Prática Científica Na Engenharia
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7/26/2019 Prtica Cientfica Na Engenharia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECNICA
PPPRRRTTTIIICCCAAACCCIIIEEENNNTTTFFFIIICCCAAANNNAAAEEENNNGGGEEENNNHHHAAARRRIIIAAA:::MMMTTTOOODDDOOOCCCIIIEEENNNTTTFFFIIICCCOOONNNAAAAAANNNLLLIIISSSEEEDDDEEESSSIIISSSTTTEEEMMMAAASSSTTTCCCNNNIIICCCOOOSSS
Mrcio Fonte-Boa Cortez
Roberto Mrcio de Andrade
2002
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Mrcio Fonte-Boa [email protected]
Roberto Mrcio de [email protected]
Universidade Federal de Minas Gerais
Departamento de Engenharia Mecnica
Av. Antnio Carlos, 6627 - Pampulha
31.270-901 - Belo Horizonte MG
PRTICA CIENTFICA NA ENGENHARIA:MTODO CIENTFICO NA ANLISE DE SISTEMAS TCNICOS
Material didtico sobre conceitos preliminares
de Metodologia Cientfica e Anlise de
Sistemas Tcnicos da Engenharia, introduzindo
noes de Modelagem e anlise de modelos,
baseado em diversos trabalhos da literatura e
na experincia cientfico-acadmica dos
autores, para servir de orientao a
profissionais e estudantes de engenharia de
graduao e ps-graduao, tanto com relao
aos assuntos abordados quanto referncia de
livros e publicaes a respeito.
2002
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prtica cientfica na engenharia: mtodo cientfico na anlise de sistemas tcnicos
AAAgggrrraaadddeeeccciiimmmeeennntttooosss
Ao Dr. Ricardo Luiz Utsch de Freitas Pinto, professor do Departamento de Engenharia
Mecnica da UFMG, por sua preciosa colaborao para este material, com a elaborao das
idias apresentadas no captulo sobre Teoria da Otimizao.
Ao engenheiro Petrnio de Oliveira Castanheira, M.Sc., ex-aluno dos Cursos de
Graduao e Ps-Graduao em Engenharia Mecnica da UFMG, por sua colaborao na
redao do texto.
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prtica cientfica na engenharia: mtodo cientfico na anlise de sistemas tcnicos
O problema essencial numa era
computadorizada permanece o mesmo que sempre
foi. Esse problema no apenas como ser
mais produtivo, ter mais conforto, mais
satisfao mas como ser mais susceptvel,
mais sensato, mais adequado e mais vivo.
Norman Cousins
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prtica cientfica na engenharia: mtodo cientfico na anlise de sistemas tcnicos
PPPRRREEEFFFCCCIIIOOO
A universidade tornou-se um polo de enorme importncia na questo
Cincia/Tecnologia, levando-a a institucionalizar a pesquisa cientfica e tecnolgica. A
viabilizao de um modelo de universidade baseado na inter-relao ensino-pesquisa
depende, fundamentalmente, do nvel de qualificao acadmico dos professores e da
intensidade de pesquisa desta instituio. Por conseguinte, os cursos de ps-graduao passam
a desempenhar um papel importantssimo, ao fazerem o acoplamento entre a qualificao dos
professores e o desenvolvimento de projetos de pesquisa. Desta forma, os professores-
pesquisadores se mantm atualizados no "estado da arte" de suas reas especficas e
propiciam aos alunos, de graduao e de ps-graduao, o espao necessrio para
acompanhar as tendncias cientfico-tecnolgicas, atravs das exposies didticas e da
insero dos alunos em atividades de pesquisa. Com isto, os alunos podem adquirir uma
formao acadmica com maior nfase em cincias bsicas da engenharia. Outro aspecto de
grande importncia com relao a este modelo de universidade, particularmente no tocante ao
currculo proposto, a alocao profissional do engenheiro. Este profissional, dado seu perfil
de formao acadmica cientificamente orientado, encontra-se habilitado a desenvolver novos
produtos tecnolgicos ou a realizar transformaes tecnolgicas, aliando cincias ou
conhecimento bsicos realidade tecnolgica em que se insere ou opera.
A expresso "perfil de formao acadmica cientificamente orientado" no significa
que o aluno adquire conhecimentos puramente cientficos desprovido de aspectos prticos ou
distante da realidade tecnolgica do momento. Significa que o futuro profissional dispor de
uma certa autonomia para lidar com os processos e fenmenos fsicos envolvidos nos
sistemas e projetos em que venha atuar (problemas tcnicos de engenharia). Entende-se como
problemas tcnicos de engenharia aspectos de dimensionamento, fabricao e montagem de
dispositivos, equipamentos e instalaes, bem como a investigao de suas particularidades
funcionais, como por exemplo, uma previso do comportamento de um dado equipamento em
condies adversas s definidas no projeto. A soluo dos problemas da Engenharia tm um
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prtica cientfica na engenharia: mtodo cientfico na anlise de sistemas tcnicos
impacto na natureza, em particular na vida humana. Assim, importante que profissionais
desta rea sejam capazes de compreender e predizer a natureza dos processos envolvidos nos
problemas. Como ilustrao, considere-se a realidade mundial que aponta para o uso mais
racional de energia e de matrias primas, estimulado pela necessidade de novas fontes de
energia e de novas idias para explorao destas fontes, aliado preocupao ecolgica.
Neste contexto, concepo, desenvolvimento, projeto e instalao de estratgias energticas
requerem planejamento e alocao cuidadosos de fontes de energia, considerando-se tambm
a preocupao ecolgica. Assim, a soluo dos problemas tcnicos de engenharia deve
resultar de uma compreenso da natureza dos processos e de uma metodologia para sua
predio qualitativa/quantitativa. Provido desta competncia, o projetista de um sistema de
engenharia pode assegurar o desempenho desejado, bem como definir um projeto timo
dentre vrias alternativas. A capacidade de predio habilita o projetista a operar
equipamentos existentes de forma mais segura e eficiente. Predio de processos relevantes
auxiliam na previso de caractersticas geomtricas e operacionais timas de equipamentos.
A estruturao curricular dos Cursos de Engenharia deve direcionar a formao do
engenheiro, capacitando o futuro profissional a acompanhar as tendncias tecnolgicas
mundiais, por um lado, e alterar sua prpria realidade tecnolgica, por outro lado. Assim,
importante que o aluno aprenda a trabalhar com a metodologia cientfica para analisar
sistemas da Engenharia. A anlise destes sistemas envolve, na maioria dos casos, dadas as
ferramentas computacionais (experimentao matemtica) e instrumentais (aquisio de
dados experimentais) disponveis, uma representao dos processos/fenmenos por uma
rplica fsica do sistema ou de partes do sistema (modelo fsico) ou uma descrio dos
processos/fenmenos em forma matemtica (modelo matemtico), atravs de uma forma
(modelagem fsica) ou de uma linguagem adequada (modelagem matemtica), e a
sistematizao e interpretao dos resultados decorrentes do estudo do modelo (anlise do
modelo), podendo contar-se com o auxlio ou a necessidade de uma filosofia especial de
abordagem do problema em questo para facilidade da anlise ou atendimento de certas
exigncias ou condies definidas a priori (otimizao).
Busca-se, com este material didtico, apresentar aos alunos alguns conceitos
preliminares metodologia cientfica de anlise de sistemas tcnicos da engernharia. Este
material no tem a pretenso de constituir, isoladamente ou por si s, uma nica fonte de
consulta para os alunos, outrossim, por se tratar de uma compilao de diversos trabalhos da
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prtica cientfica na engenharia: mtodo cientfico na anlise de sistemas tcnicos
literatura e atravs da experincia cientfico-acadmica dos autores, servir de orientao, tanto
com relao aos assuntos abordados quanto referncia de livros e publicaes a respeito.
Dada a formao especfica dos autores em Engenharia Mecnica, o texto privilegia exemplos
da rea. Este texto no se prope a varrer todos os conceitos de metodologia cientfica, mas
to somente a apresentar aspectos importantes relativos postura na pesquisa cientfica ou na
anlise de problemas tcnicos da engenharia. Este material apropriado para estudantes
universitrios e jovens profissionais da engenharia.
Belo Horizonte, 2002 Prof. Mrcio Fonte-Boa Cortez
Prof. Roberto Mrcio de Andrade
UUUnnniiivvveeerrrsssiiidddaaadddeeeFFFeeedddeeerrraaallldddeee MMMiiinnnaaasssGGGeeerrraaaiiisssEEEssscccooolllaaadddeee EEEnnngggeeennnhhhaaarrriiiaaa
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prtica cientfica na engenharia: mtodo cientfico na anlise de sistemas tcnicos
SSSUUUMMMRRRIIIOOO
Introduo 1
1. Cincia & Tecnologia 7
1.1 - Cincia. 7
1.1.1 - Definio 7
1.1.2 - Aspectos lgicos 7
1.1.3 - Aspectos tcnicos 8
1.1.4 - Objetivos da cincia 8
1.1.5 - Diviso 9
1.1.6 - Caractersticas do conhecimento cientfico 9
1.1.7 - Breve abordagem histrica da evoluo da cincia 12
1.2. Tecnologia 14
1.3. Consideraes Finais 15
2. Mtodo Cientfico 17
2.1 - Mtodo Cientfico, Mtodo Racional e Argumento de Autoridade 17
2.2 - Processos e Tcnicas do Mtodo Cientfico e Mtodo Racional 18
2.2.1 - Observao 19
2.2.2 - Hiptese 19
2.2.3 - Experimentao 21
2.2.4 - Induo e Deduo 22
2.2.5 - Anlise e Sntese 24
2.2.6 - Lei Cientfica e Teoria 25
2.2.7 - Doutrina 26
2.3 - Consideraes Finais 26
3. Pesquisa Cientfica 28
3.1 - Definico 28
3.2 - Classificao da Pesquisa 29
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prtica cientfica na engenharia: mtodo cientfico na anlise de sistemas tcnicos
3.3 - Metodologia da Pesquisa Cientfica 30
3.3.1 - Projeto de Pesquisa 31
3.3.2 - Fases da Pesquisa 31
3.4 - Consideraes Finais 34
4. Divulgao de uma Pesquisa Cientfica 36
4.1 Comunicao de Resultados de uma Pesquisa Cientfica 36
4.2 Dissertaes e Teses 37
4.3 Relatrio Tcnico-Cientfico 39
4.4 Publicaes Peridicas 40
4.5 Artigos de Publicaes Peridicas 41
4.6 Apresentao Grfica do Trabalho: Editorao 41
4.7 Citaes 41
4.8 Referncias Bibliogrficas e Bibliografia 43
4.9 Notas de Rodap 43
4.10 Eventos Tcnicos e Cientficos 44
5. Metodologia de Anlise de um Sistema Tcnico 46
5.1 - Anlise de um Sistema Tcnico 46
5.2 Modelagem 53
5.3 - Anlise do Modelo 57
Referncias Bibliogrficas R 1
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Introduo 1
IINNTTRROODDUUOO
A atividade profissional do engenheiro abrange representao, produo, pesquisa,
desenvolvimento e projeto.
Na primeira metade do sculo XX, a atuao do engenheiro se concentrava na busca
de solues prticas para os problemas utilizando desenho na prancheta, clculos elementares
e relatrio descritivo do projeto. As solues apresentadas eram limitadas tcnica e
economicamente. A partir da segunda guerra mundial acentuou-se a corrida tecnolgica,
atravs da associao do poder poltico-econmico com o mundo cientfico, fortalecendo o
processo de inovaes tecnolgicas. Este processo foi intensificado pelo surgimento dos
dispositivos eletrnicos de clculo. Consequentemente, ocorreu um redirecionamento nos
conceitos e na execuo dos projetos em engenharia, dando-se um maior enfoque para os
fenmenos fsicos envolvidos. Isto acelerou e ampliou o desenvolvimento tecnolgico,
demandando maior gerao de conhecimentos bsicos e sua imediata aplicao, maior
capacitao dos profissionais na anlise de processos fsicos.
Atualmente, a Qualidade de Vida decorre da aplicao em grande escala da
Tecnologia, pois esta gera riqueza, melhora a sade e o bem-estar dos cidados e condiciona a
preservao do meio ambiente; esta, porm, necessita de Energia para ser desenvolvida e
utilizada. Assim, quanto mais avanada se tornar a tecnologia melhor a qualidade de vida
das pessoas maior a expectativa de vida maior a necessidade de energia. Surge-se,
ento, um ciclo: quanto mais idosas e numerosas as pessoas, maior a quantidade de energia
gasta para sua sobrevivncia. Portanto, o consumo de energia e a qualidade de vida esto
intimamente ligados, sendo esta cada vez mais dependente da tecnologia (SPITALNIK, 1996). O
suprimento energtico da sociedade - que vem crescendo tanto com o desenvolvimento e a
utilizao de novas tecnologias, quanto com o aumento da expectativa de vida da populao
(relaoQualidade de Vida / Tecnologia / Energia, figura I.1) deve ser feito de maneira
racional e acarretar o menor impacto ambiental possvel (figura I.2). Com a valorizao da
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Introduo 2
questo ambiental, vm ganhando crescente ateno a implantao e operao de atividades
que possam acarretar a liberao de poluentes na atmosfera e em outros componentes dos
ecossistemas, contribuindo, dependendo do caso, para a ocorrncia de fenmenos, cujas
conseqncias no se limitam escala local. Efeitos climticos, como o aquecimento global
(efeito-estufa), a deposio cida (ou chuva cida) e a destruio da camada de oznio tm
sido objeto nos ltimos anos de grandes estudos pela comunidade cientfica mundial. A
saturao dos corpos de gua doce, o empobrecimento do solo e a destruio da cobertura
vegetal, por outro lado, tm chegado a nveis que comprometem a quantidade e a qualidade
dos recursos naturais disponveis para o uso sustentado pelas diversas atividades humanas.
Alm destes, o risco de acidentes em operaes de minerao, transporte e transformao,
principalmente, as que utilizam combustveis e substncias txicas, vm causando temores e
demandando maiores cuidados no tocante segurana das instalaes e na concepo geral de
projetos. O aproveitamento dessas fontes acarreta diversos tipos de impactos ambientais:
poluio do ar e da gua (mundialmente intercambiveis), poluio local da terra e
modificao da superfcie e das propriedades termo-ticas da Terra, impacto scio-cultural,
exigindo-se medidas drsticas de preservao do meio ambiente (Plano2015, 1993; PDMA, 1990;
PRODEEM, 1994)*1.
Figura I.1 Trinmio Qualidade de Vida Tecnologia Energia.
Qualidade de Vida
decorre da aplicao em
grande escala da
Tecnologiagera riqueza, melhora a sade e o
bem-estar dos cidados e condicionaa preservao do meio ambiente;
para ser desenvolvida e utilizada,
necessita de
Energia
1* Plano 2015: Plano Nacional de Energia Eltrica 1992-2015.
PDMA: Plano Diretor de Meio Ambiente do Setor Eltrico.
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Introduo 3
Figura I.2 - Relao Qualidade de Vida Tecnologia Energia - Impacto ambiental.
tecnologia mais avanada melhor qualidade de vida das pessoas
maior demanda de energia maior expectativa de vida das pessoas
Suprimento
Energtico
Recursos Energticos
Impacto Ambiental
Conclui-se, ento, que as atividades da engenharia tm um impacto na natureza e na
vida humana. importante que profissionais desta rea sejam capazes de compreender e
predizer a natureza dos processos envolvidos nos problemas tcnicos com que venham a se
defrontar. A soluo dos problemas tcnicos de engenharia deve resultar de uma compreenso
da natureza dos processos e de uma metodologia para sua predio qualitativa e quantitativa.
Provido desta competncia, o projetista de um sistema ou um analista de processos de
engenharia podem assegurar o desempenho desejado, bem como definir, dentre vriasalternativas, um projeto timo ou uma soluo mais adequada. A capacidade de predio
habilita o projetista e o analista a operar equipamentos e processos existentes de forma mais
segura e eficiente. Predio de processos relevantes auxiliam na previso de caractersticas
geomtricas e operacionais timas de equipamentos ou na definio de melhores solues
para processos produtivos. Dadas as ferramentas computacionais (experimentao
matemtica) e instrumentais (aquisio de dados experimentais) disponveis, na maioria dos
casos, a anlise destes sistemas envolve (quadro I.3):
PRODEEM: Programa de Desenvolvimento Energtico de Estados e Municpios (MME).
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Introduo 4
modelagem fsica ou modelagem matemtica- representao ou descrio dos processos
e fenmenos do sistema ou de partes do sistema por uma rplica fsica ou em forma
matemtica,
anlise dos modelos simulao, sistematizao e interpretao dos resultadosdecorrentes do estudo,
otimizao- filosofia especial de abordagem do problema em questo, para facilidade da
anlise ou atendimento de certas exigncias ou condies definidas a priori.
QUADRO I-1 Atividades profissionais do engenharia.
Atuao:
representao, produo, pesquisa, desenvolvimento e projeto.
Impactos na natureza e na vida humana.
Competncia
profissional:
Capacidade de compreenso da natureza dos processos tcnicos e de
predio qualitativa/quantitativa dos processos, atravs da aplicao
de uma metodologia adequada.
Garantia de desempenho desejado para equipamentos/processos ou
definio de um projeto timo.
Acompanhamento das tendncias tecnolgicas mundiais e alterao
de sua prpria realidade tecnolgica.ou de uma soluo mais
adequada.
Formao acadmica cientificamente direcionada
=
CCOONNHHEECCIIMMEENNTTOO ++ MMEETTOODDOOLLOOGGIIAACCIIEENNTTFFIICCAA
A anlise de problemas tcnicos de engenharia requer o mtodo cientfico. Sobre este
mtodo so apresentados alguns conceitos no captulo dois.
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Introduo 5
Na soluo dos problemas tcnicos de engenharia, abrangendo projetos de prottipos
ou investigao de processos ou fenmenos fsicos, projetista e pesquisador assumem, do
ponto de vista da Metodologia Cientfica, a mesma postura, cujos conceitos bsicos. Esta
postura se adquire com a aplicao das fases da Pesquisa Cientfica, apresentadas no captulo
trs.
de importncia fundamental comunicar os resultados de uma pesquisa cientfica, o
que poder feito atravs de veculos ou meios de informao especializados (documentos
tcnico-cientficos) ou de divulgao geral ou no especializados (jornais, revistas, etc.).
Informaes sobre forma e contedo do documento, em observncia das Normas Tcnicas
pertinentes, como, por exemplo, dasNormas BrasileirasdaAssociao Brasileira de Normas
Tcnicas- ABNT-NBRso apresentadas no captulo quatro.
A predio do comportamento fsico de um dado sistema consiste de valores para as
variveis significativas representativas dos processos de interesse. A anlise preditiva permite
a investigao emprica de propriedades e fenmenos ou processos em um sistema, a
concepo de projetos timos e o controle de sistemas dinmicos. A anlise preditiva de
sistemas pode ser desenvolvida atravs da investigao experimental, do clculo terico ou de
uma combinao de ambos. A investigao experimental requer a elaborao de uma "cpia
fsica" do sistema e a seleo e montagem da aparelhagem ou instrumentao de medida. O
clculo terico pressupe a representao do sistema em termos de expresses matemticas e
exige ferramentas matemticas -- analticas ou numricas -- para sua anlise. s
representaes fsica e matemtica do sistema ou da situao fsica real denominam-se
modelo fsico e modelo matemtico , respectivamente. Para fins de exemplificao dos
conceitos introduzidos, modelos de alguns sistemas tcnicos so apresentados. Isto constitui
tema a ser abordado no captulo cincodeste material.
O modelo , por natureza, uma representao idealizada de um sistema ou de partes
deste. Assim, essencial uma anlise quanto sua representatividade ou proximidade da
situao real. A anlise do modelo, objeto do captulo seis, consiste, basicamente, na
discusso de tcnicas matemticasou na avaliao experimental de modelo fsico, validao
.e simulao do modelo (fsico ou matemtico). Para finalizar a anlise de sistemas
dinmicos, estabelece-se, a partir do modelo validado, um planejamento de gerao de
resultados - Simulao, cujos tipos e procedimentos so abordados neste captulo.
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Introduo 6
No captulo sete apresenta-se uma breve introduo da Teoria da Otimizao,
discorrendo, breve e superficialmente, sobre a Otimizao na natureza, no homem e na
engenharia. Objetivo deste captulo propiciar aos alunos algumas informaes conceituais
iniciais acerca da Teoria da Otimizao.
No Apndice A apresentam-se algumas idias sobre oPrincpio da Analogiaentre os
diversos sistemas tcnicos, mostrando-se que estes, embora fisicamente dissemelhantes ou
distintos, guardam certassemelhanasoperacionais, ou seja, comportam-se de forma anloga
entre si. Tal fato permite a anlise de um determinado sistema, a partir do conhecimento ou da
experincia com outros sistemas ditos anlogos. Assim, determinados conceitos ou processos
envolvidos nos diversos sistemas podem ser generalizados, o que representa uma ferramenta
de anlise bastante til. Neste captulo apresentam-se detalhes sobre as caractersticas
dinmicas de sistemas (Sistemas Generalizados). Estas caractersticas dizem respeito s
transformaes energticas no sistema, representadas em termos de variveis fisicamente
significativas, cujo inter-relacionamento se faz por meio de relaes constitutivas,
satisfazendo-se aos princpios de conservao envolvidos.
Exemplificaes de anlise de alguns sistemas tcnicos da Engenharia so
apresentadas no Apndice B, ilustrando-se os procedimentos metodolgicos na anlise de
problemas tcnicos da Engenharia.
A ttulo de leitura complementar, sugerem-se as seguintes publicaes: BAZZO ePEREIRA (1993), HALL (1983), KAWAMURA (1979, 1986), LADRIRE (1979), LONGO (1984),MAXIMIANO et al. (1980), MARX (1980).
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Cincia e Tecnologia 7
CAPTULO UM
CCIINNCCIIAA && TTEECCNNOOLLOOGGIIAA
Os conceitos acerca de cincia e tecnologia apresentados a seguir foram extrados de
CERVO eBERVIAN(1981), BARROS eLEHFELD(1986)e MORAIS(1978).
1.1- Cincia
1.1.1.
Definio
Cincia(do latim Scientia ou Scire significa aprender, conhecer) todo um conjunto
de atitudes e atividades racionais, dirigidos ao sistemtico conhecimento com objetivo
limitado, capaz de ser submetido a verificao. Em BARROS e LEHFELD (1986) define-se a
Cincia como um conjunto de conhecimentos que se d atravs da utilizao adequada de
mtodos rigorosos, capazes de controlar os fenmenos e fatos estudados, ou, conforme outra
concepo, como sendo o estudo de problemas formulados adequadamente em relao a umobjeto, procurando para aquele solues plausveis atravs da utilizao de mtodos
cientficos, bem como o produto obtido atravs de estudos e concluses adquiridos
mediante consideraes das causas e efeitos que possui uma situao-problema.
1.1.2. Aspectos lgicos
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Cincia e Tecnologia 8
A cincia possui um mtodo de raciocnio e de inferncia sobre os fenmenos a serem
investigados, ou j indagados, na tentativa de descrev-los, interpret-los, explic-los e
verific-los exatamente. So procedimentos e operaes intelectuais que:
possibilitam a observao racional e controlada dos fatos;
permitem a interpretao e explicao adequadas dos fenmenos;
contribuem para a verificao dos fenmenos, positivados pela experimentao e pela
reobservao;
fundamentam os princpios da generalizao ou o estabelecimento dos princpios e das leis.
Assim, a cincia consiste numa srie de proposies ou de enunciados que podem ser
ordenados, guardando certa hierarquia, na qual o nvel mais baixo se relaciona com os fatos
particulares e o mais elevado com alguma lei geral que governa o universo. Esses diversos
nveis de hierarquia tem dupla ligao lgica: ascendente (elos indutivos) e descendentes
(elos dedutivos).
1.1.3.
Aspectos tcnicos
A cincia exige procedimentos de manipulao dos fenmenos indagados ou a serem
pesquisados ou calculados com a maior preciso e controle possveis, registrando ocorrncia,
freqncia, decomposio ou recomposio, comparao e aproveitamento dos fenmenos.
1.1.4. Objetivos da Cincia
Os principais objetivos da cincia so:
aumento e melhoria do conhecimento;
descoberta de novos fatos e fenmenos;
aproveitamento espiritual;
aproveitamento material do conhecimento;
estabelecimento de certos tipos de controle sobre a natureza;
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Cincia e Tecnologia 9
1.1.5. Diviso
A cincia se divide em:
Formal: quando trata de entes ideais (ex. Matemtica, Lgica), empregando mtodo
dedutivo, realizando imagens mentais simblicas e estabelecendo noes abstratas de
grandeza e quantidade.
Factual: ou cincia material ou emprica, quando preocupa-se com coisas, sucessos e
processos (ex. Engenharia, Cincias Naturaisi, Cincias Humanas, etc.) utilizando mtodo
indutivo, envolvendo observao, experimentao e verificao.
1.1.6 Caractersticas do conhecimento cientfico
Antes de se abordar o conhecimento cientfico em detalhes, faz-se interessante
introduzir alguns conceitos sobre o Conhecimento.
Conhecimento (relativo ao termo latino cognoscere = conhecer) o ato pelo qual o ser
humano apropria mentalmente um objeto, buscando o entendimento de sua natureza. Os
nveis de conhecimento so: emprico, filosfico, teolgico e cientfico (CERVO eBERVIAN,
1981; BARROS eLEHFELD, 1986).
O Conhecimento Emprico (do grego empeiriks= baseado apenas na experincia e
desprovido de carter cientfico) adquirido atravs dos sentidos, aleatoriamente, baseado
apenas nas experincias vividas ou transmitidas e no atravs do estudo. Representa a pedra
fundamental do conhecimento humano e estrutura a captao do mundo emprico imediato.
Caracteriza-se em sensitivo ou intuitivo, superficial, subjetivo, assistemtico, impregnado de
projees psicolgicas, etc.. Denominado, tambm, de conhecimento vulgar, ou sensitivo, ou
natural.
iAs Cincias Naturais (Fsica, Qumica e Biologia) so classificadas como cincias emprico-formais (BARROS
e LEHFELD, 1986; MORAIS, 1978).
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Cincia e Tecnologia 10
O Conhecimento Filosfico (philos = amigo + sophia = sabedoria) adquirido
atravs do raciocnio, sendo, portanto, abstrato. O conhecimento filosfico, de acordo com
FERRARI (1982) baseia-se em hipteses que no so submetidas a teste, especulativo,
valorado, infalvel, sistemtico e racional. Diferencia-se da cincia porque se fundamenta na
experincia, mas no pode ser submetido experimentao.. A Filosofia tem a finalidade
primeira de compreender a realidade e fornecer contedos reflexivos e lgicos de suas
mudanas e transformaes, bem como tem a tarefa de elaborar princpios norteadores das
aes humanas, caracterizados por aspectos crticos da sociedade, da poltica, do direito, da
educao, etc..
O Conhecimento Teolgico (theos = Deus + logos = estudo) obtm-se nos Livros
Sagrados e aceito racionalmente pelos homens, submetido crtica histrica mais exigente. O
contedo da revelao no conhecimento teolgico, representado pelos fatos a narrados e
comprovados pelos sinais que o acompanham, reveste-se de autenticidade e verdade. Do
ponto de vista teolgico, a existncia divina evidente e evidncia no se demonstra e nem se
experimenta, mas analisa-se, interpreta-se e explica-se. Na Teologia, o mtodo reflexivo e
lgico.
O Conhecimento Cientfico(do latim tardioscientificus= relativo cincia) resulta da
investigao metdica e sistemtica da realidade. Transcende os fatos e os fenmenos em si
mesmos, analisa-os para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem.
Conhecimento cientfico no conhecimento comprovado, mas representa o conhecimento
que provavelmente verdadeiro atravs da verificao prtica por demonstrao ou
experimentao. O procedimento cientfico transforma o conhecimento emprico em um
contedo elaborado. O processo de busca de pr-anlise vai cedendo espao investigao
sistemtica, organizao e seleo de dados e generalizao. Assim, a realidade cientfica
construda e tem significado medida que oferece caractersticas objetivas,
quantitativamente mensurveis e/ou qualitativamente observveis e controladas. O
conhecimento tem por objetivo descobrir sempre alguma coisa nova ou fornecer o melhor
nvel de certeza sobre um dado assunto. Para tanto este tipo de conhecimento passa a exigir
padres adequados de competncia intelectual, de pensamento lgico, de raciocnio e at
mesmo de intuio. Tais exigncias propiciaro ao estudioso padres mnimos de
competncia para compreender, acompanhar, adaptar e criar formas e roteiros de pesquisa, de
estratgias, de aes, etc.. Em suma, o conhecimento cientfico surgiu a partir das
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preocupaes humanas cotidianas e este procedimento conseqncia do bom senso
organizado e sistemtico. O conhecimento cientfico, considerado como um conhecimento
superior, exige a utilizao de mtodos, processos e tcnicas especiais para a anlise,
compreenso e interrogao da realidade. O conhecimento cientfico busca a generalizao. A
abstrao e a prtica devem ser dominadas por quem pretende trabalhar cientificamente.
FERRARI (1982) apresenta a seguinte caracterizao do conhecimento cientfico,
transcrita a seguir.
O conhecimento cientfico emprico factualporque lida com ocorrncias ou fatos.
O conhecimento cientfico analtico porque pretende compreender uma situao ou
fenmenos globais, em termos de seus componentes.
O conhecimento cientfico geral. No existe cincia do particular. A cincia procura
discernir as caractersticas comuns de tipos de objetos e as leis gerais ou condies de
eventos. A descoberta de leis ou princpios gerais permite, por sua vez, a elaborao de
modelos ou sistemas mais amplos que governam o conhecimento cientfico.
O conhecimento cientfico sistemtico porque contm: 1) sistemas de referncias; 2)
teorias e hipteses; 3) fontes de informaes e 4) quadros que explicam as propriedadesrelacionais.
O conhecimento cientfico acumulativo pois vai se enriquecendo com os novos
conhecimentos adquiridos. O processo acumulativo no meramente agregativo, mas
dispe de natureza seletiva.
O conhecimento cientfico falvelporque no definitivo, absoluto ou final.
O conhecimento cientfico verificvel. A verificao consiste em testar a consistncia de
ser empiricamente vlida ou provvel uma afirmao, um dado, uma hiptese ou uma
teoria.
O conhecimento cientfico explicativo. A forma mais simplificada de se obter a
explicao entre os tipos de explicaes dedutivas, probabilsticas, teleolgicasii,
genricas, etc. introduzir a varivel antecedente (fator prova) relacionada com a
varivel independente e dependente.
iiRelativos teleologia cincia ou doutrina relativa ao estudo dafinalidade; argumento, conhecimento ou explicao que relaciona um fatocom sua causa final.
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O conhecimento cientfico preditivo,porque tem a funo de prognosticar com base na
induo probabilstica.
O conhecimento cientfico til,pois responde a uma perspectiva pragmtica. O conceito
utilitrio da cincia, de certo modo, domina um grande crculo de estudiosos da cincia .
1.1.7- Breve abordagem histrica da evoluo da cincia
A cincia, conforme MARKOVITCH(MAXIMIANO et al., 1980),
corresponde ao conhecimento progressivo que o homem adquire em relaoao seu meio e aos fenmenos da natureza. A cincia surgiu como parteintegrante da filosofia e a esta mantm-se estreitamente vinculada at omomento. Segundo o autor, filsofos gregos, como Plato (na Matemtica) e
Aristteles (nas Cincias Naturais e Metafsicas)iii, lanaram as primeirassementes que passariam a germinar mais de mil e setecentos anos depois, como Renascimento na Itlia, e a florescer a partir do sculo XIX.
HALL(1988), em A Revoluo na Cincia 1500 1750, afirma que
nos sculos XVI e XVII, o Ocidente testemunhou uma mudana fundamental e
decisiva na atitude do homem para com o mundo que o rodeava, o queproduziu um esprito de investigao mais penetrante donde emergiram acincia moderna e o moderno esprito cientfico.
A seguir ser apresentada uma breve descrio da evoluo histrica da Cincia, com
base no texto de MORAIS (1978), que utiliza a tradicional periodizao da Histria: Idade
Antiga, Idade Mdia, Idade Moderna e Idade Contempornea.
Idade Antiga:800 AC (criao das cidades de Esparta e Atenas) a 500 DC (queda doImprio Romano Ocidental).A Civilizao Helnica mostrou sempre grande preocupao
em conhecer a natureza. Contudo, a mentalidade grega no propiciava o surgimento da
verificao indutiva ou experimentao, pois os helenos amavam mais o cultivo das idias
do que o trabalho manual com coisas e fatos. Vale dizer que sua mentalidade era
predominantemente dedutivista. Assim, as cincias formais foram muito cultivadas e
desenvolvidas pelos gregos, enquanto as cincias fatuais tiveram pouqussimo
iiiPlato: 427 - 347 a.C. Aristteles: 384 322 a.C. Outros filsofos gregos de importncia:
Pitgoras (~540 - ~500 a.C.) -Matemtica, Cincias Naturais e Metafsicas, Msica
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desenvolvimento. O desprezo dos helenos pelas atividades prticas manuais lhes
impossibilitou o descobrimento do "mtodo das demonstraes experimentais" ou "mtodo
cientfico". Por outro lado, a Civilizao Romana, devido ao seu gnio predominantemente
prtico e pelas suas muitas preocupaes polticas e militares, foi medocre na busca da
cincia.
Idade Mdia: 500 a 1500 (Renascimento). A poca medieval tida como teocntrica,
com um predomnio extremamente acentuado de preocupaes religiosas. O homem
medieval estava empenhado, sobretudo, na salvao da sua alma, na chamada "vida
depois da morte".Para ele, a realidade dada fora estabelecida por Deus e era inteiramente
sagrada. Logo, no competia ao homem pecador interferir na natureza - este devia to
somente contemplar a sbia harmonia que o Todo Poderoso colocara no Universo. Talvez,
ao se contemplar hoje a devastao do ambiente natural operada pela cincia e pela tcnica
(que afinal se uniram), perceba-se certa sabedoria quase instintiva na atitude mstica
medieval. De fato, no se percebe, ao longo de aproximadamente 1000 anos da Idade
Mdia, uma "fisionomia" histrica estvel. Observam-se pontos altos (nas criaes
teolgicas e filosficas) e pontos muito baixos, no tocante a passos dados pela
experimentao. As Universidades, curiosamente criadas na Idade Mdia, cultivavam o
ensino clssico, sditas, ainda, do imperialismo intelectual do Mundo Antigo. A atitude
ideal era a de respeito cego ao que afirmavam as "autoridades" antigas, sendo inclusive os
textos bblicos fontes de autoridade cientfica.
Idade Moderna: 1500 a 1900 (Industrializao da Sociedade).Os fatos importantes que
marcaram o princpio da Idade Moderna foram: o surto humanista do renascimento, que
reposiciona o homem como centro do significado histrico; os grandes descobrimentos
martimos e, sobretudo, o advento do experimentalismo cientfico, fruto de um raciocnio
segundo o qual o homem, como senhor do mundo, podia transform-lo, manipulando-o
vontade. O mundo torna-se uma quantidade de matria neutra a ser explorada e
manipulada, no se mostrando mais sagrada e intocvel. Sem dvida, Galileu Galilei (1564
a 1642) foi o pioneiro na mentalidade cientfica, ao analisar experimentalmente a queda de
corpos esfricos do alto da Torre de Pisa, ao submeter a teoria de Coprnico
(Heliocentrismo) prova prtica do telescpio, e acima de tudo, em trabalhos sobre
dinmica, combinando a observao e a induo com a deduo matemtica, atravs da
Euclides (~365 - ~300 a.C.) - Matemtica.
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experincia, inaugurando assim o verdadeiro Mtodo da Pesquisa Fsica. Foi a novidade
da substituio das longas argumentaes lgicas da dialtica formal pela observao dos
fatos em si mesmos que marcou a mentalidade moderna. Nesta revoluo galileana, a
cincia e a tcnica conseguiram unir-se. Isto foi decisivo para o incio da cincia aplicada,
como conhecida atualmente.
Idade Contempornea: a partir de 1900. Atualmente, o conhecimento da natureza
(cincia) e o domnio das foras naturais (tcnica) deram-se as mos de tal forma que j se
torna um tanto difcil dissoci-los. A Metodologia Cientfica dos dias atuais no
acrescentou muita coisa ao que j fora estabelecido por Galileu. Ocorre, entretanto, que a
fsica (amparada pela matemtica) desenvolveu sofisticadssimos instrumentos para a
pesquisa, fato que possibilita, atualmente, gerar grandes resultados cientfico-tecnolgicos.
1.2 -Tecnologia
ATecnologia(do grego tchne = arte, ofcio, indstria+ logos = estudo, discurso)
definida como o conjunto de conhecimentos, especialmente princpios cientficos, de que uma
sociedade dispe sobre cincias e artes industriais, incluindo os fenmenos sociais e fsicos, e
a aplicao destes princpios produo de bens e produtos. Tecnologia, portanto, mais do
que tcnica.
Tcnica(do grego tchne = arte, habilidade, ofcio) um conjunto de saber-fazer de
ordem prtica, essencialmente ligada ao conhecimento emprico; um item isolado deste
conjunto de conhecimento como, por exemplo, um processo industrial, um programa de
computador, um automvel, etc.. A tcnica, segundo GALLIANO (1979), assegura a
instrumentao especfica da ao em cada etapa do mtodo, a ttica da ao, resolve
como fazer a atividade. BARROS e LEHFELD (1986) distinguem a tcnica comum da
tcnica cientfica. A tcnica comum realiza-se ao acaso atravs de improvisaes de ensaios
e erros conseqentes da experincia cotidiana. H um intermedirio que operacionaliza a
realidade sem saber o porqu, o como, as causas, os efeitos da produo: mais precisamente
este intermedirio no elabora relaes plausveis entre o conhecer e o produzir. a ao
pela ao Assim, a tcnica comum desprovida de qualquer justificativa terica. Na tcnica
cientfica, por outro lado, a prtica tem correspondncia racional, causal, explicativa e
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compreensiva justificada na respectiva cincia que formaliza a formao profissional. Trata
da utilizao dos conhecimentos expressos pelas teorias e leis sistematizadas para a
obteno de resultados desejados. (BARROS e LEHFELD, 1986).
A maneira pela qual as diferentes tcnicas so organizadas e integradas numa dada
sociedade o que se chama de Sistema Tecnolgico ou simplesmente de Tecnologia. O
sistema inclui eficincia econmica, eficincia tcnica, valores culturais e estratgia de
desenvolvimento.
De acordo com MARKOVITCH(MAXIMIANO et al., 1980),
a palavra tecnologia surgiu na Inglaterra, no sculo XVII, e lidava,basicamente, com as artes aplicadas. Com o tempo, esse conceito foi-semodificando e alcanou a segunda metade do sculo XX, significando os meiose as atividades atravs dos quais o homem procura mudar ou manipular seumeio ambiente.
Atualmente, conforme SILVA(citado por MARKOVITCH emMAXIMIANO et al., 1980),
tecnologia o conhecimento especfico, detalhado e exato de processos e produtos, obtido
atravs do conhecimento e da metodologia cientfica aos problemas da produo.
Markovitchmenciona que a cincia e a tecnologia evoluram separadamente at a
Revoluo Industrial; tendo vrios fatores contribudos para isto, particularmente
o aspecto social: enquanto a cincia era preocupao das elites, a tecnologia era
praticada pelos artesos e pelos membros das classes menos privilegiadas.
1.3 Consideraes Finais
De grande significado para reflexo sobre o papel social da Cincia & Tecnologia
mostra-se o pensamento de MORAIS (1978):
Dentre os componentes intelectuais do nosso sculo, a cincia e tecnologia sefizeram os mais importantes e, por esta mesma razo, os mais problemticos.E muito enganoso o ponto de vista segundo o qual s os cientistas e
tecnlogos devem ter posio definida ante essas duas palpitantes reas dosaber e da ao.
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Todo o mundo ocidental vive um processo impactante que procura ofereceraos antigos mistrios explicaes oriundas do racionalismo materialista dacincia e tambm busca subjugar cada vez mais as foras da natureza, pondo-as a servio da comunidade humana. Assim que cabe a todos os cidadostomarem uma posio consciente em seu momento histrico. Ao contrrio do
que muitos pensam, os expedientes da cincia e da tecnologia atuais tm a vercom a prpria organizao do nosso cotidiano familiar.
Segundo MAXIMIANO et al.(1980),
A cincia e a tecnologia formam a base do desenvolvimento econmico esocial da nao. A criao, a transferncia a adaptao e a aplicao deconhecimentos em prol do bem-estar da coletividade e da soberania nacional
so processos que dependem do xito das organizaes nas quais se praticampesquisa e desenvolvimento, visando busca e ao emprego de novos
conhecimentos, na contnua procura para estabelecer o melhoraproveitamento dos recursos mediante a explorao das descobertascientficas. Esse xito pode ser alcanado, basicamente, de duas formas: em
primeiro lugar, com a excelncia tcnica representada pelo talento dospesquisadores; em segundo, com a qualidade das solues administrativas,que devem oferecer o apoio material, financeiro e organizacional apropriadoao pleno aproveitamento daquele talento.
Segundo VELOSO (1996),
A compreenso dos fenmenos da natureza e o domnio do ConhecimentoCientfico constituem um dos elementos fundamentais da afirmao dasociedade humana. Embora muitas vezes possam parecer desvinculados darealidade imediata, seus frutos tm tido a finalidade de facilitar as atividades
sociais. Nos dois ltimos sculos da evoluo poltico-social, odesenvolvimento cientfico-tecnolgico foi tendo, cada vez mais, um papeldeterminante, estabelecendo-se, em conseqncia, regras e normas de atuaoda Cincia e da Tcnica. Nas sociedades industrializadas modernas, aorganizao do trabalho cientfico resultou num complexo sistema queincorpora polticas maiores de interesse da soberania dos povos, passando
pelo planejamento estratgico de setores pblicos e privados, norteando as
aes na rea, englobando rgos de financiamento e fomento pesquisa,universidades, institutos de pesquisa.
Para informaes mais detalhadas sobre as definies e conceitos apresentados neste
captulo, consultar CERVO e BERVIAN (1981), BARROS e LEHFELD (1986), MORAIS (1978),
FERRARI (1982), RUDIO (1997), GALLIANO (1979), RUIZ (1978), dentre outros.
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CAPTULO DOIS
MMTTOODDOOCCIIEENNTTFFIICCOO
Os conceitos acerca de cincia e tecnologia apresentados a seguir foram extrados deCERVO eBERVIAN(1981), BARROS eLEHFELD(1986)e MORAIS(1978).
2.1 - Mtodo Cientfico, Mtodo Racional e Argumento de Autoridade
CERVO e BERVIAN (1981) apresentam os conceitos seguintes sobre o mtodo
cientfico, mtodo racional e argumento da autoridade.
A metodologia (do grego meta = ao largo, objetivo, baliza, alvo, barreira, limite +
odos = caminho, via + logos = estudo, discurso) a operacionalizao, sistematizao e
racionalizao do mtodo. O mtodo (do grego mthodos = caminho para um objetivo) a
forma de proceder, ou seja, a ordem que se segue na investigao da verdade, no estudo de
uma cincia ou para alcanar um fim determinado, e constitui-se de processos e tcnicas.
Processo (do latim processus = curso, marcha) a aplicao especfica do mtodo,enquanto tcnica a forma especial de execut-lo. A metodologia cientfica o estudo e a
aplicao dos mtodos cientficos, isto , a definio da melhor maneira de se abordar
determinado problema no estado atual do conhecimento, a arte de dirigir o esprito na
investigao da verdade.
Mtodo Cientfico. OMtodo Cientficoconsiste em um modo sistemtico de explicar um
grande nmero de ocorrncias semelhantes, de forma objetiva e controlada, buscandoresultados verificveis e confiveis, relevantes e indispensveis ao conhecimento e
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Mtodo Cientfico 18
compreenso de um certo fenmeno ou processo. O mtodo cientfico procura descobrir a
realidade dos fatos que, ao serem descobertos, devem guiar o uso do prprio mtodo;
entretanto, o mtodo , apenas, um meio de acesso, pois, s a inteligncia e a reflexo
descobrem como so realmente os fatos. Toda investigao nasce de algum problema
observado ou sentido; o prosseguimento da investigao depende da aplicao de um
conjunto de processose tcnicascientficas - mtodo cientifico - que ir guiar e, ao mesmo
tempo, delimitar o assunto a ser investigado. Uma discusso ampla sobre as origens ou o
desenvolvimento do mtodo cientfico pode ser encontrada em WEATHERALL (1970) e
FERRARI (1982).
Mtodo Racional. OMtodo Racional aplicado a assuntos abstratos, ou seja, que no so
realidades, fatos ou fenmenos susceptveis de comprovao experimental. Todo mtodo
depende do objeto de investigao. Mediante o mtodo racional, que tambm se desdobra em
diversos processos e tcnicas, como a observao, a anlise e a sntese, a induo e a deduo,
a hiptese e a teoria, procura-se interpretar a realidade quanto a sua origem, natureza
profunda, destino e significado no contexto geral. A possibilidade de comprovar ou no as
hipteses distingue o mtodo cientfico do mtodo racional.
Argumento de Autoridade. OArgumento de Autoridadeconsiste em admitir uma verdade
com base no valor intelectual ou moral daquele que a prope ou professa. Nas cincias
experimentais e na filosofia, aceitar passivamente a opinio do especialista ou "autoridade" no
assunto significa a morte da verdadeira pesquisa. Os resultados obtidos pelos especialistas
servem para guiar os trabalhos de investigao e para confirmar solues encontradas pelo
mtodo cientfico. As reas que mais utilizam o argumento de autoridade so a Teologia, a
Histria, a Filosofia, o Direito, a Sociologia, etc.. Porm, exige-se que tal argumento, quando
evocado, tenha passado pelo crivo austero da anlise e crtica mais rigorosa possvel, sem o
que no ter qualquer eficcia.
2.2 - Processos e Tcnicas do Mtodo Cientfico e do Mtodo Racional
CERVO e BERVIAN (1981)ressaltam que os objetos de investigao determinam o tipo
de mtodo (mtodo racional ou mtodo cientfico) a ser empregado. Em ambos os casos,
processos e tcnicas especficas e comuns so empregados. Entretanto, os processos e
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Mtodo Cientfico 19
tcnicas apresentados a seguir podem ser aplicados tanto no mtodo cientfico
(experimentao cientfica) quanto, com as devidas adaptaes, no mtodo racional. A
conceituao a seguir foi extrada do texto destes dois autores, acrescida de alguns
comentrios de outros autores.
2.2.1 - Observao
A observaosignifica aplicar atentamente os sentidos a um objeto, para dele adquirir
um conhecimento claro e preciso, evitando, com isto, a reduo do estudo da realidade e de
suas leis a simples conjecturas e adivinhaes.
As observaes so precedidas pelas teorias. As observaes e experimentaes so
realizadas no sentido de testar ou lanar luz sobre alguma teoria, e apenas aquelas
observaes consideradas relevantes devem ser registradas.
Para o bom xito da observao, exigem-se:
a)condio fsica: instrumentao adequada para aumentar o alcance, registrar a intensidade
e a preciso dos fenmenos;
b)condio intelectual: curiosidade e discernimento dos fatos significativos;
c)condies morais: pacincia, coragem e imparcialidade;
d)regras da observao: a observao deve ser atenta, exata e completa, precisa, sucessiva e
metdica.
2.2.2 - Hiptese
A hipteseconsiste em supor conhecida a verdade ou explicao exata que se busca,
isto , estabelece, a priori, uma relao de causa e efeito ou de antecedente e conseqente
entre dois fenmenos. a suposio de uma causa ou de uma lei destinada a explicar
provisoriamente um fenmeno at que os fatos ou a experimentao a venham contradizer ou
afirmar. Uma hiptese falsificvel quando existe uma proposio de observao ou um
conjunto de observaes logicamente possveis que so inconsistentes com a hiptese, isto ,
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se estabelecidas tais observaes como verdadeiras, estas falsificariam a hiptese. RUDIO
(1997)afirma que toda pesquisa consiste em enunciar e verificar hipteses.
As hipteses tm por funo:
terica:orientar o pesquisador, dirigindo-o na direo da causa provvel ou da lei que se
procura;
prtica:coordenar e completar os resultados j obtidos, agrupando-os num conjunto
completo de fatos, a fim de facilitar a sua inteligibilidade e estudo.
De acordo com RUDIO (1997), as hipteses desempenham dupla funo: dar
explicaes provisrias e ao mesmo tempo servir de guia na busca de informaes para
verificar a validade destas explicaes.
Quanto natureza (RUDIO (1997), a hiptese deve ser:
plausvel- a hiptese deve ser plausvel, isto , deve indicar uma situao possvel de ser
admitida, de ser aceita;
consistente - a consistncia indica que o enunciado no est em contradio nem com a
teoria e nem com o conhecimento cientfico mais amplo, bem como que no existe
contradio dentro do prprio enunciado;
especfica o enunciado deve ser especificado, dando as caractersticas para identificar o
que deve ser observado;
verificveli - a hiptese deve ser verificvel pelos processos cientficos, atualmente
empregados;
clara - a clareza refere-se ao modo de se fazer o enunciado, isto , que seja constitudo
por termos que ajudem realmente a compreender o que se pretende afirmar e indiquem, de
modo denotativo, os fenmenos a que se referem;
simples - para ser simples, o enunciado deve ter todos os termos e somente os termos que
so necessrios compreenso;
iPara maiores informaes sobre verificao da hiptese , consultar,
tambm,VERD (1978).
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econmica a economia do enunciado supe a simplicidade e consiste em utilizar todos
os termos e somente os termos necessrios compreenso mas na menor quantidade
possvel;
explicativa uma das finalidades bsicas da hiptese servir de explicao para oproblema que foi enunciado. Se isto no acontecer, a hiptese no tem razo de existir.
As hipteses so obtidas a partir da:
deduode resultados j conhecidos;
da experincia;
induo, se a suposta causa do fenmeno um dos seus antecedentes, que parece
apresentar todos os caracteres de antecedente causal;
analogia, quando so inspiradas por certas semelhanas entre os fenmenos um que se
quer explicar e outro j conhecido.
2.2.3 - Experimentao
A experimentao consiste no conjunto de processos utilizados para verificar as
hipteses, isto , trata-se de descobrir se realmente o efeito ou conseqente varia, e se varia
nas mesmas propores, cada vez que varia a causa ou antecedente.
O princpio geral em que se fundamentam os processos da experimentao o
determinismo - nas mesmas circunstncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos,
ou ainda, as leis da natureza so fixas e constantes.
Os tipos de experimentao so: experimentos Aristotlico, Baconiano, Galileano e
Kantiano.
Experimento Aristotlico (Aristteles - 384 a 322 AC -fundador da ordem lgica ou lgica
formal). O experimento Aristotlico somente demonstrativo (lgico), busca forar a
experincia para confirmar a teoria, no utiliza os resultados da experincia. Responde
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seguinte indagao: aquilo vai acontecer se ... . Aplicado nas demonstraes cientficas
(observao ou verificao de resultados esperados).
Experimento Baconiano (Roger Bacon - 1214 a 1294). O experimento Baconiano
aplicado na busca de novos conhecimentos. Baseado na Alquimia (Alquimista procura a
Pedra Filosofal para transformar qualquer coisa em ouro e curar todas as doenas - "a
verdade um mineral, basta procur-lo que ser achado). Responde indagao: que
aconteceria se .... Aplicado nas Cincias Naturais, na Bioqumica.
Experimento Galileano (Galileu Galilei - 1564 a 1642). O experimento Galileano ou
experimento dialtico visa refutar a hiptese que poderia validar a teoria a partir da prova
rigorosa (il cimento) e do experimento crtico. No experimento Galileano, mais importante
do que o resultado a interpretao dos resultados na formulao de novas hipteses.
Aplicado nas Cincias Naturais, etc..
Experimento Kantiano(Immanuel Kant 1724 a 1804 ii).O experimento Kantianoadmite
que o conhecimento existe a priori e gera novos conhecimentos, no sobrevivendo em si
mesmo. Aplicado em simulaes matemticas, pesquisa eleitoral, projees no tempo, nas
Cincias Econmicas, etc..
2.2.4 - Induo e Deduo
Induoe Deduoso formas de raciocnio ou de argumentao, ou seja, so formas
de reflexo e no de simples pensamento. O pensamento caracteriza-se por ser dispersivo,
natural e espontneo. A reflexo requer esforo e concentrao voluntria, dirigida e
planificada.
O argumento indutivo baseia-se na generalizao de propriedades comuns a certo
nmero de casos observados, a todas as ocorrncias de fatos similares que se verificam no
futuro.
ii
WINZER, Fritz - KULTURGeschichte Europas - Von der Antike bis zur Gegenwart. Ed. Naumann & Gbel.
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Exemplos:
Terra, Marte, Vnus so planetas. A Terra, Marte e Vnus no tm luz prpria.
Logo, os planetas no tm luz prpria.(CERVO e BERVIAN, 1981).
Os corpos A, B, C e D atraem o ferro. Ora, os corpos A, B, C e D so ims.
Logo, os ims atraem o ferro.(CERVO e BERVIAN, 1981).
Os corpos A, B, C e D se aquecem Ora, os corpos A, B, C e D so metais.
Logo, os metais se aquecem. (BARROSe LEHFELD, 1986).
Deduo a argumentao que torna explcita verdades particulares contidas em
verdades universais. No raciocnio dedutivo, a concluso ou conseqente est contido nas
premissas ou antecedentes, como a parte no todo. Este processo leva o pesquisador do
conhecido ao desconhecido com pouca margem de erro, mas, por outro lado, de alcance
limitado, pois a concluso no pode possuir contedos que excedam o das premissas.
Exemplos:
Todos os animais respiram. O mosquito um animal. Logo, o mosquito respira.(CERVOe BERVIAN, 1981).
Todo mamfero tem um corao. Ora, todos os ces so mamferos. Logo, todosos ces tm um corao. (BARROSe LEHFELD, 1986).
A forma geral de todas as explicaes e previses cientficas pode ser assim resumida:
Leis e Teorias
Condies Iniciais
Previses e Explicaes
O propsito bsico da induo e da deduo obter concluses verdadeiras a partir de
premissas verdadeiras. Isto sempre ocorre nos argumentos dedutivos. Quanto aos argumentos
indutivos, as concluses possuem contedos mais amplos que as premissas. Assim, quando as
premissas de um processo indutivo so verdadeiras, o melhor que pode dizer que as suas
concluses so, provavelmente, verdadeiras. Para que as concluses da induo sejam
verdadeiras o mais freqente possvel e tenham um maior grau de sustentao, podem-se
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Mtodo Cientfico 24
acrescentar ao argumento evidncias, sob forma de premissas novas que figuram ao lado das
premissas inicialmente consideradas.
Os raciocnios indutivo e dedutivo envolvem o relacionamento entre vrios conjuntos
de afirmaes, e no relacionamento entre afirmaes por um lado e experincias perceptivas
por outro.
A induo e a deduo so processos que se complementam. Por isto, a induo
refora-se bastante atravs dos argumento dedutivos extrados de outras disciplinas que lhes
so correlatas ou afins.
2.2.5 - Anlise e Sntese
AnliseeSnteseso ordens de conduo do pensamento que permitem inteligncia
extrair da complexidade de idias, de seres e de fatos, as relaes de causas e efeitos e de
princpios e conseqncias.
A anlise a decomposio de um todo em suas partes. o processo que parte do
mais complexo para o menos complexo. A sntese a reconstituio do todo decomposto pela
anlise. o processo que parte do mais simples para o menos simples. Sem a anlise, todo o
conhecimento complexo e superficial. Sem a sntese, fatalmente incompleto.
O conhecimento de um objeto no se limita ao conhecimento minucioso de suas
diversas partes. Deseja-se, tambm, conhecer o lugar que o objeto ocupa no contexto global.
Por isso, anlise deve-se seguir a sntese.
Espcies de anlise e sntese:
Experimentais: operam sobre fatos ou seres concretos. Constituem o cerne de toda a
experincia cientfica, de toda a pesquisa de laboratrio.
Racionais: operam sobre idias e verdades mais ou menos reais. S podem ser feitas
mentalmente. Empregam-se na Filosofia e na Matemtica.
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Mtodo Cientfico 25
A anlise racionalreduz o problema proposto em outro mais simples, j resolvido.
uma espcie de induo: parte-se da soluo do problema, supondo-o resolvido e remonta-o
por transformaes e simplificaes sucessivas, at o princpio, do qual o problema uma
aplicao particular. Caminha-se do particular (mais complexo) para o geral (mais simples).
A sntese racionalparte de um princpio geral mais simples e evidente, e dele deduz,
por via de conseqncia, a soluo desejada. uma espcie de deduo: parte-se do princpio
geral descendo de conseqncia em conseqncia at atingir a soluo do problema, isto ,
vai-se do mais simples para o mais complexo.
2.2.6 - Lei Cientfica e Teoria
A Lei Cientfica representa um enunciado de carter universal que rene o
conhecimento atual. Postulada, quando uma hiptese comprovada atravs da observao
controlada e da experimentao.
Embora, usualmente, o termo Teoria seja empregado como conceito de conhecimento,
em oposio prtica, Teoria significa um conjunto de leis cientficas, buscando a
interpretao de um assunto. Exemplos: Teoria Atmica, Teoria da Relatividade, Teoria do
Buraco Negro, Teoria da Evoluo de Darwin, etc..
A cincia um corpo de conhecimento historicamente em evoluo. Portanto, uma
nova teoria s ser adequada se for considerado o seu contexto histrico. A avaliao de uma
teoria est intimamente ligada s circunstncias nas quais ela surge. Elas podem ocorrer ao
descobridor num estado de inspirao, alternativamente pode ocorrer como resultado de um
acidente ou aps uma longa srie de observaes e clculos.
Teorias precisas, claramente formuladas, so um pr-requisito para proposies e
observaes precisas. Neste contexto, as teorias precedem a observao.
As teorias so interpretadas como conjecturas especulativas ou suposies criadas
livremente pelo intelecto humano, no sentido de superar problemas encontrados por teorias
anteriores e dar uma explicao adequada do comportamento de alguns aspectos do mundo ou
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Mtodo Cientfico 26
do universo. Uma vez propostas, as teorias especulativas devem ser rigorosas e
inexoravelmente testadas por observao e experimento. As teorias que no resistem aos
testes devem ser eliminadas e substitudas. Apenas as teorias mais adaptadas sobrevivem.
Embora no se possa dizer que uma teoria seja verdadeira, pode-se dizer que ela a melhor
disponvel. Segundo CERVO e BERVIAN (1981), a teoria se distingue da hiptese,
porquanto esta verificvel experimentalmente, enquanto aquela no. Todas as proposies
da teoria se integram no mundo do discurso (conhecimento), enquanto a hiptese comprova
sua validade, submetendo-se ao teste da experincia.
Os segredos da natureza apenas podem ser revelados com a ajuda de teorias
engenhosas e de grande penetrao. Quanto maior for o nmero de teorias conjecturadas, que
so confrontadas pelas realidades do mundo, e quanto mais especulativas forem essas
conjecturas, maiores sero as chances de avanos importantes na cincia.
2.2.7 - Doutrina
CERVO e BERVIAN (1981)afirmam que, enquanto a Cincia envolve operaes que se
desenvolvem num ambiente de objetividade, de indiferena e de neutralidade, a Doutrina,por
outro lado,prope diretrizes para a ao, um encadeamento de correntes, de pensamentos
que no se limitam a constatar e a explicar fenmenos, mas apreciam-nos em funo de
determinadas concepes ticas e, luz destes juzos, preconizam certas medidas e probem
outras. Numa doutrina, segundo os dois autores, h idias morais, posies filosficas e
polticas e atitudes psicolgicas, bem como interesses individuais, interesses de classes ou
naes.
2.3 Consideraes Finais
A anlise cientfica de um problema tcnico requer o desenvolvimento de uma
pesquisa (cientfica) que, por sua vez, exige a aplicao de uma metodologia cientfica,
envolvendo etapas depreparao da pesquisa,de execuo da pesquisae de comunicao da
pesquisa. Estes aspectos so abordados no captulo seguinte.
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Mtodo Cientfico 27
Para informaes mais detalhadas sobre as definies e conceitos apresentados neste
captulo, consultar CERVO e BERVIAN (1981), BARROS e LEHFELD (1986), MORAIS (1978),FERRARI (1982), RUDIO (1997), GALLIANO (1979), RUIZ (1978), dentre outros.
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Pesquisa Cientfica 28
CAPTULO TRS
PPEESSQQUUIISSAACCIIEENNTTFFIICCAA
3.1 Definio
Pesquisa(do espanhol pesquisa = investigao), conforme definio de BARROS e
LEHFELD (1986), um ato dinmico de questionamento, indagao e aprofundamento
consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos. a busca de uma resposta
significativa a uma dvida ou a um problema.
Pesquisa Cientfica , segundo os autores acima, a efetivao de um processo comaplicao da metodologia adequada metodologia cientfica- para a obteno de dados fiis,
objetivos, comprovveis, relevantes e indispensveis ao conhecimento e compreenso de
um certo fenmeno ou processo.
MARKOVITCH (MAXIMIANO et al., 1980, cap. 1, p.17) define a pesquisa cientfica
como a busca de um maior conhecimento dos fenmenos do meio, que constituem o ambiente
do homem.
O pesquisador, conforme LUNA (1998), ,
no contexto da metodologia (Mtodos e Tcnicas), um intrprete darealidade pesquisada, seguindo os instrumentos conferidos pela sua posturaterico-epistemolgica. No se espera, hoje, que ele estabelea a veracidadedas suas constataes. Espera-se, sim, que ele seja capaz de demonstrar
segundo critrios pblicos e convincentes que o conhecimento que ele
produz fidedigno e relevante terica e/ou socialmente.
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Pesquisa Cientfica 29
3.2 - Classificao da Pesquisa
A pesquisa cientfica classifica-se segundo a forma e finalidade. Em BARROS e
LEHFELD (1986), encontram-se os seguintes conceitos tipolgicos da pesquisa (Figura 1.1).
Forma. Segundo a forma, a pesquisa cientfica divide-se em descritiva, experimental e de
ao.
A pesquisa descritiva envolve observao, registro, anlise e correlao de fatos ou
fenmenos, sem a interferncia do pesquisador ou manipulao do objeto de pesquisa.
Existem dois tipos:pesquisa bibliogrficaou documental epesquisa de campo.
A pesquisa experimental consiste na experimentao (laboratorial) com
manipulao e controle das variveis independentes para observao e interpretao das
modificaes e reaes ocorridas no objeto de pesquisa.
Apesquisa de ao representa uma pesquisa social com base emprica, concebida e
realizada com estreita associao com uma ao ou com a resoluo de um problema coletivo,
no qual os pesquisadores/participantes se envolvem de modo cooperativo, participativo e
ativo no equacionamento, desencadeamento e avaliao dos problemas encontrados.
Quanto aplicao (CERVO e BERVIAN, 1981), a pesquisa descritiva amplamente
empregada nas cincias humanas, etc.. A pesquisa experimental se mostra bastante presente
nas reas biolgicas, naturais, etc.. A pesquisa de ao tem grande emprego nas reas
humanas sociais, polticas, psicolgicas, etc..
Finalidade. Quanto finalidade a pesquisa se classifica empesquisa pura ou bsica e
pesquisa aplicada ou tecnolgica.
Apesquisa pura oubsicatem por finalidade a busca de novos conhecimentos tericos
ou da maior compreenso de determinados fenmenos, alm da atualizao dos
conhecimentos adquiridos.
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Pesquisa Cientfica 30
A pesquisa aplicada ou tecnolgica busca conhecimentos para a imediata aplicao
dos resultados, da soluo imediata de problemas encontrados na realidade, processa a
utilizao de conhecimentos tericos diretamente em problemas concretos ou a aquisio de
novos conhecimentos tericos aplicados ou relativos a um dado problema real ou prtico.
Informaes mais detalhadas sobre os conceitos apresentados podem ser encontradas
em BARROS e LEHFELD (1986)e CERVO e BERVIAN (1981).
3.3 - Metodologia da Pesquisa Cientfica
Para o desenvolvimento de uma pesquisa cientfica, a metodologia cientfica envolve
as etapas de preparao da pesquisa, de execuo da pesquisa e de comunicao da
pesquisa. A anlise de um problema tcnico requer o desenvolvimento de uma pesquisa que
abrange o estabelecimento de um projeto de pesquisae a definio das etapas de execuo,
ou seja, das fases da pesquisa.
Bibliogrfica ou DocumentalDescritiva
de Campo
Forma Experimental
de Ao
Pesquisa
Pura ou Bsica
Finalidade
Aplicada ou Tecnolgica
Figura 3.1 Classificao tipolgica da pesquisa segundo BARROS e LEHFELD (1986).
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Pesquisa Cientfica 31
3.3.1 - Projeto de pesquisa
Oprojeto de pesquisarepresenta um planejamento formal constitudo da justificativa
do tema em estudo e de seus objetivos gerais, da definio, a priori, de tcnicas e
procedimentos necessrios ao cumprimento dos objetivos do tema de pesquisa, de um
cronograma de atividades e de prazos, de uma avaliao dos custos e do cronograma de
desembolso financeiro (se for o caso), da equipe de pessoal executora da pesquisa.
Geralmente, execuo do projeto de pesquisa precede o anteprojeto ou proposta de
projeto de pesquisa, o que corresponde fase preparatria da pesquisa, cujo contedo deve
apresentar aspectos de relevncia, viabilidade e exeqibilidade.
A estrutura bsica de um projeto de pesquisa contm os seguintes tpicos:
Justificativa e Relevncia da Pesquisa.
Formulao do Problema.
Objetivos Gerais e Especficos.
Metodologia (detalhamento do problema, definio ou descrio de materiais e mtodos,
obteno de dados).
Anlise dos Resultados (tratamento e anlise conclusiva dos dados obtidos).
Oramento (especificao tcnica e custos dos materiais e equipamentos).
Cronogramas de Atividades e de Desembolso Financeiro.
Equipe Executora da Pesquisa (seleo e recrutamento de pessoal, distribuio de tarefas
ou funes).
Bibliografia.
3.3.2 - Fases da pesquisa
As fases da pesquisadefinem-se como um programa operacional composto de etapas e
procedimentos associados envolvendo a preparao e execuo sistemtica do projeto de
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Pesquisa Cientfica 32
pesquisa (com o alcance dos objetivos gerais propostos), e a divulgao ou publicao dos
resultados.
As principais fases de uma pesquisa se caracterizam pelas etapas descritas a seguir.
Preparao da Pesquisa proposta do projeto de pesquisa:
A preparao de uma proposta de pesquisa envolve, basicamente, o estabelecimento
de uma idia precisa de abordagem do tema, contendo1:
Apresentao do tema: descrio monogrfica da natureza contendo seleo, discusso e
delimitao do tema ou assunto quanto a: justificativa e relevncia da pesquisa, objeto,
objetivos gerais e especficos (limitados e claramente definidos), extenso, campo e nvel
de investigao,
Apresentao do "estado da arte": localizao, seleo e leitura de documentos e
publicaes que possam interessar ao tema discutido, apropriao de dados ou
informaes essenciais ao desenvolvimento do tema (devidamente citados e listados no
documento conforme normas especficas).
Apresentao da metodologia: definio, a priori, de tcnicas e procedimentos (materiais
e mtodos) necessrios, planejamento de obteno de dados, eventualmente, se possvel,
discusso sobre expectativas e resultados esperados.
Apresentao de custos e prazos: definio dos recursos financeiros necessrios e
programao das atividades para cumprimento dos objetivos propostos.
Apresentao da equipe executora: informaes relativas a inclinaes, possibilidades,
aptides e tendncias do(s) proponente(s) ou constituintes do trabalho cientfico.
Execuo da Pesquisa desenvolvimento do projeto de pesquisa:
1Problema uma dificuldade terica ou prtica, no conhecimento de uma coisa de real importncia, para a
qual se deve encontrar uma soluo.Definir um problemasignifica especific-lo em detalhes precisos e exatos,devendo sua formulao ser clara, concisa e objetiva, de preferncia em forma interrogativa e delimitada com
indicaes das variveis que intervm no estudo de possveis relaes entre si. O problema, antes de serconsiderado apropriado, deve ser analisado sob o aspecto de sua valorao, quanto a: viabilidade, relevncia,novidade, exeqibilidade, oportunidade. Definio do tipo de problema: de estudos acadmicos, deinformao, de ao, de investigao pura ou aplicada(MARCONI eLAKATOS,1982).
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Pesquisa Cientfica 33
Detalhamento do Problema formulao detalhada do problema (detalhamento dos
objetivos gerais e especficos, desencadeamento de uma srie de procedimentos para a
localizao, seleo e leitura de documentos e publicaes que possam interessar ao
tema discutido (apresentao do "estado da arte" e da apropriao de dados ou
informaes essenciais ao desenvolvimento do tema)2;
Detalhamento das hipteses e da metodologia - descrio das hipteses e variveis
envolvidas (definio dos termos e indicao das variveis, independentes e
dependentes, etc.); imposio de pressuposies (hipteses) fundamentais para o
estudo do problema, devidamente justificadas e sujeitas verificao e comprovao
posterior, de forma a nortear, simplificar ou facilitar a anlise do problema em
pesquisa; definio do(s) mtodo(s) (dos processos e das tcnicas de anlise, seleo
ou definio de uma amostra) necessrios ou adequados (metodologia)3 para
cumprimento dos objetivos propostos, bem como planejamento de obteno de
informaes ou resultados desejados.4
Obteno de resultados: aplicao de processos e tcnicas especficas para aquisio
de resultados ou informaes preliminares (teste preliminar para reavaliao das
hipteses e da metodologia - verificao dos procedimentos e instrumentos de
pesquisa)e para gerao de resultados definitivos e conclusivos, a partir de condies
pr-estabelecidas - limites operacionais, condies crticas de operao, situaes
ideais, etc. - (etapa sem opinies pessoais e sem comparaes com outros autores).5
Anlise dos resultados: interpretao e sistematizao dos resultados (emisso de
opinies pessoais), incluindo comparao com outras fontes (literatura),
estabelecendo relaes de causa-e-efeito, correlaes entre as variveis, relaes
entre os resultados obtidos e as hipteses formuladas comprovadas ou refutadas
mediante a anlise; sistematizao e vinculao conclusiva dos resultados aos
objetivos propostos e ao tema.
2Forma complementar de obteno de informaes so os contatos diretos.3O ferramental metodolgico deve ser diretamente relacionado e adequado ao problema ou objeto de estudo.
4Organizao dos instrumentos de investigao, bem como elaborao de dossier de documentao relativo
pesquisa (MARCONI eLAKATOS,1982).5 Coleta de dados (atravs de documentos, observao, entrevista, questionrio, formulrio, medidas de
opinies e atitudes, tcnicas mercadolgicas, testes, sociometria, anlise de contedo, histria de vida),elaborao dos dados (seleo, codificao, tabulao) e representao dos dados (tabelas ou quadros,grficos, equaes).(MARCONI eLAKATOS,1982).
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Pesquisa Cientfica 34
Concluses: exposio sucinta e objetiva sobre a investigao efetuada, sntese final
comentada das idias essenciais e com sistematizao e generalizao dos resultados,
em resposta s hipteses e aos objetivos propostos, buscando a extenso da aplicao
da anlise a problemas semelhantes.
Relatrio da Pesquisa:
Comunicao dos Resultados: exposio documental formal em linguagem clara,
objetiva precisa, coerente e simples - da pesquisa conduzida, enfatizando todas as fases
e etapas desenvolvidas (incluindo discusso da metodologia materiais e mtodos
empregada), as quais so descritas, de forma anloga, em um relatrio de
comunicao dos resultados da pesquisa.
3.4 Consideraes Finais
Para reflexo, apresentam-se alguns pensamentos quanto importncia e relevncia da
pesquisa cientfica (quer no meio acadmico, quer no setor industrial).
Apesquisa cientfica busca, de acordo com OLIVEIRA (1996),
enriquecer a teoria j conhecida sobre determinado tema e sua finalidadeltima a conseqncia prtica no domnio da natureza no prognstico econtrole de eventos, nos avanos tecnolgicos, enfim a melhoria das condiesde vida, destino social dos conhecimentos. A relevncia social do trabalho
produzido vai depender de sua trajetria, saindo dos muros da universidade ealargando o mbito de seus leitores e de sua aplicao, principalmente ao seconverter em benefcio para a populao.
MARKOVITCH (MAXIMIANO et al., 1980, cap.1) afirma que:
quanto maior o esforo em pesquisa, tanto mais elevado o grau de saber ede conhecimento sobre o meio e o universo do homem;
quanto maior o esforo em pesquisa, tanto maior a probabilidade de seelevar o grau de eficcia do sistema de ensino;
quanto maior o esforo em pesquisa, tanto maior a probabilidade de o pasalcanar grau mais elevado de aproveitamento dos recursos disponveis paraa satisfao das necessidades do homem, colocando ao alcance de todos os
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membros de uma comunidade os bens e servios de que necessitam para seubem-estar;
quanto maior o esforo em pesquisa, tanto maior a probabilidade de o pasalcanar um grau mais elevado de independncia poltica, isto , a capacidadede a comunidade poder autodeterminar sua estratgia de desenvolvimento, em
funo dos seus genunos interesses.
Observa-se que a universidade tornou-se um polo de enorme importncia na questo
Cincia/Tecnologia, levando-a a institucionalizar a pesquisa cientfica e tecnolgica. A
viabilizao de um modelo de universidade baseado na inter-relao ensino-pesquisa
depende, fundamentalmente, do nvel de qualificao acadmico dos professores e da
intensidade de pesquisa desta instituio. Por conseguinte, os Cursos de Ps-Graduao
passam a desempenhar um papel importantssimo, ao fazer o acoplamento entre a qualificao
dos professores e o desenvolvimento de projetos de pesquisa. Desta forma, os professores
(pesquisadores) se mantm atualizados no "estado da arte" de suas reas especficas e
propiciam aos alunos o espao necessrio para acompanhar as tendncias cientfico-
tecnolgicas, atravs das exposies didticas e da insero dos alunos em atividades de
pesquisa. Com isto, os alunos podem adquirir uma formao acadmica com maior nfase em
cincias bsicas da Engenharia. Outro aspecto de grande importncia com relao a este
modelo de universidade, particularmente no tocante ao currculo proposto, a alocaoprofissional do engenheiro. Este profissional, dado seu perfil de formao acadmica
cientificamente orientado, encontra-se habilitado a desenvolver novos produtos tecnolgicos
ou a realizar transformaes tecnolgicas, aliando cincias ou conhecimento bsicos
realidade tecnolgica em que se insere ou opera.
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CAPTULO QUATRO
DDIIVVUULLGGAAOODDEEUUMMAAPPEESSQQUUIISSAACCIIEENNTTFFIICCAA
4.1 Comunicao de Resultados de uma Pesquisa Cientfica
A comunicao dos resultados de uma pesquisa cientfica faz-se atravs de veculos
ou meios de informao especializados ou de divulgao geral ou no especializados. Como
exemplos de meios especializados citam-se revistas cientficas e congressos cientficos (artigo
cientfico), monografias1 (de especializao, dissertao de mestrado, tese de doutorado),
relatrio tcnico-cientfico, conferncia, seminrio, simpsio, etc. Meios de divulgao no
especializados so jornais, revistas, etc..
O contedo do documento de divulgao de um trabalho de pesquisa cientfica deve
descrever o projeto de pesquisa desenvolvido, apresentando, em ordem cronolgica, todas as
fases da pesquisa formalmente no texto, envolvendo tcnicas de redao que buscam a
clareza, a objetividade, a preciso e a simplicidade do texto (com observncia das Normas
Tcnicas pertinentes, ex. Normas Brasileirasda Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ABNT-NBR).
Em FRANA (1996) encontram-se as informaes seguintes, transcritas de forma
bastante sucinta, sobre monografias de mestrado e doutorado, sobre relatrio tcnico-
cientfico, publicaes peridicas, artigos de publicaes peridicas.2
1Vide prximo item.
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4.2 Dissertaes e Teses
Trabalhos de especializao, dissertao de mestrado, tese de doutorado, bem como
trabalhos acerca de pesquisas rigorosas, so considerados como monografias cientficas. De
acordo com SEVERINO (1983),
O termo monografia no deve ser usado para designar restritamente um tipoespecial de trabalho cientfico. Isto porque nem todo trabalho cientfico, no
sentido genrico, deve ser considerado monogrfico. Deve ser consideradouma monografia quando reduz sua abordagem a um nico assunto, a um nico
problema, com um tratamento bem especificado. Os trabalhos cientficos seromonogrficos, na medida em que satisfizerem a exigncia da especificao, ou
seja, na razo direta de um tratamento bem estruturado de um nico tema,
devidamente especificado e delimitado.
FRANA (1996)afirma que:
Dissertaes e teses constituem o produto de pesquisas desenvolvidas emcursos no nvel de ps-graduao (mestrado e doutorado). Abordam um temanico, exigindo investigaes prprias rea de especializao e mtodosespecficos. Devem ser escritas no idioma do Pas, onde sero defendidas, comexceo daquelas para obteno do grau de mestre ou doutor em lnguasestrangeiras.
A diferena entre tese e dissertao refere-se ao grau de profundidade eoriginalidade exigido na tese, defendida na concluso de curso dedoutoramento.
Dissertao de Mestrado um documento que evidencia conhecimento da literatura
existente e a capacidade de investigao do candidato, podendo ser baseado em trabalho
experimental, projeto especial ou contribuio tcnica. Para desenvolver o trabalho, o
pesquisador no precisa estar familiarizado com o tema, podendo iniciar-se nele a partir das
primeiras pesquisas para elaborao do projeto. Tese de Doutorado um documento
elaborado com base em investigao original, devendo representar trabalho de real
contribuio para o tema escolhido. Para desenvolver o trabalho, o pesquisador precisa ter
familiaridade e intimidade com o tema. (OLIVEIRA, 1996)
Dissertaes e teses devem conter a seguinte estrutura bsica3:
2Recomenda-se ao leitor remeter-se publicao da autora, para maiores e mais detalhadas informaes sobre o
assunto, especialmente quanto ao contedo dos elementos constituintes do documento.3Em negrito marcam-se os elementos essenciais publicao (FRANA, 1996).
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Capa: contm autoria, ttulo e ano do trabalho, dispostos a critrio do autor.
Folha de rosto:contmdados necessrios identificao da obra (autor, ttulo, natureza,
rea, local e instituio, ano de publicao).
Folha de aprovao: em caso de documentos de especializao, dissertaes e teses,
contm data da aprovao e nome completo dos membros componentes da banca
examinadora.
Pginas preliminares: pginas que antecedem ao sumrio, podendo conter Dedicatria,
Agradecimentose Epgrafe4(separadamente, em pginas diferentes).
Sumrio: indicao do contedo do documento, em termos de suas divises e sees, na
mesma ordem e grafia ao longo do texto.
Listas: nomenclatura, siglas, grficos, tabelas, figuras, equaes, ilustraes, etc..
Resumo: sntese, em poucas palavras, dos pontos relevantes do texto, em linguagem
concisa e objetiva (pargrafo nico).
Introduo: discusso formal do tema/problema (da pesquisa); anlise das informaes
bibliogrficas relevantes e proposio dos objetivos (gerais e especficos) da anlise.
Desenvolvimento: descrio detalhada do problema, apresentao e discusso das
hipteses, da metodologia de anlise, obteno e apresentao de resultados (sem opinies
pessoais e sem comparaes com outros autores).
Anlise dos resultados: discusso dos resultados, envolvendo sua interpretao,
sistematizao e comparao com a literatura (com emisso de opiniespessoais e com
comparaes com outros trabalhos da literatura).
Concluses: sntese da anlise do tema, contendo, de maneira sucinta: apresentao do
tema e dos objetivos do problema; discusso das hipteses e da metodologia de anlise,
interpretao dos resultados e aplicabilidade da anlise a problemas semelhantes (resposta
s hipteses e aos objetivos propostos).
Anexos ou Apndices: informaes ou documentos complementares ou comprobatrios.
4A epgrafe pode ocorrer, tambm, no incio de cada captulo ou partes principais (FRANA, 1996).
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Referncias bibliogrficas: listagem, em ordem alfabtica e numerada, de todos os
artigos, livros, etc. consultados e referenciados ao longo do texto, segundo as Normas
Brasileiras(NBR) da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) NBR-6023, (cuja
citao no texto deve estar em conformidade com a Norma NBR-10520da ABNT).
4.3 Relatrio Tcnico-Cientfico
Com relao ao relatrio tcnico, encontra-se a seguinte definio:
Segundo a ABNT, relatrio tcnico-cientfico um documento que relataformalmente os resultados ou progressos obtidos em investigao de pesquisae desenvolvimento ou que descreve a situao de uma questo tcnica oucientfica. O relatrio tcnico-cientfico apresenta, sistematicamente,informao suficiente para um leitor qualificado, traa concluses e fazrecomendaes. estabelecido em funo e sob responsabilidade de umorganismo ou de uma pessoa a quem ser submetido. (citada por FRANA,1996).
SEVERINO (1983) afirma que trabalhos didticos exigidos aos alunos
(particularmente nos cursos universitrios de graduao), como tarefas acadmicas, podem
constituir relatrios cientficos, cuja elaborao no se deixa pura espontaneidade criativado aluno, deve, porm, atender a determinados aspectos didtico-pedaggicos (diretrizes
bsicas, mtodo da pesquisa e reflexo) do ensino superior.
Os relatrios tcnico-cientficos constituem-se dos seguintes elementos5 (FRANA,
1996):
Capa
Folha de rosto Prefcio ou apresentao
Resumo
Listas
Ilustraes
Smbolos, abreviaturas ou convenes
Sumrio
Texto5Em negrito marcam-se os elementos essenciais publicao (FRANA, 1996).
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Anexos ou Apndices
Agradecimentos
Referncias bibliogrficas
Glossrio ndice(s)
Ficha de Identificao
4.4 Publicaes Peridicas
Por publicaes peridicas entende-se
aquelas editadas a intervalos prefixados, por tempo indeterminado, com acolaborao de diversos autores, sob a responsabilidade de um editor e/ouComisso Editorial, incluindo assuntos diversos segundo um plano definido.So consideradas publicaes peridicas mais comuns: jornais e revistas.(FRANA, 1996).
As publicaes peridicas podem compor-se dos seguintes elementos6 (FRANA,
1996):
Elementos materiais
Capa
Lombada
Elementos textuais
Folha de rosto
Sumrio
Artigo
Outras sees
Comunicaes
Notas de Livros
Resenhas de Publicaes
Noticiosos, e outras
Instrues para apresentao de artigos
6Em negrito marcam-se os elementos essenciais publicao (FRANA, 1996).
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4.5 Artigos de Publicaes Peridicas
Artigos de publicaes peridicas so divulgaes de trabalhos em revistas tcnicas e
cientficas, adotando as normas