Práticas Musicais para Paz

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PRÁTICAS MUSICAIS PARA A PAZ Ministrante: Luciane Cuervo. Equipe: Aline Guterres e Soraia Santana Módulo 2

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PRÁTICAS MUSICAIS PARA A PAZ

Ministrante: Luciane Cuervo.

Equipe: Aline Guterres e Soraia Santana

Módulo 2

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OBJETIVOS DO MÓDULO II

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Musicalidade Humana

Vamos conversar um pouco sobre a musicalidade de cada um(a) de nós e dos grupos sociais dos quais fazemos parte. Nosso primeiro tópico no fórum será justamente para compartilharmos nossas experiências mais marcantes, positiva ou negativamente, envolvendo a nossa musicalidade.

O princípio que defendemos é de que a musicalidade é uma característica humana, consistindo numa das manifestações mais antigas da humanidade, presente em todas as regiões do mundo, em todos os tempos.

É importante acreditarmos nisso, e entendermos que não é necessário ser especialista em música para fomentar o desenvolvimento musical de nossos alunos. Para desencadear as nossas reflexões, te convidamos a conhecer a história de Andrew.

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Musicalidade Humana

A história de Andrew comprova a capacidade humana de ser musical independente de problemas no desenvolvimento cerebral.

Assim, como o cérebro humano é capaz de realizar a fala, a leitura e a capacidade de calcular, por exemplo, ele também possui a capacidade de cantar e tocar instrumentos musicais, ou seja, a capacidade de manifestar a musicalidade de variadas formas.

A plasticidade cerebral desempenhou papel fundamental no caso de Andrew para todas essas funções. Há pesquisas que demonstram que a música é uma atividade de alto impacto positivo na nossa configuração neuronal. Em nossa pasta de “Materiais Complementares” constam materiais relativos aos benefícios da música, incluindo os benefícios cerebrais.

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Mitos sobre musicalidade

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Mitos

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Somos seres musicais?

Na concepção errônea do senso comum, divulgada amplamente nos meios midiáticos, é construída a ideia de que para ser tocar ou cantar uma música é preciso ter um dom ou um talento especial para isso. Muitas pessoas já passaram por momentos constrangedores em suas vidas, sendo avaliadas como “não musicais”. Você sabe se nasceu com dom para música?

Na verdade, somos seres musicais!

A amusia, que é a incapacidade parcial ou total de perceber os sons enquanto música, é um distúrbio presente numa parcela pequena da população (em média, 2,5%), e pode ser tratada (Peretz et al, 2001). Mesmo sofrendo de algum tipo de amusia, podemos nos desenvolver musicalmente.

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Espontaneidade

A audição é o primeiro e último sentido do ser humano: desde o quinto mês de vida intrauterina já temos condições de perceber e discriminar sons (vozes, canções, sonoridades do ambiente, etc.).

O que consideramos como “boa música” ou “música ruim” é resultado de um conjunto complexo de fatores biológicos e culturais. Portanto, o que é musical para um, pode não ser para outro. Porém há elementos universais da musicalidade humana, como as expectativas espontâneas em relação a determinadas sequências de notas musicais.

Sobre a espontaneidade da musicalidade humana, um bom exemplo é o breve vídeo de Bobby McFerrin falando e improvisando num congresso de ciências cognitivas o qual iremos assistir. Veja que como é fácil fazer música, considerando as expectativas naturais da nossa mente.

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Na realidade, todo o ser humano nasce preparado para ser musical. Ou seja, todos nascemos com dom e talento para a música. Você deve estar se perguntando: Então por que alguns são mais musicais do que outros?

Ser musical ou não depende se você desenvolveu sua capacidade, assim como desenvolveu sua habilidade de fala, leitura e compreensão de textos. Mesmo assim, o seu corpo ainda continua apto a aprender e a se desenvolver construindo novas habilidades.

O ambiente social em que você vive e cresceu é um fator importante nesse sentido. Você pode perceber que na história de vida de diferentes músicos está a presença da música na sua família ou na escola. Outro fator é a motivação em estudar música, tanto de forma informal quanto formal.

Você tem talento para a Música?

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A capacidade humana para aprender é infinita, em qualquer área do conhecimento (Herculano-Houzel, 2005). Assim, nunca é tarde para desencadear algum processo musical na sua vida: seja “cantando no chuveiro” ou no coral da igreja, seja indo a concertos e a shows, seja começando a estudar um instrumento musical.

Não há desafinação vocal ou suposta inaptidão para a música que não possa ser orientada, tratada, amenizada e até eliminada. A musicalidade pode ser ensinada e aprendida (Blacking, 1995).

Educar para a paz é saber que todos somos capazes de construir diferentes aprendizagens, inclusive a musical, e não valorizar conceitos equivocados sobre dons e talentos enviados apenas para alguns privilegiados.

É tarde demais para desenvolver a sua

musicalidade?

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Fazer música engloba cantar ou tocar ou criar ou ouvir música, e há muitas formas de manifestarmos nossa musicalidade, independentemente de estudos formais.

Ler partitura ou tocar de ouvido, dançar ao som do nosso artista favorito, ouvir uma música prestando atenção na sua letra, na sua melodia, nos instrumentos escolhidos no arranjo, enfim, muitas ações e manifestações são formas diretas de praticar música.

Lembre-se de que seus alunos são seres musicais também, e provavelmentegostam muito de música! Ou seja, o terreno está fértil para a musicalidadedesabrochar no ambiente escolar!

O que é “fazer música”?

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Bebês: Predisposição para a música

Os estudos sobre a competência musical dos bebês e os avanços na área de desenvolvimento humano nos permitem dizer que todo o ser humano nasce com predisposições biológicas e culturais para a música, dependendo, no entanto, das trocas no meio sociocultural para promover o seu desenvolvimento (Maffioletti, 2011, p. 67).

Assista a esse vídeo do bebê comovido ao ouvir a mãe cantando e perceba como a comoção está contextualizada à intimidade do diálogo mãe-bebê. A mãe, ao falar sobre essa gravação caseira, comentou que sempre cantou para o bebê (desde a gestação) e que essa música causa essa forte reação emocional.

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Musicalidade Humana

A musicalidade humana é expressada desde os tempos mais remotos da história da humanidade, fazendo parte da história do desenvolvimento e evolução humana.

Os registros arqueológicos mostram um histórico ininterrupto de criação musical onde quer que houvesse seres humanos, em todas as áreas (Levitin, 2010).

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PrimórdiosHá evidências de atividade musical no homem pré moderno. A música

não foi fossilizada, porém instrumentos musicais sim.

Veja essa pintura rupestre de uma caverna de Cogul na Espanha. Foi feita há mais de 40.000 anos antes de Cristo. Acredita-se que essa seja uma das provas mais antigas da musicalidade humana.

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Em diferentes épocas e regiões, sempre existiu alguma forma de musicalidade.

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As funções da música na sociedade são diversas e fascinantes.

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Para compreender a prática musical em relação com a paz nas escolas, precisamos conhecer as funções da música na sociedade. Elas são extremamente importantes para a compreender a relação das pessoas com a música, seus usos e funções na sociedade.

Dentre todas, destacamos a potencialidade da coesão social através da música, o que, na escola, é um aspecto que pode promover a integração, a inclusão e a prática colaborativa e construtiva.

Em nossas aulas inaugurais, aprendemos a canção “A Paz”. Experimente ensaiá-la com os seus alunos, propondo a recriação dela de diferentes formas, em diferentes estilos.

Funções da música na sociedade

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As dez funções sociais da música, conforme Merriam (1964)

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Questões de reflexão para planejamento:

A música está nos meios de

comunicação, nos telefones convencionais e celulares, na internet, no cinema, em lojas e

bares, nos alto-falantes, nos consultórios

médicos, nos templos religiosos,

nos recreios escolares...

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Dica de leitura:

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Não é preciso ser especialista em música para desenvolver a sua musicalidade e ajudar os seus alunos a fazer isso. Agora que você já conhece as funções da música na sociedade, reflita sobre o papel da música na Cultura da Paz e como fomentá-lo no ambiente escolar!

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Atividade 1: Fórum Musicalidade

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A natureza encarnada da música, a indivisibilidade entre movimento e som, caracteriza o fazer musical em todas as culturas e em todos os tempos (Blacking, 1995).

Para Cross (2012), o ser humano possui capacidade para a musicalidade assim como para a cultura.

“[...] fatores biológicos e culturais são complementares, formando uma rede de elementos indissociáveis entre si. Constatamos que a musicalidade é constituída por um conjunto de elementos do fazer musical que vão além de habilidades técnicas específicas” (CUERVO, 2009, p.75).

Capacidade humana

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A reflexão sobre o conceito de musicalidade teve sua relevância enfatizada por Maffioletti (2001, p. 62): “é importante analisarmos qual o conceito de musicalidade que temos, porque esse conceito vai inspirar nossas práticas pedagógicas.”

Musicalidade é uma característica humana (Blacking, 1995; Gembris, 1997; Sacks, 2008; Cuervo e Maffioletti, 2009; Levitin, 2010; Cross, 2012) a qual todos nascem com os mecanismos necessários ao seu desenvolvimento. É um conhecimento a ser construído, consistindo na capacidade de geração de sentido através do fazer musical que engloba não somente cantar ou tocar, mas criar e apreciar música. (Cuervo, 2009).

Conceito de musicalidade

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Questão

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Resumindo...A Musicalidade é uma característica humana.A música sempre existiu onde existiram

humanos.A musicalidade se manifesta no diálogo

entre cultura e biologia.

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ReferênciasBLACKING, J. Music, Culture and Experience. Chicado: University of Chicago Press, 1995.CUERVO, L. Reflexões sobre o conceito de musicalidade. Musicalidade ao longo da vida. Disponível em:

http://pt.slideshare.net/grupopesquisamusicauergs/musicalidade-ao-longo-da-vidaCROSS, I. Musicality and the human capacity for culture. In: Cognitive function, origin, and evolution of music emotions.

Musicae Scientiae. Julj, 2012. Vol. 16. p. 185-199.DISSANAYAKE, E. Homo Musicus: Are humans predisposed to be musical? In: Musicalidad Humana: Debates actuales en

evolución, desarrollo y cognición e implicancias socio-culturales. Actas del X Encuentro de Ciencias Cognitivas de la Música, Buenos Aires, 2011. pp. 1-9.

GEMBRIS, H. (1997) Historical Phases in the Definition of Musicality. Halle-Wittenberg-Alemanha: Martin Luther University, 1997. Psychomusicology, 16. p. 17-22.

HERCULANO-HOUZEL, S. O cérebro em transformação. São Paulo: Objetiva, 2005.LEVITIN, D. A Música no seu Cérebro. Trad. Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.MAFFIOLETTI, L. Musicalidade Humana: aquela que todos podem ter (2001). Disponível em: http://www.ufrgs.br/musicalidade/midiateca/criatividade-e-musicalidade/musicalidade-humana-aquela-que-todos-podem-

ter/viewMAFFIOLETTI, L. A. Aprendizagens sociais propiciadas pela música na infância. In: SANTIAGO, D; BROOCK, A., CARVALHO, T.

Educação Musical Infantil. Salvador: PPGMUS-UFBA, 2011. MAFFIOLETTI, Leda de Albuquerque. Musicalidade, mitos e educação. In: X Encuentro de Ciências Cognitivas de la Música

Musicalidad Humana: debates Actuales en Evolución, Desarrollo y Cognición e Implicancias Socio-Culturales. Universidad Abierta Interamericana. Ciudad Autônoma de Buenos Aires 21, 22 e 23 julio 2011. 17 fls.1 CD ROOM. ISBN 978-978-27082-0-7

MAFFIOLETTI, L. A. . A dimensão lúdica da música na infância. In: XIV Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, 2008, Porto Alegre, RS. Trajetórias e processos de ensinar e aprender: sujeitos, currículos e cultura. Porto Alegre, RS : EDIPUCRS, 2008.

PERETZ, I. et al. Congenital amusia a group study of adults afflicted with a music specific disorder. ‐ Oxford Journals Medicine Brain. Vol. 125, Nº2. set. 2001. Pp. 238-251

SACKS, O. Alucinações Musicais: relatos sobre a música e o cérebro. São Paulo: Cia. Das Letras, 2007.

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Créditos

Curso Escolas da Paz 2014Módulo 2: A Paz através de Práticas

Musicais

Pesquisa, produção e configuraçãoMinistrante: Luciane Cuervo

Professora-formadora: Aline GuterresTutoras: Soraia Santana e Rosângela

Garcia (apoio tecnologias)