posto de gasolina

download posto de gasolina

of 99

Transcript of posto de gasolina

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CINCIAS AGRRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

CLAUDIA COELHO NETTO FBIO BALDESSAR LGIA ANDRIA LUCA

ESTUDO QUALITATIVO DE SEGURANA EM POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTIVEIS

CURITIBA 2005

CLAUDIA COELHO NETTO FBIO BALDESSAR LGIA ANDRIA LUCA

ESTUDO QUALITATIVO DE SEGURANA EM POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTIVEIS

Monografia apresentada como requisito parcial obteno do ttulo Especialista em Engenharia de Segurana no Trabalho do Departamento de Engenharia Civil, Setor de Cincias Agrrias e de Tecnologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Orientador: Prof. Alceu Gomes Andrade Filho, Dr. de

CURITIBA 2005

RESUMOO presente trabalho teve por objetivo a verificao qualitativa dos riscos existentes nos postos revendedores de combustveis, especificamente os relacionados ao armazenamento e abastecimento de combustveis. O estudo foi dividido em duas partes. A primeira consistiu na reviso bibliogrfica onde foram levantados os riscos envolvidos com as atividades, sendo estes subdivididos em qumicos, fsicos e ambientais. Os riscos qumicos so os relacionados aos produtos, incluindo ainda incndio e eletricidade esttica; os riscos fsicos so obras e manutenes nos postos revendedores de combustveis; enquanto os ambientais so os relacionados contaminao do solo e da gua subterrnea. Com base na etapa inicial, foi realizado um estudo de caso a fim de verificar a existncia, as causas e os efeitos dos riscos enunciados na primeira etapa. Verificou-se que muitos riscos so inerentes prpria atividade, mas outros podem ser agravados pelos clientes, pelos profissionais contratados (terceiros) e pelos prprios funcionrios, s vezes por desconhecimento dos perigos, mas tambm por imprudncia. Ficou evidenciada a necessidade de um programa contnuo de treinamento para corrigir algumas situaes encontradas e a utilizao de equipamentos de proteo individual e coletiva. Devido ao grande nmero e ao potencial dos riscos, necessria maior ateno dos rgos fiscalizadores e dos prprios empreendedores com relao proteo da vida humana, do meio ambiente e das instalaes fsicas relacionadas s atividades de revenda varejista de combustveis. Palavras-chave: Postos de Combustvel, Segurana, Riscos.

LISTA DE ILUSTRAESGrfico 1 Permanncia dos motoristas no veculo durante o abastecimento ..........65 Grfico 2 Estado do celular ...............................................................................................66 Grfico 3 Atendimento do telefone celular em PRCs pelos clientes......................... 67 Grfico 4 Clientes que atenderiam ou no telefone celular em PRCs......................67

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - reas class ificadas em zonas de atmosfera explosiva ................................ 15 Tabela 2 - Caracterizao dos principais perigos relacionados com a gasolina.........18 Tabela 3 - Caracterizao dos principais perigos relacionados com o lcool .............19 Tabela 4 - Caracterizao dos principais perigos relacionados com o leo diesel ....19 Tabela 5 - Classificao dos PRCs de acordo com o ambiente no entorno ...............41 Tabela 6 - Solubilidade de hidrocarbonetos aromticos .................................................49 Tabela 7 - Valores resultantes das anlises efetuadas sobre as amostras de gua, comparados com os valores da Lista Holandesa...........................................76 Tabela 8 - Sondagens executadas para avaliao da emisso de VOCs ..................78 Tabela 9 - Resultados das medies de VOCs no solo nas sondagens a trado .......79 Tabela 10 - Resultados das anlises das amostras de gua subterrnea ( g/L) .......81

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURASANP CO2 CONAMA CONTRU IAP INMETRO NR PAC PQS PRC RMC SASC SEMA SISNAMA SMMA Agncia Nacional do Petrleo Dixido de carbono ou gs carbnico Conselho Nacional do Meio Ambiente Departamento de Controle do Uso de Imveis Instituto Ambiental do Paran Instituto Nacional de Metrologia, Normatizao e Qualidade Industrial. Norma Regulamentadora Posto de Abastecimento de Combustveis P qumico seco Posto Revendedor de Combustveis Regio Metropolitana de Curitiba Sistemas de Armazenamento Subterrneo de Combustveis Secretaria Estadual de Meio Ambiente Sistema Nacional do Meio Ambiente Secretaria Municipal do Meio Ambiente

GLOSSRIOAtmosfera explosiva mistura com ar, sob condies atmosfricas, de substncias inflamveis na forma de gs, vapor, nvoa, poeira ou fibras, na qual, aps a ignio, a combusto se propaga atravs da mistura. equipamento eltrico que, em condies normais de operao, no produz arcos, fascas, ou aquecimento suficiente para causar ignio da atmosfera explosiva para qual ele foi projetado, e no qual so tomadas medidas adicionais durante a constru o, de modo a evitar, com maior segurana, que tais fenmenos no ocorram em condies normais de operao e de sobrecargas previstas. equipamento eltrico montado em invlucro prova de exploso. dispositivos ou circuito que em condies normais e anormais (curtos-circuitos, etc.) de operaes, no possuem energia suficiente para inflamar a atmosfera explosiva. tipo de proteo onde as partes que podem inflamar a atmosfera explosiva esto contidas num invlucro capaz de suportar a presso desenvolvida durante uma exploso interna e que impede a transmisso da exploso para o ambiente externo. lquido que possui ponto de fulgor inferior a 37,8C e presso de vapor que no exceda a 28x104 Pascal (aproximadamente 2,8 atmosferas) nessa temperatura. sistema com finalidade de manter o funcionamento, por um curto perodo de tempo, alguns equipamentos mais importantes do PRC, durante eventual falta de energia eltrica. O projeto bsico deste sistema garantir por cerca de trinta minutos a operao de uma caixa registradora, micro do escritrio, sistema de monitorao de vazamento, quando existente, algumas lmpadas de iluminao da loja. O sistema entra em operao automaticamente logo aps ocorrer a falta de energia eltrica, portanto, no requer nenhuma ao por parte dos funcionrios. menor temperatura na qual um lquido libera vapor em quantidade suficiente para formar uma atmosfera explosiva, na sua superfcie ou nas paredes do vaso que o contm.

Equipamento eltrico de segurana aumentada

Equipamento eltrico para uma atmosfera explosiva Equipamentos intrinsecamente seguros

Invlucro prova de exploso

Lquido inflamvel

No break

Ponto de fulgor

SUMRIORESUMO LISTA DE ILUSTRAES LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS GLOSSRIO SUMRIO 1 INTRODUO .................................................................................................................9 1.1 2 OBJETIVOS............................................................................................................10

REVISO BIBLIOGRFICA .......................................................................................11 2.1 2.2 2.3 2.4 AGNCIA NACIONAL DO PETRLEO .............................................................11 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ..........................................................................12 REAS CLASSIFICADAS .................................................................................... 14 RISCOS QUMICOS..............................................................................................15 PRODUTOS....................................................................................................16 INCNDIOS E EXPLOSES .......................................................................22

2.4.1 2.4.2 2.5

RISCOS FSICOS..................................................................................................28 PROCEDIMENTOS GERAIS PARA REALIZAO DE OBRAS...........29 PROCEDIMENTOS GERAIS PARA REALIZAO DE

2.5.1 2.5.2

MANUTENES ...........................................................................................35 2.6 RISCOS AMBIENTAIS..........................................................................................39 AES PREVENTIVAS ...............................................................................41 AES INVESTIGATIVAS ..........................................................................47 AES EMERGENCIAIS .............................................................................51 AES REMEDIATIVAS .............................................................................53

2.6.1 2.6.2 2.6.3 2.6.4

3 4

METODOLOGIA............................................................................................................54 DESCRIO DA REA DE ESTUDO .......................................................................55 4.1 CARACTERIZAO DO PRC .............................................................................55

5

RESULTADOS E DISCUSSES................................................................................ 58 5.1 5.2 5.3 5.4 CLASSIFICAO DAS REAS ..........................................................................58 RISCOS QUMICOS..............................................................................................59 RISCOS FSICOS..................................................................................................68 RISCOS AMBIENTAIS..........................................................................................72

6

CONSIDERAES FINAIS .........................................................................................83 6.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS................................................ 84

REFERNCIAS ......................................................................................................................86 ANEXO I LEIAUTE DO CFL AUTO POSTO.................................................................89 ANEXO II QUESTIONRIO APLICADO NO PRC .......................................................91 ANEXO III REAS CLASSIFICADAS DE RI SCO .......................................................94 ANEXO IV POOS DE MONITORAMENTO, SONDAGENS E VOCS ...................96

9

1 INTRODUODe acordo com a Resoluo CONAMA 273/00 entende-se por Posto Revendedor de Combustveis (PRC):a instalao onde se exerce a atividade de revenda varejista de combustveis lquidos derivados de petrleo, lcool combustvel e outros combustveis automotivos, dispondo de equipamentos e sistemas para armazenamento de combustveis automotivos e equipamentos medidores.

Segundo ANP (2004a), no Brasil existem 13 refinarias, 19 terminais martimos e 20 terminais terrestres, 100 bases de distribuio, 179 distribuidoras, 25.680 postos revendedores de combustveis e um consumo de 1.600 mil barris/dia de produtos derivados de petrleo. No ano de 1995, o consumo de lcool, gasolina e diesel no pas foi de 33, 38 e 82 milhes de litros/dia, respectivamente. Segundo SANTOS et al. (2003), a Regio Metropolitana de Curitiba (RMC) possua, em julho/03, 730 PRCs, sendo destes, 509 no municpio de Curitiba. De acordo com OLIVEIRA (1999), problemas no armazenamento de combustveis derivados de petrleo conduzem a quatro impactos principais: o prejuzo sade humana por ingesto de lquidos e inalao dos compostos; o risco de incndio e exploso causado pelo acmulo de combustveis e seus vapores em estruturas subterrneas; o risco de perfuraes de tanques e tubulaes durante obras e manutenes e a contaminao do solo e da gua subterrnea por compostos txicos. Segundo PENNER (2000), as preocupaes relacionadas ao potencial de contaminao de guas subterrneas por derramamentos de combustveis vm crescendo em So Paulo e em diversas outras cidades do pas, como Curitiba (PR) que j possui legislao sobre o tema, e em Joinvile (SC). Em So Paulo, dos 2.098 postos revendedores de combustveis mapeados pelo Departamento de Controle do Uso de Imveis (CONTRU), 56% apresentaram irregularidades e de 20 a 25%

10

apresentaram risco de exploso por causa de vazamentos. Pelo levantamento do referido rgo, 70% dos tanques instalados nos PRCs tm mais de dez anos e j estariam precisando ser substitudos. Em Joinvile, a Prefeitura realizou estudos com os 65 postos da cidade e constatou que somente um no continha problema de contaminao do lenol fretico. Levando-se em considerao o grande nmero de postos revendedores de combustveis existentes no Brasil e sua localizao, muitas vezes, em regies intensamente povoadas, de fundamental importncia a realizao de avaliaes das condies construtivas, de manuteno e de funcionamento dos PRCs.

1.1 OBJETIVOSDesenvolver um estudo de caso em um posto revendedor de combustveis para verificar a existncia dos riscos inerentes s atividades realizadas nas reas de armazenamento e abastecimento. Analisar estabelecimento. Comparar os resultados encontrados com a legislao e normas tcnicas pertinentes. Indicar medidas visando minimizao dos riscos na rea de estudo. o conhecimento desses riscos pelos funcionrios do

11

2 REVISO BIBLIOGRFICANesta seo feita uma breve reviso sobre os principais tpicos verificados no estudo de caso apresentado nos captulos seguintes. Essa reviso serve de embasamento para a formulao dos questionrios aplicados aos funcionrios e aos clientes do posto revendedor de combustveis estudado e tambm como base para as observaes realizadas no local.

2.1 AGNCIA NACIONAL DO PETRLEOSegundo ANP (2004b):a Agncia Nacional do Petrleo (ANP) uma autarquia integrante da Administrao Pblica Federal, vinculada ao Ministrio de Minas e Energia. Tem por finalidade promover a regulao, a contratao e a fiscalizao das atividades econmicas integrantes da indstria do petrleo. Dentre as quais est a atividade de revendedor varejista de combustveis.

De acordo com ANP (2004c), depende da Agncia Nacional do Petrleo a regulamentao, fiscalizao e monitorao de PRCs. Durante a execuo das obras de implantao do PRCs devem ser obedecidas as normas das entidades com jurisdio sobre a rea de localizao do posto revendedor de combustveis, dentre elas: Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT); Prefeitura Municipal; Corpo de Bombeiros; rgo governamental ambiental responsvel e Departamento de Estradas de Rodagem. Aps a implantao dos PRCs deve ser solicitada ANP a autorizao de funcionamento, atentando-se para uma srie de procedimentos a serem tomados quando da operao destes (ANP, 2004c): a) todo o combustvel deve ser adquirido de empresa autorizada pela ANP a exercer a atividade de distribuio de combustveis;

12

b)

nenhum

PRC

pode

comercializar

combustvel

fora

de

seu

estabelecimento; c) o leo lubrificante usado ou contaminado somente dever ser alienado s empresas coletoras cadastradas pela ANP, sendo proibido o descarte de leo lubrificante no meio ambiente; d) o consumidor deve ser informado de maneira clara do tipo de produto de cada bomba de abastecimento, bem como dos perigos e riscos dos mesmos; e) as bombas e os equipamentos medidores devem estar em perfeito estado de conservao; f) as bombas medidoras devem estar aferidas pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial), de maneira que o volume seja igual a que est demonstrada como vendida ao consumidor; g) h) todo o produto vendido deve passar pelo equipamento medidor; o cadastro do posto revendedor de combustveis junto ANP deve estar sempre atualizado; i) os tanques de armazenamento de combustvel tm que ser

subterrneos. No permitido o uso de qualquer outro tipo de instalao de tanque, com exceo dos postos flutuantes.

2.2 LICENCIAMENTO AMBIENTALSegundo a Resoluo SEMA 031/98:o licenciamento ambiental estabelece as condies, restries e medidas de controle ambiental que devero ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa fsica ou jurdica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou

13 potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradao e/ou modificao ambiental.

No Paran, o licenciamento estabelecido pela Lei Estadual n 7.109/79 e seu Decreto Regulamentador n 857/79, bem como pela Resoluo n 031/98 SEMA (Secretaria Estadual de Meio Ambiente). O licenciamento ambiental de postos revendedores de combustveis tem sua base legal fundamentada, principalmente, na Resoluo CONAMA n 273/00. Em nvel estadual, est fundamentada na Instruo Normativa do Instituto Ambiental do Paran (IAP) n 105.008 Licenciamento Ambiental em Postos e/ou Sistemas Retalhistas de Combustveis. No IAP, o licenciamento ambiental de postos revendedores de combustveis realizado de duas formas. Os PRCs novos devem passar pelos trs nveis de licenciamento: prvio, de instalao e de operao, enquanto os j em

funcionamento devem solicitar diretamente o licenciamento de operao. Dentre as atividades objeto do licenciamento nos PRCs esto as

relacionadas ao armazenamento e abastecimento de combustveis, lavagem de veculos, troca de leo, lubrificao de veculos e s reas administrativas. Essas atividades so avaliadas quanto capacidade de gerar resduos slidos e lquidos poluentes e tambm quanto ao potencial de risco, como, por exemplo, incndios e exploses. Estas avaliaes so realizadas atravs da anlise das principais caractersticas do empreendimento; da classificao da rea do entorno; das especificaes de tanques, reservatrios, tubulaes e demais equipamentos; dos projetos do sistema de tratamento dos efluentes lquidos gerados (guas de lavagem de veculos e guas pluviais contaminadas incidentes sobre as reas de servio sujeitas a vazamentos acidentais de combustveis ou leos); dos projetos do sistema de tratamento de esgotos domsticos; do plano de gerenciamento dos resduos slidos gerados pela atividade; do laudo de viabilidade hidrogeoambiental e sistema

14

de monitoramento do lenol fretico; do certificado ou laudo de estanqueidade dos tanques subterrneos e suas tubulaes e do plano de gerenciamento de riscos (IAP, 2004). Aps anlises destes documentos e informaes emitida a licena ambiental ou o indeferimento ambiental, conforme o caso.

2.3 REAS CLASSIFICADASSegundo IPIRANGA (2004) entende-se por rea classificada a rea na qual a probabilidade de presena de uma atmosfera explosiva exige precaues para a construo, instalao e utilizao de equipamentos eltricos. Essa classificao de reas feita sobre um desenho de planta e cortes do arranjo geral dos PRCs e subdivide-se em quatro zonas, de acordo com o grau de probabilidade da presena de atmosfera explosiva: a) ZONA 0 local onde a ocorrncia de atmosfera explosiva contnua ou existe por longos perodos; b) ZONA 1 local onde a ocorrncia de atmosfera explosiva provvel de acontecer em condies normais de operao do equipam ento de processo; c) ZONA 2 local onde a ocorrncia de atmosfera explosiva provvel de acontecer e se acontecer por curtos perodos e est associada operao anormal do equipamento de processo; d) rea no classificada ambiente no qual no provvel a ocorrncia de uma atmosfera explosiva, a ponto de exigir precaues como numa rea classificada.

15

A Tabela 1 apresenta a classificao das reas dos PRCs segundo as zonas de atmosferas explosivas.CONFORME Tabela 1 - reas classificadas em zonas de atmosfera explosiva CLASSIFICAO LOCAL Zona 0 Interior de tanque Interior das cmaras de acesso e/ou conteno; Zona 1 Dentro de um raio de 1,00 metro, a partir do bocal do respiro em todas as direes. Regio intersticial do tanque de parede dupla; Acima das tampas das cmaras de acesso e/ou conteno e verticalmente 0,50 metros acima do nvel da pista se estendendo horizontalmente por Zona 2 um raio de 3,00 metros; Regio em torno do respiro, numa esfera de 1,50 metros de raio do bocal, excluindo a esfera que delimita a zona 1. Interior do gabinete e depresses sob a unidade Zona 1 de abastecimento. Pista de abastecimento, num raio horizontalmente de 6,00 metros, a partir do eixo central da unidade de abastecimento e verticalmente a uma altura de 0,50 metros, medidos acima do piso; Verticalmente, a partir da ilha de abastecimento Zona 2 ou a uma altura de 1,20 metros, estendendo-se horizontalmente num raio de 3,00 metros, declinando a partir deste ponto, limitado a um raio de 4,25 metros at a ilha de abastecimento ou nvel da pista. Zona 0 Parte dentro do tanque Zona 1 Parte fora do tanque 1,00 metro de permetro da projeo do tanque e 1,00 metro acima da boca de visita do caminho tanque; 3,00 metros de raio de afastamento do bocal onde se realiza a descarga de produto com 0,50 metros de altura. 1,00 metro de permetro e 0,50 metros acima da boca de visita do caminho tanque; Zona 2 1,50 metros de raio de afastamento do bocal onde se realiza a descarga de produto com 0,50 metros de altura.

SASC

Unidade de Abastecimento

Bomba submersa

Descarga no selada Caminho autotanque Descarga selada

Zona 2

FONTE: ESSO (1996)

2.4 RISCOS QUMICOSEspecificamente neste trabalho so considerados como riscos qumicos presentes nas atividades realizadas em postos revendedores de combustveis os

16

relacionados aos combustveis comercializados, quer pelo seu manuseio (direto e indireto), quer pelo seu armazenamento. Tambm so considerados riscos qumicos os referentes a incndios e exploses, incluindo os oriundos da eletricidade esttica.

2.4.1 PRODUTOS Os combustveis analisados neste estudo so os mais comumente

existentes nos postos revendedores de combustveis: gasolina, lcool e leo diesel.

2.4.1.1 GASOLINA A Gasolina o combustvel de maior consumo no mundo (MARQUES et al., 2003). A gasolina comercial quimicamente composta por hidrocarbonetos,

contendo entre quatro e quinze carbonos (BALDESSAR, 2005), sendo a maior parte desses classificada como alifticos ou como aromticos. Os compostos alifticos incluem constituintes como o butano, o penteno e o octano. Os compostos aromticos incluem compostos como o benzeno, o tolueno, o etilbenzeno e os xilenos (comumente denominados BTEX) (MARQUES et al., 2003). Segundo SOTO et al. (1994), pela composio da gasolina sofrer grandes variaes no aplicvel a ela um nico limite de tolerncia. Em, geral o teor de hidrocarbonetos aromticos determinar a concentrao mxima permissvel a ser aplicada. Somente no Brasil, lcool etlico adicionado gasolina como aditivador, aumentando a octanagem, substituindo com vantagens o chumbo tetra etila, proibido em vrios pases (MARQUES, et al., 2003). A proporo de mistura para a formao

17

da gasolina come rcial de quatro partes de gasolina para uma de lcool, podendo essa composio sofrer leves variaes. Dentre os compostos BTEX, os que causam maior preocupao so os compostos aromticos, pois possuem grande estabilidade em suas ligaes. O benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno, devido a estas ligaes qumicas orto, meta e para, so mais solveis e mais txicos entre os demais. Os BTEX so poderosos depressores do sistema nervoso central, apresentando toxidade crnica, mesmo em pequenas concentraes (da ordem de ppb parte por bilho) (LOUREIRO et al., 2002). Segundo SOTO et al (1994), na classificao fisiolgica de gases e vapores estes encontram-se na classe de gases e vapores anestsicos, mais precisamente anestsicos de ao do sistema formador do sangue. O benzeno a substncia que apresenta maior risco que, em exposies repetidas a baixas concentraes pode produzir uma anemia aplstica, isto , irreversvel, podendo chegar a uma leucemia. Uma exposio aguda (altas concentraes em curtos perodos) por inalao ou ingesto pode levar o indivduo ao bito (MARQUES, et al, 2003). Segundo SOTO et al (1994), o tolueno e xileno tm efeitos anestsicos similares aos do benzeno, mas possuem efeitos txicos consideravelmente menores. A exposio a estes pode produzir uma ligeira hipertrofia do fgado e uma anemia discreta. Segundo SALLUM (2005), cerca de quatro mil funcionrios de PRCs no Distrito Federal esto sob o risco de terem problemas de sade por causa do benzeno, produto qumico adicionado com freqncia gasolina. Alguns frentistas j manifestaram sintomas de contaminao. A Delegacia Regional do Trabalho j abriu investigao para identificar com preciso quantos trabalhadores podem estar doentes. Em 2004, foram identificados segundo o Sindicato dos Trabalhadores no

18

Comrcio de Minrios e Derivados de Petrleo no Distrito Federal, dez casos suspeitos por contaminao por benzeno. O benzeno j fez vtima no Distrito Federal que nada tinham a ver com a funo de frentista. Em 2002, um grave vazamento de combustvel ocorreu. A gasolina escorreu dos tanques subterrneos e contaminou o solo e o lenol fretico. Vinte e um moradores da regio foram contaminados por benzeno porque beberam gua poluda retirada de poos artesianos. Laudos comprovaram a concentrao de benzeno no sangue dos moradores. As famlias tiveram de ser retiradas do local e relocadas. Centenas de litros de gasolina foram bombeados do lenol fretico e ainda hoje se estuda a dimenso da mancha subterrnea de contaminao. A Tabela 2 apresenta os principais perigos relacionados gasolina.Tabela 2 - Caracterizao dos principais perigos relacionados com a gasolina PERIGOS MAIS IMPORTANTES Perigos fsicos e qumicos DESCRIO Lquido inflamvel. Queimaduras em pessoas e danos em estruturas em caso de incndio ou exploso. Produto inflamvel nocivo. Os vapores do produto so mais pesados que o ar. Estes vapores podem se deslocar a uma distncia considervel e caso haja contato com uma fonte de ignio qualquer poder ocorrer retrocesso da chama. Apresenta caractersticas de toxicidade para a vida aqutica, pode contaminar a camada superficial do solo e por percolamento contaminar o lenol fretico. O produto inflamvel e seus vapores e fumos de combusto provocam poluio do ar EFEITOS ADVERSOS SADE HUMANA Inalao Ingesto Contato com a pele Contato com os olhos Tontura, dor de cabea, dificuldade respiratria ou perda da conscincia, irritao das vias areas, nuseas. Irritao da parede do estmago. Irritao e dermatite. Conjuntivite crnica e irritao.

Perigos especficos

Perigos ambientais

FONTE: SOTO et al. (1994); (LOUREIRO et al., 2002); (MARQUES, et al, 2003).

2.4.1.2 LCOOL ETLICO HIDRATADO COMBUSTVEL O Brasil o nico pas no mundo a utilizar lcool como combustvel. O lcool hidratado quimicamente composto por lcool etlico anidrido, gua e gasolina. A

19

gasolina utilizada na formulao do lcool hidratado tem a funo de reduzir a octanagem do combustvel, fazendo com que este tenha um poder explosivo menor. A proporo de lcool etlico anidrido de cerca de 90% do volume total, enquanto existem aproximadamente 5% de gua e 5% de gasolina (MARQUES et al., 2003). A Tabela 3 apresenta os principais perigos relacionados ao lcool.Tabela 3 - Caracterizao dos principais perigos relacionados com o lcool PERIGOS MAIS IMPORTANTES Perigos fsicos e qumicos Perigos especficos DESCRIO Lquido inflamvel. Tem risco de incndio quando em contato com calor ou fasca, podendo reagir violentamente com materiais oxidantes. Produto inflamvel nocivo. EFEITOS ADVERSOS SADE HUMANA Inalao Ingesto Contato com os olhos Dor de cabea, sonolncia e lassido. Absorvido em altas doses alucinaes visuais e embriagus. Irritao. pode ocasionar torpor,

FONTE: SOTO et al. (1994); (LOUREIRO et al., 2002); (MARQUES, et al, 2003).

2.4.1.3 LEO DIESEL Segundo KULLAMP (2002) e LOUREIRO (2002), o leo diesel constitudo de uma mistura de hidrocarbonetos totais de petrleo (HTPs) numa faixa de substncias mais pesadas que na gasolina (6 a 22 tomos de carbono). Dentre estes tem-se os hidrocarbonetos policclicos aromticos (HPAs) e os

hidrocarbonetos monoaromticos (BTEX), sendo estes ltimos geralmente numa proporo menor que na gasolina. Fsico-quimicamente o leo diesel um lquido lmpido, amarelado, isento de material em suspenso e com odor caracterstico. A Tabela 4 apresenta os principais perigos relacionados ao leo diesel.Tabela 4 - Caracterizao dos principais perigos relacionados com o leo diesel (continua) PERIGOS MAIS IMPORTANTES Perigos fsicos e qumicos Perigos especficos Lquido inflamvel. Produto inflamvel. Vapores do produto no ar tornam o ambiente extremamente explosivo e txico. DESCRIO

20

Tabela 4 - Caracterizao dos principais perigos relacionados com o leo diesel (concluso) PERIGOS MAIS IMPORTANTES DESCRIO Txico vida aqutica, principalmente pela presena de aromticos. Tende a formar pelculas superficiais sobre a gua. Pode transmitir qualidades indesejveis gua afetando seu uso. Pode contaminar a camada superficial do solo e por percolamento contaminar o lenol fretico. EFEITOS ADVERSOS SADE HUMANA Depressores do sistema nervoso, irritao das vias respiratrias, nuseas, dor de cabea, tontura, vertigem, confuso, incoordenao, inconscincia e at coma e morte em exposio severa. Pneumonia qumica e edema pulmonar. Irritao. Conjuntivite.

Perigos ambientais

Inalao Ingesto Contato com a pele Contato com os olhos

FONTE: SOTO et al. (1994); (LOUREIRO et al., 2002); (MARQUES, et al, 2003).

2.4.1.4 EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL Vrios so as atividades envolvidas com o manuseio de combustveis que exigem a utilizao de EPIs. Estes EPIs variam conforme o tipo de atividade. De um modo global, dentre os EPIs necessrios pode-se citar: capacete, uniforme, proteo facial, proteo auricular, mscara respiratria, culos de segurana, luvas, calado, roupa impermevel, entre outros especficos. A necessidade de utilizao de cada um desses avaliada posteriormente para as atividades envolvidas no presente trabalho.

2.4.1.5 MEDIDAS DE PRIMEIROS SOCORROS Durante a operao dos PRCs podem ocorrer situaes de emergncia que necessitem de aes de primeiros socorros. Devido ao manuseio constante de gasolina, lcool etlico e leo diesel pode ocorrer ingesto, inalao e/ou contato com os olhos ou com a pele destes produtos.

21

No caso de inalao deve ser seguida uma srie de procedimentos de acordo com o estado da vtima. Esta deve ser removida para um local arejado. Se esta no estiver respirando, deve-se aplicar respirao artificial. Caso a vtima esteja respirando com dificuldades deve ser aplicado oxignio. Para o caso de contato com a pele, a vtima deve imediatamente retirar todas as roupas e sapatos contaminados e lavar a pele com gua em abundncia, por pelo menos vinte minutos, de preferncia sob chuveiro de emergncia. Quando ocorrer contato de gasolina e leo diesel com os olhos, estes devem ser lavados com gua em abundncia, por pelo menos vinte minutos. J para o lcool, os olhos devem ser lavados por aproximadamente dez minutos, pois este infinitamente solvel em gua o que favorece sua descontaminao. O

procedimento de lavagem deve ser executado mantendo as plpebras separadas. No caso de ingesto da gasolina ou leo diesel no deve ser provocado vmito e deve-se lavar a boca com gua limpa em abundncia e ingerir azeite de oliva ou outro leo vegetal. Se o produto ingerido for o lcool, deve ser provocado vmito. Em qualquer um dos casos acima relacionados, em que a vtima esteja consciente, aps terem sido tomados os primeiros cuidados, deve-se procurar assistncia mdica. No caso da vtima estar inconsciente, deve-se imediatamente procurar assistncia mdica ESSO (1996).

2.4.1.6 MEDIDAS DE CONTROLE PARA DERRAMAMENTO OU VAZAMENTO No caso de grandes vazamentos de combustvel deve-se acionar o plano de emergncia do PRC e avaliar as imediaes visando identificao de riscos de

22

contaminao de corpos hdricos, solo e gua subterrnea e tambm os riscos de incndio e exploso. A equipe envolvida na conteno do vazamento deve utilizar os EPIs que se fizerem necessrios, conforme apresentado no item 2.4.1.4. Segundo ESSO (1996), ao ser verificado um pequeno vazamento ou um derramamento de gasolina, leo diesel ou lcool, devem ser eliminadas todas as fontes de ignio impedindo quaisquer centelhas, fagulhas e chamas na rea de risco. Deve-se parar imediatamente o abastecimento do veculo, se for o caso, e empurr-lo para local afastado das bombas, sem acionar o motor. Tem-se que iniciar imediatamente a remoo do produto derramado,com o uso de sapatos com solado de borracha, uniforme e luvas de PVC com forro, pelo frentista. A remoo deve ser efetuada espalhando areia seca sobre o produto, recolhendo-a com a utilizao de uma p de plstico ou de duralumnio, j que outros metais podem provocar fascas. Estes resduos devem ser acondicionados em tambores com tampas e destinados adequadamente. Aps remoo de todo produto derramado pode-se lavar o local com gua. Depois da limpeza da pista de abastecimento, passa-se remoo do produto derramado no prprio veculo, no se deve jogar gua diretamente e sim utilizar uma flanela e sabo neutro.

2.4.2 INCNDIOS E EXPLOSES Segundo ESSO (1996), a ao de combate a incndios tem seus principais momentos nos primeiros segundos aps seu incio. No deve haver hesitao por parte do pessoal do PRC em chamar o Corpo de Bombeiros caso o incndio ocorrido no seja de pequenas propores e o material de combate ao fogo existente no local no seja suficiente para apag-lo.

23

Os meios de extino de incndios em gasolina e leo diesel recomendados por ESSO (1996) so: espuma para hidrocarbonetos, p qumico e dixido de carbono. J no caso de incndios em lcool, a nica exceo com relao utilizao de espuma para hidrocarbonetos, que no recomendada, pois a quantidade de hidrocarbonetos no lcool hidratado bastante reduzida. As seguintes regras bsicas devem ser seguidas no combate a incndios: a) o combate ao fogo deve ser iniciado com o equipamento do PRC, se no houver risco segurana pessoal; b) caso no seja possvel extinguir o fogo imediatamente aps seu incio deve-se chamar o Corpo de Bombeiros; c) d) e) toda a rede eltrica do posto deve ser desligada; deve ser garantida a evacuao imediata do local; aparelhos de proteo de respirao independente do ar ambiente e roupas de aproximao/proteo temperaturas elevadas devem ser utilizados; f) todas as medidas possveis para evitar a proliferao do fogo devem ser tomadas; g) a gua no deve ser utilizada para combater fogo na pista de abastecimento, pois pode espalhar o fogo e atingir as bombas.

2.4.2.1 PROCEDIMENTOS A SEREM OBSERVADOS PARA A INSTALAO DE EXTINTORES A instalao de extintores deve obedecer legislao local do corpo de bombeiros, sendo uma exigncia que precede abertura do posto revendedor de combustveis.

24

Anteriormente instalao dos extintores de incndio em PRCs, deve ser solicitado o laudo de aprovao de projeto de combate a incndio ao corpo de bombeiros local. Aps aprovao, os extintores devem ser instalados antes do recebimento da primeira carga de combustveis, quando se tratar de PRCs novos. Durante as reformas dos postos revendedores de combustveis, os extintores devem ser mantidos em seus locais, podendo ser removidos somente se no houver mais abastecimento e os tanques estiverem limpos ESSO (1996). Conforme CORPO DE BOMBEIROS (2001), a proteo das bombas deve ser feita atravs de um extintor de PQS 12 Kg, para cada ilha de at trs torres de bombas. Junto s bombas deve existir, em local visvel, placas com os dizeres "Perigo - Inflamvel" - "Proibido Fumar". Quando a quantidade de torres de bombas for superior a 05 (cinco), ser exigida, tambm, a instalao de um extintor adicional de PQS 30 kg (tipo carreta). De acordo com NR-23, os extintores devem ser instalados em locais de fcil acesso, onde haja menor probabilidade de serem bloqueados pelo fogo no caso de ocorrncia de incndio. Deve ser pintada no cho de vermelho, uma rea de no mnimo 1m x 1m. Esta rea no pode ser obstruda de forma alguma e deve ainda ser pintada uma seta vermelha, com borda amarela ou um crculo vermelho acima do suporte do extintor (parede, coluna da cobertura, etc).

2.4.2.2 ELETRICIDADE ESTTICA Ao passar um lquido inflamvel de um recipiente para outro so produzidos potenciais eltricos. Uma grande quantidade de eletricidade esttica pode se acumular na superfcie de um lquido inserido num grande tanque e, ao mesmo tempo, pode existir diferena de potencial entre os vrios pontos daquela superfcie.

25

Assim, os tanques utilizados para o armazenamento de lquidos inflamveis devem ser convenientemente ligados terra. So freqentes os casos de acidentes em caminhes tanque em operaes de transbordo de um lquido inflamvel para um tanque subterrneo (WIECHETECK, 2004). A fim de se evitar tais acidentes, obrigatoriamente os dois devem estar aterrados ou ligados ao mesmo potencial. Segundo ESSO (1996), alm do aterramento, outros cuidados tambm so fundamentais, independentemente se a descarga for remota ou direta. Dentre eles, tem -se: isolar o local com cones de sinalizao e placas de no fume; certificar que todas as fontes de ignio prximas foram eliminadas; certificar que o funcionrio que vai acompanhar a descarga est usando calado com solado de borracha e uniforme e que o motorista do auto-tanque est utilizando capacete, uniforme, culos de segurana, luvas, avental e botas; posicionar um extintor do PRC e um do auto-tanque de cada lado da caixa de descarga, entre outros bastante especficos para tal atividade. Segundo SHELL (2004), a rea de abastecimento de veculos em um PRC uma rea de risco, dado que durante o abastecimento so liberados gases inflamveis pela abertura do bocal do veculo, causados pela passagem do combustvel do bico da bomba para o tanque do automvel. Estas reas deixam de ser perigosas a partir de cinco metros de distncia da cobertura da pista. Estes gases so mais pesados que o ar, assim, ao serem liberados, tm a tendncia de permanecer entre uma altura pouco acima do bocal e o solo, at se dissiparem. Estes, desde que tenham uma mistura adequada com o ar, podem se inflamar expostos a uma fonte de ignio (calor, fascas eltricas ou chama). Portanto,

26

segundo SHELL (2004), existe a possibilidade de incndio, resultante da eletricidade esttica, durante o abastecimento do veculo. Um estudo foi realizado, onde foram analisados 150 casos desse tipo de incndio e os resultados foram: a) dos casos analisados, foram atingidos menos homens e mais

mulheres, devido ao costume feminino de entrar e sair do veculo enquanto o tanque abastecido; b) na maioria dos casos, as pessoas haviam entrado novamente em seus veculos enquanto a mangueira ainda transportava o combustvel. Ao terminar o abastecimento e sair para retirar a pistola da mangueira (auto atendimento), o incndio comeou; c) a maioria dos acidentados usava sapatos com sola de borracha e roupas de fibras sintticas; d) dezessete incndios ocorreram antes, durante ou imediatamente

depois que a tampa do depsito de combustvel foi retirada e antes que se comeasse o abastecimento propriamente dito. A partir do estudo realizado, algumas recomendaes foram feitas para o abastecimento seguro (SHELL, 2004): a) no sair ou entrar no veculo durante o abastecimento; esta ao deve ser feita somente antes de comear o abastecimento ou aps termin lo, com a tampa do tanque de gasolina j devidamente recolocada; b) redobrar a ateno se houver gasolina derramada no cho, pois possvel que se produzam vapores altamente inflamveis, podendo incendiar-se por fagulhas da eletricidade esttica, acionamento de aparelhos eletrnicos (celulares, controles remotos, etc.) ou mesmo por

27

ignio do prprio veculo. Antes de ligar o motor, a gasolina derramada deve ser neutralizada pelos funcionrios do posto; c) sempre adotar o seguinte procedimento: freiar, acionar o freio de mo, desligar o motor, o rdio e as luzes do veculo; d) por precauo, acostumar-se a fechar a porta do carro ao sair ou ao entrar, assim, a eletricidade esttica se descarrega ao tocar no material metlico; e) aps fechar a porta, tocar na parte metlica da carroceria do veculo antes de tocar pistola da mangueira. Desta maneira, a eletricidade esttica do corpo se descarrega no metal e no na pistola da mangueira.

2.4.2.3 TELEFONES CELULARES COMBUSTVEIS

NOS

POSTOS

REVENDEDORES

DE

Segundo Shell (2004), celulares em postos revendedores de combustveis no podem ser utilizados nas reas prximas s bombas de abastecimento. Caso haja extrema necessidade de utilizao de celulares em PRCs, estes devem ser utilizados dentro das lojas de convenincia ou a, no mnimo, cinco metros distante do limite da cobertura e da rea de descarga de produto onde existem os bocais de tanques, para recebimento de combustvel pelo PRC. Nos postos revendedores de combustveis devem constar avisos de no utilizao de celulares fixados nas pilastras da cobertura. A necessidade de tais avisos surgiu a partir de uma norma emitida no Reino Unido numa poca em que os telefones celulares possuam potncia de at 20 Watts enquanto hoje a potncia mais comum de 0,6 Watts. Nessa poca, os fabricantes alertavam nos manuais

28

dos aparelhos celulares para evitar o seu uso em reas com atmosfera potencialmente explosiva. As pesquisas realizadas no produziram nenhuma evidncia que sugira existir o risco real de um telefone celular produzir acidentes em PRCs. Na verdade, jamais foi confirmada, em todo o mundo, a ocorrncia de um acidente diretamente associado ao uso de telefone celular. Apesar de ser teoricamente possvel que uma fasca originada de uma bateria de telefone celular possa produzir ignio em um vapor de gs sob condies bem definidas, as evidncias histricas no indicam a necessidade de novas pesquisas sobre o assunto. No entanto, o no uso de aparelhos de telefone celular est presente dentre as quatro regras para o abastecimento seguro: a) b) c) d) desligue o motor; no fume; no use seu telefone celular - deixe-o dentro do veculo ou desligue-o; no retorne ao seu veculo durante o abastecimento.

2.5 RISCOS FSICOSNos PRCs esto constantemente realizando-se obras e/ou manutenes geradoras de riscos fsicos. Tendo em vista grande diversidade destas, optou-se por estudar as de mais alto risco, considerando-se sempre a classificao das reas de risco, apresentada no item 2.3. Portanto, dentre as obras, so avaliadas: quebra de concreto, escavaes, sondagens e remoo de tanque enterrado. manutenes tem -se: trabalhos em altura, soldagens, Dentre as e

esmerilhamentos

manutenes eltricas de baixa tenso, ou seja, com tenso nominal at 380 V.

29

ESSO (1996) considera como escavao qualquer atividade desenvolvida no solo e a mais de vinte e trs centmetros de profundidade, incluindo os servios de colocao de estacas, hastes de aterramento, hastes de demarcao, apoios de guindastes, etc. Como sondagem considera um mtodo de investigao

desenvolvido no subsolo, incluindo os servios de escavaes verticais de seo circular, com dimenses mnimas suficientes para retirada de amostras de solo. Ainda segundo ESSO (1996), trabalhos em altura relacionados a postos revendedores de combustveis so os realizados acima de trs metros e com risco de queda.

2.5.1 PROCEDIMENTOS GERAIS PARA REALIZAO DE OBRAS Para a realizao de obras vrios procedimentos devem ser adotados anteriormente ao seu incio, obedecendo classificao de risco da rea de trabalho, conforme item 2.3. O conhecimento prvio do local onde sero realizados os servios indispensvel, devendo-se conhecer as instalaes subterrneas do PRC, atravs do detalhamento de plantas de construo, eltricas, hidrulicas, de instalaes de equipamentos e livros de documentao. Posteriormente, deve-se avaliar as

caractersticas do servio a ser executado, incluindo anlise do leiaute do local da obra, das interferncias existentes, dos equipamentos mecnicos utilizados e da profundidade a ser perfurada, se for o caso. Para a realizao destas obras, deve-se instruir os operrios quanto aos riscos envolvidos e enfatizar a necessidade do uso dos seguintes equipamentos de proteo individual: capacete, uniforme, culos de segurana e luvas de raspas de couro. Para a realizao de quebra de concreto e escavaes necessrio tambm

30

o uso de protetor auricular. Exige-se na quebra de concreto a utilizao de bota com biqueira de ao, enquanto para os demais procedimentos o uso de calado de solado de borracha. Todas as reas envolvidas com o servio devem ser isoladas com cones e fitas plsticas de sinalizao e, se necessrio, deve-se utilizar luzes de advertncia noite, de modo a garantir a segurana dos operrios e evitar a aproximao de pedestres e veculos ao local. Estas reas devem possuir identificao clara e visvel de No se aproxime rea em obras e de No fume. Devem ser identificados, tambm, com o aviso No ligue Equipamento em manuteno todos os circuitos eltricos que tiveram que ser desenergizados para a realizao dos servios. Se houver necessidade, o fluxo de veculos do local deve ser interrompido, a fim de evitar riscos para os prprios veculos ou mesmo para os operrios. Os servios devem ser paralisados caso surja alguma obstruo no identificada previamente, tal como tubulaes, cabos eltricos, placas de proteo de concreto, entre outras. A tarefa s deve ser reiniciada aps identificao e soluo do problema. Ocorrendo danos a cabos eltricos ou tubulaes no identificadas

anteriormente ao servio, deve-se paralisar imediatamente as escavaes, afastar os operrios do local, reforar a sinalizao, confinar as proximidades do local danificado e adotar as medidas necessrias para a correo dos problemas, inclusive acionando as autoridades competentes.

2.5.1.1 PROCEDIMENTOS ESPECFICOS PARA A QUEBRA DE CONCRETO A quebra de concreto exige procedimentos especficos para sua realizao. Os principais so: anteriormente ao incio da operao, retirar qualquer material

31

inflamvel da rea de risco delimitada, posicionar pelo menos dois extintores de PQS, e ainda, desenergizar todos os cabos eltricos enterrados que foram previamente identificados no leiaute. Durante a execuo do servio deve ser proibido o abastecimento a menos de seis metros da rea delimitada para o servio e paralisar a tarefa nos casos em que for imprescindvel a descarga de combustvel. Caso sejam identificadas tubulaes de produto no local, as mesmas devem ser isoladas mecanicamente. Se for encontrado combustvel ou constatado cheiro do mesmo, devem ser paralisadas imediatamente as perfuraes.

2.5.1.2 PROCEDIMENTOS ESPECFICOS PARA ESCAVAES Segundo a norma regulamentadora nmero 18 do ministrio do trabalho (NR-18), a rea a ser escavada deve ser previamente limpa, devendo serem escorados solidamente equipamentos, muros, edificaes vizinhas e todas as estruturas que houver risco de comprometimento de sua estabilidade durante a execuo de servios. Caso existam cabos subterrneos de energia eltrica nas proximidades das escavaes, estes devem ser desligados. A tarefa deve ser iniciada

preferencialmente de forma manual com ferramentas leves (ps, picaretas, etc). Se necessrio, pode-se prosseguir com mquina mecnica, assegurando que o

equipamento apresente condies de realizar o servio com segurana. As escavaes com mais de um metro e vinte e cinco centmetros de profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas prximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergncia, a sada rpida dos trabalhadores.

32

Os materiais retirados da escavao devem ser depositados a uma distncia superior metade da profundidade, medida a partir da borda do talude. Os taludes com altura superior a um metro e setenta e cinco centmetros devem ter estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. Quando houver possibilidade de infiltrao ou vazamento de gs, o local deve ser devidamente ventilado e monitorado. Os acessos de trabalhadores, veculos e equipamentos s reas de escavao devem ter sinalizao de advertncia permanente. proibido o acesso de pessoas no-autorizadas s reas de escavao.

2.5.1.3 PROCEDIMENTOS ESPECFICOS PARA SONDAGEM Para a realizao de sondagens, importante a adoo de um mtodo que no empregue fluidos de perfurao com potencial capacidade de alterar as caractersticas descritivas do perfil do subsolo ou que possa mascarar a composio qumica original da gua subterrnea. Anteriormente execuo das sondagens deve-se eliminar todas as fontes potenciais de ignio; promover o desligamento dos circuitos eltricos enterrados a menos de trs metros do local de sondagem e posicionar um extintor de incndio de p qumico no local. Em reas classificadas de risco, a sondagem dever ser com trado manual ou com equipamentos prova de exploso, enquanto que em reas sem classificao de risco, quando for indicado a sondagem motorizada, devem ser verificadas as especificaes de segurana dos equipamentos a serem utilizados no servio. O material retirado do furo deve ser disposto apenas num dos lados da sondagem: a mais de trinta centmetros da borda do mesmo; a mais de um metro de distncia do motor eltrico ou a combusto eltrica, se for o caso; em local ventilado,

33

sobre lonas para evitar contaminao com solo superficial do terreno. Aps o trmino da sondagem, todo o entulho gerado deve ser removido do local. Caso o furo da sondagem necessite permanecer aberto aps sua concluso, ou no caso de uma paralisao parcial da atividade, este deve ser tampado com chapa de ferro provisria, protegendo-o da entrada de objetos estranhos e sinalizando o local a fim de evitar incidentes.

2.5.1.4 PROCEDIMENTOS ENTERRADO

ESPECFICOS

PARA

A

REMOO DE

TANQUE

A operao de remoo de tanques enterrados pode ser dividida em seis fases: inicial; retirada do lastro de produto; escavao; retirada do tanque, armazenamento e transporte. Os principais procedimentos a serem adotados em cada uma destas so descritos na seqncia. Inicialmente deve-se identificar o tanque a ser removido e as bombas de abastecimento interligadas ao mesmo; suspender o recebimento de produto no tanque; confirmar o esgotamento completo do tanque e da tubulao; desligar os circuitos eltricos de alimentao das bomb as de abastecimento interligadas ao tanque e dos associados ao tanque, e colocar avisos nas bombas de abastecimento, indicando sua inoperncia temporria. Qualquer etapa da tarefa deve ser paralisada no caso de recebimento de produto por auto-tanque e somente reiniciada aps a sada deste. O produto residual, lastro, do tanque pode ser retirado com bomba manual ou eltrica. S se pode optar por bomba eltrica se esta e todos seus componentes forem prova de exploso. Todos os demais equipamentos eltricos situados a menos de 4,25 metros do local de trabalho devem ser desligados, bem como todas as fontes potenciais de

34

ignio prximas devem ser eliminadas. Dois extintores de incndio de PQS devem ser posicionados prximo ao local. O esgotamento do produto contido na tubulao de suco da bomba de abastecimento deve ser feito de modo que o mesmo retorne ao tanque por gravidade. O produto residual do tanque pode, ento, ser retirado,

preferencialmente, com bomba manual. Caso opte-se por retir-lo com bomba eltrica, esta e seus componentes devem ser a prova de exploso. Anteriormente ao incio da suco, deve-se certificar-se de que as mangueiras estejam perfeitamente fixas nas conexes da bomba de suco e que o tambor para o qual o produto ser transferido esteja apoiado no cho. Pode-se, ento, dar incio suco, com cuidado para no derramar o produto no solo. Deve-se utilizar quantos tambores forem necessrios e fechar a tampa de cada um deles imediatamente aps complet-los. A qualidade do produto contido nestes tambores deve ser testada para verificao da possibilidade de reaproveitamento ou da necessidade de destinao adequada. Aps retirada do lastro, inicia-se a escavao do terreno at atingir a parte superior do tanque quando, ento, devem ser desconectadas todas as tubulaes existentes tomando-se precaues de modo a evitar o derrame do produto para o interior da cava. Visando reduo do risco de exploso durante a operao de remoo, deve-se lanar a carga de dois extintores de incndio de 8 kg de gs carbnico (CO 2) no tanque atravs da boca de descarga direta, fechando a conexo imediatamente. Anteriormente escavao no entorno do tanque para desprend-lo do terreno, todas as tubulaes e instalaes eltricas existentes devem ser removidas.

35

Aps completada a escavao, finalmente pode ser dado incio retirada do tanque da cava, com auxlio de equipamento mecnico. Nesse processo deve-se manter tanto a boca de visita como todas as conexes do tanque fechadas e verificar se existem furos ou fissuras em seu costado. Caso existam, deve-se tamplos, sempre que possvel, eliminando os pontos de derrame de produto. O tanque deve ser armazenado em local seguro, sem comprometer o andamento das demais tarefas e sem prejudicar o fluxo das pessoas no local. Deve ser armazenado com as conexes direcionadas para cima, devidamente calado e sinalizado. Deve ser mantido pelo menor tempo possvel nas dependncias do PRC. O transporte at o local onde o tanque ser desgaseificado dever ser realizado por caminho transportador devidamente sinalizado.

2.5.2 PROCEDIMENTOS GERAIS PARA REALIZAO DE MANUTENES Para os servios de manuteno, os equipamentos de proteo individual requeridos so: capacete, uniforme e calado com solado de borracha. Para trabalho em altura devem ser utilizados tambm cinto de segurana e alguns equipamentos de proteo coletiva, como guarda-corpo e roda-p. Para os procedimentos de soldagem e esmerilhamento tambm devem ser utilizados: culos e cinto de segurana, luvas de raspas de couro, avental de couro e EPIs especficos de soldador, quando realizada a soldagem. O local de trabalho deve ser isolado com cones de sinalizao e fita plstica de advertncia. O isolamento deve ser abrangente, de modo a evitar abalroamento de veculos no andaime, se for o caso, e a presena de clientes e curiosos na rea de trabalho. A necessidade de paralisar o fluxo de veculos no PRC, para garantir a realizao da tarefa de modo seguro deve ser avaliada. Tambm podem ser

36

colocados adesivos de aviso em disjuntores e painis eltricos: No Ligue Equipamento em Manuteno quando tiverem que ser desligados. No caso de emergncias como incndios, os procedimentos a serem adotados so os relacionados no item 2.4.2. No caso de quedas, queimaduras ou outros ferimentos, deve-se avaliar o estado da vtima, prestar os primeiros socorros e providenciar socorro mdico com a mxima urgncia. Deve-se, tambm, avaliar os danos e interromper as atividades de abastecimento, se prximas ao local do acidente.

2.5.2.1 PROCEDIMENTOS PARA TRABALHO EM ALTURA Antes do trabalho em altura ser iniciado deve-se proceder instalao do andaime de acordo com as normas do ministrio do trabalho sobre andaimes NR 18 que estabelece que os mesmos devem ser dimensionados e construdos de modo a suportar, com segurana, as cargas de trabalho a que estaro sujeitos. O piso deve ter forrao completa, antiderrapante, ser nivelado e fixado de modo seguro e resistente. Devem dispor de sistema guarda-corpo e rodap, inclusive nas cabeceiras. Sendo proibido o deslocamento das estruturas dos andaimes com trabalhadores sobre os mesmos. Para andaimes mveis, os rodzios devem ser providos de travas, de modo a evitar deslocamentos acidentais. A subida e descida dos funcionrios destes andaimes devem ser feitas mdulo a mdulo, com o cuidado de prender o cinto de segurana, que deve estar sendo utilizado, em cada lance do andaime. Devem ser tomadas precaues especiais quando da montagem,

desmontagem e movimentao de andai mes prximos s redes eltricas, j que estes devem ficar a mais de trs metros de distncia dos cabos de energia. Caso

37

isso no seja possvel, deve-se solicitar concessionria local de energia eltrica o desligamento da rede eltrica ou a colocao de calhas de isolamento eltrico nos cabos da rede.

2.5.2.2 PROCEDIMENTOS PARA SOLDAGEM E ESMERILHAMENTO A soldagem ou esmerilhamento somente deve ser realizada, nos PRCs em operao ou fora de operao, mas que ainda possuam tanques e/ou linhas que j tenham recebido produto, caso no exista outra forma de realizar esta tarefa, respeitando-se a classificao de risco da rea. Sempre que possvel, a pea deve ser removida do local, a fim de realizar a soldagem ou esmerilhamento fora da rea do PRC. Esta tarefa nunca deve ser realizada se houver iminncia de chuva ou descarga de produto por auto-tanque. Caso a descarga de produto seja

imprescindvel, o servio deve ser interrompido e somente reiniciado aps a sada do auto-tanque do PRC. Pelo menos dois extintores de 8 kg de PQS devem ser posicionados prximos ao local da sondagem e/ou esmerilhamento e todo material inflamvel deve ser removido. As peas a serem soldadas ou esmerilhadas devem ser previamente limpas, isentas de leo, graxa, ferrugem e tinta. Para a realizao de servios de soldagem e esmerilhamento em reas classificadas de risco, os seguintes procedimentos tambm devem ser adotados: paralisar a operao da pista de abastecimento; garantir que no haver fluxo de veculos durante a operao; desligar a energia eltrica de todos os equipamentos da pista de abastecimento; lavar com gua e sabo todo o cho da pista de abastecimento, de modo a remover todos os resduos de combustveis; manter o

38

cho da pista constantemente molhado durante a operao; cobrir as bombas de abastecimento e as cmaras de caladas prximas pista com manta

incombustvel; retirar o forro da cobertura prxima ao local a ser soldado ou esmerilhado levando em conta que todo material combustvel deve ficar afastado num raio de dois metros do ponto de solda e de trs metros do ponto de esmerilhamento; posicionar a mquina de soldagem num local afastado da rea

classificada; instalar a fiao eltrica a vinte e cinco centmetros do solo. Nenhuma manuteno, envolvendo o uso de mquina e smerilhadeira ou uso de solda pode ser realizada em tubulao de produtos, de respiro, linhas de suco e descarga que no foram previamente desgaseificados. A mquina de soldagem deve estar ligada numa tomada eltrica aterrada e localizada fora da rea classificada de risco de acordo com a distncia permitida. Para a realizao de servios de soldagem e esmerilhamento em reas no classificadas de risco, os seguintes procedimentos devem ser adotados: nenhum abastecimento de veculos deve ser efetuado a menos de quinze metros do servio; verificar a necessidade de lavar o cho, de modo a remover todos os resduos de combustveis; verificar a necessidade de manter o cho constantemente molhado durante a operao; desligar a energia eltrica do local em manuteno; cobrir as cmaras de caladas prximas pista com manta incombustvel; retirar todo material combustvel prximo ao local e embaixo da rea de servio.

2.5.2.3 PROCEDIMENTOS DE MANUTENO ELTRICA Para a realizao das manutenes na parte eltrica alguns procedimentos devem ser respeitados. Primeiramente, os servios devem ser programados previamente, pois alguns deles s podem ser executados com os equipamentos

39

desligados e desenergizados. Posteriormente, devem ser localizados os painis eltricos no interior do prdio e nestes identificar os circuitos eltricos. A manuteno eltrica de baixa tenso no pode ser realizada em dias de fortes chuva. No caso de manuteno na pista de abastecimento, deve-se verificar a possibilidade de remover o equipamento para fora da rea de classificao de risco e de remover qualquer material combustvel exposto no local. Para a manuteno preventiva ou corretiva dos quadros eltricos de distribuio de energia, deve-se preparar o local de trabalho, instalando lmpadas de iluminao, caso este seja mal iluminado; deix-lo livre de obstculos de modo a permitir a fcil movimentao dos eletricistas; desligar todos os circuitos internos de distribuio de energia e disjuntor geral do prprio quadro. Caso o quadro esteja interligado com o sistema no break, este deve ser desligado do sistema.

2.6 RISCOS AMBIENTAISOs postos revendedores de combustveis representam uma fonte de impactos ao meio ambiente, caracterizada por vazamento, no solo, de derivados de petrleo contidos nos SASCs. (LOUREIRO et al., 2002). Segundo CETESB (2004), os vazamentos de combustveis derivados de petrleo no solo conduzem contaminao do solo e das guas subterrneas por compostos txicos, especialmente os BTEX, presentes, em quantidades

expressivas, na gasolina e no leo diesel. Estes eventos se manifestam, na grande maioria dos casos, tanto como contaminaes superficiais provocadas por constantes e sucessivos derrames junto s bombas e bocais de enchimentos dos reservatrios de armazenamento, como pelos vazamentos em tanques e tubulaes subterrneas. Geralmente so

40

percebidos aps o afloramento do produto em galerias de esgoto, redes de drenagem de guas pluviais, no subsolo de edifcios, em tneis, escavaes e poos de abastecimento d'gua, razo pela qual as aes emergenciais requeridas durante o atendimento a estas situaes requerem a participao de diversos rgos pblicos, alm do envolvimento do agente poluidor e suas respectivas subcontratadas. DUARTE (2003) realizou um levantamento nos 260 PRCs do Distrito Federal, identificando-os de acordo com o grau de risco de vazamento. A avaliao dos riscos foi feita com base na idade do PRC, nos tipos de tanques, no grau de corroso do solo e na falta de sistema de deteco de pequenos vazamentos. O estudo aponta um grande risco para a populao: 59% dos postos revendedores de combustveis apresentam srios problemas no sistema de armazenamento e 18%

ameaam diretamente o meio ambiente porque esto em locais onde qualquer vazamento pode atingir a gua subterrnea. Boa parte dos tanques destes PRCs tm mais de 20 anos de uso, o que representa um perigo considervel, uma vez que a maioria dos tanques existentes, em ao, comea a apresentar problemas de vazamento por volta dos 15 anos de uso. SIQUEIRA et. al. (2002), realizou um estudo no municpio de Belm e verificou que 34% dos tanques encontram -se com idade superior recomendada para a utilizao e, ainda, que 83% dos tanques possuem equipamentos de deteco de baixa preciso e/ou ausncia dos dispositivos de conteno de vazamentos. Haja vista a importncia do reconhecimento e da avaliao dos problemas ambientais oriundos dos PRCs so estudados, no presente trabalho, as aes

41

preventivas, investigativas, remediativas e emergenciais que devem ser adotadas para a minimizao dos riscos causados pelos mesmos.

2.6.1 AES PREVENTIVAS As aes preventivas so representadas pelos aspectos construtivos e pelos procedimentos operacionais, detalhados nos itens 2.6.1.1 a 2.6.1.5. importante ressaltar que os aspectos construtivos devem atender ao estabelecido na ABNT/NBR 13786, que determina os processos de proteo e controle necessrios conforme a classificao do posto revendedor de combustveis. Esta classificao definida pela anlise do ambiente em torno do PRC, numa distncia de cem metros a partir do seu permetro. Identificado o fator de agravamento no ambiente em torno, o PRC classificado no nvel mais alto, independentemente do nmero de fatores dessa classe. As classes, o ambiente em torno e os processos de proteo e controle necessrios so apresentados na Tabela 5.Tabela 5 - Classificao dos PRCs de acordo com o ambiente em torno (continua) CLASSE AMBIENTE EM TORNO PROCESSOS DE PROTEO E CONTROLE NECESSRIOS Controle de estoque manual ou controle de estoque automtico (que detecte perda de 1 L/h, com 95% de possibilidade de acerto de at 5% de alarme falso) Uma nica vlvula de reteno junto suco da bomba Monitoramento do fretico ou monitoramento de vapores ao lado de cada tanque Cmara de acesso boca-de-visita do tanque Descarga selada / Cmara de conteno da descarga selada Tanque de parede simples: fabricado conforme NBR 13312 ou NBR 13212 ou qualquer das opes da classe 3 Tubulao no metlica ou de ao carbono, com proteo contra corroso, compatvel com a utilizada no tanque

0

Quando no possuir nenhum dos fatores de agravamento das classes seguintes

42 Tabela 5 - Classificao dos PRCs de acordo com o ambiente em torno (concluso) CLASSE

AMBIENTE EM TORNO rede de drenagem de guas pluviais; rede subterrnea de servios (gua, esgoto, telefone, energia eltrica, etc.); fossa em reas urbanas edifcio multifamiliar com at quatro andares. asilo; creche; edifcio multifamiliar com mais de quatro andares; favela em cota igual ou superior a do posto; edifcio de escritrios comerciais com quatro ou mais pavimentos; poo de gua, artesiano ou no, para consumo domstico; casa de espetculos ou templo; escola; hospital. favela em cota inferior a do posto metr em cota inferior a do solo garagem residencial ou comercial construda em cota inferior a do solo; tnel construdo em cota inferior a do solo edificao residencial, comercial ou industrial construda em cota inferior a do solo atividades industriais e operaes de risco (armazenamento e manuseio de explosivos e locais de carga e descarga de inflamveis lquidos base e terminal gua do subsolo utilizada para abastecimento pblico da cidade (independentemente do permetro de cem metros) corpos naturais superficiais de gua, bem como seus formadores, destinados a: abastecimento domstico, proteo das comunidades aquticas, recreao de contato primrio (natao, esqui aqutico e mergulho), irrigao, criao natural e/ou intensiva de espcies destinadas alimentao humana - conforme resoluo conama n 20)

PROCESSOS DE PROTEO E CONTROLE NECESSRIOS todos os processos de proteo e controle da classe 0, inclusive para tanques e tubulaes; caixa separadora de gua e leo para o canalete na projeo da cobertura; canalete de conteno na projeo da cobertura das bombas.

1

2

todos os processos de proteo e controle da classe 1, inclusive para tanques e tubulaes; vlvula de proteo contra transbordamento ou vlvula de reteno de esfera flutuante ou alarme de transbordamento.

3

Todos os processos de proteo e controle da classe 2, exceto tanques Monitoramento intersticial nos tanques e tubulaes pressurizadas Cmara de conteno sob a unidade abastecedora Tanque de parede dupla: fabricado conforme NBR 13785 ou NBR 13212 Tubulao de parede dupla para linhas pressurizadas (nesse caso, no se aplicam as tubulaes exigidas para as classes anteriores)

FONTE: ABNT/NBR 13786 de agosto de 2001

43

2.6.1.1 PISO O material constituinte do piso das pistas de descarregamento e

abastecimento de combustvel um fator importante. Para evitar a transmisso de esforo s tubulaes enterradas e possveis contam inaes do solo e gua, o material utilizado na construo do piso deve ser impermevel e resistente. O piso deve ter caimento para o sistema de drenagem que dever estar localizado internamente pavimentados ou projeo mesmo da cobertura. Ainda so encontrados de concreto, pisos asfalto no ou

construdos

com

blocos

paraleleppedos, os quais permitem que, durante as operaes de descarregamento ou de abastecimento dos produtos, qualquer vazamento superficial de combustvel, se infiltre no solo.

2.6.1.2 TANQUES E LINHAS Segundo CETESB (2004), os tanques convencionais de armazenamento de combustvel, fabricados com ao-carbono, possuem parede nica simples e so sujeitos aos efeitos da corroso. Os principais fatores que influenciam o processo de corroso esto relacionados com o pH, a umidade e a salinidade do solo onde os tanques esto enterrados. As corroses a partir da parte interna dos tanques subterrneos esto normalmente relacionadas aos componentes do produto

comercializado, como o caso do leo diesel com altos teores de enxofre, que facilita a degradao das chapas metlicas, sendo que a oxidao tender a ser mais intensa na parte vazia dos tanques, pela presena de oxignio. Atualmente, existem tanques de parede dupla, tambm denominados

tanques jaquetados, os quais representam um grande avano no controle de vazamentos. A maioria desses tanques construda com dois materiais distintos,

44

sendo que a parede interna, a exemplo do modelo convencional, construda com ao-carbono, enquanto a parede externa construda com uma resina termofixa, no sujeita corroso, a qual fica em contato direto com o solo. O monitoramento intersticial outro fator importante. Este sistema consiste num sensor especialmente instalado, com presso negativa, no espao intersticial das duas paredes do tanque. Dessa forma, possvel detectar a entrada de ar ou de gua do lenol fretico por falta de estanqueidade da parede externa ou a entrada do produto por falta de estanqueidade de parede interna. Dentre as linhas, tem-se as metlicas galvanizadas convencionais e as de PEAD. As primeiras so mais sujeitas fragilizao por esforo mecnico, em razo de suas caractersticas e rigidez dos metais de que so construdas. As de PEAD, fabricadas atualmente, apresentam permeabilidade similar a dos metais e possuem grande resistncia mecnica, contudo so flexveis para absorver os impactos e adaptar-se movimentao do piso e do solo. Tambm so utilizadas tubulaes secundrias, as quais envolvem a tubulao principal, para aum entar a eficincia da conteno de vazamentos, inclusive com a instalao de sensores de vazamentos, no espao entre as duas tubulaes. Tem-se, ainda, os respiros, que so linhas, em parte subterrneas e em parte areas, individuais de cada tanque de armazenamento e, quase sempre, esto localizadas acima da cobertura do estabelecimento ou junto s paredes ou aos muros de divisa, e so pontos tambm sujeitos a extravasamentos de combustveis durante as operaes de descarga do produto, quando do excessivo enchimento dos tanques. Como a manuteno das linhas dos respiros, nem sempre to rigorosa quanto nas demais linhas do sistema de armazenamento do

estabelecimento, podem ocorrer perdas do produto por furos ou pelas suas

45

conexes, sendo que os eventuais vazamentos podem ser visualmente detectados pela impregnao, com o produto, das tubulaes ou da coluna da cobertura do estabelecimento.

2.6.1.3 CMARAS DE CONTENO Nas unidades de abastecimento, tambm denominadas de bombas de abastecimento, so freqentes os vazamentos de combustveis a partir das conexes que integram o sistema de bombeamento e abastecimento dos produtos. Esses vazamentos, ainda que em pequenas propores, normalmente geram grandes contaminaes do subsolo, por longos perodos de tempo, motivo p qual elo recomenda-se a utilizao das cmaras de conteno, confeccionadas em material impermevel, sob as unidades de abastecimento, as quais impedem o contato direto do produto vazado com o solo e indicam qualquer vazamento, atravs de sensores instalados em seu interior. O mesmo ocorre no sistema de descarga de combustveis, onde, em sua grande maioria, as cmaras de calada de acesso s bocas de descarga de combustveis dos tanques subterrneos no so impermeabilizadas, razo pela qual os costumeiros extravasamentos ocorridos durante o descarregamento dos produtos acabam por contaminar o subsolo, sendo comum observar-se a presena de combustvel acumulado nas bocas de descarga ou a presena de solo impregnado com o produto ao redor das mesmas. As cmaras de calada com conteno de descarga de combustveis so dispositivos confeccionados em material

impermevel, que permitem a total reteno de eventuais vazamentos, evitando que o produto atinja o solo.

46

O sistema de conteno pode ser complementado pela instalao de um dispositivo de descarga selada no bocal de enchimento do tanque para evitar o retorno do combustvel em caso de ser excedida a capacidade do tanque, bem como pela instalao de uma vlvula contra transbordamentos na linha de descarga interna ao tanque.

2.6.1.4 CANALETAS DE CONTENO E SEPARADORES DE GUA E LEO As canaletas de conteno devem estar localizadas ao redor da pista de abastecimento e descarregamento de combustveis e localizadas internamente projeo da cobertura, com a finalidade de conter os eventuais derramamentos ocorridos durante estas operaes e direcion-los ao separador de gua e leo. Os separadores de gua e leo, tambm denominados caixas-separadoras, so caixas com no mnimo dois compartimentos, sendo um de decantao da areia e terra presentes na gua e outro de flutuao dos leos, divididos por uma parede intermediria com uma abertura para a intercomunicao desses dois

compartimentos. Estes separadores normalmente so construdos em alvenaria, localizando-se nas proximidades dos locais de descarte das guas coletadas pelas canaletas de conteno. Os separadores devem ser esvaziados e limpos com freqncia, evitando-se o excessivo acmulo de slidos em suspenso e borras na caixa de sedimentao.

2.6.1.5 OPERAES DE ABASTECIMENTO E DE DESCARREGAMENTO Muitos vazamentos podem ocorrer durante a operao de abastecimento dos veculos. Dentre as principais causas, destacam-se as falhas operacionais no acionamento do sistema automtico de bloqueio do fluxo dos bicos de

47

abastecimento e a movimentao do veculo durante o abastecimento. Esses vazamentos so superficiais e, com freqncia, os produtos atingem as galerias pblicas de guas pluviais, em razo da inexistncia de canaletas de conteno. Por ocasio do descarregamento de combustveis nos tanques, deve se evitar a contaminao do piso do estabelecimento e do solo, junto aos bocais de descarga, provocados pelo transbordamento do tanque ou pelo derramamento do produto ainda presente na tubulao de descarga do caminho-tanque, ao final da operao.

2.6.2 AES INVESTIGATIVAS So dois os casos em que ocorrem as aes investigativas: para verificao da ocorrncia de contaminaes antigas e em suspeita de vazamentos que estejam ocorrendo. Em ambos os casos de suspeita de contaminao, deve-se realizar uma investigao detalhada do local. O primeiro passo consiste no contato com o reclamante, com moradores prximos ou funcionrios para obteno de informaes detalhadas e, a partir de ento, realizar uma minuciosa inspeo do local suspeito de estar contaminado, a fim de constatar, ou no, a existncia de odor caracterstico de produto combustvel, a presena de gases ou vapores inflamveis e a presena de produto combustvel em fase livre. Diversos aspectos devem ser considerados: a topografia da regio, as interferncias subterrneas, a existncia de crregos e rios nas proximidades, a localizao da rea contaminada em relao s possveis fontes e o sentido do fluxo nas galerias subterrneas, entre outros aspectos. Confirmada a contaminao pelo PRC, mas ainda no diagnosticada a fonte de origem, deve-se, primeiramente, obter informaes detalhadas dos aspectos

48

construtivos, principalmente os relacionados aos tanques de armazenamento de combustveis. Um ponto importante a observar a existncia de tanques

desativados, j que ainda que no tenham sido desativados por problemas de vazamentos, esses tanques esto mais sujeitos aos efeitos da corroso, devido grande rea de contato com o oxignio em seu interior. Assim, por uma questo de segurana, o recomendado a remoo desses tanques, a fim de evitar a formao de atmosferas confinadas contendo vapores inflamveis, e tambm, para evitar sua reutilizao. Entretanto, em razo de muitos estabelecimentos no removerem os tanques desativados por questes tcnicas, recomenda-se que os tanques

desativados sejam preenchidos com material inerte. Aps obteno dessas informaes, deve-se, ento, analisar o sistema de controle de estoque e proceder realizao dos testes de estanqueidade e do passivo ambiental. O controle de movimentao diria, semanal ou mensal pode detectar variaes anormais dos estoques de combustveis, as quais podem ser indicativo de vazamentos atuais nas linhas e tanques. O controle de estoques muito importante haja visto que quando os vazamentos de combustveis so detectados em sua fase inicial, pode-se evitar grandes contaminaes e situaes de riscos. Os testes de estanqueidade, por sua vez, so procedimentos que avaliam a estanqueidade dos SASCs, podendo ser manual ou automtico (eletrnico).

Segundo a NBR/ABNT 13784, devem ser capazes de detectar vazamentos de 0,5 L/h com 95% de possibilidade de acerto e mximo de 5% de probabilidade de alarme falso, considerando-se a compensao do coeficiente trmico de expanso do combustvel.

49

Segundo FILHO (2004), no estudo de passivos ambientais so utilizados mecanismos indiretos para deteco da presena ou no dos compostos derivados de petrleo no ambiente subterrneo dos PRCs, atravs de sondagens

investigativas para medies de gases e vapores e amostragens do solo e da gua subterrnea. Estas sondagens so importantes porque ao ocorrer um vazamento, o combustvel tem a sua fase lquida retida parcialmente nos poros do solo e por vezes dissolvida ou at em fase lquida na gua do lenol fretico. A poro retida no solo est sujeita evaporao temperatura do ambiente subterrneo, podendo gerar gases ou vapores, sendo a medio da presena destes uma forma rpida e eficiente de investigao preliminar de uma rea. Conforme KAIPPER et al. (2002) dos constituintes da gasolina, os BTEX so os que tm maior solubilidade em gua, como apresenta a Tabela 6 e, portanto, so os primeiros a atingir o lenol fretico. Vale ressaltar que o etanol pode aumentar a solubilidade da gasolina, fazendo com que plumas de contaminao contendo a mistura gasolina lcool tenham condies de contaminar reas maiores do que plumas contendo somente gasolina, e em tempos mais curtos.NOME Benzeno Tolueno Etilbenzeno m xileno p xileno o - xileno Naftaleno Fenantreno Antraceno Pireno Benzo (a) antraceno CrisenoFonte: Pedrozo et. al , 2002

Tabela 6 - Solubilidade de hidrocarbonetos aromticos PESO MOLECULAR SOLUBILIDADE EM GUA (mg/L) 78,11 1.780 92,1 500 106,17 150 106,2 160 106,2 215 106,2 220 128,19 31 178,2 1,1 178,2 0,045 202,3 0,132 228,3 0,011 228,3 0,0015

Tendo em vista a Tabela 6, analisa-se a presena de compostos aromticos BTEX. Sua concentrao se d preferencialmente no ar do solo (SCHIANETZ,

50

1999), mas pela sua mobilidade podem estar presentes tambm na gua subterrnea. Esses elementos podem causar risco ambiental, sendo o benzeno o mais txico entre eles, apresentando um efeito cancergeno e mutagnico, como j mencionado no item 2.4.1.1. Analisa-se tambm a presena de PAHs, que so hidrocarbonetos

aromticos policclicos. Consistem de trs ou mais ciclos condensados de benzeno, sendo constituintes preferenciais do leo diesel. A solubilidade em gua e a volatilidade desses compostos so relativamente baixas, podendo-se contar com uma baixa mobilidade no solo e na gua subterrnea (SCHIANETZ, 1999). Conforme CORSEUIL e MARINS (1998) o etanol pode ainda dificultar a biodegradao natural dos hidrocarbonetos, aumentando a persistncia desses compostos na gua subterrnea. Ainda conforme os autores acima, o etanol pode ser biodegradado em preferncia aos hidrocarbonetos, dessa forma consumindo o oxignio necessrio para degradao dos hidrocarbonetos aromticos. A partir dos resultados obtidos verifica-se se a rea est ou no contaminada, e se h ou no a necessidade de remediao. Outro mecanismo de deteco de contaminaes so os poos de monitoramento. Estes, no nmero mnimo de trs, so instalados em pontos estratgicos do empreendimento, conforme o fluxo de gua subterrnea, sendo um a montante e dois a jusante das possveis fontes de contaminao. Nestes poos deve-se efetuar a monitorao da presena de vapores inflamveis e a anlise da gua

51

2.6.3 AES EMERGENCIAIS As aes emergenciais que so adotadas nos acidentes ambientais causados por vazamentos em PRCs, bem como as aes ps-emergenciais, so medidas tcnicas eficientes para eliminar ou diminuir os impactos gerados pela contaminao e os riscos associados inflamabilidade dos combustveis

automotivos vazados, as quais devem estar previamente determinadas em planos de emergncia, elaborados para tais episdios. As aes so desencadeadas e implementadas pelos rgos pblicos envolvidos, nos primeiros momentos do atendimento. A responsabilidade pela realizao das medidas necessrias eliminao dos riscos imputada ao agente causador da contaminao sob a orientao e coordenao do rgo ambiental e do corpo de bombeiros sempre considerado-se os seguintes aspectos: porte do vazamento; produto vazado; caractersticas do cenrio; uso e ocupao das reas afetadas. As caractersticas fsicas do produto ou produtos envolvidos, tais como a presso d vapor, densidades do lquido e do vapor, solubilidade na gua, limites de e inflamabilidade e ponto de fulgor, permitem prever o comportamento do produto no meio, definir as tcnicas mais adequadas que devem ser adotadas e, tambm, determinar quais equipam entos devem ser utilizados nas monitoraes (CETESB, 2004). As caractersticas qumicas do produto tambm so consideradas, uma vez que os compostos de certas misturas presentes nos derivados de petrleo servem de base para avaliar o risco sade pblica e como critrio para a seleo dos equipamentos de proteo individual adequados a serem usados pelas equipes de interveno.

52

As peculiaridades dos ambientes contaminados pelo produto combustvel tambm devem ser consideradas por ocasio da definio das tcnicas a serem utilizadas para a eliminao dos riscos e, tambm, influenciam a escolha dos recursos materiais adequados para a descontaminao do local e o tipo de proteo das equipes envolvidas no atendimento. Uma vez que as reas sob risco tenham sido delimitadas, procede-se ao imediato isolamento e sinalizao das mesmas, para evitar o acesso de pessoas alheias s operaes de emergncia, sendo que as reas evacuadas podem ser ampliadas ou reduzidas em funo das monitoraes realizadas durante o

transcorrer da operao. Nos ambientes interiores em geral e, sobretudo naqueles com maior grau de confinamento, convm desativar todos os sistemas eltricos, inclusive os

equipamentos mecnicos com princpio de funcionamento base de queima de combustvel, a fim de evitar centelhas que possam gerar a ignio dos vapores inflamveis presentes (ESSO, 1996). Quando do afloramento de combustveis automotivos em qualquer ambiente, uma das primeiras medidas a realizao do imediato recolhimento da fase lquida do produto, a fim de reduzir a exposio e a taxa de evaporao deste, diminuindo o risco de inflamabilidade. As caractersticas fsicas do produto envolvido so fatores relevantes na seleo das tcnicas a serem adotadas, pois a seletividade do recolhim ento est associada miscibilidade do produto em gua (CETESB, 2004). Outra medida de segurana importante, normalmente adotadas nas

operaes, o apoio e acompanhamento do Corpo de Bombeiros, com o posicionamento estratgico de extintores e linhas fixas de combate a incndio.

53

Nos corpos d'gua superficiais so utilizadas vrias tcnicas, dentre as quais destacam-se: instalao de barreiras de conteno absorventes, direcionamento do produto e recolhimento com caminhes -vcuo e a aplicao de produtos slidos absorventes. A eliminao da fonte do vazamento de combustvel compreende os reparos ou as substituies necessrias, sendo que se tratando de tanques, recomenda-se o esvaziamento e, em seguida, desativao e remoo. Havendo impossibilidades tcnicas para a remoo, podem ser desativados definitivamente, mantidos

enterrados no local e preenchidos com material inerte (CETESB, 2004).

2.6.4 AES REMEDIATIVAS Posteriormente fase emergencial ou fase investigativa, inicia-se uma outra etapa mais depurada e prolongada de remoo e recuperao das reas degradadas. Esse processo de remediao envolve a caracterizao geomorfolgica e hidrolgica da rea de interesse; o mapeamento da pluma de contaminao a fim de delimitar sua rea de abrangncia; a definio das tcnicas de remoo de fase livre e posteriormente das fases dissolvida e adsorvida considerando as

peculiaridades do local de trabalho e do volume de produto a ser removido; a implementao de tcnicas mais apropriadas e um programa de anlises fsicas e qumicas do solo e aqfero at o saneamento da rea impactada. Estas aes so normalmente adotadas aps a emergncia, porm, em muitas oportunidades podem ser implementadas com carter de medidas

mitigadoras dos riscos. Isto ocorre porque, no raro, somente com o efetivo bombeamento do produto infiltrado ou remoo do solo contaminado que ser eliminado o risco em reas confinadas externas ao empreendimento.

54

3 METODOLOGIAO desenvolvimento do trabalho compreendeu as seguintes etapas

metodolgicas: a) b) c) d) e) f) reviso bibliogrfica; escolha da rea de estudo; elaborao de questionrio; realizao de visitas tcnicas; anlise dos resultados; elaborao do relatrio.

55

4 DESCRIO DA REA DE ESTUDOA fim de aplicar os conceitos e procedimentos apresentados na reviso bibliogrfica, procurou-se escolher um posto revendedor de combustveis onde fosse permitido o acompanhamento das atividades dirias exercidas pelos funcionrios, o contato direto com os clientes, a obteno de informaes junto ao gerente e aos funcionrios e, ainda, que tivesse programado algum estudo investigativo quanto s questes ambientais. Aps contato com alguns PRCs, encontrou-se um que atendia a todos esses requisitos. Entretanto, para que se pudesse realizar o presente estudo de caso nesse PRC, algumas restries foram impostas, entre elas: no identificar o estabelecimento; no informar o municpio que est instalado; no apresentar cpias dos laudos de anlises de campo e laboratoriais e no fotografar quaisquer uma das partes do PRC. Como pode-se verificar a seguir, estas solicitaes foram atendidas e, portanto, o PRC utiliza, no presente trabalho, o nome fictcio de CFL AUTO POSTO LTDA e os resultados das anlises laboratoriais so apresentados dentro do prprio texto, porm, sem a apresenta o dos laudos.

4.1 CARACTERIZAO DO PR CO posto revendedor de combustveisl escolhido para este estudo est localizado na Regio Metropolitana de Curitiba. Este PRC exerce atividades que envolvem a revenda varejista de

combustveis (gasolina, lcool e leo diesel), troca de leo lubrificante, lavagem de veculos, calibrao de pneus e loja de convenincias.

56

O CFL AUTO POSTO, instalado em 1997, conta atualmente com quatorze funcionrios divididos em dois turnos de trabalho. A rea total do terreno onde est instalado de aproximadamente 2.500 m 2, sendo que desta, cerca de 250 m 2 correspondem pista de abastecimento, 50 m2 rea de lavagem, 85 m2 rea de troca de leo, 140 m 2 loja de convenincia, vestirios e escritrios e o restante rea livre. O leiaute deste PRC apresentado no Anexo I. Possui cinco tanques de parede dupla para armazenamento dos

combustveis, sendo divididos da seguinte forma: um de 15.000 litros para leo diesel, um de 30.000 litros para lcool e trs de 15.000 litros cada para gasolina comum. Conta ainda com trs bombas de abastecimento, cada uma com dois bicos, sendo um de leo diesel, dois de lcool e trs de gasolina, divididas em trs ilhas de abastecimento. O CFL AUTO POSTO vende, em mdia, 230.000 litros por ms, sendo destes, aproximadamente, 70% de gasolina, 20% de lcool e 10% de leo diesel. O piso das pistas de abastecimento e descarregamento de combustvel e da rea de lavagem de veculos de concreto impermevel; o da rea de troca de leo e da loja de convenincia de revestimento cermico, e o piso da rea livre restante de paver de concreto. O CFL AUTO POSTO possui canaletas de conteno ao redor da rea de descarga de combustveis, ao redor da pista de abastecimento, sob a projeo da cobertura, e tambm na rea de lavagem. Essas canaletas direcionam os efluentes para uma caixa separadora de gua e leo de placas coalescentes. O CFL AUTO POSTO possui cmaras de calada com conteno de descarga de combustveis que permitem a total reteno de vazamentos oriundos de

57

descarregamento. O sistema de descarregamento adotado pelo PRC remoto e conta tambm com um dispositivo de descarga selada. Os respiros dos tanques esto localizados prximo rea de descarga e se encontram a uma altura de cinco metros do solo. Todas as ilhas esto sinalizadas com placas de advertncia contendo as seguintes informaes: a) b) c) d) usar somente como combustvel; no fume; por favor, desligue o celular; por favor, desligue o motor.

Juntamente s bombas existe, em local visvel, placas com os dizeres "Perigo - Inflamvel" - "Proibido Fumar". O CFL AUTO POSTO est devidamente registrado junto Agncia Nacional do Petrleo e em fase de licenciamento ambiental junto ao rgo ambiental estadual.

58

5 RESULTADOS E DISCUSSESPara que fosse feita a verificao da existncia dos riscos enunciados na reviso bibliogrfica e tambm para verificao das medidas adotadas pelo PRC para a minimizao destes riscos foram realizadas cinco visitas ao CFL AUTO POSTO. Estas visitas foram distribudas da seguinte maneira: a) visita 1: reconhecimento do local para avaliao das caractersticas do empreendimento; b) visita 2: entrevista com os funcionrios e com o gerente, com aplicao do questionrio contido no Anexo II; c) visita 3: acompanhamento das atividades dirias com observao dos comportamentos de risco; d) e) visita 4: acompanhamento das sondagens investigativas; visita 5: acompanhamento da operao de descarregamento de combustveis. Para a apresentao dos riscos identificados no CFL AUTO POSTO foi utilizada a mesma sistemtica apresentada no item 2.

5.1 CLASSIFICAO DAS REASAs reas de riscos do CFL Auto Posto foram classificadas em quatro zonas, de acordo com o grau de probabilidade da presena de atmosfera explosiva, conforme apresentado no item 2.3. Essas zonas foram estabelecidas de acordo com os critrios de localizao constantes na Tabela 1. As zonas encontradas no PRC em questo, no que se refere ao SASC, unidades de abastecimento, bomba submersa e descarga so ilustradas na planta baixa do empreendimento e em seus respectivos cortes, contidos no Anexo III. A descrio de cada uma dessas zonas

59

no necessria, j que sua localizao nas plantas e cortes a transcrio em forma de desenho do texto exposto na Tabela 1. Analisando-se as reas de classificao de risco encontradas no CFL Auto Posto, constatou-se que a rea de classificao de risco (zona 2) da bomba de combustvel encontrada menor distncia da divisa do terreno (bomba nmero 1), ultrapassou os limites do terreno, sendo que o ideal seria que esta estivesse a um metro e dez centmetros da posio e