Moncarapachense, para que não só este como outros clubes do concelho disponham de con-dições condignas para a prática da sua actividade desportiva”.

Ô António Miguel Pina e Nemé-sio Martins na inauguração

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Page 8: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

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8 | 15 de Janeiro de 2016

TAVIRA

AGRADECIMENTO CECÍLIA DE JESUS MENEZES E COSTA

93 ANOSA família enlutada cumpre o doloroso dever de agrade-cer reconhecidamente a todas as pessoas que assis-tiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 27 de Dezembro, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, celebrada dia 3 de Janeiro de 2016, Domingo, pelas 11.30 horas, na Igreja de Santa Maria em Tavira.

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ANÚNCIOProcesso: 363/15.3T8TVRInterdição / InabilitaçãoN/Referência: 99912090Data: 08-01-2016Requerente: Comarca de Faro – Ministério Público TaviraRequerido: Maria CustodiaFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerido Maria Custodia, com residência em domicílio: Sítio da Azinhosa, Cachopo, 8800-000 Tavira, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

O Juiz de Direito,

Dr. Rogério da Silva e Sousa

O Oficial de Justiça

Joan Santos Gonçalves de Sousa

(POSTAL do ALGARVE, nº 1155, de 15 de Janeiro de 2015)

Page 9: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

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CONCEIÇÃO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

IRENE REINALDO DOS REIS AZINHEIRA25-05-1923 / 02-01-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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MARIA ALICE DE JESUS ASCENÇÃO REIS26-12-1940 / 26-12-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

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JOSÉ VIRGILIO BAPTISTA01-01-1935 / 02-01-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

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SEBASTIÃO CARMINO DAS CHAGAS PEREIRA20-08-1941 / 28-12-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

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ANTÓNIO TEODORO NUNES CAVACO MARTINS

10-03-1951 / 20-12-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

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ANTÓNIO MANUEL NICOLAU DA ASSUNÇÃO AQUINO

10-09-1938 / 15-12-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

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MARIA LUCIETE DA PALMA CAETANO15-12-1935 / 19-12-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

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JOSÉ ANTÓNIO BARREIRA DA SAÚDE22-02-1943 / 24-12-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

SANTIAGO - TAVIRA SANTA LUZIA - TAVIRA

MARIA ORLANDA SOARES CASÍMIRO09-09-1940 / 30-12-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Page 10: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

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Reze 9 Ave-Marias com uma vela aces-sa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, um de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á

mesmo que não acredite. S.R.

10 | 15 de Janeiro de 2016

STA CATARINA DA FTE DO BISPO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

MARIA VITORINA LOPES DA COSTA GONÇALVES11-09-1945 / 12-01-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

VILA NOVA DE CACELA - V.R. STO ANTÓNIOCONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA

MARIA AUGUSTA ESTRELA VIEGAS14-11-1932 / 11-01-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

SANTIAGO - TAVIRASANTA LUZIA - TAVIRA

JOAQUIM JOSÉ MACHADO25-01-1940 / 11-01-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

CONCEIÇÃO - TAVIRACONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA

MARIA TERESA DE JESUS14-02-1925 / 05-01-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

SÃO BRÁS DE ALPORTELSANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

MATILDE DE SOUSA PIRES18-10-1924 / 02-01-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agrade-cer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

MARIA JOÃO VIEGAS28-08-1926 / 03-01-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

STA CATARINA DA FTE DO BISPO - TAVIRA LUZ DE TAVIRA - TAVIRA

JOSÉ GONÇALVES16-11-1925 / 09-01-2016

AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

TAVIRA

JOSÉ GONÇALVES

AGRADECIMENTOA família de José Gonçalves vem, muito reconhecidamente, agradecer a todo o pessoal do Lar da Santa Casa da Misericórdia de Tavira pela dedicação e profissionalismo que dispensaram ao seu familiar, bem como agradecer a todas as pessoas que o acompa-nharam até a sua última morada e se lembraram do seu ente querido.

AMARO GONÇALVES LUZ-TAVIRA

ERMELINDA DO CARMO

12-10-1919 / 19-12-2015

AGRADECIMENTO

Filhas, genro, netas e bisnetos agra-decem reconhecidamente a todos os que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 20 de De-zembro de 2015 para o Cemitério da Luz de Tavira, assim como a todos que assistiram à Missa do 7º. Dia.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela aces-sa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, um de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á

mesmo que não acredite. U.M.

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4 terrenos agrícolas com excelente localizaçãoe acessibilidade, com água da barragem, situados na Asseca

a 3 minutos da cidade de Tavira

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Page 11: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

opinião

Sobe

& d

esce Câmara de Faro ‘sem dívidas’

Apesar de se referir apenas ao saldo fi-nal da execução de 2015, a notícia é po-sitiva. A autarquia liderada por Rogério Bacalhau, uma das mais endividadas da região, fechou o ano sem dívida vencida de curto prazo (Ler última página).

Obras variante a Faro

As obras finais para a conclusão da variante a Faro não atam nem desa-tam. A câmara diz-se atenta, mas os engarrafamentos afectam a população continuamente. Boa obra mas só para o trânsito de passagem (Ler pág. 4).

O Governo português con-cedeu direitos de prospecção, pesquisa, desenvolvimento e produção de combustíveis fós-seis (petróleo e gás natural) na região do Algarve e ao largo da sua costa marítima. Trata-se de uma questão complexa e me-lindrosa, uma vez que o tecido socioeconómico algarvio está muito dependente do turismo, da economia do mar e da biodi-versidade – sectores que, conside-

rando eventuais riscos ambien-tais das actividades energéticas em causa, podem ser largamente afectados.

Mas, como em tudo na vida, não devemos ter uma visão ma-niqueísta e preconceituosa sobre esta questão. Se é verdade que há que salvaguardar a base so-cioeconómica da região e a sua qualidade ambiental, também é pertinente abrir o Algarve a outro tipo de investimentos e assim diversificar a economia local. Tanto mais que o petróleo e o gás natural são as principais fontes de energia das socieda-des modernas e, como tal, a sua exploração gera importantes re-ceitas, cria emprego e promove a coesão social.

O Algarve foi bastante fustiga-do pela crise que se abateu sobre o país e nem mesmo o extraor-dinário crescimento do turismo

em Portugal nos últimos anos conseguiu amenizar a estagna-ção económica, o elevado endivi-damento de empresas e famílias e a contracção do emprego que se vive na região. Perante este cenário, uma economia quase monosectorial (o peso do turis-mo é esmagador no tecido socio-económico) e bastante marcada pela sazonalidade (as diferenças de actividade económica entre a época alta e a época baixa são abissais), como é a algarvia, tem necessariamente de atrair inves-timento em sectores variados e com potencial.

Tudo isto para dizer que o Al-garve não deve recusar liminar-mente o investimento num sec-tor com tantas potencialidades económicas como o energético, sob pena de estar a desbaratar uma oportunidade dourada de impulsionar, diversificar e equi-

librar a economia da região. Esta tem sido, aliás, a opção nos países mais desenvolvidos, que, acautelando devidamente os riscos ambientes, não deixam de explorar o subsolo para extra-írem recursos energéticos, sendo a Noruega um exemplo paradig-mático disso mesmo.

A humanidade sempre reti-rou da natureza recursos indis-pensáveis à sua sobrevivência, garantindo assim uma melhor qualidade de vida. E nas últi-mas décadas, mercê de uma maior sensibilidade ecológica e dos avanços da ciência e da tecnologia, tem sido capaz de evitar alterações profundas do equilíbrio natural dos ecossis-temas. É, pois, possível fazer uma gestão sustentável dos recursos que a natureza nos dá, desde que haja vontade política, know-how e recursos

(sobretudo financeiros e tecno-lógicos) para o fazer.

Assim sendo, a exploração de hidrocarbonetos não deve ser rejeitada logo à partida como um tabu e é defensável que avance mesmo numa re-gião abençoada pela natureza, como o Algarve, desde que os riscos ambientais sejam acau-telados e minimizados e que a população seja devidamente informada sobre todo o pro-cesso. Espero, pois, que todas as salvaguardas ambientais, sociais e económicas possíveis nestes casos estejam desde já asseguradas e que os algarvios e os portugueses em geral pos-sam obter garantias de que a produção de combustíveis fós-seis se fará de forma transparen-te, respeitando o ecossistema e gerando retornos importantes para a economia local.

15 de Janeiro de 2016 | 11

ficha técnica

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: [email protected]: www.postal.pt

Director: Henrique Dias(CP 3259).

Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388).Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defe-sa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco.Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire ( mais de 5% do capital social)Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT.Estatuto editorial: disponível em http://www.postal.pt/quem--somos/Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:7.573 exemplares

Exploração petrolífera no Algarve: uma ideia a considerar sem tabus

E-mail da redacção:

[email protected]

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. Várias escolas do Algarve já aderiram à iniciativa: AE Professor Paula Nogueira (Olhão) / AE da Sé (Faro) / AE D. Afonso III (Faro) / AE Dr. Alberto Iria (Olhão) / Colégio Bernardette Romeira (Olhão) / AE Dr. João Lúcio (Fuseta) / AE de Estoi (Faro) / AE Joaquim Magalhães (Faro) / AE do Montenegro (Faro) / AE de Castro Marim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: [email protected] ou [email protected].

>> SOLUÇÃO da edição passada

Steven Sousa PiedadeDirector Nacional - Algarve da ANJE

Devo ser a escritora que mais páginas dedica ao presunto “Pata Negra”. Hoje, contudo, prometo

dar também tempo de antena às cenouras.

Então cá vai; tudo começou com uma resposta que me de-ram após eu gabar o inimitável sabor do meu bem amado ja-mon de Jabugo.

- Ai, eu não: eu não ligo mui-to à unha do bicho! Nem me importa que seja alimentado só com bolotas. O meu preferido é o presunto português, lá do norte, com aquelas camadas de gordura gostosa que chegam a

medir quase um punho.Nem sequer tentei convencer

o senhor de que o “Pata Negra” não só é o rei dos presuntos como, muito provavelmente, a melhor comida do mundo.

Fui-me embora a pensar na tal grossa camada de gordura desses presuntos plebeus e re-cordei as várias ocasiões em que, comendo desse, ponho de lado a gordura.

- Não és gordura para aumen-tar o meu colesterol! - costumo

dizer-lhe. Depois, num raciocínio fértil

em paralelismos, concluí que me tenho educado com mão fir-me para uma boa alimentação emocional: da mesma maneira que rejeito certas gorduras para o aumento do meu colesterol, também impeço muitas preo-cupações de me aumentarem o stress, e muitos contratempos de me roubarem o tempo.

- Não tens má energia bastante para acabar com a minha paz!

Não és gordura para mim!

Ana Amorim Dias - [email protected]

� A – Já não posso com estes livros. Levamos, por favor. � B – Já não poço com estes livros. Levamos, por favor. ; C – Já não posso com estes livros. Leva-mos, por favor. � D – Já não posso com estes livros. Leva-mos, por favore.

� A – A Maria adora cozinhar no micro-ondas. � B – A Maria adora cozinhar no microondas. � C – A Maria adora cosinhar no micro-ondas. � D – A Maria adora cuzinhar no micro-ondas.

>> ASSINALE A FRASE CORRETA

- Não és má notícia que chegue para me fazer nascer a tristeza!

- Não és crime que me faça perder a fé na humanidade!

- Não és obstáculo que me pare!

Caramba… as coisas que o presunto nos mostra!

O quê? As cenouras? Não falei nas cenouras?

Pois não, desculpem, eram só uma distracção para tornar a minha escrita um pouco menos carnívora.

Page 12: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

CICLISMO

Volta ao Algarve em Bicicleta passa por Alcoutim

Ô Estrelas internacionais do ciclismo ficarão a conhecer Alcoutim

d.r.

ALCOUTIM VAI RECEBER UMA DAS ETAPAS da 42.ª Volta ao Algarve em Bicicleta, acon-tecimento desportivo que decorrerá entre 17 e 21 de Fevereiro e que como habi-tualmente trará ao Algarve um pelotão de estrelas inter-nacionais do desporto.

Associando-se ao evento, o Município de Alcoutim pre-tende “não só contribuir para a dinamização da programa-ção desportiva como também divulgar internacionalmente o concelho e as suas gentes”.

O presidente da autar-quia, Osvaldo dos Santos Gonçalves, considera que “a colocação de uma meta volante, sprint intermédio durante a etapa, no terri-tório do município é uma forma de assegurar a divul-

gação do concelho, reforçar o posicionamento turístico durante a época baixa e pro-

porcionar aos alcoutenejos um espectáculo desportivo muito apreciado”.

pubpub

Câmara de Faro termina ano sem dívidasEmpenho dos trabalhadores e gestão rigorosa são,de acordo com a autarquia, são os responsáveis

O MUNICÍPIO DE FARO anun-ciou ter encerrado o ano de 2015 “sem atrasos nos paga-mentos a fornecedores, nem pagamentos em atraso, o que constitui uma novidade em dez anos de gestão autárquica”.

Esta realidade permite que a Câmara possa finalmente assumir, com pleno direito, “o estatuto de parceiro credível perante os seus fornecedores, associações do concelho e enti-dades bancárias”. Efectivamen-te, hoje, “todos reconhecem que a Câmara de Faro é pessoa de bem, credora de toda a con-fiança, e isso repercute-se nos preços praticados pelos seus parceiros e no cumprimento dos prazos de execução dos contratos com eles assinados”, refere a autarquia farense em comunicado.

Mas, ao longo do ano de 2015, o esforço de racionali-zação da gestão acabou por ter outros resultados igual-mente favoráveis. Assim, “a dívida total do município ao nível do balanço, cifrou-se no

valor mais baixo dos últimos dez anos: 43 milhões, 842 mil e 272 euros. A título de exem-plo, no final de 2014, este va-lor estava nos 52 milhões, 698 e 22 euros e em 2010 cifrava-se em 71 milhões, 725 mil e 953 euros. Ou seja, em cinco anos, a autarquia expurgou-se de cerca de 39% da sua dívida to-tal”, justifica.

MUNICÍPIO APRESENTA TAXA DE EXECUÇÃO ORÇAMENTAL HISTORICAMENTE ELEVADA Ou-tro dado muito relevante do exercício de 2015, “reside no facto de o Município apresen-tar uma taxa de execução or-çamental historicamente ele-vada. Do lado da despesa, o Município de Faro pagou 34 milhões, 715 mil e 934 euros, o que corresponde a uma taxa de execução de 85,39%. Usan-do novamente como referên-cia os anos de 2014 e 2010, esta taxa cifrou-se nos 84,93 por cento e nos 32,70 por cen-to respectivamente”, explica.

No que respeita à receita

total, esta atingiu em 2015 “os 40 milhões, 171 mil e 166 euros, o que equivale a uma taxa de execução orçamental de 98,80%. Nos anos de 2014 e 2010, a taxa de execução ha-via ficado nos 88,19 por cento e 34,33% respectivamente. Este é um dado relevante porque permite aferir que hoje, o or-çamento do Município é um documento previsional credí-vel e transparente”, acrescenta.

Num contexto ainda marca-do pelas dificuldades econó-micas, financeiras e políticas, “estes resultados são reflexo do trabalho e empenho dos trabalhadores municipais, assim como de uma gestão municipal rigorosa, exigente e com disciplina orçamental, realizada em parceria com as freguesias do concelho e em proximidade com os muní-cipes, por forma a assegurar que Faro se torna a cada ano, um concelho mais justo, mais próspero, empreendedor e solidário”, remata a edilidade farense.

Ô Câmara da capital algarvia transita de ano com as contas em dia

d.r.

últimaTiragem desta edição:7.573 exemplares

O POSTAL regressa no dia 5 de Fevereiro

Page 13: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

www.issuu.com/postaldoalgarve7.573 EXEMPLARES

Mensalmente com o POSTAL

em conjuntocom o PÚBLICO

JANEIRO2016n.º 88

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laro

Da minha biblioteca:Sete Contos Ilustrados

p. 11

Charolas de Bordeira:

tradição assegurada p. 5

d.r.

Das tentadoras maiorias às esquecidas minorias na Cultura

p. 8

d.r.

Letras e Leituras:

Jonathan Franzen e a Pureza de ser

p. 4

Espaço ao Património:

Visita guiada à Biblioteca Municipal de Lagoa

d.r.

p. 10

d.r.

Sala de leitura:

Janeiro 2016 p. 9

O(s) sentido(s) a 37º N:d.r.

Page 14: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

AGENDAR

Cultura em redeEditorial Missão Cultura

Direção Regionalde Cultura do Algarve

“REGENERAÇÃO”De 23 JAN a 9 ABR | Centro Cultural de LagosExposição de pintura de Clotilde. Entre 1964 a 1975, como artista plástica, executou várias obras em ce-râmica para várias instituições. Expõe regularmente desde 1984

drcalg

Teatro Lethes, em Faro

Sinergias: teatro em rede

Ricardo [email protected]

Universidade Sénior de MoncarapachoJuventude, artes e ideias

Jady Batista Editora do Jornal J

d.r.

Aula de Ginástica 'Vida com Ritmo'

15.01.2016 2 15.01.2016 2 Cultura.Sul

AGENDAR

Cultura em rede

O ano começa com o Teatro em destaque no Algarve. São três os momentos a salientar: a apresentação da programação para 2016 da ACTA - a Compa-nhia de Teatro do Algarve para o Teatro Lethes; a formalização da constituição da Rede de Tea-tro do Algarve – a Rede Azul; e o encontro da Rota Ibérica de Tea-tros Históricos (no Teatro Lethes também).

É sobre a Rede de Teatros do Algarve que resolvemos centrar este artigo, ainda que todos se-jam como se disse eventos a evi-denciar no panorama cultural regional.

Nos últimos anos foi efectu-ado um grande esforço de in-vestimento das autarquias na construção, na recuperação e na adaptação de cine teatros e de outros equipamentos cultu-rais destinados à apresentação e produção de espectáculos. A pro-posta de criação de redes no con-texto cultural não é nova, nem recente, mas é fundamental ao desenvolvimento de políticas e estratégias culturais.

O desenvolvimento de par-cerias e de redes de cooperação pode ser uma forma de ultra-passar a ausência de reformas institucionais maiores ou da

produção de reformas de enqua-dramento legal. Nem sempre os procedimentos formais e legais dão resposta às necessidades lo-cais das instituições, ou acompa-nham as dinâmicas de criativida-de dos territórios. E por vezes, as condicionantes legais conduzem mesmo à definição de novas fór-mulas e organizações para que consigam dar resposta a essas necessidades emergentes.

As redes podem ser a resposta para os actuais desafios e podem assumir-se como fundamentais nos processos de implementa-ção de estratégias de mudança e de inovação.

Um dos estudos disponíveis sobre redes culturais fala-nos so-bre o modelo de funcionamen-to das redes e refere como é im-portante que articulem entre si o trabalho que desenvolvem, para que melhor estabeleçam uma efectiva cooperação institucional (Manuel Gama, 2012. “Cultura de Redes Culturais: o Estado nas redes do Estado”, VIII Congresso Português de Sociologia. Univer-sidade do Minho, pp. 2-13).

A consolidação e a sustenta-bilidade das redes deve ser uma preocupação desde o primeiro momento, sob pena de aos olhos das outras organizações cresce-rem com uma dinâmica de pro-tagonismo que possa pôr em causa a sua continuidade.

A ligação com as restantes instituições e agentes culturais deve ser constante e em bene-

fício da comunidade.Os teatros e cine teatros chega-

ram a ter uma proposta de cria-ção de rede prevista pela política pública para a área da cultura, tal como, a rede de bibliotecas, a rede de arquivos e a rede de museus, entre outros, que asso-ciados ao programa de criação e reabilitação das infra estrutu-ras criariam financiamento à sua programação. Não aconteceu assim e os teatros e cine teatros têm assistido a grandes oscila-ções nos seus orçamentos e es-truturas organizativas.

Outras redes têm emergido, umas mais associadas a práticas de marketing, outras mais asso-ciadas a redes de programação (ex. da ArtemRede). O conceito de rede aqui proposto assume

uma lógica de grande interesse para o Algarve e será certamente uma oportunidade e um ponto de partida para estreitar a coo-peração intermunicipal e intra regional.

Este projecto, que tem dado os seus passos de forma mais consistente desde Fevereiro de 2014, foi apresentado à Direcção Regional de Cultura do Algarve em meados de 2015, tendo des-de logo sido acolhido com gran-de entusiasmo e com o apoio directo ao projecto de criação artística associado.

Como pilares principais a destacar nos benefícios que lhe estão associados, destacaria: a definição de uma estratégia co-laborativa, sistémica e integrada; a intensificação do diálogo inter-

municipal; o estabelecimento de parcerias e fortalecimento da dinâmica de redes, criando oportunidades de circulação ar-tística; a possibilidade de avaliar e monitorizar em conjunto as acções públicas desenvolvidas; o desenvolvimento e a promo-ção de projectos comuns de educação e criação artística; a partilha de oportunidades de formação; e finalmente a ren-tabilização dos investimentos efectuados nos espaços e em equipamentos.

A Rede Azul será com o nos-so esforço conjunto um efectivo projecto de cooperação cultural e, certamente, irá promover o desenvolvimento e a capacita-ção das comunidades dos terri-tórios concelhios envolvidos. O Algarve necessita de ter esta voz de união em torno da cultura.

Os teatros e os demais equipa-mentos culturais envolvidos dos 11 municípios que a rede inclui (Albufeira, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão, Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira e Vila Real de Santo António) serão pó-los dinamizadores e promotores de arte e de cidadania.

Escreve-se assim uma nova página no teatro do Algarve, que se espera venha a ser uma história longa e repleta de mo-mentos felizes.

Alexandra Rodrigues GonçalvesDireção Regional

de Cultura do Algarve

Editorial Missão Cultura

Direção Regionalde Cultura do Algarve

“REGENERAÇÃO”De 23 JAN a 9 ABR | Centro Cultural de LagosExposição de pintura de Clotilde. Entre 1964 a 1975, como artista plástica, executou várias obras em ce-râmica para várias instituições. Expõe regularmente desde 1984

“MESA AJUDADA”Até 29 JAN | Pólo Museológico da Água - QuerençaDurante 12 dias, 12 pessoas, entre elas artistas e artesãos escoceses e portugueses, trabalharam em conjunto na preparação de uma refeição e de tudo o que a compõe

drcalg

Teatro Lethes, em Faro

A actuação em rede nos mais variados campos de vida tem ganho expressão assinalável e especial desenvolvimento des-de o início dos tempos de crise e contingências orçamentais, como uma das formas de dar resposta às necessidades sem que para atingir os objectivos cada entidade tenha sozinha de desenvolver todo o esforço para cumprir um determinado desi-derato.

Na região algumas experi-ências neste campo, em que a aposta está na criação de siner-gias, têm dado provas das vanta-gens deste tipo de actuação, pese embora as fortes resistências que sempre existem às acções conjuntas que diminuem - apa-raentemente - protagonismos e poderes instalados.

A criação da Rede de Museus do Algarve foi destes esforços um dos que marcou os últimos anos na região, tendo estado entre os frutos deste trabalho em rede dos museus regionais a notável exposição Algarve do Reino à Região.

Muito embora este trabalho tenha sido de grande notorieda-de, a Rede de Museus do Algarve parece estar actualmennte apa-gada de sobremaneira no que toca a actividade pública, algo que indicia que uma boa ideia não subsiste por si mesma, re-querendo para que vingue um esforço contínuo.

É exactamente este desafio que se coloca agora à recente-mente criada Rede de Teatros do Algarve - AZUL, esperando que cumpra o objectivo de através de uma plataforma informal po-der ser palco do desenvolvimen-to cultural e de uma programa-ção mais viva e concertada, ao mesmo tempo que se espera possa ser motor de mais e me-lhor criação artística na região.

Sinergias: teatro em rede

Ricardo [email protected]

Universidade Sénior de Moncarapacho

A Universidade Sénior de Mon-carapacho (USM), iniciativa da Casa do Povo de Olhão, entrou no segundo ano letivo e conta

com 17 professores e cerca de 60 alunos, nas disciplinas de Portu-guês, Português para Estrangei-ros, Inglês, Francês, História de Portugal, Sociedade e Cidadania, Cultura Geral, Psicologia, Saúde/Biologia, Artes Manuais, Música, Reciclagem de Materiais, Teatro e Informática.

O objetivo da Universidade é dinamizar e tornar os dias mais ativos dentro da classe sénior, promovendo atividades de de-senvolvimento físico e intelectu-

al e como tal pretende contribuir para a atualização do conheci-mento, transmitindo-o numa linguagem acessível a todos, pro-curando destacar a experiência adquirida pelos alunos durante as suas atividades profissionais.

A USM é membro da RUTIS (Associação Rede Universitária da Terceira Idade), uma instituição de utilidade pública representati-va das universidades para a tercei-ra idade, também denominadas universidades seniores.

A Casa do Povo de Olhão conta com quase dois mil sócios, sendo um exemplo de envolvimento, cidadania, e um pólo de atração das suas gentes e de toda a vizi-nhança, desenvolvendo diversas atividades para a população em geral, com as mais diversificadas aulas, como a defesa pessoal, pi-lates, dança escocesa ou zumba.

Trata-se de um trabalho que é alimentado pelo sonho de uma equipa e do voluntariado de mui-tos sócios.

Juventude, artes e ideias

Jady Batista Editora do Jornal J

d.r.

Aula de Ginástica 'Vida com Ritmo'

Page 15: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

15.01.2016  3

Grande ecrã

Cineclube de Tavira luta pela continuidade

Por pura coincidência, os filmes programados para este mês de Janeiro foram todos classificados para maiores de 14 ou 16 anos. Não é que isso significa grande coisa… Des-de há quase 17 anos, o nos-so público já está habituado a ver filmes que provocam uma reflexão sobre a nossa própria vida e a dos que nos rodeiam.

Este mês há uma excepção: O Que Fazemos nas Sombras. Trata-se da comédia e pri-meira longa metragem do jo-vem neozelandês Taika Wai-titi (realizador da bela curta Tama tu), que entretanto já completou o seu novo filme: Hunt for the Wilderpeople.

Há sinais que a nossa asso-ciação poderá entrar num pe-ríodo indefinido de suspen-são de actividades a partir do final do mês de Fevereiro. Não por questões financeiras

mas por razões de falta de in-teresse e empenho dos sócios para dar continuidade a este projecto. Portanto, aqui vai mais um apelo: se conhece-rem alguém com paixão pelo

cinema de qualidade, com energia e dedicação (e tem-po livre, claro), por favor con-tactem connosco já a seguir! Obrigado e até breve!

Cineclube de Tavira

Até final de Fevereiro ainda há cineclube em Tavira

fotos: d.r.

Espaço AGECAL

A vila de São Brás de Alportel fica situada no barrocal algarvio, tem a particularidade de estar situada ao pé da Serra do Caldeirão, serra esta que é dominada pelo sobreiro. Esta floresta que cobre toda a Ser-ra do Caldeirão aumentou a partir dos anos 60, quando o declínio do rendimento agrícola provocou o progressivo abandono da terra e o despovoamento da Serra. Seguiu--se um período de recuperação das áreas de matos e matagais e de re-povoamento florestal, que condu-ziu à paisagem atual marcada pela grande extensão de sobreirais.

A indústria da cortiça sofreu um grande crescimento no Algarve, particularmente em S. Brás de Al-portel a partir do século XIX. Entre 1850 e 1900 existiam 143 fábricas de preparação e transformação

com cerca de três mil postos de trabalho. De facto, fontes distintas apontam para S. Brás de Alportel e para Silves, datas quase coinciden-tes (1861 e 1862) como as do início da comercialização e transformação da cortiça em grande escala. Nesta altura São Brás de Alportel tornou--se um importante centro comer-cial e suplantava Silves na explora-ção comercial e na transformação da cortiça. Durante este período a vila acolheu vários operários ro-lheiros de Silves, Faro, Armação de Pêra, Querença, Portimão, Barão de São João, Lagos e Marmelete, que contribuíram para dinamizar a in-dústria corticeira são-brasense. As últimas décadas do século XIX fo-ram a “era dourada” de São Brás de Alportel devido ao florescimento da indústria e comércio da cortiça. Assistiu-se a par de um notório de-senvolvimento comercial a um cres-cimento demográfico que foi único na história deste concelho. Fontes históricas apontam para a existên-cia na década de 1890 de cerca de cem fábricas a laborar.

O período de 1905 a 1910 foi marcado por várias greves da in-dústria corticeira do Algarve. Por outro lado, os proprietários de fá-bricas e de oficinas exigiram ao Go-

verno a concessão de empréstimos financeiros melhores para poderem modernizar as fábricas e adquirir maquinaria mais competitiva, po-rém, o Governo nunca deu resposta favorável aos seus pedidos. O poder da economia da população estava a desaparecer, foram só alguns in-dustriais que conseguiram vencer a crise. Toda esta crise estava a afetar a indústria corticeira no Algarve, e

muitos foram os operários que não conseguiram estabilizar a sua situa-ção profissional na região algarvia e migraram para outras zonas do país (a margem sul do Tejo foi das zonas mais escolhidas).

Todo este negócio da cortiça não foi só modificado pelas crises que surgiram ao longo dos anos, mas também pelo aparecimento de má-quinas que foram substituindo a

mão-de-obra. Um bom exemplo foi o aparecimento da “garlopa”, que tinha como principal objetivo fazer rolhas, e contribuiu para o desem-prego. A rolha manual deu lugar a máquina, e as fábricas começaram a diminuir progressivamente o nú-mero de operários.

Com a 2ª Guerra Mundial, houve novamente a saída de alguns indus-triais corticeiros para outros países, e os operários acompanharam os seus patrões. O assentamento da in-dústria de preparação de prancha em São Brás de Alportel e a trans-formação em Faro e Silves tem a ver em muito com a situação geográ-fica das localidades. Na localidade de São Brás de Alportel foi interes-se da produção suberícola, situada no barrocal algarvio, designada a produtora da melhor cortiça do mundo.

Muita da cortiça ainda nos tem-pos de hoje vem do Alentejo, por-que a Serra do Caldeirão onde está a maior parte dos sobreiros tem vindo a sofrer com a seca, a doença e os fogos, que estão a causar pro-blemas no sector corticeiro. Hoje apenas cinco fábricas estão a labo-rar em São Brás de Alportel, uma de transformação e as restantes de preparação.

A indústria corticeira em São Brás de Alportel

Ricardo GuerreiroMestre em Gestão e Valorizaçãodo Património Histórico e CulturalIndustrial

d.r.

Serra do Caldeirão é dominada pelo sobreiro

15.01.2016  3Cultura.Sul

Grande ecrã

Cineclube de TaviraProgramação: www.cineclubetavira.com281 971 546 | [email protected]

SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO AN-TÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORAS

16 JAN | CLOUDS OF SILS MARIA (AS NU-VENS DE SILS MARIA), Olivier Assayas – Fr/Sui/Alem/E.U.A./B 2014 (124’) M/14

21 JAN | KREUZWEG (ESTAÇÕES DA CRUZ), Dietrick Brüggeman – Alemanha 2014 (107’) M/1628 JAN | WHAT WE DO IN THE SHADO-WS (O QUE FAZEMOS NAS SOMBRAS), Taika Waititi e Jemaine Clement – Nova Zelândia/E.U.A. 2014 (86’) M/14

Até final de Fevereiro ainda há cineclube em Tavira

fotos: d.r.

Cineclube de Faro Programação: cineclubefaro.blogspot.pt

CICLO ODISSEIAS FAMILIARES | IPDJ | 21.30 HORAS

19 JAN | CORAÇÃO DE CÃO, Laurie Ander-son, EUA, 2015, 75’

TMF, co-produção Cineclube de Faro e USA – União Sónica do Algarve29 JAN | ESTREIA NACIONAL DO FILME A LONG WAY TO NOWHERE – THE PA-RKINSONS STORY, Caroline Richards, In-glaterra, 2015, 98’ Presença do realizador e da banda

OS MAL AMADOS | SEDE | 21.30 HORAS | ENTRADA LIVRE21 JAN | PACTO DE SANGUE, Lina Wer-muller, Itália, 197828 JAN | O CAÇADOR, Michael Cimino, EUA, 197

Espaço AGECAL

A vila de São Brás de Alportel fica situada no barrocal algarvio, tem a particularidade de estar situada ao pé da Serra do Caldeirão, serra esta que é dominada pelo sobreiro. Esta floresta que cobre toda a Ser-ra do Caldeirão aumentou a partir dos anos 60, quando o declínio do rendimento agrícola provocou o progressivo abandono da terra e o despovoamento da Serra. Seguiu--se um período de recuperação das áreas de matos e matagais e de re-povoamento florestal, que condu-ziu à paisagem atual marcada pela grande extensão de sobreirais.

A indústria da cortiça sofreu um grande crescimento no Algarve, particularmente em S. Brás de Al-portel a partir do século XIX. Entre 1850 e 1900 existiam 143 fábricas de preparação e transformação

com cerca de três mil postos de trabalho. De facto, fontes distintas apontam para S. Brás de Alportel e para Silves, datas quase coinciden-tes (1861 e 1862) como as do início da comercialização e transformação da cortiça em grande escala. Nesta altura São Brás de Alportel tornou--se um importante centro comer-cial e suplantava Silves na explora-ção comercial e na transformação da cortiça. Durante este período a vila acolheu vários operários ro-lheiros de Silves, Faro, Armação de Pêra, Querença, Portimão, Barão de São João, Lagos e Marmelete, que contribuíram para dinamizar a in-dústria corticeira são-brasense. As últimas décadas do século XIX fo-ram a “era dourada” de São Brás de Alportel devido ao florescimento da indústria e comércio da cortiça. Assistiu-se a par de um notório de-senvolvimento comercial a um cres-cimento demográfico que foi único na história deste concelho. Fontes históricas apontam para a existên-cia na década de 1890 de cerca de cem fábricas a laborar.

O período de 1905 a 1910 foi marcado por várias greves da in-dústria corticeira do Algarve. Por outro lado, os proprietários de fá-bricas e de oficinas exigiram ao Go-

verno a concessão de empréstimos financeiros melhores para poderem modernizar as fábricas e adquirir maquinaria mais competitiva, po-rém, o Governo nunca deu resposta favorável aos seus pedidos. O poder da economia da população estava a desaparecer, foram só alguns in-dustriais que conseguiram vencer a crise. Toda esta crise estava a afetar a indústria corticeira no Algarve, e

muitos foram os operários que não conseguiram estabilizar a sua situa-ção profissional na região algarvia e migraram para outras zonas do país (a margem sul do Tejo foi das zonas mais escolhidas).

Todo este negócio da cortiça não foi só modificado pelas crises que surgiram ao longo dos anos, mas também pelo aparecimento de má-quinas que foram substituindo a

mão-de-obra. Um bom exemplo foi o aparecimento da “garlopa”, que tinha como principal objetivo fazer rolhas, e contribuiu para o desem-prego. A rolha manual deu lugar a máquina, e as fábricas começaram a diminuir progressivamente o nú-mero de operários.

Com a 2ª Guerra Mundial, houve novamente a saída de alguns indus-triais corticeiros para outros países, e os operários acompanharam os seus patrões. O assentamento da in-dústria de preparação de prancha em São Brás de Alportel e a trans-formação em Faro e Silves tem a ver em muito com a situação geográ-fica das localidades. Na localidade de São Brás de Alportel foi interes-se da produção suberícola, situada no barrocal algarvio, designada a produtora da melhor cortiça do mundo.

Muita da cortiça ainda nos tem-pos de hoje vem do Alentejo, por-que a Serra do Caldeirão onde está a maior parte dos sobreiros tem vindo a sofrer com a seca, a doença e os fogos, que estão a causar pro-blemas no sector corticeiro. Hoje apenas cinco fábricas estão a labo-rar em São Brás de Alportel, uma de transformação e as restantes de preparação.

A indústria corticeira em São Brás de Alportel

Ricardo GuerreiroMestre em Gestão e Valorizaçãodo Património Histórico e CulturalIndustrial

d.r.

A Serra do Caldeirão é dominada pelo sobreiro

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Letras e Leituras

Jonathan Franzen e a Pureza de ser

Paulo SerraInvestigador da UAlgassociado ao CLEPUL

fotos: d.r.

Jonathan Franzen é um conhecido romancista norte-americano

Purity é o último romance de Jonathan Franzen

15.01.2016 4 15.01.2016 4 Cultura.Sul

Letras e Leituras

Jonathan Franzen e a Pureza de ser

Purity é o último romance de Jonathan Franzen, e mais uma vez, à semelhança dos anteriores Correcções e Liber-dade, é uma obra de grande fôlego, um livro denso, exten-so (quase 700 páginas), mas que não se consegue pousar. Apesar dos seus títulos sim-ples e sonantes, de uma só palavra, e apesar da prosa flu-ída e directa, as suas obras são polifónicas e centram-se em questões complexas e actuais (sem temer abordar questões políticas), à excepção de A zona de desconforto, em que o autor tece uma narrativa mais confessional, em jeito de auto-biografia.

Correcções não foi o pri-meiro romance de Jonathan Franzen, apesar de ter sido o primeiro traduzido e publica-do entre nós, mas foi aquele que o catapultou para o es-trelato literário, tendo ganho o National Book Award em 2001, tendo sido considerado o grande romance do século e

feito de Jonathan Franzen um dos mais importantes autores da atualidade. Narrando a his-tória de uma família aparente-mente banal, o autor tece um retrato vívido da sociedade norte americana em finais dos anos 90, com momentos de genuíno humor. O autor escre-ve de forma ligeira, mas sem por isso descurar a elegância, a partir de perspectivas múl-tiplas e narradas na primeira pessoa, na própria voz de cada uma das personagens, seguin-do o fluxo de consciência de cada um, o que torna a leitura do romance fácil e quase fre-nética, pois apesar de extenso é difícil pousá-lo.

Liberdade é mais uma vez um retrato tragicómico de família, também ele constru-ído a partir de pontos de vista vários, focando-se desta vez em Patty e Walter Berglund, a mulher perfeita e o advogado ambientalista, com uma bela casa nos subúrbios, um casal aburguesado, com preocupa-ções ecológicas e vanguardis-tas, que vê a sua família des-membrar-se face aos riscos da liberdade e do desejo, quando ambos atingem a meia-idade e de alguma forma dão por si a libertar-se das amarras das convenções e do que se espe-ra deles.

Purity, o seu mais recente romance, publicado à seme-lhança dos anteriores pelas

Publicações Dom Quixote em setembro de 2015, quebra a tradição na medida em que segue a história de uma jovem recém-licenciada, Purity Tyler e das várias pessoas que, sem ela própria saber, compõem a sua vida. Purity inova, em rela-ção aos anteriores romances, na medida em que a trama é construída em torno de um mistério que se vai desvelan-do aos poucos, a partir, mais uma vez, de perspectivas múl-tiplas de cinco personagens, mas que desta vez não estão ligadas entre si, pelo menos não todas, por laços de pa-rentesco, e pela forma como se estabelecem várias analep-ses, pois o passado, por muitas décadas que tenham passado, continua a afetar diretamente o presente e o íntimo de algu-mas das personagens, condu-zindo cada uma das suas ações e motivações. E além de exis-tir um segredo no cerne des-ta obra há também um crime que é revelado e que, apesar da natureza nefasta do ato, é aliás o que acaba por unir as várias personagens da obra. Apesar de uma primeira par-te aparentemente banal, em que seguimos os dilemas de uma jovem aparentemente normal, uma jovém licen-ciada cujas principais pre-ocupações são pagar a dí-vida contraída para poder completar o seu curso, a sua desorientação em re-lação ao seu futuro profis-sional e a sua paixão por um homem casado que vive na casa onde ela alu-gou um quarto. Mas Pip é também uma jovem que cresceu sob a alça-da de uma mãe super-protetora e que acalen-

ta descobrir, e aqui sim Purity aproxima-se mais da extraor-dinariedade, quem é o seu pai, bem como desvendar a verda-deira identidade da sua mãe. Pip é uma jovem que num primeiro encontro com um rapaz, que convida até ao seu quarto, e com quem se pre-para para ter relações sexuais quando subitamente se aper-cebe que tem de sair do quarto para conseguir um preservati-vo, mas acaba por ser (in)vo-luntariamente retida por outra inquilina da casa, Annagret, uma jovem alemã que a quer recrutar para o Projeto Luz So-lar (organização semelhante à WikiLeaks), e que quando vol-ta ao quarto apercebe-se que ele esteve a trocar mensagens com um amigo sobre ela.

E aqui começam as várias implicações de uma história, como se referiu anteriomente, aparentemente simples. Purity

recusa o nome que a mãe lhe deu, com toda a sua sobrecar-ga emocional e ética, e adopta a alcunha de Pip. Mas Pip é um nome que na sua ressonân-cia ecoa essa personagem de Charles Dickens, de Grandes Esperanças, um jovem pobre que vê a sua vida transforma-da, ao ser-lhe dada a possibili-dade de deixar as suas origens humildes e prosseguir estudos que lhe permitem, mais tarde, iniciar uma carreira digna, em virtude da proteção de um misterioso benfeitor, só reve-lado no final, num tremendo volteface ficcional. Os livros referidos de Jonanthan Fran-zen, curiosamente, focam-se quase sempre em mães cujo amor raia o controlo excessivo, o que conduz ainda a chanta-gens emocionais e a conflitos tremendos entre as mães e os filhos ou filhas. Jonathan Fran-zen referiu, aliás, em entrevista

que a sua mãe era uma pessoa com problemas, o que o levou a tentar sempre colocar-se na pele dela, de forma a saber como lhe agradar. Por último, com a questão da troca de mensagens, e a forma como elas são apresentadas grafica-mente, na página, com o pró-prio formato típico de men-sagens entre smartphones, entramos na questão central do romance: a falta de priva-cidade da nossa era pós-mo-derna, o conflito permanente entre a esfera do público e do privado, dada a comunicação virtual frenética de hoje; a fal-ta de integridade, apesar da necessidade de transparência imposta pelas redes sociais que nos identificam, que nos situam no espaço (onde recen-temente já tem acontecido as empresas procederem a des-pedimentos com justa causa por detetarem quebras de con-fidencialidade ou de conduta profissional por parte dos seus funcionários, através daquilo que partilham publicamente nas suas redes sociais entre amigos e conhecidos, mas que está, na verdade, ao alcance de todos); em suma, a forma como a vida ao abrigo da in-ternet, que tanto nos aproxima e agiliza enquanto seres sociais, se aproxima afinal do totalita-rismo controlador e repressivo de regimes como o da Alema-nha de Leste, na medida em que nada é privado, em que a geração de jovens parece que-rer seguir cegamente as massas, em que até o trabalho pessoal de artistas pode ser acedido li-vremente e de forma gratuita (como a luz solar que dá nome ao Projeto), numa ótica próxi-ma do socialismo.

Este é um romance cuja simplicidade e aparente des-centralidade ou desunião entre os temas e as perso-nagens é apenas enganado-ra, pois afinal quem sabe se esta escrita mais próxima do normal, do quotidiano, numa prosa transparente, pura, simples, sem grandes ambições de estilo, não é justamente uma forma de re-tratar mais fielmente a reali-dade, o que tem sido, afinal, o intuito deste escritor de 56 anos de idade, que surgiu na capa da revista Time (o que não acontecia com um au-tor vivo há dez anos) e que ainda antes dos seus 40 anos foi celebrado como um dos grandes romancistas norte--americanos.

Paulo SerraInvestigador da UAlgassociado ao CLEPUL

fotos: d.r.

Jonathan Franzen é um conhecido romancista norte-americano

Purity é o último romance de Jonathan Franzen

Page 17: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

15.01.2016  5

Panorâmica

Charolas de Bordeira: a tradição pagã e única de recepção ao Ano Novo

A recepção ao Novo Ano faz-se um pouco por todo o Algarve e pelo país com, entre outras tradições, canta-res, assumindo a forma de janeiras ou charolas, numa tradição de sécu-los assente essencialmente na trans-missão oral de carácter religioso, mais ou menos marcado.

Mas as charolas de Bordeira são únicas, diversas de todas as outras da região, pelo seu carácter pagão, manifestação rural de traço popular que, não segue a tradição de cantar ao Menino (Jesus), mas antes se fixa nas cantigas de amizade e alegria e nas vivas, quadras improvisadas com cariz - mais ou menos sublinhado - de crítica social.

É ao som do acordeão, das casta-nholas e pandeiretas, dos ferrinhos e mesmo, algumas vezes, da guitar-ra, do clarinete e do saxofone, que se celebra o novo ano de forma co-munitária por terras de Bordeira, em Santa Bárbara de Nexe, conce-lho de Faro.

O Dia de Reis foi a data escolhida pelo Cultura.Sul para ouvir as cha-rolas em Bordeira, num espírito de convívio que arrasta largas cente-nas de pessoas à pequena localida-de. Por esta altura, novos e menos novos percorrem as ruas e os cafés ou o espaço frente ao palco do ‘En-contro de Charolas’ para não per-derem pitada das vivas que marcam sobremaneira esta tradição.

São as quadras de suposto im-proviso que são a marca indelével das charolas bordeirenses. Carrega-das de crítica social e picardias, as vivas são por excelência o vínculo mais forte desta tradição à comu-nidade e o momento mais espera-do nas actuações de cada uma das várias colectividades dedicadas às charolas.

O humor é a palavra de ordem nestas quadras que passam em re-vista a estória de Bordeira e das suas gentes, os seus defeitos e qualidades e que tudo usam para trazer ao patamar da brincadei-ra e do riso as ‘menoridades’ de cada um dos bordeirenses e das personagens mais conhecidas da localidade.

Também a crítica política local se faz nestas vivas, assim como a

social, de forma prazerosa, arran-cando as palmas e as gragalhadas gerais, numa verdadeira ode ao

senso de humor e à capacidade de encaixe dos visados face às críticas de que são alvo.

O silvo do apito

É ao som de um silvo do apito do

começador que a charola se inicia, é deste ‘mestre’ da arte do canto e do improviso que depende todo o andamento, desde o início da mú-sica à entrada das vivas.

Ao entrarem em palco, ou num dos vários cafés de Bordeira, para apresentarem a sua actuação a vi-zinhos e visitantes que enchem os espaços de apresentação até ao li-mite, as charolas iniciam a perfor-mance com a marcha de entrada, a que se segue o estilo pela voz do começador, dedicando quadras aos convivas e amigos, à alegria , à tra-dição e às histórias e passado.

Depois é a vez das vivas, ditas por membros das charolas e pela assistência onde sempre estão im-provisadores de créditos firmados na arte de versar em quadra e em jeito de animada provocação e crí-tica social e política.

Por fim, ao som da marcha de saída, é tempo de levar a charola à ‘paragem seguinte’, numa verda-deira romaria por todos os espaços públicos de Bordeira, em nome de uma forma de estar e de ser típi-cas e que teimam - felizmente - em manterem-se vivas e de boa saúde.

Uma tradição que é muito mais do que música e animação

As charolas são mais do que mú-sica, tradição, crítica e picardia. Em Bordeira sente-se o pulsar de uma forma arreigada de ser e de estar na vida, uma verdadeira galhardia no saber versar e encontrar a pala-vra certa para criticar.

Há garbo no rosto de quem can-ta e no tom com que se soltam as quadras, atiradas para o meio da roda com o coração amigo que ‘tudo’ aceita e compreende. Das críticas feitas de forma aligeirada pela música e pelo tom, o peito de quem as faz não colhe por terras de Bordeira, na verdadeira tradição das charolas, qualquer melindre dos visados.

As charolas são a prova cabal dos fortes laços comunitários que unem os bordeirenses e que fazem desta uma comunidade coesa onde - pese embora as diferenças e di-vergências naturais e costumeiras - a preservação da identidade e do conceito de comunidade têm uma força já rara em muitas aldeias, vi-las e cidades da região e do país.

Afirmada de forma peremptória no Dia de Reis, a identidade bordei-rense, feita música e verso, é assim uma manifestação rara de força po-pular que promete não esmorecer com os muitos herdeiros que nas charolas juvenis fazem já vingar a arte deste verdadeiro ‘rap rural’.

Ricardo ClaroJornalista / [email protected]

A Charola 'Democrata de Bordeira' deu as boas vindas ao Ano Novo

A tradição charoleira assegurada pelos mais novos

A Charola Juvenil de Bordeira, numa animada 'mini actuação' para o Cultura.Sul

O jovem charoleiro bordeirense Pedro Ramos

15.01.2016  5Cultura.Sul

Panorâmica

Charolas de Bordeira: a tradição pagã e única de recepção ao Ano Novo

fotos: ricardo claro

A tradição charoleira assegurada pelos mais novos

Pedro Ramos é aos 11 anos um verdadeiro charoleiro, lado-a-la-do com os 28 membros da Cha-rola Juvenil de Bordeira, a cujos comandos está Marina Martins.

Não foi dos pais que herdou a tradição, antes dos avós, dos tios e da madrinha, como nos conta o jovem começador que faz das castanholas o instrumento de eleição.

Para Pedro as charolas são mui-to mais do que tradição, trata-se

de fazer parte integrante da co-munidade, de participar com os amigos e colegas numa manifes-tação que é um verdadeiro traço de identidade.

Quanto às vivas que entoa, ain-da não as escreve, mas ensaia-as com vigor para que pareçam ver-dadeiro improviso na hora de ac-tuar, escudado na experiência de escritores de mais idade para ga-rantir a verdadeira autenticidade e originalidade das quadras.

Um exemplo apenas dos mui-tos que em Bordeira se podem ver e que garantem a sobrevi-vência da tradição charoleira da localidade.

A alma bordeirense tem vida longa assegurada nos sorrisos dos jovens charoleiros e músi-cos locais que fazem jus à tra-dição centenária de celebrar o novo ano.

Boas notícias a provar que a tradição ainda é o que era.

A Charola Juvenil de Bordeira, numa animada 'mini actuação' para o Cultura.Sul

O jovem charoleiro bordeirense Pedro Ramos

Page 18: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

Artes visuais

Saul Neves de JesusProfessor catedrático da UAlg;Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

AGENDAR

“PINTAR SEM TINTAS… EM CORES”De 20 JAN a 18 MAR | Antigos Paços do Concelho de LagosLena Rita Vansteelant sente-se fascinada por tecidos desde a sua infância. Actualmente, pinta não só com tecidos, mas também com rendas e tules

Imagem da primeira fotografia da história, intitulada “Vista da janela em Gras” (Joseph Niépce, 1826)

d.r.

15.01.2016 6 15.01.2016 6 Cultura.Sul

Artes visuais

Saul Neves de JesusProfessor catedrático da UAlg;Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

AGENDAR

“PINTAR SEM TINTAS… EM CORES”De 20 JAN a 18 MAR | Antigos Paços do Concelho de LagosLena Rita Vansteelant sente-se fascinada por tecidos desde a sua infância. Actualmente, pinta não só com tecidos, mas também com rendas e tules

“CONCERTO DE ANO NOVO”17 JAN | 16.30 | Igreja Matriz de São BrásA Banda Filarmónica de São Brás de Alportel apre-senta um repertório onde se incluem obras origi-nais e adaptadas para Orquestra de Sopros, sem esquecer a tradicional Marcha “Radetzky

A fotografia no desenvolvimento das artes visuais

Imagem da primeira fotografia da história, intitulada “Vista da janela em Gras” (Joseph Niépce, 1826)

d.r.

A origem etimológica de fo-tografia provém do grego fós, que significa luz, e grafê, que significa desenhar, pelo que pode significar desenhar com luz. E é sobretudo isso que a fotografia procura fazer, isto é, através da luz que incide so-bre os objetos do mundo num determinado momento, con-seguir captar esse momento de forma a que fique registado para o futuro, como se de uma memória visual se tratasse. Em termos de definição mais for-mal, por fotografia entende-se a técnica de criação de ima-gens por meio de exposição luminosa, fixando esta numa superfície sensível.

Este processo conheceu uma evolução, tendo contado com diversos contributos, desde a câmara escura, descrita por Della Porta já em 1558, a qual era utilizada por Leonardo da Vinci e outros artistas do século XVI para fazer esboços de pin-turas. Merece também desta-que, o fato de Angelo Sala, em 1604, ter percebido que um composto de prata escurecia ao sol, supondo que seria o calor a produzir esse efeito. No pla-no das descobertas da quími-ca que precederam a fotografia foi muito importante que, em 1724, Johann Schultze, ao re-alizar experiências com ácido nítrico, prata e gesso, tivesse verificado que não era o calor, mas sim a prata halógena con-vertida em prata metálica que provocava o escurecimento.

Todavia, é em 1826 que o químico francês Joseph Ni-épce produz a imagem que é reconhecida como a primeira fotografia da história, intitula-da “Vista da janela em Gras”, suportada numa placa de es-

tanho coberta por um deri-vado de petróleo fotossensí-vel, denominado Betume da Judéia. Ao contrário das an-teriores tentativas de Niépce, esta imagem não desapareceu tendo conseguido ficar com o seu registo. Este processo foi designado como heliografia, significando gravura com a luz do sol. No entanto, eram ne-cessárias cerca de oito horas de exposição à luz solar para concretizar este processo.

Foi Louis Daguerre, que veio a tornar-se sócio de Niépce, que, após o falecimento do primeiro, apresentou um novo processo de revelação, desig-nado por daguerreotipia, em que utilizou vapor de mercú-rio ou iodo no revestimento das placas, em vez de prata, permitindo reduzir significati-vamente o tempo de exposição necessário, pois bastavam al-guns minutos para conseguir o registo da imagem. Além dis-so, Daguerre solucionou o pro-blema da curta durabilidade da imagem formada na chapa depois de revelada, pois con-tinuava sensível à luz do dia. Nesse sentido, descobriu que, mergulhando as chapas reve-ladas numa solução aquecida de sal de cozinha, este tinha um poder fixador, obtendo as-sim uma imagem inalterável.

Para além de ter patentea-do o seu invento em França, em 1835, Daguerre procurou fazê-lo em Inglaterra, mas aqui William Talbot trabalhava já em suportes de papel fotossen-sível, tendo registado o seu ca-lotipo em 1839. O processo de Talbot usava folhas de papel cobertas com cloreto de prata que posteriormente eram co-locadas em contato com outro papel, produzindo a imagem positiva. Este foi o processo que se veio a utilizar daí para a frente, pois também produ-zia um negativo que podia ser reutilizado para produzir vá-rias imagens positivas.

Os anos 30 foram realmente caracterizados por um ambien-te de competição em torno do desenvolvimento do processo de registo fotográfico, tendo ha-vido outros que realizaram estu-

dos nesse sentido. Por exemplo, em 1939 Hippolyte Bayard tam-bém desenvolveu um método de obtenção de uma imagem fotográfica em positivo sobre papel, mas não tornou desde logo pública a sua descoberta.

Além disso, embora habitu-almente sejam enfatizados os trabalhos de Niépce, Daguerre e Talbot, convém salientar que a palavra “photographie” foi proposta por Hércules Floren-ce, francês radicado no Brasil, em 1833, para descrever o seu processo de revelação nitrato de prata, baseado na criação de negativos, tal como Talbot fazia.

A base para a “democratiza-ção” da fotografia estava lança-da e daí em diante a evolução das técnicas e do equipamento fotográfico nunca mais parou. Nomeadamente, em 1861 foi feita a primeira fotografia co-lorida da história, tirada por James Maxwell, conforme já anteriormente referimos.

No final do século XIX ocorre a popularização da fotografia, tendo sido essen-cial o contributo de George Eastman, fundador da Kodak, nos EUA, com a introdução no mercado da câmara tipo “caixão” e pelo rolo substituí-vel ou filme fotográfico, em 1888. Este é constituído por uma base plástica, geralmente triacetato de celulose, flexível

e transparente, sobre a qual é depositada uma emulsão fo-tográfica. Esta é formada por uma fina camada de gelatina que contém cristais de sais de prata, sensíveis à luz que che-ga a ela através da lente da câmara. Esta popularidade le-vou a que muitos intelectuais e artistas ainda no século XIX vaticinassem o fim da pintura, pois permitia a multiplicação de uma única imagem e a re-presentação muito realista dos objetos, de forma mais rápida, a custos reduzidos e a que to-dos poderiam ter acesso.

No entanto, enquanto a pin-tura continuava a ser encarada como arte, a fotografia não ob-teve desde logo esse estatuto, por ser um processo mecânico que captava imagens através de fenómenos físico-quími-cos. Os fotógrafos eram vis-tos com técnicos e não como artistas. No seu livro “O acto fotográfico” (1992), Philippe Dubois considera ter havido uma polarização que atribuía à pintura as funções de arte e imaginação, enquanto a foto-grafia seria responsável pelo documentário e focalizada no conteúdo concreto.

O “ambiente” era de algu-ma tensão e mesmo de opo-sição entre os pintores e os fotógrafos. Assim, enquanto os fotógrafos valorizavam o

potencial da fotografia, che-gando Lamertine a conside-rar que “a fotografia, mais do que uma arte, é um fenómeno solar, em que o artista colabo-ra com o sol”, ao contrário o posicionamento dos pintores foi claramente negativo, tendo Vlaminck referido “odiamos tudo o que tem a ver com a fotografia” e Delaroche feito o conhecido comentário, no ano em que a fotografia foi inventada: “a partir de hoje, a pintura está morta”.

Não tendo provocado a morte da pintura, a fotografia veio influenciar o desenvol-vimento desta. Tinha deixa-do de fazer sentido à pintura limitar-se a tentar reproduzir a realidade, pelo que se liber-tou dessa condição e evoluiu no sentido de novas formas de expressão que fizessem mais apelo à criatividade, do que à mera reprodução do real observável, e as técnicas pictóricas mais fluídas, livres e espontâneas. O próprio Gus-tave Courbet, considerado o fundador do Movimento Rea-lista, apontava para o facto de a invenção da fotografia ter le-vado à mudança da arte reali-zada através da pintura, mas, ao contrário de Delaroche, considerava positiva a relação que se poderia estabelecer en-tre ambas. É curioso que várias

pinturas feitas por Courbet nos anos 50, do século XIX, vieram a ser “traduzidas” na forma de fotografia por Villeneuve e Au-gust Belloc na mesma época, mostrando a proximidade que havia nalguns casos entre a pintura e a fotografia, bem como a tentativa de inspiração e apropriação por parte da fo-tografia de temas usualmente tratados através da pintura. Por seu turno, vários pinto-res recolhiam fotografias de paisagens e de modelos para poderem depois pintar no conforto dos seus ateliês. Por exemplo, Bierstadt, Courbet e Manet consideravam as fotos como um bom suporte para pintar paisagens, não sendo necessário que o pintor con-dicionasse o seu trabalho às condições climatéricas, e por seu turno Delacroix usava fo-tos para o estudo de poses difíceis de manter. O próprio Picasso utilizava a máquina fo-tográfica para documentar o ambiente que o rodeava, sen-do por vezes as fotos uma fon-te de inspiração para os seus quadros (Gantefuhrer-Trier, 2005). No entanto, embora começando a ser reconhecida a utilidade da fotografia pelos pintores, esta parecia sempre como não pertencendo ao do-mínio das artes.

Em síntese, o surgimento da fotografia, inicialmente visto como um problema por alguns pintores, paradoxal-mente foi talvez o principal fator que contribuiu para o desenvolvimento da pintura, com uma importância fun-damental para a transição da pintura clássica para a pintura moderna (Stremmel, 2005). O impressionismo do final do sé-culo XIX marcou essa transição, ao procurar que a pintura ex-pressasse mais as “impressões” da realidade, do que a reprodu-ção da realidade que poderia ser obtida através da fotografia.

Nota: Este artigo integra o livro “Construção de um percurso multidisciplinar,

integrativo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves

de Jesus ([email protected])

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15.01.2016  7

Momento

"Charolas de Bordeira"

Foto de Ricardo Claro

Espaço ALFA

Fotografia comunicação e memória

15.01.2016  7Cultura.Sul

Momento

Foto de Ricardo Claro

Espaço ALFA

A fotografia é, sem dúvida, uma for-ma de arte e de comunicar, seja através da mensagem que a imagem direta-mente transmite, seja pelo que subli-minarmente nos poderá transmitir.

A fotografia é presente e é memória futura, uma vez que nos pode dar uma imagem no imediato mas também e es-sencialmente nos ajuda posteriormen-te a perceber ou a recordar momentos essenciais, da história, das experiências positivas e negativas, da felicidade, do prazer, do evoluir da vida e na vida.

Para nós fotógrafos, cada fotografia conta-nos não só a história dessa ima-gem fotográfica, mas também todos os passos e as razões que nos levaram até ao premir do obturador e obter o resultado final. Quantas vezes, para ob-termos “aquela” foto, nos levantámos bem de madrugada, passámos fome, ficámos ensopados, percorremos qui-lómetros sem fim, ficámos atolados na

lama, fomos insultados, perseguidos, vaiados, compensados com sorrisos, acarinhados, enfim, cada foto contém um imenso percurso, umas vezes mais feliz, outras nem tanto, mas que ao ser recordado nos deixa sempre com um sorriso de satisfação nos lábios, porque

nos faz perceber melhor as pessoas, a natureza, o universo e a razão porque gostamos de fotografar.

A fotografia tem a capacidade de levar o desconhecido ou de redese-nhar o conhecido a todos que a ela tenham acesso, sejam as desgraças

dos povos ou as suas felicidades, as mortes ou o desabrochar da vida, as belezas e os horrores.

A fotografia é uma forma de ex-pressão, de arte, de comunicação, de explosão, de cor, de prazer ou de dor, de história, de ciência, de real

e até de irreal.

P.S. - A ALFA elegeu novos corpos ge-rentes em novembro, com um novo pro-grama, uma nova dinâmica e com toda a disponibilidade e vontade para promover a fotografia e os fotógrafos. Junta-te a nós.

Membro da ALFA

Page 20: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

Maiorias/minorias: um questionamento e desafio permanentes na área cultural

Sala de leitura

foto: dariusz klimczak

15.01.2016 8 15.01.2016 8 Cultura.Sul

Maiorias/minorias: um questionamento e desafio permanentes na área cultural

Das tentadoras maiorias às esquecidas minorias na Cultura

Sala de leitura

foto: dariusz klimczak

“Uma parte de mim é mul-tidão, outra parte estranheza e solidão”, escreveu o poeta brasileiro Ferreira Gullar. Sob esta dupla (e complexa) con-dição, revisito a visão de Gilles Lipovetsky sobre o nosso tem-po, quando introduz o concei-to de “cultura-mundo” como seu denominador comum, o qual se materializa em dois movimentos fundamentais: aproximando as sociedades, as multidões, isto pela abun-dância das mesmas marcas, produtos idênticos, modos de estar e estilos de vida similares; e, paralelamente, contribuindo para uma profunda diversifica-ção dos indivíduos.

“O colectivo assemelha-se, mas o indivíduo diferencia-se nesse colectivo.” É a aceleração do individualismo, que cria as-sim uma maior pluralidade e heterogeneidade de gostos e comportamentos. Daí advêm, ainda segundo Lipovetsky, dois paradoxos: hoje vive-se me-nos bem, mas vive-se melhor, isto porque, não obstante ha-ver condições materiais mais favoráveis (e de o indivíduo privilegiar, em grande medi-da, a satisfação imediata), há mais medo, falta de esperança e ansiedade relativamente ao futuro; e a ideia de que se co-munica mais mas, simultanea-mente, de que há um crescente sentimento de solidão.

Junta-se a este cenário a ten-dência para “ler” a realidade actual numa perspectiva do-minantemente quantitativa, feita de números e estatísticas, à qual os universos da criação, programação e recepção cultu-rais também não são imunes. A espectacularização e hiper-mediatização que dominam uma parte relevante da oferta cultural que é apresentada ac-tualmente assentam muito na ideia de que o valor e impacto público de uma actividade se aferem e são “validados” pelo

número de ingressos vendi-dos/lotações esgotadas, lucro obtido ou, a nível digital, pela contabilização facebookiana das visualizações, gostos, reac-ções, comentários, partilhas, identificações ou “adesões” a dado evento.

Esta visão, que privilegia cla-ramente as maiorias, o consu-mo (em detrimento da recep-ção individual e do impacto pessoal) e uma lógica massifi-cada e rentável, muito dificil-mente coexiste com uma ideia, não perversa e não deturpada, de democraticidade cultural e de respeito pelas minorias cul-turais, sejam estas criadores e/ou públicos. Não obstante te-rem a sua natureza e legitimi-dade próprias, a afirmação das maiorias não pode ser sinóni-mo de “tolerância repressiva” ou ter como reverso a anula-ção, directa ou sub-reptícia/enviesada, dos grupos minori-tários, nem servir de argumen-to de sucesso para “justificar” a não atenção ou menor aposta em segmentos culturalmente não massificados da sociedade.

Em toda a sua amplitude institucional, através das po-líticas e intervenções dos seus organismos e equipamentos culturais, o Estado e as autar-quias não se devem divorciar de uma certa “regulação” desta sensível antinomia, funcionan-do como exemplo de boas prá-ticas, enquanto filtro que tam-bém legitima a diferença, que reconhece a diversidade e que não se limita à mediania nem a

populares, mediáticas e “pacífi-cas” ditaduras da(s) maioria(s). Esta postura, que implica co-ragem, determinação e arrojo, constitui um enorme desafio para o aparelho estatal, dada ainda uma certa tradição, entre “paraquedística” e aventurei-ra, de perigosa politização da actuação a nível cultural, fruto da ausência de protagonistas clarividentes/competentes ou de estratégias definidas para essa área.

Sem descurar obviamente o grande público a nível da sua programação cultural, é fun-damental que o sector públi-co dê mais espaço e dignida-de às expressões minoritárias, experimentais, “lentas”, apos-tando também, efectivamente, na vertente da educação artís-tica (a qual, infelizmente, tem sido gradualmente desvalori-zada nos contextos de ensino oficiais) e em equipamentos culturais dotados de serviços educativos estruturados e con-sistentes, visto que quando não se conhece dificilmente pode valorizar-se algo. É claro que esta atitude não populista em relação à oferta cultural im-plica ainda, da parte de quem programa e promove, um maior investimento e exigên-cia na componente da media-ção/envolvimento dos públicos e em plataformas específicas de apresentação e difusão para os formatos minoritários que se pretende apresentar.

Se a tentação pela maioria, pelo consenso alargado, por

um gosto mais comum e abran-gente, pelo retorno financeiro, pela garantida visibilidade e prestígio (até com dimensão política) pode assaltar dile-maticamente vários gestores e programadores no momento de gizarem os seus planos de actividades, não é menos ver-dade que essa tendência para agradar e ser numericamente impactante (nivelando, não poucas vezes, por baixo) tam-bém pode influenciar pernicio-samente certo meio criativo e artístico, retraindo a sua capa-cidade de ousar, arriscar, “sair da caixa” – e, assim, de surpre-ender, reinventar e abrir reno-vados horizontes de conheci-mento e prazer. Nesta medida, é essencial que quem gere e programa transmita um sinal positivo ao circuito cultural ao apostar também em propostas emergentes/minoritárias, lançan-do chamadas para criação, esta-belecendo parcerias em co-pro-dução, realizando encomendas, apoiando projectos diferencia-dores com marca autoral.

Por outro lado, e perante esse amplo, heterogéneo e desigual território a que hoje se chama “cultura”, também cabe aos públicos a filtragem, distância crítica e atenção dife-renciadora face à oferta apre-sentada. Mas também aqui o terreno é complexo e apaixo-nante, estando intimamente ligado às motivações e expecta-tivas de cada indivíduo em re-lação às actividades culturais: se o consumo e a cultura me-

diática do divertimento, onde parece não haver lugar para o “valor do espírito” de que falava Paul Valéry, têm vindo a adquirir um peso – que é, obviamente, legítimo – muito assinalável no quotidiano ac-tual, também é um facto que outros, os “amadores de arte”, continuam a privilegiar a bus-ca de uma experiência estética “pura”, a contemplação e eleva-ção espirituais, a imersão em percursos iniciáticos, o cultivo do recolhimento e silêncio.

Pelo meio – e pensando ainda nas questões da re-cepção/fruição culturais e formação do gosto –, a já aludida tendência para uma maior individualização e he-terogeneização dos gostos e das atitudes e para um in-cremento das variações in-tra e interpessoais ao nível cultural (derivadas da su-perabundância de escolhas apresentadas pelo mercado e da diluição das culturas de classe) patenteia-se em múl-tiplos indivíduos que conju-gam no seu gosto e prática regular formatos estética e artisticamente mais exigentes com outros mais ligados a es-feras do chamado “entreteni-mento”. Estamos, neste caso, perante uma variada gama de “arranjos pessoais” – para usar uma expressão cara à sociologia da religião –, fei-ta de cruzamentos, sínteses e eclectismos que caracterizam várias franjas de público cul-tural contemporâneo.

Reflexo também disso é, por exemplo, o facto de a cul-tura artística nunca ter tido, como agora, uma tão gran-de audiência das massas. As obras mais amplamente reco-nhecidas parecem funcionar “como objectos de animação das massas destinados a di-versificar os lazeres e a ‘ma-tar’ o tempo”, proporcionan-do aquilo a que Lipovetsky chama “emoções secundá-rias que criam um tempo de recreação”. É um novo tipo de experiência, em que acla-madas obras suscitam, para o grande público, a mesma atitude e a mesma relação temporal que o consumo dos produtos mais vulgares.

Uma última nota sobre a questão da formação do gosto: se o peso familiar, educacional e económico tem um reflexo crucial nes-se processo individual, as práticas de interacção social que os sujeitos estabelecem entre si no dia-a-dia assu-mem igualmente um papel preponderante, como pre-coniza o sociólogo Paul Di-Maggio. Funcionando como uma forma de classificação ritual e um meio de cons-trução de relações sociais, os gostos artísticos podem ter, ao nível dos seus usos sociais, um efeito de ponte ou de muro entre os indiví-duos. DiMaggio insiste, aliás, na ideia de que pessoas que possuem bastantes contactos e papéis sociais (o capital re-lacional) desenvolvem um maior e mais variado reper-tório de gosto cultural, pre-ocupando-se em conhecer e relacionar obras de arte para andarem actualizados e pos-suírem motivos de interesse que lhes permitam ampliar a sua rede social.

Voltando ao título deste texto: se a democracia, ide-almente feita de liberdade, diversidade, inclusão e de maiorias, é essa “mãe mais doce que o mel” de que fala Sérgio Godinho numa can-ção intemporal, é deveras preciosa (inclusive no pla-no do acesso cultural, que é, também ele, uma forma de poder) a ideia de que uma civilização também deva ser julgada pelo tratamento que efectivamente dispensa às suas minorias.

Paulo PiresProgramador culturalno Município de Louléhttp://escrytos.blogspot.pt

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15.01.2016  9

O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

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“COMÍCIO-CONCERTO CANDIDATO VIEIRA”15 JAN | 22.00 | Casa do Povo de Santo Estêvão- TaviraManuel João Vieira apresenta as motivações morais, económicas e estratégicas que o levam mais uma vez à disputa do mais alto cargo da Nação Portuguesa

Janeiro 2016

Pedro [email protected]

fotos: d.r.

15.01.2016  9Cultura.Sul

O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

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“COMÍCIO-CONCERTO CANDIDATO VIEIRA”15 JAN | 22.00 | Casa do Povo de Santo Estêvão- TaviraManuel João Vieira apresenta as motivações morais, económicas e estratégicas que o levam mais uma vez à disputa do mais alto cargo da Nação Portuguesa

“VIAGENS, EPIFANIA DA COR”Até 27 FEV | 22.00 | Galeria do Conventodo Espírito Santo - LouléGuilherme Parente remete-nos para um universo do maravilhoso e da utopia onde a cor é a própria viagem, numa dualidade entre a realidade e a imaginação

Janeiro 2016

Pedro [email protected]

A Natureza

Agora que as árvores estão nuas, de folhas despidas, espalhadas pelos chãos, vestimo-nos nós. Calçamo-nos, cobrimo-nos, para nos prote-germos das aragens frescas. Para que a partir do próximo equinócio vistam elas os seus troncos, e vamos nós aliviando as peças que nos atafu-lham os membros. A natureza sabe tudo, e nós só temos que segui-la.

Pinta Roxa

O nome foi pescado ao peixe (ver logotipo) que faz parte da troika fundamental de uma caldeirada à maneira, juntamente com a tre-melga e a raia (o resto é para encher e decerto discutível). Está ali na avenida 5 de outubro, em Olhão, frente ao jardim, como quem vem dos mercados para o cais T. Apresenta uma misce-lânea de artes, mas tudo devidamente exposto

e visível. Entre outros, a construção naval em miniatura, de Vitorino Nascimento, os ímanes e pregadeiras de Maria Manuela Moreira, os pos-tais e fotografias de Filipe da Palma e os traba-lhos da artista Joana Rosa Bragança.

A Voz

A voz de Paulo Moreira, encenador, actor, escritor… soará a orientar o «Workshop de Dicção e Expressão Oral» - com exercícios para uso correcto e eficaz da voz: dicção/articulação, respiração, entoação e projecção de voz. Dia 23 de Janeiro, das 14h às 19h, na Biblioteca Municipal de Faro A. R. Rosa, numa organi-zação de Requinte Turquesa – Eventos & Ser-viços (inscrições: [email protected] - 20€)

Maria AfonsoPoema do livro «(eu diria que nevava)» que a

autora de Sabugal/Guarda em breve publicará na CanalSonora, editora de Tavira, e também não de apenas a 37ºN .

segundos apenase tudo aparenta achar-se no lugar que lhe cabe

a relva, agora mais parca, era dantes tapete alucinante

na janela obstinada demoram-se devaneiosdos céus que acontecem

e virá o inverno a defender-se de uma primitiva primavera

um dia voltará um verão incendiado nas mãose a terra terá a cor da nossa pele

só um rosto arredado numa ausência firmeretardará o movimento de translação

e o tempo volta a ser calculado por desusadas clepsidras

CA2

A nova sala do Centro Cultural António Alei-xo, em Vila Real de Santo António, recebe no próximo 22 de Janeiro, pelas 21h30 - «Noites de Poesia», com presença dos Poetas do Gua-diana e com microfone aberto a quem desejar participar, lendo os seus textos, numa sessão de tertúlia, improviso, leituras e música.

Artur Pastor

A primeira grande exposição das fotografias de Artur Pastor patente no Algarve pode ser vista até 31 de Março no Convento de S. José em Lagoa. Apresentam-se comoventes imagens desse mundo a preto e branco dos anos 40 a 60 do século passado, tiradas no Algarve, pelo qual se apaixonou (fez a tropa em Tavira) o jovem re-gente agrícola alentejano (Alter do Chão,1922).

A exposição «O Algarve de Artur Pastor» é o culminar da 2ª edição dos Encontros de Foto-grafia de Lagoa.

Um pequeno rioUm pequeno rio numa pequena cidade sem-

pre ali. E o rio sempre ali. Visto das margens. Não o atravessas, não o mergulhas, não se nada. Nada.  e o rio que parece que está sempre ali. Parado

na cidade. Mas passa e corre. E quando te aper-ceberes parecerá que já terá passado tudo. Tudo (o que já passou)

Cine-Teatro Louletano

Com Paulo Pires agora ao comando da pro-gramação cultural do município de Loulé, apostando numa linha de reinvenção, ques-tionamento, transformação e envolvimento da comunidade local,  podem já consultar-se as muitas e boas propostas para o primeiro se-mestre de 2016. Difícil é destacar algumas. Nada como verificar rapidamente na página do Cine--Teatro da Avenida José da Costa Mealha, não vá já ter perdido, por exemplo «As Conversas à quinta» que ontem contou com Paulo Cunha.

A Conversa Já Chegou

Uma brincadeira começada na página face-book de Balsa Papilar mas que entretanto foi parar ao papel. O palavreado no papel é outro, salvo o dos Pimentos Curtidos & Papas de Milho.  Vai numa impressão muito simples a preto & branco, não serve para engalanar prateleiras. Custa o mesmo que uma compota de 140g: 3,50€ (edição Balsa Papilar) e é servido por Lu-ísa Soares Teixeira.

Num outro dia

Num outro dia decerto a chuva trará a maré su-bindo, nem sempre a transbordar nas margens de madeira aprumada. Onde ando como se sobre-vivesse do que lá se passa. Reflectindo palavras, espelhando imagens nas águas que fluirão nesse rio, que vazará todos os dias umas vezes mais que outras. E mesmo assim nada será como antes e no entanto tudo ficará como que na mesma.

fotos: d.r.

à Cozinha

Page 22: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

Espaço ao Património

Do prazer da leitura: visita guiada à Biblioteca Municipal de Lagoa

Clara Andrade Técnica superior responsável pela Biblioteca Municipalde Lagoa e artista plástica

Recepção da Biblioteca, aspecto geral

fotos: d.r.

Sala Infantil: Oficina “Palavra de Sofia” com Nelda Magalhães

15.01.2016 10 15.01.2016 10 Cultura.Sul

Ficha Técnica:

Direcção:GORDAAssociação Sócio-Cultural

Editor:Ricardo Claro

Paginaçãoe gestão de conteúdos:Postal do Algarve

Responsáveis pelas secções:

• Artes visuais:Saul de Jesus

• Espaço AGECAL:Jorge Queiroz

• Espaço ALFA:Raúl Grade Coelho

• Espaço ao Património:Isabel Soares• Da minha biblioteca:

Adriana Nogueira• Grande ecrã:

Cineclube de FaroCineclube de Tavira

• Juventude, artes e ideias: Jady Batista

• Letras e literatura: Paulo Serra• Missão Cultura:

Direcção Regionalde Cultura do Algarve

• Momento:Ana Omelete

• O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot• Panorâmica:

Ricardo Claro• Sala de leitura:

Paulo Pires• Um olhar sobre o património:

Alexandre Ferreira

Colaboradoresdesta edição:Clara AndradeRicardo Guerreiro

Parceiros:Direcção Regional de Cultu-ra do Algarve, FNAC Forum Algarve

e-mail redacção:[email protected]

e-mail publicidade:[email protected]

on-line em: www.postal.pt

e-paper em:www.issuu.com/postaldoalgarve

facebook: Cultura.Sul

Tiragem:7.573 exemplares

Espaço ao Património

Do prazer da leitura: visita guiada à Biblioteca Municipal de Lagoa

Sempre que falamos das virtu-des das Bibliotecas Municipais, falamos, e muito legitimamente, em informação e documentação, no livro e na leitura, nas compe-tências várias que promovem, na democratização da cultura, na promoção do bem comum e da boa cidadania, e por aí fora. Como bibliotecária responsável pela Biblioteca Municipal de La-goa, dei comigo, um dia destes, a observar os leitores ou utiliza-dores - ninguém me obrigará a chamar-lhes clientes - e a aperce-ber-me de uma realidade que ra-ramente é referida e que, contu-do, me parece ser uma qualidade inquestionável e de superlativo valor: o prazer e a alegria que as bibliotecas proporcionam. Qual-quer que seja o serviço utilizado, quer no serviço de informação e referência na Recepção, quer nas Salas de Leitura, no Espaço Internet ou nos diversos even-tos culturais, adultos, jovens e crianças reflectem um estado de aprazimento e bem-estar que co-meço a pensar se não deveriam, as Bibliotecas, ser mencionadas e consideradas de importância ca-pital para a felicidade nacional. E não me refiro às actividades de lazer, que também entram no leque dos objectivos deste tipo de Bibliotecas, onde o prazer e a alegria serão uma consequência natural. Refiro-me a todos os ser-viços. Mas vejamos, nesta visita guiada:

Entra-se na Biblioteca onde na zona da Recepção, ambiente informal de funcionalidades vá-rias, um leitor pede informação sobre um qualquer autor, título ou assunto. A funcionária, pres-tável, simpática e sorridente, com créditos mais que assina-lados nesta matéria, dá o seu melhor: o leitor segue satisfeito o seu caminho já com a infor-mação requerida e os livros em-prestados para a semana; outros leitores observam interessados os expositores das últimas no-vidades editoriais e outros ain-da os dos eventos culturais. Um efusivo e garrido grupo de alu-

nos discute pormenores sobre a exposição colectiva de pintura patente nas paredes do Átrio.

Uma fila de gente mais adulta dirige-se para a Sala Polivalente, onde vai começar, dentro de ins-tantes, a tertúlia “Potencialidades dos vinhos do Algarve”. Mesmo a propósito: Lagoa foi escolhida “Cidade do Vinho 2016”. No fi-nal haverá prova de vinhos pro-duzidos neste concelho, trazi-dos pelos produtores presentes. Nada como um bom vinho para a boa disposição e alegria de to-dos e como as conversas fluem!

Há quem suba as escadas para o Espaço Internet. Nos vários postos ocupados todos parecem placidamente absorvidos nas suas tarefas. Paralelamente, jun-to aos expositores multimédia há quem se forneça de música ou filmes para o fim-de-semana.

Umas horas antes, na Sala Infantil, a alegria um pouco ruidosa das crianças, torna-se repentinamente silêncio e ex-pectativa. Irá decorrer a oficina “Palavra de Sofia”: leitura en-cenada de textos de Sophia de Mello Breyner Andresen, que a Nelda Magalhães, animadora do Teatro Experimental de La-gos, excelentemente desenvolve dando a compreender as histó-rias e poesias desta autora. To-dos se encantam com a magia e simplicidade das palavras, com a força e beleza das imagens. Sim, as histórias e a literatura têm o poder de encantar toda a gente, crianças e adultos.

Entretanto, na Sala de Leitura alguns leitores examinam as es-tantes. Uns já sabem o que pro-curam, outros saberão quando encontrarem. A surpresa e o

mistério também acontecem nas estantes de uma Biblioteca, quem tem hábitos de Biblioteca sabe do que falo. Outros, nas me-sas, trabalham silenciosamente debruçados sobre livros ou por-táteis e outros ainda, na zona mais informal, ocupam-se com jornais ou revistas. Uns e outros reflectem tranquilo bem-estar.

Estou certa de que a benig-na companhia dos livros há-de ter responsabilidades nesta boa disposição geral. Também estou certa de que o que realmente im-porta na vida, valores humanos universais como a tolerância, o respeito, a solidariedade, o opti-mismo e, claro, o conhecimento e o saber são privilegiadamente acessíveis através da leitura, seja em formato tradicional ou digi-

tal. Sendo o livro impresso um objecto perfeito, porque de fácil transporte, acessível em qual-quer lugar e auto-suficiente em matéria de energia, a verdade é que a sua desmaterialização é um facto dos nossos tempos. Contudo, por ora, o livro tradi-cional perdurará a par de ou-tras ofertas desmaterializadas. A actual variedade de suportes de leitura permite diferentes opções de acordo com os in-teresses e apetências de cada um, possibilitando um acesso rápido e sem limites de espaço e tempo à informação. Mas mais que o seu formato, o que é re-almente importante é a leitura. E as Bibliotecas são espaços de leitura em diferentes suportes. São espaços onde pela leitura

nos é permitido acordar os es-píritos adormecidos e convocar os seus tesouros e legados. É só abrirmos um livro e deixarmos que nos sussurrem a intimi-dade das suas palavras, da sua sabedoria, dos seus sonhos. O edifício desta Biblioteca foi, no início do século passado, cons-truído sobre um antigo cemité-rio para ser um teatro. Nunca o foi. Seria em 1997 inaugurado como Biblioteca da Rede de Leitura Pública. Quem sabe se também os espíritos dos que sob estes alicerces descansam nos convocam e inspiram. Pen-so que uns e outros decidiram aliar-se para nos fazer bem, neste espaço plurifuncional e aprazível. E são um pouco as-sim as demais Bibliotecas Mu-nicipais espalhadas por todo o país. Noutros tempos, sem estes espaços de leitura, valeram-nos as Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, singulares carrinhas cinzentas repletas de livros. Uma alegria quando chegavam! Soube re-centemente que algumas das pessoas que percorriam o país nestas carrinhas, distribuindo li-vros e prazer, seriam escritores e poetas contratados por aquela Fundação. Verdadeiros oásis no deserto de leitura pública nacio-nal, numa época em que os li-vros eram material de consumo controlado e as Bibliotecas, lo-cais raros e de acesso restrito. A história das Bibliotecas também é feita de repressões e proibi-ções e queimar livros represen-ta, quase sempre, um emblema contra o livre pensamento. Tal como no magistral romance, O nome da Rosa, de Umberto Eco. A Biblioteca da Abadia é por aquilo que esconde um lugar de mistério e morte. Em forma de labirinto, com caminhos falsos e segredos, guarda o livro proibi-do, o livro do riso - uma possível versão do desaparecimento de A Comédia de Aristóteles que não chegou até nós.

Também célebre e igualmente labiríntica, A Biblioteca de Babel, de Jorge Luís Borges (Ficções, 2003) é infindável mas não proi-bida. Metáfora da própria vida, da realidade e do mundo, uma enorme Biblioteca à espera de ser lida e decifrada. Uma Biblio-teca fantástica que abre as portas de par em par e convida genero-samente todos sem excepção a entrar, a desfrutar, a viver…

Não sonharemos todos com uma Biblioteca assim?

Clara Andrade Técnica superior responsável pela Biblioteca Municipalde Lagoa e artista plástica

Recepção da Biblioteca, aspecto geral

fotos: d.r.

Sala Infantil: Oficina “Palavra de Sofia” com Nelda Magalhães

Page 23: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

15.01.2016  11

Da minha biblioteca

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“GENTE DE FÉ”Até 26 NOV | Biblioteca José Mariano Gago – OlhãoExposição revela todo o envolvimento que o povo do arquipélago tem pelas suas tradições religiosas na perspectiva do igualmente açorense Marcelo Borges

Adriana NogueiraClassicistaProfessora da Univ. do [email protected]

Os contos foram ilustrados por sete artistas

fotos: d.r.

“MÃE COM AÇÚCAR”15 e 16 JAN | 15.30 e 21.30 | Cine-Teatro LouletanoA peça é um retrato da relação entre avós e netos, da amizade que nasce na distância de gerações, da sabedoria e da inocência e das tradições e estórias passadas oralmente

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15.01.2016  11Cultura.Sul

Da minha biblioteca

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“GENTE DE FÉ”Até 26 NOV | Biblioteca José Mariano Gago – OlhãoExposição revela todo o envolvimento que o povo do arquipélago tem pelas suas tradições religiosas na perspectiva do igualmente açorense Marcelo Borges

Escrever um conto, precisa-mente por ter de ser curto e ter de conter (e contar) tudo em poucas palavras, exige uma grande perícia. Demora ser breve. Conseguir, em poucas páginas, prender a atenção do leitor, levá-lo ao clímax da ação e descontraí-lo, no final, não é tarefa simples.

Pois bem, posso dizer que os autores presentes neste vo-lume, publicado pela Lua de Marfim e coordenado por F. Esteves Pinto, alcançaram com sucesso aqueles objetivos.

A ideia de convidar também sete artistas para ilustrarem os contos foi muito feliz. Cada um leu, à sua maneira, o con-

to que ilustrou, fazendo, por vezes, da ilustração um novo «texto», mais do que uma ilus-tração. Descubram-nos!

António Manuel Venda – «Os Romanos»

Quem me tem acompanha-do nesta página mensal sabe que sou uma fã confessa de António Manuel Venda: te-nho todos os seus livros e sa-ber que A. M. Venda é um dos autores seria já, para mim, motivo para ter o livro. E não desilude. Mantendo o seu uni-verso no registo do fantástico tornado comum (o chamado realismo mágico), há uma personagem que se confunde propositadamente com o au-tor (não só pela profissão de escritor, como pela referência a um livro que teria escrito e que é igual a um que o autor tem), numa história absurda de um barco cheio de roma-nos prontinhos para atacar Vila Real de Santo António, em que o – moral, possível, da história – que nos fica dos

tempos perdidos são objetos do passado, que nos transpor-tam de um lado para o outro.

Fernando Esteves Pinto– «Coração da Cidade»

Vai ser difícil escrever so-bre todos os contos – esta página é limitada. Vou pro-curar, pelo menos, deixar algumas impressões sobre cada um ou um trecho que possa ajudar a formar uma ideia do que nos é oferecido com a sua leitura.

De Esteves Pinto destaco a capacidade para nos contar uma história não feliz sem ser triste, de sexo que não o é, de amor que não acon-tece. Destaco ainda o modo como trata bem as suas per-sonagens e como consegue falar deste assuntos sem ser vulgar. A sua elegância a tratar os temas enterneceu--me, como a personagem masculina que, no fundo, tem «bom vinho»: beber de mais não a tornou vil. Gos-tei muito.

Fernando Pessanha– «O Sétimo Céu

e as Meninas de Tânger»

O título do conto leva-nos, com humor, para um universo onírico, de fantasias (mascu-linas, atrevo-me a dizer), em que um jovem investigador se vê atraído por uma Xeraza-de, que lhe conta histórias, ro-deado de beldades que dão a entender promessas de prazer («Respondeu com uma expres-são malandra» - p.53; «Todas as raparigas assentiram, con-tinuando a fitar o historiador com os seus olhos melosos» - p. 58) – de tal modo que se sente no seu sétimo céu – e… adormece. Mas aqui, como na vida, os sonhos trazem espe-rança de concretização. Um final que torce o destino, ao gosto do autor.

Paulo Moreira– «Filho da Mãe»

O conto de Paulo Moreira tem uma construção em cres-

cendo. Começamos por não saber quem é a personagem nem a sua mãe, cuja vida vai sendo recordada por memó-rias mais ou menos esquecidas do filho, que a acompanhou no funeral com que se inicia a história. Gradualmente va-mos descortinando o homem e o seu caráter, assim como a frágil e esporádica relação que tinha com a mãe. No final, li-berto do preconceito, aceita as lágrimas, a dor, e a expressão, tão adequadamente aplicada, de filho da mãe.

Paulo Kellerman – «Facelist»

Este conto tem uma estru-tura que me agrada, pois é um desafio ao leitor (tam-bém o foi ao autor), dado que não tem narração nem descrição, mas apenas o di-álogo entre duas persona-

gens, sem orações parenté-ticas ou explicativas: não há «disse um» ou «disse o ou-tro». Percebemos, pelo diá-logo, que a conversa se pas-sa entre cliente e psiquiatra, sobre o facto de as pessoas serem indiferentes ao que sai do comum, como reagi-rem ao verem um homem com uma lista de compras escrita na cara. « – O senhor, que é psiquiatra e deve per-ceber destas coisas, diga-me lá: porque sorriem as pesso-as tão pouco? – Demasiada consciência de si próprias, talvez, Incapacidade de se libertarem dos seus pensa-mentos e racionalidades, dos seus medos, das suas ansie-dades. Talvez as pessoas es-tejam demasiado fechadas em si próprias, demasiado auto-conscientes. Demasia-do reféns de si».

Pedro Afonso – «Aquilo»

O narrador deste conto con-fessa a sua dificuldade em des-crever por palavras a experi-ência «única e indizível» que a personagem estava a sentir. Vou apropriar-me dessas palavras para que sejam elas a contar: «Raramente conseguimos resis-tir a transpor todas as vivências para o discurso, ou pelo menos as mais marcantes, e mesmo que não as comuniquemos a ninguém, organizamo-las para nós em pensamentos verbaliza-dos. Se fosse de outra maneira, como existiriam os milagres, as aventuras, os êxtases e coisas que tais que invocam sempre o mistério, ou seja, aquilo que as palavras não dizem?».

Vítor Gil Cardeira – «O Amor é uma

Fuga sem Fim»

Este é o conto maior (25 pági-nas) e, talvez por isso, a história possa ter mais personagens (o anjo, o camionista, o patrão, o médico, a enfermeira, os minei-ros), sem que se sinta que estão a mais, e ser um pouco mais com-plexa. Mantendo um registo de algum humor e ironia (vai inter-pelando o leitor, com graça), não deixa de semear algumas refle-xões mais sérias: «Havia mesmo uma pequena alegria que o ani-mava na contemplação do ou-tro. O outro que oferecia o desejo da diversidade, apelando à união das incompatibilidades. Não há serenidade nem planura nos ho-mens incompletos. O outro é o espelho que nos transforma no todo. A fusão entre o efémero e o eterno.

Gostei bastante deste livro. Gostei, principalmente, porque não se lê depressa. Sim, leu bem. Estes contos são bons para se le-rem devagar. Podemos, assim, apreciar melhor as suas especi-ficidades, pois são bem diferen-tes uns dos outros. E convém fazer uma pequena pausa entre cada um. Não tem de ser muito grande, mas o suficiente para se mudar de registo. Ou então faça mesmo uma pausa maior, para durar mais o prazer da leitura.

Os contos foram ilustrados por sete artistas

fotos: d.r.

“MÃE COM AÇÚCAR”15 e 16 JAN | 15.30 e 21.30 | Cine-Teatro LouletanoA peça é um retrato da relação entre avós e netos, da amizade que nasce na distância de gerações, da sabedoria e da inocência e das tradições e estórias passadas oralmente

“COCHES DOS SÉCULOS XVI A XVIII”Até 26 FEV | Museu Municipal de OlhãoA exposição nasce das mãos do mestre José Cardoso Brito, artista autodidacta que reproduz fielmente alguns dos originais expostos no Museu Nacional do Coches

Sete Contos Ilustrados

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Page 24: POSTAL 1155 - 15 JAN 2016

15.01.2016 12 Cultura.Sul