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Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 1 - PRÁTICAS DE LETRAMENTO DIGITAL NO SKOOB Sérgio Araújo de Mendonça Filho 1 (IFPB) Resumo: O presente trabalho visa estimular a leitura literária dos alunos do ensino médio técnico integrado do IFPB Campus João Pessoa a partir das práticas de letramento digital por meio do uso interativo nas redes sociais, especificamente da rede de leitores Skoob. Estando os alunos cada vez mais afeitos às redes sociais e, portanto, mais sujeitos às práticas de interação nesse meio, faz-se necessária a transposição de parte da aula de literatura entre as quatro paredes da sala ao ambiente virtual a fim de propor aos educandos atividades relacionadas à leitura literária e, consequentemente à interação e escrita mediadas pelo professor, pois “o ensino de literatura precisa estar atrelado ao contexto dinâmico das novas ferramentas tecnológicas. No contexto atual, marcado pela cibercultura, [...] a literatura busca caminhos para se adaptar à era [...] da hipermídia...” (MARTINS, 2006, p.97). Ancorado na fundamentação teórica de estudiosos como Lévy (1999), Xavier (2009), Marcuschi (2008) e Cosson (2012), o trabalho ora apresentado obteve significativas mudanças de atitude e hábitos entre boa parte dos estudantes de ensino médio do IFPB. Palavras chave: leitura literária, letramento digital, Skoob. Abstract The present work aims at encouraging literary reading of IFPB technical integrated high school students Campus João Pessoa from digital literacy practices through the interactive use of social networks, specifically network Skoob readers. Once students are increasingly addicted to social networks and therefore more subject to the practices of interaction in this environment, it is necessary to transpose part of the literature class within the four walls of the room to the virtual environment in order to offer to students activities related to literary reading and writing, and consequently the interaction mediated by the teacher because the teaching of literature must be linked to the dynamic context of new technological tools. In the current context, marked by cyber, [...] literature searches for ways to adapt to the era [...] hypermedia ... " (MARTINS, 2006, p.97). Based on theoretical foundations of scholars such as Levy (1999), Xavier (2009), Marcuschi (2008) and Cosson (2012), the work presented herein obtained significant changes in attitude and good habits among the IFPB high school students. Keywords: literary reading, digital literacy, Skoob. 1 Sérgio ARAÚJO DE MENDONÇA FILHO, Prof. Especialista em Língua, Linguística e Literatura. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB Campus João Pessoa) E-mail: [email protected]

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PRÁTICAS DE LETRAMENTO DIGITAL NO SKOOB Sérgio Araújo de Mendonça Filho1 (IFPB)

Resumo: O presente trabalho visa estimular a leitura literária dos alunos do ensino

médio técnico integrado do IFPB Campus João Pessoa a partir das práticas de letramento digital por meio do uso interativo nas redes sociais, especificamente da rede de leitores Skoob. Estando os alunos cada vez mais afeitos às redes sociais e, portanto, mais sujeitos às práticas de interação nesse meio, faz-se necessária a transposição de parte da aula de literatura entre as quatro paredes da sala ao ambiente virtual a fim de propor aos educandos atividades relacionadas à leitura literária e, consequentemente à interação e escrita mediadas pelo professor, pois “o ensino de literatura precisa estar atrelado ao contexto dinâmico das novas ferramentas tecnológicas. No contexto atual, marcado pela cibercultura, [...] a literatura busca caminhos para se adaptar à era [...] da hipermídia...” (MARTINS, 2006, p.97). Ancorado na fundamentação teórica de estudiosos como Lévy (1999), Xavier (2009), Marcuschi (2008) e Cosson (2012), o trabalho ora apresentado obteve significativas mudanças de atitude e hábitos entre boa parte dos estudantes de ensino médio do IFPB. Palavras chave: leitura literária, letramento digital, Skoob.

Abstract The present work aims at encouraging literary reading of IFPB technical integrated high school students Campus João Pessoa from digital literacy practices through the interactive use of social networks, specifically network Skoob readers. Once students are increasingly addicted to social networks and therefore more subject to the practices of interaction in this environment, it is necessary to transpose part of the literature class within the four walls of the room to the virtual environment in order to offer to students activities related to literary reading and writing, and consequently the interaction mediated by the teacher because the teaching of literature must be linked to the dynamic context of new technological tools. In the current context, marked by cyber, [...] literature searches for ways to adapt to the era [...] hypermedia ... " (MARTINS, 2006, p.97). Based on theoretical foundations of scholars such as Levy (1999), Xavier (2009), Marcuschi (2008) and Cosson (2012), the work presented herein obtained significant changes in attitude and good habits among the IFPB high school students. Keywords: literary reading, digital literacy, Skoob.

1Sérgio ARAÚJO DE MENDONÇA FILHO, Prof. Especialista em Língua, Linguística e Literatura.

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB – Campus João Pessoa) E-mail: [email protected]

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Introdução

Trabalhar literatura no ensino médio, sobretudo estimular os alunos à leitura

literária dos clássicos, tem exigido do professor de língua portuguesa uma mudança

de atitude a fim de permitir aos estudantes uma aprendizagem significativa,

contextualizando o ensino à realidade dos discentes que, inseridos em contextos de

letramento cada vez mais específicos, também exigem do professor uma mudança

de paradigma no tocante ao ensino de literatura.

Assim, urge para o trabalho do professor e ensino de literatura entre

estudantes do ensino médio uma proposta diferente da tradicional em que a

literatura é fragmentada em partes do todo literário, descontextualizadas de

qualquer realidade do aluno em informações soltas sobre o contexto histórico e

sobre as características de determinada escola literária, sem, por isso, possibilitar

ao discente o acesso integral ao texto literário, o que acaba por negar-lhe o

desenvolvimento das práticas de letramento literário (COSSON, 2012) necessárias

aos jovens nesse nível escolar.

Desse modo, estando os alunos cada vez mais afeitos às redes sociais e,

portanto, mais sujeitos às práticas de interação nesse meio, faz-se necessário a

transposição de parte da aula de literatura entre as quatro paredes da sala ao

ambiente virtual, o ciberespaço (LÉVY, 1999), a fim de propor aos educandos

atividades relacionadas à leitura literária e, consequentemente à interação e

escrita mediadas pelo professor, pois como afirma Ivanda Martins

O ensino de literatura precisa estar atrelado ao contexto dinâmico das novas ferramentas tecnológicas. No contexto atual, marcado pela cibercultura, [...] a literatura busca caminhos para se adaptar à era [...] da hipermídia...(In BUNZEN e MENDONÇA, 2006, p.97).

Visando então unir a leitura literária e o letramento digital (RIBEIRO e

NOVAIS, 2012; COSCARELLI e RIBEIRO, 2011), desenvolvemos em uma turma do 2º

ano do ensino técnico integrado ao médio em Eletrônica do Instituto Federal de

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Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, campus João Pessoa, na disciplina de

língua portuguesa, projeto de ensino que propôs promover os contextos de

letramento supracitados a partir da leitura do romance Senhora, de José de

Alencar, mediada pelo professor no uso da rede social Skoob (Disponível em

http://www.skoob.com.br), com o objetivo de acompanhar a distância as leituras

da turma por meio de históricos de leitura, promovendo debates sobre a obra em

grupo específico criado na própria rede para esse fim, culminando na produção do

gênero textual resenha e sua publicação no suporte virtual de interação entre

professor e aluno e destes entre si.

O Skoob

O Skoob é uma rede social brasileira de leitores, onde os usuários, ou os

skoobers, interagem uns com outros a partir de suas leituras em comum. O skoober

devidamente cadastrado no site pode criar uma estante virtual de livros e marcá-

los como “lido”, “lendo”, “vai ler”, “relendo” ou “abandonou”; avaliar os lidos de

uma a cinco estrelas e produzir resenhas. Ao skoober é também oferecida a

possibilidade de marcar os livros da sua estante virtual como “favoritos”, “tenho”,

“desejados”, “emprestados”, “troco” e quais ele estabeleceu como “meta” de

leitura para o ano.

A meta de leitura é, em nossa opinião, a mais interessante ferramenta

oferecida pelo site. Primeiro porque possibilita ao usuário da rede comprometer-se

com suas leituras, e segundo porque esse leitor-usuário pode acompanhar seu

próprio ritmo de leitura. Esse acompanhamento se dá por meio de um gráfico em

linha, nas cores azul e cinza, indicando quanto de sua meta já foi cumprida

(indicação em azul) e quanto falta cumprir (indicação em cinza), além de

apresentar o número de livros lidos (acompanhado das imagens das capas do livro),

dentro do total previamente estabelecido, e o número de páginas lidas em

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percentuais, bem como a média de páginas lidas por dia. A nosso ver essa

multimodalidade é um atrativo bastante estimulante para jovens leitores. O gráfico

pode ser mais bem entendido visualizando-se a imagem abaixo:

Figura 1: Gráfico multimodal de leitura

Fonte: http://www.skoob.com.br/usuario/158765 acesso em 03/11/2013

Há ainda no Skoob os grupos de debate sobre temas específicos relativos a

leitura, livros ou autores e páginas de autores. Tudo construído por seus usuários,

que criam os grupos, registram páginas dos autores e cadastram os livros na rede

com todas suas informações técnicas: ISBN, número de páginas, edição, editora,

ano, etc. Nesse sentido, o Skoob se insere perfeitamente no que Lévy (1999, p.

132) prefere chamar de “comunidade atual”, porque

[...]realizam de fato uma verdadeira atualização (no sentido da criação de um contato efetivo) de grupos humanos que eram apenas potenciais antes

do surgimento do ciberespaço. A expressão “comunidade atual” seria, no fundo, muito mais adequada para descrever os fenômenos de comunicação coletiva no ciberespaço do que “comunidade virtual”. (LÉVY, 1999. p. 132)

Interessou-nos para o desenvolvimento desse projeto especialmente as

alternativas de interação que o site oferece aos seus usuários. Os skoobers têm a

opção de, além de tornarem-se “amigos” dentro da rede, “seguir” uns aos outros,

passando a receber as atualizações sobre as diversas atividades de leitura dos

membros adicionados, que assim podem trocar ideias entre si sobre alguma leitura

em comum. Essa troca de ideias pode se acentuar mais ainda nos grupos de debates

já citados anteriormente. Neles os skoobers discutem entre si, concordando ou

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discordando, sugerindo ou informando, ou até mesmo participando de brincadeiras,

num processo de intensa interação.

A leitura literária no ensino médio do IFPB

A proposta de nosso projeto intitulado Práticas de Letramento Digital no

Skoob, que tem como objetivo geral estimular e promover a leitura literária dos

romances clássicos brasileiros e a produção do gênero textual resenha como forma

histórica que circula “na sociedade para consumo dos falantes e leitores em geral”

(MARCUSCHI, 2008, p.217), a partir do letramento digital, foi aplicada na turma do

2º ano do ensino técnico integrado ao médio (ETIM) em Eletrônica do Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), campus João Pessoa,

na disciplina de língua portuguesa, no período do 2º bimestre do ano letivo de

2013, compreendido entre os dias 28 de agosto a 04 de outubro. A turma tem um

total de trinta e quatro alunos devidamente matriculados, dos quais vinte e nove

participaram pelo menos de uma da série de atividades previstas pelo projeto.

A escolha da turma para iniciarmos tais práticas se justifica pelo conteúdo

programático de literatura que julgamos bastante atrativo ao estudante da segunda

série do ensino médio. É nessa série que se prevê trabalhar a estética literária

romântica da literatura brasileira, período de nossa prosa em que foram publicados

os primeiros romances de nossas letras.

Para isso escolhemos o romance Senhora, de José de Alencar, por

considerarmos uma obra clássica de nossa literatura, seja por seu autor apresentar

nela características estilísticas que o diferencia de outros autores românticos -

criticando alguns valores sociais da elite brasileira do século XIX, suas futilidades, a

preocupação dos jovens da época com o status e bens materiais, comum também

em nosso século - seja também pela temática de cunho social do casamento por

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interesse, que pode ser estendida para a realidade dos jovens de hoje ao tema do

relacionamento por interesse.

Leitura literária e letramento digital

Leitura literária

Ancorados em Cosson (2012) e Dalvi, Rezende, Jover-Faleiros (2013),

entendemos que a leitura literária entre os alunos, seja através dos diferentes

gêneros: poesia, contos, crônicas e romances, deve privilegiar a variedade dos

textos e a integralidade destes, ou seja, não há como promover práticas sociais de

leitura literária indicando aos alunos a leitura de uns poucos textos nem muito

menos de apenas trechos de um poema, partes de um conto ou crônica ou excertos

desconectados de um romance.

Só a completude do todo literário é capaz de “instituir o aluno sujeito

leitor” (ROUXEL In Dalvi, Rezende, Jover-Faleiros, 2013, p.20) consciente e,

portanto crítico daquilo que lê. E é pelo acesso ao cânone, principalmente, que a

literatura amplia a visão de mundo desse sujeito, leva-o a viajar pela herança

cultural da memória coletiva de seu povo, instiga-o a conhecer sua história social,

a palavra feita arte, lhe desperta sensações catárticas próprias do seu ser e lhe

possibilita enxergar-se no outro, por isso “não se pode pensar em letramento

literário abandonando-se o cânone” (COSSON, 2012, p.33-34). Não se trata,

entretanto, de supervalorizar o cânone, pois uma “atitude sacralizadora da

literatura lhe faz mais mal do que bem” (ibid., p.28-29), mas de reconhecer-lhe o

lugar e a importância do clássico na história da literatura e na formação do leitor

consciente e crítico.

Contudo, não pressupomos na escola um aluno não-leitor de literatura, mas

sim (salva raras exceções dos que no seio familiar têm pais leitores dos clássicos)

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alunos não-leitores dos clássicos, muito menos dos clássicos da literatura brasileira,

senão só de ouvir falar ou ler sobre nos livros didáticos. Uma rápida conversa com

os alunos nos é suficiente para detectarmos neles a preocupação com as leituras

que estão na moda, indicando-nos algum grau, ainda que iniciante, de leitura

literária. Se por um lado é bom que eles leiam, mesmo os best sellers, por outro,

restringir-se a literatura contemporânea é insuficiente para formarmos o aluno-

leitor-cidadão conhecedor de sua história coletiva, necessário para nossa

sociedade. O que também não significa prender-se ao passado, mas antes construir

uma ponte com o presente, até mesmo porque a literatura do presente paga

tributo a literatura do passado. Cabe por isso à escola proporcionar o

amadurecimento literário de seus estudantes com a leitura literária também dos

clássicos, pois estes permitirão que esse aluno-leitor-cidadão, conhecendo a

riqueza da linguagem literária saiba distinguir uma obra de qualidade, cuja

literariedade é fortemente expressa pelo uso da palavra, de um best seller, cuja

linguagem atende mais aos anseios consumistas de um público ávido por uma

literatura simplista e efêmera e que não traz em seu bojo as grandes questões

universais inerentes ao ser humano. Em outras palavras

A literatura deveria ser vista como um sistema composto de outros tantos sistemas. Um desses sistemas corresponde ao cânone, mas há vários outros, e a relação entre eles é dinâmica, ou seja, há uma interferência

permanente entre os diversos sistemas. A literatura na escola tem por obrigação investir na leitura desses vários sistemas até para compreender como o discurso literário articula a pluralidade da língua e da cultura. Também é necessária a distinção entre contemporâneo e atual, mesmo que usemos os dois termos como sinônimos na adjetivação da produção literária. Obras contemporâneas são aquelas escritas e publicadas em meu tempo e obras atuais são aquelas que têm significado para mim em meu tempo, independentemente da época de sua escrita ou publicação. De modo que muitas obras contemporâneas nada representam para o leitor e obras vindas do passado são plenas de sentido para a sua vida. O letramento literário trabalhará sempre com o atual, seja ele contemporâneo ou não. É essa atualidade que gera a facilidade e o interesse de leitura dos alunos (COSSON, 2012, p.34, grifo nosso).

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Letramento digital

Orkut e Myspace ontem, Facebook e Twitter hoje. O uso das redes sociais

como lugar de interação sem dúvida abriu espaço para os jovens lerem mais e

escreverem mais, e tudo isso feito espontaneamente. As postagens, curtidas e

compartilhadas levaram aqueles que até então dependiam unicamente da escola

para conhecer gêneros textuais diversos, a terem contato diário com charges,

tirinhas, fotos, notícias, artigos, piadas, etc., adquirindo fora da escola um grau de

letramento suficiente às interações nesses meios. Porém, tal grau de letramento é

também suficiente para os jovens que queremos formar?

Reiteramos o que nos diz Ana Elisa Ribeiro (In RIBEIRO e NOVAIS, 2012, p.16)

sobre o uso das ferramentas digitais pelos estudantes, afirmando que estes,

embora saibam usá-las, quase nunca fazem uso pedagógico do que sabem. Por isso

concordamos com a evocação feita a Vygostky por Coscarelli (In COSCARELLI e

RIBEIRO, 2011, p.31), defendendo uma “concepção de ensino-aprendizagem em

que o aluno constrói seu saber, com a ajuda do professor”. Pois é o professor como

mediador das práticas de letramento que deve permitir aos alunos a apropriação da

leitura e da escrita como práticas sociais de interação.

Para Magda Soares (2012, p.20) “[...]não basta apenas ler e escrever, é

preciso também saber fazer uso do ler e do escrever, saber fazer uso das

exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente”.

Sendo a rede mundial de computadores “uma extensão da vida como ela é,

em todas as suas dimensões e sob todas as suas modalidades”(CASTELLS apud

RIBEIRO, 2012, p.40), assim também deve se dar com o letramento digital, não

basta apenas ler, postar, curtir, compartilhar ou comentar, é preciso saber fazer

uso consciente e significativo da leitura e escrita nas redes sociais. Em outras

palavras é preciso ressignificar o uso dessas ferramentas digitais. Para isso, o

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[...] interessante é envolver tecnologias digitais nas propostas escolares, sem perder o sentido dos conteúdos e das habilidades a serem desenvolvidas, isto é, aquelas que são curriculares e importantes para a educação escolar (RIBEIRO, In RIBEIRO e NOVAIS, 2012. p.15).

Seja qual for a rede social, um dos pontos que mais contribuem na

escolarização do letramento digital é o fato de o professor não só acompanhar, mas

também fazer companhia (ibid.,p.9) aos seus alunos, aproximando-se mais e

servindo de exemplo para eles. A rede social Skoob é, nesse sentido, bastante

propícia à prática de letramento digital. Nela o professor pode ser uma companhia

e acompanhar seus alunos, apresentando-se como o maior exemplo de leitor que

eles têm.

Metodologia

Apresentaram-se para nosso trabalho duas possibilidades de leitura e uma de

escrita: as de leitura são a do livro impresso disponibilizado pela biblioteca da

instituição de ensino e a versão deste em formato pdf a disposição dos alunos no

sistema Q-Acadêmico do IFPB; a de escrita é a das postagens do histórico de

leitura, dos fóruns e da resenha na rede social Skoob.

No tocante a primeira dessas possibilidades, pensamos em - da forma mais

democrática possível - atingir as diferentes maneiras de se ler em nossos dias: a do

livro impresso e a do livro em seu formato digital. Enquanto alguns estudantes

“correram” a biblioteca a fim de tomar emprestado o livro, outros solicitaram seu

acesso por meio digital. Os motivos para disponibilizamos a leitura proposta num e

noutro formato se deve pelo já mostrado por Xavier (2009) quando discorre sobre

as razões pelas quais os leitores preferem o impresso ou o digital. Em pesquisa o

referido autor apresenta algumas dessas causas pelas quais os leitores optam

preferencialmente pelo impresso, das quais destacamos: a preferência pelo papel,

por ser palpável; portabilidade; menos dores de cabeça e de vista; melhor

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concentração e força do hábito (XAVIER, 2009, p.84). Os que preferem ler no

monitor assim o fazem porque veem nele a chance de interagir mais com outros

textos; acham mais fácil grifar; sentem maior comodidade e menores dores na vista

(ibid.,p.85).

A despeito da discussão sobre qual forma de ler é mais ou menos produtiva,

sobre uma suposta desorganização intelectual e o fim da escrita que as novas

tecnologias criariam, nossa proposta foi acima de tudo a de promover a leitura

literária e o letramento digital, estes só possíveis com a prática de leitura e

escrita, sejam em novos ou velhos formatos. Sobre esse ponto

É fundamental explicitar que o livro não é a escrita em si, mas o espaço bidimensional em que ela acontece. O primeiro, como qualquer outro aparato de inscrição, é um epifenômeno do segundo, sua ferramenta de ação; já a segunda é o fenômeno linguístico em si, é a própria ação

abstrata do intelecto humano em movimento, cuja visibilidade e atualização públicas por sujeitos de linguagem – escreventes ou leitores – só se efetiva pelos atributos físicos (espacialidade e tangibilidade) próprias aos suportes, tal como é o livro (ibid, p.90).

Entretanto, o espaço destinado à escrita onde nossa proposta de letramento

desembocou foi majoritariamente a do virtual. O impresso e o digital; a sala de

aula e o virtual foram formas e locais os quais visamos ressignificar as práticas

sociais de leitura e escrita, dando especial ênfase ao virtual, a fim de promovermos

o letramento digital.

Para tanto, recorremos a sequência básica de leitura literária de Cosson

(2012).

Sequência básica

A sequência básica é formada de quatro etapas: motivação, introdução,

leitura e interpretação. Buscamos adequá-la às nossas necessidades a fim de

promovermos o letramento literário e o digital.

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A motivação partiu da leitura em sala do conto Um divórcio nos Alpes, de

Robert Barr, que estabelece uma relação de intertextualidade com o romance

Senhora, pois narra um episódio na vida de um casal em crise conjugal,

perpassando também pela temática da vingança feminina e do casamento de

aparência, tal qual na obra alencarina.

Após a leitura do conto seguimos motivando para a leitura do clássico

proposto estimulando os alunos à sua leitura por meio de perguntas que os

envolvessem. Tentando instigar tanto o público leitor masculino quanto o feminino,

levantamos as seguintes questões: O que você faria se fosse trocado(a) pelo seu

grande amor por um valor considerável em dinheiro? Você perdoaria ou se vingaria?

Do que você seria capaz para se livrar de uma dívida? Em seguida lançamos a

proposta da leitura literária de Senhora como busca a essas questões.

A introdução é a apresentação do autor e da obra. Apresentamos José de

Alencar aos alunos destacando a importância do projeto de uma literatura

eminentemente brasileira construída pelo escritor em seus mais variados romances,

que visam retratar, a maneira do romantismo, as faces de nossa nação por meio

dos romances indianistas, históricos, regionalistas e urbanos. Depois apresentamos

o romance a ser lido através da leitura de uma resenha que não revelasse maiores

detalhes da história, mas apenas introduzisse a turma no universo da leitura que

eles mesmos teriam de percorrer.

A terceira etapa da sequência é a leitura. Nela o essencial é o

acompanhamento da leitura dos alunos pelo professor. A forma que encontramos

para unir letramento literário e letramento digital pode ser observada nessa etapa

do processo que consiste na produção de resumos periódicos da obra lida com o

auxílio de uma ferramenta do Skoob chamada “Histórico do progresso da minha

leitura”. Por ela acompanhamos a leitura dos alunos, suas compreensões e

impressões pessoais sobre a história.

Mas como é possível tal acompanhamento? O “Histórico do progresso da

minha leitura” é uma espécie de “diário” virtual de leitura. O acompanhamento é

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possível porque na rede o professor é um seguidor dos seus alunos, o que significa

dizer que todas as atividades postadas pelo aluno em seu perfil aparecem no perfil

do professor. Desse modo, à medida que a turma vai postando seu histórico, o

professor vai também, regularmente, interagindo com os alunos por meio de

comentários enviados às páginas destes, sempre com a intenção clara de continuar

mantendo os estímulos pela leitura.

Os intervalos

Os intervalos são na sequência de Cosson (2012) atividades específicas que

mantêm o ritmo e o interesse pela leitura da obra proposta. Em nosso projeto,

além do acompanhamento já comentado acima - com o professor interagindo com

os alunos por meio do histórico de leitura – trabalhamos, conforme propõe o autor,

a realização em sala de leituras que focalizem e permitam tecer aproximações com

o tema da obra principal. Entendendo os intervalos como essencial ao incentivo

constante da leitura literária, e por isso, fazendo-a progredir continuamente,

optamos aqui por substituir “intervalos” por progresso de leitura.

Como então, no ambiente virtual, esse progresso de leitura ocorreu?

Primeiro, como já dito antes, em nossa proposta de letramento digital, pensamos

em transportar parte da aula de literatura entre as quatro paredes da sala ao

ambiente virtual, de modo que, o que iniciávamos na aula prosseguia (e progredia)

na rede. Para isso, criamos no Skoob um grupo de debate destinado à turma,

intitulado “Skoobers do IFPB campus João Pessoa” (Disponível em

http://www.skoob.com.br/grupo/24-skoobers-do-ifpb-campus-joao-pessoa). Nele,

interagíamos a distância a partir de um ponto específico sobre a leitura.

Nossa primeira atividade de progresso da leitura girou em torno da

personagem principal que inspirou o título do romance: a Senhora Aurélia

Camargo. Em sala, trabalhamos um trecho de outra história de Alencar, A

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viuvinha. O objetivo foi comparar a personagem Carolina a Aurélia para que os

alunos pudessem conhecer os perfis femininos na literatura alencarina,

identificando pela linguagem as características dessas personagens. No grupo do

Skoob, lançamos um debate sobre a protagonista de Senhora cujo tópico é seu

nome: “Aurélia Camargo”. Nesse tópico os alunos puderam escrever as primeiras

impressões que tiveram da personagem.

A segunda atividade de progresso da leitura foi sobre o par romântico de

Aurélia, Fernando Seixas. Em sala debatemos os motivos pelos quais Fernando

preocupa-se tanto com o status. Os que não opinaram oralmente puderam na rede

fazê-lo pela escrita em tópico intitulado “Fernando Seixas”.

Para a terceira atividade lemos o conto Um e outro, de Lima Barreto, sobre

uma mulher que se interessa por um rapaz que possui um carro de luxo. Em sala

estabelecemos as devidas comparações com Senhora, identificando não apenas a

aproximação temática, mas também as diferenças de linguagem entre um autor

filiado ao romantismo e outro pertencente ao que tradicionalmente a historiografia

literária chama de pré-modernismo, além de debatermos a respeito das pessoas

que se aproximam das outras interessadas em seus bens materiais. No grupo, sob o

tópico “interesse” indagamos inicialmente “O que o tema do casamento por

interesse e, por extensão, do relacionamento por interesse revelam sobre os

valores da sociedade em uma época?”.

Já com o romance finalizado pela maioria da turma, levamos para leitura em

sala o mito de Cupido e Psique, seguido de algumas questões relativas a força que

o sentimento do amor promove nas pessoas e sobre a purificação que esse

sentimento gerou no casal protagonista. Assim, concluímos nossas atividades no

grupo com o tópico “purificação”, cuja pergunta indagava “De que modo o amor

purifica o que passaram Aurélia e Seixas até se declararem sinceramente um ao

outro?”

Finalmente, para a interpretação, que consiste na “externalização da

leitura, isto é, seu registro” (COSSON, 2012. p. 66), propomos a produção de uma

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resenha sobre o romance lido e exaustivamente debatido (em sala e no

ciberespaço). O comando foi de primeiro submeter as produções a correção do

professor para depois serem publicadas no Skoob, a fim de divulgarem seus textos

aos demais colegas e usuários da rede. As resenhas produzidas podem ser lidas em

http://www.skoob.com.br/livro/resenhas/534.

Concluída a sequência procedemos com a avaliação, na qual buscamos

valorizar os alunos que postaram pelo menos quatro históricos (numa média de um

por semana) que demonstraram conhecer bem a trama da narrativa; aqueles que

participaram com criatividade (não apenas repetindo a voz dos demais) nos fóruns

e os que produziram e publicaram sua resenha.

Resultados e discussões

Para uma primeira experiência em promover a leitura literária e o

letramento digital com o uso da rede social Skoob numa turma do ETIM do IFPB, os

resultados, se não obtiveram o ideal desejado, mostraram que o caminho traçado

precisa apenas superar alguns obstáculos e vencer vícios próprios do processo de

ensino-aprendizagem em nossos dias. Isso por identificarmos nas portagens de

certos alunos problemas que insistem permanecer em nossa escola, tais quais a

prática do plágio ou a de coletar as respostas dos colegas e juntá-las em uma só.

Mas como nem tudo são espinhos, identificamos verdadeiras práticas de puro

envolvimento com nossa proposta, das quais destacamos a que apresentamos

abaixo, retirada de um histórico de leitura de aluno:

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Figura 2: Postagem no histórico de leitura

Fonte: http://www.skoob.com.br/estante/livro/32609829 acesso em 03/11/2013

Na postagem percebemos claramente o envolvimento do aluno com a leitura,

tomando as dores da personagem principal, abandonada por Seixas, a quem o aluno

diz repudiar devido sua atitude de desistir de Aurélia por causa de 30 contos de

réis. O processo catártico sofrido pelo aluno é evidente nos substantivos que

revelam seus sentimentos e empatia pela protagonista: “[...] fiquei com muita

pena de Aurélia [...] Fiquei feliz quando o avô dela veio procurar ela” (sic); e

repulsão a Seixas e a Lemos: “[...] fiquei com [...] ódio de Seixas [...] e também

[...] nojo da família dela e do Lemos” (grifos nossos). O histórico de leitura revela

ainda a ânsia do aluno-leitor em desejar saber como a história prosseguirá: “[...] só

quero agora saber como que vai se desenrolar o casamento deles”.

No grupo, dentre os muitos tópicos e debates, destacamos duas postagens

que apresentam opiniões distintas sobre o tema do casamento por interesse:

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Figura 3: Debate no fórum “Interesses”

Fonte: http://www.skoob.com.br/topico/mostrar/34588 acesso em 03/11/2013

Interessante notar nessa amostragem que além da interação entre os alunos,

percebemos que a leitura e o tema proposto para debate os fizeram construir

argumentos em torno do ponto de vista exposto, posicionando-se criticamente

sobre a questão abordada, notadamente na segunda postagem: “Uma sociedade

que possui seus casamentos baseados em interesse, como muitas vezes acontece na

nossa, revela-me que está preocupando-se com coisas triviais”.

Encerrando com uma produção textual, muitos estudantes demonstraram ter

se apropriado da leitura e provaram isso também com o gênero resenha. Abaixo

destacamos uma das muitas escritas e divulgadas pela turma:

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Figura 4: Produção do gênero textual resenha

Fonte: http://www.skoob.com.br/livro/resenhas/534/mpage:4 acesso em 10/11/2013

A resenha apresentada acima demonstra a apropriação da leitura pelo aluno,

resumindo os pontos principais da história, permitindo-o interagir

significativamente por meio de uma produção real, ou seja, destinada a publicação

para fomentar a prática de letramento digital. Na resenha percebemos o quanto o

aluno, recorrendo a estratégias argumentativas, visa persuadir o leitor a leitura da

obra, questão que deixa evidente a interação sócio-discursiva promovida pelo

texto, cujo resultado se vê na indicação de dois comentários sobre a resenha lida.

Considerações finais

Embora reconheçamos que há muito a fazer para promover o letramento dos

alunos, consideramos bastante proveitoso o trabalho por nós desenvolvido de

ressignificar as ferramentas digitais e oportunizar a leitura literária que pode se

estender a demais redes sociais, como bem demonstram vários outros trabalhos.

Por isso, cientes de que o processo de ensino-aprendizagem das práticas de

letramento deve ser constante e contínuo, sabemos que a proposta cujos

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resultados aqui expomos não deve se esgotar na execução de um único projeto,

mas sim prosseguir numa prática ininterrrupta para a promoção do letramento a ser

proporcionado pelo professor, formando cidadãos altamente letrados e, portanto

capazes de dominarem as práticas sociais de leitura e escrita a fim de melhor

interagirem socialmente.

Referências

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BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia. (Orgs.). Português no Ensino Médio e Formação do Professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. 256 p.

COSCARELLI, Carla Viana & RIBEIRO, Ana Elisa. (Orgs.) Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. 3º edição, Belo Horizonte: Ceale, Autêntica, 2011. 248 p.

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DALVI, Maria Amélia; REZENDE, Neide Luzia; JOVER-FALEIROS, Rita (Orgs.) Leitura de literatura na escola. São Paulo: Parábola, 2013. 168 p.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. [tradução de Carlos Irineu da Costa]. São Paulo: Editora 34, 1999. 272 p.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. 296 p. RIBEIRO, Ana Elisa & NOVAIS, Ana Elisa Costa. (Orgs.) Letramento digital em 15 cliques. Belo Horizonte: RHJ, 2012. 192 p.

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

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_______. Novas tecnologias para ler e escrever – algumas ideias sobre ambientes e ferramentas digitais na sala de aula. Belo Horizonte: RHJ, 2012. 136 p.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 3º ed., Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012. 128 p.

XAVIER, Antonio Carlos. A era do hipertexto: linguagem e tecnologia. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2009. 228 p.