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NOTÍCIAS
20.mai.2014 N.627
www.aese.pt
NOTÍCIAS · AGENDA · OPINIÃO · PANORAMA · DOCUMENTAÇÃO
NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO
A reclamação
interessada
“El ganador se queda
con todo”
Um claro Apelo à Ação
AGENDA
Ajudar a fazer melhor
IT ao serviço dos
negócios e da inovação
O ambiente de leitura
em casa melhora
o rendimento escolar
Curso "As parábolas
do Evangelho" | A parábola
do filho pródigo: a alegria
da penitência Lisboa, 30 de maio de 2014
Como falar em público
Lisboa, 29 de maio de 2014
Novos desafios na
sustentabilidade
Lisboa, 5 de junho de 2014
49º PDE visita Prometro
Estratégias
de internacionalização Llisboa, 27 de maio de 2014
Média
“Há mais de 12 anos
a alavancar histórias
de êxito” entre outros…
Direito a decidir, sim; mas
só se aprovo a escolha?
"Modelos de Negócio e
Estratégia" no Funchal
Cheia de graça
Passaporte
Boletim da
Capelania
Global Risk Management
Report
Lisboa, 16 de junho de 2014
Como ajudar a minha
equipa a crescer? Lisboa, 26 e 27 de junho de 2014
O estilo de direção influencia a
gestão do talento numa organi-
zação. Tornar esse impacte positivo
é cada vez mais um tema na
agenda dos dirigentes, empenha-
dos em desenvolver as competên-
cias técnicas e de soft skills dos
colaboradores, colocando-as ao
serviço da execução estratégica da
empresa.
Por esta razão, a AESE que vem
desenvolvendo sessões de coa-
ching com os participantes no
Executive MBA AESE/IESE e no
PGL, organizou um seminário para
explicar aos líderes das empresas
o que fazer para potenciar o melhor
de cada membro da sua equipa e
aportar melhores resultados e
satisfação pelo trabalho desenvol-
vido. Este seminário realizou-se em
Lisboa, no dia 1 de abril de 2014.
“Tudo começa pela gestão do
talento”, diz a Prof. Maria de Fátima
Carioca, que aponta a necessidade
de conhecer as suas pessoas como
o pontapé de partida para o
sucesso do coaching. “Conhecer
cada colaborador é saber o que o
torna excecional naquele grupo. As
características que possuímos
podem ser inatas: algumas delas
adoramos tê-las, outras nem tanto.”
Cabe ao coach identificar as com-
petências que os colaboradores
têm e potenciá-las.
A gestão do talento depende do
conhecimento, da atitude, do
talento e dos resultados obtidos. A
definição das funções de cada
colaborador ajuda a que cada um
interiorize o papel crítico que tem
nas empresas e atua em confor-
midade.
Os profissionais devem procurar
desenvolver capacidades e
competências que os ajudem a
enfrentar a realidade. Ainda que
2 CAESE maio 2014
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Ajudar a fazer melhor
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Seminário da AESE ajuda dirigentes a otimizarem o potencial das suas equipas
Lisboa, 1 de abril de 2014
»»
Prof. Paco Gay Puyal, (IESE)
possam não dispor de algumas das
competências necessárias ao
exercício das suas funções –
plasmadas em comportamentos
observáveis e habituais-, importa
identificar as que são passíveis de
ser treinadas para melhoria do seu
desempenho e da performance da
organização.
Com as competências pessoais
(básicas para se ser proactivo e
gerir com rigor os recursos
pessoais próprios) conseguimos
construir as interpessoais (para o
melhor funcionamento no trabalho)
e as de negócio (que se prendem
com a realização da missão e a
obtenção de maior valor económico
para a empresa). Um bom
equilíbrio entre eficácia interpessoal
e as competências de negócio são
desejáveis nas equipas.
Se o coach é uma peça chave
neste processo, o coachee é incon-
tornável. Do seu autoconheci-
mento, da autocrítica e do plano de
ação desenhado dependerá o
sucesso desta aprendizagem que
deve incluir objetivos smart, com
datas de revisão agendadas. Daí
que muitos dirigentes que se
submetem ao coaching o consi-
derem uma verdadeira aventura
transformacional.
O processo de coaching pressupõe
uma atitude positiva em face da
mudança. "Somos o que fazemos
cada dia. A excelência, portanto,
não é um ato, mas um hábito"
conforme defendia Aristóteles,
recordado pelo Prof. Paco Gay
Puyal, do IESE, na sua inter-
venção.
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3 CAESE maio 2014
Equipa responsável pelo seminário: Lúcia
Vasco (AESE), Prof. Paco Gay Puyal,
(IESE), Prof. Maria de Fátima Carioca
(AESE) e Prof. José Fonseca Pires
(AESE),
Participantes
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4 CAESE maio 2014
IT ao serviço dos negócios e da inovação “Durante muitos anos, as empresas
ouviam falar sobre cloud computing
e, finalmente, muitas companhias
decidiram adotá-la, pelo elevado
nível de flexibilidade e de agilidade
que confere aos negócios.” Javier
Gallego, Diretor de Desenvol-
vimento de Negócio Cloud da Colt
Technology Services, foi o orador
convidado na sessão de con-
tinuidade, no dia 8 de maio de
2014, em Lisboa.
Javier Gallego demonstrou a razão
pela qual alguns operadores de
telecomunicações se encontram
em posição privilegiada de modo a
liderarem a oferta de serviços de
Cloud Computing para ambientes
profissionais, referindo os bene-
fícios que daí advêm para as
empresas.
Com a cloud computing, as
organizações “não necessitam de
dispor dos seus recursos de IT,
porque passaram a usufruir deste
serviço como de água e de
eletricidade. Paga-se o consumo.
No contexto de negócio, esta
mudança aportou velocidade aos
mercados. Uma vez encontrada
uma nova oportunidade de negócio,
consegue-se implementar uma
infraestrutura muito rapidamente.
Isso garante um controlo de custos
diferente do tradicional, que pres-
supunha reservar um determinado
investimento durante vários anos
para esse fim. Com a cloud
computing, os parâmetros tecno-
lógicos e a inovação aliaram-se
para criar esta realidade que está a
ter sucesso não só nas empresas
cujo funcionamento está orientado
pela Internet, mas também nas
mais conservadoras.
As empresas tradicionais já com-
preenderam que a tecnologia é a
Sessão de continuidade com Javier Gallego, da Colt Technology Services
Lisboa, 8 de maio de 2014
»»
chave para a inovação, apesar de
algumas vezes encontrarem dificul-
dade em fazer com que os respon-
sáveis de IT se foquem nas ne-
cessidades dos negócios. Agora, a
cloud computing permite libertar as
pessoas e os recursos de IT das
funções de baixo valor acres-
centado, passando a dedicar-se às
de elevado benefício para o
negócio.”
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5 CAESE maio 2014
Na sessão de continuidade, Javier Gallego apresentou algumas soluções que a Cloud
Computing oferece, considerando as necessidades que as empresas demonstram
atualmente.
"A comunidade de Alumni no
Funchal, em conjunto com o Agru-
pamento, levaram a cabo, no dia 23
de abril, uma Sessão de convívio
na qual participaram também
amigos e potenciais interessados
nos Programas da AESE.
O agradável encontro, realizado ao
fim da tarde na varanda do Hotel
Pestana Carlton, foi precedido de
uma apresentação da AESE e dos
seus Programas, com especial
enfoque no PDE/GMP, e de uma
conferência sobre "Modelos de
Negócio e Estratégia", orientada
pelo Prof. Raul Bessa Monteiro,
professor da AESE e Diretor do
Agrupamento de Alumni da Escola.
Os cerca de 30 participantes
aproveitaram para se conhecerem
melhor num ambiente aprazível,
num encontro que se prolongou até
cerca das 21.00 horas."
6 CAESE maio 2014
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Sessão de continuidade com o Prof. Raul Bessa Monteiro
Funchal, 23 de abril de 2014
"Modelos de Negócio e Estratégia" no Funchal
Participantes do 49º PDE reuniram-
-se, no passado dia 5 abril 2014,
para uma visita programada à
Prometro SA, atual detentora da
subconcessão de Metro ligeiro da
área metropolitana do Porto. Esta
visita incluiu uma breve apresen-
tação do enquadramento da
operação e manutenção do Metro,
seguida de uma visita ao posto de
comando e controlo (pcc) e a um
veículo parqueado nas instalações.
Os participantes tiveram assim a
oportunidade de conhecer em
maior detalhe um dos projetos mais
interessantes de mobilidade a nível
nacional e europeu.
Seguiu-se ainda uma viagem de
cortesia na Linha de Gaia (linha D),
prolongando-se o evento e conver-
sas no restaurante da Quinta da
Boeira. 7 CAESE maio 2014
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Encontro de Alumni AESE
Porto, 5 de abril de 2014
49º PDE visita Prometro
Fotografias tiradas pelos participantes no
decorrer da visita
O ser humano é social por
natureza. Logo na sua génese se
nota essa dependência, porque a
conceção de um novo indivíduo
pressupõe, necessariamente, a
união de um homem e de uma
mulher, ou seja, de um pai e de
uma mãe.
Mesmo o Filho de Deus, quando
encarnou e veio a este mundo, não
dispensou a Mãe que O gerou e de
quem nasceu. Embora concebido
virginalmente e não tendo, por esse
motivo, um pai genético, a natureza
humana foi-Lhe transmitida por via
materna, de modo análogo a como
recebeu de seu Pai eterno a sua
condição divina. Pode-se dizer que
experimentou na sua humanidade,
unida hipostaticamente à divindade
do Verbo, que é a segunda Pessoa
em Deus, o carinho de uma
verdadeira mãe. Como a
maternidade se diz da pessoa e
não apenas de algum seu atributo,
Maria, sendo a Mãe de Jesus
Cristo, que é Deus encarnado, é
verdadeiramente Mãe de Deus,
como a Igreja a venera desde
tempos antiquíssimos.
Por paradoxal que possa parecer,
Aquele que gostava de se intitular,
apelando a um remoto título
messiânico, como «Filho do
Homem», o não era de nenhum em
particular, mas de uma mulher, sua
Mãe. Assim o disse São Paulo, na
única alusão explícita a Maria que
se encontra nos seus escritos:
«quando chegou a plenitude dos
tempos, Deus enviou Seu Filho,
nascido de mulher» (Gal 4, 4).
Que acresce a devoção mariana à
verdadeira piedade cristã? Se a
humanidade do Filho de Deus lhe
veio, precisamente, por sua Mãe,
talvez não seja temerário afirmar
8 CAESE abril 2014
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Cheia de graça
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Boletim da Capelania
Maio de 2014
»»
que Maria dá «humanidade» ao
culto divino. Por Maria, a ternura de
Deus se fez presente em Jesus e
continua a encher de alegria e de
consolo a piedade dos fiéis. Nossa
Senhora não apenas nos anima a
percorrer a senda que ao Céu
conduz, como nos apresenta a vida
cristã terrena enquanto caminho de
felicidade. Maria foi e é uma mulher
felicíssima, que foi a apaixonada
mulher de José e é a encantadora
mãe de Jesus e nossa também.
Não em vão ela é a «cheia de
graça», ou seja, engraçadíssima.
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Edições anteriores do Boletim da
capelania
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9 CAESE maio 2014
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AGENDA
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10 CAESE maio 2014
Seminários
Sessão de continuidade
Global Risk
Management Report Lisboa, 16 de junho
de 2014
Saiba mais >
Sessão de continuidade
Novos desafios
na sustentabilidade Lisboa, 5 de junho de 2014
Saiba mais >
Sessões de Continuidade
Sessão de Continuidade
Estratégias
de internacionalização Lisboa, 27 de maio
de 2014
Saiba mais >
Sessões de Continuidade
Formação integral Curso "As parábolas
do Evangelho"
A parábola do filho
pródigo: a alegria da
penitência Lisboa, 30 de maio
de 2014
Saiba mais >
Seminário
Como falar em público Lisboa, 16 de junho
de 2014
Saiba mais >
Seminário
Como ajudar a minha
equipa a crescer? Lisboa, 26 e 27 de junho
de 2014
Saiba mais >
Eurico Nobre (3º Executive MBA
AESE/IESE) é CEO do Grupo
Ogilvy Portugal.
.
Nesta secção, pretendemos dar notícias sobre algumas trajetórias profissionais e iniciativas empresariais dos nossos Alumni.
Dê-nos a conhecer ([email protected]) o seu último carimbo no passaporte.
PASSAPORTE
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11 CAESE maio 2014
Rui Lourenço (11º Executive MBA
AESE/IESE) é atualmente
Administrador Executivo e CFO na
SANEST.
.
Há mais de 12 anos a alavancar histórias de êxito Visão, 15.5.2014 Vítor Rodrigues é o novo Country Leader da MicroStrategy leak.pt, 13.5.2014 Livro do Governo sobre a troika feito na empresa de Zita Seabra Dinheiro Vivo online, 8.5.2014 Livro do Governo feito na empresa de Zita Seabra dn.pt, 8.5.2014 Cursos práticos e pragmáticos Invest, 1.5.2014 Tecnologia lusa na rota mundial Expresso – Economia, 3.5.2014
AESE nos Media
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De 3 a 16 de maio de 2014
12 CAESE maio 2014
PANORAMA
A reclamação interessada A reclamação é uma prova da
capacidade de reação de uma
sociedade perante o que vai mal
e, nesse sentido, um reflexo são.
Tem sido bastantes vezes o
catalizador de importantes avan-
ços históricos, ao conseguir des-
pertar uma consciência social
adormecida. Basta recordar o que
assumiram no mundo contempo-
râneo as ações contra a discrimi-
nação racial, as reivindicações
feministas, as reclamações sindi-
cais contra a exploração laboral e
tantas outras causas que come-
çaram por reclamações bem orga-
nizadas.
Nos países avançados, onde se
enraizou uma cultura dos direitos,
é mais fácil que hoje surja a recla-
mação quando, o que parecia um
direito adquirido, se verifica não
estar assegurado. É o que tem
vindo a acontecer na atual crise
económica, sobretudo naqueles
países que fizeram gastos à custa
de endividamento, tanto público
como privado.
O processo de saneamento é tão
inevitável como doloroso. Aquilo
que o Estado dava grátis, começa
a ser financiado com taxas; o
subsidiado tem de sobreviver na
intempérie do mercado; as vanta-
gens e privilégios laborais acumu-
lados durante anos, submetem-se
a revisão; a inércia da expansão
da despesa pública é substituída
pelos cortes; e, se o político de
antes exibia os frutos da despesa
– razoáveis ou esbanjadores –, o
de hoje tem de demonstrar a sua
capacidade de reduzir o défice.
Neste novo clima de austerida-
de, a cultura da reclamação des-
dobra-se. Os mais “indignados”
manifestam-se contra “o sistema”;
os funcionários contra o paga-
mento perdido; os professores
contra “os cortes” que os obrigam
a fazer o mesmo com menos; os
médicos contra “a privatização”
que perturba os seus esquemas
de trabalho; os setores subsi-
diados contra quem discute o
direito dos mesmos viverem do
orçamento público.
Em todos os protestos é possível
encontrar algum ponto razoável.
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13 CAESE maio 2014
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Mas o facto de que um grupo
tenha perdido algumas vantagens,
não significa que se lhe esteja a
fazer uma injustiça, nem que
tenha de ser atendida a sua
reclamação. A soma de reivin-
dicações mais ou menos razoá-
veis pode ter um custo irrealizável.
Têm de ser afastadas como inú-
teis as reclamações que se diri-
gem contra o que não se pode
mudar. Faz sentido reclamar con-
tra factos concretos de corrupção
ou contra o não reconhecimento
de direitos cívicos. Mas no amplo
leque dos chamados direitos
sociais, desde o ensino univer-
sitário à saúde ou ao atendimento
das pessoas dependentes, a sua
cobertura dependerá sempre das
possibilidades de financiamento.
Bastantes reclamações tentam
falar em nome do interesse geral
quando, na realidade, estão a
defender algo muito corporativo. O
último caso é o do Canal 9, em
Espanha, canal público que o
governo valenciano decidiu fe-
char. Não há dúvida de que o
Canal 9 foi, desde a sua funda-
ção, um canal televisivo mal
gerido, politizado e que esbanjou
dinheiro público, até acumular
uma dívida de 1.126 milhões de
euros. Isso embora o índice mais
evidente da má gestão seja ter
acumulado um quadro desme-
surado de 1.660 empregados,
superior ao de qualquer canal
privado de âmbito nacional.
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14 CAESE maio 2014
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Mas quando o governo valenciano
tentou despedir 1.000 trabalha-
dores excedentários – ERE
(Expediente de Regulación de
Empleo) anulado nos tribunais –,
os sindicatos fizeram todo o
possível para o evitar. O que não
faz sentido é que os traba-
lhadores denunciem o esbanja-
mento e, simultaneamente, pre-
tendam manter uma situação que
o perpetua. E já surpreende que
apelem à solidariedade dos cida-
dãos, à custa dos quais querem
continuar a viver, ao mesmo
tempo que a audiência do canal
caiu para 3,5%. Poderia dizer-se,
dando a volta à célebre frase, que
nunca tantos fizeram uma progra-
mação para tão poucos. Não se
quer dizer que a má gestão ou a
escassa audiência sejam apenas
culpa dos jornalistas. Mas tão-
-pouco convém esquecer que um
canal televisivo público não é uma
coutada, nem dos políticos, nem
dos jornalistas, e que não cumpre
um serviço público pelo mero
facto de não ser privado.
Muitos dos empregados públicos
que reclamam contra os cortes na
saúde, educação, serviços so-
ciais, na realidade estão a defen-
der os seus próprios interesses
profissionais, algo perfeitamente
compreensível. Mas com a sua
própria resistência à mudança e à
reestruturação do que se revelou
impagável, estão a minar o próprio
Estado Providência que dizem
defender. Podem clamar contra a
“privatização”, mas, sob a defesa
do público, esconde-se muitas
vezes a ânsia de conservar ren-
dimentos e direitos adquiridos, os
quais, no setor privado, não
seriam assumíveis. Dá vontade de
lhes dizer: por favor, não me
defenda.
I. A.
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15 CAESE maio 2014
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PANORAMA
O ambiente de leitura em casa melhora o rendimento escolar Os alunos a quem se lê desde
pequenos e que, seguidamente,
continuam a ler na sua adoles-
cência, tendem a obter melhores
notas.
Desde há algum tempo, peda-
gogos e sociólogos da educação
interrogam-se sobre como influi o
nível económico dos pais no
rendimento escolar dos filhos.
Alice Sullivan e Matt Brown, inves-
tigadores do Instituto de Educação
da Universidade de Londres,
concentraram-se nos hábitos de
leitura em casa para esclarecer
este tema. A sua conclusão é que
o nível cultural dos pais, a
frequência com que se lê aos
filhos desde pequenos e o que
depois leem enquanto adolescen-
tes, é mais importante do que a
origem social e o nível de rendi-
mentos dos pais.
Graças à base de dados British
Cohort Study, que recolhe infor-
mação sobre 17.000 britânicos
nascidos em 1970, Sullivan e
Brown puderam analisar os hábi-
tos de leitura de 6.000 deles. O
estudo (“Social inequalities in
cognitive scores at age 16: The
role of reading”; Centre for
Longitudinal Studies, Instituto de
Educação da Universidade de
Londres. CLS Working Paper
2013/10) compara o que liam aos
5, 10 e 16 anos com os resultados
que obtiveram nessas idades em
exames de vocabulário, ortografia
e matemática.
A primeira conclusão é que os
alunos que leem por gosto aos 10
e 16 anos, costumam obter me-
lhores resultados nos três tipos de
exames, sobretudo nos de voca-
bulário. Os que leem com frequên-
cia aos 10 anos, e continuam a ler
livros e periódicos aos 16 mais de
uma vez por semana, obtêm em
relação aos outros alunos uma
vantagem de 14,4% em voca-
bulário, 10% em matemática e
8,6% em ortografia.
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16 CAESE maio 2014
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Que uma criança acostumada a
ler tenha bom vocabulário e boa
ortografia não é muito surpre-
endente. Mas já o é que também
melhore os seus resultados em
matemática. Como se explica
isto? Para Sullivan, “é provável
que o hábito de ler com frequência
ajude as crianças a assimilar e a
compreender a nova informação
que recebem, ao mesmo tempo
que melhora a sua atenção no
resto das matérias”.
O acompanhamento no tempo
que faz o estudo, permite com-
provar que os hábitos de leitura
não se improvisam. Normalmente,
os que leem por gosto aos 10 e 16
anos contam com pais que lhes
liam histórias aos 5 anos. Esse
ambiente de leitura em casa
depende de vários fatores; um
deles é o nível cultural dos pais.
Por exemplo: se os pais têm
dificuldades para ler, é mais
improvável que leiam aos seus
filhos, ou que eles próprios leiam
nos seus tempos livres.
De acordo com este estudo de
Sullivan e Brown, o nível cultural
dos pais é condicionado pelos
seus estudos e pelos seus hábitos
de leitura mais do que pela sua
origem social. Os filhos de pais
com título superior e que, além
disso, leem frequentemente, ob-
têm sobre os restantes alunos
uma vantagem de 4,2% em
vocabulário, 3% em matemática e
1,8% em ortografia.
Na política educativa, o estudo
recomenda combater o analfa-
betismo funcional dos pais (na
Grã-Bretanha, 15% dos adultos
têm dificuldades em ler e escre-
ver) e fomentar a leitura das
crianças nos seus tempos livres.
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17 CAESE maio 2014
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PANORAMA
Direito a decidir, sim; mas só se aprovo a escolha? A procuradoria britânica renunciou
a apresentar queixa contra dois
médicos que acordaram praticar
abortos em função do sexo do
feto, o que é ilegal. Ambos foram
filmados com câmara oculta por
jornalistas do “Telegraph”, que
pretendiam mostrar que este tipo
de abortos se está a tornar, na
Grã-Bretanha, “cada vez mais
comum por razões culturais e
sociais”.
Embora a acusação não tenha
tido sucesso, a reportagem do
“Telegraph” colocou perante a
opinião pública uma prática co-
mum na Índia e na China – onde a
preferência pelos filhos do sexo
masculino e outros fatores levam
à eliminação de milhões do sexo
feminino –, também vigente na
sociedade britânica, e não apenas
entre comunidades de imigrantes
indianos.
A polémica aberta na Grã-
-Bretanha em torno do aborto em
função do sexo, colocou os pro-
-choice perante uma pergunta
incómoda: que diferença há entre
eliminar um feto e eliminá-lo por
ser do sexo feminino?
O jornalista do “Telegraph”, Tom
Chievers, que se declara pro-
-choice, reconhece nessa publi-
cação (6.9.2013), que esta polé-
mica o incomoda bastante. Para lá
dos casos concretos denunciados
pelo seu periódico, admite que os
defensores da liberalização do
aborto “guardaram silêncio duran-
te demasiado tempo sobre o
fenómeno dos abortos seletivos
em função do sexo”.
Ele próprio teve de se violentar
para enfrentar este debate e
acaba por concluir que os abortos
deste tipo são “imorais”, “sobre-
tudo porque pressupõe admitir
que um feto do sexo feminino é
menos valioso”. Chievers não gas-
ta nem uma linha a procurar
justificar qual é a diferença – se é
que há alguma – entre eliminar
um feto e eliminá-lo por ser do
sexo feminino.
Outra pro-choice que considera
(“Is sex-selective abortion morally
acceptable? No”) “imorais” os
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18 CAESE maio 2014
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abortos em função do sexo é
Heather Widdows, professora da
Universidade de Birmingham que
se especializou em bioética e
teoria feminista. Mas ela, diver-
samente de Chievers, tenta salvar
as motivações da lógica pro-
-choice: “Embora exista um direito
a não ter um filho – a não
engravidar, a não dar à luz e a
não ser mãe –, este direito não se
alarga à capacidade de escolher o
tipo de filho que se tem”.
Mas não se entende por que os
seus argumentos contra o aborto
em função do sexo não se podem
aplicar também ao aborto en-
quanto tal. É uma prática, afirma,
que “converte as pessoas em
coisas” e favorece que os filhos
“sejam vistos como acessórios e
extensões de uma mãe”. Não é
verdade que se trate somente de
uma decisão privada, visto que “o
que se legaliza e é visto como
algo socialmente aceitável, afeta
toda a gente”. Dado que vivemos
num mundo global, “se a seleção
de sexo é admitida na Grã-
-Bretanha, as pessoas vão viajar
para cá de modo a usar este
serviço”…
Também existem autênticos pro-
-choice a quem incomoda a
prática do aborto seletivo em
função do sexo, mas que, no final,
optam por defender o direito de
escolha da mãe seja qual for o
motivo. A quem este tipo de
abortos ainda suscita reparos
morais, a Abortion Rights Coalition
of Canada (ARCC) recorda que
“não podemos restringir os direitos
da mulher ao aborto simplesmente
por haver mulheres que venham a
tomar decisões com as quais não
estejamos de acordo”.
Mas, sem dúvida, a posição mais
consequente com a lógica pro-
-choice – que as mulheres
possam decidir se continuam ou
não com a gravidez em qualquer
momento e por qualquer motivo –
é a que não distingue entre
motivos “bons” e “maus” para
abortar. Assim o explica em
“Spiked” (16.9.2013), Ann Furedi,
diretora executiva do Serviço de
Aconselhamento da Gravidez
(British Pregnancy Advisory
Service, BPAS), uma organização
que leva a cabo um quarto dos
abortos britânicos.
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19 CAESE maio 2014
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“A maioria das pessoas que se
consideram progressistas e com
abertura mental, acha que a
violação, o incesto, a juventude, a
pobreza ou, inclusivamente, o
genérico ‘não desejado’ são ‘boas
razões’ para que os médicos
aprovem o aborto; e, pelo con-
trário, a ‘seleção do sexo’ é uma
má razão que se deve impedir”.
“Não querer um bebé por ser do
sexo feminino – e o que a grávida
prefere ser do sexo masculino –
parece discriminatório, imoral, e
mesmo consumista”.
Furedi explica aos pro-choice que
a sua posição pode prejudicar
tanto a causa do aborto livre,
como a oposição dos pró-vida:
“Os políticos que desejam apre-
sentar-se com credenciais pro-
-choice têm de combater qualquer
restrição ao aborto, e não procurar
como as aumentar. (…) Ou apoia-
mos o direito a decidir da mulher
ou não o apoiamos. Não se pode
ser pro-choice exceto quando não
gostamos da escolha, porque isso
não é ser pro-choice de forma
alguma”.
A abordagem de Furedi é tão
radical como consequente: para
que uma mulher tenha direito ao
aborto, tem de se proteger em
todos os casos o seu direito a
decidir, sem que os seus motivos
tenham de ser aprovados por
quem quer que seja.
J. M.
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20 CAESE maio 2014
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PANORAMA
“El ganador se queda con todo” “Winner Take All: China’s Race for
Resources and What It Means for
the World”
Autora: Dambisa Moyo
Galaxia Gutemberg. Madrid
(2013). 320 pág.
Tradução (castelhano):
Casandra Viñuela.
De entre os diferentes temas
presentes nos fóruns internacio-
nais, existem dois que, pela sua
transcendência e impacto, vão
adquirindo atualmente um maior
protagonismo. Um deles é a es-
cassez de recursos naturais e de
matérias-primas, e o outro é o
crescimento e o inegável protago-
nismo da China no palco mundial.
Ora, Dambisa Moyo, economista e
uma das pessoas mais influentes
e incisivas sobre tendências glo-
bais, estabelece a ligação, neste
livro, entre os dois assuntos.
Através de uma minuciosa aná-
lise, o livro expõe como a China
empreendeu uma corrida para
assumir o controlo, no plano mun-
dial, de todos os recursos naturais
possíveis que satisfaçam as ne-
cessidades derivadas do seu forte
crescimento. Segundo Moyo, esta
estratégia política e económica da
China terá efeitos de grande
impacto em termos globais nos
aspetos económico-financeiro, so-
cial e, evidentemente, geopolítico.
Neste contexto, a autora inter-
roga-se sobre o que está em jogo.
E responde que, no mínimo, a
concorrência pelos recursos irá
gerar um aumento considerável
dos preços dos produtos básicos
de consumo. Desde alimentos, até
qualquer produto ou serviço rela-
cionado com a energia ou a
utilização de minerais.
Perante este panorama, a China
tomou, conscientemente, a dian-
teira aos restantes países. Tanto
assim é, que se tornou líder
mundial na obtenção de matérias-
-primas duras (metais e minerais),
soft commodities (madeira, ce-
reais e outros produtos alimenta-
res) e no desenvolvimento de
infraestruturas (estradas, portos e
vias ferroviárias) que permitem a
extração e transporte.
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21 CAESE maio 2014
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Hoje a China é, em relação aos
países desenvolvidos mais influ-
entes e aos países em desenvol-
vimento com maior riqueza em
recursos naturais, se não o
principal sócio comercial, um dos
mais importantes. A sua capa-
cidade de investimento gera, na
maioria dos países, esforços ma-
nifestos para a atrair. O seu poder
financeiro converteu a China
quase num monopsónio, isto é, no
único comprador e, como tal,
exerce o seu poder impondo
condições aos fornecedores.
Não obstante, Moyo, especialista
nestes temas, considera que o
impacto da China nos países em
desenvolvimento, em princípio os
mais vulneráveis, está a ser
positivo. O seu objetivo não é
colonizar, no sentido de influir
sobre a política dos países,
estando a contribuir com a sua
injeção de fundos, evidentemente
em troca de recursos naturais,
para o desenvolvimento de infra-
estruturas e serviços e a geração
de emprego.
Moyo não julga a China, inter-
rogando-se sim, na parte final do
livro, sobre como se pode diminuir
a tensão existente sobre os
recursos naturais, provocada por
um desequilíbrio entre a oferta e a
procura. Considera que será difícil
fazê-lo, pois a resposta e o es-
forço devem ser globais, con-
juntos e coordenados.
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22 CAESE maio 2014
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Esta visão bastante pessimista
não é uma novidade, pois desde
meados do século XX que se vem
falando da escassez de recursos
naturais para enfrentar as neces-
sidades de uma população cres-
cente. Na altura, dizia-se que a
China seria incapaz de alimentar a
sua população. Mas desde então
aprendemos que o homem foi
capaz de criar recursos com as
inovações tecnológicas e as des-
cobertas de novas reservas, e de
libertar iniciativas empreendedo-
ras antes anuladas por espartilhos
políticos. Este esquecimento é a
parte mais débil do trabalho de
Dambisa Moyo.
L. B. M.
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23 CAESE maio 2014
DOCUMENTAÇÃO
Um claro Apelo à Ação O número 31 de “IFFD Papers”
reproduz o importante documento
final da Conferência Internacional
de Doha, organizada por motivo
do XX Aniversário do Ano
Internacional da Família, a que se
acrescentam algumas ideias com-
plementares dos oradores para
cada recomendação.
A propósito do Dia Internacional
da Família (15 de maio), suce-
deram-se as iniciativas por todo o
mundo. Efetuaram-se eventos
informativos em mais de uma
dezena de países e muitas outras
atividades em diversos lugares,
incluindo programas de rádio e
televisão, assim como alguns atos
académicos, tipo jornadas e en-
contros de especialistas. Em con-
junto, pode dizer-se que houve
uma resposta significativa da
sociedade civil (muitas destas
iniciativas estão enumeradas em
www.thefamilywatch.org/act-aiyf-
es.php).
Duas destas iniciativas merecem
especial atenção, pelo seu âmbito
global e pela sua repercussão
potencial no futuro. Em primeiro
lugar, a Declaração da Sociedade
Civil promovida pela IFFD (Inter-
national Federation for Family
Development) e à qual aderiram
centenas de organizações, legisla-
dores, académicos e represen-
tantes de ONGs em todo o mundo
(mais informação disponível em
www.thefamilywatch.org/act-daif-
es.php). Em segundo lugar, a
Conferência de Doha para come-
morar o XX Aniversário do Ano
Internacional da Família que se
realizou há algumas semanas, um
encontro não governamental
constituído como plataforma glo-
bal para a exposição e debate
onde legisladores, ONGs, espe-
cialistas, académicos e outras
partes interessadas de todo o
mundo partilharam as suas opi-
niões e experiências sobre a
centralidade da família e o seu
papel na sociedade (mais in-
formação disponível em
www.difi.org.qa/events/event-
detail/event?item=57).
O documento final desta Confe-
rência é um ‘Apelo à Ação’ dirigido
expressamente aos governos com
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24 CAESE maio 2014
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recomendações muito concretas
dirigidas a “que continuem a fazer
todo o possível para concretizar
os objetivos do Ano Internacional
da Família e dos seus processos
de acompanhamento, e para
integrar a perspetiva da família na
formulação das suas políticas
nacionais” (resolução da Assem-
bleia Geral da ONU sobre “Pre-
parativos e celebração do 20.°
aniversário do Ano Internacional
da Família”, 9 de março 2012;
A/RES/66/126), como pediu a
Assembleia Geral da ONU a todos
os estados membros. É a melhor
forma de resumir, seja os con-
teúdos da Declaração, seja os
resultados da Conferência, mos-
trando que se alcançou um con-
senso mundial no XX Aniversário
do Ano Internacional da Família e
expressando de forma explícita o
que a sociedade civil pede aos
governos como consequência.
Reproduzimos, em seguida, o
conteúdo desse ‘Apelo à Ação’,
acrescentando para cada reco-
mendação, algumas ideias ex-
pressas por alguns dos oradores
da Conferência.
Nós, os representantes da socie-
dade civil, académicos, legisla-
dores e cidadãos que partici-
pámos na Conferência Interna-
cional organizada em Doha
(Qatar) a 16 e 17 de abril de 2014
pelo Instituto Internacional da
Família de Doha (DIFI), membro
da Fundação Qatar para a
Educação, a Ciência e o
Desenvolvimento Social, de modo
a comemorar o XX Aniversário do
Ano Internacional da Família,
Tendo em consideração o tema da
Conferência, “O fortalecimento
das famílias, um caminho para o
desenvolvimento”,
Reafirmando que a família não é
apenas a principal unidade básica
da sociedade, como também o
principal agente de desenvol-
vimento sustentável, social, eco-
nómico e cultural,
Destacando a importância de
definir, implementar e avaliar
políticas orientadas para a família,
especialmente nas áreas da
erradicação da pobreza, do pleno
emprego e do trabalho digno, da
conciliação do trabalho e da
família, e da integração social e
solidariedade intergeracional,
Sublinhando que a concretização
dos objetivos de desenvolvimento,
sobretudo os que se referem à
erradicação da pobreza, educação
infantil, especialmente das rapari-
gas, e redução da mortalidade
materna dependem muito, de as
famílias serem fortalecidas para
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25 CAESE maio 2014
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cumprirem as suas numerosas
funções,
Sublinhando, além disso, que uma
orientação estratégica para a
família pressupõe uma aborda-
gem integral destinada à solução
dos persistentes desafios do de-
senvolvimento, como a desi-
gualdade e a exclusão social,
Fazem um apelo aos governos
para que fortaleçam as famílias e
lhes permitam contribuir para o
desenvolvimento através das se-
guintes ações:
1. Desenvolver políticas integrais
e coerentes e integrar uma
abordagem transversal para
apoiar a estabilidade familiar e
estabelecer ou reforçar um
procedimento nacional desti-
nado a desenvolver políticas e
programas orientados à família,
assim como destinar os recur-
sos humanos e financeiros para
os levar à prática, supervisioná-
-los e avaliá-los.
A família é a unidade básica da
sociedade e como tal deveria ser
protegida e promovida, mas nem
sempre se reconhece esta centra-
lidade nos sistemas políticos e de
investigação. As famílias estáveis
são o fundamento das sociedades
fortes: quando se rompem, os
custos são elevados, as socie-
dades sofrem e os governos ten-
dem a invadir o seu papel.
Embora exista um reconhecimen-
to universal sobre a importância
da família, não foi alcançado um
consenso formal sobre a sua
definição, o que pode ser um
obstáculo para o desenho e
implementação efetivos de políti-
cas familiares. Por isso, torna-se
mais eficaz centrar-se nas fun-
ções da família e na avaliação do
impacto dessas políticas do ponto
de vista da família (nota concetual
para a Conferência Internacional
sobre a Família de Doha, 16-17
de abril de 2014. Disponível
em www.difi.org.qa/app/wa/ca.fusi
ondev.fdevent.FDEventDirectActio
n/viewEventDocument?docId=54).
2. Promover a igualdade de
género e o fortalecimento das
mulheres, reformar as leis e
políticas discriminatórias, espe-
cialmente as que se referem à
família, e promulgar as leis
necessárias para acabar com o
casamento infantil e a violência
contra a mulher.
As sociedades mais igualitárias
funcionam melhor social e econo-
micamente, pois a igualdade –
políticas de orientação social, co-
mo políticas familiares promotoras
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26 CAESE maio 2014
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da igualdade de género e direitos
do menor – promove o desenvolvi-
mento ético, social e economica-
mente sustentável: apoia os direi-
tos do menor ao desenvolvi-
mento, e permite a mães e pais
participarem na sociedade, de
forma que a vida laboral e a
educação infantil têm neles apoio
(Ronald Wiman, ‘From Women’s
Rights to Gender Equality
Policies’. Disponível em
www.difi.org.qa/app/wa/ca.fusiond
ev.fdevent.FDEventDirectAction/vi
ewEventDocument?docId=53 ).
3. Reconhecer a contribuição dos
homens às familias e a sua res-
ponsabilidade, desenvolver po-
líticas para enfrentar a ausência
do homem e do pai para o bem-
-estar familiar, e promover a
paternidade masculina ativa.
Quanto mais tempo passam os
pais com os seus filhos, mais
impacto produzem neles. Chama-
-se ‘efeito dose’ e pressupõe
maior influência para maior inter-
ação. Este ‘efeito dose’ não
significa fazer nada de especial ou
com um elevado preço, mas mais
‘perder tempo’, fazer coisas em
conjunto e conversar sempre que
surja a ocasião. Somente saber
que se está disponível já significa
transmitir muitas coisas aos filhos,
pelo que se tem de estar muito
consciente do que se diz e do que
se faz (Adrienne Burgess,
‘Fatherhood Reclaimed: The
Making of the Modern Father’;
Vermilion, 1997).
4. Centrar-se em estratégias de
redução da pobreza que se
refiram à família como unidade
e considerar que as ruturas
familiares são tanto uma causa
originária, como um efeito dela,
e a sua prevenção uma
prioridade.
Como unidade funcional, a família
extensa tem um papel que é
primordial na redução da pobreza
e no fortalecimento económico de
todos os membros que a cons-
tituem […] Para avançar, precisa-
mos de nos centrar em dois aspe-
tos da família: o capital familiar e a
resiliência familiar. Necessitamos
de desenvolver e implementar
programas de proteção social
integrais e que estejam orientados
para a família, que sejam respei-
tadores do género e do menor,
ass im como prop ic iem uma
contribuição de políticas globais
que se venham a orientar para a
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27 CAESE maio 2014
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família, destinadas a trabalhado-
res com filhos e outras respon-
sabilidades familiares, e adotar o
foco da família em todo o
desenvolvimento de políticas
(Zitha Mokomane, ‘Confronting
Family Poverty’. Disponível em
www.difi.org.qa/app/wa/ca.fusiond
ev.fdevent.FDEventDirectAction/vi
ewEventDocument?docId=50).
5. Adotar políticas que assegurem
a conciliação de trabalho e
família, de forma que a
responsabilidade de serem pais
e manter a família não recaia
principalmente na mulher, e
colaborar com o setor privado
para proteger e ajudar os
trabalhadores com responsabili-
dades familiares.
Os dois principais objetivos nesta
área são permitir a mais mães
integrarem-se no mercado laboral
e haver uma melhoria da con-
ciliação de trabalho e família entre
as mães e entre os pais. No que
se refere ao primeiro objetivo, são
necessárias medidas políticas
para atender as mães que este-
jam temporariamente fora do mer-
cado de trabalho por causa dos
seus filhos, assim como as que
ficaram de fora, desempregadas
ou inativas.
As políticas que se tornam mais
eficazes são as que proporcionam
educação a ambos os sexos,
oportunidades de emprego em
lugares de trabalho que favore-
çam a família, baixas de materni-
dade e de parentalidade adequa-
das para ambos os pais, educa-
ção infantil de qualidade, flexível e
acessível, e ajuda social (Anne H.
Gauthier, ‘Improving the work-life
balance’, apresentação no Quarto
Fórum de Demografia organizado
pela Comissão Europeia (Bruxe-
las, 6-7.5.2013. Disponível em
ec.europa.eu/social/BlobServlet?d
ocId=10198&langId=en).
6. Valorizar a importância das
contribuições de cada geração
na família, definir e executar
políticas que reforcem a solida-
riedade e as alianças intergera-
cionais, e promover as relações
intrafamiliares saudáveis.
Há três conceitos fundamentais
sobre relações intergeracionais
com princípios úteis para cada
setor da sociedade civil examinar
o papel que cumpre no apoio às
famílias. Primeiro, a solidariedade
e interação geracional continua a
ser o fundamento principal da
segurança pessoal e social, e dos
vínculos humanos. Segundo, as
redes sociais de prestação de
cuidados podem desenvolver-se
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28 CAESE maio 2014
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quando as políticas e os progra-
mas reforçam a interligação entre
as gerações. Terceiro, as socie-
dades devem facilitar as relações
humanas para aumentar a solida-
riedade entre gerações (Donna M.
Butts, Leng Leng Thang e Alan
Hatton Yeo, ‘Policies and Pro-
grammes Supporting Inter-
generational Relations’, Back-
ground Paper for the Twentieth
Anniversary of the International
Year of the Family,
2014. Disponível em
undesadspd.org/LinkClick.aspx?fil
eticket=VGkxtn3WSyA%3D&tabid
=1733).
7. Recolha sistemática de dados e
estatísticas sobre o bem-estar
familiar, colaborando na permu-
ta de boas práticas nacionais,
regionais e internacionais.
Os legisladores examinam quase
sempre o impacto económico de
uma decisão política, mas raras
vezes perguntam qual é o impacto
familiar que produzem. As deci-
sões de políticas públicas po-
deriam ser mais eficazes se se
fundamentassem na evidência,
assente na investigação rigorosa
e na análise desapaixonada e se
tivessem em conta a contribuição
que as famílias dão à sociedade
(Karen Bogenschneider, ‘Using
Research and Analysis to Build
Better Public Policy for
Families’. Disponível em
www.difi.org.qa/app/wa/ca.fusiond
ev.fdevent.FDEventDirectAction/vi
ewEventDocument?docId=39).
8. Desenvolver e implementar po-
líticas orientadas para a família
e intervenções que reforcem e
ajudem as famílias em situa-
ções de vulnerabilidade (como
os conflitos, os desastres natu-
rais e as epidemias de saúde,
incluindo VIH/SIDA e malária).
Os cuidados de que necessita
uma pessoa que sofre de VIH ou
SIDA, envolvem um encargo tre-
mendo para os recursos humanos
e financeiros da família. Os dados
sobre a distribuição etária no VIH,
indica que os membros infetados
da família tendem a ser adultos
jovens (15-45 anos) e que a falta
de saúde neste grupo economica-
mente produtivo pressupõe uma
diminuição nos rendimentos. As
pessoas dessa idade também têm
papel importante em atividades
domésticas, como os cuidados
com os filhos e outros depen-
dentes. Em resumo, os recursos
financeiros e a capacidade de
cuidar de outros membros podem
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29 CAESE maio 2014
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ver-se reduzidos precisamente
quando são mais necessários
para a família (Chris Desmond e
Victoria Hosegood, ‘Men in
Families and Family Policy in a
Changing World’; UN Department
of Economic and Social Affairs -
Division for Social Policy and
Development, 2011).
9. Criar um ambiente que permita
uma contribuição significativa
das organizações da sociedade
civil na definição, implemen-
tação e avaliação de programas
de família e de outros que
eliminem as barreiras para o
estabelecimento, funcionamen-
to e financiamento de organiza-
ções não governamentais.
A família deveria ser um ponto de
encontro, e não um tema contro-
verso. É difícil encontrar um tema
mais universal (porque todos nós
vimos de uma família e a maioria
de nós vive num meio familiar) e
mais necessário (porque, sem a
família, a existência e o desenvol-
vimento pessoal dos indivíduos e
o desenvolvimento social tornam-
-se muito mais difíceis). Perante
isto, todo o tipo de diferenças e
desacordos deveriam dar lugar a
uma vontade comum de encontrar
o sítio a partir do qual construir as
bases da proteção que as famílias
merecem. Por outro lado, os
organismos internacionais e os
governos deveriam oferecer os
meios para promover esse con-
senso e para escutar as suas
conclusões de modo eficaz
(Ignacio Socias, ‘Civil Society and
the Family’. Disponível em
www.difi.org.qa/app/wa/ca.fusiond
ev.fdevent.FDEventDirectAction/vi
ewEventDocument?docId=37).
10. Reconhecer que as famílias se
encontram no centro do de-
senvolvimento social e asse-
gurar que integram a agenda
de desenvolvimento posterior
a 2015.
O vigésimo aniversário do Ano
Internacional da Família, celebra-
do um ano antes do prazo fixado
para a concretização dos Objeti-
vos de Desenvolvimento do Milé-
nio, dá-nos a oportunidade de vol-
tar a centrar a atenção no papel
das famílias em relação ao desen-
volvimento […] A maioria dos
Objetivos de Desenvolvimento do
Milénio, especialmente os relati-
vos à redução da pobreza, à edu-
cação das crianças e à redução
da mortalidade materna são difí-
ceis de alcançar se as estratégias
para tal efeito não se centrarem
na família […] Efetivamente, a
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30 CAESE maio 2014
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própria concretização dos obje-
tivos de desenvolvimento depende
do modo como se consiga for-
talecer as famílias para contribuí-
rem na consecução desses
objetivos (Relatório do Secretário-
-Geral das Nações Unidas sobre
‘Seguimiento del décimo aniver-
sario del Año Internacional de la
Familia y necesidades futuras’; 29
de novembro 2010, A/66/62).
As seguintes palavras do discurso
de abertura da Xequa Mozah bint
Nasser, que preside à Fundação
Qatar para a Educação, a Ciência
e o Desenvolvimento Comunitário,
explicam bem porque “a família
não é só a principal unidade bá-
sica da sociedade, como também
o principal agente de desenvol-
vimento sustentável, social, eco-
nómico e cultural”, como salienta
o Apelo. “Observamos que aquilo
que afeta os homens, mulheres,
jovens e crianças é, na realidade,
uma única coisa: a família, com o
seu conjunto de desafios e pro-
blemas. Algo que começa com o
desenvolvimento intelectual e exi-
ge o fortalecimento de todos os
seus membros no seu papel.
Fortalecer a família significa, nes-
te sentido, criar as condições para
a consolidação desse papel numa
família coerente que herda e
conserva os valores dessa coe-
são. No entanto, o Estado tam-
bém tem a sua tarefa, através do
estabelecimento de políticas e
programas que contribuam para
fortalecer a educação e a saúde,
que enfrentem as causas da
pobreza, que apoiem a concilia-
ção de família e trabalho e que
mantenham os valores de solida-
riedade e comunicação entre as
gerações” (Xequa Mozah bint
Nasser, Discurso de abertura da
Conferência Internacional sobre a
Família de Doha, 16-17 de abril de
2014).
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31 CAESE maio 2014
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