Poster abrapso - o que eu fiz com o que as instituições fizeram de mim
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A história de Molly, e a sua luta por emancipação frente às políticas de
identidade no acolhimento institucional.
Pesquisadora: Thalita Catarina Decome Poker
Afiliação Institucional: Mestranda em Psicologia Social pela PUC/SP
Orientador: Profª Dr. Antônio da Costa Ciampa
“Façamos da interrupção um caminho novo... Da queda, um paço de dança... Do medo, uma
escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, o encontro!”.
(O Encontro Marcado ―Fernando Sabino)
Resumo:
Estes são os apontamentos iniciais da dissertação de mestrado em psicologia
social que contempla a história de vida de uma jovem com 21 anos, que
durante a sua infância e adolescência foi assistida pelo programa de
acolhimento institucional e com a chegada da maioridade, rompeu com os
laços institucionais. No que se refere aos estudos sobre acolhimento
institucional, a maior parte das pesquisas concentram-se na infância,
adolescência e na equipe técnica. Ao considerar este hiato teórico, esta
pesquisa tem como objetivo compreender a constituição identitária do processo
de socialização de crianças e adolescentes mediadas pelas políticas de
identidade do processo de acolhimento institucional e discutir as possibilidades
de superação do prognóstico de marginalidade. Para coleta dos dados foi
utilizado como instrumento a narrativa de história de vida e a análise dos dados
foi feita á luz do sintagma identidade-metamorfose-emancipação proposto por
Ciampa (1987). As considerações preliminares deste estudo revelaram que: a
presença de pessoas críticas como os educadores e padrinhos que predicaram
a Molly a condição de “criança com direitos assegurados” pode contribuir para
a superação do estigma de abandono, e prescrição de marginalidade.
Objetivo:
Este estudo tem como principal objetivo o desvelamento das políticas de
identidades no que se refere ao atendimento a crianças e adolescentes; e
compreender como se constitui uma identidade política neste cenário, como
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forma de superação do estigma da criança abandonada, rumo a autonomia e
fragmentos emancipatorios.
Relação com o eixo temático:
Historicamente a figura da criança assistida por instituições de acolhimento tem
assumido um caráter diagnóstico e prescritivo de marginalidade, como
decorrência da sua condição de precariedade e carência (Campos, 1984;
Martinez, 2008 ; Altoé, 2009; Santos & Boucinha, 2011). Os poucos estudos
com os egressos do sistema de acolhimento institucional tem considerado que:
atendimento e o modo como as relações entre a equipe técnica e os abrigados
são estabelecidas e significadas não contribuem para a aquisição da
autonomia na vida adulta (Oliveira, 2001; Ribeiro,2008).
Diante destas questões, no intuito de desconstruir o prognóstico de
marginalidade de egressos do acolhimento institucional, a teoria de identidade
Ciampa (1987/2010) foi eleita, por trabalhar com a possibilidade de
metamorfose e busca por emancipação do individuo diante das determinações
sociais, e também, por possibilitar uma articulação entre as políticas de
identidades que se constituíram ao longo da história de crianças
institucionalizadas, e pela proposta de identidade política como possibilidade
de descolonização do estigma de abandono e marginalidade inculcado.
Método:
Utilizamos a abordagem qualitativa, de forma a eleger a entrevista de história,
por se mostrar um instrumento capaz de demonstrar a superação do individuo
pelo movimento de luta por emancipação frente às determinações sociais.
Procedimentos:
Para a seleção dos narradores o único critério inicial era que fossem adultos
com idade entre 20 a 35 anos que residiram em casas de acolhimento
institucional á partir de 1990 (ano de vigência do Estatuto da criança e do
adolescente), e passaram a maior parte da sua infância e adolescência
assistidos pelo programa.
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Diante deste critério, uma jovem de 21 anos e que viveu dos 7 aos 17 anos
acolhida institucionalmente que chamaremos de Molly, é eleita pelo seu
posicionamento crítico diante de alguns acontecimentos na sua trajetória, ao
ponto de construir uma história diferente da qual lhe prescreveram como
decorrente do estigma do abandono, apontamento que aparece fortemente em
seu relato.
Conclusões Preliminares:
Na trajetória de Molly, podemos perceber a sua luta iniciada na personagem “a-
adolescente- revoltada” para não ser colonizada por uma política de identidade
para crianças e adolescentes com sentido aniquilador, por conta da prescrição
de marginalidade ao qual sempre a remetiam como forma de coerção das suas
atitudes e questionamentos. Podemos também relacionar a sua luta por
emancipação e busca pela superação do estigma de abandonada, mediada
pelos outros significativos, que foram apresentados em sua narrativa como as
professoras da escola, ao predicar a Molly a condição de “criança-sujeito de
direitos” e que este deveriam ser assegurado por meio das revindicações. E
posteriormente, com o acolhimento dos padrinhos ao sair da instituição, houve
uma significação do conceito de solidariedade, pela sua família estendida ao
apresentar um universo simbólico de militância, o que contribuiu para a
metamorfose da personagem “ a-adolescente-revoltada” para a “mulher-
militante” de causas sociais como a questão da habitação e infância.
Portanto, observa- se um salto qualitativo na identidade de Molly, resultado das
personagens que foi assumindo, e que os seus outros significativos lhe
predicaram, no intuito de não ser colonizada pelas políticas de identidade
atribuídas a criança institucionalizada e metamorfoses decorrentes dos seus
posicionamentos, o que resultou no acumulo de mudanças.
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