Poster Prevenção das Ulceras de Pressão pdf

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Prevenção das Úlceras de Pressão Eugénia J. Anes *, Celeste Antão * * Professor Adjunto Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Bragança, Bragança ______________________________________________________________________________ Objectivo Este trabalho surge na necessidade de despertar algumas consciências para a questão relacionada com a importância da prevenção das úlceras de pressão. Métodos Para a elaboração deste trabalho recorremos a um exaustiva revisão bibliográfica. Referências Bibliográficas Clark, M. (2004). Prevenção de Ulceras de Preção. In M. Morison, Prevenção e Tratamento de Úlceras de Pressão (pp. 81-106). Loures: Lusuciência. Dulfer, S. (1992). Tratamento das Úlceras de Pressão nos Doentes Terminais. Nursing , 58 (5): 27-29. Ferreira, P., Miguéis, C., Gouveia, J., & Furtado, K. (2007). Risco de Desenvolvimento de Ulceras de Pressão: Implementação Nacional da Escala de Braden. Loures: Lusociência. Flanegan, M. (2001). Prevenção das Úlceras de Pressão. Uma Abordagem Estratégica. In K. Furtado, M. Flanegan, E. Pina, B. Augusto, A. Leigo, & C. e. Rodrigues, Prevenção e Tratamento de Úlceras (pp. 27-41). Coimbra: Formasau. Franks, P. (2004). Economia Da Saúde: O Custo para as Nações. In M. Morison, Prevenção e Tratamento de Ulceras de Pressão (pp. 49-58). Loures: Lusociência. Furtado, K. (2001). Úlceras de Pressão. In K. Furtado, M. Flanagan, & E. Pina, Prevenção e tratamento de Úlceras (pp. 9-26). Coimbra: Formasau. Rocha, J., Miranda, M., & Andrade, M. (2006). Abordagem Terapêutica das Úlceras de Pressão - Intervênções Baseadas na Evidência. Acta Médica Portuguêsa , 29-38. Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados, R. N. (2007). Úlceras de Pressão, Prevenção: Orientações de Abordagem em Cuidados Continuados Integrados. Portugal: Ministério da Saúde. Direcção-Geral da Saúde. Resultados/Conclusões As úlceras de pressão são preveníveis em muitas circunstâncias. A existência ou não de protocolos de prevenção pode alterar a taxa de êxito da necessária intervenção multidisciplinar. A Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados (2007: 3) afirma que “o aparecimento de uma úlcera é quase sempre consequência do incumprimento de boas práticas nos cuidados prestados a doentes sujeitos a longos períodos de imobilidade”. Se compreendermos a epidemiologia, incidência e prevalência das úlceras de pressão e a totalidade dos factores que potenciam ou provocam o seu aparecimento, mais fácil podemos adoptar práticas que permitam prevenir as úlceras de pressão. Os doentes com acidente vascular cerebral são portadores de condições predisponentes que os tornam mais susceptíveis ao desenvolvimento de úlceras de pressão. “Uma precoce e regular estratificação do risco (Quadro II) de desenvolver uma úlcera de pressão é fundamental para a adopção de medidas preventivas adequadas e para a implementação de uma estratégia terapêutica adequada” (Rocha, Miranda, & Andrade, 2006: 29). O desenvolvimento de úlceras de pressão como indicador de resultado está relacionado com o facto de esta ser uma complicação comum, evitável e ser dispendiosa tanto para os doentes como para os prestadores de cuidados (Morison, MJ; 2004 1). Introdução As úlceras de pressão são um problema antigo e uma realidade actual, são um problema de saúde pública a nível nacional e a nível internacional. As úlceras de pressão podem ser descritas como uma lesão localizada na pele e tecidos subjacentes causada por pressão, tensão, fricção e/ou combinação destes factores (Flanegan, 2001). Esta realidade tem vindo a merecer alguma preocupação e consideração (Quadro I) devido aos encargos económicos, ao défice de qualidade de vida por ela criados e ao facto de 60% das úlceras serem preveníveis (Furtado, 2001). Relativamente à despesa com a saúde, ela tem vindo a aumentar e existem múltiplas razões que justificam este facto, entre as quais salientamos o envelhecimento da população, a dependência de tecnologias cada vez mais sofisticadas e as crescentes expectativas dos consumidores (Franks, 2004). Por outro lado as úlceras de pressão reduzem a qualidade de vida relacionada com a saúde. As pessoas com úlceras de pressão podem experienciar dor, embaraço e pode sentir-se impedida de efectuar as suas actividades de vida diárias com êxito (Clark, 2004). Os doentes com acidente vascular cerebral constituem um grupo muito sensível a esta problemática, em virtude do elevado risco a eles associado. A prevenção eficaz das úlceras de pressão tem sido vista tradicionalmente como um importante indicador da qualidade dos cuidados prestados (Ferreira, Miguéis, Gouveia, & Furtado, 2007). Os cuidadores de saúde têm tendência a culparem outros cuidadores e famílias e até a culpabilizarem-se da prestação de maus cuidados evidenciados pela presença de úlceras de pressão. Estes maus cuidados referem-se essencialmente às áreas da mobilização e da higiene. Congresso de Saúde do Nordeste 24-25 Outubro de 2008 Úlceras de Pressão 60% preveníveis (Furtado, 2001) Encargos Económicos Défice de Qualidade de Vida Identificação dos Factores de risco Intrínsecos Extrínsecos Avaliação do risco Escala de Braden e de Norton Avaliação pelo enfermeiro Indicador da Qualidade dos Cuidados Prestado Cuidados Gerais da pele Manter limpa e seca (livre de exsudados) Usar agente de limpeza suave Evitar água quente e fricção Usar emoliente/hidratante com função de barreira Não massajar a pele sobre proeminências ósseas Controlo do esvaziamento vesical/intestinal Quando for possível, limpeza imediata, aplicação hidratante Suporte nutricional Quando necessário - suplemento Reavaliar se a evolução clínica o Justificar Estratificação do Risco (Avaliação do Risco) Inspecção Diária/Bidiária (visual e táctil) da pele em áreas de alto Risco Identificação e Correcção dos Factores de Riscos intrínsecos e extrínsecos Risco Moderado a Alto Baixo Risco Admissão Redução dos factores Extrínsecos Reposicionamento no leito (mínimo 2/2 horas) Iniciar logo que a situação clínica e neurológica esteja estabilizada Decúbitos laterais de 30% (↓ pressão sobre o trocanter) Cabeceira da cama sempre inferior a 30⁰ (↓ tracção área sacrococcigea) Uso de almofadas ou cunhas em espuma – superfícies ósseas Uso de almofadas – elevação calcâneos Mobilização precoce Leito limpo e seco Reposicionamento na cadeira Distribuição do peso, alinhamento corporal Transferência de peso (push-up, inclinações laterais) – 15-20 minutos Não ultrapassar 2 horas na cadeira (quando não é possível a transferência de peso Nesta ultima situação deverá ser prescrita cadeira com mecanismo automático Nas transferências usar dispositivos de transferência, não arrastar o doente Dispositivos de redução da Pressão Calcanheira, cotoveleira Almofada, colchão anti-escaras Dispositivos de redução da pressão Quadro II - Fluxograma de Medidas de Prevenção Quadro I – Consequências das úlceras de Pressão/Avaliação Fonte: Rocha, J.; J., Miranda, M., & Andrade, M. (2006). Abordagem Terapêutica das Úlceras de Pressão - Intervênções Baseadas na Evidência. Acta Médica Portuguêsa , 29-38.

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Prevenção das Úlceras de PressãoEugénia J. Anes *, Celeste Antão*

* Professor Adjunto Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Bragança, Bragança______________________________________________________________________________

ObjectivoEste trabalho surge

na necessidade dedespertar algumasconsciências para aquestão relacionada com aimportância da prevençãodas úlceras de pressão.

MétodosPara a elaboração

deste trabalho recorremosa um exaustiva revisãobibliográfica.

Referências BibliográficasClark, M. (2004). Prevenção de Ulceras de Preção. In M. Morison, Prevenção e Tratamento de Úlceras de Pressão (pp. 81-106). Loures: Lusuciência.Dulfer, S. (1992). Tratamento das Úlceras de Pressão nos Doentes Terminais. Nursing , 58 (5): 27-29.Ferreira, P., Miguéis, C., Gouveia, J., & Furtado, K. (2007). Risco de Desenvolvimento de Ulceras de Pressão: Implementação Nacional da Escala de Braden. Loures: Lusociência.Flanegan, M. (2001). Prevenção das Úlceras de Pressão. Uma Abordagem Estratégica. In K. Furtado, M. Flanegan, E. Pina, B. Augusto, A. Leigo, & C. e. Rodrigues, Prevenção e Tratamento de Úlceras (pp. 27-41). Coimbra: Formasau.Franks, P. (2004). Economia Da Saúde: O Custo para as Nações. In M. Morison, Prevenção e Tratamento de Ulceras de Pressão (pp. 49-58). Loures: Lusociência.Furtado, K. (2001). Úlceras de Pressão. In K. Furtado, M. Flanagan, & E. Pina, Prevenção e tratamento de Úlceras (pp. 9-26). Coimbra: Formasau.Rocha, J., Miranda, M., & Andrade, M. (2006). Abordagem Terapêutica das Úlceras de Pressão - Intervênções Baseadas na Evidência. Acta Médica Portuguêsa , 29-38.Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados, R. N. (2007). Úlceras de Pressão, Prevenção: Orientações de Abordagem em Cuidados Continuados Integrados. Portugal: Ministério da Saúde. Direcção-Geral da Saúde.

Resultados/ConclusõesAs úlceras de pressão são preveníveis em muitas circunstâncias. A existência ou não de protocolos de prevenção pode alterar a taxa de êxito da necessária intervenção

multidisciplinar.A Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados (2007: 3) afirma que “o aparecimento de uma úlcera é quase sempre consequência do incumprimento de

boas práticas nos cuidados prestados a doentes sujeitos a longos períodos de imobilidade”.Se compreendermos a epidemiologia, incidência e prevalência das úlceras de pressão e a totalidade dos factores que potenciam ou provocam o seu aparecimento, mais

fácil podemos adoptar práticas que permitam prevenir as úlceras de pressão.Os doentes com acidente vascular cerebral são portadores de condições predisponentes que os tornam mais susceptíveis ao desenvolvimento de úlceras de pressão.“Uma precoce e regular estratificação do risco (Quadro II) de desenvolver uma úlcera de pressão é fundamental para a adopção de medidas preventivas adequadas e para

a implementação de uma estratégia terapêutica adequada” (Rocha, Miranda, & Andrade, 2006: 29).O desenvolvimento de úlceras de pressão como indicador de resultado está relacionado com o facto de esta ser uma complicação comum, evitável e ser dispendiosa tanto para os

doentes como para os prestadores de cuidados (Morison, MJ; 2004 1).

IntroduçãoAs úlceras de pressão são um problema antigo e uma realidade actual, são um problema de saúde pública a nível nacional e a nível

internacional.As úlceras de pressão podem ser descritas como uma lesão localizada na pele e tecidos subjacentes causada por pressão, tensão,

fricção e/ou combinação destes factores (Flanegan, 2001).Esta realidade tem vindo a merecer alguma preocupação e consideração (Quadro I) devido aos encargos económicos, ao défice de

qualidade de vida por ela criados e ao facto de 60% das úlceras serem preveníveis (Furtado, 2001).Relativamente à despesa com a saúde, ela tem vindo a aumentar e existem múltiplas razões que justificam este facto, entre as quais

salientamos o envelhecimento da população, a dependência de tecnologias cada vez mais sofisticadas e as crescentes expectativas dosconsumidores (Franks, 2004).

Por outro lado as úlceras de pressão reduzem a qualidade de vida relacionada com a saúde. As pessoas com úlceras de pressão podemexperienciar dor, embaraço e pode sentir-se impedida de efectuar as suas actividades de vida diárias com êxito (Clark, 2004).

Os doentes com acidente vascular cerebral constituem um grupo muito sensível a esta problemática, em virtude do elevado risco aeles associado.

A prevenção eficaz das úlceras de pressão tem sido vista tradicionalmente como um importante indicador da qualidade dos cuidadosprestados (Ferreira, Miguéis, Gouveia, & Furtado, 2007).

Os cuidadores de saúde têm tendência a culparem outros cuidadores e famílias e até a culpabilizarem-se da prestação de mauscuidados evidenciados pela presença de úlceras de pressão. Estes maus cuidados referem-se essencialmente às áreas da mobilização e dahigiene.

Congresso de Saúde do

Nordeste

24-25 Outubro de 2008

Úlceras de Pressão60% preveníveis (Furtado, 2001)

Encargos EconómicosDéfice de Qualidade de

Vida

Identificação dos Factores de risco

•Intrínsecos•Extrínsecos

Avaliação do risco•Escala de Braden e de Norton•Avaliação pelo enfermeiro

Indicador da Qualidade dos

Cuidados Prestado

Cuidados Gerais da pele•Manter limpa e seca (livre de exsudados)•Usar agente de limpeza suave•Evitar água quente e fricção•Usar emoliente/hidratante com função de barreira•Não massajar a pele sobre proeminências ósseas•Controlo do esvaziamento vesical/intestinal•Quando for possível, limpeza imediata, aplicação hidratante•Suporte nutricional•Quando necessário - suplemento

Reavaliar se a evolução clínica o Justificar

Estratificação do Risco(Avaliação do Risco)

•Inspecção Diária/Bidiária (visual e táctil) da pele em áreas de alto Risco•Identificação e Correcção dos Factores de Riscos intrínsecos e extrínsecos

Risco Moderado a AltoBaixo Risco

Admissão

Redução dos factores Extrínsecos•Reposicionamento no leito (mínimo 2/2 horas)•Iniciar logo que a situação clínica e neurológica esteja estabilizada•Decúbitos laterais de 30% (↓ pressão sobre o trocanter)•Cabeceira da cama sempre inferior a 30⁰ (↓ tracção área sacrococcigea)•Uso de almofadas ou cunhas em espuma – superfícies ósseas•Uso de almofadas – elevação calcâneos•Mobilização precoce•Leito limpo e seco•Reposicionamento na cadeira•Distribuição do peso, alinhamento corporal•Transferência de peso (push-up, inclinações laterais) – 15-20 minutos•Não ultrapassar 2 horas na cadeira (quando não é possível a transferência de peso•Nesta ultima situação deverá ser prescrita cadeira com mecanismo automático•Nas transferências usar dispositivos de transferência, não arrastar o doente

Dispositivos de redução da Pressão•Calcanheira, cotoveleira•Almofada, colchão anti-escaras•Dispositivos de redução da pressão

Quadro II - Fluxograma de Medidas de Prevenção Quadro I – Consequências das úlceras de Pressão/Avaliação

Fonte: Rocha, J.; J., Miranda, M., & Andrade, M. (2006). Abordagem Terapêutica das Úlceras de Pressão - Intervênções Baseadas na Evidência. Acta Médica Portuguêsa , 29-38.