Praradigma Eclético e Upsala

14
1 Integrando as Abordagens de Uppsala e do Paradigma Eclético: um modelo econométrico Autoria: Rodolfo Coelho Prates, Zandra Balbinot Resumo O presente trabalho propõe estabelecer uma integração teórica entre duas das principais abordagens de internacionalização: a abordagem processual e a abordagem econômica. Para tal, escolheu-se seus maiores representantes, ou seja, a Escola de Uppsala e o modelo desenvolvido por Johanson e Vahlne (1977) para a primeira abordagem; e para a segunda, o Paradigma Eclético elaborado por Dunning (1977). Parte-se da premissa de que ambas as teorias são complementares, e não substitutas, e, portanto, passíveis de integração. Acredita-se que, conforme defendido pela Escola de Uppsala, em um primeiro momento a empresa inicia suas atividades pelos mercados de menor distância psíquica, contudo, face a um conjunto de mercados próximos, a escolha final do mercado-alvo se dá através do Paradigma Eclético. O resultado da integração é a construção de uma equação matemática que combina as duas teorias. Para testar a validade da equação, foi construído um modelo empírico simplificado de regressão por meio de dados em painel, tomando como base os investimentos diretos brasileiros nos países das três Américas. Oito variáveis fazem parte do modelo. Dessa variáveis, três estão associadas à distância psíquica e são chamadas de minimizadoras (CONT, LINGUA, DIST) e cinco estão associadas à maximização do resultado (TERR, POP, PIB, EXP, IMP). Contrário às expectativas, a variável PIB mostrou um comportamento inverso. Isto é, no caso das multinacionais brasileiras, quanto menor o PIB dos países, maior será a média de investimento. Levando em consideração as explicações de Dunning (2000) sobre as vantagens de propriedade, esse fato pode ser explicado pelo nível de competitividade global intermediário das empresas brasileiras. Nesse sentido, elas buscariam se internacionalizar para países cujas estruturas produtivas ainda não estariam consolidadas, encontrando dessa forma um mercado onde tais empresas poderiam ser competitivas sem necessariamente realizar algum tipo de mudança tecnológica. A variável POP, que capta as dimensões do mercado, mostrou-se significativa estatisticamente, evidenciando que os investimentos externos brasileiros caminham para países populosos. Porém, se analisadas PIB e POP em conjunto pode-se dizer que há evidências de que a matriz dos investimentos diretos brasileiros está assentada em países com renda per capita baixa. Acredita-se que o teste empírico do modelo revelou a possibilidade de uma integração possível entre as duas teorias de internacionalização. Tal modelo poderá ser grande valia para empresas que desejam se internacionalizar, pois através da integração dessas abordagens, as empresas poderão traçar cenários estrategicamente melhor estruturados possibilitando obter uma internacionalização de maior sucesso.

description

escopa da Upsala

Transcript of Praradigma Eclético e Upsala

Page 1: Praradigma Eclético e Upsala

 

1  

Integrando as Abordagens de Uppsala e do Paradigma Eclético: um modelo econométrico

Autoria: Rodolfo Coelho Prates, Zandra Balbinot

Resumo O presente trabalho propõe estabelecer uma integração teórica entre duas das principais abordagens de internacionalização: a abordagem processual e a abordagem econômica. Para tal, escolheu-se seus maiores representantes, ou seja, a Escola de Uppsala e o modelo desenvolvido por Johanson e Vahlne (1977) para a primeira abordagem; e para a segunda, o Paradigma Eclético elaborado por Dunning (1977). Parte-se da premissa de que ambas as teorias são complementares, e não substitutas, e, portanto, passíveis de integração. Acredita-se que, conforme defendido pela Escola de Uppsala, em um primeiro momento a empresa inicia suas atividades pelos mercados de menor distância psíquica, contudo, face a um conjunto de mercados próximos, a escolha final do mercado-alvo se dá através do Paradigma Eclético. O resultado da integração é a construção de uma equação matemática que combina as duas teorias. Para testar a validade da equação, foi construído um modelo empírico simplificado de regressão por meio de dados em painel, tomando como base os investimentos diretos brasileiros nos países das três Américas. Oito variáveis fazem parte do modelo. Dessa variáveis, três estão associadas à distância psíquica e são chamadas de minimizadoras (CONT, LINGUA, DIST) e cinco estão associadas à maximização do resultado (TERR, POP, PIB, EXP, IMP). Contrário às expectativas, a variável PIB mostrou um comportamento inverso. Isto é, no caso das multinacionais brasileiras, quanto menor o PIB dos países, maior será a média de investimento. Levando em consideração as explicações de Dunning (2000) sobre as vantagens de propriedade, esse fato pode ser explicado pelo nível de competitividade global intermediário das empresas brasileiras. Nesse sentido, elas buscariam se internacionalizar para países cujas estruturas produtivas ainda não estariam consolidadas, encontrando dessa forma um mercado onde tais empresas poderiam ser competitivas sem necessariamente realizar algum tipo de mudança tecnológica. A variável POP, que capta as dimensões do mercado, mostrou-se significativa estatisticamente, evidenciando que os investimentos externos brasileiros caminham para países populosos. Porém, se analisadas PIB e POP em conjunto pode-se dizer que há evidências de que a matriz dos investimentos diretos brasileiros está assentada em países com renda per capita baixa. Acredita-se que o teste empírico do modelo revelou a possibilidade de uma integração possível entre as duas teorias de internacionalização. Tal modelo poderá ser grande valia para empresas que desejam se internacionalizar, pois através da integração dessas abordagens, as empresas poderão traçar cenários estrategicamente melhor estruturados possibilitando obter uma internacionalização de maior sucesso.

Page 2: Praradigma Eclético e Upsala

 

2  

INTRODUÇÃO As primeiras discussões teóricas sobre comércio internacional datam do século XVI e

XVII, durante o período do mercantilismo. Com a intensificação das trocas entre países diferentes autorespassaram a estudo o fenômeno das trocas internacionais sobre o ponto de vista das vantagens comparativas dos países associadas aos recursos presentes em cada localização (Smith, 1776; Ricardo, Heckscher, Ohlin, ). Após a Segunda Guerra Mundial, houve um intenso avanço da internacionalização de empresas. A magnitude dos recursos, os valores transacionados, e o poder que as empresas adquiriram levaram diferentes autores a desenvolver pesquisas que pudessem interpretar especificamente o fenômeno da internacionalização que assumia proporções crescentes, tanto de magnitude quanto em importância.

Os estudos têm abordado diferentes facetas da internacionalização das empresas, podendo ser divididos em teorias voltadas para o investimento direto no exterior (IDE) e aquelas mais direcionadas ao estudo da dinâmica da internacionalização (Laanti, McDougall & Baume, 2009). Pode-se mencionar uma diversidade muito extensa de temas e teorias, como, por exemplo, de um lado, a teoria do ciclo de vida do produto (Vernon, 1966), a teoria dos custos de transação (Williamson, 1975; Reid, 1983), a teoria da internalização (Buckley & Casson, 1976, 1998), o Paradigma Eclético (Dunning, 1977); de outro, o processo de internacionalização e a distância psíquica da Escola Nórdica (Johanson & Vahlne, 1977), a entrada das empresas nos mercados externos por estágios (Bilkey & Tesar, 1977; Cavusgil, 1980), as redes de relacionamentos (Johanson & Mattsson, 1987), e, mais recentemente, questões relacionadas ao empreendedorismo internacional (Oviat & Mcdougall, 1994; Jones & Coviello, 2005; Johanson & Vahlne, 2006; Welch & Welch, 2009).

Um olhar um pouco mais global sobre esses trabalhos revela a multiplicidade de temas sobre o mesmo objeto, sem contar, os estudos que correlacionam a internacionalização com outros temas, como o isomorfismo – dentro da teoria institucional (Davis, Desai & Francis, 2000), a transferência de conhecimento (Kotabe, Dunlap-Hinkler, Parente, & Mashra, 2007) e a aliança estratégica (Robson, Paparoidamis, & Ginoglou, 2005), por exemplo.

A multiplicidade de temas e correlações revelam a complexidade intrínseca desse objeto de estudo, pois ele pode (e deve) ser analisado por diferentes primas teóricos e metodológicos. No entanto, em algum momento no avançar dos estudos surge a necessidade de repensar as diferentes linhas, com o propósito de sedimentá-las, sistematizá-las e integrá-las. Essa tarefa se justifica por possibilitar que o avanço teórico se torne mais compreensível, seguro e robusto, além de permitir uma escala de compreensão mais ampla. Percebe-se que vários esforços vêm sendo realizados na busca dessa integração. Dunning foi o primeiro a experimentar um diálogo amplo e conciliador entre as diversas teorias, utilizando como lente de integração o Paradigma Eclético (Dunning, 2000). No Brasil, recentemente, Rezende e Versiani procuraram mostrar duas perspectivas presents dentro da abordagem processual (2010).

Contudo, apesar de alguns esforços realizados pela literatura, a integração parece sempre passar pela dominação de uma abordagem sobre a outra. Claramente, de forma brilhante, Dunning (2000) encontra um espaço para a abordagem processual, porém, restrita a seu Paradigma Eclético. Nesse sentido, entendendo que as teorias de internacionalização são complementares entre si, no processo de decisão da internacionalização das atividades de uma empresa, o presente trabalho busca, através de um modelo econométrico, conciliar os dois lados da moeda, ou seja, a abordagem econômica, vista pelo Paradigma Eclético (Dunning, 1977), e a abordagem processual, enquanto discussão voltada para a distância psíquica tal como analisada por Johanson e Vahlne (1977).

Page 3: Praradigma Eclético e Upsala

 

3  

A justificativa maior dessa pesquisa reside no fato de que juntas, as abordagens de internacionalização, devam convergir em uma teoria com poder de explicação maior do que quando isoladas.

O artigo está estruturado em quatro partes, além desta introdução. A primeira delas apresenta uma revisão da literatura a respeito das teorias de internacionalização, abordando elementos comuns e díspares entre elas. A segunda tece as bases para a integração entre as duas teorias de internacionalização. A terceira apresenta um teste empírico para validar o modelo e seus resultados e a quarta tece algumas considerações finais.

ABORDAGENS DE INTERNACIONALIZAÇÃO De acordo com Andersen (1993), podemos dividir a discussão sobre

internacionalização em duas abordagens principais. A primeira, baseada no processo de internacionalização das empresas, debatida sobretudo nos seus primórdios pelos pesquisadores suecos da Universidade de Uppsala, baseado nos estudos de caso de Johanson e Weidersheim-Paul (1975) e consolidados no artigo de Johanson e Vahlne (1977). A segunda abordagem desenvolvida pelos economistas da Escola de Reading, na Inglaterra, que estudavam a motivação dos fluxos de IDE realizados pelas empresas (Dunning, 1977, 1999; Buckley & Casson, 1976; Rugman, 1981).

Com base nos trabalhos originais e nos avanços posteriores que os próprios autores realizaram, serão apresentadas a seguir as características principais dessas duas correntes de internacionalização que constituem o objeto desse estudo e, especificamente, as duas teorias que servem de base para a integração proposta por esse trabalho: a Escola de Uppsala de Johanson e Vahlne e o Paradigma Eclético de Dunning.

ESCOLA DE UPPSALA

A abordagem processual defendida pela Escola Nórdica vê a internacionalização sob uma perspectiva comportamental, onde a empresa deveria fazer uma escolha entre o controle pretendido em suas atividades internacionais em prol do grau de compromentimento nessas mesmas atividades.

Na realidade, esse comportamento seria definido por duas variáveis, vindas de diferentes teorias. Uma do campo organizacional, defendida por Herbert Simon (1945) que argumenta que o homem não possui acesso a todas as informações, fazendo com que ele não possa tomar a melhor decisão, visto possuir uma racionalidade limitada. Esse argumento dá origem ao conceito de distância psíquica. A distância estaria ligada às incertezas associadas às diferenças entre países em termos de língua, cultura, educação e práticas de negócio, por exemplo. Logo, o executivo teria tendência a primeiramente internacionalizar seus negócios para regiões onde ele pudesse minimizar as incertezas, isto é, localidades de menor disância psíquica.

Outro argumento que levaria as empresas a se internacionalizarem a regiões de menor distância psíquica está relacionado aos recursos pertencentes a essa organização. Como discutido por Penrose (1995), a empresa deve avaliar onde estão suas competências e de quais recursos dispõe. Ou seja, uma localidade de menor distância psíquica, em teoria, teria a tendência a também ver competências de sucesso daquela organização nesse novo mercado. Por outro lado, a fim de minimizar as perdas em uma operação de menor certeza que a local, nada melhor do que comprometer o mínimo de recursos possível em um primeiro momento. Nascendo desse forma, toda a discussão da entrada progressiva nos mercados internacionais (Bilkey & Tesar, 1977; Cavusgil, 1980; Reid, 1983), partindo de um movimento do país de menor para o de maior distância psíquica, utilizando como modo de entrada aquele que necessitaria o menor comprometimento de recursos progredindo até o IDE.

Page 4: Praradigma Eclético e Upsala

 

4  

Ao elaborar a teoria, os autores propõem um modelo dinâmico de “ajustes incrementais da empresa com o ambiente” (Johanson e Vahlne, 1977, p. 26), em que o incremento da internacionalização depende do próprio estado de internacionalização no qual a empresa se encontra. Ou seja, nesse momento inicial a empresa avança suas atividades no mercado estrangeiro por meio do ingresso em países cuja estrutura funcional do mercado seja a mais similar em relação ao seu país de origem. Além disso, nesse momento, ela compromete parcialmente seus recursos (pequeno comprometimento). Conforme adquire conhecimento e experiência, acentua seu comprometimento com o país, o que lhe gera condições materiais e de conhecimento para avançar em outros países.

É interessante verificar no discurso da Escola de Uppsala que, apesar dos autores rejeitarem que as empresas visam executar uma estratégia otimizadora de comparar e valorar os diferentes recursos que podem ser explorados nos países estrangeiros, eles aceitam que as empresas, no longo prazo, aspiram por lucros crescentes e pela diminuição dos riscos.

Esse aspecto é particularmente importante para os propósitos do presente trabalho, pois a aspiração por lucros crescentes e pela redução dos riscos ressalta implicitamente o caráter otimizador da empresa. A opção pelo mercado estrangeiro deve necessariamente gerar oportunidades de lucros que não seriam obtidos caso ela se restringisse ao seu próprio mercado doméstico. Como inicialmente o mercado estrangeiro se constitui em uma espécie de enigma, dado o distanciamento psíquico, sua inserção é gradual, dado que a falta de conhecimento de operações externas geram riscos à empresa.

PARADIGMA ECLÉTICO

A abordagem econômica baseia-se na ideia de que a decisão é racional e as empresas buscam a maximização de resultados. Primeiramente, Ricardo mostrou que as atividades internacionais eram movidas pelas vantagens encontradas em um país em relação a outro (1817/2001). Nesse sentido, Rugman (1981) mostra que a atividade internacional ocorre, na realidade, devido às imperfeições do mercado, onde, a partir disso, as empresas tentam maximizar seus ganhos graças às vantagens obtidas devido a localizações diferenciadas. Aliada a essa discussão, Williamson (1975) e Buckley e Casson (1976) trazem outro ponto importante na decisão da localização: a questão do fazer ou comprar expresso pela teoria dos custos de transação e da internalização.

Diante de todas essas discussões isoladas, Dunning (1977) introduz uma teoria para conciliar as diferentes questões relacionadas à internacionalização das empresas: o Paradigma Eclético. Segundo Dunning (1977), uma empresa irá abrir uma subsidiária no exterior se necessariamente três condições são satisfeitas. A primeira delas diz respeito à condição que a empresa se encontra frente a outras empresas em relação aos seus ativos. A isso, Dunning denomina de vantagem de propriedade (O – Ownership Advantage), que é expresso pela posse de ativos intangíveis ou outras vantagens de governança que a empresa possui.

Se a primeira condição for satisfeita, deve ser mais benéfico para a empresa usar suas vantagens do que permitir, por meio de qualquer mecanismo de transferência, que outras empresas estrangeiras as utilizem. Dessa forma, a empresa deve internalizar (I – Internalization Advantages) essa atividade. E, assumindo que as duas condições anteriores foram atendidas, deve ser de interesse da empresa combinar suas vantagens com os fatores locacionais de produção de países estrangeiros (L – Localization Advantages). E isso se dará por meio de IDE.

Dunning (2000) mostrou que os motivos para internacionalização podem ser definidos em quatro categorias: (1) procura por mercado; (2) procura por recursos (naturais, mão-de-obra, entre outros); (3) procura por racionalização ou eficiência das atividades, e (4) procura de vantagens estratégicas.

Page 5: Praradigma Eclético e Upsala

 

5  

Da forma como Dunning (1977, 1988) construiu a teoria do Paradigma Eclético, ela se tornou uma teoria específica para um caso particular do processo de internacionalização, pois ela trata tão somente dos fatores que orientam uma empresa a realizar investimentos diretos em países estrangeiros. Assim, os elementos Propriedade, Localização e Internalização são complementares entre si, visto que a ausência de um deles inviabiliza a internacionalização. No entanto, os elementos isolados da teoria do Paradigma Eclético fornecem respaldo teórico para compreender outros tipos de internacionalização que não seja tão somente o IDE, como as exportações e as licenças, por exemplo.

O único elemento imprescindível para a internacionalização é a vantagem de propriedade, sem ela, não há razão que torne viável qualquer atividade em mercados estrangeiros. De posse dessa vantagem, a empresa pode estabelecer licenças para que empresas em mercados estrangeiros operem em seus mercados. E caso a empresa julgue mais vantajoso internalizar as operações, ela pode adotar a forma de exportações.

PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO TEÓRICA Segundo a Escola de Uppsala, dois são seus pressupostos principais. Primeiro, a

empresa inicia suas atividades no mercado estrangeiro por meio do ingresso em países cuja estrutura funcional do mercado seja a mais similar em relação ao seu país de origem (menor distância psíquica). Segundo, ela compromete o mínimo possível de seus recursos nessa atividade. Conforme adquire conhecimento e experiência, avança para outros países de maior distância psíquica. De acordo com seus principais autores, a internacionalização da empresa visa obter oportunidades de acesso a lucros crescentes, mesmo sendo aversa ao risco (Johanson & Vahlne, 1977).

Dessa forma, pode-se dizer que, conforme a abordagem Uppsaliana, é possível afirmar que no processo de internacionalização, a empresa não age com base no acaso, ou seja, não inicia suas atividades em qualquer mercado internacional. Para minimizar os riscos, ela bem sabe que deve começar por países mais próximos culturalmente (menor distância psíquica), pois os mecanismos de transação lhe são familiares.

De acordo com a abordagem processual, a empresa inicia a internacionalização por meio de operações simples. Isto é, modos de entrada que impliquem no menor comprometimento possível de recursos, a exemplo de exportações esporádicas, para países cuja distância psíquica seja pequena. Definido, então, o tipo de operação, a empresa deve conhecer a distância psíquica dos países, independente da distância geográfica. Para isso, a empresa deve ordenar os países restantes de acordo com a distância psíquica e iniciar a internacionalização pelo país cuja distância psíquica é a menor. Pode-se entender, dessa forma, que a empresa inicia as operações internacionais com base no critério da minimização da distância psíquica, pois dessa forma ela também minimiza os seus riscos.

A racionalidade limitada somada à incerteza e à dificuldade de mensurar plenamente elementos culturais e psicológicos, quer seja por meio de critérios quantitativos, qualitativos ou por uma combinação deles, torna difícil a ordenação completa e consequente construção de um vetor dos países com base na distância psíquica. Se uma ordenação precisa é praticamente impossível de ser realizada, decorrente da limitação imposta por aspectos práticos, essa limitação não impede a possibilidade de construir conjuntos de países , os quais mantenham entre si a distância cultural do país de referência. Assim, assume-se que não há diferenças entre os países que se encontram no mesmo conjunto, e todos eles apresentam a mesma distância psíquica com relação ao país de origem da empresa. Dessa forma, o conjunto

de países deve ser fechado e único, seus elementos devem ser indiferentes entre si e não

Page 6: Praradigma Eclético e Upsala

 

6  

pode existir sub-conjuntos de de tal forma que eles possam ser novamente ordenados pelo critério da distância psíquica.

Supondo que pelo critério de minimização, o conjunto seja o que apresente países com a menor distância psíquica. Assim, a empresa deve iniciar suas atividades internacionais por algum país pertencente ao o conjunto , mas por qual dos países pertencentes a ? A elaboração dos conjuntos e sua ordenação tornam mais simples o critério de escolha da empresa. No entanto, o nível de escolha não é mais o país e sim um conjunto. Se, com base na distância psíquica, todos os países dentro do conjunto resultante da estratégia são indiferentes à empresa, ela ainda necessita de um segundo critério de escolha.

Escolhido o conjunto , a estratégia da empresa consiste agora em escolher o país que lhe conceda o maior nível de vantagens, independente do tipo de internacionalização a que a empresa se propõe. Portanto, mesmo assumindo a racionalidade limitada e fatores de incerteza atrelados às operações internacionais, a empresa está interessada em maximizar algum critério que justifique sua inserção nos mercados internacionais.

Muitos elementos orientam as vantagens para uma empresa se inserir no mercado internacional, mas de forma pragmática, ela está interessada em encontrar um país no qual tais vantagens possam ser concretizadas. Tomando como base o nível mais elementar de internacionalização, a exportação, um dos critérios de escolha da empresa pode ser, por exemplo, verificar aquele que possui o maior mercado para onde ela possa escoar sua produção. A dimensão do mercado, nesse caso, está tanto relacionada com a população quanto com o nível de renda. Dessa forma, o critério da empresa é verificar qual grupo de países, dentre o conjunto , possui a maior combinação desses elementos.

Quando se depara com esse problema, o Paradigma Eclético passa a orientar as decisões da empresa pelo critério das vantagens OLI (Propriedade, Localização e Internalização). Do ponto de vista da empresa, os países se distinguem entre si pela intensidade das vantagens. Como não há uma unidade básica de referência, só faz sentido quando se estabelece comparações entre os países, tomando como critério a capacidade que eles têm em oferecer tais vantagens.

Sendo e dois países quaisquer, se , a vantagem que o país oferece em relação à Localização ( ) à empresa é maior do que o país . Portanto, a empresa escolherá o país para sua atividade internacional. Caso o interesse da empresa estiver voltado em uma combinação entre vantagens, a empresa poderá compor um índice ponderado para cada país na forma , em que os elementos constitutivos do índice representam propriedade, localização e internalização. No caso do investimento direto externo, há a necessidade da combinação dos três tipos de vantagens (DUNNING, 1988). Dessa forma, é possível dizer que, de forma geral, a empresa está interessada em maximizar as vantagens que pode obter ao se internacionalizar. Logo, a estratégia consiste em .

De forma combinada, integrando a visão da Escola de Uppsala e do Paradigma Eclético, a estratégia de internacionalização (EI) da empresa pode ser definida como:

(1) Dado que a maximização e a minimização são operações inversas, a equação (1) pode

ser reescrita como: (2)

As equações 1 e 2 são igualmente obtidas estabelecendo um procedimento inverso: se

dois países oferecem o mesmo conjunto de vantagens quando a empresa se internacionaliza,

Page 7: Praradigma Eclético e Upsala

 

7  

qual deles oferece as melhores condições de acesso? Assim, a estratégia de internacionalização da empresa se torna:

(3) Portanto, é possível afirmar que:

(4) Como é possível observar pelo conjunto de equações, aparentemente os critérios de

escolha são tomados simultaneamente, pois não há uma relação intertemporal clara. No entanto, isso não impede que a trajetória de internacionalização seja seqüencial, ou seja, que ela primeiro escolha os países pelo critério da distância psíquica (ou das vantagens obtidas) e na sequencia pelo critério das vantagens obtidas (ou da distância psíquica). A dinamicidade está relacionada ao fato de que para cada passo que a empresa execute, ela deve adotar uma nova estratégia minmax, quer seja para ampliar a intensidade das relações que já estão estabelecidas com um determinado país, quer seja para expandir em outros países.

Pelas equações 1 e 2, é possível perceber que a empresa escolhe uma estratégia conjunta entre as vantagens e as condições de acesso quando opta pelo ingresso em mercados internacionais. A a estratégia de internacionalização pode ser explicada com base em elementos que representam a distância psíquica e as vantagens OLI. Ou seja, as ações estratégicas da empresa operam simultaneamente entre a minimização e a maximização.

TESTE EMPÍRICO

Com o propósito de validar a equação 1, foi construído um modelo sintético (equação 5) visando captar os diversos elementos que servem de mensuração para as empresas detectarem as vantagens que cada país pode oferecer. As variáveis do modelo e seus detalhamentos são apresentados na Tabela 1.

(5) Em que t =32 (os países que compõem os três continentes americanos, com exceção

do Brasil) e i=2001, ..., 2006. Tabela 1: Variáveis de Integração das Abordagens Variável Representação Critério Fonte ID Investimento Direto

Brasileiro - Variável de interesse

Banco Central do Brasil

TERR Área Territorial Maximização FMI POP População Maximização FMI PIB Renda Maximização FMI EXP Exportações (FOB) Maximização Banco Central do Brasil IMP Importações (FOB) Maximização Banco Central do Brasil CONT Contiguidade

Territorial Minimização Construção do autor

LINGUA Penetração Linguística

Minimização Construção do autor

DIST Distância entre as capitais

Minimização CEPII

Page 8: Praradigma Eclético e Upsala

 

8  

As variáveis presentes na Tabela 1 são assim definidas. TERR está associada à quantidade de recursos presents na região. Acredita-se que quanto maior a extensão territorial, maior será a probabilidade dessa região possuir vantagens associadas a recursos. POP e PIB buscam mensurar o tamanho do Mercado através do tamanho da população e da sua renda para consume. EXP e IMP representam a entrada e saída de capital. A variável CONT expressa vizinhança, ou seja, se dois países têm fronteira comum. Dos países da América do Sul, o Brasil só não tem vizinhança com 3 deles. Para a variável LINGUA, foi utilizado o critério de proximidade linguística (mesma língua = 0; língua próxima = 1; língua distante = 2; língua muito distante = 3). A grande maioria dos países dos três continentes americanos tem como língua materna o espanhol, que foi julgada próxima da língua portuguesa, portanto, para esses países foram atribuídos o valor 1. DIST mensura a distância entre as capitais, considerando que quanto menor a distância, menor deve ser a distância psíquica. Vale ressaltar que as variáveis TERR, POP, PIB, EXP e IMP estão relacionadas com as vantagens que uma empresa pode obter no exterior. E as variáveis CONT, LINGUA e DIST são as proxies para mensurar a distância psíquica.

Para verificar empiricamente a aderência da teoria proposta, representada por uma equação, levando em consideração o conjunto de variáveis e também os tipos de dados relacionados à ela, a abordagem pertinente é utilizar modelos econométricos que exploram as características cross-section ao longo do tempo, ou seja, o modelo de painel de dados. Uma das vantagens desse modelo é possibilitar “ao pesquisador investigar efeitos econômicos que não podem ser identificados apenas com o uso de dados em corte transversal ou apenas com o uso de séries temporais” (Pindyck & Rubinfeld, 2004, p. 288). Utilizando a notação matricial, como proposto por Baum (2006), a estrutura básica do modelo de regressão que utiliza painel de dados é:

(6)

em que: yit é a variável endógena referente ao país i no ano t. Existem K variáveis exógenas em xit, não incluindo o termo constante. A heterogeneidade, ou também chamado efeito individual, é representada por zi'δ, sendo que zi contém um termo constante e um conjunto de variáveis específicas de cada unidade cross-section, as quais podem ser observadas ou não observadas.

O erro ui é ou não correlacionado com os regressores xit e zi. Se o erro ui for não correlacionado com os regressores, está-se diante do modelo de Efeito Aleatório, mas se ui é correlacionado com os regressores, então o modelo é de Efeito Fixo. O significado do termo Efeito Aleatório se deve ao fato de que quando ui não está correlacionado com os regressores do modelo, o efeito individual é simplesmente parametrizado como um distúrbio aleatório adicional.

Para testar a pertinência dos modelos, são utilizados os testes F de Chow, do Multiplicador de Lagrange, desenvolvido por Breusch e Pagan, e de Hausman (Greene, 2003). O teste F de Chow verifica se todos os termos constantes da regressão são zero, portanto, testa a ausência dos efeitos individuais. Dessa forma, a melhor estimativa é pelo modelo de regressão Pooled.

O teste do Multiplicador de Lagrange avalia a hipótese de que a variância dos resíduos que refletem diferenças individuais é igual a zero. Se essa hipótese for rejeitada, o modelo de Efeitos Aleatórios será preferível ao modelo Pooled.

Já o teste de Hausman verifica se a hipótese de que os efeitos individuais não observáveis são correlacionados com as variáveis explanatórias do modelo, ou seja, ele testa a ortogonalidade entre o Efeito Aleatório e as variáveis explicativas do modelo. A não rejeição dessa hipótese indica que o estimador de Efeitos Fixos deve ser preferido.

Page 9: Praradigma Eclético e Upsala

 

9  

RESULTADOS De forma geral, no período compreendido entre 2001 e 2006, os dados dos

Investimentos Diretos do Brasil no Exterior (ver Figura 1) não apresentam tendência ou mesmo ciclo. Estabelecendo uma divisão entre anos ímpares e pares, é possível observar que há uma ligeira tendência de queda dos investimentos nos anos pares, enquanto que, curiosamente, nos anos ímpares essa tendência é de crescimento acentuado. No ano de 2005 é possível observar que houve um aumento significativo dos valores investidos, superando em mais de 100% os valores do ano de 2003. E no ano seguinte, 2006, o investimento foi o mais modesto de todo o período, contrastando, uma grande ruptura nesses dois últimos anos.

Figura 1. Evolução do Investimento Direto Brasileiro (US$ milhões) Nota Fonte: Banco Central do Brasil (2010). Investimento Estrangeiro Direto. Recuperado em 10 março, 2010, de http://www.bcb.gov.br/rex/IED/Port/ingressos/htms/index2.asp?idpai=invedir

Diante dos modelos de regressão que existem para dados em painel, é pertinente testar

qual dos modelos é o mais eficiente (ver parte inferior da Tabela 2). O resultado do teste F de Chow é significativo, isso mostra que o modelo de regressão de Efeito Fixo é preferível ao modelo de regressão Pooled. O mesmo é válido para o modelo de Efeito Aleatório, pois o teste de Breush e Pagan também foi significativo. E o teste de Hausman, por não ser significativo, mostra que o modelo de Efeito Fixo é preferível ao de Efeito Aleatório. Dessa forma, as análises a seguir tomarão como base o modelo de regressão de Efeito Fixo. Vale também ressaltar que o R2 ajustado também é elevado, evidenciando que o modelo tem boa capacidade de explicação e de previsão.

De forma geral, as variáveis incluídas no modelo se mostraram significativas estatisticamente. A única exceção foi a variável TERR. A inclusão dela no modelo se justifica pelo fato de que quanto maior a área territorial de um país, maior é a possibilidade de ali conter recursos naturais que estimulem a exploração (vantagem de localização) de empresas estrangeiras. No entanto, para os investimentos diretos brasileiros esse não é um fator relevante. Isso pode estar relacionado com o fato do próprio Brasil ser um país de grande dimensão territorial e com elevada disponibilidade de recursos naturais. Isso faz com que as empresas nacionais não precisem se internacionalizar para poder explorar tais recursos.

A inclusão da variável PIB no modelo se deve ao fato dela captar a dimensão do mercado. Pressupõe-se que mercados mais desenvolvidos e estruturados oferecem maiores oportunidades para investimentos diretos (Chesnay, 1996). No modelo estimado, essa variável é significativa estatisticamente, no entanto, o seu sinal contraria o esperado. Isso mostra que para o caso das multinacionais brasileiras, quanto menor o PIB dos países, maior será a média

Page 10: Praradigma Eclético e Upsala

 

10  

de investimento. Esse fato levanta a possibilidade de que as empresas brasileiras, decorrente de que estão em um nível de competitividade global intermediário, buscam por países cujas estruturas produtivas ainda não estão consolidadas, pois a opção para países mais estruturados acarretaria na anulação de suas vantagens de propriedade.

Da mesma forma que a variável PIB, a variável POP capta as dimensões do mercado. Ela se mostrou significativa estatisticamente, evidenciando que os investimentos externos brasileiros caminham para países populosos. No entanto, associando com a variável PIB, há evidências de que a matriz dos investimentos diretos brasileiros está assentada em países com renda per capita baixa, reforçando o resultado da variável PIB.

Tabela 2 Resultados do Modelo de Regressão Para os Investimentos Diretos Brasileiros nas Américas

Modelo de Regressão Variáveis Explicativas Regressão Pooled Efeito Fixo Efeito Aleatório

POP 87,6380** (8,61)

91,7408*** (8,61)

90,4188*** (7,11)

PIB -1,09E+10*** (-5,57)

-1,19E+10*** (-6,07)

-1,13E+10*** (-5,87)

TERR 371,3287* (1,95)

388,3713 (0,90)

367,723 (0,95)

EXP 8,41E+09*** (6,25)

9,20E+09*** (5,98)

8,90E+09*** (6,09)

IMP 2,07E+10** (2,76)

1,87E+10** (2,26)

2,01E+10** (2,15)

CONT 5,016E+09* (1,79)

4,96E+09* (1,82)

5,15E+09* (2,01)

LINGUA Sem estimativa Sem estimativa Sem estimativa

DIST 4157485*** (4,01)

4391531*** (3,83)

4256731*** (3,52)

Constante -7,53E+10*** (-5,71)

-6,77E+10*** (-5,42)

-6,01E+10*** (-5,29)

Observações 192 192 192

R2 ajustado 0,7991 0,8105 0,8002

Test F (Chow) 118,32***

Teste de Breush e Pagan 53,79*** Teste de Hausman 0,71

Nota. Entre parênteses, estatística t de Student *valores significativos p < 0.1; ** valores muito significativos p < .05; valores altamente significativos p < .001

Tanto a variável EXP quanto IMP mostram as relações comerciais já consolidadas que

as empresas brasileiras têm com os demais países. Ambas se mostraram significativas estatisticamente, sendo que EXP a 1% e IMP a 5%. Dessa forma as exportações e importações mostram que o contato com outros países é significativamente importante para a realização do investimento direto. Particularmente sobre as exportações, pode-se afirmar, com certa confiança, que ela representa, para o caso brasileiro, uma fase anterior do investimento direto. Dessa forma, o investimento direto é o mecanismo para internalizar a operação internacional que a empresa já executava por meios mais simples.

A variável CONT representa a proximidade imediata com outros países. Por ser significativa estatisticamente, ela diz que quanto maior a vizinhança, menor a distância psíquica e maior também o nível de investimento direto. Esse resultado também é captado pela variável DIST, que mensura a distância geográfica entre as capitais. Dessa forma, quanto

Page 11: Praradigma Eclético e Upsala

 

11  

menor for a distância entre capitais, o que presume menor distância psíquica, maior serão os investimentos.

Além das duas variáveis anteriores que mensuram a distância cultural, o modelo inclui a variável LINGUA, que representa a proximidade lingüística. A hipótese sobre o seu comportamento é de que quanto mais próxima for a língua, maior será o nível de investimento direto. No entanto, pelo fato da imensa maioria dos países incluídos na análise de regressão ter como língua materna o espanhol, isso causou a violação de uma das hipóteses básicas da regressão, que é a necessidade de variância da variável explicativa. Como, nesse caso, a variância tende a zero, não foi possível calcular as estimativas para ela.

CONCLUSÕES O presente artigo pretendeu conciliar duas abordagens consideradas excludentes pela

literatura: a Escola de Uppsala, da abordagem processual, e o Paradigma Eclético, da abordagem econômica de internacionalização. Parte-se do pressuposto de que as teorias de internacionalização são complementares entre si. Acredita-se que, conforme defendido pela Escola de Uppsala, em um primeiro momento a empresa inicia suas atividades pelos mercados de menor distância psíquica, contudo, face a um conjunto de mercados próximos, a escolha final do mercado-alvo se dá através do Paradigma Eclético.

Para fins de pesquisa, foi elaborado e testado empiricamente um modelo econométrico com oito variáveis onde as variáveis que minimizam a distância estão associadas à Escola de Uppsala (CONT, LINGUA, DIST) e aquelas que maximizam resultado estão relacionadas ao Paradigma Eclético (TERR, POP, PIB, EXP, IMP).

Contrário às expectativas, a variável PIB mostrou um comportamento inverso. Isto é, no caso das multinacionais brasileiras, quanto menor o PIB dos países, maior será a média de investimento. Levando em consideração as explicações de Dunning (2000) sobre as vantagens de propriedade, esse fato pode ser explicado pelo nível de competitividade global intermediário das empresas brasileiras. Nesse sentido, elas buscariam se internacionalizar para países cujas estruturas produtivas ainda não estariam consolidadas, encontrando dessa forma um mercado onde tais empresas poderiam ser competitivas sem necessariamente realizar algum tipo de mudança tecnológica.

A variável POP, que capta as dimensões do mercado, mostrou-se significativa estatisticamente, evidenciando que os investimentos externos brasileiros caminham para países populosos. Porém, se analisadas PIB e POP em conjunto pode-se dizer que há evidências de que a matriz dos investimentos diretos brasileiros está assentada em países com renda per capita baixa.

O teste empírico revelou a possibilidade de uma integração possível entre as duas teorias de internacionalização. Além disso, a integração mostra caminhos estrategicamente melhor estruturados para empresas que buscam internacionalizar suas atividades. Por meio desse modelo, as empresas terão uma ferramenta para pensar em cenários alternativos de países para sua internacionalização, baseado em fatores tangíveis. Logo, o desconhecido, como pregado pela Escola de Uppsala, passa a se tornar passível de planejamento. Mais do que isso, a grande questão colocada pelos empresários de porque internacionalizar passa a ter respostas calcadas em um real planejamento estratégico.

Com o artigo, pretendeu-se trazer uma primeira aproximação entre as escolas. Outras pesquisas, mostrando uma utilização empírica em empresas, necessitam ser feitas para mostrar a utilidade desse modelo na previsão de uma internacionalização de sucesso.

Page 12: Praradigma Eclético e Upsala

 

12  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Andersen, O. (1993). On the internationalization process of firms: a critical analysis. Journal of International Business Studies, 24(2), 209–231. Banco Central do Brasil (2010). Investimento Estrangeiro Direto. Recuperado em 10 março, 2010, de http://www.bcb.gov.br/rex/IED/Port/ingressos/htms/index2.asp?idpai=invedir Bartlett, C., & Ghoshal, S. (1989). Managing across borders: the transnational solution. Boston, MA: Harvard Business School Press. Bilkey, W. J., & Tesar, G. (1977). The export behavior of smaller sized Wisconsin manufacturing firms. Journal of International Business Studies, 8 (1), 93-98. Buckley, P., & Casson, M. (1976). The Future of the Multinational Enterprise. London: Homes & Meier. Buckley, P., & Casson, M. (1998). Analyzing foreign market entry strategies: extending the internalization approach. Journal of International Business Studies, 29(3), 539-561. Cavusgil, S.T. (1980). On the internationalization process of firms. European Research, 8(6), 273-281. Chesnay, F. (1996). A mundialização do capital. São Paulo: Xamã. Chetty, S., & Campbell-Hunt, C. (2004). A strategic approach to internationalization: A traditional versus a 'born-global' approach. Journal of International Marketing, 12, 57-81. Cumberland, F. (2006). Theory Development within International Market Entry Mode - An Assessment. The Marketing Review, 6, 349-373. Davis, P. S., Desai, A. B., & Francis, J. D. (2000). Mode of international entry: An isomorphism perspective. Journal of International Business Studies, 31(2), 239-258. Dunning, J. H. (1977). Trade, location of economic activity and the MNE: A search for an eclectic approach. In B. Ohlin, P. O. Hesselborn, & P. M. Wijkman (Orgs.). The international allocation of economic activity (pp. 395–418). London: Macmillan. Dunning, J. H. (1988). The Eclectic Paradigm of International Production: a restatement and some possible extensions. Journal of International Business Studies, 19(1), 1-31. Dunning, J. H. (1999). Trade, location of economic activity and the multinational enterprise: a search for an eclectic approach. In P. J. Buckley, & P. Ghauri. (Orgs.). The internationalization of the firm (pp. 61-79). Oxford: Thomson. Dunning, J. H. (2000). The eclectic paradigm as an envelope of economic and business theories of MNE activity. International Business Review, 9, 163-190.

Page 13: Praradigma Eclético e Upsala

 

13  

Johanson, J., & Mattsson, L. (1987) Internationalization in industrial systems – a network approach compared with the transaction-cost approach. International Studies of Management and Organization, 17, 34-48. Johanson, J., & Vahlne, J-E. (1977). The internationalization process of the firm: a model of knowledge development and increasing foreign commitments. Journal of International Business Studies, 8(1), 23-32. Johanson, J., & Vahlne, J-E. (2009). The Uppsala internationalization model revisited – From liability of foreignness to liability of outsidership. Journal of International Business Studies, 40(4), 1411-1431 Johanson, J, & Wiedersheim, P. (1975). The internationalization of the firm: four Swedish cases. Journal of Management Studies, 12, 305-322. Jones, M. V., & Coviello, N. E. (2005). Internationalisation: Conceptualising an entrepreneurial process of behaviour in time, Journal of International Business Studies, 36, 284-303. Kotabe, M., Dunlap-Hinkler, D., Parente, R., & Mashra, H. (2007). Determinants of cross-national knowledge transfer and it’s effect on firm innovation. Journal of International Business Studies, 38, 259-282. Laanti, McDougall & Baume (2009) How well do traditional theories explain the internationalisation of service MNEs from small and open economies? – case: national telecommunication companies. Management International Review, 49, 120-144. Oviat, B. M., & Mcdougall, P. P. (1994). Toward a theory of international new ventures. Journal of International Business Studies, 25, 29-41. Penrose, E. (1995) The theory of the growth of the firm. London: Oxford University Press. Reid, S. D. (1983). Firm internationalization, transaction costs, and strategic behaviour. International Marketing Review, 1(2), 45–56. Rezende, S. F., & Versiani, A. F. (2010). Em direção a uma tipologia de processos de internacionalização. Revista de Administração de Empresas, 50(1), 24-36. Ricardo, D. (1817/2001). On the principles of political economy and taxation. Ontario: Batoche Books. Robson, M. J., Paparoidamis, N., & Ginoglou, D. (2005). Top Management Staffing in Strategic Alliances: A Conceptual Explanation of Decision Perspective and Objective Formation. International Business Review, 12, 173-191. Rugman, A. (1991). Inside the multinationals: the economics of internal markets. London: C. Helm. Simon, H. A. (1945) Administrative Behavior: a study of decision-making processes in administrative organizations. New York: Free Press.

Page 14: Praradigma Eclético e Upsala

 

14  

Vernon, R. (1966) International investment and international trade in the product cycle. Quarterly Journal of Economics, 80, 190–207. Vissak, T (2009, agosto). The Types of Linear and Nonlinear Internationalization: Case Study Evidence from Estonia. Anais do 10th Vaasa Conference on International Business, Vaasa, Finlândia, 23-25. Welch, L.S., & Luostarinen, R. (1999). Internationalization: evolution of a concept. In P. J. Buckley, &, P. Ghauri (Orgs.). The internationalization of the firm (pp. 83-98). Oxford: Thomson. Welch, C. L., & Welch, L. S. (2009) Re-internationalisation: exploration and conceptualisation. International Business Review, 18, 567-577. Williamson, O. E. (1975). Markets and hierarchies, analysis and antitrust implications: a study in the economics of internal organization. New York: Free Press.