Potencia Muscular
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A MUSCULAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DA POTÊNCIA
MUSCULAR EM MEMBROS INFERIORES
Allyson Emerick Santana Gustavo Henrique Maciel Santana
Thiago Alan Alves Silva
RESUMO
A musculação pode oferecer vários benefícios, um deles é a melhoria da potência muscular (Força x Velocidade). A potência muscular pode ser trabalhada por diversas formas na musculação, como através da pliometria, levantamento olímpico, saltos verticais. As pesquisas muito evoluíram a respeito do treinamento de potência muscular. No entanto, ainda há caminhos a percorrer. O objetivo deste estudo foi fazer uma revisão bibliográfica sobre a relação treinamento de força explosiva juntamente com a musculação.
Palavra chave: musculação, métodos, potência muscular.
INTRODUÇÃO
A história da musculação é muito antiga. Existem relatos históricos que datam
do início dos tempos e que afirmam a prática da ginástica com pesos. Escavações
encontraram pedras com entalhes para as mãos, permitindo aos historiadores intuir
que as pessoas utilizavam o treinamento com pesos. Existem esculturas datadas de
400 anos antes de Cristo que relatam formas harmoniosas de mulheres, mostrando
preocupação estética na época. Relatos de jogos de arremessos de pedras datam
de 1896 a.C. (BITTENCOURT, 1986).
A tendência da sociedade moderna e a evolução tecnológica proporcionam
mais conforto e comodidades para o ser humano. A tecnologia facilita o dia-a-dia,
porém diminui as exigências do movimento corporal. Esta diminuição de atividade
física traz consigo o aumento do stress e do sedentarismo, principais inimigos de
uma boa qualidade de vida (COBRA, 2003). Essa preocupação com o corpo é hoje,
uma preocupação geral, perpassando todos os setores da sociedade, independente
de classe social ou faixa etária. Todo esse cuidado com o corpo é influenciado pela
mídia que todos os dias nos bombardeia com notícias, programas de TV,
reportagens em revistas e jornais trazendo manchetes sobre como ter o “corpo
perfeito”, qual a dieta da moda, os “milagrosos” produtos que acabam com a sua
“gordurinha” localizada em apenas alguns dias e mostrando imagens de homens e
mulheres com seus corpos esculpidos e bronzeados. Há ainda os especialistas que
nos dizem como é importante para nossa saúde ter o corpo “em forma”. Tal
ideologia está, segundo Castro (2003), apoiada num discurso que ora lança mão da
questão estética, ora da preocupação com a saúde. Em meio a essa demanda, na
década de 1980, chega ao Brasil uma nova prática de culto ao corpo, denominada
de fisiculturismo. Nascida na Europa no século XIX e difundida nos Estados Unidos
a partir do início do século XX, o fisiculturismo, ou Bodybuilding é o “esporte que visa
desenvolver o tamanho muscular entre definição, proporção, simetria estética e
harmonia”.
Segundo Santarém (2000), entende-se por boa qualidade de vida a
capacidade de conseguir realizar as atividades desejadas, do ponto de vista
homeostático e biomecânico, sem riscos para o perfeito funcionamento do
organismo humano. O desenvolvimento de novos hábitos, com uma ênfase maior na
prática de atividades físicas, é um passo fundamental para a melhoria generalizada
da saúde orgânica e, consequentemente, da qualidade de vida. Assim sendo,
exercícios diversos tais como a caminhada, corrida, ciclismo, natação,
hidroginástica, musculação, entre outros, cada vez mais ganham a adesão de uma
população que busca o desenvolvimento do bem estar e da saúde física e mental.
Entre as atividades acima citadas a musculação recebe atualmente um
destaque todo especial, principalmente em decorrência da evolução científica que
apresentou nas últimas décadas com a publicação de pesquisas e artigos sobre
seus benefícios e segurança na prática.
A musculação, quando sobre supervisão adequada, representa uma
excelente opção para a manutenção da saúde e melhoria da qualidade de vida, pois
qualquer indivíduo pode se beneficiar da mesma, desde que o protocolo seja
ajustado a sua realidade e objetivos.
Durante algum tempo, o treinamento com peso foi reconhecido,
principalmente por treinadores, como um freio para os atletas, ou seja, o atleta que
treinasse força ficava “travado”, perdia sua agilidade. A utilização da musculação
para este tipo de treinamento foi um dos principais fatores que levaram os
preparadores físicos a essa má interpretação. Quase não eram realizadas
pesquisas, e o treinamento, na maioria das vezes, incorreto, utilizando como
princípio às técnicas do fisiculturismo e movimentos irregulares, cuja conseqüência
principal era a lesão muscular (CAPPA, 2001).
Dentre os vários benefícios que a musculação pode oferecer destacamos a
potência muscular, que é a combinação entre a força e a velocidade; quanto maior a
força ou a velocidade de execução, maior será a potência gerada. Dessa forma, o
objetivo deste estudo é fazer uma revisão bibliográfica sobre potência
muscular aplicados na musculação através, principalmente, das publicações
de pesquisas no Brasil.
Essas pesquisas foram coletadas, em sua maioria, de artigos, trabalhos
de conclusão de curso, dissertações de mestrado e livros.
MUSCULAÇÃO
Hoje em dia a prática da musculação em academias vem conquistando
muitos adeptos com diferentes objetivos como: aumento da massa muscular,
melhora do condicionamento físico, reabilitação, medicina preventiva e performance
esportiva associado à potência muscular. A melhoria da performance nos objetivos
propostos é bastante complexa, pois são muitas variáveis a serem trabalhadas.
Segundo Chagas (2008) as variáveis estruturais são os elementos primários para a
elaboração e analise de um programa de treinamento na musculação. O processo
de análise inclui tanto a descrição quanto a prescrição do programa. As variáveis
propostas são número de sessões, número de exercícios, número de séries, número
de repetições, peso, ação muscular, posições dos segmentos corporais, duração da
repetição, amplitude de movimento, trajetória, movimentos acessórios, regulagem do
equipamento, auxílio externo e pausa.
Algumas particularidades são importantes a serem consideradas quanto às
variáveis estruturais, por exemplo, o uso de maquinas articuladas e exercícios livres.
Segundo Ribeiro (1970) as máquinas articuladas são equipamentos em que a
mecânica do movimento permite uma amplitude de movimento (ADM) aumentada,
em função do sentido das alavancas da máquina. Suas principais vantagens são o
aumento da ADM em função das trajetórias convergentes das alavancas e as
exigências (intensidade) semelhantes em ambos os membros treinados. Segundo
Weineck(1999), outras vantagens das máquinas são segurança, maior velocidade e
comodidade na troca de pesos pelo sistema de placas e pinos, economia de tempo
e de espaço, e segundo Bittencourt (1986) há uma melhora apresentação estética
em relação aos outros recursos, servindo como fator de motivação para os
praticantes.
Para Ribeiro (1970) os exercícios considerados ‘’livres’’ são aqueles que
utilizam os pesos dos próprios segmentos corporais somados aos implementos:
barra, caneleira e halter usados na musculação. Segundo Weineck(1999) que
caracteriza os pesos livres é a versatilidade, ou seja, os exercícios podem ser
criados com múltiplas variações.
POTÊNCIA
Durante muito tempo tem sido discutido definições e aplicações da aptidão
física, tal aptidão vem sendo relacionado com a saúde e performance. Dentre os
vários componentes da aptidão física podemos destacar a potência muscular que
pode apresentar benefícios para a qualidade de vida e melhoria das necessidades
especificas dos atletas de alto rendimento. Cada vez mais os estudiosos vêm
buscando novas metodologias que beneficie a melhora da potência muscular. Hoje
em dia muitos treinadores e preparadores físicos utilizam dentro da periodização do
treinamento métodos ligados a potência muscular na fase específica.
Algumas definições de potência tem sido frequentemente contraditórias e
confusas, o que dificulta um bom entendimento e troca de experiências entre os
profissionais do meio esportivo. Para facilitar tal definição começaremos a definir a
potência por meio da grandeza física. Pelas leis que regem a física a potência é
representada através da seguinte forma: P(w)=F(N) x V.(m.s-1) aonde P= potência,
F= força e V= velocidade e suas respectivas unidades de medidas são: w= watts,
N= Newton, m.s-1 = metros por segundo.
Potencia Muscular
Segundo Weineck (1989), a potência muscular é a combinação entre a força
e a velocidade; quanto maior a força ou a velocidade de execução, maior será a
potência gerada. Por Fleck (1999), caso o praticante realize outro trabalho (objetivo)
na mesma sessão de treinamento, o de potência deve ser colocado no início da
sessão. Isso permite que o atleta possa empregar a potência máxima antes de
entrar em fadiga, mas não significa que seja a única forma correta .
Para Weineck (2003) e Platonov (2004), o treinamento de potência muscular
é específico para a finalidade de aumento da capacidade de força específica para o
esporte, sem alteração do peso corporal, uma vez que aumenta a ativação neural,
aperfeiçoa a capacidade de produção, a habilidade de remoção e a capacidade de
sustentar trabalhos intensos por períodos prolongados em acidose, sem diminuir o
desempenho, além de aumentar a tolerância à dor causada pela acidose no
músculo.
Por potencia muscular, “entende-se aquela força que vem expressa por uma
ação de contração a mais rápida possível, como se fosse uma ‘explosão’, para
transferir a sobrecarga a ser vencida, a maior velocidade possível, partindo de uma
situação de imobilidade do segmento propulsivo” (BARBANTI, 2002, p. 19).
A capacidade de produzir a força explosiva (potencia muscular) é influenciada
por inúmeros fatores, dentre os quais destacamos: a morfologia do tecido
(comprimento e tipo de fibra principalmente as do tipo II) e as propriedades de
ativação neuromuscular - recrutamento de unidades motoras - ( GOULART, 2011).
MORFOLOGIA DO TECIDO MUSCULAR
A complexidade do tecido muscular pode ser observada na diversidade dos
tipos de fibras que compõem os músculos esqueléticos. As fibras musculares,
classificadas por vários métodos, são unidades dinâmicas que respondem à
alteração de demanda funcional, o que acarreta, por sua vez, alguma alteração da
performance do indivíduo. (MINAMOTO, 2005).
Por meio da biópsia é possível compreender que os músculos esqueléticos
são compostos por um conjunto de fibras. Tais fibras possuem características únicas
e específicas fazendo com que haja diferentes terminologias usadas para a
classificação das fibras musculares. Através da grande variedade de procedimentos
existentes para sua classificação, o termo adotado deverá depender do método
empregado para sua análise fazendo com que possamos agrupá-las em diferentes
categorias.
Minamoto 2005
Salgado (1999) referenciou autores favoráveis á opinião de que as fibras
musculares não ficam todas agrupadas em um só músculo, mas que dispersam em
microfeixes o que nos leva a entender que há vários tipos de fibras musculares com
características diferentes no mesmo músculo.
Segundo Enoka, 2000 cada músculo contém uma mistura dos três tipos de
fibras. E os dois mecanismos que determinam a proporção de tipos de fibras no
músculo são a hereditariedade e o uso.
RECRUTAMENTO DE UNIDADES MOTORAS
Segundo Andersen, Schjerling & Saltin (2000) Células nervosas ou motoras
chamadas neurônios estendem-se desde a medula espinhal até um grupo de fibras.
Para Guedes (2008), uma UM (unidade motora) compreende um neurônio
motor Alfa e todas as fibras musculares por ele inervadas, podendo variar de uma,
duas ou três fibras ou até grandes quantidades, as vezes ultrapassando mil fibras
musculares. Quando ocorre o aumento da carga (intensidade), o número de UMs
solicitadas aumenta concomitantemente, além disso, o recrutamento dessas UMs
ocorre de forma coordenada/sicronizada (HAKKINEN,1985). Dessa forma, o maior
número de fibras musculares capaz de contrair-se ao mesmo tempo proporciona
uma maior capacidade de produzir força.
Segundo Badillo e Gorostiaga (2001), com o treinamento as UMs são
recrutadas de forma mais coordenada (sincronismo). Tal coordenação intramuscular
compreende: números de UMs recrutadas, tamanho de UMs recrutadas, freqüência
de impulso em cada UMs, inibição do órgão tendinoso de Golgi e estimulação dos
fusos musculares (reflexos medulares).
Badillo e Ayestarán (2001) concluem: O treino de força máxima ou de
potência é interessante para melhorarmos a freqüência de estímulos e o
recrutamento das UM no desportista.
RELAÇÃO POTÊNCIA MUSCULAR X FIBRAS X UNIDADES MOTORAS
Andersen, Schjerling & Saltin (2000) afirmam que quando o músculo é
submetido a treinamento de força por mais de um mês, as fibras IIb se convertem
totalmente em fibras IIa, ao mesmo tempo em que ficam maiores. Quando o
treinamento pesado é interrompido, há uma reconversão das fibras IIa para IIb,
porém seguindo uma curva semelhante à da supercompensação: indivíduos que
possuíam 9% de fibras IIb antes do treinamento pesado, tiveram esse valor reduzido
para 2% após três meses de treinamento, sendo que depois de um período de
training também de três meses a porcentagem de fibras IIb aumentou para 18%.
Para MOURA (2001) Tem sido claramente demonstrado que o recrutamento
das unidades motoras durante a maioria das solicitações musculares obedece a um
padrão onde primeiro são recrutadas as unidades menores (compostas por fibras
tipo I), que têm um limiar de ativação mais baixo. Quando a intensidade da ação
muscular é muito alta, progressivamente são integradas as unidades recrutadas
aquelas de maior dimensão (compostas por fibras tipo II).
Bosco (1985) verificou uma relação negativa entre desenvolvimento das
capacidades de força máxima e de força explosiva em atletas italianos de alto nível,
especialistas em provas de saltos no atletismo. Embora não recomende a
eliminação completa desse tipo de treinamento na preparação de atletas
especialistas em provas de potência, ele sugere uma limitação na duração do
período devotado à força máxima (no máximo 8 semanas). Sua argumentação é
justamente centrada no recrutamento dos diferentes tipos de unidades motoras:
após oito semanas de treinamento, já começam a se consolidar alterações
estruturais no músculo indesejável para a expressão da capacidade de força
explosiva. A hipertrofia das fibras tipo I se colocariam como um obstáculo ao
rendimento de alto nível. Antes que essas alterações ocorressem de maneira
importante, outros métodos de treinamento que estimulassem preferencialmente as
fibras tipo II(particularmente as do tipo IIb) deveriam substituir os métodos usados
para o desenvolvimento da força máxima.
Henneman (1982) disse que a ativação dos neurônios segue o princípio do
tamanho ou seja, os menores neurônios são ativados antes dos maiores,na
musculatura isso significa que as fibras musculares do tipo 1 são ativadas primeiro
do que as fibras musculares 2 a e 2b já que os músculos tipo 2 precisam fornecer
força, fazendo com que seu neurônio possui um axônio mais grosso retardando a
velocidade do estímulo.
Segundo DANTAS e COUTINHO (2010), outro fator que afeta a potência
muscular é a sincronização de UMs. Durante atividades normais de baixa
intensidade, as UMs são recrutadas de forma assíncrona, no entanto no máximo
nível de força, as UMs são todas ativadas ao mesmo tempo e essa sincronização é
o fator principal durante exercícios explosivos.
METÓDOS E APLICAÇÕES DA POTÊNCIA MUSCULAR EM MEMBROS
INFERIORES
Ciclo Alongamento Encurtamento
O conhecimento do reflexo de estiramento é importante para entender como
ciclo alongamento-encurtamento (CAE) funciona. O reflexo do estiramento provoca
contração do músculo quando este é excessivamente alongado e inibe a ação da
musculatura antagonista (Dantas e Coutinho, 2010). Por exemplo, quando o
músculo quadríceps é alongado os órgãos propioceptores presentes na estrutura
muscular (fuso muscular e órgãos tendinosos de golgi são ativados. Durante um
salto em altura, o atleta flexiona os joelhos e os quadris (ação excêntrica dos
extensores), rapidamente muda de direção e salta (ação isométrica por ação
concêntrica), com a realização de uma flexão plantar (FLECK e KRAEMER, 1999).
O ciclo alongamento-encurtamento (CAE) é um mecanismo fisiológico que
tem como função aumentar a eficiência mecânica e, em conseqüência, o
desempenho motor de um gesto atlético. O CAE ocorre quando as ações
musculares excêntricas são seguidas imediatamente por uma explosiva ação
concêntrica (WILK,1993). Este fato resulta em uma forte ação concêntrica.
O potencial elástico dos músculos só pode ser utilizado quando há um
alongamento muscular com concomitante geração de força. Durante essas ações
musculares há a produção de trabalho negativo, o qual tem parte de sua energia
mecânica absorvida e armazenada na forma de energia potencial elástica nos
elementos elásticos em série (Farley, 1997). Todavia, se a passagem de uma fase
para outra, for lenta, a energia potencial elástica será dissipada na forma de calor,
não se convertendo em energia cinética, (Cavagna, 1977; Goubel, 1997).
Pliometria
O idealizador desse método foi o Professor Doutor Yury Verkhoshanski, uma
das maiores autoridades mundiais em treinamento desportivo. Chamado por ele de
método de choque, a pliometria surgiu no final dos anos 50 e rapidamente começou
a ser difundida por todo mundo, uma vez que ótimos resultados haviam sido obtidos
por Verkhoshanski, que na ocasião era o principal treinador de Moscou e da
sociedade estudantil de atletismo russa. (FLECK, SJ, KRAEMER WJ, 1999).
De acordo com Verkhoshanski 1998, o método de choque (pliometria) é destinado
ao desenvolvimento da força rápida e da capacidade reativa do aparelho
neuromuscular.
O treinamento pliométrico tem por objetivo o desenvolvimento da potência
muscular através da utilização do ciclo alongamento-encurtamento (CAE), que pode
ser avaliado por meio da execução de saltos específicos. Existem diversos fatores
morfológicos que influenciam no aproveitamento da energia elástica durante o CAE,
como a interação músculo-tendão e o reflexo miotático.( Goulart, Antunes, 2011).
A pliometria é uma técnica de treinamento utilizada em diversos esportes com
o objetivo de incremento de força rápida, também chamada de força reativa ou
potência muscular. A pliometria consiste na utilização do ciclo alongamento-
encurtamento (CAE), que é baseado no aproveitamento do potencial elástico
acumulado durante ações excêntricas e liberado posteriormente na fase concêntrica
sob a forma de energia cinética, aumentando a produção de força com menor custo
metabólico. Heglund & Cavagna (1987).
Bosco e Komi (2003), realizaram um estudo no qual compararam saltos de
profundidade amortecidos com saltos não amortecidos. Saltos em profundidade são
aqueles nos quais ocorre uma queda a partir de determinada altura seguida,
imediatamente, de um salto vertical máximo. Nos saltos não amortecidos, o ângulo
de flexão de joelhos foi mínimo na aterrissagem, e este foi logo seguido por um salto
imediato. Nos saltos amortecidos, houve uma maior flexão de joelho, o que
prolongou o início da fase concêntrica, dissipando assim, grande parte da energia
elástica armazenada em calor. Verificou-se, então, que a produção de potência foi
significativamente maior nos saltos não amortecidos.
Para Rossi e Brandalize, 2007 o exercício pliométrico é um meio que pode
melhorar a força e potência muscular com recrutamento seletivo de fibras tipo IIb,
haja visto que essas fibras respondem melhor ao pré-alongamento de alta
velocidade e pequena amplitude. Portanto, os atletas de modalidade de força e
velocidade, possuem predominantemente, fibras musculares de contração rápida, o
que lhes confere uma pré-qualificação importante para o desencadeamento da
potenciação muscular através de exercícios pliométricos.
Salto Vertical
Várias modalidades esportivas utilizam o salto vertical durante os jogos ou
provas (voleibol, basquetebol, saltos no atletismo, etc.), sendo que, em algumas
delas ele é parte importante de ações motoras mais complexas (cortadas e
bloqueios no voleibol, arremessos e rebotes no basquetebol, etc.), enquanto para
outras, representa o próprio resultado esportivo (salto em altura) UGRINOWITSCH,
BARBANTI, 1998.
Os estudos sobre o salto vertical tiveram maiores destaques a partir do
estudo de Sargent (1921), o qual propôs um teste de mensuração da impulsão dos
membros inferiores. A variável produzida nesse estudo foi á altura máxima
alcançada pelo salto vertical após o toque dos dedos em uma tábua métrica. Foi
caracterizado por uma realização simples de um salto vertical partindo de uma
posição parada. Posteriormente, esse estudo recebeu vários ajustes metodológicos
na sua aplicação (BOSCO, 1994).
O trabalho de Komi & Bosco (1978) se tornou clássico para o estudo do CAE,
pois os autores o analisaram em teste específico de salto vertical, através de duas
técnicas distintas para a sua execução. A eficiência do CAE foi verificada através de
curvas força-velocidade, onde a força gerada era maior, quando comparada a
movimentos que não utilizavam esse mecanismo, na mesma velocidade de
execução.
A primeira técnica de salto vertical foi chamada de “Squat Jump” (SJ) ou salto
partindo da posição de meio-agachamento. O executante assumia uma posição
estática de flexão dos joelhos à 90o, mãos na cintura, os pés paralelos com um
afastamento confortável, não era permitido um novo abaixamento do centro de
gravidade (CG), sendo o movimento apenas ascendente. Assim realizado, a energia
potencial elástica acumulada era perdida na forma de calor, devido a manutenção da
posição estática assumida, e o salto era realizado somente com a capacidade dos
grupos musculares esqueléticos de gerar força sem a utilização do CAE (GOUBEL,
1997; KOMI &BOSCO, 1978).
A segunda técnica de salto vertical chamada de “Counter Movement Jump”
(CMJ), ou salto com contra movimento, era permitido ao executante realizar a fase
excêntrica e concêntrica do movimento, a transição da fase descendente para a
ascendente deveria ser feita o mais rápido possível, desta forma o CAE poderia ser
utilizado produzindo uma maior geração de força, uma maior elevação do centro de
gravidade (CG), com uma maior eficiência mecânica - menor gasto energético
(ENOKA,1988).
Drop Jump é a altura do salto vertical alcançada imediatamente após cair no
solo iniciando se o salto a partir de degraus situados em diferentes alturas.
Salto em Profundidade Modificado (SPM) foi proposta por Bosco e Pitera
(1992) e tem sido usada na prática, embora haja poucas pesquisas investigando
suas vantagens teóricas. Em uma investigação recente realizada em nosso
laboratório, a técnica de Bosco apresentou uma tendência de gerar tempos de
contato ligeiramente aumentados, altura de salto diminuída, e forças de reação do
solo diminuídas, com relação ao BDJ. Embora essa tendência fosse aparente
considerando-se os dados puros, quando submetidos a tratamento estatístico ela
não se mostrava significante. Além disso, também não se conhece o comportamento
dos valores das forças internas - torques e potências articulares, que são as
variáveis mais importantes. Na verdade, não podemos sequer afirmar que, por
apresentar forças de reação do solo diminuídas, o SPM seria uma técnica menos
traumática, uma vez que tem sido demonstrado que os valores dessas forças
externas não guardam uma relação tão estreita com os valores de forças internas,
principalmente quando consideramos as articulações do joelho e quadril.
Barbanti (1990) define a força de salto como a capacidade de vencer a força
da gravidade alcançando alturas elevadas, para realizar movimentos técnicos do
jogo. È a capacidade de imprimir aceleração ao próprio corpo, para superar o seu
peso, no intuito de conseguir maior altura. A capacidade de salto depende do
desenvolvimento da massa muscular e da velocidade de contração do músculo. Aqui
é necessário ter força explosiva, ou seja, a capacidade de realizar força no mais
curto período de tempo.
O benefício do salto vertical na musculação
Segundo Teixeira e Gomes (1998) deve-se treinar a potência na musculação
porque é uma das capacidades físicas predominantes em muitos esportes. A força
máxima dinâmica também merece ser exercitada nas sessões de musculação
(CHIAPPA, 2001).
MARQUES JUNIOR (2001) ensina que a musculação para o atleta de
voleibol tem que ser praticada similar ao gesto desportivo da modalidade para
proporcionar uma adequada transferência da força aos fundamentos executados.
Para AUGUSTSSON (1998) não é só o número de repetições, séries ou o
objetivo da sessão de musculação que aumentam a impulsão do salto vertical, a
especificidade é um fator determinante. Em sua pesquisa um grupo realizou treino
de força na cadeira extensora e abdutora, enquanto que outro praticou agachamento
com halter. Os melhores resultados no salto vertical foram do grupo do
agachamento com halter porque ativa à ação excêntrica e concêntrica, similar o
movimento muscular do salto vertical com contramovimento.
Levantamento olímpico (LPO)
LPO é uma modalidade olímpica onde os atletas masculinos e femininos
competem diversas categorias de peso, levantando a Barra acima da cabeça em
dois movimentos: o arranco(snatch) é a primeira prova que consiste levantar a barra
do solo em um único movimento continuo. A segunda prova é o arremesso (clean
and jerk), um levantamento de 2 tempos. No primeiro tempo (Clean) o atleta levanta
a barra do solo até apoia-la nos ombros. Depois realiza o segundo tempo (jerk)
levantando dos ombros até acima da cabeça. (Dantas, Coutinho 2010).
No esporte há poucas modalidades onde os atletas podem ter tempo pra
atingir a força máxima, portanto, a potência (força x velocidade) torna-se a
característica fundamental da força. A base para produção de potência nos esportes
está relacionada ao ciclo alongamento encurtamento (CAE), e o LPO é um bom
método de se treinar o recrutamento máximo de UMs através de exercícios multi-
articulares que permitam sobrecargas para aplicação máxima de força em um curto
período de tempo. Segundo Dantas e Coutinho 2010 o arranco e arremesso quando
corretamente executados são o mesmo que um salto com peso. Essa ação
explosiva e coordenada pode ser de grande auxilio para atletas de diversas
modalidades.
CONCLUSÃO
Ao revisar a literatura sobre os métodos de potência muscular percebe-se
uma carência no que diz respeito á utilização da musculação para esse tipo de
treino. Essa carência se deve principalmente ao não interesse da musculação como
método de aprimoramento da potência muscular.
Pode-se entender que, no Brasil, o trabalho com musculação está direcionado
para outros objetivos como, hipertrofia, força, reabilitação e prevenção.
Através das análises foi possível comprovar que a utilização dos demais
métodos são bastante benéficos e fidedignos para a melhoria da performance da
potência muscular.
Acreditamos que a revisão dos métodos apresentados neste trabalho é de
extrema importância, uma vez que mostram claramente a necessidade de trabalhar
a potência principalmente em atletas de alto rendimento.
Podemos também concluir que o salto vertical trabalhado juntamente com a
musculação pode ajudar no recrutamento e na sincronização das UMs melhorando o
desempenho muscular, pois segundo Dantas e Coutinho (2010), nas atividades
normais de baixa intensidade, as UMs são recrutadas de forma assíncrona, no
entanto no máximo nível de força. As UMs são todas ativadas ao mesmo tempo e
essa sincronização é o fator principal durante exercícios explosivos.
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