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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA HELBER RODRIGUES DE ARAUJO POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO COM CAPIM MARANDU EM SUBSTITUIÇÃO A ADUBAÇÃO NITROGENADA Dissertação apresentada à Universidade Federal de Sergipe como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Zootecnia. Orientador: Profº DSc. Jailson Lara Fagundes Coorientador: DSc. José Henrique de Albuquerque Rangel SÃO CRISTÓVÃO - SE 2014

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

HELBER RODRIGUES DE ARAUJO

POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO

COM CAPIM MARANDU EM SUBSTITUIÇÃO A

ADUBAÇÃO NITROGENADA

Dissertação apresentada à Universidade Federal de

Sergipe como parte das exigências para obtenção do

título de Mestre em Zootecnia.

Orientador: Profº DSc. Jailson Lara Fagundes

Coorientador: DSc. José Henrique de Albuquerque Rangel

SÃO CRISTÓVÃO - SE

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Araujo, Helber Rodrigues de A663p Potencial da gliciridia em consorciação com Capim

marandu em substituição a adubação nitrogenada / Helber Rodrigues de Araujo ; orientador Jailson Lara Fagundes. – São Cristóvão, 2014. 76 f. : il.

Dissertação (mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Sergipe, 2014.

O 1. Zootecnia. 2. Leguminosas arbóreas. 3. Forragem –

Produção. 4. Gliricídia sepium. 5. Capim maradu –

Consórcio. I. Fagundes, Jailson Lara, orient. II. Título CDU 633.3:582.736.3

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HELBER RODRIGUES DE ARAUJO

POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO

COM CAPIM MARANDU EM SUBSTITUIÇÃO A

ADUBAÇÃO NITROGENADA

Dissertação apresentada à Universidade Federal de

Sergipe como parte das exigências para obtenção do

título de Mestre em Zootecnia.

APROVADA em 27 de junho de 2014.

___________________________ ___________________________

Prof. DSc. Alfredo Acosta Backes (UFS) Prof. DSc. Nailson Lima Santos Lemos

__________________________________________

DSc. José Henrique de Albuquerque Rangel (Coorientador - EMBRAPA)

__________________________________________

Profº DSc. Jailson Lara Fagundes (Orientador - UFS)

SÃO CRISTÓVÃO - SE

2014

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Dedico,

A Dr. José Henrique de Albuquerque Rangel, Dr. Evandro Neves Muniz, Dr. Jailson Lara

Fagundes, Railton Santos, Daniel de Oliveira, Filipe Latta, Edivilson Silva Castro Filho, José

Adelson Santana Neto, João Paulo Nascimento Costa e a todos os trabalhadores do Campo

Experimental Jorge do Prado Sobral, pelo apoio, contribuição e por sempre acreditarem no meu

trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço muito a Dr. José Henrique de Albuquerque Rangel e ao Prof. Dr.

Jailson Lara Fagundes pela orientação, conselhos, críticas e pela amizade, os senhores

foram essenciais no meu crescimento profissional.

À Railton, Daniel, Filipe, Edivilson, João Paulo, Adelson, agradeço por todos os

momentos em que foi compartilhado conhecimentos, seriedade, alegrias, muito

obrigado pela amizade de todos.

À Universidade Federal de Sergipe e a todos que compõe o Programa de Pós

Graduação em Zootecnia – PROZOOTEC, por toda assistência no decorrer do curso.

Agradeço o apoio dado pela minha mãe Fátima que sempre está ao lado dos filhos

e que sempre nos ensinou a ter caráter e perseverança.

À minha noiva Karina pela paciência, apoio e por sempre estar me incentivando a

fazer sempre o melhor e que, sem dúvida, contribuiu para minha formação como

Engenheiro Agrônomo e agora como Mestre em Zootecnia. Muito obrigado.

À todos que contribuíram, de forma direta ou indireta, para conclusão do curso.

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SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................. i

ABSTRACT............................................................................................................. ii

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................ 3

2.1.Espécie Forrageira: Brachiaria brizantha cv. Marandu ................................... 3

2.2.Fertilização nitrogenada..................................................................................... 4

2.3.Leguminosas....................................................................................................... 6

3. REFERÊNCIAS................................................................................................... 11

ARTIGO 1 - Potencial do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em

substituição a adubação nitrogenada no período chuvoso...................................

18

ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em

substituição ao efeito residual da adubação nitrogenada no período seco..........

34

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 47

ANEXOS................................................................................................................. 49

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LISTA DE FIGURAS

ARTIGO 1 - Potencial do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em

substituição a adubação nitrogenada no período chuvoso

FIGURA 1 - Disponibilidade de matéria seca de folhas, colmos e matéria seca total

do capim marandu com fertilização nitrogenada ou consorciado com gliricidia...........

23

FIGURA 2 - Percentual morfológico (folhas, colmo e material morto) de capim

marandu com fertilização nitrogenada ou consorciado com gliricidia...........................

25

FIGURA 3 - Teor de proteína bruta de folha e colmo do capim marandu com

fertilização nitrogenada ou consorciado com gliricidia.................................................

26

FIGURA 4 - Taxa de Lotação em pastos de capim marandu com fertilização

nitrogenada ou consorciado com gliricidia em diferentes anos de avaliação.................

27

FIGURA 5 - Ganho de peso individual em pastos de capim marandu com

fertilização nitrogenada ou consorciado com gliricidia..................................................

28

FIGURA 6 - Ganho de peso por área em pastos de capim marandu com fertilização

nitrogenada ou consorciado com gliricidia.....................................................................

28

ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em

substituição ao efeito residual da adubação nitrogenada no período seco

FIGURA 1 - Disponibilidade de matéria seca de folhas, colmo, disponibilidade de

materia seca total e disponibilidade de materia seca do material morto de capim

marandu com fertilização nitrogenada ou consorciado com gliricidia..........................

39

FIGURA 2 - Taxa de Lotação em capim marandu com fertilização nitrogenada ou

consorciado com gliricidia..............................................................................................

42

FIGURA 3 - Ganho de peso individual em capim marandu com fertilização

nitrogenada ou consorciado com gliricidia.

42

FIGURA 4 - Ganho de peso por área em capim marandu com fertilização

nitrogenada ou consorciado com gliricidia...............................................................

43

ANEXOS

FIGURA 1 - Brachiaria brizantha cv. Marandu sem fertilização nitrogenada.. 49

FIGURA 2 - Brachiaria brizantha cv. Marnadu consociada com Gliricida

sepium sem fertilização nitrogenada...................................................................

49

FIGURA 3 - Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com

80 kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia...........................................................

50

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FIGURA 4 - Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com

160 kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia.........................................................

50

FIGURA 5 - Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com

240 kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia.........................................................

51

FIGURA 6 - Bovinos com peso vivo inicial em torno de 150 kg....................... 51

FIGURA 7 - Pesagem individual dos bovinos após o ciclo de 28 dias............... 52

FIGURA 8 - Consumo da Gliricida sepium no consórcio com a Brachiaria

brizantha cv. Marandu.........................................................................................

52

FIGURA 9 - Pós pastejo no consórcio de Brachiaria brizantha cv. Marnadu

com Gliricida sepium..........................................................................................

53

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LISTA DE TABELAS

ARTIGO 1 - Potencial do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em

substituição a adubação nitrogenada no período chuvoso

TABELA 1 - Precipitações pluviométricas mensais da estação chuvosa dos anos de

2008 a 2011 em Nossa Senhora das Dores, SE, Brasil...................................................

21

TABELA 2 - Disponibilidade de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de folhas

+ ramos finos da Gliricidia no período chuvoso dos quatro anos

experimentais..................................................................................................................

27

ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em

substituição ao efeito residual da adubação nitrogenada no período seco

TABELA 1 - Precipitações pluviométricas mensais da estação chuvosa dos anos de

2008 a 2011 em Nossa Senhora das Dores, SE, Brasil...................................................

36

TABELA 2 - Disponibilidade de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de folhas

+ ramos finos da Gliricidia no período seco dos três anos

experimentais..................................................................................................................

42

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i

RESUMO

ARAUJO, Helber Rodrigues. Potencial do gliricidia em consorciação com capim

marandu em substituição de adubação nitrogenada. Sergipe: UFS, 2014, p.52,

(Dissertação - Mestrado em Zootecnia)

RESUMO: O experimento foi desenvolvido objetivando avaliar a disponibilidade de

forragem e o ganho de peso em pastagem de Capim Marandu (Brachiaria brizantha

(Hochst. ex. A. Rich.) Webster cv. Marandu) adubada com nitrogênio ou consorciado

com Gliricidia (Gliricidia sepium (Jacq.), Kunth, Walp). Este experimento foi

conduzido no Campo Experimental Jorge do Prado Sobral, pertencente a Embrapa

Tabuleiros Costeiros, em Nossa Senhora das Dores - SE, durante o período chuvoso

(maio a outubro) e de restrições hídricas, período da seca, (novembro a abril) nos anos

de 2008 a 2011. Os tratamentos constituíram-se de quatro doses de nitrogênio (0, 80,

160 e 240 kg/ha/ano) aplicados em pastos de capim Marandu e do uso do consórcio

Gliricidia com Capim Marandu (0 kg/ha/ano de N), disposto em um delineamento

experimental de blocos casualizados com seis repetições. Os pastos de Marandu foram

manejados em sistema de lotação intermitente, em pastejo rotativo, com sete dias de

ocupação e 35 dias de descanso no período das chuvas e sete dias de ocupação e 49 dias

de descanso no período da seca. Durante o período das chuvas e da seca os tratamentos

adubados com nitrogênio proporcionam aumento na disponibilidade de matéria seca

total, folha, colmo com efeito positivo na taxa de lotação, ganho de peso individual e

ganho de peso por área dos bovinos. Constatou-se, também, que no período das chuvas

ocorreu um aumento dos percentuais de folha e colmo, redução do percentual de

material morto e aumento da proteína bruta de folha e colmo. Enquanto que no período

seco notou-se um incremento na disponibilidade de biomassa de material morto efeito

este decorrente do déficit hídrico do período. No período das chuvas consórcio entre o

capim-marandu e a Gliricidia mostrou eficiência semelhante ou superior as maiores

doses de nitrogênio para incrementar do percentual de folha, proteína bruta e ganho de

peso por área dos bovinos. Enquanto que no período seco o consórcio entre o capim

Marandu e a Gliricidia mostrou eficiência semelhante ou superior as maiores doses de

nitrogênio para incrementar a disponibilidade de folha, ganho de peso individual, taxa

de lotação e ganho de peso por área dos bovinos.

Palavras chaves: consórcio, ganho de peso, leguminosa arbóreas, produção de forragem

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ii

ABSTRACT

ARAUJO, Helber Rodrigues. Potential of gliricidia intercropped with palisade grass

in place of nitrogen fertilization. Sergipe: UFS, 2014, p.52, (Dissertation - Master in

Zootechny)

ABSTRACT: The experiment was conducted to evaluate the availability of forage and

weight gain in grazing Marandu Grass (Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich.)

Webster cv. Marandu) fertilized with nitrogen in the absence and presence of Gliricidia

(Gliricidia sepium (Jacq ) Kunth , Walp), conducted in the Experimental Jorge Prado

Sobral , belonging to Embrapa Tabuleiros Costeiros, in Nossa Senhora das Dores - SE,

during the rainy season (May to October) and of water restrictions, dry period

(November to April) in the years 2008 to 2011. The treatments had consisted of four

doses of nitrogen (0, 80, 160 and 240 kg/ha.year) applied in grass pastures Marandu and

consortium use Gliricidia with Marandu Grass (0 kg/ha.year of N), wrapped in an

experimental design of randomized blocks with six repetitions. The Marandu pastures

were grazed in intermittent stocking system, in Rotary, grazing with seven days of

occupation and 35 days of rest in the rainy season and seven days of occupation and 49

days of rest in the dry period. During the rainy season and drought treatments

composted with nitrogen provide increased availability of total dry matter, leaf, culm in

effect positive in stocking rate, individual weight gain and weight gain per area of cattle.

It was noted also that in the rainy season there was an increase in the percentage of leaf

and culm, reducing the percentage of dead material and increasing crude protein of leaf

and culm. While in the dry season it was noted an increase in the availability of biomass

of dead material effect this hydric deficit arising from the period. In the rainy season

between the Consortium marandu grass and Gliricidia showed similar or higher

efficiency the largest doses of nitrogen to increase the percentage of leaf, crude protein

and weight gain per area of cattle. While in the dry season the consortium between grass

Marandu and Gliricidia showed similar or higher efficiency the largest doses of nitrogen

to increase the availability of individual sheet, weight gain, and stocking rate weight

gain per area of cattle.

Key words: consortium, forage production, tree legume, weight gain

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1

1. INTRODUÇÃO

Os sistemas de produção de bovinos no Brasil são, em sua maioria, baseados no

uso de pastagens cultivadas com as espécies de forrageiras do gênero Brachiaria, sendo

essas as mais utilizadas para a formação de pastagens em grande extensões do território

nacional. Todavia, por motivos de manejo inadequado, solos com baixa fertilidade e

períodos irregulares de chuvas, as áreas de pastagem apresentam em sua maioria algum

tipo de degradação.

Entre as tecnologias capazes de incrementar a competitividade dos sistemas

pecuários, voltados à produção de carne ou leite em pasto, despontam aquelas que

propiciem o aumento da produção por unidade de área através da elevação da qualidade

e da capacidade de suporte das pastagens. O uso racional tanto de corretivos como de

fertilizantes, sejam eles de origem mineral ou orgânica, revela-se como tecnologia capaz

de alavancar a produtividade desses sistemas.

Apesar de comprovada eficiência em repor os minerais ao solo e garantir a

produtividade do sistema pecuário, o uso de fertilizantes por parte dos pecuaristas é

muito limitado, tendo em vista os altos preços do insumo além dos custos com

transporte, armazenamento, aplicação.

Dos minerais, o nitrogênio é o que promove as maiores respostas em produção e

manutenção da forragem, sendo o seu efeito principal o aumento da produção de

matéria seca, a qual reflete diretamente no aumento da lotação sem, no entanto, ocorrer

alteração da pressão de pastejo. Todavia, apesar da comprovada eficiência agronômica

da fertilização com nitrogênio, no Nordeste a correção da fertilidade dos solos através

da aplicação de fertilizantes químicos de uma maneira generalizada é uma prática muito

cara e pouco praticada pelos produtores, sobretudo aqueles caracterizados como de base

familiar.

Alternativas ao uso de fertilizantes químicos nitrogenados como o cultivo de

leguminosas forrageiras, em consonância com a capacidade de fixação biológica do

nitrogênio atmosférico e contribuição na dieta animal, tornam-se essenciais no

incremento à produtividade e sustentabilidade do sistema de produção.

Leguminosas perenes, de porte arbóreo ou arbustivo, em sistemas consorciados

com gramíneas, têm sido apontadas como forma eficiente de aumentar a rentabilidade e

sustentabilidade desses sistemas a um custo baixo. A integração de plantas forrageiras

com espécies arbóreas em consórcio promove aumento da produção e da qualidade da

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2

forragem, aumento da produção animal e da fertilidade do solo , além de melhorar o

conforto térmico para o animal.

O potencial positivo do consórcio de leguminosas arbóreas com gramíneas

forrageiras em sistema de produção tem sido pouco estudado nas condições do Nordeste

Brasileiro. Dentre as leguminosas arbóreas com comprovada eficiência a Gliricidia

(Gliricidia sepium (Jacq.), Kunth, Walp) vem despertando grande interesse de

pesquisadores, técnicos e pecuaristas. Nesse sentido, a consorciação do Capim Marandu

com a Gliricidia surge como uma alternativa viável para substituição do N mineral.

Objetivou-se com este estudo avaliar as características produtivas da pastagem e o

desempenho de novilhos anelorados mantidos em um sistema consorciado de

Brachiaria brizantha cv marandu com Gliricidia sepium ou em monocultura dessa

gramínea fertilizada com níveis crescentes de nitrogênio.

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3

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Espécie Forrageira: Brachiaria brizantha cv. Marandu

O gênero Brachiaria ocupa cada vez mais espaço nas pastagens brasileiras, mas,

apesar do potencial desse gênero, seu uso nos sistemas de produção de bovinos continua

sendo extensivo, com inadequado manejo da pastagem e do solo, acarretando em algum

estágio de degradação. Consequentemente, a produtividade, qualidade e

sustentabilidade dessas espécies e/ou cultivares do gênero Brachiaria tendem a ser

aquém do real (ASSIS et al., 2003; BENETT et al., 2008; ALEXANDRINO et al.,

2010).

De acordo com Valle et al. (2010) e Valle et al. (2012) este gênero inclui cerca de

100 espécies, principalmente tropicais e subtropicais originadas da África. Destas, com

utilização forrageira, destacam-se B. brizantha, B. decumbens, B. dictyoneura, B.

humidicola, B. mutica e B. ruziziensis, das quais, segundo Valle et al. (2012) o Capim

Marandu foi a forrageira mais produtiva em 20 anos, ocupando em torno de 40% das

pastagens no Brasil. É também uma das mais utilizadas como forrageira e/ou pesquisa

científica no Brasil (BRAGA et al., 2007; DIFANTE et al., 2008; CAMINHA et al.,

2010). Também conhecido como capim Marandu, braquiarão ou brizantão, descende de

acessos provenientes da Estação Experimental de Pastagens no Zimbábue - África,

sendo introduzido em Ibirarema – SP no ano de 1967, o qual passou a integrar a coleção

de forrageiras do Instituto de Pesquisas IRI em Matão-SP posteriormente repassado a

Embrapa Cerrados, Embrapa Gado de Corte, Embrapa Amazônia Ocidental e ao Centro

Internacional de Agricultura Tropical - CIAT (VALLE et al., 2010). Seu lançamento, no

Brasil, ocorreu em 1984 pela Embrapa Gado de Corte e Embrapa Cerrados (CIAT,1996;

VALLE et al., 2010; VALLE et al., 2012).

O capim Marandu é cespitoso, robusto, podendo alcançar entre 1,5 a 2,5m de

altura. Possui intenso perfilhamento nos nós superiores do colmo, lâminas largas e

longas, tolerante a cigarrinha, alta resposta à aplicação de fertilizantes, cobertura do solo

com domínio sobre invasoras (VALLE et al., 2012). Esta gramínea produz forragem de

boa aceitabilidade, entretanto, não tolera solos mal drenados. Em pastagens mistas, esta

cultivar parece exercer um efeito alelopático sobre várias espécies de leguminosas

(CIAT, 1996).

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4

Experimentos com gramíneas do capim-marandu evidenciam o efeito positivo ao

nitrogênio, este mineral confere efeito positivo no número de perfilhos, nas taxas de

alongamento, aparecimento foliar e no comprimento final das lâminas foliares, números

de folhas vivas (CECATO et al., 2000; ALEXANDRINO et al., 2003; SANTOS JR et

al., 2004; ALEXANDRINO et al., 2005; CAMINHA et al., 2010).

Apesar de vários estudos acerca de resposta a adubação para adequações nas

práticas de manejo dessa planta, ainda existe carência de conhecimento sobre seus

padrões do desempenho no consórcio com leguminosas arbóreas. Segundo Andrade et

al. (2004) e Paciullo et al. (2012) o capim Marandu possui tolerância ao sombreamento

moderado sendo potencialmente adequada para utilização com espécies arbóreas.

2.2. Fertilização nitrogenada

Devido ao fato da maioria dos solos não atenderem as necessidades nutricionais

em quantidades adequadas para o pleno crescimento das plantas forrageiras, se faz

necessário o uso da adubação. Nos solos tropicais a baixa disponibilidade de

macronutrientes, aliado às altas quantidades exigidas dos mesmos pelas plantas, os

tornam dependentes de adição ou maior disponibilização nos sistemas de produção

(FAGUNDES et al., 2006).

A adubação nitrogenada é fundamental para o aumento da produção de biomassa.

Muitos pesquisadores reportam aumento da produtividade de biomassa mediante a

utilização de adubação nitrogenada (PACIULLO et al., 1998; GARCEZ NETO et al.,

2002). No entanto, o manejo, a dose recomendada e a fonte de nitrogênio a ser utilizada

têm grande importância no sucesso do investimento da adubação nitrogenada (RESTLE

et al., 2000).

Considerando o elevado volume de fertilizantes nitrogenados usados no país,

diferenças na sua resposta frente ao seu custo podem representar valores significativos

na economia do país (RESTLE et al., 2000).De acordo com Santos et al. (2008) e

Paulino et al. (2009) na maioria dos solos tropicais, a deficiência de nitrogênio limita a

produção das culturas, tornando-as dependentes de adubações com fontes nitrogenadas,

seja ela sintética, orgânica ou como adubo verde.

De acordo com Gimenes et al. (2011) a adubação em conjunto com outras praticas

de manejo, exerce papel essencial no estabelecimento e manutenção das espécies

forrageiras. Estas práticas favorecem o aumento da produção de massa seca e do valor

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5

nutricional das forrageiras, aumenta a capacidade de suporte dos pastos e

consequentemente eleva a capacidade de produção animal.

Em função de estar diretamente ligado ao crescimento vegetal e ao perfilhamento

das plantas, o nitrogênio é considerado um dos nutrientes mais importantes no aumento

da produtividade dos pastos, tornando a fertilização nitrogenada um fator fundamental

para a utilização de práticas modernas de manejo de pastagens (PACIULLO et al.,

1998; FAGUNDES et al., 2007; MAGALHÃES et al., 2007; ANDRADE et al., 2009;

BRAMBILHA et al., 2012).

Vários autores estudaram a influencia do nitrogênio para o número de perfilhos,

produção de massa seca das lâminas foliares e dos colmos (ALEXANDRINO et al.,

2004; BOMFIM-SILVA e MONTEIRO 2006; MAGALHÃES et al., 2007; CABRAL et

al., 2012), estímulo ao desenvolvimento dos primórdios foliares, aumento do número de

folhas vivas por perfilho, diminuição do intervalo de tempo para aparecimento de

folhas, redução da senescência foliar (PACIULLO et al., 1998; SILVA et al., 2009;

GARCEZ NETO et al., 2012) e morfogênese das gramíneas (ALEXANDRINO et al.,

2004; BRAZ et al., 2011; CABRAL et al., 2012; MACHADO et al., 2013)

Estudos com capim Marandu como o de Alexandrino et al. (2003) onde avaliaram

a produção de MS e o vigor de rebrotação com cinco doses de N (0, 45, 90, 180, 360

mg/dm3) e frequências de corte mostraram que além do efeito direto da adubação, o

nitrogênio promove maior ativação das gemas auxiliares aéreas promovendo maior

vigor de rebrotação.

Alexandrino et al. (2004) estudaram as características morfogênicas e estruturais

na rebrotação da capim Marandu submetida a três doses de nitrogênio (0, 20 e 40

mg/dm3/semana) e verificaram que a adubação nitrogenada favoreceu a taxa de

aparecimento foliar, comprimento médio da folha, número de folhas vivas por perfilho,

peso médio do perfilho e maior período de rebrotação.

Santos et al. (2008), estudando a produção e composição química de capim

Marandu e Brachiaria decumbens cv. brasilisk com cinco adubações (sem adubo, N, P,

NP e NK), verificaram incremento de 110% para a produção de massa verde (MV)

cultivares analisados, quando adubados com nitrogênio.

Utilizando capim Marandu e Brachiaria. decumbens cv. brasilisk, Silva et al.

(2009) avaliaram as características morfogênicas e estruturais em pastos adubados com

quatro diferentes doses de nitrogênio (0, 75, 150 ou 225 mg/dm3) onde o N favoreceu

maior taxa de alongamento foliar, filocrono e a duração de vida da folha no capim

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Marandu, respondendo de forma positiva para a maioria das variáveis analisadas, ate

190 mg/dm3 de N.

Avaliando metas de manejo para capim Marandu submetido à pastejo rotativo e a

doses de nitrogênio, Gimenes et al. (2011) observaram aumentos na percentagem de

folhas na massa de forragem pós-pastejo, nas taxas de acúmulo de forragem, na taxa de

lotação e no ganho de peso por área.

As adubações são normalmente de custo elevado, em especial a adubação

nitrogenada, seja de formação ou manutenção. Desta forma, o uso de leguminosas

forrageiras pode ser considerado uma alternativa viável de administração desse nutriente

em particular.

2.3. Leguminosas

As leguminosas favorecem o sistema pela sua associação com bactérias do gênero

Rhyzobium que fixam nitrogênio do ar e repassam à leguminosa, independentemente da

solução do solo. Como resultado, elas transferem o nitrogênio fixado pelas bactérias

para as plantas vizinhas, pelo aporte ao solo de matéria orgânica rica, proveniente da

deposição natural de suas folhas, flores, galhos, cascas e raízes.

Sistemas compostos pelo consórcio entre espécies de leguminosas arbóreas e

gramíneas forrageiras apresentam aumento na eficiência do uso da terra (KARIN e

SAVILL, 1991). O sistema pode ser estabelecido de formas variadas com o plantio

simultâneo da leguminosa e a gramínea, a introdução das leguminosas em pastagens

existentes e plantio de gramíneas em áreas com leguminosas arbóreas (CARVALHO et

al., 1995).

Quando se utiliza leguminosas arbóreas como componente florestal vários autores

relatam efeitos benéficos ao sistema como melhoria do microclima no interior do

sistema (LIN et al., 2001; DULORMNE et al., 2004; DIAS et al., 2008), dieta

equilibrada com a leguminosa como fonte de proteína e gramínea como fonte energética

Dulormne et al. (2003), qualidade e a persistência das gramíneas forrageiras, aumento

da biodiversidade (DIAS et al., 2008), aumento do C orgânico no solo (DIAS et al.,

2008; BARRETO et al., 2012) aumento no teor de N no solo, principalmente associado

à reciclagem de nitrogênio fixado biologicamente, via serapilheira e ou excreta animal

(BARRETO et al., 2012).

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7

A utilização de leguminosas arbóreas proporcionam aumento da biodiversidade,

pela deposição da serrapilheira o que contribui com diminuição da relação C/N sob a

sua copa. Este fato aumenta a disponibilidade de N e fonte de energia o que tende a

aumentar o número de espécies e indivíduos por espécie. Este efeito favorece na maior

mineralização da matéria orgânica no solo (DIAS et al., 2006).

Dentre as leguminosas arbóreas que possuem diversas formas de utilização, como

produção de lenha, madeira, forragem, cerca viva, suporte para cultivos, atuando

também na melhoria das condições físicas e biológicas do solo, promovendo a

reciclagem de nutrientes, deposição de matéria orgânica de rápida decomposição e

fixação biológica de nitrogênio, adaptabilidade às condições edafoclimáticas, qualidade

nutricional de suas folhas, tem merecido destaque a Gliricídia sepium (BENNEKER e

VARGAS, 1994; SEIJAS et al., 1994; NYGREN, 2000)

A G. sepium (Jacq.) Kunth, Walp possui origem no México, América Central e

Norte da América do Sul, pertencente a família Faboideae, é considerada uma arbórea

de porte médio podendo atingir altura de 10 a 12 metros e diâmetro de até 50 cm.

Apresenta-se sempre verde e com crescimento rápido, sem espinhos, com enraizamento

profundo, tolerante a seca, propagação de maneira sexuada por sementes ou assexuada

por estaquia, sendo de fácil estabelecimento. Entretanto, apresenta baixa aceitabilidade

pelos animais devido ao forte odor de suas folhas, causado por alguns metabólitos

secundários que provocam uma certa relutância dos ruminantes em consumi-la,

exigindo por isso um período de adaptação à dieta (DRUMOND et al., 1999; COSTA et

al., 2004; CABRAL Jr. et al., 2007; COSTA et al., 2009).

A utilização da Gliricidia pode apresentar várias vantagens, como: cobertura e

proteção do solo, manutenção ou melhoria das condições físicas, químicas e biológicas

do solo, manutenção da microfauna em profundidade, produção de forragem para

alimentação animal (BARRETO e FERNANDES, 2001; CAMPBELL et al. 2010). A

espécie é amplamente cultivada em sistemas de agricultura familiar visando o aumento

da fertilidade do solo através da fixação de nitrogênio, adubação verde, sendo também

usada para cerca viva, sombra, quebra-vento, lenha e como planta ornamental (NYOKA

et al., 2012).

Vários estudos foram realizados com a Gliricidia com enfoque no seu potencial

como adubo verde (SANRINGA et al., 1991; THOMAS et al., 1991; PARROTTA

1992; NGULUBE et al., 1994; NYGREN e CRUZ., 1998; ONDIEK et al., 1999;

SIERRA et al., 2002; THANGATA e ALAVALAPTI 2003; MARIN et al., 2007;

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PAULINO et al., 2009; SOLANGI et al., 2010; SILVA et al., 2011) e no seu aspecto

forrageiro como fonte proteica de elevado valor nutricional (ASH., 1990; STEWART et

al., 1998; WOOD et al., 1998; HAO e LEDIN., 2001; CABRAL Jr. et al., 2007;

COSTA et al., 2009; CIRNE et al., 2012; CIRNE et al., 2013). Embora de maneira

indireta, estes estudos são também de grande importância para a redução da

dependência de fontes minerais de nitrogênio, visto que praticamente todo componente

nitrogenado encontrado em suas proteínas foi simbioticamente fixado.

No tocante ao papel da Gliricidia como adubo verde ou simplesmente como

leguminosa para consorcio com culturas ou pastagens visando à transferência de

nutrientes, as pesquisas conduzidas revelam grande capacidade dessa planta em fixar e

transferir nitrogênio ao solo e de uma maneira indireta as culturas companheiras. No Sri

Lanka, Liyanage et al. (1994) estudaram três procedências Gliricidia sepium e uma

variedade local para a fim de examinar o potencial de fixação biológica de nitrogênio.

Os autores relataram que a fixação biológica de nitrogênio por esses, podem representar

entre 86 a 309 kg/ha de N, o que representaria, em média, entrada substancial de

nitrogênio de 166 kg/ha em qualquer sistema de produção.

Estudando a ciclagem de nutrientes em um banco de proteína com Gliricidia

cultivada em densidades de 10.000 a 40.000 plantas/ha, no Vale do Cauca, na

Colômbia, Gómez e Preston (1996) verificaram, no período de 12 meses, variações

significativas no pH do solo (de 6,6 para 7,07), na matéria orgânica do solo (de 2,57

para 3,56%) e no fósforo disponível (de 133 para 154 mg/kg). O balanço total dos

nutrientes em kg/ha/ano foi de 997 para N, 50,3 para P, 341 para K, 282 para Ca e 125

para Mg.

De acordo com Barreto e Fernandes (2001) a Gliricidia comparada a Leucena é

viável nos sistemas agropecuários dos tabuleiros costeiros do nordeste brasileiro, pois

quando cultivada em alamedas exerce menor competição com no consórcio e promove

melhorias nas características químicas (Ca+Mg e pH) e físicas (redução da densidade e

aumento na porosidade) do solo através da incorporação de sua biomassa quando

cultivada com outra cultura nas entrelinhas.

Comparando durante 10 anos a dinâmica do nitrogênio no solo de um sistema

silvipastoril composto pela Gliricidia e o Dichanthium aristatum, com a de um sistema

solteiro de D. aristatum em um Vertissolo de Guadalupe nas Antilhas Francesas, Sierra

et al. (2002) verificaram um aumento do nitrogênio total na camada de 0 a 20 cm do

solo a uma taxa anual de 176 kg/ha de N, no sistema silvipastoril contra apenas 44 kg/ha

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de N no monocultivo. A taxa de mineralização in situ do nitrogênio variou de 2,1

kg/ha/dia de N a 2,7 kg/ha/dia de N no monocultivo e de 2,5 a 4,0 kg/ha/dia de N no

sistema silvipastoril.

Em um pomar orgânico de mangueira e gravioleira Paulino et al. (2009) avaliaram

fixação biológica de nitrogênio (FBN) e a transferência do N derivado da FBN das

espécies leguminosas – Gliricidia, crotalária e feijão-guandu anão. Os mesmos

afirmaram que a Gliricidia adiciona maiores quantidades de nitrogênio e transferência

do N de 22,5 a 40% do N da fixação biológica ao sistema pela maior fixação biológica,

promovendo um maior aproveitamento deste nutriente pela cultura consorciada.

A Gliricidia pode ser utilizada sem nenhum problema na alimentação de

ruminantes, sendo bastante indicada como forrageira para ovinos, caprinos e bovinos,

obtendo médias de proteína bruta (PB) em torno de 24% (DIAZ et al., 1995; COSTA et

al., 2009). Teores de 23,8% de proteína bruta e de 87,6% de degradabilidade in situ após

48 h foram encontrados por Keir et al. (1997) para folhas de Gliricidia.

Em Marandawilla, Siri Lanka, a alimentação de ovelhas da raça Bannur com

Gliricidia representando 75-80% da mistura com Brachiaria miliiformis, não teve

nenhum efeito adverso no crescimento, aumentando o consumo voluntário, o peso das

ovelhas e borregos e suas taxas de sobrevivência (CHADHOKAR e KANTHARAJU

1980). Atta-Krah e Sumberg (1988) afirmam que em Ibadan, Nigéria, a produção de

folhas em um hectare de Gliricidia é suficiente para suprir metade dos requerimentos

diários de forragem de 29 cabras.

Em Maracay, Venezuela, novilhos mestiços Holstein x Brahman pastejando

capim estrela (Cynodin nlemfuensis), com acesso á banco de proteína de Gliricidia

apresentaram ganhos de 0,62 kg/dia, contra 0,42 e 0,52 kg/dia de novilhos também em

pastagem de capim estrela, respectivamente sem suplementação ou suplementados com

concentrado (SEIJAS et al., 1994). Também em Maracay, Venezuela, a suplementação

de novilhos em pasto de capim estrela, com blocos de nutrientes aumentou seus ganhos

de peso em 80 g/dia contra 160 g/dia quando suplementados com Gliricidia, em

comparação a testemunha sem complementação (SEIJAS et al. 1994).

Nygren (2000) observaram a Influência da Gliricidia em pasto de Dichantium

Aristatum, sugerindo que algumas características da Gliricidia podem ter parcialmente

contribuído para a alta produtividade da associação Gliricidia - D. aristatum ao longo de

oito anos de exploração intensiva, e indicar a sua aptidão para a produção sustentável.

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Segundo Carvalho e Pires (2008) a Gliricidia é cultivada por pequenos produtores

apresentando interesse econômico e comercial pelas suas características agronômicas e

o teor de proteína bruta, sendo mais aceitável quando fornecida como feno ou silagem.

De acordo com Pereira e Rezende (2008) esta leguminosa contribui diretamente com

uma dieta nutricionalmente mais rica para o animal, amenizando inclusive o problema

de sazonalidade.

Ash (1990) estudou o efeito em cabras do consumo e digestibilidade de três

leguminosas (albizia, Gliricidia e sesbânia) administrada como suplemento a feno de

capim Guiné e observou o aumento no consumo de MS total quando utilizou

suplemento de folhas de Gliricidia ou de sesbênia, as duas leguminosas foram

rapidamente degradadas no rúmen.

Abdulrazak et al. (1996) mediram a ingestão voluntária de alimentos,

digestibilidade aparente da dieta, as características do rúmen e as mudanças de peso

vivo em novilhos suplementado com níveis crescentes de forragem de Gliricidia ou

Leucena. Os autores observaram que a Gliricidia foi prontamente consumida. Entretanto

o odor característico da leguminosa pode restingir o consumo nas primeiras semanas.

As leguminosas aumentaram o ganho de peso dos novilhos, onde o incremento da

Gliricidia atingiu 52kg/dia.

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Page 28: POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO COM CAPIM …€¦ · ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito residual da adubação

17

ARTIGO I

Potencial do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição a adubação

nitrogenada no período chuvoso

Artigo escrito conforme as normas da Revista Agroforestry Systems (em anexo)

Page 29: POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO COM CAPIM …€¦ · ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito residual da adubação

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Potencial do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição a adubação

nitrogenada no período chuvoso

Helber Rodrigues de Araujo, Universidade Federal de Sergipe – UFS, Programa de Pós

Graduação em Zootecnia, Brasil. e-mail: [email protected]

José Henrique de Albuquerque Rangel, Embrapa Tabuleiros Costeiros, Brasil. e-mail:

[email protected]

Jailson Lara Fagundes, Universidade Federal de Sergipe – UFS, Departamento de Zootecnia,

Brasil. e-mail: [email protected]

Resumo: Desta forma foi desenvolvido este experimento objetivando avaliar a

disponibilidade de forragem e o ganho de peso de bovinos em pastagem de Capim Marandu

(Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich.) Webster cv. Marandu) adubada com nitrogênio ou

consorciado com Gliricidia (Gliricidia sepium (Jacq.), Kunth, Walp). Este ensaio foi conduzido

no Campo Experimental Jorge do Prado Sobral, pertencente a Embrapa Tabuleiros Costeiros,

em Nossa Senhora das Dores - SE, durante o período chuvoso (maio a outubro) nos anos de

2008 a 2011. Os tratamentos constituíram-se de quatro doses de nitrogênio (0, 80, 160 e 240

kg/ha.ano) aplicados em pastos de capim Marandu e do uso do consórcio Gliricidia com Capim

Marandu (0 kg/ha.ano de N), disposto em um delineamento experimental de blocos

casualizados com seis repetições. Os pastos foram manejados em sistema de lotação

rotacionada, com sete dias de ocupação e 35 dias de descanso. Apesar dos tratamentos adubados

com nitrogênio, na taxa de lotação, ganho de peso individual e ganho de peso por área o sistema

silvipastoril mostrou eficiência semelhante às maiores doses de nitrogênio no incremento do

percentual de folha, teor de proteína bruta, ganho de peso individual e ganho de peso por área

dos animais. Conclui-se que mesmo para a estação das águas, quando a aplicação de nitrogênio

na pastagem alcança as maiores respostas na produção da forragem e dos animais, o sistema

silvipastoril com gliricidia ainda é uma alternativa de substituição desse nutriente.

Palavras-chave: consórcio, desempenho animal, disponibilidade de forragem, leguminosa

arbóreas, sistema silvipastoril

Page 30: POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO COM CAPIM …€¦ · ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito residual da adubação

19

Introdução

A produção animal em pastagens tropicais caracteriza-se, de forma geral pelo

extrativismo dos recursos naturais do solo, o que, na maioria das vezes, promove impactos sobre

o meio ambiente e a produtividade. Tal prática é proveniente da redução na adoção de

tecnologias e recursos financeiros, o que leva a uma restrição da capacidade produtiva das

pastagens.

No Brasil, os sistemas de produção de bovinos são, em sua maioria, baseados no uso de

pastagens cultivadas com as espécies forrageiras do gênero Brachiaria, sendo essas as mais

utilizadas em grandes extensões do território nacional (Gimenes et al, 2011). Todavia, por

motivos diversos estas pastagens apresentam, em sua maioria, algum tipo de degradação (Kichel

et al., 2011). Entre as causas mais comuns dessa degradação está a escolha inadequada da

espécie ou variedade para a situação local, o uso de sementes de má qualidade, uma implantação

deficiente, o manejo inadequado com lotações excessivas e a falta de reposição da fertilidade

através de adubações, solos com baixa fertilidade, muito rasos ou com camadas de

impedimento.

Entre as tecnologias capazes de recuperar as pastagens degradadas e incrementar a

competitividade dos sistemas pecuários por elas sustentados, despontam aquelas que propiciem

o aumento da produção por unidade de área através da elevação da qualidade e da capacidade de

suporte das pastagens. O uso racional de corretivos e de fertilizantes, sejam eles de origem

mineral ou orgânica, é uma tecnologia comprovadamente capaz de alavancar a produtividade

desses sistemas. No entanto, apesar dessa comprovada eficiência o uso de fertilizantes pelos

pecuaristas é muito limitado, tendo em vista os altos preços desses insumos além dos custos

com transporte, armazenamento e aplicação.

Dos nutrientes, o nitrogênio é o que promove as maiores respostas em produção e

manutenção das pastagens, sendo o seu efeito principal o aumento da produção de matéria seca,

a qual reflete diretamente no aumento da lotação sem, no entanto, ocorrer alteração da pressão

de pastejo. De acordo com Martuscello et al, (2006) a deficiência do nitrogênio limita o

desenvolvimento, a produtividade da biomassa. Em especial para as gramíneas é o mineral

absorvido em maiores quantidades (Andrade et al, 2009).

Os sistemas silvipastoris, associadas a outras práticas de manejo, podem contribuir, com o

aumento da produção de forragem, melhoria da sua qualidade, no aumento da produção animal,

da fertilidade e conservação do solo, além de propiciar maior conforto térmico para o animal.

Quando compostos por leguminosas forrageiras arbóreas ou herbáceas fixadoras de nitrogênio,

esses sistemas transferem esse nutriente ao complexo solo/planta pela morte e decomposição de

suas raízes, folhas e ramos e oferecem ainda aos animais um aporte extra de forragem com

elevados teores de proteína bruta, representado por suas folhas e ramos comestíveis. Dessa

forma a fixação biológica do nitrogênio pela leguminosa aumenta a capacidade de suporte da

Page 31: POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO COM CAPIM …€¦ · ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito residual da adubação

20

pastagem e prolonga sua capacidade produtiva, podendo contribuir na qualidade da dieta e

aumentar a produção animal (Aroeira et al, 2005).

Dentre as leguminosas arbóreas com comprovada eficiência em sistema silvipastoris a

gliricidia tem sido alvo de grande interesse por técnicos e produtores, por possuir alta qualidade

nutricional, ser grande produtora de biomassa, excelente fixadora de nitrogênio, eficiente na

reciclagem de nutrientes das camadas inferiores do solo para camadas mais superficiais e pela

sua adaptabilidade a uma vasta gama de solos e climas (Chadhokar e Kantharaju, 1980; Seijas et

al., 1994 e Combellas et al., 1996; Vargas, 1994). O potencial positivo do consórcio de

leguminosas arbóreas com gramíneas forrageiras em sistema de produção tem sido pouco

estudado nas condições do Nordeste Brasileiro. Dentre as leguminosas arbóreas com

comprovada eficiência a Gliricidia (Gliricidia sepium (Jacq.), Kunth, Walp) vem despertando

grande interesse de pesquisadores, técnicos e pecuaristas. Nesse sentido, a consorciação do

Capim Marandu com a Gliricidia surge como uma alternativa viável para substituição do N

mineral. Para tanto foi realizado objetivando avaliar as características da pastagem e o ganho de

peso de garrotes nelores mantidos em um sistema silvipastoril com gliricidia e Capim-Marandu

ou em sistema de monocultivo de Capim Marandu fertilizado com diferentes níveis de

nitrogênio, durante as estações chuvosas de 2008 a 2011.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido em um Latossolo Amarelo Distrocoeso do Campo

Experimental Jorge do Prado Sobral da Embrapa Tabuleiros Costeiros no Município, em Nossa

Senhora das Dores - SE situado à latitude Sul 10º29'27'' e longitude Oeste 37º11'34'', com

altitude aproximada de 200 m e pluviosidade média anual de 1.046 mm, distribuídos

predominantemente no período de maio a outubro. As avaliações experimentais foram

realizadas no período chuvoso (maio a outubro) nos anos de 2008, 2009, 2010 e 2011. A tabela

1 contem os dados das precipitações ocorridas no período chuvoso dos anos experimentais.

O solo antes do início do ensaio, amostrado na camada de 0 a 20 cm, possuía as

seguintes características de fertilidade: pH em H2O = 5,82; M.O. = 35,82 g/dm-3

; P = 2,82

mg.dm-3

K = 5,48 mg.dm-3

; Ca2+

= 46,7 cmolc.dm-3

; Mg2+

= 3,11 cmolc.dm-3

e Al3+

= 0,12

cmolc.dm-3

. Três meses antes da instalação do ensaio foi distribuído em cobertura 500 kg/ha de

calcário dolomítico, objetivando elevar os teores de cálcio e magnésio. Quando da instalação do

ensaio foi realizada uma adubação de fundação constituída de 72 kg/ha de P2O5 (400 kg/ha de

Superfosfato simples) para todos os tratamentos, e K2O (Cloreto de Potássio) na razão de 1:0,8

(N:K2O) (Martins et al, 2006) Anualmente procedia-se uma fertilização de manutenção com as

mesmas quantidades de Superfosfato simples e Cloreto de Potássio.

Page 32: POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO COM CAPIM …€¦ · ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito residual da adubação

21

Tabela 1. Precipitações pluviométricas mensais da estação chuvosa dos anos de 2008 a 2011 em

Nossa Senhora das Dores, SE, Brasil.

Precipitação Pluviométrica (mm)

Ano Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Somatória da

Precipitação

2008 294 186 142 135 43 27 827

2009 391 217 137 232 66 83 1126

2010 108 271 182 109 86 97 853

2011 163 59 164 113 70 59 628

Média 239 183 156 147 66 67 858

Na estação chuvosa de 2004 o capim Marandu foi semeado na área total e a Gliricidia

plantada nas unidades experimentais do tratamento consorciado através de mudas, em alamedas

com espaçamento de quatro metros entre alamedas e dois metros entre plantas na alameda. Foi

realizado poda de uniformização das alamedas de Gliricidia a 1,0 m do nível do solo sempre que

as plantas apresentavam sombreamento excessivo na gramínea. Toda biomassa cortada era

deixada na superfície do solo nas entrelinhas das alamedas. A partir de 2005 até 2007 os pastos

foram utilizados por bovinos Nelore em sistema de lotação continua a uma taxa de 2,5 UA/ha

para a estação chuvosa e de 1,5 UA/ha para estação seca.

Os tratamentos experimentais corresponderam a pastos de Capim Marandu fertilizados

com quatro níveis de nitrogênio (0, 80, 160 e 240 kg/ha.ano de N sob a forma de ureia)

parcelados em duas aplicações, sendo a primeira no início da estação chuvosa e a segunda 35

dias após a primeira, e o sistema silvipastoril do Capim Marandu com a Gliricidia. Cada

tratamento era constituído de seis unidades experimentais com área de 1440 m2 (60 m x 24 m)

cada, totalizando 8640 m2 por tratamento.

Para avaliação da resposta animal foram utilizados bovinos nelores com peso vivo inicial

em torno de 150 kg, substituídos por novos ao atingirem 350 kg de peso vivo. Os animais eram

manejados em lotação rotacionada, com sete dias de ocupação e 35 dias de descanso, com ajuste

na taxa de lotação realizado a cada 28 dias, pela adição ou retirada de animais reguladores, “Put

and Take” (Mott e Lucas, 1952; Mott, 1960; Petersen e Lucas, 1968; Bransby e Maclarim,

2000), com três animais ‘teste” por tratamento, mantidos durante todo o período experimental

de cada ano para viabilização das avaliações de desempenho individual.

O ajuste das taxas de lotação era realizado de acordo com a massa de forragem disponível

(kg/ha de MS) em cada tratamento em pré-pastejo, acima de uma altura de 10 cm do solo, sendo

preestabelecido para todos os tratamentos um resíduo pós-pastejo de 1500 kg/ha de MS com

oferta de 2,5 kg de MS/100 kg de peso vivo (Sollemberger et al, 2005). Todos os animais (testes

e reguladores), após jejum total de sólidos por 10 a 12 horas eram pesados individualmente para

avaliação do ganho de peso no período. O ganho de peso diário individual (GMDI) era

Page 33: POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO COM CAPIM …€¦ · ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito residual da adubação

22

representado pela média do ganho de peso dos três animais “testes” mantidos em cada

tratamento dividido pelo tempo de permanência dos animais no tratamento. A produção animal

por área era obtida pela soma do ganho de todos os animais em cada tratamento, dividida por 28

dias e ajustado para ganho/hectare.

A disponibilidade de forragem em cada tratamento era mensurada por meio da coleta de

biomassa aérea, na semana anterior a entrada dos animais em cada piquete. Eram coletadas 20

amostras de forragem por tratamento, cortadas aleatoriamente a 10 cm de altura acima do solo

com auxilio de um quadro amostral de 0,25 m2 (50 x 50 cm) (T’mannetje, 1978) e pesadas. De

cada amostra era retirada uma sub-amostra com peso aproximado de 150 g que era levada ao

laboratório para a separação dos componentes folhas (lâminas foliares verdes), colmos verdes

(colmo + bainha foliar) e material morto (perfilhos, colmos e folhas mortas). Estas eram pesadas

e colocadas para secagem, em estufa de circulação forçada de ar a 65º C até massa constante.

Após secagem, as amostras eram pesadas e por intermédio das relações entre massa seca (MS) e

massa verde da amostra, era calculada a disponibilidade de MS de cada componente da

forragem colhida na área de amostragem, os quais compuseram a disponibilidade de matéria

seca total (DMST) e de cada componente da gramínea (disponibilidade de matéria seca de

lâmina foliar (DMSF), de matéria seca de colmo (DMSC) e de matéria seca de material morto

(DMSMM)). De cada amostra era retirada uma sub-amostra para determinação da MS a 105º C.

Nessas sub-amostras foram avaliados os teores de digestibilidade “in vitro” da matéria seca

(DIVMS) e de Proteína Bruta (PB), seguindo método de Kjeldahl de nitrogênio total (Silva e

Queiroz, 2002)

As taxas de lotação (TL) eram calculadas conforme descrito por Sollemberger et al,

(2005), de acordo com a equação:

OF=MF/peso vivo animal (Sollemberger et al, 2005). Aonde OF=Oferta de Forragem e

MF=Massa de Forragem.

Para uma oferta pré-estabelecida de 2,5 kg/100 kg peso vivo e um resíduo de 1.500 kg/ha.

A forragem de gliricidia disponível no tratamento silvipastoril era avaliada pela coleta de folhas

e ramos finos em 5% das árvores existentes no piquete, e realizada em pré-pastejo a cada dois

ciclos completos (70 dias). Do material colhido era retirada uma amostra para determinação da

disponibilidade de matéria seca (MS/ha) a 60º C. A disponibilidade de forragem da gliricidia

não era considerada para o calculo da lotação nesse tratamento.

Ocorreram seis períodos de avaliações no período chuvoso de cada ano. Para efeito de

análise estatística foram considerados como fatores os anos experimentais e os tratamentos e

como repetição as avaliações realizadas em cada ano em um delineamento experimental de

blocos (avaliações) com seis repetições.

Os dados foram submetidos à análise estatística segundo o procedimento PROC

ANOVA do pacote estatístico SAS (SAS Institute, 2002). Dentro deste procedimento optou-se

Page 34: POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO COM CAPIM …€¦ · ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito residual da adubação

23

pelo sub-procedimento de medidas repetidas no tempo (Repeated Measures), uma vez que todas

as avaliações ocorreram ao longo de quatro períodos chuvosos (SAS Institute, 2002). Quando

constatado efeito significativo dos tratamentos quantitativos, doses de nitrogênio, os mesmos

foram submetidos ao procedimento PROC REG (P < 0,05). Após traçadas as curvas de

regressão para o efeito das doses de nitrogênio, os dados obtidos com o tratamento consorciado

foram plotados dentro de cada uma das curvas para comparação de sua equivalência com os

níveis de N. Os dados experimentais foram analisados segundo o modelo:

Y ijk = µ + Bi + Nj + Ak + NAjk + eijk

Onde: i = 1, 2, 3, 4, 5 e 6 repetições (aleatória)

j = 1, 2, 3 e 4 doses de nitrogênio (fixa)

k = 1, 2, 3 e 4 ano de avaliação (2008, 2009, 2010 e 2011) (fixa)

em que

µ = constante inerente a todas as observações;

Bi = efeito do bloco i, período de avaliação na seca, sendo i = 1, 2, 3, 4, 5, 6;

Nj = efeito das doses de nitrogênio j, sendo k = 1, 2, 3, 4;

Ak = efeito dos anos de avaliação k, sendo k = 1, 2,3 e 4;

NAjk = interação das doses de nitrogênio j com anos das avaliações k;

eijk = erro experimental.

Resultado e Discussão

Na média dos quatro anos a disponibilidade de matéria seca dos componentes

morfológicos do capim-marandu foi influenciada pelos níveis de nitrogênio (p<0,05), não sendo

constatado efeito da interação entre níveis de nitrogênio e ano de avaliação. Tanto para folhas

quanto para colmos a disponibilidade de matéria seca aumentou linearmente com o aumento da

dose de nitrogênio (Figura 1).

Page 35: POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO COM CAPIM …€¦ · ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito residual da adubação

24

Figura 1. Disponibilidade de matéria seca de folhas, colmos e matéria seca total do capim

marandu com fertilização nitrogenada (■) ou consorciado com gliricidia(●).

*Significativo ao nível de 5% de probabilidade.

Aumentos na disponibilidade de folhas e colmos de pastagens tropicais em função da

fertilização mineral com nitrogênio em condições de uma distribuição adequada de chuvas já

são bastante conhecidos e foram também verificados por Mistura et al (2006), ratificando o

efeito positivo desses dois fatores. O nitrogênio potencializa a taxa de reações enzimáticas e

químicas no metabolismo da planta, alterando suas características morfogênicas e estruturais

(Fagundes et al, 2005 ). Caminha et al (2010) observaram que o nitrogênio aliado ao aumento

da disponibilidade de água resultou no aumento da capacidade de recuperação do capim-

marandu, após um período de deficiência hídrica. Gimenes et al (2011), trabalhando com a

mesma planta forrageira, verificou incrementos de MS de forragem em pastos adubados com

nitrogênio e lotação rotacionada. Desse modo, torna-se evidente que a adubação nitrogenada

influi positivamente na produção de forragem.

No sistema silvipastoril a disponibilidade de matéria seca de folhas do capim-marandu foi

22,1 % maior do que a do pasto sem fertilização nitrogenada e, quando plotada na curva de

resposta ao nitrogênio, equivaleu a uma aplicação de 93 kg/ha de N com uma produção de MS

de aproximadamente 1385,57 kg/ha (Figura 1). Quanto aos caules verificou-se uma

disponibilidade de matéria seca equivalente a uma dose hipotética de 53,4 kg/ha de N. Tais

incrementos pode indicar uma resposta ao nitrogênio biologicamente fixado pela Gliricidia e

disponibilizado no solo para a gramínea através da decomposição de suas folhas, galhos e raízes

mortas e incorporadas como matéria orgânica no solo. Beddy et al (2010) verificaram aumentos

de até 80% na matéria orgânica particulada ligada ao nitrogênio em solo cultivado com milho

entre alamedas de gliricidia comparada a de solo cultivado com milho em monocultivo.

A composição morfológica do capim-marandu foi padronizada por um significativo

crescimento linear da percentagem de lâminas foliares e colmos, com redução do percentual de

material morto em função do aumento da adubação nitrogenada (Figura 2). Tal comportamento

pode contribuir para melhoria da composição quimico bromatologica da gramínea podendo

melhorar o desempenho animal.

Page 36: POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO COM CAPIM …€¦ · ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito residual da adubação

25

Figura 2. Percentual morfológico (folhas, colmo e material morto) de capim marandu com

fertilização nitrogenada (■) ou consorciado com gliricidia(●). *Significativo ao nível

de 5% de probabilidade

No sistema silvipastoril, a percentagem de folhas do capim-Marandú foi equivalente a

utilização de uma adubação nitrogenada de 209,16 kg/ha de N. Possivelmente este aumento de

folhas deva-se a resposta da gramínea ao aporte ao solo do nitrogenio biologicamente fixado,

aliado a uma tentativa da gramínea para atenuar a limitação luminosa provocada pelo

sombreamento da gliricidia (Paciullo et al, 2008). A contribuição porcentual de lâminas foliares

na produção total de forragem é importante porque reflete melhor a qualidade da forragem à

disposição dos animais em pastejo. Isto se justifica pelo maior valor nutritivo das folhas em

relação aos colmos, bem como pela preferência dos animais em consumirem mais folhas do que

colmos em regime de pastejo (Chacon et al, 1978).

A participação percentual de colmos no tratamento consorciado correspondeu a uma

adubação com 141,16 kg/ha de N, atrelado às condições climáticas favoráveis, promoveram

incrementos na participação do colmo que, semelhantemente ao que ocorreu para o percentual

de folhas, ocorreu possivelmente para compensar a redução na luminosidade, pela elevação de

suas folhas no dossel, permitindo, ainda, melhor distribuição da luz ao longo da planta (Paciullo

et al, 2008).

Já o percentual de material morto apresentou comportamento inverso, com redução linear

significativa (p< 0,05) de sua participação com o aumento da dose de nitrogênio. Quando

plotado na curva de resposta ao nitrogenio o valor da participaçção do material morto no

sistema silvipastoril foi equivalente a uma fertilização com 174 kg/ha de nitrogênio.

Possivelmente este fato aconteceu porque tatnto o aumento da adubação nitrogenada como o

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sistema silvipastoril favoreceram a manutenção de folhas e colmos vivos, por um maior período

de tempo nas plantas do capim-marandu. Com o aumento do percentual de folha e colmos, da

redução do material morto, possivelmente, o material ofertado aos animais foi de melhor

qualidade nutricional. Nesse sentido, observou-se que o teor de proteína bruta (PB) nas folhas e

colmos do capim-Marandu foi afetado pela fertilização nitrogenada e pelo sistema silvipastoril

(P < 0,05), ajustando-se a uma equação linear positiva em resposta ao aumento da dose de

nitrogênio (Figura 3).

Figura 3. Teor de proteína bruta de folha (■) e colmo (▲) do capim marandu com fertilização

nitrogenada ou consorciado com gliricidia(●). *Significativo ao nível de 5% de

probabilidade

Grande contraste foi observado quanto aos teores de PB entre lâminas e colmos. Valores

mais altos correspondendo às lâminas, certamente como consequência da maior porcentagem de

tecido jovem e verde, bem como, menor porcentagem dos constituintes da parede celular. Os

valores da PB obtidos nas folhas do capim-marandu estão acima dos preconizados por Van

Soest (1994) que consideram 7% de PB como o mínimo para suprir a manutenção das

necessidades das bactérias ruminais.

Os teores de PB observados no sistema silvipastoril estiveram próximos aos obtidos com

o nível mais alto de nitrogênio atingindo 9,62 % e 4,24 %, respectivamente para folhas e caules,

contra 10,14 % e 4,54 % respectivamente para esses mesmos componentes no tratamento

fertilizado com 240 kg/ha de nitrogênio. Quando plotados nas curvas de regressão para PB em

função dos níveis de N os valores de PB do sistema silvipastoril equivaleram a fertilizações de

199,3 e 185,2 kg/ha de N, respectivamente para folhas e caules (Figura 2). Tais níveis de PB

demonstram uma possível efetividade da leguminosa em fixar e transferir nitrogênio para a

gramínea. Benefícios da presença de leguminosas na PB também foram observados por Paciullo

et al (2011). O incremento nos teores de PB no capim-marandu com uso da adubação

nitrogenada ou com o uso da consorciação com gliricidia pode ter sido o resultado da

acumulação de novos tecidos durante a rebrota da gramínea com maior valor nutritivo.

As médias de DIVMS total, de folha e de colmo do capim-marandu não foram

significativamente diferentes (P < 0,05) quanto às doses de nitrogênio ou no consórcio da

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gramínea com a Gliricidia. Cabe salientar que além da disponibilidade de forragem proveniente

do capim-marandu, nos piquetes do sistema silvipastoril houve um aporte extra de forragem

com elevado teor proteico, disponibilizado aos animais em pastejo sob a forma de folhas e

ramos finos da gliricidia (Tabela 2).

Tabela 2. Disponibilidade de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de folhas + ramos finos da

Gliricidia no período chuvoso dos quatro anos experimentais.

Ano Disponibilidade (MS/ha) Proteína Bruta (%)

2008 1419,3 22,6

2009 982,9 22,1

2010 1370,9 23,3

2011 1005,9 23,4

Média 1194,8 22,8

A taxa de lotação (TL) foi influenciada pelos sistemas (nitrogênio e silvipastoril) e pelos

anos de avaliação, com efeito significativo da interação doses de nitrogênio x ano de avaliação

(P < 0,05). A lotação cresceu de maneira quadrática com o aumento da dose de nitrogênio

dentro de cada ano (Figura 4). As TL no sistema silvipastoril nos anos experimentais

corresponderam a incrementos de 40,5; 44,2; 73,9 e 29,0 %, respectivamente, para os anos de

2008, 2009, 2010 e 2011 comparativamente ao cultivo da capim-marandu sem uso da adubação

nitrogenada. Quando plotadas nas curvas de regressão em resposta aos níveis de nitrogênio

mostraram uma equivalência a fertilizações nitrogenadas de 85,0, 100,5, 203,0, 140,0 kg/ha de

N respectivamente, para os anos de 2008, 2009, 2010 e 2011.

Figura 4. Taxa de Lotação em pastos de capim marandu com fertilização nitrogenada (■) ou

consorciado com gliricidia(●) em diferentes anos de avaliação. *Significativo ao nível

de 5% de probabilidade

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Foi constatado efeito significativo dos níveis de nitrogênio para o ganho médio diário

(GMD) dos animais (P < 0,05), com os dados ajustando-se ao modelo quadrático (Figura 5). De

modo geral foi observado que o aumento dos níveis de nitrogênio aumentou linearmente as

quantidades de folha e colmo no pasto contribuindo para as maiores e consequentemente

favoreceram o ganho de peso individual, taxa de lotação e ganho de peso por área. Os valores de

GMD para os bovinos variaram entre 311,6 a 569,8 g/animal.dia, sendo similares aos relatados

por Manella et al (2002) com produção de 688 g/animal/dia e por Gimenes et al (2011) com

variação de 564 a 1060 g/animal.dia.

Figura 5. Ganho de peso individual em pastos de capim marandu com fertilização nitrogenada

(■) ou consorciado com gliricidia(●). *Significativo ao nível de 5% de probabilidade

No sistema silvipastoril o GMD foi incrementada em 82 % quando comparada com o

pasto não adubado. O aumento GMD nesse tratamento foi igual ao obtido na dose de 240 kg/ha

de N com 570 g/animal.dia. Esta resposta foi um reflexo do incremento na DMSF e no teor de

PB do capim-marandu, aliado ao acesso a uma dieta extra de melhor qualidade proveniente da

gliricidia (Tabela 2).

Constatou-se efeito significativo dos níveis de nitrogênio para o GMDA (P < 0,05), com

os dados ajustando-se ao modelo quadrático (Figura 6). Para esse parâmetro a interação níveis

de nitrogênio x ano não foi significativa.

Figura 6. Ganho de peso por área em pastos de capim marandu com fertilização nitrogenada (■)

ou consorciado com gliricidia (●). *Significativo ao nível de 5% de probabilidade

Page 40: POTENCIAL DA GLIRICIDIA EM CONSORCIAÇÃO COM CAPIM …€¦ · ARTIGO 2 - Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito residual da adubação

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Semelhantemente ao relatado por Moreira et al, (2014) infere-se que a adubação

nitrogenada causou aumento nas quantidades de folha no pasto, densidade de perfilhos

vegetativos, densidade volumétrica de forragem, contribuindo para as maiores disponibilidade

de forragem que consequentemente favoreceram o GMD, TL e GMDa.

Os valores de GMDa para os bovinos variaram entre 1.098,6 g/ha.dia a 2.048,9 g/ha.dia

que foram inferiores aos relatados por Manella et al (2002) quando avaliou bovinos em capim-

marandu suplementados com concentrado proteico, com variação de 2.520 a 3.327 g/ha.dia.

O sistema silvipastoril proporcionou um aumento no GMDa (2114 g/ha.dia) superior ao

alcançado na dose máxima de nitrogênio de 240 kg/ha (1811 g/ha.dia). Tal ganho representa um

incremento de 92,5 % comparativamente ao cultivo do capim-marandu sem uso da adubação

nitrogenada. Semelhante aos ganhos individuais a porção da forragem de gliricidia na

composição da dieta no sistema silvipastoril, possivelmente condicionou, em grande parte tal

desempenho.

Conclusão

A fertilização nitrogenada se mostrou eficiente em aumentar a produção de forragem e o

desempenho animal em pastagem de capim-marandu nas condições de solo coeso dos tabuleiros

costeiros de Sergipe. No entanto, apesar de no sistema silvipastoril os parâmetros de

produtividade do pasto de capim-marandu avaliados terem sido equivalentes a doses

intermediárias de nitrogênio testadas, nos parâmetros de desempenho animais avaliados, este

sistema se equivaleu a maior dose testada.

Mesmo sem uma análise econômica das respostas aos tratamentos aplicados, pode-se concluir

que o sistema silvipastoril do capim-marandu com a gliricidia tem potencial para substituir a

fertilização nitrogenada de até 240 kg/ha de N.

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ARTIGO II

Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito

residual da adubação nitrogenada no período seco

Artigo escrito conforme as normas da Revista Agroforestry Systems (em anexo)

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Avaliação do sistema silvipastoril gliricidia/capim-marandu em substituição ao efeito

residual da adubação nitrogenada no período seco

Helber Rodrigues de Araujo, Universidade Federal de Sergipe – UFS, Programa de Pós

Graduação em Zootecnia, Brasil. e-mail: [email protected]

José Henrique de Albuquerque Rangel, Embrapa Tabuleiros Costeiros, Brasil. e-mail:

[email protected]

Jailson Lara Fagundes, Universidade Federal de Sergipe – UFS, Departamento de Zootecnia,

Brasil. e-mail: [email protected]

Resumo: O uso racional de corretivos e fertilizantes é comprovadamente uma tecnologia

capaz de alavancar a produtividade dos sistemas pecuários, sendo o nitrogênio o que promove

as maiores respostas em produção de forragem e desempenho animal. Apesar disso, seu uso é

muito limitado devido aos altos custos de aquisição transporte e aplicação. O consorcio de

gramíneas com leguminosas arbóreas fixadoras de nitrogênio em sistema silvipastoril tem sido

testado como alternativa a fertilização nitrogenada. Desta forma foi desenvolvido este

experimento objetivando avaliar a disponibilidade de forragem e o ganho de peso de bovinos

em pastagem de Capim Marandu (Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich.) Webster cv.

Marandu) adubada com nitrogênio ou consorciado com Gliricidia (Gliricidia sepium (Jacq.),

Kunth, Walp). Este experimento foi conduzido no Campo Experimental Jorge do Prado Sobral,

pertencente a Embrapa Tabuleiros Costeiros, em Nossa Senhora das Dores - SE, durante o

período de restrições hídricas (novembro a abril) nos anos de 2008 a 2011. Os tratamentos

constituíram-se do efeito residual de quatro doses de nitrogênio (0, 80, 160 e 240 kg/ha.ano)

aplicados em pastos de capim Marandu e do uso do consórcio Gliricidia com Capim Marandu (0

kg/ha.ano de N), disposto em um delineamento experimental de blocos casualizados com seis

repetições. Os pastos de Marandu foram manejados em sistema de lotação rotacionada, com sete

dias de ocupação e 49 dias de descanso. Os efeitos residuais das adubação com nitrogênio

proporcionam aumento na disponibilidade de biomassa total, folha, colmo e material morto com

efeito positivo no ganho de peso individual, taxa de lotação e ganho de peso por área dos

bovinos. O consórcio entre o capim Marandu e a Gliricidia mostrou eficiência semelhante as

maiores doses de nitrogênio para incrementar a disponibilidade de folha, ganho de peso

individual, taxa de lotação e ganho de peso por área dos bovinos.

Palavras-chave: consórcio, desempenho animal, leguminosa arbóreas, produção de forragem,

sistema silvipastoril

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35

Introdução

A produção brasileira de bovinos possui boa competitividade, em grande parte, pela

produção de forragem de espécies forrageiras e/ou cultivares, tendo participação direta no

crescimento econômico do país e na concorrência internacional, em plena globalização, este fato

se dá também, pela maior exigência na aplicação dos insumos e tecnologia para aumento na

produtividade das plantas forrageiras e maior eficiência na utilização da forragem produzida,

obtida pelo melhor entendimento sobre o manejo do pastejo.

Entretanto as adoções de técnicas convencionais ou inovadoras como o uso de

fertilizantes e corretivos pelos pecuaristas é muito limitado, apesar de ser uma maneira efetiva

de repor nutrientes no sistema com confirmação científica pelas pesquisas nos sistemas de

produção pecuários no Brasil, apresentam-se lentos, baseado no perfil dos pecuaristas

brasileiros. Essa reposição insuficiente de nutrientes contribui para o crescente processo de

degradação das pastagens.

Todavia, apesar da comprovada eficiência agronômica da fertilização com nitrogênio é

uma prática muito cara e pouco praticada pelos produtores, sobretudo aqueles caracterizados

como de base familiar.

Os sistemas de produção animal a pasto também podem se intensificar com uma

exploração dos recursos de forma mais sustentável, como as fontes de nitrogênio mineral

oneram os custos de produção, a fixação biológica de nitrogênio atmosférico por leguminosas

associadas a gramíneas tropicais, torna-se uma saída sustentável para esta problemática.

Alternativas ao uso de fertilizantes químicos nitrogenados como o cultivo de leguminosas

forrageiras perenes, de porte arbóreo ou arbustivo, em sistemas consorciados com gramíneas,

têm sido apontadas como forma eficiente de aumentar a rentabilidade e sustentabilidade desses

sistemas a um baixo custo.

O incremento na produtividade pela capacidade de fixação biológica do nitrogênio

atmosférico e contribuição na qualidade da forragem para a produção animal, podendo

contribuir na sustentabilidade da pecuária. Apesar dos potenciais positivos do consórcio, poucos

são os estudos que avaliam a interação da fertilização nitrogenada e as metas de pastejo, a fim

da adoção destes sistemas.

O objetivo deste estudo foi avaliar as características da pastagem e o desempenho de

bezerros nelores mantidos em um consórcio com uma leguminosa arbórea ou em uma

monocultura de Capim Marandu (Brachiaria brizantha, (Hochst. ex. A. Rich.) R.D. Webster cv

Marandu fertilizada com níveis de nitrogênio, durante a estação seca.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido em um Latossolo Amarelo Distrocoeso do Campo

Experimental Jorge do Prado Sobral da Embrapa Tabuleiros Costeiros no Município, em Nossa

Senhora das Dores - SE situado a latitude Sul 10º29'27'' e longitude Oeste 37º11'34'', com

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altitude aproximada de 200 m e pluviosidade média anual de 1.046 mm, distribuídos

predominantemente no período de novembro a abril. As avaliações experimentais foram

realizadas no período seco (novembro a abril) nos anos de 2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011.

A tabela 1 contem os dados das precipitações ocorridas no período chuvoso dos anos

experimentais.

O solo antes do início do ensaio, amostrado na camada de 0 a 20 cm, possuía as seguintes

características de fertilidade: pH em H2O = 5,82; M.O. = 35,82 g/dm-3

; P = 2,82 mg.dm-3

K =

5,48 mg.dm-3

; Ca2+

= 46,7 cmolc.dm-3

; Mg2+

= 3,11 cmolc.dm-3

e Al3+

= 0,12 cmolc.dm-3

. Três

meses antes da instalação do ensaio foi distribuído em cobertura 500 kg/ha de calcário

dolomítico, objetivando elevar os teores de cálcio e magnésio. Quando da instalação do ensaio

foi realizada uma adubação de fundação constituída de 72 kg ha-1

de P2O5 (400 kg/ha de

Superfosfato simples) para todos os tratamentos, e K2O (Cloreto de Potássio) na razão de 1:0,8

(N: K2O) (Martins et al, 2006) Anualmente procedia-se uma fertilização de manutenção com as

mesmas quantidades de Superfosfato simples e Cloreto de Potássio.

Tabela 1. Precipitações pluviométricas mensais da estação chuvosa dos anos de 2008 a 2011 em

Nossa Senhora das Dores, SE, Brasil.

Precipitação Pluviométrica (mm)

Ano Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Somatória da

Precipitação

2008/2009 0 16 12 112 0 161 301

2009/2010 0 35 30 107 110 260 542

2010/2011 0 20 82 65 40 178 385

Média 0 24 41 95 50 200 409

Na estação chuvosa de 2004 o capim Marandu foi semeado na área total e a Gliricidia

plantada nas unidades experimentais do tratamento consorciado através de mudas, em alamedas

com espaçamento de quatro metros entre alamedas e dois metros entre plantas na alameda. Foi

realizado poda de uniformização das alamedas de Gliricidia a 1,0 m do nível do solo sempre que

as plantas apresentavam sombreamento excessivo na gramínea. Toda biomassa cortada era

deixada na superfície do solo nas entrelinhas das alamedas. A partir de 2005 até 2007 os pastos

foram utilizados por bovinos Nelore em sistema de lotação continua a uma taxa de 2,5 UA/ha

para a estação chuvosa e de 1,5 UA/ha para estação seca.

Os tratamentos experimentais corresponderam ao efeito residual de pastos de Capim

Marandu fertilizados com quatro níveis de nitrogênio (0, 80, 160 e 240 kg N/ha.ano sob a forma

de ureia) parcelados em duas aplicações no período chuvoso, sendo a primeira no início da

estação chuvosa e a segunda 35 dias após a primeira, e o sistema silvipastoril do Capim

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Marandu com a Gliricidia. Cada tratamento era constituído de oito unidades experimentais com

área de 1440 m2 (60 m x 24 m) cada, totalizando 11.520 m

2 por tratamento.

Para avaliação da resposta animal foram utilizados bovinos nelores com peso vivo inicial

em torno de 150 kg, substituídos por novos ao atingirem 350 kg de peso vivo. Os animais eram

manejados em lotação rotacionada, com sete dias de ocupação e 35 dias de descanso, com ajuste

na taxa de lotação realizado a cada 28 dias, pela adição ou retirada de animais reguladores, “Put

and Take” (Mott e Lucas, 1952; Mott, 1960; Petersen e Lucas, 1968; Bransby e Maclarim,

2000), com três animais ‘teste” por tratamento, mantidos durante todo o período experimental

de cada ano para viabilização das avaliações de desempenho individual. O ajuste das taxas de

lotação era realizado de acordo com a massa de forragem disponível (kg/ha de MS) em cada

tratamento em pré-pastejo, acima de uma altura de 10 cm do solo, sendo preestabelecido para

todos os tratamentos um resíduo pós-pastejo de 1500 kg/ha de MS com oferta de 2,5 kg de

MS/100 kg de peso vivo (Sollemberger et al, 2005). Todos os animais (testes e reguladores),

após jejum total de sólidos por 10 a 12 horas eram pesados individualmente para avaliação do

ganho de peso no período. O ganho de peso diário individual (GMDI) era representado pela

média do ganho de peso dos três animais “testes” mantidos em cada tratamento dividido pelo

tempo de permanência dos animais no tratamento. A produção animal por área era obtida pela

soma do ganho de todos os animais em cada tratamento, dividida por 28 dias e ajustado para

ganho/hectare.

A disponibilidade de forragem em cada tratamento era mensurada por meio da coleta de

biomassa aérea, na semana anterior a entrada dos animais em cada piquete. Eram coletadas 20

amostras de forragem por tratamento, cortadas aleatoriamente a 10 cm de altura acima do solo

com auxilio de um quadro amostral de 0,25 m2 (50 x 50 cm) (T’mannetje, 1978) e pesadas. De

cada amostra era retirada uma sub-amostra com peso aproximado de 150 g que era levada ao

laboratório para a separação dos componentes folhas (lâminas foliares verdes), colmos verde

(colmo + bainha foliar) e material morto (perfilhos, colmos e folhas mortas). Estas eram pesadas

e colocadas para secagem, em estufa de circulação forçada de ar a 65º C até massa constante.

Após secagem, as amostras eram pesadas e, por intermédio das relações entre massa seca (MS)

e massa verde da amostra, era calculada a disponibilidade de MS de cada componente da

forragem colhida na área de amostragem, os quais compuseram a disponibilidade de matéria

seca total (DMST) e de cada componente da gramínea (disponibilidade de matéria seca de

lâmina foliar (DMSF), de matéria seca de colmo (DMSC) e de matéria seca de material morto

(DMSMM)). De cada amostra era retirada uma sub-amostra para determinação da MS a 105º C.

Nessas sub-amostras foram avaliados os teores de digestibilidade “in vitro” da matéria seca

(DIVMS) e de Proteína Bruta (PB), seguindo método de Kjeldahl de nitrogênio total (Silva e

Queiroz, 2002).

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38

As taxas de lotação (TL) eram calculadas conforme descrito por Sollemberger et al,

(2005), de acordo com a equação:

OF=MF/peso vivo animal (Sollemberger et al, 2005). Aonde OF=Oferta de Forragem e

MF=Massa de Forragem.

Para uma oferta pré-estabelecida de 2,5 kg/100 kg peso vivo e um resíduo de 1.500 kg/ha.

A forragem de gliricidia disponível no tratamento silvipastoril era avaliada pela coleta de folhas

e ramos finos em 5% das árvores existentes no piquete, e realizada em pré-pastejo a cada dois

ciclos completos (70 dias). Do material colhido era retirada uma amostra para determinação da

disponibilidade de matéria seca (MS/ha) a 60º C. A disponibilidade de forragem da gliricidia

não era considerada para o calculo da lotação nesse tratamento.

Ocorreram seis períodos de avaliações no período seco de cada ano. Para efeito de análise

estatística foram considerados como fatores os anos experimentais e os tratamentos e como

repetição as avaliações realizadas em cada ano em um delineamento experimental de blocos

(avaliações) com seis repetições.

Os dados foram submetidos à análise estatística segundo o procedimento PROC

ANOVA do pacote estatístico SAS (SAS Institute, 2002). Dentro deste procedimento optou-se

pelo sub-procedimento de medidas repetidas no tempo (Repeated Measures), uma vez que todas

as avaliações ocorreram ao longo de três períodos secos (SAS Institute, 2002). Quando

constatado efeito significativo dos tratamentos quantitativos, efeito residual das doses de

nitrogênio, os mesmos foram submetidos ao procedimento PROC REG (P < 0,05). Após

traçadas as curvas de regressão para o efeito residual da adubação nitrogenada, os dados obtidos

com o tratamento consorciado foram plotados dentro de cada uma das curvas para comparação

de sua equivalência com os níveis residuais de N. Os dados experimentais foram analisados

segundo o modelo:

Y ijk = µ + Bi + Nj + Ak + NAjk + eijk

Onde: i = 1, 2, 3, 4, 5 e 6 repetições (aleatória)

j = 1, 2, 3 e 4 efeito residual das doses de nitrogênio (fixa)

k = 1, 2 e 3 ano de avaliação (2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011) (fixa)

em que

µ = constante inerente a todas as observações;

Bi = efeito do bloco i, período de avaliação na seca, sendo i = 1, 2, 3, 4, 5, 6;

Nj = efeito das doses de nitrogênio j, sendo k = 1, 2, 3, 4;

Ak = efeito dos anos de avaliação k, sendo k = 1, 2 e 3;

NAjk = interação dos efeitos residuais das doses de nitrogênio j com anos das avaliações

k;

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39

eijk = erro experimental.

Resultados e Discussão

Pôde-se constatar alterações na Disponibilidade de MS total e dos componentes lâmina

foliar, colmo e material morto do Capim Marandu quando avaliado o efeito residual da

adubação nitrogenada ou consorciado com Gliricidia. As disponibilidades de folha, colmo e

material morto aumentaram linear e positivamente com o residual da adubação nitrogenada (P <

0,05).

A Disponibilidade de MS de Folha (Figura 1) apresentou-se crescente pelo incremento na

dinâmica morfogênica da planta, possivelmente devido ao residual do nitrogênio aplicado no

pasto durante o periodo chuvo, o qual pode ter favorecidoa divisão celular, taxa de crescimento

e alongamento foliar. O nitrogênio potencializa a taxa de reações enzimáticas e químicas no

metabolismo da planta, alterando suas características morfogênicas e estruturais (Fagundes et al,

2005).

Figura 1. Disponibilidade de matéria seca de folhas, colmo, disponibilidade de materia seca

total e disponibilidade de materia seca do material morto de capim marandu com

fertilização nitrogenada (■) ou consorciado com gliricidia(●).*Significativo ao nível

de 5% de probabilidade.

No sistema silvipastoril a disponibilidade de matéria seca de folhas do capim-marandu foi

promoveu um acréscimo de 391,73 em relação do tratamento testemunha e 137,15 kg/ha de

lâminas foliares quando comparado ao efeito residual da aploicação de 240 kg/ha de N,

respectivamente (Figura 1). Tais incrementos pode indicar uma resposta ao nitrogênio

biologicamente fixado pela Gliricidia e disponibilizado no solo para a gramínea através da

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40

decomposição de suas folhas, galhos e raízes mortas e incorporadas como matéria orgânica no

solo. Beddy et al (2010) verificaram aumentos de até 80% na matéria orgânica particulada

ligada ao nitrogênio em solo cultivado com milho entre alamedas de gliricidia comparada a de

solo cultivado com milho em monocultivo.

O incremento na DMSF foi proporcional às doses de N, com valores variando 28%, 47%

a 50% superior ao tratamento sem adubação nitrogenada, respectivamente a adubação com 80,

160 e 240 kg/ha de N e 77% no sistema silvipastoril. A aplicação de nitrogênio no Capim

Marandu, proporcionou acréscimo da disponibilidade de colmo, este componente, por sua vez,

altera a estrutura do pasto, afetando diretamente o consumo de forragem, a digestibilidade e a

eficiência de utilização da forragem. Fagundes et al. (2006b), afirmaram que as folhas e os

colmos crescem linearmente com o aumento das doses de nitrogênio. Talvez, isso explique uma

maior disponibilidade de folha e colmo.

O sistema silvipastoril apresentou disponibilidades de colmo (1.004 kg/ha) similares aos

efeitos residuais da adubação nitrogenada nos pastos de Capim Marandu adubados com 160

(1.020 kg/ha). Carvalho et al. (1995) trabalhando com cinco gramíneas tropicais consorciadas

ou não com angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa Benth), observou que o consórcio

proporcionou redução na produção de forragem, entretanto ocasionou um aumento da proporção

de lâminas foliares o que contribui para produção animal, atribuído a um maior valor nutritivo

das folhas.

Foi observado aumento na disponibilidade de material morto do Capim Marandu em

decorrencia do residual da adubação nitrogenada. Fagundes et al. (2006a) afirmaram ao estudar

as características estruturais B. decumbens cv. Basilisk adubado com nitrogênio nas quatro

estações do ano, que na estação seca observa-se um aumento do acúmulo de material morto,

decorrente da senescência natural da gramínea, ocasionada pelo déficit hídrico da estação.

O tratamento com as maiores doses residuais de N provavelmente atingiu mais rápido o

índice de área foliar (IAF) crítico 95 %, a partir do qual começa a competição por luz no pasto,

aumentando a disponibilidade de colmo e material morto. O processo de senescência é

promovido pelo maior fluxo de tecidos decorrente do residuo da adubação nitrogenada, o que

favoreceu para uma presença marcante deste componente. Neste trabalho ocorreu um efeito

pronunciado do residuo da fertilização nitrogenada observado na estrutura do pasto, uma vez

que a taxa de senescência cresceu com o aumento na doses residuais de N.

No sistema silvipastoril Capim Marandu com Gliricidia a disponibilidade de material

morto foi 417,93; 633,14 e 617,23 kg/ha menor que os pastos de Capim Marandu que tiveram a

adubação resisual com 80, 160 e 240 kg/ha de N, respectivamente.

Apesar do Capim Marandu se adaptar a solos de baixa a média fertilidade, conforme se

aumentou as doses residuais de N ocorreram incrementos significativos (P < 0,05) da

disponibilidade total de MS, a uma taxa de aumento de 6,36 kg/ha.dia para cada kg de N

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aplicado. O uso da fertilização nitrogenada na pastagem permitiu uma maior oferta de

forragem em tempo de escassez hídrica quando comparado a testemunha. No entanto, ao longo

do período seco a gramíneaa apresenta estresse hídrico, resultando em competição

intraespecífica das plantas por umidade, o que influencia negativamente as suas características

estruturais, produtivas e qualitativas, mascarando o estímulo benéfico do nitrogênio.

No sistema silvipastoril Capim Marandu com Gliricidia foi observado valores de DTMS

apresentaram valores intermediários ao residuo das adubações de 80 a 240 kg/ha de N, tal fato

pode ser atribuído à competições por água, luz e nutrientes, que por ser uma leguminosa arbórea

existe redução na produção de forragem pelo sombreamento no sistema, fato que diminui as

taxas fotossintéticas da gramínea. Andrade et al. (2004) ao avaliar quatro gramíneas forrageiras

tropicais (Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. humidicola cv. Quicuio-da-amazônia, Panicum

sp. cv. Massai e Paspalum notatum cv. Pensacola) e três leguminosas (Arachis pintoi cv.

Belmonte, A. pintoi BRA-031143 e Pueraria phaseoloides) submetidas a quatro intensidades de

sombreamento (0 %, 30 %, 50 % e 70 %), afirmaram que a cultivar Marandu apresentou

diminuição de 60 % na taxa de acúmulo de MS, sob a maior intensidade de sombreamento.

Porém, estes autores afirmam que a redução da produção de forragem é compensada pela

qualidade da forragem sombreada.

Os teores de PB na MS de folhas e colmos do Capim Marandu não foram influenciados

(P > 0,05) pelo efeito residual da adubação nitrogenada. Ao avaliar os teores de PB nos

componentes estruturais do sistema silvipastoril nota-se um aumento de 25 % na PB de folhas

quando comparado ao tratamento testemunha. Possivelmente, estes níveis se deram pela

capacidade fixação e transferência do nitrogênio pela leguminosa, o que pôde ter favorecido a

gramínea no consórcio a acumular novos tecidos com maiores valores nutritivos durante a

rebrota.

Os coeficientes de DIVMS total, de folha e de colmo não foram significativamente

diferentes (P > 0,05) quanto às doses de nitrogênio ou no consórcio da gramínea com a

Gliricidia. Entretanto as maiores DIVMS do Capim Marandu foram verificados no sistema

silvipastoril Capim Marandu com Gliricidia.

A relação lâmina:colmo do capim Marandu não variou (P > 0,05) com o residual da

adubação nitrogenada. Já o valor médio da relação no sistema silvipastoril do Capim Marandu

com Gliricidia foi 32% maior do que o da gramínea sem adubação nitrogenada. Cabe salientar

que além da disponibilidade de forragem proveniente do capim-marandu, nos piquetes do

sistema silvipastoril houve um aporte extra de forragem com elevado teor proteico,

disponibilizado aos animais em pastejo sob a forma de folhas e ramos finos da gliricidia (Tabela

2).

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42

Tabela 2. Disponibilidade de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de folhas + ramos finos da

Gliricidia no período seco dos três anos experimentais.

Ano Disponibilidade (MS/ha) Proteína Bruta (%)

2008/2009 1180.93 22,61

2009/2010 637.80 22,12

2010/2011 790.00 23,29

Média 869,57 22,67

A taxa de lotação (TL) foi influenciada pelo resíduo da adubação nitrogenada (P < 0,05).

A lotação cresceu de maneira quadrática com o aumento da dose de nitrogênio (Figura 2) e

lineares para os ganhos de peso individual (Figura 3) e por área (Figura 4). As TL no sistema

silvipastoril nos anos experimentais corresponderam a incrementos de 11, 24 25 36%,

respectivamente, para os tratamentos de 80, 160, 240 e sistema silvipastoril do Capim Marandu

com Gliricidia comparativamente ao cultivo da Capim-Marandu sem uso da adubação

nitrogenada.

Figura 2. Taxa de Lotação em capim marandu com fertilização nitrogenada (■) ou consorciado

com gliricidia(●).*Significativo ao nível de 5% de probabilidade.

Figura 3. Ganho de peso individual em capim marandu com fertilização nitrogenada (■) ou

consorciado com gliricidia(●).*Significativo ao nível de 5% de probabilidade.

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Figura 4. Ganho de peso por área em capim marandu com fertilização nitrogenada (■) ou

consorciado com gliricidia (●).*Significativo ao nível de 5% de probabilidade.

De modo geral foi observado que com o aumento dos níveis residuais de nitrogênio

aumentou linearmente as quantidades de folha e colmo no pasto contribuindo para as maiores e

consequentemente favoreceram o ganho de peso individual, taxa de lotação e ganho de peso por

área. Os valores de GMD para os bovinos variaram entre 89,5 a 481,7 g/animal.dia. Esta

resposta foi um reflexo do incremento na DMSF e no teor de PB do Capim-Marandu, aliado ao

acesso a uma dieta extra de melhor qualidade proveniente da gliricidia (Tabela 2).

Possivelmente a introdução do gliricidia no sistema silvipastoril proporcionou uma resposta

positiva na fixação biológica do nitrogênio, o que favoreceu uma oferta de forragem superior a

mais altas doses residuais de N acarretando na maior média de lotação para este experimento.

De acordo com Barcellos et al. (2008) a contribuição do consórcio com leguminosas

decorre das melhorias qualitativas e quantitativas da dieta, com efeito marcante no desempenho,

entretanto a taxa de lotação é inversamente proporcional a esse efeito. No presente ensaio,

provavelmente, como as avaliações ocorreram em período seco, o consórcio favoreceu a taxas

de lotações maiores, visto que, as condições favoráveis, do consórcio, ao crescimento e

desenvolvimento da gramínea nesta estação pode ter acarretado em disponibilidades maiores de

oferta de forragem.

Apesar de os ganhos de peso individuais terem respondido linearmente as doses residuais

crescentes de N (P < 0,05), a magnitude desse crescimento foi de apenas 4,34 g/dia para cada

kg/ha de N aplicado (Figura 3). Esse fato pode ser facilmente explicado pelos ajustes das cargas

animais terem sido feitos de acordo com a disponibilidade de forragem em cada tratamento.

Dessa forma, teoricamente, cada animal, em todos os tratamentos, teria a sua disposição a

mesma quantidade de forragem e assim, caso a disponibilidade fosse o único fator de influencia

no ganho de peso, apresentariam ganhos semelhantes independente do tratamento. As diferenças

encontradas devem ser atribuídas a uma melhor composição morfológica do pasto com maior

percentual de folhas e a uma melhor qualidade da forragem nos tratamentos fertilizados com

resíduo de N. Os valores de ganho de peso individual variaram em torno de 100 g/animal/dia

para os tratamentos fertilizados com N.

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44

No tratamento do capim-marandu consorciado com gliricidia o GMD foi incrementada

em cinco vezes mais quando comparada com o pasto não adubado. O aumento GMD com uso

da gliricidia consorciada com capim-marandu foi superior a dose residual de 240 kg/ha de N

(196 g/animal.dia) com aproximadamente 482 g/animal.dia (Figura 3).

A média dos ganhos individuais obtidos no consórcio, quando plotada na curva de

resposta ao N foi equivalente a uma dose teórica de 909,74 kg/ha de N. Novamente uma maior

disponibilidade de forragem da gramínea não justificaria tal resposta, pois nesse tratamento a

carga foi também ajustada pela disponibilidade de forragem. Por outro lado, uma melhor

composição morfológica e melhor qualidade do capim, e principalmente, a oferta extra de

forragem de alta qualidade proteica advinda da Gliricidia justificam tal ganho de peso

individual.

Barcellos et al. (2008) afirmam que o período de seca e a baixa fertilidade natural dos

solos, influenciam na quantidade e qualidade da gramínea, e são responsáveis pela redução do

desempenho animal. Entretanto estes mesmo autores corroboram a utilização do consórcio com

leguminosas visando à melhoria da dieta animal e reciclagem de nutriente, o que favorece

maiores produções por animal e por área.

O nitrogênio residual influenciou diretamente no ganho de peso individual, possivelmente

a adubação nitrogenada favoreceu em maiores proporções de folhas no pasto, disponibilidade de

forragem e qualidade da forragem contribuindo para as maiores taxas acúmulo de forragem que

consequentemente favoreceram o ganho de peso individual, taxa de lotação e ganho de peso por

área.

O GMDa cresceu linearmente (P < 0,05) (Figura 4) influenciado pela maior

disponibilidade de forragem à medida que se aumentou o resíduo de N, com um correspondente

aumento da lotação. Desta forma, foi necessário um número crescente de animais (animais

reguladores) a fim de equilibrar o acumulado de forragem diário ocorrido em função das

maiores doses de N.

Por sua vez o consorcio da gramínea com a gliricidia correspondeu a um nível hipotético

de 853 kg/ha N com um ganho de 1691 g/ha.dia. Esse ganho correspondeu ao dobro do ganho

médio obtido na maior dose residual de N utilizada. Tal diferença pode ser explicada pelo maior

desempenho individual dos animais, que por sua vez, como já mencionado anteriormente, pode

ser atribuído a oferta extra de forragem proveniente de folhas e ramos finos da Gliricidia com

alta qualidade proteica. Além desse fato deve-se considerar que teor de PB da gramínea no

consorcio, embora não significativamente, foi sempre igual ou maior do que o nos níveis mais

altos de N.

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45

Conclusão

O resíduo da fertilização nitrogenada exerce efeito positivo na disponibilidade total de massa

seca, disponibilidade massa seca de folha, colmo e material morto no Capim Marandu. O

desempenho animal individual e por área apresentam respostas lineares positivas e quadrática

para a taxa de lotação com o aumento da adubação nitrogenada.

O consórcio Capim Marandu e Gliricidia, cultivados em alamedas avaliado no período da seca,

proporciona disponibilidade de massa seca de folha, taxa de lotação e desempenho animal

individual e por área, semelhantes a adubação com 240 kg/ha de nitrogênio.

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47

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da pequena adoção de leguminosas arbóreas em consórcio com gramíneas

tropicais no País, este experimento evidencia a capacidade do sistema em incrementar a

produtividade e a sustentabilidade da produção animal a pasto em pastejo rotativo.

Neste sentido, a substituição da fertilização nitrogenada pela utilização do consórcio

leguminosa/gramínea resultou em redução percentual de material morto, aumento de

proteína bruta das lâminas foliares, no ganho de peso individual e por área na estação

chuvosa e redução da disponibilidade de matéria seca do material morto, aumento da

disponibilidade de matéria seca de lâminas foliares, aumento da taxa de lotação, ganho

de peso individual e por área, na estação seca do ano. Dessa forma, essa estratégia de

manejo possibilita a redução dos gastos com fertilizantes nitrogenados com eficiência

similar ou superior a uma adubação de 240 kg/ha de N, o que pode auxiliar na

sustentabilidade do sistema de produção e mantê-lo como uma atividade competitiva.

Neste estudo foi notório a resposta do consórcio no desempenho do capim-

marandu e dos animais. Tal fato indica não só a capacidade da gliricidia de fixar

biologicamente o nitrogênio e contribuir para a ciclagem dos nutrientes no solo como a

participação da sua forrageira como incremento na dieta animal. Dessa forma, o cultivo

em alamedas proporcionou o aumento da percentagem de lâminas foliares e redução do

percentual de material morto, consequentemente favorecendo uma maior qualidade de

forragem proveniente da gramínea. Entretanto houve redução da disponibilidade de

matéria seca total, possivelmente por conta do sombreamento das árvores de gliricidia, o

que foi contornado pela participação destas na oferta de forragem.

As taxas de lotação foram influenciadas, possivelmente com a adição da

disponibilidade de forragem da leguminosa no cálculo de lotação, este sistema

possibilite comportar mais animais por hectare. No entanto, quando o período

experimental se compreendeu na estação de déficit hídrico, o consórcio favoreceu a

taxas superiores a maior dose de nitrogênio aplicado. Este fato indica que em períodos

mais quentes o sombreamento atenuam a influencia do calor, o que influencia

diretamente no desempenho animal.

Sem dúvida o manejo de pastagem consorciadas torna-se mais complexo, pelo

fato de se ter duas espécies diferentes competindo por recursos do solo. Certamente este

estudo possa auxiliar a geração de novas tecnologias e disponibilidade de informações

sobre o manejo adequado e benefícios econômicos e ambientais para transferência e

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48

adoção de tecnologia. Entretanto a adoção deve ter fundamentos científicos e técnicos

da sustentabilidade do sistema, limitações das espécies utilizadas e estabelecimento,

assim torna-se evidente a necessidade de mais estudos com esse enfoque.

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49

ANEXOS

Figura – 1. Brachiaria brizantha cv. Marandu sem fertilização nitrogenada.

Figura – 2. Brachiaria brizantha cv. Marnadu consociada com Gliricida sepium

sem fertilização nitrogenada.

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50

Figura – 3. Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com 80

kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia.

Figura – 4. Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com 160

kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia.

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51

Figura – 5. Brachiaria brizantha cv. Marandu fertilizada anualmente com 240

kg/ha de Nitrogênio na forma de ureia.

Figura – 6. Bovinos com peso vivo inicial em torno de 150 kg.

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52

Figura - 7. Pesagem individual dos bovinos após o ciclo de 28 dias.

Figura - 8. Consumo da Gliricida sepium no consórcio com a Brachiaria brizantha cv.

Marandu.

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53

Figura - 9. Pós pastejo no consórcio de Brachiaria brizantha cv. Marnadu com

Gliricida sepium.

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Normas da Revista

Agroforestry Systems

An International Journal incorporating Agroforestry Forum

Editor-in-Chief: Shibu Jose

ISSN: 0167-4366 (print version)

ISSN: 1572-9680 (electronic version)

Journal no. 10457

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About this journal

Editorial Board

Presents original research results, critical reviews and short communications on

all aspects of agroforestry

Covers agroforestry and other integrated systems involving trees and crops

and/or livestock

Agroforestry Systems is an international scientific journal that publishes results of novel,

high impact original research, critical reviews and short communications on any aspect

of agroforestry. The journal particularly encourages contributions that demonstrate the

role of agroforestry in providing commodity as well non-commodity benefits such as

ecosystem services. Papers dealing with both biophysical and socioeconomic aspects

are welcome. These include results of investigations of a fundamental or applied nature

dealing with integrated systems involving trees and crops and/or livestock. Manuscripts

that are purely descriptive in nature or confirmatory in nature of well-established

findings, and with limited international scope are discouraged. To be acceptable for

publication, the information presented must be relevant to a context wider than the

specific location where the study was undertaken, and provide new insight or make a

significant contribution to the agroforestry knowledge base.

Related subjects » Agriculture - Forestry

Abstracted/Indexed in

Science Citation Index Expanded (SciSearch), Journal Citation Reports/Science Edition,

SCOPUS, Google Scholar, EBSCO, CSA, ProQuest, CAB International, Academic

OneFile, AGRICOLA, Biological Abstracts, Biological and Agricultural Index,

BIOSIS, CAB Abstracts, CSA Environmental Sciences, Current Contents/ Agriculture,

Biology & Environmental Sciences, Elsevier Biobase, EMBiology, Environment Index,

Gale, Geobase, Global Health, International Abstracts in Operations Research, OCLC,

OmniFile, PASCAL, Referativnyi Zhurnal, Science Select, SCImago, Summon by

Serial Solutions

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hirsutum L.) alley cropping system in the southern United StatesWanvestraut, Robert

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households in the area of Bogor, IndonesiaMichon, G.; Mary, F.

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IndonesiaBeukema, Hendrien; Danielsen, Finn; Vincent, Grégoire Show all authors (5)

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Evolution of agroforestry based farming systems: a study of Dhanusha District,

NepalDhakal, Arun; Cockfield, Geoff; Maraseni, Tek Narayan

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2012 Impact Factor

1.373

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Permissions

Authors wishing to include figures, tables, or text passages that have already been

published elsewhere are required to obtain permission from the copyright owner(s) for

both the print and online format and to include evidence that such permission has been

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granted when submitting their papers. Any material received without such evidence will

be assumed to originate from the authors.

Online Submission

Authors should submit their manuscripts online. Electronic submission substantially

reduces the editorial processing and reviewing times and shortens overall publication

times. Please follow the hyperlink “Submit online” on the right and upload all of your

manuscript files following the instructions given on the screen.

Title page

Title Page

The title page should include:

o The name(s) of the author(s)

o A concise and informative title

o The affiliation(s) and address(es) of the author(s)

o The e-mail address, telephone and fax numbers of the corresponding

author

Abstract

Please provide an abstract of 150 to 250 words. The abstract should not contain any

undefined abbreviations or unspecified references.

Keywords

Please provide 4 to 6 keywords which can be used for indexing purposes.

Text

Text Formatting

Manuscripts should be submitted in Word.

o Use a normal, plain font (e.g., 10-point Times Roman) for text.

o Use italics for emphasis.

o Use the automatic page numbering function to number the pages.

o Do not use field functions.

o Use tab stops or other commands for indents, not the space bar.

o Use the table function, not spreadsheets, to make tables.

o Use the equation editor or MathType for equations.

o Save your file in docx format (Word 2007 or higher) or doc format (older

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Manuscripts with mathematical content can also be submitted in LaTeX.

o LaTeX macro package (zip, 182 kB)

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Headings

Please use no more than three levels of displayed headings.

Abbreviations

Abbreviations should be defined at first mention and used consistently thereafter.

Footnotes

Footnotes can be used to give additional information, which may include the citation of

a reference included in the reference list. They should not consist solely of a reference

citation, and they should never include the bibliographic details of a reference. They

should also not contain any figures or tables.

Footnotes to the text are numbered consecutively; those to tables should be indicated by

superscript lower-case letters (or asterisks for significance values and other statistical

data). Footnotes to the title or the authors of the article are not given reference symbols.

Always use footnotes instead of endnotes.

Acknowledgments

Acknowledgments of people, grants, funds, etc. should be placed in a separate section

before the reference list. The names of funding organizations should be written in full.

Scientific style

Please always use internationally accepted signs and symbols for units, SI units.

Scientific style

Genus and species names should be in italics.

References

Citation

Cite references in the text by name and year in parentheses. Some examples:

o Negotiation research spans many disciplines (Thompson 1990).

o This result was later contradicted by Becker and Seligman (1996).

o This effect has been widely studied (Abbott 1991; Barakat et al. 1995;

Kelso and Smith 1998; Medvec et al. 1999).

Reference list

The list of references should only include works that are cited in the text and that have

been published or accepted for publication. Personal communications and unpublished

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works should only be mentioned in the text. Do not use footnotes or endnotes as a

substitute for a reference list.

Reference list entries should be alphabetized by the last names of the first author of each

work.

o Journal article

Gamelin FX, Baquet G, Berthoin S, Thevenet D, Nourry C, Nottin S, Bosquet L (2009)

Effect of high intensity intermittent training on heart rate variability in prepubescent

children. Eur J Appl Physiol 105:731-738. doi: 10.1007/s00421-008-0955-8

Ideally, the names of all authors should be provided, but the usage of “et al” in long

author lists will also be accepted:

Smith J, Jones M Jr, Houghton L et al (1999) Future of health insurance. N Engl J Med

965:325–329

o Article by DOI

Slifka MK, Whitton JL (2000) Clinical implications of dysregulated cytokine

production. J Mol Med. doi:10.1007/s001090000086

o Book

South J, Blass B (2001) The future of modern genomics. Blackwell, London

o Book chapter

Brown B, Aaron M (2001) The politics of nature. In: Smith J (ed) The rise of modern

genomics, 3rd edn. Wiley, New York, pp 230-257

o Online document

Cartwright J (2007) Big stars have weather too. IOP Publishing PhysicsWeb.

http://physicsweb.org/articles/news/11/6/16/1. Accessed 26 June 2007

o Dissertation

Trent JW (1975) Experimental acute renal failure. Dissertation, University of California

Always use the standard abbreviation of a journal’s name according to the ISSN List of

Title Word Abbreviations, see

o www.issn.org/2-22661-LTWA-online.php

For authors using EndNote, Springer provides an output style that supports the

formatting of in-text citations and reference list.

o EndNote style (zip, 3 kB)

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Tables

o All tables are to be numbered using Arabic numerals.

o Tables should always be cited in text in consecutive numerical order.

o For each table, please supply a table caption (title) explaining the

components of the table.

o Identify any previously published material by giving the original source

in the form of a reference at the end of the table caption.

o Footnotes to tables should be indicated by superscript lower-case letters

(or asterisks for significance values and other statistical data) and included beneath the

table body.

Artwork and Illustrations Guidelines

For the best quality final product, it is highly recommended that you submit all of your

artwork – photographs, line drawings, etc. – in an electronic format. Your art will then

be produced to the highest standards with the greatest accuracy to detail. The published

work will directly reflect the quality of the artwork provided.

Electronic Figure Submission

o Supply all figures electronically.

o Indicate what graphics program was used to create the artwork.

o For vector graphics, the preferred format is EPS; for halftones, please use

TIFF format. MS Office files are also acceptable.

o Vector graphics containing fonts must have the fonts embedded in the

files.

o Name your figure files with "Fig" and the figure number, e.g., Fig1.eps.

Line Art

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60

o Definition: Black and white graphic with no shading.

o Do not use faint lines and/or lettering and check that all lines and

lettering within the figures are legible at final size.

o All lines should be at least 0.1 mm (0.3 pt) wide.

o Scanned line drawings and line drawings in bitmap format should have a

minimum resolution of 1200 dpi.

o Vector graphics containing fonts must have the fonts embedded in the

files.

Halftone Art

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61

o Definition: Photographs, drawings, or paintings with fine shading, etc.

o If any magnification is used in the photographs, indicate this by using

scale bars within the figures themselves.

o Halftones should have a minimum resolution of 300 dpi.

Combination Art

o Definition: a combination of halftone and line art, e.g., halftones

containing line drawing, extensive lettering, color diagrams, etc.

o Combination artwork should have a minimum resolution of 600 dpi.

Color Art

o Color art is free of charge for online publication.

o If black and white will be shown in the print version, make sure that the

main information will still be visible. Many colors are not distinguishable from one

another when converted to black and white. A simple way to check this is to make a

xerographic copy to see if the necessary distinctions between the different colors are

still apparent.

o If the figures will be printed in black and white, do not refer to color in

the captions.

o Color illustrations should be submitted as RGB (8 bits per channel).

Figure Lettering

o To add lettering, it is best to use Helvetica or Arial (sans serif fonts).

o Keep lettering consistently sized throughout your final-sized artwork,

usually about 2–3 mm (8–12 pt).

o Variance of type size within an illustration should be minimal, e.g., do

not use 8-pt type on an axis and 20-pt type for the axis label.

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o Avoid effects such as shading, outline letters, etc.

o Do not include titles or captions within your illustrations.

Figure Numbering

o All figures are to be numbered using Arabic numerals.

o Figures should always be cited in text in consecutive numerical order.

o Figure parts should be denoted by lowercase letters (a, b, c, etc.).

o If an appendix appears in your article and it contains one or more figures,

continue the consecutive numbering of the main text. Do not number the appendix

figures, "A1, A2, A3, etc." Figures in online appendices (Electronic Supplementary

Material) should, however, be numbered separately.

Figure Captions

o Each figure should have a concise caption describing accurately what the

figure depicts. Include the captions in the text file of the manuscript, not in the figure

file.

o Figure captions begin with the term Fig. in bold type, followed by the

figure number, also in bold type.

o No punctuation is to be included after the number, nor is any punctuation

to be placed at the end of the caption.

o Identify all elements found in the figure in the figure caption; and use

boxes, circles, etc., as coordinate points in graphs.

o Identify previously published material by giving the original source in

the form of a reference citation at the end of the figure caption.

Figure Placement and Size

o When preparing your figures, size figures to fit in the column width.

o For most journals the figures should be 39 mm, 84 mm, 129 mm, or 174

mm wide and not higher than 234 mm.

o For books and book-sized journals, the figures should be 80 mm or 122

mm wide and not higher than 198 mm.

Permissions

If you include figures that have already been published elsewhere, you must obtain

permission from the copyright owner(s) for both the print and online format. Please be

aware that some publishers do not grant electronic rights for free and that Springer will

not be able to refund any costs that may have occurred to receive these permissions. In

such cases, material from other sources should be used.

Accessibility

In order to give people of all abilities and disabilities access to the content of your

figures, please make sure that

o All figures have descriptive captions (blind users could then use a text-

to-speech software or a text-to-Braille hardware)

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63

o Patterns are used instead of or in addition to colors for conveying

information (color-blind users would then be able to distinguish the visual elements)

o Any figure lettering has a contrast ratio of at least 4.5:1

Electronic Supplementary Material

Springer accepts electronic multimedia files (animations, movies, audio, etc.) and other

supplementary files to be published online along with an article or a book chapter. This

feature can add dimension to the author's article, as certain information cannot be

printed or is more convenient in electronic form.

Submission

o Supply all supplementary material in standard file formats.

o Please include in each file the following information: article title, journal

name, author names; affiliation and e-mail address of the corresponding author.

o To accommodate user downloads, please keep in mind that larger-sized

files may require very long download times and that some users may experience other

problems during downloading.

Audio, Video, and Animations

o Always use MPEG-1 (.mpg) format.

Text and Presentations

o Submit your material in PDF format; .doc or .ppt files are not suitable for

long-term viability.

o A collection of figures may also be combined in a PDF file.

Spreadsheets

o Spreadsheets should be converted to PDF if no interaction with the data

is intended.

o If the readers should be encouraged to make their own calculations,

spreadsheets should be submitted as .xls files (MS Excel).

Specialized Formats

o Specialized format such as .pdb (chemical), .wrl (VRML), .nb

(Mathematica notebook), and .tex can also be supplied.

Collecting Multiple Files

o It is possible to collect multiple files in a .zip or .gz file.

Numbering

o If supplying any supplementary material, the text must make specific

mention of the material as a citation, similar to that of figures and tables.

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o Refer to the supplementary files as “Online Resource”, e.g., "... as shown

in the animation (Online Resource 3)", “... additional data are given in Online Resource

4”.

o Name the files consecutively, e.g. “ESM_3.mpg”, “ESM_4.pdf”.

Captions

o For each supplementary material, please supply a concise caption

describing the content of the file.

Processing of supplementary files

o Electronic supplementary material will be published as received from the

author without any conversion, editing, or reformatting.

Accessibility

In order to give people of all abilities and disabilities access to the content of your

supplementary files, please make sure that

o The manuscript contains a descriptive caption for each supplementary

material

o Video files do not contain anything that flashes more than three times per

second (so that users prone to seizures caused by such effects are not put at risk)

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Manuscripts that are accepted for publication will be checked by our copyeditors for

spelling and formal style. This may not be sufficient if English is not your native

language and substantial editing would be required. In that case, you may want to have

your manuscript edited by a native speaker prior to submission. A clear and concise

language will help editors and reviewers concentrate on the scientific content of your

paper and thus smooth the peer review process.

The following editing service provides language editing for scientific articles in all areas

Springer publishes in.

Use of an editing service is neither a requirement nor a guarantee of acceptance for

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Please contact the editing service directly to make arrangements for editing and

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Upon acceptance of your article you will receive a link to the special Author Query

Application at Springer’s web page where you can sign the Copyright Transfer

Statement online and indicate whether you wish to order OpenChoice, offprints, or

printing of figures in color.

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Once the Author Query Application has been completed, your article will be processed

and you will receive the proofs.

Open Choice

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journal and access to that article is granted to customers who have purchased a

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Choice. A Springer Open Choice article receives all the benefits of a regular

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The purpose of the proof is to check for typesetting or conversion errors and the

completeness and accuracy of the text, tables and figures. Substantial changes in

content, e.g., new results, corrected values, title and authorship, are not allowed without

the approval of the Editor.

After online publication, further changes can only be made in the form of an Erratum,

which will be hyperlinked to the article.

Online First

The article will be published online after receipt of the corrected proofs. This is the

official first publication citable with the DOI. After release of the printed version, the

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