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PRODUTO FINAL PRD 2014 Carina Marcello de Figueiredo O GRUPO SANGUÍNEO ATRAVÉS DE MODELOS DIDÁTICOS Rio de Janeiro 02/2015 PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA - PROPGPEC

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PRODUTO FINAL – PRD 2014

Carina Marcello de Figueiredo

O GRUPO SANGUÍNEO ATRAVÉS DE MODELOS DIDÁTICOS

Rio de Janeiro 02/2015

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E

CULTURA - PROPGPEC

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Carina Marcello de Figueiredo

O GRUPO SANGUÍNEO ATRAVÉS DE MODELOS DIDÁTICOS

Coordenador: Márcia Rodrigues Pereira Orientador/Supervisor: Marcelo Augusto Vasconcelos Gomes Campus de atuação no Colégio Pedro II: Centro Área/Disciplina: Biologia Instituição de Origem: Colégio Estadual Agostinho Porto

Rio de Janeiro 02/2015

Produto final apresentado ao Programa de Residência Docente, vinculado à Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura do Colégio Pedro II, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Docência da Educação Básica na Disciplina Biologia.

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CATALOGAÇÃO NA FONTE

Cód. Autor Carina Marcello de Figueiredo.

O grupo sanguíneo através de modelos/Carina Marcello de Figueiredo. - 2015.

29 f.

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Carina Marcello de Figueiredo

O GRUPO SANGUÍNEO ATRAVÉS DE MODELOS DIDÁTICOS

Aprovado em: _____/_____/_____.

Me. Marcelo Augusto Vasconcelos Gomes (Orientador); Colégio Pedro II

Me. Robson Costa de Castro; Colégio Pedro II

Dra. Simone da Silva Salgado; Colégio Pedro II

Produto final apresentado ao Programa de Residência Docente, vinculado à Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura do Colégio Pedro II, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Docência da Educação Básica na Disciplina Biologia.

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AGRADECIMENTOS

A Cléa Mara - minha mãe, por me apoiar em todas as decisões e por ter me

ensinado que a educação é a saída para tudo.

A Jamilson - meu pai, pelos “puxões de orelha” e por ter trabalhado dobrado para

financiar meus estudos.

A Natale - minha irmã, que me incentivou a participar deste programa

A Rafael, por ser amigo, ser compreensivo e por ter ficado ao meu lado nos

momentos mais difíceis.

Ao professor Marcelo Augusto – meu orientador, por ter tido paciência e por me

ajudar a realizar esse trabalho.

A Viviane, Patrícia e Micheli – colegas de residência, pelas trocas de figurinhas e

sugestões para a elaboração deste trabalho.

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RESUMO

Carina Marcello de Figueiredo. O grupo sanguíneo através de modelos didáticos. Ano. 2015 f.

Produto Final (Especialização em Docência da Educação Básica na Disciplina Biologia) – Colégio

Pedro II, Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura, Rio de Janeiro, ano da defesa.

A descoberta dos grupos sanguíneos foi um passo muito importante para a medicina. Através

dessa descoberta foi possível fazer transfusões de modo seguro, abriu portas para técnicas terapêuticas

e possibilitou a elaboração de testes de paternidade. Por ser considerado o mais importante na clínica

transfusional, o conhecimento sobre o sistema ABO precisa ser esclarecedor para os alunos.

Entretanto, o ensino de genética nas escolas é abstrato, de maneira que os alunos não têm contato

direto com o que é apresentado pelos professores. O modelo didático é a forma mais fácil de os alunos

verem, com os próprios olhos, como o nosso sistema sanguíneo é composto, despertando curiosidade e

maior interesse. Além de tornar as aulas de genética mais interessantes, o uso de modelos didáticos

proporciona um melhor entendimento sobre o tema. Com isso, o presente trabalho teve como objetivo

facilitar a aprendizagem dos grupos sanguíneos e da transfusão sanguínea por meio de um modelo

didático tridimensional construído a partir de materiais de baixo custo. Para verificar a vantagem da

utilização do modelo, um formulário diagnóstico foi aplicado. Após a comparação dos resultados, foi

possível constatar que a utilização desse modelo didático permitiu um melhor entendimento do

comportamento das células sanguíneas quando entram em contato com células de outro tipo sanguíneo

durante uma transfusão.

Palavras-chave: Modelo didático. Grupo sanguíneo. Transfusão sanguínea. Ensino de ciências.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 8

2 EMBASAMENTO TEÓRICO................................................................................ 9

2.1 Porque ensinar o sistema ABO e o sistema Rh?.................................................. 9

2.2 O uso de um recurso didático no ensino-aprendizagem....................................... 11

2.3 Educação inclusiva e o modelo didático................................................................. 12

3 OBJETIVOS............................................................................................................. 13

3.1 Objetivo geral........................................................................................................... 13

3.2 Objetivo específico.................................................................................................... 13

4 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 14

5 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 14

5.1 Materiais necessários......................................................................................... 14

5.2 Preparo do material............................................................................................. 14

5.3 Sugestão de uso................................................................................................... 15

5.4 Análise do modelo..................................................................................................... 17

6 RESULTADO E DISCUSSÃO................................................................................ 17

7 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 22

8 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 24

APÊNDICE............................................................................................................... 27

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1. Introdução

O presente trabalho versa sobre a construção de um modelo didático voltado para o

ensino de ciências biológicas, mais especificamente tipos sanguíneos, visando, em uma

primeira abordagem, o ensino fundamental regular, mas com desdobramentos possíveis para o

ensino médio e aplicabilidade direta para o ensino inclusivo, com destaque para o

atendimento a estudantes cegos e de baixa visão.

Autores relatam que o modelo didático é um dos recursos mais usados pelos

professores de Biologia (KRASILCHICK, 2004). Os modelos didáticos são recursos lúdicos

que contribuem para aprimorar os conhecimentos dos alunos, através de estruturas em três

dimensões (MATOS et al., 2009). Além disso, os modelos didáticos são capazes de

desenvolver a capacidade criativa do aluno e permitem materializar uma ideia ou conceito,

sem tirar do professor a responsabilidade de criar situações que facilitem a aprendizagem e

estimulem essa criatividade (CAVALCANTE & SILVA, 2008; GIORDAN & VECCHI,

1996; MENDONÇA & SANTOS, 2011; SOARES, 2010).

Para isso, muitos professores utilizam materiais que são duráveis e de fácil acesso,

como o epóxi e o biscuit (MATOS et al., 2009, SOUZA et al., 2014). Neste trabalho foi

proposta a utilização de materiais também de baixo custo, porém recicláveis, que podem ser

igualmente utilizados na construção de um modelo de duração prolongada.

O tema escolhido para a construção do modelo didático foi o sistema ABO. A maior

motivação para essa escolha foi a dificuldade de os alunos entenderem a relação entre

antígeno e anticorpo (aglutinogênio e aglutinina, respectivamente), conceitos abstratos e

importantes para a compreensão dos processos envolvidos nas transfusões sanguíneas.

Outro fator motivacional para a elaboração deste trabalho é a falta de recursos nas

instituições públicas para equipar os laboratórios. Orlando e colaboradores (2009) citam que

uma alternativa para solucionar esse problema é a montagem de um laboratório com modelos

didáticos que abrangessem todos os assuntos abordados em sala de aula, levando os alunos a

terem uma visão mais próxima dos conteúdos presentes nos livros didáticos.

Somando-se a todos esses fatores está a inclusão de alunos com necessidades especiais

através dos modelos didáticos. Esse recurso facilita a aprendizagem de alunos com deficiência

visual aproximando o que está escrito nos livros de modelos representativos do que se

considera como real.

Com isso, o presente trabalho relata a criação de modelos didáticos a partir de

materiais recicláveis, representando o grupamento sanguíneo ou sistema ABO, através de

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hemácias tridimensionais. Seu grande norteador é tornar as aulas expositivas mais

atraentes, para alunos videntes ou não videntes, facilitando a aprendizagem através do

manuseio desse recurso.

2. Embasamento Teórico

2.1. Porque ensinar o sistema ABO e o sistema Rh?

A descoberta dos grupos sanguíneos foi um passo muito importante para a

medicina. Esse conhecimento possibilitou a realização de transfusões sanguíneas

seguras, abriu portas para técnicas terapêuticas e a elaboração de testes de paternidade

(TOMIAZZI & BRANCALHÃO, 2012).

O sistema ABO foi descoberto no inicio do século XX por Karl Landsteiner

que, em seus experimentos, verificou que a medida que sangues diferentes eram

misturados ocorria o processo de aglutinação das células vermelhas, as hemácias ou

eritrócitos (BATISSOCO & NOVARETTI, 2003). A partir desse episódio, o médico

austríaco, verificou a existência de situações de incompatibilidade e classificou o

sangue humano em três tipos, denominados de A, B e O (AMABIS & MARTHO,

2013; BASTOS et al., 2010). Já o fenótipo AB, foi descoberto mais tarde por

Decastello e Sturli (WATKINS, 2001).

Landsteiner também concluiu que a incompatibilidade se dava em decorrência

da existência de substâncias presentes na membrana plasmática das hemácias do

doador, em relação a outras presentes no plasma sanguíneo do receptor, chamadas

respectivamente aglutinogênios e aglutininas. Atualmente, sabe-se que as aglutininas

são anticorpos que reagem com os polissacarídeos dos aglutinogênios, que são

antígenos que fazem parte do glicocálice da membrana plasmática desses tipos

celulares (AMABIS & MARTHO, 2013).

A produção de anticorpos decorre da ação integradora do sistema imune, que

reage sistematicamente àquilo que não é reconhecido pelo seu sistema molecular de

superfície de membrana, que compõe o glicocálice da célula. Com isso, células e

outros componentes não reconhecidos pelas células imunes tendem a ser alvo de

moléculas imunes, como os anticorpos, que marcam antígenos estranhos e sinalizam

para outras células do sistema imune, as quais visam à destruição do componente não

reconhecido como próprio do organismo (AMABIS & MARTHO, 2013).

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De acordo com Arruda e colaboradores (2013), existem cerca de 250 antígenos

presentes nas membranas dos eritrócitos, estando agrupados em 29 sistemas. São alguns

deles: ABO, MNS, I, P, Lewis, Kell, Duffy, Kidd e Xg. Porém, o sistema ABO é o mais

importante por possuir diferentes antígenos de superfície, sendo composto por dois tipos de

aglutinogênios (A e B), e pela possibilidade de ocorrência de duas aglutininas (anti-A e anti-

B).

Os aglutinogênios presentes na membrana das hemácias irão determinar o tipo

sanguíneo no ser humano (BATISSOCO & NOVARETTI, 2003). Uma pessoa é considerada

do tipo A quando é encontrado o antígeno A nas suas hemácias; é do tipo B aquele que

possuir o antígeno B; pertence ao grupo AB quem possuir nas membranas das hemácias tanto

o antígeno A como o antígeno B; e é considerado do grupo O aquele que não possuir nenhum

antígeno na membrana dos glóbulos vermelhos (ARRUDA et al., 2013; CAMPOS JUNIOR

et al, 2009; DASILIO & PAES, 2009) (Tabela 1).

Tabela 1: Aglutinogênio e aglutininas do sistema ABO.

Por não possuir antígenos dessa natureza nas suas hemácias, o grupo O pode doar

sangue para qualquer indivíduo, considerado o sistema ABO, sendo denominado doador

universal. De maneira semelhante, indivíduos do grupo AB, por não possuírem anticorpos

anti-A ou anti-B em seu plasma sanguíneo, são considerados receptores universais (DASILIO

& PAES, 2009).

Caso um indivíduo do grupo B receba sangue de um indivíduo do grupo A, as

hemácias do receptor sofrerão aglutinação causada pelos anticorpos anti-A presentes no

plasma do paciente. Essa aglutinação das hemácias poderá causar a obstrução de vasos

sanguíneos e a intoxicação do sangue causada pela liberação da hemoglobina em altas

quantidades, provocada pela lise das células vermelhas (BASTOS et al, 2010).

Outro acontecimento marcante relacionado à realização de uma transfusão sanguínea

eficaz foi a descoberta do sistema Rh, também por Landsteiner e colaboradores, em 1940

(AMABIS & MARTHO, 2013). Em seus experimentos, Landsteiner observou a produção de

Grupo Sanguíneo Aglutinogênios Aglutininas

A A Anti-B

B B Anti-A

AB A e B -

O - Anti-A e Anti-B

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anticorpos ao injetar sangue de macaco Rhesus, atualmente, Macaca mulatta, em um coelho.

A partir desses experimentos, o cientista descobriu os antígenos D ou Rh, que, quando um

deles está presente, é responsável pelo fenótipo Rh positivo (Rh+) e, quando está ausente, é

responsável pelo fenótipo Rh negativo (Rh-) (ARRUDA et al., 2013).

Esse sistema está relacionado com um quadro conhecido como eritroblastose fetal,

também chamada de doença hemolítica do recém-nascido (DHRN), a eritroblastose fetal

ocorre quando a mãe Rh-, que já tenha gerado um filho Rh

+, dá a luz a outra criança Rh

+. Na

primeira gravidez, a mãe produz anticorpos contra as hemácias caracterizadas pelo Rh+. Em

uma segunda gravidez, esses anticorpos podem atravessar a placenta e causar hemólise no

sangue do feto. (Arruda et al., 2013). A DHRN também pode ocorrer em primeira gestação de

mães Rh- que tenham recebido alguma transfusão sanguínea anterior, na qual o sangue

utilizado fosse Rh+.

Todas essas informações são de grande importância, pois somente o sistema ABO e o

sistema Rh são tipados, em geral, antes de uma transfusão sanguínea ser realizada. Por essa

razão, o sistema Rh precisa ser considerado juntamente com sistema ABO para que a

transfusão de sangue transcorra sem problemas (ARRUDA et al., 2013).

2.2. O uso de um recurso didático no ensino-aprendizagem

Grande parte dos professores de Biologia enfrenta problemas em compartilhar

informações com os alunos sobre alguns conteúdos de Ciências. Alguns autores defendem

que essa dificuldade talvez venha da própria formação do professor, pois alguns cursos de

graduação não oferecem prática escolar e embasamento teórico suficiente para isso (PREDON

& DEL PINO, 2009). Outros somam a essa ideia fatores adicionais, como o tempo empregado

na elaboração de materiais, custo/benefício e a falta de prática com novos recursos

pedagógicos (MENDONÇA & SANTOS, 2011).

Porém, para ultrapassar essa barreira, alguns professores fazem uso de modelos em

três dimensões para que os alunos melhor visualizem o que está sendo ensinado. Para tornar a

construção do modelo mais barato, alguns autores sugerem que sejam utilizados matérias de

baixo custo (SOUZA et al., 2008).

Alguns conceitos da biologia são muito teóricos e, para serem compreendidos, pode

ser necessário o uso de microscópios e/ou micrografias, fotos ou esquemas para que o

estudante observe e entenda como funciona uma determinada estrutura. Porém, muitas escolas

públicas não contam com aparelhagem adequada para equipar um laboratório e tornar

possível a realização de aulas em que o aluno possa observar organismos microscópicos, por

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exemplo. Por essa razão, alguns autores acham válida a montagem de laboratórios com

modelos didáticos para auxiliar as aulas com essas características (ORLANDO et al., 2009).

Ainda segundo esses autores, modelos didáticos elaborados em três dimensões e coloridos,

facilitam a aprendizagem e somam à aula expositiva em sala de aula.

No caso dos conceitos que norteiam a genética, o uso de instrumentos diferenciados

pode ser útil para melhor apreender o conteúdo relacionado ao tipo da herança de uma dada

característica. Segundo Martinez e colaboradores (2008), os conceitos relacionados com o

ensino de genética são um tanto quanto abstratos e essa abstração pode causar um desinteresse

por parte dos alunos.

Por esse motivo, toda forma de tornar o que é dito pelo professor mais concreto, como

os jogos e os modelos, é bem vinda em sala de aula. Alguns autores afirmam que é possível

tornar as aulas mais atraentes e motivadoras com o uso dos recursos lúdicos, propondo uma

alternativa para que seja alcançado um melhor desempenho por parte dos alunos (GOMES et

al., 2001; SOUZA et al., 2008).

Com isso, espera-se que a utilização do modelo didático proposto nesse trabalho

favoreça o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, pois espera-se que esse seja capaz

de motivá-los e aproximá-los dos temas abordados permitindo a compreensão e o interesse

pelos mesmos.

2.3. Educação inclusiva e o modelo didático

A Educação Inclusiva é um sistema voltado para o atendimento especializado de

indivíduos que possuem alguma deficiência, distúrbios de aprendizagem e/ou comportamento

e altas habilidades. Nas ultimas décadas, a busca por uma escola inclusiva, onde o ambiente

do turno regular seja compartilhado por estudantes deficientes e não deficientes, objetiva a

construção de uma escola menos segregativa (GLAT et al., 2007). Segundo a UNESCO

(1994), a Educação Inclusiva precisa abranger todos os alunos, independente de suas

condições, em escolas regulares, combatendo todas as atitudes discriminatórias.

Esse sistema tem sido alvo de muitos debates entre os educadores, estando incluídos

assuntos como a adequação do espaço físico das escolas, metodologia utilizada pelo

professor, falta de um projeto de inclusão, esclarecimento insuficiente sobre alunos com

necessidades especiais (NEE), carência de recursos humanos e materiais, entre outros

(KAFROUNI & PAN, 2001). Essas discussões são decorrentes do crescente número de

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alunos com necessidades especiais inseridos em sala de aula comum (CAMARGO et al.,

2009).

Ao receber alunos com essas características pela primeira vez, alguns professores

encontram algumas dificuldades de adequação de suas aulas para essa nova realidade.

Segundo Glat e Nogueira (2003), esses problemas são resultado da defasagem na capacitação

desses profissionais durante o curso de formação, não oferecendo a instrumentalização e

capacitação necessárias para as diversas formas de aprendizagem dos seus alunos.

Somando-se a isso, está o fato de que as escolas são responsáveis pelo processo de

inclusão e precisam “aprender” a lidar com uma nova demanda (KAFROUNI & PAN, 2001),

pois não basta matricular o aluno deficiente, é necessário garantir a permanência dele com um

bom aproveitamento acadêmico (GLAT et al., 2007).

No ensino de ciências muitos aspectos são apresentados por meio de instrumentos

ópticos, como slides, o próprio quadro branco e textos explicativos ilustrativos. Todas essas

maneiras de abordar os conteúdos estão ligadas a uma relação conhecer/ver, não abrangendo

alunos com deficiência visual (BATISTETI et al., 2009). Segundo Oliveira e colaboradores

(2003), na ausência da visão faz-se necessário buscar alternativas para o desenvolvimento do

aluno, sendo uma das possibilidades, a exploração do desenvolvimento tátil.

Porém, Batisteli e colaboradores (2009) defendem que a utilização de representações

táteis vai além do uso exclusivo para alunos não videntes. Para eles a utilização desses

recursos permite que todos os alunos, videntes ou não, consigam compreender o que está

sendo proposto. Pois, de maneira geral, todos eles sentem dificuldade quando assuntos de

cunho microscópicos são abordados, parecendo-lhes tais conteúdos bastante abstratos.

3. Objetivos

3.1. Objetivo geral

O presente trabalho propõe a elaboração de um recurso pedagógico, o modelo

didático tátil, de baixo custo, sobre os grupos sanguíneos. Ele tem o objetivo de

facilitar a aprendizagem deste conteúdo e permitir um melhor entendimento do

comportamento das células sanguíneas durante uma transfusão sanguínea. Este

trabalho também visa contribuir para a montagem de um laboratório em uma

instituição pública de ensino e permitir a inclusão de alunos não videntes.

3.2. Objetivos específicos

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Elaboração de um modelo didático utilizando materiais recicláveis.

Permitir a visualização das células sanguíneas em três dimensões.

Facilitar o entendimento dos grupos sanguíneos.

Equipar o laboratório com esse e outros recursos pedagógicos.

Permitir a inclusão de alunos com deficiência visual.

4. Justificativa

Por ser considerado o mais importante na clínica transfusional (De Campos Júnior et

al., 2009), o conhecimento sobre o sistema ABO precisa ser esclarecedor para os alunos.

Entretanto, o ensino de sistema imune e de genética nas escolas é abstrato, de maneira em que

os alunos não têm contato direto com o que é apresentado pelos professores (Bastos et al.,

2010).

O modelo didático é a forma mais fácil de os alunos, videntes ou não, perceberem

como o sistema sanguíneo humano é formado, despertando curiosidade e maior interesse.

Além de tornar as aulas de resposta imune e de genética mais interessantes, o uso de modelos

didáticos proporciona um melhor entendimento sobre o tema (Bastos et al., 2010; Matos et

al., 2009).

5. Materiais e métodos

5.1. Materiais necessários:

Cola

Água

Papelão

Pincel

Jornal

Fita adesiva transparente

Tesoura

Papel toalha

Alfinetes coloridos de formatos e cores diferentes

Tinta guache vermelha

Verniz

5.2. Preparo do material

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O material pedagógico foi elaborado de acordo com as etapas a seguir:

Figura 1: Etapas da preparação do material didático.

1) Cortar quatro círculos de papelão (FIGURA 1-A).

2) Enrolar folhas de jornal e colá-las com fita adesiva nos círculos de

papelão. Para dar o formato arredondado da hemácia, é necessário colar o jornal dos

dois lados do papelão e deixar o meio do círculo vazio para dar o efeito côncavo da

hemácia (FIGURAS 1-B, 1-C e 1-D).

3) Após reforçar toda a estrutura com fita adesiva, aplique a técnica de

papel machê. Para isso, corte pequenos pedaços de papel toalha e misture em um

recipiente, uma parte de água para uma parte de cola. Aos poucos, cubra toda

superfície do material com um pedaço de papel utilizando o pincel umedecido com a

mistura de água e cola. Deixe secar e repita o processo até o modelo ficar firme e

resistente (FIGURAS 1-E, 1-F e 1-G).

4) Depois de seco, pinte com a tinta vermelha, envernize e coloque os

alfinetes coloridos de dois formatos diferentes. Assim, alunos com necessidades

especiais, poderão identificar os grupos sanguíneos sem maiores dificuldades

(FIGURA 2).

5.3. Sugestão de uso:

Este material didático pode auxiliar os professores de várias maneiras. Neste

trabalho, o modelo foi utilizado de forma demonstrativa. A professora selecionou dois

A

B C C

E F

G

D

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alunos para representar uma transfusão sanguínea, onde a própria turma, como forma de

exercício, decidiu o que fazer em cada tipo de transfusão apresentada (FIGURA 3).

Figura 2: Modelo didático finalizado.

O professor ou professora pode também confeccionar vários exemplares das hemácias,

então dividir a turma em grupos e oferecer exercícios para que eles possam resolver e, depois,

apresentar o resultado para toda turma, dentre outras possibilidades de aplicação do material

segundo os objetivos da atividade educativa. Dessa forma, eles poderão visualizar o que

poderá acontecer em uma transfusão equivocada e apresentar soluções, em conjunto, para os

problemas que poderão surgir.

Figura 3: Validação do modelo didático

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5.4. Análise do modelo

Para avaliar o uso do modelo didático em sala de aula, foi aplicado um

questionário diagnóstico antes e depois da apresentação do modelo e da aula sobre

Sistema ABO. Essa atividade foi desenvolvida com três turmas de 8º ano do Colégio

Estadual Agostinho Porto.

O número de alunos que responderam ao questionário foi de 67 antes de

aplicada a atividade e 66 após. O questionário distribuído antes da aula continha seis

questões, todas discursivas. Já o questionário entregue depois da aula possuía oito

questões: seis discursivas e duas objetivas. Espera-se que o número de respostas

corretas no questionário aplicado após atividade seja maior que no questionário

aplicado antes da mesma. (Apêndice 1).

6. Resultados e Discussão

Antes e após a aula sobre o sistema ABO, os alunos do 8º ano, do Colégio Estadual

Agostinho Porto, responderam um formulário diagnóstico para avaliar a eficácia do modelo

didático confeccionado.

Na primeira questão do formulário: “Quais são os tipos sanguíneos?”, apenas três

alunos não apontaram os tipos sanguíneos. Porém, o número de alunos que sabia apenas

alguns componentes do sistema ABO foi o mesmo daqueles que mencionaram todos os

componentes desse sistema. Ao analisar essa questão, observou-se que grande parte dos

alunos conhece o tipo sanguíneo A e o O e que a maioria não conhece o tipo AB (Tabela 2).

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Tabela 2: Tabela com as proporções de respostas para a primeira pergunta do questionário. Tabela A:

questionário pré-aula. Tabela B: questionário pós-aula.

Já no questionário pós-aula, as repostas à primeira questão foram satisfatórias, pois 63

alunos responderam à pergunta corretamente e, ainda, dez alunos mencionaram o fator Rh

(Tabela 2).

Na segunda questão: “Em uma transfusão sanguínea, o paciente pode receber sangue

de qualquer pessoa? Por quê?”, 62 alunos responderam, no questionário pré-aula, que o

paciente não pode receber sangue de qualquer pessoa e três alunos não responderam. Esse

resultado mostra que a maior parte dos alunos identifica que pode haver problemas durante a

transfusão de sangue, mas que não sabem explicar o porquê. A Tabela 3 apresenta as

explicações que os alunos deram justificando por que não se pode receber sangue de qualquer

doador:

Tabela 3: Justificativas utilizadas pelos alunos que respondera que o paciente não pode receber sangue

de qualquer pessoa.

Tabela A

Conhecem os grupos sanguíneos

Não Sim Parcialmente

3 alunos 32 alunos 32 alunos

Esqueceram o tipo:

A B AB O

1 aluno 11 alunos 27 alunos 3 alunos

Tabela B

Conhecem os grupos sanguíneos

Não Sim Parcialmente

1 aluno 63 alunos 2 alunos

Esqueceram o tipo:

B AB

1aluno 1 aluno

Justificativas Números de alunos

Contaminar o receptor 6

Compatibilidade 52

O receptor pode morrer 1

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Segundo a maior parte dos alunos, a doação aleatória não pode ocorrer por conta da

compatibilidade. Outro aluno, já suspeita que uma transfusão equivocada pode causar a morte

do paciente. Já seis alunos acham que esse tipo de doação pode causar uma doença no

receptor. Dada a natureza da pergunta, as justificativas estão todas corretas, ainda que os

motivos de operacionalização da reflexão sejam de naturezas diferentes, estando todos

interligados com a ideia de que há que se tomar cuidado com a compatibilidade, que

incompatibilidade pode levar a choque e que há a possibilidade de transmissão de doenças

através de sangue contaminado ou que sangues não compatíveis podem adoecer o receptor, o

que se dá, em termos gerais.

Houve também, alunos que responderam que é possível sim receber sangue de

qualquer doador, independente do tipo sanguíneo. Dois alunos associaram essa atitude com a

ajuda ao próximo, um aluno não soube justificar sua resposta e outro aluno relatou que o

paciente pode receber sangue de qualquer pessoa desde que ela seja O+ ou O

-.

Analisando essa questão após a aula (“Em uma transfusão sanguínea, o paciente pode

receber sangue de qualquer pessoa? Por quê”), foi possível constatar que a maioria dos

alunos entenderam que não é possível receber sangue de qualquer pessoa em uma transfusão

sanguínea. Porém as explicações não foram suficientemente satisfatórias e dez alunos não

souberam explicar (Tabela 4).

Tabela 4: Justificativas utilizadas pelos alunos que respondera que o paciente não pode receber sangue

de qualquer pessoa no questionário pós-aula.

Na questão três: “Qual é o tipo sanguíneo mais raro?”, as respostas a essa questão

ficaram bem dividas. Porém, 33 alunos indicaram o tipo O- como o mais raro. Alguns alunos

(11) indicaram somente o tipo O, sem mencionar se era negativo ou positivo. Esses dados

EXPLICAÇÕES NUMERO DE ALUNOS

Só com o mesmo Rh e tipo sanguíneo 3

Só com o mesmo Rh 2

Compatibilidade 37

Só pode doar para qualquer pessoa o tipo

sanguíneo O, que é doador universal, e só pode

receber de qualquer pessoa o tipo sanguíneo

AB, que é receptor universal.

14

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mostram que boa parte dos alunos reconhece o grupamento O como o mais raro. Apenas

cinco alunos não responderam a essa questão. (Tabela 5)

Já no questionário aplicado após da aula, houve uma divisão muito maior nas

respostas. 54 alunos responderam que o grupo sanguíneo mais raro era o O, porém, somente

25 indicaram o grupo O-. Somente um aluno não respondeu.

A questão quatro verificou se os alunos reconhecem qual tipo sanguíneo é considerado

o doador universal (“Qual é o tipo sanguíneo considerado o doador universal?”). A questão

não deixou claro se os alunos deveriam ou não indicar o Rh. Ela mostrou que os alunos estão

incertos quanto ao doador universal. Eles mencionaram todos os grupos sanguíneos, sendo o

grupo O o mais mencionado. Somente três alunos não responderam a essa questão (Tabela 6).

Tabela 5: Comparação das respostas à terceira questão. Tabela A: questionário pré-aula. Tabela B:

questionário pós-aula.

Já no formulário pós-aula, 62 alunos afirmaram que o doador universal é o tipo O e

somente um aluno não respondeu à questão. O resultado dessa questão foi satisfatório, pois

deixou claro que os alunos entenderam que somente o tipo sanguíneo O pode doar para

qualquer receptor.

Quando foi perguntado sobre o receptor universal (“Qual é o tipo sanguíneo

considerado o receptor universal?”), as opiniões da turma foram bem divididas. Somente

nove alunos apontaram o AB como o receptor universal. Após a aula, esse dado mudou, 59

alunos acertaram à questão e apenas um aluno não respondeu (Tabela 7).

Mais uma vez essa questão mostrou que os alunos entenderam o que foi proposto em

sala de aula, pois, apesar de não terem mencionado o fator Rh, eles identificaram o grupo

sanguíneo que pode receber sangue de qualquer pessoa.

Tabela A

A A+ B AB O O+ O-

4 alunos 3 alunos 7 alunos 8 alunos 11alunos 8 alunos 33alunos

Tabela B

A B AB O O+ O-

2 alunos 9 alunos 11 alunos 21 alunos 8 alunos 25 alunos

Page 21: PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E ...

21

Tabela 6: Resposta dos alunos indicando quem é o doador universal. Tabela A: questionário pré-aula.

Tabela B: questionário pós-aula.

Tabela B

B AB O

1 aluno 3 alunos 62 alunos

Tabela 7: Resposta dos alunos indicando quem é o receptor universal. Tabela A: questionário pré-aula.

Tabela B: questionário pós-aula.

Na sexta questão: “O fator Rh é importante na transfusão sanguínea. Explique essa

afirmativa.”, os alunos tiveram que explicar porque o fator Rh é importante em uma

transfusão sanguínea. Eles deram diversas respostas que foram enquadradas e apresentadas

em categorias na Tabela 8. Talvez por ser uma questão discursiva, 46 alunos não responderam

e 10 alunos mencionaram a compatibilidade com fator determinante em uma transfusão.

No questionário pós-aula, o número de alunos que não responderam diminuiu para 12

e 25 alunos, continuaram a mencionar a compatibilidade. Porém, cinco alunos mencionaram

duas justificativas novas, a produção de anticorpos (três alunos) e a aglutinação de hemácias

(dois alunos). Esse dado mostra que esses cinco alunos atingiram um grau maior de

entendimento, os alunos que citaram a compatibilidade também estão certos, ainda que a

resposta seja muito geral.

Tabela A

A A+ A- B B- AB AB+ AB- O O+ O-

3

alun

os

13

alun

os

2

alun

os

1

aluno

1

aluno

6

aluno

s

6

aluno

s

2

aluno

s

10

aluno

s

19

aluno

s

4

aluno

s

Tabela A

A A+ A- B B+ B- AB AB+ AB- O O+ O-

4

alunos

9

alunos

3

alunos

12

alunos

3

alunos

1

alunos

5

alunos

2

alunos

2

alunos

4

alunos

6

alunos

7

alunos

Tabela B

A A- B B+ AB O

4 alunos 1 aluno 5 alunos 1 aluno 59 alunos 1 aluno

Page 22: PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E ...

22

No segundo formulário, foram acrescentadas mais duas perguntas. Elas não podem ser

usadas para comparação, pois não estavam presentes no questionário pré-aula, mas podem ser

utilizada a título de complemento à discussão.

Tabela 8: Importância do fator Rh na transfusão sanguínea. Tabela A: questionário pré-aula. Tabela B:

questionário pós-aula.

Tabela A NÚMEROS DE ALUNOS

Não respondeu 46

Incompatibilidade 10

“Negatividade/positividade” 4

Dar nome ao sangue 3

Porque é um antígeno 1

Não contrair doença 2

Ver se a pessoa está bem ou não 1

Tabela B NÚMEROS DE ALUNOS

Não respondeu 12

Tipo raro de sangue 8

Negatividade/ positividade 16

Incompatibilidade 25

Para saber o tipo 1

Gera produção de anticorpo 3

Aglutinação de hemácias 2

Na sétima questão perguntou-se: “Uma pessoa do grupo sanguíneo A pode receber

sangue de pessoas de que grupos e doar para pessoas de que grupos?”. Como apresentado na

Tabela 9, quarenta e sete alunos acertaram o proposto. Já na oitava questão, foi sugerido um

problema: “Duas pessoas, uma do grupo sanguíneo AB e outra do grupo sanguíneo O, podem ter

apenas filhos de sangue de qual tipo sanguíneo?”. Quarenta e três alunos erraram essa questão e

somente oito alunos acertaram. Esse erro surgiu porque não foi comentado durante a aula a passagem

dessas características de pai para filho.

Page 23: PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E ...

23

Tabela 8: Importância do fator Rh na transfusão sanguínea. Tabela A: questionário pré-aula. Tabela B:

questionário pós-aula.

Tabela A NÚMEROS DE ALUNOS

Não respondeu 46

Incompatibilidade 10

“Negatividade/positividade” 4

Dar nome ao sangue 3

Porque é um antígeno 1

Não contrair doença 2

Ver se a pessoa está bem ou não 1

Tabela B NÚMEROS DE ALUNOS

Não respondeu 12

Tipo raro de sangue 8

Negatividade/ positividade 16

Incompatibilidade 25

Para saber o tipo 1

Gera produção de anticorpo 3

Aglutinação de hemácias 2

Tabela 9: Respostas da sétima e oitava questões.

7. Conclusão

O uso desses recursos promove uma aprendizagem construtivista e melhora a

percepção de assuntos abstratos através de modelos em três dimensões (Orlando et al., 2009).

Ele propõe alternativas para o professor buscar a melhor maneira de compartilhar os

conteúdos com seus alunos e facilita a comunicação entre eles (Souza et al., 2014). Além

QUESTÃO 7

Alternativas A B C D

Números de alunos 4 47 2 14

QUESTÃO 8

Alternativas A B C D

Números de alunos 13 8 3 43

Page 24: PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E ...

24

desses fatores, a construção de modelos didáticos possibilita que as aulas saiam da rotina e se

tornem mais atraentes e interessantes.

Ao analisar a primeira questão, foi possível perceber um resultado satisfatório, pois

antes da aula os alunos ainda estavam confusos com relação aos tipos sanguíneos. Essa dúvida

foi sanada após a explicação, tendo em vista que 63 deles acertaram a questão. Já na segunda

questão, os alunos estavam cientes que para que uma transfusão ocorra é necessário que haja

compatibilidade entre as partes envolvidas. Porém, eles não sabiam a razão para tal fato. Após

a aula, eles continuaram com a mesma opinião e só alguns alunos justificaram de forma

correta, citando o fator Rh e reconhecendo o doador e receptor universal.

A terceira questão gerou certa confusão nas respostas. Tanto no questionário pré e pós-

aula, as respostas ficaram muito divididas não sendo percebido um esclarecimento da mesma.

Nos dois questionários os alunos citaram o grupamento O como o mais raro, mas somente

cerca da metade dos alunos mencionaram o grupo O-. Avaliando a questão, talvez causasse

menos dúvidas se ela fosse oferecida de modo objetivo, para que os alunos respondessem de

acordo com as opções oferecidas.

As questões quatro e cinco, assim como as demais, também alcançaram o esperado.

Antes da aula havia muitas dúvidas sobre o receptor e doador universais, porém, após a aula

essas dúvidas foram esclarecidas.

A questão seis esbarra na mesma dificuldade da terceira questão. Acredita-se que por

ser uma questão discursiva e não objetiva, os alunos encontraram dificuldades para respondê-

la. Entretanto, de certa forma, alguns atingiram o esperado por mencionar o fator

compatibilidade/incompatibilidade. Houve ainda, alguns que citaram que haverá aglutinação

das hemácias caso ocorra uma transfusão equivocada.

Como mencionado anteriormente, as questões sete e oito não podem ser utilizadas

para comparação. Mas, é possível perceber, através da questão sete“Uma pessoa do grupo

sanguíneo A pode receber sangue de pessoas de que grupos e doar para pessoas de que

grupos?”, que os alunos aprenderam o que foi dado, pois 47 alunos acertaram a questão.

Com base nos resultados, podemos inferir que o uso de materiais lúdicos, como o

modelo didático, é um bom método para fixar o conteúdo. Pois, através de modelos em três

dimensões, os alunos podem visualizar e manusear o material facilitando o processo de

ensino-aprendizagem (Gomes et al., 2001; Souza et al., 2008). Porém, é preciso deixar claro

que os profissionais precisam estar preparados para atuar com esses recursos e para receber

alunos com quaisquer necessidades em seu processo de ensino aprendizagem..

Page 25: PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E ...

25

8. Referências

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SOUZA, D.C. et al. Produção de material didático-pedagógico alternativo para o ensino do conceito

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CORDE, 1994.

Page 28: PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E ...

28

Apêndices

Apêndice 1: Questionário e gabarito aplicado pré-aula.

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

C. E. AGOSTINHO PORTO.

RUA BERNARDINO, S/N – AGOSTINHO PORTO – SÃO JOÃO DE MERITI.

Aluno (a): Nº: Turma:

Questionário Diagnóstico

1. Quais são os tipos sanguíneos? A,B,AB e O

2. Em uma transfusão sanguínea, o paciente pode receber sangue de qualquer pessoa? Por quê?

Não. Problemas nas transfusões acontecem quando a membrana das hemácias do doador

possui substâncias diferentes das encontradas nas hemácias do receptor. Caso isso venha a

acontecer, pode haver uma reação chamada aglutinação. Essa é uma reação que ocorre entre as

hemácias e o plasma sanguíneo, em que as hemácias aderem uma as outras pela ação dos

anticorpos.

3. Qual é o tipo sanguíneo mais raro? O-

4. Qual é o tipo sanguíneo considerado o doador universal? O

5. Qual é o tipo sanguíneo considerado o receptor universal? AB+

6. O fator Rh é importante na transfusão sanguínea. Explique essa afirmativa.

A informação do tipo sanguíneo frequentemente é acompanhada de outra, a presença ou

ausência do fator Rh. Em uma transfusão sanguínea, o receptor não deve ter, em seu sangue,

aglutininas que reconheçam algum aglutinógeno possivelmente presente nas hemácias doador.

A regra, no caso do fator Rh, é que as hemácias Rh+ não sejam transfundidas para pacientes

Rh-.

Page 29: PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E ...

29

Apêndice 2: Questionário e gabarito aplicado pós-aula.

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

C. E. AGOSTINHO PORTO.

RUA BERNARDINO, S/N – AGOSTINHO PORTO – SÃO JOÃO DE MERITI.

Aluno (a): Nº: Turma:

Questionário Diagnóstico

7. Quais são os tipos sanguíneos? A,B,AB e O

8. Em uma transfusão sanguínea, o paciente pode receber sangue de qualquer pessoa? Por quê?

Não. Problemas nas transfusões acontecem quando a membrana das hemácias do doador

possui substâncias diferentes das encontradas nas hemácias do receptor. Caso isso venha a

acontecer, pode haver uma reação chamada aglutinação. Essa é uma reação que ocorre entre as

hemácias e o plasma sanguíneo, em que as hemácias aderem uma as outras pela ação dos

anticorpos.

9. Qual é o tipo sanguíneo mais raro? O-

10. Qual é o tipo sanguíneo considerado o doador universal? O

11. Qual é o tipo sanguíneo considerado o receptor universal? AB+

12. O fator Rh é importante na transfusão sanguínea. Explique essa afirmativa.

A informação do tipo sanguíneo frequentemente é acompanhada de outra, a presença ou

ausência do fator Rh. Em uma transfusão sanguínea, o receptor não deve ter, em seu sangue,

aglutininas que reconheçam algum aglutinógeno possivelmente presente nas hemácias doador.

A regra, no caso do fator Rh, é que as hemácias Rh+ não sejam transfundidas para pacientes

Rh-.

13. Uma pessoa do grupo sanguíneo A pode receber sangue de pessoas de que grupos e doar para

pessoas de que grupos?

a) Pode receber de A, B, AB e O, e doar apenas para AB.

b) Pode receber de A e O, e doar para A e AB.

c) Pode receber de B e O, e doar pra B e AB.

d) Pode receber apenas de O, e doar para A, B, AB e O.

14. Duas pessoas, uma do grupo sanguíneo AB e outra do grupo sanguíneo O, podem ter apenas

filhos de sangue do tipo:

a) AB

b) A e B

c) O

d) A, B e O